Março de 2013

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Revista Zimbro edição de Março de 2013

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ZimbroAssociação Cultural Amigos da Serra da Estrela | Março 2013

Computação Ubíqua Persuasivapara a Sustentabilidade do Planeta

Rhizocarpon geographicumum líquen na serra da Estrela contemporâneo dofinal do último período glaciário?

CERVASCentro de Ecologia, Recuperação e Vigilânciade Animais Selvagens

A criança e o meio ambienteMontanhas de imagens com João Rodrigues

Escalar na Serra da Estrela

As taxas nos parques naturais

Ficha Técnica

DirectorJosé Maria Serra Saraiva (presidente da ASE)

Corpo redactorialTiago PaisJosé AmoreiraRómulo Machado

ComposiçãoPaulo Silva

GrafismoBruno Veiga

Fotografia de capaJoão Rebelo Rodrigueshttp://www.facebook.com/JoaoRebeloRodriguesFotografia

Colaboraram neste númeroAlejandro FonsecaBruno VeigaJosé AmoreiraJosé CondeJosé SaraivaLuis MorenoMaria João Ricardo BrandãoRui Neves MadeiraTiago Pais

A “ZIMBRO” online é editada pela Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela para os seus membros e a sua distribuição é gratuita.

Sede e redacção:Rua General Póvoas, 7 - 1º6260 - 173 MANTEIGASPORTUGALwww.asestrela.orgasestrela@gmail.com

ASSOCIAÇÃO CULTURAL AMIGOS DA SERRA DA ESTRELA2

4 | Editorial

6 | CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens

16 | Rhizocarpon geographicumum líquen na serra da Estrela contemporâneo do final do último período glaciário?

23 | Centro Interpretativo do Vale Glaciar do ZêzereManteigas

24 | A criança e o meio ambiente

26 | Montanhas de imagensJoão Rebelo, fotógrafo convidado

30 | Monopólio e letargiaDuas características muito específicas do turismo na serra da Estrela

36 | Computação Ubíqua Persuasiva para a Sustentabilidade do Planeta

41 | Mocho-galegoFauna da serra da Estrela

42 | Escalar na serra da Estrela

51 | ASESTRELA 2012V edição do maior encontro de montanha do país

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

EDITORIAL José Maria Serra Saraiva

Desde a primeira hora, primeiríssima, já que tive a oportunidade de assistir à nascença de tamanha insensatez, por parte do ex-ICNB, que manifestei a discordância de taxar quem procura os espaços naturais para andar a pé. A razão primeira, para esta minha posição, prende-se com a questão do Direito na medida em que as veredas, caminhos ou carreiros, como os que são postos em causa pela aplicação das taxas, são um direito que os povos têm desde tempos imemoriais. (Segundo o Assento do Supremo Tribunal de Justiça de 19 de Abril de 1989 (hoje com o valor de Acórdão Uniformizador da Jurisprudência), “são públicos os caminhos que, desde tempos imemoriais, estão no uso directo e imediato do público”.).Segundo, taxar as pessoas para andarem a pé nas Áreas Protegidas, iria penalizar, precisamente, as populações que edificaram a rede de comunicações existentes, (caminhos, veredas...) que, actualmente, têm a função, acrescida, de promover mais esta vertente do turismo – o pedestrianismo, como uma mais-valia para as regiões dos espaços procurados, cada vez mais isolados, com menos pessoas e com menos apoios.A aplicação da taxa será Sol de pouca dura e a sua tributação foi possível porque o pedestrianismo em Portugal ainda não tem um movimento forte e consistente. Por outro lado, as empresas ligadas ao turismo da natureza, nada fizeram e foram coniventes com a situação, aceitando, salvo raras excepções, o pagamento das taxas. Convém lembrar que a generalidade destas empresas não tem qualquer

As taxas A aplicação das taxas será Sol de

pouca dura

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controle por parte das Áreas Protegidas. Paga-se e depois pode fazer-se o que se quiser. A situação publicitou-se mais quando um deputado do PSD no Parlamento Europeu, considerou as taxas um absurdo. No dia 5 de Março, último, a Provedoria de Justiça dá razão a uma queixa de um cidadão, cuja divulgação o, Movimento Natureza para todos, teve a gentileza de me enviar, no qual é posto em causa, por omissão do próprio enquadramento legal, a taxa para quem anda a pé.No caso concreto da Serra da Estrela, o disparate é ainda mais incompreensível quando aos olhos dos cidadãos que gostam de andar a pé, regra geral exímios conservacionistas, que fariam corar de vergonha quem tomou medidas tão injustas e discriminatórias, assistem ao absurdo de ver, na área mais sensível do Parque Natural, milhares de esquiadores, motas, bicicletas, automóveis, ondem podem fazer tudo,

inclusive invadir os cervunais e nada pagam! Tudo isto porque existe um “monstro”, delapidador do meio natural, que tem uma exclusividade altamente contestada, inconstitucional e que é “engordado”, precisamente, por quem tinha o dever de o fiscalizar – o ESTADO.Tive a oportunidade de questionar o, então, Secretário de Estado do Ambiente, Engº. Daniel Campelo e a Engª Paula Sarmento, presidente do ICNF, numa audiência pedida pela FPME, se tinham estudos que suportassem a aplicação das taxas. Também sobre a existência de elementos que revelassem a frequência e os impactes sobre o meio natural. A resposta foi de que não existem quaisquer estudos.

Perante tais circunstâncias é caso para dizer que a conservação pouco importa, o que interessa é obiceres usquam!

J. Maria Saraiva

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

O Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens (CERVAS) encontra-se em Gouveia e é uma estrutura do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) / Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que foi criada em 2004, tendo iniciado a sua actividade durante o ano de 2006. Desde 2009 que a sua gestão é assegurada pela Associação ALDEIA através de uma parceria com o ICNF e a ANA – Aeroportos de Portugal, o principal patrocinador do centro, no âmbito da iniciativa Business & Biodiversity.

Gonçalo Costa.

Ingresso de um grifo (Gyps fulvus) juvenil debilitado no CERVAS através

do SEPNA/GNR de Mangualde.

Andorinhão-preto (Apus apus) durante a revisão clínica final antes da devolução à

Natureza.

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Uma das principais linhas de trabalho do centro é a recuperação de animais selvagens feridos e/ou debilitados que são entregues por entidades como o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana (GNR) ou as áreas protegidas, mas também nalguns casos pelas próprias pessoas que encontram os animais. Desde 2006 ingressaram 2072 animais, sendo que 1445 (69,7%) estavam vivos quando chegaram ao centro e 627 já eram cadáveres.

