Post on 02-Aug-2020
Língua Brasileira de Sinais - LIBRASProf. Kilma Gouveia de Melo
2a edição | Nead - UPE 2013
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife
Vasconcelos, Norma Abreu e Lima Maciel e Melo, Kilma Gouveia de
Letras: Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS/ Norma Abreu e Lima Maciel Vasconcelos/ Kilma Gouveia de Melo - Recife: UPE/NEAD, 2012.
56 p.
Xxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxx Xxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxx. xxxxxxxxxxxx Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação à Distância II. Título
XXX – xxx. – xxx.xxx Xxxxxxxxxxxxx Xxxx – XXX/xxxxx xxxxxxxxxxxx
XXXX
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EDIÇÃo 2013
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Língua BrasiLeira de sinais - LiBras
Profa. Kilma Gouveia de meloCarga Horária | 60 horas
ementa
• Conceitos de Surdez, Identidade, comunidade e cultura da pessoa comsurdez.
• HistóriadaEducaçãodosSurdos.
• AspectoslegaisdaLínguaBrasileiradeSinais–Libras
• CaracterísticasdaLIBRAS.Aspectoslinguísticos:fonológicos,morfológi-cosesintáticos.
• ProduçãotextualdaLibras:Dialógicos/Autoexpressãopormeiodejogosehistórias(estudodevocabulário).
• AtendimentoEducacionalEspecializado–AEEeTecnologiasAssistivas.
OBjetivO geraL
FomentaradifusãodaLínguaBrasileiradeSinais,viabilizandoaformaçãoconti-nuadadeprofessoresparamediaraacessibilidadedoalunosurdoaosconteúdoscurricularespormeiodaLínguadeSinais.
apresentaçãO da discipLina
PrezadoAluno,
Sejabem-vindoaoestudodadisciplinadeLínguaBra-sileiradeSinais–LIBRAS!
Estamos iniciando uma caminhadaqueserá,certamente,muitoenrique-cedoraparatodosnós.Elarepresentaumaetapadefundamentalimportân-ciaànossahistóriadevida,misturadacomadeoutraspessoas,pormeiodacomunicação que perpassa por dife- Fo
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Aprendendo Língua Brasileira de Sinais como segunda língua
rentesLínguas.ALIBRAS,nossoobjetodeestudo,éumalínguaextraordinariamentebelaeexpressivaque,pormuitotempo,foireprimidainjustamenteporpessoasouvintes.
OobjetivoprincipaldonossotrabalhoédisseminarinformaçõessobreaSurdezeacomunidadeSurda,comotambémpossibilitaroconhecimentobásicodaLínguaBrasileiradeSinais,instrumentalizandoosfuturosprofissionaisdaEducaçãopara,posteriormente,efetivaroacessoaocurrículodabasenacionalcomumaosalunossurdospormeiodaLIBRAS.
Desenvolveremosoprogramadadisciplinaemquatrocapítulosqueapresentamunidadesdedetalhamen-toparaconsolidaçãodasideiasprincipais.Alémdisso,trabalharemoscomatividadesdeaprofundamento,referênciaseautoavaliações,e,nodecorrerdosestudos,todosdeverãoreceberclarasorientaçõesparaserealizarcadaumadelas.Esperamosvocêencontrarmotivosqueaumentemseuinteressepelaaprendiza-gemdeumanovaLíngua,facilitandosuaopçãopelamelhorformadeefetivarainclusão.
Desejamosavocêbonsmomentosdeestudo,encantamento,reflexãoeconvivênciavirtualdetalformaque,ao longodestadisciplinae tambémapósseuencerramento,possamoscontribuircomoprocessoeducativonabuscadaqualidadenaeducação.
7Capítulo 1 77Capítulo 1
OBjetivOs específicOs
• ConceituaraSurdez,aIdentidade,aComunidadeeaCulturadaPessoaSurda.
• Identificarosfatoshistóricosdaeducaçãodaspessoascomsurdezeaevo-luçãomediante as lutas e osmovimentospara a efetivaçãoda educaçãoinclusiva.
intrOduçãO
Iniciaremoscomalgumasconsideraçõessobreconceitosemitospropagadosso-breaspessoascomsurdez.Vamospensarumpouco.QueméoSurdo?Observeasfotosemarqueaimagemquemaisidentifica,paravocê,apessoasurda.
pessOa cOm surdez cOnceitOs, identidade
cOmunidade, cuLtura e História da educaçãO
Profa. Kilma Gouveia de meloCarga Horária | 15 horas
Font
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(A) (B) (C)
(D)
(E) (F)
8 Capítulo 1
Sãováriasasconcepçõesequivocadassobreaspes-soas com surdez: Pessoas que vivem no silêncio,pessoas com falha no aparelho auditivo, pessoasquenão escutam,pessoasquedependemdeumintérprete,pessoasquefazemapenasgestosesqui-sitoscomasmãos,pessoassurdascomoumapor-ta, e, finalmente,pessoasque secomunicampormeiodaLínguadeSinais,utilizandoasmãoseaexpressão faciale acorporal.Sevocêmarcouasalternativas–A,DouE–estánocaminhocerto.
1. cOnceitO de surdez
ParaJohnstone(2001),oconceitoqueospesquisa-dorestêmarespeitodeseuobjetodepesquisade-fineotomdeseusprojetos.Porisso,umadaspri-meirasquestõesaseranalisadaemumtrabalhonaáreadasurdezdizrespeitoàconcepçãodosautores:
A pessoa surda é compreendida com base em um conceito de deficiência ou um conceito
de diferença cultural? Ou há uma crítica a respeito de ambas
as abordagens?
SegundoCarlosScliar,entreasconcepçõesequivo-cadas,podeserencontradaadefiniçãodesurdeznomodeloclínicoterapêutico,emqueosurdoévistocomoumapessoadesprovidadaaudição,istoé,nãoouvee,portanto,nãofala.Édefinidoporsuascaracterísticasnegativas.Colin(1980)afirma:
“Ascriançascomsurdezprofundaassumemcomêxitocer-tas tarefas intelectuais,porém,geralmentecomumnívelinferioraodosouvintes”(p.5).
Meadow-Orlans (1990) parte de umaperspectivasemelhanteparafalardodesenvolvimentopsíqui-co da criança surda. Segundo afirma a autora, acapacidadereduzidaparaacomunicaçãotemumimpacto direto em todas as áreas do desenvolvi-mentohumano,portanto,não éde se estranharquemuitascriançaseadolescentessurdosdemons-trem dificuldades comportamentais ou retardosnoseudesenvolvimento.
Operíododemaiorforçadomodeloclínico-tera-pêuticonapsicologiafoinosanos50e60,quandosurgiuadenominaçãoPsicologia da Surdez.Odefi-ciente auditivo era caracterizadopeladificuldademotora,inteligênciaconcreta,lentidãonaaprendi-zagem,agressividade,dificuldadedeaceitarlimites
e impulsividade. Afirmava-se uma relação diretaentreasdeficiênciasauditivasecertosproblemasemocionais,sociais,linguísticoseintelectuais,queseriaminerentesàsurdezecomunsacrianças,jo-vens e adultos surdos (Skliar, 1997; Solé, 2004).Em várias publicações sobre o desenvolvimentolinguístico, cognitivo e emocional do surdo, aaquisiçãoda linguagemeraassociadaà aquisiçãodeumalínguaoral.
Aassociaçãoentreapsicologiaeomodeloclínico--terapêuticodesurdezproduzumolharquetendeaenfatizar,nocontextodasurdez,odéficitorgâni-co.Asdiferençascostumamserinterpretadascomodesvio.Percebe-setambémumatendênciadecom-preender os surdos comoum grupo homogêneocomdesvantagensmaturativas inerentes à condi-çãodadeficiência.Algunsautoresafirmamexistirdiferençasneurológicascausadaspelasurdez,querespondempelosníveis e agilidadedo raciocínioabstrato,diferentesentresurdoseouvintes(Simi-nerio, 2000).Outrosdizemnãohaverdiferençasbiológicasentresurdoseouvintes,maspsicológi-cas. Afirmam que a consequência mais devasta-doradadeficiênciaauditivaéo impactocausadonaidentidade,poisissoafetanegativamenteasin-terações sociais, inclusive as familiares (Rezende,Krom,&Yamada,2003).Exemplosdeproblemasnodesenvolvimentodecriançassurdasporpriva-ção do acesso à linguagem costumam ser ampla-mentecitados.Háumapreferênciapelautilizaçãodos termosdeficiênciaauditivaedeficienteaudi-tivo,àsvezes,abreviadossimplesmenteparaD.A.
Outrapesquisarecente(Hindley,2005)descreveavulnerabilidadedecriançassurdasaatrasossigni-ficativosnodesenvolvimentodehabilidadesmeta-cognitivas(capacidadedeentenderoqueasoutraspessoaspensamesentemdiferentemente)eapou-cacompreensãoeoreconhecimentodeemoçõesemfunçãodovocabulárioemocionalsignificativa-mentereduzido.Nessesestudos,aênfaseestánosefeitosdarestriçãodasexperiênciasdelinguagemnodesenvolvimento global do surdo.A surdez éutilizada para comprovar a tese de que o pensa-mentonãosedesenvolvesemlinguagem,eestaécompreendida,basicamente,comolinguagemoral(Góes,1999).
É interessante observar, porém, que, ao mesmotempoemquemuitaspesquisasempsicologiare-forçama visãodo surdo comodeficiente,há au-toresque,desdemuitotempo,nãocompartilham
9Capítulo 1
desseviés.Énadécadade60queomodeloclínico-terapêuti-cocomeçouasofrerumprofundoquestionamen-to,embasadonotrabalhorevolucionáriodeStokoesobreaestruturadaLínguaAmericanadeSinaisedeoutrosestudosdelinguistas,demonstrandoqueaslínguasdesinaissãolínguasnaturaisecomple-xas (McCleary, 2003). Observações oriundas docampodaantropologiaedasociologiareforçarama perspectiva socioantropológica. Segundo Skliaret al. (1995), o modelo socioantropológico estáapoiado em duas observações: o fato de que ossurdosformamcomunidadesondeofatoragluti-nanteéalínguadesinais,melhorhabilidadeparaa aprendizagem e não apresentam os problemassocioafetivoscomunsafilhossurdosdepaisouvin-tes. Diante dessa perspectiva, questiona-se o dis-cursodanormalidadeeseprocuraacomprovaçãodequeosfilhossurdosdepaissurdosapresentammelhoresníveisacadêmicosseinverteralógicadaadaptação,denunciandoomodocomoasociedade“cria”deficiênciasaonãoreconhecerasdiferençasouarestringiroacessodetodosàeducaçãoeàsaú-de.IssoaparececomclarezanoartigodePimentae Fávero (2005), pois os autores procuram se di-ferenciardomodeloclínico,associadoaquestõespatológicasepadrõesdenormalidade,epropõemolharparaosurdocomoumsujeitoemdesenvol-vimentoenãoumsujeitolimitadopelasuaperda.No modelo socioantropológico (Skliar, 1997), asurdez é vista como um espaço de produção dediferenças,emoposiçãoàvisãoclínicadesurdo/surdez.Nessaconcepção,osurdopassaaservistocomoum indivíduo diferente, que temuma lín-gua,aLínguadeSinais,consideradasuaprimeiralíngua,poiséadquiridanoconvíviocomacomu-nidade surda (Behares, 1991). Portanto, o alunodeixadeserumpacienteepassaaserconsideradoumsujeitohistóricoecultural.
Essa mudança de paradigma e mais o ressurgi-mentodascontribuiçõesdeVygotsky,apartirdadécada de 80, introduzem também, na psicolo-gia,umnovoolharemrelaçãoàsurdez.SegundoGóes (1999, p. 37), “nessa perspectiva teórica, odesenvolvimento da criança surda deve ser com-preendidocomoprocessosocial,e suasexperiên-ciasdelinguagemconcebidascomoinstânciasdesignificaçãoedemediaçãonassuasrelaçõescomacultura,nas interaçõescomooutro”.Aautoraafirmaquenãohálimitaçõescognitivasouafetivasinerentesàsurdez,enfatizandoascondiçõessociaisdacriançasurdaeaspossibilidadesparaaconsoli-
daçãodalinguagem.
2. a identidade e a cuLtura das pessOas surdas
(...)sujeitossurdosquenãohabitamomesmolocal,masqueestãoligadosporumaorigem,porumcódigoéticodeformaçãovisual,independentementedograudeevoluçãolinguística,taiscomoalínguadesinais,aculturasurdae
quaisqueroutroslaços.(STROBEL,p.29,2008)
Apessoasurdatemumaidentidade,nãoéapenassurda,émulher/homem,branco/negro,estudan-te/profissional, solteiro/casado e tantas outrasqualificações que a tornamuma pessoa singular,embora seja vista, a princípio, e rotulada apenascomoumapessoasurda,poispossuicostumesene-cessidadespeculiaresquefazempartedeumacul-turaprópria,queaidentificacomopessoasurda.
Gladis Perlin (2003), afirma que o conceito desersurdoconfirmaosurdo,damesmaformaqueo conceito de ser negro ou de ser índio.Assim,dentrodeposiçõesculturais,aexpressãoser surdo
SAIBA MAIS!
Para explicitar a identidade surda, nada melhor
que expor as palavras de quem tem proprieda-
de no assunto. Antes, porém, se faz necessário
apresentar um pouco da sua história. A Dra.
Gladis Perlin desenvolveu o Conceito da identi-
dade surda e suas múltiplas identidades ainda
durante o seu Mestrado em Educação. Ela des-
creve a si mesma como mulher, surda, híbrida,
o que molda a sua alteridade, identidade e di-
ferença. As suas experiências como surda en-
volvem a transição do outro na audição para o
outro surdo, que se processou como um apagar
de signos auditivos e o passar a signos visuais.
“Eu não nasci
surda e quan-
do tinha sete
anos, mo-
mento em que
iniciava meus
p r i m e i r o s
passos na es-
crita e leitura,
veio a menin-
gite que me
deixou sem
nenhuma possibilidade de captação natural de
sons auditivos. Longe de isso ser uma barreira,
constituiu-se num desvendante mundo.
Font
e:
10 Capítulo 1
assumeumapolíticaparaaidentidade,adiferençaeaalteridade.2.1 identidades surdas
pOr gLadis perLin
Poderíamosidentificaraspessoassurdaspelassuasdiferenças,observáveis facilmente.Nomomento,distinguiremosalgumascategoriasparaasdiferen-tesidentidadessurdas.
1. IdentIdade Surda (IdentIdade PolítIca)
Trata-se de uma identidade fortemente marcadapelapolíticasurda.Émaispresentenosurdoper-tencenteàcomunidadesurdaeapresentacaracte-rísticasculturais,taiscomo:
1. Possuiaexperiênciavisualquedeterminafor-masdecomportamento,cultura,língua,etc;
2. Carregaalínguadesinaisconsigo.Usaossi-nais,poisassimseexpressaetemumcostumebastantepresentequeodiferenciadoouvinte,caracterizandoadiferençasurda:acaptaçãodamensagemévisual,enãoauditiva;aoenviá-la,nãousaoaparelhofonador,sóasmãos.
3. Eleseaceitacomosurdo,noseuíntimo,sabequeésurdoeassumeumcomportamentodesurdo.Entrafacilmentenapolíticadaidenti-dadesurda,emqueimperaadiferença:neces-sidade de intérprete, de educação diferencia-da,delínguadesinais,etc.;
4. Passaaoutrossurdossuacultura,suaformadeserdiferente;
5. Assumeumaposiçãoderesistência;
6. Assume uma posição avançada em busca dedelineaçãodaidentidadecultural;
7. Nãoconsegueassimilaraordemdalínguafala-da,temdificuldadedeentendê-la;
8. Na escrita, obedece à estrutura da língua desinais,podeigualar-se,porém,àlínguaescritacomreservas.
9. Nas suas comunidades, associações e/ou ór-gãosrepresentativos,compartilhaentresisuasdificuldades,aspirações,utopias.
10. Usa tecnologiadiferenciada: legenda e sinaisnaTV,telefoneespecial,campainhaluminosa;
11. Temumadiferenteformaderelacionar-secomaspessoaseatécomanimais.
2. IdentIdade Surda HíbrIda
Surdonascidoouvinte,poisotempo,adoençaouoacidenteodeixaramsemaaudição.
