Post on 01-Aug-2020
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão Industrial
Equipa 1MIEGI3_02 Gonçalo Sousa - 201606924 Guilherme Rolo - 201606926
Inês Ribeiro - 201603573 Ivânia Barbosa - 201606929
João Vieira - 201606932
Coordenador geral do Projeto FEUP
Prof. Manuel Firmino Torre & Prof.ª Sara Pinho Ferreira
Coordenação do curso Prof. Luís Guimarães
Supervisor Prof.ª Dulce Soares Lopes
Monitor Hermano Rodrigues Maia
LITERACIA FINANCEIRA
Literacia Financeira nos alunos da FEUP
Projeto FEUP 2016/2017
Literacia Financeira | Projeto FEUP
I
RESUMO
A literacia financeira é algo cada vez mais importante nos dias de hoje. Com o aumento
da complexidade dos mercados e dos produtos financeiros, acompanhada de uma
generalização dos mesmos para os consumidores, com a crescente preocupação da
sociedade em relação à literacia financeira, a sobrecarga dos consumidores com cada vez
mais responsabilidades fiscais e uma maior competitividade ao nível das empresas, tornou-
se necessário a formação da população nesta área.
O objetivo do trabalho foi averiguar o grau de literacia financeira dos alunos da FEUP e
comparar esses resultados com a população portuguesa.
Para isso, foi elaborado um inquérito cujo objetivo foi avaliar os conceitos e noções
básicas de finanças. Depois de os resultados serem tratados e analisados foi concluído que
os alunos da FEUP apresentam conhecimentos de grau médio.
As perguntas que apresentaram mais dificuldade relacionam-se com conceitos como
TAEG, PIB, PNB e requisitos para pedir empréstimos. Por outro lado, os inquiridos
apresentaram conhecimentos de grau satisfatório em perguntas relacionadas com a
avaliação das possibilidades de compra do consumidor e o planeamento e poder de decisão
no que diz respeito a poupanças e fontes de rendimento.
De uma maneira geral pode-se afirmar que os alunos de 5º ano apresentam um grau mais
elevado de literacia financeira, quando comparados aos alunos de 1º ano. Tal facto pode ser
facilmente explicado já que, ao longo das suas vidas académicas e pessoais, os alunos são
confrontados com desafios e situações que lhes exigem a aquisição destes conhecimentos.
No caso particular do curso de Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão Industrial, a
diferença existente entre anos é também sustentada pelo facto de, ao longo do curso, os
alunos adquirem conhecimentos financeiros que fazem parte do seu plano de estudos.
Depois de analisados os resultados, tanto dos portugueses como dos alunos da FEUP,
concluiu-se que, em ambos os casos, a literacia financeira apresenta um grau aceitável.
Perante o cenário atual, em que o grau de literacia financeiro da população se encontra
num nível abaixo do desejado, é necessário implementar certas medidas que possibilitem a
instrução da população nesta área. Algumas destas medidas passam pela criação de
websites pedagógicos, formação nas escolas e em ações de sensibilização para a
população.
Literacia Financeira | Projeto FEUP
II
INDICE
1. Introdução ..................................................................................................................................... 1
2. Conceito de Literacia Financeira ................................................................................................... 2
3. Literacia Financeira em Portugal ................................................................................................... 3
Portugal como país da OCDE e da UE ................................................................................................ 3
Literacia Financeira em Portugal ....................................................................................................... 3
4. Inquérito ........................................................................................................................................ 5
Objetivos do inquérito....................................................................................................................... 5
Aspetos metodológicos ..................................................................................................................... 5
População .......................................................................................................................................... 6
Amostra ............................................................................................................................................. 6
Execução do Inquérito ....................................................................................................................... 7
5. Análise descritiva dos resultados do inquérito ............................................................................. 7
Caraterização dos inquiridos ............................................................................................................. 7
6. Análise das respostas do questionário .......................................................................................... 9
Pergunta 4 ......................................................................................................................................... 9
Pergunta 5 ....................................................................................................................................... 10
Pergunta 6 ....................................................................................................................................... 10
Pergunta 7 ....................................................................................................................................... 12
Pergunta 8 ....................................................................................................................................... 14
Pergunta 9 ....................................................................................................................................... 16
Pergunta 10 ..................................................................................................................................... 17
Pergunta 11 ..................................................................................................................................... 19
7. Comparação entre os portugueses e os alunos da FEUP ............................................................ 20
8. Benefícios de uma educação financeira ...................................................................................... 21
Estratégias para o desenvolvimento da literacia financeira ........................................................... 22
A estratégia de Portugal .................................................................................................................. 23
9. Conclusão .................................................................................................................................... 25
10. Anexos ..................................................................................................................................... 26
11. Bibliografia ............................................................................................................................... 28
Literacia Financeira | Projeto FEUP
III
INDICE DE GRÁFICOS
Figura 1 Distribuição dos inquiridos por curso, ano e idade, respetivamente ..................................... 8
Figura 2 Distribuição dos inquiridos por Fonte de Rendimento ........................................................... 8
Figura 3 Distribuição das respostas à pergunta 4 ................................................................................. 9
Figura 4 Distribuição das respostas à pergunta 5 ............................................................................... 10
Figura 5 Distribuição das respostas à pergunta 6 ............................................................................... 10
Figura 6 Distribuição das respostas à pergunta 6 por anos ................................................................ 11
Figura 7 Distribuição das respostas à pergunta 6 por cursos .............................................................. 11
Figura 8 Distribuição das respostas à pergunta 7 ............................................................................... 12
Figura 9 Distribuição das respostas à pergunta 7 por cursos .............................................................. 13
Figura 10 Distribuição das respostas à pergunta 7 por anos .............................................................. 13
Figura 11 Distribuição das respostas à pergunta 8 ............................................................................. 14
Figura 12 Distribuição das respostas à pergunta 8 por anos .............................................................. 14
Figura 13 Distribuição das respostas à pergunta 8 por cursos ............................................................ 15
Figura 14 Distribuição das respostas à pergunta 9 ............................................................................. 16
Figura 15 Distribuição das respostas à pergunta 9 por anos .............................................................. 16
Figura 16 Distribuição das respostas à pergunta 10 ........................................................................... 17
Figura 17 Distribuição das respostas à pergunta 10 por anos ............................................................ 17
Figura 18 Distribuição das respostas à pergunta 10 por cursos .......................................................... 18
Figura 19 Distribuição das respostas à pergunta 11 ........................................................................... 19
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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1. Introdução
O relatório, realizado no âmbito da unidade curricular projeto FEUP, tem como
objetivo analisar o grau de literacia financeira dos estudantes da FEUP e, posteriormente,
comparar esses resultados com o grau de literacia financeira dos portugueses.
