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MANUAL DO TRIPULANTE
DE AMBULÂNCIA DE
TRANSPORTE
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Terceira Edição 2010
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte
3/2010
© Março de 2010, Instituto Nacional de Emergência Médica, I.P.
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer processo electrónico,
mecânico, fotográfico ou outro, sem autorização prévia e escrita do Instituto Nacional de Emergência
Médica, I.P
PREFÁCIO
Tripular uma ambulância de transporte de doentes é um acto cuja especificidade deve ser
devidamente realçada, pois o papel do TAT é indissociável da missão fundamental da mesma:
transportar um doente a uma unidade de saúde, em segurança, com rapidez e com capacidade
de assistência durante o transporte.
É o processo de selecção e de formação que determinarão o bom desempenho dos
profissionais.
Exigem-se aptidões físicas, psicomotoras e comportamentais, bem como conhecimentos e
aptidões técnicas.
Acima de tudo, o TAT deve rever-se na ética profissional dos que lidam com os bens mais
preciosos do ser humano: a saúde e a vida.
Estes dependem de uma cadeia em que nenhum dos elos pode falhar - a Cadeia de
Sobrevivência.
Transportar bem o doente ou sinistrado ao seu destino é uma responsabilidade de todos, um
trabalho de equipa.
Ao editar este manual o INEM presta assim o serviço a que está por missão obrigado,
promovendo um paradigma de formação de qualidade, que há-de traduzir-se no mais elevado
nível dos cuidados ao doente ou sinistrado.
Este é o 1º de vários manuais que estamos a produzir, com a colaboração, elevado
profissionalismo e sentido de missão e responsabilidade que caracterizam os trabalhadores do
SIEM, do qual o INEM é coordenador.
O Presidente do Conselho Directivo do Instituto Nacional de Emergência Médica
Abílio António Ferreira Gomes
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Ficha Técnica
COORDENAÇÃO TÉCNICA
Sofia Madeira
Médica, Assistente de Medicina Interna, Coordenadora do Centro de Formação de Coimbra,
INEM/DRC
AUTORES
Sofia Madeira
Médica, Assistente de Medicina Interna,
Coordenadora do Centro de Formação de Coimbra, INEM/DRC
Raquel Ramos
Médica, Assistente de Anestesiologia,
Coordenadora do Centro de Formação de Lisboa, INEM/DRLVT
Luís Meira
Médico, Assistente de Anestesiologia,
Director Regional do Porto, INEM/DRP
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
Ficha Técnica TAT.01.10
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Ficha Técnica
FICHA TÉCNICA DA TERCEIRA EDIÇÃO
COORDENAÇÃO TÉCNICA
Sofia Madeira
Médica, Assistente de Medicina Interna,
Coordenadora do Centro de Formação de Coimbra, INEM/DRC
AUTORES
Sofia Madeira
Médica, Assistente de Medicina Interna,
Coordenadora do Centro de Formação de Coimbra, INEM/DRC
Raquel Ramos
Médica, Assistente de Anestesiologia,
Coordenadora do Centro de Formação de Lisboa, INEM/DRLVT
Luís Meira
Médico, Assistente de Anestesiologia,
Director Regional do Porto, INEM/DRP
PROCESSAMENTO DE TEXTO E TRATAMENTO DE IMAGEM
Sofia Madeira - Médica, Assistente de Medicina Interna, Coordenadora do CFC, INEM/DRC
Ulisses Oliveira - Enfermeiro Graduado, Formador do CFC, INEM/DRC
José Soares - Enfermeiro Especialista, Formador do CFC, INEM/DRC
Rui Marcelino - Enfermeiro Graduado, Formador do CFC, INEM/DRC
Jody Rato - Assistente Técnico, Formador do CFC, INEM/DRC
José Maleiro - Assistente Técnico, Formador do CFC, INEM/DRC
Henrique Lourenço - Assistente Técnico, Formador do CFC, INEM/DRC
Carlos Pereira - Assistente Técnico, Gabinete de Comunicação e Imagem, INEM
REVISÃO DE TEXTO
Sofia Madeira - Médica, Assistente de Medicina Interna, Coordenadora do CFC, INEM/DRC
Ulisses Oliveira - Enfermeiro Graduado, Formador do CFC, INEM/DRC
Helena Lalanda Castro - Directora do Departamento de Emergência Médica, INEM
Marina Salvador - Assistente Técnica, Departamento de Emergência Médica, INEM
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
Ficha Técnica TAT.01.10
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Ficha Técnica
COLABORARAM NA TERCEIRA EDIÇÃO
Amândio Henriques - Médico, Consultor de Medicina Geral e Familiar
Ulisses Oliveira - Enfermeiro Graduado, CFC, INEM/DRC
José Soares - Enfermeiro Especialista, CFC, INEM/DRC
Rui Marcelino - Enfermeiro Graduado, CFC, INEM/DRC
José António Maleiro - Assistente Técnico, CFC, INEM/DRC
Jody Rato - Assistente Técnico, CFC, INEM/DRC
Henrique Lourenço - Assistente Técnico, INEM/DRC
Daniel Silva - Assistente Técnico, INEM/DRC
Pedro Melo - Assistente Técnico, INEM/DRC
Jorge Melo - Assistente Técnico, INEM/DRC
Cristina Nunes - Assistente Técnico, INEM/DRC
Artur Albino - Assistente Técnico, INEM/DRC
Teresa Oliveira - Assistente Técnico, CFC, INEM/DRC
AGRADECIMENTOS:
Aos nossos formandos;
Aos nossos formadores;
Aos nossos filhos:
Sofia Morais
Andreia Maleiro
Lourenço Porto
José Filipe Porto
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Ficha Técnica TAT.01.10
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TAT.01.10 Índice
ÍNDICE
Capítulo 1 - Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano ........................................ 1
Objectivos ................................................................................................................ 1
1. Introdução e Definições ....................................................................................... 2
2. Pele ...................................................................................................................... 5
3. Sistema Músculo-Esquelético .............................................................................. 5
4. Sistema Nervoso ............................................................................................... 11
5. Órgãos dos Sentidos ......................................................................................... 13
6. Sistema Cardiovascular ..................................................................................... 14
7. Sistema Respiratório.......................................................................................... 16
8. Sistema Digestivo .............................................................................................. 18
9. Sistema Urinário ................................................................................................ 19
10. Sistema Reprodutor ......................................................................................... 20
Capítulo 2 - Sistema Integrado de Emergência Médica ..................................... 23
Objectivos .............................................................................................................. 23
1. Conceitos e Definição ........................................................................................ 24
2. Evolução da Emergência Médica Pré Hospitalar em Portugal .......................... 24
3. Fases do SIEM .................................................................................................. 29
4. Intervenientes do SIEM ..................................................................................... 30
5. Organização do SIEM ........................................................................................ 31
Capítulo 3 - Exame da Vítima ............................................................................... 37
Objectivos .............................................................................................................. 37
1. Introdução .......................................................................................................... 38
2. Exame Primário ................................................................................................. 38
3. Avaliação de Sinais Vitais .................................................................................. 43
4. Exame Secundário ............................................................................................ 45
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
Índice TAT.01.10
Capítulo 4 - Suporte Básico de Vida ................................................................... 53
Objectivos .............................................................................................................. 53
Introdução .............................................................................................................. 54
1. A Cadeia de Sobrevivência ............................................................................... 55
2. Riscos para o Reanimador ................................................................................ 57
3. Suporte Básico de Vida no Adulto ..................................................................... 60
4. Posição Lateral de Segurança ........................................................................... 75
5. Abordagem da Via Aérea .................................................................................. 79
6. Situações Especiais em Suporte Básico de Vida ............................................ 101
7. Reanimação Pediátrica .................................................................................... 104
Capítulo 5 - Oxigenoterapia ............................................................................... 129
Objectivos ............................................................................................................ 129
1. Introdução ........................................................................................................ 130
2. Princípios Fundamentais na Administração de Oxigénio ................................ 130
Capítulo 6 - Hemorragias ................................................................................... 139
Objectivos ............................................................................................................ 139
1. Introdução ........................................................................................................ 140
2. Classificação das Hemorragias em relação à Origem ..................................... 140
3. Classificação das Hemorragias em relação à Localização ............................. 141
4. Sinais e Sintomas das Hemorragias ................................................................ 142
5. Cuidados de Emergência ................................................................................ 142
Capítulo 7 - Hipovolemia .................................................................................... 145
Objectivos ............................................................................................................ 145
1. Introdução ........................................................................................................ 146
2. Causas de Hipovolemia ................................................................................... 146
3. Sinais e Sintomas de Hipovolemia .................................................................. 146
4. Cuidados de Emergência ................................................................................ 148
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TAT.01.10 Índice
Capítulo 8 - Traumatologia ................................................................................. 149
Objectivos ............................................................................................................ 149
1. Introdução ........................................................................................................ 150
2. A Abordagem da Vítima de Trauma ................................................................ 150
3. Lesões dos Tecidos Moles .............................................................................. 152
4. Traumatismos Oculares ................................................................................... 158
5. Neurotraumatologia ......................................................................................... 158
6. Traumatologia dos Membros ........................................................................... 161
Capítulo 9 - Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma .... 165
Objectivos ............................................................................................................ 165
1. Introdução ........................................................................................................ 166
2. Estabilização Cervical com Alinhamento Manual ............................................ 166
3. Aplicação do Colar Cervical ............................................................................. 170
4. Rolamento ....................................................................................................... 172
5. Levantamento .................................................................................................. 176
6. Imobilização em Plano Duro ............................................................................ 181
7. Colete de Extracção ........................................................................................ 183
8. Extracção Rápida ............................................................................................ 190
9. Remoção do Capacete .................................................................................... 194
10. Imobilização Vertical ...................................................................................... 196
11. Imobilizações dos Membros Superiores ........................................................ 199
12. Imobilizações dos Membros Inferiores .......................................................... 200
13. Transporte de Doentes .................................................................................. 203
Capítulo 10 - O Tripulante e a Ambulância ....................................................... 205
Objectivos ............................................................................................................ 205
1. Introdução ........................................................................................................ 206
2. Normas de Conduta ......................................................................................... 206
3. A Ambulância ................................................................................................... 207
4. O Acompanhamento das Pessoas Transportadas .......................................... 208
5. Considerações sobre Segurança..................................................................... 209
6. A Condução da Ambulância e a sua Segurança ............................................. 214
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Índice TAT.01.10
Anexo A - Parto Iminente Noções básicas ....................................................... 217
1. Introdução ........................................................................................................ 217
2. Assistência ao Parto ........................................................................................ 217
3. Preparação para Assistir ao Parto ................................................................... 218
4. Cuidados ao Recém-Nascido .......................................................................... 220
5. Cuidados ao Cordão após o Período Expulsivo .............................................. 221
6. Cuidados com a Placenta ................................................................................ 222
7. Casos Particulares ........................................................................................... 223
Anexo B - Glossário ........................................................................................... 229
Bibliografia .......................................................................................................... 261
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TAT.01.10 Índice
ÍNDICE DE FIGURAS
Capítulo 1
Figura 1 - Diversos tipos de células ................................................................................................................. 2
Figura 2 - Planos anatómicos .......................................................................................................................... 4
Figura 3 - Estrutura da pele ............................................................................................................................. 5
Figura 4 - Ossos do crânio ............................................................................................................................... 7
Figura 5 - A coluna vertebral e os diferentes tipos de vértebras das regiões superiores ................................. 7
Figura 6 - Caixa torácica .................................................................................................................................. 8
Figura 7 - Ossos da bacia ou cintura pélvica ................................................................................................... 8
Figura 8 - Ossos do membro superior ............................................................................................................. 9
Figura 9 - Ossos da mão ................................................................................................................................. 9
Figura 10 - Ossos do membro inferior ........................................................................................................... 10
Figura 11 - Ossos do pé ................................................................................................................................ 10
Figura 12 - Sistema Nervoso Central ............................................................................................................. 11
Figura 13 - Medula espinal, no interior do canal raquidiano, protegida pelas vértebras ................................ 12
Figura 14 - Corte do coração, com identificação do fluxo do sangue ............................................................ 14
Figura 15 - Células do sangue: vários eritrócitos (1), dois leucócitos (2) e algumas plaquetas (3) ............... 16
Figura 16 - Principais constituintes do sistema respiratório ........................................................................... 17
Figura 17 - Principais constituintes do sistema digestivo ............................................................................... 18
Figura 18 - Principais constituintes do sistema urinário ................................................................................. 19
Figura 19 - Principais constituintes do sistema reprodutor feminino .............................................................. 20
Figura 20 - Principais constituintes do sistema reprodutor masculino ........................................................... 21
Capítulo 2
Figura 21 - Estrela da Vida com as diversas fases do SIEM ......................................................................... 29
Capítulo 3
Figura 22 - Avaliação do estado de consciência ............................................................................................ 39
Figura 23 - Permeabilização da via aérea ..................................................................................................... 40
Figura 24 - Pesquisa de ventilação ................................................................................................................ 40
Figura 25 - Reactividade das pupilas ............................................................................................................. 42
Figura 26 - Palpação da artéria radial ............................................................................................................ 44
Figura 27 - Avaliação rápida da temperatura ................................................................................................. 45
Figura 28 - Observação e palpação da cabeça e face .................................................................................. 47
Figura 29 - Observação e palpação dos ombros e clavícula ......................................................................... 48
Figura 30 - Observação e palpação do tórax e abdómen .............................................................................. 49
Figura 31 - Observação e palpação da coluna dorso e lombar ..................................................................... 49
Figura 32 - Observação e palpação muito suave da cintura pélvica .............................................................. 50
Figura 33 - Observação e palpação dos membros inferiores ........................................................................ 50
Figura 34 - Observação e palpação dos membros superiores ...................................................................... 51
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
Índice TAT.01.10
Capítulo 4
Figura 35 - Cadeia de sobrevivência da vítima adulta ................................................................................... 55
Figura 36 - Avaliação do estado de consciência............................................................................................ 62
Figura 37 - Primeiro pedido de ajuda ............................................................................................................. 63
Figura 38 - Pesquisa de corpos estranhos na cavidade oral ......................................................................... 64
Figura 39 - Extensão da cabeça e elevação do queixo ................................................................................. 64
Figura 40 - A avaliar os sinais de circulação durante 10 segundos ............................................................... 65
Figura 41 - Activação do sistema de emergência .......................................................................................... 67
Figura 42 - Posicionamento / compressões torácicas ................................................................................... 68
Figura 43 - Colocação da máscara de bolso (pocket mask) / Ventilação boca-máscara ............................... 69
Figura 44 - Manobras de SBV a 2 reanimadores (com máscara de bolso e com insuflador manual) ........... 70
Figura 45 - Colocação em Posição Lateral de Segurança (PLS)................................................................... 76
Figura 46 - Colocação em Posição Lateral de Segurança (PLS)................................................................... 77
Figura 47 - Colocação em Posição Lateral de Segurança (PLS)................................................................... 77
Figura 48 - Colocação em Posição Lateral de Segurança (PLS)................................................................... 77
Figura 49 - Colocação em Posição Lateral de Segurança (PLS)................................................................... 78
Figura 50 - Desfazer a Posição Lateral de Segurança (PLS) ........................................................................ 79
Figura 51 - Obstrução da via aérea ............................................................................................................... 80
Figura 52 - Desobstrução da via aérea, Aplicação das pancadas interescapulares ...................................... 82
Figura 53 - Desobstrução da via aérea, Colocação das mãos na Manobra de Heimlich ............................... 83
Figura 54 - Desobstrução da via aérea, Manobra de Heimlich ...................................................................... 83
Figura 55 - Desobstrução da via aérea, Manobra de Heimlich ...................................................................... 84
Figura 56 - Extensão da cabeça e elevação da mandíbula ........................................................................... 88
Figura 57 - Sub-luxação da mandíbula .......................................................................................................... 89
Figura 58 - Tubos orofaríngeos (tubos de Guedel), escolha do tamanho e introdução do tubo .................... 90
Figura 59 - Tubo nasofaríngeo. Escolha do tamanho e colocação do tubo ................................................... 92
Figura 60 - Aspiração de secreções .............................................................................................................. 93
Figura 61 - Máscara de bolso (pocket mask) ................................................................................................. 94
Figura 62 - Ventilação com máscara de bolso em posição lateral ................................................................. 95
Figura 63 - Ventilação com máscara de bolso em posição cefálica .............................................................. 96
Figura 64 - Insuflador manual (“ambu”), máscaras faciais e garrafa de oxigénio .......................................... 97
Figura 65 - Ventilação com insuflador manual ............................................................................................... 98
Figura 66 - Cadeia de sobrevivência pediátrica ........................................................................................... 106
Figura 67 - Avaliação da resposta ............................................................................................................... 108
Figura 68 - Grito de ajuda ............................................................................................................................ 108
Figura 69 - Pesquisa de corpos estranhos .................................................................................................. 109
Figura 70 - Permeabilização da via aérea com extensão da cabeça e elevação da mandíbula .................. 109
Figura 71 - “posição neutra”na extensão da cabeça no lactente ................................................................. 109
Figura 72 - Pesquisa de respiração normal (VOS) ...................................................................................... 110
Figura 73 - Posição de recuperação ............................................................................................................ 110
Figura 74 - Ventilação boca-máscara na criança ......................................................................................... 111
Figura 75 - Ventilação boca-a-boca e nariz no lactente ............................................................................... 111
Figura 76 - Ventilação com máscara de bolso ............................................................................................. 112
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Índice
Figura 77 - Pesquisa de sinais de circulação ............................................................................................... 113
Figura 78 - Compressões torácicas no lactente ........................................................................................... 114
Figura 79 - Compressões torácicas na criança ............................................................................................ 115
Figura 80 - Ventilação na criança ................................................................................................................ 115
Figura 81 - Ventilações sem perder a referência do ponto das compressões torácicas .............................. 116
Figura 82 - Ventilações e compressões torácicas com dois reanimadores ................................................. 116
Figura 83 - Pancadas interescapulares no lactente ..................................................................................... 125
Figura 84 - Compressões torácicas no lactente ........................................................................................... 126
Figura 85 - Pancadas inter-escapulares e compressões abdominais na criança ........................................ 127
Capítulo 5
Figura 86 - Dispositivos para administração de oxigénio por inalação ........................................................ 132
Figura 87 - Manómetro. Neste exemplo, a pressão da garrafa é de 200 bar ............................................... 136
Figura 88 - Debitómetro. Neste exemplo, o débito é de 3 litros / minuto ..................................................... 136
Capítulo 6
Figura 89 - Diferentes tipos de hemorragias, conforme a origem ................................................................ 141
Capítulo 8
Figura 90 - Cálculo da área queimada. Regra dos nove.............................................................................. 156
Figura 91 - Fracturas (fechada e exposta) do fémur .................................................................................... 161
Capítulo 9
Figura 92 - Estabilização cervical: abordagem posterior com a vítima sentada .......................................... 167
Figura 93 - Estabilização cervical: abordagem lateral com a vítima sentada ............................................... 168
Figura 94 - Estabilização cervical: abordagem anterior com a vítima de pé ................................................ 169
Figura 95 - Estabilização cervical: abordagem com a vítima em decúbito dorsal ........................................ 170
Figura 96 - Escolher o tamanho do colar cervical ........................................................................................ 171
Figura 97 - Aplicação da peça anterior, Introdução da peça posterior ......................................................... 171
Figura 98 - Centrar a peça posterior, Aperto da peça posterior ................................................................... 172
Figura 99 - Alinhamento e imobilização segundo o eixo nariz-umbigo-pés ................................................. 172
Figura 100 - Posicionamento para rolamento de vítima em decúbito dorsal ............................................... 173
Figura 101 - Posicionamento do plano com a vítima rolada até próximo do ângulo recto ........................... 173
Figura 102 - Posicionamento da vítima no final do rolamento ..................................................................... 174
Figura 103 - Colocação dos apoios de cabeça, fase final da imobilização no plano rígido ......................... 175
Figura 104 - O chefe da equipa mandará “colocar mãos” ............................................................................ 176
Figura 105 - O chefe da equipa mandará “introduzir mãos” ........................................................................ 177
Figura 106 - O chefe da equipa mandará levantar ao dizer “três” ............................................................... 177
Figura 107 - O chefe da equipa mandará “introduzir o plano duro” ............................................................. 178
Figura 108 - O chefe da equipa mandará “baixar a vítima centrada no plano duro” .................................... 178
Figura 109 - O chefe da equipa manterá o alinhamento e a imobilização em posição neutra ..................... 179
Figura 110 - Adaptação à altura, divisão em duas partes e colocação de uma de cada lado ..................... 179
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
Índice TAT.01.10
Figura 111 - Introdução de cada uma das partes da maca através de pequeno rolamento ........................ 180
Figura 112 - Fecho das partes da maca na cabeça depois nos pés ............................................................ 180
Figura 113 - Colocação em local definitivo, abertura da maca e remoção das partes e imobilização ......... 181
Figura 114 - Preparação do plano e imobilização cervical .......................................................................... 182
Figura 115 - Vítima correctamente imobilizada em plano duro, com ‘aranha’ e imobilizadores de cabeça . 182
Figura 116 - Imobilização cervical ............................................................................................................... 184
Figura 117 - Colete de extracção ................................................................................................................. 184
Figura 118 - Colocação e adaptação às axilas do colete de extracção ....................................................... 185
Figura 119 - Colocação das precintas do tórax ........................................................................................... 185
Figura 120 - Colocação da almofada cervical .............................................................................................. 186
Figura 121 - Colocação dos cabrestos ........................................................................................................ 186
Figura 122 - Manutenção da estabilização e colocação das precintas dos membros inferiores ................. 187
Figura 123 - Colocação da precinta superior do tórax ................................................................................. 187
Figura 124 - Rodam, colocam, deslizam sobre o plano duro ....................................................................... 188
Figura 125 - Mantém os membros inferiores flectidos ................................................................................. 188
Figura 126 - Centrada no plano, reajustadas as precintas segue-se a imobilização ................................... 189
Figura 127 - Devem ser aplicadas as precintas da maca da ambulância .................................................... 189
Figura 128 - O socorrista faz a imobilização possível da vítima contra o seu corpo .................................... 191
Figura 129 - Colocada no solo, faz o apoio possível à coluna dorsal, até decúbito dorsal .......................... 191
Figura 130 - O socorrista coloca-se junto à nuca da vítima ......................................................................... 192
Figura 131 - O socorrista faz a imobilização possível da coluna cervical .................................................... 192
Figura 132 - O socorrista rola a vítima até à posição de decúbito dorsal, sem perder a atenção à coluna
cervical ........................................................................................................................................................ 192
Figura 133 - Imobilização do capacete e da cabeça e abertura da viseira .................................................. 195
Figura 134 - Abertura da precinta e imobilização cervical ........................................................................... 195
Figura 135 - Retira suavemente o capacete e avisa da saída ..................................................................... 196
Figura 136 - Substitui a imobilização cervical .............................................................................................. 196
Figura 137 - Posição do segundo elemento que, na foto, encobre o primeiro elemento ............................. 197
Figura 138 - Posição dos dois elementos e descida do plano e da vítima .................................................. 198
Figura 139 - Posição dos dois elementos e descida do plano e da vítima .................................................. 198
Capítulo 10
Figura 140 - Os principais passos da limpeza higiénica das mãos .............................................................. 213
Anexo A
Figura 141 - Posição da grávida para o parto .............................................................................................. 218
Figura 142 - Fases do parto ........................................................................................................................ 220
Figura 143 - Aspiração da boca e nariz do recém-nascido .......................................................................... 221
Figura 144 - Laqueação do cordão umbilical ............................................................................................... 222
Figura 145 - Parto com apresentação pélvica ............................................................................................. 224
Figura 146 - Manobra para libertação da cabeça num parto pélvico ........................................................... 224
Figura 147 - Prolapso do cordão umbilical .................................................................................................. 225
Figura 148 - Apresentação de um membro ................................................................................................. 226
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TAT.01.10 Índice
ESQUEMAS
Capítulo 4
Esquema 1 - Algoritmo de SBV Adulto .......................................................................................................... 72
Esquema 2 - Algoritmo de SBV Adulto - Excepção ....................................................................................... 73
Esquema 3 - Algoritmo Desobstrução da Via Aérea ...................................................................................... 86
Esquema 4 - Algoritmo de SBV Pediátrico .................................................................................................. 118
Esquema 5 - Algoritmo de SBV em Neonatologia ....................................................................................... 123
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Índice TAT.01.10
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano 1/262
CAPÍTULO 1- ANATOMIA E FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de:
1. Identificar os principais planos anatómicos;
2. Listar e descrever as principais funções da pele;
3. Identificar e localizar os principais ossos do corpo humano mencionando as respectivas
referências anatómicas;
4. Listar, descrever e localizar os principais constituintes anatómicos e conhecer as
funções do sistema nervoso (central e periférico);
5. Enumerar os órgãos dos sentidos e conhecer as suas funções;
6. Listar, descrever e localizar os principais constituintes anatómicos e conhecer as
funções do sistema cardiovascular;
7. Listar, descrever e localizar os principais constituintes anatómicos e conhecer as
funções do sistema respiratório;
8. Listar, descrever e localizar os principais constituintes anatómicos do sistema digestivo;
9. Listar, descrever e localizar os principais constituintes anatómicos do sistema urinário;
10. Identificar os principais constituintes anatómicos do sistema reprodutor (feminino e
masculino).
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1. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES
O tripulante de ambulância lida directamente com situações de doença ou acidente. Por este
motivo, deve possuir conhecimentos básicos de anatomia e fisiologia e compreender o
significado das expressões e termos normalmente utilizados por técnicos de saúde.
Anatomia é a ciência médica que estuda a forma e o relacionamento dos diversos
componentes do corpo humano e Fisiologia a ciência que estuda o seu funcionamento.
O corpo humano é composto por uma infinidade de pequenas estruturas denominadas células.
As células são elementos microscópicos e representam a unidade anatómica e fisiológica
fundamental à vida. Existem diferentes tipos de células, cada uma com características
particulares e adaptada a um tipo específico de funções (Capítulo 1. Figura 1).
Capítulo 1. Figura 1 - Diversos tipos de células.
Tecido é um conjunto de muitas células com características semelhantes, agrupadas para
desempenhar uma função específica. Existem quatro grupos primários de tecidos: epitelial,
conjuntivo, muscular e nervoso. O tecido epitelial tem funções de protecção, secreção e
absorção e encontra-se, por exemplo, na pele (epiderme) ou a revestir o estômago. O tecido
conjuntivo tem funções de suporte e protecção e encontra-se, por exemplo, nos tendões,
ossos e cartilagens. O tecido muscular tem como principal função a contracção e encontra-se
nos músculos esqueléticos, no músculo cardíaco e em alguns órgãos contrácteis como, por
exemplo, o estômago ou o intestino. O tecido nervoso responde a diferentes tipos de
estímulos e permite a comunicação entre diferentes zonas do corpo, através da transmissão de
impulsos nervosos e encontra-se, por exemplo, no encéfalo, na medula e nos nervos.
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TAT.01.10 Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano 3/262
Órgão é uma estrutura formada por vários tecidos que, em conjunto, contribuem para a
execução de uma função específica. São exemplos de órgãos o coração, os pulmões ou o
fígado.
Sistema é um grupo de órgãos relacionados entre si e que, actuando de forma coordenada,
desempenham uma função essencial. São exemplos o sistema nervoso, o sistema
cardiovascular, o sistema respiratório, o sistema digestivo, o sistema urinário ou o sistema
reprodutor. O termo aparelho pode ser utilizado como sinónimo de sistema.
Por organismo entende-se o conjunto de todos os órgãos, nas respectivas posições
anatómicas, trabalhando coordenadamente para assegurar a execução das funções vitais. O
corpo humano é um exemplo de um organismo. A sua divisão em cabeça, tronco e membros é
conhecida.
Posição anatómica (Capítulo 1. Figura 2), significa o corpo humano na vertical, olhando em
frente e com as palmas das mãos viradas para a frente. Posição erecta é a posição do corpo
de pé, na vertical. Posição de decúbito dorsal é a posição do corpo humano deitado, com as
costas para baixo. Posição de decúbito ventral é a posição do corpo humano deitado sobre o
abdómen (costas para cima). Posição de decúbito lateral é a posição do corpo humano
deitado sobre o lado esquerdo (DLE - decúbito lateral esquerdo), ou direito (DLD - decúbito
lateral direito).
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4/262 Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano TAT.01.10
Capítulo 1. Figura 2 - Planos anatómicos.
Linha média é uma linha vertical imaginária que divide o corpo em lado direito e esquerdo.
Em anatomia, estes termos referem-se aos lados correspondentes do corpo quando este está
virado para nós, isto é, quando estamos frente a frente com a vítima, o lado esquerdo desta
está à nossa direita e vice-versa. Os termos medial e lateral referem-se a posições mais
próximas ou mais afastadas da linha média, respectivamente.
Anterior e posterior significam respectivamente, à frente e atrás. Por exemplo, na cabeça, a
face é anterior e a nuca posterior. Superior e inferior significam acima de e abaixo de,
respectivamente. Por exemplo, o nariz está numa posição superior em relação à boca.
Proximal e distal significam respectivamente, próximo e afastado de um ponto de referência e,
habitualmente, usam-se para os membros superiores e inferiores, relativamente ao ombro ou à
anca. Por exemplo, o cotovelo está numa posição proximal relativamente à mão.
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TAT.01.10 Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano 5/262
Os planos anatómicos referem-se a planos imaginários localizados em posições específicas,
possibilitando a divisão do corpo humano em duas partes (Capítulo 1. Figura 2). O plano sagital
divide o corpo humano em duas partes, direita e esquerda. O plano horizontal divide o corpo
humano em duas partes, superior e inferior. O plano frontal divide o corpo humano, permitindo
determinar as localizações anterior e posterior.
2. PELE
A pele é o órgão de revestimento do corpo que assegura a relação entre o meio interno e o
externo tendo funções de protecção, regulação da temperatura, excreção (de suor e gorduras)
e sensitiva (fornecendo informações sobre o frio, o calor e a dor) (Capítulo 1. Figura 3).
Capítulo 1. Figura 3 - Estrutura da pele.
A epiderme é a camada mais externa da pele. Na derme encontram-se as glândulas
sudoríparas e sebáceas, os folículos pilosos, os vasos sanguíneos e as terminações nervosas
sensitivas.
3. SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO
Embora o sistema muscular e o sistema esquelético constituam sistemas específicos,
frequentemente são descritos em conjunto: sistema músculo-esquelético.
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Fundamentalmente, o sistema músculo-esquelético garante o suporte e o movimento. Além
das funções de suporte e locomoção, este sistema protege vários órgãos vitais e alguns ossos
têm no seu interior a medula óssea, onde são produzidas células do sangue (os glóbulos
vermelhos e a maior parte dos glóbulos brancos).
A Miologia é a parte da anatomia que estuda os músculos.
Existem três tipos de músculos:
Músculo esquelético, constituído por fibras longas que se fixam aos ossos
directamente ou por tendões. Os seus movimentos são voluntários. São estes os
músculos que integram o sistema músculo-esquelético.
Músculo liso, constituído por fibras curtas. Este tipo de músculo localiza-se em vários
órgãos e os seus movimentos são involuntários. Como exemplo da acção dos músculos
lisos temos os movimentos do estômago durante a digestão.
Músculo cardíaco, constituído por fibras ramificadas umas nas outras. Os seus
movimentos são involuntários e rítmicos.
A Artrologia é o ramo da Anatomia que estuda as articulações.
As articulações são junções de dois ou mais ossos e podem ser:
Imóveis, como são todas as articulações da cabeça, com excepção das do maxilar
inferior.
Semi-móveis, como são as articulações entre os corpos vertebrais.
Móveis, em que os topos ósseos, juntos por ligamentos, são lubrificados pelo líquido
sinovial e envolvidos por uma cápsula articular. As articulações móveis permitem os
movimentos, através da acção dos músculos esqueléticos. Os movimentos podem ser
de flexão, extensão, adução, abdução e rotação.
A Osteologia é o ramo da Anatomia que estuda os ossos.
Quanto à sua forma, os ossos dividem-se em curtos, compridos, planos e irregulares.
Os ligamentos ligam ossos entre si, nas articulações.
Os tendões ligam os músculos aos ossos.
O esqueleto é composto pelos vários ossos, unidos pelas articulações e pode dividir-se em
cabeça, coluna, tórax, bacia, membros superiores e membros inferiores.
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A cabeça é formada pelo crânio e pela face. O crânio é uma caixa óssea que alberga e protege
o encéfalo e a face. Além de essencial na vida de relação (expressividade e por albergar vários
órgãos dos sentidos) é onde se encontram as portas de entrada do sistema respiratório e
digestivo.
Os ossos do crânio são oito e os da face catorze. O único osso móvel da cabeça é o maxilar
inferior ou mandíbula (Capítulo 1. Figura 4).
Capítulo 1. Figura 4 - Ossos do crânio.
A coluna vertebral é constituída por uma série de ossos independentes, denominados
vértebras, unidos entre si por diversos ligamentos, permitindo obter uma coluna semi-flexível
com curvaturas, formando uma estrutura excepcionalmente forte, protectora do sistema
nervoso (medula espinal). É composta por trinta e três vértebras: sete cervicais (a base do
crânio está apoiada na primeira), doze torácicas ou dorsais, cinco lombares, cinco sagradas e
quatro coccígeas (Capítulo 1. Figura 5). As primeiras 24 vértebras estão separadas por discos
intervertebrais.
Capítulo 1. Figura 5 - A coluna vertebral e os diferentes tipos de vértebras das regiões superiores.
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O tórax assemelha-se a uma caixa que protege, entre outras estruturas, os pulmões, o
coração, os grandes vasos e parte do tubo digestivo. É constituído por doze pares de costelas
(sete verdadeiras, três falsas e duas flutuantes) que se articulam posteriormente com as doze
vértebras torácicas. Na região anterior do tronco, as primeiras dez costelas articulam-se com o
esterno, através de ligações cartilagíneas. O esterno é o osso vertical oposto à coluna,
localizado na linha média (Capítulo 1. Figura 6).
Capítulo 1. Figura 6 - Caixa torácica.
A bacia, também designada por cintura pélvica, é composta pelos ossos ilíacos e, na região
posterior, pela coluna sagrada e coccígea (Capítulo 1. Figura 7).
Capítulo 1. Figura 7 - Ossos da bacia ou cintura pélvica.
A coluna lombar e a bacia limitam, em conjunto com músculos próprios, o abdómen. A região
abdominal é também um espaço de protecção de órgãos importantes.
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Os membros superiores (Capítulo 1. Figura 8) articulam-se com a região superior do tórax
através da cintura escapular. Têm uma importância fundamental no apoio às funções vitais e
dividem-se em braço, antebraço e mão.
Capítulo 1. Figura 8 - Ossos do membro superior.
A articulação do ombro ou escápulo-úmeral, entre a cintura escapular e o braço, articula a
clavícula e a omoplata (ossos da cintura escapular) com o úmero (osso do braço). A articulação
do cotovelo, entre o braço e o antebraço, articula o úmero com os ossos do antebraço (rádio e
cúbito). A articulação do punho articula os ossos do antebraço com os ossos da mão, ao nível
do carpo. No carpo existem oito ossos, no metacarpo cinco e nas falanges catorze (Capítulo 1.
Figura 9).
Capítulo 1. Figura 9 - Ossos da mão.
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Os membros inferiores (Capítulo 1. Figura 10) articulam-se com a cintura pélvica. Têm funções
de locomoção e dividem-se em coxa, perna e pé.
Capítulo 1. Figura 10 - Ossos do membro inferior.
A articulação da anca ou coxo-femural, entre a bacia e a coxa, articula o osso ilíaco com o
fémur (osso da coxa). A articulação do joelho, entre a coxa e a perna, articula o fémur e a
rótula com os ossos da perna (tíbia e perónio). A articulação tíbio-társica articula os ossos da
perna com os ossos do pé, ao nível do tarso. Os ossos do tarso ou tornozelo são sete, os do
metatarso são cinco e os das falanges são catorze (Capítulo 1. Figura 11).
Capítulo 1. Figura 11 - Ossos do pé.
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4. SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso regula as diferentes funções do organismo e estabelece a relação entre
este e o meio ambiente.
O sistema nervoso divide-se em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico
(SNP). O SNC é constituído pelo encéfalo e pela medula espinal (Capítulo 1. Figura 12) e o SNP
pelos diferentes nervos.
Capítulo 1. Figura 12 - Sistema Nervoso Central.
O encéfalo localiza-se no interior da caixa craniana e é constituído pelo cérebro, pelo cerebelo
e pelo tronco cerebral. A medula espinal por sua vez, localiza-se no canal raquidiano, no
interior da coluna vertebral. O SNC está protegido por estruturas ósseas (crânio e vértebras) e
por três superfícies membranosas que constituem as meninges:
Duramáter, que reveste a face interna do crânio;
Aracnoideia;
Piamáter, que está em contacto directo com o tecido nervoso.
Entre a aracnoideia e a piamáter circula um líquido claro e límpido, denominado líquido
céfalo-raquidiano (LCR), com funções de protecção. As meninges e o LCR funcionam como
um verdadeiro “amortecedor” mecânico entre as estruturas ósseas e o sistema nervoso central.
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Essencialmente o cérebro desempenha três tipos de funções:
Sensitivas (olfactiva, auditiva, visual, gustativa e táctil);
Motora (relacionada com os movimentos e seu controlo);
De integração (ligadas à actividade mental).
O cerebelo tem por principal função a coordenação dos movimentos voluntários.
O tronco cerebral é um conjunto de estruturas responsáveis pela ligação entre o encéfalo e a
medula espinal.
No tronco cerebral existem agrupamentos de células que formam os núcleos de origem da
maior parte dos nervos cranianos. Estes nervos são de grande importância, sendo
responsáveis por funções fundamentais de que são exemplos as contracções cardíacas, o
controle da respiração ou a regulação da deglutição, entre outras.
Como já foi referido, a medula espinal é protegida pela coluna vertebral localizando-se no
interior do canal raquidiano (Capítulo 1. Figura 13). As lesões da coluna, abaixo da 1ª vértebra
dorsal ou torácica, podem produzir paraplegia (paralisia dos membros inferiores). As lesões
acima ou seja, a nível cervical, podem causar paralisia dos quatro membros, situação
denominada tetraplegia.
Capítulo 1. Figura 13 - Medula espinal, no interior do canal raquidiano, protegida pelas vértebras.
O sistema nervoso periférico é constituído pelos nervos cranianos, cuja maioria emerge da
base do crânio (tronco cerebral) e pelos nervos raquidianos que se originam na medula.
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Quanto à sua fisiologia, o sistema nervoso pode ser classificado em sistema nervoso
voluntário (funções que podem ser controladas pela vontade) e sistema nervoso autónomo
(SNA) ou neuro-vegetativo.
O SNA controla várias funções de órgãos e aparelhos do organismo de forma automática sem
que seja necessário ou, na maior parte das vezes, possível qualquer intervenção consciente.
São exemplos a respiração, a pressão arterial, a motilidade e secreção digestiva, a micção, a
sudação e muitas outras funções.
5. ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
A visão é o sentido que nos permite construir imagens do que nos rodeia. A luz reflectida (ou
emitida) pelos objectos é captada pelos olhos e após atingir as células fotossensíveis da retina,
é convertida em impulsos nervosos que são transmitidos ao cérebro, através dos nervos
ópticos. No cérebro, os impulsos nervosos são interpretados de modo a formar a imagem que
lhes deu origem.
A audição é o sentido que permite captar o som do ambiente que nos rodeia. As ondas
sonoras são transformadas em impulsos nervosos no ouvido que são conduzidos ao cérebro
através dos nervos auditivos onde são identificados como sons.
O olfacto é o sentido que permite através de receptores específicos, detectar as substâncias
voláteis transportadas pelo ar até às fossas nasais e identificá-las no cérebro como odores.
O gosto é o sentido que permite através da estimulação das papilas gustativas localizadas na
língua, detectar e identificar os paladares básicos: amargo, doce, ácido, salgado e um quinto
paladar, associado a alimentos como a carne e recentemente identificado, que recebeu a
designação de umami (termo Japonês que significa “delicioso”).
O tacto é o sentido que nos permite obter as sensações de temperatura e textura das
superfícies, através das terminações nervosas que existem na pele. Estas terminações
nervosas existem em maior número ao nível da ponta dos dedos e a sua estimulação gera
impulsos nervosos, posteriormente identificados pelo cérebro.
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6. SISTEMA CARDIOVASCULAR
O coração é o órgão que bombeia o sangue, mantendo-o constantemente em circulação
através da sua contracção rítmica.
O coração é composto por duas metades não comunicantes, a direita e a esquerda, cada uma
das quais constituída por uma aurícula e um ventrículo que comunicam entre si através de
válvulas unidireccionais.
Capítulo 1. Figura 14 - Corte do coração, com identificação do fluxo do sangue.
No coração direito circula sangue venoso carregado de produtos que é necessário eliminar e
que resultam da actividade das células. Este sangue é conduzido à aurícula direita através
das veias cava inferior e superior, passando depois através da válvula aurículo-ventricular
direita (válvula tricúspide) para o ventrículo direito que, dando início à circulação pulmonar
(pequena circulação), o bombeia através das artérias pulmonares para os pulmões onde é
oxigenado.
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TAT.01.10 Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano 15/262
No coração esquerdo circula sangue arterial, rico em oxigénio. Na aurícula esquerda é
recebido o sangue oxigenado que vem dos pulmões (da circulação pulmonar), conduzido pelas
veias pulmonares. Este sangue passa depois através da válvula aurículo-ventricular esquerda
(válvula mitral) para o ventrículo esquerdo que, dando início à circulação sistémica (grande
circulação), o bombeia através da aorta para todo o corpo (Capítulo 1. Figura 14).
O pericárdio é a membrana que envolve o coração. Tem dois folhetos, um parietal e outro
visceral, existindo entre ambos um líquido lubrificante.
O miocárdio é o músculo que forma as paredes do coração.
A contracção dos ventrículos designa-se sístole e o seu relaxamento diástole.
No adulto médio, em cada contracção cardíaca, são expelidos cerca de setenta mililitros de
sangue, o que corresponde a cerca de cinco litros por minuto.
A frequência cardíaca é o número de contracções do coração durante um minuto.
O pulso é a força exercida na parede das artérias pelas ondas de sangue, provocadas pelas
contracções cardíacas que fazem o sangue chegar a todas os tecidos do corpo (circulação). O
pulso pode ser sentido em várias zonas, quando se palpa uma artéria que se localiza perto da
superfície. Em condições normais, o pulso tem uma frequência de sessenta a cem pulsações
por minuto no adulto e mais de cem na criança. Pode ser rítmico ou arrítmico e forte ou fraco.
As artérias, que levam o sangue para os vários tecidos do corpo, subdividem-se em arteríolas
e estas em capilares.
As veias, que trazem de volta o sangue ao coração, resultam da junção de vénulas que, por
sua vez, são o resultado da reunião dos capilares.
Um adulto normal tem cerca de cinco litros e meio de sangue. O sangue é constituído por um
líquido que se chama plasma e por três tipos de células: os eritrócitos (glóbulos vermelhos)
que vivem cerca de cento e vinte dias transportando oxigénio, os leucócitos (glóbulos
brancos) que actuam em defesa do organismo e os trombócitos (plaquetas) com um papel
importante na coagulação sanguínea.
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Capítulo 1. Figura 15 - Células do sangue: vários eritrócitos (1), dois leucócitos (2) e algumas plaquetas (3).
Num centímetro cúbico de sangue existem cerca de cinco milhões de glóbulos vermelhos, sete
mil glóbulos brancos e duzentas mil plaquetas.
7. SISTEMA RESPIRATÓRIO
O corpo humano pode ser privado de alimentos e de água durante algum tempo mas todas as
células do organismo carecem de oxigénio para viver e funcionarem com eficiência. O oxigénio
é essencial para que as células possam extrair dos alimentos a energia de que necessitam.
A respiração é o processo utilizado para assegurar as trocas de oxigénio e de dióxido de
carbono a nível dos pulmões.
As portas de entrada do ar com o oxigénio necessário à função respiratória são a boca ou as
fossas nasais, a que se segue a faringe. A faringe, que é comum ao aparelho digestivo e
respiratório e se inicia ao nível da 4ª vértebra cervical, tem duas aberturas inferiores, uma para
o esófago (a digestiva) e uma anterior para a laringe. Esta tem uma estrutura, a epiglote, que
baixa no início e durante a deglutição, encerrando a glote e impedindo os alimentos de
entrarem para a traqueia. A laringe situa-se ao nível da “maça de Adão” e no seu interior estão
as cordas vocais. Estas são responsáveis pelos sons que emitimos, desempenhando um
papel fundamental na fala.
No interior do tórax, a traqueia bifurca-se em dois brônquios principais que penetram nos
pulmões ao nível da 4ª/5ª vértebras dorsais.
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TAT.01.10 Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano 17/262
Nos pulmões, os brônquios dividem-se por diversas vezes originando sucessivamente, os
brônquios segmentares e os bronquíolos que, finalmente, terminam nos alvéolos (Capítulo 1.
Figura 16). É nos alvéolos que o oxigénio do ar passa para o sangue e o dióxido de carbono é
eliminado.
Capítulo 1. Figura 16 - Principais constituintes do sistema respiratório.
Cada pulmão tem cerca de trezentos milhões de alvéolos, constituindo no total uma superfície
de cerca de cem metros quadrados para se efectuarem as trocas gasosas.
A capacidade pulmonar total, após inspiração forçada, é de cerca de cinco litros de ar. O
volume de ar corrente que corresponde ao volume de ar expirado após uma inspiração ou uma
expiração normais (não forçados), é de cerca de meio litro de ar.
A via aérea pulmonar é acompanhada de duas outras redes vasculares, a arterial e a venosa,
que diminuem de calibre na mesma direcção, terminando na rede de capilares perialveolares.
Os dois pulmões estão separados entre si pelo mediastino, espaço onde se encontra o
coração e onde passam o esófago e os grandes vasos.
A pleura é a membrana que envolve os pulmões, tem dois folhetos, um parietal e outro
visceral, existindo entre eles, um líquido lubrificante.
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Com excepção da expiração normal, os movimentos respiratórios resultam da acção de vários
músculos. A expiração normal é um processo completamente passivo que resulta da
elasticidade dos pulmões, assemelhando-se ao esvaziar de um balão de borracha cheio de ar.
A frequência respiratória média, em repouso, é de cerca de dezasseis ciclos por minuto no
adulto, vinte no adolescente, vinte e cinco na criança e quarenta e cinco no recém-nascido.
8. SISTEMA DIGESTIVO
Os órgãos do aparelho digestivo (Capítulo 1. Figura 17) têm como função essencial a
preparação dos alimentos para serem absorvidos e utilizados pelas células do corpo humano.
Capítulo 1. Figura 17 - Principais constituintes do sistema digestivo.
O processo de alteração da composição química e física dos alimentos de maneira a que
possam ser absorvidos e utilizados pelas células do corpo é conhecido como digestão e
constitui a principal função do sistema digestivo.
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TAT.01.10 Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano 19/262
Os alimentos são ingeridos pela boca onde se inicia o processo digestivo. Esses alimentos
progridem ao longo do tubo digestivo passando sucessivamente pela faringe, esófago,
estômago, intestino delgado e intestino grosso. Finalmente, os restos alimentares não
absorvidos, são excretados através do ânus.
São órgãos ou estruturas anexas ao tubo digestivo os dentes, a língua, as glândulas
salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas.
9. SISTEMA URINÁRIO
O sistema urinário é constituído pelos rins, os ureteres, a bexiga e a uretra (Capítulo 1. Figura
18).
Capítulo 1. Figura 18 - Principais constituintes do sistema urinário.
O sistema urinário tem por função formar e excretar a urina, mantendo o nível de água do
corpo e regulando a composição química do meio interno para além de possibilitar a eliminação
de substâncias nocivas ao organismo, filtrando e purificando o sangue.
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10. SISTEMA REPRODUTOR
A reprodução não é essencial à sobrevivência individual. No entanto, é essencial para a
continuação de qualquer espécie.
Na espécie humana, à semelhança de outras espécies animais, existem dois seres de
características distintas, macho e fêmea e só pela junção de elementos existentes apenas em
cada um deles é possível a reprodução. Assim, só com a fecundação de um óvulo (produzido
pela fêmea) por um espermatozóide (produzido pelo macho) é possível a criação de um novo
ser, semelhante aos progenitores.
