Post on 08-Jul-2015
Lesões Císticas
Intracranianas Não-
Neoplásicas
Acd. Norberto Weber Werle
Profª Carlos Jesus Pereira Haygert
CONTEXTO
• Diagnóstico diferencial por imagem é desafiador;
• Etiologia e histopatologia dos achados é muito
distinta;
• Determinação anatômica precisa é essencial para a
determinação diagnóstica;
• Análise acurada por RM ou TC pode indicar
tratamento cirúrgico ou clínico;
CISTO ARACNÓIDE
Etiologia:
• Mais prevalente em homens;
• Diagnosticado em torno dos 10-30 anos;
• Usualmente esporádicos e únicos;
• 1% das neoplasias IC;
LEPTOMENÍNGEO CONGÊNITO
A duplicação da aracnóide na embriogênese predispõe ao acúmulo de
coleção líquida benigna.
EVOLUÇÃO CÍSTICA
• Usualmente são estacionários;
• Na primeira década podem crescer;
• Esporadicamente podem regredir;
CISTO LEPTOMENÍNGEO ADQUIRIDO
Secreção Celular
Válvula Unidirecional
Crescimento
Cístico
Secundário à trauma com laceração ou aprisionamento de folhetos
aracnoides e consequente acúmulo de líquor;
LOCALIZAÇÃO
PREFERENCIAL
• Maioria é supratentorial, predominando à esquerda;
• 50% se localiza em fossa média, com extensão ao
opérculo temporal;
• Cisterna suprasselar, fissuras sylviana e
interhemisférica são também locais comuns;
• Cisterna magna;
• Cisterna quadrigeminal;
• Cisterna pontocerebelar;
INFRATENTORIAL
ACHADOS CLÍNICOS E
LABORATORIAIS
• Usualmente assintomáticos;
• Cefaléia, proptose, macrocrania, hidrocefalia e
convulsões podem ser a apresentação clínica;
• Cisto de cisterna suprasselar cursa com hidrocefalia,
por obstrução de forame de Monro ou aqueduto;
• Cisto de fossa média tem maior risco de rompimento,
usualmente cursando com hemorragia pericística ou
higroma;
ACHADOS DE IMAGEM
• TC
– Formação arredondada, extra-axial, ovóide, acom
atenuação de líquor;
– Não há impregnação pelo contraste em parede;
– Osso adjacente é normal ou remodelado;
• RM
– Isointensidade ao líquor. FLAIR ajuda bastante,
pois suprime o sinal do LCR;
– Se cistos com conteúdo protéico ou
hemorrágico, usualmente hiperssinal em T1 e FLAIR;
RECOMENDAÇÕES
• Abaulamento da tábua óssea escamosa do temporal
por mecanismo valvar do cisto;
• Diminuição volumétrica do parênquima adjacente não
é compressiva. (Ex.: Hipoplasia temporal em cisto de
fossa média e hipoplasia hemisférica cerebelar em
fossa posterior);
• Assintomáticos Acompanhamento;
• Sintomáticos Derivação Cistoperitoneal;
• Estudo pré-op de fluxo liquórico ou acompanhamento
préop
CISTERNOTOMOGRAFIA COM IODO INTRATECAL
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Cisto Epidermóide A difusão é útil porque a
difusibilidade de água é restrita nesta doença;
• Cisticercose Subaracnóidea Usualmente tem realce
mural significativo;
– A dúvida diagnóstica é quando escólex não é mais
visualizado por hidropisia do cisticerco;
CISTO COLÓIDE
• 15-20% das lesões intraventriculares;
• Derivado do endoderma, contendo mucina;
• 90% encontra-se anterossuperior ao 3º ventrículo,
adjacente ao Monro;
• Média de 1,5 cm;
• VL e 4º ventrículo são topografias pouco comuns;
CLÍNICA
• A maioria é assintomática até a idade adulta, quando
então manifestam-se com cefaléia que tem relação
com a posição da cabeça;
• Tamanho não estima prognóstico!
Hidrocefalia
Aguda Herniação
Morte Súbita
AP mostra cisto de
mucina e colesterol,
com epitélio colunar
simples
ACHADOS DE IMAGEM
• Lesão é mais densa que LCR, sendo comumente bem
visualizada a TC;
– Arredondada, adjacente ao Monro, sem
impregnação pelo contraste;
– Usualmente hiperdenso e bem definido;
RM
• 66% são espontaneamente hiperintensos em T1 e
isointenso em T2;
• Depende bastante do nível de hidratação do cisto;
• Situa-se usualmente atrás da coluna dos fórnices;
Se líquido isointenso ao líquor
TC com cortes finos
( hiperdenso)
ANALISANDO O SINAL!