1. Dependendo da idade em que a surdez che-gou,conheceaestruturadoportuguêsfaladoeoenvioouacaptaçãodamensagem,vezououtra,énaformadalínguaoral;
2. Usa línguaoralou línguadesinaisparacap-tar a mensagem. Essa identidade também ébastantediferenciada,algunsnãousammaisalínguaoraleusamsinaissempre;
3. Assumeumcomportamentodepessoasurda,aexemplodatecnologiaparasurdos...;
4. Convivepacificamentecomasidentidadessurdas;
5. Assimilaumpoucomaisqueosoutrossurdos,ounãoconsegueassimilaraordemdalínguafalada,cujadificuldadedeentendê-laémuita;
6. Na escrita, obedece à estrutura da língua desinais,podeigualar-se,porém,àlínguaescritacomreservas;
7. Participadascomunidades,associações,e/ouórgãos representativos e compartilha com asidentidadessurdassuasdificuldades,políticas,aspiraçõeseutopias;
Como parte dessa diferença, eu deveria cons-
tituir uma alteridade com as outras alteridades
rochosas do povo surdo. Meu encontro com os
surdos e sua cultura tinha de acontecer, mesmo
tarde, quando eu já tinha perdido a noção dos
signos constantes da palavra falada e conserva-
va em meu repertório um punhado de palavras
mal pronunciadas e mal significadas, dados to-
dos os alvoreceres durante o espaço de dez anos.
Foi um encontro de significações profundas”.
Gladis T.T. Perlin.- Porto Alegre : UFRGS, 2003.
11Capítulo 1
8. Aceita-secomosurdo,sabequeésurdo,exigeintérpretes, legenda e sinais na TV, telefoneespecial,companhialuminosa;
9. Tem,também,umadiferenteformaderelacio-nar-secomaspessoaseatécomanimais.
3. IdentIdade Surda Flutuante
Surdo que não tem contato com a comunidadesurda.ParaKarolPaden,éoutracategoriadesur-do,vistonãocontarcomosbenefíciosdaculturasurda.Eletambémtemalgumascaracterísticaspar-ticulares.
1. Seguearepresentaçãodaidentidadeouvinte;
2. Estáemdependêncianomundodoouvinte,segueosseusprincípios,respeita-os,coloca-osacimadosprincípiosdacomunidadesurda;àsvezes, compete comouvinte,pois é induzidoaomodelodaidentidadeouvinte;
3. Nãoparticipadacomunidadesurda,dasasso-ciaçõeselutaspolíticas;
4. Desconheceourejeitaapresençadointérpre-tedelínguadesinais;
5. Orgulha-sedesaberfalar“corretamente”;
6. Mostraresistênciaàlínguadesinais,àculturasurda,pois,paraele,representaestereótipo;
7. Nãoconsegueseidentificarcomosurdo,osen-timentoésempredeinferioridadeemrelaçãoaosouvintes,oquepodenelecausar,muitasvezes,depressão,fuga,suicídio,acusaçãoaou-trossurdos,competiçãocomouvintes;algunsatéseangustiamnodesejocontínuodeouvir.
8. Évítimadaideologiaoralista,dainclusão,daeducaçãoclínica,dopreconceitoedoprecon-ceitodasurdez;
9. Ésurdo,querouçaalgumsom,quernãoouça,persisteemusaraparelhosauriculares,nãousaatecnologiadosurdo.
4. IdentIdade Surda embaçada
Aidentidadesurdaembaçadaéoutrotipoquepo-demosencontrardiantedarepresentaçãoestereo-
tipadadasurdezoudodesconhecimentodasurdezcomoquestãocultural.
1. Nãoconseguecaptararepresentaçãodaiden-tidadeouvintenemcompreenderafala;
2. Nãotemcondiçõesdeusaralínguadesinais,nãolhefoiensinadanemtevecontatocomela;
3. Geralmenteévistocomoincapacitado;
4. Nesseparticular,ouvintesdeterminamocom-portamento,vidaeaprendizadodosurdo;
5. Apresenta,narealidade,umasituaçãodedefi-ciência,deincapacidade,deinércia,derevolta;
6. Há casos de aprisionamento de surdo na fa-mília,sejapeloestereotipooupelopreconcei-to,tornando-oincapazdechegaraosaberoudecidir-seporsimesmo;
7. Falta à família informações sobre o surdo,geralmentepredominaaopiniãodomédico;algumas clínicas reproduzem uma ideologiacontraoreconhecimentodasdiferenças.
Essessãoalgunsdosmecanismosdepoder,cons-truídopelosouvintessobreasrepresentaçõesclíni-casdasurdez,colocandoosurdoentredeficientesouretardadosmentais.
5. IdentIdade Surda de tranSIção
Estápresentenasituaçãodosurdoque,emra-zãodasuacondiçãosocial,viveuemambientessemcontatocomaidentidadesurdaouqueseafastadela.1. Vivenomomentodetrânsitoentreumaiden-
tidadeeoutra;
2. Seaaquisiçãodaculturasurdanãosedánainfância,normalmenteamaioriaprecisapas-sarporessemomentodetransição,vistoquegrandepartedelessãofilhosdepaisouvintes;
3. No momento em que ele consegue contatocomacomunidadesurda,suasituaçãomuda,passapeladesouvintização,ouseja,rejeiçãodarepresentaçãodaidentidadeouvinte;
4. Emborapasseporessadesouvintização,apre-
12 Capítulo 1
sentasequelasdarepresentação, jáevidencia-donasuaidentidadeemconstrução;
5. Háumapassagemdacomunicaçãovisual/oralparaacomunicaçãovisual/sinalizada;
6. Nocasodo surdoemtransiçãoparaa repre-sentaçãoouvinte,ouseja,naidentidadeflutu-ante,dá-seocontrário.
6. IdentIdade Surda de dIáSPora
AsIdentidadesdediásporadivergemdas identi-dadesdetransição.Estãopresentesentresurdosquepassamdeumpaísaoutroou,deumEstadobrasileiroaoutro,ouaindadeumgrupo surdoaoutro.Elapodeseridentificadacomoosurdocarioca,osurdobrasileiro,osurdonorte-america-no.É,portanto,umaidentidademuitopresenteemarcante.
7. IdentIdade IntermedIárIa
Oquevaideterminaraidentidadesurdaésem-preaexperiênciavisual.Nessecaso,emvistades-sacaracterísticadiferente,distinguimosaidenti-dadeouvinteda identidade surda.Há tambémaidentidadeintermediária,emgeralvistacomosurda. Essa pessoa tem outra identidade, poisuma característica não lhe permite essa identi-dade,istoé,suacaptaçãodemensagemnãoestátotalmentenaexperiênciavisualquedeterminaaidentidadesurda.
1. Apresenta alguma porcentagem de surdez,maslevaumavidadeouvinte,
2. Paraeste,sãodeimportânciaosaparelhosdeaudição,
3. Importânciadotreinamentooral,
4. Buscadeamplificadoresdesom,
5. Nãousodeintérpretesdeculturasurda,
6. Quandopresentenacomunidadesurda,geral-menteseposicionacontrausode interpretesou considerao surdo comomenosdotadoenãoentendeanecessidadedalínguadesinaisedeintérpretes.
7. Temdificuldadedeencontrarsuaidentidadeumavezquenãoésurdonemouvinte.
concluSão
Asdiferentesidentidadessurdassãobastantecom-plexas, diversificadas. Isso pode ser constatadonessadivisãopor identidadesquandoháoportu-nidadeparaidentificaroutrasmuitasidentidadessurdas.Exemplo:surdosfilhosdepaissurdos;sur-dosquenãotêmnenhumcontatocomsurdo,sur-dosquenasceramnacidadeouquetiveramcon-tatocomlínguadesinaisdesdeainfância.Assim,aidentidadesurdanãoéestável,estáemcontínuamudança.Ossurdosnãopodemserumgrupodeidentidadehomogênea.Devem-serespeitarasdife-rentesidentidades.
Emtodocaso,paraaconstruçãodessas identida-des,imperasempreaidentidadecultural,ouseja,a identidade surda como ponto de partida para
distinguirasoutrasidentidadessurdas.Essaiden-tidadesecaracterizatambémcomoidentidadepo-lítica,poisestánocentrodasproduçõesculturais.2.2 existe cuLtura surda?Segundo Carlos Skliar, pessoas com dificuldadeem entender a existência de uma cultura surdageralmentepensamquenadaháforadesuapró-priareferênciacultural,então,entendemaculturasurdacomoumaanomalia,umdesvio,umairrele-vância.Normalmente essaspessoasdesconhecemosprocessoseosprodutosdessaculturasurda:des-conhecemo que os surdos geram em relação aoteatro, aobrinquedo, àpoesiavisual, à literaturaemlínguadesinais,àtecnologiaqueutilizamparaviveremocotidiano,etc.(1998,p.28,29).
Aspessoasemgeralformamgruposdeinteressesque denominamos de comunidade. Os surdosqueestãoobviamenteespalhadosportodoopaís,formamasComunidadesSurdasdoBrasil,tendocomofatoresprincipaisde integraçãoaLIBRAS,os esportes e interações sociais.Fazempartedes-sascomunidadesasassociaçõesdesurdose,comotal,osseusestatutosestabelecemeleiçãoparaumadiretoriaquedirecionaatividadesesportivas,edu-
13Capítulo 1
cacionais,sociaisepolíticas.EssasassociaçõestêmespecialinteresseemdivulgaraLínguadeSinais,oferecendo diligentemente Cursos de LIBRAS.Pessoasouvintestambémparticipamdessascomu-nidades, em sua maioria são intérpretes, profes-sores,familiaresoupessoasdaáreadeassistênciasocialoureligiosa.
Hátambémasassociaçõesdecadacidade,queseligam, formando Federações e a Confederação.Aqui, no Brasil, temos a FederaçãoNacional deEducaçãoeIntegraçãodosSurdos-FENEIS,enti-dadenãogovernamental,registradanoConselhoNacionaldeServiçoSocial/CNAS,sendofiliadaaWorldFederationoftheDeaf.AFENEISfoifun-dadaem1987eatuacomoórgãodeintegraçãodosSurdosnasociedade,medianteconvênioscomem-presaseinstituiçõesqueempregamSurdos.ÉumdosórgãosqueinstituiaslutasecampanhaspelosdireitosdosSurdos,emrelaçãoàsualíngua,àedu-cação,aintérpretesemescolaseemestabelecimen-tospúblicos,buscandoefetivarasuacidadania.
Os surdosparticipantesdessas comunidades têmassumidoumaculturaprópria,denominadaCul-turaSurda,aindamuitorecentenoBrasil,contu-dosepodepercebercaracterísticasepeculiarida-des,constituindoaidentidadesurda,que,segundoTanyaA.Felipe,seevidenciadaseguinteforma:
• Amaioria dos Surdos prefere um relaciona-mentomaisíntimocompessoasSurdas.
• Suas piadas envolvem a problemática da in-compreensãodasurdezpeloouvinteque,nor-malmente é comparado ao “português” quenãopercebebem,ouquer“darumadeesper-to”esedámal.
• Seu teatro já começa a abordar questões derelacionamento,educaçãoevisãodemundo,própriasdepessoasSurdas.
• O Surdo tem ummodo próprio de olhar omundoondeaspessoassãoexpressõesfaciaisecorporais.Comoelefalacomasmãos,evitausá-las desnecessariamente e, quando as usa,mostraagilidadeelevezaquepodemsetrans-formarempoesia.
OsSurdosfrequentadoresdosespaçosdeSurdosconvivemcomduascomunidades:adesurdoseadosouvinteseprecisamutilizarduaslínguas:aLi-
braseaLínguaPortuguesa.Portanto,numapers-pectivaantroposociolinguística,umaComunidadeSurdanãoéum“lugar”ondepessoasdeficientesseencontram,masumpontodearticulaçãopolíticaesocial,porque,cadavezmais,osSurdosseorga-nizamcomominorialinguística,lutandoporseusdireitoseevidenciandonãoasdeficiências,masasdiferenças.
3. fatOs HistóricOs da educa-çãO
das pes-sOas cOm surdezNosso passeiohistórico começacom o triste panorama da vida das pessoas comdeficiênciana antiguidade, quando algunspovostinhamapráticadeafogarascriançasdeficientes,abandoná-las à própria sorte em cestos, nos riosoulugaressagrados,comofaziamosromanos,oumesmo exterminá-las, jogando-as de uma cadeiademontanhaschamadaTaygetos,naGrécia.UmaexceçãoacontecianoEgitoAntigo,ondeeraressal-tadaanecessidadedeserespeitaraspessoascomnanismo e outras deficiências.As pessoas surdaseramadoradascomosefossemdeuses.
ComoadventodoCristianismonoimpérioroma-no,osensinamentossobreoamoreexemplosdecaridadedeJesus,foramlentamentealterandoasvelhas concepções e atitudesdesumanas.OCris-tianismocombateu,entreoutraspráticas,aelimi-naçãodaspessoascomdeficiência.
OfimdoImpérioromanomarcaoiníciodaIdadeMédia,quandoaspessoasassoladaspelamiséria,têmprecáriascondiçõesdevidaedesaúdeepas-samaveronascimentodecriançascomdeficiên-ciacomocastigodeDeus.Ossupersticiososvêmnelaspoderesespeciaisdebruxosoufeiticeiros.
AIdadeModernaémarcada,historicamente,pormudançasemdireçãoaumidealhumanistaena-turalista. Com o renascimento, quando começa,também, para as pessoas com surdez, na épocachamadas de “surdos-mudos”, uma nova era. É
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14 Capítulo 1
importante destacarque, até o início daidademoderna,nãose tem notícias deexperiências educa-cionais para surdos.Ummongebenediti-noespanhol,chama-doPedro Ponce de León (1510-1584),fig.6, inicia mun-dialmenteahistóriados surdos, emMa-dri, ededica grandepartede suavidaaoensinodossurdos,filhosdenobres,desenvolvendooal-fabetomanualquepossibilitouaossurdossoletra-rempalavras.
Umjovemabade,Michel Charles De l’Epée (1712),Fig.7AeFig.7B,observou,nasruasdeParis,pesso-assurdascomunicando-sepormeiodesinaisnati-vos.Nãotolerandoaideiadeasalmasdossurdos-
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Figura 6
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Figura 7a
Figura 7b
-mudos viverememorrerem sem ser ouvidas emconfissãoeprivadasdaPalavradeDeus,encaroualínguadesinaissemdesprezoecomreverência.Segundo Sacks (1998), o abade De l’Epée pres-tou a máxima atenção a seus pupilos, aprendeusua língua e, então,associando sinais afiguras e palavrasescritas, criou o sis-tema de sinais “me-tódicos”–umacom-binaçãodalínguadesinais nativa com agramática francesatraduzida em sinais.Ensinou-os a ler e,com isso, deu-lhes Fo
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Figura 8
acesso ao conhecimento e à cultura do mundo.Muitos o consideram criador da língua gestual,massabemosqueestajáexistiaantesdele.AescoladeDel’Epée,fundadaem1755eprimeiraaobterauxíliopúblico,treinouinúmerosprofessoresparaossurdos.FoideseuinstitutonaFrança,queveiopara oBrasil, oPadre Eduardo Huet, fig.8, umprofessorsurdo,que,àconvitedeDomPedroII,trouxeesse “métodocombinado”, criadoporDel’Epée,paratrabalharcomossurdosnopaís.
Em1857,foifundadaaprimeiraescolaparasur-dosnoBrasil,oInstitutodosSurdos-Mudos,hoje,InstitutoNacionaldeEducaçãodeSurdos–INES.Foinesseinstitutoquesurgiu,damisturadaLín-
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Pedro Ponce de León Eduardo Huet
Época de ouro com o Abade Charles
Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES
15Capítulo 1
gua de Sinais Francesa, trazida porHuet, com alínguadesinaisbrasileiraantiga,jáusadapelossur-dosdasváriasregiõesdoBrasil,aLínguaBrasileiradeSinais.FIQUE LIGADO!
Essas faseshistóricasestão interligadasaos temasque iremos estudar nos próximos capítulos. En-fim,tudotemumaorigemeumaexplicaçãoe,porisso, é fundamental conhecermos a história daspessoassurdascomasquaisvamosatuar.
Seoiníciodahistórianoscausaindignação,quan-dopensamosnodestinocrueldaspessoassurdasdo passado, muitomais sentimos ao perceber oretrocessoqueacontecenaeducaçãodosSurdos,no I Congresso Internacional de Educadores deSurdos,ocorridoemMilão,em1880,quandoosprofessoresouvintesdecidirampelaproibiçãodouso da língua de sinais, e os professores surdosexcluídosdavotação.Duasdecisões,entreoutras,mudaramahistóriadossurdos.