O sistema reprodutor feminino está situado na parte inferior do abdómen, entre a bexiga e o
recto e é constituído pelos ovários, as trompas de Falópio, o útero e a vagina (Capítulo 1.
Figura 19).
Capítulo 1. Figura 19 - Principais constituintes do sistema reprodutor feminino.
O sistema reprodutor masculino é constituído pelos testículos, os canais deferentes, as
vesículas seminais, a próstata, a uretra e o pénis (Capítulo 1. Figura 20).
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano 21/262
Capítulo 1. Figura 20 - Principais constituintes do sistema reprodutor masculino.
Canal deferente
Vesícula
Seminal
Próstata
Uretra
Testículos
Pénis
Bexiga
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22/262 Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano TAT.01.10
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TAT.01.10 Sistema Integrado de Emergência Médica 23/262
CAPÍTULO 2 - SISTEMA INTEGRADO DE EMERGÊNCIA MÉDICA
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de:
1. Descrever a organização e o funcionamento do Sistema Integrado de Emergência
Médica.
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24/262 Sistema Integrado de Emergência Médica TAT.01.10
1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES
1.1. Emergência Médica
É a actividade na área da saúde que abrange tudo o que se passa desde o local onde ocorre
uma situação de emergência até ao momento em que se conclui, no estabelecimento de saúde
adequado, o tratamento definitivo que aquela situação exige.
1.2. Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM)
‘Conjunto de meios e acções extra-hospitalares, hospitalares e inter-hospitalares, com a
intervenção activa dos vários componentes de uma comunidade, logo pluridisciplinar,
programados de modo a possibilitar uma acção rápida, eficaz e com economia de meios, em
situações de doença súbita, acidentes ou catástrofes, nas quais a demora de medidas
adequadas, diagnóstico e terapêutica, pode acarretar graves riscos ou prejuízo ao doente’.
2. EVOLUÇÃO DA EMERGÊNCIA MÉDICA PRÉ HOSPITALAR, EM PORTUGAL
2.1. O início do Socorro a Vítimas de Acidente na Via Pública, em Lisboa.
Em 1965 iniciou-se o socorro a vítimas de acidente na via pública, em Lisboa. As ambulâncias
eram activadas através do número de telefone ‘115’, a tripulação era constituída por elementos
da Polícia de Segurança Pública (PSP) e o transporte efectuado para o hospital. O serviço
estendeu-se de seguida às cidades do Porto, Coimbra, Aveiro, Setúbal e Faro.
2.2. O Serviço Nacional de Ambulâncias (SNA)
Com o objectivo de ‘assegurar a orientação, a coordenação e a eficiência das actividades
respeitantes à prestação de primeiros socorros a sinistrados e doentes e ao respectivo
transporte’ foi criado em 1971, o Serviço Nacional de Ambulâncias (SNA). Este serviço
constituiu os chamados ‘Postos de Ambulância SNA’, dotados de ambulâncias com
equipamento sanitário e de telecomunicações, sedeadas na PSP (nas cidades de Lisboa,
Porto, Coimbra e Setúbal), na GNR e em Corporações de Bombeiros, numa uma rede
organizada que abrangia todo o país.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Sistema Integrado de Emergência Médica 25/262
2.3. O Gabinete de Emergência Médica (GEM)
No ano de 1980, após um ano de trabalho desenvolvido por uma Comissão de Estudo de
Emergência Médica e que culminou com a apresentação de uma proposta de desenvolvimento
de um Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), foi constituído o Gabinete de
Emergência Médica (GEM) que tinha como principal atribuição a elaboração de um projecto de
organismo que viesse a desenvolver e coordenar o Sistema Integrado de Emergência Médica
(SIEM).
2.4. O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)
Como resultado do trabalho desenvolvido pelo GEM, em 1981 foi criado o Instituto Nacional de
Emergência Médica (INEM) sendo extintos o SNA e o GEM.
Dispondo o INEM à partida dos meios de socorro/transporte (instalados pelo SNA na PSP e em
Quartéis de Bombeiros), das centrais 115 e de uma rede de avisadores SOS colocados em
estradas nacionais e tendo como principal objectivo o desenvolvimento e coordenação do
SIEM, reorganizou e desenvolveu as Centrais de Emergência e os Avisadores SOS e
remodelou os Postos de Ambulância, estabelecendo acordos com Bombeiros, Polícia e Cruz
Vermelha para a constituição de Postos de Emergência Médica (PEM) e Postos Reserva.
2.4.1. O Centro de Informação Antivenenos (CIAV)
Logo no ano seguinte, em 1982, o INEM põe em funcionamento na sua sede, a primeira
Central medicalizada de informação toxicológica, o Centro de Informação Antivenenos (CIAV).
2.4.2. O Centro de Formação de Lisboa
Nos anos seguintes, o INEM põe em funcionamento o Centro de Formação de Lisboa que tem
como finalidade a formação de Médicos, Enfermeiros, Operadores de Central e Tripulantes de
Ambulância em Técnicas de Emergência Médica.
Actualmente existem Centros de Formação em Lisboa, Porto e Coimbra e, na dependência do Centro de Formação de Lisboa, está em funcionamento um Núcleo de Formação em Faro.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
26/262 Sistema Integrado de Emergência Médica TAT.01.10
2.4.3. Os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU)
Em 1987 o INEM desenvolve e põe a funcionar em Lisboa, o primeiro Centro de Orientação de
Doentes Urgentes (CODU), uma nova central medicalizada para atendimento das chamadas
de emergência médica, triagem telefónica, aconselhamento e accionamento dos meios de
emergência adequados.
Na actualidade, quatro Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) em Lisboa, Porto, Coimbra e Faro, fazem a cobertura de todo o território do continente, medicalizando o alerta (os pedidos de socorro da área da Emergência Médica feitos através do 112, o Número Europeu de Emergência).
2.4.4. O subsistema de Transporte de Recém-Nascidos de Alto Risco
Ainda em 1987, com o objectivo de uma melhor e mais adequada assistência e transporte
medicalizado a prematuros e outros recém-nascidos em risco, para uma unidade de saúde com
neonatologia, o INEM implementa o subsistema de Transporte de Recém-Nascidos de Alto
Risco.
O INEM mantém este subsistema de assistência e transporte com a colaboração dos Hospitais Pediátricos de Lisboa, Porto e Coimbra.
2.4.5. As Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER)
Complementando e melhorando a medicalização do socorro e do transporte, o INEM
implementa em 1989, um sistema que consiste na deslocação de uma viatura ligeira com uma
equipa médica e equipamento adequado, chamada Viatura Médica de Emergência e
Reanimação (VMER) que, sob orientação do CODU Lisboa, não só pode acorrer a situações
de extrema urgência no domicílio ou na via pública, medicalizando o seu transporte, como pode
acorrer e apoiar o socorro/transporte de doentes que se desloquem para unidades de saúde
em ambulâncias de socorro, medicalizando-as.
Na actualidade, este tipo de socorro medicalizado estende-se a todo o território do continente, também com colaboração dos Hospitais das áreas geográficas de referência, com equipas médicas formadas pelo INEM e coordenadas pelos CODU.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Sistema Integrado de Emergência Médica 27/262
2.4.6. O Centro de Orientação de Doentes Urgentes Mar (CODU MAR)
De modo a permitir o aconselhamento médico, o eventual accionamento de meios de
evacuação e o encaminhamento hospitalar de situações de emergência que se verifiquem em
inscritos marítimos, o INEM implementou em 1989, o Centro de Orientação de Doentes
Urgentes Mar (CODU MAR).
2.4.7. O Serviço de Helicópteros de Emergência Médica (SHEM)
Tendo como objectivo a melhoria da assistência e do transporte de doentes críticos para as
unidades de saúde mais adequadas, em Julho de 1997, o INEM implementou o Serviço de
Helicópteros de Emergência Médica (SHEM), colocando em serviço dois aparelhos dedicados
em exclusivo à Emergência Médica, o Heli 1 no aeródromo de Tires (em Cascais) e o Heli 2 no
aeródromo de Espinho. Actualmente, o Heli 2 está sedeado no Hospital de Pedro Hispano, em
Matosinhos.
Estes helicópteros, inicialmente a funcionar apenas durante o período diurno, a partir de
Outubro de 2002 passaram a funcionar 24 hora por dia.
Durante o ano de 2000, em colaboração com o antigo Serviço Nacional de Bombeiros,
actualmente Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), foi iniciado o Helitransporte
nocturno de doentes críticos através da medicalização do Helicóptero de Santa Comba Dão.
Para isso, além de garantir o material necessário, o INEM passou a assegurar a presença
física de uma equipa médica durante a noite na Base de Santa Comba Dão.
Actualmente, o Serviço de Helicópteros de Emergência Médica (SHEM) funciona vinte e quatro horas por dia, fazendo a cobertura de todo o território do continente e a sua actuação é coordenada pelos CODU.
2.4.8. O Serviço de Ambulâncias de Emergência (SAE)
Com a mobilização nacional motivada pela realização do Campeonato da Europa de Futebol
de 2004, o maior evento desportivo até aí realizado em Portugal, integrado nos preparativos
necessários para garantir que esse evento viesse a ser um êxito e onde o INEM teve um papel
preponderante, foi criado o Serviço de Ambulâncias de Emergência (SAE), inicialmente em
Lisboa e no Porto. Assim, a partir do ‘Euro 2004’, o INEM passou a dispor de ambulâncias de
Suporte Básico de Vida (SBV) com a valência de Desfibrilhação Automática Externa (DAE),
tripuladas por Técnicos de Ambulância de Emergência (TAE), devidamente qualificados.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
28/262 Sistema Integrado de Emergência Médica TAT.01.10
No âmbito do SAE, foram ainda implementados em Lisboa e no Porto, os Motociclos de
Emergência Médica. Tripulados por um TAE, estes meios permitem um socorro particularmente
rápido em situações onde o intenso trânsito citadino pode condicionar algum atraso.
A partir de 2007, com o enquadramento proporcionado pela Reestruturação da Rede de
Urgências planeada pelo Ministério da Saúde, o SAE estendeu-se a todo o território nacional.
Ainda no âmbito da Reestruturação da Rede de Urgências, foram criadas as ambulâncias de
Suporte Imediato de Vida (SIV), tripuladas por um TAE e um Enfermeiro.
2.4.9. O Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC)
Também desde 2004, o INEM dispõe de Psicólogos que contribuem para uma melhoria na
qualidade da resposta dada em diversas situações de emergência. Para atingir este objectivo,
foi criado o Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC).
Os psicólogos do CAPIC garantem, 24 horas por dia, o apoio psicológico das chamadas
telefónicas recebidas nos CODU que o justifiquem e, através das UMIPE (Unidades Móveis de
Intervenção Psicológica de Emergência), podem ser accionados para o local das ocorrências
onde a sua presença seja necessária.
O CAPIC assegura ainda a prestação de apoio psicológico aos operacionais do SIEM, em
todas as situações em que estes são confrontados com elevados níveis de stress.
2.4.10 Outros Meios do INEM
Além dos serviços e dos meios de intervenção já referidos, o INEM dispõe ainda de vários
meios com capacidade de intervenção em situações excepcionais, nomeadamente catástrofes
ou acidentes graves de que resultem vítimas em número elevado.
Entre estes meios podem ser referidas as Viaturas de Intervenção em Catástrofe (VIC), as
Viaturas para Intervenção em situações envolvendo agentes NRBQ (Nuclear & Radiológicos,
Biológicos e Químicos) e o Hospital de Campanha.
As VIC estão sedeadas em cada uma das quatro Delegações Regionais do INEM (Lisboa,
Porto, Coimbra, e Faro) e podem ser accionadas a qualquer momento. Estas viaturas permitem
a montagem de Postos Médicos Avançados, melhorando as condições em que as equipas dos
vários meios de socorro intervêm, permitindo a prestação de melhores cuidados de emergência
no local das ocorrências.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Sistema Integrado de Emergência Médica 29/262
As viaturas NRBQ dispõem dos equipamentos adequados à intervenção em situações
envolvendo radioactividade, agentes biológicos ou agentes químicos.
O Hospital de Campanha garante ao INEM a capacidade de montar rapidamente uma estrutura
provisória de tipo hospitalar que permite receber, assistir e, se necessário, manter em regime
de internamento, um número considerável de doentes. Constituído por vários módulos que
permitem dimensionar o Hospital de Campanha em função de necessidades específicas, além
de várias enfermarias, dispõe de um Bloco Operatório e de uma Unidade de Cuidados
Intensivos além de possuir capacidade para realização de várias análises e radiografias.
3. FASES DO SIEM
Tendo como base o símbolo da ‘Estrela da Vida’, a cada uma das suas hastes corresponde
uma fase do SIEM.
Capítulo 2. Figura 21 - Estrela da Vida com as diversas fases do SIEM
3.1. Detecção
Corresponde ao momento em que alguém se apercebe da existência de uma ou mais vítimas
de doença súbita ou acidente.
3.2. Alerta
É a fase em que se contactam os serviços de emergência, utilizando o Número Europeu de
Emergência - 112.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
30/262 Sistema Integrado de Emergência Médica TAT.01.10
3.3. Pré-socorro
Conjunto de gestos simples que podem e devem ser efectuados até à chegada do socorro.
3.4. Socorro
Corresponde aos cuidados de emergência iniciais efectuados às vítimas de doença súbita ou
de acidente, com o objectivo de as estabilizar, diminuindo assim a morbilidade e a mortalidade.
3.5. Transporte
Consiste no transporte assistido da vítima numa ambulância com características, tripulação e
carga bem definidas, desde o local da ocorrência até à unidade de saúde adequada,
garantindo a continuação dos cuidados de emergência necessários.
3.6. Tratamento na Unidade de Saúde
Esta fase corresponde ao tratamento no serviço de saúde mais adequado ao estado clínico da
vítima. Em alguns casos excepcionais, pode ser necessária a intervenção inicial de um
estabelecimento de saúde onde são prestados cuidados imprescindíveis para a estabilização
da vítima, com o objectivo de garantir um transporte mais seguro para um hospital mais
diferenciado e/ou mais adequado à situação.
4. INTERVENIENTES NO SIEM
São intervenientes no sistema:
O público;
Operadores das Centrais de Emergência 112;
Operadores dos CODU;
Agentes da autoridade;
Bombeiros;
Tripulantes de ambulância;
Médicos e enfermeiros;
Pessoal técnico hospitalar;
Pessoal técnico de telecomunicações e de informática.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Sistema Integrado de Emergência Médica 31/262
5. ORGANIZAÇÃO DO SIEM
A capacidade de resposta adequada, eficaz e em tempo oportuno dos sistemas de emergência
médica às situações de emergência é um pressuposto essencial para o funcionamento da
cadeia de sobrevivência (Capítulo 4).
O INEM
O INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica é o organismo do Ministério da Saúde ao
qual cabe coordenar o funcionamento do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), no
território de Portugal Continental, de forma a garantir às vítimas em situação de emergência, a
pronta e correcta prestação de cuidados de saúde. A prestação de socorros no local da
ocorrência, o transporte assistido das vítimas para o hospital adequado e a articulação entre os
vários intervenientes no SIEM (hospitais, bombeiros, polícia, etc.), são as principais tarefas do
INEM.
A organização da resposta à emergência, fundamental para a cadeia de sobrevivência,
simboliza-se pelo Número Europeu de Emergência - 112 e implica, a par do reconhecimento da
situação e da concretização de um pedido de ajuda imediato, a existência de meios de
comunicação e equipamentos necessários para uma capacidade de resposta pronta e
adequada.
O INEM, através do Número Europeu de Emergência - 112, dispõe de vários meios para
responder com eficácia, a qualquer hora, a situações de emergência médica.
As chamadas de emergência efectuadas através do número 112 são atendidas em Centrais de
Emergência da PSP/ GNR. Actualmente, no território de Portugal Continental, as chamadas
que dizem respeito a situações de saúde são encaminhadas para os CODU do INEM em
funcionamento no Lisboa, Porto, Coimbra, e Faro.
CODU
Compete aos CODU atender e avaliar no mais curto espaço de tempo, os pedidos de socorro
recebidos, com o objectivo de determinar os recursos necessários e adequados a cada caso. O
funcionamento dos CODU é assegurado em permanência por médicos e operadores de
central, com formação específica para efectuar:
O atendimento e triagem dos pedidos de socorro;
O aconselhamento de pré-socorro, sempre que indicado;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
32/262 Sistema Integrado de Emergência Médica TAT.01.10
A selecção e accionamento dos meios de socorro adequados;
O acompanhamento das equipas de socorro no terreno;
O contacto com as unidades de saúde, preparando a recepção hospitalar dos doentes.
Em caso de acidente ou doença súbita ligue, a qualquer hora, o 112. A sua colaboração é
fundamental para permitir um rápido e eficaz socorro às vítimas pelo que é fundamental que
faculte toda a informação que lhe seja solicitada.
Ao ligar o 112 deverá estar preparado para informar:
A localização exacta da ocorrência e pontos de referência do local, para facilitar a
chegada dos meios de socorro;
O número de telefone de contacto;
O que aconteceu (ex. acidente, parto, falta de ar, dor no peito etc.);
O número de pessoas que precisa de ajuda;
A condição em que se encontra(m) a(s) vítima(s);
Se já foi feita alguma coisa (ex. controlo de hemorragia);
Qualquer outro dado que lhe seja solicitado (ex. se a vítima sofre de alguma doença ou
se a(s) vítima(s) de um acidente está(ão) encarcerada(s)).
AO LIGAR 112, ESTEJA PREPARADO PARA RESPONDER A:
- ‘O QUÊ?’
- ‘ONDE?’
- ‘COMO?’
- ‘QUEM?’
Siga sempre as instruções que lhe derem, pois estas constituem o pré-socorro e, muitas vezes,
são fundamentais para ajudar a(s) vítima(s). Apenas desligue o telefone quando lhe for dito
para o fazer e esteja preparado para ser contactado posteriormente para algum esclarecimento
adicional.
Os CODU têm à sua disposição diversos meios de comunicação e de actuação no terreno,
como sejam as Ambulâncias INEM, os Motociclos de Emergência, as VMER e os Helicópteros
de Emergência Médica. Através da criteriosa utilização dos meios de telecomunicações ao seu
dispor, têm capacidade para accionar os diferentes meios de socorro, apoiá-los durante a
prestação de socorro no local da ocorrência e de acordo com as informações clínicas recebidas
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Sistema Integrado de Emergência Médica 33/262
das equipas no terreno, seleccionar e preparar a recepção hospitalar da(s) vítima(s)
envolvida(s).
AMBULÂNCIAS
As ambulâncias de socorro coordenadas pelos CODU estão localizadas em vários pontos do
país, associadas às diversas delegações do INEM, sedeadas em Corpos de Bombeiros ou
Delegações da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). A maior parte das Corporações de
Bombeiros estabeleceu com o INEM protocolos para se constituírem como Postos de
Emergência Médica (PEM) ou Postos Reserva. Muitas das Delegações da CVP são Postos
Reserva.
As Ambulâncias dos Postos de Emergência Médica (PEM) são ambulâncias de socorro do
INEM colocadas em corpos de Bombeiros, com os quais o INEM celebrou protocolos.
Destinam-se à estabilização e ao transporte de doentes que necessitem de assistência durante
o transporte e a sua tripulação e equipamento permitem a aplicação de medidas de Suporte
Básico de Vida. A tripulação é constituída por dois elementos da corporação e, pelo menos um
deles, deve estar habilitado com o Curso de TAS (Tripulante de Ambulância de Socorro). O
outro tripulante, no mínimo, deve estar habilitado com o Curso de TAT (Tripulante de
Ambulância de Transporte).
As Ambulâncias SBV do INEM são ambulâncias de socorro igualmente destinadas à
estabilização e transporte de doentes que necessitem de assistência durante o transporte,
permitindo a sua tripulação e equipamento, a aplicação de medidas de Suporte Básico de Vida
e Desfibrilhação Automática Externa. São tripuladas por 2 TAE do INEM, devidamente
habilitados com os Cursos de TAS (Tripulante de Ambulância de Socorro), Condução de
Emergência e DAE (Desfibrilhação Automática Externa).
As Ambulâncias SIV do INEM constituem um meio de socorro em que, além do descrito para
as SBV, há possibilidade de administração de fármacos e realização de actos terapêuticos
invasivos, mediante protocolos aplicados sobre supervisão médica. São tripuladas por um TAE
e um Enfermeiro do INEM, devidamente habilitados. Actuam na dependência directa dos
CODU, e estão localizadas em unidades de saúde.
Têm como principal objectivo a estabilização pré-hospitalar e o acompanhamento durante o
transporte de vítimas de acidente ou doença súbita em situações de emergência.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
34/262 Sistema Integrado de Emergência Médica TAT.01.10
MOTAS
As Motas de Emergência, tripuladas por um TAE, graças à sua agilidade no meio do trânsito
citadino, permitem a chegada mais rápida do primeiro socorro junto de quem dele necessita.
Reside aqui a sua principal vantagem relativamente aos meios de socorro tradicionais.
Naturalmente limitada em termos de material a deslocar, a carga da moto inclui Desfibrilhador
Automático Externo, oxigénio, adjuvantes da via aérea e ventilação, equipamento para
avaliação de sinais vitais e glicemia capilar, entre outros. Tudo isto permite ao TAE a adopção
das medidas iniciais necessárias à estabilização da vítima até que estejam reunidas as
condições ideais para o seu eventual transporte.
UMIPE
As Unidades Móveis de Intervenção Psicológica de Emergência (UMIPE) são veículos de
intervenção concebidos para transportar um psicólogo do INEM para junto de quem necessita
de apoio psicológico, como por exemplo, sobreviventes de acidentes graves, menores não
acompanhados ou familiares de vítimas de acidente ou doença súbita fatal. São conduzidas
por um elemento com formação em condução de veículos de emergência. Actuam na
dependência directa dos CODU, tendo por base as Delegações Regionais.
VMER
As Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) são veículos de intervenção pré-
hospitalar, concebidos para o transporte de uma equipa médica ao local onde se encontra o
doente. Com equipas constituídas por um médico e um enfermeiro, dispõem de equipamento
para Suporte Avançado de Vida em situações do foro médico ou traumatológico.
Actuam na dependência directa dos CODU tendo uma base hospitalar, isto é, estão localizadas
num hospital. Têm como principal objectivo a estabilização pré-hospitalar e o acompanhamento
médico durante o transporte de vítimas de acidente ou doença súbita em situações de
emergência.
HELICÓPTEROS
Os Helicópteros de Emergência Médica do INEM são utilizados no transporte de doentes
graves entre unidades de saúde ou entre o local da ocorrência e a unidade de saúde. Estão
equipados com material de Suporte Avançado de Vida sendo a tripulação composta por um
médico, um enfermeiro e dois pilotos.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Sistema Integrado de Emergência Médica 35/262
Os CODU coordenam:
AMBULÂNCIAS DE SOCORRO DOS BOMBEIROS E DA CVP
AMBULÂNCIAS SBV E SIV DO INEM
MOTOCICLOS DE EMERGÊNCIA
UMIPE
VMER
HELICÓPTEROS
O INEM presta também orientação e apoio noutros campos da emergência tendo, para tal,
criado vários sub-sistemas:
CODU MAR
O Centro de Orientação de Doentes Urgentes Mar (CODU MAR) tem por missão prestar
aconselhamento médico a situações de emergência que se verifiquem em inscritos marítimos.
Se necessário, o CODU MAR pode accionar a evacuação do doente e organizar o acolhimento
em terra e posterior encaminhamento para o serviço hospitalar adequado.
CIAV
O Centro de Informação Antivenenos (CIAV) é um centro médico de informação toxicológica.
Presta informações referentes ao diagnóstico, quadro clínico, toxicidade, terapêutica e
prognóstico da exposição a tóxicos em intoxicações agudas ou crónicas.
O CIAV presta um serviço nacional, cobrindo a totalidade do país. Tem disponíveis médicos
especializados 24 horas por dia, que atendem consultas de médicos, outros profissionais de
saúde e do público em geral.
Em caso de intoxicação ligue:
CIAV
808 250 143
Transporte de Recém-Nascidos de Alto Risco
O Subsistema de Transporte de Recém-Nascidos de Alto Risco é um serviço de transporte
inter-hospitalar de emergência, permitindo o transporte de recém-nascidos em situação de
risco e bebés prematuros para hospitais com Unidades de Neonatologia e/ou determinadas
especialidades ou valências.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
36/262 Sistema Integrado de Emergência Médica TAT.01.10
As ambulâncias deste Subsistema dispõem de um médico especialista, um enfermeiro e um
TAE, estando dotadas com todos os equipamentos necessários para estabilizar e transportar o
recém-nascido.
Este serviço funciona 24 horas por dia, durante todo o ano.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Exame da Vítima 37/262
CAPÍTULO 3 - EXAME DA VÍTIMA
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de:
1. Listar e descrever as medidas gerais de segurança da tripulação e da vítima;
2. Listar e descrever os passos da realização do exame primário da vítima, utilizando a
nomenclatura ABC;
3. Listar e descrever os passos para a realização do exame secundário sumário;
4. Identificar as situações de perda de conhecimento;
5. Identificar as situações de Paragem Cardio-Respiratória (PCR);
6. Listar e descrever os passos para a permeabilização da via aérea (sem recurso a
técnicas invasivas).
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
38/262 Exame da Vítima TAT.01.10
1. INTRODUÇÃO
O exame de uma vítima, seja qual for a sua origem (súbita ou traumática), compreende uma
avaliação primária que tem como objectivo identificar e corrigir situações que coloquem a
vítima em perigo vida imediato, avaliação e registo dos sinais vitais e uma avaliação secundária
onde situações que não colocam a vítima em perigo imediato de vida, podem porém agravar a
sua situação clínica, se não forem prestados cuidados de emergência adequados.
Antes de qualquer procedimento relacionado com o exame da vítima, torna-se fundamental e
prioritário garantir as condições de segurança ou seja, certificarmo-nos que não existe perigo
para a equipa de socorro ou para a vítima.
Asseguradas as condições de segurança e garantindo que a nossa intervenção não vai resultar
perigo para a vítima e/ou equipa de socorro, devemos então iniciar a avaliação da vítima,
abordando-a, nunca esquecendo que uma situação detectada deve ser corrigida.
Podemos então concluir que o Exame da vítima compreende:
Verificar e garantir as condições de segurança;
Exame Primário - Identificar e corrigir as situações que coloquem a vítima em perigo
imediato de vida;
Exame Secundário - Identificar e corrigir as situações que não colocam a vítima em
perigo imediato de vida mas se não forem prestados cuidados de emergência
adequados podem agravar a situação clínica;
Avaliação e registo dos parâmetros vitais.
2. EXAME PRIMÁRIO
O Exame Primário assenta numa nomenclatura internacional, o A B C D E, que deriva da
língua inglesa (A-airway, B-breathing, C-circulation, D-disability e E-exposure que significam,
respectivamente, via aérea, ventilação, circulação, disfunção neurológica e exposição).
O objectivo do exame primário é identificar e corrigir situações que coloquem a vítima em
perigo imediato de vida, isto é, situações que comprometam as funções vitais.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Exame da Vítima 39/262
Nesta fase, o Tripulante de Ambulância deve efectuar um exame rápido e eficaz, sendo o mais
objectivo possível, tentando não perder tempo e procurando alterações/lesões que possam
comprometer as funções vitais levando-a a um perigo imediato de vida.
Para isso, o Tripulante de Ambulância deve:
Avaliar o estado de consciência;
Avaliar ventilação;
Detectar hemorragias externas graves;
Detectar sinais evidentes de hipovolémia;
2.1. Avaliação do Estado de Consciência:
1. Avaliar se a vítima se encontra consciente isto é, se responde quando estimulada. Para
tal, abana-se suavemente nos ombros e pergunta-se em voz alta: ‘Está bem? Sente-se
bem?’;
Capítulo 3. Figura 22 - Avaliação do estado de consciência.
2. Perante uma vítima inconsciente deve de imediato e sem abandonar a vítima, gritar por
ajuda pois é provável que necessite do auxílio de mais alguém;
3. Na ausência de resposta, a vítima é considerada inconsciente, correndo perigo de
vida.
Em caso de acidente e numa situação desconhecida com vítima inconsciente, devemos
suspeitar sempre que a vítima possa ter lesões crânio-encefálicas e/ou vértebro-medulares.
Está bem? Sente-se bem?
AJUDA! Está aqui uma pessoa desmaiada!
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
40/262 Exame da Vítima TAT.01.10
2.2. Permeabilização da Via Aérea
A obstrução da via aérea por queda da própria língua (devido ao relaxamento muscular) ou
pelo acumular de secreções, vómito, sangue ou mesmo por existência de objectos estranhos,
tais como dentes, próteses dentárias, comida, etc., é uma situação muito grave que pode
ocorrer nas vítimas inconscientes. Assim, a permeabilização da via aérea é fundamental.
Capítulo 3. Figura 23 - Permeabilização da via aérea.
2.3. Pesquisa de Ventilação Espontânea
Após ter efectuado a permeabilização da via aérea (Capítulo 3. Figura 23), o Tripulante de
Ambulância deve iniciar a pesquisa de ventilação espontânea, aproximando a sua face da face
da vítima, observando o tórax e mantendo a via aérea aberta, verificando se esta ventila.
Assim, durante 10 segundos, (Capítulo 3. Figura 24) deve:
VER - se existem movimentos torácicos;
OUVIR - se existem ruídos de saída de ar pela boca ou nariz da vítima;
SENTIR - o ar que sai da boca ou do nariz da vítima a bater na sua face.
Capítulo 3. Figura 24 - Pesquisa de ventilação.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Exame da Vítima 41/262
Perante a ausência de ventilação, o Tripulante de Ambulância deve actuar de acordo com o
algoritmo de Suporte Básico de Vida (SBV), como descrito no Capítulo 4.
2.5. Detecção de Hemorragias Externas Graves
Após ter verificado que a vítima respira normalmente, observe-a como um todo e procure a
existência de hemorragias externas graves. As hemorragias externas graves são facilmente
identificáveis.
Uma hemorragia abundante vai colocar em risco a vida da vítima pelo que é fundamental
proceder ao seu controlo de imediato.
2.6. Detecção de Sinais Sugestivos de Hipovolemia
A hipovolemia é a diminuição do volume sanguíneo em circulação. Tem várias causas mas é
sempre uma situação grave que pode conduzir à morte. Além de eventuais sinais de
hemorragia externa (que podem não existir), repare especialmente na face da vítima e procure
sinais como:
Palidez;
Sudorese (suores);
Cianose (cor azulada / roxa).
Se estiverem presentes, suspeite de hipovolemia e aplique de imediato os cuidados de
emergência com vista a controlar ou minimizar a situação.
2.7. Caracterização do Estado de Consciência
Para o Tripulante de Ambulância, recomenda-se a quantificação da resposta da vítima de
acordo com a escala AVDS, em que:
A Alerta;
V Responde a estímulos Verbais;
D Responde a estimulação Dolorosa;
S Sem resposta.
Por exemplo, perante uma vítima que não reage à estimulação verbal (quando se fala com ela)
mas esboça movimentos quando se belisca a pele, dizemos que ela apresenta um estado de
consciência D na escala AVDS.
Existem outras formas de avaliar o estado de consciência utilizadas por equipas médicas.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
42/262 Exame da Vítima TAT.01.10
2.7.1. Estado e Reactividade das Pupilas
Para além da escala AVDS, deve avaliar-se a resposta pupilar à luz. Esta resposta é um bom
indicador da existência ou não de sofrimento cerebral. Para isso, deve incidir uma luz
directamente sobre cada uma das pupilas.
Capítulo 3. Figura 25 - Reactividade das pupilas.
Verifique se a reacção é idêntica em ambas. Se não existir contracção pupilar ou se esta for
diferente de pupila para pupila, poderá indicar sofrimento do Sistema Nervoso Central.
2.7.2. Lateralização da Resposta Motora dos Membros
A avaliação deste ponto consiste na comparação da força e mobilidade dos membros superior
e inferior de um hemicorpo com o outro hemicorpo ou seja, a comparação da força e
mobilidade entre o braço esquerdo e o braço direito e entre a perna esquerda e a perna direita.
Para se proceder a esta comparação pode-se recorrer a um estímulo verbal em que se pede à
vítima que aperte alternadamente cada uma das mãos ou que faça força com cada um dos
pés.
2.8. Exposição com Controlo de Temperatura
A vítima, particularmente em situações de trauma, deve ser completamente exposta. No caso
dos traumatizados, deve recorrer-se ao corte das suas roupas e nunca à tentativa de as
despir, sempre com a preocupação de mobilizar a vítima apenas o necessário para remover as
roupas. Neste caso, se a vítima estiver consciente, deve-lhe ser explicado que é necessário
proceder ao corte das roupas (danificando-as) para melhor se poder prestar a assistência
necessária.
A privacidade da vítima deve ser sempre respeitada, tendo o cuidado de se expor apenas o
necessário ou, se possível, efectuando a exposição no interior da ambulância.
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TAT.01.10 Exame da Vítima 43/262
Deve existir uma grande preocupação na manutenção da temperatura corporal da vítima. Esta
preocupação deve existir em todas as situações mas é particularmente importante em caso de
traumatizados ou de crianças.
Em resumo:
EXAME PRIMÁRIO
Garantir as condições de segurança no local para a equipa e para a vítima;
Avaliar o estado de consciência da vítima:
Pesquisar ventilação espontânea, durante 10 seg.;
Detectar hemorragias externas graves e sinais sugestivos de hipovolemia;
Em vítimas inconscientes ou resultantes de trauma, suspeitar sempre de lesões crânio-encefálicas e/ou vértebro-medulares.
Todas as alterações encontradas no exame primário e que colocam em risco imediato a vida da vítima, devem ser resolvidas imediatamente e por ordem de prioridade.
CUIDADOS DE EMERGÊNCIA DURANTE O EXAME PRIMÁRIO
Desobstruir e manter a permeabilidade da via aérea;
Iniciar manobras de reanimação cardio-respiratória, se indicado;
Controlar hemorragias externas graves, prevenir e/ou combater a hipovolemia;
Proteger a coluna vertebral durante todo o exame da vítima.
3. AVALIAÇÃO DE SINAIS VITAIS
No âmbito do curso de técnicas de emergência médica para tripulante de ambulância de
transporte, o objectivo é a caracterização da ventilação, do pulso e da pele.
3.1. Caracterização da Ventilação
Para caracterizar a ventilação é necessário avaliar:
A frequência, que corresponde ao número de ciclos por minuto;
(No adulto, consideram-se valores normais entre 12 a 20 ciclos por minuto);
A amplitude, que pode ser superficial, normal, ou profunda;
O ritmo, que pode ser regular ou irregular.
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44/262 Exame da Vítima TAT.01.10
3.2. Caracterização do Pulso
Chama-se pulso à força exercida na parede das artérias pelas ondas de sangue provocadas
pelas contracções cardíacas que fazem o sangue chegar a todos os tecidos do corpo
(circulação). Assim, numa vítima com circulação é possível palpar o pulso em vários locais,
nomeadamente nas artérias carótidas, femurais, radiais ou umerais.
Na caracterização do pulso é necessário avaliar:
A frequência, que corresponde ao número de pulsações por minuto;
(Consideram-se valores normais entre 60 a 90 pulsações por minuto);
A amplitude, que pode ser cheia ou fina;
O ritmo, que pode ser regular ou irregular.
Devem ter-se também em conta os seguintes aspectos (Capítulo 3. Figura 26):
Os dedos utilizados para palpar o pulso devem ser sempre o indicador e o médio;
Deve-se evitar comprimir excessivamente a artéria para não suprimir o pulso.
Capítulo 3. Figura 26 - Palpação da artéria radial.
3.3. Caracterização da Pele
Na avaliação das características da pele importa considerar:
A TEMPERATURA
A medição da temperatura faz-se através de um termómetro, seguindo as suas indicações
de utilização. De acordo com o valor encontrado, considera-se:
Temperatura elevada ou hipertermia, se o valor indicado pelo termómetro é superior a
37º,5 C;
Temperatura normal ou apiréxia, se o valor está entre os 35º,0 C e os 37º,5 C;
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TAT.01.10 Exame da Vítima 45/262
Temperatura abaixo do normal ou hipotermia, se o valor é inferior a 35º,0 C. Convém
referir que os termómetros vulgares normalmente não permitem determinar
temperaturas abaixo deste valor.
Porque fornece um valor exacto, o método de avaliação da temperatura com um termómetro é
o mais indicado. No entanto, o tripulante pode avaliar rapidamente a temperatura de alguém,
de forma indirecta, através da comparação com a sua própria temperatura. Para tal, deve
colocar as costas da sua mão na testa da vítima (Capítulo 3. Figura 27).
Se sentir que a vítima está mais quente, é provável que esta esteja com hipertermia. Pelo
contrário, sentir uma testa fria poderá significar que a vítima está hipotérmica.
Embora rápido, este método não substitui a avaliação com um termómetro e deve ser utilizado de forma meramente indicativa.
Capítulo 3. Figura 27 - Avaliação rápida da temperatura.
A COLORAÇÃO e a existência ou não de HUMIDADE
A avaliação da coloração e humidade da pele faz-se através da observação das zonas
expostas, nomeadamente da face e das mãos. O exame da pele pode revelar uma coloração
que vai da palidez ao roxo, numa pele que pode estar seca ou suada.
4. EXAME SECUNDÁRIO
No exame secundário, o objectivo é identificar as situações que não colocam a vida da vítima
em perigo imediato mas que se não forem corrigidas poderão agravar a situação clínica.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
46/262 Exame da Vítima TAT.01.10
No âmbito do curso de técnicas de emergência médica para tripulante de ambulância de
transporte, cabe apenas a realização de um exame secundário sumário.
4.1. Recolha de Informação
Deve-se tentar recolher, através da vítima, familiares, testemunhas ou outros, algumas
informações importantes que podem ser lembradas pela referência CHAMU, (tradução da
mnemónica inglesa AMPLE):
C Circunstâncias do acidente;
H História anterior de doenças da vítima;
A Alergias;
M Medicação habitual;
U Última refeição.
Estes dados poderão ser de importância vital para o tratamento intra-hospitalar.
Além da recolha de informação junto de pessoas, pode ser importante recolher outros indícios.
Por exemplo no caso de intoxicação, a recolha de embalagens de medicamentos ou de outros
produtos pode ser extremamente importante para identificação de tóxicos e / ou da quantidade
de produto ingerido.
No entanto, em situações que possam envolver a necessidade de investigação policial, é
extremamente importante respeitar o local da ocorrência, mexendo apenas naquilo que é
estritamente necessário deslocar para se poderem prestar os cuidados adequados à(s)
vítima(s). São exemplos as situações de agressão, com ou sem vítimas mortais e as situações
em que a vítima provavelmente está cadáver e não há causa de morte evidente ou existem
sinais de morte não natural.
Em qualquer situação de emergência ou urgência, a calma é essencial, não só para tranquilizar
a vítima e os familiares, mas também para evitarmos precipitações.
Deve-se fazer primeiro uma boa colheita de dados para tomar as decisões apropriadas.
Nunca constitui perda de tempo fazer as perguntas necessárias para esclarecer a situação.
A precipitação, essa sim, é que pode fazer perder tempo e vidas.
É preciso ter em atenção que um interrogatório demasiado demorado também pode ser
incorrecto.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Exame da Vítima 47/262
Devemos ainda respeitar outros princípios como por exemplo: no caso de vítima de trauma,
devem-se procurar outras vítimas e suas lesões ou no caso de um morto, este deverá ser
retirado do local sem que as outras vítimas se apercebam do falecimento do amigo ou familiar.
4.2. Observação sistematizada
Consiste num exame feito através da avaliação da vítima da cabeça aos pés, na tentativa de
identificar lesões que possam ter escapado à observação no exame primário. Para tal deve-se
observar e palpar conforme descrito mais à frente.
Durante o exame, o tripulante deve estar sempre atento aos sinais vitais e às suas eventuais
alterações, interrompendo o exame sempre que as mesmas revelem potenciais riscos para a
vida.
Como proceder à observação sistematizada:
1. Iniciar o exame a partir da cabeça, considerando no entanto nas situações de trauma a
imobilização cervical como prioritária;
2. A vítima não deve ser movimentada mais do que o necessário;
3. Se durante o exame suspeitar de alguma lesão grave, deve-se interromper o exame e
prestar os cuidados de emergência adequados.
4.2.1. Cabeça e Face:
1. Observar e palpar, utilizando as pontas dos dedos e sempre de luvas calçadas para
garantirmos a nossa protecção, examinar a parte posterior da cabeça (zona occipital),
prosseguindo para a parte superior (zona dos parietais) e lateralmente até às orelhas
(zona dos temporais);
Capítulo 3. Figura 28 - Observação e palpação da cabeça e face.
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48/262 Exame da Vítima TAT.01.10
2. Examinar depois a parte anterior (zona do frontal) incluindo as arcadas orbitarias,
passando de seguida para o maxilar superior;
3. Examinar o nariz e as orelhas procurando vestígios de líquido céfalo-raquidiano (LCR)
ou sangue;
4. Proceder ao exame da boca para procurar dentes partidos ou a abanar, placas dentárias
e outros objectos estranhos;
5. Em caso de traumatismos crânio-encefálico, a palpação do couro cabeludo e da região
frontal devem ser feitas com extremo cuidado para não se pressionarem eventuais
zonas de fractura do crânio o que iria provocar o agravamento da situação
4.2.2. Pescoço:
1. Sem mexer com a cabeça ou pescoço, examinar o pescoço (coluna cervical), palpando
com as mãos desde a base do crânio;
2. Se a vítima apresentar dor nesta zona ou se encontrar alguma deformidade e se já não
tiver sido feito, esta é a melhor altura para, nessa posição, fazer o alinhamento e a
imobilização manual da coluna cervical e colocar um colar cervical de modo a imobilizar
correctamente o pescoço.
4.2.3. Ombro e clavícula:
1. Examinar o ombro palpando-o de trás para diante (da omoplata para a clavícula);
Capítulo 3. Figura 29 - Observação e palpação dos ombros e clavícula.
4.2.4. Tórax e Abdómen:
1. Observar o esterno e as costelas (toda a caixa torácica);
2. Todos os orifícios devem ser tapados, nunca retirando objectos empalados ou armas
brancas;
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TAT.01.10 Exame da Vítima 49/262
3. Olhar para o peito da vítima de forma a verificar se ele expande e relaxa e se o
movimento de cada hemitórax é simétrico;
Capítulo 3. Figura 30 - Observação e palpação do tórax e abdómen.
4. Palpar o abdómen, comparando sempre a metade direita com a esquerda com cuidado
de modo a evitar provocar dor mais acentuada à vítima. Verificar e identificar as zonas
do abdómen mais dolorosas.
4.2.5. Coluna Dorso e Lombar:
1. Observar a coluna deslizando os dedos suavemente por debaixo do corpo, com
movimentos curtos, até onde for possível, sem provocar movimentos da cintura e
membros.
Capítulo 3. Figura 31 - Observação e palpação da coluna dorso e lombar.
Os objectos empalados não devem ser retirados.
4.2.6. Pélvis:
1. Colocar uma mão em cada lado da cintura pélvica e detectar assimetrias ou
deformidades;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
50/262 Exame da Vítima TAT.01.10
Capítulo 3. Figura 32 - Observação e palpação muito suave da cintura pélvica.
2. Se a vítima referir dor ou se sentir algum movimento (deslocação), suspeitar de fractura
e não voltar a mexer, imobilizando de imediato conforme indicado.
4.2.7. Membros Inferiores:
1. Palpar cada um dos membros inferiores, da pélvis até aos pés;
2. Verificar reacções anormais e/ou assimétricas;
3. Pedir à vítima, se consciente, para exercer força no pé para cima e para baixo contra a
mão do socorrista, de modo a verificar se a força e mobilidade estão mantidas. Repetir
para o pé do outro lado;
Capítulo 3. Figura 33 - Observação e palpação dos membros inferiores.
4. A realização desta manobra não quer dizer levantar ou movimentar o membro. Perante
a suspeita de trauma, o membro não deve ser levantado ou movimentado, nem de uma
forma activa nem passivamente.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Exame da Vítima 51/262
4.2.8. Membros Superiores:
1. Palpar ambos os membros superiores, do ombro até à extremidade dos dedos. Pedir à
vítima, se consciente, para apertar a sua mão, de modo a verificar se a força e
mobilidade estão mantidas:
Capítulo 3. Figura 34 - Observação e palpação dos membros superiores.
2. Como para os membros inferiores, isto não quer dizer levantar ou movimentar o
membro. Perante a suspeita de trauma, tal não deve ser efectuado, nem activa nem
passivamente.
Em resumo:
Todas as alterações identificadas no exame secundário embora não colocando a vida em perigo imediato, devem ser corrigidas para não agravar a situação clínica da vítima.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
52/262 Exame da Vítima TAT.01.10
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 53/262
CAPÍTULO 4 - SUPORTE BÁSICO DE VIDA
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de:
1. Listar e descrever os passos para colocar a vítima em Posição Lateral de Segurança
(PLS);
2. Listar e descrever a técnica de desobstrução da via aérea em vítimas com obstrução
parcial ou total;
3. Descrever o equipamento / material de permeabilização das vias aéreas e a sua
utilização: aspirador de secreções e tubo orofaríngeo;
4. Listar e descrever as técnicas de reanimação em vítima adulta ou pediátrica, de acordo
com os algoritmos;
5. Descrever as particularidades anatómicas e fisiológicas das crianças que justificam
adaptações dos procedimentos de Suporte Básico de Vida (SBV);
6. Identificar as principais causas de Paragem Cardio-Respiratória (PCR);
7. Descrever a sequência de procedimentos adequada aos vários grupos etários;
8. Reconhecer a obstrução da via aérea;
9. Listar e descrever a sequência de procedimentos adequada à desobstrução da via
aérea, de acordo com o grupo etário.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
54/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
INTRODUÇÃO
- Emergência médica, boa tarde.
- Mande-me uma ambulância, rápido! O meu vizinho acabou de desmaiar e está a ficar roxo!
- Ele respira?
- Acho que não. Depressa! Querem deixar o homem morrer?
- A ambulância vai já a caminho, bem como uma equipa médica. Quer fazer alguma coisa para
ajudar a salvar o seu vizinho? Sabe fazer suporte básico de vida?
- Eu já lhe disse que o que quero é uma ambulância......
Quando surge uma paragem cardíaca e/ou respiratória as hipóteses de sobrevivência para a
vítima variam em função do tempo de intervenção. A medicina actual tem recursos que
permitem recuperar para a vida activa, vítimas de paragem cardíaca e respiratória desde que
sejam assegurados os procedimentos adequados em tempo oportuno. Se o episódio ocorrer
num estabelecimento de saúde, em princípio, serão iniciadas de imediato manobras de suporte
básico e avançado de vida, pelo que existe uma maior probabilidade de sucesso.
No entanto, a grande maioria das paragens cardio-respiratórias ocorre fora de qualquer
estabelecimento de saúde: no mercado, no café, em casa, no centro comercial ou no meio de
uma estrada e na sequência de um acidente ou de uma doença súbita. A probabilidade de
sobrevivência e recuperação nestas situações depende da capacidade do indivíduo que
presencia o acontecimento saber quando e como pedir ajuda e iniciar de imediato o Suporte
Básico de Vida (SBV).
A chegada de um meio de socorro ao local, ainda que muito rápida, pode demorar tanto
como... 6 minutos! Se os elementos que presenciaram a situação não souberem actuar em
conformidade, as hipóteses de sobrevivência da vítima terão caído de 98% para...11%! Em
condições ideais, todo o cidadão devia estar preparado para saber fazer “SBV”.
No nosso país existe ainda um longo caminho a percorrer neste âmbito, constituindo o curso
que irá frequentar, uma etapa essencial desse percurso.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 55/262
1. A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA
À luz do conhecimento actual, considera-se que há três atitudes que modificam os resultados
no socorro às vítimas de paragem cardio-respiratória:
Pedir ajuda accionando de imediato o sistema de emergência médica;
Iniciar de imediato manobras de Suporte Básico de Vida (SBV);
Aceder à desfibrilhação tão precocemente quanto possível e sempre que indicado.