As aves são o grupo mais representado, com 1664 indivíduos, o que representa cerca de 80% do total. Destas, 567 eram Falconiformes (aves de rapina diurnas) sendo de destacar a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) (181), o milhafre-preto (Milvus migrans) (79) ou o grifo (Gyps

fulvus) (64), e 428 eram Strigiformes (aves de rapina nocturnas), com destaque para a coruja-do-mato (Strix aluco) (123), o mocho-galego (Athene noctua) (121) e a coruja-das-torres (Tyto alba) (101). Tendo em conta a elevada casuística destes grupos de aves o centro foi-se especializando neles mas a versatilidade é necessária visto que entraram também muitos indivíduos de outros grupos de aves, sendo de referir os 394 Passeriformes (144 (36,5%) deles pintassilgos (Carduelis carduelis), 108 Ciconiiformes (cegonhas-brancas (Ciconia ciconia) e garças), 65 Apodiformes (andorinhão-preto (Apus apus) e andorinhão-pálido (Apus pallidus), que representam desafios totalmente diferentes ao nível do maneio, alimentação e instalações necessárias para a sua recuperação.

Ricardo Brandão

Gonçalo Costa

As principais causas de ingresso de animais vivos foram queda do ninho (358) e captura/cativeiro ilegal (348), sendo de referir que no total estas duas causas representaram quase 50% do total de ingressos de animais vivos. O trauma (205), debilidade (182), atropelamento (153), electrocussão (78), colisão (76) e abate a tiro (61) foram outras das causas mais comuns. No que respeita à origem geográfica dos animais que ingressam no CERVAS, naturalmente, verifica-se que a maioria é proveniente do distrito da Guarda (838,

40% do total), seguindo-se Coimbra (294),

Portalegre (214), Viseu (191), Bragança (170), Castelo Branco (127) e Aveiro (95).

As aves são o grupo mais representado com 1664 indivíduos

Ricardo Brandão

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

Açor (Accipiter gentilis) que estava em cativeiro ilegal numa aldeia de Gouveia e a quem tinham sido cortadas todas as penas

das asas e cauda.Artur Vaz Oliveira

Britango (Neophron percnopterus) na fase final de recuperação, o treino num túnel

de voo, antes da devolução à Natureza em Fonte de Aldeia, Miranda do Douro.

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Ricardo Brandão

O principal objectivo do CERVAS e sem dúvida o momento mais gratificante de todo o processo de recuperação é a devolução à Natureza dos animais recuperados. Desde o início da actividade do centro foi possível libertar 883 animais, o que representa 61,1%

dos animais que ingressaram vivos, bastante acima da média conhecida em Portugal (33%, segundo o relatório da Rede Nacional de Centros de Recuperação para a Fauna, ICNF 2007).

Gonçalo Costa

Sempre que possível são envolvidas as pessoas que estiveram relacionadas com o processo de recolha de cada animal bem como as entidades que colaboraram no seu transporte e entrega. Com o objectivo de aumentar o impacto ao nível da divulgação e promoção da fauna selvagem e da educação ambiental das populações o CERVAS tem tentado aproveitar as acções de devolução à Natureza para chegar também aos mais diversos sectores da sociedade e no total,

18491 pessoas tiveram a oportunidade de participar neste momentos. Tem sido feito um esforço para mostrar o trabalho do CERVAS à população, e para tal têm-se realizado diversos tipos de iniciativas, desde acções em escolas (com 4113 crianças), participação em

eventos (junto de 7079 pessoas) até recepção de visitantes no centro (2533 visitantes). Em todas as diversas acções realizadas estiveram directamente envolvidas 32216 pessoas de várias regiões do país. Em paralelo com estas acções têm sido usadas outras ferramentas de divulgação na Internet, nomeadamente o sítio da Associação ALDEIA (www.aldeia.org),

o blogue do CERVAS (http://cervas-aldeia.blogspot.com), a página do centro no Facebook e o blogue STRI (http://rapinasnocturnas.blogspot.pt/) dedicado exclusivamente às rapinas nocturnas.

Em relação aos animais que não foi possível

Ricardo Brandão

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libertar, 171 morreram durante o processo de recuperação, 189 foram eutanasiados por se considerar que o seu estado não permitiria a devolução à Natureza ou transferência para um destino adequado, 79 foram transferidos para centros de educação ambiental, parques zoológicos ou similares, e 21 permaneciam em recuperação no final de 2012. O CERVAS mantém alguns animais irrecuperáveis com o objectivo de que estes contribuam

positivamente para a recuperação de outros indivíduos das mesmas espécies (ou de outras com quem possam ser mantidas em contacto directo), e são um auxiliar decisivo na socialização, aprendizagem (de técnicas de caça, por exemplo) ou na redução do stress de animais que ingressam.

Libertação de uma águia-calçada (Aquila pennata) em Pinhel, após recuperação.

Eric Chavez

Juvenil de coruja-do-mato (Strix aluco) em contacto com indivíduo adulto irrecuperável

Ricardo Brandão

O modelo de gestão actual do CERVAS tem permitido a criação de diversas parcerias que têm contribuído para a melhoria continua do trabalho desenvolvido e para o alargamento das áreas de trabalho. Desde logo a parceria mais importante é a que é mantida com a ANA e ICNF, que para além de permitir o funcionamento do CERVAS, em colaboração com o Parque Natural da Serra da Estrela, também permite à ALDEIA gerir outro centro no Algarve, o RIAS (http://rias-aldeia.blogspot.com), em colaboração com o Parque Natural da Ria Formosa, o que no seu conjunto representa um importante contributo para o funcionamento da Rede Nacional de Centros de Recuperação para a Fauna (RNCRF), tanto ao nível da área geográfica abrangida pela actividade de ambos os centros, como pelo

número de animais que neles ingressam, cerca de 1500 anualmente. Como complemento do importante patrocínio da ANA têm-se estabelecido diversas parcerias com empresas que têm contribuído com equipamento, material e/ou apoio financeiro ao trabalho do centro, sendo de referir a ADT, os CTT, a EDP, a Vinícola Castelar, Águas Serra da Estrela, Intermarché, Rádio Popular, Staedtler e Delta-Cafés, entre outras. As autarquias também têm sido parceiros importantes, com destaque para as Câmaras Municipais de Gouveia e Seia, sendo de referir a vertente de colaboração com o Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) principalmente ao nível da dinamização de diversas actividades relacionadas com a Biodiversidade da Serra da Estrela.

Ricardo Brandão

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Monitorização de crias de coruja-das-torres que nasceram numa caixa-ninho colocada em Gouveia no âmbito do projecto BARN.

Ricardo Brandão

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Ricardo Brandão

As universidades têm sido entidades parceiras muito importantes e com as quais se têm dinamizado diversos estágios curriculares, mestrados e colaborações em teses de doutoramento principalmente nas áreas da Medicina Veterinária e Biologia. A principal parceria tem sido mantida com o Departamento de Biologia da Universidade

de Aveiro, com trabalhos na área da ecologia e conservação de aves de rapina nocturnas (projecto BARN), comportamento/etologia e enriquecimento ambiental, entre outros. A colaboração com diversos investigadores desta e de outras universidades (Univ. Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD; Univ. Porto / ICBAS; Univ. de Lisboa / Fac. de Ciências)

tem permitido a realização de diversos trabalhos científicos, por exemplo, nas áreas da toxicologia (monitorização de metais pesados em aves de rapina diurnas e aves aquáticas), genética (genética populacional de carnívoros selvagens) ou microbiologia (resistências de bactérias a antibióticos em animais selvagens).

