Post on 20-Jul-2020
Universidade Estadual Paulista – UNESP Centro de Aquicultura da Unesp – CAUNESP
Programa de Pós-graduação em Aquicultura
MANUAL PARA CONFECÇÃO
DE
DISSERTAÇÃO OU TESE
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO
II. QUESTÕES CONCEITUAIS
III. ESTILO CIENTÍFICO
1. Elementos Lógicos
2. Elementos de Redação
IV. ESTRUTURA DA TESE/DISSERTAÇÃO
1. Normas para citação de espécies
2. Características de Layout
Exemplo de capa Exemplo de folha de rosto Sumário Agradecimentos Apoio financeiro Resumo Palavras-chave Abstract Key-words
3. Estruturação das partes do texto científico
Título Autor(es) Resumo Palavras-chave Introdução Material e Métodos Resultados Discussão Referências
I. INTRODUÇÃO1
A realização da pesquisa científica durante a pós-graduação é um meio
que, se devidamente conduzido, pode se tornar eficaz para formar um cientista de
excelência. E, por necessidade do nosso país e da humanidade, devemos buscar
essa excelência em cada um de nossos atos, embora isso nem sempre seja
possível. Além disso, nessa busca devemos ser eficientes, que significa obtermos
o máximo de qualidade com o mínimo de energia. Ou, em outras palavras,
obtermos o máximo de cada um de nossos atos. Vejam que trata-se de uma
questão de postura, que uma coordenação de pós-graduação não deve ignorar;
ao contrário, deve propiciar.
Na tentativa de dar referenciais para que aumentemos a eficiência na
busca pela excelência que o Conselho desta Pós-graduação, dentro de seu dever
educador, apresenta este pequeno manual norteador. Ele complementa outras
medidas que este Conselho, na sequência dos membros que o compuseram até o
presente, vem desenvolvendo dentro dessa missão.
Embora esta ação seja restrita à Dissertação/Tese, temos que aceitar que
é a realização desses trabalhos o que mais marca a vida de nossos pós-
graduandos. Os discursos passam, mas aquilo que aprendemos na prática marca
o pode nos perseguir pelo resto de nossa profissão. Isso ocorre tanto por ser uma
atividade laboriosa, que demanda muito tempo, quanto pelo fato de representar a
entrada do aluno na esfera da academia. Trata-se da condução de seu próprio
trabalho, com certa autonomia para discussões com seus pares e defesas de
ideias genuínas.
A elaboração de um trabalho científico exige certas regras, de pensamento
e de conduta. Não são regras tão fáceis de explicitar, nem tampouco livres de
contravenções. Mas resumimos aqui o que atende a preceitos da ciência
internacional e que podem ser bons norteadores para suas ações. Caberá a você,
em consonância com seu orientador, tomar as decisões que julgarem acertadas.
Nossa intenção é bem mais modesta: dar referenciais e normatizar a
apresentação escrita do trabalho de Dissertação/tese.
1 As questões conceituais apresentadas neste manual foram baseadas em: Volpato GL. 2011. Método Lógico para Redação Cientifica. Best Writing: Botucatu. Volpato GL. 2010. Dicas para Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. Volpato GL. 2007. Bases Teóricas para Redação Científica. Cultura Acadêmcia/Scipta: São Paulo/Vinhedo.
II. QUESTÕES CONCEITUAIS
Os itens abaixo indicam noções conceituais sobre o “fazer ciência” e
servem de direção aos pós-graduandos durante a realização de seu trabalho de
Dissertação ou Tese.
1. Dissertação e Tese são hoje2 construções científicas realizadas dentro de um
programa de pós-graduação, sendo a Dissertação para obtenção do título de
Mestre e a Tese para o título de Doutor.
2. A dissertação/Tese são textos que relatam pesquisas que devem produzir
conhecimento científico de alto nível. Isso significa conhecimento que seja aceito3
por parcela significativa de sua comunidade científica (inclui seus pares, dentro e
fora de seu país).
3. Sempre que possível, esse conhecimento deve resultar em, ou dar suporte
para, medidas práticas que possam ser aplicadas na sociedade, científica ou não.
