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Manual de tiro com pistola
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Prefcio
O presente manual destina-se fundamentalmente aos Clubes, para apoio aos
seus atiradores, constituindo tambm um documento de apoio para a
formao de treinadores.
O texto de base da autoria do atirador olmpico e treinador alemo Hans
StandI. Dada a evoluo da modalidade, posteriormente sua publicao,
houve que proceder a nova traduo, atualizar alguns conceitos e integrar
certos aspetos que no foram considerados pelo autor.
O manual trata em separado todos os elementos que interessa considerar na
formao e treino dos atiradores, desde o treino fsico ao treino psicolgico,
passando pela tcnica de base e especfica das vrias disciplinas praticadas
sob a gide da ISSF, apresentados de uma forma simples e compreensvel - o
que no quer dizer que a ao do treinador possa ser dispensada. Espero que
seja til aos nossos atiradores, como o foi para mim enquanto atirador de alta
competio.
Bons tiros!
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Introduo
Contrariamente opinio do "cl anti-tiro", um atirador tem muito mais a ver
com um atleta do que pode parecer primeira vista. Basta pensar na fora,
endurance, esprito de competio e, acima de tudo, no treino tcnico que a
modalidade envolve.
Por outro lado, o atirador e o atleta diferem na distribuio dos elementos que
tm em comum. Um atirador de velocidade, por exemplo, necessita de uma
enorme fora mental para ter sucesso na sua disciplina, enquanto um corredor
s conhecer o xito se a sua fora for predominantemente fsica.
um facto que os desportistas cujas modalidades dependem principalmente
de aspetos de natureza fsica conseguem quase sempre melhores resultados
em competio. Eles conseguem dar o seu melhor, quer fisicamente quer em
determinao, porque, uma vez iniciada a corrida, a prpria ao faz com que
deixem de sentir nervosismo. Por outro lado, podem ver os seus oponentes e
avaliar o esforo necessrio para os vencer.
O atirador, pelo contrrio, est isolado e, usuaimente, nada sabe da sua
posio relativa. E no s tem de se concentrar para o equivalente a 60
partidas para os 100 metros, como tem de suprimir 60 vezes o nervosismo
que antecede a competio. Alm disso, diferentemente do corredor, ao
atirador no permitido repetir uma falsa partida... e esta pode custar-lhe a
vitria.
Parece assim claro que apenas os atiradores que tm a capacidade de reduzir
ao mnimo a diferena de prestao entre os treinos e as competies podem
aspirar ao sucesso e a ganhar ttulos e medalhas. Para um atirador ter esta
capacidade, a sua tcnica, ttica e nervos devem ser compatveis com a tarefa:
tem de ser fsica e mentalmente forte e ter um domnio absoluto sobre si
prprio e sobre a sua capacidade de execuo.
Outro aspeto importante sobre o tiro de competio reside na necessidade de
uma constncia de resultados elevados como condio para o sucesso:
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um "10" ocasional no far de si um campeo. E preciso manter um padro
elevado em todos os tiros de competio.
Um atirador que aceite isto deve concentrar a sua ateno exclusivamente
numa execuo tcnica perfeita da pontaria e do disparo, sem pretender
atingir o "10" a todo o custo. S evitando os tiros mal executados se consegue
o primeiro passo para um alto padro de desempenho e, subsequentemente,
bons resultados a longo prazo.
Estes aspetos tcnicos e psicolgicos, deliberadamente mencionados um
pouco prematuramente, devem servir para acentuar, mesmo nesta altura, a
atitude positiva e a determinao necessrias a um atirador que pretende
treinar seriamente.
Os atiradores com ambies devem capacitar-se de que s chegaro ao topo
se:
tiverem desenvolvido a sua tcnica
no derem demasiada ateno a recuos ocasionais, mas tirarem deles
ilaes para o futuro
mantiverem uma atitude correta em relao ao tiro e ao desporto em geral
forem equilibrados na sua vida quotidiana
possurem autoconfiana, acreditando nos seus grficos de resultados.
Concluindo esta introduo, gostaria de referir o longo caminho entre um
principiante e um campeo: trata-se de um longo e difcil percurso, maior do
que a maioria das pessoas imagina - mas no tanto como o pensam os
atiradores, se o seu treino for bem planeado e objetivo. A determinao, aliada
a um trabalho rduo, pode mesmo compensar um menor talento, e deve ser
sempre considerada na sua atividade. Espero que o que se segue, fruto de
uma experincia adquirida e testada em competies internacionais, tenha
algum valor para si.
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treino fsico TREINO FSICO
Um treino fsico adequado absolutamente essencial. Se no for fisicamente
ativo, no pode esperar que a sua pistola se mantenha estvel ao longo da
competio. Neste livro so apenas apresentadas algumas sugestes bsicas.
Os atiradores de competio devem pedir ao seu treinador um programa de
preparao fsica individual.
TREINO MUSCULAR
A capacidade de manter a pistola imvel adquirida atravs de:
treino fsico geral (TFG)
treino fsico especfico
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as mos com os braos estendidos em frente do corpo e apertar uma bola de borracha) contribuem igualmente para o treino especfico, tal como as extenses de braos nas pontas dos dedos e a rotao das mos em torno dos pulsos.
TESTES DE APTIDO FSICA
Os testes de aptido fsica, executados regularmente, do-lhe uma
informao valiosa sobre o progresso da fora muscular e da endurance. Uma
bateria de testes incluindo flexes e extenses de braos, abdominais,
dorsais e o teste de Cooper serve perfeitamente como avaliao. Os
treinadores devem aplicar os testes de acordo com o progresso do tremo
fsico, que deve ser conduzido ao longo da poca. O TFG deve estar concludo
em Maro, sendo posteriormente apenas de manuteno, enquanto o TFE se
deve manter ao longo de toda a poca de competio (Ver Plano Anual de
Treino).
TREINO DOS ORGOS
O treino cardiovascular e respiratrio deve ter um lugar importante na
preparao fsica, pois estes rgos perdem a capacidade to rapidamente
como os msculos se no forem usados, ou subutilizados. O efeito do treino
sobre os rgos torna-se evidente se compararmos o corao de um atleta
com o de um no-atleta. Um corao frequentemente sujeito ao esforo
bastante maior e consequentemente capaz de melhores "performances",
bombeando uma quantidade maior de sangue oxigenado com um menor
ritmo cardaco, ao contrrio de um corao no treinado, em que se verifica
um aumento rpido da pulsao para a mesma tarefa. Da mesma forma, os
pulmes de um jogador de polo aqutico tm uma capacidade vital muito
maior do que os de um jogador de golfe, porque ao primeiro so solicitados
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esforos de desempenho muito maiores. Assim, o corao e os pulmes
devem ser treinados simultaneamente. Para alm do que se disse
anteriormente, todos os programas do tipo "keep fit" servem para este fim. A
regularidade do treino conduz a melhores resultados.
TREINO INTERVALADO
um tipo de treino particularmente indicado para o desenvolvimento
simultneo da fora, da velocidade e da resistncia, caracterizado pela
alternncia do esforo intenso com o esforo ligeiro, sem descansar
totalmente.
Um "sprint" de 200 metros {180 ppm) seguido do regresso a "trote" (100/120
ppm) ao local da partida, com 5 repeties, um bom exemplo do que o
treino intervalado. Se forem observados estes ritmos cardacos, quaisquer
outras modalidades, como a natao ou o ciclismo (mesmo estacionrio)
servem perfeitamente a finalidade.
Como resultado, aumentar a capacidade de recuperao e uma melhor
oxigenao dos msculos, extremamente favorvel ao desempenho em
competio.
EXERCCIOS RESPIRATRIOS
Para concluir esta passagem pelo treino fsico, eis alguns exerccios
respiratrios publicados pela Associao Britnica de Medicina e Desportos,
que apareceram numa revista de tiro:
inspire o mais profundamente possvel e deite o ar fora gradualmente
depois de expirar, mantenha a respirao suspensa
coloque as mos nas axilas opostas e inspire o mais profundamente
possvel
inspire e expire o mais profundamente possvel, sem fazer o menor rudo.
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O ltimo exerccio particularmente difcil. Faa um intervalo se sentir
tonturas. Se a tontura persistir, no faa o exerccio.
Os exerccios descritos so mais eficientes se forem feitos de manh, diante
de uma janela aberta. Aumentam bastante a capacidade dos pulmes e, em
conjunto com outros exerccios como o treino intervalado, permitem um ciclo
respiratrio com maiores intervalos entre cada inspirao, sem efeitos
nocivos como deixar descair o ponto de mira durante uma mirada
prolongada. Para alm disso, melhoram a sade dos pulmes.
Em conjunto com os exerccios musculares especficos, o treino dos rgos
ajuda a aumentar a apneia at ao nvel desejado, particularmente importante
no tiro de preciso.
Tal como a posio e o ritmo de tiro, tambm a respirao tem de ser
aprendida, pois tem uma importncia decisiva no tiro
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treino tcnico
Por treino tcnico entende-se a tcnica de base do tiro com pistola, ou seja, o
tiro de preciso sem limite de tempo. Os atiradores de pistola livre e de ar
comprimido utilizam exclusivamente esta tcnica, enquanto os atiradores de
grosso calibre ou standard a usam parcialmente. contudo essencial nas
sries rpidas de standard ou de velocidade olmpica. As variantes da tcnica
de base utilizada nas vrias disciplinas sero descritas no final da seco
destinada tcnica, que dividimos em:
Posio
Respirao
Pontaria
Disparo
Seguimento (follow-through)
Enquanto na "posio interior" (ver adiante) todos os grupos musculares
devem estar descontrados, na "posio exterior" - o que inclui a posio do
tronco, dos ps, dos braos, da pistola e da cabea - importante encontrar a
posio mais racional e mais estvel para a sua constituio fsica. Pretende-
se com isto dizer que cada atirador deve procurar a sua posio ideal, e no
deve, em caso algum, copiar a de outro atirador, mesmo que seja um campeo.
A descrio seguinte deve ser entendida apenas como uma orientao que, como outros aspetos do tiro, deve ser posta em prtica individualmente.