1. Que a fala é incontestavelmente a única maneira de incorporar os surdos-mudos à sociedade.
2. Que o método oral deve ser ensinado pura-mente, os gestos devem ser proibidos.
Osprofessoressurdosexistentesnasescolasforamafastados e os alunos surdos desestimulados, vis-toqueeramproibidosdeusara línguade sinaisde seus países. Era comum a prática de amarrarasmãos das crianças surdas para não usarem ossinais. Foi um período obscuro na história dosSurdos.SegundoTanyaFelipe (2001),ocorreumperíododeisolamentodaComunidadeSurdaemoposiçãoaousodalínguaoral.Apartirdosanos60,começaumafasedemanipulaçãoparaentrarna fase de luta pelo retornoda língua de sinais.AEducaçãotorna-seumpontoimportanteparaoresgatedalínguadesinaisedaculturasurdaparaossurdos.
Duas tendências na educação dos surdos sur-giram durante o século XVIII, anteriores aocongresso de Milão, o gestualismo (ou méto-do francês) eooralismo (oumétodoalemão),criadopeloalemãoSamuelHeinicke.Evidente-mente,amaioriadossurdoseraafavordoges-tualismo, enquanto apenas os ouvintes apoia-vamooralismo.
NoséculoXX,emresultadodoavançotecnológi-coecientífico,aeducaçãodossurdospassouaserdominadapelooralismoque tema surdez comoalgoquepodesercorrigido,noentanto,semasuacura,o insucessodooralismocomeçouaserevi-denciado,poisficounotórioossurdosnãoconse-guiremterumacomunicaçãofluentemedianteaoralidade. SegundoTanya Felipe (2001), a partirdosanosde1960,comoestudolinguísticoinicia-doporWilliamStookoe,passaateroreconheci-mentodaslínguasnamodalidadesinalizada.AFE-NEISfoifundamentalnoprocessodecrescimentodapolíticasurda.Nãohádúvidasdequeosurdotemvozpelasinalizaçãoejáconseguiuabrirportasantesfechadas.
HojeaPolíticaNacionaldeEducaçãoEspecialnaPerspectivadaEducaçãoInclusiva(2008)concebeaescolacomoumespaçodetodos,noqualcadaalunotemapossibilidadedeaprender,valendo-sedesuasaptidõesecapacidade,expressarsuasideiaslivrementeesedesenvolvercomocidadãonassuasdiferenças.Ométodousadonasescolaséobilin-
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16 Capítulo 1
guismo,quedefendealínguadesinaiscomolínguamaternadossurdos,portanto,línguadecomunicação,ealínguaportuguesacomosegundalínguadossurdos.
Idade AntigaGrécia/Roma
Idade Média Idade ModernaRenascimento
IdadeContemporânea
•Sociedadepautadanos valores da estéti-ca, dos feitos heroícos e guerra.
•Legitimaçãodoaban-
dono e eliminação.
•Cristianismo/ Inquisição.
•Abrigoportrocadeindulgênciaas.
•Ideiadepossessãoe castigo.
•Ideiasreformistas monitorando o desenvolvimento das
ciências. •Convivênciada
medicina, alquimia e magia.
•Altograudedesenvol-vimento tecnológico.
•Comunicação Globalizada.
•Convivênciacomadiversidaade.
Eliminação Isolamento
IsolamentoAsilamento
IsolamentoAsilamentoIntegração
IsolamentoAsilamentoIntegraçãoInclusão
Fonte: Instituto Paradigma
SAIBA MAIS!
CURIOSIDADES
•Pierre Desloges, (1947 – 1977) francês, escreveu o primeiro livro publicado por um surdo, defen-
dendo a língua gestual e provando que a língua gestual francesa foi criada por surdos, e não por
ouvintes.•Alexandre Graham Bell, (1847-1922), fig. 15, inventou o telefone com a intenção de ampliar o som
para sua mãe e sua esposa, ambas surdas. Era grande defensor da oralização dos surdos e se
opunha à língua gestual.
•Helen Keller (1880- 1968), fig. 16 e 17, ficou surda aos 19 meses de idade, por causa de uma doen-
ça. Com a inestimável colaboração de sua professora Ann Sullivan, que lhe ensinou tudo mediante
o método tadoma (consiste em tocar os lábios e a garganta da pessoa que fala, combinando com
dactilologia na palma da mão), aprendeu a ler inglês, francês, alemão e grego pelo método braile
e provou que deficiências sensoriais não impedem de se chegar ao sucesso.
•OfilmeO Milagre de Ann Sullivan conta a emocionante história de Helen Keller.
•INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS – INES. No dia de sua fundação, 26 de setem-
bro, é comemorado também o DIA DO SURDO em todo o país.
•ALFABETO MANUAL
(desenvolvido pelo monge beneditino Pedro
Ponce de Leon - 1520 - 1584)
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Figura 15
Figura 16 Figura 17
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17Capítulo 1
Visãodaeducaçãocomoprivilégiodeumgru-po,exclusãoquefoilegitimadanaspolíticase nas práticas educacionais reprodutoras daordemsocial.atividades |1.Esquematizeoconteúdoteóricodocapítu-lo,ressaltandoosconceitos-chaves.
2. Há muitas concepções equivocadas sobre
surdos?Porquê?
4.Marquecom(V)asquestõesVerdadeirasecom(F)asquestõesFalsas.a()OBilinguismoéapropostamaisadequa-dapara tornar acessível à criança surdaduaslínguasnocontextoescolar.b()Aexpressão“surdo-mudo”estápolitica-mentecorreta.c()AlexandreGrahamBellcontribuiupara
SAIBA MAIS!
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Milagre_de_
Anne_Sullivan
Baseado na vida real de Helen Keller, o filme
conta a comovente história de Anne Sullivan,
uma persistente professora, cuja maior luta
foi a de ajudar uma menina cega e surda a
adaptar-se ao mundo que a rodeava. O ine-
vitável confronto com os pais de Helen, que
sempre sentiram pena da filha, mimando-a,
sem nunca lhe terem ensinado algo concreto,
é abordado durante o filme.
MODELO DA CONCEPÇÃO SOBRE SURDEZ
PESQUISADORESCARACTERÍSTICAS
INERENTES A SURDEZ
CLÍNICO-TERAPÊUTICO
Colin (1980)
Meadow-Orlans (1990)
(Siminerio, 2000).
(Rezende, Krom, & Yamada, 2003).
(Hindley, 2005)
SÓCIO ANTROPOLÓGICO
Skliar et al. (1997)
Skliar
Pimenta e Fávero (2005)
(Behares, 1991)
Góes (1999, p. 37)
Góes
Stokoe
surdez.Fundamentadonotextoestudado,tra-ceumesquemacomparativodascaracterísticasdasurdeznomodeloclínicoterapêuticoenomodelosocioantropológico:3.QuefatohistóricoacontecidonaItália,tor-nou-seummarconegativo,naEducaçãodos
odesenvolvimentodaLínguadeSinais.
5.Exerciteoalfabetomanualfazendooseunome,odeseusfamiliaresedosamigos.
gLOssÁriO AlteridAde - Segundo a enciclopédia Larousse (1998), al-teridade é um “Estado, qualidade daquilo que é outro, distinto (antônimo de Identidade). Conceito da filosofia e psicologia: relação de oposição entre o sujeito pensante (o eu) e o objeto pensado (o não eu).”
CulturA surdA - Ao longo dos séculos, os surdos foram formando uma cultura própria centrada principalmente em sua forma de comunicação. Em quase todas as cida-des do mundo, vamos encontrar associações de surdos onde eles se reúnem e convivem socialmente. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)
defiCiênCiA - A Convenção da Guatemala, que foi pro-mulgada pelo Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001, conceitua deficiência, para fins de proteção legal, como uma limitação física, mental, sensorial ou múltipla, que incapacite a pessoa para o exercício de atividades normais da vida e que, em razão dessa incapacitação,
resumO
O objetivo deste capítulo é oportunizar a estudantes e pessoas das diversas áre-as do conhecimento a compreensão da diversidade do mundo dos surdos, cujo enfoque são os aspectos sociolinguísti-co, histórico e cultural. A Língua Brasi-leira de Sinais – LIBRAS é uma língua de modalidade gestual-visual que utiliza, como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões fa-ciais que são percebidos pela visão.
18 Capítulo 1
a pessoa tenha dificuldades de inserção social. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)
intérprete de línguA de sinAis - Pessoa ouvinte que inter-preta para os surdos uma comunicação falada, usando a língua de sinais e vice-versa. (Origem: Wikipédia, a enci-clopédia livre)
línguA - Conjunto do vocabulário de um idioma e de suas regras gramaticais; idioma. Por exemplo: inglês, por-tuguês, LIBRAS. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)
linguAgem - Capacidade que o homem e alguns animais possuem para se comunicar, expressar seus pensamentos. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)
linguístiCA - O estudo científico da linguagem em qual-quer um de seus sentidos. (Origem: Wikipédia, enciclo-pédia livre)
línguA de sinAis - É a língua dos surdos que possui a sua própria estrutura e gramática por meio do canal co-municação visual, a língua de sinais dos surdos urbanos brasileiros é a LIBRAS, em Portugal é a LGP. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre)
OuvintismO - “Trata-se de um conjunto de representações dos ouvintes, no qual o surdo está obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte”. Skliar (1998:15)
pArAdigmA - literalmente modelo, é a representação de um padrão a ser seguido. (Origem: Wikipédia, a enciclo-pédia livre.)
pAtOlOgiA - A patologia é a ciência que estuda as doen-ças e procura entendê-las. (Origem: Wikipédia, a enci-clopédia livre.)
surdOs - Os surdos, por norma, são utilizadores de uma comunicação espaço-visual, como principal meio de co-nhecer o mundo em substituição à audição e à fala, e podem ter ainda uma cultura característica.
referÊncias
Bernardino, Elidéa Lúcia. Absurdo ou lógica?: a produção linguística do surdo/ Elidéa Lúcia Ber-nardino. – Belo Horizonte: Editora Profetizando Vida, 2000. 208 p.il
Felipe, Tanya A. Libras em contexto: curso bá-sico, livro do estudante cursista/ Tanya A. Felipe – Brasília: Programa Nacional de Apoio às Edu-cação dos Surdos, MEC; SEESP, 2001. 164 p.il.
Quadros, Ronice Muller de. Educação de sur-
dos: a aquisição da linguagem/ Ronice Mul-ler de Quadros._ Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. Surdez – Educação – I Título
Quadros, Ronice Muller de. Língua de Sinais brasileira: estudos lingüísticos/ Ronice Muller de Quadros e Lodenir Becker Karnopp. – Porto Alegre: Artmed,2004. 1.Línguística – Língua de Sinais –Surdos – Brasil. Karnopp, Lodenir Be-cker. II. Título.
Sá, Nídia de. Surdos: qual escola? Nídia de Sá. – Manaus: Editora Valer e edua, 2011. 302p. Sacks, Oliver W. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos/ Oliver Sacks: tradução Laura Texeira Motta. _ São Paulo: Companhia das Letras, 1988
GUGEL, Maria Aparecida Gugel. Pesso-as com Deficiência e o Direito ao Trabalho. Florianópolis : Obra Jurídica, 2007.
SILVA, Otto Marques da. A Epopeia Ignorada: A pessoa Deficiente na História do Mundo de Ontem e de Hoje. São Paulo : CEDAS, 1986. (dados coletados pela internet, às 16:15 do dia 04/01/2012)
Educação de Surdo e Língua de Sinais Tex-to 3 A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL Fontes de consultas: FELIPE, Tanya; MONTEIRO, ...(dados coletados pela internet, às 16:15 do dia 13/01/2012)
PSICOLOGIA, REFLEXÃO E CRÍTICA. Contri-buições da psicologia Brasileira para o estudo da surdez. Cláudia A. BisolI,II; Janaína Simio-niII; Tânia SperbI,*IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porot Alegre, Brasil. IIUniversi-dade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Brasil13 jan. 2011.
Educação de Surdo e Língua de Sinais Texto 3 A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL Fon-tes de consultas: FELIPE, Tanya; MONTEIRO, ...PSICOLOGIA, REFLEXÃO E CRÍTICA. Contri-buições da psicologia Brasileira para o estudo da surdez. Cláudia A. BisolI,II; Janaína Simio-niII; Tânia SperbI,*IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porot Alegre, Brasil. IIUniversi-dade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Brasil.
19Capítulo 2Capítulo 2Capítulo 2
OBjetivOs específicOs
• Apresentaraevoluçãohistóricadalínguadesinais,evidenciandoaslutaseosmovimentosdacomunidadesurda.
• Identificarosmarcoslegaisqueaconstituíramcomolínguaoficialdascomu-nidadessurdas.
• ConceituaraLIBRAS.
• Abordarascaracterísticaseosaspectoslinguísticoscomprovandoqueaslín-guasdesinaissãosistemasabstratosderegrasgramaticaisnaturaisàscomu-nidadesdeindivíduossurdosdospaísesqueautilizam.
intrOduçãO
Iniciaremoscomalgumasconsideraçõescombasenadiscussãodocapítuloante-rior,emquemostramosconceitosdesurdez,identidadeeculturasurdaeintro-duzimosahistóriadossurdos,relatandoosaltosebaixosdacomunidadesurda.Dandocontinuidadeaessahistória,veremoscomonascemosmovimentosdeumgrupominoritário,rotuladosdedeficientes,esua lutaparacomprovar, fi-nalmente,acomplexidadedaLIBRAS,trazendoàtonacaracterísticasquefazemdelaumalínguacompleta,semelhante,emalgunsaspectos,àslínguasorais.
evOLuçãO pOr meiO de Lutas e mOvimentOs
marcOs Legais características e
aspectOs LinguísticOsProfa. Kilma Gouveia de melo
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20 Capítulo 2
Considerando a temática deste capítulo, podere-mosobservarasimagensquemostramanascentedeumrio,seucrescimentoatésetornarumapode-rosafontedeenergiaerelacioná-lasaonascimentoda luta edosmovimentosda comunidade surdaquevãosefortalecendoemproldaconquistadacidadania.Sendoassim,vamosàprimeiraunidadedestecapítulo.
1. Luta e mOvimentOs dOs surdOs
Umrionascedeumfiodeágua,pequenojorro,quevaiaumentandoasuaforça,àmedidaqueou-trascorrentesvãosejuntando,crescendoovolumedaságuas,entãoaquelesimplesfiodeágua,trans-forma-semuitasvezesemumacachoeira,etorna--seumapoderosafontedeenergia.Assimtambémnascemasleis;aprincípio,sãohábitos,sugestõesoucaracterísticasdaculturadeumacomunidade,que,antesdeseremreconhecidas,passamporumlongopercurso,sãoaslutasdeumpovoquevãosefortalecendoporforçadosmovimentos.
Você se lembradoque aconteceu emMilão, em1880?Sevocê respondeuàatividadedocapítuloanterior,estápordentroe,certamente,respondeucorreto.Sim,foinoICongressoInternacionaldeEducadoresdeSurdosqueficoudecididaaproibi-çãodasLínguasdeSinais.SegundoLulkin(1998.P.38), depoisdaRevoluçãoFrancesa edurante aRevoluçãoIndustrial,travou-seumadisputaentreosmétodosoralistaseosmétodosbaseadosnalín-guagestual.
ArepressãoautorizadapeloCongressodeMilãofoilegiti-madapelanovaciênciadaraça,especialmenteadisciplinadaAntropologia.Em1868,PaulBroca,ofundadordaSo-ciedadeAntropológicaParisiense,dizquenenhumconhe-cimentohumanoqueforneçadadossobrea históriadohomemedasociedadehumanapodeserexcluídodaAn-
tropologia.Assim,aclassificaçãoantropológicadoséculoXVIIIparaoindivíduosurdoganhanovaforça,definindoalinguagemdossinaiscomoumaformadesobrevivênciaatávicadaeraprimitivadohomem,fazendoasresoluçõesdoCongressopareceremrazoáveiseprogressistas.
Contudo,nãoobstanteaproibiçãodousodalín-guadesinais,ahistóriarevelaqueossurdosnuncadeixaramdesinalizar.Quandoestavamsozinhos,conversavam na língua de sinais, como descrevetãobemSacks,(1933)emseulivroVendoVozes–“...ossinaisfloresciamnaescola,irreprimíveisape-sardoscastigoseproibições”.Atravésdostempos,ossurdostravaramgrandesbatalhasembuscadaoficializaçãodesualíngua.