Estes procedimentos sucedem-se de uma forma encadeada e constituem uma cadeia de
atitudes em que cada elo articula o procedimento anterior com o seguinte. Surge assim o
conceito de Cadeia de Sobrevivência composta por quatro elos, ou acções, em que o
funcionamento adequado de cada elo e a articulação eficaz entre todos eles é vital para que o
resultado final possa ser uma vida salva.
Os quatro elos da cadeia de sobrevivência da vítima adulta são:
1. Acesso precoce ao sistema de emergência médica (112);
2. Início precoce de SBV;
3. Desfibrilhação precoce;
4. Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce.
Capítulo 4. Figura 35 - Cadeia de sobrevivência da vítima adulta.
1.1. Acesso Precoce
O rápido acesso ao sistema de emergência médica assegura o início da cadeia de
sobrevivência. Cada minuto sem chamar socorro reduz as possibilidades de sobrevivência.
Para o funcionamento adequado deste elo é fundamental que quem presencia uma
determinada ocorrência seja capaz de reconhecer a gravidade da situação e saiba activar o
sistema de emergência, ligando adequadamente 112.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
56/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
A incapacidade de adoptar estes procedimentos significa falta de formação. A consciência de
que estes procedimentos podem salvar vidas humanas deve ser incorporada o mais cedo
possível na vida de cada cidadão.
1.2. SBV Precoce
Para que uma vítima em perigo de vida tenha maiores hipóteses de sobrevivência é
fundamental que sejam iniciadas de imediato, no local onde ocorreu a situação, manobras de
reanimação. Isto só se consegue se quem presencia a situação tiver a capacidade de iniciar o
Suporte Básico de Vida.
O SBV permite ganhar tempo, mantendo alguma circulação e alguma ventilação até à
chegada de socorro mais diferenciado, capaz de instituir procedimentos de Suporte Avançado
de Vida.
1.3. Desfibrilhação Precoce
A maioria das paragens cardio-respiratórias no adulto ocorre devido a uma perturbação do
ritmo cardíaco a que se chama fibrilhação ventricular (FV). Esta perturbação do ritmo
cardíaco caracteriza-se por uma actividade eléctrica caótica de todo o coração, em que não há
contracção do músculo cardíaco e, portanto, não é bombeado sangue para os tecidos.
O único tratamento eficaz para esta arritmia é a desfibrilhação que consiste na aplicação de
um choque eléctrico, externamente, a nível do tórax da vítima, para que ao atravessar o
coração, possa parar a actividade caótica que este apresenta.
Também este elo da cadeia deve ser o mais precoce possível porque a probabilidade de
conseguir tratar a FV com sucesso depende do tempo. A desfibrilhação logo no 1º minuto em
que se instala a FV pode ter uma taxa de sucesso próxima dos 100 % mas ao fim de 8 - 10
minutos a probabilidade de sucesso é quase nula.
1.4. SAV Precoce
Este elo da cadeia é uma “mais-valia”. Nem sempre a desfibrilhação por si só é eficaz para
recuperar a vítima ou, por vezes, pode mesmo não estar indicada. O SAV permite conseguir
uma ventilação mais eficaz (através da entubação traqueal) e uma circulação também mais
eficaz (através da administração de fármacos). Idealmente deverá ser iniciado ainda na fase
pré-hospitalar e continuado no hospital, permitindo a estabilização das vítimas de PCR que
foram reanimadas.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 57/262
A cadeia de sobrevivência representa simbolicamente o conjunto de procedimentos que
permitem salvar vítimas de paragem cardio-respiratória. Para que o resultado final possa ser,
efectivamente, uma vida salva, cada um dos elos da cadeia é vital e todos devem ter a mesma
força. Todos os elos da cadeia são igualmente importantes: de nada serve ter o melhor SAV se
quem presencia a PCR não sabe ligar 112.
Quando sujeitas a situações de pressão, as cadeias partem pelo elo mais fraco. A paragem
cardíaca é a mais emergente das situações com que se defrontam os profissionais de saúde. O
acontecimento é geralmente inesperado e o sucesso do tratamento exige rapidez e
coordenação. Nesta situação, a cadeia de sobrevivência como todas as cadeias, partirá pelo
seu elo mais fraco.
Em resumo:
O bom funcionamento da cadeia de sobrevivência permite salvar vidas em risco.
Todos os elos da cadeia de sobrevivência são igualmente importantes.
A cadeia de sobrevivência tem apenas a força que tiver o seu elo mais fraco.
2. RISCOS PARA O REANIMADOR
Por vezes, o desejo de ajudar alguém que nos parece estar em perigo de vida, pode levar-nos
a ignorar os riscos que podemos correr. Se não forem garantidas as condições de segurança
antes de se abordar uma vítima poderá, em casos extremos, ocorrer a morte da vítima e do
reanimador.
Existe uma regra básica que nunca deve ser esquecida: o reanimador não deve expor-se, a si ou a terceiros, a maiores riscos que aqueles que corre a própria vítima.
Antes de se aproximar de alguém que possa eventualmente estar em perigo de vida, o
reanimador deve assegurar primeiro que não irá correr nenhum risco:
Ambiental – choque eléctrico, derrocadas, explosão, tráfego, etc.;
Intoxicação – exposição a gás, fumo ou tóxicos;
Infeccioso – tuberculose, hepatite, HIV, etc.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
58/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Na maioria das vezes, uma avaliação adequada e um mínimo de cuidado são suficientes para
garantir as condições de segurança necessárias.
Se pára numa estrada para socorrer alguém, vítima de um acidente de viação, deve:
Posicionar o seu carro para que este o proteja funcionando como escudo, isto é, antes
do acidente no sentido no qual este ocorreu;
Sinalizar o local com triângulo de sinalização à distância adequada;
Ligar as luzes de presença ou emergência;
Usar roupa clara para que possa mais facilmente ser visível;
Desligar o motor para diminuir a probabilidade de incêndio.
Estas medidas simples são, em princípio, suficientes para garantir as condições de segurança.
No caso de detectar a presença de produtos químicos ou matérias perigosas é fundamental
evitar o contacto sem luvas com essas substâncias e não inalar vapores libertados pelas
mesmas.
As situações em que vítima sofreu uma intoxicação podem representar risco acrescido para
quem socorre, nomeadamente no caso de intoxicação por fumos ou gases tóxicos como os
cianetos ou o ácido sulfúrico. Para o socorro da vítima de intoxicação é importante identificar o
produto bem como a sua forma de apresentação (em pó, líquida ou gasosa) e contactar o CIAV
para uma informação especializada, nomeadamente sobre possíveis antídotos.
Em caso de intoxicação por produtos gasosos é fundamental não se expor aos vapores
libertados que nunca devem ser inalados. O local onde a vítima se encontra deverá ser arejado
ou, na impossibilidade de o conseguir, a vítima deverá ser retirada do local.
Nas situações em que o tóxico é corrosivo (ácidos ou bases fortes) ou em que pode ser
absorvido pela pele, como os organofosforados (exemplo: 605 forte®), é obrigatório além de
arejar o local, usar luvas e roupa de protecção para evitar qualquer contacto com o produto,
bem como máscaras para evitar a inalação.
Se houver necessidade de ventilar a vítima com ar expirado, deverá ser sempre usada
máscara ou outro dispositivo com válvula unidireccional, para não expor o reanimador ao ar
expirado da vítima. Nunca efectuar ventilação boca-a-boca.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 59/262
Em resumo:
Ao socorrer vítimas em que possa ter ocorrido uma intoxicação deverá cumprir rigorosamente as medidas universais de protecção, isto é, usar luvas, bata, máscaras e óculos (ou máscara com viseira).
A possibilidade de transmissão de infecções entre a vítima e o reanimador tem sido alvo de
grande preocupação sobretudo mais recentemente, com o receio da contaminação pelos vírus
da hepatite B ou C e pelo VIH. Não existe, no entanto, qualquer registo de transmissão destes
vírus durante a realização de ventilação boca-a-boca. A transmissão de qualquer um dos vírus,
mesmo no caso de contacto com saliva, é altamente improvável a não ser no caso de a saliva
estar contaminada com sangue.
O sangue é o principal veículo de contágio em relação ao qual devem ser adoptadas todas as
medidas universais de protecção.
São igualmente importantes medidas de protecção em relação ao contacto com fluidos
orgânicos como o sémen ou secreções vaginais, líquidos amniótico, pleural, peritoneal ou
cefaloraquidiano. Não se consideram necessárias as mesmas medidas de protecção em
relação a fluidos orgânicos como a saliva, secreções brônquicas, suor, vómito, fezes ou urina,
na ausência de contaminação com sangue.
Estão descritos alguns casos de transmissão de infecções durante a realização de ventilação
boca-a-boca, nomeadamente casos de tuberculose cutânea, meningite meningocócica, herpes
simplex e salmonelose. No entanto, a frequência de ocorrência destes casos é baixa.
Existe um risco pequeno mas real, de infecção por picada com agulha contaminada, pelo que é
necessário adoptar medidas cuidadosas no manuseio de objectos cortantes ou picantes os
quais devem imediatamente ser colocados em contentores apropriados.
Em resumo:
Podemos dizer que, embora a ventilação boca-a-boca pareça segura, é recomendável a utilização de métodos de interposição sobretudo nos casos em que a vítima tem sangue na saliva;
Um lenço é uma protecção ineficaz e pode, inclusivamente, aumentar o risco de infecção;
O sangue é o principal veículo de contaminação pelo que devem ser adoptados cuidados redobrados sobretudo com os salpicos de sangue, utilizando roupa de protecção adequada, luvas e protecção para os olhos.
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2.1. Treino de Suporte Básico de Vida em Manequins
A correcta formação em SBV implica o treino em manequins pelo que surgiu a preocupação
com o eventual risco de transmissão de infecções durante o treino. O risco de transmissão de
infecções nestas circunstâncias é extremamente baixo. Não existe qualquer registo de que
alguma vez tenha ocorrido uma infecção associada ao treino de SBV em manequins (mais de
70 milhões de pessoas só nos EUA).
No caso de não serem utilizadas máscaras individuais, as superfícies dos manequins são
desinfectadas com um produto apropriado que minimiza o risco de transmissão de vírus,
bactérias ou fungos entre os praticantes.
3. SUPORTE BÁSICO DE VIDA NO ADULTO
Nos países ocidentais, umas das principais causas de morte são as doenças cardiovasculares.
A maioria destas mortes (cerca de 2/3) ocorre fora do ambiente hospitalar.
Não obstante o desenvolvimento tecnológico nos últimos anos, o aperfeiçoamento das técnicas
de reanimação cardio-respiratória (RCR), a formação em Suporte Básico e Avançado de Vida e
a criação de sistemas organizados de emergência médica, morrem anualmente em todo o
mundo milhões de pessoas por ausência, atraso ou insucesso das manobras de RCR.
O objectivo da RCR é recuperar vítimas de paragem cardio-respiratória, para uma vida
comparável à que tinham previamente ao acontecimento. O sucesso das manobras de RCR
está condicionado pelo tempo pelo que, quanto mais precocemente se iniciar o SBV, maior é a
probabilidade de sucesso. Se a falência circulatória durar mais de 3 - 4 minutos vão surgir
lesões cerebrais que poderão ser irreversíveis. Qualquer atraso no início de SBV reduz as
hipóteses de sucesso.
O Suporte Básico de Vida é um conjunto de procedimentos bem definidos e com
metodologias padronizadas que tem como objectivo reconhecer as situações de perigo de vida
iminente, saber como e quando pedir ajuda e saber iniciar de imediato, sem recurso a qualquer
dispositivo, manobras que contribuam para a preservação da ventilação e da circulação de
modo a manter a vítima viável até que possa ser instituído o tratamento médico adequado e,
eventualmente, se restabeleça o normal funcionamento respiratório e cardíaco.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 61/262
As manobras de SBV não são, por si só, suficientes para recuperar a maior parte das vítimas de paragem cardio-respiratória.
O SBV destina-se a ganhar tempo, mantendo parte das funções vitais até à chegada do
Suporte Avançado de Vida. No entanto, em algumas situações em que a falência respiratória
foi a causa primária da paragem cardio-respiratória, o SBV poderá reverter a causa e conseguir
uma recuperação total.
O Suporte Avançado de Vida (SAV) executado por equipas médicas diferenciadas, implica a
utilização de fármacos, ventilação por entubação traqueal, monitorização cardíaca e
desfibrilhação eléctrica.
Como referido anteriormente, o conceito de suporte básico de vida implica que seja praticado
sem recurso a qualquer equipamento específico.
3.1. Etapas e Procedimentos
O SBV inclui os seguintes elementos:
Avaliação inicial;
Manutenção de via aérea permeável;
Ventilação com ar expirado;
Compressões torácicas.
Os três elementos do SBV, após a avaliação inicial, são designados por “ABC”, com as iniciais
a resultarem dos termos ingleses Airway, Breathing e Circulation:
A - Via Aérea (“Airway”);
B - Ventilação (“Breathing”);
C - Circulação (“Circulation”).
Como referido anteriormente, o conceito de Suporte Básico de Vida implica que seja praticado
sem recurso a qualquer equipamento específico. A utilização de algum equipamento para
permeabilizar a via aérea (exemplo: tubo orofaríngeo) ou de máscara facial para ventilação
com ar expirado (exemplo: máscara de bolso) implica a designação de “SBV com adjuvantes
de via aérea”.
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62/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
3.1.1. Posicionamento da Vítima e do Reanimador
As manobras de SBV devem ser executadas com a vítima em decúbito dorsal, no chão ou num
plano duro.
Se a vítima se encontrar por exemplo, numa cama, as manobras de SBV, nomeadamente as
compressões torácicas, não serão eficazes uma vez a força exercida será absorvida pelas
molas ou espuma do próprio colchão. Se a vítima se encontrar em decúbito ventral deve ser
rodada em bloco, isto é, mantendo o alinhamento da cabeça, pescoço e tronco.
O reanimador deve posicionar-se junto da vítima para que, se for necessário, possa fazer
ventilações e compressões sem ter que fazer grandes deslocações.
3.1.2. Sequência de Acções
A avaliação inicial consiste em:
1. Avaliar as condições de segurança no local;
2. Avaliar se a vítima responde;
Depois de assegurar que estão garantidas as condições de segurança, aproxime-se da
vítima e pergunte em voz alta “Está bem? Sente-se bem?”, enquanto a estimula batendo
suavemente nos ombros.
Capítulo 4. Figura 36 - Avaliação do estado de consciência.
Está bem?Sente-se bem?
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 63/262
3. Se a vítima responder, pergunte o que se passou, se tem alguma queixa, procure ver
se existem sinais de ferimentos e, se necessário, vá pedir ajuda, ligando 112. Desde
que isso não represente perigo acrescido, deixe-a na posição em que a encontrou;
4. Se a vítima não responder, informe o reanimador 2 se for o caso e prossiga a
avaliação. Se estiver sozinho, peça ajuda gritando em voz alta “Preciso de ajuda!
Tenho aqui uma pessoa desmaiada!”. Não abandone a vítima e prossiga com a
avaliação;
Capítulo 4. Figura 37 - Primeiro pedido de ajuda.
A etapa seguinte é a via aérea - A.
Pelo facto da vítima se encontrar inconsciente, os músculos da língua perdem o seu tónus
habitual (isto é, relaxam) e a queda da língua para trás (na vítima em decúbito dorsal) pode
causar obstrução da via aérea. Este mecanismo é a causa mais frequente de obstrução da via
aérea num adulto inconsciente. Outros factores como vómito, sangue, dentes partidos ou
próteses dentárias soltas podem condicionar também obstrução da via aérea.
5. É assim fundamental proceder à permeabilização da via aérea:
Desaperte a roupa à volta do pescoço da vítima e exponha o tórax;
Verifique se existem corpos estranhos na boca (comida, próteses dentárias soltas,
secreções). Se existirem deve removê-los, mas somente se os visualizar;
Coloque a palma de uma mão na testa da vítima e os dedos indicador e médio da
outra mão no bordo do maxilar inferior;
AJUDA! Está aqui uma
pessoa desmaiada!
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64/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Efectue simultaneamente a extensão da cabeça (inclinação da cabeça para trás) e
elevação do maxilar inferior (queixo).
As próteses dentárias bem fixas não devem ser removidas.
Capítulo 4. Figura 38 - Pesquisa de corpos estranhos na cavidade oral.
NOTA: Ao efectuar a elevação do maxilar inferior não comprima as partes moles do queixo,
devendo colocar os dedos apenas na parte óssea.
Capítulo 4. Figura 39 - Extensão da cabeça e elevação do queixo.
Nas situações em que a vítima possa ter feito traumatismo da coluna cervical não deve ser
feita a extensão da cabeça. Várias situações podem causar traumatismo da coluna cervical,
nomeadamente: acidentes de viação, quedas, acidentes de mergulho ou agressão por arma de
fogo. Nestes casos, a permeabilização da via aérea deve ser feita apenas por elevação do
maxilar inferior - sub-luxação da mandíbula.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 65/262
Após ter efectuado a permeabilização da via aérea passe à avaliação da existência de sinais
de circulação (respiração e pulso) - B e C.
6. Para verificar sinais de circulação deve manter a permeabilidade da via aérea,
aproximar a sua face da face da vítima olhando para o tórax e:
VER - se existem movimentos torácicos;
OUVIR - se existem ruídos de saída de ar pela boca ou nariz da vítima;
SENTIR - na sua face se há saída de ar pela boca ou nariz da vítima;
PALPAR - pulso central.
Capítulo 4. Figura 40 - A avaliar os sinais de circulação durante 10 segundos.
Deverá
VER,
OUVIR e
SENTIR (VOS) e
PALPAR pulso central (VOSP) durante 10 segundos.
Aquando da avaliação do VOS, deve procurar a existência de movimentos respiratórios
normais, isto é, observar o tórax elevar e baixar ciclicamente como numa respiração normal.
Algumas vítimas podem apresentar movimentos respiratórios ineficazes conhecidos por
“gasping” ou “respiração agónica” que não devem ser confundidos com respiração normal.
Estes movimentos não causam uma expansão torácica normal, correspondem a uma fase
transitória que pode preceder a ausência de movimentos respiratórios e tendem a cessar
rapidamente.
Em caso de dúvida actue como se a vítima não ventilasse.
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66/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
O pulso que deve ser pesquisado nesta situação é o pulso carotídeo. Mantendo-se a extensão
da cabeça com uma mão na testa da vítima (ou apoiando o cotovelo junto à cabeça da vítima e
segurando na parte óssea da mandíbula com os 4 últimos dedos enquanto se mantém a
abertura da boca com o 1º dedo) e localizando-se a zona da laringe «maçã de Adão» com as
pontas dos dedos indicador e médio da outra mão, desliza-se os dois dedos lateralmente até
encontrar o sulco existente entre a laringe e o músculo «esternocleidomastoideu». Este é local
onde passa a artéria carótida e onde deve palpar o pulso carotídeo.
Pressione apenas suavemente de forma a não comprimir totalmente a artéria. Procure palpar a
artéria do mesmo lado em que se encontra, e não do lado oposto; é mais fácil e não corre o
risco de causar obstrução da via aérea ao comprimir os tecidos sobre a traqueia.
Em caso de dúvida actue como se a vítima não tivesse sinais de circulação.
7. Se a vítima respira normalmente, deverá ser colocada em posição lateral de
segurança (PLS). Após a colocação em PLS, deverá ir pedir ajuda e regressar para
junto da vítima reavaliando-a frequentemente.
(A técnica para colocação em posição lateral de segurança será descrita mais à
frente.)
8. Se a vítima não respira mas tem pulso, deve ser activado de imediato o sistema de
emergência médica, ligando 112. O segundo elemento vai efectuar o pedido de ajuda
diferenciada e o primeiro inicia de imediato o suporte ventilatório.
Devem ser efectuadas 10 insuflações por minuto, reavaliando sinais de circulação (VOSP) ao
fim de cada minuto.
Cada insuflação deve demorar cerca de um segundo.
Deve contar cinco segundos e voltar a insuflar (ex: efectuar a primeira insuflação, e 1, e 2, e 3,
e , e 2, efectuar a segunda insuflação, …e 1, e 2, e 3, e 4, e 10, até à décima insuflação).
Ao fim de um minuto deve reavaliar sinais de circulação.
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Capítulo 4. Figura 41 - Activação do sistema de emergência.
9. Se a vítima não tem sinais de circulação deve ser activado de imediato o sistema de
emergência médica, ligando 112. O segundo elemento vai efectuar o pedido de ajuda
diferenciada e o primeiro inicia de imediato compressões torácicas.
Se estiver sozinho, após verificar que a vítima não respira ou não tem pulso, terá de
abandoná-la para efectuar o pedido de ajuda diferenciada, ligando para o 112 e ao fazê-lo,
deve informar que se encontra com uma vítima inconsciente que não respira ou não tem sinais
de circulação, fornecendo o local exacto onde se encontra. Se quando abandonou a vítima
tinha pulso, mas não ventilava, deverá reavaliar sinais de circulação após o regresso.
Se estiver alguém junto de si, deve pedir a essa pessoa que vá ligar o 112 dizendo-lhe se
necessário, como proceder, isto é, deve dizer que a vítima está inconsciente e não respira ou
não tem sinais de circulação e fornecer o local exacto onde se encontra, e que regresse
novamente.
Este pedido de ajuda diferenciada é extremamente importante para que a vítima possa ter SAV
o mais rápido possível, já que é improvável que a vítima recupere apenas com manobras de
SBV. Como foi referido anteriormente, a causa mais frequente de PCR num adulto, é de origem
cardíaca, habitualmente devido a uma perturbação do ritmo cardíaco – fibrilhação ventricular,
cujo único tratamento é a desfibrilhação.
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Noutras situações como as de quase-afogamento, trauma, intoxicação e no caso de crianças
(idade anterior aos sinais de puberdade), sabe-se que a causa mais frequente de PCR é
primariamente de origem respiratória.
Por este motivo, no caso de se tratar de uma vítima de afogamento ou de uma criança,
deve prosseguir o SBV durante um minuto e só depois, se ainda estiver sozinho,
abandonar a vítima para ir solicitar ajuda, ligando 112.
10. Para iniciar compressões torácicas, a vítima deve estar em decúbito dorsal sobre uma
superfície rígida com a cabeça no mesmo plano do resto do corpo:
1. Ajoelhe-se junto à vítima;
2. Coloque a base de uma mão no centro do tórax da vítima;
3. Coloque a outra mão sobre esta;
4. Entrelace os dedos e levante-os, ficando apenas a base de uma mão sobre o
esterno e de forma a não exercer qualquer pressão sobre as costelas;
5. Mantenha os braços esticados e sem flectir os cotovelos, posicione-se de forma
que os seus ombros fiquem perpendiculares ao esterno da vítima;
Capítulo 4. Figura 42 - Posicionamento / compressões torácicas.
6. Pressione verticalmente sobre o esterno, de modo a que este baixe cerca de 4 a
5 cm;
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 69/262
7. Alivie a pressão de modo a que o tórax possa descomprimir totalmente mas sem
perder o contacto da mão com o esterno;
8. Repita o movimento de compressão e descompressão por forma a obter uma
frequência de 100 / min (um pouco menos de 2 compressões por segundo);
9. O gesto de compressão deve ser firme, controlado e executado na vertical;
10. Os períodos de compressão e descompressão devem ter a mesma duração.
É útil contar em voz alta ‘1 e 2 e 3 e 4 e 5 e... e 29 e 1’ de forma a conseguir manter um ritmo
adequado e a coordenação com o outro reanimador.
11. Para iniciar a sincronização das compressões com ventilações:
1. Ao fim de 30 compressões, permeabilize a via aérea (extensão da cabeça e
elevação da mandíbula);
2. Efectue 2 insuflações, que deverão demorar cerca de 1 segundo cada;
3. Reposicione as mãos, sem demora, na correcta posição sobre o esterno e
efectue mais 30 compressões torácicas;
4. Mantenha a relação compressões torácicas e ventilações numa relação de 30:2.
Capítulo 4. Figura 43 - Colocação da máscara de bolso (pocket mask) / Ventilação boca-máscara.
Se as ventilações iniciais não promoverem uma elevação da caixa torácica, então na próxima
tentativa deve:
1. Observar a cavidade oral e remover qualquer obstrução visível;
2. Confirmar que está a ser efectuada uma correcta permeabilização da via aérea;
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70/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
3. Efectuar 2 ventilações antes de reiniciar compressões torácicas.
Entrada do Segundo Elemento
Quando o segundo elemento que foi efectuar o pedido de ajuda diferenciada regressar, deve
posicionar-se para iniciar as compressões torácicas, aproveitando o tempo em que o primeiro
elemento efectua as 2 insuflações para localizar o ponto onde deverá fazer as compressões.
Deste modo reduzem-se as perdas de tempo desnecessárias.
Capítulo 4. Figura 44 - Manobras de SBV a 2 reanimadores (com máscara de bolso e com insuflador manual).
Deve iniciar as compressões logo que esteja feita a segunda insuflação, aguardando apenas
que o outro reanimador se afaste não esperando que a expiração se complete passivamente.
As mãos devem ser sempre mantidas em contacto com o tórax mesmo durante a fase das
insuflações tendo o cuidado, nesta fase, de não exercer qualquer pressão, caso contrário
aumenta a resistência à insuflação de ar, a ventilação não é eficaz e ocorre insuflação gástrica
com a consequente regurgitação.
O reanimador que está a fazer as insuflações deverá preparar-se para as iniciar logo após a
30ª compressão, com o mínimo de perda de tempo possível.
Isto requer treino para que não haja perda de tempo mas sem prejuízo da correcta execução
das manobras.
Troca de Reanimadores
É natural que ao fim de algum tempo o reanimador que está a fazer as compressões esteja
cansado pelo que se torna necessário trocar. A troca deve ser efectuada perdendo o menos
tempo possível e idealmente a cada 2 minutos (5 ciclos de 30:2).
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 71/262
O reanimador que está a fazer as compressões deve anunciar (ex: durante as insuflações) que
pretende trocar no final da próxima série de 30 compressões. Durante essa série de 30
compressões o reanimador que estava a fazer as ventilações preparara-se para passar a fazer
compressões.
Logo que complete a série de 30 compressões o mesmo reanimador deve efectuar de seguida
as duas insuflações. Durante esse período o outro reanimador localiza o ponto de apoio das
mãos, para que uma vez terminada a segunda insuflação possa fazer de imediato
compressões.
As manobras uma vez iniciadas devem ser continuadas sem interrupção até que:
Chegue ajuda diferenciada e tome conta da ocorrência;
A vítima inicie respiração normal;
O reanimador esteja exausto.
Nas situações de PCR só deve interromper as manobras de SBV, para reavaliação da vítima, caso esta apresente algum sinal indicador da presença de respiração normal.
Nesse caso o reanimador deve confirmar a presença de respiração normal, efectuando o VOSP.
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Capítulo 4. Esquema 1 - Algoritmo de SBV Adulto
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Capítulo 4. Esquema 2 - Algoritmo de SBV Adulto - Excepção
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3.2. Problemas Associados ao SBV
O SBV quando executado correctamente, permite manter a vítima viável até à chegada do
SAV. Podem no entanto ocorrer alguns problemas.
3.2.1. Problemas com a Ventilação
O principal problema que pode ocorrer com a ventilação é a insuflação de ar para o estômago,
que pode provocar a saída do conteúdo do mesmo para a via aérea, provocar a elevação do
diafragma que restringe os movimentos respiratórios, tornando a ventilação menos eficaz.
Fazer insuflações com grande quantidade de ar, a grande velocidade e durante um curto
período de tempo, facilita a ocorrência de insuflação gástrica, que uma vez detectada NÃO
DEVE ser resolvida comprimindo o estômago uma vez que apenas estará a causar
regurgitação do conteúdo do mesmo.
No caso de vítimas desconhecidas e na ausência de algum mecanismo de barreira para
efectuar a ventilação, não deverá efectuar ventilação boca-a-boca. Neste caso é preferível
efectuar apenas compressões torácicas em vez de não efectuar nenhum SBV.
3.2.2. Problemas com as Compressões
As compressões torácicas, mesmo quando correctamente executadas, conseguem gerar
apenas aproximadamente 25 % do débito cardíaco normal. Efectuá-las obliquamente em
relação ao tórax, pode fazer rolar a vítima e diminuir a sua eficácia. É também importante que o
tórax descomprima totalmente após cada compressão para permitir o retorno de sangue ao
coração antes da próxima compressão, optimizando assim o débito cardíaco.
As compressões torácicas podem causar fractura de articulações condro-costais (articulação
das costelas com o esterno), lesão de órgãos internos, rotura do pulmão, do coração ou do
fígado. Este risco é minimizado, mas não totalmente abolido, pela correcta execução das
compressões.
A preocupação com as potenciais complicações do SBV não deve impedir o reanimador de
iniciar prontamente as manobras de SBV dado que, no caso de uma vítima em paragem
cardio-respiratória, a alternativa ao SBV é a morte.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 75/262
3.2.3. Reavaliações e Suspensão de Manobras de SBV
As hipóteses de uma vítima de paragem cardio-respiratória recuperar actividade cardíaca
espontânea sem Suporte Avançado de Vida são muito reduzidas pelo que não faz qualquer
sentido reavaliar a existência de ventilação, excepto se a vítima fizer qualquer movimento.
Caso contrário, não deve interromper as manobras de SBV até à chegada do SAV.
Os esforços de reanimação só podem ser terminados por decisão médica.
Mesmo que lhe possa parecer infrutífero, não deve suspender as manobras de SBV sem indicação médica.
Em resumo:
O suporte básico de vida é uma medida de suporte que permite manter a vítima viável até à chegada do Suporte Avançado de Vida.
A sequência de acções baseia-se na metodologia ABC: via Aérea, Ventilação, Circulação.
É fundamental saber como e quando pedir ajuda e iniciar precocemente as manobras de SBV.
4. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA
Tal como foi referido anteriormente, se a vítima respira mas está inconsciente, deve ser
colocada em posição lateral de segurança (PLS).
Quando uma vítima se encontra inconsciente em decúbito dorsal, mesmo que respire
espontaneamente, pode desenvolver um quadro de obstrução da via aérea e deixar de respirar
devido ao relaxamento dos músculos da língua e à sua consequente queda para trás.
A via aérea pode também ficar obstruída por regurgitação do conteúdo gástrico, secreções ou
sangue.
Nestes casos a vítima deve ser colocada numa posição que mantenha a permeabilidade da via
aérea, garantindo a não obstrução por queda da língua permitindo a livre drenagem de um
qualquer líquido da cavidade oral, evitando a entrada do mesmo nas vias respiratórias,
nomeadamente no caso de a vítima vomitar.
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76/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
A Posição Lateral de Segurança deve respeitar os seguintes princípios:
Ser uma posição o mais “lateral” possível de modo a que a cabeça fique numa posição
em que a drenagem da cavidade oral se faça livremente;
Ser uma posição estável;
Não causar pressão no tórax que impeça a respiração normal;
Possibilitar a observação e acesso fácil à via aérea;
Ser possível voltar a colocar a vítima em decúbito dorsal de forma fácil e rápida;
Não causar nenhuma lesão à vítima.
É particularmente importante não causar nenhuma lesão adicional à vítima com a colocação
em PLS. Por este motivo, no caso de existir suspeita de traumatismo da coluna cervical, não
está indicada a colocação da vítima em PLS. Se há suspeita de trauma, a vítima só deve ser
mobilizada se for de todo impossível manter a permeabilidade da via aérea de outro modo e
neste caso, deve ser sempre respeitado simultaneamente o alinhamento da coluna cervical.
4.1. Como deve Proceder para Colocar uma Vítima em PLS:
1. Ajoelhar ao lado da vítima e estender-lhe as duas pernas;
2. Permeabilizar a via aérea, através da extensão da cabeça e elevação da mandíbula;
3. Retirar óculos e objectos volumosos (chaves, telefones, canetas etc.) dos bolsos da
vítima, alargar a gravata (se apropriado) e desapertar o colarinho;
4. Colocar o braço da vítima mais próximo de si, dobrado a nível do cotovelo, de forma
a fazer um ângulo recto com o corpo da vítima ao nível do ombro e com a palma da
mão virada para cima;
Capítulo 4. Figura 45 - Colocação em Posição Lateral de Segurança (PLS).
5. Dobrar o outro braço sobre o tórax e encostar a face dorsal da mão à face da vítima,
do lado do reanimador;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 77/262
6. Com a outra mão, segurar a coxa da vítima do lado oposto ao reanimador,
imediatamente acima do joelho e levantá-la, por forma a dobrar a perna da vítima a
nível do joelho;
Capítulo 4. Figura 46 - Colocação em Posição Lateral de Segurança (PLS).
7. Manter uma mão a apoiar a cabeça e puxar a perna, a nível do joelho, rolando o
corpo da vítima na direcção do reanimador, num espaço criado para o efeito;
8. Ajustar a perna que fica por cima, de modo a formar um ângulo recto a nível da coxa
e do joelho;
Capítulo 4. Figura 47 - Colocação em Posição Lateral de Segurança (PLS).
9. Se necessário, ajustar a mão sob a face da vítima para que a cabeça fique em
extensão;
Capítulo 4. Figura 48 - Colocação em Posição Lateral de Segurança (PLS).
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78/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
10. Verificar se a via aérea se mantém permeável, certificando-se que a vítima respira
sem fazer ruído;
11. Vigiar regularmente.
Capítulo 4. Figura 49 - Posição Lateral de Segurança (PLS).
Se a vítima tiver que permanecer em PLS por um longo período de tempo, recomenda-se que
ao fim de 30 minutos seja colocada sobre o lado oposto, para diminuir o risco de lesões
resultantes da compressão sobre o ombro.
Se a vítima deixar de respirar espontaneamente é necessário voltar a colocá-la em decúbito
dorsal.
Em resumo:
As vítimas inconscientes que respiram devem ser colocadas em PLS, desde que não haja suspeita de trauma.
A colocação em PLS permite manter a permeabilidade da via aérea e evitar a entrada de conteúdo gástrico na via aérea.
4.2. Como deve Proceder para Voltar a Colocar a Vítima em Decúbito Dorsal:
1. Ajoelha-se por trás da vítima;
2. Apoiar com uma mão a anca da vítima e estender a perna que está por cima,
alinhando-a com a outra;
3. Sem deixar de apoiar a anca, retirar a mão que se encontra sob a face da vítima e
colocar o braço sobre o tórax, ao longo do corpo;
4. Mantendo uma mão a segurar a anca da vítima, apoiar a cabeça com a outra;
5. Com um movimento seguro e firme, puxar ao nível da coxa, rolando a vítima sobre
as coxas do reanimador, mantendo simultaneamente a outra mão a apoiar a
cabeça;
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Capítulo 4. Figura 50 - Desfazer a Posição Lateral de Segurança (PLS).
6. Afastar-se progressivamente de forma a acompanhar o movimento da vítima até
esta estar em decúbito dorsal;
7. Estender o outro braço ao longo do corpo.
Em resumo:
As vítimas inconscientes que respiram devem ser colocadas em PLS, desde que não haja suspeita de trauma.
A colocação em PLS permite manter a permeabilidade e evitar a entrada de conteúdo gástrico na via aérea.
5. ABORDAGEM DA VIA AÉREA
5.1. Obstrução da Via Aérea em Vítima Adulta
5.1.1. Epidemiologia, Causas e Reconhecimento
A obstrução da via aérea é uma emergência absoluta que, se não for reconhecida e resolvida,
leva à morte em minutos.
Uma das formas mais frequentes de obstrução da via aérea é a resultante de uma causa
“extrínseca” à via aérea – alimentos, sangue ou vómito. Qualquer objecto sólido, pode
funcionar como corpo estranho e causar obstrução da via aérea – obstrução mecânica.
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A água não actua como “corpo estranho” pelo que não estão indicadas manobras de
desobstrução da via aérea em vítimas de afogamento uma vez que podem causar
complicações e apenas atrasam o início de SBV.
Pode também ocorrer obstrução da via aérea por edema dos tecidos da via aérea, como por
exemplo, no caso de uma reacção anafilática (alergia), uma neoplasia (cancro) ou uma
inflamação da epiglote (epiglotite) sendo esta última mais frequente nas crianças - obstrução
patológica.
A obstrução da via aérea deve ser considerada numa vítima que faz paragem respiratória
súbita, fica cianosada e inconsciente sem motivo aparente.
Capítulo 4. Figura 51 - Obstrução da via aérea.
Nos adultos, a obstrução da via aérea por corpo estranho ocorre habitualmente durante as
refeições, com os alimentos, e está frequentemente associada a alcoolismo ou tentativa de
engolir grandes pedaços de comida, mal mastigados. Os doentes idosos com problemas de
deglutição estão também em risco de obstrução da via aérea por corpo estranho e devem ser
aconselhados a comer de forma cuidadosa.
A obstrução da via aérea, sobretudo quando ocorre num local público, como um restaurante, é
frequentemente confundida com um ataque cardíaco.
É importante distinguir a obstrução da via aérea de outras situações dado a abordagem ser
diferente. Na obstrução mecânica da via aérea, existem várias manobras que podem ser
efectuadas com o objectivo de resolver a obstrução e que, caso sejam bem sucedidas, podem
evitar a paragem respiratória.
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5.1.2. Classificação
A obstrução da via aérea pode ser total ou parcial. Na obstrução parcial, onde ainda existe a
passagem de algum ar, a vítima começa por tossir, ainda consegue falar e pode fazer algum
ruído ao respirar.
Enquanto a vítima respira e consegue tossir de forma eficaz, o reanimador não deve interferir
devendo apenas encorajar a tosse, vigiar se a obstrução é ou não resolvida e se a tosse
continua a ser eficaz.
A vítima com obstrução parcial da via aérea pode, logo à partida, apresentar uma tosse
ineficaz, dificuldade respiratória marcada e cianose ou estes sinais podem surgir
progressivamente se a situação não for resolvida. Neste caso, é necessário actuar rapidamente
como se de uma obstrução total se tratasse.
Na obstrução total, onde já não existe passagem de ar na via aérea, a vítima não consegue
falar, tossir ou respirar, nem emite qualquer ruído respiratório. Poderá demonstrar grande
aflição e ansiedade e agarrar o pescoço com as duas mãos. É necessário actuar rapidamente,
pois se a obstrução não for resolvida a vítima poderá rapidamente ficar inconsciente e morrer.
No caso de obstrução total da via aérea causada por corpo estranho, deve começar por tentar
a desobstrução da via aérea com aplicação de pancadas interescapulares e, no caso de
insucesso, tentar então compressões abdominais ou manobra de Heimlich.
5.1.3. Sequência de Actuação na Obstrução Mecânica
Vítima Consciente
Enquanto a vítima respira e consegue tossir de forma eficaz o reanimador não deve interferir,
devendo apenas encorajar a tosse, vigiar se a obstrução é ou não resolvida e se a tosse
continua a ser eficaz.
Se uma vítima consciente com obstrução da via aérea se apresenta com tosse ineficaz,
incapaz de falar ou de respirar, proceda de imediato à aplicação de pancadas
interescapulares.
Técnica para Aplicação de Pancadas Interescapulares:
1. Colocar-se ao lado e ligeiramente por detrás da vítima;
2. Suportar o corpo de vítima com uma mão, a nível do tórax, mantendo-a inclinada para a
frente, numa posição tal que se algum objecto for deslocado com as pancadas, possa
sair livremente pela boca;
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82/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
3. Aplicar pancadas com a base da outra mão na parte superior das costas, ao meio entre
as omoplatas, isto é, na região interescapular;
4. Cada pancada deverá ser efectuada com a força adequada tendo como objectivo
resolver a obstrução;
5. Após cada pancada, deve verificar-se se a obstrução foi ou não resolvida, aplicando até
5 pancadas no total.
Capítulo 4. Figura 52 - Desobstrução da via aérea - Aplicação das pancadas interescapulares.
Se a obstrução não for resolvida com a aplicação das pancadas interescapulares, passar à
aplicação de compressões abdominais - Manobra de Heimlich.
Esta manobra causa uma elevação do diafragma e aumento da pressão nas vias aéreas,
provocando uma espécie de “tosse artificial” e forçando a saída do corpo estranho.
Com a execução da manobra de Heimlich poderão ocorrer complicações como rotura ou
laceração de órgãos, torácicos ou abdominais ou ainda regurgitação do conteúdo gástrico e
consequente aspiração.
A ocorrência de complicações pode ser minimizada pela correcta execução da manobra, isto é,
nunca comprimir sobre o apêndice xifóide ou na margem inferior da grelha costal, mas sim na
linha média abdominal, um pouco acima do umbigo. No entanto, mesmo com uma técnica
totalmente correcta, podem ocorrer complicações.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 83/262
Técnica para Execução da Manobra de Heimlich:
1. Colocar-se por trás da vítima;
2. Colocar os braços à volta da vítima ao nível da cintura;
3. Fechar uma das mãos, em punho, e colocar a mão com o polegar encostado ao
abdómen da vítima, na linha média um pouco acima do umbigo e bem afastada do
apêndice xifóide;
Capítulo 4. Figura 53 - Desobstrução da via aérea – Colocação das mãos na Manobra de Heimlich.
4. Com a outra mão, agarrar o punho da mão colocada anteriormente e puxar, com
um movimento rápido e vigoroso, para dentro e para cima na direcção do
reanimador;
Capítulo 4. Figura 54 - Desobstrução da via aérea – Manobra de Heimlich.
5. Cada compressão deve ser um movimento claramente separado do anterior e
efectuado com a intenção de resolver a obstrução;
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84/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Capítulo 4. Figura 55 - Desobstrução da via aérea - Manobra de Heimlich.
6. Repetir as compressões abdominais até 5 vezes, vigiando sempre se ocorre ou
não resolução da obstrução e o estado de consciência da vítima.
Repetir alternadamente 5 pancadas interescapulares e 5 compressões abdominais até à desobstrução ou até a vítima ficar inconsciente.
A manobra de Heimlich também pode ser executada pela própria vítima de obstrução da via
aérea, caso se encontre sozinha. Para tal deverá colocar uma mão em punho, um pouco acima
do umbigo e com a outra mão em cima da primeira, comprimir para cima e para dentro com um
movimento rápido. No caso de não obter sucesso poderá comprimir a porção superior do
abdómen contra uma superfície rija como por exemplo, as costas de uma cadeira ou um varão
de escadas.
A manobra de Heimlich só deve ser aplicada a vítimas de obstrução da via aérea conscientes.
Existem no entanto, duas excepções às quais não deve ser aplicada a manobra de Heimlich:
às grávidas no final da gravidez e às vítimas francamente obesas.
Nestas duas situações aplica-se a técnica de compressões torácicas.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 85/262
Vítima Inconsciente
No caso de uma vítima de obstrução da via aérea ficar inconsciente durante a tentativa de
desobstrução da via aérea, o reanimador deve:
1. Amparar a vítima até ao chão para que esta não se magoe;
2. Activar o sistema de emergência médica, ligando 112;
3. Iniciar compressões torácicas, seguindo o algoritmo de SBV;
4. Pesquisar a cavidade oral antes de efectuar as insuflações.
Em resumo:
A obstrução da via aérea é uma situação emergente que pode levar à morte da vítima em poucos minutos.
Reconhecer a situação e iniciar de imediato medidas adequadas pode evitar a paragem cardio-respiratória e salvar uma vida.
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Capítulo 4. Esquema 3 - Algoritmo Desobstrução da Via Aérea
5.1.4. Actuação na Obstrução Anatómica
A actuação perante uma situação de obstrução anatómica da via aérea, isto é, vítima
inconsciente e que não respira, já foi abordada no capítulo de suporte básico de vida.
5.1.5. Actuação na Obstrução Patológica
A actuação perante uma situação de obstrução patológica da via aérea que não respira é a
descrita no algoritmo de SBV. Se a vítima respira, os profissionais de saúde procedem à
administração de oxigénio.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 87/262
Em resumo:
A obstrução da via aérea é uma situação emergente que pode levar à morte da vítima em poucos minutos.
Reconhecer a situação e iniciar de imediato medidas adequadas pode evitar a paragem cardio-respiratória e salvar uma vida.
5.2. Técnicas de Permeabilização da Via Aérea
A permeabilização da via aérea e o restabelecimento da ventilação são objectivos essenciais
em SBV, com o intuito de evitar lesões por hipóxia nos órgãos nobres, em particular no
cérebro.
O reconhecimento da obstrução da via aérea já foi abordado no ponto anterior, a propósito da
obstrução mecânica.
No entanto, para além do estridor que surge na obstrução por corpo estranho ou na obstrução
patológica por inflamação dos tecidos da via aérea, outros ruídos podem ser audíveis no caso
de obstrução parcial da via aérea. O reconhecimento destes ruídos pode servir também para
distinguir as possíveis causas.
O gorgolejo (ruído semelhante ao gargarejo) é característico das obstruções parciais por um
fluido - vómito, sangue ou secreções.
O ressonar ocorre habitualmente na obstrução parcial causada por queda da língua. Uma vez
reconhecida a obstrução da via aérea é necessário proceder de imediato à sua
permeabilização.
A permeabilização da via aérea pode ser obtida com técnicas básicas que devem ser
conhecidas de todos (leigos e profissionais de saúde). Existem ainda algumas técnicas
adjuvantes que devem ser do conhecimento dos profissionais de saúde envolvidos na
prestação de socorro.
5.2.1. Técnicas Básicas de Permeabilização da Via Aérea
Extensão da Cabeça e Elevação da Mandíbula
Esta técnica já descrita anteriormente, permite permeabilizar a via aérea nas situações de
obstrução causada pela queda da língua, no doente inconsciente e em decúbito dorsal.
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88/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
No entanto, a obstrução da via aérea causada pela base da língua não se explica
exclusivamente por um fenómeno dependente da gravidade uma vez que pode ocorrer mesmo
que o doente não esteja em decúbito dorsal.
Na vítima inconsciente, há disfunção dos músculos da língua, faringe, pescoço e laringe que
pode causar incapacidade em manter a permeabilidade da via aérea quando a cabeça está
numa posição neutra ou em flexão. Assim, podemos ter vítimas inconscientes com obstrução
da via aérea causada pela língua ou outras estruturas da via aérea superior mesmo quando se
encontram em decúbito lateral ou ventral.
Geralmente, este tipo de obstrução resolve-se com a extensão da cabeça e elevação da
mandíbula.
Capítulo 4. Figura 56 - Extensão da cabeça e elevação da mandíbula.
Tal como já foi referido anteriormente, esta técnica não deve ser usada em vítimas em relação
às quais existe suspeita de traumatismo da coluna cervical uma vez que a extensão da cabeça
pode agravar lesões existentes a nível da coluna cervical.
A consequência mais temível é a eventual recuperação de uma vítima que ficará com sequelas
permanentes - tetraplegia.
Sempre que existir suspeita de trauma é fundamental manter o alinhamento da cabeça –
pescoço - tronco pelo que a permeabilização da via aérea deve ser efectuada usando a técnica
de sub -luxação da mandíbula.
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Sub-luxação da Mandíbula
Esta técnica de permeabilização da via aérea é uma técnica alternativa que pode ser usada
quando a técnica de extensão da cabeça e elevação do queixo não permite uma adequada
permeabilização da via aérea, quando existe uma obstrução nasal exigindo a abertura da boca
para abrir a via aérea e é a técnica preferencial nas situações de suspeita de trauma da coluna
cervical.
Procedimento para Efectuar a Sub-luxação da Mandíbula:
1. Identifique o ângulo da mandíbula;
2. Coloque os dedos indicadores por trás dos ângulos da mandíbula e faça pressão
para cima e para a frente de forma a provocar deslocação do maxilar inferior para a
frente;
3. Com os polegares, empurre o queixo ligeiramente para baixo para manter a boca
aberta.
Capítulo 4. Figura 57 - Sub-luxação da mandíbula.
Quando utilizada para permeabilização da via aérea em doentes com suspeita de traumatismo
da coluna cervical, esta manobra deve, idealmente, ser efectuada simultaneamente com
estabilização manual da coluna cervical. Isto requer a existência de uma segunda pessoa para
manter a cabeça numa posição neutra e estabilizar a coluna cervical. No entanto, é importante
referir que a permeabilização da via aérea é fundamental dado que a morte por hipóxia,
consequente à obstrução da via aérea, é muito mais frequente que a ocorrência de tetraplegia,
como consequência da manipulação da coluna cervical.
