Post on 27-Aug-2020
LEONARDO FELIPE CORRÊA PINTO
ALINE VIÉGAS
CPII
Rio de Janeiro, 2018
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CADERNO DE ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS PARA A PRODUÇÃO DE
AULAS PRÁTICAS DE BIOLOGIA NO
ESPAÇO ESCOLAR, SOB A
PERSPECTIVA DA ALFABETIZAÇÃO
CIENTÍFICA
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LEONARDO FELIPE CORRÊA PINTO
ALINE VIÉGAS
CADERNO DE ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS PARA A PRODUÇÃO DE
AULAS PRÁTICAS DE BIOLOGIA NO
ESPAÇO ESCOLAR, SOB A
PERSPECTIVA DA ALFABETIZAÇÃO
CIENTÍFICA
1ª Edição
CPII
Rio de Janeiro, 2018
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COLÉGIO PEDRO II
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA
BIBLIOTECA PROFESSORA SILVIA BECHER
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário João Alfredo - CRB7 8094
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PARA O PROFESSOR
Caro professor, o produto educacional que aqui apresentamos faz parte das Aulas Práticas já executadas em uma escola privada do Estado do Rio de Janeiro, localizada no Bairro
de Bangu na disciplina biologia, pelo professor que vos fala. Ressaltamos que, parte das
práticas apresentadas nesse produto constituíram a pesquisa de dissertação intitulada
“PRATICANDO BIOLOGIA NO ESPAÇO ESCOLAR SEM O USO DE LABORATÓRIOS:
POSSIBILIDADES PARA A PROMOÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA”,
vinculada ao Programa de Mestrado Profissional em Práticas de Educação Básica do CPII.
Faço, agora, uma breve apresentação a fim de elucidar o leitor sobre o que nos motivou
a toda nossa pesquisa e à produção desse produto educacional.
Sou formado no Curso de Ciências Biológicas, pela Universidade do Grande Rio, RJ,
desde 2001. No período do curso me foram apresentados vários trabalhos práticos em campo
e em laboratórios, além de práticas em zoologia, saúde e, também, participei de aulas práticas voltadas para questões pedagógicas, durante o curso de licenciatura. Para além de meras aulas
conteudistas, percebi essas aulas práticas como sendo importantes pontes facilitadoras do meu
aprendizado em relação aos conteúdos previstos no planejamento desse curso. Dessa forma,
as aulas práticas se apresentaram para mim, durante a graduação, o fato de maior interesse e
propiciador de melhor aprendizado. Toda essa vivência trouxe tal percepção para a construção
de minhas aulas, enquanto professor, que a aplico, sempre que tenho oportunidade.
Ao final do curso de formação superior, fui convidado a atuar como técnico de nível
superior no Instituto Oswaldo Cruz, Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica, onde, como
técnico de nível superior, trabalhei durante 4 anos em pesquisa experimental participando da
elaboração e execução de experimentos dos alunos mestrandos e doutorandos desse
laboratório.
Durante meu período acadêmico, tanto na Universidade quando na Fundação Oswaldo Cruz, além dos anos em que atuei em curso de formação técnica, observei que as práticas em
laboratórios e a vivência nos experimentos práticos, tornam mais simples a compreensão dos
conteúdos e conceitos e, essas experiências levo para minhas práticas que elaboro junto aos
alunos, como professor ao longo desses 18 anos de atuação.
A partir de toda essa experiência em minha formação profissional, entendi que as Aulas
Práticas são ferramentas facilitadoras na construção do conhecimento dos alunos e alunas;
porém, também percebi, ao longo de minha vida profissional como professor, que existiam
limitadores diversos para a construção e aplicação dessas práticas, principalmente por falta de
espaços formais para a execução das mesmas. Assim, iniciamos (eu e os alunos e alunas) o
processo de construção de Aulas Práticas que pudessem ser desenvolvidas nos espaços que a
escola oferecia, com o intuito de transpor as barreiras que a falta de laboratórios nos oferecia. Podemos também compartilhar com os leitores outros entraves que nos levaram a
pensar na aplicação de nossas Aulas Práticas no espaço escolar: as visitas em ambientes fora
da escola, tais como em museus e zoológicos (que também são, na nossa opinião, importantes
ferramentas para a construção do conhecimento de nossos alunos e alunas) algumas vezes
geram importantes complicadores, como cobrança de valores a serem gastos com transporte e
preparo de documentos necessários para que a escola se respalde em relação à segurança dos
de seus alunos e alunas. Muitas vezes, a necessidade de tais procedimentos leva o docente a
um desgaste e desistência da atividade, mesmo antes de sua elaboração. Ressalto esses entraves
por já ter passado pelos mesmos por várias vezes e, que outros professores, que agora fazem a
leitura desse trabalho, também já os enfrentaram.
Ressaltamos que temos total clareza da importância dos laboratórios como espaços
formais para execução de aulas práticas em ciências nas escolas e, não temos o interesse de
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desmerecer a presença desses espaços, porém, apontamos em nosso trabalho que a falta desses
espaços não pode ser um obstáculo para a construção e execução de Aulas Práticas que
integrem as nossas aulas de Biologia, sob a perspectiva da Alfabetização Científica.
Manifestei interesse em fazer o MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE
EDUCAÇÃO BÁSICA DO COLÉGIO PEDRO II, com o intuito de, por meio dessa pesquisa
demostrar que Aulas Práticas, mesmo sem a utilização de um laboratório de ciências, podem
tornar o processo de aprendizagem mais interessante, levando o aluno à curiosidade, que a meu
ver, é um dos principais fatores necessários para que os alunos e alunas construam os
conhecimentos propostos nos currículos escolares.
Segundo Freire (2003), uma das estratégias para termos o maior interesse do aluno nos temas escolares é a aproximação da prática didática às questões cotidianas que fazem parte do
espaço de vivência do aluno, e entendemos que uma importante estratégia para se obter essa
aproximação, é a utilização das atividades práticas, na medida do possível, nas aulas de
ciências.
Sendo assim, esse produto educacional pretende fomentar a criação e aplicação de
Aulas Práticas, a partir dos Conteúdos de Biologia para o Ensino Médio, com o propósito do
alcance da Alfabetização Científica, que Attico Chassot (2003), Sasseron e Carvalho (2008 e
2011) definem como sendo o domínio de conhecimentos científicos e tecnológicos necessários
para a formação do ser social e para o uso desse conhecimento na vida diária do cidadão e
cidadã, para que esses possam interferir de forma crítica aos preceitos científicos e
tecnológicos.
Atenciosamente, Leonardo Felipe Correa Pinto
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SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................07
2. PLANEJAMENTO ANUAL DA ESCOLA .............................................................11
3. AULAS PRÁTICAS ..............................................................................................14
3.1. Reciclagem da Tradução: Montagem de Proteína .............................................14
3.2. O grupo sanguíneo da minha escola ..................................................................20
3.3. Projeto Eco Cantoria .........................................................................................29
3.4. Anatomia: Modelos Anatômicos .......................................................................35
3.5. Modelos Ecológicos ..........................................................................................38
3.6. Jogos Celulares .....................................;;;;;;;;...................................................41
3.7. Gravidez: Uma semana de Responsabilidade ....................................................46
3.8. Praticando a Decomposição ..............................................................................51
3.9. Os Fungos na culinária ......................................................................................54
3.10. Show da Luna e a Fermentação ........................................................................57
3.11. Angiospermas: As Diferenças entre Monocotiledônea e Dicotiledônea ..........60
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................65
REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................67
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1. APRESENTAÇÃO
Como já esclarecido, anteriormente, esse produto educacional que elaboramos,
denominado “CADERNO DE ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS PARA A PRODUÇÃO DE
AULAS PRÁTICAS DE BIOLOGIA NO ESPAÇO ESCOLAR, SOB A PERSPECTIVA DA
ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA” foi produzido com a intenção de apresentar algumas
Aulas Práticas que utilizamos de forma frequente em turmas dos três anos do Ensino Médio
com o objetivo de auxiliar o professor a tornar os conceitos relacionados aos conteúdos de
Ciências Biológicas mais atraentes e interessantes para os alunos e alunas, mesmo em espaços
escolares que não tenham um laboratório de ciências. Dois trabalhos que descrevemos nesse produto, foram analisados em nossa pesquisa de
mestrado intitulada “PRATICANDO CONTEÚDOS DE BIOLOGIA NO ESPAÇO
ESCOLAR SEM O USO DELABORATÓRIOS: POSSIBILIDADES PARA A PROMOÇÃO
DA ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA”, sendo esses: “Reciclagem da Tradução: Montagem
de Proteínas” e “O grupo sanguíneo da minha escola” onde investigamos se Aulas Práticas
executadas no Espaço Escolar, mesmo realizadas sem o aporte de um Laboratório de Ciências,
facilitam o alcance da perspectiva Alfabetização Científica. As análises nos apontaram que, as
Aulas Práticas servem como importantes ferramentas no ensino-aprendizagem de conteúdos
de Biologia no Ensino Médio, já que foi possível observar, por meio de indicadores propostos
por Sasseron e Carvalho (2008) denominados por elas como Eixos Estruturantes da
Alfabetização Científica, que ao longo dos processos de construção e aplicação das Aulas Práticas, os alunos e alunas alcançaram os eixos balizadores de nossas análises. Esses três
eixos estruturantes propostos pelas autoras são:
O primeiro dos eixos estruturantes refere-se à compreensão básica de
termos, conhecimentos e conceitos científicos fundamentais e a
importância deles reside na necessidade exigida em nossa sociedade de se compreender conceitos-chave como forma de poder entender até mesmo pequenas informações e situações do dia-a-dia. O segundo eixo preocupa-se com a compreensão da natureza da ciência e dos fatores
éticos e políticos que circundam sua prática, pois, em nosso cotidiano, sempre nos defrontamos com informações e conjunto de novas circunstâncias que nos exigem reflexões e análises considerando-se o contexto antes de proceder. Deste modo, tendo em mente a forma como as investigações científicas são realizadas, podemos encontrar subsídios
para o exame de problemas do dia-a-dia que envolvam conceitos científicos ou conhecimentos advindos deles. O terceiro eixo estruturante da AC compreende o entendimento das relações existentes entre
ciência, tecnologia, sociedade e meio-ambiente e perpassa pelo reconhecimento de que quase todo fato da vida de alguém tem sido influenciado, de alguma maneira, pelas ciências e tecnologias. Neste sentido, mostra-se fundamental de ser trabalhado quando temos em mente o desejo de um futuro saudável e sustentável para a sociedade e o
planeta. (SASSERON & CARVALHO, 2008, p. 335).
Utilizamos esses três eixos como apoio na análise dos trabalhos, desenvolvidos junto aos alunos e alunas, para investigarmos a importância das Aulas Práticas realizadas no Espaço
Escolar, sem o uso de laboratórios, no alcance da Alfabetização Cientifica.
Vale uma breve descrição de como enxergamos a aplicação dos eixos estruturantes
propostos pelas autoras em nosso trabalho. Assim, percebemos o primeiro eixo, “compreensão
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básica de termos, conhecimentos e conceitos científicos fundamentais” como aquele que se
aplica à compreensão de conceitos ligados ao conhecimento científico, pelos alunos e alunas;
é o que as autoras tratam como conceitos-chave que se aplicam nos procedimentos do cotidiano
dos alunos. Assim, o compreendemos como um importante eixo a ser debatido em nosso
trabalho, bem como sua utilização de forma basilar na busca das categorias que utilizamos na
análise do alcance da AC.