Os primeiros movimentos surdos remontam aumaépocaemqueos surdos tomavamsuaspró-priasdecisões,conscientesdetudoqueaconteciaao seu redor. Foi, precisamente, em 1834, queum grupodedez surdos, liderados porBerthier,começouarealizarumbanqueteemhomenagemaoabadeL’Epée,e,poucoapouco,tornou-seumeventoanual,emqueaspessoassurdaspassaramadiscutirsuasideiasenecessidades.
ApósaSegundaguerramundial,muitossoldadosvoltaram para casa mutilados, cegos ou surdos.Quase todasas famílias tiveramdeconviver coma presença de uma pessoa com deficiência e seadaptaraela.Dessaforma,asociedadedaépocatevederepensarseusconceitosebuscarmeiosparareintegrá-losàvidacotidiana.
Em todo o tempo, as pessoas com deficiência edeoutrosgruposminoritários tiveramdeseunirpara lutar por seus direitos e, atualmente, todosesses grupos têm saído damargem da sociedadeparaexpressarseusdesejos.Nuncasefaloutantoemigualdadededireitos.
SAIBA MAIS!
LEIA O VOO DA GAIVOTA
O Voo da Gaivota é um livro sobre uma mulher incomum
que sensibilizou o mundo com sua vitória sobre a surdez.
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Nascida surda, Emmanuelle Laborit é neta do cientis-
ta Henri Laborit (1914-1995). Só conheceu a Língua de
Sinais aos sete anos, ensinando-a rapidamente à irmã,
que, assim, se tornou sua confidente. Antes de aprender
a Língua de Sinais Francesa, ela apenas se comunicava
com a mãe, tinham uma comunicação “umbilical”. O seu
livro autobiográfico O grito da gaivota, escrito em 1993,
retrata as lembranças de infância, a difícil adolescência e
o início da idade adulta autônoma, assim como o seu percurso. (http://www.ivt.fr/)
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21Capítulo 2
2. aspectOs Legais “Todos são iguais perante a lei”, assim diz o artigo 5º da Constituição brasileira. Se os Estados não cumprem com a palavra, a cidadania torna-se uma conquista, que exige educação, informação e um amplo esforço coletivo para ser alcançada.
AConstituiçãode1988contribuiuparaaforma-çãodacidadaniaaoinovarnasáreasdasgarantiasindividuais,anossaleisupremaestabeleceuosdi-reitosindividuais(tambémditoscivis),sociaisepo-líticos,tambémconhecidosnomundocontempo-
râneosobreoconceitodecidadania.Empenhadaemvalorizarosdireitoshumanos,aConstituiçãotambémestabeleceunormasjurídicasdeproteçãoàsminoriaseaosgrupos socialmentevulneráveis(crianças,idosos,mulheres,negros,deficientesfísi-cosetc.).Comisso,vaigerandoleisvoltadasparaaformaçãodacidadania.
A seguir, apresentaremosalgunsquadrospanorâ-micosdaevoluçãodas leisquebeneficiaramnãoapenasacomunidadesurda,mastodasaspessoascomdeficiência.
O livro contém um capítulo intitulado “É proibido proibir”, em que relata os dias difíceis quando,
aos onze anos, foi matriculada em uma escola oralista e obrigada a ler os lábios e a falar, enquanto
era proibida de usar as mãos. Emmanuelle conta que alguns professores conheciam a LSF (Língua
Francesa de Sinais) e a praticavam às escondidas. Uma situação injusta que a oprimia. Ela desabafa:
“É preciso que os educadores, os instrutores, os professores que desejam se responsabilizar possam
fazer isso abertamente... Não é necessário que o Estado continue se intrometendo nessa questão.
Sentia total impotência, total isolamento. Certas crianças diziam-me na escola: Sua mãe é formidável,
ela se exprime em sinais! Evidentemente, seus pais nada sabiam dos sinais. Nessas condições, como
fariam eles para expressar suas angústias, seus pequenos problemas, seus sentimentos?”
MARCOS LEGAIS
1988 Constituição Federal Art.2O5 – Educação como um direito de TODOS Art. 206 - Igualdade de condições de acesso e permanência na escolaArt. 208 - Garante a oferta do atendimento educacional especializado preferencialmente na rede regular de ensino.
1989 Lei 7.853/89 - dispõe sobre a integração social das pessoas portadoras de deficiência.
1990 Estatuto da Criança e do adolescente Art.55 – reforça os dispositivos legais supracitados ao determinar que “os pais ou respon-sáveis têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino”.Declaração Mundial de Educação para Todos.
1994 Declaração de SalamancaPassa a influenciar a formulação de Políticas Públicas de Educação Inclusiva.É publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o processo de “integra-ção instrucional”, no âmbito da educação especial, mas mantém a responsabilidade da educação desses alunos no âmbito da educação especial.
1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9 394/96Art. 59 – institui que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, méto-dos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades.Assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido em virtude das suas deficiências e assegura a aceleração de estudos aos superdotados.
1999 Decreto nº 3.298 Regulamenta a lei Nº 7.853/89.Define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e moda-lidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular.Decreto nº 3.298 Regulamenta a lei Nº 7.853/89.
2001 Resolução CNE/CEBConselho Nacional de EducaçãoInstitui Diretrizes. Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
22 Capítulo 2
OssurdosvinhamlutandopelaoficializaçãodaLi-brasemâmbitonacional,medianteumaconjun-turademovimentoseconquistas.Assim,em1993,essalutaseintensificoupormeiodeumProjetodeLeidasenadoraBeneditadaSilva(PT-Rio),comoapoiodoMEC-SEESPetambémcomaaçãocon-juntadossurdos,resultounaaprovaçãodaLeideLibras -Lei n.º 10.436, de 24 de abril de 2002 -Leifederalquereconhecealínguadesinaiscomolínguaoficialdascomunidadessurdasbrasileiras,representandoumaconquistasemprecedentesnahistóriadossurdosdoBrasil.
MARCOS LEGAIS
2001 Art. 2º determinam que:“Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos” cabendo às escolas organiza-rem-se para o atendimento”(...)Resolução CNE/CEB Conselho Nacional de Educação Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.Convenção de Guatemala - Promulgada no Brasil pelo decreto nº 3.956/2001.Afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdade fun-damentais que as demais pessoas.Tem importante repercussão na educação, adotada para promover a eliminação das bar-reiras que impedem o acesso à escolarização.
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CONQUISTAS
2002 - 2005 Lei nº 10.436/02 – reconhece a Li-bras como meio legal de comuni-cação e expressão. Decreto 5626/05 Art. 1º Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasi-leira de Sinais e o art 18 da Lei nº 10.098 de dezembro de 2000.Art 2º Para fins deste decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, com-preende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura princi-palmente pelo uso da Língua Bra-sileiras de Sinais – LIBRAS.Inclusão da disciplina de Libras nos cursos de formação de profes-sores e de fonoaudiologia.
2006 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – aprova-da pela ONU Estabelece que os Estados-Partes devem assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino.UNESCO – lança o Plano Nacional de Educação em Direitos Huma-nos. – Objetiva desenvolver ações afirmativas que possibilitem aces-so e permanência da pessoa com deficiência na educação superior.
2007 É lançado o Plano de Desenvolvi-mento da Educação – PDE.Eixos para a formação de profes-sores para a educação especial, com a implantação de salas de re-cursos multifuncionais.Decreto nº 6.094/2007 para a im-plementação do PDE.Estabelece diretrizes do Compro-misso Todos pela Educação.
23Capítulo 2
AsdiretrizesNacionaispara aEducaçãoEspecialnaEducaçãoBásica,instituídaspelaResoluçãonº02/2001,daCâmaradeEducaçãoBásicadoCon-selhoNacionaldeEducação,adotamapromoção da acessibilidadecomoumdoseixosdetransfor-maçãodagestãoedapráticapedagógicaparaumaeducaçãoinclusiva.
leIS de aceSSIbIlIdade
• Decreto5.296/04-promoçãodaacessibilida-dedaspessoascomdeficiênciae/oumobilida-dereduzida.
• barreiras-qualquerentraveouobstáculoquelimiteouimpeçaoacesso,aliberdadedemovi-mento,acirculaçãocomsegurançaeapossibi-lidadedeaspessoassecomunicaremouteremacessoàinformação;
• barreiras na comunicação e na informação -qualquer entrave ou obstáculo que dificulteouimpossibiliteaexpressãoouorecebimentodemensagensporintermédiodosdispositivos,meiosousistemasdecomunicação,sejamounãodemassa,bemcomoaquelesquedificul-temouimpossibilitemoacesso.
aPoIo neceSSárIo - IntérPrete de lIbraS
3. cOnceitO
LIBRAS
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AprofissãodeintérpretedeLibraséregulamenta-danodia1ºdesetembrode2010,pelaleifederal12.319-profissãodetradutoreintérpretedeLibras(LínguaBrasileiradeSinais) -meiodecomunica-ção da comunidade surda. A lei prevê formaçãoprofissionalepossibilitaqueinstituiçõespúblicaspossamfazerconcursoparaocargoespecíficodetradutoreintérprete.
• NoBrasil,aLíngua Brasileira de Sinaiséle-galmentereconhecida.
• Nãoéumalínguauniversal.
• Éumalínguavisual-espacialarticuladapormeiodasmãos, das expressões faciais e do corpo.
• Como as línguas orais, foi constituída combasenasrelaçõessociaisestabelecidasporumgrupo.
• Obedece aos traços culturais da sua co-munidade.
• Apresentavariaçõesdecomunicação.
• Apresentatodasascaracterísticasdeumalín-guaoralauditiva.
Comocomentárionoiníciodoprimeirocapítulo,as pessoas se comunicamde várias formas e pormeio de diversas línguas. Entre essas línguas, hátambémumadiversidadedemodalidades, istoé,mudanças noscanais de co-municação, asquais podemser orais/au-ditivas ou vi-suais/gestuais.Aspessoascomsurdez falamcomasmãos eouvem com osolhos.
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24 Capítulo 2
NoentenderdeSKLIAR(1997p.141-142):
“Ossurdosformamumacomunidadelinguísticaminoritá-riacaracterizadaporcompartilharumaLínguadeSinaisevaloresculturais,hábitosemodosdesocializaçãopróprios.A Língua de Sinais constitui o elemento identificatóriodos surdos, eo fatode constituir-se emcomunidade sig-nificaquecompartilhameconhecemosusosenormasdeusodamesmalínguajáqueinteragemcotidianamenteemumprocessocomunicativoeficazeeficiente.Istoé,desen-volveram as competências linguística e comunicativa – ecognitiva -pormeiodousodaLínguadeSinaisprópriadecadacomunidadedesurdos.(...)Aparticipaçãonaco-munidadesurdasedefinepelousocomumdaLínguadeSinais,pelossentimentosdeidentidadegrupal,oautore-conhecimentoeidentificaçãocomosurdo,oreconhecer-secomodiferentes,oscasamentosendogâmicos,fatoresestesquelevamaredefinirasurdezcomoumadiferençaenãocomoumadeficiênciaepermitequeossurdosconstituam,então,umacomunidadelinguísticaminoritáriaenãoumdesviodanormalidade.”
AdiscussãosobrealegitimidadedaLínguadeSi-naiséantiga.Pormuitotempoessalíngua,porsergestual, não foi considerada uma língua natural,esimumamímica.(CAPOVILLA,2001p.1489).Somenteapósváriosestudosdelinguistasrenoma-dos(comoSTOKOE),équesecomeçouapensaraeducaçãodesurdossoboprismadalinguagem.
Segundo ROBERTSON & RAMÍREZ (1999,p.228):
Desde la década del 60 a partir de los estudios de W. Stokoe, se demostró que la naturaleza de la lengua de señas no es muy dis-tinta a la de las lenguas orales. Su diferencia fundamental está en la modalidade gestual visual. Así la lengua de señas, lengua ma-terna de las personas sordas, es reconocida desde una perspectiva linguística como una lengua legítima, completa, com estructuras gramaticales complejas y un amplo vocabulário.
4. características e aspectOs LinguísticOs
Quadros (1997) citaKarnop (1994)que,baseadaempesquisas realizadas em vários países sobre oestatutolinguísticodasLínguasdeSinais,apresen-touquatroconcepções inadequadasemrelaçãoaessaslínguas,àsquais,Quadrosacrescentaoutrasduas.Sãoelas:
1. Seriaumamisturadepantomimaegesticula-ção,incapazdeexpressarconceitosabstratos;
2. Seriauniversaleúnicaemtodoomundo,uti-lizadaportodosossurdos;
3. Haveriaumafalhanasuaestruturagramaticalda, sendoessaumpidgin semestruturapró-pria,inferioràslínguasorais;
4. Seriaumsistemadecomunicaçãosuperficial,comconteúdo restrito, linguisticamente infe-rioraosistemadecomunicaçãooral;
5. Seriamderivadas da comunicação gestual es-pontâneadosouvintes;
6. Porseremorganizadasespacialmente,estariamrepresentadas no hemisfério direito, não seconstituindo um sistema linguístico com re-presentaçãohemisférica.
SegundoQuadros (1997), todasessasconcepçõesvêmsendodesmitificadasmediantepesquisascomdiferentes línguasdesinaisexistentesnomundo,comoaLínguadeSinaisAmericanaeaLínguaBra-sileiradeSinais.Essaspesquisasmostraramquetaislínguas sãomuitocomplexaseapresentamtodososníveisdeanálisesdalinguísticatradicional.Adi-ferençabásicaestánocanalessencialmentevisual.Stokoeetall(1976),BellugieKlima(1979),Liddel(1980),Lillo-Martin(1986)sãoexemplosclássicosdepesquisasdaLínguadeSinaisAmericanaquetrazemevidênciasdaexistênciadetodososníveisdeanálisedessalíngua.Karnopp(1994),Quadros(1995,1999),FerreiraBrito(1995)eFelipe(1993)são exemplos de pesquisadores que evidenciama complexidade da Língua Brasileira de Sinais.
Comoumalínguapercebidapelosolhos,aLínguaBrasileiradeSinaisapresentaalgumaspeculiarida-desquesãonormalmentepoucoconhecidaspelosprofissionais.Perguntassobreosníveisdeanálise,tais comoa fonologia, a semântica, amorfologiae a sintaxe sãomuito comuns, uma vez que taislínguassãoexpressassemsomenoespaço.
4.1 aspectOs QuerOLógicOs
AestruturadaLIBRASestá constituídadeparâ-metrosquesecombinam,especialmentecombasena simultaneidade.Essesparâmetros são, confor-meFerreiraBrito(1995),osparâmetrosprincipais:
Configuração das Mãos (CM)-seriamasdiversasformasqueumaouasduasmãostomamnareali-zaçãodosinal;
25Capítulo 2
Movimento(M)-segundoKlimaeBellugi(1979),éumparâmetrotãocomplexoquepodeenvolverumagrandequantidadedeformasedireções,des-deosmovimentosinternosdamão,osmovimen-tosdopulso,movimentosdirecionaisnoespaçoeatéconjuntosdemovimentosnomesmosinal;
Ponto de Articulação ou Locação (PA) - seria oespaçodiantedocorpo,ouumaregiãodoprópriocorpo,ondeossinaissãoarticulados.
dançadessaorientaçãoduranteomovimento;• Região de contato:seriaapartedamãoque
entraemcontatocomocorpo,aqualpodeserpormeiodeumtoque,umrisco,umdesliza-mentoououtros.
Oscomponentesnãomanuais,comoaexpressãofacialoucorporal,sãoelementosmuitoimportan-tes.Ferreira-Britodizqueháapossibilidadedequeessessejamoutrosparâmetros,dadaasuaimpor-tânciaparadiferenciarsignificados.
o SIStema lInguíStIco da lIbraS
A Fonologia é compreendida como aparte da ciência linguísticaque analisaasunidadesmínimassemsignificadodeumalínguaeasuaorganizaçãointerna.Querdizer, emqualquer língua falada,a fonologia é organizada com base emumnúmerorestringidodesonsquepo-dem ser combinados em sucessãoparaformar uma unidademaior, ou seja, apalavra. Nas Línguas de Sinais, a con-figuração demãos, junto com a locali-zaçãoemqueossinaissãoproduzidos,osmovimentoseasdireçõessãoasuni-dadesmenoresqueformamaspalavras.Afigura1ilustradoisexemplosdaLín-
guaBrasileiradeSinais.Aconfiguraçãodemãoéamesmaemambosossinais,chamadade/y/.Alocalizaçãoédiferente:enquantoapalavraAZARésinalizadanonariz,apalavraDESCULPASési-nalizadanoqueixo.Também,omovimentoédife-rente,enquantoAZARésinalizadacomumúnicomovimentoemdireçãoaonariz,DESCULPASésinalizadacomummovimentocurtoerepetidoemdireçãoaoqueixo.