Atualmente, com mercados cada vez mais competitivos, uma maior diversidade de
ofertas financeiras e um aumento de responsabilidade por parte dos consumidores, o
conceito de literacia financeira impõe-se como sendo um recurso precioso e imprescindível.
É do interesse comum que o nível de literacia financeira nacional seja alto pois, ao
mesmo tempo que traz estabilidade ao setor financeiro, transmite uma sensação de
segurança e de bem-estar aos consumidores. Assim se explica a atual preocupação com o
nível de literacia financeira dos cidadãos: a falta desta pode ter consequências graves tanto
na economia familiar como nos mercados financeiros.
Torna-se assim necessário avaliar o estado atual de literacia financeira em Portugal
e adotar as medidas necessárias para a formação de uma nova geração de consumidores,
cada vez mais capazes e informados. Muito deste trabalho de “campo” centra-se na
educação dos mais jovens, com apostas em plataformas virtuais e formação nas escolas,
assim como na sensibilização da opinião pública com palestras e divulgação de informação.
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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2. Conceito de Literacia Financeira
Ao longo dos últimos anos, a literacia financeira tem vindo a ganhar importância na
sociedade. As crises financeiras que abalaram o mundo assim como uma crescente
inovação do sistema financeiro exigem um conhecimento cada vez mais aprofundado por
parte dos cidadãos.
Na verdade, foi a grande crise financeira mundial que se fez sentir a partir de 2008, que
impulsionou o conceito de literacia financeira. Outrora um tipo de conhecimento desprezado
por quem não era entendido na matéria de finanças, passou a ser uma ferramenta essencial
para muitas famílias portuguesas que, desde 2011, começaram a assistir a uma redução
salarial e a um aumento do desemprego um pouco por todo o país. Deste modo, os
portugueses viram-se "forçados" a pesquisar e a saber mais sobre o tema, de modo a poder
avaliar e controlar melhor os gastos de em função do seu novo rendimento.
A literacia financeira define-se, então, de acordo com PISA (2012:144), como sendo "o
conhecimento e a compreensão de conceitos e riscos financeiros, as habilidades, a
motivação e confiança para aplicar esse conhecimento e compreensão a fim de tomar
decisões eficazes em diversos contextos financeiros, para melhorar o bem-estar financeiro
de indivíduos e da sociedade, e para permitir a participação na vida económica."
Ora, a literacia financeira adquire, portanto, um papel fundamental na sociedade em que
vivemos. Na hora de fazer um orçamento para as compras domésticas, de decidir em que
banco abrir uma conta ou em que projetos vale a pena investir, entre tantos outros exemplos,
a capacidade de decisão e de análise que cada consumidor tem é, garantidamente, uma
mais-valia, já que se torna capaz de tomar melhores decisões quando confrontado com
situações que envolvam a prática de conhecimentos financeiros.
Concluímos, deste modo, que um espírito crítico e de pró-atividade aliado a princípios
como a valorização da cultura de poupança, a alteração de hábitos de consumo e a
importância de um orçamento familiar, entre outros, estão incontornavelmente associados a
uma boa literacia financeira, cujo objetivo é fornecer estratégias adequadas a quem tenciona
tirar melhor proveito do seu rendimento.
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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3. Literacia Financeira em Portugal
Portugal como país da OCDE e da UE
Um estudo revelado pela OCDE a 11 de outubro de 2016, que testou os conhecimentos
e as atitudes dos cidadãos relativamente à gestão do seu rendimento (e do dinheiro que se
pede emprestado) revela que Portugal é o 10º país com maior taxa de literacia financeira
dentre um universo de 29 países.
No entanto, o grau global de literacia financeira continua a ser relativamente baixo na
maior parte dos países desenvolvidos (a pontuação média no estudo foi de 13,2 num total
de 21), o que significa que há ainda muita melhoria pela frente.
Assim, Portugal teve uma pontuação de 14, situando-se ligeiramente acima da média.
Com melhores resultados encontra-se a França, a Finlândia e a Noruega (com 14.9, 14.8 e
14.6, respetivamente). A área mais forte dos portugueses foi o domínio de organização das
despesas, com 72% dos inquiridos a afirmarem a elaborar um orçamento familiar
(comparado com 57% da OCDE), pagando atempadamente as contas sem recorrer a crédito
para cobrir as despesas mensais habituais. Por último, admitem ser responsáveis pelas
escolhas relativas às finanças pessoais, não responsabilizando o gestor de conta (68%
contra 52%).
Por outro lado, um dos aspetos mais negativos é relativo à passividade na gestão da
poupança: esta apenas resulta de uma poupança ativa para 35% dos inquiridos,
contrastando com a média de 60% da OCDE.
Literacia Financeira em Portugal
No inquérito levado a cabo pelo Banco de Portugal em 2010 com o objetivo de aferir se
os portugueses tomam decisões informadas quando gerem o seu dinheiro, os resultados
apontam para um grau de literacia financeira relativamente positivo. Este questionário teve
por base 94 perguntas que incidiram em diferentes áreas financeiras: gestão da conta
bancária, planeamento das despesas, poupança, inclusão e compreensão financeira, entre
outras. Concluiu-se que, de um modo geral, há uma preocupação com o planeamento do
orçamento familiar e com o consumo.
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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Em termos de planeamento orçamental, perto de metade dos inquiridos dizem fazer
poupanças. Dos indivíduos que não poupam, quase 90% afirma não ter rendimento
suficiente para o fazer.
Por outro lado, uma maioria afirma poupar por razões de precaução, mas objetivos
imediatos como férias e compra de bens duradouros são também dados como resposta.
Apenas uma percentagem muito reduzida dos portugueses afirma poupar a pensar na
reforma. Na área das poupanças e planeamento orçamental, os idosos e reformados
apresentam melhores resultados.
Na escolha de um banco, os critérios dados como mais importantes são a recomendação
de amigos ou familiares e a proximidade de casa/local de trabalho. Os custos e a
remuneração são postos em segundo plano pela maior parte dos portugueses, e quase um
quarto afirma não saber os custos de manutenção da sua conta.