As universidades têm sido entidades parceiras muito importantes

Devolução à Natureza de uma águia-calçada (Aquila pennata) que tinha sido atropelada

em Oliveira do Hospital.

Gonçalo Costa

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Mocho galego(Athene noctua)

Luis Moreno

Quem não se deixa enganar pelo canto do mocho galego, a partir de Fevereiro começa a ouvi-lo, muito semelhante ao miado dos gatos, altura em que os machos começam a defender o território, já que a época de reprodução não tardará muito.

O Mocho galego é uma ave de rapina de pequeno porte e de forma rechonchuda, com tamanho médio de 24 cm, uma enver-gadura de 50 cm e 150 gr de peso. Ocupa uma grande variedade de habitats, com preferência por áreas de árvores dispersas (montados e olivais), evitando bosques fechados e áreas montanhosas. Esta ave de rapina é considerada ave nocturna, no en-tanto tem hábitos diurnos e crepusculares, pelo que são de fácil avistamento pousados

em postes de telefone e outros poisos ao entardecer. Caça quase sempre de peque-nos poisos, sendo as suas presas favoritas o pequeno rato do campo, mas também é frequente velos caçar insectos, lagartixas e pequenas aves.

Esta pequena ave de rapina não constrói ninho, realizam a postura quase sempre no interior de buracos de árvores, a época de reprodução dá-se entre Março a Junho, os ovos, entre 3 a 5, são brancos e postos com intervalo de 2 dias, sendo incubados du-rante mais ou menos 30, As crias deixam o ninho um mês depois de nascerem.Em Portugal tem estatuto de espécie não ameaçada no Livro Vermelho dos Verteb-rados.

Rhizocarpongeographicumum líquen na serra da Estrelacontemporâneo dofinal do últimoperíodo glaciário?

Líquen milenar

Na serra da estrela, nos sectores de altitude mais elevada, existe uma grande diversidade de líquenes, encontrando-se inventariadas mais de 250 espécies, a maioria das quais se desenvolvem em habitats rochosos. A es-pécie Rhizocarpon geographicum, líquen crustáceo, de cor amarela ou verde, típico de regiões subárcticas ou alpinas, é na serra muito abundante, e confere aos afloramen-tos graníticos das zonas de maior altitude uma tonalidade esverdeada característica.

José CondeCentro de Interpretação da Serra da EstrelaMunicípio de Seia

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Os líquenes são organismos simbióticos, isto é, que resultam da associação entre um fungo e uma alga. A alga tem como principal função realizar a fotossíntese, produzindo o alimento necessário à sobrevivência de ambos, enquanto o fungo fornece água, sais minerais, suporte e protecção. Os líquenes apresentam a capacidade de se desenvolverem em locais de difícil colonização por seres vivos, possuem limites de tolerância às oscilações climáticas e ambientais superiores a qualquer outro organismo vegetal e encontram-se numa grande diversidade de ambientes. Distribuem-se desde o nível do mar até às montanhas mais elevadas, desde os desertos tropicais até às regiões polares, sobrevivendo num gradiente extremo de temperaturas e humidade, e colonizando uma grande variedade de substratos, como cortiça, lenhina, solo e, claro, rochas.

No limite poente do planalto dos Poios Brancos, sobre um bloco errático, numa moreia do glaciar do rio Zêzere, a cerca de 1550 metros de altitude, encontra-se um líquen da espécie Rhizocarpon geographicum de grandes dimensões, descoberto pelo geólogo alemão Schroeder-Lanz, em meados dos anos 80, que este autor considerou ter uma idade notável. Para o cálculo da idade do exemplar, com um diâmetro de 24-25 cm e 3-4mm de altura, Schroeder-Lanz aplicou a taxa de crescimento de 3.1mm em 100 anos, aceite para ambientes subárcticos e alpinos a nível global, concluindo que este indivíduo teria cerca de 7700-8000 anos, e seria, muito provavelmente, um dos organismos vivos mais velhos de Portugal. No último pico de glaciação, há aproximadamente 23 mil

anos, este local estaria coberto por gelo. Considerando que o último período glaciar na serra da Estrela terá terminado há cerca de 10 mil anos, pode colocar-se a questão se o líquen será contemporâneo do final deste período.

A datação da exposição de superfícies rochosas recorrendo ao estudo do crescimento dos líquenes (datação liquenométrica), tem sido utilizada para determinar a data aproximada de retracção de glaciares e do desaparecimento de bancos de neve perenes. A técnica baseia-se na premissa de que se for conhecido o tempo que demorou a colonização da rocha pelo líquen, e for possível medir a sua taxa de crescimento, então uma data mínima de ocupação da rocha (data em que a rocha ficou exposta) pode ser obtida medindo o diâmetro do maior líquen de um local. O método é especialmente

José CondeRhizocarpon geographicum

Bloco errático e líquen milenar

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

José CondeRhizocarpon geographicum

R. geographicum sobre afloramentos graníticosMalhada do Cabeço da Estercada

útil em ambientes árcticos – alpinos onde os líquenes crescem mais lentamente e apresentam maior longevidade, podendo atingir em casos extremos idades superiores a 10 mil anos.

A determinação exacta da idade do exemplar em causa apresenta vários problemas, sendo difícil confirmar a idade apontada por Schroeder-Lanz, sobretudo se se considerar o possível intervalo de taxas de crescimento para a espécie e sabendo que o local onde o líquen cresce, nos últimos milénios, esteve exposto a condições climáticas subalpinas. Salienta-se ainda que a determinação da idade do líquen pode ser condicionada por múltiplos outros factores, que é necessário ter em conta, tais como: intervalo de tempo entre a exposição da rocha e a sua colonização; influência de factores ambientais na taxa de crescimento que variam com a região e ao longo do tempo, dependência da taxa de crescimento com a textura do substrato e a sua composição, e a variação das condições climáticas no local. Em relação a questões intrínsecas à aplicação da técnica, pode apontar-se a falta de reprodutibilidade do design de amostragem, e a adequabilidade de utilizar o diâmetro do talo do indivíduo em estudos para indicação da idade.

No entanto, apesar destes problemas, a liquenometria em combinação com outros métodos tem-se revelado como uma ferramenta extremamente útil na datação da idade de retracção de gelos em ambientes glaciares. O facto de os valores de taxas de crescimento para ambientes subalpinos serem relativamente baixos, e tendo em conta que o local esteve coberto de gelo, o indivíduo de Rhizocarpon geographicum encontrado pode ser de facto um dos seres

vivos mais antigos em Portugal. Porém, a confirmação desta hipótese só poderá ser feita através de um estudo de liquenométrico mais apurado e em complemento com outros métodos de datação.

Bibliografia

Armstrong, R.A. (1983). Growth curve of the lichen Rhizocarpon geographicum. The New Phytologist, 94 (4): 619-622.

Bradwell, T. & Armstrong, R A. (2007). Growth rates of Rhizocarpon geographicum: a review with new data from Iceland. Journal of Quaternary Science, 22 (4): 311-320.

