Post on 10-Jul-2015
Letras: Português/Inglês
A INFLUÊNCIA DA ORALIDADE NA
ESCRITA DE ALUNOS DE 9ª ANO DE UMA
ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL DE
MARACANAÚ
Justificativa Durante muitos anos lecionando na área de língua portuguesa, numa
escola do Município de Maracanaú, constatamos uma forte influência de marcas
de oralidade na escrita de alunos, no momento em que é exigida a eles a
produção de um texto na norma culta da língua portuguesa. Muitos têm
dificuldade e sentem-se desestimulados, alguns chegando até a não realizar a
atividade solicitada. Aliado a esse fato e à oportunidade de estudar sobre a
sociolinguística, no Curso de Letras, veio-nos o interesse de conhecer mais
sobre os estudos que a sociolinguística vem realizando e aplicando na formação
de professores para melhoria do aprendizado dos alunos. A escolha de
trabalharmos com uma turma de 9º ano deu-se por entendermos que, quando o
aluno chega ao último ano letivo do Ensino Fundamental, é esperado que tenha
uma maior maturidade no momento de elaboração da escrita.
Objetivos da Pesquisa
Objetivo Geral:
• Analisar as produções textuais de alunos de 9º ano de uma escola pública municipal em Maracanaú, no tocante à presença da oralidade na escrita.
Objetivos Específicos:
• Avaliar a influência da oralidade na produção escrita desses alunos e
• Entender melhor como se dão os processos de uso da oralidade na escrita.
Fundamentação Teórica• O português no Brasil, com um levantamento do surgimento da línguaportuguesa e sua vinda para o Brasil. (PERINE, 2004)•Conceitos de sociolinguística, fazendo um perfil de sua origem, contribuiçãopara o entendimento das variações linguísticas existentes na sociedade em gerale aplicação de seus estudos nos diversos meios; (TARALLO, 1982), (BORTONI-RICARDO, 2004)• Sociolinguística educacional, que atribui estudos na área da educação,procurando entender e explicar a educadores e estudiosos da área como se dãoos processos de uso da língua independente de localização, grau de instrução,gênero e idade. (BORTONI-RICARDO, 2004) (LEITE, 2008)•Cultura de oralidade/letramento, em que trabalha a prática da oralidade eescrita nas escolas e centros educacionais em geral, propondo estratégias deaprendizado e ampliação da competência comunicativa dos educandos.(BORTONI-RICARDO, 2004; MARCUSCHI, 2008)
Metodologia
Neste trabalho, fizemos um levantamento deconceitos e reflexões da área da sociolinguística esua colaboração para o processo deaprendizagem da língua portuguesa no Brasil. Foirealizado um estudo documental através deproduções textuais de alunos de 9º ano do ensinofundamental. A exploração e análise dessasproduções nos trouxe um melhor entendimentodesse processo e abriu visões e reflexões para ocrescimento e estudo do português nessa fase davida escolar.
Dados da Pesquisa
Localidade:Maracanaú
Sujeitos da pesquisa: 27 alunos de 9º ano
Perfil: Classe baixa e médiaPesquisa: De campo e quantitativa
Análise dos dados e Resultados
• Esta pesquisa foi realizada numa turma de 9º anode uma escola pública em Maracanaú. Os alunosproduziram um texto dissertativo, de até 25linhas, cujo tema era: Motivações para o ano de2014.
• Dentro dos textos, foram analisados osfenômenos metaplasmáticos, escolhidos os 6com maior presença e foi realizado um estudosobre os mesmos.
Fenômenos Linguísticos Encontrados na Pesquisa
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Plural irregular nas frases:Morfosintaxe
Hiperbibasmo ou aplicação indevida deacentuação
Alçamento da letra e pela letra i
Supressão do R no final de verbos no infinitivo
Troca de uso de mais e mas
Oralidade na escrita 48%
41%
38%
31%
24%
21%
Metaplasmo por SubtraçãoOralidade na Escrita
•Síncope em ‘pra’ em que ocorre a supressão do a
• Aférese e apócope em ‘tô’ em que ocorre a supressão das letras e,
s e u
SíncopeTroca de uso de mas e mais
• Síncope em i ao usar a palavra mais <mas>.