O segundo eixo estruturante, “compreensão da natureza da ciência e dos fatores éticos
e políticos que circundam sua prática” se relaciona às formalidades que circundam a aquisição
dos conhecimentos científicos, ou seja, se relaciona à compreensão de que esse conhecimento
está em constante transformação, já que este se vincula aos aspectos sociais e políticos da descoberta em si, que se dá pela seleção da pesquisa a ser desenvolvida e suas técnicas
predefinidas. Esse tipo de compreensão leva o indivíduo ao desenvolvimento de uma
criticidade em relação ao saber científico. Ainda em relação a esse eixo, compreendemos ser
de grande valia em nosso trabalho, já que temos como um dos objetivos, fomentar no aluno o
interesse pela pesquisa; dessa forma, ao longo de nosso trabalho, colocam em evidência tais
questões que influenciam a construção do saber científico nas atividades que aplicamos nas
turmas, ao longo. Da realização de nossa pesquisa.
O terceiro e último eixo estruturante proposto pelas autoras, “entendimento das relações
existentes entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente” está imbricado com o que julgamos,
embasados nas próprias autoras, como os quatro pilares de importância na construção do
conhecimento científico na contemporaneidade que se dá pela inter-relação entre Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente. A percepção do entrelaçamento entre essas quatro
dimensões determina a interferência que uma exerce sobre a outra, que só se percebe com os
saberes científicos já construídos. Assim percebemos que tal eixo estruturante é a culminância
do alcance dos dois eixos anteriores. Com esse alcance, o indivíduo passa a perceber que tais
esferas estão ligadas de tal forma, que a solução imediata para um problema em uma dessas
esferas, pode determinar a criação de um problema para outra. Isto posto, percebemos esse
eixo como de suma importância para a construção e aplicação das categorias que levantamos
ao longo da pesquisa, já que, através dessa base, estruturamos categorias que demostram a
percepção de nossos alunos em relação ao desejo da construção de uma sociedade melhor, em
suas relações interpessoais, sociais, econômicas e com o meio em que vivem.
Para uma justificativa mais ampla da importância do terceiro Eixo Estruturante da AC propostos por Sasseron e Carvalho em nosso trabalho, teceremos uma breve discussão teórica
sobre os movimentos CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) e CTSA (Ciência, Tecnologia
Sociedade e Ambiente). Assim sendo, faremos um debate sobre a origem e implementação dos
movimentos CTS e CTSA e a necessidade da inserção dessas temáticas nos currículos
escolares no intuito de integrar o conhecimento acerca da ciência na sociedade.
Segundo Membiela o movimento CTS tem início da tecada e 60 no âmbito
universitário, e se estende ao Ensino Médio na década de 80, no contexto internacional.
Francisco Ferreira (et al), (2015) revela que na década de 1990 incluísse no movimento já
estabelecido CTS discussões sobre as questões ambientais e suas relações com a Ciência,
Tecnologia e Sociedade e, sendo esse novo debate integrado surgi o movimento intitulado
CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente). Em outras palavras, as discussões sobre
o envolvimento da sociedade nos temas ciência e tecnologia, originado o movimento CTS se inicia nos meios universitários na década de 60, onde ganha maior vulto, alcança o Ensino
Médio na década de 1980 e é reformado na década de 1990, onde se integra a essa temática
discussões sobre as interferências da sociedade no meio ambiente, gerando assim o movimento
CTSA.
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Assim, podemos perceber uma forte ligação com os movimentos educativos CTS e
CTSA com nossa abordagem principal, a Alfabetização Científica de alunos e alunas. Logo,
corroborando com nossa percepção da necessidade de que os cidadãos e cidadãs se apropriem
do conhecimento científico, Ricardo (2007), em relação a necessidade de uma ampla
divulgação desse conhecimento na conjuntura social atual, relata que: O mundo moderno é cada vez mais artificial, no sentido de intervenção humana, e há uma crescente necessidade por conhecimentos científicos e tecnológicos para a tomada de decisões comuns, individuais ou coletivas, ainda que nem sempre essa influência seja percebida claramente por
todos. Os jovens, em particular, interagem constantemente com novos hábitos de consumo que são reflexos diretos da tecnologia atual. Paradoxalmente, não recebem na escola uma formação para a ciência e a tecnologia que vá além da informação e de relações meramente ilustrativas ou motivacionais entre esses campos de saberes. Mesmo quando há inovações, que buscam aproximar os alunos do funcionamento das coisas e das questões tecnológicas, ainda ficam ausentes outras dimensões do mundo artificial e da compreensão da sua relação com a
vida diária. (p. 1)
Dessa forma, o autor nos apresenta a grande importância de aplicar aos currículos
escolares a perspectiva baseada nos movimentos educativos CTS e CTSA. Todas as Práticas presentes nesse produto educacional foram totalmente construídas
nos espaços pertencentes à instituição onde a pesquisa foi realizada, seguindo o plano de curso
dessa instituição, não sendo utilizado nenhum espaço específico, tais como laboratório de
ciências para a execução das mesmas - tendo em vista a não existência de laboratório na
instituição. Essa conduta utilizada por nós, foi proposital, já que a nossa intenção era demostrar
que a não existência de espaços formais para execução de Aulas Práticas, não devem impedir
que as mesmas sejam realizadas com sucesso.
Logo, todas as Aulas Práticas que apresentamos nesse produto, a vocês professores,
podem ser realizadas em qualquer área das instituições de ensino onde os senhores realizam
suas atividades de educadores; dessa forma, esperamos que esse material didático seja de
grande ajuda em sua prática docente cotidiana.
Para justificar a importância da aplicação de Aulas Práticas no Espaço Escolar, apontamos a fala de Moran, (2000), quando esclarece:
Aprendemos melhor quando vivenciamos, experimentamos, sentimos. Aprendemos quando relacionamos, estabelecemos vínculos, laços, entre o que está solto, caótico, disperso, integrando-o em um novo contexto, dando-lhe significado, encontrando um novo sentido. (p. 23)
Em sua percepção, Moran entende que vivenciar algo, e definimos esse algo como
conteúdo que compõem o aprendizado escolar, é tornar tal conteúdo integrado à vida do
sujeito, facilitando o entendimento e apreensão dos mesmos.
Em consonância ao nosso pensamento sobre a importância do uso de Aulas Práticas no
Espaço Escolar, Viñao Frago e Escolano, 1998, ressaltam a importância do uso desse espaço para estimular o aprendizado:
Como espaço tradicionalmente relacionado ao ensino, as salas de aula permitem que o trabalho e as relações entre alunos e professor ocorram. Considerando que materiais contribuem para a concretização de
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atividades e para a mediação intencionada na discussão sobre conhecimentos, a organização do espaço escolar exerce influência nas
relações estabelecidas, ancorando comportamentos e auxiliando no desenvolvimento de práticas e colocando em prática o trabalho com as
disciplinas reconhecidas nos currículos das escolas. (VIÑAO FRAGO
e ESCOLANO, 1998p. 52)
Dessa forma, os autores percebem que quando se utiliza o próprio Espaço Escolar como pano de fundo para a construção de Aulas Práticas, há maior integração entre aluno/professor
e aluno/conteúdo, o que nos leva a concluir que essa maior integração viabiliza assim um maior
alcance das perspectivas da Alfabetização Científica.
Lima e Garcia (2011), em um estudo relacionado a importância das Aulas Práticas na
aquisição da Alfabetização Científica em aulas de Biologia no Ensino Médio, ressaltam que: Se dermos aos nossos alunos a oportunidade de pensar, proporcionaremos algo que levarão para a vida. Estaremos fazendo mais do que simplesmente aprová-los no vestibular; estaremos dando a eles a
autonomia para formação de seus pensamentos e a motivação para suas ações conscientes. (p.212)
Dessa forma, percebemos que as Aulas Práticas tornam mais significativos os conceitos
trazidos em sua execução para os sujeitos envolvidos, elevando a aquisição desses conhecimentos para além da mera formação acadêmica, dando a esses conteúdos um vulto
mais elevado, inserindo a sua compreensão no cotidiano de vida do aluno e aluna.
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2. PLANEJAMENTO ANUAL DA ESCOLA
Apresentaremos, nessa sessão, os planejamentos para que o professor possa reconhecer
os temas pertinentes às séries onde aplicamos as Aulas Práticas.
1º Ano
Fonte: O autor, 2018
Tema Subtemas Objetivos Específicos
Biologia: Fundamentos Ciência da vida, Organização celular,
Composição química das células e Proteínas.
Conhecer as estruturas celulares bem como
o funcionamento das mesmas.
Origem e Manutenção da
vida
Material genético (estrutura e função),
Bioenergética, Compartimentos celulares e
Origem da vida.
Compreender metabolismo celular, a
importância da compartimentalização
presente nas células eucariontes e as teorias
do surgimento da vida na terra.
Continuidade da vida Núcleo celular, Divisão celular, Bases da
reprodução e Desenvolvimento animal.
Reconhecer a função do núcleo celular, a
importância dessa estrutura na manutenção
da vida e os mecanismos de transferência
das características genéticas através da
reprodução.
Manutenção da Infraestrutura Tecidos de revestimentos, Tecidos
conjuntivos, Imunidade e Tecidos nervoso e
muscular.
Conhecer os tecidos que compõem o corpo
dos animais.
Quadro 1: Planejamento do 1º Ano, Ensino Médio, 2018.
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2º Ano
Fonte: O autor, 2018
Tema Subtemas Objetivos Específicos
O mundo microscópico Classificação e diversidade dos seres vivos,
Bactérias e fungos, Algas e protozoários e
protozoonoses.
Entender as metodologias de classificação
dosa seres vivos e os principais grupos de
seres microscópicos.
A vida das plantas Grupos vegetais e reprodução, Morfologias
vegetal, Transpiração e transporte e
Homônimos e movimentos.
Compreender os grupos vegetais, bem
como a fisiologia e anatomia dos mesmos.
Diversidade animal Invertebrados mais simples, Helmintos,
Invertebrados mais complexos e Cordados.
Reconhecer os principais grupos de animais
e suas especificidades.
A vida dos animais Digestão e respiração, Circulação, equilíbrio
hidrossalino e excreção, Integração e
coordenação nervosa e endócrina e
Reprodução.
Conhecer os sistemas que compõem o
corpo dos animais e sua integração e
funcionamento.
Quadro 2: Planejamento do 2º Ano, Ensino Médio, 2018.
Fonte: O autor, 2018
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3º Ano
Fonte: O autor, 2018
Tema Subtemas Objetivos Específicos
A genética e os genes Conceitos, tradução, o código genético e
mutações.
Compreender os conceitos básicos de
genética.
A herança de uma
característica
Primeira lei de Mendel, conceitos,
dominância e recessividade, noções de
probabilidade e cruzamento teste,
heredograma, dominância incompleta,
codominância, alelos letais e alelos
múltiplos.
Reconhecer os conceitos sobre as leis de
Mendel e suas aplicações práticas.
A herança de duas ou mais
características
Segunda lei de Mendel, grupo sanguíneo e
fator Rh e mapas cromossômicos.
Conhecer as aplicações da primeira e
segunda lei de Mendel.
Biotecnologia DNA recombinante, clonagem e
transgênicos.
Conhecer temas como clonagem, terapias
gênicas e transgênicos.
Processos evolutivos Homologia, Lamarck, Darwin, especiação e
isolamento reprodutivo.
Conhecer os fatores que caracterizam a
evolução dos seres.
Introdução a Biologia e
biosfera
Ecologia, o clima, biomas, biomas do Brasil
e ecossistemas de água doce.
Conhecer Ecologia, o clima, biomas,
biomas do Brasil e ecossistemas de água
doce.
Fluxo de energia e ciclo da
matéria
Hábitat e nicho ecológico, níveis tróficos,
pirâmides ecológicas e ciclos
biogeoquímicos.
Compreender as diferenças entre Hábitat e
nicho ecológico;
Conhecer níveis tróficos, pirâmides
ecológicas e ciclos biogeoquímicos.
Comunidades e populações Estruturas de uma comunidade, dinâmica,
interações e ecologia das populações.
Reconhecer estruturas de uma comunidade,
dinâmica, interações e ecologia das
populações
A quebra do equilíbrio
ambiental
Alterações abióticas e bióticas,
desenvolvimento sustentável.