Jansen, J. (2002). Guia Geobotânico da Serra da Estrela. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.

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... cerca de 7700-8000 anos, e seria, muito provavelmente, um dos organismos vivos mais velhos de Portugal.

José CondeRhizocarpon geographicum

Matthews, J.A. (2005). ‘Little Ice Age’ glacier variations in Jotunheimen, southern Norwvay: a study in regionally controlled lichenometric dating of recessional moraines with implications for climate and lichen growth rates. The Holocene, 15 (1): 1-19.

Schroeder-Lanz, H. (1981). The Oldest Portuguese Being Living: a Lichen in the Serra da Estrela? Finisterra XVI, No.32: 311-316.

Schroeder-Lanz, H. (1983). Establishing

lichen growth curves by repeated size (diameter) measurements of lichen individua in a test area. In Schroeder-Lanz, H., (ed.), Late and postglacial oscillations of glaciers: glacial and periglacial forms: 393-409. Rotterdam.

Vieira, G. (2008). Combined numerical and geomorphological reconstruction of the Serra da Estrela plateau icefield, Portugal. Geomorphology, 97: 190-207.

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José CondeRhizocarpon geographicum

Pormenor de R. geographicum

Centro Interpretativo do Vale Glaciar do ZêzereManteigas

Foi inaugurado no passado dia 4 de Março o Centro Interpretativo do Vale Glaciar do Zêzere em Manteigas.

O novo centro, que faz uma forte aposta nas novas tecnologias, tem como principal atração um simulador que leva o visitante a recuar milhares de anos numa viagem virtual em balão de ar quente durante a qual se assiste ao desenvolvimento daquele vale glaciar .Em forma de U, um dos maiores vales glaciares da Europa, com 13 quilómetros de extensão, está integrado no Parque Natural da Serra da Estrela e na Rede Natura 2000. E s m e r a l d o Carvalhinho, autarca de Manteigas, explicou à Lusa que, durante a viagem virtual de balão, será possível observar “uma ilustração com as diferentes épocas de glaciação, bem como a deslocação dos três glaciares que transformaram o vale naquilo que hoje se pode observar”. O complexo, que será uma espécie de “porta de entrada” para o Vale Glaciar do Zêzere, está instalado numa antiga Casa do Guarda, junto do Viveiro das Trutas, no início do acesso ao vale, a partir de Manteigas, que foi reconstruída pela Câmara Municipal e adaptada às novas funções.Viajar até à Idade do Gelo, consultar quadros interativos sobre a fauna e a flora ou ainda mapas com percursos pedestres são alguns

dos serviços do Centro Interpretativo do Vale Glaciar do Zêzere que inaugura esta segunda-feira, em Manteigas.

Quadros e mapas interativos O Centro Interpretativo do Vale Glaciar do Zêzere também dispõe de vários quadros interativos com imagens sobre a fauna e flora locais, apresenta duas “ janelas” sobre o

passado e o presente de Manteigas e um mapa interativo com 16 percursos pedestres que os visitantes podem descobrir e percorrer. A autarquia de Manteigas pretende fazer parcerias com as escolas da região e de todo o país, para que os alunos também possam visitar o novo equipamento que custou 400 mil euros.O autarca assinala que a obra foi suportada, na totalidade, por fundos comunitários e por verbas do Turismo de Portugal, ficando “a custo zero para a Câmara Municipal de Manteigas”.

@Guarda.pt

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O meio ambiente assume um papel essencial no desenvolvimento de qualquer ser humano, uma vez que faz parte dele! É muito importante que cada indíviduo, e a comunidade no seu todo, contacte com valores e atitudes direccionadas para a preservação e conservação do meio ambiente.À importância de se preservar o meio ambiente, tem-se juntado o conceito de desenvolvimento sustentável, que tem vindo a assumir um papel preponderante nas últimas décadas. Este traduz a ideia de que os recursos naturais devem ser usados para saciar as necessidades do Homem, mas de modo equilibrado, a fim de preservá-los para as gerações futuras. Todavia, o meio ambiente não se resume a recursos naturais, nem tão pouco ao que está ao redor do Homem, pois este é parte desse meio, integrando-o e interagindo com ele, cabendo-lhe, preservá-lo e cuidá-lo.A educação ambiental assume, deste modo, um papel muito importante ao nível do processo educativo de qualquer indíviduo, devendo, por isso mesmo, ser promovida e incutida o mais cedo possível, desde a idade infantil, uma vez que as crianças de hoje serão os adultos de amanhã. A ligação dessa educação à educação pré-escolar é, portanto, essencial, a fim de se estimular a criança para que tenha boas atitudes perante o meio ambiente. Pergunta-se: será uma tarefa difícil? Convém lembrar que as crianças são muito curiosas, adoram tudo o que se relaciona com a natureza (plantas, bichos, árvores, insectos, ...), pois através dela vivem à descoberta. Ora,

incutir boas atitudes relativamente a algo que, à partida, todos gostam, será algo fácil, acessível a qualquer Educador. Promover a interacção com o meio ambiente, através do contacto directo com a Natureza, possibilitará o despertar e o desenvolvimento dos sentidos, os quais são fundamentais no processo de aprendizagem. Respirar o ar puro, mexer na terra, sentir a água a correr pelo corpo, ouvir os sons da fauna e da flora, e saborear os frutos que a Natureza nos dá, são aspectos essenciais para a vida e felicidade de qualquer criança.Nestes termos, o incremento de conhecimentos sobre o meio ambiente circundante e a consciencialização para a sua conservação, tem de fazer parte de todo o processo educativo. A educação pré-escolar, enquanto primeira etapa desse processo, deve, assim, estimular as crianças para essa realidade, a fim de as tornar cidadãos despertos para o meio sócio-ambiental envolvente. Tudo isto porque aquilo que nós somos corresponde ao que fazemos! E o que fazemos é o que o ambiente nos faz fazer! A terra ensina-nos mais acerca de nós próprios do que todos os livros. Devemos, por isso, valorizar a natureza, pois a criança é infeliz sem ela!

A CRIANÇA E O MEIO AMBIENTEA Educadora,

Maria José Carvalho Proença

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Promover a interacção com o meio ambiente, através do con-tacto directo com a Natureza...