Mas, essas condutas, embora desejáveis, são estritamente dependentes da
qualidade do conhecimento científico produzido (item anterior). Ou seja, a
construção de tecnologia de qualidade requer conhecimento confiável.
4. A essência de um trabalho científico, seja uma Dissertação, uma Tese ou um
Artigo, é sua conclusão (ou conclusões). Os dados produzidos apenas servem de
alicerce para essas conclusões, juntamente com as informações existentes em
literatura de boa qualidade. E lembre-se que o cientista só aceitará uma
conclusão se o suporte dos resultados for forte, confiável. Para isso, a
metodologia que resultou nesses dados deve ser igualmente robusta.
5. A contribuição efetiva do cientista por meio de sua Dissertação ou Tese não
depende do número de resultados, nem da dificuldade metodológica em obtê-los,
2 Antigamente, a Dissertação era um relato dissertativo sobre dados, originais ou não. A Tese envolvia a defesa de uma proposição teórica, a tese. Na atualidade, na área Biológica, tanto a Dissertação quanto a Tese apresentam defesa de proposições teóricas, no formato de teste e defesa de hipóteses ou teses. 3 Pode ocorrer de um conhecimento produzido estar correto, mas mesmo assim não ser aceito pela comunidade científica. Esse quadro só é revelado tardiamente na história da ciência. Além disso, é mais exceção do que regra e, portanto, consideraremos a definição apresentada no texto principal deste manual.
e tampouco da espessura do texto escrito ou da quantidade de conclusões.
Depende estritamente da qualidade da conclusão, mesmo que seja apenas uma4.
6. A melhor forma de validar suas conclusões no meio científico é alicerçá-la com
seus resultados. Note, então, que deverá analisar adequadamente esses dados.
Caso sejam dados quantitativos que requeiram análise estatística, não conclua
com base em tendências, pois isso não é aceito na ciência de bom nível,
particularmente quando o autor não é referência internacional indiscutível.
7. A comunidade científica tem seus jargões e vícios, dos quais parte representa
vieses da abordagem científica, e parte vieses de área. Os primeiros são
genuínos; os segundos podem, e às vezes devem, ser alterados para melhor
atender os preceitos do primeiro.
8. Entendemos que a primeira meta para uma pós-graduação stricto sensu na
área de Aquicultura e Biologia de Organismos Aquáticos seja a formação de
cientistas nessa área. Isso é feito por meio da experiência de se construir
conhecimento científico sólido na respectiva área de atuação. Como se trata de
conhecimento científico, deve ser validado pela comunidade internacional5 da
área antes que seja disseminado para a comunidade não científica (por ex., os
produtores)6. É importante7 que tal empreendimento resulte em decisões e
sugestões de condutas, bem como tecnologias mais aprimoradas, que sejam
transmitidas para uso e proveito de toda sociedade, científica ou não.
4 Veja, por exemplo, a contribuição da caracterização da molécula do DNA feita por Watson & Crick... e a extensão do texto escrito que apresentaram: uma página! Mas vejam também onde a publicaram... na Nature. 5 O nível atual deste curso, em consonância com as diretrizes da Capes, exige a formação de cientistas com nível internacional de discussão. Veja, por exemplo, a importância da participação do Caunesp nos eventos internacionais (por ex., nos congressos da WAS). 6 Não atender a este preceito significa assumir que nossas conclusões estão corretas e que não precisamos de crítica de alto nível para avaliá-la. É atitude de humildade necessária testarmos nossas produções científicas antes de as disseminarmos para os não cientistas, os produtores, entre outros. Caso o achado seja matéria de patente, esta deve ser requerida antes da publicação em veículo internacional. Caso a ideia não requeira patente, a publicação é a validação acadêmica necessária para garantir a autoria do feito. Mesmo uma tecnologia (veja programas Fapesp) requer teste científico de sua adequação. 7 Importante, mas não necessário, pois em áreas mais básicas isso pode levar décadas para ocorrer, como podemos ver numa rápida lida sobre a história da ciência e da área Biológica.