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Estes seriamos componentes doPlanoQueroló-gico daLIBRAS, conformedefinição de Fernan-des (1994), emque,nessa língua, a fonologia se-ria representada pela querologia, e os queremasoscorrespondentesaosfonemasdaslínguasorais.Portanto,nonível fono-querológico,algumasdasdistinçõesentreoportuguêseaLIBRASseriam:
PORTUGUÊSLIBRASFala escrita parâmetros dactilologia Fonemas letras (CM) (M) (PA) [C-A-S-A] [kasa] CASA mãos d/ e [B] O TB
Para Ferreira-Brito, a orientação poderia ser umquartoparâmetro fundamental,masesteaindaémotivodemuita polêmica, por isso ela o defineentreosParâmetrosSecundários,queseriam:
• Disposição das mãos: o sinal pode ser feitoapenas pela mão dominante ou pelas duas,mas, nesta última combinação, ambas pode-riam formar o sinal ou apenas amão domi-nante, servindoaoutracomoPontodeArti-culaçãodaprimeira;
• Orientação das mãos: adireçãodapalmadamão,durantearealizaçãodosinal,podetermu-
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26 Capítulo 2
Figura1:AZAR–DESCULPASNalínguadesinais,tambémsepodemanalisarasunidades mínimas mediante pares mínimos, ouseja, pares que apresentam apenas uma unidadeque implicamudançade significado, apresentan-do, portanto, umadeterminada função fonológi-canalíngua.PEDRAeQUEIJOformamumparmínimonaLínguaBrasileiradeSinaisemqueaúnicaunidadequediferenessessinaiséaconfigu-raçãodemão;omovimentoeopontodearticula-çãosãoosmesmos(verfigura2):Figura2:PEDRAeQUEIJO
Os sinais são feitos em um espaço delimitado àfrente do sinalizador. Ferreira-Brito e Langevin(primeiroapresentadoem1988e,posteriormente,publicado em Ferreira-Brito, 1995), descreveramesse espaço na LínguaBrasileira de Sinais comoilustradonafigura3.
SinaisAmericanaenaLínguaBrasileiradeSinais,para verbosque são chamadosverbosde concor-dância(cf.Loew,1980;oLillo-Martin,1986;Pad-den,1990;Emmorey,1991;Quadros,1995,1997).
Figura3:VerboDIZERnaLínguaBrasileiradeSi-naiscomdiferentesflexões a)DIZER(formainfinitiva)b)DIZER(Eledisseamim)c)DIZER(Tudissesteaele)
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Figura3:EspaçodesinalizaçãoAmorfologiae,especialmente,asintaxedessalín-guaparecemserorganizadasnesseespaço.Portan-to,aformaçãodaspalavrasedasfrasesnaLínguaBrasileira de Sinais apresentam restrições espa-ciais.Amorfologiaeasintaxedaslínguasdesinaisdeterminamaestruturainternadaspalavrasedasfrases a qual reflete o sistema computacional dalinguagem.
Porexemplo,overboDIZER,naLínguaBrasileiradeSinais,temqueconcordarcomosujeitoeoob-jetoindiretodafrase.Comovocêpodeobservarnafigura(3),háumarelaçãoentrepontosestabeleci-dosnoespaçoeosargumentosqueestãoincorpo-radosnoverbo.Esseéumtipodeflexãoprópriodaslínguasdesinais,comoobservadonaLínguade Fo
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27Capítulo 2
d)DIZER(Eudisseavocês)NaLínguaBrasileiradeSinais,ossinalizadoresestabelecemosreferentesassociadoscomumalocalizaçãonoespaço.Taisreferentespodemestarfisicamentepresentesounão.Depoisdeseremintroduzidosnoespaço,ospontosespecíficospodemserreferidosaolongododiscurso.Quandoosreferentesestãopre-sentes,ospontosnoespaçosãoestabelecidosbaseadosnaposiçãorealocupadapeloreferente.Porexem-plo,osinalizadorapontaparasiafimdeindicaraprimeirapessoa,paraointerlocutorafimdeindicarasegundapessoaeparaosoutrosparaterceirapessoa(cf.afigura4).Quandoosreferentesestãoausentes
guaBrasileiradeSinaissão,apenas,maisumainstânciadas línguasqueexpressamacapaci-dadehumanaparaalinguagem.atividade |
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dodiscurso,sãoestabelecidospontosabstratosnoespaço(cf.figura5).Os sinais manuais são frequentemente acompa-nhadosporexpressõesfaciaisquepodemserconsi-deradasgramaticais(paramaisdetalhesverBahan,1995eQuadros,1999).Taisexpressõessãochama-dasdemarcaçõesnãomanuais.
Apesardasucintaapresentaçãodealgunsestudosdaslínguasdesinais,osmecanismosespaciaisefa-ciaisaquiilustradosrefletemaexistênciadeumaestruturacomplexa.Oestudodaslínguasdesinaisindicaquetais línguassãoaltamenterestringidasporprincípiosgeraisquerestringemaslínguashu-manas.Portanto,aslínguasdesinaiscomoaLín-
DiferençasLíngua
Portuguesa
Língua Brasileira De Sinais
Canal de comunicação
Oral-auditivo
Interações culturas
Experiências baseada nos sons
Estrutura que especifica as unidades mínimas
Fonologia
28 Capítulo 2
2.Agora complete oquadro abaixo, conside-randoassemelhançasquevocêobservaentreasproduçõesnaLínguaPortuguesaenaLín-guaBrasileiradeSinais.3.AestruturadaLIBRASéconstituídacombaseemparâmetrosquesecombinam.Citeedescreveosparâmetrosprincipais.CM–(______________________________)____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
M-(________________________________)____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
PA-(________________________________)____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4.AlutadossurdospelaoficializaçãodaLi-bras,emâmbitonacional,culminouemgrandevitória.CitealeieodecretoqueoficializarameregulamentarmaLibras,respectivamente.LEInº______________________________Decretonº___________________________
5. Marcações não manuais, frequentementeacompanhamossinaismanuais,podendoserconsideradosgramaticais.Comosãochamadas
1.Completeoquadroabaixo,considerandoasdiferençasquevocêobservaentreaproduçõesna Língua Portuguesa e na Língua BrasileiradeSinais.
essasmarcações?
SemelhançasLíngua
Portuguesa
Língua Brasileira de Sinais.
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29Capítulo 2
6.Estudeovocabulárioabaixoetentesecomuni-caremLIBRAS.Boasorte!FIQUE LIGADO!
gLOssÁriO
CAsAmentO endOgâmiCO - espécie de tradição na narrativa do texto bíblico, que impõe, ou, ao menos, recomenda, o casamento no interior do clã, ou seja, o cônjuge deve ser encontrado no seio do parentesco ou mesmo da li-nhagem.
pidgin - pOrtuguês sinAlizAdO - a utilização de uma língua com a estrutura de outra. As línguas de sinais têm a sua própria estrutura. É incorreto fazer os sinais das Li-bras seguindo a estrutura da língua portuguesa.
línguA de sinAis - sinais gestuais que podem expressar letras, palavras ou frases inteiras e nos quais, devem-se considerar cinco parâmetros: a localização, a forma da mão, a orientação, os movimentos e a expressão facial.
mOrphemA - unidade mínima de significação composto por três quiremas: ponto de articulação (pa); configura-ção das mãos (cm);movimento (m).
QuiremA - segmento mínimo sinalizado. Corresponde ao fonema das línguas faladas.
dAtilOlOgiA - Forma de soletrar palavras com as mãos. Muito utilizado para nome próprio, nome de pessoas, nome geográfico e palavras estrangeiras. No entanto, nem todos os nomes de pesoas são soletrados. Frequen-temente, cria-se um sinal específico para se referir a uma determinada pessoa. Não é universal. Países diferentes possuem sinais datilológicos diferentes.
BilinguismO - falar duas línguas ou falar uma oral e outra sinalizada.
BiBLiOgrafia ALMEIDA, Elizabeth Oliveira Crepaldi de. Leitu-ra e surdez: um estudo com adultos não oraliza-dos. Rio d janeiro: Ed. REVINTER. 2000.
BERNARDINO, Elidéa Lúcia. Absurdo ou lógi-ca?: a produção linguística do surdo. Belo Hori-zonte: Editora Profetizando Vida, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Ensino da língua portugue-sa para surdos: caminhos para a prática peda-gógica. Brasília: MEC/SEESP, 2002. Volumes 1 e 2.
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais.Rio de Janeiro: Tempo Brasilei-ro: UFRJ, 1995.
BOTELHO, Paula. Linguagem e letramento na educação dos surdos-Ideologias e práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2002.
BOTELHO, Paula. Segredos e silêncios na edu-
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30 Capítulo 2
cação dos surdos. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
DANESI, Marlene Canarim (org.). O admirável mundo dos surdos: novos olhares do fonoaudi-ólogo sobre a surdez. Porto Alegre: Ed. EDIPU-CRS, 2001.
GÓES, Maria Cecília Rafael de. Linguagem, surdez e educação. Campinas, SP: Autores As-sociados, 1996. (Coleção educação Contem-porânea).
FERNANDES, Eulalia. Linguagem e Surdez. Por-to Alegre: Artmed, 2003.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de & GÓES, Maria Cecília Rafael de. (org) Surdez: proces-sos educativos e subjetividade. São Paulo: Ed. Lovise, 2000.
LODI, Ana Cláudia B. & Harrison, Katryn M. P. & TESKE, Ottmar (orgs). Letramento e minorias. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2002.
MOURA, Maria Cecília de. O Surdo.
NETO, Alfredo Veiga...[et al], SCHIMIDT, Saraí, (org). A educação em tempos de globalização. Rio de Janeiro: Ed. DP&, 2001.
QUADROS, R. M. de Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre. Artes Médicas. 1997.
QUADROS, R. M. e KARNOPP, L. B. de Língua de Sinais Brasileira: Estudos Lingüísticos. Porto Alegre. Artes Médicas (no prelo).
SKLIAR, Carlos (org.). Um olhar sobre as dife-renças. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1998.
SKLIAR, Carlos (org.). Atualidade da educação bilíngue para surdos. Porto Alegre?: Ed. Media-ção, 1999, Volumes 1 e 2.
SKLIAR, Carlos. La educación de los sordos: Una reconstrucción histórica, cognitiva y peda-gógica. Mendoza: Ed. Ediunc, 1997.
SKLIAR, Carlos (org.). Educação & exclusão: abordagens socioantropológicas em educação especial. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1997.
SOUZA. Regina Maria de. Que palavra te falta? Linguística, educação e surdez: considerações epistemológicas a partir da surdez.São Paulo: Martins Fontes, 1998.VIZIM, Marli & SILVA, Shirley (orgs). Educação especial: múltiplas leituras e diferentes significa-dos. Campinas.
Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Si-nais - MEC portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/tradutorlibras.pdfFormato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat Acesso pela internet em 16/02/2012
31Capítulo 3Capítulo 3
OBjetivOs específicOs
• ApresentaroensinoeaprendizagemdaLIBRASemsituaçõescontextualiza-dascomoelementodecomunicação.
intrOduçãO
Nestecapítulo,veremosoSistemadeTranscriçãodaLIBRASedaremosconti-nuidadeaoestudodosaspectoslinguísticosdaLínguaBrasileiradeSinais,abor-dando noções demorfologia, tendo como enfoque o substantivo, o verbo, oadjetivoeosnumerais.
1. sistema de transcriçãO da LiBras
ALIBRASéuma línguademodalidadegestual-visualcomcaracterísticaspró-prias, em todos os níveis gramaticais. Assim, quando precisamos escrever LI-BRASemportuguês,énecessáriousarconvençõesutilizadasporpesquisadoresdelínguasdesinais.Vamoscitar,aqui,TanyaFelipeeMyrnaMonteiro,quenostrazemváriasconsideraçõessobreessatemática(2001):
• Comoos sinaisdaLIBRAS são realizadosno espaço,para representá-los,sãousadososléxicosdalínguaportuguesa(LP)atravésdeletrasmaiúsculas.Exemplos:MENINO,BOLA,BRINCAR,etc.
• AlgunssinaisdaLIBRASsãorepresentadosutilizando-seduasoumaispala-vrasemlínguaportuguesa.Essessinaissãorepresentadospelaspalavrascor-respondentes separadas por hífen. Exemplos:NÃO-PODER,MEIO-DIA,NÃO-GOSTAR,etc.
• Quandoumsinalécomposto,istoé,dáideiadeumaúnicacoisa,maséforma-dopordoisoumaissinais,érepresentadoporduasoumaispalavrasdalínguaportuguesaseparadaspelosímbolo^.Exemplo:FACA^CORTAR=cortar.
sistema de transcriçãO características e
prOduçãO textuaL da LiBras
Profa. Kilma Gouveia de meloCarga Horária | 15 horas
32 Capítulo 3
• Nãohádesinênciasparagênero(masculinoefeminino)emLIBRAS.Osinalpararepresen-tarapalavradalínguaportuguesaquepossuiessasmarcasseráosímbolo@,quesubstituiráaúltimaletradapalavraescritacomletrasmai-úsculas.Exemplo:AMIG@;BONIT@;FEI@.
• Não há desinência para plural na LIBRAS.Podehaverumamarcadepluralpelarepetiçãodosinaloualongamentodomovimento,queserárepresentadaporumacruznoladodireitoacimadapalavraquerepresentaosinal:
Exemplos: CRIANÇA + “muitas crianças”; CARRO +
“muitoscarros” • Osverbosquesereferemalugarouapessoas
gramaticaisemovimentodirecionadoserãore-presentadospelapalavracorrespondentecomumaletraemsubscrito,queindicará:
a)Olugar: i=pontopróximoà1ªpessoa j=pontopróximoà2ªpessoa kek=pontospróximosà3ªpessoa e=esquerda d=direita b)Aspessoas: 1s,2s,3s=1ª,2ª,3ªpessoasdosingular 1d,2d,3d=1ª,2ª,3ªpessoasdodual 1p,2p,3p=1ª,2ª,3ªpessoasdoplural Exemplos: 1sENTREGAR2s“Euentregoparavocê” 2sDAR3p“Vocêdeuparaeles/elas”. KdANDARKe“Andardadireita (d)paraa
esquerda(e).”• Nomedepessoas,localidades,objetoseoutras
palavrasquaisquerquenãotenhamumsinalsão representadospeladatilologia (soletraçãodoalfabetomanual)etranscritaspelapalavraseparada, letraporletra,porhífen.Exemplo:C-A-S-A-M-E-N-T-O;J-O-Ã-O;M-A-R-I-A.
– G-I-R-A-F-A na língua brasileira de sinais(usandoadatilologia)
EstaéapalavraemportuguêsG-I-R-A-F-Aes-critautilizandooalfabetomanualdeLIBRAS–LínguaBrasileiradeSinais!
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AdatilologiaéasoletraçãodeumapalavrausandooalfabetomanualdeLIBRAS.
NaLínguaBrasileira de Sinais – LIBRAS, pode-mos nos referir ao animal usando a datilologia,alfabetomanualemquecadasinalcorrespondeaumaletra(imagensacima),mastambémpodemosutilizar um sinal específico para a palavra girafa,chamadode“sinaldagirafa”,comomostraaima-gemabaixo.
Jáosinaléformadocombasenacombinaçãodomovimento das mãos com um determinado for-mato(quechamamosconfiguraçãodemãosdeLI-BRAS),emumdeterminadolugar,podendoesteserumapartedocorpoouumespaçoemfrenteaocorpo.
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SINAL DA GIRAFA1º 2º
Adatilologiaémaisusadaparaexpressarnomedepessoas,localidadeseoutraspalavrasquenãopos-suemumsinalespecífico.Àsvezes,umapalavradalínguaportuguesaque,porempréstimo,passouapertenceraLIBRASporserexpressapeloalfabe-tomanualcomumaincorporaçãodemovimentoprópriodestalíngua,seráapresentadapelasoletra-çãooupartedasoletraçãocomoaspalavras“reais”e“nunca”,porexemplos:N-U-N-C-A,”nunca.”
Umapessoaquenãoésurdapodeusaradatilolo-giaquandoelanãosabeosinalcorrespondentedoquequerfalarcomumsurdo.Então,paraosurdoentenderdoquesetratadevemossoletrarusandooalfabetomanual.