5.2.2. Técnicas de Permeabilização da Via Aérea com Adjuvantes
Os adjuvantes de permeabilização da via aérea são úteis para manter a permeabilidade da via
aérea. No entanto, não substituem a manutenção do posicionamento da cabeça em extensão e
elevação do queixo.
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Via Aérea Orofaríngea
O tubo orofaríngeo também conhecido por tubo de Guedel, é um tubo plástico curvo, rígido e
achatado, de forma a ficar bem ajustado entre a língua e o palato duro.
Existem vários tamanhos desde tubos apropriados quer para recém-nascidos quer para adultos
grandes.
A escolha do tamanho do tubo é feita por estimativa e deve ser previamente realizada antes da
sua inserção. Deve escolher um tubo com o comprimento correspondente à distância entre a
comissura labial e o ângulo da mandíbula ou o lóbulo da orelha.
Se o tubo orofaríngeo não for correctamente introduzido, a língua pode ser empurrada para
trás, agravando a obstrução em vez de a aliviar.
O tubo orofaríngeo só deve ser utilizado em vítimas que se encontram inconscientes. Se a
vítima tiver reflexos a nível da faringe, a introdução do tubo orofaríngeo pode induzir o vómito
ou provocar um espasmo laríngeo.
Capítulo 4. Figura 58 - Tubos orofaríngeos (tubos de Guedel), escolha do tamanho e introdução do tubo.
Técnica para Colocação do Tubo Orofaríngeo:
1. Abrir a boca e verificar se não existem corpos estranhos que possam ser empurrados
para a faringe durante a introdução do tubo;
2. Se forem visíveis, retirá-los previamente à inserção do tubo;
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 91/262
3. Introduzir o tubo orofaríngeo na cavidade oral em posição invertida, isto é, com a parte
convexa virada para a língua;
4. Introduzi-lo até passar o palato duro e então rodá-lo 180º, de forma que a parte côncava
fique virada para a língua e continuar a empurrar em direcção à faringe;
5. Se a qualquer momento sentir que a vítima reage à introdução do tubo, por exemplo
tossindo, deve retirá-lo.
Após a colocação do tubo orofaríngeo, deve ser confirmada novamente a permeabilidade da
via aérea efectuando o VOS.
Via Aérea Nasofaríngea
O tubo nasofaríngeo é um tubo de plástico maleável, biselado numa das extremidades e com
um rebordo na outra extremidade. Como o nome indica, é introduzido por uma narina devendo
a extremidade biselada ficar na faringe.
Existem vários tamanhos numerados de acordo com o seu diâmetro interno, em milímetros,
aumentando o seu comprimento com o aumento do diâmetro. Os tamanhos usados nos adultos
são habitualmente 6 - 8, devendo ser adequados ao diâmetro da narina. Deve ser medida a
porção de tubo a introduzir, medindo a distância da narina ao lóbulo da orelha ou ao ângulo da
mandíbula e usando o alfinete ou outro dispositivo proximal de segurança (que acompanha
cada tubo) para marcar essa distância no tubo, de forma a evitar a introdução excessiva.
Este tubo é melhor tolerado que o tubo orofaríngeo em doentes que não estão profundamente
inconscientes. Pode ainda ser colocado em situações em que não é possível conseguir a
colocação do tubo orofaríngeo, como acontece na impossibilidade de abrir a boca da vítima ou
em caso de fracturas do maxilar inferior.
O tubo nasofaríngeo não pode ser colocado em doentes em relação aos quais exista a
suspeita de fractura da base do crânio.
A introdução do tubo pode causar hemorragia nasal e se o tubo for demasiado longo pode
induzir vómito ou espasmo laríngeo.
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92/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Capítulo 4. Figura 59 - Tubo nasofaríngeo. Escolha do tamanho e colocação do tubo.
Técnica para Colocação do Tubo Nasofaríngeo:
1. Confirmar a permeabilidade da narina e lubrificar o tubo;
2. Inserir o tubo na narina pela extremidade biselada, empurrando na vertical ao longo do
pavimento da fossa nasal, com movimentos de rotação;
3. Introduzir o comprimento calculado até que a extremidade biselada fique na faringe;
4. Se for sentida alguma resistência durante a introdução do tubo deve ser retirado e
tentada a introdução na outra narina.
Após a colocação do tubo nasofaríngeo, deve ser confirmada de novo a permeabilidade da via
aérea, efectuando o VOS.
Se for possível com qualquer uma das técnicas obter a permeabilização da via aérea e a vítima
retomar ventilação espontânea, deve ser colocada em PLS.
Deve administrar oxigénio sempre que possível, de acordo com a recomendação apropriada à
situação clínica da vítima.
5.2.3. Aspiração de Secreções
Nas situações de obstrução parcial da via aérea por um fluido – vómito, sangue ou secreções,
é necessário proceder à aspiração da cavidade oral e da orofaringe, utilizando para tal o
aspirador de secreções, de forma a manter a permeabilidade da via aérea.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 93/262
Capítulo 4. Figura 60 - Aspiração de secreções.
A aspiração da cavidade oral pode ser feita com uma sonda rígida “tipo Yankauer” ou com uma
sonda de aspiração de maior calibre, sobretudo nos casos em que é preciso aspirar conteúdo
alimentar espesso.
Quando a vítima já tem uma via orofaríngea colocada e é necessário efectuar a aspiração, para
além da aspiração da cavidade oral pode ser necessário também aspirar o seu interior de
forma a manter a permeabilidade da via aérea. Nestas situações, deve utilizar-se uma sonda
de calibre apropriado, habitualmente de menor calibre que a utilizada para aspiração da
cavidade oral, de forma a permitir a sua manipulação no interior do tubo.
É necessário ter em atenção que a sonda não deve ser introduzida profundamente mas apenas
o necessário para aspirar as secreções ou outros fluidos presentes na hipofaringe, de forma a
manter a permeabilidade da via aérea. Introduzir a sonda profundamente terá como
consequência a estimulação das zonas da faringe que condicionam o reflexo de vómito ou
mesmo a indução de um espasmo laríngeo com o consequente agravamento da obstrução da
via aérea.
A aspiração de secreções deve ser feita de forma cuidada para não causar traumatismos da
mucosa da cavidade oral ou da faringe. A sonda deve ser introduzida sem estar em aspiração
e ser retirada em aspiração activa, efectuando movimentos circulares suaves.
Os aspiradores de secreções permitem seleccionar diferentes pressões de vácuo para
utilização em adultos ou em crianças.
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94/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Em resumo:
Na maioria das situações é possível conseguir a permeabilização da via aérea utilizando técnicas básicas que devem ser do conhecimento de todos;
Depois de cada intervenção é necessário confirmar sempre o resultado efectuando o VOS;
Os profissionais de saúde têm ainda recurso a adjuvantes das técnicas básicas que facilitam e aumentam a eficácia do processo de permeabilização da via aérea;
É fundamental o conhecimento das várias técnicas para uma correcta utilização na prática.
5.3. Ventilação com Adjuvantes da Via Aérea
A ventilação com ar expirado pode ser iniciada em qualquer local sem recurso a qualquer
equipamento; no entanto, proporciona apenas cerca de 16 % de oxigénio. Há situações em que
esta técnica não é exequível como no caso da presença de sangue ou vómito na boca ou pelo
risco de infecções ou intoxicações.
Existem dispositivos que permitem interpor uma barreira entre o reanimador e a vítima e, por
vezes, administrar simultaneamente oxigénio de forma a aumentar a concentração de oxigénio
no ar expirado. São designadas por máscaras de bolso ou pocket masks.
Capítulo 4. Figura 61 - Máscara de bolso (pocket mask).
5.3.1. Ventilação com Ar Expirado com Máscara de Bolso
A máscara de bolso é um dispositivo composto por uma máscara facial, com uma válvula
unidireccional. A válvula unidireccional permite ao reanimador soprar para o interior da boca da
vítima e o ar expirado pela vítima não reflua para o reanimador, sendo eliminado por um orifício
de escape. Fica assim isolada, a via aérea da vítima da do reanimador.
São habitualmente transparentes para permitir detectar a presença de sangue ou vómito que
possa surgir. Algumas têm uma conexão para ligação de oxigénio suplementar.
Existem duas técnicas para efectuar a ventilação boca-máscara:
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 95/262
A posição lateral, em que o reanimador se coloca ao lado da vítima, implica a permeabilização
da via aérea, por extensão da cabeça e elevação do maxilar inferior e é a adequada para a
situação de SBV a um reanimador quando a vítima se encontra em PCR, dado que com esta
técnica, o reanimador está posicionado de forma a poder efectuar compressões e ventilações.
Procedimento - Posição Lateral:
1. Coloque-se ao lado da vítima para que possa efectuar ventilações e compressões;
2. Aplique a máscara na face da vítima tal como descrito anteriormente;
3. Pressione a máscara contra a face da vítima com o polegar e indicador (da mão mais
próxima da cabeça) sobre o vértice da máscara e o polegar da outra mão no bordo da
máscara, junto ao queixo;
4. Coloque os restantes dedos ao longo do bordo da mandíbula de forma a fazer a
elevação do maxilar inferior e faça simultaneamente a extensão da cabeça;
5. Comprima apenas na margem da máscara para que não existam fugas de ar;
Capítulo 4. Figura 62 - Ventilação com máscara de bolso em posição lateral.
6. Faça insuflações soprando na válvula unidireccional, observando a expansão do tórax.
A posição cefálica, em que o reanimador se coloca acima da cabeça da vítima, é adequada
para a situação de paragem respiratória, quando o reanimador está sozinho ou no caso de
SBV a dois reanimadores. Esta posição permite boa observação da expansão torácica uma vez
que o reanimador olha directamente para o tórax da vítima e é a adequada quando se
permeabiliza a via aérea por sub-luxação da mandíbula.
Procedimento - Posição Cefálica
1. Coloque-se acima da cabeça da vítima e aplique a máscara na face da vítima,
colocando o bordo mais estreito da máscara no sulco entre o queixo e o lábio inferior e
o vértice da mesma acima do nariz;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
96/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
2. Coloque os polegares e a base das mãos ao longo dos bordos maiores da máscara e
os indicadores e os restantes dedos debaixo do ângulo da mandíbula;
3. Pressione a máscara contra a face da vítima, com os polegares e base da mão ao
mesmo tempo que efectua a elevação da mandíbula com os indicadores, de forma a
não existirem fugas de ar;
4. Se a situação da vítima o permitir, faça simultaneamente a extensão da cabeça;
Capítulo 4. Figura 63 - Ventilação com máscara de bolso em posição cefálica.
5. Faça insuflações soprando na válvula unidireccional, observando a expansão do tórax.
Uma forma alternativa de fixar a máscara nesta técnica é colocar os polegares e indicadores
em círculo ao longo dos bordos da máscara e usar os restantes dedos de ambas as mãos para
fazer a elevação do maxilar inferior e a extensão da cabeça.
Oxigénio
Sempre que a máscara o permite, deve ser conectado oxigénio a 15 litros / minuto. Quando se
administra oxigénio suplementar, a mais de 10 litros / minuto, conseguem-se concentrações de
oxigénio de cerca de 40 % pelo que se recomendam volumes de ventilação menores. O
volume de ar que se pretende insuflar é, neste caso, de 400 - 600 ml, suficiente para ventilar
eficazmente a vítima e diminuindo a probabilidade de ocorrência de regurgitação do conteúdo
gástrico. Tal como referido anteriormente, o volume de ar deve ser apenas o necessário para
causar uma expansão torácica, tal como numa respiração normal.
5.3.2. Ventilação com Insuflador Manual
O Insuflador manual é o dispositivo mais frequentemente utilizado para ventilação dos doentes
em paragem respiratória. Vulgarmente conhecido apenas por “AMBU” é composto por um
balão de material plástico auto-insuflável, com uma válvula unidireccional, acoplado a uma
máscara facial, semelhante à máscara de bolso.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 97/262
A compressão do balão causa a insuflação de ar na inspiração e a válvula unidireccional
permite a saída do ar expirado para a atmosfera.
Existem insufladores manuais de vários tamanhos, adequados a ventilação de adultos
(capacidade de 1600 ml) e a neonatais (250 ml). Estes últimos podem, no entanto, não permitir
a correcta ventilação de recém-nascidos com alguns dias ou lactentes. Os insufladores
manuais a utilizar em pediatria devem ter, pelo menos, 450 - 500 ml.
Existem máscaras de vários tamanhos, devendo ser seleccionada aquela que permita tapar
completamente a boca e nariz da vítima e que, ao ser colocada com um bordo no queixo, não
tape os olhos da vítima.
Capítulo 4. Figura 64 - Insuflador manual (“ambu”), máscaras faciais e garrafa de oxigénio.
O insuflador manual tem uma conexão para ligar uma fonte de oxigénio e permite obter
concentrações de oxigénio da ordem dos 50 %. No entanto, se não for conectado oxigénio
apenas se obtêm concentrações de 21 %. Se for utilizado um sistema de reservatório de
oxigénio, simultaneamente com um débito de oxigénio superior a 10 litros / minuto, podem
atingir-se concentrações próximas dos 90 %.
Tal como referido em relação à ventilação com máscara facial com oxigénio suplementar, os
volumes desejáveis são apenas de 400 - 600 ml o que deve ser controlado através da
observação da expansão torácica.
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A utilização apenas por um reanimador não está recomendada uma vez que é necessário
muito treino para se conseguir uma boa adaptação da máscara à face da vítima apenas com
uma mão enquanto a outra comprime o balão.
Capítulo 4. Figura 65 - Ventilação com insuflador manual.
Não havendo boa adaptação da máscara à face da vítima, existem fugas de ar que impedem
uma correcta ventilação. A fuga de ar não se compensa aumentando a velocidade de
compressão do balão que, tal como nos outros métodos de ventilação, deve ser lenta durante a
fase de insuflação de ar, pelos motivos já anteriormente expostos. Se ocorrerem fugas de ar,
deve ser revisto o posicionamento das mãos e a localização da máscara na face da vítima.
O volume de ar não deve ser excessivo, uma vez que provoca entrada de ar para o estômago
e consequente regurgitação, mas apenas o necessário para causar uma adequada expansão
do tórax. Tal como nos outros métodos referidos, é necessário observar de forma sistemática a
expansão torácica para avaliar a eficácia da ventilação.
O insuflador manual deve ser utilizado quando se encontram presentes dois reanimadores,
com treino na sua utilização. Um deles adapta a máscara à face da vítima com ambas as mãos
(tal como descrito em relação à máscara facial em posição cefálica) e o outro comprime
lentamente o balão para efectuar a insuflação de ar.
Deve estar garantida a permeabilidade da via aérea, sendo útil a colocação de um tubo
orofaríngeo, mas é fundamental a manutenção do correcto posicionamento da cabeça em
extensão e elevação da mandíbula.
No caso de a vítima se encontrar em PCR, um reanimador adapta a máscara e mantém o
posicionamento da cabeça, enquanto o outro efectua alternadamente as compressões e as
insuflações.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 99/262
O reanimador que adapta a máscara deve estar em posição cefálica e avaliar a eficácia da
expansão torácica, dado que se encontra melhor posicionado para esse efeito.
Quando da chegada do SAV, e após ser efectuada a entubação traqueal, continua a usar-se o
insuflador manual para efectuar a ventilação, retirando a máscara e adaptando-o ao tubo
endotraqueal.
Em resumo:
A ventilação com máscara facial com válvula unidireccional é segura, eficaz e requer treino menos prolongado que a ventilação com insuflador manual;
A ventilação com insuflador manual só deve ser o método de escolha quando estão presentes duas pessoas treinadas na sua utilização;
A ventilação com oxigénio suplementar melhora a sua eficácia.
5.4. Variantes das Técnicas de Ventilação
5.4.1. Boca-a-Boca:
1. Assegure que a cabeça da vítima permanece em extensão e o queixo levantado,
mantendo a palma de uma mão na testa da vítima e os dedos indicador e médio da
outra mão, no bordo do maxilar inferior;
2. Tape o nariz da vítima pinçando-o entre os dedos polegar e o indicador da mão que
está na testa;
3. Mantenha a extensão da cabeça e a elevação do queixo, sem fechar a boca da vítima;
4. Inspire profundamente, isto é, encha bem o peito com ar;
5. Coloque os lábios à volta da boca da vítima, certificando-se que não há fuga de ar;
6. Sopre continuamente para o interior da boca da vítima, observando simultaneamente a
expansão do tórax; deverá demorar cerca de 1 seg.;
7. Afaste a sua boca da boca da vítima, mantendo o posicionamento da cabeça da vítima,
para permitir a saída do ar.
5.4.2. Boca-Nariz
A ventilação boca-a-nariz está recomendada quando é impossível ventilar pela boca, o que
pode acontecer por:
Impossibilidade de abrir a boca da vítima;
Existência de lesões graves da face;
Dificuldade em conseguir uma boa adaptação da boca à boca da vítima.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
100/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Para ventilar por este método, deve manter a cabeça da vítima inclinada para trás, com uma
mão na testa, usar a outra mão para levantar o maxilar e simultaneamente cerrar os lábios.
Deve, então, fazer uma inspiração profunda, colocar a sua boca à volta do nariz da vítima e
insuflar, fazendo duas insuflações pausadas (tal como descrito anteriormente). Quando retirar a
boca, a vítima expira passivamente, podendo ser necessário abrir intermitentemente a boca da
vítima para permitir a expiração.
A técnica de ventilação boca-a-nariz pode ainda ser adequada para iniciar precocemente a
ventilação no salvamento de vítimas de submersão (afogamento). Neste caso, as mãos são
habitualmente necessárias para suportar a cabeça da vítima fora de água, podendo não ser
possível efectuar a ventilação boca-a-boca.
5.4.3. Boca-Estoma
Algumas pessoas, por motivo de doença ou de acidente, são operados à laringe, ficando com
ela total ou parcialmente removida ou mesmo obstruída. Neste caso, as pessoas passam a
respirar por um orifício que comunica directamente com a traqueia e que se situa na base do
pescoço, imediatamente acima do esterno (orifício de traqueostomia ou estoma).
O procedimento para ventilação boca-estoma é em tudo semelhante à ventilação boca-a-boca:
1. Inspire profundamente;
2. Coloque a sua boca à volta do orifício do estoma;
3. Sopre lentamente até ver o tórax expandir;
4. Retire a boca do estoma para permitir a saída de ar.
Nesta situação, não é necessário fazer a extensão da cabeça para permeabilizar a avia aérea,
uma vez que o orifício de traqueostomia se encontra localizado em comunicação directa com a
traqueia.
Pode sair ar pela boca e/ou nariz da vítima durante a ventilação boca-estoma, impedindo a
correcta ventilação o que pode ser evitado encerrando a boca e o nariz da vítima com uma das
mãos.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 101/262
Pode estar inserida no estoma uma cânula de traqueostomia (tubo de plástico rígido) que se
não estiver permeável (por ex: por acumulação de secreções) e não for possível a sua
desobstrução, deve ser retirada. Se a cânula estiver permeável, a ventilação pode ser
efectuada soprando na cânula.
6. SITUAÇÕES ESPECIAIS EM SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Existem algumas situações especiais em que se justifica complementar as manobras gerais de
suporte básico de vida com atitudes adequadas à situação específica, podendo haver
necessidade de efectuar pequenas alterações.
6.1. Afogamento
O termo afogamento utiliza-se para designar a submersão num líquido, condicionando
sufocação. Quando ocorre paragem cardio-respiratória, existe primariamente uma paragem
respiratória causada pela impossibilidade de respirar submerso num fluído. Por estar muitas
vezes associado a hipotermia, algumas recomendações são comuns, sendo por vezes possível
a recuperação da vítima após período prolongado de paragem.
Ao retirar a vítima da água, é necessário garantir sempre primeiro a segurança do reanimador.
A vítima deve ser retirada da água na horizontal, considerando sempre a possibilidade de
traumatismo craniano e/ou da coluna cervical quando existir história de mergulho ou acidente
em desportos aquáticos. Nestas situações é necessário manter sempre o alinhamento da
cabeça – pescoço – tronco e, se for preciso, rodar a vítima em bloco. Devem adequar-se as
manobras de permeabilização da via aérea à situação de suspeita de trauma.
Iniciar SBV o mais precocemente possível, devendo o pedido de ajuda diferenciado ser feito
apenas após 1 minuto (3 ciclos de 30:2) de SBV. Deverá efectuar 5 insuflações antes de
iniciar o minuto de SBV.
Não devem ser efectuadas manobras de desobstrução da via aérea na tentativa de expulsar
água das vias aéreas inferiores, dado que só vão atrasar o início do SBV podendo mesmo
causar complicações. A maioria das vítimas de submersão não faz qualquer aspiração de
água.
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102/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
6.2. Electrocussão
As consequências de um choque eléctrico dependem de vários factores, nomeadamente, do
tipo de corrente, da sua intensidade e do tempo de contacto com a fonte de energia. As lesões
causadas pela corrente de alta tensão são habitualmente mais graves. No entanto, pode
ocorrer paragem cardio-respiratória em acidentes com a corrente doméstica, no momento da
aplicação do choque.
É fundamental garantir a segurança de quem socorre.
Desligar sempre a fonte de energia antes de abordar a vítima. No caso de corrente de alta
voltagem, há possibilidade de a mesma ser conduzida à distância por um fenómeno de “arco
voltaico”.
Iniciar SBV logo que possível considerando sempre a possibilidade de existência de
traumatismo da coluna cervical e adequando as manobras a essa situação.
6.3. Gravidez
A gravidez é uma situação especial pela existência simultânea de duas vítimas – a mãe e o
feto. As probabilidades de sobrevivência do feto dependem do sucesso da reanimação da mãe.
No último trimestre da gravidez, pelas dimensões que o útero atinge, o retorno de sangue ao
coração pode estar comprometido, pela compressão que o útero faz sobre a veia cava inferior.
Se não existir retorno de sangue ao coração, não é possível manter circulação.
A descompressão da veia cava inferior consegue-se colocando uma almofada (ou algo
equivalente) debaixo da anca direita da vítima, para que o útero seja deslocado para a
esquerda.
As manobras de SBV não sofrem qualquer outra alteração.
6.4. Hipotermia
A hipotermia define-se pela presença de uma temperatura central <35º C ocorrendo
habitualmente, quando a vítima fica exposta, durante um período prolongado de tempo, ao frio.
As vítimas que ingeriram álcool ou drogas ou as que ficam inconscientes são mais susceptíveis
à hipotermia.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 103/262
Sabe-se que a hipotermia confere algum grau de “protecção” aos órgãos nobres,
nomeadamente ao cérebro, pelo que é frequente a recuperação total (isto é sem sequelas
neurológicas) de vítimas que estiveram longos períodos de tempo em PCR (sobretudo as mais
jovens).
É fundamental aquecer a vítima. Para isso, devem ser retiradas as roupas frias ou molhadas,
cobrir a vítima e colocá-la em local abrigado. Se possível, aquecer o ambiente (ex: célula
sanitária da ambulância).
Caso não exista paragem respiratória é fundamental manter a permeabilidade da via aérea e
aquecer a vítima, não esquecendo que não devem ser efectuados movimentos bruscos, por
exemplo, na colocação em PLS ou no transporte da vítima, uma vez que podem desencadear
arritmias e levar à paragem cardio-respiratória.
6.5. Intoxicações
Só abordar a vítima se existirem condições de segurança para o reanimador, nomeadamente,
a não exposição ao tóxico e a existência de luvas e outras formas de protecção para o corpo.
Tentar saber com exactidão o que aconteceu, isto é, qual o tóxico em causa, qual a sua forma
de apresentação, há quanto tempo ocorreu a intoxicação e por que via (inalado, ingerido,
derramado, etc.). Procurar embalagens vazias, restos de medicamentos ou outros produtos,
cheiros característicos, seringas ou agulhas ou ainda, sinais de corrosão da pele ou da boca
por forma a esclarecer com exactidão o que aconteceu.
Se for necessário efectuar ventilação com ar expirado, a vítima só deve ser ventilada através
de máscara facial ou outro dispositivo com válvula unidireccional. Conectar fonte de oxigénio
sempre que disponível, em concentrações elevadas, EXCEPTO na suspeita de intoxicação
com paraquato (pesticida ex: Gramoxone) na qual NUNCA deve ser administrado oxigénio.
6.6. Outras Situações Especiais
Uma vítima de PCR não deve ser movida do local onde foi encontrada apenas por
conveniência do reanimador e as manobras de SBV não devem ser interrompidas até á
chegada de ajuda, a não ser que a vítima mostre sinais de recuperação.
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104/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Caso o local onde se encontra a vítima não seja seguro, como por exemplo, em caso de
incêndio, risco de agressão ou desmoronamento, esta deve ser removida para um local seguro
onde se possa iniciar de imediato o SBV.
Na situação em que não é possível deslocar ao local onde a vítima se encontra, uma equipa
que possa efectuar SAV, há necessidade de efectuar o transporte da vítima até uma unidade
hospitalar onde possa então ser instituído o SAV.
Nestas circunstâncias, poderá haver necessidade de transportar a vítima por locais onde não é
possível manter continuamente o SBV (por ex.: escadas). Recomenda-se nestes casos que
sejam efectuadas manobras de SBV nos patamares e que seja combinado um sinal, ao qual as
manobras são interrompidas e a vítima transportada para o patamar seguinte o mais
rapidamente possível, onde é reiniciado o SBV. As interrupções devem ser breves e, sempre
que possível, evitadas. Não deve ser interrompido o SBV no transporte para a ambulância nem
durante o transporte até ao hospital.
Em resumo:
A regra geral de abordagem das situações especiais é a mesma de todas as situações que requerem suporte básico de vida.
Conhecer as pequenas modificações necessárias em função de cada situação, optimiza o suporte básico de vida.
A maioria das vítimas de PCR por situações especiais é jovem, o que lhes confere melhor probabilidade de recuperação.
7. REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA
A criança tem características anatómicas e fisiológicas particulares pelo que é necessário
adaptar os procedimentos de SBV a essas características.
No essencial, os princípios gerais são os mesmos do adulto. Existem no entanto algumas
diferenças que devem ser tidas em consideração.
Todas as estruturas anatómicas são mais frágeis pelo que todas as manobras têm que ser
feitas com uma maior suavidade para não causar traumatismos à criança.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 105/262
A criança está particularmente sujeita a situações de obstrução da via aérea dado que é de
menores dimensões e colapsa com facilidade. Também a língua, de dimensões relativas
maiores, mais facilmente causa obstrução da via aérea.
A frequência cardíaca nas crianças é mais elevada que nos adultos e a manutenção de uma
circulação adequada está muito dependente da frequência cardíaca, isto é, só pelo facto de
apresentar uma frequência cardíaca baixa, a criança pode apresentar sinais de insuficiência
circulatória.
Como veremos mais adiante, face a uma frequência cardíaca baixa e sinais de má perfusão
periférica é necessário tratar como se de ausência de sinais de circulação se tratasse.
A criança está também predisposta a desenvolver com maior facilidade processos de
hipotermia quando exposta pelo que o controlo da sua temperatura deverá ser um aspecto a
ter em atenção, evitando exposições prolongadas e tentando manter o ambiente onde se
encontra, aquecido.
7.1. Cadeia de Sobrevivência Pediátrica
A cadeia de sobrevivência pediátrica corresponde a um conjunto de acções que se considera,
melhorarem o prognóstico das crianças em situação de emergência. Os componentes desta
cadeia diferem dos descritos para o adulto, por factores que se prendem com a epidemiologia
(causas) da PCR na criança.
Ao contrário do que acontece com o adulto, em Pediatria, a PCR não é, habitualmente, um
acontecimento súbito. Os problemas mais frequentes são os relacionados com a via aérea e
ventilação. Na criança, são raros os acidentes cardíacos primários pelo que é fundamental e
prioritário permeabilizar a via aérea e restabelecer a respiração. Nas crianças com patologia
cardíaca congénita, a PCR pode ser de causa primária cardíaca.
Tipicamente, a PCR na criança é o resultado final de um processo de deterioração progressiva
da função respiratória e, posteriormente, circulatória. Inicialmente, a insuficiência respiratória
corresponde a um estado de compensação mas com o agravamento da hipóxia, rapidamente
se deteriora ocorrendo paragem respiratória, seguida de paragem cardíaca.
Na criança com menos de 1 ano, a principal causa de PCR é, primariamente, respiratória
(infecções, obstrução da via aérea, pré-afogamento). No entanto, após o 1.º ano de vida, a
causa de PCR está frequentemente relacionada com trauma.
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106/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
As situações em que a criança está mais vezes em risco acontecem em casa ou próximo dela,
habitualmente com alguém conhecido por perto.
Pelo exposto, compreende-se que a “Prevenção” tem particular importância uma vez que, se a
situação de insuficiência respiratória for detectada precocemente e tratada de forma adequada,
pode ser evitada a PCR.
O início de SBV, o mais rápido possível, é fundamental. Na criança, a instituição precoce de
SBV eficaz, está associada a recuperação de sinais de circulação e ventilação com
recuperação total, sem défices neurológicos.
A activação do sistema de emergência médica deve ser feita apenas após ter efectuado cerca
de um minuto de SBV, excepto no caso específico (e pouco frequente) de crianças com doença
cardíaca conhecida ou história de arritmias, em que deve ligar 112 antes de iniciar o SBV.
Os 4 elos que compõem a Cadeia de Sobrevivência Pediátrica são:
1. A Prevenção da Paragem Cardio-Respiratória;
2. O Suporte Básico de Vida;
3. A Activação do Sistema de Emergência Médica – 112;
4. O Suporte Avançado de Vida.
Capítulo 4. Figura 66 - Cadeia de sobrevivência pediátrica
7.2. Suporte Básico de Vida em Pediatria
O conceito de Suporte Básico de Vida Pediátrico pressupõe um conjunto de procedimentos
encadeados com o objectivo de fornecer oxigénio ao cérebro e coração, sem recurso a
equipamentos diferenciados, até que o suporte avançado de vida possa ser instituído.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 107/262
Do ponto de vista do SBV pediátrico definem-se 3 grupos etários:
O neonato - recém-nascido nas primeiras horas de vida;
O lactente - até ao ano de idade;
A criança - de um ano até à puberdade.
Geralmente, o termo recém-nascido aplica-se a crianças nos primeiros 28 dias de vida. No
entanto, o SBV em recém-nascidos nas primeiras horas de vida tem algumas particularidades
que devem ser do conhecimento de todos os que podem estar envolvidos no seu cuidado,
desde o momento do parto.
Este campo particular do SBV pediátrico deve, portanto, ser do conhecimento dos profissionais
de saúde.
Após as primeiras horas de vida, as diferenças de procedimentos devem ser baseadas no
tamanho da criança, mais do que na idade.
A diferença entre uma criança de 10 meses e de 18 meses é pequena. É possível que uma
criança de 20 meses ou mesmo 2 anos tenho um tamanho mais apropriado à aplicação das
manobras de SBV recomendadas para o lactente.
7.2.1. Etapas e Procedimentos
A sequência de procedimentos, é a mesma que foi descrita para os adultos, isto é, após a
avaliação inicial segue as etapas “ABC”:
A - Via Aérea.
B - Ventilação.
C - Circulação.
Como em qualquer outra situação, deve começar por avaliar as condições de segurança
antes de abordar a criança.
Uma vez garantidas as condições de segurança, avalie se a criança responde. Tratando-se
de uma criança pequena não a deve abanar, estimule-a mexendo nas mão e / ou nos pés ao
mesmo tempo que chama em voz alta.
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108/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Se a criança responder, se mexer ou cumprir instruções que lhe são dadas, como abrir os
olhos ou apertar a mão, deixá-la na posição em que está ou na que ela pretender adoptar e ir
pedir ajuda se necessário, reavaliando-a frequentemente.
Capítulo 4. Figura 67 - Avaliação da resposta.
Se a criança não responder, ou informa o reanimador 2 e prossegue a avaliação ou, se
estiver sozinho, pede ajuda gritando em voz alta “Preciso de ajuda tenho aqui uma criança
desmaiada!”.
Capítulo 4. Figura 68 - Grito de ajuda.
Não abandone a vítima e prossiga a avaliação.
Abra a boca da criança e procure ver se existem corpos estranhos - retire-os apenas se forem
visíveis.
AJUDA! Tenho aqui uma
criança desmaiada!
Bebé… Bebé…
Estás bem? Sentes-te bem?
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 109/262
Capítulo 4. Figura 69 - Pesquisa de corpos estranhos.
Permeabilize a via aérea, efectuando a manobra de extensão da cabeça e elevação da
mandíbula, se não existir suspeita de trauma. Caso contrário, faça apenas a sub-luxação da
mandíbula.
Nos lactentes e nas crianças pequenas, a sub-luxação da mandíbula é facilmente conseguida
colocando apenas 1 ou 2 dedos no ângulo da mandíbula e empurrando-a para a frente.
Capítulo 4. Figura 70 - Permeabilização da via aérea com extensão da cabeça e elevação da mandíbula.
No lactente em decúbito dorsal, a cabeça fica habitualmente flectida em relação ao pescoço.
Deve ser efectuada uma ligeira extensão da cabeça de forma a obter uma “posição neutra”,
isto é, a face do lactente fica paralela ao plano onde está deitado. Deve ter muito cuidado para
não pressionar os tecidos moles abaixo do queixo pois pode causar obstrução da via aérea.
Capítulo 4. Figura 71 - “posição neutra”na extensão da cabeça no lactente.
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110/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Mantendo a via aérea aberta, pesquise a existência de respiração normal, efectuando o VOS
durante 10 segundos: Vendo, Ouvindo e Sentindo (tal como descrito para a vítima adulta).
Capítulo 4. Figura 72 - Pesquisa de respiração normal (VOS).
Se a criança respira normalmente e não há evidência de trauma, coloque-a em posição de
recuperação, peça ajuda e reavalie periodicamente se mantém ventilação adequada.
A posição de recuperação usada nas crianças obedece aos mesmos princípios da PLS do
adulto e pode ser usada a mesma técnica. Nos lactentes, sugere-se a colocação em decúbito
lateral, usando uma almofada ou um lençol dobrado, colocado por trás a nível das costas, para
manter a posição estável.
Capítulo 4. Figura 73 - Posição de recuperação.
Se a vítima não respira normalmente, mantenha a permeabilidade da via aérea e inicie a
ventilação com ar expirado, efectuando 5 ventilações.
Cada insuflação de ar deve ser lenta e feita durante 1 - 1,5 seg., com um volume de ar
suficiente para causar uma expansão torácica visível e após cada insuflação, deve afastar a
boca e manter a via aérea permeável para permitir a expiração e repetir o procedimento,
voltando a encher o peito de ar antes de cada insuflação para melhorar o conteúdo de oxigénio
no ar expirado que irá insuflar.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 111/262
Na criança (do 1.º ano até aos sinais de puberdade), deve utilizar a técnica de ventilação boca-
máscara tal como descrito anteriormente para o adulto.
Capítulo 4. Figura 74 - Ventilação boca-máscara na criança.
No lactente, a técnica alternativa é a ventilação boca-a-boca e nariz:
1. Mantenha a permeabilidade da via aérea, assegurando que a cabeça está em posição
neutra;
2. Encha o peito de ar e adapte a sua boca à volta da boca e do nariz do lactente;
3. Soprar para o interior da boca e nariz, lentamente durante 1 a 1,5 seg., de forma a
causar uma expansão torácica adequada, isto é, tal como numa respiração normal.
Capítulo 4. Figura 75 - Ventilação boca-a-boca e nariz no lactente.
Nas situações em que não consegue efectuar uma boa adaptação da boca à volta da boca e
nariz é igualmente adequado efectuar ventilação boca-a-boca ou boca-a-nariz e mais uma vez
se recorda que não é a idade que marca o limite mas, efectivamente, o tamanho da vítima.
Embora as máscaras de bolso com válvula unidireccional sejam de tamanho único é
igualmente possível, efectuar ventilação boca-máscara na criança ou mesmo no lactente.
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112/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Nestes casos, a adaptação da máscara à face da criança é feita em posição invertida em
relação ao anteriormente descrito, isto é, colocando o vértice da máscara virado para o queixo.
Capítulo 4. Figura 76 - Ventilação com máscara de bolso.
Se tiver dificuldade em conseguir ventilações eficazes deve:
1. Reabrir a boca da vítima e procurar objectos visíveis e neste caso removê-los;
2. Reposicionar a cabeça de forma a permeabilizar adequadamente a via aérea, tentando
outro método (exemplo: sub-luxação da mandíbula);
3. Tentar ventilar de novo, fazendo-o somente até cinco tentativas;
4. Se apesar de tudo não conseguir, passar às compressões torácicas.
A pesquisa de corpos estranhos na cavidade oral através da exploração digital “às cegas” não deve ser feita.
A introdução do indicador apenas deve ser feita para remover um corpo estranho visível, sempre com o máximo cuidado para não empurrar o objecto.
Após 5 insuflações, passe à avaliação de sinais de circulação. Procure os seguintes sinais
durante não mais de 10 segundos:
Presença de ventilação normal, efectuando o VOS;
Movimentos;
Tosse;
Existência de pulso.
Na criança, deve palpar o pulso carotídeo e no lactente o pulso braquial, na parte interna do
braço.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 113/262
Capítulo 4. Figura 77 - Pesquisa de sinais de circulação.
Se a vítima apresenta sinais de circulação mas não ventila, continue a ventilação com ar
expirado, a uma frequência de 20 insuflações / minuto (insufle durante 1 segundo, espere 2
segundos e volte a insuflar).
Reavalie a presença de sinais de circulação ao fim de 1 minuto:
Se mantiver sinais de circulação e ventilar, coloque-a em posição de recuperação;
Se não ventilar e estiver sozinho, deve ir pedir ajuda, levando se possível a criança
consigo, por forma a manter o SBV.
Na ausência de sinais de circulação ou se não tem a certeza de haver algum sinal de
circulação, deve iniciar compressões torácicas.
Se detectar pulso palpável, deve contar a frequência cardíaca; se esta for < 60 / minuto e existirem sinais de má perfusão periférica deve igualmente iniciar compressões torácicas, tal como na ausência de sinais de circulação
As compressões torácicas, tanto nos lactentes como nas crianças, devem ser efectuadas
sobre a metade inferior do esterno, um dedo acima do apêndice xifóide que, percorrendo
uma das grelhas costais inferiores, se localiza onde as duas se encontram.
As compressões devem ser realizadas de forma a causar uma depressão de aproximadamente
um terço da altura do tórax, a uma frequência de 100 por minuto.
É diferente a forma de realizar correctamente as compressões torácicas nas crianças e
nos lactentes.
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114/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Técnica para executar compressões torácicas nas crianças:
1. Ajoelhar junto da criança;
2. Palpar o bordo inferior da grelha costal e localizar o apêndice xifóide;
3. Colocar o bordo de uma mão ,um dedo acima do apêndice xifóide;
4. Levantar os dedos de forma a não comprimir as costelas;
5. Mantendo o braço esticado, sem flectir o cotovelo, posicionar-se de forma que o ombro
fique perpendicular ao ponto de apoio da mão;
6. Pressionar o tórax cerca de um terço da sua altura;
7. Aliviar a pressão sem retirar a mão do esterno;
8. Repetir o procedimento 15 vezes a uma frequência de, pelo menos, 100 / min.;
9. Permeabilizar a via aérea e efectuar duas ventilações;
10. Manter compressões / ventilações na relação de 15:2.
Não deve ser apenas a idade da criança a determinar a técnica a aplicar. Nas crianças
maiores poderá ser necessário usar o mesmo método do adulto, ou seja, sobrepor a outra
mão à que se encontra um dedo acima do apêndice xifóide, entrelaçar os dedos e levantá-los
de forma a não exercer pressão sobre o hemitórax oposto, mantendo os braços esticados e
sem flectir os cotovelos, pressionando verticalmente sobre o esterno. Neste caso, é usada
também a relação compressões / ventilações 15:2.
Capítulo 4. Figura 78 - Compressões torácicas no lactente.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 115/262
Capítulo 4. Figura 79 - Compressões torácicas na criança.
Capítulo 4. Figura 80 - Ventilação na criança.
Técnica para executar compressões torácicas nos lactentes - 2 dedos:
1. Manter a permeabilidade da via aérea, mantendo a cabeça em posição neutra, com
uma mão na cabeça do lactente;
2. Colocar a ponta de dois dedos sobre o terço inferior do esterno do lactente, um dedo
acima do apêndice xifóide;
3. Comprimir o tórax na vertical, com a ponta dos dedos, de forma a causar uma
depressão de cerca de 1/3 da sua altura;
4. Aliviar a pressão de forma a permitir ao tórax retomar a sua forma e voltar a comprimir
de forma a conseguir uma frequência de pelo menos 100 / min.;
5. Fazer 15 compressões seguidas de 2 insuflação e assim sucessivamente (15:2);
6. Para evitar perdas de tempo desnecessárias, os dedos devem permanecer sobre o
tórax, sem exercer pressão enquanto se fazem as ventilações;
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116/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Capítulo 4. Figura 81 - Ventilações sem perder a referência do ponto das compressões torácicas. No caso de estarem presentes dois reanimadores profissionais de saúde e se a estrutura física
da criança o permitir, deve ser usada preferencialmente a técnica de compressão com os 2
polegares. Neste caso, um dos reanimadores efectua compressões e o outro as ventilações da
seguinte forma:
1. O reanimador que efectua as compressões deve estar colocado aos pés do lactente;
2. Colocar os dois polegares, lado a lado no meio do esterno, com a ponta apontando para
a cabeça, no local já anteriormente referido para as compressões e segurar o lactente
envolvendo o tórax com ambas as mãos;
3. Se o lactente é muito pequeno, poderá ser necessário sobrepor os dois polegares de
forma a não comprimir sobre as costelas;
4. Pressionar o tórax causando uma depressão de cerca de um terço da sua altura;
5. Aliviar a pressão de forma a permitir ao tórax retomar a sua posição inicial e voltar a
comprimir a uma frequência de pelo menos 100 / min.;
6. O reanimador que efectua as ventilações deve estar colocado acima da cabeça do
lactente e efectuar as ventilações, fazendo duas insuflação após cada série de 15
compressões, utilizando sempre que possível o suplemento de oxigénio.
Capítulo 4. Figura 82 - Ventilações e compressões torácicas com dois reanimadores.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 117/262
Caso estejam presentes dois reanimadores, um inicia o SBV enquanto o outro vai ligar ao 112,
logo que seja detectada a paragem respiratória.
Caso esteja presente apenas um reanimador, devem ser mantidas as manobras de SBV
durante 1 minuto (5 ciclos de 15/2 ou 3 ciclos 30/2 se for o caso) altura em que, se ainda
estiver sozinho, deverá ir pedir ajuda ligando o 112.
Antes de ir pedir ajuda, deve reavaliar a existência de sinais de circulação e actuar de acordo
com aquilo que observar (por exemplo, colocar a criança em posição de recuperação se esta
recuperou ventilação).
No caso dos lactentes, ou sempre que a criança seja suficientemente pequena para ser
transportada ao colo, deve levá-la consigo para manter as manobras de SBV durante esse
período de tempo.
Após o pedido de ajuda, apenas deverá reavaliar o latente ou a criança se, quando a deixou
para pedir ajuda, ela apresentava sinais que entretanto se pudessem ter deteriorado, como a
existência de ventilação e / ou circulação.
A única excepção a realizar 1 minuto de SBV antes de pedir ajuda é o caso duma criança que
colapsa subitamente perante o reanimador e este se encontra sozinho com a vítima.
Neste caso a causa provável da paragem cardíaca é uma arritmia e a criança pode necessitar
de desfibrilhação.
Após o pedido de ajuda, deve regressar para junto da criança e continuar as manobras de
SBV até que:
A vítima apresente sinais de vida (movimentos ou respiração);
Chegue ajuda diferenciada;
Fique exausto e incapaz de continuar o SBV.
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118/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Capítulo 4. Esquema 4 - Algoritmo de SBV Pediátrico
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 119/262
7.3. Suporte Básico de Vida em Neonatologia
A reanimação dos neonatos, isto é, dos recém-nascidos no período imediatamente após o
parto e nas primeiras horas de vida, tem algumas particularidades e diferenças relativamente
ao algoritmo base de SBV pediátrico.
Estima-se que cerca de 8 a 10 em cada 1000 recém-nascidos poderá necessitar de
reanimação. Sabe-se que em algumas situações (ex: apresentações complexas), o risco de
necessidade de reanimação é frequente, no entanto, qualquer recém-nascido pode, de forma
inesperada, necessitar de reanimação. É fundamental que todos os profissionais que possam
vir a estar envolvidos na prestação de cuidados durante o parto, tenham treino adequado em
reanimação neonatal.
Logo após o parto, a grande prioridade é o estabelecimento de ventilação adequada.
O coração do neonato continua a bater por longos períodos de tempo (20 minutos ou mais),
mesmo com uma deficiente oxigenação. Normalmente, mesmo quando já ocorreu alguma
deterioração da função cardíaca existe uma boa resposta à ventilação e oxigenação, não
sendo, habitualmente, necessário efectuar compressões torácicas.
Manter o neonato aquecido é outro aspecto fundamental. Para tal, é necessário secá-lo dado
que com a pele húmida o neonato perde rapidamente calor.
Sequência de acções
1. Manter o Neonato quente:
Cuidar do aquecimento do ambiente onde irá decorrer o parto e do material
necessário à secagem e cobertura seca do neonato;
Após o parto consumado, manter o recém-nascido à altura do útero materno até o
cordão estar devidamente clampado;
Secar imediatamente o neonato e mantê-lo aquecido, coberto com toalhas ou
lençóis secos, apenas com a face descoberta. A secagem do neonato funciona
como uma significativa estimulação e permite tempo para avaliar a coloração, tónus,
respiração e frequência cardíaca;
Avaliar rapidamente coloração da pele, tónus (*), respiração e frequência cardíaca.
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120/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
(*) Tónus: tensão muscular que existe mesmo em repouso. No neonato normal, existe uma
postura em flexão, um certo grau de tensão muscular que se traduz por uma leve resistência à
mobilização dos seus membros, mesmo quando este está em repouso.
A avaliação da frequência cardíaca é melhor aferida através da audição com um estetoscópio.
Poderá também ser avaliada pela palpação do cordão umbilical, embora uma frequência baixa
no cordão nem sempre indique uma verdadeira frequência cardíaca baixa e a avaliação de
pulso periférico não é valorizável. Esta avaliação deve ser repetida regularmente,
particularmente a frequência cardíaca, todos os 30 segundos durante um processo de
reanimação.
Um neonato saudável nascerá com uma coloração azulada mas terá um bom tónus, chorará
alguns segundos após o parto, terá uma boa frequência cardíaca (a frequência cardíaca é de
cerca de 120-150 batimentos por minuto) e rapidamente ficará rosado. Um neonato menos
saudável, nascerá com uma coloração azulada, terá um pior tónus muscular, poderá ter uma
frequência cardíaca mais baixa (menos de 100 batimentos por minuto) e poderá não iniciar
ventilação adequada nos primeiros dois minutos. Um neonato doente nascerá pálido e flácido,
não respirando e com uma frequência cardíaca baixa ou muito baixa.
O primeiro sinal de melhoria no neonato é o aumento da frequência cardíaca.
Um recém-nascido que está rosado, apresenta bom tónus (não está flácido), respira
regularmente, 30 a 60 segundos após o parto, e tem uma frequência cardíaca superior a 100
por minuto, não necessita de mais que cuidados de rotina.
Um recém-nascido que está hipotónico (flácido), bradicárdico, cianosado ou pálido ou
que não respira adequadamente, necessita de reanimação imediata.
Se necessário, peça ajuda imediatamente.
2. Via Aérea
Antes do neonato poder ventilar eficazmente, a via aérea deve ser permeabilizada:
A melhor forma de permeabilizar a via aérea é colocar o neonato em decúbito dorsal
com a cabeça em posição neutra. A maior parte dos neonatos terá um occipital
relativamente proeminente, o qual tende a provocar uma flexão do pescoço se deitado
numa superfície plana. Isto pode ser evitado colocando algum suporte debaixo dos
ombros, tendo a preocupação de não provocar a hiperextensão do pescoço.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 121/262
Se o neonato estiver muito flácido também poderá ser necessária a elevação do queixo
ou protusão da mandíbula.