III. ESTILO CIENTÍFICO
Considerando o que se vê na ciência internacional de bom nível, e de
forma coerente na história e na filosofia da ciência, é possível traçarmos alguns
elementos do estilo8 de redação científica. Eles podem auxiliar a apresentação
formal de uma Dissertação/Tese, bem como sua publicação em veículo de
aceitação internacional.
1. Elementos Lógicos
o Use argumentação lógica
o Traga, e ressalte, a novidade de seu trabalho
o Conclua com base empírica sólida
o Se usou estatística, não conclua com base em tendência
o Ao invés de dizer que algo é importante, demonstre e deixe o leitor chegar à
conclusão de que seja, de fato, importante.
2. Elementos de Redação
o Sempre que possível, use frases na primeira pessoa (eu ou nós)
o Use palavras simples, que facilitam o entendimento9 do texto
o Seja conciso, economize palavras e informações
o Prefira frases curtas; uma ideia em cada uma
o Junte frases com conjunções para mostrar a conexão lógica entre as ideias
o Não faça parágrafos com uma frase; eles devem defender uma ideia
(apresente-a numa frase e nas outras corrobore-a). Mude de parágrafo
apenas quando mudar o tópico dentro da idéia geral do texto.
o Nenhuma frase pode ser ambígua
o Ao conduzir o texto, mantenha-se no foco; não disperse
o Não use adjetivos que não sejam objetivamente interpretados
o Use voz ativa10 (Sujeito + verbo + predicado: O regime alimentar mais
frequente melhorou o desempenho). Evite frases invertidas (O desempenho
foi melhorado pelo regime alimentar mais freqüente)
8 Baseado em Volpato GL. Método Lógico para Redação Científica. Best Writing, Botucatu, SP, 2011, pp. 256-263. 9 Lembre-se que, na atualidade, os textos científicos são lidos, cada vez mais, por pessoas de áreas correlatas e não apenas pelo especialista da área.
o Você poderá indicar títulos e subtítulos com numerações, romanas ou
arábicas. Use isso sempre que precisar para evitar confusão do leitor.
o Citação no texto – procure reduzir o texto retirando ao máximo possível os
autores da frase e colocando-os entre parêntesis ao final da frase.
o Citação no texto – use referência de bom nível, publicada em veículo de
bom nível, sempre que possível. Elas são suportes ao seu estudo... use
bons suportes. Não se esqueça das boas literaturas nacionais, mas sempre
zele pela qualidade.
o Citação no texto – quando a informação for de caráter geral, um
conhecimento universal ou bem comum na área, não precisa incluir
referência.
o Citação no texto – cuidado... caso se refira a mais de um processo ou
evento, deixe claro quem é autor de cada um. Assim:
§ Evite: O estresse afeta o crescimento, a resposta imunológica
e a reprodução (Silva, 2009, Pereira, 2010).
§ Prefira: O estresse afeta o crescimento (Silva, 2010), a
resposta imunológica (Silva 2009, Pereira, 2010) e a
reprodução (Pereira, 2010).
o Ao redigir um parágrafo, lembre-se que a colocação das referências
pertinentes não deve deixar dúvidas sobre a quais informações se referem.
A citação na primeira ou na última frase não garante, automaticamente,
que as ideias de todo o parágrafo foram retiradas dessas citações. É
necessário indicar com clareza o autor de cada informação.
o Só cite informações literais quando a forma de expressão do autor for
essencial para seu texto. Quando assim o for, coloque o texto entre
parêntesis e no idioma original. Caso não seja o inglês, inclua a tradução
em nota de rodapé.
10 No item Material e Métodos, algumas frases na voz passiva podem ser toleradas e até razoáveis.
IV. ESTRUTURA DA TESE/DISSERTAÇÃO
2. Normas para citação de espécies
o Ao citar pela primeira vez o nome científico de uma espécie, escreva-o na
íntegra. Nas citações subseqüentes da Dissertação/Tese, ou num mesmo
manuscrito, pode abreviar o nome genérico. Esse nome deve ser
destacado (negrito ou itálico) de outros destaques do texto. Exemplo:
o Piaractus mesopotamicus [na primeira vez]
o P. mesopotamicus [a partir da segunda vez]
o Piaractus mesopotamicus [errado]
o Piaractus mesopotamicus [certo, sem juntar o grifo]
o Caso haja nome vulgar, só o utilize após mostrar ao leitor a espécie à qual
se refere.
o Se a espécie em questão tiver variedade conhecida, indique na primeira
vez em que é referida.