Conhecer as alterações abióticas e bióticas
e desenvolvimento sustentável
Quadro 3: Planejamento do 3º Ano, Ensino Médio, 2018.
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3. AULAS PRÁTICAS
3.1 RECICLAGEM DA TRADUÇÃO: “MONTAGEM DE PROTEÍNAS”
Introdução
O trabalho em questão foi executado por turmas do 3º ano do Ensino Médio no ano de
2018.
O principal objetivo do projeto foi familiarizar os alunos e alunas com os fenômenos
moleculares relacionados à transcrição e à tradução.
O trabalho emerge durante uma aula de biologia molecular que tratava dos conceitos
relativos aos ácidos nucleicos e suas funções, sendo então idealizado em grupo, com o objetivo
de, por meio da ludicidade, executar os fenômenos apresentados aos sujeitos através da
construção de polipeptídios.
O Tema, que denominamos “Reciclagem da Tradução: Montagem de Proteínas” foi
criado para trazer a luz dos conhecimentos dos alunos e alunas conceitos relacionados aos fenômenos referentes a produção de proteínas, assim, discutimos assuntos como função do
código genético, transcrição e tradução. Após as aulas teóricas, aplicamos as três Aulas
Práticas previstas no projeto, com algumas intervenções iniciais, descritas a seguir.
Apontamos alguns passos basilares para a construção do trabalho, sendo esses passos: o primeiro aminoácido do polipeptídio deveria ser a metionina (AUG), as unidades que
representariam os 20 diferentes tipos de aminoácidos deveriam ser diferenciadas por cor ou
forma e devidamente identificado em uma legenda determinando cada tipo de aminoácido.
Assim, orientamos os alunos e alunas a montar o produto, ou seja, um polipeptídio de no
mínimo 73 aminoácidos, caracterizando uma proteína.
O tipo de material utilizado para a construção do produto não foi definido, porém,
citamos como exemplo, materiais reciclados, para estimular a reciclagem de materiais que
poderiam ter em suas casas.
Conteúdos trabalhados:
Função do código genético;
Transcrição;
Tradução;
Mutação
Objetivos:
Identificar os diferentes tipos de aminoácidos;
Entender a função do código genético, bem como sua funcionalidade nos processos de transcrição e tradição;
Entender o processo da tradução (montagem de uma proteína pelo código presente no
DNA) de forma lúdica.
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Etapas:
Ministração das aulas sobre o tema. Cada aula aplicada por nós constou de 2 tempos de 45 minutos;
O aluno deverá simular uma proteína através da montagem de um esquema pela união de
material reciclável que representará os diferentes tipos de aminoácidos;
Escolha do material utilizado, sendo de escolha pessoal, porém, as peças que irão
representar os aminoácidos deverão ser diferenciadas em cor ou forma, sendo obrigatoriamente
o primeiro aminoácido representado sempre pela metionina (AUG) – aminoácido de iniciação
do processo de tradução;
O modelo construído pelos grupos deverá conter uma legenda identificando os
aminoácidos de acordo com diferenciação escolhida pelos grupos citada no item interior;
É necessário a identificação das trincas de bases nitrogenadas referentes a cada aminoácido,
no intuito de esclarecer o conceito de que o código genético é degenerado.
Execução
Alguns dos resultados dos trabalhos construídos e apresentados pelos grupos estão
representados nas fotos 1, 2, 3 e 4, sendo a representação de três polipeptídios construídos de
formas diferentes, como podemos observar:
Fonte: O autor, 2018.
Foto 1
A foto 1 demostra a representação de uma proteína de estrutura primária, com os
aminoácidos representados em 20 cores diferentes confeccionados em biscuit e a base feita de
material reciclado.
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Fonte: O autor, 2018.
Foto 2
O trabalho representado na foto acima foi construído de forma muito particular, tendo
em vista que a orientação era a montagem de um polipeptídio com os 20 tipos de aminoácidos,
e que cada um desses deveria ser diferenciado em cores, porém, de forma muito criativa, além
de diferenciar os aminoácidos em cores diferentes, os alunos e alunas do grupo também
utilizaram figuras geometricamente diferentes, o que chamou bastante a nossa atenção.
Fonte: O autor, 2018.
Foto 3
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A foto 3 demostra o modelo mais comum produzidos pelos alunos, onde foi utilizado
uma folha se isopor como base para as bolinhas, também de isopor e a para a legenda com a
identificação das cores para cada tipo de aminoácido.
Fonte: O autor, 2018.
Foto 4
A foto 4 é a representação de um polipeptídio feito com 73 bolinhas de isopor,
representando assim uma proteína. O que nos chamou a atenção no produto desse grupo foi a
configuração do modelo, espiralado e com um fundo que intencionava a não fixação da
proteína em um substrato, dando a impressão de que a mesma estava flutuando no espaço.
Considerações
Após as aulas teóricas sobre os conceitos ligados à função do código genético,
pensamos na elaboração de Aulas Práticas lúdicas que facilitassem a compreensão desse conteúdo tão complexo. Então, ainda na primeira aula prevista, iniciamos o processo de
discussão sobre como o trabalho seria realizado e como seriam suas etapas. Assim, sugerimos
a divisão em grupos e a construção de um produto que representasse a montagem de um
polipeptídio, sendo necessário a diferenciação dos 20 tipos de aminoácidos. Portanto,
decidimos juntos aos alunos e alunas, um prazo de duas semanas para a apresentação dos
modelos de polipeptídios.
As fotos acima representam quatro modelos dos trabalhos apresentados. O modelo da
foto 1 foi elaborado em um formato de torre vertical, com bolinhas de biscuit, onde a base da
torre apresentava a legenda, sendo cada cor representante de um aminoácido. O trabalho da
foto 2 foi construído de forma lúdica, onde em um modelo de cobra, os alunos representaram
um polipeptídio, sendo os tons diferenciados de cores na escala do cinza ao preto, além da
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diferença geométrica das unidades que representaram os diferentes aminoácidos. Já o trabalho
representado na foto 3 foi o modelo mais clássico, tendo em vista que a maior parte dos grupos
desenvolveram modelos semelhantes; nesse caso, os alunos e alunas fizeram a união das
unidades representando os aminoácidos em folha de isopor, sendo as bolinhas de isopor em
diferentes cores.
A foto 4 mereceu um destaque especial, já que esse trabalho fez parte da pesquisa
descrita em nossa dissertação de mestrado, como já visto (que valida esse produto
educacional). Por meio da análise da apresentação realizada pelo grupo em questão, assim
como da análise do conteúdo do trabalho exposto, percebemos, claramente, o alcance da
Alfabetização Científica pelos alunos e alunas. Durante todas as fazes do desenvolvimento do projeto, conseguimos observar o grande
envolvimento dos sujeitos em todas as etapas do trabalho e, ao longo das apresentações dos
modelos, percebemos a aquisição do conhecimento acerca dos conteúdos, tendo em vista que
os modelos, por si só, manifestaram detalhes que nos apontaram essa aquisição. Também, por
meio das justificativas dos alunos e alunas, durante a apresentação de seus modelos,
compreendemos o alcance da Alfabetização Científica por parte dos mesmos.
Breve Discussão da Prática Sob a Luz da Pesquisa
Em relação ao tema “Tradução da reciclagem: Montagem de Proteínas, que foi
discutido e analisado, apresentaremos os rumos que tal atividade percorreu em nossa dissertação.
Como já explicitado, durante a primeira aula, os alunos e alunas foram orientados a
construírem um produto que representasse uma proteína e, esses modelos de proteínas foram
montados com unidades que representaram os aminoácidos e o conjunto desses, formaram por
fim, uma proteína.
Após a montagem dos produtos e a apresentação dos mesmos, entendemos que se fez
necessário nossa intervenção para o alcance dos Eixos mais complexos, o 2 e 3 (discutidos na
introdução desse, na página 7), já que a primeira Aula Prática não nos forneceu dados
suficientes relativos a esses dois Eixos; porém, o Eixo 1 foi bem representado nessa etapa do
trabalho.
Após a primeira Aula Prática os sujeitos construíram relatórios sobre o produto construído, constituindo a segunda Aula Prática sobre o tema e, por fim, imediatamente após
a apresentação dos relatórios, fizemos uma segunda intervenção com colocações que
relacionassem os conteúdos trabalhados à aplicação dos mesmos no dia-a-dia, no intuito de
gerar base para a construção da terceira Aula Prática.
A terceira Aula Prática foi marcada por um denso debate sobre várias proposições
trazidas pelos sujeitos e, o objetivo maior dessa etapa do trabalho foi estimular os alunos e
alunas e perceberem a viabilidade do emprego dos conceitos e dos conhecimentos adquiridos
em seu cotidiano.
Mediante a apresentação das três Aulas Práticas e a análise dos dados, chegamos aos
resultados indicados no gráfico abaixo, que traz dados que possibilitam a análise conjunta das
três Aulas Práticas. Construímos esse gráfico com o intuito de analisarmos a evolução do
alcance dos três eixos estruturantes da AC, durante a realização das atividades sobre o tema proposto.
19
Fonte: O autor, 2018.
Gráfico2: Eixos estruturantes da A.C. "Reciclagem da Tradução: Montagem de Proteínas"
Para nós, o fenômeno crescente dos Eixos no decorrer das Aulas Práticas, apresentado no gráfico 2, se deu pelo próprio tema sugerido por nós para a confecção dessas Aulas, pois
percebemos que, os conceitos relacionados à função do código genético não são claramente
explicitados no cotidiano dos sujeitos. Assim, após nossa mediação, onde apresentamos aos
sujeitos informações necessárias e relacionadas a tais conceitos, como transgenia e clonagem,
trazendo à luz a relação entre os conteúdos vistos em aulas e sua aplicação prática no meio
científico e social dos mesmos, emergiram manifestações dos sujeitos que indicaram o alcance
da A.C.
2636
53
1334
112
1328
120
Aula Prática 1 Aula Prática 2 Aula Pratica 3
Eixos Reciclagem da Tradução: Montagem de Proteínas
Eixo 1 compreensão básica de termos, conhecimentos e conceitos científicosfundamentais
Eixo 2 compreensão da natureza da ciência e dos fatores éticos e políticos quecircundam sua prática
Eixo 3 entendimento das relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedadee meio-ambiente
20
3.2 O GRUPO SANGUÍNEO DA MINHA ESCOLA
Introdução
O presente trabalho foi executado por turmas do 3º ano do Ensino Médio no ano de
2018.
É importante ressaltar que, durante os debates que geraram as bases para a construção
do trabalho, não ocorreu a definição de quais produtos seriam elaborados pelos grupos, a fim
de fomentar a criatividade dos alunos e alunas. Os principais produtos dessa prática foram dois
banners produzidos pelos dois grupos, além da palestra que os mesmos desenvolveram e
ministraram.
Conteúdos trabalhados:
Genótipos e fenótipos relacionados ao sistema AB0 e fator Rh;
Compatibilidade sanguínea;
Importância da transfusão sanguínea;
Eritroblastose fetal.
Objetivos:
Entender os genótipos e fenótipos relacionados aos grupos sanguíneos e ao fator Rh;
Compreender conceitos genéticos atrelados aos grupos sanguíneos e ao fator Rh;
Perceber a importância da compatibilidade dos grupos sanguíneos e do fator Rh na
transfusão sanguínea;
Levantar, através de entrevistas, os grupos sanguíneos e o fator Rh dos membros da escola;
Hereditariedade do sistema AB0 e do fator Rh;
Compreender a importância das transfusões sanguíneas.