Uma elevada percentagem dos portugueses analisa a informação pré-contratual
disponibilizada pelos bancos, mas apenas uma pequena parte a usa para fazer uma
comparação entre as diferentes instituições.
Na escolha de um empréstimo, o valor da prestação é o principal critério dos portugueses,
o que mostra a preocupação com o esforço mensal associado à dívida. Contudo, mais de
10% dos inquiridos afirma ter encargos com empréstimos superiores a 50% do seu
rendimento.
Assim, na escolha de produtos bancários, as pessoas com grau de escolaridade mais
elevado fazem melhores decisões.
No entanto, os piores resultados são na área do conhecimento das fontes de informação.
Quatro quintos dos portugueses admitem não acompanhar as notícias relativas à legislação
e à regulamentação de produtos bancários. Para além disso, os conceitos financeiros
também não são o seu forte.
Apesar dos resultados globalmente positivos no que toca à literacia financeira, há grupos
populacionais cujos níveis de literacia são bastante inferiores à média, em particular os de
baixo nível de escolaridade e rendimento. Para além disso, a população mais idosa (idade
superior a 70 anos), os jovens e os desempregados são outros grupos com maior carência.
Do outro lado do espetro, encontram-se indivíduos com uma escolaridade ao nível da
licenciatura ou superior, com idades entre os 24 e os 59 anos e com níveis de rendimento
mais elevado (acima de 1.000 euros líquidos mensais).
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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4. Inquérito
Objetivos do inquérito
Os alunos da FEUP, das turmas 3 e 4 do 1º ano do Mestrado Integrado em Engenharia
e Gestão Industrial (MIEGI), formularam um inquérito direcionado a estudantes desta mesma
faculdade, de diversos anos e cursos. Realizado com o objetivo de avaliar e procurar
conhecer as componentes imprescindíveis ao conceito de literacia financeira dos jovens
estudantes da FEUP e posteriormente comparar com a literacia em Portugal, este inquérito
foi formulado de forma a responder aos seguintes objetivos:
- Avaliação da educação financeira como forma de aferir o nível de inclusão na
economia, a frequência com que os jovens abordam temas financeiros e a importância dada
a esta temática, para o presente e/ou futura utilidade.
- Caracterização dos produtos financeiros e dos métodos utilizados na escolha
dos produtos bancários fundamentais para identificar os meios e os produtos financeiros
preferenciais dos jovens estudantes e conhecer a utilidade que estes detêm nos seus
movimentos financiais.
- Avaliação da capacidade de planeamento de despesas e poupança para conhecer
a frequência e a importância que é atribuída à organização das despesas, poupanças
salariais e a finalidade destas.
- Conhecimento das fontes de informação financeiras assim como as formas
possíveis de se obter ajuda a fim de avaliar a cultura económico-social dos estudantes e
a capacidade de recorrer a meios de financiamento monetário, neste caso aos empréstimos.
- Avaliação da compreensão financeira a fim de testar os conhecimentos detidos pela
população estudantil sobre alguns conceitos financeiros.
Ao estudar as respostas a este inquérito, obtiveram-se informações detalhadas sobre
vários aspetos fulcrais para a tomada de decisões financeiras.
Aspetos metodológicos
O inquérito realizado tem como objetivos analisar e conhecer os comportamentos e
conhecimentos financeiros dos alunos inscritos na Faculdade de Engenharia da
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Universidade do Porto. Os resultados do inquérito servirão de base para comparar o grau
de inclusão financeira dos alunos da FEUP quando comparados com os portugueses.
Deste modo, foi elaborado um inquérito composto por três partes. A primeira parte é
constituída por sete perguntas de índole pessoal que têm por objetivo ajudar a caracterizar
e conhecer a amostra. A segunda parte é constituída por oito perguntas de escolha múltipla
que pretendem avaliar os conhecimentos dos alunos inquiridos, incidindo em áreas
temáticas como planeamento, poupança e execução de orçamentos, gestão de uma conta
bancária, compreensão financeira e inclusão financeira. O inquérito tem ainda uma terceira
parte onde é dada a oportunidade aos inquiridos de saberem o resultado do seu “teste”.
Depois de respondido, é-lhes enviado um e-mail com as respostas corretas se assim o
desejarem. Desta maneira, podem não só confirmar as suas respostas, como também
aprender sobre um determinado tema caso tenham tido dúvidas numa pergunta específica.
População
A população alvo consiste nos cerca de 7500 alunos que fazem parte da Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto no presente ano letivo 2016/2017.
Amostra
A amostra utilizada foi planeada de modo a ser estatisticamente representativa dos
alunos da FEUP e, ao mesmo tempo, que fosse possível retirar o máximo de conclusões
dela. Assim a amostra corresponde aos alunos matriculados na FEUP, dos cursos de
Engenharia e Gestão Industrial, de Engenharia Mecânica, de Engenharia Civil e de
Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Destes cursos foram apenas abrangidos os
alunos que estão inscritos no 1º, 3º ou o 5º ano de faculdade. Como a percentagem de
alunos de 3º ano que responderam ao inquérito foi muito reduzida, nos gráficos de
comparação de resultados por anos, apenas constam o 1º e o 5º ano, sendo desprezadas
as respostas dadas pelo 3º ano.
Foram inquiridos 215 alunos.
Nota: O questionário só foi enviado a um grupo especifico de alunos da FEUP devido às limitações impostas pelo Manual do Projeto FEUP, o qual impede o envio de questionários de forma generalizada à população da FEUP. O critério de seleção de cursos foi o seguinte: MEIGI foi selecionado por ser o curso no qual toda a equipa que elaborou o relatório está inscrita; os restantes três cursos foram selecionados por serem os três cursos com maior numerus clausus da FEUP.
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Execução do Inquérito
O inquérito foi enviado via e-mail dinâmico, no suporte do Google Forms. Foi enviado dia
onze de outubro de 2016 a 1709 alunos e a recolha de dados terminou dia dezassete de
outubro de 2016, pelas oito horas.
5. Análise descritiva dos resultados do inquérito
O inquérito permitiu recolher um conjunto de indicadores sobre comportamentos,
conhecimentos e atitudes na área financeira dos estudantes da FEUP. A avaliação da
literacia financeira é feita através da análise direta das respostas às perguntas do
questionário. Foi dado especial ênfase às perguntas que apresentavam grande diversidade
de respostas, de modo a retirar conclusões mais interessantes e úteis.