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A POSIO DE TIRO
A posio dos ps deve ser escolhida de forma a que o atirador fique numa
posio confortvel. O espao entre os ps deve, por regra, corresponder
largura dos ombros. O peso do corpo deve estar distribudo uniformemente. A
posio do tronco deve ser direita ou, para compensar o peso da pistola,
ligeiramente inclinada para trs (avanando a bacia, mas no quebrando pela
cintura). O cotovelo deve ficar bloqueado, para que o pulso possa empunhar
com firmeza. Tambm o ombro deve ficar bloqueado, de tal forma que
qualquer movimento do brao s possa ter origem nas ancas, nos joelhos ou
nos tornozelos, mas nunca no ombro. Desta forma o brao s se movimentar
alterando a posio das pernas, para se centrar com o alvo (ou rodando o
tronco, o que apenas ocorre em "velocidade olmpica" para passar de alvo para
alvo). Abra ou feche a posio, mas no procure encontrar o ponto de mira
custa de movimentos do ombro.
Todas as tentativas de fazer correes a partir da articulao do ombro tero
um efeito negativo, pois em condies extremas de competio as articulaes
tendem sempre a voltar posio inicial. Para encontrar mais facilmente a sua
posio natural, pode ensai-la com os olhos fechados.
As alteraes da posio do pulso tambm tm efeitos negativos: os
ajustamentos horizontais ou verticais contrariam os nervos e os msculos e
impedem a estabilizao, que essencial para manter a pistola parada. Rode
ou incline a cabea, mas no o pulso.
Quanto ao empunhamento, a pistola colocada pela frente entre o polegar e o
indicador e empurrada firmemente para trs contra a "ma" do polegar pelos
outros dedos, de forma a ter um contacto efetivo com o punho em toda a sua
extenso. No deve haver contraes anti-naturais.
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O dedo indicador deve ter os movimentos livres, ou seja, no deve tocar no
punho exceto com a "ma" do indicador, ficando a ltima falange apoiada no
gatilho. O polegar deve ficar ligeiramente encostado ou assente no apoio do
polegar, mas sem fazer presso. Se o punho for demasiado liso, pode lix-lo
para diminuir o escorregamento. A cabea deve ficar nivelada com a linha de
mira. So aceitveis movimentos ligeiros para encontrar as miras centradas,
mas sem forar os msculos do pescoo ou de alguma forma que dificulte a
respirao. A cara deve ficar, tanto quanto possvel, voltada para o alvo. Se o
olho fizer grandes esforos para se manter nas miras, a posio deve ser
alterada e, em casos extremos, o prprio punho.
Todas estas aes devem ser praticadas repetidamente at que tenha
desenvolvido uma posio confortvel, sem esforo sobre os msculos e as
articulaes.
A POSIO EM RELAO AO ALVO
No sentido de definir a posio em relao ao alvo, faa o seguinte; Coloque-
se a 45 (posio intermdia) em relao ao alvo. Empunhe a pistola em baixo
(sem a preocupao do alvo) de forma a que o cano fique no prolongamento
do brao. Na maior parte dos casos, o punho tem uma inclinao de fbrica da
ordem dos 30 pelo que, quando levantar a pistola, o seu pulso vai ficar
ligeiramente inclinado para baixo. Levante agora a pistola para o alvo e veja o
que acontece. Se a mira anterior (ponto de mira) ficar descada, levante
ligeiramente a cabea, mas no o pulso. Verifique se consegue enquadrar a
mira anterior na mira posterior sem demasiado esforo. Se assim for, tem esta
parte do problema resolvida. Se o esforo for demasiado, o punho ter de ser
modificado, para uma menor inclinao.
Se a mira ficar encostada direita, rode ligeiramente a cabea para a esquerda
(ou vice-versa), mas no o pulso. Se esta correo no for
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demasiado incmoda, tem tambm este problema resolvido. Se esta correo
for demasiado penosa, em termos de esforo muscular, ter de alterar a
posio: sem rodar o pulso, experimente fechar mais a posio (fechar
corresponde a reduzir o ngulo do tronco com o brao). Por norma, os
atiradores com o pescoo mais longo conseguem atirar mais de lado (posio
mais aberta), o que se torna incmodo para os atiradores com o pescoo curto
ou muito musculoso.
Se atirar de lado, o seu brao fica "mais longo" e a pistola "mais pesada"
devido ao alongamento da alavanca. Tambm a mira anterior fica "mais
estreita".
Procure uma posio que no seja exageradamente aberta ou fechada, mas
tenha em ateno que estudos cientficos, parte dos quais decorreram no
CAAD com o apoio dos nossos atiradores, demonstraram que a posio que
confere mais equilbrio a posio aberta (de lado para o alvo), com a
vantagem adicional de reduzir a interferncia dos dorsais, que ficam em
estiramento nas posies mais fechadas. A ttulo de curiosidade, indica-se
que os atletas em que foi notada maior noo de equilbrio foram os
remadores, seguidos dos atiradores. E tome nota: os msculos radiais (do
antebrao, do lado do polegar) tendem a equilibrar-se com os cubitais quando
a mo fechada (ou o punho apertado). Uma inclinao exagerada do punho
pode dar origem a erros verticais, particularmente sob o stress de prova, em
que poder haver variaes da presso que provocam a contraco dos
radiais, fazendo subir o pulso.
POSIO INTERIOR
O desenvolvimento de uma posio interior correta tem como finalidade
reduzir qualquer esforo desnecessrio manuteno da posio exterior.
Quanto menor for a tenso dos grupos musculares e mais descontrada a
posio do corpo, mais firmemente a pistola ser mantida na posio de tiro.
Este processo bastante lento, podendo at prolongar-se por
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alguns anos, se o atirador no fizer muito tiro em seco e apenas quiser obter
bons resultados em prova, apesar de ainda no ter dominado todos os
elementos. Os mais importantes, apontar e disparar, sero tratados adiante,
no captulo dedicado coordenao entre os elementos estticos e dinmicos.
Posio aberta Posio intermdia Posio fechada
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A RESPIRAAO NO TIRODE PRECISO
Para o tiro de preciso, deve adquirir a seguinte tcnica de respirao: antes
de levantar o brao, inspire e expire repetidamente, mas no to
profundamente que eleve a pulsao. Ao mesmo tempo que inspira pela
ltima vez, levante o brao e, enquanto expira, aponte o mais rapidamente
possvel (isto , leve o brao para a posio de pontaria de uma forma mais
rpida). Levantar o brao exageradamente para alm da altura do alvo, com se
v fazer vulgarmente, no se traduz em qualquer resultado prtico nem
exequvel nas disciplinas ou sub-provas de velocidade. Como os movimentos
da caixa torcica, do estmago e dos ombros, devidos respirao durante o
processo de pontaria e de disparo, fariam mover consideravelmente a pistola,
a respirao deve ser suspensa completamente durante esse perodo. No
sentido de no provocar um esforo sobre o aparelho cardiovascular, os
pulmes devem conter uma quantidade mnima de ar. Muitos atiradores
preferem o esvaziamento gradual e descontrado dos pulmes.
Se no tiver disparado no perodo de 10 segundos, deve interromper o
processo e recomear depois de uma breve pausa, porque aps algum tempo
a apontar ocorrem os primeiros sinais de incerteza. Estes sinais indicam
claramente que o tempo durante o qua! o tiro devia ter partido se esgotou.
Lembre-se: nada de tiros em pnico! Tais tiros iro retirar pontos preciosos ao
resultado final, e ser particularmente aborrecido se lhe custarem uma vitria.
Os "ses" e os "mas" no ganham medalhas! Se tiver de respirar
conscientemente, a concentrao, to necessria para outros elementos, ficar
consideravelmente diminuda. Por isso, a respirao, tal como outros
elementos do treino tcnico, deve ser praticada at se tornar automtica.
Deve, em suma, ser correta e inconsciente. Tcnicas especiais para variantes
da tcnica de base do tiro de pistola
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(duelo, Standard, VO) sero explicadas em detalhe na descrio destas
disciplinas.
APONTAR E DISPARAR
H uma boa razo para considerar estes dois aspetos em conjunto: qualquer
atirador que tente esperar que as miras estabilizem antes de comear a
apertar o gatilho, descobrir que ou a falta de oxignio ou a falta de fora,
provocada por manter a pistola na zona de pontaria demasiado tempo, no
permitir a paragem das miras.
IMAGEM CORRECTA DAS MIRAS
Contrariamente ao que pensam muitos principiantes, o olho no deve focar o
alvo mas sim o aparelho de pontaria, em especial a mira anterior (ponto de
mira). Apontando corretamente, os mnimos erros sero facilmente
diagnosticados - o que se torna impossvel se o olho estiver focado no alvo.
que, se a mira se deslocar 1 mm, dependendo da distncia entre miras, o tiro
ser desviado do centro do alvo entre 11 e 16 cm, provocando impactos fora
da zona preta de referncia. Ora, como impossvel para o olho humano focar
nitidamente o aparelho de pontaria, a 70-90 cm do olho, e o alvo, a 25-50 m,
o atirador deve focar apenas a mira anterior. Em duelo e VO, em que o alvo
totalmente preto, esta ser a nica forma de ter os contornos do ponto de
mira bem definidos, apesar da falta de contraste. Se o atirador pensa que est
a focar simultaneamente as miras e o alvo, isso apenas significa que o seu
olho anda a vaguear entre dois pontos. Se o atirador no consegue focar
nitidamente nem as miras nem o alvo, isso significa que est a focar a "terra
de ningum", e que deve ir imediatamente ao oftalmologista. Leve a pistola e
diga que o que quer ver bem o ponto de mira. As graduaes so diferentes
para a utilizao normal e para atirar.
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AUXILIARES PARA APONTAR
Se o atirador no consegue atirar com ambos os olhos abertos, mas gostaria
de o fazer, recomenda-se o uso de culos de tiro. Alm de poderem aumentar
a viso, se dispuserem de um ris de abertura regulvel e de filtros para o
controlo da luminosidade, dispem de uma pala, que deve ser translcida para
que ambos os olhos recebam a mesma quantidade de luz, e que no permite a
interao dos olhos, por vezes difcil de controlar.