Etapas:
Ministração das aulas que tratam do conteúdo que relaciona genética aos grupos
sanguíneos e ao fator Rh. Em nosso projeto, foram ministradas quatro aulas sobre o tema e
cada aula constou de 2 tempos de 45 minutos;
Divisão da turma em grupos. Convém a não intervenção do professor a fim de estimular a
cooperação e responsabilidade entre os alunos;
Pesquisa sobre a genética do sistema AB0 e fator Rh dos membros da escola;
Criação de meios para comunicar as informações fenotípicas e os possíveis genótipos dos
membros da escola;
Apresentação do trabalho.
21
Execução
Já na primeira etapa da aula prática, um dos dois grupos apresentaram um protótipo de
um site de cadastro desenvolvido para os alunos e alunas da escola indicarem o seu grupo
sanguíneo e o fator Rh, como podemos observar na figura abaixo.
Além da possibilidade de cadastro, com o objetivo de coleta de dados pela escola para
o conhecimento dos tipos sanguíneos do corpo discente, o site também trazia informações
sobre a importância de todas as pessoas conhecerem qual é o seu grupo sanguíneo.
As figuras abaixo trazem parte das informações contidas nesse site, estando disponível
também no seguinte endereço eletrônico:
https://tiposanguineo.000webhostapp.com/tipo_sanguineo/cadastro.html.
Fonte: O autor, 2018.
Figura 1: A figura representa a pagina introdutória do site de cadastro criados pelos alunos e alunas
de um dos grupos.
22
Fonte: O autor, 2018.
Figura 2: A figura apresenta a frequência de tipos sanguíneos dos alunos cadastrados.
Fonte: O autor, 2018.
Figura 3: A figura apresenta a frequência de tipos sanguíneos dos alunos cadastrados da turma de 3º
ano, sendo também representados os genótipos possíveis de cada grupo. Os nomes dos alunos são
figurativos
23
A produção desse site representa o protagonismo alcançado pelos sujeitos do grupo
ainda na primeira etapa do desenvolvimento dessa Aula Prática.
Além do site, os alunos e alunas também produziram uma tabela exposta na forma de
um banner com informações sobre os tipos sanguíneos e o fator Rh dos componentes do Ensino
Médio, como podemos observar na figura abaixo.
24
Fonte: O autor, 2018
Figura 4: Banner produzido por um dos grupos com dados referentes aos grupos sanguíneos e fator Rh do alunos e alunas do Ensino Médio informações sobre a importância das transduções sanguíneas
25
Considerações
A Aula Prática “ O grupo sanguíneo da minha escola”, assim como em todas as práticas
descritas nesse produto pedagógico, traz como ponto basilar o alcance da Alfabetização
Científica pelos alunos e alunas. Percebemos, em todo o desenvolvimento desse projeto, um
grande envolvimento dos alunos e alunas com todo processo de sua gênese. Assim,
inicialmente apresentamos à turma os conceitos relacionados ao grupo sanguíneo e fator Rh,
posteriormente, perpassamos pela discussão que definiu as etapas de estruturação do trabalho,
inclusive pela decisão da construção do site para a coleta de dados sobre os grupos sanguíneos
da escola e da confecção do banner. Como culminância, tivemos as apresentações dos trabalhos. Desse modo, observamos clara apropriação de todos os processos de construção dos
conceitos e dos procedimentos que alicerçaram a prática. Durante a apresentação, os alunos e
alunas demostraram domínio dos conceitos básicos trabalhados em aula; além disso,
observamos habilidade na organização de tabelas e no desenvolvimento do pensamento lógico,
a partir da formulação de todo material utilizado nas apresentações.
Mediante o acompanhamento de todas as etapas realizadas pelos alunos e alunas,
buscamos o alcance da Alfabetização Cientifica nessa Aula Prática, tendo como base os eixos
estruturantes propostos por Sasseron e Carvalho (2008, p. 335). Tal intenção do nosso produto
se mostra efetivada em pesquisa realizada a partir de sua aplicação. Uma breve discussão
desses dados, junto aos professores, com certeza poderá contribuir tanto para a formação
docente permanente quanto poderá abrir novas possibilidades de criação de atividades, a partir desse produto educacional.
Breve discussão da Prática sob a luz da Pesquisa
A partir da realização dessa Aula Prática, pudemos constatar o alcance da
Alfabetização Científica, segundo orientações de Sasseron e Carvalho (2008).
Em relação aos três eixos estruturantes que discutimos na apresentação desse trabalho, e que foram os pilares em nossa dissertação, Sasseron e Carvalho (2008) citam
Laugksch para justificar a criação desses eixos estruturantes da AC.
Em sua revisão, o autor procura convergir as idéias sobre a Alfabetização Científica com o objetivo de refinar o conceito e, por meio do levantamento realizado, podemos identificar pontos comuns entre as diversas definições. É interessante notar, por exemplo, que ao longo dos anos certos padrões mantiveram-se sempre como requisitos para se considerar um cidadão como alfabetizado cientificamente. Entre estas confluências, identificamos três pontos como aqueles que mais são
considerados ao se pensar a alfabetização científica. Temos chamado estes pontos de Eixos Estruturantes da Alfabetização Científica, pois são eles que nos servem de apoio na idealização, planejamento e análise de propostas de ensino que almejem a AC. (LAUGKSCH, 2000 apud SASSERON, 2008, p. 335)
Dessa forma, as autoras indicam pontos comuns que se mantiveram ao longo do tempo
relacionados à percepção de um indivíduo alfabetizado cientificamente no estudo de Laugksch
e os utilizaram como base para a criação do que denominaram de eixos estruturas da
Alfabetização Cientifica que para as mesmas, são basilares na observação se um cidadão ou
cidadã são alfabetizados cientificamente.
26
Assim, após essa breve discussão sobre os Eixos Estruturantes da AC que nortearam
nossa pesquisa de mestrado, apresentaremos a seguir os resultados encontrados na análise dos
dados encontrados na Aula Prática “O grupo sanguíneo da minha escola”.
Fonte: O autor, 2018.
Gráfico 1: Eixos estruturantes da A.C. "O grupo sanguíneo da minha escola"
Por meio da análise dos dados presentes no gráfico 1 e, pela descrição do
desdobramento dessas Aulas Práticas, observamos uma linha decrescente da primeira etapa
para a última, concluímos assim que, devido aos conceitos debatidos em aula estarem presentes
nas discussões cotidiana dos sujeitos, mesmo que de forma superficial, esse conhecimento
prévio trouxe maior independência na construção dessas Aulas Práticas, porém, por serem
discutidos de forma ampla, os conceitos vistos em aulas, ainda na primeira prática do processo, isso diminuiu as perspectivas de construção das Aulas Práticas 2 e 3, embora não traga o
descrédito da prática em si.
Mediante a análise dos dados que se apresentaram, também percebemos que a Aula
Prática mais atrativa aos sujeitos, mediante a nossa observação in loco, nos remete à evidencia que os dados mais volumosos presentes na primeira Aula Prática e a maior dedicação em sua
construção pelos alunos e alunas, ocorreu justamente por trazer aos sujeitos maior autonomia
e protagonismo, desde de sua confecção até a sua apresentação.
77
3746
83
24
53
78
2938
Aula Prática 1 Aula Prática 2 Aula Prática 3
Eixos O grupo sanguíneo da minha escola
Eixo 1 compreensão básica de termos, conhecimentos e conceitoscientíficos fundamentais
Eixo 2 compreensão da natureza da ciência e dos fatores éticos e políticosque circundam sua prática
Eixo 3 entendimento das relações existentes entre ciência, tecnologia,sociedade e meio-ambiente
27
Análise combinatória entre os Eixos propostos por Sasseron e Carvalho nas Aulas
Práticas “Reciclagem da Tradução: Montagem de Proteínas” e “O grupo sanguíneo da
minha escola”
Após a aplicação das três Aulas Práticas de cada um dos dois Temas já descritos,
percebemos que ambos indicaram o alcance a A.C. em todos os três Eixos Estruturantes
propostos por Sasseron e Carvalho (2008), como podemos observar no gráfico 3.
Utilizaremos a sigla GS para as Aulas Práticas “O grupo sanguíneo da minha escola e a sigla PTN para as Aulas Práticas “Reciclagem da Tradução: Montagem de Proteínas”, com
o intuito de facilitar a leitura do gráfico.
Fonte: O autor, 2018.
Gráfico 3 Relação entre as Aulas Práticas
Por meio da análise dos dados do gráfico acima, que nos apresenta a combinação das
duas Aulas Práticas e a manifestação dos Eixos Estruturante da AC em cada etapa dos dois
trabalhos, conseguimos perceber a incidência de todos os três Eixos em todas as Aulas Práticas,
como já descrito acima. Porém, nos chamou a atenção o comportamento crescente na exibição
dos eixos entre as etapas 1, 2 e 3 no tema “Reciclagem da Tradução: Montagem de Proteínas”
e decrescente no tema “O grupo sanguíneo da minha escola”. Compreendemos pela análise
dos dados e, graças a nossa participação em cada uma das Aulas Práticas que se deram ao
longo do trabalho executados pelos alunos e alunas que, nos conteúdos relacionados à
produção de proteínas, por não serem explicitamente debatidos no dia-a-dia dos sujeitos, se
fez necessária a indicação de quais relações deveriam ser buscadas pelos alunos e alunas para
0
50
100
150
200
250
300
Aula Prática 1PTN
Aula Prática 2PTN
Aula Prática 3PTN
Aula Prática 1GS
Aula Prática 2GS
Aula Prática 3GS
Combinação entre as duas práticas
Eixo 3 entendimento das relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedadee meio-ambiente
Eixo 2 compreensão da natureza da ciência e dos fatores éticos e políticos quecircundam sua prática
Eixo 1 compreensão básica de termos, conhecimentos e conceitos científicosfundamentais
28
o alcance de todos os eixos da Alfabetização Científica, em todas as Aulas Práticas
desenvolvidas. Na Aula Prática “O grupo sanguíneo da minha escola” entendemos que, por
ser um tema que se manifesta de maneira mais intensa no cotidiano dos sujeitos, não se fez
necessário uma mediação tão intensa para a construção das práticas, em comparação à
execução do primeiro tema.
O alcance de todos os Eixos em todas as Aulas Práticas propostas nos desvelaram que,
de fato, a falta de espaços específicos destinados as práticas, não limita a construção de aulas
atrativas, nos remetendo ao alcance de nosso principal objetivo na construção desse produto
“Relacionar diversas possibilidades de execução de Atividades Práticas no Espaço Escolar,
sem o uso do Laboratório de Ciências, visando o alcance da Alfabetização Científica”.
Assim, chegamos à conclusão de que as Aulas Práticas sugeridas levaram os sujeitos à
construção de conhecimentos científicos, a partir do alcance da AC. Dessa maneira, mesmo
que os Eixos Estruturantes da AC oscilem em cada uma das etapas dos dois temas, como
observamos na análise dos gráficos, percebemos ser de extrema importância a elaboração,
junto aos alunos e alunas, de Aulas Práticas que os estimulem à dedicação necessária para a
consolidação dos conhecimentos construídos em aula, que por vezes, podem parecer
desinteressantes aos olhos dos adolescentes.
Antes de adentrarmos nas próximas atividades, cabe esclarecer que todas as atividades
propostas nesse produto já foram aplicadas em turmas do Ensino Médio, sendo que as duas
atividades, já apresentadas, foram reaplicadas para a construção das análises de nossa
dissertação, com fins de validação desse produto educacional.
29
3.3 PROJETO ECO-CANTORIA
Introdução
O trabalho em questão foi executado por turmas do 3º ano do Ensino Médio, no ano de
2017. Todas as canções utilizadas como pano de fundo do projeto compõem a obra musical
“Cantoria” sendo de autoria de Xangai, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Elomar e dividido em
dois volumes; as canções “Saga da Amazônia” e “Matança” constituem volume 1, já a canção
“Saga de Severinin” o volume 2.