2. Características de Layout11
o Use folha A4 com as seguintes margens: superior = 2,5 cm; inferior = 2,5
cm, esquerda = 3,5 cm e direita = 2,0 cm.
o Na margem superior, inclua (Arial 9):
Mestrando/Doutorando + Nome do aluno (à esquerda)
Orientador – Nome do orientador (à direita)
o Na margem inferior, inclua (Arial 9):
Caunesp (à esquerda)
Página em algarismo arábico (à direita)
o No texto, use letra Arial, tamanho 12, com espaçamento de 1,5 linhas.
o Separe parágrafos com espaçamento adicional de 6 pt.
o Nos títulos e subtítulos, use letras de tamanho maior que 12 e negrito para
diferenciações.
11 A exemplo do que ocorre nas revistas científica, o não seguimento das normas de apresentação especificadas neste item acarretará que a Dissertação/Tese seja devolvida para correção e ajuste. Esta é uma atividade que entendemos ser de responsabilidade do aluno, cuja importância deve ser estimulada pelo orientador.
EXEMPLO DE CAPA
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP
CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP
[Arial 18, espaço 1,5]
[5 espaços 1,5]
TÍTULO [Negrito, Arial 20, espaço 1,5]
[3 espaços 1,5]
Nome do Mestrando/Doutorando
[Negrito, Arial 16]
[6 espaços 1,5]
Cidade, Estado
Ano [última linha]
[Arial 14, espaço 1]
EXEMPLO DE FOLHA DE ROSTO
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP
CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP
[Arial 18, espaço 1,5]
[5 espaços 1,5]
TÍTULO [Negrito, Arial 20, espaço 1,5]
[3 espaços 1,5]
Nome do Mestrando/Doutorando
[Negrito, Arial 16]
[2 espaços 1,5]
Orientador: Dr. xxxxx [Arial 14, negrito]
[4 espaços 1,5]
Dissertação/Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Aquicultura do Centro de Aquicultura da UNESP - CAUNESP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre/Doutor. [Arial 14, espaço 1]
Cidade, Estado
Ano [última linha]
[Arial 14, espaço 1]
SUMÁRIO
Dedicatória ........................................................................ 1
Agradecimentos ................................................................ 2
Apoio Financeiro ............................................................... 3
Resumo.............................................................................. 4
Abstract ............................................................................. 5
Introdução ......................................................................... 6
Etc.
AGRADECIMENTOS
[comece a paginar a partir daqui. As páginas anteriores devem ser distinguidas no
formato i, ii, iii, iv etc.]
Texto e formatos livres. Pode usar mais de uma página. Poderá também incluir
página adicional para dedicatória.
APOIO FINANCEIRO
Incluir agência, tipo e número de processo, se houver.
Exemplo:
FAPESP, Bolsa de Mestrado, Processo nº xxxxx
Se a agência não for de conhecimento geral, inclua o nome por extenso.
Em caso de dúvida, inclua o nome por extenso.
RESUMO
[máximo de 250 palavras]
PALAVRAS-CHAVE
[máximo de 7, em minúscula e separadas por vírgula]
ABSTRACT
[máximo de 250 palavras]
KEY-WORDS
[máximo de 7, em minúscula e separadas por vírgula]
3. Estruturação das partes do texto científico
Inicialmente, queremos deixar claro que é nosso entendimento que a
construção do texto científico é um processo criativo. Desde que não fira a lógica
da ciência ou preceitos óbvios da comunicação, tudo vale. Os costumes mudam e
as novidades linguísticas e de comunicação podem acompanhar essas
mudanças. O que segue, no entanto, é o padrão mais geral, comum nas melhores
revistas internacionais e visam nortear o aluno para confecção da
Dissertação/Tese. Os formatos de tese aceitos estão explicitados na tabela ao
final deste item e visam dar agilidade na publicação do(s) artigo(s) decorrente(s).