O APARELHO DE PONTARIA
A largura da mira anterior e a abertura da mira posterior constituem um
problema para muitos atiradores. A relao entre as miras, bem como a forma
e a largura das tiras de luz (janelas) de ambos os lados da mira anterior, tm
uma importncia decisiva na preciso do tiro. Dvidas provocadas seja pela
natureza do aparelho de pontaria, seja por deficincia de viso, provocaro
incertezas no atirador. Para obter rapidamente uma boa imagem das miras
com o menor esforo possvel, as miras devem ser largas e de seco
retangular, de forma a permitir que o atirador as possa alinhar numa frao de
segundo. Para o efeito, as "janelas" dos lados da mira anterior devem ser
suficientemente largas. As miras normais tm uma relao de 1:1, ou seja, a
soma da largura das janelas igual largura da mira anterior. Como regra,
suficiente. Quanto altura visvel da mira anterior, esta dever ser equivalente
sua largura. As alteraes a estes parmetros, no que se refere velocidade,
sero tratadas separadamente.
PROBLEMAS PROVOCADOS POR LUZ INTENSA
Se o alvo estiver iluminado, o olho levado automaticamente a focar o
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10, que est claramente visvel. As miras, que deviam ser controladas, ficam
assim desfocadas embora o atirador (erradamente) julgue ver os seus
contornos ntidos. Mais negativo ainda o facto de a concentrao se perder
se o olho andar da pistola para o alvo. Como o 10 claramente visvel, o
atirador acabar por fazer um tiro consciente, embora no d por isso.
Em contrapartida, com tempo chuvoso e condies de visibilidade difceis, o
atirador obrigado a focar as miras, colocando a mira anterior no centro da
mira posterior. A concentrao assim totalmente posta no processo de
apontar e disparar. Os atiradores so surpreendidos, frequentemente, com
bons resultados que no esperavam dadas as condies atmosfricas
desfavorveis, da mesma forma que com maus resultados com timas
condies de visibilidade.
Um outro aspeto da influncia da luminosidade (luz lateral ou varivel)
consiste no aparecimento de agrupamentos bons, mas fora da zona. Neste
caso devem ajustar-se as miras, o que prefervel alterao da zona de
pontaria.
ZONA DE PONTARIA (AIMING AREA)
Nenhum atirador consegue parar completamente a pistola durante um perodo
de tempo razovel, pelo que prefervel considerar uma zona de pontaria em
vez de um ponto de pontaria. Isto permite que haja uma zona de movimento
aceitvel, cujo tamanho depender da capacidade do atirador para manter a
pistola estabilizada.
A zona de pontaria no deve ser demasiado reduzida, mas os seus limites no
devem ser excedidos.
ESCOLHA DE ZONA DE PONTARIA
Para o tiro de preciso prefervel escolher uma zona abaixo do visual
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negro, de forma a deixar uma boa faixa de branco entre esta e as miras.
Se a zona de pontaria ficar junto "bola preta", o atirador fica sujeito a
iluses ticas, de que no se d conta, no encontrando explicao para
os erros verticais. Alm disso, o cruzamento da parte inferior do preto
com a linha vertical dos nmeros constitui um ponto de pontaria,
induzindo o atirador a fazer tiros conscientes. Use uma zona de
pontaria correta, deixando o equivalente a dois ou trs anis de branco
entre a zona preta e as miras.
ZONA DE PONTARIA PARA PRINCIPIANTES
Est fora de dvida que um atirador que, pela sua condio fsica e
treino tcnico, tem uma zona de pontaria reduzida, consegue mais 10
do que um principiante, cuja rea de movimento quase do tamanho do
alvo. Para conseguir reduzir a rea de pontaria, o principiante que ainda
no consegue parar o brao deve controlar os movimentos das miras
com cuidadosas correes. Os exerccios com a pistola, mantendo-a
apontada a uma zona cada vez mais reduzida, ajudam a reduzir este
excesso de movimento. Recomendo desenhar uma circunferncia com
2/3 cm de dimetro. A cerca de 2 metros, deve conseguir manter as
miras dentro do crculo durante 15 segundos. V aumentando a
distncia e o tempo
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de pontaria. Quanto maior for o afastamento em relao ao alvo, menor ser a
sua zona de pontaria. Dispare sempre no fim de cada levantamento, sem
apertar demasiado o punho, mesmo que a pistola esteja a tremer. Se apertar
mais, treme mais.
Para produzir o tiro, o gatilho tem sempre de ser apertado pela frente e
puxado em direo ao olho que aponta. O movimento do indicador no pode
ser irregular, deve ser uniforme a partir do momento em que o dedo
encostado ao gatilho.
O dedo deve contactar o gatilho com a parte mdia da almofada constituda
pela "cabea do dedo".
Apertar o gatilho com rudeza pode estragar todos os outros esforos do
atirador para executar um bom tiro. O aperto do gatilho uma das aes mais
difceis que o atirador tem de aprender. Como tal, deve ser praticada e
melhorada constantemente, mesmo fora da poca de competio.
A COORDENAO ENTRE A PONTARIA E O DISPARO
A melhor soluo para este problema, que o mais difcil de todos, iniciar
ambas as aes simultaneamente. Enquanto o atirador inicia a focagem final,
deixando as miras deslizar at atingirem a zona de pontaria, o indicador vai
apertando o gatilho em direo ao olho, gradualmente, at que o tiro surge,
surpreendendo o atirador, de preferncia dentro do
BEM
MAL
MAL
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perodo de tempo recomendvel, entre 5-8" mas nunca excedendo os limites
(3-1011). A diminuio do arco de movimento descrito pelas miras deve pois
coincidir com o momento em que o peso restante do gatilho suavemente
tirado. Esta tcnica conhecida por "tiro inconsciente" (veja adiante que no
tem uma aplicao linear em PL).
Se as miras estiverem alinhadas sobre a zona de pontaria quando o tiro for
disparado, o resultado no alvo deve estar de acordo. Se tal no aconteceu,
houve certamente um tiro consciente, provocado pelo atirador num momento
determinado por ele prprio.
A repetio frequente da coincidncia do disparo com um perfeito
alinhamento das miras na zona correta, sendo portanto um 10, tm dado a
muitos atiradores bons resultados ou mesmo ttulos inesperados. Mas no
deve aspirar a esta situao se ainda no cumpriu as etapas necessrias, isto
, uma prestao mdia elevada, que corresponde a um srio domnio da
tcnica e da capacidade de concentrao, apoiada numa boa forma fsica. O
desejo de ganhar muitas vezes posto frente da tcnica, o que
absolutamente errado.
Se o tiro inconsciente pode ser descrito como tecnicamente perfeito, o tiro
consciente exatamente o contrrio. Este ltimo mais fcil para o atirador, e
no exige virtualmente qualquer esforo interior. Se, durante o processo de
pontaria, o 10 passa no prolongamento vertical da mirada, o atirador pode
querer apertar o gatilho, receando que tal no volte a acontecer: ao fim e ao
cabo, espera-se que o atirador tenha reflexos rpidos! O pior se aparecer
um 7 em vez de um 10, que mais uma vez vai ser culpa das munies... Mas,
fora de brincadeiras, o almejado 1 0 nunca poderia ocorrer, porque o tiro
consciente afasta as miras do chamado ponto de pontaria. O que acontece
que o atirador "visualiza" um tiro que no pode corresponder realidade.
Quanto ao aperto do gatilho por fases, desaconselhado: se o atirador
comea a apertar o gatilho quando as miras esto sobre a zona de pontaria e
interrompe quando se afastam, fcil que seja induzido
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a fazer um tiro consciente, aumentando a presso at libertar o co quando as
miras voltarem zona de pontaria.
prefervel considerar uma zona de pontaria maior, suficientemente grande
para que as miras s se afastem dela em casos excecionais. Com tempo frio,
conveniente, antes do incio do tiro, fazer vrios tiros em seco ou apertar o
gatilho com muita fora, com o co desarmado, para tomar o indicador "mais
leve".
Sendo a ao de apontar (manter a pistola imvel) uma ao esttica e o
disparo uma ao dinmica, trata-se de coisas completamente diferentes e o
principal problema do atirador de pistola, que usa apenas uma das mos para
fazer tudo, coordenar as duas. Isto quer dizer que o atirador tem de praticar
estas aes com o maior cuidado, para que um dia as domine completamente.
A TEORIA DO DISPARO
A razo para que ocorram tiros conscientes e, portanto, para a incapacidade
de coordenar as aes esttica e dinmica, reside frequentemente na posio
instvel do atirador ou na sua forma negativa de encarar o tiro. Esta razo
suficiente para justificar uma abordagem mais profunda desta questo
extremamente difcil que o disparo.
Todos os atiradores, independentemente da sua categoria, esto de algum
modo sujeitos ao problema de manter o movimento das miras sob controlo.
Este problema ocorre normalmente quando o atirador comea a apontar,
diminuindo depois gradualmente at cessar, durante um curto perodo de
tempo. Depois desta curta paragem, o movimento comea lentamente a
aumentar e no pouco usual tornar-se mesmo num caso srio. Como j foi
dito, a diminuio do movimento das miras deve coincidir com o momento em
que o peso restante suavemente tirado. Na figura seguinte, isto ocorre entre
os pontos 3 e 5.
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Y
Embora ainda haja algum movimento, o seu efeito secundrio, como a
mesma figura indica, porque tem lugar dentro dos limites da zona de
pontaria. Consequentemente, o tiro pode ser produzido em qualquer
momento, dentro dos limites de tempo entre os 5 e os 8 segundos. Na pior
das hipteses, atingir a tinha do 10 ou o 9, mas com um pouco de sorte
ser sempre um 10. A questo fundamental a reter que, se o tiro no sair
inconscientemente nesse perodo, no deve for-lo a sair durante a fase de
paragem (5 a 8), antes que o movimento recomece (8 a 10). Isso significaria
produzir um disparo consciente. Depois de uma qualquer breve paragem da
pistola, h sempre uma fase de movimento, durante a qual os tiros sero
sempre executados puxando conscientemente o gatilho. Alm disso, h
sempre o perigo de, por estar espera de uma paragem completa, quando
ela ocorrer a pulsao aumentar de repente a um nvel tal que o disparo no
mais possvel ou que o tiro, disparado nesta fase, saia completamente para
fora da zona - o que acontece porque o atirador se v na perspetiva
(enganosa) de poder fazer um tiro mesmo no meio do 10.