Dentre os materiais produzidos nesse projeto destacamos um vídeo feito por um dos
grupos O vídeo trouxe uma representação da canção “Saga da Amazônia”. Essa canção retrata
os conflitos ocorridos na Amazônia entre índios e grupos que iniciaram a ocupação dessa floresta e, mediante ao que foi apresentado, decidimos expor esse trabalho em nosso produto
pedagógico.
Outro trabalho executado foi uma paródia criada por um dos grupos baseada na música
“Saga De Severinin”. Essa música retrata a vida de um sertanejo e sua família em meio aos
problemas que os sertanejos enfrentam. Já o terceiro trabalho (que apresentamos em nosso
produto pedagógico) relatou, por meio de um vídeo, o risco da extinção da vegetação
característica de diversas regiões do Brasil, tendo como base a canção “Matança”.
A ideia do projeto surge durante uma aula de Biologia relacionada aos ecossistemas
brasileiros. Após a explicação do bioma Caatinga, ocorre a sugestão de um trabalho
interdisciplinar abarcando o projeto musical “Cantoria” como base para a criação de materiais
artísticos (poemas, textos, paródias, vídeos e etc.). Integramos assim ao trabalho às áreas de Literatura, Música, Artes, Geografia e
História.
Conteúdos trabalhados:
Ecossistemas brasileiros: Suas características de fauna e flora.
A geografia dos ecossistemas brasileiros;
A história das regiões Norte e Nordeste;
A arte nas regiões Norte e Nordeste: musical, literária e etc.
Objetivos:
Contextualização do ecossistema trabalhado de forma lúdica, utilizando o Projeto Musical
Cantoria como pano de fundo;
Etapas:
Ministração das aulas de ecologia que tratam dos ecossistemas brasileiros. Cada aula que
aplicamos constou de 3 tempos de 45 minutos;
Divisão da turma em grupos, a fim de estimular a cooperação entre os alunos e alunas;
Os grupos pesquisaram sobre o projeto musical “Cantoria”, buscando informações sobre o
projeto em si, sobre os músicos criadores do projeto, suas músicas e relacionaram com os
biomas brasileiros estudados durante as aulas;
30
Após a coleta das informações pelos grupos, os alunos criaram materiais em forma de
vídeo, poemas, paródias, ou qualquer outro material criativo e autoral, com a única orientação
de estar imbricado ao tema principal do projeto;
Apresentação do trabalho.
Execução
Após as duas aulas previstas para a descrição dos conceitos ecológicos, e mais o prazo
de duas semanas para a construção dos trabalhos, os grupos apresentaram os trabalhos feitos.
O produto de dois trabalhos construídos e apresentados pelos grupos estão
representados nas fotos 5 e 6, relativos respectivamente as músicas “Saga da Amazônia” e “Saga De Severinin”.
Fonte: O autor, 2017.
Foto 5
A foto 5, foi retirada do vídeo construído pelos alunos e alunas do 3º ano, tendo como
base a música “Saga da Amazônia”. Nesse vídeo que foi o produto apresentado pelo grupo, os
alunos e alunas representaram a música de forma teatral, sendo a letra recitada por uma aluna
enquanto a mesma, junto a outros alunos, a dramatizava. Vale ressaltar que o vídeo foi gravado
pelos alunos e alunas no pátio da escola. A letra da música é apresentada abaixo:
31
Saga da Amazônia1
Vital Farias
Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta
mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
no fundo d'água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
e os rios puxando as águas
Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores
os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores
sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir era: fauna, flora, frutos e flores
Toda mata tem caipora para a mata vigiar
veio caipora de fora para a mata definhar
e trouxe dragão-de-ferro, prá comer muita madeira
e trouxe em estilo gigante, prá acabar com a capoeira
Fizeram logo o projeto sem ninguém testemunhar
prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar:
se a floresta meu amigo, tivesse pé prá andar
eu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá
O que se corta em segundos gasta tempo prá vingar
e o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar?
depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar
igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar
Mas o dragão continua a floresta devorar
e quem habita essa mata, prá onde vai se mudar???
corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá
tartaruga: pé ligeiro, corre-corre tribo dos Kamaiura
No lugar que havia mata, hoje há perseguição
grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão
castanheiro, seringueiro já viraram até peão
afora os que já morreram como ave-de-arribação
Zé de Nata tá de prova, naquele lugar tem cova
gente enterrada no chão:
Pois mataram índio que matou grileiro que matou posseiro
disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
roubou seu lugar
Foi então que um violeiro chegando na região
ficou tão penalizado que escreveu essa canção e talvez, desesperado com tanta devastação
pegou a primeira estrada, sem rumo, sem direção
1 Letra retirada do site https://www.letras.mus.br/vital-farias/380162/. Acesso em 11/2017.
32
com os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa
dentro do seu coração
Aqui termina essa história para gente de valor
prá gente que tem memória, muita crença, muito amor
prá defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta
era uma vez uma floresta na Linha do Equador...
Fonte: O autor, 2017.
Foto 6
A foto acima, foi retirada da apresentação em PowerPoint construída pelos alunos e
alunas do 3º ano, tendo como base a música “Saga de Severinin”. Nessa apresentação, os
alunos e alunas construíram e cantaram uma paródia baseada na letra da música em questão.
A letra da música original é apresentada abaixo:
Saga de Severinin2
Vital Farias
Peço a atenção dos senhores Pra história que eu vou contar
2 Letra retirada do site https://www.letras.mus.br/vital-farias/380163/ . Acesso em 11/2017.
33
Falo de Severinin lavrador tão popular
Que morava numa palhoça
E cultivava uma roça perto de Taperoá
E Severinin todo dia lavrava a terra macia
E terra lavrada é poesia
Mexe com mão na terra
Sobe esta serra corta esse chão
Planta que a planta ponte
Por esses montes lã de algodão
Severinin vivia até feliz
Enchendo os olhos com bem d'rais
E mesmo a plantação tava bonita em flor
E ao seu lado a sua companheira
Tinha o seu amor
Mas como diz o ditado e haverá de se esperar
Depois de tudo plantado
Fazendeiro pede pra Severinin desocupar
Já tinha até fruta madura
Jirimum enrramando no terreiro
E tinha até um passarinho
Que além de ser seu vizinho
Ficou muito companheiro
Chega tanta incerteza
A alma presa quer se soltar
Luta, luta sozinho
Qual o caminho de libertar
Severinin ficou sozinho e só
Ingratidão não pôde suportar
Correu para o sul
Aí a construção se viu
De uma vez por todas
De uma vez por todas
Desabar
Considerações
A Aula Prática “Eco-cantoria”, foi executada no 3º ano do Ensino Médio e surge
durante as aulas de ecossistemas brasileiros, quando percebemos a oportunidade de apresentar
aos alunos e alunos uma cultura regional trazida no projeto musical ‘Cantoria’, já descrito
anteriormente. Essa obra musical é dividida em dois volumes e, praticamente todas as músicas
presentes nessa obra descrevem a cultura das regiões norte e nordeste.
34
Já no primeiro momento de nossa manifestação em gerar tal projeto, a turma de uma
forma quase que geral se mostrou favorável à execução da Aula Prática e, provavelmente, por
tal manifestação, foi possível organizar toda a prática em um curto espaço de tempo – em duas
aulas. A primeira aula se deu pela discussão dos conteúdos e segunda foi marcada pela divisão
dos grupos e também pelo início das pesquisas sobre as canções que serviriam como eixo
principal na elaboração dos trabalhos. Sugerimos a busca no Youtube, já que toda a obra
musical sugerida está disponível publicamente na internet, facilitando assim a pesquisa. Cabe
ressaltar que o título do trabalho foi sugerido por duas alunas da turma e, prontamente aceito
por todos os envolvidos no projeto, nesse caso “Eco-cantoria”.
Ao longo das apresentações das Aulas Práticas, pudemos perceber a apropriação dos
conceitos discutidos nas aulas, isso através das observações das caracterizações dos alunos e
alunas que se manifestaram na apresentação da Aula Prática em formato de vídeo.
Constatamos o envolvimento dos mesmos na pesquisa para a confecção do trabalho, como por
exemplo, pelas vestimentas utilizadas pelos alunos e alunas no vídeo (que observamos na foto
6), além da percepção que os alunos demostraram do conhecimento da cultura descrita na
música (que relata o cotidiano de vida dos primeiros desbravadores da floresta Amazônica).
Também observamos a manifestação de outras linguagens na comunicação de conceitos
científicos nos demais trabalhos, o que se deu por meio de construções poéticas, letras de
paródias – onde, por meio das falas e textos alicerçados pela obra sugerida no projeto,
observamos a manifestação de conceitos ligados às características própria dos ecossistemas
vistos nas aulas.
35
3.4 ANATOMIA: MODELOS ANATÔMICOS
Introdução
Esse trabalho foi executado por turmas do 2º ano do Ensino Médio no ano de 2017,
sendo o principal objetivo apresentar a anatomia humana de maneira tridimensional.
A construção dos conceitos relacionados à anatomia humana é de grande importância
para a formação dos alunos e alunas do Ensino Médio, essencialmente para que eles conheçam
um pouco mais o próprio corpo e particularmente para os que querem ingressar em algum
curso da área de saúde. Sendo assim, entendemos ser de grande valia a criação de Aulas
Práticas onde os sistemas anatômicos humanos sejam estudados e montados em modelos
construídos pelos próprios alunos e alunas.
A idealização do trabalho surge durante uma aula expositiva sobre anatomia e fisiologia
humana quando nos ocorreu que, a construção de modelos anatômicos e a apresentação desses
modelos pelos alunos e alunas poderiam facilitar a construção dos conteúdos trabalhados.
Assim, durante 4 aulas, discutimos sobre os conteúdos e na última aula, decidimos
(professor/alunos) delinear a construção dos modelos anatômicos e a configuração das
apresentações dos mesmos. Isto posto, após a divisão da turma em 11 grupos, foram listados
os 11 sistemas, para que cada grupo iniciasse a construção dos modelos cada um desses
sistemas. A última parte do projeto se deu com a apresentação dos trabalhos realizados pelos
grupos.
Conteúdos trabalhados:
Sistemas do corpo humano: Muscular, esquelético, digestório, respiratório, excretor,
endócrino, linfático, tegumentar, sensorial, nervoso e genital.
Objetivos:
Conhecer os sistemas que compõem o corpo humano;
Esquematizar cada sistema, denominando as principais estruturas dos mesmos e
explicando a sua função;
Executar a montagem de um modelo que represente um dos sistemas.
Etapas:
Ministração das aulas anatomia e fisiologia. Em nosso projeto foram ministradas 5 aulas
sobre o tema e cada aula constou de 2 tempos de 45 minutos;
Divisão dos grupos, estimulando assim a cooperação entre os alunos e alunas;
Escolha dos sistemas, sendo feita por sorteio;
Esquematizar em uma lauda o sistema do corpo humano;
Criar um modelo tridimensional do sistema, sendo livre o uso de qualquer tipo de material.
Em uma lauda o grupo deve indicar as estruturas do sistema e suas principais funções.
36
Execução
As fotos 7 e 8 representam parte dos trabalhos apresentados pelos alunos e alunas do 2º
ano do Ensino Médio. Assim, observamos dois grupos apresentando, respectivamente, o
sistema locomotor e o sistema reprodutor em modelos tridimensionais, como previsto.
Fonte: O autor, 2017.
Foto 7
A foto 7 mostra um grupo que desenvolveu modelos representando o sistema locomotor
através de um painel que demonstrava os dois sistemas completos (o muscular e o esquelético);
e logo abaixo desse painel, podemos observar um modelo tridimensional do esqueleto de uma
mão e, ao lado à esquerda, um outro modelo (esse de um músculo) – sendo os dois modelos
feitos de massa de modelar.
37
Fonte: O autor, 2017.
Foto 8
A foto 8 traz, em um painel, a representação dos órgãos femininos internos, estando
cada uma de suas estruturas identificadas.