Título
Indique ao leitor a novidade de seu estudo, com poucas palavras. Evite
incluir nome de localidades para não configurar estudo com interesse apenas
local. Centre-se nas variáveis teóricas de sua pesquisa. Lembre-se que ele deve
ser curto (mínimo de palavras), fiel ao conteúdo do trabalho (não engane o leitor –
mostre sua real novidade) e compreensível (evite termos muito específicos).
Autor(es)
Autor é toda pessoa que participou da concepção do estudo, da elaboração
das conclusões e que está apto a defender a essência do estudo perante a
comunidade científica da área. Leia o artigo: Maddox J. Making publication more
respectable. Nature, vol 359: 353. 1994. Outras participações (por ex., coleta de
dados, empréstimo de material ou local, análise estatística, correção do texto)
podem aparecer em Agradecimentos.
Resumo
A função é mostrar, com poucas palavras, a beleza de seu estudo. Quanto
mais curto melhor, mas deve informar o que o leitor encontrará lá dentro, razão
pela qual deve ler o estudo. Não precisa ser estruturado como se fosse uma
miniatura do estudo (Antecedentes, Objetivo, Delineamento, Principais
Resultados e Conclusões). Procure não ultrapassar 250 palavras (apenas um
referencial para que a torne curta... se for menor que 100 palavras, melhor). Veja
um belo exemplo em Eberhardt et al. (Nature 405: 903-904, 2000), onde os
autores contextualizam a problemática, dizem seus principais resultados e
concluem generalizando.
Palavras-chave
Não são simplesmente inventadas pelo leitor. Há banco dessas palavras.
Consulte o serviço de biblioteca de sua instituição. Coloque até 5 palavras-chave,
separadas por vírgula e iniciadas com letra maiúscula.
A seguir, indicamos algumas características que podem melhorar a
qualidade de seu texto. A extensão de cada parte do trabalho não depende do
valor numérico atingido (por ex., número de páginas), mas da necessidade lógica
do conteúdo do texto. A qualidade das ideias é prioritária sobre a quantidade
delas. Assim, deixe a estrutura lógica interna de seus escritos determinar a
extensão do texto. Quantidade não é, necessariamente, qualidade.
Introdução
Ela deve contextualizar o leitor, para ele entender a problemática
(pergunta) que originou a pesquisa. É aí que você justificará os objetivos de seu
estudo. Para isso, imagine que o leitor, antes de saber seus objetivos, deverá
descobri-lo apenas com a leitura das outras partes da Introdução. A importância
do estudo pode também ser incluída aqui, podendo aparecer na contextualização
ou ao longo da justificativa do objetivo.
Não faça a Introdução dividida em tópicos, pois isso quebra a sequência
das ideias. Como é um texto curto, não se justifica tais divisões. Vá direto ao
ponto e informe o leitor sobre seus objetivos, mostrando claramente a novidade
que seu estudo traz em relação ao que já existe na área (esta novidade deve ser
bem enfatizada). Se preferir, ao invés de apresentar seus objetivos, pode dizer
diretamente as conclusões a que chegou. Lembre-se que não é história de
mistério e o leitor lerá seu estudo não para saber o que você obteve, mas por
saber onde você chegou, como fez isso e se deve ou não aceitar suas
conclusões.
Material e Métodos
Embora seja um item extremamente importante, geralmente ele é chato de
ser lido. Isso ocorre porque os detalhes técnicos são mais facilmente
compreendidos pelos especialistas da área. A tese está inserida nesse contexto,
pois geralmente será lida por um especialista da área. Porém, a tese é também o
ambiente de aprendizado do aluno. E desse aprendizado resultará seu
desempenho na redação de artigos, estes sim lidos por especialistas e não
especialistas. Assim, saber tornar este tópico agradável ao leitor será uma
excelente herança de sua pós-graduação.
Para facilitar essa tarefa, mas sem pretender engessar sua criatividade,
sugerimos abaixo uma sequência de ordenação macro do Material e Métodos.