Depois de os inquéritos serem recolhidos, os dados foram analisados da seguinte forma:
Cada pergunta foi avaliada com base em três divisões de dados diferentes:
● A primeira trata-se de uma avaliação geral, onde as 215 respostas são analisadas
todas juntas, sem qualquer tipo de discriminação;
● A segunda divide os dados por cursos (dentro das opções dadas no inquérito);
● A terceira divide os resultados por anos de curso (dentro das opções dadas no
inquérito).
Depois de organizados os dados, a informação foi traduzida através de gráficos que
relacionam as respostas com o curso e ano dos inquiridos. Esta divisão foi feita de modo a
ser possível retirar conclusões relativamente à literacia financeira dos alunos da FEUP, ao
mesmo tempo que se compara esses mesmos resultados entre cursos e anos.
Caraterização dos inquiridos
Para os resultados do inquérito serem interpretados da melhor forma é importante
caracterizar a amostra. A caracterização da amostra foi feita com base em 5 critérios: curso,
ano, idade, fonte de rendimentos, hábitos e interesse financeiro.
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Dos 215 inquiridos, 34,9% estão inscritos em Engenharia Mecânica, 33,5% em
Engenharia e Gestão Industrial, 18,1% em Engenharia Eletrotécnica e de computadores e
13,5% em Engenharia Civil.
Figura 1 Distribuição dos inquiridos por curso, ano e idade, respetivamente
Cerca de três quartos dos inquiridos pertencem ao primeiro ano (73%), um número que
contrasta com os 22,8% de quinto ano e os 4,2% de terceiro ano.
A idade segue uma distribuição muito semelhante à distribuição dos anos de curso sendo
que 68,8% dos inquiridos têm idades compreendidas entre os dezassete e os dezanove
anos, 17,7% encontram-se entre os vinte e os vinte e dois anos e apenas 13,5%dos
inquiridos têm idade superior a vinte e dois anos.
Na pergunta “Qual a sua principal fonte de rendimentos?”, mais de quatro quintos da
amostra respondeu “Mesada/semanada”.
Para avaliar o interesse e os
hábitos financeiros da amostra
foram elaboradas duas perguntas:
A primeira, “Costuma discutir
assuntos financeiros?” teve uma
maioria de 55,3% que
responderam “Sim de tempos a
tempos”, sendo que as respostas
“Sim, diariamente” e “Sim, mas
raramente” apresentaram uma Figura 2 Distribuição dos inquiridos por Fonte de Rendimento
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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percentagem muito semelhante (17,2% e 18,6% respetivamente).
A segunda pergunta, relacionada com a situação financeira do país obteve uma variação
de resultados maior. 47% dos inquiridos respondeu que acompanha regularmente os
telejornais e os jornais, sendo que a resposta “Sim, mas pouco frequentemente” teve
também uma percentagem elevada, com 35,8% das respostas. Apenas 2,8% responderam
que não tinham interesse na situação financeira do país.
Finalmente, para ter uma perceção dos hábitos financeiros básicos da amostra foi
elaborada uma pergunta sobre a realização regular, ou não, de um orçamento no início de
cada mês. A avaliação dos resultados desta pergunta permitiu concluir que mais de metade
dos estudantes inquiridos não têm por hábito realizar orçamentos, tendo em conta as suas
despesas e os seus rendimentos.
6. Análise das respostas do questionário
Pergunta 4 Qual a diferença entre "cartão de crédito" e "cartão de débito"?
Na primeira pergunta os inquiridos revelaram um elevado conhecimento de um dos
conceitos básicos de literacia financeira relativa a métodos de pagamento: cartão de crédito
e cartão de débito, tendo em conta que 84,7% da amostra acertou na resposta correta.
(resposta correta B: No cartão de crédito é possível ter saldo negativo e no cartão de débito
não).
Os resultados da análise por curso e
por anos estão em conformidade com a
análise geral, não existindo nenhuma
discrepância a registar. Os alunos de 5º
ano tiveram a percentagem de respostas
corretas mais alta e na categoria de
cursos foi Engenharia Industrial e Gestão
e Engenharia civil quem ficou à frente. No
entanto, os resultados foram muito
próximos, não havendo nada a destacar.
Figura 3 Distribuição das respostas à pergunta 4
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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Pergunta 5 “A diferença entre rendimento bruto e rendimento líquido é:”
Analisando as respostas obtidas tendo em
conta o fator “ano”, conclui-se que a generalidade
dos inquiridos, independente do ano frequentado,
conhece a diferença entre “rendimento bruto” e
“rendimento líquido”. Porém, é de salientar que
os alunos do 1° ano foram os que mais falharam
na resposta (10% de respostas erradas),
enquanto que apenas 2% dos inquiridos do 5°
ano erraram a pergunta.
Deste modo, conclui-se que o conhecimento acerca de assuntos económicos,
nomeadamente sobre o tipo de rendimentos, aumenta com a idade, à medida que o
interesse neste assunto surge.
Olhando para as respostas obtidas concentrando-nos, desta vez, no fator “curso”,
podemos concluir também que, no geral, os alunos souberam distinguir com sucesso
“rendimento bruto” de “rendimento líquido”. No entanto, o curso de MIEM revelou ser o pior
no que toca a esta matéria, obtendo 13% de respostas erradas.
Pergunta 6 “Qual a diferença entre o PIB e o PNB?”
Esta questão tinha como objetivo avaliar o nível
de conhecimento dos alunos relativamente a dois
conceitos distintos, sendo eles, o PIB (produto
interno bruto) e o PNB (produto nacional bruto).
Uma análise global dos resultados permite
verificar que a distinção entre ambos os conceitos
não é feita de forma clara pelos alunos da FEUP,
uma vez que apenas 41,9% respondeu
acertadamente à questão, afirmando que a diferença entre o PIB e o PNB se deve ao facto
de no PNB serem contabilizados os efeitos das despesas e das receitas de importações e
exportações (alínea B).
Figura 4 Distribuição das respostas à pergunta 5
Figura 5 Distribuição das respostas à pergunta 6
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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Numa análise mais pormenorizada dos resultados, podemos estabelecer algumas
comparações entre os diferentes anos sujeitos ao estudo, sabendo que os resultados
relativos ao 3º ano serão ignorados face ao reduzido número de respostas obtidas.
Assim sendo, podemos verificar que uma maioria de alunos do 5º ano respondeu
corretamente à questão (51%) ao invés dos estudantes do 1º ano em que apenas 39%
respondeu acertadamente.