Considerações
Ao longo do desenvolvimento das atividades propostas por nós, durante as aulas de
anatomia e fisiologia previstas no calendário escolar, os alunos e alunas se mostraram
interessados nos conceitos discutidos, já que os conteúdos se relacionavam à temas que
propiciavam o autoconhecimento, e por isso levaram à muitas indagações e afirmações por
parte da turma.
Os modelos anatômicos apresentados foram construídos de forma criativa e com
diversos materiais e, além dos modelos, alguns grupos produziram materiais escritos em slides
fazendo o uso de data show na apresentação. Durante as apresentações dos modelos, os alunos
e alunas demostraram (por meio do material produzido e também pela segurança e clareza nas
falas em seus seminários), ter construído os conceitos e ter desenvolvido uma visão anatômica
e fisiologia dos sistemas estudados.
38
3.5 MODELOS ECOLÓGICOS
Introdução
O trabalho foi executado por turmas do 3º ano do Ensino Médio no ano de 2017, sendo
o principal objetivo, apresentar temas relacionados à ecologia, tais como cadeia alimentar, teia
alimentar, relações ecológicas e pirâmides ecológicas.
O trabalho foi gerado após quatro aulas expositivas que tratavam sobre os temas já
indicados acima. Após as aulas foi sugerido à turma que se dividisse em grupos, sem a nossa
interferência para a escolha dos componentes dos mesmos. Após a divisão dos grupos, foram
escolhidos os temas vistos em aula e em seguida, explicamos que os trabalhos deveriam
representar o tema por meio de um modelo tridimensional, que deveria ser construído pelos
componentes desses grupos.
Embora não seja nosso principal objetivo a formação de nossos alunos e alunas
meramente para as provas de vestibulares temos plena consciência da importância da aquisição
dos conhecimentos dos conceitos concernentes à ecologia, representando por vezes até 70%
dos temas observados no ENEM. Assim, entendemos ser de grande relevância a construção
desses conceitos.
Conteúdos trabalhados:
Conceitos ecológicos;
Cadeia alimentar;
Teia alimentar;
Relações ecológicas;
Pirâmides ecológicas.
Objetivos:
Conhecer os conteúdos relacionados à ecologia;
Esquematizar em modelos tridimensionais os temas relativos aos conceitos escolhidos;
Executar a montagem de um modelo que represente um dos sistemas, de escolha dos
grupos.
Etapas:
Ministração de quatro aulas sobre o tema. Cada aula aplicada por nós constou de 2 tempos
de 45 minutos;
Divisão dos grupos, estimulando assim a cooperação entre os alunos e alunas;
Escolha dos temas relacionados aos conceitos de ecologia vistos nas aulas;
Criar um modelo tridimensional do tema escolhido pelo grupo, sendo livre o uso de
qualquer tipo de material.
39
Execução
Nas fotos 9 e 10, observamos dois modelos tridimensionais relacionados ao conceito
pirâmides ecológicas, desenvolvidos pelos alunos e alunas.
Fonte: O autor, 2017.
Foto 9
O modelo exposto na foto 9 é a representação de uma pirâmide ecológica de energia,
sendo os componentes representantes dos níveis tróficos retirados de livros e revistas (segundo
informações dos componentes dos grupos) e o produtor representado por papel picotado verde,
fazendo assim alusão à grama.
Cada nível trófico representado na pirâmide ecológica traz a porcentagem de energia
encontrada em cada nível, como vimos em aula.
40
Fonte: O autor, 2017.
Foto 10
O modelo da foto 10 também representou uma pirâmide de energia; porém, sua
montagem foi diferente e, ao nosso ponto de vista, muito criativa, já que as imagens de dentro
de cada nível trófico (que eram vedados) apresentavam dois lados. Assim, uma visão anterior
ou posterior da pirâmide nos proporcionava o mesmo efeito visual, o que chamou muita a
nossa atenção.
Considerações
Todo o processo de construção do projeto se deu junto aos alunos e alunas da turma e,
embora a possibilidade de escolha do tema trabalhado fosse diversificada (mediante aos
conceitos trabalhados durante as aulas), a maior parte dos grupos se interessaram na construção
de pirâmides ecológicas. Julgamos que o motivo dessa escolha se deu pelo fato de uma maior
compreensão dos conceitos discutidos em aula sobre esse tema e também pela maior facilidade
do montar o modelo escolhido.
Os modelos apresentados nos trouxeram a clareza da compreensão dos conceitos
relacionados ao tema ‘pirâmides ecológicas’ pelos alunos e alunas e, mesmo com os nossos
questionamentos ao longo da exposição dos trabalhos pelos grupos, os esclarecimentos dados
(por parte dos componentes dos mesmos), nos permitiram concluir que através dessa Aula
Prática, os alunos e alunas vivenciaram situações pedagógicas que possibilitam o alcance da
Alfabetização Científica.
41
3.6 JOGOS CELULARES
Introdução
O trabalho foi executado por turmas do 1º ano do Ensino Médio no ano de 2017, sendo
o principal objetivo, a construção de jogos que apresentem como base as estruturas celulares,
bem como suas funções.
Embora os temas atrelados às especificidades das células sejam apresentados aos alunos
desde o Fundamental II, percebemos, como professores do Ensino Médio, grande dificuldade
por parte dos alunos e alunas na construção dos conceitos relacionados a esses temas. Assim,
decidimos aplicar, às turmas de 1º ano do Ensino Médio, uma Aula Prática pautada na
elaboração de jogos, confeccionados pelos alunos e alunas em grupos, a fim de os mesmos
tivessem a oportunidade de vivenciar atividades que possibilitassem o alcance da
Alfabetização Científica.
A necessidade da construção do trabalho vem à tona após 4 aulas expositivas que
tratavam das estruturas celulares e suas respectivas funções. A turma foi, então, dividida em
grupos de até 6 alunos e o objetivo era construir jogos que se relacionassem com as estruturas
celulares e suas funções. Após duas semanas, prazo dado para a construção dos jogos, os
mesmos foram apresentados e, posteriormente, jogados durante uma aula.
Conteúdos trabalhados:
Células procariontes e eucariontes;
Membrana celular e transportes através da membrana;
Demais estruturas celulares e suas funções;
Objetivos:
Conhecer as estruturas celulares;
Conhecer as funções das estruturas celulares;
Criar jogos relacionados às estruturas celulares e suas funções;
Apresentar as instruções dos jogos para que os mesmos sejam jogados pela turma durante
uma aula.
Etapas:
Ministração das aulas sobre as estruturas celulares. Em nosso projeto foram ministradas 4
aulas sobre o tema e cada aula constou de 2 tempos de 45 minutos;
Divisão dos grupos, estimulando assim a cooperação entre os alunos e alunas;
Esclarecimento sobre a construção dos jogos, onde decidimos não definir o formato,
podendo inclusive ser usado como base tabuleiros ou ideias de jogos já existentes;
Construir as regras do jogo;
Desenvolver os jogos, sendo livre o uso de qualquer tipo de material;
Apresentação do jogo e de suas regras.
42
Execução
Nas fotos 11, 12, 13, e 14, observamos um dos jogos criados pela turma, intitulado “De
cara na célula”, sendo um jogo baseado no tradicional “Cara a cara”. As regras estão descritas
na foto 13.
Já nas fotos 12, 13 e 14, observamos um jogo de tabuleiro baseado no jogo da vida, as
regras estão presentes na foto 11.
Fonte: O autor, 2017.
Foto 11
A foto 11 traz as regras do jogo, sendo essa uma das etapas ‘para a confecção do
trabalho. Como já foi dito, a construção desse jogo foi baseada no jogo “Cara a cara”.
Fonte: O autor, 2017.
Foto 12
43
A foto 12 traz a embalagem e o logotipo criados pelo grupo para acondicionar as cartas
do jogo, sendo toda arte pensada pelos alunos e alunas do grupo. O nome do jogo também
partiu dos componentes do grupo.
Fonte: O autor, 2017. Fonte: O autor, 2017.
Foto 13 Foto 14
Nas fotos 13 e 14 são apresentadas as cartas do jogo. Podemos observar o número de
informações que cada uma das cartas contém sobre determinada organela celular, levando o
jogador a associar as estruturas celulares às suas funções – o que feito de forma correta, levará
o jogador à vitória.
44
Fonte: O autor, 2017.
Foto 15
Na foto 15, estão presentes os componentes e as regras do jogo (que embora seja
baseado no “Jogo da vida”, traz inovações por atrelar a esse jogo tradicional os conteúdos
vistos em aula).
Fonte: O autor, 2017. Fonte: O autor, 2017.
Foto 17
As fotos 16 e 17 apresentam a caixa de armazenamento de um outro jogo confeccionado
pela turma – Jogo das células – contendo o tabuleiro e as cartas. É interessante ressaltar que
essas cartas apresentavam, em uma de suas faces, uma célula eucarionte (em todas as cartas)
e, na outra face, questões retiradas de vestibulares com o gabarito. Segundo às regras do jogo,
avançar, ou não, as casas do tabuleiro, está condicionado em acertar, ou não, a questão da carta.
Foto 16
45
Considerações
A construção dos jogos se deu de forma extremamente criativa, já que nós, enquanto
mediadores, só orientamos os grupos de forma superficial nesse quesito, com o propósito de
fornecermos, aos alunos e alunas, autonomia na criação e sensação de pose de sua obra.
Embora os jogos tenham sido criados com base em jogos já existentes, a aplicação dos
conteúdos trabalhados durante as aulas (nesse caso as estruturas celulares) determinou um
sentimento de exclusividade aos jogos criados, por parte dos grupos; o que foi muito positivo
para a autoestima dos alunos e alunas.
Percebemos, ao longo da descrição das regras e também durante as partidas realizadas,
que esses jogos traziam grande quantidade de conteúdos imbricados em suas regras,
determinando que seus criadores e jogadores aplicassem os conhecimentos relativos ao tema,
para poderem utilizar os jogos.
Por meio das observações que fizemos durante a apresentação dos trabalhos (que se
deu pela leitura das regras pelos alunos e alunas) e, durante a execução dos jogos, podemos
afirmar que a atividade trouxe ótimas oportunidades para que os alunos e alunas alcançassem
alguns dos indicadores da Alfabetização Científica.
46
3.7 GRAVIDEZ: UMA SEMANA DE RESPONSABILIDADE
Introdução
O trabalho elaborado e executado em turmas de 1º ano do Ensino Médio, no ano de
2017, se deu após aulas sobre os temas: sistemas reprodutores feminino e masculino,
reprodução e DSTs.
Percebemos a necessidade de tal Aula Prática, a partir dos debates levantados pelos
próprios alunos durante e após os conteúdos ministrados, surgindo por muitas vezes o tema
gravidez na adolescência. Assim, criamos um projeto que dividimos em quatro momentos:
ministração das aulas; documentário “Meninas”; sorteio da bolinha com água pelo casal, dupla
ou individualmente que poderia ser rosa (menina) ou azul (menino); e por fim, a confecção de
um relatório diário sobre a rotina dos alunos com suas bolinhas. Após uma semana, prazo dado
para a construção do relatório, os casais ou duplas, apresentaram os relatórios construídos.
Conteúdos trabalhados:
Sistemas reprodutores feminino e masculino;
Reprodução;
DST.
Objetivos:
Compreender os riscos que a relação sexual determina ao praticante;
Perceber, mesmo que de forma lúdica, os desafios da responsabilidade necessária para pais
e mães;
Construir um relatório diário durante uma semana sobre as experiências com as bolinhas
com água (que representam filhos e filhas);
Etapas:
Ministração das aulas sobre os temas: sistemas reprodutores feminino e masculino,
reprodução e DSTs, sendo os conteúdos ministrados em 4 aulas, de 2 tempos de 45 minutos
cada uma;
Após o ciclo de aulas, os alunos e alunas assistiram o documentário de 2006 “Meninas”,
que acompanha a rotina de vida de 4 adolescentes grávidas;
Organização da turma em duplas.