3. Ventilação
Se o neonato não estiver a respirar adequadamente passados 90 segundos do
nascimento, efectuar 5 insuflações. Até este momento, os pulmões do neonato
estiveram cheios de líquido. A entrada de ar nos pulmões nestas circunstâncias
poderá requerer pressões positivas, de cerca de 30cm de água, aplicada em cada
uma das 5 insuflações durante não mais de 2-3 segundos.
Se a frequência estivesse abaixo dos 100 batimentos por minuto inicialmente, então
ela deverá subir rapidamente conforme o sangue oxigenado chega ao coração. Se a
frequência cardíaca aumentar, poderemos assumir que os pulmões foram
adequadamente insuflados. Se a frequência cardíaca aumentar mas o neonato não
iniciar ventilação espontânea, deve-se continuar uma ventilação suave com uma
frequência de 30-40 por minuto, até que inicie ventilação espontânea.
Se a frequência cardíaca não aumentar após a ventilação artificial, então os
pulmões não estão a ser insuflados correctamente ou o neonato necessita de mais
do que estas intervenções. O mais provável de ter acontecido é uma falha na
eficácia da insuflação dos pulmões.
É importante saber:
1. A cabeça do neonato está em posição neutra?
2. É necessária protusão da mandíbula?
3. É necessário um maior tempo de insuflação?
4. É necessário o apoio duma segunda pessoa na permeabilização da via
aérea?
5. Existe alguma obstrução na orofaringe?
6. Deverá ser utilizado um tubo orofaríngeo?
Confirme que a cabeça está em posição neutra, que a pressão e o tempo de insuflação
são os correctos e que o tórax expande a cada insuflação. Se mesmo assim o tórax não
expandir, peça ajuda na permeabilização da via aérea e considere a obstrução da
orofarínge.
Se a frequência cardíaca se mantiver lenta (menos de 60 min.) ou ausente após as 5
insuflações iniciais, independentemente de uma boa expansão torácica, inicie
compressões torácicas.
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4. Compressões Torácicas
Quase todos os neonatos a necessitar de ajuda ao nascimento responderão à insuflação
pulmonar eficaz com um aumento da frequência cardíaca seguida rapidamente por ventilação
normal. Porém, alguns casos muito raros poderão necessitar de compressões torácicas.
As compressões torácicas apenas deverão ser iniciadas quando houver a garantia de
eficaz ventilação.
Nos neonatos, a forma mais eficaz de efectuar compressões torácicas é abranger o
tórax com ambas as mãos, de forma que os 2 polegares possam efectuar pressão no
terço inferior do esterno, imediatamente abaixo de uma linha imaginária intermamilar.
O tórax deve ser comprimido de forma rápida e firme, deprimindo o tórax cerca de um
terço do seu diâmetro antero-posterior.
A relação compressões/insuflações no neonato é de 3:1.
As compressões torácicas deslocam o sangue oxigenado dos pulmões para o coração.
Permita tempo suficiente durante a fase de descompressão para que o coração se
reencha de sangue. Assegure-se que o tórax expande a cada ventilação.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 123/262
ALGORITMO DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA EM NEONATOLOGIA
Capítulo 4. Esquema 5 - Algoritmo de SBV em Neonatologia
Apneia ou FC <100 min.
FC <60 min.
FC <60 min.
Avaliar respiração, frequência
cardíaca, coloração e tónus
Ventilar com pressão positiva
Assegurar insuflação pulmonar eficaz
e depois iniciar compressões
torácicas
Assegurar SAV
NASCIMENTO
Gestação de termo?
Ausência de líquido amniótico?
Respira ou chora?
Bom tónus muscular?
Cuidados de rotina
Aquecer
Secar
Permeabilizar a via aérea
Avaliar coloração
Aquecer
Permeabilizar a via aérea
Secar, estimular
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124/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
7.4. Obstrução da Via Aérea na Idade Pediátrica
Ao contrário do que acontece no adulto, a obstrução da via aérea nas crianças é uma
situação mais frequente.
A maioria das situações de obstrução da via aérea nas crianças ocorre durante a alimentação
ou quando as crianças estão a brincar com objectos de pequenas dimensões. Muitas vezes
são situações presenciadas pelo que o socorro pode ser iniciado de imediato, ainda com a
vítima consciente.
Na criança, a obstrução da via aérea por corpo estranho manifesta-se por dificuldade
respiratória de início súbito, com tosse e estridor. Estes mesmos sinais também podem surgir
na obstrução da via aérea por infecção ou inflamação como na epiglotite mas o seu início é
habitualmente menos abrupto e acompanhado por febre. Nestas situações não está indicado
proceder a manobras de desobstrução da via aérea.
Deve-se suspeitar de obstrução da via aérea:
Se a alteração do estado da criança for muito súbita;
Se não existirem outros sinais de doença;
Se existir história de a criança ter comido ou brincado com objectos de pequenas
dimensões imediatamente antes do início dos sintomas.
Se a obstrução é parcial a criança tosse, consegue falar ou chorar, faz algum ruído a respirar
e pode estar agitada. Neste caso, desde que a criança consiga tossir não deve interferir,
encorajando-a apenas a continuar a tossir.
Quando a obstrução é total a criança não consegue tossir, falar ou chorar e não se ouve
qualquer ruído respiratório. Pode inicialmente manter-se reactiva ou ficar inconsciente.
Na obstrução total da via aérea é necessário actuar rapidamente, caso contrário, em poucos
minutos a PCR será inevitável.
Várias técnicas e várias sequências de actuação têm sido defendidas em relação à
desobstrução da via aérea nas crianças, sendo difícil provar o benefício indiscutível de umas
sobre as outras.
Nos lactentes podem ser utilizadas pancadas interescapulares e compressões
torácicas.
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 125/262
Nas crianças com mais de 1 ano são usadas pancadas interescapulares e compressões
abdominais.
As compressões abdominais estão contra-indicadas nos lactentes com menos de 1 ano pelo perigo de causarem lesões nos órgãos intra-abdominais.
O objectivo de qualquer das manobras recomendadas é provocar um aumento súbito da
pressão intratorácica que funcione como uma “tosse artificial” e desobstrua a via aérea.
7.4.1 Sequência de Actuação para Desobstrução da Via Aérea no Lactente
Consciente:
1. Segure o lactente em decúbito ventral com a cabeça mais baixa que o resto do
corpo, suportando a cabeça com uma mão e apoiando o tórax no antebraço e / ou
na coxa (neste último caso deverá estar sentado);
2. Aplique pancadas interescapulares (nas costas, entre as duas omoplatas) com o
bordo da mão, usando uma força adequada ao tamanho da criança para tentar
remover o corpo estranho. Se necessário, aplicar até um total de 5 pancadas
interescapulares;
Capítulo 4. Figura 83 - Pancadas interescapulares no lactente.
3. Se não conseguir deslocar o objecto e remover o corpo estranho, passe à
aplicação de compressões torácicas;
4. Com uma mão, segure a cabeça do lactente na região occipital e rode-o em bloco,
para que este fique em decúbito dorsal sobre o outro antebraço. Mantenha a
cabeça a um nível inferior ao do resto do corpo;
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126/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
Capítulo 4. Figura 84 - Compressões torácicas no lactente.
5. Faça compressões torácicas tal como explicado na técnica de compressões
torácicas com 2 dedos mas mais lentas (frequência aproximada de 20 / minuto) e
abruptas com o objectivo de deslocar o corpo estranho;
6. Faça até 5 compressões, se necessário, para tentar desobstruir a via aérea;
7. Após as 5 compressões torácicas inspeccione a cavidade oral, removendo algum
objecto apenas se for visível;
8. Repita sequências de 5 pancadas interescapulares / 5 compressões torácicas até
a obstrução ser resolvida ou o lactente ficar inconsciente.
7.4.2. Sequência de Actuação para Desobstrução da Via Aérea na Criança
Consciente
1. Se a criança consegue respirar e tossir deve apenas encorajá-la a tossir;
2. Se a tosse for ineficaz ou a criança desenvolver dificuldade respiratória marcada é
necessário actuar rapidamente. Grite imediatamente por ajuda e avalie o estado de
consciência da criança;
3. Aplique pancadas interescapulares, até um total de 5 (se necessário);
4. Se a obstrução persiste, efectue compressões abdominais – manobra de Heimlich,
até 5 tentativas;
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TAT.01.10 Suporte Básico de Vida 127/262
Capítulo 4. Figura 85 - Pancadas inter-escapulares e compressões abdominais na criança.
5. Verifique se houve saída do corpo estranho;
6. Repita a sequência anteriormente descrita até resolução da obstrução ou até a
criança ficar inconsciente.
No latente ou na criança, enquanto não ocorrer a resolução e se mantiver consciente, a
sequência deve ser mantida sem que se abandone a vítima. No entanto deve-se tentar gritar
por ajuda, ou enviar alguém para pedir ajuda se ainda não foi feito.
No latente ou na criança, se a obstrução for resolvida, com a expulsão do corpo estranho,
deve ser feita uma avaliação do estado da vítima. É possível que parte do corpo estranho que
causou a obstrução ainda permaneça no tracto respiratório. Se existir qualquer dúvida, deve
ser procurada ajuda médica.
A aplicação em crianças da manobra de Heimlich requer que o reanimador se coloque de
joelhos atrás da vítima em vez de permanecer de pé ou que coloque a criança em cima de um
objecto (ex.: uma caixa ou uma cadeira) e a força a aplicar tem de ser adequada ao seu
tamanho.
As compressões abdominais poderão, eventualmente, causar lesões internas. Assim, quando
tiverem sido efectuadas, as crianças tratadas devem ser examinadas por um médico.
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128/262 Suporte Básico de Vida TAT.01.10
7.4.3 Sequência de Actuação para Desobstrução da Via Aérea no Lactente ou na Criança
Inconsciente
Coloque o latente ou a criança sobre uma superfície plana e dura.
1. Grite por ajuda e, se possível, envie alguém para pedir ajuda;
2. Não abandone a vítima neste momento;
3. Verifique a existência de algum corpo estranho na boca e se for visível remova-o;
4. Não tente efectuar a manobra digital para retirar o corpo estranho se este não
estiver visível, nem repita este procedimento continuamente;
5. Tente efectuar 5 ventilações verificando a eficácia de cada ventilação; se a
ventilação não promover a expansão torácica, reposicione a cabeça antes de nova
tentativa;
6. Inicie SBV (compressões torácicas);
7. Ao fim de 1 minuto (5 ciclos de 15:2 ou 3 ciclos de 30:2), se ainda estiver sozinho
deve activar o sistema de emergência médica;
8. Pesquise a cavidade oral antes de tentar efectuar as insuflações;
9. Se for observado um corpo estranho, deve tentar removê-lo através da manobra
digital.
No latente ou na criança, sempre que parecer que a obstrução foi resolvida, deve ser
permeabilizada a via aérea como anteriormente referenciado e avaliar a ventilação.
Se continuar sem respirar normalmente, fazer novamente 5 ventilações e reiniciar o algoritmo
de SBV.
Se a criança recuperar consciência e a sua respiração se tornar eficaz, deverá ser colocada na
posição de recuperação, monitorizando continuamente o nível de consciência e a respiração
até à chegada da ajuda diferenciada.
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TAT.01.10 Oxigenoterapia 129/262
CAPÍTULO 5 - OXIGENOTERAPIA
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de:
1. Descrever as indicações de oxigenoterapia;
2. Descrever as precauções a ter no manuseamento e na administração de oxigénio;
3. Calcular a capacidade das garrafas de oxigénio
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
130/262 Oxigenoterapia TAT.01.10
1. INTRODUÇÃO
O oxigénio é vital para a vida. Todas as células do corpo humano necessitam,
ininterruptamente, deste gás para efectuar os seus processos metabólicos de forma adequada.
Nenhuma célula consegue sobreviver muito tempo sem oxigénio. Neste aspecto, as células do
cérebro e do coração são particularmente sensíveis à sua falta e, uma vez mortas, não são
substituídas, tornando-se a sua perda irreversível.
O ar ambiente é composto por vários gases, com o oxigénio a existir numa percentagem de
apenas cerca de 21 % (esta percentagem verifica-se ao nível do mar e diminui com a altitude).
Após cada inspiração, dos 21 % de O2 do ar ambiente que atinge os alvéolos pulmonares, só
parte passará para a corrente sanguínea, em função das necessidades do organismo
existentes na altura. No entanto, existem situações em que o indivíduo não consegue inspirar a
quantidade necessária e suficiente de oxigénio, colocando em risco a sua própria vida.
É fundamental que o tripulante saiba reconhecer as situações em que está indicada a
administração de O2 e efectuá-la de forma correcta. Assim, a oxigenoterapia é, como o próprio
nome indica, uma terapêutica efectuada com oxigénio. Como qualquer tratamento, requer
cuidados específicos.
2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NA ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÉNIO
Perante os objectivos atrás descritos e antes de administrar oxigénio, o tripulante terá que ter
em conta vários aspectos importantes:
Quando deve administrar oxigénio à vítima?
Como administrar oxigénio?
Que quantidade de oxigénio administrar (débito)?
Que cuidados a ter com a vítima durante a administração de oxigénio?
Que cuidados a ter com o material durante a administração de oxigénio?
Qual a quantidade (volume) de oxigénio que se encontra na garrafa e mediante
determinado débito, para quanto tempo dispõe de oxigénio?
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Oxigenoterapia 131/262
2.1. Quando Administrar Oxigénio?
A administração de oxigénio está indicada nas seguintes situações:
Alterações do estado de consciência. Quando o cérebro não é oxigenado
correctamente, vão surgir alterações do estado de consciência, podendo a vítima
apresentar-se confusa, desorientada ou mesmo inconsciente;
Alterações da ventilação. Ventilação rápida e superficial ou difícil. Uma ventilação
deste tipo não permite que as trocas gasosas se processem de forma eficaz;
Alterações do pulso. O coração efectua o ‘bombeamento’ contínuo do sangue para
todas as partes do corpo. No entanto, se o coração apresentar alguma alteração, o
sangue pode não chegar aos vários órgãos em quantidade suficiente para garantir
um fornecimento de oxigénio adequado;
Quando do aparecimento de cianose. Este sinal traduz a existência de um défice de
oxigénio no sangue;
Dor torácica. A dor pode aparecer por diversos motivos (enfarte, distensão
muscular, etc.) mas, só por si, pode impedir a vítima de respirar livremente.
Quando a vítima apresente sinais de hipovolemia;
Politraumatizados;
Hemorragias. Uma vez que o oxigénio é transportado pelo sangue, a perda deste
leva, inevitavelmente, à diminuição do oxigénio nos órgãos.
2.2. Como Administrar Oxigénio?
Para a administração de oxigénio existem diversos tipos de equipamentos e técnicas.
Por insuflação
Quando a vítima já não consegue ventilar por si própria, é necessário ‘forçar’ a entrada de
oxigénio para os seus pulmões. Assim, o método de insuflação é utilizado sempre que é
necessário ventilar artificialmente uma vítima.
Por inalação
Este método é utilizado sempre que a vítima apresente dificuldade em manter uma
ventilação eficaz, embora ainda ventile por si.
Neste capítulo iremos abordar basicamente os recursos para administração de oxigénio por
inalação.
De acordo com a legislação em vigor, a ambulância deve estar equipada com sistemas e
equipamentos de oxigenoterapia, devendo existir um portátil e um fixo.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
132/262 Oxigenoterapia TAT.01.10
O equipamento portátil destina-se a ser utilizado essencialmente no local, durante o transporte
do local para a ambulância e da ambulância para a unidade de saúde.
O equipamento fixo destina-se a ser utilizado durante o transporte da vítima para a unidade de
saúde.
Fundamentalmente, existem dois dispositivos importantes a considerar para a administração
de O2 por inalação:
1. Cânula nasal (óculos nasais);
2. Máscara simples.
Capitulo 5. Figura 86 - Dispositivos para administração de oxigénio por inalação.
Na utilização da cânula nasal, as concentrações de oxigénio obtidas são mais baixas que na
máscara simples. No entanto, convém referir que a cânula nasal é de fácil colocação e pouco
traumatizante para a vítima (consciente).
A máscara, por seu lado, possibilita também uma colocação fácil e permite concentrações de
oxigénio mais elevadas que a cânula nasal, uma vez que abrange a face da vítima ao mesmo
tempo (boca e nariz).
Cânula Nasal
Também conhecida por ‘óculos nasais’, devido à sua forma de colocação, é um método de
administração de oxigénio de baixo débito e baixas concentrações, muito utilizado em
situações de emergência.
Cânulas Nasais Máscara Simples
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Oxigenoterapia 133/262
A sua colocação é de grande facilidade e de maior comodidade para a vítima. Antes de
colocar a cânula nasal, o tripulante deve ter a preocupação de acalmar e esclarecer a
vítima em relação ao seu procedimento, e manter uma atitude calma e segura.
Como colocar a cânula nasal:
1. Alargue o laço da cânula deslizando a corrediça;
2. Coloque cada uma das extremidades da cânula numa narina;
3. Passe cada um dos ramos da cânula por detrás dos pavilhões auriculares da vítima;
4. Ajuste a cânula à região submaxilar mas mantenha-a folgada;
5. Mantenha a vigilância dos sinais vitais, em especial da ventilação.
Máscara Simples
A máscara simples é constituída por uma matéria plástica, transparente e maleável, com o
formato da face, permitindo assim uma aplicação e adaptação fácil. Tem ainda orifícios
para exalação do ar expirado (em alguns tipos de máscaras existem mesmo válvulas de
escape). O fornecimento de oxigénio é feito através do tudo de conexão que vem
directamente do debitómetro.
A máscara é mais eficaz pelo facto de permitir uma maior inalação e concentração de
oxigénio pois, como já foi mencionado, abrange tanto o nariz como a boca. O facto de ser
transparente possibilita ao tripulante aperceber-se da existência de vómito ou secreções na
boca da vítima, bem como de indícios de cianose labial.
Para a aplicação da máscara proceda da seguinte forma:
1. Acalme a vítima e explique-lhe o que vai fazer. Se esta recusar a sua aplicação não
force e escolha outro meio para a administração de oxigénio;
2. Conecte a máscara ao debitómetro, através do tubo de conexão;
3. Adapte a máscara à face da vítima, colocando em primeiro lugar a parte mais estreita
da máscara na parte superior do nariz e, só depois, adaptando a parte restante à face.
A boca e o nariz deverão ficar totalmente cobertos pela máscara;
4. Exerça uma ligeira pressão sobre a máscara, de modo a evitar fugas de oxigénio
durante a sua administração. Fixe-a com o respectivo elástico;
5. Se a vítima não tolerar a máscara, não argumente ou insista. Peça então a sua
colaboração para que apenas segure e mantenha a máscara o mais próximo possível
da face, recebendo, deste modo, o ar enriquecido em oxigénio (em especial nas
crianças);
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
134/262 Oxigenoterapia TAT.01.10
6. Mantenha a vigilância dos sinais vitais, em especial da ventilação.
Se a vítima recusar a máscara, tente outro meio.
Tenha em atenção um possível vómito.
2.3. Que quantidade de Oxigénio administrar?
O tripulante da ambulância de transporte irá usar a única regra que se generalizará para as
situações abaixo referidas, independentemente do método de administração a utilizar.
Assim, perante situações de:
Paragem ventilatória;
Paragem cardio-respiratória;
Intoxicações graves com dificuldade ventilatória (por organofosforados, monóxido de
carbono ou fumos);
Vítimas com sinais de hipovolemia;
Politraumatizados.
Administre oxigénio a 15 litros / minuto.
Em todas as outras situações:
Administre oxigénio a 3 litros / minuto.
Se o doente faz oxigénio no domicílio, mantenha o mesmo débito durante o transporte, dando
também esta informação ao médico na unidade de saúde. Se houver indicação médica
diferente, cumpra sempre essa prescrição.
Salvo indicação médica, na fase pré-hospitalar, o oxigénio não deve ser humidificado.
Quando estiver perante uma situação de intoxicação por Paraquato (Gramoxone®), NÃO administre oxigénio.
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TAT.01.10 Oxigenoterapia 135/262
Em resumo:
QUANTIDADE DE OXIGÉNIO A ADMINISTRAR
Em situações de paragem ventilatória, paragem cardio-respiratória e intoxicações graves: 15 litros / minuto;
Em todas as outras situações: 3 litros / minuto;
Se a vítima faz O2 no domicílio: manter o mesmo débito;
Alterações às quantidade indicadas somente por indicação médica;
Não humidificar o O2 na fase pré-hospitalar;
Não administrar O2 numa vítima intoxicada com Paraquato.
2.4. Regras de segurança para o manuseamento de equipamentos de administração de
Oxigénio
Os cuidados a ter com a administração de oxigénio, serão divididos em duas partes:
Em relação à vitima;
Em relação ao material.
2.4.1. Em Relação à Vítima:
Acalme a vítima, explicando sempre o que irá fazer. A colaboração da vítima é muito
importante quando o tripulante está a administrar oxigénio. Assim, sempre que possível,
solicite a sua colaboração,
Adapte o equipamento com cuidado e suavemente;
Observe constantemente o sistema de administração de oxigénio, bem como a sua
eficácia;
Avalie e registe os sinais vitais com frequência e esteja atento a alterações dos sinais e
sintomas.
2.4.2. Em Relação ao Material:
Verifique se o sistema de oxigénio está preparado;
Não fume ou faça lume na célula sanitária. Além de ser proibido por lei, o oxigénio é
explosivo e comburente (alimenta as combustões). Embora o oxigénio em
concentrações elevadas apresente um odor característico, uma fuga pode passar
despercebida;
Não utilize qualquer tipo de gordura nem lubrifique o material. O oxigénio em contacto
com gorduras é altamente explosivo;
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136/262 Oxigenoterapia TAT.01.10
Utilize sempre material esterilizado (incluindo todos os meios de administração e os
tubos de conexão à fonte de oxigénio) e manipule-o com bastante cuidado;
Procure manter sempre seco e limpo todo o sistema, nomeadamente o debitómetro e o
copo humidificador (se existir),
Antes de colocar na vítima qualquer tipo de material para administração de oxigénio,
verifique e prepare antecipadamente todo o sistema de oxigénio, seguindo a sequência:
1. Abra a torneira da garrafa;
2. Observe a pressão no manómetro;
Capitulo 5. Figura 87 - Manómetro. Neste exemplo, a pressão da garrafa é de 200 bar.
3. Abra a torneira do debitómetro durante alguns segundos e a seguir feche-a
novamente (o sistema está purgado);
4. Conecte o equipamento de administração de oxigénio à fonte de oxigénio e adapte-
o à vítima;
5. Abra a torneira do debitómetro com bastante suavidade até que a quantidade
indicada para a situação seja atingida;
Capitulo 5. Figura 88 - Debitómetro. Neste exemplo, o débito é de 3 litros / minuto.
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TAT.01.10 Oxigenoterapia 137/262
Depois de utilizar o sistema de oxigénio e colocar no recipiente adequado o tubo de
conexão e o sistema de inalação, efectue a seguinte sequência:
1. Feche a torneira do debitómetro e verifique qual a pressão de oxigénio existente
ainda na garrafa de oxigénio, indicada no manómetro;
2. Feche a torneira da garrafa;
3. Abra a torneira do debitómetro durante algum tempo, até sair todo o oxigénio
existente na tubagem do sistema.
2.5. Regras de cálculo do tempo disponível nas Garrafas de Oxigénio
A falta de oxigénio durante o transporte de um doente é um acontecimento que pode ter
consequências extremamente graves. Para evitar esta situação, é necessário que o tripulante
verifique e calcule se a quantidade de oxigénio é suficiente.
Todas as garrafas de oxigénio possuem na sua face superior (coroa da garrafa) a inscrição da
capacidade da garrafa em litros (vazia).
Para proceder ao cálculo do tempo de que dispõe, é necessário identificar os seguintes
parâmetros:
C - Capacidade (litros) da garrafa vazia, inscrita na parte superior da garrafa;
P - Pressão (bar) a que se encontra o oxigénio no momento da verificação, indicada pelo
manómetro;
D - Débito (litros / minuto) de oxigénio que está a ser administrado à vítima.
Utilizando os dados referidos anteriormente, aplique a seguinte fórmula:
MINUTOS DISPONÍVEIS = CAPACIDADE x PRESSÃO
DÉBITO A ADMINISTRAR
Exemplo:
Capacidade da garrafa (em litros) = 15 litros
Pressão de oxigénio da garrafa (em bar) = 200 bar
Débito de oxigénio pretendido = 15 litros / minuto
MINUTOS DISPONÍVEIS = Capacidade x Pressão
= 3.000
= 200 minutos Débito a administrar 15
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138/262 Oxigenoterapia TAT.01.10
As margens de segurança
Para compensar as possíveis perdas de oxigénio que possam existir e também para facilitar os
cálculos, aplique os seguintes valores no campo referente ao débito utilizado:
Se administrar oxigénio a 3 litros / minuto, execute os cálculos utilizando 10 como o
valor do débito;
Se administrar oxigénio a 15 litros / minuto, execute os cálculos utilizando 20 como o
valor do débito.
Exemplos:
Se transporta um doente com dificuldade respiratória e estiver a utilizar uma garrafa de 15 litros
e esta se encontrar a 200 bar de pressão, a fórmula a aplicar é a seguinte:
MINUTOS DISPONÍVEIS = 15 x 200
= 300 minutos (5 horas) 10
Se transportar uma vítima em paragem ventilatória, utilizando a mesma garrafa referida
anteriormente, os valores a utilizar na fórmula são os seguintes:
MINUTOS DISPONÍVEIS = 15 x 200
= 150 minutos (2,5 horas) 20
Segundo a legislação em vigor, as garrafas de oxigénio devem ser sujeitas a prova hidráulica de cinco em cinco anos.
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CAPÍTULO 6 - HEMORRAGIAS
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de:
1. Classificar as hemorragias em relação à origem;
2. Descrever os tipos de hemorragias;
3. Descrever os métodos de controlo de uma hemorragia externa;
4. Descrever a importância de hemorragias internas.
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1. INTRODUÇÃO
Sempre que o sangue sai do espaço vascular estamos perante uma hemorragia.
As hemorragias sendo uma emergência necessitam de um socorro rápido e imediato. É
imperioso que a equipa de socorro actue de forma pronta e eficaz.
A perda de grande quantidade de sangue é uma situação perigosa que pode rapidamente
causar a morte.
A paragem respiratória e a paragem cardíaca são as únicas situações que terão prioridade
sobre esta. Contudo, a paragem respiratória e a existência de uma hemorragia abundante são
ambas de tão grande importância que, sempre que seja possível, um elemento deverá socorrer
a paragem respiratória enquanto outro elemento prestará cuidados à hemorragia. Regra geral a
abordagem na avaliação e tratamento segue a sequência ABCDE.
Um adulto com 75 Kg de peso tem cerca de 5,5 litros de sangue. A perda de 1 litro de sangue
no adulto, de 0,5 litro na criança ou de 25 a 30 ml num recém-nascido pode levar rapidamente
ao choque.
A gravidade da hemorragia depende de vários factores, como o tipo de vaso atingido (artéria,
veia, capilar), da sua localização e do seu calibre. O corte do principal vaso sanguíneo do
pescoço, braço ou coxa pode causar uma hemorragia tão abundante que a morte pode surgir
nos primeiros três minutos.
2. CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS EM RELAÇÃO À ORIGEM
Hemorragia Arterial
Resulta do rompimento de uma artéria. O sangue é vermelho vivo e sai em jacto, a cada
contracção do coração. É uma hemorragia muito abundante e de difícil controlo.
Hemorragia Venosa
Resulta do rompimento de uma veia. O sangue é vermelho escuro e sai de forma
regular, embora possa ser abundante. Não sendo tão dramática como a arterial, poderá
ser fatal se não for detectada a tempo. Normalmente é mais fácil de controlar.
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Hemorragia Capilar
Ocorre devido à ruptura de minúsculos vasos capilares provocada por uma ferida. Esta
hemorragia é de fácil controlo, podendo parar espontaneamente.
Capítulo 6. Figura 89 - Diferentes tipos de hemorragias, conforme a origem.
3. CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS EM RELAÇÃO À LOCALIZAÇÃO
Hemorragias Externas
As hemorragias externas implicam feridas na pele, podem ser observadas e são
facilmente reconhecidas.
Hemorragias Internas
As hemorragias internas implicam saída de sangue dos vasos para o interior do
organismo. O reconhecimento e identificação tornam-se mais difíceis. Este tipo de
hemorragias pode ocorrer devido a situações de trauma ou de doença.
Por sua vez as hemorragias internas são ainda divididas em:
Visíveis
Quando o sangue acaba por se exteriorizar por orifícios naturais do corpo (boca, nariz,
ouvidos, ânus, vagina, etc.).
Invisíveis
Quando não há saída de sangue para o exterior. Suspeitamos da hemorragia interna
em função dos mecanismos de lesão e dos sinais e sintomas que a vítima apresente.
3.1. Importância das Hemorragias Internas:
A hemorragia interna pode ser grave e levar à morte sem que exista perda de sangue visível,
ou ser visível apenas em pequena quantidade acumulando-se o sangue no interior do
organismo. O controlo destas hemorragias muitas vezes só pode ser feito no hospital.
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142/262 Hemorragias TAT.01.10
Por isso devemos suspeitar de hemorragia interna sempre que esteja presente uma destas
situações:
Quando o mecanismo de lesão possa ter provocado um impacto forte ao nível do
abdómen ou tórax;
Quedas de altura superior à do corpo da vítima;
Feridas penetrantes provocadas por armas de fogo ou armas brancas (pistolas, facas,
navalhas, etc.);
Politraumatizados graves, com suspeita de fracturas (por exemplo uma fractura do
fémur pode provocar rapidamente uma perda de um litro ou mais de sangue);
Quando o doente refere história de úlcera gástrica e/ou duodenal ou de aneurismas;
Vómito com sangue ou tipo borra de café.
4. SINAIS E SINTOMAS DAS HEMORRAGIAS
A vítima poderá apresentar os sinais e sintomas abaixo descritos podendo, no entanto, só
estarem presentes alguns deles:
Saída evidente de sangue (nas hemorragias externas ou internas visíveis);
Ventilação rápida e superficial;
Pulso rápido e fino;
Pele pálida e suada;
Hipotermia (pele fria);
Mal-estar geral e diminuição da força muscular;
Sede;
Ansiedade e agitação;
Inconsciência.
5. CUIDADOS DE EMERGÊNCIA
5.1. Métodos de Controlo das Hemorragias Externas
Como as hemorragias podem representar risco imediato para a vida da vítima, há necessidade
de actuar com rapidez e eficácia. Para o seu controlo existem três métodos: pressão directa
(compressão manual directa), pressão indirecta (compressão digital à distância) e garrote.
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TAT.01.10 Hemorragias 143/262
Pressão Directa
Também designada por compressão manual directa, é o método escolhido na maioria das
situações de hemorragia externa. Como proceder:
1. Comprima o local com uma compressa esterilizada;
2. Se necessário, coloque outras compressas por cima. Se estas ficarem ensopadas em
sangue, substitua-as, mas nunca retire as primeiras compressas que colocou;
3. Passe uma ligadura de modo a segurar as compressas e mantenha a pressão.
Utilize a técnica da pressão indirecta quando não for possível efectuar a pressão directa.
Pressão Indirecta
Também designada por compressão digital à distância, consiste em efectuar pressão com os
dedos nos pontos de compressão das artérias, isto é, na raiz dos membros, onde a artéria
passa junto ao osso. Ao comprimi-la impede a passagem do sangue para o membro afectado.
Esta técnica só pode ser utilizada para controlar hemorragias nos membros.
Garrote
O garrote só deve ser utilizado como último recurso, devido às lesões que provoca nos tecidos.
O garrote aplica-se quando todos os outros métodos falharem ou quando existe amputação ou
destruição de um membro e a hemorragia se mantém activa. Quando o aplicar deve retirar a
roupa do membro, não esquecendo que, uma vez aplicado, não deve ser aliviado. Por
questões de segurança deverá deixar sempre o membro garrotado bem à vista e registar a
hora da garrotagem. O material a utilizar na garrotagem tem de ser uma faixa de tecido não
elástico e sempre largo.
Além dos métodos anteriormente referidos, pode-se obter maior eficácia no controlo das
hemorragias se forem associados métodos auxiliares:
Elevação do Membro
Nas feridas ou lesões de um membro, além de aplicar uma ou mais compressas sob
pressão, deve elevar o membro, caso não exista outra lesão associada. A força da
gravidade contraria a corrente sanguínea e a manutenção do membro elevado acima do
nível do coração, ajuda a parar a hemorragia.
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Imobilização
A imobilização da zona afectada reduz a hemorragia e facilita os mecanismos de
reparação das lesões vasculares.
A técnica da pressão directa não poderá ser utilizada quando a hemorragia está associada a uma fractura ou se no local da hemorragia existirem objectos empalados (objectos estranhos como facas, vidros, ferros, etc.).
Neste caso, aplique outra das técnicas de controlo de hemorragias.
5.2. Outras Medidas de Actuação
A perda de grande quantidade de sangue pode levar a situações graves com risco de vida.
Para além das medidas anteriormente referidas deve:
1. Manter a permeabilidade das vias aéreas;
2. Administrar oxigénio a 15 litros/minuto;
3. Não dar nada a beber;
4. Manter a temperatura corporal.
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CAPÍTULO 7 - HIPOVOLEMIA
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de:
1. Relacionar hemorragia com a diminuição do volume sanguíneo;
2. Descrever as etapas de actuação em situação de hipovolemia.
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1. INTRODUÇÃO
Por hipovolemia entende-se a diminuição da quantidade de sangue em circulação.
Numa primeira fase, o organismo reage à diminuição do volume de sangue com vários
mecanismos de compensação, cujo objectivo é o de manter o fornecimento de sangue e
oxigénio aos órgãos mais sensíveis à sua diminuição, tais como o cérebro e o coração.
Frequentemente, esta situação é detectada tardiamente quando os mecanismos de
compensação já não são capazes de dar resposta, numa fase em que a morte pode ocorrer
em pouco tempo. Por esta razão, quanto mais prontamente se quebrar a reacção em cadeia
efectuando um socorro rápido e eficaz, menos lesões resultarão para a vítima.
2. CAUSAS DE HIPOVOLEMIA
A hipovolemia é a diminuição do volume de sangue circulante.
Causas da instalação de hipovolemia:
Perda de sangue por hemorragia interna ou externa;
Perda de plasma sanguíneo, por infiltração nos tecidos, no local das queimaduras,
contusões ou esmagamentos;
Perda de líquidos por vómitos repetidos, diarreia ou outras perturbações intestinais
(sobretudo nas crianças) ou ainda por febre alta, suportada. Esta perda desidrata o
corpo, diminui o volume de líquidos e, por consequência, o volume de sangue existente
em circulação.
3. SINAIS E SINTOMAS DE HIPOVOLEMIA
A hipovolemia deverá ser presumida e prevenida em todos os acidentados que tenham
hemorragias graves, lesões por esmagamento, fracturas (nomeadamente do fémur e/ou bacia),
amputações, feridas graves ou queimaduras extensas.
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Os sinais e sintomas da hipovolemia são vários e nem sempre aparecem em todos os casos.
A avaliação da extensão e gravidade das lesões é mais importante que qualquer sinal ou
sintoma em particular.
O mais importante é suspeitar, prevenir e socorrer antes dos sintomas surgirem. As vítimas
com hipovolemia podem perder elevada quantidade de sangue sem apresentarem sinais ou
sintomas significativos.
Os sinais e sintomas de hipovolemia que devem ser detectados pelo tripulante são:
Alterações do estado de consciência;
Numa fase inicial a vítima pode apresentar-se lúcida. Com o evoluir da situação,
começa a apresentar modificações do estado de consciência cada vez maiores, com
desorientação, alterações do comportamento e agitação, podendo tornar-se pouco ou
nada colaborante. Numa fase mais adiantada, a vítima fica progressivamente mais
apática e, eventualmente, acaba por ficar inconsciente.
Ventilação rápida e superficial;
A ventilação torna-se progressivamente mais rápida, superficial e irregular.
Pulso rápido e fino;
O pulso tende a ficar rápido, fino e difícil de palpar em pulsos periféricos. Nos casos
mais graves, pode mesmo ficar irregular e ser apenas palpável em artérias centrais.
Alteração da coloração da pele;
A pele apresenta-se pálida, essencialmente a nível das extremidades (lábios, lóbulos
das orelhas e nos dedos).
Alterações da temperatura e humidade da pele;
A pele fica fria e viscosa devido à vasoconstrição. Podem aparecer suores frios.
Náuseas e vómitos;
Por vezes, a vítima apresenta náuseas (sensação de vómito) e vómitos.
Sede e secura das mucosas.
Frequentemente a vítima refere sede e secura das mucosas da boca, lábios e língua.
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4. CUIDADOS DE EMERGÊNCIA
Os seguintes cuidados de emergência deverão ser aplicados a todas as vítima de hipovolemia:
1. Combater a causa;
Controle possíveis hemorragias, imobilize fracturas, alivie a dor nas queimaduras e
limpe e cubra todas as feridas.
2. Manter a permeabilidade das vias aéreas;
3. Administrar oxigénio;
4. Posicionar a vítima;
A posição ideal para uma vítima com hipovolemia é a posição de decúbito dorsal com
elevação dos membros inferiores a cerca de 30º. Assim, pela força da gravidade,
aumenta o afluxo de sangue aos órgãos nobres. No entanto é necessário ter o bom
senso de não colocar a vítima nesta posição se agravar o seu estado.
5. Manter a temperatura corporal;
Utilize uma manta isotérmica e tape a vítima por baixo e por cima. Dispa-a das roupas
húmidas para evitar descidas de temperatura acentuada. Não utilize meios artificiais de
aquecimento (botijas de água quente, cobertores eléctricos ou outros), pois podem
causar vasodilatação periférica o que diminui a perfusão nos órgãos nobres, podendo
ainda causar queimaduras.
6. Não dar nada a beber;
Apesar da vítima poder referir muita sede, não deve ser dado nenhum líquido a beber.
Pode ajudar humedecendo os lábios e a língua com uma compressa embebida em
água.
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TAT.01.10 Traumatologia 149/262
CAPÍTULO 8 - TRAUMATOLOGIA
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de:
1. Descrever os mecanismos de trauma;
2. Listar e descrever as medidas de protecção da equipa, vítima e outros intervenientes.
3. Classificar o tipo de lesões dos tecidos moles;
4. Listar os mecanismos de lesão e agentes mais frequentemente responsáveis por
queimaduras;
5. Descrever as medidas de emergência a efectuar em situações de trauma dos tecidos
moles.
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150/262 Traumatologia TAT.01.10
1. INTRODUÇÃO
O trauma acontece quando o corpo sofre a acção súbita de uma energia cinética (movimento),
térmica (calor) ou eléctrica.
Um dos mecanismos mais frequentes de trauma resulta da absorção por parte do corpo de
energia cinética, ou seja, a energia mecânica inerente aos corpos em movimento.
O corpo pode receber uma certa quantidade de energia sem sofrer danos. Os tecidos moles
podem romper ou deformar na presença de pequenos traumatismos mas tecidos mais
consistentes, como o osso, resistem a forças de maior intensidade. Determinadas áreas, como
o cérebro, a espinal medula e os olhos, bem como os pequenos vasos sanguíneos, são
especialmente vulneráveis a pequenas forças.
Além da energia cinética envolvida no trauma é importante conhecer a região anatómica que
sofreu o impacto para assim se preverem as lesões a encontrar e a sua gravidade ou seja,
quais os danos possíveis além dos declaradamente visíveis.
Danos resultantes de forças elevadas como por exemplo, acidentes rodoviários, armas de fogo
e quedas, podem danificar várias estruturas e a vítima pode, por vezes, sofrer lesões
irreversíveis.
2. A ABORDAGEM DA VÍTIMA DE TRAUMA
Durante a primeira hora (hora de ouro) após o acidente, a possibilidade de sobrevivência é
elevada e, quanto mais cedo forem aplicados os cuidados de emergência, maiores são as
possibilidades de recuperação.
É importante referir que, se um politraumatizado grave for assistido numa unidade de saúde
que possua os meios necessários à sua estabilização, a possibilidade de sobrevivência é mais
alta, tendo algumas estatísticas determinado que esta taxa decresce 1 % por cada minuto
perdido.
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TAT.01.10 Traumatologia 151/262
Para que os cuidados prestados sejam adequados, é necessário que:
A resposta à chamada seja eficaz;
O material esteja sempre preparado;
A actuação seja rápida e correcta junto da(s) vítima(s);
A equipa proceda de forma coordenada, para que se possa obter uma maior
rentabilização por parte de cada elemento;
Sempre que possível, as etapas do exame da vítima e as tarefas a executar, não
excedam os 10 minutos;
Só em casos excepcionais, o exame secundário seja efectuado durante o transporte ou
fora do local do acidente.
A comunicação com o hospital, através da Central Coordenadora, deve ser efectuada assim
que possível. É fundamental recordar que o exame primário permite ao tripulante determinar a
existência de lesões que colocam a vida da vítima em risco imediato e nunca deverá ser
interrompido, excepto para desobstruir as vias aéreas, iniciar manobras de reanimação e
controlar hemorragias graves para prevenir a hipovolemia.
Apenas em situações excepcionais, nas quais a posição da vítima não permite realizar o
exame primário, esta deverá ser rolada para decúbito dorsal antes de se iniciar o exame
primário.
2.1. Alguns princípios na Abordagem da Vítima de Trauma
Realize o exame primário da vítima. A coluna da vítima de trauma deve ser sempre
alinhada segundo o eixo nariz-umbigo-pés;
Inspeccione cada área do corpo. Procure alterações evidentes;
Inspeccione a cabeça, o pescoço e a coluna cervical. Aplique o colar cervical se
necessário;
Inspeccione a área do tórax;
Inspeccione se existem lesões abdominais;
Inspeccione se existem lesões visíveis na pélvis;
Inspeccione as extremidades. Pesquise se estão mantidas a sensibilidade e a função
motora.
Observe a pele procurando alterações da coloração, humidade e temperatura;
Verifique e, corrija se necessário, o alinhamento da coluna vertebral para que
possa ser efectuada uma passagem segura para o plano duro ou maca de vácuo (tipo
‘Coquille’);
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152/262 Traumatologia TAT.01.10
Reavalie os sinais vitais em cada 15 minutos para uma vítima estável e cada cinco
minutos para uma vítima que não esteja estabilizada.
2.2. Alteração dos Sinais Vitais
Os sinais vitais são geralmente afectados pelo trauma da seguinte forma:
Ventilação rápida e superficial (pode surgir por lesão da cabeça, pescoço ou tórax);
Pulso rápido e fino (pode existir hipovolemia);
A hipertermia poderá surgir em traumatismos crânio-encefálicos graves;
A hipotermia pode surgir quando existem traumatismos medulares ou ainda em vítimas
com hipovolemia.
3. LESÕES DOS TECIDOS MOLES
As lesões dos tecidos moles dizem respeito à pele e às camadas musculares adjacentes sendo
frequentes em acidentes de todos os tipos.
A gravidade deste tipo de lesões depende, não apenas da extensão e profundidade, mas
também da existência de lesões associadas.
3.1. Lesões Fechadas
Nas lesões fechadas há lesão das camadas de tecido por baixo da pele, sem que esta tenha
qualquer solução de continuidade. São muito dolorosas, causam edema (inchaço) local e são
acompanhadas por traumatismo de vasos sanguíneos, originando hemorragias internas:
As equimoses (nódoas negras), quando os vasos sanguíneos atingidos são capilares;
Os hematomas, quando há lesão em vasos de maior calibre.
3.2. Lesões Abertas
As lesões abertas, que apresentam alteração da continuidade da pele e ou mucosas, são
vulgarmente chamadas feridas:
Escoriações são lesões superficiais geralmente conhecidas por ‘arranhões’ ou
‘esfoladelas’. São lesões que sangram pouco, mas extremamente dolorosas e que
geralmente contêm partículas de sujidade. Resultam normalmente do atrito da pele
contra superfícies rugosas;
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TAT.01.10 Traumatologia 153/262
Nos hematomas, o tripulante deve imobilizar a zona para evitar o agravamento da hemorragia e porque, associada ao hematoma, pode existir uma fractura.
Feridas incisas são soluções de continuidade da pele que podem envolver os tecidos
adjacentes. São habitualmente conhecidas por ‘golpes’ ou ‘cortes’, sendo provocadas
por objectos cortantes. Têm bordos regulares que após encostados encerram a ferida;
Lacerações, são feridas em que os bordos se apresentam irregulares, não implicando
normalmente perda de tecido;
Avulsões, são feridas em que os bordos se apresentam irregulares, com perda de
tecido, são provocadas por objectos rombos, não se conseguindo o encerramento da
ferida;
Feridas perfurantes, são lesões produzidas por instrumentos que actuam em
profundidade, tais como agulhas, estiletes, picadores de gelo, pregos, paus aguçados,
balas, etc.;
Nas feridas por arma de fogo pode existir um orifício de saída do projéctil e, como em
todas as feridas perfurantes, podem existir associadas fracturas e / ou lesões dos
órgãos vitais que se encontravam no trajecto do projéctil;
Amputações, são lesões nas quais uma parte do corpo fica separada do resto, quer
seja por corte quer seja por arrancamento;
Eviscerações, são lesões em que há secção da parede abdominal e exteriorização das
vísceras.
3.3. Cuidados de Emergência
Nas lesões abertas o Tripulante de Ambulância deve:
1. Controlar as hemorragias;
2. Lavar abundantemente a zona lesada, com soro fisiológico;
3. Cobrir a ferida com um penso esterilizado;
4. Não retirar objectos empalados, nem fazer pressão directa no local. Imobilizá-los e, se
necessário, aplicar a técnica da compressão à distância (indirecta);
5. Nas situações de amputação, envolver a parte amputada em compressas esterilizadas,
embebidas em soro fisiológico, e colocá-la dentro de um saco de plástico esterilizado e
fechado. Este saco deverá, por sua vez, ser colocado dentro de outro saco com gelo e
acompanhar a vítima, até ao hospital. O tripulante deve ter o cuidado de manter a parte
amputada fora do alcance da vista da vítima;
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154/262 Traumatologia TAT.01.10
6. Nos casos de evisceração, lavar abundantemente as vísceras e a ferida com soro
fisiológico e tapar toda a zona com compressas grandes (pensos de abdómen),
mantendo-as humedecidas com soro fisiológico.
Nunca tente colocar ou reintroduzir as vísceras no interior da cavidade abdominal
3.4. Queimaduras
As queimaduras são lesões da pele e / ou tecidos subjacentes, resultantes do contacto ou
acção de um agente exterior.
As queimaduras constituem um dos acidentes mais frequentes, ocorrendo em variadíssimas
circunstâncias e em todas as idades. A maioria consiste em pequenas lesões que decorrem
sem grandes complicações. Contudo, algumas podem ser fatais ou potencialmente fatais,
exigindo um socorro correcto e precoce, pois dele depende a sobrevivência da vítima e,
também, o resultado funcional e estético final.
Para avaliar a gravidade das queimaduras é necessário ter em conta:
A causa da queimadura;
A extensão da superfície corporal queimada;
A profundidade da queimadura;
O local da queimadura;
A idade da vítima.
3.4.1. Causas das Queimaduras
Queimaduras térmicas
Aquelas que são provocadas por acção do calor ou frio. Podemos incluir neste tipo as
provocadas pelo sol, fogo, líquidos ferventes, gelo, neve, etc.
Queimaduras eléctricas
Nas queimaduras eléctricas é importante ter presente que existe sempre uma porta de
entrada (ponto de contacto com o corpo), um trajecto e uma porta de saída (local de
saída da carga eléctrica do organismo).
As queimaduras eléctricas podem ainda interferir com o funcionamento do sistema
nervoso, podendo provocar paragem respiratória, ou interferir com o ritmo do coração,
podendo provocar paragem cardíaca.
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TAT.01.10 Traumatologia 155/262
As fracturas ósseas também são frequentes, sobretudo quando a corrente eléctrica é de
alta tensão.
Queimaduras químicas
As queimaduras químicas são provocadas por acção de ácidos e bases, sendo muito
comuns na indústria: No entanto, devido à presença de muitas substâncias
potencialmente capazes de provocar lesão nos tecidos do organismo, também ocorrem
com alguma frequência no domicílio.
Queimaduras por radiação
As radiações mais comuns são os raios ultravioleta (que existem nos raios solares), os
Raios X e as produzidas por substâncias radioactivas.