33Capítulo 3
2. aspectOs LinguísticOs mOrfOLógicOs
2.1 suBstantivO
OssubstantivosemLIBRASnãoapresentamfle-xãodegênero:nãohádesinênciaparamarcarogê-neronossinais.Issoacontecetambémcomadjeti-vos,pronomesenumerais.Quandosequermarcarogênerodosubstantivo,faz-seosinaleacrescenta--seosinaldeHOMEMeMULHER.
Exemplos:
MENINO:sinaldehomem+sinaldecriançaMENINA:sinaldemulher+sinaldecriança
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Quandoosinalquepossuimarcadegênero(mas-culinoefeminino)éescritoemlínguaportuguesa(LP), usa-se o símbolo@para dar a ideia de au-sênciae/ouneutralidade.Exemplo:CUNHAD@,PRIM@VOV@,comojáfoidescritoacima.
2.2 verBO
DeacordocomQuadroseKarnopp(2004),osver-bosemLIBRASestãodivididosemtrêsclasses:
a. Verbos sem concordância: Eles não se fle-xionam em pessoa e número. Exemplos:PULAR, AMAR, BRIGAR, ARREPEN-DER, CONVERSAR, NADAR, DANÇAR,LER,PENSAR,ANDAReoutros.
34 Capítulo 3
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35Capítulo 3
b. Verbos com concordância:sãoosverbosqueseflexionamempessoaenúmero–têmmovimentos.Exemplos:ABENÇOARfig.1,ABRIR(recipiente)fig.2,ABRIR(janela)fig.3,ABRIR(armário)fig.5,ACUSARfig6,ABRIR(porta)fig7,entreoutros.
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ml
36 Capítulo 3
c. Verbos espaciais:Elestêmaçãoedireção.Ex:AJOELHAR-fig.1,AGRADECER-fig.3eCHEGAR–fig.4.Algunstêmumaformaicônicanamaneiraderealizarosinal.Ex:AJOELHAR-fig.1eCHO-RAR–fig.6.
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37Capítulo 3
d. especificidade de alguns verbos:
EmLIBRAS,algunsverbospossuemalgumasespe-cificidades.Sãoelas:
• Algunsverbosincorporamoobjeto:nãoháne-cessidadedesinalizaroverboeoobjetoparaestruturaraoração,porqueocomplementoéincorporadopelosinaldoverbo,complemen-tadopelomovimentorealizadoaoproduzirosinal.Exemplos:COMER,BEBER,etc.
• Osverbosquerepresentamfenômenosdana-turezasãoimpessoais(nãotêmsujeito).Exem-plos:CHOVER,NEVAR,TROVEJAR,etc.
• Podeaconteceraincorporaçãodanegaçãoemalguns verbosquepossuemumdeterminadomovimentoemumprimeiro,esefinalizacomum movimento contrário, que caracteriza anegaçãoincorporada,comonosverbos:QUE-RER/QUERERNÃO;GOSTAR/GOSTARNÃO.
• Anegação, segundoTanyaFelipe,pode tam-bémseincorporarsimultaneamenteaomovi-mentoouexpressãocorporalcomonosverbos:TER/TERNÃO;PODER/PODERNÃO.
• Anegação, alémde poder ocorrer pormeiodesses processos morfológicos acima, podetambém ocorrer sintaticamente porque,mediante os advérbios “NÃO” e “NADA”,pode-se construir uma frase negativa, comonoexemplo:EUINGLÊSSABERNÃO,EN-TENDERNADA.“Eunãoseiinglês,nãoen-tendonada”.
• OverboIResuasvariações NaLIBRAS,overbo“IR”possuiumaforma
neutracomoamaioriadosverbosdaLIBRAS,mas possui também formas quemarcam fle-xõespessoaisquepodemserempréstimosdaforma verbal em português, representadasatravésdesinaissoletradosoudousodoparâ-metro–direcionalidadepara:V-A-IeV- O-U;1sIR2se2sIR1s:
Exemplos:
a. VOCÊIRTRABALHAR?V-A-I?b. EU IRaceno de cabeça afirmativamente ou
EUV-O-Uacenodecabeçaafirmativamente.
OutrosExemplos:
a)1sIR2sCOMER!“Voucomer!”a)2sIR1sCOMER!“Vamoscomer!”
b)1sIR2sBEBER!“Voubeber!”b)2sIR1sBEBER!“Vamosbeber!”
c)1sIR2sDANÇAR!“Voudançar”c)2sIR1sDANÇAR!“Vamosdançar!”Osverbosdosegundogrupopodemtambémsersubdivididosem:
• Verbos que possuem concordância número--pessoal:aorientaçãomarcaaspessoasdodis-curso.Opontoinicialconcordacomosujeitoeofinalcomoobjeto.Comjásepodemconhe-ceraspessoasdodiscursocombasenaorienta-ção,geralmentenãoseutilizamospronomespessoais com esse tipo de verbo. Exemplos:
• Verbos classificadores: aconfiguraçãodemãoéumamarcadeconcordânciadegênero:PES-SOA,ANIMAL,COISA,VEÍCULO.Verbosquepossuemconcordânciadegênerosãocha-madosdeverboclassificadorporqueconcordacomosujeitoouobjetodafrase.Porexemplo,overboCAIRque,dependendodosujeitodafrase, terá uma configuração para concordarcomapessoa,acoisa,oanimalouoveículo:
SAIBA MAIS!
Acesse o site de Adoniran Melo para ver
os verbos em movimento.
http://adoniranmelo.blogspot.com.
br/2010/05/verbos-na-LIBRAS.html
2.3 adjetivOs
Os adjetivos são sinais que formam uma classeespecífica na LIBRAS e sempre estão na formaneutra, nãohavendo, portanto, nemmarca paragênero(masculinoefeminino),nemparanúmero(singulareplural).
Muitos adjetivos, por serem descritivos, apresen-tam iconicamente uma qualidade do objeto, de-senhando-anoaroumostrando-se amedianteoobjetoouocorpodoemissor.
38 Capítulo 3
Emportuguês,quandoumapessoaserefereaumobjetoarredondado,quadrado,listrado,entreoutros,estátambémdescrevendo,mas,emLIBRAS,esseprocessoémaissimples,mais“transparente”,porqueoformatoouatexturaétraçadonoespaçoounocorpodoemissor,emumatridimensionalidadepermitidapelamodalidadedalíngua.
Em relação à colocaçãodos adjetivosna frase, eles geralmente vêm, após o substantivoquequalifica.Exemplos:
1.EUPASSADOGORD@PORQUECOMERmuito,AGORAEUEMAGRECERPORQUEEUCO-MERPOUCOCOMEREVITAR.
2.ME@CARROBONIT@1sVERCARROveículoMOVERFEI@.
3.EUVERMULHERBONIT@CABELO-CREP@.MASME@ESPOS@CABELO-LIS@LIS@.
4.LEÃ@ENORMECORPOAMARL@.ÉPERIGOS@.
5.RAT@PEQUEN@,PRET@,ESPET@.
ConheçaalgunsadjetivosemLIBRAS.
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39Capítulo 3
2.4 numerais
Assim como na língua portuguesa, na LIBRAS,também, existem formasdiferentes para apresen-tar cada tipodenumeral.Não sepodeutilizar amesma configuração demão para a quantidade,paraonumeralcardinaleparaoordinal.Éneces-sáriaaobservaçãodocontextoemqueonumeralaparece:seindicaordem,quantidade,medida,ida-de,horas,valormonetário,etc.
numeraIS cardInaIS
Háformasdiferentesparasinalizarquantidadesecardinaisatéonumeral10.Apartirdo11,asfor-massãoidênticas,ousejabastajuntarossinaisdoscardinaisqueformamooutronúmero.
numeraIS ordInaIS
Osnumeraisordinais,doprimeiro(1º)atéonono(9º),têmasmesmasformasdoscardinais,mascomumadiferença:osordinaispossuemmovimentos,os outros não. Os ordinais do primeiro (1º) aoquarto(4º)têmmovimentosparacimaeparabai-
SAIBA MAIS!
Acesse os sites abaixo, para obter outras in-
formações sobre a LIBRAS. Confira os exem-
plos citados, acessando o site: HTTP://www.
acessobrasil.org.br/LIBRAS e aproveite para
treinar alguns sinais da LIBRAS.
http://editora-arara-azul.com.br/novoeaa/
http://www.feneis.com.br/page/
http://www.ines.gov.br/default.aspx
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40 Capítulo 3
xo,enquantoosdoquinto(5º)aonono(9º)movimentam-separaoslados.Apartirdedez,cardinaiseordinaissãorealizadosdeformaidêntica.
- expressão interrogativa ”QUANTAS HORAS”,tem um acréscimo da expressão facial para fraseinterrogativa.Essesinalestásemprerelacionadaaotempo gasto para se realizar alguma atividade.Aessesinal,podem-seincorporarosquantificadores:2,3,e4mas,apartirdaquintahora, jánãohámaisessaincorporação.
Exemplos:
1- QUE-HORA?
•AULACOMEÇARQUE-HORAAQUI?
•VOCÊ TRABALHAR COMEÇAR QUE--HORA?
•AULATERMINARQUE-HORA?
•VOCÊACORDARQUE-HORA?
•VOCÊDORMIRQUE-HORA?
InterrogatIva
2-QUANTAS-HORAS?
•VIAJARSÃO-PAULOQUANTAS-HORAS?
•TRABALHARESCOLAQUANTAS-HORAS?
Font
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valoreS monetárIoS
EmLIBRAS,paraserepresentarosvaloresmonetá-riosdeumaténovereais,usa-seosinaldonumeralcorrespondenteaovalor,incorporandoaesteosi-nalVÍRGULA.Porisso,onumeral,paravalormo-netário, terápequenosmovimentos rotativos.Po-demserusadostambém,paraessesvaloresacima,ossinaisdosnumeraiscorrespondentes,seguidosdos sinais soletradosR-L “real”ouR”real/reais”.
aS HoraS
NaLIBRAS,hádoissinaisparasereferiremàhora:umparasereferiraohoráriocronológicoeoutroparaaduração.OsinalHORA,comosentidodetempo cronológico, é sinalizado por um apontarpara o pulso e, quando utilizado em frase inter-rogativa-expressãointerrogativa”QUE-HORA?”,tem um acréscimo da expressão facial para fraseinterrogativa.Com relação àshorasdodia, sina-liza-se o sinalHORA, seguido de numerais paraquantidade.Apósdozehoras, não se continua acontagem,começa-seacontarnovamente:HORA1,HORA2,HORA3,acrescentandoosinalTAR-DE,quandonecessário,porquegeralmente,pelocontexto,jásesabeseosinalizadorestásereferin-doàmanhã,tarde,noiteoumadrugada.
OsinalHORA,comosentidodetempodecorridoouduração,ésinalizadoporumcírculoaoredordorostoe,quandoutilizadoemfraseinterrogativa
41Capítulo 3
SAIBA MAIS!
Os surdos como minoria linguística
Não se tem registro de quando os homens começaram a desenvolver comunicações que pudessem
ser consideradas línguas. Hoje a raça humana está dividida nos espaços geográficos delimitados
politicamente e cada nação tem sua língua ou línguas oficiais como o Canadá, que possui a língua
inglesa e a francesa. Os países que possuem somente uma língua oficial são, politicamente, mono-
língues, os que possuem duas são bilíngues e os que possuem mais de duas polilíngues.
Mas, em todos os países, existem minorias linguísticas que, por motivo de etnia e/ou imigração,
mantêm suas línguas de origem, embora as línguas oficiais dos países onde estas minorias coabi-
tam ou politicamente fazem parte, sejam outras. Esse é o caso das tribos indígenas no Brasil e nos
Estados Unidos e dos imigrantes que se organizam e continuam utilizando suas línguas de origem,
como nos Estados Unidos e na França. Os indivíduos dessas minorias geralmente são discriminados
e precisam se tornar bilíngues para poderem participar das duas comunidades.
Pode-se falar de bilinguismo social e individual, o primeiro é quando uma comunidade, por algum
motivo, precisa utilizar duas línguas, o segundo é a opção de um indivíduo para aprender outra lín-
gua além da sua materna. Geralmente os membros das minorias linguísticas se tornam indivíduos
bilíngues por estarem inseridos em comunidades linguísticas que utilizam línguas distintas.
Em todos os países, os surdos são minorias linguísticas como outras, mas não por causa da imi-
gração ou da etnia, já que a maioria nasce de famílias que falam a língua oficial da comunidade
maior, à qual também pertencem por etnia; eles são minoria linguística por se organizarem em
associações cujo fator principal de integração é a utilização de uma língua gestual-visual por to-
dos os associados. Sua integração está no fato de terem um espaço onde não há repressão de sua
condição de surdo, podendo expressarem-se da maneira que mais lhes satisfaçam para manterem
entre si uma situação prazerosa no ato de comunicação.
Quando imigrantes vão para outros países, formando guetos, a língua que levam, geralmente, é
a língua oficial de sua cultura, sendo respeitada, como língua, no país para onde imigram, mas
as línguas dos surdos, por serem de outra modalidade - gestual-visual e por serem utilizadas por
pessoas consideradas “deficientes” - por não poderem, na maioria das vezes, se expressar como
ouvintes - eram desprestigiadas e, até bem pouco tempo, proibidas de serem usadas nas escolas e
em casa de criança surda com pais ouvintes.
Esse desrespeito, fruto de um desconhecimento, gerou um preconceito e se pensava que esse tipo
de comunicação do surdo não poderia ser língua e se os surdos ficassem se comunicando por “mí-
mica”, eles não aprenderiam a língua oficial de seu país. Mas as pesquisas que foram desenvolvi-
das nos Estados Unidos e na Europa mostraram o contrário. Se uma criança surda puder aprender
a língua de sinais da sua comunidade surda, na qual está inserida, ela terá mais facilidade em
aprender a língua oral-auditiva da comunidade ouvinte a qual também pertencerá porque, nesse
aprendizado, que não pode ouvir os sons que emite, ela já trará internalizado o funcionamento e
as estruturas linguísticas de uma língua de sinais, a qual pôde receber em seu processo de apren-
dizagem um feedback que serviu de reforço para adquirir uma língua por um processo natural e
espontâneo.
Isso ocorre porque todas as línguas se edificam baseadas em universais linguísticos, variando ape-
nas em termos de sua modalidade (oral-auditiva ou gestual-visual) e suas gramáticas particulares,
transformando-se a cada geração, com base na cultura da comunidade linguística que a utiliza. Daí
é preconceito e ingenuidade dizer, hoje, que uma língua é superior a qualquer outra, já que elas,
como sistemas linguísticos, independem dos fatores econômicos ou tecnológicos, não podendo ser
classificadas em desenvolvidas, subdesenvolvidas ou, ainda, primitivas.
As línguas se transformam por meio das comunidades linguísticas que a utilizam. Uma criança
surda precisará se integrar à Comunidade Surda de sua cidade para poder ficar com um bom de-
sempenho na língua de sinais dessa comunidade. Como os surdos estão em duas comunidades,
precisam manter esse bilinguismo social, e, uma língua ajuda na compreensão da outra.
Fonte: LIBRAS em contexto
http://www.baixeturbo.org/2011/11/download-LIBRAS-em-contexto/
42 Capítulo 3
FIQUE LIGADO!
JogoS em lIbraS
Exercite-sebrincando,Vocêpodeacessarestesiteeprocuraroutrosparatestarsuapercepção.BOASORTE!http://www.educajogos.com.br/jogos-educativos
atividades |1.Pesquiseefaçaumalistade:
a)CincosinaisrealizadosemdiferentesPontosdeArticulação(PA).
b)CincosinaiscomamesmaConfiguraçãodeMãos(CM).
c)CincosinaiscomdiferentesMovimentos(M).
2.Revisetodoorepertóriodesinaisquevocêaprendeu até aqui. Para isso, exercite-se emfrenteaumespelho.
3.VocêjátemumabagagemlinguísticamuitoboaemLIBRASejáconhecebastantesnomeseverbos.Então,construa,pelomenos,trêsfra-sesusandoasconvençõesdoSistemadeTrans-criçãoesinalizeparaumcolega.