Figura 6 Distribuição das respostas à pergunta 6 por anos
É ainda de realçar que uma percentagem significativa de alunos do primeiro ano (36%)
afirmou não saber a resposta a esta questão, valor que contrasta com os 20% de alunos que
afirmam não saber a resposta do 5º ano.
Estas diferenças podem ser explicadas pelo desenvolvimento do nível de literacia
financeira que os alunos experimentam com o passar do tempo enquanto alunos da FEUP.
Figura 7 Distribuição das respostas à pergunta 6 por cursos
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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Outra análise possível à pergunta passa por analisar comparativamente os resultados
obtidos nos diferentes cursos, que podem ser observados no gráfico anterior.
Assim, os melhores resultados foram alcançados pelos alunos do curso de engenharia
eletrotécnica e de computadores, em que 50% respondeu corretamente. Nos restantes
cursos, as respostas foram distribuídas pelas três opções de uma forma aproximadamente
homogénea, sendo que a alínea mais vezes escolhida foi a B, a alínea correta.
Por estas razões, pode-se concluir que os alunos que frequentam o curso de engenharia
eletrotécnica e computadores, na sua generalidade, compreendem melhor os conceitos de
PIB e de PNB que os restantes.
Pergunta 7 “Qual destes NÃO é um requisito necessário para pedir um empréstimo?”
Esta foi uma das perguntas cujos resultados
foram mais dispersos. 36,7% dos inquiridos
responderam “ter dinheiro disponível para dar de
entrada no seu banco”, 35,8% disse que não era
necessário ter um fiador e os restantes 27,5%
dividiram-se entre “Não ter histórico de créditos
em incumprimento” e “ter uma situação
profissional estável”.
De todas as opções, a única que não era obrigatória para pedir um empréstimo é “ter um
fiador”, alínea D. A maioria dos inquiridos não acertou na resposta correta, revelando um
conhecimento fraco ou confuso na área dos empréstimos e financiamentos.
O gráfico que relaciona os quatro cursos inquiridos permite-nos concluir que houve uma
diferença significativa entre os cursos que escolheram a resposta certa. Sendo a resposta
correta a alínea D, os cursos de Engenharia Mecânica e de Gestão Industrial revelam um
conhecimento substancialmente maior (39%) que os cursos de Engenharia civil e de
Eletrotécnica e de Computadores (25%).
É também de referir que a alínea C foi a eleita por Engenharia Mecânica como a
suposta resposta correta.
Figura 8 Distribuição das respostas à pergunta 7
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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Figura 9 Distribuição das respostas à pergunta 7 por cursos
Em termos de anos, é de referir que foi o primeiro ano que teve a percentagem maior de
respostas corretas (39%), comparando com 24% de 5º ano.
Figura 10 Distribuição das respostas à pergunta 7 por anos
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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Pergunta 8 “O que é a TAEG?”
Esta foi das questões do inquérito que mais dúvidas
suscitou nos inquiridos, conclusão que pode ser
suportada pelo facto de não haver uma maioria a optar
pela opção correta. No entanto, foi a opção correta a mais
vezes selecionada. Assim sendo, 46,5% dos inquiridos
respondeu corretamente à questão afirmando que TAEG
é o custo total suportado pelo cliente quando adquire um
determinado crédito, 35,3% respondeu dizendo que é
uma taxa que remunera aplicações financeiras e os
restantes 18,5% optou pela opção que afirmava que uma
TAEG é um rendimento pago por um ano de investimento.
Pela análise do gráfico relativo ao 1º e 5º ano pode-se verificar que a alínea que foi mais
vezes dada nos três anos como resposta foi a alínea B (alínea correta). No entanto a
resposta a esta pergunta não foi consensual entre os alunos uma vez que apenas no 3º ano
houve uma maioria a escolher esta alínea (56%). No entanto, esta análise não é
representativa do nível de conhecimento dos alunos do 3º ano uma vez que o número de
inquiridos foi bastante reduzido.
Figura 12 Distribuição das respostas à pergunta 8 por anos
Figura 11 Distribuição das respostas à pergunta 8
Literacia Financeira | Projeto FEUP
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Entre os inquiridos que frequentam o 1º ano, 44% respondeu corretamente à pergunta
optando pela opção B (uma TAEG é o custo total suportado pelo cliente quando adquire um
determinado crédito), 37% escolheu a opção A (uma TAEG é uma taxa que remunera
aplicações financeiras) e apenas 19% escolheu a opção C (uma TAEG é um rendimento
pago por um ano de investimento).
Da análise dos resultados obtidos nesta questão pode-se retirar algumas ilações. Uma
delas passa por concluir que, mais uma vez, os alunos com uma formação universitária mais
prolongada possuem um maior conhecimento de cariz financeiro, mais concretamente no
que se refere ao conceito de TAEG. Esta análise é feita desvalorizando os resultados obtidos
referentes aos alunos do 3º ano pelas razões indicadas anteriormente.
Figura 13 Distribuição das respostas à pergunta 8 por cursos
Analisando agora comparativamente os resultados obtidos pelos diferentes cursos da
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, podemos verificar que as disparidades
intercurso não são muito grandes. Apesar de não existir nenhum curso em que uma maioria
tenha respondido acertadamente, nos quatro cursos que foram escolhidos para o inquérito,
pouco menos de um meio dos alunos de cada curso respondeu acertadamente.
Em suma, pela análise dos dois gráficos apresentados pode-se concluir que o conceito
de TAEG não é familiar para maioria dos alunos da FEUP no entanto uma boa percentagem
está familiarizada com este.
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Pergunta 9 “Suponha que tem algum dinheiro de parte. É mais seguro colocar esse
dinheiro num negócio ou investimento, ou colocá-lo em vários negócios ou
investimentos?”
Analisando as respostas dadas tendo em
conta o fator “ano”, é possível inferir que a maior
parte dos inquiridos respondeu corretamente a esta
questão. Ainda assim, podemos observar que 26%
da população inquirida do 1° ano deu a resposta
errada ou não sabia, ao passo que do 5° ano apenas
não acertaram 8% dos inquiridos.
Assim, podemos concluir que, ao aumentar a
idade, aumenta a maturidade e, consequentemente,
o conhecimento e a perceção de que investir em
vários negócios minimiza os riscos de perda sendo, por isso, a melhor opção.