Crianças brincando num bosque

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Montanhas de imagens | João Rodrigues

Refúgio na Serra

Fotógrafo, Lisboa

João RebeloRodrigues

Fotografia | Nascido e criado nos arredores de Lisboa a fotografia, como atividade, aconteceu tarde na minha vida, embora tenha sido apreciador desde muito cedo. O nascimento do meu filho, 9 anos atrás e o

www.facebook.com/JoaoRebeloRodriguesFotografiawww.flickr.com/photos/joaorebelorodrigues

advento do digital despoletaram esta minha paixão, que se foi desenvolvendo e tornando-se cada vez mais séria.Já vi várias fotos minhas publicadas em revistas de fotografia, que culminaram, recentemente, com a publicação de uma entrevista na revista zoom, o que representou o reconhecimento do meu trabalho fotográfico. Continuo amador, mas com dedicação. Já fiz exposições, ocasionalmente, e organizo expedições fotográficas, que me permitem ver e levar a ver alguns dos mais belos recantos de Portugal e da Europa.Sou, antes do mais, apaixonado pelo mundo, especialmente o natural e não dispenso os momentos de contemplação quando estou a fotografar em algum local mais ou menos remoto. Sei que nunca conseguirei transmitir totalmente o êxtase que sinto quando observo algo de belo: como se fotografa o cheiro a terra molhada? Ou o som do silêncio? Como pode o espetador apreciar um por do sol se nunca observou um, apenas pelo prazer? Não obstante, continuarei a tentar, na esperança que o espetador das minhas fotos possa partilhar um pouco do meu entusiasmo…e porque simplesmente gosto de apreciar e fotografar a beleza.

“Sou, antes do mais, apaixonado pelo mundo...”

Portefólio

O Zêzere com cores de tempestadeImagens de João RodriguesTodos os direitos reservados

“Sou, antes do mais, apaixonado pelo mundo...”

A natureza fria e dura da Estrela

Prata na Nave de Santo António

Covão d’Ametade

Fé no Covão do Ferro

MONOPÓLIO E LETARGIADuas características muito específicas do turismo na serra da EstrelaJosé Amoreira

Maciço central da serra da Estrela

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Em todas as montanhas relevantes do mundo ocidental, o turismo é uma forte componente da atividade económica, a oferta turística é plural e diversificada, tanto em termos das empresas que materializam essa oferta, como nas atividades oferecidas. Em qualquer montanha relevante do mundo ocidental, há inúmeros parques de campismo, hotéis, pensões, empresas que oferecem passeios a cavalo, guias para montanhismo e escalada, os trilhos pedestres encontram-se sinalizados e documentados e são empenhadamente divulgados. Em qualquer montanha relevante do mundo ocidental, o turismo não pára no Verão, antes pelo contrário, é no Verão que tudo vibra com mais intensidade. Isto é verdade mesmo naquelas montanhas, como os Alpes e os Pirinéus, onde neva com muita intensidade e onde por isso é possivel praticar, com regularidade e qualidade, desportos de neve. Isto é também verdade em montanhas onde neva pouco, como a serra do Gerês. No entanto, claramente isto não é verdade na serra da Estrela. Porquê?

O enquadramento legal da atividade turística na serra da Estrela está fortemente marcado pela figura da concessão exclusiva do turismo e dos desportos, introduzida pelo Decreto-Lei nº 325/71 e actualizada pelo Decreto Lei nº 408/86. De acordo com estes diplomas, a exploração do turismo e dos desportos na serra da Estrela (os limites espaciais coincidem aproximadamente com os do Parque Natural da Serra da Estrela) é concessionada em exclusividade à empresa Turistrela, durante sessenta anos contados da data de celebração do contrato cujas bases são definidas no Decreto-lei 408/86.

A figura da concessão exclusiva da Turistrela

implementa no turismo da serra da Estrela uma política económica de intervenção estatal que talvez fosse considerada boa em 1970, mas que já era fortemente contestada em 1986 e que hoje em dia é unanimemente rejeitada. Que partidos, hoje em dia, defendem uma tal ingerência do estado na esfera da iniciativa privada? Que partidos, hoje em dia, defendem que é positivo para

um setor da economia que uma empresa (privada, ainda por cima) fique protegida da concorrência de outras empresas que se dediquem à mesma atividade? Certamente que nenhum dos partidos do chamado “arco do poder”. E, no entanto, de nenhum órgão de nenhum desses partidos se têm ouvido críticas a este estado de coisas, claramente contrário à ideologia dominante que defende o contrário: mais concorrência, mais empreendedorismo, mais livre iniciativa privada, menos estado, menos ingerência deste nos negócios.

Mas, pressupostos ideológicos à parte, admitamos que era ainda mais ou menos consensual que o modelo de concessão exclusiva tinha algumas virtudes, e que devíamos pesar os prós e os contra da sua aplicação neste caso concreto. Tentemos avaliar o modelo do turismo na serra da Estrela nesse pressuposto hoje em dia unanimemente considerado prejudicial.

A área da concessão é de algumas dezenas de milhares de hectares

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A área da concessão é de algumas dezenas de milhares de hectares e o seu período temporal é de sessenta anos. Muito poucas empresas se mantêm em atividade durante tanto tempo, e poucas empresas conseguem intervir num território tão extenso. Por outro lado, o turismo de montanha é uma atividade muito diversificada. Envolve, como disse acima, atividades de pedestrianismo, observação e interpretação de natureza, caça, pesca, todo-o-terreno motorizado, BTT, esqui, passeios a cavalo, montanhismo e escalada, pára-pente e asa-delta, balão, canoagem, canyoning, e mais um longo etc. Face a estas constatações, uma pergunta impõe-se: parece razoável “entregar” a uma única empresa a actividade turística num território tão extenso, durante um período

temporal tão largo, abarcando um leque tão diversificado de atividades? Parece-me que a resposta a esta pergunta só pode ser um rotundo “NÃO”. No entanto, é um “SIM” convicto a resposta que está subjacente ao modelo implementado.

Mas concerteza que se o governo escolheu para o turismo da serra da Estrela o modelo de concessão exclusiva (com a aprovação do parlamento e a homologação do Presidente), alguma virtude lhe deve ter encontrado. Infelizmente, qual possa ser, em concreto, a legislação não o diz. Aliás, no Decreto-Lei 408/86 (ou seja, no final de 25 anos de vigência da concessão exclusiva da Turistrela),

depois de se reconhecer (no ponto 1) que as potencialidades da serra da Estrela “têm sido subaproveitadas quando não degradadas” e de se constatar que esta “situação é consequência da errada perspectiva com que foi encarado o seu desenvolvimento turístico e da inoperância da empresa” concessionária, conclui-se espantosamente que (ponto 4) “o estatuto de concessionária da Turistrela tem virtualidades que o transformarão num instrumento de realização dos objectivos” do desenvolvimento do turismo na serra da Estrela. Que virtualidades são essas? Não é dito. Entretanto, passaram mais 25 anos. Essas não nomeadas virtualidades terão já transformado o estatuto da Turistrela em instrumento seja do que for?

José AmoreiraMonopólio e letargia

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

A concessão decerto acarretará deveres para a concessionária. Ao fim e ao cabo, é-lhe atribuida exclusividade na exploração de um bem público... Mas que deveres serão esses? O Decreto-Lei 408/86 apenas indica obrigações concretas para os primeiros cinco anos da concessão (no Título II, Base II das bases do contrato-programa, em anexo ao referido decreto). Essas obrigações consistem na realização de um plano para a reanimação turística da serra da Estrela e para a reabertura das unidades hoteleiras existentes na serra. Mais de resto, não são previstas obrigações objetivamente verificáveis nem mecanismos para a sua verificação.