4.Descreva,porescrito,aformaçãodossinaisaseguir,esinalizeparaumcolegaouparaalguémda sua família os Sinais que você descreveu.
a) 10b) 205c) 32d) 47e) R$69f) 8h
5.RESPEITO– éumanecessidade concretados 345mil surdos brasileiros a quemaindasãonegadosdireitosbásicos,comoodacomu-nicação.Ilhadosemsualinguagemecercadospelopreconceito,elesseguemestrangeirosnoPaís.Esse texto fazpartedeuma reportagemfeita pelo Jornal doComércio (Ano 2 – nú-mero56–Recife)nodia06demaiode2012.Pesquise,sintetizeecomenteessarelevantere-portagem,deBrunaCabral.
gLOssÁriO
prOCessOs mOrfOlógiCOs - processo de decomposição das palavras em suas várias formas mínimas.
desinênCiAs - elementos colocados no final das palavras para indicar certos aspectos gramaticais que classificam os substantivos e adjetivos em masculino e feminino. Ex: menina – menino; singular e plural: meninas – meninos.
fOrmA iCôniCA - apresenta uma qualidade do objeto, de-senhado no ar ou mostrado no objeto ou no corpo do emissor, em tridimensionalidade permitida pela modalida-de da língua.
pArâmetrO - articulações das mãos, que podem ser com-paradas aos fonemas e, às vezes, aos morfemas. Em LI-BRAS, os parâmetros podem ser comparados a “peda-cinhos” de um sinal porque, no nível morfológico, eles podem ter significado, sendo, portanto, morfemas. São eles: configuração de mão, ponto de articulação, movi-mento e orientação.
inCOrpOrAçãO dA negAçãO - alguns verbos que possuem um determinado movimento em um primeiro e finaliza-se com um movimento contrário, que caracteriza a negação incorporada, como nos verbos: QUERER/QUERER NÃO; GOSTAR/GOSTAR NÃO
resumO
Este capítulo abordou o Sistema de Transcrição da LIBRAS e deu continui-dade ao estudo dos aspectos linguísti-cos da Língua Brasileira de Sinais. Você pode perceber que uma semelhança entre as línguas é que todas são estru-turadas com base em unidades mínimas que formam unidades mais complexas, ou seja, todas possuem os seguintes ní-veis linguísticos: o fonológico, o morfo-lógico, o sintático e o semântico. Neste capítulo, abordamos noções de morfo-logia tendo como enfoque o substanti-vo, o verbo, o adjetivo e os numerais. O que é denominado palavra ou item lexi-cal, nas línguas orais auditivas, são de-nominados sinais nas línguas de sinais.
43Capítulo 3
referÊncias
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasilei-ro: UFRJ, 1995.
Felipe, Tanya A. LIBRAS em contexto: curso bá-sico, livro do estudante cursista/ Tanya A. Fe-lipe – Brasília: Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, MEC; SEESP, 2001. 164 p.il. Quadros, Ronice Muller de Educação de sur-dos: a aquisição da linguagem/ Ronice Mul-ler de Quadros._ Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. Surdez – Educação – I Título
Quadros, Ronice Muller de Língua de Sinais brasileira: estudos linguísticos/ Ronice Muller de Quadros e Lodenir Becker Karnopp. – Porto Alegre: Artmed, 2004. 1.Línguística – Língua de Sinais –Surdos – Brasil. Karnopp, Lodenir Becker. II. Título.
45Capítulo 4Capítulo 4
OBjetivOs específicOs
• Refletirsobreaquestãodaeducaçãoinclusivadeestudantessurdosesobreadimensãoecaracterísticasdasaladeatendimentoeducacional–AEE;
• EstimularoconhecimentobásicodaLIBRASemsituaçõescontextualizadas,comoelementodecomunicação.
intrOduçãO
Nestecapítulo,iremosverificarascondiçõesnecessáriasparaaeducaçãoinclusi-vadeestudantessurdos,adimensãoeascaracterísticasdasaladeatendimentoeducacional–AEE,quedãoosuporteparaaexposiçãoeoestudodosconteúdoscurricularesabordadosnasaladeaularegularinclusiva.Daremoscontinuidade,ainda,àscaracterísticasdaLIBRAS,observandoseuaspectomorfológicoereven-doalgumasqueafazemumalínguacompleta.
1. educaçãO incLusiva para estudantes surdOs
APolíticaNacionaldeEducaçãoEspecialnaPerspectivadaEducaçãoInclusiva(2008)concebeaescolacomoumespaçodetodos,noqualcadaalunotempossi-bilidadedeaprender,valendo-sedesuasaptidõesecapacidades,aexpressarsuasideiaslivrementeeasedesenvolvercomocidadãos,nassuasdiferenças.
CristianeT.SampaioeSôniaR.Sampaio,nasuaobraEducaçãoInclusiva-opro-fessormediandoparaavida,escrevem:“Osdiferentesritmos,comportamentos,experiênciasimprimemaocotidianoescolarapossibilidadedetrocaderepertó-rios,devisõesdemundo,confrontos,ajudamútuaeconsequenteampliaçãodascapacidadesindividuais.”
ASecretariadeEducaçãoEspecialdoMinistériodaEducaçãopublicaumaco-leçãosobreaEducaçãoEspecialnaperspectivadaEducaçãoInclusiva,abordan-doumnovoconceitodeeducaçãoespecial.Apolíticaensejanovaspráticasde
educaçãO incLusiva para estudantes surdOs
saLa de atendimentO educaciOnaL - aee
Profa. Kilma Gouveia de meloCarga Horária | 15 horas
46 Capítulo 4
ensino, tendo em vista atender às especificida-desdosalunosqueconstituemseupúblicoalvoe garantir a todos o direito à educação. Dessaforma, trazendo contribuições para o entendi-mentodessaescolaedeseusserviços,vaitratardainterfaceentreodireitodetodosàeducaçãoe o direito à diferença, perpassando todas astransformações que a escola precisa fazer parase tornar um ambiente educacional inclusivo(ColeçãoAEducaçãoEspecialnaPerspectivadaInclusãoEscolar-2010).
ALínguadeSinaisé,certamente,oprincipalmeiodecomunicaçãoentreaspessoascomsurdez.Con-tudo,oseuusonasescolascomunseespeciais,porsisó,resolveriaoproblemadaeducaçãoescolardapessoasurda?
UmadasinovaçõestrazidaspelaPolíticaNacionaldeEducaçãoEspecialnaperspectivadaEducaçãoInclusiva (2008) é o Atendimento Educacional Especializado – AEE,umserviçodaeducaçãoes-pecialque“[...]identifica,elaboraeorganizarecur-sospedagógicosedeacessibilidade,queeliminemasbarreirasparaaplenaparticipaçãodosalunos,considerando suas necessidades específicas” (SE-ESP/MEC,2008).
2. saLa de atendimentO educaciOnaL especiaLizadO - saee
Odecretonº6.571,de17de setembrode2008,quedispõesobreoAtendimentoEducacionalEs-pecializado, destina recursos do FundoNacionaldeDesenvolvimentodaEducaçãoBásica–FUN-DEBaoAEEdealunoscomdeficiência,transtor-nos globais do desenvolvimento e altas habilida-des/superdotação, matriculados na rede públicadeensinoregular,admitindoocômputoduplodamatrículadessesalunosemclassecomumdoensi-noregularpúblicoenoAEE,concomitantemente,conformeregistronoCensoEscolar.
A Educação Inclusiva contrapõe a Educação Es-pecial e é pautada na valorização das diferenças,reconhecendohabilidadesecompetências.
Conforme Damázio (2007), o AEE envolve trêsmomentosdidáticospedagógicos:
• Atendimento Educacional Especializado emLIBRAS.
• Atendimento Educacional Especializado deLIBRAS.
• Atendimento Educacional Especializado deLínguaPortuguesa.
2.1 atendimentO educaciOnaL especiaLizadO em LiBras
Propostaquepossibilitaarelaçãodosalunoscomocurrículoescolar,reformulandoideaiseamplian-doconhecimentosacercadostemasdesenvolvidosem LIBRAS (L1- 1ªlíngua) e Português (L2 – 2ªlíngua),favorecendoodesenvolvimentodetodooprocessoeducativo.
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2.2 atendimentO educaciOnaL especiaLizadO de LiBras
Oestudoeapesquisadostermostécnico-científi-cosdasdiferentesáreasdoconhecimento,emLI-BRAS,estãoemprocessodedesenvolvimento,cujasistematizaçãovisaampliaroléxicodaLIBRASerealizá-lona interaçãoentrealunos,professoresetradutores/intérpretesdaLIBRAS.
AcriaçãoeorganizaçãodessestermosemLIBRASsão fundamentais para subsidiar o tradutor/in-térpreteeoprofessorbilíngueatrabalharemLI-BRAS,emseusvárioscontextoscientíficos.
47Capítulo 4
• Desenvolverreferencialteóricoquepossibilitea apreensão de termos inerentes ao conheci-mentocientífico;
• Construirconceitosemsaladeaulaepossibili-tarampliaçãodascompetênciaslinguísticasdapessoa comsurdez emLIBRASeemLínguaPortuguesa.
• Gerarnovasconvençõesemglossáriosedicio-náriosdaLIBRAS.
SegundoEduardoLucizanoeMônicaGargalaka,ométodo,normalmente,éoprincipalmeiodeco-municação.Emgeral,oensinoaconteceemgrupo,ouseja, se incluemaío fatosocialea interação.Toda ametodologia deve ser bem visual, pois ocanalmaisimportanteparaosurdoéavisão.Naleitura, as crianças fazem suas hipóteses sobre ofuncionamentodalínguaportuguesa,asquais,ela-boradasvisualmente,serãotestadasàmedidaqueascriançassurdastenhamacessoàsatividadesqueenvolvema escrita.Casoo aluno tenha conheci-mentoemLIBRAS,asituaçãosetornaaindamaisfavorável.Otrabalhoélento,porémmaisfácil,jáque,duranteasaulas,sempreexisteoparalelocomalínguadesinais.Oprofessortrabalhacomtemase, pormeio dessa estratégia, formula textos comhistóriasdosalunos,ensinandoconceitos,leitura,escrita,entreoutros.
Aaprendizagemdalínguaportuguesapropiciaaoalunocomsurdezautonomiaeefetivacomunica-ção com as pessoas ouvintes, especialmente pelousodamídiaviainternet,celularecartas.tareFaS do ProFeSSor de alunoS com Surdez na Sala de atendImento educacIonal eSPecIalIzado - aee
• Acolhimentodosalunos,queprecisamserva-lorizadosparaumarelaçãoderespeitoecon-fiançacomosprofessoresdaSAEE.
• Identificação de habilidades e necessidadeseducacionaisespecíficas,contemplandoaava-liaçãoinicialdoconhecimentodosalunos.
• Estudo dos termos científicos em LIBRAS,própriosdasáreasaseremestudadas.
• Identificação, organização e produção de re-cursosdidáticosacessíveis,paraseremusadosnasilustraçõesdasaulas.
• ArticulaçãocomoCoordenadorPedagógico,paragarantirvezevoznosConselhosdeClas-ses,Planejamentoseoutrasatividadespedagó-gicasdesenvolvidaspelaescola.
• Garantiadaparticipaçãodaspessoascomsur-dezemtodososeventosqueforemapresenta-dosevividospelaescola.
• Parceria com os professores da sala de aula,para discussão dos conteúdos curriculares,
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A professora no AEE ensina em LIBRAS, cons-truindo com o aluno conceitos sobre o ciclo devidadaTaeniaSolium,pormeioderecursosvisu-ais,taiscomoumamaquete,umcartazeumesque-letohumano.2.3 atendimentO educaciOnaL especiaLizadO de Língua pOrtuguesa
Apropostadidáticopedagógicaparaoensinodeportuguêsaosalunoscomsurdezseorientapelaconcepçãobilíngue-LIBRASePortuguêsescrito,comolínguasdeinstruçãodessesalunos.Aescolaconstituio localdaaprendizagemformalda lín-gua portuguesa namodalidade escrita, em seusvários níveis de desenvolvimento. Na educaçãobilíngue,osalunoseprofessoresutilizamasduaslínguasemdiversassituaçõesdocotidianoedaspráticasdiscursivas.
Pretende-sedesenvolveracompetênciagramaticaloulinguística,bemcomoatextualnosestudantescomsurdez.
Na organização do AEE, é possível atender aosalunosempequenosgrupos,sesuasnecessidadesforem comuns a todos. É possível, por exemplo,atenderaumgrupodealunoscomsurdezparaen-sinar-lhesLIBRASouLínguaPortuguesaescrita.
48 Capítulo 4
visandoàcoerênciaentreoplanejamentoeaSAEE,parapossibilitaroaprendizadoebuscadeapoioaseremcontempladosnoP.P.P.
• Informaçõesaosprofessoresdesaladeaulaso-breaimportânciaderecursosvisuaisqueenri-quecemasaulas,tornando-asmaisatraenteserepresentativas.
• Apoio aosprofessoresde salade aula, orien-tandoquantoàsavaliaçõesecorreçãodeati-vidadesdosalunoscomsurdez,respeitandoassuassingularidades.
• Orientaçãoquantoàfunçãodointérpreteemsaladeaula,principalmentequandoarelaçãoentreelesestiverememdificuldades.
• Promoçãodeencontroscomadireçãodaes-cola,embuscademelhoriasparaoalunocomsurdez,dentrodetodaconjunturaeducacional.
• PossibilitaracirculaçãodaLIBRASnaescola.
• Provereacompanharasfamíliascominforma-çõesnecessáriasparaodesenvolvimentoesco-lardosalunosatendidosnaSAEE.
OprofessordeAEEacompanhaatrajetóriaacadê-mica,noensinoregular,deseusalunosparaatua-remcomautonomianaescolaeemoutrosespaçosdesuavidasocial.Paraissoéimprescindívelaar-ticulaçãoentreoprofessordeAEEeosdoensinocomum.
• Conhecimentodaestruturadalínguaefluên-cianaLIBRAS.
• Identificação de habilidades e necessidadeseducacionaisespecíficas,contemplandoaava-liaçãoinicialdoconhecimentodosalunos.
• Identificação, organização e produção de re-cursosdidáticos acessíveispara seremusadosnasilustraçõesdasaulas.
• Garantia da participação da pessoa com sur-dezemtodososeventosapresentadosevividospelaescola.
atrIbuIçõeS do ProFeSSor da Sala comum
• ParceriacomoprofessordasaladeAEE,paradiscussãodosconteúdoscurriculares,visandoà coerência entreoplanejamento e a SAEE,para possibilitar o aprendizado e busca deapoioparaseremcontempladosnoP.P.P.
• Usoderecursosvisuaisqueenriquecemasaulas,tornando-asmais atraentes e representativas.
• Respeitoàssingularidadesdosalunoscomsur-deznasavaliaçõesecorreçõesdeatividades.
atrIbuIçõeS do IntérPrete eScolar
Font
e: H
TTP:
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e.co
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atrIbuIçõeS do ProFeSSor do aee
Os planos de AEE resultam da escolha do pro-fessorquantoaos recursos, equipamentoeapoiomaisadequadosparaquepossameliminarasbar-reirasqueimpedemoalunodeteracessoaoensi-noemsua saladaescolacomum,garantindo-lheaparticipaçãonoprocessoescolarenavidasocialemgeral,segundosuacapacidade.
Font
e: H
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Osfuturosprofessoresdevemterformaçãoespecí-ficaparaqueatendamaosobjetivosdaEducaçãoespecialnaperspectivadaEducação Inclusiva.Apropostaéquesejamrealizadasaçõesdeformação
49Capítulo 4
fundamentadasemmetodologiasativasdeapren-dizagem, tais comoEstudodeCasos,Aprendiza-gembaseada emCasos,Trabalhos comProjetos,Aprendizagemcolaborativa,entreoutros.
3. características da LiBras aspectOs LinguísticOs: mOrfOLógicOs e sintÁticOs3.1 prOnOmes pessOais
Segundo Tanya Felipe (2001), A LIBRAS possuiumsistemapronominalpararepresentaraspesso-asdodiscurso:
• Primeira pessoa (singular, dual, trial, qua-trial e plural):EU;NÓS-2;NÓS-3,NÓS-4,NÓS-GRUPO,NÓS-TOD@;
-primeirapessoadosingular:EUApontarparaopeitodoenunciador(apessoaquefala)
•primeirapessoadoplural:nós-2Apontarparaopeitodoenunciadoreparaapessoaqueestáao lado (ouna frente) simul-taneamente(usaraconfiguraçãodemãos“V”ounumeral“2”)
•primeirapessoadoplural:nós-3fazer um semicírculo, partindo do peito doenunciadorecirculandoatéapessoaqueestáao ladoena frente, simultaneamente (usaraconfiguraçãodemãos/numeral3).•primeirapessoadoplural:nós-4fazer um semicírculo partindo do peito doenunciador e circulando até a 4ª pessoa queestá ao lado ou na frente, simultaneamente(usaraconfiguraçãodemãos/numeral4).•primeirapessoadoplural:nós-tod@fazer um semicírculo, partindo do peito doenunciadorecirculandoatéaspessoasquees-tãoaoladoenafrente,simultaneamente(usaraconfiguraçãodemãos/“G”).