Portanto, se a pistola parar e o tiro no sair, alivie imediatamente a presso
sobre o gatilho e baixe a pistola, por muito que isso lhe custe! Nestas
circunstncias, baixar a pistola um sinal de autodomnio e de prudncia, e
quase sempre encontra uma recompensa traduzida em melhores tiros, logo
em melhores resultados. Seria absolutamente errado forar-se a disparar o
tiro ou dispar-lo sob uma sensao de incerteza.
A- Tiro inconsciente. Ocorre entre os 5/8 seg.
ainda com movimento da pistola.
B -Tiro consciente. Gatilhada no momento em
que h menor oscilao da pistola.
X - Fita do tempo Y - Peso do gatilho M-
Movimento da pistola
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Se o tiro no se produzir "voluntariamente, deve interromper. De futuro, o
atirador deve exercer maior presso sobre o gatilho logo no incio do
processo.
Em todas as carreiras de tiro se podem ver atiradores abanando a cabea
depois de observarem os seus tiros, porque no so capazes de explicar
certos tiros fora da zona. So precisamente os atiradores que disparam
conscientemente, ou seja, que cometem os erros que foram anteriormente
descritos.
Espero sinceramente que no seja um desses atiradores que aceitam maus
tiros com se fossem uma coisa inevitvel e apenas sonham com bons
resultados (ver a seco dedicada psicologia). Se deseja vir a ter sucesso e
ganhar a admirao dos seus companheiros de tiro, na prxima sesso de
treino preste ateno para ver se os seus tiros so ou no disparados
conscientemente. Provavelmente o que tem vindo a fazer o tempo todo, sem
dar por isso.
TIRO EM SECO E ROLETA RUSSA
O tiro em seco (disparar sem munio) parece ser o melhor processo para
treinar o tiro inconsciente - e tambm para verificar se a pistola continua
imvel no momento do disparo, o que impossvel com tiro vivo. Faa pelo
menos 30 minutos dirio de tiro em seco, se quer ter sucesso.
Outra maneira excelente de verificar os seus tiros consiste em misturar
cartuchos carregados com cartuchos de treino (ou cpsulas vazias, no caso
dos revlveres). Chama-se a isso "roleta russa" e, utilizando ambos os
mtodos, ficar com a certeza de que, quando o percutor bate na cpsula, a
mira anterior se mantm em posio, sem se deslocar para um dos lados ou
para baixo.
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Este treino deve ser feito sobre um alvo em branco, porque neste caso o que
interessa a execuo e no o resultado.
Resumindo, pode dizer-se que a coordenao entre apontar e disparar,
embora difcil, pode ser aprendida com o treino adequado e constante. Como
muitas outras coisas, quanto mais praticado for mais simples se torna. Deve
ser dada a maior ateno para que seja apenas o dedo indicador a disparar, e
no a mo toda.
E lembre-se de que o tiro inconsciente s pode ser realizado se o indicador
fizer um movimento uniforme para trs, em direo ao olho.
O SEGUIMENTO (FOLLOW-THROUGH )
Enquanto muitos atiradores querem ver o resultado dos seus tiros o mais
depressa possvel, e baixam a pistola imediatamente aps o disparo, um
atirador experimentado continuar imvel - o que no quer dizer inativo
- durante alguns segundos, com a pistola empunhada. Durante este perodo
de seguimento, o atirador regista num quadro imaginrio a imagem das miras
sobre o alvo no momento em que o tiro partiu, impedindo que a sua
concentrao se dissipe prematuramente, ou que comece a imaginar coisas. O
disparo deve ser encarado como fazendo parte da global do processo, no
como o final da ao. H boas razes para isto: uma vez por outra o atirador
tende a fazer um tiro consciente, mas o dedo recusa-se a obedecer
imediatamente "ordem de fogo", eventualmente porque o alinhamento no
era correto, logo no correspondia imagem mental pr-adquirida, e sai um
pouco depois. Passa-se ento que o atirador pensa que fez um tiro correto,
mas quando este partiu j no havia concentrao para a sua execuo e a
posio relativa das miras j no era a mesma que o atirador tinha como certa.
E uma grande ajuda para o atirador imaginar que, como um "rocket", o projtil
s abandona o cano um par de segundos depois de ter sido disparado. Perca
pois o hbito de afastar os olhos das miras
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logo que o tiro sai para olhar pelo telescpio. Garanta tambm que a presso
sobre o punho no se altera: esta a maior causa de erro! Por outro lado, um
seguimento que planeado desde o incio pode impedir estes tiros
indesejveis e reduzir o tamanho dos grupos, desejo permanente de qualquer
atirador.
Durante o seguimento, o atirador campeo calcular a posio provvel do tiro
(anncio do tiro) e ento, calmamente, verificar se o seu prognstico foi
correto. Se, apesar da sua grande experincia, se tiver enganado, deve
imediatamente procurar a razo para o erro.
Um seguimento feito com a maior concentrao na imagem das miras no
momento do disparo ajuda a concentrar o tiro. Pense nisto quando no estiver
satisfeito com os seus resultados e no souber o que fazer para os melhorar.
PARTICULARIDADES DO TIRO DE PAC E PL
Ambas as disciplinas envolvem a mesma tcnica de base, mas os atiradores
vm-se confrontados com problemas que so diferentes.
PAC
muitas vezes apelidado de "tiro popular", mas no to fcil como parece.
Em consequncia da baixa velocidade inicial do projtil (V0), de um
empunhamento deficiente e, em especial, de erros no processo de disparo, os
efeitos negativos so enormes, sobretudo devido ao tempo durante o qua! o
projtil permanece no cano aps o disparo. Assim, quando so cometidos
erros de pontaria e de disparo, o projtil far um impacto no alvo que no
corresponde ao que se esperava, o que no acontece com o tiro de bala, que
abandona o cano quase imediatamente aps a percusso.
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* pistola AC
PISTOLA LIVRE
Esta designao no desajustada: certas regras impostas noutras disciplinas,
como a distncia entre miras, peso do gatilho, etc., no tm aqui aplicao. A
nica restrio diz respeito extenso do punho, que no pode bloquear o
pulso e, claro, forma como o tiro feito: a pistola no pode ser disparada da
algibeira esquerda das calas! Para dominar esta disciplina olmpica executada
a 50 m, necessrio um elevado sentido de perceo corporal e o treino que
isso naturalmente requer. Nos captulos seguintes sero dadas algumas
sugestes que devem ser tomadas em considerao, para alm do treino de
base.
Gatilho de cabelo
A funo do gatilho de cabelo, que uma das caractersticas destas pistolas,
facilitar a vida ao atirador. Contudo, a sua utilizao exige alguns
ajustamentos da tcnica de tiro. O menor erro no aperto do gatilho (depois de
armado) pode fazer o tiro sair prematuramente, podendo provocar um zero.
Por esta razo o gatilho deve ser ajustado de forma
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a que possa ser tocado pelo indicador sem receio e que no se dispare com o
seu prprio peso, se a pistola for voltada para cima. por isso que muitos
atiradores preferem gatilhos que tenham de ser "puxados", o que no elimina
as vantagens deste tipo de gatilho. A forma da cauda do gatilho pode ser
ajustada posio do indicador, encurvando-a, ligando-lhe um parafuso ou
um pedao de arame.
Durao da pontaria
A durao da pontaria deve mediar entre os 5 e os 1 5 segundos, dependendo
do local e das condies climatricas, entre outros fatores. Nos J.O. do
Mxico, por exemplo, a 3300 metros de altitude, quem no se preparou para
tempos de pontaria mais curtos - como fez o campeo mundial Stolypn -
teve problemas respiratrios devido rarefao do ar.
Se sente dificuldades em disparar ou se excede o tempo limite para apontar,
deve baixar o brao e recomear, com a prefigurao de um movimento
correto adquirida por autossugesto (V. Psicologia).
Largura da mira anterior e distncia entre miras
A largura da mira anterior deve ser escolhida individualmente pelo atirador, de
acordo com as condies de luz e com a sua experincia prpria. No h
restries para a distncia entre miras. Desde que no haja exageros, pode
dizer-se que quanto maior for, mais facilmente sero detetados os erros.
O punho
O punho pode ser completamente anatmico e, parte dos movimentos do
pulso serem livres, no tem quaisquer restries. O punho deve garantir
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uma posio estvel da pistola e no deve ser completamente fechado, o que
dificulta a circulao e se torna demasiado apertado com tempo quente.
prefervel no empunhar num ngulo muito direito, mas sim deixando-a cair
para a frente (posio descontrada do pulso).
O peso do cano
O centro de gravidade da pistola deve situar-se frente do indicador e de uma
forma geral estas pistolas dispensam pesos adicionais. Mas o balano da
pistola uma questo individual e os atiradores tm aproximaes diferentes.
pistola livre
No imperativo ter contrapesos
no cano. O polegar apoia-se no punho.
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Posio do polegar
tambm um ponto individual, dependendo frequentemente do tamanho e da
forma do punho, mas tambm do formato da mo. O polegar pode pois ficar
apoiado contra o punho, virado para baixo ou levantado. Porm, necessrio
ter muita ateno a um pormenor significativo: se o polegar fizer presso
sobre o apoio, designadamente no momento da partida do tiro, os tiros sairo
altos e direitos. E prefervel que o punho seja construdo de tal forma que o
polegar fique horizontal, sem que a ltima falange faa presso para baixo.
A execuo perseverante e com a mxima concentrao dos componentes
individuais (empunhamento, pontaria, respirao, disparo e seguimento)
uma caracterstica prpria dos atiradores de PL. O atirador de PL deve
convencer-se de que o valor dos tiros depende do tratamento individual de
cada um dos elementos considerados. No treino tcnico, porm, deve ser
posta maior ateno no elemento esttico - empunhar a pistola firmemente.