Essa sequência obedece à lógica de comunicação, onde primeiro mostramos o
universo mais geral e, depois, os detalhes. Assume, ainda, a lógica científica das
variáveis em estudo, principalmente no caso das relações de interferência entre
elas. Pressupõe, também, a lógica do estudo científico, onde as informações nele
contidas devem ser todas necessárias para alicerçar o discurso desenvolvido, o
qual culmina com as conclusões. Assim, a sequência sugeria é a que segue, em
ordem seqüencial de aparecimento.
1º) Organismo/Local de estudo
Se você estudou um ou mais organismo, apresente-o em primeiro lugar. Se
estudou uma área física, apresente-a aqui. Para essa apresentação, não deixe
dúvidas ao leitor. Se é um organismo, caracterize-o em termos de espécie,
linhagem, variedade, sexo, origem etc., o que for considerado necessário na sua
especialidade (não há padrão, mas bom-seno). A especificação do número de
animais ou tamanho/massa é desnecessária aqui (deve aparecer no próximo
item). Jamais inclua o nome do laboratório onde a pesquisa foi feita, pois se é
laboratorial o que interessa são as condições de execução e não o nome do
laboratório. Se precisar agradecer ao laboratório, ele aparecerá apenas nos
Agradecimentos. Por outro lado, se tratar de um estudo de campo, dê os
referenciais geográficos para que a área seja localizada pelos leitores (por ex.,
pelas coordenadas geográficas).
Não se esqueça de incluir aqui condições gerais de manutenção dos
organismos. Lembre-se que essas condições podem ser fundamentais para
entendermos, por ex., diferenças de conclusões ou resultados entre estudos.
2º) Estrutura lógica do estudo
Muito cuidado, pois neste tópico ocorrem muitos erros de expressão. Nele
você deve dizer ao leitor a sua estratégia de pesquisa (por ex., seu delineamento
experimental). Essa estratégia é o desdobramento do raciocínio lógico que
elaborou para a pesquisa realizada. Assim, veja sua estrutura básica de acordo
com as três lógicas possíveis de pesquisa:
a) pesquisa descritiva: descreverá uma ou mas variáveis, mas sem se
preocupar com a relação entre elas. Neste caso, o delineamento básico é a
amostragem da variável, o que inclui a técnica da amostragem, o tamanho
da amostra e o que se avaliou (qualitativa ou quantitativamente), mas sem
incluir detalhes técnicos de como fez isso (esses detalhes entram no 3º
item do Material e Métodos).
b) Pesquisa de associação (sem interferência): neste caso você busca
associação entre vaiáveis, sem que exista interferência de uma sobre a
outra; ou seja, busca indicadores, onde o comportamento de uma indica o
comportamento da outra, mas não há interferência. A estrutura básica
dessa pesquisa é a mensuração das variáveis em condições que permitam
o teste de associação (por ex., teste de correlação). Mas pode ser
qualitativo, onde você detecta o aparecimento de algumas variáveis na
presença (ou ausência) de outras, de forma que se estabeleça associação.
Assim, diga o que permitiu os agrupamentos que fez para avaliar a relação
de associação. Por ex., se investiga a possibilidade de manchas naturais
no corpo estarem associadas com o potencial de crescimento da espécie,
deverá avaliar as manchas e o crescimento num mesmo indivíduo, fazendo
isso com vários indivíduos para depois testar essa associação. Note que a
mancha não afeta o crescimento e nem o crescimento afeta as manchas...
apenas se associam. Caso exista associação, detectando as manchas
pode-se prever a taxa de crescimento. Neste tipo de delineamento
(associação sem interferência), inclua quais variáveis serão analisadas
(sem dizer como as analisará) e o tamanho da amostra.
c) Pesquisa de interferência: aqui a associação que existe entre as variáveis
decorre da ação de uma sobre a outra. Em termos lógicos e
metodológicos, a situação é como no caso anterior, mas na discussão
trataremos de interferência; ou seja, discutiremos mecanismos (que só
existem quando uma interfere com a outra). Neste caso, indique os
tratamentos, que são as variáveis interferentes (possíveis causas),
caracterizando-os (mostre o que um difere do outro). Diga também o que
será avaliado (variáveis dependentes, efeitos). Não se esqueça de incluir o
tamanho das amostras. É importante notar que se tiver dois ou mais
tratamentos, não é correto incluir o tamanho/massa numa única média para
todos esses organismos. O correto é indicar esses valores médios para
cada tratamento, inclusive mostrando que não diferem entre os
tratamentos, condição esta necessária caso sua variável independente em
teste não seja o tamanho/massa.