Apócope
Supressão de ‘R’ no final de verbos no
infinitivo
•Apócope em r. A supressão do r no final dos verbos no infinitivo é
muito corrente no Brasil.
Alçamento da letra ‘e’ pela letra ‘i’
•Alçamento –Neste caso do e para o i em que o e é uma vogal
média e é pronunciada como i .
Hiperbibasmo ou aplicação indevida de acentuação
• Hiperbibasmo- Muda a posição do acento gráfico da palavra para
outro local da mesma por ocasião de pronúncia fonética tônica que
ocorre na oralidade em algumas sílabas numa mesma palavra.
•Sístole- Em que o acento sofre um recuo na palavra.
•Diástole Em que acontece o contrário e o acento sofre um avanço.
Plural irregular nas frases:Morfosintaxe
•Apócope de s e m. Algo comum na oralidade e recai na
escrita,geralmente chamado de lei do menor esforço.
Considerações Finais
Foi constatado que o fenômeno da expressividadenatural dos alunos em suas produções escritas teve48% de casos sendo frequente também a presença de41% de uso inadequado dos vocábulos <mas> e<mais>. Ainda esteve presente cerca de 30% da letra<r> no final de verbos no infinitivo. Outros fenômenostambém foram encontrados como o alçamento de <e>em <i> com 31%, o fenômeno do hiperbibasmo(sístole ediástole) com 24%, dentre outros. Os resultados obtidospelo estudo feito das produções comprovam que osalunos de 9º ano ainda inserem em suas produçõestextuais que pressupõem o uso da norma culta umaocorrência elevada de marcas de oralidade. Este fato,teoricamente, deveria ser bastante reduzido, haja vistaos anos passados na escola estudando a gramáticanormativa.
Esperamos contribuir, de alguma forma, para oestudo e a produção de material de referência emestudos linguísticos em nosso país. Desejamostambém levar esta pesquisa à escola estudadapara que nós, professores de língua portuguesa,possamos trabalhar com as turmas, de forma aconscientizar melhor os alunos da importância daoralidade e da norma culta em produções escritas.Um exemplo seria fazermos um continuum detextos menos e mais formais, problematizando aquestão e, dessa forma, tentando minimizarpossíveis dúvidas e inseguranças dos alunos.
Referências • BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. 12. Ed. São Paulo:
Hucitec, 2006.
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• BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 6. Ed.São Paulo: Perspectiva,2002 (a 1ª ed. É de 1930)
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• BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.
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• BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1997.
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• CYRANKA, Lúcia Furtado de Mendonça. Atitudes linguísticas de alunos de escolas públicas de Juiz de Fora-MG. 2007. Tese (Doutorado em Linguística)_Universidade Federal Fluminense, Instituto de Letras, Niterói, 2007.
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• _______; ARCANJO, Lívia Nascimento; RIBEIRO, Patrícia Rafaela Otoni; PERON, Simone Rodrigues. O Bidialetalismo e as práticas de oralidade na escola pública. Anais do III Colóquio Internacional sobre Letramento e Cultura Escrita. UFMG, 2010.
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• LEITE, M. Q. Preconceito e intolerância na linguagem. São Paulo: Contexto, 2008.
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• LEMOS, Fernando Antônio Pereira. O alçamento das vogais médias pretônicas e postônicas mediais. Revista Philoslogus ano 9 nº 26. Disponível em: http://www.filologia.org.br/revista/26.html > Acessado em: 16 de janeiro de 2014.
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• HYMES, Dell. Foundations of Sociolinguistics. Filadelfia: University of Pennsylvania Press, 1974.
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• PERINI, M. A. Os dois mundos da expressão lingüística. In: _______. A língua do Brasil amanhã e outros mistérios. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
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• POSSENTI, S. O drama da escrita. In: Mal comportadas línguas. 2. ed. Curitiba: Criar Edições, 2002.
• TARALLO, F. A pesquisa sociolinguística. Ed. Ática, 1982.
• SILVA,Selma,RODRIGUES Marlon. METAPLASMOS: A DIFERENÇA ENTRE A FALA E A ESCRITA We b - Re v i s t a SOCIODIALETO ,vol1 nº 6. fevereiro de 2002.
Agradecimento
• Aos estudiosos e pesquisadores da área da sociolinguística e sociolinguística educacional;
Obrigada!