• Segunda pessoa (singular, dual, trial, quatrial
e plural):VOCÊ,VOCÊ-2,VOCÊ-3,VOCÊ4,VOCÊ-GRUPO,VOCÊ-TOD@
•segundapessoadosingular:VOCÊApontar para o interlocutor (a pessoa comquemsefala).• segunda pessoa do plural: VOCÊ+-2,VOCÊ+-3,VOCÊ+4,VOCÊ+-TOD@(aspes-soascomquemsefala).
-VOCÊ+-2(usaraconfiguraçãodemãos“V”ounumeral“2”,apontandoparaasduaspes-soas,simultaneamente).
-VOCÊ+-3,(usaraconfiguraçãodemãos/nu-meral3apontandoparaastrêspessoas,simul-taneamente).
-VOCÊ+4,(usaraconfiguraçãodemãos/nu-meral4,apontandoparaasquatropessoas,simultaneamente).
- VOCÊ+-GRUPO (usar a configuração demãos/“G”,apontando paraogrupoouosinaldegrupo).
-VOCÊ+-TOD@(usarosinaldegrupo–verlivro:LIBRASemContexto).
• Terceira pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EL@,EL@-2,EL@-3,EL@-4,EL@--GRUPO,EL@-TOD@
•terceirapessoadosingular:EL@-Apontarcomoindicadorparaumapessoaquenãoestánaconversaouparaumlugarconvencional.
• terceira pessoa do plural: EL@, EL@-2,EL@-3, EL@-4, EL@-TOD@ - Apontar parapessoasquenãoestãonaconversaouparaumlugarconvencional.
-EL@+-2(usaraconfiguraçãodemãos“V”ounumeral“2”,apontandoparaasduaspessoas,simultaneamente).
-EL@+-3, (usar a configuraçãodemãos/nu-meral3apontandoparaastrêspessoas,simul-taneamente).
-EL@+4, (usaraconfiguraçãodemãos/nu-meral4apontandoparaasquatropessoas,simultaneamente).
-EL@+-TOD@(usarosinaldegrupo–verli-
50 Capítulo 4
vro:LIBRASemContexto).3.2 prOnOmes demOnstrativOs a advérBiOs de Lugar
Na LIBRAS, como em Português, os pronomesdemonstrativoseosadvérbiosdelugarestãorela-cionadosàspessoasdodiscursoerepresentam,naperspectivadoemissor,oqueestábempróximo,pertooudistante.Elestêmamesmaconfiguraçãodemãosdospronomespessoais,masospontosdearticulaçãoeasorientaçõesdoolharsãodiferentes.
Ospronomesdemonstrativoseosadvérbiosdelu-garrelacionadosàs2ªe3ªpessoastêmomesmosi-nal,somenteocontextoosdiferenciapelosentidodafrase,acompanhadosdeexpressãofacial.
Ospronomesdemonstrativoseosadvérbiosdelu-gar relacionados à 1ª pessoa,EST@/AQUI, sãorepresentadosporumapontarparaolugarpertoeemfrentedoemissor,acompanhadodeumolharparaesseponto.EST@tambémpodesersinaliza-doaoladodoemissorapontandoparaapessoa/coisamencionada.
ESS@/AÍéumapontarparaolugareemfrentedo receptor, acrescido de um olhar direcionadonãoparaoreceptor,masparaopontosinalizadocom relação à coisa/pessoaque estápertoda se-gundapessoadodiscurso.
AQUEL@/LÁéumapontarparaumlugarmaisdistante,olugardaterceirapessoa,masdiferente-mentedopronomepessoal,aoapontarparaesteponto,háumolhardirecionadoparaacoisa/se-gundapessoadodiscurso.
Como os pronomes pessoais, os pronomes de-monstrativos também não possuem marca paragênerosmasculinoefeminino.3.3 prOnOmes pOssessivOs
Ospronomespossessivos,comoospessoaisede-monstrativos,tambémnãopossuemmarcaparagê-neroeestãorelacionadosàspessoasdodiscursoenãoàcoisapossuída,comoaconteceemportuguês:
• EU-ME@SOBRINH@• VOCÊ-TE@ESPOS@• EL@-SE@FILH@/DEL@
Para a primeira pessoa: ME@, pode haver duas
configuraçõesdemão:uma é amão aberta comos dedos juntos, que bate levemente no peitodoemissor;aoutraéaconfiguraçãodamãoemP comodedomédiobatendonopeito–MEU--PRÓPRIO.Paraassegundaeterceiraspessoas,amãotemessasegundaconfiguraçãoemP,masomovimento é emdireção à pessoa comquem sefala (segunda pessoa) ou está sendomencionada(terceirapessoa).
Nãohásinalespecíficoparaospronomespossessi-vosnodual,trial,quadrialeplural(grupo).Nessassituações,sãousadosospronomespessoaiscorres-pondentes.Exemplo:NÓSFILH@“nosso(a)filh(a).
3.4 prOnOmes interrOgativOs
Os pronomes interrogativos QUE e QUEMgeralmente sãousadosno inícioda frase,masopronome interrogativoONDEeopronomeQUEM, quando estão sendo usados com osentidode“quemé”ou“dequemé”sãomaisusadosno final.Todosos três sinais têmumaexpressão facial interrogativa feita simultanea-mentecomeles.
OpronomeQUEM,dependendodo contexto,podeterduasformasdiferentes,ossinaisQUEMeosinalsoletradoQUM.“Sesequerperguntar“quemestátocandoacampainha”,usa-seosinalQUEM;sesequerperguntar“quemfaltouhoje”ou“quemestáfalando”ouainda“quefezisso”,usa-se o sinal soletradoQUM conforme exem-plosabaixo”:
Interrogação1. QUEM QUEMNASCERRIO? QUEMFAZERISSO? PESSOA,QUEM-É?“Queméestapessoa?” CANETA,DE-QUEM-É “De quem é esta
caneta” (contexto:telefoneTDDtocar)QUEM-É? (contexto:Campainhatocar)QUEM-É?
Interrogação2. Q-U-M Q-U-MTERLIVRO? Q-U-MFALAR?
Fonte:LIBRASemcontextohttp://www.baixeturbo.org/2011/11/download--LIBRAS-em-contexto/
51Capítulo 4
3.5 Os advérBiOs de tempO
NaLIBRAS,nãohámarcade temponas formasverbais,écomoseosverbosficassemnafrasequa-sesemprenoinfinitivo,queéumtemponeutro.O tempo émarcado sintaticamentepormeiodeadvérbios de tempo que indicam se a ação estáocorrendonopresente:HOJE,AGORA;ocorreunopassado:ONTEM,ANTEONTEM;ouirácor-rerno futuro:AMANHÃ.Por isso, os advérbiosgeralmentevêmnocomeçodafrase,maspodemserusadostambémnofinal.Paraumtempoverbalindefinido,usam-seossinais:
• HOJE,quetrazaideiade“presente”;• PASSADO,quetrazaideiade“passado”;• FUTURO,quetrazaideiadefuturo.
advérbIoS de temPo (FrequêncIa)
NaLIBRAS,háexpressõesespecíficaspararepre-sentarfrequênciadeumaaçãoealgunssãoexpres-sõesidiomáticas:
• NUNCApode ter o sinal e sinal soletra-do, NUNCA-MAIS, NUNCA-VI são si-naissoletrados.
• FREQUENTEeFREQUENTEMENTEpos-suem a mesma configuração de mão, mas,paraoprimeirodaraideiadequetemaspectocontínuo,osinaléfeitorepetidamente;
• SEMPRE (CONTINUAR) e MESMO pos-suemamesmaconfiguraçãodemão,mas,noprimeiro,háummovimentoparaafrentedoemissor,enquantoosegundoficanomesmopontodearticulaçãoinicial;
• MESMA^COISAéumsinalcompostoforma-dopelo sinalMESMOmaiso sinal IGUAL,comosentidode“sempre”.Exemplo:
1.VOCÊESTUDARAINDAINES?AfirmativamenteEUCONTINUAR.2.EL@SEMPREFALARA-MESMA^COISA3. TDD DIFERENTE EU NUNCA-VI. EUCONHECERNÃO!
Fonte:LIBRASemcontextohttp://www.baixeturbo.org/2011/11/download-
-LIBRAS-em-contexto/FIQUE LIGADO!
Aquisição de língua de sinais por crianças surdas
Háalgumasdécadas,nosEstadosUnidos,pesqui-sadoresvêmdesenvolvendopesquisassobrealín-guadesinaisamericana(ASL)esobresuaaquisi-çãoporcrianças.
Todasessaspesquisastêm,comosujeitos,criançassurdas,filhasdepaissurdos,portanto,aaquisiçãodaASLsedácomoprimeiralíngua(L1),mastra-balhando tambémcomcrianças surdas, filhasdepais ouvintes e com crianças ouvintes, filhas depaissurdos.Outraspesquisas,ainda,trabalharamcomcrianças surdas, filhasdepaisouvintesque,por causado fatodenão seremexpostas àASL,desenvolvemsistemasdecomunicaçãogestuaisin-ventados.
Dessaspesquisas,pode-sedestacarqueoprocessodeaquisiçãodaASLéigualaoprocessodeaquisi-çãodelínguasoraisauditivas,ouseja,obedecendoàmaturaçãodacriança,quevai internalizandoalínguacombasenomaissimplesparaomaiscom-plexo,háasseguintesfases:1. Primeira: Háumperíodoinicialqueseasse-
melhaaobalbuciodascriançasouvintes,nes-ta faseacriançaproduz sequenciasdegestosque fonologicamente se assemelham aos si-nais,masnãosãoreconhecidoscomotal,sãosomentemovimentosdasmãoscomalgumasformas.
2. Segunda:Frase de uma palavra:acriançasur-dacomeçaanomearascoisas,aprendeauniro sinal aoobjeto,produzindo suasprimeiraspalavras.Comoacriançaouvinte,queaindanão pronuncia corretamente as palavras nes-sa fase, a criança surda também fazos sinaiscomerrosnosparâmetros,porexemplo,podetrocaraconfiguraçãodasmãosouopontodearticulação,masoadultocompreendequeelaproduziuumsinalnalíngua.
Nessafase,sãoproduzidosdoistiposdesinais: a)Pronomes-aosdezmeses,umacriançasur-
dapodeapontarparasieparaosoutros.Mas,ospontosparapessoasdesaparecemcompleta-mentedaproduçãolinguísticadacriançasur-dadosdozeadezoitomesesesóreaparecem
52 Capítulo 4
depois desse tempo, entre dois a três anos.Talveznesseperíodohajaapassagemdoapon-tarnãolinguísticoparaoapontarlinguístico,ouseja,autilizaçãodospronomesdemaneiraconsciente, e não simplesmente um apontarparaalgo;
b)ossinaiscongelados,quesãoosmesmossi-naisdosadultos,massemflexãodenúmero,ouconcordânciaverbalouaspectos.
3. Terceira: frase de duas palavras: apartirdosdois anos emeio, a criança surda começa aproduzirfrasesdeduaspalavras,iniciandosuasintaxe,masaspalavrasaindasãousadassemflexãonemconcordância.Aordemdaspala-vrasconstituirásuaprimeirasintaxe.
Dessafaseemdiante,acriançasurdacomeçaaadquiriramorfologiadeumalínguadesinais,aaquisiçãodesubsistemasmorfológicosmaiscomplexos continua até aos 5 anos, quandotambémjáproduziráfrasesgramaticaismaio-resemaiscomplexas.Oprimeirosubsistemamaiscomplexoqueadquireéaconcordânciaverbal.Comosepôdeobservar,combaseemalguns aspectos, o processo de aprendizagemdeumalínguadesinaisésemelhanteaopro-cessodeaquisiçãodequalquerlíngua.Quantomaiscedoumacriançasurdaentrarnessepro-cesso,maisnaturaleleserá.
Fonte:LIBRASemcontextohttp://www.baixeturbo.org/2011/11/download-
-LIBRAS-em-contexto/atividades |1.Traceumparalelo envolvendoos trêsmo-mentos didático-pedagógicos do AEE, ressal-tandoospontosprincipaisdecadaum:
2.CombasenoquefoiestudadosobreaEdu-cação Inclusivaparaestudantes surdos, escre-vaumpequenotextocomentandoaseguinteafirmaçãofeitaporMarchaForest,queassimse refere ao caleidoscópio educacional:O ca-leidoscópioprecisadetodosospedaçosqueocompõem.Quandoseretirampedaçosdele,odesenhosetornamenoscomplexo,menosrico.Ascrianças sedesenvolvem,aprendemeevo-luemmelhoremumambientericoevariado.
3. Sinalize para outra pessoa algumas frasesquecontenhamadvérbios.
4.Treineossinaisapresentadosnorepertóriodocapítulo.
5.Pesquiseo texto referenteàDeclaraçãodeSalamanca e outros documentos oficiais quetratemdeeducaçãoparatodoseeducaçãoin-clusiva.Valendo-sedeles,construasuaprópriadefiniçãoparaostermosaseguir:
a)Educaçãoespecial;b)Educaçãoinclusiva;
SAIBA MAIS!
É importante salientar que,
além das configurações de
mãos que representam cada
letra do alfabeto da língua
portuguesa, há muitas outras
configurações de mãos.
Uma conversação jamais
poderá ser mantida usando
apenas o alfabeto manual.
O léxico de LIBRAS são os si-
nais usados nessas línguas
da mesma forma que as pa-
lavras são usadas nas línguas
orais auditivas.
Font
e:
53Capítulo 4
resumO
Este capítulo abordou a questão da educação inclusiva de estudantes surdos e a dimensão e características da sala de atendimento educacional – AEE, dando também continuidade ao estudo dos aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais, observando pronomes e advérbios. Dessa forma, foi apresentada a complexidade da LIBRAS, trazendo mais uma vez à tona características peculiares que fazem dela uma língua completa semelhante em alguns aspectos às línguas orais.
Chegamos ao final da nossa caminhada que muito enriqueceu a todos nós, e que certa-mente irá contribuir com o processo educativo inclusivo.
embrando que você deve praticar a língua de sinais, efetivando e aprofundando seus co-nhecimentos em LIBRAS, mediante a comunicação com pessoas surdas.
Font
e:
54 Capítulo 4
c) Portadores de necessidades educacionais espe-ciais.
gLOssÁriO
CômputO - contagem, cálculo.
ACESSIBILIDADE - recursos pedagógicos que colaboram para que pessoas com deficiência participem ativamente do processo escolar, Os recursos podem ser considerados ajuda, apoio e também meios utilizados para alcançar um determinado objetivo; são ações, práticas educacionais ou material didático.
sistemAtizAr - reduzir (vários elementos) a um sistema.
léxiCO - o conjunto das palavras usadas numa língua ou num texto.
sAee - sala de atendimento educacional especializado.
ppp - projeto político pedagógico
suBsidiAr - dar subsídio a/ ajuda
COmuniCAçãO gestuAl inventAdA - mímica ou gestos caseiros
referÊncias
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasilei-ro: UFRJ, 1995.
Felipe, Tanya A. LIBRAS em contexto: curso bá-sico, livro do estudante cursista/ Tanya A. Feli-pe – Brasília: Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, MEC; SEESP, 2001. 164 p..il. Quadros, Ronice Muller de Educação de sur-dos: a aquisição da linguagem/ Ronice Mul-ler de Quadros._ Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. Surdez – Educação – I Título
Mantoan, Maria Teresa Egler Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer?/ Maria Teresa Egler Mantoan. – 2. Ed.- São Paulo: Moderna, 2006. – (Cotidiano escolar: ação docente).
Quadros, Ronice Muller de Língua de Sinais brasileira: estudos linguísticos/ Ronice Muller de Quadros e Lodenir Becker Karnopp. – Porto Alegre: Artmed,2004. 1.Línguística – Língua de Sinais –Surdos – Brasil. Karnopp, Lodenir Be-
cker. II. Título.
Rapoli, Edilene Aparecida. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola co-mum inclusiva,/Edilene Aparecida Rapoli... [st.al.]. – Brasília: Ministério da Educação, Secre-taria de Educação Especial; [Fortaleza]: Univer-sidade Federal do Ceará, 2010.