• Cisto com maior sinal de T2 e menor sinal em T1 são
mais hidratados. Tem maior risco de expansão e
hidrocefalia aguda;
• Cisto com menor sinal em T2 são mais viscosos e
difíceis de se retirar por neuroendoscopia;
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Artefato de fluxo Reverberação em forame de Monro
ao FLAIR;
• Neurocisticercose Ventricular Obstruem mais o
aqueduto e 4º V;
• Craniofaringioma Hiperssinal em T1;Pode ter origem
ventricular ou se estender para o 3ºV;
• Tumores do plexo corióide, subependimoma, e
astrocitoma subependimário;
CISTO DERMÓIDE
• Cisto de inclusão ectodérmico benigno;
• Defeito no tubo neural com sequestro de
remanescentes;
• Usualmente crescem por proliferação e secreção
epiteliais, além do processo descamativo;
• 0,3% das neoplasias IC;
CLÍNICA: Cefaléia +Hidrocefalia+Convulsão
Complicações: Meningite Química Asséptica
Vasoespasmo
AP demonstra
conteúdo lipídico
por secreção
apócrina e
sebácea;
LOCALIZAÇÃO
• Preferencialmente em linha mediana;
– Região Selar;
– Parasselar;
– Frontonasal;
– 4º Ventrículo;
– Fissura de Sylvius;
– Cisterna pontocerebelar;
ACHADOS DE IMAGEM
• Lesões bem definidas, com focos de hiperssinal em
T1, hipossinal em T2 secundárias à presença de
conteúdo lipídico;
• Na TC, usualmente são hipodensos. Podem ter
calcificação central;
• Ruptura mostra focos de hiperssinal em T1,
no espaço SA, geralmente nos cornos anteriores;
• Pode haver focos isquêmicos;
RECOMENDAÇÕES
• Hiperssinal em T1 subaracnoide pode permanecer por
anos, suscitando a busca por cisto dermóide;
• Devido a boa definição e plano de clivagem a
ressecção microcirúrgica é de fácil execução;
Manter acompanhamento neurorradiológico com RM
pesada em T1 ( Recidiva, Lesão Residual?)
Diagnóstico Diferencial
• Cisto Epidermóide Tem localização mais cisternal e
isossinal ao líquor em T1 e T2;
• Craniofaringioma: Seu componente cístico pode ser
hiperssinal em T1 e realce pelo contraste;
• Teratoma: Mais localizado na pineal e tem muito
conteúdo heterogêneo (hemorragia, cisto e
calcificações);
• Lipomas: Metaplasias de remanescentes. Usualmente
não são císticos. São cisternais;
CISTO EPIDERMÓIDE
• Inclusão ectodérmica de epitélio no fechamento do
tubo neural (3ª-5ª sem);
• Só tecido epidérmico Diferente do Dermóide;
• Pode ser iatrogênico Punções lombares;
• Usualmente em região parasselar ou pontocerebelar;
• As lesões crescem lentamente, por acúmulo
descamativo epidérmico;
• 0,3-1,8% das neoplasias IC;
ACHADOS CLÍNICOS
• Diagnóstico em torno dos 40 anos;
• Usualmente assintomático;
• Paralisia de nervo craniano compressiva ou
hidrocefalia são possíveis manifestações;
• Diferente dos cistos dermóides, ruptura é rara, assim
como meningite asséptica;
AP: Tecido colágeno revestido por epitélio escamoso
estratificado queratinizado, com material descamativo, água e
cristais de colesterol;
IMAGEM
• TC Usualmente se visualiza área de
hipoatenuação, sem realce pelo contraste, alargando
cisterna pontocerebelar;
• Focos de calcificação 10-25% dos casos;
• RM Hipossinal em T1 > que o LCR/ Hiperssinal em
T2, sem realce;
• FLAIR Muito útil, representando lesão tipo “líquor
sujo à RM;
Na DIFUSÃO cisto epidermóide apresenta intensa
restrição ao movimento de água, evidenciando
HIPERSSINAL!
RECOMENDAÇÕES
• Recidiva é muito comum devido à incapacidade de
ressecção completa Difusão é útil;
• Acometimento de nervos e estruturas vasculares
dificulta cirurgia;
• Cisto branco é lesão hiperprotéica, aumentando
densidade à TC e levando à hiperssinal em T1 e
hipossinal em T2;
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Cisto aracnóide congênito Usualmente facilmente
diferenciado por ter densidade liquórica. Em casos de
cisto hiperprotéico, a diferenciação é mais difícil;
• Cisto Dermóide Localização mediana e hiperssinal
em T1. Dúvida em epidermóide branco;
• Cisto Neuroentérico Localizado entre o tronco e o
dorso do clivo;
• Cisticercose Subaracnoidea Pode confundir
bastante. Buscar por septações. Difusão não tem
hiperssinal;
CISTO DE PINEAL
• Achado comum em neurorradiologia, mostrando
prevalência de 40 % em autópsias;
• Mais em adultos, com predominância feminina.
Acontece em qualquer idade;
• Produto da degeneração isquêmica pineal?
CLÍNICA
A maioria é assintomática. Podem cursar com efeitos
compressivos como hidrocefalia, vertigem e distúrbio
da motilidade ocular extrínseca;
AP 1. Cápsula Fibrosa 2. Parênquima Pineal 3. Tecido Glial
IMAGEM
• TC Lesão bem definida em topografia pineal, com
densidade variável. A maioria de atenuação parecida
com líquor;
• Calcificação anelar ou nodular pode ser vista em 25%
dos casos;
• Realce pode ser visto;
• RM Cisto típico de < 1cm, com parede de até 2 mm,
sinal em T1 > LCR e FLAIR;
• Cisto atípico TUMOR?????