Devo dizer que o tiro de PL diferente de todos os outros: nesta disciplina o
punho que agarra a mo e no a mo que agarra o punho, como acontece nas
outras. tambm a nica disciplina de preciso pura em que "permitido"
aumentar a presso sobre o gatilho de uma forma um tanto consciente, j que
o peso do gatilho quase nulo, a velocidade da reao do sistema de
percusso enorme e o movimento do percutor muito reduzido. Ou seja, com as
miras alinhadas e sobre a zona de pontaria, no de todo errado aumentar a
presso para provocar o disparo, ao contrrio do que acontece em PAC, PStd,
PSpt e PGC, em que o (a) atirador(a) espera que o tiro saia de uma forma
totalmente inconsciente ou por um reflexo condicionado, que corresponde ao
acionamento instintivo do gatilho
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ANLISE DOS AGRUPAMENTOS
Por vezes difcil avaliar corretamente os grupos que ocorrem durante a
execuo do tiro. S os observadores muito experientes (treinadores e
atiradores com elevado esprito de autocrtica) podem afirmar qual a causa de
um tiro ou de um agrupamento incorreto.
Em particular nos Clubes de menor dimenso, h uma grande falta de pessoal
qualificado para orientar os atiradores. Assim, tem de ser o atirador a avaliar
os seus grupos (15 tiros sobre a mesma zona de pontaria e com o mesmo
empunhamento) para determinar as causas provveis de erro. A explicao
para a ocorrncia de certos grupos tpicos poder ajudar o atirador a descobrir
as causas de erro.
Uma ligeira inclinao da pistola no uma coisa muito m, se essa inclinao
for constante. Contudo, tem de haver cuidado, porque se essa inclinao for
para a esquerda, um atirador com um pulso menos forte poder no ser capaz
de impedir que a mira anterior descaia para esse lado. Os tiros que ocorrem
entre as 6 e as 8 horas podem ter essa origem, pelo que prefervel que a
pistola fique horizontal. E no se esquea de que, se aumentar a distncia em
relao "bola preta", o ngulo tambm aumenta.
VARIANTE DATCNICA-BASE DO TIRO COM PISTOLA
Como j foi dito, a tcnica de preciso igualmente a tcnica de base para o
tiro de velocidade, com algumas modificaes. Vejamos agora as disciplinas
de tiro rpido (PStd e VO, sub-prova de duelo em PSpt e PGC).
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TCNICA DE DUELO
O duelo um tiro de preciso com limite de tempo, razo por que os erros se
tornam mais apreciveis. O treino sistemtico , portanto, imperativo.
Quando o alvo vira ou se acende a luz verde, o brao, que tem de estar
voltado para baixo a 45, deve ser levantado cerca de 5/6 do percurso at ao
centro do alvo, sem desvios laterais, enquanto a vista vai ao encontro das
miras, seguindo com elas na fase final at zona de tiro. Desta forma o
alinhamento das miras pode ser verificado mais rapidamente, poupando um
tempo precioso. medida que as miras entram na zona de pontaria a presso
sobre o gatilho deve ir aumentando, para tirar o peso restante com a pistola
"parada" na zona de tiro. Segue-se o seguimento, tal com nas disciplinas de
preciso.
Devo acrescentar o seguinte: quando dada a voz de "ateno", o brao tem
de vir para a posio a 45. Ora, imediatamente antes, o(a) atirador(a) deve
alinhar as miras sobre a zona de pontaria uma ltima vez, baixando
o brao lentamente e sem movimentos, particularmente sem movimentos
verticais do pulso, e ficar a olhar para a base do alvo, a fim de o ver comear a
rodar ou ver a luz verde aparecer. Estes 7 segundos devem ser usados para
preparar mentalmente a ao que vai ter lugar a seguir: vou levantar, alinhar
as miras, parar e apertar o gatilho seguido at o tiro
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Depois do 1 tiro, as miras so realinhadas em cima, voltando a pistola para a
posio a 45, como antes.
Muito importante: quando forem usados alvos de carto, o atirador tem de
superar a tentao de espreitar para o alvo, quer depois do tiro sair, quer
antes de executar o tiro seguinte.
Os atiradores que dominam perfeitamente a tcnica de preciso preferem, por
vezes, levantar a pistola rapidamente para a zona de pontaria e executar o
tiro como em preciso, usando o tempo que pouparam na subida. contudo
uma tcnica menos segura, pois as miras podem aparecer desalinhadas e
haver alguma preocupao em realinhar.
Movimento da vista em duelo 1.Olhos na zona de espera 2.Olhos ao encontro das miras 3.Olhos seguem com as miras para cima
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A RESPIRAAO NO DUELO
O atirador inspira e expira uma vez entre cada tiro e aguarda com os pulmes
quase vazios. Pode entrar algum ar durante o levantamento, correspondendo
expanso do trax, mas no deve ser uma inspirao consciente. A
respirao deve estar bloqueada durante o processo de pontaria.
As inspiraes no devem ser demasiado profundas, para no elevar
desnecessariamente a pulsao.
Resumo: olhos na zona de espera; expirar; olhos nas miras ao levantar o
brao; focagem exclusiva da mira anterior; apertar o gatilho at o tiro sair
inconscientemente entre os 2,5 e 2,8 segundos; seguimento; realinhamento;
baixar a direito; preparar o tiro seguinte.
SUGESTES PARA O TREINO
Preparar sistematicamente o levantamento para a zona de pontaria, primeira
fase rpida, "travagem" progressiva at parar.
Executar o duelo em seco, com a preocupao de verificar se as miras se
mantm alinhadas quando a pistola disparada, e depois com tiro vivo, mas
com o alvo estacionrio.
Quando a tcnica estiver dominada, passar a alvo mvel ou de semforo, mas
iniciar tambm com tiro em seco e s depois com tiro vivo. Na primeira fase
do treino, no se preocupe com os "zeros11 por falta de tempo: o que
interessa executar bem o tiro. A velocidade de execuo para chegar aos
desejveis 2,3 - 2,5 vir com o tempo. Qual a razo para atirar dentro destes
tempos e no esgotar o tempo regulamentar? Porque em condies de vento
forte pode ter de corrigir ligeiramente (e suavemente) as miras e ainda dispe
de 4 a 6 dcimos de segundo para isso. Em prova, o atirador deve manter-se
calmo e cumprir a sua tcnica, sem permitir que o seu tempo de tiro seja
perturbado pelos tiros dos vizinhos.
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Como outras tcnicas de velocidade, o tiro de duelo requer um treino
permanente, sem o qual impossvel adquirir qualquer consistncia. possvel
obter marcas pouco abaixo da pontuao mxima, e o duelo decisivo para o
resultado final.
VELOCIDADE OLMPICA (VO)
O tiro de velocidade, que integra o calendrio olmpico, extremamente
exigente em concentrao, autodomnio e rapidez de reflexos. Nenhum
atirador deve escolher esta disciplina para iniciar a sua carreira. Se quer
aprender a atirar, deve antes disso ganhar os seus conhecimentos tcnicos em
ar comprimido e depois em PSpt ou PGC. S quem tiver dominado
perfeitamente a tcnica de duelo poder aspirar a dominar a tcnica das sries
rpidas de VO, em que o atirador tem de pr a mxima concentrao no tiro
que est a disparar, embora j esteja a preparar os seus prximos tiros
(devido premncia do tempo nas sries de 4") de forma a garantir uma
imagem completa da srie.
TESTANDO A POSIO
A resposta para a pergunta "para qual dos alvos se deve preparar a srie" a
seguinte: se a pistola for levantada para o ltimo alvo ou para o alvo do meio,
o tronco rodar ligeiramente e o 1- tiro ter tendncia a ser esquerdo, porque
o atirador ter tendncia a rodar demasiado cedo. Mas se o atirador preparar o
primeiro tiro descontraidamente para o 1Q alvo pode ter a certeza de que o Ia
tiro da srie - o mais difcil de executar
- Ficar no centro do alvo, seguindo-se normalmente uma boa srie.
A RESPIRAO EM VO
Durante o tiro de VO a respirao deve cessar totalmente. O TFG de que
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j falmos possibilitar ao atirador suspender facilmente a respiraao durante
os perodos de tempo requeridos sem quaisquer consequncias negativas.
Uma inspirao e expirao profundas antes do primeiro tiro, como foi
explicado para o duelo, suficiente, enquanto o atirador "visualiza" a
sequncia de movimentos que vo ter lugar a seguir, pois para os executar
corretamente necessria uma conceo mental precisa desses movimentos
(levantar, disparar e passar de alvo para alvo, disparando e fazendo o
seguimento em cada um deles).
TCNICA DE PONTARIA
Quando os alvos se voltam para o atirador ou se acende a luz verde, o brao
deve ser levantado e parado gradualmente no ltimo sexto do movimento, de
forma a que as miras parem por um momento na zona de pontaria.
No incio do movimento os olhos devem baixar para as miras, como no duelo
(mira anterior focada). A partir da seguem em conjunto com as miras para a
zona de pontaria, j com o atirador a "sentir" o gatilho. O peso restante
retirado sobre a zona de pontaria. Atiradores muito experientes conseguem
retirar o peso restante exatamente quando a pistola pra, mas j vinham a
retirar parcialmente o peso na subida. De qualquer forma o importante parar
e disparar imediatamente no final do movimento para cima, apertando o
gatilho com um movimento seguido (aumento progressivo da presso) at o
tiro partir, no sentido de evitar a gatilhada.
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Quando o primeiro tiro parte, e aps um curtssimo seguimento, o 2- alvo
visado pelo atirador, que roda rapidamente mas sem estices, pelas
articulaes da anca, do joelho e do tornozelo, at parar gradualmente na
zona de pontaria. O tiro executado inconscientemente pela presso seguida
sobre o gatilho. Nas sries mais rpidas o tiro pode ser executado do lado
direito da zona, isto , admitindo-se uma quantidade restante de movimento,
o tiro executado por antecipao.
Esta ao repetida at ao final da srie.
Em caso algum se deve negligenciar a pontaria ou tentar "atirar passagem".
Esta situao torna-se particularmente crtica no ltimo tiro, pois uma certa
tendncia para descontrair pode provocar tiros baixos e esquerdos, razo
porque muitos atiradores imaginam um 6- tiro, que executam "em seco"
sobre um 6S alvo imaginrio.
Ao passar de alvo para alvo, o corpo roda, interrompendo a rotao em frente de cada alvo. O ombro
mantm-se bloqueado e sempre no mesmo ngulo com o corpo. Se, no movimento para o alvo
seguinte, o brao rodar sozinho (sem o corpo) a posio da mira anterior em relao mira posterior
altera-se, porque o tringulo pistola-ombro, ombro-olho e olho-mira tambm se altera. Os tiros
direitos so normalmente provocados por este tipo de erro.