Ou seja, a situação do turismo na serra da Estrela é, há cinquenta anos, a seguinte: à Turistrela (que, à escala nacional, não passa de uma empresa de pequena dimensão) foi atribuído o monopólio de todas as actividades turísticas, num território de dezenas de milhares de hectares, com a duração de sessenta anos a partir de 1986, sem que se lhe tenham imposto obrigações objetivamente verificáveis e sem que tenham sido previstos mecanismos para a sua avaliação.

Esta situação é, claramente, original: um modelo unanimemente considerado ideologicamente ultrapassado, aplicado

Vale do Beijames

Monopólio e letargia

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durante dezenas de anos, numa área de dezenas de milhares de hectares, sem avaliação nem controlo? Francamente, não conheço mais nenhum exemplo de situações semelhantes em nenhuma parte do mundo ocidental. Francamente, não conheço mais nenhuma montanha relevante no mundo ocidental onde o turismo permaneça neste estado tão pobre. E, por isso, pergunto-me: não será o modelo de monopólio privado escolhido para o turismo na serra da Estrela a principal causa do atraso em que ele continua? E por quantos mais anos continuaremos a suportá-lo, sem avaliação, sem resultados, sem que nenhuma instituição relevante o questione? Por quantos mais

anos continuaremos nesta letargia de aceitar que “nós aqui vivemos da neve”, ainda por cima dessa neve que por cá cai pouca e com pouca qualidade?

Fontes

Lei 3/70: http://dre.pt/pdf1sdip/1970/04/09900/05210522.pdfDecreto-Lei 325/71: http://dre.pt/util/getpdf.asp?s=dip&serie=1&iddr=1971.176&iddip=19711326Decreto-Lei 408/86: http://dre.pt/util/getpdf.asp?s=dip&serie=1&iddr=1986.284&iddip=19863424

Rio Zêzere

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

ASE

Derivada do latim ubique, a palavra ubíqua é um adjectivo que significa “que está em toda parte ao mesmo tempo”. Mark Weiser “construiu” o conceito Computação Ubíqua (Ubicomp), ou Computação Pervasiva, e apresentou-o em “The Computer for the 21st Century” com os princípios baseados no desvanecimento dos computadores por entre aquilo que é o dia-a-dia das nossas vidas, que “percam as suas formas visíveis”, mas permanecendo interligados, em pleno funcionamento. Estas ideias propostas por Weiser abriram uma vasta área de investigação e desenvolvimento. Assim sendo, surgiu uma grande mudança para a computação centrada no humano, onde a tecnologia deixa de ser uma barreira e adapta-se às necessidades e preferências humanas, encontrando-se “nos bastidores” até que seja necessária. Este é um caminho no sentido de uma maior naturalidade na interacção e no uso do poder dos sistemas de computação de redes que assim não estarão ligados apenas à Internet ou a outros computadores, mas a pessoas, a locais, e a coisas do dia-a-dia. Em 1991, esta visão de uma computação fortemente embutida nas

Computação Ubíqua Persuasivapara a Sustentabilidade do PlanetaRui Neves MadeiraEscola Superior de Tecnologia de Setúbal

Parte IA Computação Ubíqua e osdispositivos móveis pessoais

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Computação Ubíqua Persuasivapara a Sustentabilidade do PlanetaRui Neves MadeiraEscola Superior de Tecnologia de Setúbal

“coisas” parecia longe de ser alcançada, a sua viabilidade era questionável. No entanto, já em 1969 tinha surgido o romance “Ubik”, de Philip K. Dick, que teve forte influência em Weiser. Este romance previa um futuro onde tudo, desde maçanetas de portas a autoclismos, estaria interligado de forma inteligente.

Weiser olhou para as diferentes fases da computação e previu uma possível evolução

para a Ubicomp. As três ondas da computação (ver Figura 2) separam a era da Mainframe (um computador usado por muitas pessoas) da era do Personal Computer (PC) (um computador para uma pessoa) e da era da Ubicomp (uma pessoa partilha vários computadores). A verdade é que hoje, em 2013, verifica-se que a previsão de Weiser fazia todo o sentido. Há já vários anos que é possível a uma pessoa lidar naturalmente com vários computadores, seja

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

Mark Weiser nos laboratórios da Xerox PARC, EUA, em plenos anos 90, onde era cientista chefe, tendo falecido em 1999 de cancro no estômago (Mais informações

em: http://www2.parc.com/csl/members/weiser/).

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de forma directa com telemóveis inteligentes, e portáteis, entre outros, ou indirectamente através da Internet.

Ainda hoje é difícil prever quais serão as aplicações da Ubicomp que se tornarão banais, tal como a rápida evolução das tecnologias Web também não era de fácil previsão nos primeiros tempos de desenvolvimento. Têm surgido trabalhos de muita qualidade em áreas intimamente ligadas à Ubicomp, tais como sistemas de informação contextual (context-aware), redes de sensores, toolkits computacionais para a construção flexível de aplicações, espaços físicos “inteligentes” (Smart Spaces), entre outros. Muito daquilo que ainda hoje se discute já era investigado por exemplo em 1994, por Schilit et al., quando descreviam sistemas que examinavam e reagiam às alterações no contexto de um indivíduo (ver Figura 3).

Tal como sugeriu Weiser em 1991, uma implementação Ubicomp deve integrar três tipos de entidades. Estes são 1) os agentes de utilizadores (i.e., dispositivos carregados pelos utilizadores tais como os telemóveis), 2) os dispositivos integrados no meio ambiente, 3) e a Internet, com a interacção digital entre

estas entidades a dar origem a novas aplicações. Com a crescente maturação das tecnologias, em que existe um maior desempenho para um menor tamanho de dispositivos, tais como processadores, memórias, tecnologias de rede, ecrãs e sensores, caminha-se mais facilmente em direcção à Ubicomp, a uma conectividade

ubíqua e a interfaces mais adaptáveis. Já são muitos os objectos e os dispositivos que possuem processadores e sensores embutidos. Os carros são talvez o melhor exemplo, possuindo sensores que possibilitam as mais variadas respostas em diversas situações, sobretudo ao nível da segurança. De todos os modos, estes sistemas são, regra geral, considerados stand-alone, não interagindo necessariamente com outros objectos. Contudo, já são vários os projectos em desenvolvimento para que rapidamente se chegue ao próximo estágio. Por