3.4.2. Extensão das Queimaduras
Quanto mais extensa for a área queimada, maior será a sua gravidade.
A pele representa a principal barreira contra todos os agentes agressores do meio em que
vivemos. Assim, quanto maior for a área de pele queimada, mais vulnerável fica a vítima,
particularmente, às infecções. De facto, as infecções são a principal causa de mortalidade dos
grandes queimados.
Um outro aspecto importante prende-se com as grandes perdas de líquidos através das zonas
queimadas, proporcionais à área atingida.
Pelos motivos apontados, a determinação da área queimada é extremamente importante. Para
determinar a extensão da superfície corporal queimada, a regra mais utilizada é a denominada
.
Regra dos Nove
A aplicação desta regra difere nas crianças e no adulto. Enquanto a cabeça do adulto equivale
a cerca de 9 % da área corporal total, na criança com um ano de idade equivale a 18 % e na
criança com cinco anos a 14 %. Difere também nos membros inferiores, na medida em que
cada membro do adulto representa cerca de 18 % da área corporal total, na criança com um
ano 14 % e na criança com cinco anos 16 %.
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156/262 Traumatologia TAT.01.10
Capítulo 8. Figura 90 - Cálculo da área queimada. Regra dos nove.
3.4.3. Profundidade das Queimaduras
A profundidade das queimaduras é classificada em graus:
1º Grau
São as menos graves pois envolvem apenas a epiderme (superfície exterior da pele). A
pele fica vermelha, quente, sensível e dolorosa.
2º Grau
Este tipo de queimadura envolve já a primeira e a segunda camadas da pele,
respectivamente a epiderme e a derme. A pele fica com flictenas (bolhas) e muito
dolorosa.
3º Grau
Existe destruição de toda a espessura da pele (epiderme e derme) e dos tecidos
adjacentes. A pele fica acastanhada ou negra se tiver sido causada por calor seco ou,
pode ficar esbranquiçada se produzida por calor húmido. Estas queimaduras não são
dolorosas porque as terminações nervosas sensitivas são destruídas.
3.4.4. Localização das Queimaduras
As queimaduras das vias aéreas são sempre graves. Deve sempre suspeitar-se de atingimento
das vias aéreas, quando existem queimaduras da face, sobretudo em redor da boca e nariz. A
vítima pode apresentar tosse, expelindo partículas de carvão e sangue, e ter dificuldade
respiratória devido ao edema da laringe, podendo ainda apresentar flictenas nos lábios e
língua.
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TAT.01.10 Traumatologia 157/262
As queimaduras das mãos e pés, ou a nível de qualquer articulação, são consideradas graves,
pela possibilidade da perda dos movimentos. De igual modo, as queimaduras complicadas com
feridas ou fracturas, bem como as queimaduras dos órgãos genitais, são sempre graves.
3.4.5. Cuidados de Emergência
O primeiro passo na actuação é interromper o processo, isto é, afastar a vítima do agente que
causou a queimadura, ou vice-versa.
Nunca esqueça que o primeiro e melhor socorro para uma queimadura é a água.
Os cuidados de emergência visam fundamentalmente:
Aliviar a Dor;
Prevenir a Hipovolemia;
Prevenir a Infecção.
Cada queimadura deve ser coberta para evitar o contacto com o ar, o que diminui a dor. Deve
utilizar compressas esterilizadas para evitar a contaminação da superfície queimada. Se a
extensão da queimadura é grande, utilizar lençóis esterilizados ou, na falta destes, lençóis
limpos.
Não utilizar qualquer tipo de gorduras. Aplicar compressas frias e húmidas para aliviar a dor.
Nas queimaduras das extremidades, mergulhar o membro em água fria ou envolvê-lo em
compressas embebidas em água fria ou soro fisiológico para aliviar a dor. Quando a
queimadura atinge dedos, axilas, etc., (isto é, sempre que duas zonas da pele estejam em
contacto), deve colocar pensos a separá-las, para impedir que adiram.
A roupa da vítima não deve ser retirada quando está ‘colada’ à queimadura pois pode agravar
a lesão.
Quando a queimadura é produzida por agentes químicos líquidos, deve retirar-se toda a roupa
e lavar a vítima abundantemente com água. Quando se trata de um pó, deve primeiro sacudi-lo
muito bem antes de lavar, a fim de evitar a sua diluição durante a lavagem.
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4. TRAUMATISMOS OCULARES
Nos traumatismos oculares a melhor atitude no pré-hospital é não interferir, proteger apenas a
lesão com um penso ocular ou compressa esterilizada e transportar a vítima.
Tranquilizar a vítima, dar-lhe apoio explicando tudo o que se está a fazer e porquê
(especialmente porque se lhe tapam os olhos) e transportar em decúbito dorsal;
Não tente retirar qualquer corpo estranho ou objecto empalado do globo ocular pois pode provocar um agravamento sério da lesão.
5. NEUROTRAUMATOLOGIA
5.1. Lesões Crânio-Encefálicas
Quando o cérebro sofre um traumatismo pode ficar edemaciado, aumentando de volume, tal
como acontece noutros tecidos. Porém, o cérebro encontra-se dentro da caixa craniana que,
sendo uma estrutura rígida, limita o aumento do volume cerebral provocando um efeito
compressivo sobre este. Neste caso, os centros que coordenam as funções vitais, como a
ventilação, podem ficar comprometidos, deixando de funcionar correctamente devido à
compressão que sofrem.
As lesões que podemos encontrar nos traumatismos crânio-encefálicos (TCE) são os
hematomas do couro cabeludo, feridas do couro cabeludo e as fracturas de crânio.
5.1.1. Sinais e Sintomas
Os sinais e sintomas presentes numa vítima com lesões crânio-encefálicas podem ser:
Inconsciência;
Sonolência;
Tonturas;
Cefaleias;
Irritabilidade;
Desorientação no tempo e no espaço;
Náuseas e / ou vómitos;
Perturbações na visão;
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TAT.01.10 Traumatologia 159/262
Lesões cranianas evidentes (feridas e fracturas).
5.1.2. Cuidados de Emergência
1. Manter a vítima em repouso;
2. Controlar eventual hemorragia;
3. Não esquecer que todo o traumatizado craniano, até prova em contrário, tem associado
traumatismo da coluna vertebral, pelo que a vítima deve ser imobilizada como tal;
4. Em caso de hemorragia pelo ouvido deve colocar apenas uma compressa para
embeber o sangue sem fazer compressão;
5. Em caso de hemorragia abundante pelo nariz ou boca, prevenir a aspiração do sangue;
6. Elevar a cabeceira da maca a 30º com a vítima em plano duro o que faz com que a
cabeça da vítima fique num plano ligeiramente superior;
7. Administrar oxigénio a 15 litros / minuto;
8. Manter a vigilância apertada do estado de consciência e sobretudo registar as
alterações;
9. Efectuar um transporte calmo e suave;
10. Transmitir ao CODU e / ou à equipa médica que receba a vítima, todos os dados que
observou e registou;
Perante qualquer vítima inconsciente após acidente e nos traumatismos acima das clavículas suspeite sempre de TCE.
Todas as vítimas com TCE ou suspeita devem ser tratadas como tendo traumatismo vértebro-medular associado.
5.2. Traumatismos Vértebro-Medulares
Os traumatismos da coluna são situações potencialmente graves uma vez que podem lesar a
espinal medula. Devem ser socorridas pelo tripulante com o máximo cuidado, porque a sua
intervenção pode determinar a qualidade de vida da vítima.
Deve sempre suspeitar-se de lesão vértebro-medulares, nas situações de:
Acidente de viação;
Acidente de mergulho;
Queda ou salto de altura superior à da vítima;
Traumatismo acima das clavículas;
Soterramento;
Choque eléctrico;
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160/262 Traumatologia TAT.01.10
Agressão por arma de fogo;
Politraumatismos;
Vítima de TCE inconsciente;
Traumatismo directo sobre a coluna.
5.2.1. Sinais e Sintomas
Na avaliação destas vítimas é de extrema importância determinar se a vítima foi mobilizada ou
se movimentou após o acidente e quais os sinais e sintomas que apresenta.
Estes podem ser:
Dor local;
Diminuição ou perda total da força muscular ao nível dos membros;
Sensação de formigueiro e / ou ausência da sensibilidade a nível dos membros;
Paralisias dos membros (impossibilidade de mobilizar);
Incontinência de esfíncteres (saída involuntária das fezes e urina);
Dificuldade ou paragem ventilatória, pulso rápido e fraco em caso de hemorragia
associada.
5.2.2. Cuidados de Emergência
A preocupação fundamental é impedir que a vítima se movimente, mantendo um perfeito
alinhamento da coluna (segundo o eixo nariz - umbigo - pés).
Este objectivo é conseguido com o cumprimento de algumas regras fundamentais na
abordagem destas vítimas:
1. Manter uma atitude calma e segura;
2. Administrar oxigénio a 3 litros / minuto;
3. Garantir desde o primeiro momento a tracção (puxar ligeiramente), alinhamento e
imobilização da coluna cervical, atitude que nunca deve ser abandonada. A utilização
de um colar cervical de quatro apoios é obrigatória;;
4. Nas situações de encarceramento ou nas vítimas de acidente automóvel deve recorrer à
utilização de colete de extracção. Estas vítimas nunca devem ser mobilizadas excepto
se houver perigo de vida no local onde se encontram (desabamento, explosão, fogo,
etc.) ou se houver necessidade de iniciar manobras de suporte básico de vida;
5. O levantamento nunca deverá ser efectuado por menos de cinco elementos no adulto,
devendo a cabeça e o tronco ser da responsabilidade da tripulação;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Traumatologia 161/262
6. Transportar a vítima imobilizada em maca de vácuo (‘Coquille’) ou, em alternativa, se
o tempo previsto de transporte não exceder os 15 minutos, através de um plano rígido
com estabilizadores de cabeça;
7. Manter a vítima aquecida;
8. Transportar calma e suavemente evitando trepidação.
6. TRAUMATOLOGIA DOS MEMBROS
Fractura é toda e qualquer alteração da continuidade de um osso. Habitualmente resulta de um
traumatismo directo, mas pode igualmente surgir na sequência de um traumatismo indirecto.
Embora as fracturas dos membros geralmente não coloquem em perigo a vida da vítima no
imediato podem, quando tratadas incorrectamente, provocar graves problemas.
A abordagem pré-hospitalar das fracturas passa, basicamente, pela sua correcta
imobilização, a melhor arma no auxílio do controlo da hemorragia e da dor.
6.1. Classificação das Fracturas
Abertas. São habitualmente designadas por fracturas expostas e os topos ósseos
comunicam directamente com o exterior.
Fechadas. São fracturas em que não há descontinuidade da pele.
Complicadas de ferida. São fracturas fechadas em que, na sua proximidade, existem
feridas (não relacionadas com a fractura).
Capítulo 8. Figura 91 - Fracturas (fechada e exposta) do fémur.
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162/262 Traumatologia TAT.01.10
Perante uma suspeita de fractura, a existência de ferida associada deve implicar o tratamento como se se tratasse de fractura exposta, até prova em contrário.
6.2. Sinais e Sintomas
Dor: diminui com a tracção e imobilização da fractura, constitui o sintoma mais fiel;
Impotência funcional: manifesta-se pela impossibilidade de efectuar o movimento
habitual daquele local. Por vezes é possível mobilizar o membro mas sempre de uma
forma dolorosa e limitada;
Deformidade: manifesta-se pela angulação anormal ou encurtamento do membro;
Crepitação: é a sensação de mobilidade anormal que se pode ouvir e sentir e resulta
do roçar dos topos ósseos. No entanto, não deve ser pesquisada em virtude de ser
muito dolorosa e poder agravar as lesões;
Edema: surge quase sempre, sendo uma reacção normal à agressão traumática;
Equimoses ou hematomas: são mais frequentes nos traumatismos directos.
Exposição dos topos ósseos: habitualmente, significa grande violência traumática
pois a energia cinética necessária para provocar uma fractura com descontinuidade da
pele é bastante elevada.
6.3. Cuidados de Emergência
Os cuidados de emergência perante suspeita de fracturas a nível pré-hospitalar passam pela
imobilização provisória:
Numa fractura não imobilizada ou incorrectamente imobilizada as perdas hemorrágicas
são muito maiores;
A dor, sendo produzida pelo roçar dos topos ósseos nos tecidos e uns nos outros, é
tanto mais intensa quanto mais incorrecta for a imobilização da fractura;
As duas situações anteriores contribuem para o agravamento do estado do doente.
6.4. Regras Gerais de Imobilização
Uma fractura ou suspeita de fractura deve ser sempre imobilizada, independentemente
da distância ao hospital;
Nas fracturas dos ossos longos imobiliza-se sempre a articulação acima e abaixo da
fractura;
A sequência de imobilização de uma fractura passa pela tracção (puxar ligeiramente)
prévia da mesma, segundo o eixo em que se encontra o membro, seguida de
alinhamento e finalmente imobilização;
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TAT.01.10 Traumatologia 163/262
Em caso de fracturas em articulações, não deve ser feita tracção ao membro,
imobilizando-se na posição encontrada;
A imobilização deve ser feita com talas de madeira almofadadas, tendo o cuidado de
atender sempre ao estado circulatório do membro;
Após a imobilização, avalie a cor, o pulso periférico, a temperatura e sensibilidade da
extremidade do membro imobilizado;
Na presença de fracturas expostas, deve lavar a ferida e os topos ósseos
abundantemente com soro fisiológico, antes da imobilização, cobrindo a ferida e topos
ósseos com compressas embebidas em desinfectante.
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164/262 Traumatologia TAT.01.10
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 165/262
CAPÍTULO 9 - TÉCNICAS DE EXTRACÇÃO E IMOBILIZAÇÃO DE VÍTIMAS DE TRAUMA
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de:
1. Descrever as seguintes técnicas de imobilização e remoção:
- Imobilização cervical e aplicação do colar cervical;
- Rolamento;
- Levantamento;
- Remoção do capacete;
- Aplicação do colete de extracção;
- Chave de Rautek;
- Utilização da maca Scoop (pluma);
- Utilização da maca de vácuo (Coquille);
- Imobilização em plano duro;
- Imobilizações nos membros superiores:
- Imobilização da cintura escapular e úmero;
- Imobilização do cotovelo, antebraço, punho e mão.
- Imobilizações nos membros inferiores:
- Imobilização da cintura pélvica, fémur, joelho, perna e pé;
2. Aplicar as técnicas de imobilização e remoção de vítimas, utilizando o equipamento
adequado;
3. Descrever as opções e os cuidados a dispensar à vítima durante o transporte;
4. Descrever os cuidados a ter na passagem da vítima no hospital.
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166/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
1. INTRODUÇÃO
As técnicas de imobilização e remoção de vítimas de trauma têm, ao longo dos anos, vindo a
ser modificadas e adaptadas mas obedecendo sempre aos mesmos princípios. Entre esses
princípios, um destaca-se pela sua importância: mover a vítima somente o necessário para a
sua correcta remoção e imobilização, mantendo ou melhorando o seu estado, após a chegada
das equipas de socorro.
Assim, aqui constam todas as técnicas praticadas na formação em Emergência ministrada pela
Formação Técnica do INEM.
Temos consciência que novas técnicas e novos equipamentos fazem já parte do nosso
quotidiano mas, no entanto, a sua implementação na prática da formação técnica, implica o
consenso de todas as entidades envolvidas, pelo que ficam passíveis de ser incluídas em
futuras actualizações deste manual.
Devem ser evitados todos os movimentos desnecessários na execução das técnicas.
2. ESTABILIZAÇÃO CERVICAL COM ALINHAMENTO MANUAL
Objectivos: Manter a região cervical alinhada numa posição neutra até que a vítima esteja
completamente imobilizada.
Indicações: Quando há suspeita de lesão vertebro-medular.
Contra-indicações: O socorrista deve parar imediatamente o movimento se, do movimento
cuidadoso da cabeça e do pescoço para uma posição alinhada neutra, resultar alguma das
seguintes situações:
Espasmo da musculatura do pescoço;
Aumento da dor;
Aparecimento ou aumento de défice neurológico, como dormência, formigueiro ou perda
de capacidade motora;
Comprometimento da ventilação.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 167/262
Técnica:
Uma vez que, a partir do mecanismo de trauma, existe a suspeita de lesão vertebro-medular, o
primeiro passo é estabelecer de imediato uma imobilização da coluna cervical com alinhamento
manual em posição neutra, segundo os seguintes princípios::
A cabeça é segura e cuidadosamente mobilizada e alinhada em posição neutra, a não
ser que haja contra-indicação;
O alinhamento é mantido, sem qualquer tracção, em posição neutra;
No doente sentado ou de pé deve ser aplicada apenas uma tracção suficiente para
causar alívio de peso axial (tirar o peso da cabeça de sobre o resto da coluna cervical);
A cabeça deve ser mantida continuamente na posição alinhada neutra por imobilização
manual até que se complete a imobilização mecânica do tronco e da cabeça. Desta
maneira a cabeça e o pescoço do doente são imobilizados imediatamente,
permanecendo assim até depois do exame no hospital;
Mover a cabeça para uma posição alinhada neutra provoca menos risco do que
transportar o doente com a cabeça em posição desalinhada. Além disso, tanto a
imobilização como o transporte são muito mais simples com o doente em posição
neutra;
O movimento para uma posição alinhada neutra não deve ser tentado se as lesões do
doente são tão graves que a cabeça está numa posição em que parece não prolongar a
linha média dos ombros. Nestas situações a cabeça do doente deverá ser imobilizada
na posição em que foi encontrada inicialmente.
2.1. Abordagem Posterior com a Vítima Sentada:
1. O socorrista coloca-se por trás da vítima;
Capítulo 9. Figura 92 - Estabilização cervical: abordagem posterior com a vítima sentada.
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168/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
2. Coloca as suas mãos lateralmente sobre os pavilhões auriculares da vítima, sem
movimentar a cabeça;
3. Os polegares são colocados horizontalmente contra a porção posterior do crânio e os
indicadores também horizontalmente em direcção à região peri-orbitária;
4. Os quintos dedos (dedos mínimos) são colocados imediatamente abaixo do ângulo da
mandíbula;
5. Os restantes dedos são colocados lateralmente na face da vítima;
6. A pressão é aplicada de modo a manter a cabeça numa posição estável;
7. Se a cabeça não está alinhada numa posição neutra o socorrista mobiliza lentamente a
cabeça, até conseguir o alinhamento (excepto se estiver contra-indicado);
8. O socorrista aproxima os seus braços e apoia-os no banco, nos apoios de cabeça ou no
seu tronco, para se manter mais estável.
2.2. Abordagem Lateral com a Vítima Sentada:
1. Colocando-se ao lado da vítima, o socorrista passa o seu braço do lado posterior da
vítima sobre o ombro desta e apoia, com a sua mão em chave polegar indicador, a
região occipital, de modo a não deixar que a cabeça mexa;
Capítulo 9. Figura 93 - Estabilização cervical: abordagem lateral com a vítima sentada.
2. Entretanto, cuidadosamente, coloca o polegar e o indicador da outra mão, um de cada
lado da face da vítima, abaixo da região malar. Os restantes dedos são colocados junto
ao indicador de forma que o quinto (o mínimo) seja colocado imediatamente abaixo do
ângulo da mandíbula;
3. Se a cabeça não está alinhada numa posição neutra o socorrista mobiliza lentamente a
cabeça, até conseguir o alinhamento (excepto se estiver contra-indicado);
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 169/262
4. Tem de ser mantida a pressão suficiente para suportar e estabilizar a cabeça;
5. O socorrista encosta os seus dois antebraços no tronco da vítima para efectuar um
suporte adicional.
2.3. Abordagem Anterior com a Vítima de Pé:
1. Posicionando-se directamente em frente da vítima, o socorrista coloca as suas mãos de
ambos os lados da cabeça desta sobre os pavilhões auriculares, sem movimentar a
cabeça;
Capítulo 9. Figura 94 - Estabilização cervical: abordagem anterior com a vítima de pé.
2. Se a cabeça não está alinhada numa posição neutra o socorrista mobiliza lentamente a
cabeça, até conseguir o alinhamento (excepto se estiver contra-indicado);
3. Tem de ser mantida a pressão suficiente para suportar e estabilizar a cabeça;
4. O socorrista encosta os seus dois antebraços no tronco da vítima para efectuar um
suporte adicional.
O socorrista também pode usar este método quando se ajoelha ao lado do tórax de uma vítima deitada em decúbito dorsal e está virado de frente para a face desta.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
170/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
2.4. Abordagem com a Vítima em Decúbito Dorsal:
Capítulo 9. Figura 95 - Estabilização cervical: abordagem com a vítima em decúbito dorsal.
1. O socorrista posiciona-se atrás da cabeça da vítima, na posição de ajoelhado ou
deitado;
2. As mãos do socorrista são colocadas de cada lado da cabeça da vítima, cobrindo com
as palmas da mão os pavilhões auriculares desta;
3. Os dedos do socorrista são colocados lateralmente, na face da vítima, a apontar
longitudinalmente na direcção dos pés (caudal), de modo a estabilizar a cabeça: os
dedos médios em direcção aos ângulos da mandíbula, os anelares e os mínimos em
direcção à região occipital, envolvendo-a;
4. Os cotovelos e os antebraços podem ser apoiados ou no chão ou nos joelhos do
socorrista, para um suporte adicional.
3. APLICAÇÃO DO COLAR CERVICAL
Objectivos: Manter a região cervical alinhada numa posição neutra até que a vítima esteja
completamente imobilizada.
Colocar um colar cervical de dimensão adequada, com uma eficiente actuação técnica.
Indicações: Quando há suspeita de lesão vertebro-medular.
Contra-indicações: Não existem se a técnica estiver indicada e for executada
adequadamente.
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 171/262
Técnica:
Esta técnica deverá ser executada sempre que haja suspeita de traumatismo da coluna, após
remoção do capacete, antes de aplicar o colete de extracção ou efectuar o levantamento e
depois de efectuar o rolamento:
1. O primeiro elemento deve fazer ou manter, de acordo com a posição e a situação da
vítima, o alinhamento e a imobilização da cabeça e coluna cervical, em posição neutra,
deixando liberto o pescoço, para que seja mais fácil a aplicação do colar cervical;
Capítulo 9. Figura 96 - Escolher o tamanho do colar cervical
2. O segundo elemento, procederá à escolha do tamanho do colar cervical, medindo a
distância do ângulo da mandíbula à base do pescoço;
3. Os passos da aplicação do colar dependem do tipo de colar e das suas instruções de
colocação. No entanto, sempre que possível, deve-se optar por um colar de duas peças
e quatro apoios, ajustando primeiro a parte anterior do colar ao pescoço da vítima,
colocando, de seguida, a parte posterior do colar (base), procedendo então ao ajuste
final;
Capítulo 9. Figura 97 - Aplicação da peça anterior, Introdução da peça posterior
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
172/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
Capítulo 9. Figura 98 - Centrar a peça posterior, Aperto da peça posterior
Capítulo 9. Figura 99 - Alinhamento e imobilização segundo o eixo nariz-umbigo-pés.
4. O primeiro elemento mantém sempre o alinhamento em posição neutra (segundo o eixo
nariz-umbigo-pés) e a imobilização, durante os movimentos que for necessário realizar
de seguida com a vítima.
Para o transporte da vítima em plano rígido é obrigatória a aplicação de aranha ou dos três cintos do plano e depois destes de estabilizadores laterais de cabeça.
4. ROLAMENTO
Objectivos: Mobilizar uma vítima para um plano duro, mantendo estabilização com
alinhamento manual e com o mínimo movimento da coluna vertebral.
Indicações: Para posicionar uma vítima para cima de um plano duro ou outro equipamento
que permita transportá-la; para rodar uma vítima com suspeita de trauma vertebro-medular,
com o objectivo de examinar a face posterior do tronco.
Contra-indicações: Vítimas em decúbito dorsal com suspeita de trauma da bacia; trauma
bilateral dos membros, objectos empalados e eviscerações.
Técnica: A técnica tem de ser adaptada de acordo com a posição em que a vítima se encontra.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 173/262
4.1. Vítima em Decúbito Dorsal:
1. Enquanto o primeiro socorrista se coloca à cabeça da vítima e mantém o alinhamento
com estabilização em posição neutra, o segundo socorrista aplica o colar cervical de
tamanho adequado;
Capítulo 9. Figura 100 - Posicionamento para rolamento de vítima em decúbito dorsal.
2. O primeiro socorrista continua a cabeça (mantendo o alinhamento com estabilização em
posição neutra), o segundo socorrista ajoelha-se ao nível do tórax da vítima e o terceiro
ajoelha-se ao nível dos joelhos;
3. Os braços e as pernas são alinhados junto ao corpo e o plano duro colocado no lado
oposto aos socorristas;
4. A vítima é agarrada pelos ombros e pelas ancas em simultâneo, de modo a manter as
extremidades alinhadas em posição neutra e é rolada suavemente na direcção do
segundo e terceiro socorristas;
5. O plano duro é apoiado no bordo lateral oposto aos socorristas ou, quando colocado por
um quarto elemento, aplicado contra o dorso da vítima. Deve ser posicionado de forma
que a sua porção terminal (zona dos pés) fique na região entre os joelhos e os
tornozelos da vítima e a porção superior (zona da cabeça) fique colocada acima da
cabeça da vítima;
Capítulo 9. Figura 101 - Posicionamento do plano com a vítima rolada até próximo do ângulo recto.
6. A vítima é rolada para cima do plano duro ou desce junto com este para o solo com a
vítima em cima;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
174/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
7. Uma vez o plano colocado no solo, a vítima é firmemente agarrada pelos ombros,
região pélvica e membros inferiores, sendo de seguida deslocada para cima e para o
lado, ao longo do plano duro, até ser posicionada com a cabeça colocada no topo do
plano e o corpo centrado;
Capítulo 9. Figura 102 - Posicionamento da vítima no final do rolamento.
8. A manutenção da estabilização com alinhamento em posição neutra deve ser feita sem
puxar pela cabeça (ou pescoço) da vítima.
4.2. Vítima em Decúbito Ventral:
Quando a vítima se apresenta em decúbito ventral, pode ser utilizado um método de
estabilização semelhante ao descrito para a vítima em decúbito dorsal:
1. Procede-se do mesmo modo ao alinhamento inicial dos membros;
2. A posição do segundo e terceiro socorristas e a colocação das mãos são também as
mesmas;
3. É também obrigatório manter o alinhamento;
Nesta situação o colar cervical só pode ser colocado depois da vítima estar colocada e alinhada sobre o plano duro e nunca antes.
4. Se possível, a vítima deve ser sempre rolada na direcção contrária àquela para onde a
sua face esta inicialmente voltada;
5. O primeiro socorrista coloca-se à cabeça da vítima e mantém o alinhamento com
estabilização em posição neutra;
6. O plano duro é colocado entre os socorristas e a vítima e apoiado no bordo lateral,
posicionado de forma que a sua porção terminal (zona dos pés) fique acima dos
tornozelos da vítima;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 175/262
7. Enquanto o segundo socorrista ajoelhado ao nível do tórax da vítima agarra com uma
mão o seu ombro mais distante e com a outra o punho e a anca, o terceiro, ajoelhado
ao nível dos joelhos agarra com uma mão o braço e a anca e com a outra os membros
inferiores da vítima;
8. A vítima é rolada em direcção ao plano duro, de forma que quando já está deitada de
lado, perpendicular ao chão, dado que a cabeça rodou menos que o tronco, fica
devidamente alinhada;
9. Depois de o segundo e o terceiro socorristas reposicionarem três das mãos no lado
oposto da vítima, uma fixa o plano duro, a vítima e o plano são descidos para o solo.
Firmemente agarrada pelos ombros, região pélvica e membros inferiores, a vítima é de
seguida deslocada para cima e para o lado, ao longo do plano duro, até ser posicionada
com a cabeça colocada no topo do plano e o corpo centrado. Finalmente é colocado o
colar cervical;
10. A manutenção da estabilização com alinhamento em posição neutra é feita sem puxar
pela cabeça (ou pescoço) da vítima.
Capítulo 9. Figura 103 - Colocação dos apoios de cabeça, fase final da imobilização no plano rígido.
Completado o rolamento e colocado o colar cervical do tamanho adequado, a vítima é imobilizada no respectivo plano rígido, com aranha ou precintas e aplicados os apoios de cabeça.
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176/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
5. LEVANTAMENTO
Objectivos: Proceder ao levantamento de uma vítima mantendo o alinhamento da coluna
vertebral em posição neutra, segundo o eixo nariz – umbigo – pés.
Indicações: Quando há suspeita de lesão vertebro-medular.
Contra-indicações: A técnica só deve ser executada se existirem pelo menos quatro
elementos treinados para a sua execução (sendo seis o número ideal).
Técnica:
1. Antes de se realizar um levantamento deverá sempre ser aplicado o colar cervical;
2. O chefe da equipa manterá o alinhamento e a imobilização em posição neutra, segundo
o eixo nariz – umbigo – pés, e comandará os movimentos;
3. O segundo e o terceiro elementos ajoelhados de um dos lados da vítima e o quarto e o
quinto elementos do outro lado, com o mesmo joelho no chão, colocam correctamente
os membros superiores e inferiores da vítima de forma a permitir o levantamento;
4. O sexto elemento pegará no Plano Duro, que a seu tempo introduz debaixo da vítima;
5. Os elementos posicionados lateralmente à vítima, colocam as mãos sobre esta, para
percepcionarem a sua correcta localização durante o levantamento, de forma a distribuir
o peso da cintura escapular, do tronco, do abdómen, da cintura pélvica e dos membros
inferiores da vítima, a fim de que esta seja mobilizada o menos possível. O Chefe de
equipa dará indicação ‘Colocar mãos!’;
Capítulo 9. Figura 104 - O chefe da equipa mandará ‘colocar mãos’.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 177/262
6. Introduzirão as mãos debaixo da vítima, nas localizações definidas, sem perturbar o
alinhamento, com movimentos de deslizamento. O Chefe de equipa dará indicação
‘Introduzir!’;
Capítulo 9. Figura 105 - O chefe da equipa mandará ‘introduzir mãos’.
7. Aplicando a força para cima e para a frente farão o levantamento em bloco, até à altura
dos joelhos, sempre seguindo indicação expressa do chefe de equipa ‘À minha voz
três, levantar! – Um … dois … três!’;
Capítulo 9. Figura 106 - O chefe da equipa mandará levantar ao dizer ‘três’.
8. O Plano Duro será introduzido por baixo da vítima, pelo lado dos pés, de forma que o
topo do plano fique a um nível superior ao da cabeça da vítima, com cuidado para não
traumatizar o chefe de equipa: ‘Plano duro!’;
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178/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
Capítulo 9. Figura 107 - O chefe da equipa mandará ‘introduzir o plano duro’.
9. Farão de seguida, sob indicação do chefe de equipa, o abaixamento em bloco, de forma
que a vítima fique posicionada com a cabeça colocada no topo do plano e o corpo
centrado: ‘Baixar!’;
Capítulo 9. Figura 108 - O chefe da equipa mandará ‘baixar a vítima centrada no plano duro’.
10. As mãos deverão ser retiradas com os mesmos cuidados como quando foram
introduzidas;
11. Logo que a vítima está correctamente posicionada sobre o plano duro, seguindo
indicação do chefe, procede-se de seguida à sua imobilização no respectivo plano
rígido.
5.1. Maca Pluma (SCOOP)
Objectivos: Conhecer os objectivos da utilização deste tipo de equipamento. Utilizar
adequadamente a maca ‘Scoop’.
Indicações: Quando há suspeita de lesão vertebro-medular, e apenas para transferir a vítima
para plano duro.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 179/262
Contra-indicações: Só deve ser utilizada estando a vítima em decúbito dorsal e não pode ser
usada como maca de transporte.
Técnica:
1. Antes de se aplicar a maca ‘Scoop’ deverá ser colocado, usando a técnica adequada,
um colar cervical;
2. O primeiro elemento deve proceder ou manter o alinhamento e a imobilização em
posição neutra da coluna cervical;
Capítulo 9. Figura 109 - O chefe da equipa manterá o alinhamento e a imobilização em posição neutra.
3. O segundo e o terceiro elementos devem colocar a maca ao lado da vítima e adaptá-la
à sua altura, abrindo-a e dividindo-a em duas partes;
Capítulo 9. Figura 110 - Adaptação à altura, divisão em duas partes e colocação de uma de cada lado.
4. O segundo elemento agarra no ombro mais distante e na anca da vítima e alivia-a
ligeiramente, rolando-a para si, de modo a facilitar a introdução de metade da maca
pluma pelo terceiro elemento. Sem mudarem de posição estes dois elementos alternam
o procedimento de modo a ser introduzida a outra metade da maca;
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180/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
Capítulo 9. Figura 111 - Introdução de cada uma das partes da maca através de pequeno rolamento.
5. Estes segundo e terceiro elementos procedem ao fecho da maca, unindo-a primeiro em
cima e depois junto aos pés da vítima;
Capítulo 9. Figura 112 - Fecho das partes da maca na cabeça depois nos pés.
6. O segundo e terceiro elementos, pegando pelos apoios laterais e à ordem do primeiro
elemento, que deverá manter o alinhamento e a imobilização em posição neutra da
coluna cervical, procedem ao levantamento da vítima;
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 181/262
Capítulo 9. Figura 113 - Colocação em local definitivo, abertura da maca e remoção das partes e
imobilização.
7. Após a colocação da vítima no local definitivo, o segundo e terceiro elementos abrem a
maca, começando por cima, e, executando um movimento para fora e para cima,
retiram alternadamente as duas metades da maca.
6. IMOBILIZAÇÃO EM PLANO DURO
Objectivos: Manter a estabilidade da coluna vertebral numa vítima com suspeita de trauma,
vértebra medular.
Indicações: Quando há suspeita de lesão vertebro-medular e quando é necessário proceder à
imobilização rápida de uma vítima instável.
Contra-indicações: Deve ser utilizado apenas durante o tempo indispensável pois o seu uso
prolongado pode provocar úlceras de pressão.
Técnica:
1. A base do imobilizador de cabeça deve estar previamente colocada no plano duro;
2. O primeiro elemento procede ou mantém o alinhamento da coluna cervical;
3. O segundo elemento, se a técnica ainda não estiver executada, coloca o colar cervical;
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182/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
Capítulo 9. Figura 114 - Preparação do plano e imobilização cervical.
4. Este elemento coloca seguidamente o cinto do tórax e depois o cinto da região pélvica
de forma a não permitir qualquer movimento longitudinal ou lateral do tronco da vítima;
5. O passo seguinte é a colocação dos imobilizadores de cabeça;
6. O segundo elemento substitui o primeiro no alinhamento da coluna cervical, aplicando a
mão aberta em chave polegar indicador, sob o maxilar inferior, juntamente com o colar
cervical, exercendo pressão no sentido do plano e para cima;
7. O primeiro elemento aplicará as almofadas, lateralmente, ajustadas ao crânio, fazendo
encaixar as orelhas da vítima nos orifícios existentes;
8. Este elemento procede, de seguida, à colocação dos cabrestos de fixação, primeiro o
cabresto do frontal que prende na parte lateral inferior das almofadas, depois o do
mento, cruzando com o primeiro para fixação superior;
Capítulo 9. Figura 115 - Vítima correctamente imobilizada em plano duro, com ‘aranha’ e imobilizadores de
cabeça.
9. Finalmente são fixadas as pernas imediatamente abaixo do joelho e acima do tornozelo,
devendo os espaços livres ser almofadados de modo a que a vítima não se mobilize
nem deslize.
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 183/262
6.1. Alinhamento Cervical em Posição Neutra - Almofadado
Objectivos: Colocação inferior à cabeça e pescoço da vítima de almofadado para manter o
alinhamento em posição neutra.
Indicações: Sempre que devido à anatomia da vítima se torne necessário.
Técnica:
1. O preenchimento do espaço inferior à cabeça e pescoço com lençol dobrado ou
qualquer outra estrutura pouco depressível, para não ceder ao peso do corpo, de modo
a manter o alinhamento em posição neutra;
2. Para proceder a este almofadado, em vítima em decúbito dorsal, deve utilizar-se a
altura necessária para manter o alinhamento da abertura do ouvido com o topo do
ombro, ficando a face centrada na linha média.
7. COLETE DE EXTRACÇÃO
Objectivos: Proceder à extracção de uma vítima com suspeita de lesão vertebro-medular,
mantendo a protecção, imobilização e estabilização da coluna vertebral:
Indicações: Quando há necessidade de proceder à extracção de uma vítima sentada, com
suspeita de lesão vertebro-medular.
Contra-indicações: Vítima crítica.
Técnica:
1. Durante a execução da técnica devem ser constantemente vigiados os sinais vitais e
verificar se surge dificuldade respiratória antes da aplicação do colete;
2. O primeiro e o segundo elementos executam e mantém a imobilização e o alinhamento
em posição neutra da coluna cervical, segundo o eixo nariz-umbigo-pés, devendo ser
colocado um colar cervical;
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184/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
Capítulo 9. Figura 116 - Imobilização cervical.
3. Um elemento abre o colete guardando os ‘cabrestos’ e a almofada em local propício à
sua próxima utilização;
Capítulo 9. Figura 117 - Colete de extracção.
4. O colete é seguro pelas ‘abas inferiores’, à frente do corpo do socorrista, apanhando
conjuntamente as precintas dos membros inferiores, entretanto desprendidas dos seus
locais de fixação, uma de cada um dos respectivos lados;
5. Este elemento introduz lateralmente o colete de extracção, fazendo-o deslizar pelas
costas da vítima para que as abas e as precintas passem para o outro lado e sejam
apanhadas pelo terceiro elemento;
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 185/262
Capítulo 9. Figura 118 - Colocação e adaptação às axilas do colete de extracção.
6. O segundo e o terceiro elementos ajustam muito bem e em conjunto, um de cada lado,
as abas às axilas e ao tórax e fixam-as de seguida, com a precinta do meio, depois com
a inferior;
Capítulo 9. Figura 119 - Colocação das precintas do tórax.
7. O ajustamento inicial faz-se segurando a precinta a meio do tórax com uma mão e
traccionando com a outra na parte da precinta logo a seguir ao fecho, sempre com
atenção a possíveis lesões da vítima nesta área do corpo;
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186/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
8. Se necessário, o segundo elemento dobra a almofada de forma a preencher a curvatura
cervical e coloca-a no espaço entre o colete de extracção e a coluna e antes da
colocação dos cabrestos o terceiro elemento substitui o primeiro na imobilização
cervical;
Capítulo 9. Figura 120 - Colocação da almofada cervical.
9. De seguida o primeiro elemento, com a ajuda do segundo, aplicam os ‘cabrestos’,
começando pelo frontal, de forma que este prenda em baixo e aplicam depois o do
mento que prende em cima;
Capítulo 9. Figura 121 - Colocação dos cabrestos.
10. Finalmente o primeiro elemento reassume a imobilização cervical;
11. O segundo e o terceiro elementos, um de cada vez, de cada lado, colocam as precintas
dos membros inferiores de forma a que, vindas de trás, fiquem a passar por baixo das
raízes das coxas, directamente no sentido do meio destas. Para isso fazem-nas
deslizar, com movimentos em serra até à posição adequada;
12. De seguida, passando por cima da outra coxa, prendem-nas no encaixe destas que se
localizam nas abas contra laterais;
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Capítulo 9. Figura 122 - Manutenção da estabilização e colocação das precintas dos membros inferiores.
13. Fixam depois o cinto superior das abas laterais, sem perturbar a respiração;
Capítulo 9. Figura 123 - Colocação da precinta superior do tórax.
14. Por fim, segurando sempre antes do fecho com uma mão e traccionando com a outra na
parte a seguir àquele, ajustam-se todas as precintas, sem perturbar a função
respiratória da vítima.
7.1. Remoção de Vítimas com Colete de Extracção
Técnica: As vítimas podem ser retiradas, com a ajuda de um plano duro, pela traseira da
viatura, por um ou pelo outro lado (ex: portas), conforme as circunstâncias, a situação clínica,
as dificuldades de espaço, ou outras:
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188/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
1. Após a aplicação correcta do colete de extracção inicia-se a remoção da vítima,
mantendo um elemento a imobilização e o alinhamento em posição neutra segundo o
eixo nariz-umbigo-pés;
2. Um outro elemento apoia o plano duro, enquanto os restantes rodam/colocam,
deslocam/deslizam a vítima sobre este plano;
Capítulo 9. Figura 124 - Rodam, colocam, deslizam sobre o plano duro.
3. Sempre que, para que se proceder à remoção de uma vítima, as circunstâncias
exigirem uma rotação, o elemento que mantém a imobilização em posição neutra,
comanda a execução da técnica, com a ajuda das pegas traseiras e de forma
coordenada com os outros elementos;
4. Um terceiro elemento mantém os membros inferiores da vítima sempre flectidos até que
possam ser aliviadas as precintas;
Capítulo 9. Figura 125 - Mantém os membros inferiores flectidos.
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 189/262
Pode também retirar-se a vítima pela frente, em ‘cadeira’.
5. Rodada a vítima de frente para o exterior (saída), de forma coordenada pelo elemento
que mantém a imobilização em posição neutra, o segundo e o terceiro elementos, com
uma mão na pega lateral e a outra na coxa homolateral da vítima, retiram-na em
‘cadeira’ e colocam-na sobre um plano rígido, mantendo os membros inferiores sempre
flectidos até que possam ser aliviadas as precintas;
Capítulo 9. Figura 126 - Centrada no plano, reajustadas as precintas segue-se a imobilização.
6. Nesta altura podem ser aliviadas/retiradas as precintas dos membros inferiores e, após
alinhar a vítima, são reajustadas as precintas superiores (do tórax e abdómen) e
procede-se de seguida à imobilização no respectivo plano rígido;
Capítulo 9. Figura 127 - Devem ser sempre aplicadas as precintas da maca da Ambulância.
7. Caso não exista plano duro, a vítima deve ser colocada directamente na maca da
Ambulância.
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190/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
8. EXTRACÇÃO RÁPIDA
Objectivos: Estabilização manual duma vítima com lesões que colocam a vida em perigo,
antes ou durante a sua mobilização.
Indicações: Para extracção de vítimas cujo exame primário revela lesões críticas que colocam
a vida em perigo;
Quando a zona do acidente é insegura e claramente perigosa para a Vítima e para a equipa ou
quando a vítima tem de ser extraída rapidamente para permitir o acesso a outra vítima mais
grave.
Contra-indicações: Não deverá nunca ser usada como ‘escolha’ ou ‘preferência’ do socorrista,
mas apenas pelos critérios mencionados nas indicações da técnica.
8.1. Com um Socorrista (CHAVE DE RAUTEK)
A técnica, utilizada apenas quando um socorrista se encontra sozinho, depende da posição da
vítima sendo as indicações e contra-indicações as descritas para a ‘extracção rápida’.
8.1.1. Vítima Sentada:
1. Na vítima sentada o elemento que vai aplicar a técnica deverá colocar-se lateralmente à
vítima, ligeiramente atrás, olhando na mesma direcção;
2. O socorrista faz passar o seu membro superior mais afastado por baixo da axila mais
próxima da vítima;
3. Sobe e, com a mão aberta em chave polegar indicador, aplicada no maxilar inferior fixa
a coluna cervical e a cabeça contra a sua cabeça ou o seu corpo;
4. O seu outro membro superior entra, também, por trás do outro ombro da vítima passa
por baixo da axila e fixa, se possível, os dois punhos da vítima;
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 191/262
Capítulo 9. Figura 128 - O socorrista faz a imobilização possível da vítima contra o seu corpo.
5. Quando não é possível fixar os dois punhos, fixa apenas o punho contralateral da
vítima, o outro punho, o cinto, ou a roupa;
6. O socorrista retira então o acidentado apoiado contra o seu corpo e sem perder a
atenção à coluna cervical, fá-lo deslizar até ao solo;
Capítulo 9. Figura 129 - Colocada no solo, faz o apoio possível à coluna dorsal, até decúbito dorsal.
7. O socorrista coloca a bacia do acidentado no solo (ou sobre um plano duro), apoia o
joelho de fora no solo e, inicialmente, a coluna dorsolombar da vítima com a outra
perna, sem perder a atenção à coluna cervical;
8. Faz deslizar o cotovelo posterior para baixo para substituir a perna e faz deslizar de
seguida a vítima para a posição de decúbito dorsal.
8.1.2. Vítima Deitada em Decúbito Ventral:
1. Na vítima deitada em decúbito ventral o elemento que vai aplicar a técnica deverá
colocar-se lateral, do lado da nuca da vítima, olhando na mesma direcção;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
192/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
Capítulo 9. Figura 130 - O socorrista coloca-se junto à nuca da vítima.
2. Para fazer a imobilização possível da coluna cervical do acidentado, fixa com a mão do
seu membro superior do lado da nuca da vítima, a região occipital da mesma, em chave
polegar-indicador;
3. Fazendo entrar o seu outro membro superior por baixo da axila da vítima, do lado da
sua face, fixa, com a outra mão aberta em chave polegar-indicador o seu maxilar
inferior;
Capítulo 9. Figura 131 - O socorrista faz a imobilização possível da coluna cervical.
4. Utilizando o seu membro superior que fixa o maxilar e que se encontra encostado e
para baixo do tórax do acidentado, o socorrista rola a vítima até à posição de decúbito
dorsal, no solo (ou para cima de um plano duro), sem perder a atenção à coluna
cervical.
Capítulo 9. Figura 132 - O socorrista rola a vítima até à posição de decúbito dorsal, sem perder a atenção à
coluna cervical.
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 193/262
8.2. Com três ou mais Socorristas
Indicações e contra-indicações: As descritas neste capítulo para ‘extracção rápida’, tendo
indicação quando estão disponíveis três ou mais socorristas (estando a vítima na posição de
sentada, por exemplo numa viatura).
Técnica:
1. Em primeiro lugar é iniciada a estabilização, com alinhamento manual, da cabeça e
pescoço;
2. Para proceder à estabilização é mais fácil se o socorrista conseguir ter acesso à vítima
pelo banco de trás. Se tal não for possível, deverá colocar-se lateralmente;
3. Logo que, através de uma destas abordagens, a cabeça e o pescoço da vítima são
trazidos para a posição neutra, deve ser rapidamente colocado um colar cervical do
tamanho adequado;
4. Uma maca com o plano duro em cima deve ser aproximada da porta do veículo. Se não
for possível trazer a maca até junto do veículo, outro socorrista terá de segurar
firmemente o plano que irá receber a vítima;
5. Enquanto a estabilização manual é mantida pelo primeiro elemento, o tronco da vítima
(porção superior e inferior) e os membros inferiores são controlados respectivamente
pelo segundo e terceiro elemento;
6. A vítima é rodada, efectuando uma série de pequenos movimentos, controlados, até
que a estabilização manual já não possa continuar a ser mantida pelos socorristas
nestas posições;
7. Depois de colocar os membros inferiores em posição que permita a sua mobilização, o
terceiro, ou um quarto socorrista, aproxima-se então pelo exterior do veículo e através
da porta por onde irá sair a vítima substitui e assegura o controlo da estabilização
manual da coluna cervical, ao lado do segundo socorrista;
8. O socorrista que estava no banco de trás, sai do carro e assegura o controlo da porção
inferior do tronco e dos membros inferiores e a rotação da vítima é continuada até que
esta possa sair para fora do veículo através da porta aberta e possa ser colocada sobre
o plano duro;
9. O plano é colocado com a porção terminal (zona dos pés) em cima do assento do
veículo e com a porção superior (da cabeça) em cima da maca da ambulância ou se
não for possível trazer a maca até junto do veículo, outro socorrista terá de segurar
firmemente o plano;
10. Enquanto o tronco da vítima é mobilizado para cima do plano, mantém-se o controlo do
tórax e da região pélvica e membros inferiores, a vítima é deslizada ao longo do plano;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
194/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
11. O socorrista que mantém a estabilização manual tem de estar atento para não puxar a
vítima, mas apenas apoiar e manter a estabilização da cabeça e do pescoço;
12. Após a colocação da vítima sobre o plano, esta deverá ser fixada ao mesmo, primeiro a
porção superior do tronco, seguida da região pélvica, depois a cabeça e finalmente os
membros inferiores;
13. Se não existirem condições de segurança no local, a vítima deve ser deslocada para
uma zona sem perigo, antes de ser fixada ao plano, e este à maca.