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imagem das miras se o brao se mover sozinho sem rodar o tronco.
Se o atirador direito deve comear sempre a srie da direita para a esquerda,
para no esconder os alvos seguintes com a mo, pois devem estar claramente
visveis em frente do seu brao.
Assegure-se, portanto, de que o brao segue rigidamente ligado ao corpo e de
que o movimento lateral feito suavemente, parando, apertando o gatilho
entrada na zona de pontaria e disparando, para continuar depois de um
curtssimo seguimento.
O DISPARO EM VO
Ao contrrio' do que normalmente se v praticar, o indicador deve ser puxado
para trs depressa mas gradualmente, de forma a eliminar a possibilidade de
gatilhadas quando o tiro executado. Um curso de gatilho (travei) um pouco
maior vantajoso para este fim.
O peso do gatilho - o que no tem nada a ver com o curso - no deve ser
inferior a 150 gr, podendo mesmo ser de 200 ou 250 gr. Outro erro que
ocorre, para alm da gatilhada, uma quase impercetvel reduo da tenso
do cotovelo ou do pulso quando o gatilho acionado. Esta perda de tenso
provoca desvios laterais e uma das razes mais comuns para maus
resultados, principalmente nas sries de 4". Nunca tente atingir o centro do
alvo a todo o custo. O tiro de VO, particularmente nas sries mais rpidas, no
permite fazer correes sobre a zona de pontaria. Portanto, no hesite em
disparar " zona'1. Em muitos casos continuar a ser um 10. As correes s
podem originar maus tiros, por excessiva preocupao com o tempo para a
execuo dos tiros restantes, sobretudo para executar o ltimo tiro com
segurana.
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E prefervel puxar as miras (alinhadas!) para o centro do alvo e apertar o
gatilho ao mesmo tempo.
O RITMO DE TIRO (TIMING)
Um bom ritmo de tiro d ao atirador de VO a calma interior e a confiana de
que necessita para executar tiro aps tiro de uma forma equilibrada, precisa e
deliberada, sem estar preocupado com o tempo. Fazer o ltimo tiro com a
sensao de que ele pode apanhar o alvo em movimento, ou com a luz
vermelha acesa, pode destruir todas as sensaes positivas ao chegar ao
ltimo alvo, se no antes.
Trata-se de uma disciplina em que a automatizao dos gestos tcnicos
crucial. Se a tcnica e o ritmo no estiverem absolutamente automatizados,
no vale a pena pensar em resultados. Por outro lado, uma aprendizagem
correta e um treino consciente, incidindo sobre estes aspetos essenciais,
tornaro o tiro de velocidade mais fcil medida que for praticando.
O treino assduo, com particular ateno para a forma como divide o seu
tempo, absolutamente vital. O treino pode ser feito em seco, sendo
prefervel a utilizao de alvos rotativos. Neste tipo de treino deve-se enfatizar
a ateno posta no primeiro tiro, o movimento de alvo para alvo e o situar.
Como regra, os tempos de entrada devem ser 2 a 2.2 para as sries de 8'1, 1.6
a 1.8 nas sries de 6" e 1.1 a 1.3 nas sries de 4". Qualquer hesitao no
primeiro tiro, porque as miras no estavam alinhadas, ou num dos tiros
seguintes, por o gatilho no ser suficientemente aliviado depois do tiro
anterior, faro com que os tiros seguintes tenham de ser disparados muito
rapidamente. Assim, deve preparar-se para "mudar de velocidade" se tal
acontecer, e fazer os tiros restantes velocidade de 4". sempre prefervel um
8 do que um 0... Nas sries de 4", em que j
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no h muitos recursos, pode usar, se preferir, o "ritmo romeno", que consiste
em fazer o 19 e o 5Q tiros muito rpidos, aceitando dois 9, e fazer os trs tiros
do meio ao ritmo calmo de 6", sendo seguramente trs 10.
A PONTARIA EM VO
Em contraste com o tiro de preciso pura, em VO as janelas devem ser mais
largas, podendo ser de 2:1, ou seja, cada janela ter a largura da mira anterior.
Esta opo deve ser considerada porque, com janelas muito fechadas, mesmo
os pequenos erros so muito percetveis e provocam inibio do tiro, o que se
traduz numa perda de tempo negativa e numa preocupao com a preciso
que no deve existir, considerando a dimenso do 10.
POSIO DA MO EM VO
necessrio que as miras fiquem perto da mo, pelo que a pistola deve
permitir esta possibilidade, ou ser transformada nesse sentido (limar a carcaa
e subir o punho). Com as miras mais perto da mo a alavanca diminui, o que
importante, e os efeitos de uma possvel inclinao da pistola so menos
significativos.
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O RECUO
Enquanto alguns atiradores preferem que a pistola fique estabilizada durante
o tiro, de maneira a manter um percurso horizontal de alvo para alvo, outros
preferem um ligeiro recuo, considerando que isso ajuda o movimento de
rotao do corpo.
Atualmente, a corrente dominante vai para munies suaves e canos com
compensador de recuo. Mas no seja esse o problema: a maior parte dos erros
nascem na cabea do atirador...
SUGESTES PARA O TREINO
A transio do movimento vertical para o movimento horizontal
extremamente difcil e tem de ser praticada, principalmente nas sries rpidas
de 4". Para este efeito, pode-se pr o programador em duelo e disparar dois
tiros para o 1Be2s alvos nos 3" disponveis, como forma de praticar a transio,
de incio mais lentamente, aumentando depois a velocidade de execuo.
Para treinar o primeiro tiro rpido, o programador pode ser regulado para 1.2.
Ao princpio ser muito difcil, no dando tempo para alinhar as miras ou para
as colocar na zona de pontaria, mas com o tempo a tarefa torna-se mais fcil,
a ltima fase do movimento toma-se deslizante e j possvel disparar sem
gatilhadas e fazer um curto seguimento, porque as inibies foram
ultrapassadas. Se, pelo contrrio, houver hesitaes em disparar o primeiro
tiro, este ser quase sempre mau. As reaes tm de ser educadas.
Encontrar outras sugestes e a opinio do autor sobre a verificao das miras
na posio de "ateno" mais adiante.
O tiro de VO efetivamente difcil. Para um atirador chegar ao topo necessita
ter bases corretas para comear. Uma aprendizagem correta
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facilita a vida futura. O contrrio, "desfazer" erros que foram interiorizados
como aes corretas, sempre mais difcil e os atiradores tendem a rejeitar
tais correes, porque sabem que vo surgir recuos no seu desempenho.
Resolva se a sua escolha ser o melhor de um conjunto medocre, ou se
pretende bater-se com os "craques", mesmo que tenha de atravessar o
deserto! E lembre-se: s um grande volume de treino conduzir ao
automatismo que a disciplina requer. O improviso no se d bem com a VO.
PISTOLA STANDARD
O tiro de PStd, muito popular nos EUA e igualmente aceite na Europa, sendo
um misto de preciso e velocidade, sem sub-provas, o que torna a disciplina
atrativa para a maior parte dos atiradores. Por outro lado, usando o alvo de
preciso mesmo nas sries rpidas, por isso mesmo um bom treino para as
outras disciplinas.
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POSIO E TCNICA
Tudo o que j foi dito sobre a tcnica de base para preciso e sobre as suas
variaes para velocidade, como por exemplo o movimento vertical e a
execuo do primeiro tiro, tem aplicao nesta disciplina, particularmente nas
sries de 20" e 10. Tal como no tiro de preciso, a zona de pontaria abaixo
do preto, pois tambm neste caso h vantagem em ter as miras bem
recortadas no alvo. Alguns atiradores preferem atirar ao centro do alvo.
Em minha opinio, o tiro ao centro do alvo prefervel nesta disciplina, pelas
seguintes razes: no h uma desvantagem significativa em fazer as sries de
150" sobre o centro do alvo. Mesmo perdendo algum recorte das miras,
possvel um bom alinhamento e a preocupao com uma boa definio da
mira anterior tem vantagens, sobretudo para os atiradores com tendncia para
"espreitar" o alvo. Nas sries rpidas, mais fcil apontar ao centro: quando
se aponta ao branco, h sempre a tendncia de aproximar as miras do preto,
resultando tiros altos que estragam as sries.
As sries de 150" so disparadas como em preciso. Para no exceder o
tempo, deve evitar baixar a pistola repetidamente ou fazer grandes pausas
entre os tiros. De qualquer forma, o tempo tem de ser treinado at estar
interiorizado, sendo conveniente o recurso a um cronmetro digital.
Nas sries de 20", depois de disparado o Ia tiro, deve ser disparado um tiro em
cada 3 segundos. Se sentir necessidade, pode respirar uma vez entre o 3 e o
4 tiro, ou seja, deita o ar remanescente fora, inspira profundamente, expira,
suspende a respirao e continua a srie. Tambm aqui o seguimento no
pode ser negligenciado.
Nas sries de 10" a respirao antes do primeiro tiro como em duelo.
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Durante a srie no pode haver respirao. Estas sries so difceis de
executar, qualquer erro tem um efeito muito negativo. O tiro inconsciente
evita estes erros e mantm o resultado dentro de limites aceitveis. S com
uma extrema concentrao e com uma tcnica muito perfeita se podem atingir
resultados muito altos. Em compensao, uma disciplina em que se obtm
resultados aceitveis em menos tempo do que nas outras.
Grande parte dos erros deve-se a uma m gesto do tempo: h atiradores que
pensam (e dizem) que atiram melhor nos 10" do que nos 20". O que acontece
que nos 20", porque o tempo "muito", os atiradores distraem- se a fazer
correes, por vezes inteis, e esquecem o ritmo de tiro... at que o relgio
que tm na cabea dispara o alarme e os tiros restantes so feitos de qualquer
maneira, acabando por disparar em 14 ou 15", pensando estar no limite do
tempo. Como em qualquer outra situao, estas sries tm de ser treinadas
at este tempo - pouco usual, verdade - estar interiorizado.
Em relao s sries de IO11, e dado o aperfeioamento das pistolas e das
munies atuais, o tempo suficiente para conseguir muito bons resultados: o
segredo est, como em VO, em fazer um 1- tiro rpido e manter a cadncia,
realinhando as miras e apertado o gatilho seguido (aumento progressivo da
presso) at o tiro partir.