Essas três estruturas apresentadas ficam, geralmente, mais claras, se
apresentadas na foram de um esquema ou desenho. Pense nesta possibilidade.
3º) Procedimentos específicos
É nesta parte, depois que o leitor entendeu a lógica geral de seu estudo,
que você diz a ele como montou os detalhes de seu estudo. Ou seja, qual era
exatamente o tamanho do tanque/aquário, os detalhes de aeração, alimentação,
fotoperíodo, temperatura, ração, esquema de alimentação, técnicas de coleta de
material biológico etc. Caso uma dessas seja variável de teste em seu objetivo,
então um certo grau de especificação já deverá ter aparecido no delineamento
(por ex, número de vezes de oferecimento da ração, caso se teste o efeito dessa
freqüência no organismo).
Caso a técnica a ser mencionada seja conhecida e esteja publicada em
veículo de fácil acesso, apenas cite a referência, sem necessidade de redescrevê-
la. Caso contrário (idioma diferente do português ou inglês; publicação muito
antiga), faça um resumo de sua estrutura principal e inclua a citação
correspondente.
4º) Análise dos dados
Diga extamente como analisou seus dados. Isto inclui não apenas a
estatística, mas como tratou os dados antes mesmo do teste de hipóteses.
Retirou algum valor outlier? Transformou os dados? Testou a distribuição dos
dados? Testou as diferenças entre resultados e não os valores absolutos (por ex.,
ganho de massa ao invés da massa absoluta).
Se usou estatística, diga os testes que usou. Note que geralmente é
insuficiente apenas dizer que fez Anova. Diga que Anova usou. Inclua também os
testes pos-hoc e o referencial estatístico (por ex., se usou valor crítico de p, inclua
qual foi). Uma impropriedade lógica é a inclusão, neste tópico, do delineamento
ou esquema do estudo. Ele deve ter sido explicitado no 2º item.
Em geral não é necessário dizer o pacote estatístico usado, pois se
pressupõe que cada pacote estatístico dê os mesmos valores, uma vez que cada
teste estatístico reflete uma ou mais fórmulas aplicadas.
Resultados
Lembre-se que seus dados são a base importante que sustentará suas
conclusões (mesmo que algumas delas requeiram suporte adicional da literatura).
Assim, selecione-os com cuidado. Apresente apenas os resultados necessários
para sustentar o discurso que você aparenta. Afinal, uma tese não é um relatório
do que foi feito, mas uma defesa de ideias (conclusões) a partir do que se fez.
Há basicamente três formas para se apresentar os dados:
Figuras, que incluem gráficos, fotos, esquemas e desenhos.
Tabelas, que incluem valores numéricos explícitos, ou textos.
Texto, onde os resultados são expressos em palavras ou números.
Um resultado deve ser apresentado apenas numa dessas formas. Se
estiver em figura, não o apresente em tabela ou descrito no texto. Se estiver como
tabela, não o repita em figura ou no texto. Com isso, o texto do resultado costuma
ficar muito curto quando o trabalho possui figuras e tabelas. Isso é natural e
esperado. Um equívoco frequente é dizer no texto as variávies que estão na
Figura/Tabela (por ex., “Os valores médios de peso e comprimento em função da
densidade de estocagem estão na Figura 1), quando o preferível é dizer ao leitor
o que ele deve olhar na Figura/Tabela [por ex., “A densidade de estocagem
reduziu o crescimento (Figura 1)].
As formas acima, Figuras, Tabelas e Textos, enfatizam de forma diferente
os resultados e essas ênfases devem ser aproveitadas para o autor mostrar ao
leitor seu discurso. Assim, a Figura enfatiza mais que Tabelas e essas mais que o
Texto. Aproveite isso em favor de sua expressão.
Na construção de Figuras e Tabelas, você incluirá legendas. Inicialmente,
coloque todas as informações para que o leitor entenda aspectos básicos da
Figura/Tabela sem que precise recorrer a essa legenda, mas sem que as torne
poluídas (seu bom gosto será imperativo aqui).