8.2.1 Notas e princípios fundamentais para uma extracção rápida, com três ou mais
elementos, com sucesso:
O método descrito em 8.2 representa apenas um exemplo de extracção rápida cujos passos,
de acordo com as circunstâncias e o local, podem ser modificados desde que sejam mantidos
os seguintes princípios:
manter a estabilização manual sem interrupção ao longo de toda a extracção;
manter toda a coluna vertebral alinhada;
não efectuar movimentos desnecessários.
Para tal, a técnica deve ser executada do seguinte modo:
1. Um primeiro socorrista tem de manter permanentemente a estabilização da cabeça e do
pescoço; um segundo socorrista roda e estabiliza a porção superior do tronco e um
terceiro socorrista tem de controlar a porção inferior do tronco, da região pélvica e dos
membros inferiores;
2. Cada movimento deve ser controlado e de pequena amplitude, parando para
reposicionar e para preparar o movimento seguinte;
3. É impossível manter o alinhamento e a estabilização manual se se tentar mover a vítima
num movimento só, a pressa pode causar atrasos e movimento da coluna;
4. Cada situação e cada vítima podem requerer adaptação destes princípios;
5. Esta técnica só pode decorrer com eficiência se for previamente praticada;
6. Cada socorrista deve saber os movimentos que vão ser executados pelos outros.
9. REMOÇÃO DO CAPACETE
Objectivos: Retirar o capacete minimizando o risco de causar lesões adicionais.
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 195/262
Indicações: Observar a calote craniana e a face; despistar ou controlar hemorragias ou outras
lesões; executar reanimação cardiorespiratória; garantir o acesso à via aérea; ou estabilizar a
coluna cervical correctamente.
Técnica:
Deve ser executada apenas por dois elementos com formação adequada:
1. O chefe da equipa imobilizará o capacete e, se a cabeça da vítima estiver acessível,
coloca as mãos lateralmente impedindo os movimentos, mas possibilitando a abertura
da viseira;
Capítulo 9. Figura 133 - Imobilização do capacete e da cabeça e abertura da viseira.
2. O segundo elemento, se for possível, abre a viseira (se estiver fechada), e procura
objectos empalados ou que façam obstrução mecânica da via aérea.
3. Em seguida corta/abre o aperto do capacete (fita do queixo) e colocando-se na melhor
posição, lateralmente, e olhando para a face da vítima, aplica as mãos abertas em
chave polegar-indicador, uma sob o maxilar inferior e a outra em posição oposta na
região occipital, a fim de fazer a imobilização possível da cabeça e da coluna cervical;
Capítulo 9. Figura 134 - Abertura da precinta e imobilização cervical.
4. O primeiro elemento, abre lateralmente o capacete retira-o, com muito cuidado,
oscilando-o, com movimentos firmes mas suaves, no seu eixo anteroposterior. É
fundamental o aviso da saída do capacete pois o outro elemento deve estar preparado
para o ressalto final e para suportar o peso da cabeça;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
196/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
Capítulo 9. Figura 135 - Retira suavemente o capacete e avisa da saída.
5. Este primeiro elemento, aplica lateralmente à cabeça da vítima as mãos abertas
também em chave polegar indicador, com os dedos polegares nas regiões malares e os
indicadores na região occipital, ou em posição inversa, ou intermédia conforme a
posição da vítima, substituirá o segundo elemento na imobilização da coluna cervical;
Capítulo 9. Figura 136 - Substitui a imobilização cervical.
6. O seu posicionamento e a colocação das mãos, devem prever a aplicação de outras
técnicas (ex.: rolamento), quando a vítima não se encontra em decúbito dorsal;
7. Quando a vítima é colocada em decúbito dorsal, deve proceder-se ao alinhamento em
posição neutra, tendo como pontos de referência o nariz – umbigo – pés. O segundo
elemento procede então à aplicação do colar cervical.
Se a vítima é encontrada em decúbito ventral e a coluna cervical está desalinhada, o alinhamento definitivo da vítima tendo como pontos de referência nariz - umbigo - pés, só será completado durante o rolamento que se seguirá à remoção do capacete.
10. IMOBILIZAÇÃO VERTICAL
Objectivos: Imobilizar completamente uma vítima em posição ortostática (de pé), mantendo a
cabeça e o pescoço alinhados numa posição neutra, minimizando o risco de lesões adicionais.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 197/262
Indicações: Para imobilizar a coluna vertebral numa vítima de trauma que está de pé (podendo
até estar a andar), mas em que há suspeita de lesão vertebro-medular.
Contra-indicações: Não existem (logo que a imobilização esteja indicada).
Técnica: Existem dois métodos para imobilizar uma vítima em posição de pé, dependendo
essencialmente do número de socorristas presentes.
10.1. Com dois Socorristas:
1. Quando não estão disponíveis mais socorristas, é possível e adequado proceder à
mobilização apenas com dois, que actuarão um de cada lado da vítima virados na
direcção desta;
2. Enquanto um elemento procede à estabilização manual da cervical, que deve ser
efectuada abordando a vítima pela frente, o segundo elemento deve aplicar um colar
cervical de tamanho adequado;
3. Este segundo elemento posiciona-se, lateralmente, de frente para a vítima e coloca o
plano duro encostado atrás desta. Segura com a mão do lado interior, cujo braço passa
pela axila da vítima, o plano duro num dos seus orifícios deste nível. A outra mão irá
substituir na imobilização cervical a mão do mesmo lado do outro elemento;
Capítulo 9. Figura 137 - Posição do segundo elemento que, na foto, encobre o primeiro elemento.
4. Os dois elementos, com as mãos exteriores, com os dedos abertos e a palma da
mão de encontro à face da vítima, fazem igual pressão para dentro (um na direcção do
outro), de modo a manter a estabilização cervical manual e a fixação da vítima ao plano
duro;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
198/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
Capítulo 9. Figura 138 - Posição dos dois elementos e descida do plano e da vítima.
5. A vítima é descida até ao chão, juntamente com o plano duro, com cuidado para o plano
não deslizar, devendo os dois socorristas trabalhar em simultâneo durante este
movimento, que deve ser seguro e síncrono, para assegurar a máxima estabilização
manual;
Capítulo 9. Figura 139 - Posição dos dois elementos e descida do plano e da vítima.
10.2. Com três ou mais Socorristas:
1. Enquanto um elemento procede à estabilização da cervical, com alinhamento manual,
que deve ser efectuada abordando a vítima por trás, um outro elemento deve aplicar um
colar cervical de tamanho adequado;
2. Dois elementos posicionam-se, lateralmente, de frente para a vítima e introduzem
lateralmente um plano duro encostado atrás desta;
3. Os seus braços passando pelas axilas da vítima, seguram com as mãos do lado interior
o plano duro nos seus orifícios deste nível;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 199/262
4. O primeiro elemento mantém a estabilização cervical enquanto a vítima é segura ao
plano duro e descida juntamente com este até ao chão, devendo os três socorristas
trabalhar em simultâneo durante este movimento, que deve ser seguro e síncrono, para
assegurar a máxima estabilização manual;
Quando a vítima e o plano estão no chão, a estabilização com alinhamento manual é mantida e a vítima é imobilizada no plano duro.
11. IMOBILIZAÇÕES DOS MEMBROS SUPERIORES
Notas:
Devem ser evitados movimentos desnecessários;
Atenção à possíveis lesões crânio-encefálicas ou da coluna;
Pesquisar pulso radial, sensibilidade e mobilidade;
Em todas as imobilizações o chefe da equipa mantém a imobilização e o alinhamento
em posição neutra segundo o eixo nariz-umbigo-pés e comanda os movimentos;
Estas vítimas, quando deitadas, podem ser transportadas, imobilizadas em plano duro
ou em maca de vácuo sendo neste caso mais seguro se a maca da ambulância for um
plano duro.
11.1. Imobilização Provisória da Cintura Escapular
Técnicas:
1- Nas vítimas sentadas, o segundo elemento ajusta comodamente o membro superior
lateralmente, com o antebraço flectido para a frente do corpo. O terceiro elemento
aplica as ligaduras, imobilizando o braço contra o tronco e apoiando o antebraço;
2- Nas vítimas deitadas, o segundo elemento ajusta comodamente o membro superior do
acidentado contra o tronco enquanto outros elementos imobilizam a vítima em maca de
vácuo.
11.2. Imobilização Provisória do Umero
Técnicas:
1- Nas vítimas sentadas, o segundo elemento ajusta sob tracção mas comodamente o
braço a uma tala de madeira almofadada, colocada lateralmente, com o antebraço
flectido para a frente do corpo. O terceiro elemento aplica as ligaduras, imobilizando o
braço contra a tala e depois contra o tórax, apoiando o antebraço;
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200/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
2- Nas vítimas deitadas, o segundo elemento ajusta sob tracção mas comodamente o
membro superior do acidentado a uma tala de madeira almofadada, o terceiro elemento
aplica as ligaduras, imobilizando o membro contra a tala, outros elementos imobilizam
de seguida a vítima em plano duro ou em maca de vácuo.
11.3. Imobilização Provisória do Cotovelo
Técnicas:
1- Nas vítimas sentadas, o segundo elemento ajusta comodamente o membro superior do
acidentado a duas talas de madeira almofadadas, colocadas lateralmente, com o
antebraço na máxima extensão possível. O terceiro elemento aplica as ligaduras,
imobilizando o braço e o antebraço contra as talas e depois contra o tórax;
2- Nas vítimas deitadas, o segundo elemento ajusta comodamente o membro superior do
acidentado a duas talas de madeira almofadadas, colocadas lateralmente, com o
antebraço na máxima extensão possível. O terceiro elemento aplica as ligaduras,
imobilizando o braço e o antebraço contra as talas, outros elementos imobilizam de
seguida a vítima em plano duro ou em maca de vácuo.
11.4. Imobilização Provisória dos Ossos do Antebraço Punho e Mão:
1. O segundo elemento ajusta, sob tracção, mas comodamente, o antebraço do
acidentado a uma tala de madeira almofadada, colocada do lado que não apresenta
tumefacção;
2. O terceiro elemento, colocando um rolo de ligadura entre a palma da mão e a tala,
quando for o caso, aplica as ligaduras, imobilizando o membro contra a tala desde o
braço até à mão, ou apenas do antebraço até à mão (dedos), nas lesões da mão.
12. IMOBILIZAÇÕES DOS MEMBROS INFERIORES
Notas:
Devem ser evitados movimentos desnecessários;
As fracturas da bacia podem ser a causa da perda de 3 litros de sangue;
A fractura do acetábulo implica normalmente fractura do ureter;
A fractura do acetábulo e do isquiopúbico implica normalmente fractura do ureter e da
bexiga e hemoperitoneu;
A fractura do isquiopúbico, do iliopúbico e da sacroilíaca é normalmente mortal em
cerca 70% dos casos;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 201/262
Atenção a possíveis lesões crânio-encefálicas, da coluna ou da bacia;
Atenção à possível lesão de outros órgãos;
A redução da luxação da anca é feita sob anestesia geral.
Pesquisar pulso pedioso, sensibilidade e mobilidade.
Nas fracturas expostas lavar;
Em todas as imobilizações o chefe da equipa mantém a imobilização e o alinhamento
em posição neutra segundo o eixo nariz-umbigo-pés e comanda os movimentos;
Estas vítimas devem ser transportadas, imobilizadas em plano duro ou em maca de
vácuo sendo neste caso mais seguro se a maca da ambulância for um plano duro.
12.1. Imobilização Provisória do Fémur
Notas:
Na fractura do colo do fémur o pé está, normalmente, em rotação externa;
As fracturas do fémur podem ser a causa da perda de 0,5 a 1,5 litros de sangue.
Técnica:
1. O segundo elemento mantém, até que seja completada a imobilização, a tracção e
alinhamento do membro inferior através das duas pontas de uma ligadura, com cerca
de 1,5 metros, que é colocada a meio na planta do pé e em que cada uma das duas
pontas desce lateralmente na direcção da perna, cruzando por baixo na sua parte
posterior, ao nível do terço inferior;
2. As duas pontas sobem depois na direcção do dorso do pé, uma de cada lado, onde
cruzam de novo, continuando em direcção à planta do pé depois de passarem por
dentro da ligadura já existente, pontas essas por onde é feita a tracção;
3. Outros dois elementos fazem lateralmente a aplicação de duas talas de madeira
almofadadas, uma interna outra externa, ou noutra posição alternativa se houver ferida
ou fractura exposta, talas que deverão ultrapassar a planta do pé. A externa deve
ultrapassar em cima a bacia e a interna terminar na zona inguinal;
4. A imobilização com ligaduras inicia-se de fora para dentro no terço inferior da perna, na
direcção da parte inferior do terço superior da coxa;
5. Daí dirige-se directamente à região inguinal, ao topo da tala interna, fixa-a e continua
por baixo da coxa na direcção do ponto de partida;
6. Completada uma circular à coxa sai por baixo na direcção do topo da tala externa, fixa-a
(pode cruzar a região abdominal para o lado oposto passar por baixo da região dorso
lombar) e segue na direcção, do interior da coxo-femural, do ponto de partida;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
202/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
7. Para completar a imobilização do membro inferior, deixando janelas se existirem feridas
ou exposições ósseas, a ligadura desce de novo até à tibiotársica;
8. Daqui cruza o dorso do pé, desce na direcção do topo inferior da tala interna, sobe de
novo dando uma volta à ligadura e à tala, para fixação, cruza outra vez no dorso do pé,
depois por baixo da tibiotársica, e cruza novamente o dorso do pé, na direcção do topo
inferior da tala externa e outra vez em trajecto ascendente, em volta da ligadura e da
tala na direcção do dorso do pé e da tibiotársica;
9. Os movimentos de fixação dos topos das talas (os ‘oitos’) poderão ser repetidos até
adequada imobilização.
12.2. Imobilização Provisória do Joelho
Notas:
Na fractura do joelho, há dor à palpação nas saliências ósseas;
Não forçar a tracção, imobilizar na posição.
Técnica:
1. O segundo elemento ajusta comodamente ao membro inferior do acidentado duas talas
de madeira almofadadas, colocadas lateralmente;
2. O terceiro elemento aplica as ligaduras, imobilizando a coxa e a perna contra as talas,
apoiando depois o membro.
12.3. Imobilização Provisória dos Ossos da Perna,Tornozelo e Pé
Notas:
Nas fracturas dos ossos da perna as vítimas podem perder 0,5 Litros de sangue;
Nas fracturas dos ossos da perna, a imobilização será feita com duas talas e o método
de aplicação das ligaduras para fixação dos seus topos e imobilização do membro e
idêntico ao utilizado nas fracturas do fémur;
Nas fracturas do tornozelo e pé não forçar a tracção, retirar o sapato e imobilizar na
posição em que se encontra, excepto se houver alteração circulatória (pé roxo) tentar
alinhar.
Atenção às fracturas da coluna vertebral nas quedas de pé
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TAT.01.10 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma 203/262
Técnica:
1. O segundo elemento ajusta comodamente ao membro inferior do acidentado duas talas
de madeira almofadadas, colocadas lateralmente;
2. O terceiro elemento aplica as ligaduras, imobilizando da coxa ao pé contra as talas,
utilizando a técnica de tracção do pé.
13. TRANSPORTE DE DOENTES
13.1. Em Maca de Vácuo
Indicações: Retirar vítimas de espaços reduzidos, quando não há suspeita de trauma vertebro-
medular. Imobilização dos membros. Transportes com duração superior a 15 minutos.
Contra-indicações: Suspeita de traumatismo vértebro-medular.
Técnica de aplicação da Maca de Vácuo:
1. A maca de vácuo é previamente estendida e distribuído o seu conteúdo de forma
equilibrada;
2. Após colocação da vítima a maca deve ser ajustada com cuidado, com atenção às
zonas a imobilizar, aos membros inferiores, aos membros superiores e à cabeça, sem
impedir a circulação;
3. Extrai-se de seguida o ar da maca de vácuo, com a ajuda do aspirador ou com a bomba
própria, mantendo o ajustamento;
4. No transporte a maca de vácuo deve sempre ser colocada sobre um plano duro ou a
maca da ambulância ser um plano duro, mesmo que a vítima tenha sido inicialmente
imobilizada com colete de extracção.
13.2. No Plano Duro
Se necessário, e se a duração prevista do transporte for inferior a 15 minutos, uma vítima pode
seguir em Plano Duro com estabilizadores da cabeça, até ao Hospital.
Técnica de aplicação do Plano Duro:
1. Centrar a vítima no plano duro;
2. Proceder à colocação da aranha ou das precintas;
3. Colocar os estabilizadores de cabeça;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
204/262 Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma TAT.01.10
4. Mantendo sempre a imobilização cervical, devem ser fixadas a aranha ou as precintas
do plano duro e os apoios de cabeça, e ajustadas e fixadas as precintas da maca da
Ambulância;
5. Não esquecer que a vítima no plano duro, pode escorregar para um lado e para o outro
pelo que, deve ser almofadada e o transporte terá de ser muito suave para não agravar
lesões.
13.3. Mudança no Hospital
A vítima deve ser mudada na maca de vácuo com uma maca pluma ou no plano duro, da maca
da ambulância para a maca hospitalar, que deverá ser um plano duro. No Hospital, antes de se
retirar a vítima da maca de vácuo ou do plano duro, devem reajustar-se os cintos do colete de
extracção, se for esse o caso.
Técnica:
1. Para retirar o plano duro aplica-se a técnica de levantamento, tendo em atenção o tipo
de imobilização que foi feito e mantendo o apoio da cabeça e coluna (alinhamento e
imobilização);
2. De igual forma, para retirar a maca de vácuo, após abrir a válvula, utiliza-se a técnica de
levantamento, mantendo os mesmos cuidados relativamente à cabeça e coluna;
3. Ambos os dispositivos devem ser puxados pela extremidade dos pés da vítima,
fazendo-os deslizar ao longo do corpo da vítima com cuidado e verificando se estão
completamente libertos;
4. Também o colete de extracção pode ser retirado aplicando a técnica do levantamento,
após libertar os cintos e remover os ‘cabrestos’ e a almofada, tendo sempre em atenção
o tipo de imobilização que foi feita e mantendo o apoio da cabeça e coluna;
5. Retira-se o colete de extracção fazendo-o deslizar lateralmente, para a parte superior,
segurando juntamente todas as extremidades dos cintos, no mesmo lado e através da
aplicação da técnica de levantamento;
6. Para realizar o levantamento para retirar um plano duro, uma maca de vácuo ou um
colete de extracção pode ser utilizada uma maca pluma;
7. Mantendo o alinhamento e a imobilização, pode trocar-se um colar cervical.
Ainda que imobilizada em maca de vácuo, colete de extracção ou plano duro, uma vítima pode fazer Rx.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 O Tripulante e a Ambulância 205/262
CAPÍTULO 10 - O TRIPULANTE E A AMBULÂNCIA
OBJECTIVOS
No final desta unidade modular, os formandos deverão ser capazes de descrever:
1. Os valores deontológicos inerentes à função de Tripulante de Ambulância (TA);
2. Os sectores que constituem uma Ambulância;
3. Os factores que contribuem para uma relação assertiva no desempenho da sua
actividade;
4. As condições de segurança e higiene no binómio TA - Ambulância.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
206/262 O Tripulante e a Ambulância TAT.01.10
1. INTRODUÇÃO
O TA, deverá conhecer o material, a Ambulância e respectivo equipamento, e conhecer as
suas normas de utilização e manutenção.
Deve ser conhecedor de normas de conduta das funções que desempenha, quer perante as
vítimas e toda a sociedade, quer o dever cívico, quando está em funções de condução do
veículo e aquando da utilização dos sinais sonoros e luminosos.
Deve ainda ter uma apresentação cuidada, usar linguagem adequada, de forma a criar inteira
confiança no elemento ao qual vai prestar a assistência.
A Ambulância e a tripulação no seu interior, devem estar constantemente preparados para
qualquer ocorrência que possa surgir, o que implica boas condições de funcionamento do
veiculo e higiene da célula sanitária. A tripulação nunca deve fumar no interior da Ambulância,
nem mesmo na cabine de condução.
2. NORMAS DE CONDUTA
Ética pode ser definida como a ciência que pretende estabelecer a distinção entre o bem e o
mal, tendo como objectivo o comportamento ideal.
Na área específica da emergência médica pré-hospitalar, cujos técnicos têm de desenvolver a
sua actuação num ambiente multi-reactivo, o conceito de ética tem de estar sempre presente.
Os elementos que integram a tripulação da Ambulância devem ter um comportamento
exemplar no relacionamento com o utente, com os familiares, os acompanhantes e o público.
A tranquilidade e a serenidade são factores determinantes para o desenvolvimento de uma
actuação eficaz, respeitando a integridade física e moral.
Dentro das suas competências, o TA deverá respeitar sempre os seguintes valores:
1. A sua principal responsabilidade é manter a vida e aliviar o sofrimento;
2. A sua actuação deve sempre pautar-se pelo respeito pela dignidade humana
independentemente da nacionalidade, raça, sexo, credo ou estatuto social;
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 O Tripulante e a Ambulância 207/262
3. A confidencialidade da informação obtida no decurso da sua actividade é um princípio
que deve ser sempre respeitado;
4. Integrado em equipas multidisciplinares deve sempre respeitar e cumprir as decisões
dos técnicos de saúde mais qualificados;
5. A sua actividade deve ser desenvolvida com competência, mantendo para tal uma
constante actualização de conhecimentos.
3. A AMBULÂNCIA
Ambulância é um veículo normal, tipo furgão, com características e dimensões adaptadas às
funções a que se destina (o transporte ou o socorro / transporte de vítimas) e que, tal como as
cargas tipo, se encontram definidas por lei: Portaria n.º 1147/01 de 28 de Setembro, Portaria
n.º 1301-A/2002 de 28 de Setembro e Portaria n.º 402/2007 de 10 de Abril.
De acordo com a legislação referida, existem dois tipos de Ambulância de transporte:
A1 – Ambulância de transporte individual, para transporte de um ou dois
doentes em maca ou maca e cadeira de transporte;
A2 – Ambulância de transporte múltiplo, para transporte de até sete doentes
em cadeiras de transporte ou cadeira de rodas.
As Ambulâncias dividem-se interiormente em dois sectores distintos: a célula sanitária e a
cabina de condução. Com excepção das Ambulâncias A2, a separação entre estes dois
sectores deve ser feita através de uma divisória rígida e fixa.
3.1. A Célula Sanitária
A célula sanitária é a zona nobre de qualquer Ambulância, devendo por isso merecer a mais
cuidada atenção. De facto, é nessa zona que são socorridas e / ou transportados os doentes.
A primeira regra que deve ser cumprida em relação à célula sanitária é a sua manutenção em
condições de arrumação, asseio e higiene exemplares.
Todo o equipamento e o material a utilizar devem estar arrumados nos seus respectivos
lugares, em compartimentos cujo conteúdo deve estar devidamente identificado através de
etiquetas afixadas de forma visível.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
208/262 O Tripulante e a Ambulância TAT.01.10
Conforme estabelecido, o equipamento de maior uso deve estar mais facilmente acessível.
As garrafas de oxigénio devem merecer uma atenção especial para que não haja falhas no
abastecimento, assegurar que estejam sempre em condições de correcta e adequada
utilização, devidamente acondicionadas e com as válvulas apertadas.
De acordo com a actual legislação, as garrafas de oxigénio deverão ser instaladas na célula sanitária.
No caso das Ambulâncias A1 impõe-se uma chamada de atenção especial para o depósito de
água limpa (que deve ser limpo regularmente), substituída a água e estar sempre cheio. Por
seu lado, o depósito de águas sujas deve ser esvaziado sempre que necessário.
O Tripulante responsável pela Ambulância deve diligenciar para que a carga da célula sanitária
e de toda a Ambulância seja confirmada sempre que entra ao serviço e assegurar-se da sua
manutenção, substituição e / ou reposição sempre que necessário.
3.2. A Cabina de Condução
A cabina de condução ou habitáculo do condutor, deve possuir condições de segurança e
conforto adequados. Os seus dispositivos de iluminação, ventilação e aquecimento devem ser
independentes da célula sanitária.
Além do banco do condutor, só deve existir um outro banco que não pode ser utilizado para o
transporte de doentes.
Neste compartimento devem estar guardados os documentos da viatura.
4. O ACOMPANHAMENTO DAS PESSOAS TRANSPORTADAS
A presença do TA na célula sanitária durante o transporte do(s) doente(s) é obrigatória. A
presença do TA junto do doente durante o transporte, além de ser um factor de confiança e
alívio, permite desenvolver uma vigilância permanente.
No caso das Ambulâncias de Socorro, o acompanhamento da vítima é efectuado pelo TAS
(chefe de equipa).
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 O Tripulante e a Ambulância 209/262
Caso ocorra agravamento da situação da ou das vítimas, o TA deverá contactar o Centro de
Orientação de Doentes Urgentes para solicitar orientações técnicas.
4.1. A Comunicação com as Pessoas Socorridas e / ou Transportadas
Em relação à comunicação com as vítimas importa reter que:
1. O TA deve identificar-se perante o doente, explicar as suas funções e esclarecê-lo
sobre a sua actuação;
2. O TA necessita de saber o nome do doente para que se possa dirigir a ele de forma
personalizada, sempre com um tom de voz moderado e calmo;
3. Sem perder a atenção a tudo o que o rodeia, o TA tem de aceitar com compreensão a
forma como as pessoas envolvidas nas ocorrências se manifestam e como expressam
os seus sentimentos;
4. A ansiedade deve ser reconhecida e, porque é necessário lidar com ela, o TA não deve
ter reacções de fuga. Pelo contrário, aceitando-a como natural e convivendo com ela,
mais facilmente encontrará formas de a controlar;
5. O TA deve esforçar-se por não transportar sentimentos negativos de doente para
doente;
6. A execução técnica correcta, sem ultrapassar as suas funções e competências, facilita
a comunicação humanizada nas ocorrências.
5. CONSIDERAÇÕES SOBRE SEGURANÇA
A vontade de cumprir não pode exceder a protecção do próprio tripulante e de terceiros.
Quando chamado a actuar, o TA deve salvaguardar a sua segurança e da equipa, bem como a
da vítima a transportar. Como regra básica, define-se que o tripulante não se deve expor, nem
a terceiros, a riscos maiores do que aqueles que corre a própria vítima.
A intervenção e todas as acções a desenvolver devem ser devidamente planeadas, para uma
actuação segura, com base nas informações recebidas. Este planeamento deve incluir a
preparação psicológica individual e da equipa.
O TA deve ter sempre presente que são obrigatórias algumas medidas gerais de higiene,
imunização e cuidados especiais para o transporte de doentes, com vista a diminuir o risco de
infecção para o doente e o tripulante.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
210/262 O Tripulante e a Ambulância TAT.01.10
A possibilidade de contágio de doenças infecto-contagiosas entre a vítima e o TA e vice-versa,
é uma preocupação que deve ser considerada devendo ser tomadas medidas cautelares. A
protecção individual do TA, associada às precauções universais, praticamente reduz a zero a
probabilidade de transmissão de infecções entre o TA e a vítima.
Para o cumprimento destas orientações, o tripulante deve prestar a melhor atenção a todas as
situações que possam pôr em causa a segurança. O local e o tipo de ocorrência podem, por si
só, indicar de imediato a gravidade da situação. É disto exemplo um acidente com um veículo
com matérias perigosas, que condiciona toda a actuação, fazendo-a depender de medidas de
segurança que terão de ser tomadas e que, em alguns casos, farão demorar a aproximação às
vítimas.
Em todas as situações de violência é necessário comunicar o sucedido às autoridades.
A cooperação de outras equipas (autoridade, desencarceramento, etc.) que garantam as
condições mínimas de segurança para a intervenção do TA é indispensável.
Ocorrências com tráfego rodoviário, fumos ou gases tóxicos, violência, soterramento, queda,
perigo de explosão, entre outros, permitem a avaliação rápida de riscos manifestos, no entanto,
existem situações onde os riscos são menos evidentes.
A utilização de meios aéreos, nomeadamente de helicópteros, implica um reforço das normas
de segurança por parte dos intervenientes que não devem aproximar Ambulâncias a menos de
40 metros, sem a prévia autorização da entidade responsável.
As situações de agressão e de suspeita de crime, requerem o cuidado de não destruir provas
que possam permitir às autoridades a investigação do caso.
Só após estarem garantidas as condições de segurança, se pode proceder à abordagem e
avaliação da vítima. Na observação do local, o TA deve analisar os factos, tentar perceber o
que se passou, sem esquecer que o próprio local pode dar informações para além das que for
possível obter das vítimas ou do público presente.
Na abordagem a ocorrências em locais privados, o TA deve solicitar autorização para entrar e
ter um cuidado acrescido na recolha da informação.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 O Tripulante e a Ambulância 211/262
Todos sem excepção têm direito a ser assistidos, sem juízos de valor, há no entanto
ocorrências em que a equipa é impedida de actuar e outras em que a vítima se recusa a ser
assistida, situações em que poderá ser necessária a intervenção prévia de outras equipas.
A intervenção em acidentes de viação é a situação em que se verificam mais acidentes com
pessoal das equipas de socorro por não terem sido tomadas as medidas de segurança ou
estas terem sido desrespeitadas. A correcta colocação das viaturas no local, a sinalização de
um acidente, não atravessar uma via rápida ou auto-estrada, são factores determinantes para
garantir a segurança no local da ocorrência. Nestas situações, o TA só deve iniciar a sua
intervenção depois de serem criadas condições de segurança, nomeadamente após a
imobilização e o corte da energia das viaturas envolvidas.
A intervenção em acidentes com gás, electricidade, armas brancas ou de fogo pode exigir a
intervenção de outras equipas especializadas para o corte do abastecimento da energia, ou
outra intervenção prévia, para serem criadas condições de segurança.
O TA deve ter sempre presente que só é possível prestar um socorro de qualidade,
trabalhando em equipa, em condições de segurança e com o equipamento necessário.
Todas as situações em que é necessário socorrer alguém, levam ao aumento da ansiedade e
do stress das vítimas, dos familiares, do público presente e de quem socorre. Assim, só uma
actuação em equipa, profissional, ponderada e calma, pode permitir qualidade no serviço
prestado.
5.1. As Precauções Universais
As precauções universais devem ser rigorosamente respeitadas:
O TA com feridas nas mãos só deve ter contacto com os doentes após calçar luvas;
Uso de dispositivos que actuam como barreiras físicas de protecção (luvas, batas ou
aventais, máscaras e protectores oculares) é obrigatório sempre que se preveja o
contacto com sangue ou outros produtos biológicos;
Sempre que se preveja a exposição a gotículas de sangue ou outros produtos
biológicos é obrigatório o uso de máscaras e protecção ocular;
Após cada contacto com doentes é obrigatório lavar e desinfectar as mãos;
As agulhas devem ser depositadas nos contentores próprios imediatamente após a sua
utilização (nunca reutilizar ou dobrar agulhas usadas);
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
212/262 O Tripulante e a Ambulância TAT.01.10
Qualquer equipamento reutilizável (por exemplo: aspirador de secreções), deve ser
separado do restante material e logo que possível, devidamente lavado e desinfectado;
Os lixos contaminados devem ser recolhidos para futura incineração (exemplo: luvas,
aventais, compressas, etc.).
5.2. A Higiene das Tripulações
Como protecção individual podemos considerar:
O equipamento e fardamento;
A observação e avaliação dos riscos iminentes a cada situação;
A vacinação actualizada para a função;
O comportamento cauteloso.
As mãos são um veículo importante na transmissão de infecções, devendo sempre ser lavadas
antes de iniciar o trabalho e depois de sair da Ambulância; antes e depois de qualquer contacto
com os doentes; antes e depois de usar luvas; e depois de manipular resíduos ou roupa suja.
Na lavagem das mãos são muitas vezes esquecidas zonas críticas como os espaços
interdigitais, as pregas e as pontas dos dedos, pelo que se aconselham algumas regras
simples como:
Usar unhas curtas e sem verniz;
Retirar anéis, pulseiras e relógios;
Usar pensos impermeáveis quando a pele tem lesões;
Na maioria das situações, a lavagem higiénica das mãos e punhos com água e um
sabão dermoprotector durante um minuto e a secagem com toalhete de papel é a
atitude de higienização suficiente.
Na lavagem higiénica das mãos, que deve ser vigorosa e friccionando com movimentos
rotativos, são aconselhados os seguintes passos:
1. Iniciar a lavagem molhando as mãos com água corrente;
2. Accionar o dispositivo do sabão líquido com o cotovelo e esfregar até obter espuma;
3. A palma de uma mão contra palma da outra (Capítulo 10. Figura 140 - 1);
4. A palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda e vice-versa (Capítulo 10. Figura
140 - 2);
5. A palma contra palma, com os dedos das mãos entrelaçados (Capítulo 10. Figura 140 - 3);
6. Os dedos da mão direita nos dedos da mão esquerda (Capítulo 10. Figura 140 - 4);
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 O Tripulante e a Ambulância 213/262
7. O polegar esquerdo, com movimentos rotativos da mão contrária fechada sobre o dedo
e vice-versa (Capítulo 10. Figura 140 - 5);
8. A ponta dos dedos da mão direita na palma da mão esquerda e vice-versa, com
movimentos rotativos (Capítulo 10. Figura 140 - 6);
9. Os punhos, com movimentos rotativos da mão contrária fechada;
10. Passar as mãos por água corrente e secar com toalhetes de papel descartáveis;
11. Utilizar o toalhete de papel para fechar a torneira.
Palma a palma. Palma da mão no dorso da outra mão e vice-versa
Lavagem do espaço interdigital
Lavagem dos dedos Lavagem dos polegares Lavagem da ponta dos
dedos Capítulo 10. Figura 140 - Os principais passos da limpeza higiénica das mãos.
A desinfecção rápida das mãos com uma solução alcoólica a 70% durante meio minuto, até
secar por evaporação, é uma medida a tomar nas situações em que é necessária uma
desinfecção rápida, na ausência de lavatório com água corrente.
Após o contacto das mãos com fluidos orgânicos, à lavagem higiénica com água quente deve
seguir-se a desinfecção com soluto alcoólico a 70 %. Os salpicos de fluídos orgânicos devem
ser limpos com hipoclorito de sódio a 1%.
5.3. A Higiene da Ambulância
Doentes infectados devem ser transportados individualmente em cada Ambulância. As lesões
cutâneas devem ser protegidas com pensos impermeáveis, devem ser utilizadas máscaras e
outro material descartável e selados os compartimentos não utilizados.
A Ambulância e os equipamentos devem ser lavados e desinfectados.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
214/262 O Tripulante e a Ambulância TAT.01.10
O interior da Ambulância deve ser lavado com água quente e detergente, de diluição recente e
adequado à área a lavar, e enxuto com um pano limpo e seco.
O hipoclorito de sódio a 0,1 % é suficiente para responder às necessidades de desinfecção de
uma superfície, que deve ter sido lavada previamente. Nos locais conspurcados com fluídos
orgânicos, utiliza-se a diluição do hipoclorito de sódio a 1 %, deixado actuar durante cerca de
30 minutos, para depois passar água e secar bem. O álcool a 70 % é eficaz para a desinfecção
de superfícies. Estas devem ser sempre lavadas previamente à utilização do álcool. O
hipoclorito de sódio não está indicado para superfícies ou ligas metálicas.
Após a lavagem, o arejamento e a luz solar devem ser considerados como desinfectantes
económicos e eficazes.
6. A CONDUÇÃO DA AMBULÂNCIA E A SUA SEGURANÇA
As características externas das Ambulâncias, nomeadamente no que se refere a cores e
processos de sinalização, estão legalmente definidas, sendo por isso facilmente identificáveis
pelos outros condutores;
Regras de segurança a que deve obedecer um condutor:
Estar familiarizado com a viatura e seu equipamento;
Inspeccionar e testar a operacionalidade da viatura sempre que entra ao serviço,
verificando níveis de fluídos, funcionamento da suspensão, travões, luzes,
equipamentos de limpeza de pára-brisas, sinalização sonora e luminosa, ferramenta,
extintores e outros equipamentos e acessórios definidos para cada viatura;
Posicionar-se de forma confortável e operacional em relação a todos os comandos da
viatura segurando o volante na posição ‘10 horas e 10 minutos’;
O cinto de segurança tem de ser sempre utilizado;
Quando em marcha de emergência é aconselhado que sejam acesos os médios mas
nunca com os quatro piscas ligados em simultâneo;
A condução agressiva ou em ‘zig-zag’ não é segura nem úti e por tal motivo, fortemente
desaconselhada;
A velocidade deve ser moderada, ter em conta as características pessoais e da viatura,
os limites impostos e as informações de quem acompanha a vítima;
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TAT.01.10 O Tripulante e a Ambulância 215/262
A distância segura deve ser calculada tendo como referência o segundo carro que
segue à frente devendo, entre outros, saber:
O percurso de travagem após a reacção;
Que em média levamos 0,75 segundos para identificar uma situação perigosa,
tempo que a uma velocidade de 60 Km/h corresponde percorrer 12,5 metros
antes de reagir ao perigo;
Em situações de encadeamento luminoso levamos cerca de 6 segundos a
recuperar a visão nocturna, tempo que a uma velocidade de 60 Km/h
corresponde percorrer 100 metros sem que tenhamos recuperado
completamente a visão;
Para uma boa condução, é necessário ter em conta as características da viatura no
que se refere ao volume, peso e ponto de gravidade e aos sistemas de tracção,
direcção, travões, pneumáticos e iluminação;
O piso, as características da via, a hora do dia, o volume de tráfego e as condições
atmosféricas não devem também ser descuradas na análise efectuada pelo condutor.
Princípios gerais de segurança na condução de uma Ambulância:
O código da estrada não dá prioridade a uma Ambulância, nem mesmo às
Ambulâncias de socorro, pelo que o prosseguimento em marcha de emergência,
devidamente assinalada, deve estar sempre sujeito às condições de segurança que
permitam, sem causar acidentes, chegar à ocorrência;
Para além da serenidade, da frieza, da boa capacidade auditiva e visual, dos reflexos
rápidos e da boa capacidade de concentração, o condutor deve ter noção dos seus
limites;
A segurança do veiculo depende de vários factores e o condutor deve conhecer as
características especificas do veiculo que conduz. A segurança é maior, quanto maior
for a aderência da viatura ao solo;
As acelerações e desacelerações bruscas desequilibram a viatura provocando
alternâncias do ponto de gravidade e aumentando a probabilidade da perda de controlo
da mesma.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
216/262 O Tripulante e a Ambulância TAT.01.10
Manual do TA de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Parto Iminente Noções Básicas 217/262
ANEXO A - PARTO IMINENTE: NOÇÕES BÁSICAS
1. INTRODUÇÃO
É possível que a ambulância seja chamada para transportar uma mulher que vai entrar ou já se
encontra em trabalho de parto.
Apesar de constituir um acontecimento natural, o parto frequentemente provoca ansiedade no
TA.
Para decidir se vai transportar a futura mãe para o hospital ou preparar-se para assistir o parto,
tem de avaliar a situação e determinar se este está ou não iminente.
A maioria dos partos decorre de forma natural e sem complicações. O trabalho de parto é um
processo fisiológico normal que culmina no nascimento do bebé. Durante esse processo o
tripulante apenas ajuda, recebendo a criança sem interferir ou puxar por ela.
Obstetrícia é a especialidade médica que estuda a gravidez, o parto e o puerpério
(período após parto).
2. ASSISTÊNCIA AO PARTO
A decisão de transportar ou não a grávida para o hospital depende da evolução do trabalho
de parto e das condições do local (casa própria, lugar público).
Se durante o transporte o parto se iniciar, deve parar o veículo, assistir o parto e, só depois,
continuar o transporte, sem velocidade e sem sinais sonoros.
Devem ser feitos todos os esforços para respeitar o pudor e a privacidade da mulher,
explicando sempre o que se vai fazer e porquê e pedir a presença de outra pessoa da família,
amiga ou vizinha, se possível também do sexo feminino.
Enquanto se examina a grávida é fundamental obterem-se respostas às seguintes questões:
Há quanto tempo começou com contracções?
Manual do TA de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
218/262 Parto Iminente Noções Básicas TAT.01.10
Qual o intervalo entre elas?
Já ocorreu a ruptura da bolsa de águas?
Sente vontade de fazer força para fazer sair o bebé?
É o primeiro filho? (Em regra, o trabalho de parto de um primeiro filho demora mais
tempo que o dos seguintes)
Tempo de gestação? (Quantas semanas ou meses de gravidez?)
Sentia o bebé mexer normalmente nos últimos dias?
Já contactou com o médico? Para onde é que ele quer que seja transportada?
Durante uma contracção (dor) deve examinar a vulva para pesquisar se existe apresentação
da coroa cefálica (cabeça do bebé) ou qualquer outro tipo de apresentação.
Se não há apresentação da coroa cefálica (ou outra) e as contracções são de 7 em
7 minutos ou mais, há ainda tempo para fazer o transporte para o hospital em
decúbito lateral esquerdo, vigiando a ventilação e o pulso.
Se há apresentação da coroa cefálica (ou outra) durante as contracções, não deve
fazer o transporte da grávida e deve preparar-se para assistir ao parto.
Deve identificar o tipo de apresentação, isto é, a parte do corpo do bebé que vai sair primeiro:
Pela observação do couro cabeludo do bebé, na apresentação cefálica;
Pela observação da pélvis ou dos membros inferiores, na apresentação pélvica.
3. PREPARAÇÃO PARA ASSISTIR AO PARTO:
1. Preparar o kit de obstetrícia (kit de parto) e o local onde se vai dar o parto;
2. Colocar a grávida deitada em decúbito dorsal, com as coxas flectidas sobre o tronco,
puxando os joelhos para si e para fora;
Anexo A. Figura 141 - Posição da grávida para o parto.
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TAT.01.10 Parto Iminente Noções Básicas 219/262
3. Se houver tempo, colocar sob as nádegas da grávida um resguardo, protegido com um
lençol limpo, deixando a descoberto a região da abertura vaginal;
4. Outra pessoa deverá manter-se junto da cabeça da grávida para ela se sentir mais
apoiada. Deve ter à mão um balde ou bacia, pois é possível que a grávida vomite;
5. Não se deve dar nada a beber mas podem-se molhar os lábios da grávida;
6. Quem vai assistir ao parto deve retirar os anéis, relógio e pulseiras e lavar as mãos, as
unhas e os braços até ao cotovelo, com água e sabão;
7. Deve lavar o períneo da mulher com desinfectante e depois trocar de luvas calçando
luvas esterilizadas;
8. Deve colocar-se à frente do canal do parto. Com a mão esquerda receber a cabeça da
criança, de maneira a esta sair suavemente, durante as contracções;
9. Entretanto, deve manter uma atitude de apoio, calma e confiança. Deve encorajar a
parturiente, no intervalo das contracções, a só fazer força quando sente vontade disso;
10. Nas apresentações cefálicas, que são as mais frequentes, deve ter os seguintes
cuidados, para evitar lacerações do períneo da mulher que podem sangrar bastante:
a. Evitar que a expulsão da cabeça do bebé se faça de uma maneira brusca;
b. Apoiar a cabeça do bebé sem permitir que a parturiente faça movimentos
bruscos.
Quando o nascimento se faz normalmente, a cabeça começa a descer para a vagina da mãe
com cada contracção uterina. Nesta altura a grávida sente a necessidade de fazer força (como
para evacuar) porque a cabeça do bebé faz pressão contra o recto.
A cabeça sairá pela vagina, geralmente com a face voltada para baixo, rodando depois de lado,
para uma das pernas da mãe. A cabeça roda para um dos lados.
Em seguida, normalmente sai primeiro o ombro superior e depois o inferior. Finalmente, de
forma muito rápida, sai o resto do corpo. Dada a forma súbita como sai o resto do corpo, o
tripulante deve estar preparado para amparar o bebé. Nesta altura cessam as contracções.
Logo que toda a cabeça tenha saído, antes de deixar sair o corpo, deve explorar a região
cervical (pescoço) do bebé, à procura de uma possível circular do cordão umbilical. Se
verificar que existe uma circular do cordão e for completamente impossível fazê-la deslizar pela
cabeça do bebé, calma mas rapidamente, deve efectuar a laqueação do cordão nesse
momento:
1. Coloque duas pinças no cordão, separadas cerca de 5 cm;
Manual do TA de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
220/262 Parto Iminente Noções Básicas TAT.01.10
2. Assegure-se que as pinças estão correctamente aplicadas e o cordão está firmemente
preso por ambas;
3. De imediato e antes de sair o resto do corpo do bebé, efectue o corte do cordão entre
as pinças. Assim, evitará a morte do bebé por asfixia e garantirá que o trabalho de parto
pode prosseguir.
Anexo A. Figura 142 - Fases do parto.
4. CUIDADOS AO RECÉM-NASCIDO
Depois de o bebé ter saído completamente, deve começar a respirar por si, chorando. Como
fazer chorar o bebé, se este o não fizer espontaneamente?
Deitar o recém-nascido de lado, de costas para a mãe;
Desimpedir as vias respiratórias, aspirando a boca e o nariz com a pêra de borracha.
Aperte-a e, só depois, deve introduzi-la na boca e nariz do bebé. Na falta de pêra,
pode-se limpar a boca e nariz do bebé com uma compressa esterilizada.
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TAT.01.10 Parto Iminente Noções Básicas 221/262
Anexo A. Figura 143 - Aspiração da boca e nariz do recém-nascido.
Se o bebé tem movimentos ventilatórios, iniciar os cuidados ao cordão. Caso contrário, deve-se
iniciar as manobras de reanimação:
Estimular o recém-nascido, dando-lhe palmadinhas nas plantas dos pés ou
esfregando-o ligeiramente. Não lhe deve bater ou metê-lo dentro de água;
Verificar se a criança respira e, se ela não estiver a ventilar deve, de imediato, fazer-
lhe a ventilação artificial;
Caso entre em paragem cardio-pulmonar, faça RCP.
Por momentos, os principais cuidados são dispensados ao bebé. Sempre a respirar, com o
coração a bater e sempre quente, o recém-nascido deve ser preparado para ir ao hospital.
Entretanto, deve avaliar os sinais vitais do bebé: choro, cor da pele, temperatura corporal e
pulso.
5. CUIDADOS AO CORDÃO APÓS O PERÍODO EXPULSIVO:
Apertar a pinça do kit obstétrico ou atar uma fita de nastro esterilizada à volta do cordão,
a cerca de 15 a 20 cm do umbigo do bebé e a cerca de 3 cm da 1ª para o lado da mãe;
Quando se atam as fitas, devem dar-se pelo menos 3 nós, apertando-os com cuidado
para não arrancar o cordão;
Cortar entre os 2 nós com uma tesoura esterilizada;
Envolver a ponta do cordão numa compressa esterilizada.
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222/262 Parto Iminente Noções Básicas TAT.01.10
Anexo A. Figura 144 - Laqueação do cordão umbilical.
6. CUIDADOS COM A PLACENTA
A mãe volta a sentir contracções como aconteceu na dilatação, 15 a 30 minutos depois do
nascimento do filho. Esta fase envolve a expulsão da placenta e denomina-se dequitadura.
Desde o momento do nascimento da criança até que a placenta é expelida, podem decorrer até
cerca de 30 minutos.
É normal que a mãe, nesta altura, perca algum sangue. Como defesa contra a hemorragia o
útero contrai-se, ficando como uma bola dura.
Se, por qualquer razão, a expulsão da placenta se prolongar, não espere e inicie o transporte
da mãe e da criança para o hospital depois de o cordão umbilical estar laqueado pela pinça,
e de o cortar para poder prestar quaisquer cuidados que a criança necessite de maneira mais
adequada e fácil.
Não espere mais de 30 minutos pela saída da placenta. Se ao fim desse tempo ela não foi
expelida, envolva a extremidade do cordão numa gaze esterilizada e proceda ao transporte.
Não retirar a pinça colocada quando cortou o cordão.
Não deve em caso algum puxar pelo cordão apenas suportar e amparar a placenta.
A placenta deve ser metida num saco de plástico e levada para o hospital para ser observada e
se ter a certeza de que nenhum pedaço ficou na cavidade uterina.
Manual do TA de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Parto Iminente Noções Básicas 223/262
Se após a dequitadura ocorrer grande hemorragia, pode vir a verificar-se hipovolemia.