Aconselho a no ter o parafuso de paragem do gatilho (back-lash) apertado:
dada a velocidade de execuo, pode haver desvios da pistola.
INDICAES IMPORTANTES PARA TODAS AS DISCIPLINAS DE VELOCIDADE:
PERCEPO DO MOVIMENTO DO ALVO
Para se aperceber do movimento do alvo (no caso dos alvos rotativos) o
atirador no pode estar espera de um sinal acstico, pois pode
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acontecer no se aperceber do "clic11 da mquina ou confundi-lo com outro
som. Um erro deste tipo pode dar origem a maus tiros ou mesmo a "zeros11,
por falta de tempo ou pressa escusada.
Aperceba-se visualmente do movimento dos alvos ou da luz verde. boa ideia
manter os olhos um pouco mais baixos do que o centro do alvo, por forma a
encurtar o percurso entre a posio de espera e as miras quando estas so
movimentadas para cima.
Errado! O olho est preso ao 10.
5e a vista est "presa" ao 10, no se move ao encontro das miras quando a pistola levantada, ficando na
zona onde supostamente o tiro vai atingir o alvo. Desta forma as miras no so verificadas, no havendo a
garantia de que apaream na posio correcta, nem permitindo comear a "espremer o gatilho entrada
na zona de pontaria.
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VERIFICAAO DAS MIRAS NA POSIO DE ATENAO
absolutamente errado "alinhar" as miras quando o brao est a 45. Quem o
faz de certeza no pensou seriamente no facto de que, quando o brao
levantado, o ngulo formado pelo olho, pistola e ombro vai ficando cada vez
maior. Se as miras forem alinhadas em baixo, ao levantar a mira anterior
aparece muito acima da mira posterior! J foi dito: antes do primeiro tiro de
velocidade (ou antes de cada tiro de duelo) alinhe as miras em cima e baixe o
brao a direito, com o pulso bloqueado. Ao levantar, as miras estaro quase
alinhadas entre si, e evita ter de fazer movimentos verticais do pulso, o que
inevitavelmente acontece se alinhar as miras em baixo.
REPARTIRAS SRIES
Este outro problema a ultrapassar, um problema de natureza psicolgica,
mas que deve ser tratado neste captulo pela sua relao direta com as
disciplinas de velocidade.
Nunca considere uma srie como um todo: divida-a em cinco tiros individuais,
cada um dos quais deve ser disparado suavemente e com a atitude mental
correta. Ou seja, embora os tiros tenham de ser executados muito
rapidamente a seguir uns aos outros, cada um deles tem de ser um tiro bem
executado, para que o resultado final seja bom. No procure portanto o 50,
mas sim uma execuo correta repetida 5 vezes. Quando o conseguir, ter os
seus 50 pontos; se o no fizer, no os ter.
PREPARAO DAS MIRAS
Se as miras no contrastam claramente com o preto do alvo ou se aparecem
cinzentas, devem ser escurecidas com velas ou dispositivos
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prprios para o efeito. Ateno s miras plsticas ou de carbono, no as
queime. No use miras coloridas de vermelho ou branco, isso leva a que o
atirador se distraia e olhe para o alvo. Isto aplica-se a todas as disciplinas.
NOTAS NO FINAL DESTE CAPTULO
Para evitar carregar ou introduzir incorretamente o carregador, ou para ter a
certeza de que liberta a segurana ou o detentor da corredia na altura certa,
o atirador deve habituar-se a repetir para si prprio estes procedimentos,
como se de um "check-list" se tratasse, para no ser eliminado da competio
pelas suas prprias mos.
Dependendo do gosto ou das possibilidades econmicas, pode escolher ente
diversos modelos para cada disciplina. prefervel aconselhar-se com o
treinador do Clube ou com um atirador mais experiente. Acautele-se com os
vendedores altamente entusiastas, e lembre-se tambm que ningum gosta
de dizer mal da sua prpria pistola, admitindo que errou ao compr-la.
Para concluir; pratique seriamente e conscientemente a disciplina que elegeu,
se quer atingir um objetivo. No se disperse por muitas disciplinas, mesmo
que seja "empurrado" para isso: s um atirador extremamente dotado pode
"tocar vrios instrumentos" capazmente. Nos treinos, corrija os aspetos fracos,
depois de identificar os erros que os esto a provocar. No se importe com um
recuo temporrio, se o objetivo corrigir a tcnica: "d-me mais jeito assim"
uma frase que se ouve repetidamente. Pois , d mais jeito, mas no d mais
pontos.
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treino psicolgico
nossa vida emocional no se confina aos limites da nossa conscincia. A
conscincia apenas a superfcie sob a qual residem foras muito fortes. O
conhecimento do nosso subconsciente est intimamente ligado com o nome
de Sigmund Freud, o primeiro homem a descobrir o caminho para a soluo
dos conflitos do inconsciente. A partir da desenvolveu a sua prpria
psicologia (psicanlise) provando cientificamente que o corpo e o esprito
constituem uma unidade. A depresso, por exemplo, tem um efeito adverso
sobre o corpo, da mesma forma que uma pessoa sensvel que apanha uma
gripe pode ficar psicologicamente diminuda pelo facto de no poder cumprir
as suas obrigaes, ficando doente mais tempo do que uma pessoa animosa.
Resumindo, as doenas ou deficincias fsicas podem ter um efeito deprimente
sobre o esprito. Com frequncia, podem mesmo provocar dependncias e
complexos de inferioridade. S atravs do tratamento dos problemas
psicolgicos (psicoterapia) se podem diminuir ou eliminar os sintomas
patolgicos, mas cuja origem psicolgica. Os mtodos utilizados na
psicoterapia so a sugesto, a hipnose e a psicanlise. Estes mtodos so
muitas vezes usados para o tratamento de doenas orgnicas cujas origens
so de carcter psicolgico, quando todos os outros mtodos falham. Desta
forma certas lceras e problemas de pele, como a acne, podem ser curados
atravs da psicoterapia.
A fora e o efeito da prtica da psicologia so particularmente claros neste
ltimo exemplo. Porque no havemos de usar uma forma de tratamento
(terapia) que pode prevenir as nossas doenas mentais (psicoses), reduzir os
nossos estados de ansiedade (neuroses) e remover os nossos conceitos falsos
(complexos)? que desta forma podemos ser ajudados a mostrar a nossa
capacidade fsica e tcnica sem inibies, de forma a poder atingir as nossas
prestaes mximas, O atirador deve, portanto, prestar a melhor ateno ao
treino psicolgico
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como o elemento base mais importante do treino do tiro, por forma a poder atingir as pontuaes mais altas.
necessrio um estudo profundo da literatura que se dedica a esta matria para obter uma perspetiva correta deste assunto complexo a fim de que, apesar de todas as emoes negativas, o atirador possa encontrar a atitude certa para as situaes de competio, mesmo sob o stress mais intenso, mantendo uma atitude positiva.
Parece apropriada uma elucidao acerca dos termos que vo aparecer a seguir, para que a ideia possa ser apreendida. A "psicologia prtica orientada para o tiro" utilizada pelo autor foi testada e considerada suficiente para dar ao atirador o "equipamento" mental necessrio para atirar ao mais alto nvel.
NERVOS PR-COMPETIO E STRESS DE COMPETIO
O stress mental do atirador por vezes pior antes da prova do que durante a sua execuo. Muitos dias antes, a ateno expectante do atirador comea a provocar o stress do seu sistema nervoso, nalguns casos impossibilitando mesmo qualquer tipo de autossugesto. Para alm disso, uma tenso mental deste tipo provoca muitas vezes estados fsicos desagradveis como consequncia. A tenso arterial, a pulsao e o ritmo respiratrio aumentam, o atirador comea a transpirar, a cor das faces altera-se, os msculos provocam a tremura das articulaes, particularmente do pulso, e uma sensao de presso no estmago ou na bexiga.
Os nervos pr-competio so pois uma clara indicao, para o atirador, das exigncias de uma elevada prestao no s mental como tambm biolgica.
O GRAU DE STRESS DEPENDE DE:
dimenso e importncia da competio autoconfiana na sua prpria capacidade
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preparao para a competio (treino fsico e orgnico) sensaes positivas como a alegria, o equilbrio e a autoconfiana
sensaes negativas como falsas ambies, descontentamento,
irritao, recordao de erros passados.
Frequentemente, os nervos pr-competio diminuem consideravelmente, ou
desaparecem mesmo, depois de disparado o primeiro tiro de competio,
devido total ateno dedicada (concentrao) que se inicia nesse momento.
Nesta altura, alguns atiradores conseguem mesmo ultrapassar as suas
limitaes normais e atingir resultados que at a no tinham sido obtidos.
Infelizmente, contudo, muitos atiradores continuam a permitir que a
atmosfera de competio os conduza a aes impulsivas ou a perderem o
domnio sobre si prprios e, consequentemente, sobre as suas pistolas. O
problema principal consiste, portanto, em aproximar os nossos resultados em
competio dos "resultados11 obtidos nos treinos. Isto poder acontecer mais
facilmente se tivermos uma atitude correta perante a competio, os nossos
adversrios, e os nossos objetivos. Livres de todas as sensaes indesejveis,
no nos podemos permitir quaisquer dvidas acerca da nossa capacidade.
Devemos ser capazes de nos sobrepor a tudo, de outra forma no possvel
obter resultados de acordo com a nossa capacidade e de nos mantermos a par
dos melhores atiradores.
S procedendo gradualmente e numa ordem cronolgica poderemos ser
capazes de utilizar os conceitos referidos aqui de uma forma positiva para ns
e para a modalidade. Para alm disso, devemos fazer um esforo para nos
educarmos sistematicamente em reao a uma forma positiva de pensar.
Assim, quando tivermos atingido a necessria capacidade de auto
descontrao (treino autgeno), poderemos armazenar no subconsciente
todos os elementos essenciais e positivos para enfrentar a competio atravs
da autossugesto, sem que para isso seja necessrio um esforo consciente.