Sorteio das bolinhas pelos alunos e alunas, essas devem ser preferencialmente das cores
azul (menino) e rosa (menina) e colocados no interior de saco preto, afim de que não haja
escolha “do sexo dos filhos” pelos integrantes da turma;
Construção do relatório diário durante uma semana;
Apresentação dos relatórios.
47
Execução
A figura 5 apresenta a capa do documentário “Meninas¨”, encontrado no site,
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-124676/ visitado em 02/09/2018. Já as fotos
18 e 19 apresentam duas fotos de momentos diferentes da realização do trabalho: a escolha das
duplas e a rotina de convivência com a bolinha.
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-124676/ visitado em 02/09/2018.
Figura 5
O documentário “Meninas” retrata a difícil rotina de 4 adolescentes grávidas, em
comunidades. São ressaltados nesse documentário os dilemas, sonhos e frustrações vividos
pelas adolescentes.
48
Fonte: O autor, 2017.
Foto 18
A foto 18 se apresenta distorcida a fim de não revelar a identidade dos alunos
participantes. Ela retrata o momento de escolha das duplas e o sorteio das bolinhas. No caso
dessa imagem, o casal pegou uma bolinha rosa, representando assim uma menina.
49
Fonte: O autor, 2017.
Foto 19
A imagem da foto 19 retrata um dos momentos em que o casal recebe a bolinha.
Percebemos que ambos se envolveram de forma surpreendente com o projeto, tendo uma
interessante relação com a bolinha, que no caso deram o nome de Clara. É importante
esclarecer aos professores que era obrigatório que um dos responsáveis pela bolinha ficasse
com a mesma ao longo do dia, inclusive em horário de aula.
50
Considerações
O projeto em questão gerou alguns contratempos e interpretações equivocadas pelos
responsáveis dos alunos e alunas, já que, pelo menos um dos responsáveis fez grave crítica,
alegando que tal trabalho incentiva ao ato sexual e a familiarização com a gravidez em
momento impróprio. Porém, devido ao planejamento escolar e ao conhecimento da
coordenação e direção da escola sobre a atividade, esclarecemos para esses pais o real objetivo
do projeto, convencendo os mesmos dos benefícios da atividade realizada.
O mesmo pai que criticou a execução do trabalho, curiosamente, em dado momento,
levou até a escola a bolinha de sua filha, pois a mesma a havia esquecido em casa. Esse fato
nos chamou bastante atenção e nos ressaltou a importância do planejamento acertado e
integrado com a coordenação e a direção da escola.
O envolvimento dos alunos e alunas se deu de forma positiva em quase toda a turma,
praticamente desde o primeiro momento com a exposição do documentário. Em alguns casos,
a atividade também gerou uma estreita relação entre os pares que dividiam a tarefa de cuidar
da bolinha e, por vezes, grande afetividade pela mesma. Alguns pares criaram certidão de
nascimento; outros (quando mediante a algum descuido deles) deixavam a bolinha estourar ou
arrebentar, logo inventaram um curativo ou criaram uma certidão de óbito.
Esse projeto nos trouxe grande satisfação por todo o envolvimento dos alunos e pela
certeza da compreensão dos envolvidos em relação aos aspectos culturais e sociais da
reprodução humana, nos dando a percepção de que os objetivos foram alcançados.
Percebemos, por meio de todo o desenvolvimento do trabalho (com os relatórios
descritos, com as relações entre os pares e o objeto de estudo, com as falas dos alunos e alunas)
que essa atividade tem um grande potencial para o alcance dos três eixos da Alfabetização
Científica, propostos por Sasseron e Carvalho (2008).
51
3.8 PRATICANDO A DECOMPOSIÇÃO
Introdução
A Aula Prática intitulada “Praticando a Decomposição”, foi um trabalho individual,
aplicado em turmas do 2º ano do Ensino Médio, em 2017. Das aulas até a apresentação dos
relatórios, os alunos tiveram o prazo de três semanas.
Mediante aos conteúdos aplicados sobre o reino Fungi, enxergamos a possibilidade da
aplicação de uma Aula Prática que trouxesse aos alunos e alunas o entendimento da
importância dos fungos na decomposição. Assim, orientamos a turma que acondicionasse
qualquer elemento orgânico dentro de um recipiente de qualquer material, porém o mesmo
deveria ser transparente. Esse recipiente deveria ser armazenado em um único ambiente,
também não especificado por nós.
Ao longo de uma semana, os alunos e alunas construíram um relatório diário sobre as
transformações ocorridas dentro do recipiente. Dessa forma, tivemos o intuito de apontar para
os alunos e alunas como se processa a decomposição e quais os seus facilitadores.
Conteúdos trabalhados:
Reino Fungi;
Características dos fungos;
Funções dos fungos.
Objetivos:
Reconhecer as características dos fungos;
Reconhecer a decomposição;
Observar as condições para a ocorrência da decomposição;
Produzir um relatório sobre o desenvolvimento da decomposição.
Etapas
Ministração das aulas sobre o Reino Fungi. Aplicamos 2 aulas (cada aula com 2 tempos de
45 minutos);
Orientação: O trabalho deve ser individual e o elemento orgânico deve ser acondicionado
em recipiente transparentes com tampa;
Armazenamento dos recipientes com o material orgânico em local também de escolha dos
alunos e alunas;
Observação das transformações ocorridas nos elementos orgânicos, ao longo de uma
semana;
Produção de um relatório com as anotações das observações, com pelo menos um relato
por dia;
Apresentação dos relatórios em sala de aula, juntamente com o recipiente contendo o
material orgânico em seu interior (após uma semana).
52
Execução
Nas fotos 20, 21 e 22 , observamos os recipientes com os elementos orgânicos e as
transformações ocorridas nesses elementos, por meio da ação dos fungos.
.
Fonte: O autor, 2017. Fonte: O autor, 2017.
Foto 20 Foto 21
Fonte: O autor, 2017.
Foto 22
53
As fotos acima trazem um dos trabalhos desenvolvidos, onde o aluno acondicionou
uma banana em um recipiente onde pudesse observar as transformações que ocorreram pela
ação da decomposição, ao longo de uma semana, como previsto na descrição do projeto.
Considerações
Como já exposto anteriormente, percebemos nos conteúdos dados sobre o Reino
Fungi, uma boa oportunidade para a aplicação de uma Aula Prática que valorizasse a atuação
dos fungos na cadeia alimentar, já que são os principais seres responsáveis pela devolução da
matéria orgânica para o meio ambiente. Após os conteúdos descritos ao longo de duas aulas,
explicitamos para a turma nosso interesse da criação de uma Aula Prática relacionada a
decomposição e então, passamos às orientações para os alunos e alunas, como visto nas etapas
de execução do trabalho.
Criamos, junto aos alunos e alunas, os passos a serem tomados para a confecção do
trabalho. Decidimos por armazenar materiais orgânicos em recipientes transparentes com
tampa de qualquer material, acertamos que os recipientes deveriam ser fechados e
armazenados em determinado local, igualmente de escolha pessoal. A intenção de não
definirmos o material orgânico a ser utilizado, bem como onde o recipiente deveria ficar
armazenado se deu para que pudéssemos, ao logo da apresentação dos relatórios, observar as
diferentes condições em que as decomposições ocorreriam (ou mesmo, em alguns casos, não
ocorresse); assim, tivemos a oportunidade de apontar, ao longo da atividade, as melhores
condições para a atuação dos fungos no processo da decomposição.
Por meio dos relatórios construídos e pelas falas dos alunos e alunas ao longo da
apresentação, notamos a compreensão de que os fungos apresentam papel fundamental para o
meio ambiente e que, a putrefação, embora não se mostrasse de forma agradável durante as
apresentações dos materiais presentes no interior dos recipientes (pelo aspecto geral), é um
fenômeno que se faz necessário. Dessa forma, entendemos que os alunos e alunas que
desenvolveram o trabalho tiveram várias oportunidades pedagógicas para a construção de
conceitos relativos a esse tema, bem como vivenciaram sua aplicação no cotidiano doméstico,
aspectos esses fomentados pela Alfabetização Científica.
54
3.9 OS FUNGOS NA CULINÁRIA
Introdução
A aula prática “Os fungos na culinária”, foi pensada juntos aos alunos e alunas do
1º ano do Ensino Médio, em 2016, com a intenção de demostrar as várias utilidades dos fungos
em nosso cotidiano.
A importância do Reino Fungi na vida dos seres humanos, bem como em todo meio
ambiente é discutido nas aulas que trata desse Reino, porém, percebemos uma boa
oportunidade da criação de uma Aula Prática onde os alunos e alunas poderiam experimentar
a utilização dos fungos na culinária, dessa forma surge a ideia da Aula Prática intitulada pelos
alunos e alunas de “Os fungos na culinária”.
Basicamente, os grupos deveriam pesquisar receitas onde se utiliza algum tipo de
fungo e deveriam executar as mesmas.
O trabalho foi desenvolvido no Espaço Escolar, especificamente na cozinha, onde se
deu a produção dos alimentos e no pátio, onde os alimentos foram ingeridos. A atividade foi
feita em grupos de até 6 alunos e alunas. Das aulas até a apresentação dos trabalhos (o que
consistiu na pesquisa de receitas de alimentos que necessitassem do emprego de fungos como
ingrediente e execução da receita), os alunos tiveram o prazo de quatro semanas.
Conteúdos trabalhados:
Reino Fungi;
Características dos fungos;
A importância dos fungos.
Objetivos:
Observar a importância dos fungos no dia a dia;
Reconhecer a aplicação dos fungos na culinária;
Aplicar os fungos como ingredientes culinários.
Etapas
Ministração das aulas sobre o Reino Fungi. Aplicamos 2 aulas e cada aula continha 2
tempos de 45 minutos;
Pesquisa sobre receitas que utilizassem fungos no processo de construção, sendo essa a
parte escrita do trabalho;
Execução das receitas no Espaço Escolar. Este é um momento em que o professor deve
estar bem atento, já que os alunos e alunas podem necessitar do uso de fogão para a confecção
das receitas, sendo a supervisão do professor fundamental nessa etapa do trabalho;
Degustação dos alimentos produzidos e discussão sobre a aplicação dos fungos nas
receitas.
55
Execução
Nas fotos 23 e 24, observamos um dos grupos apresentando o uso do fermento
biológico, que contem fungos unicelulares (leveduras) como um dos ingredientes
fundamentais para a confecção de uma massa de pizza.
Fonte: O autor, 2016.
Foto 23
Fonte: O autor, 2016.
Foto 24
56
Considerações
Já durante a exposição dos conteúdos, vislumbramos a possibilidade da realização da
Aula Prática direcionada à utilização dos fungos na culinária A sugestão da produção dessa
Aula Prática foi automaticamente aceita pela turma e, na mesma semana do término dos
conteúdos relacionados ao tema, os grupos já nos traziam as receitas, variando de pizzas a
pães, o que se esperava a saladas, entre outros pratos.
Ao longo da confecção das receitas, percebemos grande interação entre os pares, além
da participação dos familiares, ou intervindo nas receitas ou na confecção das mesmas.
Tendo em vista que, o objetivo principal desse projeto era apontar para os alunos e
alunas a utilidade dos fungos na culinária, ou seja, uma das importâncias desses seres no dia a
dia do ser humano e, mediante ao que nos foi apresentado ao logo de todo processo,
entendemos que, assim como na atividade anterior, os grupos tiveram possibilidades de
alcançaram aspectos importantes da Alfabetização Científica.
57
3.10 SHOW DA LUNA E A FERMENTAÇÃO
Introdução
Esse trabalho foi pensado junto aos alunos e alunas do 2º ano do Ensino Médio, em
2016, com a intenção de demonstrar de forma lúdica o fenômeno de fermentação.