Rui Neves MadeiraComputação Ubíqua Persuasiva para a Sustentabilidade do Planeta

As ondas da computação segundo Weiser

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exemplo, através da colocação de transceptores (transmissores/receptores) móveis de curto alcance em dispositivos adicionais e em outros objectos do dia-a-dia podem-se estabelecer outras formas de comunicação. Pretende-se que as ligações ou comunicações não sejam estabelecidas apenas entre as pessoas ou entre pessoas e computadores, mas que se avance para o tipo pessoas-objectos, e mais especificamente para objectos-objectos. Foi adicionada uma nova dimensão ao mundo das Tecnologias de Informação e Comunicação (ICTs), onde no conceito “a qualquer momento, em qualquer local” com conectividade para “qualquer um”, passou-se para conectividade para “qualquer coisa”. Uma nova rede de redes, conhecida por Internet of Things surge assim com a multiplicação das ligações disponíveis entre todas as entidades consideradas num espaço Ubicomp. Este

conceito de “Internet das coisas” não pode ser considerado ficção científica nem desajustado daquilo que se pode praticar actualmente na indústria dado ser baseado nos avanços sólidos das tecnologias e nas visões das redes ubíquas.Em termos quotidianos e comerciais, uma forma primária de redes de comunicação e informação ubíquas apareceu com a vasta expansão do uso de telemóveis, em que o número total de dispositivos à escala mundial deverá chegar perto dos sete mil milhões em 2013. Segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT), estima-se que 2013 acabará com quase tantos telemóveis como o número de pessoas que vivem no mundo. Estes dispositivos, incluindo os mais avançados smartphones, juntamente com os tablets, têm vindo a ocupar um papel integrante no quotidiano das pessoas, inclusive até mais que a Internet. Deste modo, os dispositivos

Esboço do ParcTab - Um sistema de computação context-aware, no centro Xerox PARC, EUA.

móveis pessoais tornam-se dispositivos computacionais ubíquos ao encontrarem-se em praticamente todos os locais, adaptando-se individualmente, e estando quase que universalmente conectáveis (com capacidades de comunicação tanto para curtas como para grandes distâncias). Ao serem constantemente transportados pelos seus utilizadores (tornaram-se ferramentas essenciais para o seu dia-a-dia), acabam por estar presentes quando ocorrem interacções com objectos em possíveis ambientes de sistemas de Ubicomp. Em paralelo com a evolução das funcionalidades disponíveis, existe um incremento na diversidade e capacidade das várias tecnologias, com especial destaque para a comunicação wireless. Estas novas tecnologias e paradigmas de

computação podem e devem ser usados para estimular mudanças nos comportamentos humanos face a questões ambientais e de sustentabilidade do planeta, uma vez que se torna mais fácil e rápido aproximar das pessoas. Para tal, será importante considerar também o conceito de “tecnologia persuasiva”, que visa mudar atitudes e/ou comportamentos de forma interactiva e através de persuasão e influência social (sem usar coerção ou engano). A computação móvel e ubíqua é um óptimo veículo para esta persuasão pela ubiquidade dos dispositivos móveis pessoais, que estão presentes (quase) sempre que são necessários, avisando-nos, entretendo-nos, etc. Pode-se introduzir um novo paradigma de consciencialização ambiental, que ajudará a motivar os cidadãos a serem mais responsáveis

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Miniaturização em direcção à Internet of Things

Rui Neves MadeiraComputação Ubíqua Persuasiva para a Sustentabilidade do Planeta

no seu dia-a-dia, para mostrarem uma maior sensibilização para com o meio ambiente. Assim sendo, é necessário incentivar as pessoas de uma forma interativa e apelativa, reagindo às suas acções reais quotidianas, pois será a melhor forma destas mudarem as suas atitudes menos correctas. Acções como reciclagem, diminuição de poluição, diminuição do consumo de energia elétrica, entre outras, são o foco das aplicações e sistemas resultantes

deste conceito.A parte II do artigo aprofundará o papel que a computação ubíqua, sobretudo através dos dispositivos móveis pessoais, pode ter na persuasão das pessoas com vista a uma maior sustentabilidade do planeta. Serão descritos alguns exemplos de sistemas e aplicações móveis de modo a melhor entender-se o que se pode atingir com este conceito.

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

Dois exemplos: LEY de Rui Madeira et al. e Pollution e-Sign de Ben Hooker et al.

ESCALAR

Tiago PaisNA SERRA DA ESTRELA

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

A zona da Serra da Estrela tem condições excelentes para a prática da escalada seja ela de que tipo for: Clássica, Desportiva, Bloco, ou mesmo em Gêlo (esta ultima no periodo invernal). O clima relativamente ameno permite a prática destas modalidades na maioria do ano e mesmo em pleno Inverno é possivel escalar em alguns bons dias de sol. No entanto, o periodo mais favoravel para a maioria das vertentes da escalada situa-se entre Maio e Setembro ou mesmo Outubro onde os dias são longos, amenos, a rocha está seca e a probabilidade de precipitação é mais reduzida. Deve ser feita uma excepção ao mês de Agosto onde, locais mais soalheiros ou a mais baixa altitude, podem apresentar calor excessivo.

Em geral, os locais de escalada (por vezes tambem chamados “sectores”) requerem uma caminhada de aproximação não demasiado longa que, não só ajuda o aquecimento mas tambem permite disfrutar a paisagem Serrana sem dispender demasiado esforço. O tipo de rocha dominante na maioria dos sectores é o granito de “grão grosso”, fazendo com que as vias de escalada sejam caracterizadas por placas mais ou menos tombadas e com poucos agarres (ou “presas) onde por as mãos firmemente. Assim, torna-se necessário recorrer mais à aderência do calçado técnico (pés-de-gato) e ao equilibrio do que própriamente à força dos braços. É vulgar denominar este tipo de escalada por “escalada em aderência”. Ao mesmo tempo, a

Escalada em aderência

rocha encontra-se frequentemente fracturada originando fendas mais ou menos extensas e mais ou menos estreitas que permitem a colocação de material de segurança por parte do escalador à medida que vai progredindo verticalmente e que, em conjunto com uma corda, permitem deter uma eventual queda. Talvez a escalada Clássica, precisamente aquela em que o escalador progride sem recurso a equipamento fixo permanente na rocha, seja aquela mais praticada na zona da Serra da Estrela. No entanto, tambem a escalada em Bloco, ou seja, a escalada de blocos rochosos geralmente de baixa altura, encontra condições muito boas para a sua prática com um crescente numero de adpetos.Embora seja considerado um terreno de Montanha e aventura, existem vias de escalada relativamente simples que podem ser realizadas por praticantes menos evoluidos mas que detenham os conhecimentos

apropriados para a sua pratica em segurança. Não esquecer, no entanto, que é um ambiente de alterações rápidas e em que a saída do local nem sempre é fácil e imediata em caso de fraca visibilidade ou lesão corporal. Mesmo em dias de aparente estabilidade nunca deixar de transportar os elementos minimos necessários à protecção.Em termos históricos, o Cântaro Magro é a zona mais emblemática para a prática da escalada Clássica, embora existam outros sectores nas imediações com vias abertas e outras zonas pouco exploradas mas que à vista parecem ter potencial. Tambem o Covão do ferro tem sido, mais recentemente, muito procurado para a exploração de

novas vias. Para fazer escalada Desportiva, aquela em que a progressão do escalador se