Figura 15 Distribuição das respostas à pergunta 9 por anos
Centrando as atenções no fator “curso”, conclui-se também que a generalidade
respondeu corretamente. Ainda assim, o curso de MIEC foi o que mais se destacou pela
negativa, tendo obtido uma taxa de insucesso de 29%.
Figura 14 Distribuição das respostas à pergunta 9
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Pergunta 10 “Suponha que nos próximos 10 anos os preços das coisas duplicam. Se o seu
rendimento também duplicar, será capaz de comprar…”
Analisando as respostas dadas pelos
vários alunos a partir do ano em estudo,
pode-se concluir que, da totalidade, a maioria
dos estudantes, independentemente do ano
frequentado, são capazes de avaliar a
capacidade de compra de um consumidor no
caso de o seu rendimento e do preço de
venda das coisas aumentarem
proporcionalmente.
Para além disso, é de referir que os alunos
do 1º e 5º ano obtiveram uma taxa de resposta certa idêntica, destacando-se os alunos de
1º ano, em que 83% dos inquiridos responderam bem enquanto dos estudantes do 5º ano
apenas 78% optaram pela opção certa.
Figura 17 Distribuição das respostas à pergunta 10 por anos
Figura 16 Distribuição das respostas à pergunta 10
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No entanto, relativamente às restantes hipóteses de resposta, dos 22% do 5º ano que
não escolheram a opção correta, todos optaram pela mesma resposta enquanto dos 17%
do 1º ano que não escolheram a opção correta, 12% optou pela mesma opção que os 22%
dos inquiridos do 5º ano e os restantes 5% pela outra.
Assim, conclui-se não haver maior conhecimento financeiro da amostra analisada do 5º
ano, relativamente à pergunta estudada, o que é contraditório face à normalidade na
aquisição do conhecimento.
Analisando as respostas dadas pelos vários alunos a partir do curso em estudo, pode-se
concluir que há uma diferença notória entre as respostas dadas pelos inquiridos.
Enquanto nos cursos do MIEM, MIEGI e MIEEC a maioria soube responder corretamente
(83%, 86% e 80%, respetivamente), no curso do MIEC apenas 61% respondeu
corretamente.
Concluindo, no curso do MIEC, a capacidade de avaliação das possibilidades de compra
do consumidor, relacionada com o aumento do seu rendimento e do preço de venda das
coisas, é menor comparativamente com os restantes cursos em que a maioria é capaz de o
fazer.
Figura 18 Distribuição das respostas à pergunta 10 por cursos
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Pergunta 11 “Suponha que põe o dinheiro no banco por dois anos e o banco concorda em
adicionar 15% ao ano ao valor da sua conta. Irá o banco adicionar mais dinheiro à
sua conta no segundo ano do que o faz no primeiro, ou irá adicionar o mesmo
valor nos dois anos?”
Analisando as respostas dadas pelos inquiridos a partir do ano em estudo, é de reparar
que, da totalidade, a maioria dos estudantes soube responder corretamente à pergunta em
questão.
No entanto, é possível observar que, enquanto 25% dos inquiridos do 1º ano não
respondeu corretamente, apenas 18% da população inquirida se destacou pela negativa.
Assim, pode-se concluir que, à medida que aumenta a idade, aumenta a perceção e a
capacidade de avaliação das vantagens/desvantagens do investimento de dinheiro no
banco, a fim de obter lucro a longo prazo.
Analisando as respostas dadas pelos inquiridos a partir do curso em estudo, conclui-se
também que a generalidade dos inquiridos respondeu corretamente.
Ainda assim, o curso do MIEGI foi o que obteve uma prestação menos positiva, com uma
taxa de insucesso de 28%.
Figura 19 Distribuição das respostas à pergunta 11
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7. Comparação entre os portugueses e os alunos da FEUP
Após uma análise detalhada dos resultados do inquérito realizado, é possível comparar
as conclusões com estudos realizados à população portuguesa nos últimos anos.
Assim, ao contrário dos resultados obtidos no estudo revelado pela OCDE a 11 de
Outubro de 2016 (referido no capitulo X), em que cerca de 72% dos portugueses afirmou
elaborar um orçamento familiar no início de cada mês, apenas 36% dos estudantes da FEUP
afirmou ter este hábito. Este resultado pode estar de acordo com o inquérito feito pelo Banco
de Portugal em 2010 (referido no capitulo Y), que concluiu que a população idosa e
reformada são os que elaboram mais frequentemente um orçamento familiar.
Também a área do conhecimento das fontes de informação está de acordo com o estudo
do Banco de Portugal. Estas foram áreas em que população portuguesa teve os piores
resultados, e o inquérito realizado aos alunos da FEUP concluiu, também, que perto de 40%
dos alunos não acompanha com frequência os jornais e/ou telejornais, nem tem o habito de
discutir assuntos financeiros com regularidade.
Do mesmo modo, outra das áreas mais vulneráveis da literacia financeira tanto dos alunos
da FEUP como dos portugueses em geral é no conhecimento de conceitos financeiros, uma
vez que 60% dos alunos não sabe distinguir PNB de PIB, e 55% não sabe o que é a TAEG.
Conclui-se, assim, que os resultados obtidos no inquérito realizado aos alunos da FEUP
e no inquérito realizado pelo Banco de Portugal em 2010 foram semelhantes, e que os
estudantes da FEUP têm, de um modo geral, um grau de literacia financeira que está de
acordo com o resto dos portugueses.
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8. Benefícios de uma educação financeira
A educação financeira assume um papel central e essencial na vida de todos os
indivíduos uma vez que estes se deparam, diariamente, com a tomada de decisões com
base financeira e, por isso, necessitam de estar preparadas para as mesmas.
“A crise financeira e económica, iniciada no princípio do século, confrontou-nos com
todo um novo léxico com o qual a maioria dos indivíduos não estava habituada a lidar.
Desde então, os media não nos poupam, bombardeando-nos diariamente com
conceitos, outrora para quase todos tão distantes, como são exemplo o “défice
orçamental”, a “dívida pública ou soberana”, as “taxas diretoras”, etc.
Deste modo, perante esta parafernália de informação, importa estarmos todos bem
despertos para esta nova realidade” (Alcarva 2016).