CONTRASTE
• Como a lesão cística não tem barreira
hematoencefálica funcionante, mais de 50% dos
cistos apresenta contraste periférico, assim como
aumento do sinal em T1 e FLAIR do conteúdo por
extravasamento;
O QUE É UM CISTO ATÍPICO?
Cisto com mais de 1 cm, geralmente com múltiplas
septações
Diagnóstico Diferencial
• Pineocitoma cístico: Em lesões maiores, suscita muita
dúvida. O ideal é acompanhar, pois o tumor cresce
rápido;
• Astrocitoma Pilocítico Componente sólido com
realce e distorção mesencefálica;
• Aneurisma de veia de galeno;
• Cisto do cavo do véu;
• Cisto Dermoide/Epidermoide T1 ajuda/Difusão!
CISTO DO PLEXO CORIOIDE
• Encontrados em metade das autópsias!
• 0,1-2% das gestações Achado incidental;
• Usualmente se localiza no glomus corioide do átrio
dos ventrículos laterais;
• Oriundo da descamação epitelial e acúmulo lipídico;
Cisto Xantogranulomatoso do plexo corioide é
análogo ao cisto simples, exceto pelo conteúdo
xantomatoso!
Aspectos Clínicopatológicos
• Maioria é assintomática Achado Incidental;
• Cisto típico é aderido ao plexo, mas pode ter alguma
mobilidade;
• Se no 3º ventrículo
AP Epitélio corióide com cisto único ou agrupado, com
material proteináceo e colesterol, associado à infiltrado
linfocitário crônico
IMAGEM
• Pequenas áreas de isoatenuação com o LCR,
arredondas, bilaterais e algo simétricas, podendo
apresentar calficações glômicas associadas; Pode
haver realce pela inexistência de BHE no local;
• RM Comumente lesões bem definidas com
isossinal ao LCR, podendo apresentar variação de
acordo com o conteúdo. Cistos hiperproteicos
apresentam hiperssinal no FLAIR;
• Xantogranulomatoso Hiperssinal na Difusão!
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Cisto ependimário ou aracnóide IV Usualmente
únicos, sem realce, em superfície ependimária;
• Hiperplasia vilosa Extremo do papiloma. Tem muito
realce;
• Hemorragia perinatal, se resolvendo com cistos;
• Cisto Colóide: Maior dificuldade em cisto de plexo
adjacentes ao forame de Monro;
• Metástases, plexite, histiocitoses...
CISTO EPENDIMÁRIO
• Originado no sequestro do neuroectoderma na
embriogênese;
• Achado raro, podendo ocorrer no interior das
leptomeninges, IV ou no parênquima;
• Maioria dos achados é incidental Assintomáticos!
• Se obstruir drenagem Cefaleia, Convulsão e
Hidrocefalia;
• AP Epitelio colunar secretor de fluido análogo ao
LCR; Pode ser cílios;
IMAGEM
• TC Lesão de paredes finas com isoatenuação ao
líquor. Pode ser bem sutil. Muitas vezes só assimetria
dos trígonos ventriculares;
• RM Isossinal em relação ao LCR;
• 3D CISS Tira dúvida sobre a delimitação do cisto e
diagnóstico diferencial;
• Hipossinal à difusão!
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Cisto do plexo: Usualmente bilaterais, múltiplos,
simétricos e menores;
• Neurocisticercose IV: 3D CISS é a melhor sequência
para a análise do escólex;
• Distorção isolada dos Ventrículos laterais: Disfunção
do Monro ou aderências locais. TC pode não ser
conclusiva. 3D CISS tira a dúvida!
CISTO NEUROGLIAL
• Lesão congênita rara ( 1% das lesões císticas IC).
• Deriva de componente glial e ependimário
sequestrado na SB durante a embriogênese;
• Pode ocorrer em qualquer lugar. Mais comum em
lobos frontais;
CLÍNICA E PATOLOGIA
• Maioria é assintomática, mas podem ter convulsão,
cefaléia e déficits neurológicos focais;
• AP Parede fina com misto de células colunares
(ependimárias) e cubóides ( plexo), secretando líquido
análogo ao LCR;
IMAGEM
• TC e RM evidenciam formação cística
intraparenquimatosa, de tamanho variável, atenuação
e sinal = ao LCR, sem impregnação pelo gadolíneo,
sem comunicação com o espaço IV ou
subaracnóideo, sem alterações do parênquima
adjacente;
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Espaços de Virchow-Robin Lesão comum, benigna,
assintomática, podendo-se ver vaso no seu interior;
• Neurocisticercose Geralmente múltiplas,
associadas a inflamação perilesional e escólex;
• Cisto Porencefálico: Mimetiza muito, mas geralmente
tem gliose perilesional por encefalomalácia;