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faz utilizando equipamento previamente embutido na rocha, existem tambem vários sectores com caracteristicas distintas. Por exemplo, o corredor dos dos Mercadores caracteriza-se por vias curtas, muito verticais, por vezes até extraprumadas, enquanto que o sector da Francelha apresenta vias mais longas e menos verticais tipicamente de aderência. Perto do Covão d’ametade existem outras duas zonas, a placa dos fantasmas (vias parcialmente equipadas, de baixa dificuldade e boas para iniciação) e o sector da Cascata musical. Relativamente à escalada de Bloco existe aquela que é considerada por muitos uma das “Mecas” para a prática deste tipo de escalada em Portugal: a zona da Pedra do Urso, no entanto, tambem o Covão Cimeiro tem sido muito procurado pelos adeptos desta escalada. Por fim, temos a escalada em gêlo, modalidade bastante exigente sobre o

ponto de vista técnico, de material e de segurança. Os locais para a prática deste tipo de escalada são tipicamente zonas sombrias, de altitude, e com escorrencias que possam congelar quando as temperaturas descem abaixo de zero. Embora o local exacto possa variar de ano para ano e até ao longo do inverno, existem zonas onde habitualmente se formam cascatas de gêlo com condições para serem escaladas: curva do Cântaro, topo do Covão Cimeiro, Corredor do Inferno, Covão do Ferro, Cantaro Raso, entre outros...Propositadamente, não referimos com exactidão os respectivos locais de escalada. A Serra da Estrela é uma zona com habitats sensiveis e

que urge proteger e conhecer. Alem disso, desde

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

Cântaro magro

Tiago PaisEscalar na Serra da Estrela

Corredor dos dos Mercadores

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ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

a ultima revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural que foram impostas restrições à prática da escalada mas cujos fundamentos não foram, até ao momento, devidamente explicados. Esta decisão foi tomada sem haver qualquer contacto com os clubes ou a própria Federação pelo que suspeitamos que tenha sido feita sem o devido conhecimento destas actividades. Acresce que esta restrição não se encontra publicada em nenhum documento oficial pelo que é dificil ter conhecimento da sua extensão. Em qualquer caso, julgamos que a Serra deve ser explorada aos poucos e sem pressas! E que a melhor maneira para fazer isto de forma segura e sem prejudicar os habitats locais é através de pessoas ou grupos que já conheçam o local nomeadamente praticantes

Lagoa da Francela

Cascata de gelo

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

experientes, clubes, associações ou guias profissionais devidamente reconhecidos. Temos pelo menos três clubes na zona nomeadamente a ASE (www.asestrela.org),

o CMG (www.montanhismo-guarda.pt), e o CMS (www.clubemontanhismoseia.com) que realizam actividades na Serra da Estrela e que te poderão ajudar a conhece-la.

Tiago PaisEscalar na Serra da Estrela

Próximas actividades2013

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Co-organizado pela ASE - Associação Cul-tural Amigos da Serra da Estela e pelo Ge-Observer, o NORSUDESTE, a realizar nos dias 8 e 9 de Junho deste ano, é uma traves-sia guiada por montanhistas experientes, atravessando os vales mais espectaculares da Serra da Estrela - Beijames, Zêzere e Gar-ganta de Loriga - ligando Valhelhas a Lo-riga com todos os predicados para se sabo-rearem momentos de rara beleza, através de uma Estrela desconhecida e mais selvagem.

NORSUDESTE, a Estrela de lés-a-lés

A ASE em colaboração com a Associação de Vila de Mouros vai organizar uma caminhada que tem algo de original.Um grupo sairá da “Aldeia” - Vila do Carvalho guia-da por elementos da AVM e outro guiado por elemen-tos da ASE iniciará a sua caminhada a partir de Manteigas.

O encontro dos dois grupos será nas poldras do Beijames onde é servido um almoço. Local ideal para o convívio, talvez para discutir e aprofundar relações entre os dois lados da Serra, do romance e, quem sabe, da recu-

A lã e a neve - Percurso histórico-literário

8 e 9 de Junho de 2013

5 de Outubro de 2013

Co-organizado pela ASE - Associação Cul-tural Amigos da Serra da Estela e pelo Ge-Observer, o NORSUDESTE, a realizar nos dias 8 e 9 de Junho deste ano, é uma traves-sia guiada por montanhistas experientes, atravessando os vales mais espectaculares da Serra da Estrela - Beijames, Zêzere e Gar-ganta de Loriga - ligando Valhelhas a Lo-riga com todos os predicados para se sabo-rearem momentos de rara beleza, através de uma Estrela desconhecida e mais selvagem.

Curso de Cetraria - Verdelhos29 e 30 de Abril de 2013

ZIMBRO - EDIÇÃO DE MARÇO 2013

ASESTRELA 2013VI edição do maior encontro de montanha do país

À hora a que estas palavras são lidas estará a decorrer o 5 ASESTRELA, não no espaço onde há 30 anos a ASE vem promovendo a serra e o montanhismo, com o espírito mais são que o homem souber alcançar, mas no seu reduto, no meio do vale glaciário do Zêzere, onde tudo está por fazer para o preservar.Podíamos ter ido para o Covão d’Ametade e ter enfrentado tudo e todos, como já o fizemos noutros tempos, para provar que aquilo que nos feito é injusto e carece que qualquer sen-tido legal. Preferimos no entanto, não ir por aí e ficar na expectativa para ver até onde vai o arrojo relativamente ao Covão d’Ametade.Depois de tanta experiência acumulada, A ASE não tem sido procurada como parceiro. Preferem os responsáveis, pela gestão dos baldios, continuar a acumular erros atrás de erros com consequências nefastas para aquele monumento natural, conforme lhe chamou

o Dr. Marques Ferreira, então presidente do Serviço Nacional de Parques, Reservas e Con-servação da Natureza.Por respeito para com todos os participantes e pelo conhecimento dos problemas que a Junta de Freguesia de São Pedro (questões de saúde com dois dos seus representantes), está a atravessar e a quem desejamos as melhoras e o restabelecimento breve, apenas iremos referir o que motivou a nossa discordância e a não realização do ASESTRELA, no Covão d’Ametade.1º A ASE não obteve resposta alguma aos três e-mails que enviou;2º A ausência de qualquer resposta e o aprox-imar da data forçou a Associação e cancelar o ASESTRELA.3º Essa condição gerou uma onda de con-testação que preocupou a Junta de Freguesia de S. Pedro. 4º Em resultado disso, a ASE aceitou alterar uma actividade programada para os dias 29 e 30 de Março e substituí-la pelo ASESTRE-LA.5º É a partir deste momento que a empresa, Trilhos e Lagoas, nos contacta por e-mail e nos transmite a cedia o espaço, gratuitamente, mas impunha que a recepção fosse feita por si. A ASE não aceitou essa condição e pediu que lhe fosse explicado a razão de tal exigência. O nosso pedido não só não foi satisfeito como a gestão da recepção se ter mantido.Em face disso foi decidido alterar o local e convidar todos os participantes associados para os terrenos da ASE.O ASESTRELA irá terminar aqui, esperando que outras dinâmicas venham a surgir para bem da Serra da Estrela e do montanhismo em Portugal.

Denunciar para preservar!

Lixeiras, esgotos, erosão, desflorestação... são alguns dos problemas que se vivem na Serra da Estrela.

Se tiver conhecimento destas situações ou outras, que ponham em causa o equilíbrio o meio natural, cultural ou patrimonial, não deixe de o denunciar.

www.geobserver.org