Depois de se dar a dequitadura coloca-se um penso higiénico e manda-se a mãe estender as
pernas, tendo previamente retirado os lençóis ou resguardos sujos.
Durante o período de espera ou transporte, os recém-nascidos perdem calor com muita
facilidade. Por isso não deve lavar ou limpar o bebé, mas apenas secá-lo com um lençol ou
cobertor, tendo o cuidado de cobrir a cabeça a fim de evitar as perdas de calor, mas deixando-
lhe, no entanto, a face exposta para poder respirar. Claro que, se ainda não o fez, deve mostrar
a criança à mãe e colocá-la num lugar seguro ou entregá-la a outro elemento da equipa.
Últimos cuidados a ter:
A mãe e a criança devem ser transportadas para o hospital, para serem examinadas
pelo médico. Mesmo que tudo tenha ocorrido sem problemas deve insistir, explicando
o porquê do transporte para o hospital;
Não esquecer de levar com a parturiente o boletim de gravidez e os exames
complementares efectuados anteriormente;
As manobras com o recém-nascido devem ser feitas com cuidado e suavidade.
7. CASOS PARTICULARES
7.1. Apresentação Pélvica
Na maioria dos partos, a cabeça do bebé é a primeira zona do corpo a sair. No entanto, pode
acontecer o contrário e saírem primeiro os pés ou as nádegas. Chama-se a esta situação,
apresentação pélvica.
Neste caso, deve-se transportar a grávida para o hospital, com as pernas e as nádegas
elevadas. Constitui excepção o facto de o parto ocorrer entretanto. Nesta situação deve assistir
o mesmo prestando os cuidados adequados.
Deve resistir à tentação de executar qualquer manobra inoportuna que poderia pôr em risco o
desenrolar do parto.
Manual do TA de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
224/262 Parto Iminente Noções Básicas TAT.01.10
É de esperar que o parto nessa circunstância se processe rápida e facilmente. Se tal não
acontecer, a conduta a adoptar é a seguinte:
1. Instruir a parturiente para que se deite bem à beira da maca de tal forma que o bebé, à
medida que vai saindo através do canal vaginal, vá ficando pendente;
2. Sairão primeiro os membros inferiores. Com as mãos receba o bebé de maneira a este
ficar com as coxas flectidas sobre o tronco;
3. De seguida sairá o tronco e os membros superiores e, por fim, normalmente, sairá a
cabeça;
4. Com ambas as mãos vai receber o bebé de maneira a este ficar com as coxas flectidas
sobre o abdómen;
Anexo A. Figura 145 - Parto com apresentação pélvica.
5. Atenção às circulares do pescoço;
6. Logo que o cordão umbilical se exteriorize, deve-se fazer uma ansa do mesmo e
continuar a aguardar;
7. Se o trabalho de parto for interrompido quando aparecem as axilas:
a. Deve meter os dedos, indicador e médio no canal vaginal de modo a que a
palma da mão fique voltada para a face do bebé;
b. Deslizar os dedos até encontrar o queixo e o nariz do bebé e afasta-os depois de
modo a que o ar possa passar e a criança não sufoque. Esta manobra deve
fazer-se até que a cabeça saia completamente ou se chegue ao hospital;
Anexo A. Figura 146 - Manobra para libertação da cabeça num parto pélvico.
Manual do TA de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Parto Iminente Noções Básicas 225/262
8. Deve-se administrar oxigénio à mãe a 3 litros / minuto e proceder ao transporte imediato
para o hospital.
7.2. Prolapso do Cordão Umbilical
Se o cordão umbilical é a primeira estrutura a sair, o parto não pode ser feito fora do hospital e
a mãe tem que ser rapidamente transportada.
Anexo A. Figura 147 - Prolapso do cordão umbilical.
Perante um prolapso do cordão umbilical, o objectivo é impedir que o bebé comprima o
cordão.
A grávida deve estar deitada de costas, com elevação das nádegas mediante uma almofada ou
cobertor (esta posição ajuda a diminuir a pressão do bebé na vagina). Com a mulher nesta
posição insira os dedos na vagina e com gentileza ‘empurre’ a cabeça do bebé (fazendo
pressão apenas sobre a superfície óssea), mantendo esta posição até à chegada ao hospital.
O cordão deve ser envolvido em compressa esterilizada, embebida em soro fisiológico
O transporte será feito sem perda de tempo, administrando à grávida oxigénio a 10 litros /
minuto.
7.3. Apresentação de um Membro
Nestas circunstâncias, deve cobrir o membro com um penso esterilizado, transportar a grávida
com as pernas e as ancas elevadas, por exemplo, com cobertores e transportar rapidamente a
parturiente ao hospital.
O transporte será iniciado sem perda de tempo, administrando à grávida oxigénio a 10 litros /
minuto.
Manual do TA de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
226/262 Parto Iminente Noções Básicas TAT.01.10
Anexo A. Figura 148 - Apresentação de um membro.
7.4. Convulsões da Grávida durante o Parto
Outra eventualidade que pode ocorrer durante o transporte é o desencadeamento de crises
convulsivas por parte da grávida. Nestas circunstâncias, a conduta a adoptar, deve ser a
mesma que para quaisquer convulsões.
Esta situação é sempre extremamente grave, ficando a grávida, muitas vezes, a seguir às
convulsões, em coma. Por esta razão, a grávida deve ser transportada o mais rapidamente
possível para a maternidade, deitada para o lado esquerdo e com administração de oxigénio a
10 litros / minuto.
Porque os estímulos podem provocar novas convulsões, o transporte deve ser feito
suavemente, sem luzes, sirenes ou manobras bruscas.
7.5. Gémeos
O nascimento de 2 ou mais crianças não é, em si mesmo, um problema. O parto de gémeos
processa-se do modo habitual. Pode haver um intervalo de alguns minutos entre o nascimento
de cada bebé.
Geralmente, os gémeos são mais pequenos e perdem calor mais facilmente. Por isso, deve
haver um cuidado especial para os manter aquecidos
7.6. Prematuros
Um bebé que nasceu antes das 37 semanas de gestação ou tem baixo peso (peso inferior a
2.500 g), deve ser considerado prematuro.
Manual do TA de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Parto Iminente Noções Básicas 227/262
O parto deve ser assistido como qualquer outro mas devem ter-se alguns cuidados
suplementares:
Cobrir o prematuro com um cobertor aquecido;
Laquear o cordão com muito cuidado devendo certificar-se que não fica a sangrar;
O prematuro é ainda mais susceptível a infecções que os outros recém-nascidos.
Por isso, não falar, tossir ou espirrar para cima dele (deverá usar, de preferência,
uma máscara protectora de modo a reduzir o risco de transmissão de infecções).
7.7. Aborto
Chama-se aborto ou abortamento à expulsão do bebé e da placenta, quando a criança não
está ainda suficientemente desenvolvida para viver por si só.
Quer o aborto tenha sido espontâneo ou provocado, não lhe compete julgar a mulher e, como
sempre, a sua atitude deve ser de apoio e competência profissional.
Esta situação causa, frequentemente, hemorragias graves que apresentam os seguintes
sintomas:
Pulso rápido;
Sudorese (transpiração);
Palidez;
Fraqueza;
Dor abdominal;
Hemorragia vaginal, com ou sem saída do feto.
A actuação do TA consiste em:
1. Deitar a parturiente com elevação dos membros inferiores;
2. Conservar a temperatura corporal da mesma, cobrindo-a com um cobertor;
3. Não tocar na área da vagina, pois facilmente se pode provocar infecção;
4. Aplicar pensos higiénicos ou compressas esterilizadas para embeber o sangue;
5. Administrar oxigénio a 3 litros / minuto. No caso de hemorragia abundante e / ou
presença de choque (pela hipovolemia) administrar a 10 litros / minuto;
6. Transportar para o hospital também o feto, se este tiver sido expelido, mas fora da vista
da mãe.
Manual do TA de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
228/262 Parto Iminente Noções Básicas TAT.01.10
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 229/262
ANEXO B - GLOSSÁRIO
A
ABC
Sigla (mnemónica) utilizada para a avaliação de uma vítima inconsciente.
A - Via aérea
B - Ventilação
C - Circulação
ABCDE
Sigla (mnemónica) utilizada para a avaliação de uma vítima de trauma.
A - Via aérea com controlo da coluna cervical
B - Ventilação
C - Circulação com controlo de hemorragias
D - Disfunção neurológica
E - Exposição com controlo de temperatura
Abdómen
Região anatómica do tronco, compreendida entre o tórax e a bacia (pélvis).
A cavidade abdominal, entre outras estruturas, contém o estômago, o intestino, fígado (e
vesícula biliar), pâncreas, rins (e glândulas supra-renais) e o baço.
Aborto (abortamento)
Morte ou expulsão de um feto, antes de atingida a idade gestacional compatível com a sua
viabilidade.
O aborto pode ser provocado ou espontâneo.
Abrasão
Lesão da pele ou mucosas, provocada por fricção.
Estas lesões são extremamente dolorosas e muito frequentes em motociclistas que deslizam
sobre uma superfície após uma queda.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
230/262 Glossário TAT.01.10
Acidente
Acontecimento repentino e imprevisto, provocado por acção do homem ou da natureza, com
efeitos relativamente limitados no tempo e no espaço susceptíveis de atingirem as pessoas, os
bens ou o ambiente.
Afasia
Perda da capacidade de falar ou compreender a linguagem falada ou escrita.
Afogamento; quase-afogamento
Afogamento designa a morte por asfixia ocorrida em meio líquido; quase-afogamento designa a
situação provocada pela submersão em meio líquido, em que a vítima é removida com vida ou
é reanimada após manobras adequadas.
Alergeno
Substância que provoca uma reacção alérgica em indivíduos sensibilizados.
Alergia
Reacção de hipersensibilidade provocada pelo contacto com substâncias estranhas
(alergenos) que, normalmente, não provocam este tipo de resposta.
A reacção pode ter diferentes graus de gravidade, da ligeira urticária à reacção anafilática com
choque, extremamente grave.
Alinhamento
Técnica para alinhar a coluna cervical segundo o eixo nariz – umbigo - pés.
Alvéolos pulmonares
Região terminal das vias aéreas, em forma de pequenos sacos agrupados em cachos,
rodeados de uma rede de capilares (por isso designados capilares peri-alveolares).
É ao nível dos alvéolos pulmonares que se processam as trocas de oxigénio e dióxido de
carbono entre o sangue e o ar inspirado.
Ambulância de socorro
Veículo com características definidas legalmente no que se refere à tripulação, equipamento e
ao próprio veículo e cuja principal função é a de prestar o socorro de emergência a vítimas de
doença súbita ou trauma e proceder ao seu transporte para o serviço de saúde mais adequado.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 231/262
Amenorreia
Falta de fluxo menstrual.
Amnésia
Perda parcial ou total da memória.
A amnésia pode ter diversas causas mas, frequentemente, surge como resultado de situações
traumáticas (físicas ou psicológicas).
A amnésia é frequente em alguns TCE, especialmente a amnésia que se verifica para os factos
relacionados com o acidente que causou o TCE.
Amputação
Secção (corte) de um membro ou de um segmento de um membro.
A amputação pode ser cirúrgica ou traumática.
Anatomia
Ciência médica que estuda e descreve o corpo humano.
Angina de Peito (angor pectoris)
Doença cardíaca caracterizada por dor pré-cordial ou sensação de opressão torácica, como
resultado de um deficiente fornecimento de oxigénio ao miocárdio.
A angina de peito surge, frequentemente, como resultado de um esforço ou emoção e
desaparece com o repouso e / ou a utilização de medicação adequada (comprimidos de
administração sub-lingual).
Esta situação difere do enfarte agudo do miocárdio pela resposta ao tratamento (repouso e
fármacos) e pela ausência de lesão irreversível.
Anisocória
Pupilas de tamanhos diferentes na mesma pessoa.
ANPC
Autoridade Nacional de Protecção Civil.
Antecedentes
Doenças e situações patológicas da vítima.
Anúria
Ausência de débito urinário.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
232/262 Glossário TAT.01.10
Aorta
Principal artéria do corpo humano.
Tem origem no ventrículo esquerdo, de onde recebe o sangue que distribui por todo o corpo
(grande circulação).
Apêndice Xifóide
Porção cartilagínea do esterno, localizada na sua região inferior.
Apneia
Ausência de ventilação.
Arma
Dispositivo capaz de provocar lesões traumáticas, de forma voluntária (agressão) ou
involuntária (acidente).
Embora muitos dispositivos possam receber esta designação, são frequentes as lesões
provocadas por armas brancas (facas, navalhas, etc.) ou por armas de fogo (pistolas,
espingardas, etc.)
Artéria
Vaso sanguíneo que conduz o sangue do coração para os tecidos.
Asma
Doença caracterizada por crises de dispneia motivadas por hipersensibilidade das pequenas
vias aéreas (brônquíolos) a uma série de substâncias (alergénios) e estímulos (por exemplo:
frio, emoções).
Após o contacto com o estímulo que desencadeia a crise, as pequenas vias aéreas vão
apresentar os seguintes fenómenos: broncoconstricção, edema e aumento de secreções.
Estes três fenómenos vão causar a obstrução da passagem do ar que pode ser severa.
Assistolia
Forma de paragem cardíaca.
Aterosclerose
Doença caracterizada pela deposição de lípidos (gorduras) na parede dos vasos sanguíneos
que, eventualmente, leva à oclusão desses vasos, impedindo a circulação de sangue.
Estes depósitos podem também provocar a formação de coágulos sanguíneos que, quando se
desprendem, formam êmbolos e causam a oclusão de vasos localizados noutras zonas.
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TAT.01.10 Glossário 233/262
AVC (Acidente Vascular Cerebral)
Doença caracterizada pela interrupção do fornecimento de sangue a determinadas zonas do
cérebro, com perda das funções asseguradas por essas zonas.
Avulsão
Arrancamento. Termo utilizado para descrever o arrancamento traumático de dentes ou unhas.
B
Bacia
Região anatómica localizada abaixo do abdómen.
A bacia corresponde à região definida pelos ossos ilíacos que, por sua vez, delimitam a
cavidade pélvica.
Nesta cavidade localizam-se, entre outras estruturas, a bexiga, o recto e, na mulher, o aparelho
reprodutor.
Baixa Frequência
Telefone.
BAR
Rotura do saco das águas (antecede o parto).
Bradicardia
Frequência cardíaca inferior a 60 / minuto.
Bradipneia
Frequência ventilatória abaixo do normal.
Bronquite
Doença crónica do aparelho respiratório que se caracteriza pela inflamação dos brônquios.
Esta inflamação vai provocar a diminuição progressiva da função respiratória.
C
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
234/262 Glossário TAT.01.10
Calamidade
Acontecimento ou série de acontecimentos graves, de origem natural ou tecnológica, com
efeitos prolongados no tempo e no espaço, em regra previsíveis, susceptíveis de provocarem
elevados prejuízos materiais e, eventualmente, vítimas, afectando intensamente as condições
de vida e o tecido socio-económico em áreas extensas do território nacional.
Catástrofe
Acontecimento súbito, quase sempre imprevisível, de origem natural ou tecnológica,
susceptível de provocar vítimas e danos materiais avultados, afectando gravemente a
segurança das pessoas, as condições de vida das populações e o tecido socio-económico do
país.
Cefaleias
Dores de cabeça.
Célula
Estrutura microscópica que constitui a unidade básica fundamental de todos os organismos
vivos.
Os organismos mais simples podem ter apenas uma célula (organismos unicelulares, como é o
caso das bactérias) ou várias (organismos pluricelulares, como é o caso de um animal ou de
uma planta).
O homem tem milhares de biliões de células que podem ser de vários tipos. São exemplos os
glóbulos vermelhos, os neurónios ou as células musculares.
Cerebelo
Órgão do Sistema Nervoso Central e um dos constituintes do encéfalo.
O cerebelo localiza-se na região posterior do crânio e a sua principal função é a de garantir a
coordenação dos movimentos.
Cérebro
O cérebro é um órgão do Sistema Nervoso Central e o maior constituinte do encéfalo.
O cérebro ocupa a maior parte da caixa craniana e desempenha importantes funções motoras,
sensitivas e de integração.
É constituído por dois hemisférios ligados por uma estrutura denominada corpo caloso.
Várias regiões do cérebro são responsáveis por funções específicas, de que são exemplos a
fala, a audição ou a actividade motora.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 235/262
CHAMU
Mnemónica utilizada para a colheita de informação:
C - Circunstâncias da ocorrência
H - História clínica prévia
A - Alergias
M - Medicação habitual
U - Última refeição
Choque
Situação caracterizada pelo fornecimento inadequado de sangue aos tecidos.
Esta situação, se não for corrigida rapidamente, coloca a vida da vítima em risco.
Consoante a causa, o choque pode ser de vários tipos: hipovolémico, neurogénico,
cardiogénico ou obstrutivo.
Choque anafilático
Reacção alérgica sistémica grave.
Cianose
Coloração azulada da pele, mucosas e / ou leito ungueal, devida a um défice de oxigénio.
O frio também pode provocar esta alteração.
CIAV
Centro de Informação Antivenenos.
Ciclo Ventilatório
Conjunto de uma inspiração e uma expiração.
Circulação
Movimento do sangue no interior dos vasos sanguíneos.
A grande circulação corresponde ao movimento do sangue entre o ventrículo esquerdo e a
aurícula direita. Destina-se a fornecer oxigénio e nutrientes aos tecidos e remover o dióxido de
carbono e substâncias tóxicas produzidas pelas células.
A pequena circulação corresponde ao movimento do sangue entre o ventrículo direito e a
aurícula esquerda. Destina-se a garantir a oxigenação do sangue e a eliminação do dióxido de
carbono a nível dos pulmões.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
236/262 Glossário TAT.01.10
CODU - Centro de Orientação de Doentes Urgentes.
Central responsável pela recepção de chamadas de emergência relacionadas com a saúde,
pela sua triagem, pelo accionamento e acompanhamento dos meios de socorro e, ainda, pelo
aconselhamento apropriado.
Colar Cervical
Dispositivo destinado a imobilizar a coluna cervical.
Existem diversos modelos de colar cervical mas os mais eficazes são os colares de quatro
apoios.
Colete de Extracção
Também conhecido por KED (Kendrick Extrication Device - Dispositivo de Remoção de
Kendrick), este dispositivo de imobilização foi especificamente concebido para imobilizar
vítimas de acidentes de viação e permitir a sua extracção do veículo sinistrado de forma
controlada.
Outras utilizações possíveis deste dispositivo incluem a imobilização do membro superior ou a
remoção de vítimas de locais de difícil acesso.
Contusão
Lesão traumática que se caracteriza pela manutenção da integridade da pele, com atingimento
mais ou menos marcado dos tecidos subjacentes.
Convulsões
Actividade muscular involuntária, associada a perda de consciência, que pode ser generalizada
ou localizada a um membro ou região.
As convulsões podem ser causadas por várias situações, como sejam a epilepsia, os AVC, os
TCE, ou as neoplasias cerebrais.
Coração
Órgão do sistema cardiovascular, localizado no tórax, constituído por quatro cavidades (duas
aurículas e dois ventrículos) e responsável pela circulação do sangue.
O coração funciona como uma bomba que mantém o sangue em constante circulação, à custa
da contracção do músculo cardíaco, principal constituinte deste órgão.
Crepitação
Sensação de mobilidade anormal que se pode ouvir e sentir nas fracturas.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 237/262
CVP
Cruz Vermelha Portuguesa.
D
Débito de O2
Número de litros de oxigénio a administrar.
Decúbito Dorsal
Corpo humano deitado sobre a região posterior, com a face para cima. (Ver Posição Supina)
Decúbito Lateral
Corpo humano deitado lateralmente, sobre o lado esquerdo ou direito.
Decúbito Lateral Esquerdo - DLE
Deitar sobre o lado esquerdo.
Decúbito Ventral
Corpo humano deitado sobre a região anterior, com a face para baixo.
Dequitadura
Expulsão da placenta durante o trabalho de parto.
Derme
Camada inferior da pele.
Na derme encontram-se glândulas sudoríparas e sebáceas, folículos pilosos, vasos
sanguíneos e as terminações nervosas sensitivas.
Desencarceramento
Processo de libertação de uma vítima encarcerada.
DFEM
Departamento de Formação em Emergência Médica. Estrutura formativa do Instituto Nacional
de Emergência Médica.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
238/262 Glossário TAT.01.10
Diabetes Mellitus
Doença caracterizada pela alteração dos mecanismos de controlo dos níveis de açúcar no
sangue (glicemia).
Diafragma
Músculo que separa o tórax do abdómen e é o principal músculo respiratório. A sua contracção
causa a expansão pulmonar que se verifica durante a inspiração.
Lesões da coluna vertebral acima de C4 podem provocar a paralisia deste músculo com morte
por asfixia.
Dióxido de Carbono
Um dos principais produtos do metabolismo.
Acima de determinados níveis torna-se tóxico pelo que o seu excesso tem que ser
continuamente eliminado.
Disartria
Dificuldade na articulação das palavras.
Disfagia
Dificuldade na deglutição.
Dismenorreia
Dor associada ao período menstrual.
Dispareunia
Dor associada ao acto sexual.
Dispneia
Sensação subjectiva de falta de ar.
Sintoma com diversas causas que incluem doenças do aparelho respiratório, doenças
cardíacas e doenças musculares.
Disritmia
Arritmia - Alteração do ritmo cardíaco.
Dissecção da Aorta
Rotura longitudinal da face interna da aorta.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 239/262
DLE - Decúbito Lateral Esquerdo
Deitar sobre o lado esquerdo.
DM2
Diabetes Mellitus tipo II - do adulto.
DMNIT
Diabetes Mellitus Não Insulino - Tratado (geralmente tipo II).
Dor
Sensação desagradável resultante de lesão tecidular ou percebida como tal.
DPOC
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica.
E
EAM - Enfarte Agudo do Miocárdio
Lesão do miocárdio de que resulta a morte das células.
Esta situação é resultante de um défice de aporte de oxigénio ao miocárdio, um aumento das
necessidades de oxigénio ou ambas.
O enfarte agudo do miocárdio é uma causa de mortalidade importante e, normalmente, o
principal sintoma é a dor pré-cordial intensa.
EAP - Edema Agudo do Pulmão
Situação caracterizada pelo encharcamento dos alvéolos pulmonares por líquido proveniente
do sistema vascular.
É uma situação de falência respiratória grave que cursa com respiração ruidosa e sensação de
afogamento.
As causas de edema agudo do pulmão são várias e incluem patologia cardíaca (por exemplo, o
enfarte agudo do miocárdio) ou pulmonar (por exemplo, algumas infecções ou a exposição a
substâncias tóxicas).
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
240/262 Glossário TAT.01.10
Edema
Inchaço. Acumulação de líquido entre as células dos tecidos, provocando o aumento de volume
desses tecidos.
O edema pode ter várias causas: origem cardíaca, inflamatória, por doença hepática, défice
nutricional ou outras.
Electrocussão
Situação em que se verificam lesões provocadas pela acção da corrente eléctrica sobre o
corpo.
Embolia
Oclusão de uma artéria por um êmbolo formado noutro local do aparelho circulatório.
São exemplos as embolias pulmonares e cerebrais.
Os êmbolos podem ser de vários tipos: coágulos sanguíneos, matéria gorda da medula óssea
(embolia gorda), líquido amniótico (embolia de líquido amniótico) ou mesmo substâncias
gasosas, como o ar (embolia gasosa).
Emético
Que provoca o vómito.
Empalamento
Situação em que se verifica uma lesão provocada por um objecto que permanece na ferida.
Encarceramento
Situação em que uma vítima não pode ser removida de determinado local por se encontrar
presa, sendo necessário recorrer a meios especiais de desencarceramento para a poder
libertar.
Encéfalo
Porção do Sistema Nervoso Central localizada dentro da caixa craniana.
É constituído pelo cérebro, cerebelo e tronco cerebral.
Enfisema Sub-cutâneo
Acumulação de ar no tecido celular sub-cutâneo.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 241/262
Entorse
Lesão articular por estiramento dos ligamentos.
A entorse da articulação tíbio-társica (tornozelo) por má colocação do pé durante a marcha é
muito frequente.
Epigastralgia
Dor localizada ao epigastro (estômago).
Epilepsia
Doença cerebral que se caracteriza pelo aparecimento de actividade eléctrica desordenada,
frequentemente provocada por um estímulo visual ou auditivo intenso.
A existência de convulsões é uma característica comum à maior parte das formas de epilepsia.
Epistáxis
Perda de sangue pelo nariz.
Equimose
Lesão da pele em que há rotura de capilares com extravasamento e acumulação de sangue,
formando as vulgares “nódoas negras”.
Eritrócitos
Glóbulos vermelhos. Células do sangue cuja principal função é o transporte de oxigénio dos
pulmões até aos tecidos. Para isso, têm uma substância (hemoglobina) capaz de captar
oxigénio a nível dos capilares pulmonares e libertá-lo nos capilares dos tecidos.
Escala AVDS
Escala de avaliação do estado de consciência.
Esfacelo
Lesão dos tecidos moles com destruição importante e perdas sanguíneas que podem ser
significativas.
Esterno
Osso plano de forma alongada, localizado na região anterior do tórax.
Expectoração
Produto com origem nos pulmões e que é expelido pela tosse.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
242/262 Glossário TAT.01.10
F
FA - Fibrilhação Auricular
Forma de arritmia cardíaca muito frequente nos idosos.
FC - Frequência Cardíaca
Número de batimentos cardíacos por minuto.
Febre
Conjunto de alterações provocadas por uma infecção e que inclui hipertermia, arrepios e
prostação.
Feto
Designação dada ao embrião a partir da sua implantação no útero e até ao parto.
Fibrilhação
Forma de alteração eléctrica cardíaca.
Fisiologia
Ciência médica que estuda e descreve o funcionamento do corpo humano.
Flictenas
Vesículas (bolhas) ao nível da pele, com conteúdo líquido, ocorrendo nas queimaduras do 2º
grau.
FR - Frequência Respiratória
Número de ciclos respiratórios por minuto.
Fractura
Solução de continuidade no tecido ósseo, normalmente provocada por um traumatismo.
Este tipo de lesão pode ter uma gravidade relativamente pequena (algumas fracturas dos
dedos), ou serem muito graves e colocarem a vítima em risco de vida (exemplo, algumas
fracturas da bacia).
As fracturas podem ser fechadas ou abertas.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 243/262
FV - Fibrilhação Ventricular
Forma de paragem cardíaca.
G
Garrote
Dispositivo, improvisado ou não, que se coloca envolvendo um membro em posição proximal a
uma hemorragia e pode ser apertado de modo a reduzir ou parar essa hemorragia.
Gesta
Número de gestações ou gravidezes.
Glicemia
Nível de glicose (açúcar) no sangue.
Glicose (glucose)
Um dos açúcares fornecidos pelos alimentos e utilizado pelas células como principal fonte de
energia.
H
Hematemese
Vómito de sangue pela boca, tipo «borra de café».
Esta situação resulta de hemorragia a nível do aparelho digestivo, em regra do esófago ou do
estômago.
Hematoma
Colecção de sangue sem contacto com o exterior (rotura de artéria ou veia).
Resulta da acumulação de sangue nos tecidos, após lesão de vasos sanguíneos.
Os hematomas podem localizar-se em qualquer tecido mas são particularmente graves quando
ocorrem a nível intra-craniano.
Hematúria
Perda de sangue das vias urinárias.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
244/262 Glossário TAT.01.10
Hemi
Prefixo que designa metade.
São exemplos: hemiparésia (paralisia de uma das metades do corpo) ou hemitórax (termo
usado para referir uma das cavidades pleurais).
Hemiparésia
Diminuição da força de um dos lados do corpo.
Hemiplegia
Perda de mobilidade de um dos lados do corpo.
Hemoglobina
Substância responsável pelo transporte de oxigénio para os tecidos, localizada nos glóbulos
vermelhos.
A nível dos capilares pulmonares o oxigénio liga-se à hemoglobina sendo posteriormente
libertado nos capilares tecidulares e passando para as células.
Hemoptise
Tosse acompanhada de perda de sangue vivo.
Esta situação resulta de hemorragia a nível pulmonar ou das vias aéreas inferiores.
Hemorragia
Extravasamento de sangue provocado por lesão de um vaso sanguíneo.
As hemorragias podem ser classificadas em arteriais ou venosas, consoante o tipo de vaso
lesado.
Por norma as hemorragias arteriais provocam maiores perdas sanguíneas e são mais difíceis
de controlar que as hemorragias venosas.
As hemorragias podem ainda ser classificadas em externas (visíveis) ou internas.
Estas últimas podem ser particularmente graves uma vez que são mais difíceis de diagnosticar
e o seu controle apenas pode ser feito recorrendo a cirurgia, pelo que podem provocar perdas
de sangue muito graves.
Hemotórax
Acumulação de sangue na cavidade pleural com colapso do pulmão.
Esta situação resulta normalmente de trauma e a sua gravidade depende da quantidade de
sangue que se perde.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 245/262
Hiper
Prefixo que designa maior ou mais elevado.
São exemplos: hipertensão, hiperglicemia ou hipertermia.
Hipertermia
Temperatura elevada, geralmente corresponde a febre.
Hipo
Prefixo que designa menor ou mais baixo.
São exemplos: hipotensão, hipoglicemia ou hipotermia.
Hipoglicémia
Nível de açúcar no sangue inferior ao normal.
Hipotermia
Temperatura abaixo do normal.
Hipóxia
Défice de oxigénio.
HTA - Hipertensão Arterial
Tensão arterial elevada.
I
Icterícia
Coloração amarelada da pele e mucosas, particularmente visível a nível ocular (escleróticas).
Normalmente esta situação resulta de doença hepática.
Imobilização
Princípio que deve ser aplicado a todas as vítimas de trauma com o objectivo de eliminar ou
reduzir os movimentos a que essa vítima será sujeita durante a prestação de socorro e o
transporte até ao hospital.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
246/262 Glossário TAT.01.10
Imobilização (de extremidade)
Técnica que recorre a dispositivos, normalmente rígidos (talas), com o objectivo de manter um
membro traumatizado na mesma posição, eliminando ou reduzindo os movimentos.
Imobilizadores Laterais da Cabeça
Dispositivos que, juntamente com o plano duro, garantem a imobilização da coluna.
Incontinência de Esfíncteres
Perda do controle dos esfincteres (urinário e / ou anal) com micção e / ou dejecção involuntária.
Esta situação ocorre com alguma frequência em caso de convulsões ou AVC.
INEM
Instituto Nacional de Emergência Médica.
Infecção
Doença provocada pela proliferação de determinado tipo de agente patogénico (capaz de
provocar doença).
Inflamação
Reacção normal do organismo com o objectivo de combater determinada lesão ou infecção.
Frequentemente, esta resposta torna-se excessiva constituindo um factor de lesão adicional,
tornando-se necessário combatê-la.
Insulina
Hormona segregada pelo pâncreas e responsável pela entrada da glicose para as células.
A incapacidade de produção de insulina provoca a diabetes mellitus (tipo I ou insulino-
dependente).
Intoxicação
Situação que resulta dos efeitos de um ou mais produtos tóxicos sobre o organismo.
Isquémia
Diminuição ou ausência de fornecimento de sangue a determinada área ou órgão.
L
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 247/262
LCR - Líquido Céfalo-Raquidiano
Líquido que se localiza no espaço sub-aracnoideu e tem funções de protecção do Sistema
Nervoso Central.
A perda de líquido céfalo-raquidiano é uma consequência possível dos TCE graves.
Leucócitos
Glóbulos Brancos - Células do sangue, de diferentes tipos, cuja principal função é a defesa
contra substância externas e, particularmente, contra agentes infecciosos.
Levantamento
Técnica para colocar uma maca sob uma vítima de trauma.
Lipotímia
Tontura. Sensação de desmaio.
Não há total perda de consciência, geralmente a vítima deixa de ver mas não de ouvir.
Líquido Amniótico
Líquido que envolve o feto, protegendo-o durante a gestação.
A rotura da bolsa de águas, que antecede o parto, corresponde à perda deste líquido após
rotura do saco amniótico.
Líquido Pleural
Líquido “lubrificante” que se localiza na cavidade pleural e facilita o deslizamento dos folhetos
pleurais ocorrido com os movimentos respiratório, ao reduzir o atrito criado entre eles.
Líquido Sinovial
Líquido contido na cápsula articular, que “lubrifica” a articulação e facilita os movimentos dos
ossos envolvidos.
M
Maca Pluma (maca scoop)
Dispositivo que permite a remoção e o transporte de uma vítima, tendo sido especificamente
concebida para permitir a sua colocação sob a vítima com um mínimo de mobilização desta.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
248/262 Glossário TAT.01.10
Mastectomia
Remoção cirúrgica da mama.
Mediastino
Compartimento central da cavidade torácica onde, entre outras estruturas, se localizam o
coração, os grandes vasos, a traqueia e o esófago.
Medula Espinal
Órgão do Sistema Nervoso Central, localizado no canal raquidiano (ou medular) e cuja principal
função é a de conduzir impulsos nervosos da periferia para o encéfalo e vice-versa.
Melenas
Hemorragia digestiva - aparecimento de sangue escuro nas fezes - fezes negras.
Meninges
Conjunto das três estruturas membranosas cuja principal função é a protecção do Sistema
Nervoso Central, que envolvem totalmente. Essas estruturas são (do exterior para o interior):
dura-máter, aracnoideia e pia-mater.
Metabolismo
Conjunto dos processos (reacções) químicos e físico-químicos que ocorrem a nível celular.
Midríase
Pupilas dilatadas.
Miocardiopatia
Doença do músculo cardíaco.
Miose
Pupilas de tamanho menor do que o normal.
Monóxido de Carbono
Produto resultante de combustões extremamente tóxico.
O monóxido de carbono liga-se fortemente à hemoglobina em vez do oxigénio, comprometendo
o transporte deste para os tecidos.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 249/262
N
Náuseas
Enjoo. Sensação desagradável, muitas vezes associada ao vómito.
Necrose
Morte (tecidular).
O
Oligúria
Diminuição do débito urinário.
Órgão
Conjunto de tecidos que formam uma determinada estrutura mantendo uma função comum.
Ex. Coração.
Otorragia
Hemorragia pelo ouvido.
Oxigenação
Processo que ocorre a nível dos pulmões e que consiste na captação de oxigénio pelo sangue
venoso e a sua transformação em sangue arterial (ou oxigenado).
Oxigénio
Elemento indispensável à vida.
O oxigénio é necessário para que o organismo possa transformar os alimentos em energia.
Sem oxigénio a morte surge em poucos minutos.
P
Pâncreas
Órgão localizado na cavidade abdominal (atrás do estômago e do fígado).
O pâncreas é uma glândula responsável pela produção de suco pancreático (contendo várias
enzimas digestivas) e de insulina.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
250/262 Glossário TAT.01.10
Paragem respiratória
Ausência de movimentos respiratórios espontâneos.
Se não for reconhecida e prontamente resolvida, evolui para paragem cardio-respiratória em
poucos minutos.
Parestesias
Sensação de adormecimento ou formigueiros das extremidades.
Parto
Conjunto dos processos fisiológicos e mecânicos que levam à saída do feto (viável) e anexos
(placenta). Antes das 37 semanas de gestação designa-se por parto prematuro.
PCR - Paragem Cardio-Respiratória
Ausência de ventilação e de circulação.
Se não for revertida rapidamente conduz à morte.
Pericárdio
Estrutura membranosa em forma de saco que envolve o coração.
Período Neo-Natal
Primeiro mês de vida.
Neste período o bebé designa-se por recém-nascido.
Pia-máter
Fina membrana que recobre toda a superfície do sistema nervoso central.
A pia-máter é a meninge mais interna e está separada da aracnoideia pelo espaço sub-
aracnóideu, onde se encontra o líquido céfalo-raquidiano.
Pieira
Som sibilante característico da asma, audível na fase expiratória.
Plano Duro
Dispositivo de imobilização que consiste, basicamente, numa prancha onde pode ser colocada
uma vítima de trauma em decúbito dorsal.
Plasma
Fracção líquida do sangue.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 251/262
Pleura
Membrana constituída por dois folhetos que revestem os pulmões (folheto visceral) e a face
interna da cavidade torácica (folheto parietal).
Estes dois folhetos formam a cavidade pleural e, em conjunto com o líquido pleural, permitem o
deslizamento dos pulmões sobre a face interna da parede torácica durante os movimentos
respiratórios.
PLS - Posição Lateral de Segurança
Também designada por posição de recuperação.
Posição em que se coloca uma vítima inconsciente (na ausência de suspeita de traumatismo)
de modo a impedir a obstrução da via aérea por queda da língua e / ou a aspiração de vómito.
Geralmente DLE.
PMA
Posto Médico Avançado.
Pneumonia
Doença resultante da infecção do(s) pulmão(ões) por um agente patogénico.
Pneumotórax
Situação em que se verifica a acumulação de ar no espaço pleural com colapso do pulmão.
Embora possa surgir de forma espontânea, normalmente, o pneumotórax resulta de um
traumatismo.
Polidipsia
Aumento da ingestão de líquidos por sede exacerbada.
Polifagia
Aumento da ingestão de alimentos por fome exacerbada.
Politraumatizado
Vítima de trauma que apresenta pelo menos uma lesão grave em dois ou mais órgãos ou
sistemas.
Poliúria
Aumento da frequência das micções.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
252/262 Glossário TAT.01.10
Posição Anatómica
Corpo humano na vertical, olhando em frente e com as palmas das mãos voltadas para a
frente.
Em anatomia, esta é a posição em que são feitas todas as referências às estruturas do corpo
humano.
Posição Erecta
Corpo humano em pé, na vertical.
Posição Supina
Corpo humano em decúbito dorsal (costas para baixo) e palmas das mãos viradas para a
frente.
Precauções Universais
Conjunto de procedimentos que devem ser adoptados por todos os profissionais de saúde com
o objectivo de diminuir o risco de infecção resultante do contacto com doentes portadores de
doenças infecciosas ou produtos contaminados.
Precordialgia - Angor
Dor no peito - Dor localizada na região pré-cordial.
Termo usado para descrever a dor torácica associada a doença coronária.
Prematuro
Recém-nascido com menos de 37 semanas de gestação.
Prurido
Comichão.
PSC
Perda súbita de conhecimento - Desmaio.
PSP
Polícia de Segurança Pública.
Pulmões
Órgãos do sistema respiratório, localizados no tórax e responsáveis pela oxigenação do
sangue venoso e sua transformação em sangue arterial.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 253/262
Pulso Arrítmico
Pulso irregular.
Pulso Rítmico
Pulso regular.
Q
Queimadura
Lesão causada pela acção de diferentes tipos de energias em quantidades superiores às que a
pele e as mucosas conseguem tolerar.
As queimaduras podem ser térmicas, eléctricas, químicas ou por radiação.
R
Rautek (chave de)
Técnica de remoção rápida de uma vítima do interior de um veículo sinistrado, executada
apenas por uma pessoa.
Esta manobra apenas se justifica perante situações de risco de vida iminente, como seja o
risco de explosão ou situações de paragem respiratória ou cardio-respiratória.
RCP
Ressuscitação Cárdio-Pulmonar.
Recém-Nascido
Designação dada ao bebé durante o primeiro mês de vida.
Redução (de fractura)
Manobra executada com o objectivo de realinhar os topos ósseos e corrigir a deformidade
associada a uma fractura.
Retroesternal
Atrás do esterno.
Rolamento
Técnica para colocar uma vítima de trauma em decúbito dorsal.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
254/262 Glossário TAT.01.10
Rubor Facial
Vermelhidão da face.
Rx
Radiografia; Raios X.
S
Sangue
Líquido de cor vermelha que circula nos vasos sanguíneos.
O sangue é constituído por uma fracção líquida chamada plasma e por vários tipos de células
(eritrócitos, leucócitos e plaquetas).
O sangue pode ser arterial (rico em oxigénio) ou venoso (pobre em oxigénio).
O sangue venoso transforma-se em sangue arterial nos pulmões, ao captar o oxigénio dos
alvéolos. A este processo dá-se o nome de oxigenação.
A nível dos tecidos, o sangue arterial liberta o oxigénio e transforma-se em sangue venoso.
SAV
Suporte Avançado de Vida.
SBV
Suporte Básico de Vida.
SIEM
Sistema Integrado de Emergência Médica.
Sinais Vitais
Frequência Cardíaca, Frequência Respiratória, Tensão Arterial e Temperatura.
Sinal
Alteração objectiva, resultante de uma doença ou lesão, que pode ser avaliada por um
observador.
Síncope
Perda de consciência.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 255/262
Sintoma
Sensação provocada por uma doença ou lesão, descrita pela vítima (queixa) mas que não
pode ser avaliada de forma directa por outra pessoa.
Sistema
Conjunto de órgãos relacionados entre si que desempenham determinadas funções. Ex.
Sistema Circulatório.
SIV
Suporte Imediato de Vida.
SISA
Sinais e Sintomas Associados.
SHEM
Serviço de Helicópteros de Emergência.
SNA - Sistema Nervoso Autónomo
Divisão fisiológica do Sistema Nervoso, responsável por diversas funções que ocorrem de
forma automática.
Embora algumas das funções reguladas pelo SNA possam sofrer alguma intervenção
voluntária (por exemplo, a respiração), a maioria ocorre de forma completamente independente
da vontade (por exemplo, a digestão depois dos alimentos serem deglutidos).
SNB
Serviço Nacional de Bombeiros (já extinto).
Sub-luxação da mandíbula
Manobra que consiste em provocar o deslocamento anterior (para a frente) da mandíbula de
modo a impedir a obstrução da via aérea pela queda da língua.
Esta é uma das manobras de permeabilizarção da via aérea.
A sub-luxação da mandíbula pode ser conseguida através do levantamento do queixo ou
aplicando uma força de sentido anterior ao ângulo da mandíbula.
Sudorese
Aumento da produção de suor.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
256/262 Glossário TAT.01.10
Suicídio; Tentativa de Suicídio
Suicídio é a morte provocada pelo próprio.
Na tentativa de suicídio, a intenção da vítima foi frustrada ou tratou-se de uma forma dramática
de chamar a atenção de alguém, sem intenção real de acabar com a própria vida.
T
TA Diastólica (Mínima)
Pressão do sangue nas artérias quando o coração se relaxa.
TA Sistólica (Máxima)
Pressão do sangue nas artérias quando o coração se contrai.
TA
Tensão Arterial.
Tamponamento cardíaco
Situação muito grave resultante da acumulação de sangue no saco pericárdico (“saco” que
envolve o coração), com compressão do coração.
Taquicardia
Pulso rápido (aumento do número de pulsações). Frequência cardíaca superior a 100 / minuto.
Taquidisritmia
Frequência cardíaca acima do normal com o ritmo irregular.
Taquipneia
Frequência ventilatória acima do normal.
TCE (Traumatismo crânio-encefálico)
Lesão traumática do crânio com atingimento das estruturas do encéfalo.
Os TCE podem apresentar graus de gravidade que vão do traumatismo minor, sem qualquer
tipo de consequência, ao TCE muito grave, com lesões irreversíveis do encéfalo e perigo de
vida.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Glossário 257/262
Tecido
Conjunto de células agrupadas com a mesma função, origem e aparência. Ex. Tecido
Muscular.
Temperatura
Um dos sinais vitais. A temperatura do corpo, em condições normais, situa-se entre 35º,0 C e
37 º,5 C.
Tensão Arterial
Um dos sinais vitais.
A Tensão Arterial (TA) traduz a força exercida pelo sangue nas paredes das artérias.
Na avaliação da Tensão Arterial deve ser determinada a TA sistólica (máxima) e a diastólica
(mínima).
Tórax
Região anatómica do tronco compreendida entre o pescoço e o abdómen.
A cavidade torácica, entre outras estruturas, contém o coração (e grandes vasos), pulmões
(traqueia e brônquios) e é atravessada pelo esófago.
No tórax localiza-se ainda o mediastino onde se alojam o coração, os grandes vasos, a
traqueia e o esófago.
Tosse
Reflexo que se destina a expelir a expectoração ou corpos estranhos das vias aéreas.
A tosse também pode resultar de irritação das vias respiratórias.
Tóxico
Substância que pode ser absorvida ou administrada por várias vias e que tem a capacidade de
provocar alterações fisiológicas e anatómicas nefastas.
Tronco
Região anatómica formada pelo tórax, abdómen e bacia.
Tronco cerebral
Parte do sistema nervoso central localizada entre o cérebro e a medula.
Nesta zona do SNC localizam-se vários centros reguladores vitais, como o centro respiratório e
o centro cardiovascular.
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
258/262 Glossário TAT.01.10
TVM
Traumatismo Vertebro-Medular.
U
Ureteres
Órgãos tubulares por onde passa a urina que se forma nos rins e que ligam estes dois órgãos à
bexiga.
Urina
Líquido formado nos rins e resultante da filtragem do sangue.
Através da urina são eliminados numerosos produtos que, ultrapassando determinados níveis,
se tornariam tóxicos.
Urticária
Pápulas (manchas ligeiramente elevadas) vermelhas na pele, associadas a prurido.
Útero
Órgão do aparelho reprodutor feminino onde se aloja o embrião (que se passa a chamar feto) e
onde este se desenvolve durante as 40 semanas de gestação.
V
Veia
Vaso sanguíneo que conduz o sangue dos tecidos para o coração.
Ventilação
Movimento inspiratório (entrada de ar para os pulmões) e um movimento expiratório (saída de
ar dos pulmões).
Ventre Agudo
Quadro cirúrgico que cursa com dor abdominal súbita e geralmente intensa.
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TAT.01.10 Glossário 259/262
Vértebras
Ossos que formam a coluna vertebral.
Em número de 33, formam uma estrutura de suporte do corpo.
Têm ainda uma importante função de protecção da medula espinal, localizada no canal
raquidiano formado pelas vértebras.
Vertigens
Sensação de que os objectos se encontram em movimento.
Este sintoma está frequentemente associado a alterações a nível do ouvido médio.
VIC
Viatura de Interenção em Catástrofe.
Violação; Tentativa de Violação
Agressão de natureza sexual com o objectivo de ter relações contra a vontade da vítima.
Por tentativa de violação designa-se a agressão de natureza sexual em que não se chega a
verificar penetração.
VMER
Viatura Médica de Emergência e Reanimação.
Vollet costal
Retalho da grelha costal resultante da fractura de várias costelas.
Vómito
Expulsão do conteúdo gástrico através da boca, involuntário ou provocado.
O vómito pode ser causado por alterações do aparelho digestivo (por exemplo, devido a uma
gastro-enterite) ou do sistema nervoso central (por exemplo, devido a um TCE ou a uma
meningite).
Um acesso de tosse mais forte, especialmente nas crianças, também pode desencadear o
vómito.
X
Xarope de Ipeca
Substância administrada a uma vítima de intoxicação com o objectivo de lhe provocar o vómito.
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260/262 Glossário TAT.01.10
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
TAT.01.10 Bibliografia 261/262
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Arthur C., M. D. Guyton, John E. Hall
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HANDLEY, A [et al] 2005,
European Resuscitation Council Guidelines for Resuscitation 2005
- Pediatric Life Support,
Resuscitation (2005) 67S1: S97-S133.
EMERGENCY - CARE AND TRANSPORTATION OF THE SICK AND INJURED
Eighth Edition
American Academy of Orthopaedic Surgeons
Editors: Bruce D. Browner, Andrew N. Pollak, Carol L. Gupton
Jones and Bartlett Publishers
Manual do Tripulante de Ambulância de Transporte Departamento de Formação em Emergência Médica
262/262 Bibliografia TAT.01.10
EMERGENCY CARE
Sixth Edition
Harvey D. Grant, Robert H. Murray Jr., J. David Bergeron
Prentice Hall International Editions
CURRENT OBSTETRIC AND GYNECOLOGIC DIAGNOSIS & TREATMENT
Nineth Edition
Alan H. De Cherney, Laureen Nathan
McGraw-Hill / Appleton & Lange
DICIONÁRIO MÉDICO
2ª Edição
L. Manuila, A. Manuila, P. Lewalle, M. Nicoulin
Adaptação e revisão da edição portuguesa de João Alves Falcato
Climepsi Editores
DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO EM EMERGÊNCIA MÉDICA
MANUAL DO TRIPULANTE DE AMBULÂNCIA DE TRANSPORTE