É aqui que a literacia financeira assume a sua importância uma vez que possibilita
que cada um adquira um conjunto de competências fundamentais que orientam a vida
em sociedade e proporcionam um estilo de vida economicamente saudável aos
indivíduos que as possuem. Entre essas competências podem destacar-se: “a
capacidade de distinguir informações credíveis e não credíveis relativamente ao
processo de tomada de decisões financeiras, conseguir gerir e organizar da melhor
forma as finanças pessoais e saber como e onde se deve investir, evitar que os
consumidores mais vulneráveis se coloquem em situações financeiras complicadas e
ainda protegê-los contra a fraude fiscal e abuso”.
Para além do impacto individual da literacia financeira podemos também destacar o
impacto mais global da mesma. A título exemplificativo evidencia-se o impacto que a
literacia financeira desempenha nas instituições financeiras. Neste caso, um
conhecimento mais aprofundado dos conceitos financeiros pode: gerar um aumento do
volume de negócios, a redução dos custos de marketing, a redução do número de
queixas dos clientes e a comercialização de produtos financeiros menos tradicionais
(Mundy, 2011); ajuda a combater a exclusão financeira, a alcançar novos segmentos de
clientes, a tornar os mercados mais sólidos e a funcionarem de forma eficiente; pode
ainda funcionar como uma ferramenta crucial para repor a confiança necessária nos
mercados e fazer face à crescente complexidade dos produtos financeiros e
transferência de riscos e responsabilidades financeiras para os consumidores. (Laboul,
2012)
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Num sentido lato, a literacia financeira dos indivíduos tem um impacto significativo na
sociedade onde estes se inserem sendo um fator que contribui para o desenvolvimento
e progresso desta mesma sociedade e que pode ajudar a reduzir a pobreza e aumentar
a coesão social.
Estratégias para o desenvolvimento da literacia financeira
Tendo em conta a realidade sócio-económica com que nos deparamos atualmente, o
desenvolvimento da literacia financeira dos indivíduos assume-se como um passo vital no
combate à fraude e ao abuso, no crescimento das nações e ainda para evitar futuras crises
financeiras. Aumentar o conhecimento sobre o funcionamento dos produtos financeiros
transmite mais confiança aos consumidores e permite que estes se movimentem com maior
liberdade e conforto na área das finanças, de modo a retirarem o proveito máximo das
opções que lhes são oferecidas. Esta flexibilidade cria uma maior eficiência no sistema
bancário e beneficia toda a sociedade.
Assim sendo, é necessário criar um conjunto de estratégias que fomentem o
desenvolvimento da literacia financeira. A OCDE designa esse conjunto de estratégias por
“Estratégia Nacional de Educação Financeira”, que consiste num programa que se
desenvolve a nível nacional, que tem por objetivo o aumento da educação financeira e onde
os princípios orientadores são adaptados a cada nação. Alguns desses princípios são:
● Reconhecer a importância da educação financeira, identificando quais as
necessidades ou falhas existentes a nível nacional na literacia financeira, criando legislação
se necessário;
● Envolver a cooperação de várias partes interessadas, identificando um membro ou
conselho coordenador da ação;
● Estabelecer diretrizes e orientações de forma a alcançar objetivos específicos e
definidos para um determinado período de tempo;
● Fornecer indicações de forma a serem incluídas em programas individuais, com o
objetivo de os tornar mais eficientes
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A estratégia de Portugal
A estratégia que Portugal deve adotar deve incluir medidas e objetivos realistas e
concretos, com prazos bem definidos para a aplicação dos mesmos. Além disso, deve
identificar os possíveis públicos alvo e adaptar as estratégias em conformidade com suas as
necessidades e capacidades. A estratégia deve ser também suficientemente flexível e
revista regularmente de modo a assegurar a continuação da relevância do seu conteúdo.
Depois de aplicadas as medidas será aconselhável fazer uma avaliação interna para
analisar o impacto da estratégia assim como os pontos onde a mesma pode ser melhorada.
(Laboul, 2012).
Para que a estratégia nacional possa ser eficaz, a OECD reitera que é de grande
importância que haja primeiro uma fase de preparação da estratégia nacional que passa:
pelo mapeamento e avaliação das iniciativas existentes (ex: iniciativas de formação
financeira existentes promovidas por intervenientes públicos e privados) que permitiria
identificar parceiros relevantes e de confiança, práticas operacionais e replicáveis, bem
como possíveis insuficiências e lacunas; pela avaliação das necessidades da população em
termos de literacia financeira e das principais deficiências nas políticas nacionais
relacionadas; pela ativação de um mecanismo de consulta e de coordenação entre os vários
intervenientes na estratégia nacional durante a fase preparatória; e ainda por uma
sensibilização e comunicação da estratégia nacional aos intervenientes relevantes que
poderia ajudar a aumentar a consciência da importância da formação financeira.
No caso concreto de Portugal, a estratégia centra-se na melhoria dos conhecimentos
financeiros e atitudes, no apoio à inclusão financeira, no desenvolvimento de hábitos de
poupança, na promoção da utilização responsável do crédito e ainda a criação de hábitos
de precaução. (Banco de Portugal).
As primeiras tentativas de combate à iliteracia foram desenvolvidas pelo Banco de
Portugal em 2008 com a criação do Portal do cliente bancário que disponibiliza informação
atual e clara sobre os produtos e serviços bancários. (Alves, 2014)
Esta é uma das inúmeras plataformas que já foram criadas no intuito de promover os
conhecimentos de literacia financeira da população portuguesa. Este tipo de portais tem
como objetivo ensinar as bases de literacia financeira, partindo do pressuposto que a maioria
dos consumidores pouco ou nada sabe sobre o assunto. Desta forma, os sites apostam em
designs simples e apelativos, muito interativos, onde a informação está exposta de forma
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clara, rigorosa e acessível. Os consumidores são confrontados com situações de casos reais
que os direcionam para as escolhas mais responsáveis e acertadas.
Muitos destes portais têm em vista os jovens como público-alvo por isso as ilustrações e
a interatividade têm um papel preponderante.
Exemplos de portais de literacia financeira com componente interativa são o “Gerir e
Poupar”, da DECO e o “Boas práticas, boas contas”, da Associação Portuguesa de Bancos.
Além dos sites, deve-se apostar na formação nas escolas, principalmente a partir do 5º
ano, de modo a incutir desde cedo as noções básicas de literacia financeira aos mais jovens.
Finalmente, a realização de ações de sensibilização, que também têm um papel
fundamental na educação da população pois são uma forma rápida e direta de dar instrução
a um público numeroso.
Apesar das progressões que já foram feitos, ainda há um longo caminho a percorrer.