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PENSAMENTO POSITIVO
Para atingir mais rapidamente o nosso objetivo, temos de aprender a pensar
mais positivamente do que negativamente, mesmo em relao a aspetos
aparentemente sem importncia. Quer isto dizer que nos devemos referir a
aspetos desfavorveis sempre no pretrito: "eu estava a tremer..." ou, no caso
de haver uma diferena muito grande entre o estado atual e o desejvel,
"estou a tremer cada vez menos... estou a atirar cada vez melhor... j estou
mais calmo". Exprimindo-se dessa maneira, o atirador est a considerar o
estado atual, que desfavorvel, como no sendo uma situao permanente, e
a determinar-se para fazer melhor a seguir.
TREINO AUTOGENO E AUTO-SUGESTO
O treino autgeno um bom mtodo para diminuir o estado de excitao,
tornando o corpo e o esprito mais recetivos para a autossugesto, e
atingido tentando tornar-se o mais vazio e descontrado possvel. to difcil
atingir um estado de descontrao total como fingir-se de morto quando est
terrivelmente excitado. Porm, quando se tiver libertado de todas as
influncias negativas, as ideias positivas podero ser absorvidas como a gua
por uma esponja. Da mesma forma, estas ideias podem ser postas de lado
quando for necessrio.
Isto acontece muitas vezes subliminarmente (sem chegar ao limiar do
consciente) e o atirador dificilmente se aperceber disso no estado de
nervosismo, de pouca concentrao, ou de distrao anormal em que se
encontra. Por esta razo, absolutamente necessrio que certos
procedimentos, como a posio, sejam desenvolvidos inconscientemente, pois
assim sero executados corretamente.
A melhor altura para o treino autgeno e para a autossugesto o perodo
antes de deitar ou pouco depois de acordar, preferencialmente o primeiro,
pois as influncias positivas recebidas iro ocupar o sono e
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sero armazenadas no subconsciente. O perodo aps acordar tem tambm
vantagens, designadamente por se estar mais descansado e recetivo do que
noite.
Entre outras coisas, a autossugesto provoca o chamado sentido inconsciente
de finalidade, porque todas as aes e pensamentos so tomados com um
objetivo. Se um atirador consegue melhorar a sua prestao atirando contra
fortes oponentes, certamente que a sua preparao para a competio foi
orientada para uma boa execuo. Mas o sucesso deve ser atribudo, sem
dvida, sua preparao no campo da autossugesto. O atirador, porm,
quando lhe for perguntado a que atribui o sucesso, provavelmente responder
apenas que "estava em dia sim".
Para que o desejo de ter sucesso no fique apenas pelo desejo, necessrio
diligenciar nesse sentido. No tiro, nada lhe servido numa bandeja de prata. A
prestao com base numa boa preparao fsica, tcnica e psicolgica a
nica coisa que conta e que pode levar ao sucesso.
A FORMAO DE COMPLEXOS E AS CONTRA MEDIDAS POSSVEIS
Os atiradores so extremamente suscetveis de ganharem certos complexos,
provavelmente porque a modalidade comporta vrias possibilidades de erro.
Os exemplos seguintes so apresentados para mostrar at que ponto os
nossos esforos tm de ser intensos se pretendemos ser capazes de contrariar
com sucesso as perturbaes provocadas pelos complexos. Gostaria de
acrescentar que estes complexos, a que podemos chamar os nossos
complexos-padro, perdero gradualmente os seus efeitos negativos uma vez
que forem expostos:
Um atirador faz sempre um 8 nas provas. Ele diz ento para si - e passa a
acreditar - que lhe h-de aparecer um 8 e, mais tarde ou mais cedo, ele vai
fazer esse 8. Quanto mais cedo melhor, porque a partir da ir
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atirar mais vontade, uma vez que esteve inibido at ao seu aparecimento. E
possvel omitir esse 8 aparentemente obrigatrio. Se, depois de uma
autossugesto positiva, a puder levar prtica, ele estar curado desse
complexo.
Se o atirador pretende melhorar a posio da mo, deve alterar o punho. Mas
se estiver permanentemente a alter-lo, nunca ter a segurana, em prova, de
que o punho est efetivamente to bom como parecia nos treinos.
Este complexo tem tendncia a propagar-se, porque frequentes alteraes nos
punhos no se traduzem em segurana e o atirador embirra com o punho
exatamente porque no se sente seguro. No havia, de facto, nada to bom
como um punho que disparasse sozinho e fizesse sempre 10!
Para um atirador, o alvo est demasiado alto, para o outro demasiado baixo.
Tambm pode ser o vento, a luz ou mesmo o companheiro do lado que
protesta quando faz maus tiros. Tome cuidado! Estas desculpas, se forem
repetidas, acabaro por se transformar em complexos. Se o atirador diz
"sempre que o vento vem da esquerda atiro mal", ento o complexo j existe
de facto e impede-o de atingir um bom resultado, porque parte para a prova
com um sentimento negativo de que vai atirar mal por o vento estar da
esquerda {ou porque a carreira de tiro tem uma porta que abre e fecha, ou
porque est um dia de calor, etc.). A formao de complexos deste tipo pode
ser evitada se o atirador se criticar a si prprio de uma forma verdadeira e no
da altura do alvo, do vento, do punho ou das munies. Uma atitude mental
correta vital para o sucesso e ajuda-o a vencer o medo, porque o torna mais
confiante em si prprio.
difcil fazer o esforo necessrio para se livrar dos complexos atravs de
uma alterao paciente da maneira de pensar. Mas se a sua prestao comea
a estagnar e no chega a lado nenhum pelos processos habituais, ento deve
fazer um esforo ou a situao vai piorar ainda mais.
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TREINO MENTAL
O Professor Gerschler (psiclogo alemo) diz o seguinte: "A qualidade da
prefigurao de um movimento influencia a execuo desse movimento".
Assim, se o atirador se concentrar na execuo perfeita de um tiro de duelo,
pode estar certo de que o vai executar de acordo com o conceito que fez
desse tiro anteriormente, mesmo que no tenha preenchido totalmente todos
os requisitos. Por outro lado, a mera ideia de um movimento sem
concentrao pode ser a causa de um movimento descoordenado durante a
execuo, mesmo tratando-se de um atirador experiente.
Por exemplo, se um atirador pensa na possibilidade de uma gatilhada ou de
uma tremura do pulso quando estiver a apontar, muitas vezes acontecer essa
falha ocorrer imediatamente. Uma m prefigurao ou uma m conceo do
movimento que se ir seguir, levar tambm a que o brao descreva uma linha
ondulante quando for levantado, ou a deixar passar as miras para alm da
zona de pontaria, e provavelmente a uma gatilhada. E portanto absolutamente
essencial um pensamento positivo, livre de todas as dvidas, para o treino
mental. A resoluo pela negativa, "no devo dar uma gatilhada", deve ser
substituda por uma positiva, "tenho de puxar o gatilho progressivamente",
para que o atirador no seja recordado de um erro, mas sim de uma ao
correta.
No sentido de se preparar convenientemente para uma competio futura e
para o clima de competio, de todo o interesse "fazer" a prova
mentalmente, pelo menos uma vez, com todas as eventualidades possveis e
concebveis, sem quaisquer concees de classificaes ou de resultados, mas
sim com uma atitude positiva permanente, centrada na boa execuo de cada
tiro de prova. As avarias tambm devem ter lugar nesta competio simulada,
porque se estiver preparado para elas menos de surpresa ser colhido se
efetivamente ocorrerem, e poder remedi- las calmamente. D um bom uso
sua capacidade imaginativa. Mas re
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pare que, se o seu pensamento for negativo, a sua imaginao pode ter um
efeito igualmente negativo. Se falhar, no entre em pnico: procure a causa do
erro. A razo da escorregadela pode ser encontrada imediatamente.
INFLUNCIAS NEGATIVAS
O medo sempre negativo. Uma pessoa nervosa nunca perder o medo se se
considerar a si prpria uma pessoa nervosa, porque est permanentemente
sujeita influncia da sua autossugesto negativa. O medo originado por
uma certa insegurana, a dvida acerca das suas prprias possibilidades. O
medo provoca habitualmente um estado de agitao incontrolvel, cujo efeito
visvel a tremura. O atirador no deve pretender eliminar a tremura a todo o
custo, mas procurar razes para que isso no acontea. S quando for capaz
de identificar a falha que provoca o seu nervosismo, estar em condies de o
eliminar atravs de um pensamento positivo e de no voltar a sentir o seu
efeito perturbador. Experimente esta frmula tranquilizante: "O tempo est
bom; eu estou de sade; estou aqui a atirar porque gosto de atirar..." Ou
ento esta: "H pessoas ali atrs que esto espera de que eu me "espalhe".
Ser que lhes vou fazer a vontade, ou que lhes vou mostrar que h mais
qualquer coisa dentro de mim do que lhes parece?".
No se deixe esfarelar: lute dentro de si mesmo e ponha c fora o que capaz de fazer.
Se o atirador ainda no conseguiu ultrapassar os seus medos, no deve
convencer-se de que j no tem medo. O que parece estar mais prximo da
verdade que ele foi perdendo um pouco de medo depois de cada prova.
As crianas nervosas transformam-se muitas vezes em adultos corajosos.
Esta transformao tem lugar, parcialmente, no subconsciente, devido a
sentimentos, desejos e aspiraes, e muitas vezes so tambm
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experincias com sucesso que reduzem o medo.
Se uma criana tem de fazer um salto de plinto perante toda a classe e falha,
provavelmente ficar sempre com medo deste salto, a menos que rena toda a
sua coragem e repita o salto. Esta experincia dar-lhe-o a certeza de que as
coisas podem ser feitas se houver coragem para se arriscar a faz-las. A partir
daqui, ela ir treinar o seu salto at o fazer na perfeio e nunca mais ter
medo dele.
Aplicando isto ao tiro, h alguns atiradores que tm de demonstrar a sua
coragem. Se, por exemplo, um atirador est quase a disparar um tiro e, por
qualquer razo, comea a duvidar se ser ou no um bom tiro, mesmo que o
deseje ardentemente nunca far um 10. O estado de dvida torna-o indeciso e
desconcentrado. Nesta situao, o atirador demonstra coragem se baixar o
brao e retomar a posio depois de um momento de descontrao. Se ele no
for capaz de baixar o brao, quer dizer que no se importa de fazer um mau
tiro, e no deve ficar surpreendido de lhe aparecer um 8 ou um 7. Um atirador
que hesita nunca s