A legenda, por outro lado, incluirá os detalhes. Como a máxima é que o
leitor entenda as Figuras/Tabelas sem ter que recorrer ao texto principal, torne-a
auto-explicativa. Assim, essa legenda deve ter um título, que expressa sua
essência e não deve ficar repetindo nome de variáveis que aparecem, por ex., no
gráfico ou corpo da tabela. Por ex., se mediu variação de massa (g), comprimento
(cm) e número de indivíduos vivos, refira-se no título apenas a crescimento e
sobrevivência.
Discussão
Enquanto a Introdução é a demonstração intelectual de sua proposta de
investigação, a Discussão é a demonstração intelectual da resposta obtida por
essa investigação. Ela demonstra sua conclusão. Assim, não fique comparando
seus dados com a literatura. Ao invés disso, mostre ao leitor porque dos
procedimentos que você fez, dos resultados que obteve e do que se sabe na
literatura, ele deve aceitar suas conclusões. A comparação de dados com a
literatura é uma pequena parte da Discussão e é feita para se mostrar que os
dados ou as conclusões estão adequados... apenas isso. Escreva a Discussão
como se estivesse conversando com seu leitor. Valide sua metodologia (se
necessário), valide seus resultados e mostre seu raciocínio para as conclusões
que apresenta. Mostre quais aspectos teóricos aceitos hoje fundamentam suas
conclusões. Mas mostre também, e isto é imperativo, o que mudou no cenário
científico após seu estudo. Ou seja, qual é sua contribuição original para a
ciência. Ao final, se houver possibilidade, mostre as implicações práticas de sua
contribuição. É comum que os estudos tenham limitações. Se forem evidentes e
importantes, ressalte-as, mas não se submeta a elas... transponha-as. Mostre
porque apesar delas suas conclusões permanecem válidas. Aproveite a
Discussão para esclarecer pontos que podem suscitar dúvidas ao leitores, pois
você não estará ao lado deles durante a leitura.
Referências
Para agilizar sua publicação em periódico especializado, as referências
devem seguir as normas da revista na qual submeterá seu(s) manuscrito(s).
Indique o nome da revista em nota de rodapé na primeira parte do corpo principal
do texto (se a tese for apresentada na forma de 2 ou mais manuscritos, indique na
página inicial de cada um deles).
TÓPICO DO TEXTO OBSERVAÇÕES FORMATO 1
Capa Folha de Rosto Sumário Itens e subitens relevantes, seguidos das respectivas páginas Resumo + Palavras-chave Até 250 palavras + até 5 palavras-chave Abstract + Key-words Até 250 palavras + até 5 key-words
Introdução Indique uma revista que servirá de modelo para as citações e Referências Contextualiza a pesquisa, justifica e valida os objetivos e apresenta os objetivos
Material e Métodos Resultados Inclui texto, Figura e Tabelas Discussão Valida metodologia (se necessário), resultados e as conclusões, contextualizando no conhecimento atual Referências Segundo a revista indicada
FORMATO 2 Capa Folha de Rosto Sumário Resumo + Palavras-chave Até 300 palavras + até 5 palavras-chave Abstract + Key-words Até 300 palavras + até 5 key-words Introdução Geral Direcionada para os objetivos gerais da Dissertação/Tese Manuscrito 1
Título Indique para qual revista será submetido Autor(es) O autor da tese deverá ser o primeiro autor e também o autor de correspondência Endereços Conforme solicitação da revista Resumo + Palavras-chave Idem Abstract + Key-words Idem Introdução Material e Métodos Resultados Discussão Poderá ser juntada ao item Resultados, conforme normas da revista Referências Seguindo as normas da revista Legendas das Figuras Figuras e Tabelas
Manuscrito 2 etc. Idem Manuscrito 1 Discussão Geral Das conclusões dos Ms, deve chegar a conclusões mais gerais (dispensado se contemplado no último manuscrito) Referências Complementares Apenas aquelas citadas na Introdução Geral e na Discussão Geral, mesmo que apareçam nos manuscritos