“As pessoas estão hoje mais bem preparadas para lidar com questões financeiras do que
há uma década atrás. Mas ainda não chegámos ao ponto ideal. A crescente inovação do
sistema financeiro exige que os consumidores estejam preparados para lidar com essa
crescente sofisticação” (Fernanda Santos, coordenadora do departamento de formação da
DECO).
É seguro dizer que a literacia financeira é um conceito que veio para ficar e não uma mera
moda passageira. Além de tornar o presente mais simples, irá contribuir para um futuro mais
organizado.
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9. Conclusão
A realização do inquérito revelou-se uma ferramenta muito útil para avaliar a literacia
financeira dos estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Através
das respostas obtidas, foi possível avaliar o grau de conhecimento dos estudantes
relativamente a noções básicas de finanças, algo que se figura fundamental num cidadão
responsável. Como tal, a informação recolhida nos inquéritos foi organizada e tratada de
forma a ser possível avaliar esses mesmo conhecimentos, por ano (1º, 3º e 5º) e curso
(MIEGI, MIEM, MIEEC, MIEC).
Depois de devidamente analisados, foi possível concluir que a literacia financeira na
FEUP encontra-se dentro do expectável, ou seja, a maioria dos estudantes,
independentemente do curso e do ano, possui um conhecimento mediano sobre os temas
financeiros que estão mais próximos do cidadão comum no seu quotidiano.
No entanto, é notório que são os alunos do 1º ano que mais têm dificuldade nesta matéria
quando comparados com alunos do 3º e 5º ano, uma vez que foram os que tiveram uma
taxa de respostas erradas mais elevada. Este dado mostra que adquirir conhecimento é um
processo gradual, ou seja, a tendência é adquirir conhecimento à medida que a idade
aumenta, uma vez que a maturidade e a sensibilidade para este tema vai-se desenvolvendo,
e a necessidade de aplicar esses mesmos conhecimentos em situações reais vai surgindo.
Assim, conclui-se que, apesar de a literacia financeira na FEUP se encontrar a um nível
razoável, ainda há um longo caminho a percorrer de modo a aumentar e consolidar esses
conhecimentos. E o que se passa na FEUP espelha o que se passa, de um modo geral, em
Portugal, isto é, verifica-se que a população ainda não tem o conhecimento suficiente para
tomar as melhores decisões nesta matéria. Salienta-se, por isso, a urgência em criar e
dinamizar estratégias, como as que foram citadas anteriormente, que demonstrem a
importância deste conhecimento em situações concretas do quotidiano, já que é do interesse
de todos que o nível da literacia financeira seja o mais alto possível. Deste modo, é muito
importante que se avalie o estado da literacia financeira em Portugal para que se possam
tomar medidas em conformidade, e que permitam formar uma geração de consumidores
mais consciente e informada. Afinal, uma população atenta, capaz e informada é
imprescindível para o desenvolvimento económico e social de Portugal.
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10. Anexos
Questionário
Secção 1 de 3
Curso
A – Engenharia Civil B – Engenharia e Gestão Industrial C – Engenharia Eletrotécnica e de computadores D – Engenharia Mecânica
Ano
A – 1º ano B – 3º ano C – 5º ano
Idade
A – 17-19 B – 20-22 C –> 22
Qual é a sua principal fonte de rendimentos?
A – Mesada/semanada B – Bolsa C – Emprego a part-time D – Emprego full-time E – Outra (adicionar outra opção)
Costuma discutir assuntos financeiros? A – Sim, diariamente B – Sim, de tempos a tempos C – Sim, mas raramente D - Não
Está atento à situação económica do país?
A – Sim, acompanho o telejornal/jornais regularmente B – Sim, procuro artigos de opinião, jornais conceituados, etc C – Sim, mas pouco frequentemente D – Não, não tenho interesse
No início do mês costumo…
A – Fazer um orçamento tendo em conta as despejas e os rendimentos e tento cumpri-lo B – Não tenho por hábito elaborar orçamentos
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Secção 2 de 3
Qual é a diferença entre cartão de crédito e cartão de débito?
A – O cartão de débito cobra mais juros que o cartão de crédito B – No cartão de crédito é possível ter saldo negativo e no cartão de débito não C – Com o cartão de crédito é possível gastar o que se quiser D – Não há diferença
A diferença entre rendimento bruto e rendimento líquido é…
A – O rendimento bruto corresponde ao valor do salário depois de os impostos serem descontados e o rendimento líquido é o salário inicial sem qualquer tipo de cortes. B – O rendimento líquido corresponde ao valor do salário depois de os impostos serem descontados e o rendimento bruto é o salário inicial sem qualquer tipo de cortes
Qual é a diferença entre PIB e PNB?
A – No PIB são contabilizados os efeitos das receitas e despesas das importações e exportações B - No PIB são contabilizados os efeitos das receitas e despesas das importações e exportações C – Não sei
Qual destes não é um requisito necessário para pedir um empréstimo?
A – Não ter histórico de créditos em incumprimento B – Ter uma situação profissional estável C – Ter dinheiro disponível para dar de “entrada” ao empréstimo no seu banco D –Ter um fiador
O que é a TAEG?
A – É uma taxa que remunera aplicações financeiras B – É o custo total suportado pelo cliente quando adquire um determinado crédito C – É o rendimento pago por um ano de investimento
Suponha que tem algum dinheiro de parte. É mais seguro colocar esse dinheiro num negocio ou investimento, ou coloca-lo em vários negócios ou investimentos?
A – Negócio ou investimento B – Múltiplos negócios ou investimentos C – Não sei
Suponha que nos próximos dez anos os preços das coisas duplicam. Se o seu rendimento também duplicar, será capaz de comprar…
A – Menos do que consegue hoje B – O mesmo que consegue hoje C – Mais do que consegue hoje
Suponha que põe dinheiro no banco a dois anos e o banco concorda em adicionar 15% ao ano ao valor da sua conta. Irá o banco adicionar mais dinheiro à sua conta no segundo ano do que o faz no primeiro, ou irá adicionar o mesmo valor nos dois anos?
A – Adiciona mais dinheiro no segundo ano do que no primeiro ano B – Adiciona o mesmo valor em ambos os anos C – Não sei
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11. Bibliografia
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Literacia Financeira | Projeto FEUP
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Escola Superior De Ciências Empresariais (ESCE) Do Instituto Politécnico De Setúbal (IPS)".
Graduado, Instituto Politécnico de Setúbal.