Nessa Aula Prática, que intitulamos como “Show da Luna e a fermentação”, fizemos
o uso do desenho animado brasileiro ‘O show da Luna’3 para a compreensão do processo de
fermentação ocorrido na confecção do pão.
Os conceitos relacionados aos processos metabólicos são complexos e geralmente de
difícil assimilação pelos alunos e alunas do Ensino Médio e esse foi o principal motivo que
nos levou a pensar na aplicação de uma Aula Prática lúdica como facilitadora da compreensão
dos conceitos ligados à fermentação – processo metabólico onde o oxigênio não é utilizado e
os produtos do processo ainda geram energia.
Assim, pedimos para que os alunos e alunas, através do link
https://www.youtube.com/watch?v=U1n8yTCHJ8Q, assistissem o episódio “Como a massa
vira pão” e, após essa etapa, em duplas, os alunos desenvolveram relatórios associando o que
assistiram no episódio com as aulas de biologia sobre o Reino Fungi. Das aulas até a
apresentação dos trabalhos, os alunos tiveram o prazo de três semanas.
Conteúdos trabalhados:
Metabolismo;
Respiração aeróbica, anaeróbica e fermentação;
Tipos de fermentação;
Fermentação alcoólica.
Objetivos:
Reconhecer o processo de fermentação;
Observar o fenômeno da fermentação alcoólica na confecção do pão;
Reconhecer a aplicação dos fungos na confecção de pães.
Etapas
Ministração das aulas sobre o os processos metabólicos, com ênfase na fermentação.
Aplicamos 2 aulas, sendo, cada aula, em de 2 tempos de 45 minutos;
Assistir o desenho “O show da Luna”, episódio “Como a massa vira pão”;
3 Desenho animado brasileiro criado em 2006 por Célia Catunda e Kiko Mistrorigo e que passa
diariamente no canal fechado Discovery Kids e trata de temas diversos e aplicação lúdica de
experimentos que analisam tais temas. https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Show_da_Luna
58
Construção do relatório em duplas, relacionando o episódio assistido às aulas de
metabolismo;
Discussão sobre os relatórios construídos.
Execução
Nas figuras 6, 7 e 8 observamos partes do desenho que utilizamos como base para a
construção dos relatórios.
Fonte: link https://www.youtube.com/watch?v=U1n8yTCHJ8Q. visitado em 02/09/2018
Figura 6
A figura 6 apresenta a personagem principal do desenho “Show da Luna”, sendo a
introdução do episódio sobre a fermentação na confecção de pães.
Fonte: link https://www.youtube.com/watch?v=U1n8yTCHJ8Q. visitado em 02/09/2018
Figura 7
59
A imagem da figura 7 representa um pão ao lado do fermento biológico, que são
leveduras, fungos microscópicos que fazem fermentação alcoólica.
Fonte: Fonte: link https://www.youtube.com/watch?v=U1n8yTCHJ8Q. visitado em 02/09/2018
Figura 8
A figura 8 representa as leveduras fazendo a fermentação alcoólica. Podemos
reparar a produção de bolhas de gás carbônico, na imagem do desenho.
Considerações
Inicialmente houve certa resistência da turma em relação à proposta do trabalho, pelo
fato de que a base do trabalho seria um desenho de um canal infantil; porém, após a justificativa
que demos de que se tratava de um desenho de cunho científico bem apurado, pela
complexidade das informações passadas pelos personagens, os alunos e alunas aceitaram bem
o projeto. A partir do convencimento, o processo se deu de forma rápida e interessante.
Após assistirem ao desenho, as duplas deveriam construir relatórios de no mínimo 3
laudas e no máximo 5, relacionando o episódio com os conteúdos vistos em aula. O que
observamos nos resultados foram textos criativos e bem imbricados com os conteúdos vistos.
Assim, por meio dos textos apresentados e divulgados pelos alunos e alunas, que
continham uma linguagem científica necessária à compreensão do fenômeno da fermentação,
percebemos a possibilidade da atividade para o alcance de algumas das premissas da
Alfabetização Científica.
60
3.11 ANGIOSPERMAS: AS DIFERENÇAS ENTRE MONOCOTILEDÔNEA E
DICOTILEDÔNEA
Introdução
O trabalho foi executado por turmas do 2º ano do Ensino Médio, no ano de 2016, tendo
como principal objetivo a construção de tabelas que diferenciassem, através das estruturas de
angiospermas, as monocotiledôneas das dicotiledôneas.
Pensamos a construção do trabalho após uma aula que tratava da diferença entre os
dois tipos de angiospermas (monocotiledôneas e dicotiledôneas). Durante essa aula,
observamos, no livro didático, uma tabela que trazia formas de diferenciar, por meio do uso
de estruturas do vegetal, os dois tipos de angiospermas. Pensamos então, a construção de uma
tabela (pelos alunos e alunas, em grupos de até seis alunos) com as partes reais dos vegetais.
Após uma semana, prazo dado para a construção das tabelas, os grupos apresentaram
as mesmas.
Conteúdos trabalhados:
Botânica;
Angiospermas;
Diferenças ente monocotiledôneas e dicotiledôneas,
Objetivos:
Conhecer as angiospermas;
Identificar os dois grupos de angiospermas;
Conhecer as principais diferenças entre os dois grupos;
Construção de tabelas com estruturas que diferenciem os dois grupos.
Etapas:
Ministração das aulas sobre angiospermas. Em nosso projeto foram ministradas 4 aulas
sobre o tema e cada aula constou de 2 tempos de 45 minutos;
Divisão dos grupos, estimulando assim a cooperação entre os alunos e alunas;
Pesquisa sobre exemplos de vegetais dos dois grupos de angiospermas, monocotiledôneas
e dicotiledôneas;
Coleta das estruturas das angiospermas;
Construção de tabelas contendo o material coletado, ou seja, que mostrassem as diferenças
entre os dois grupos.
61
Execução
Nas as tabelas construídas pelos aluno e alunas e a explicação do professor em relação
as tabelas construídas pelos mesmos.
Fonte: O autor, 2016.
Foto 25
A imagem 25 mostra o momento em que o professor atua na organização das estruturas
escolhidas pelos alunos e alunas com o intuito de debater sobre a construção da tabela, bem
como sobre os possíveis equívocos conceituais.
Fonte: O autor, 2016.
Foto 26
62
A figura 26 expõe como os alunos e alunas executaram a construção da tabela, fazendo
uso das estruturas vegetais verdadeiras.
Fonte: O autor, 2016.
Foto 27
Na imagem da foto 27, podemos observar uma grande diversidade de estruturas que o
grupo trouxe para diferenciar as monocotiledôneas das dicotiledôneas, demostrando domínio
nos conceitos trabalhados em sala de aula e sua divulgação para a comunidade escolar.
Fonte: O autor, 2016.
Foto 28
63
A foto 28 demostra o professor indicando um tipo de caule subterrâneo, identificado na
botânica como rizoma, sendo de uma planta muito utilizada na culinária asiática, denominada
gengibre.
Fonte: O autor, 2017.
Foto 29
Também na foto 29, ocorre o registro da explicação do professor acerca das diferenças
estruturais entre as monocotiledôneas e as dicotiledôneas apresentadas nos trabalhos dos
alunos e alunas.
Considerações
A gênese do trabalho se deu durante as aulas de botânica, especificamente nos temas
sobre as diferenças entre existentes entre as angiospermas; vimos, nesse momento, a
oportunidade de criar uma Aula Prática que expusesse de forma clara essas diferenças para os
alunos e alunas. A partir de então, apresentamos os conceitos que trouxessem à tona a
necessidade da aplicação da prática, já idealizada por nós. Logo após, iniciamos a construção
da atividade junto aos alunos.
A tabela das diferenças estruturais entre as monocotiledôneas e dicotiledôneas,
presente no livro didático utilizado pela escola, se tornou muito mais rica a partir do material
coletado e organizado pela turma. Toda a experiência vivenciada na busca, escolha e
organização do material, trouxe várias oportunidades para a construção dos conceitos
envolvidos no tema, bem como para o desenvolvimento da linguagem científica e da
importância da divulgação na comunidade escolar.
64
Por intermédio dos materiais apresentados, além da argumentação dos alunos e alunas
sobre os mesmos, compreendemos que essa atividade trouxe possibilidades para o alcance da
Alfabetização Científica.
65
Considerações Finais
Aos caros colegas que buscaram nesse Caderno Pedagógico atividades auxiliadoras na
construção de Aulas Práticas, no Espaço Escolar, no intuito de fomentar a Alfabetização
Científica em alunos e alunas da Educação Básica, especificamente do Ensino Médio, traremos
em nossa conclusão uma breve discussão sobre nossos objetivos, sob a luz dos resultados
alcançados em nossa pesquisa de mestrado.
Leciono desde 2001 e, sempre percebi, ao longo de toda minha caminhada enquanto
professor, que a prática torna mais próxima, dos alunos e alunas, os conteúdos relacionados à
Ciências e à Biologia; logo, me tornei um defensor dessa vertente. Porém, sempre esbarrei na
dificuldade da aplicação de Aulas Práticas pela falta de espaços específicos para a construção
e execução das mesmas; já que, em todas as instituições de Ensino que trabalhei até então, não
havia Laboratório de Ciências. Mas, mesmo com esse entrave constante, insisti em apresentar
aos alunos e alunas outras formas de aulas, diferente das que chamo de convencionais, onde o
quadro e o giz são protagonistas. Assim, passei a elaborar junto a esses sujeitos, aulas que
aproximassem os conteúdos ao cotidiano dos mesmos, iniciando um processo de construção
colaborativa de Aulas Práticas na sala de aula.
Inicialmente, não ocorria a percepção da dimensão que tais procedimentos poderiam
gerar ao conhecimento científico dos sujeitos, porém, de forma significativa, a cada
apresentação dos alunos e alunas, percebíamos cada vez mais o envolvimento dos mesmos em
todo processo de concepção e construção das Aulas Práticas e no gosto pela construção do
conhecimento científico imbricado a essas práticas. Dessa forma, iniciamos o processo de
aplicação de Aulas Práticas com maior frequência, incluindo essas práticas aos planejamentos
das escolas.
Com o mestrado, iniciei o processo de pesquisa, com o objetivo de compreender como
essas Aulas Práticas poderiam interferir na aquisição do conhecimento científico e, ao longo
de nosso trabalho, nos foi apresentado Attico Chassot, que traz a perspectiva do Ensino de
Ciências sob a ótica da Alfabetização Científica. Percebemos, então, que nossas práticas
estavam interligadas a essa perspectiva desde sua primeira aplicação, muito antes de
pensarmos em analisá-las. Sasseron e Carvalho (2008) nos desvelaram três Eixos Estruturantes
da Alfabetização Científica apresentados na seção 1 e que utilizamos como elementos basilares
para nossa pesquisa na dissertação e para a elucidação teórica das práticas que já
executávamos.
Por meio da análise de dois Temas que foram constituídos de três Aulas Práticas cada,
que apresentamos nas seções 3.1 e 3.2, alcançamos todos os Eixos Estruturantes propostos por
Sasseron e Carvalho, em todas as Aulas Práticas.
Os resultados encontrados em nossa dissertação apontam para a relevância que Aulas
Práticas apresentam na construção do conhecimento científico, nos dando a possibilidade para
a apresentação de outras práticas, nesse produto, com o principal objetivo de subsidiar o
professor com possibilidades de aplicações de Aulas Práticas que têm como intuito que alunos
e alunas alcancem as várias dimensões (cognitivas, culturais, sociais, tecnológicas e
ambientais) que o conhecimento científico pode proporcionar à vida do cidadão pós moderno.
66
Assim, mesmo sabendo que nosso produto não resolve as tantas mazelas do Ensino de
Biologia em nosso país, esperamos que os leitores desse trabalho passem a aplicar as Aulas
Práticas apresentadas e que as mesmas tragam inspiração para a construção de muitas outras
práticas pelos caros colegas profissão.
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