Post on 10-Mar-2016
description
27 set Carlos Bica Norberto Lobo Abel Neves José
Laginha Marlene Vilhenas 28 set Amélia Muge
José Martins José Maria Vieira Mendes Patrícia
Silva Vera Manteros 29 set João Paulo Esteves
da Silva Mickael Oliveira Mariana T. Barross
Ma João Luís Daniel Gorjãos 30 set Cláudia Dias
Cecília Laranjeira Gonçalo M Tavares Rui Antónios
André e. Teodósios
28 olhares 28 criações
serrenhos em fuga
entre 1970 e 2011 a serra perdeu 36,5%. dos residentes e hoje temos
464 idosos por cada 100 jovens. As alterações na economia regional,
em particular as associadas com o desenvolvimento turístico, deram
origem a uma dinâmica migratória do interior para o litoral.
pág. 44
os sobreirais da serra algarvia
é necessário o Homem para que a árvore tenha viabilidade.
Falar dos Sobreirais na Serra Algarvia obriga a compreender a
história de Portugal, a sua economia e os seus principais momentos
político-sociais. A situação em que se encontram exige uma
atenção especial, sob pena de desaparecerem no futuro próximo.
pág. 42/43
viagem às curvasaquilo que o homem desarranjou, só ele pode arranjar.
As pessoas daqui, dizem que não são do Algarve, eles dizem-se de
onde? Da serra, identificam-se como serrenhos e, quando vão ao
litoral, dizem que vão lá a baixo ao Algarve. “a Serra” para eles é uma
transição entre o Algarve e o Alentejo, estão um bocadinho fora do
mapa, fora do planeta, são um bocado da terra de ninguém
pág. 36/37
Caldeirão cada vez mais vazio
Sobreiros doentes, pragas de plantas invasoras e uma réstia de
população humana em rápido declínio, são alguns dos problemas que
ameaçam transformar o interior do Algarve numa terra de ninguém.
pág. 38/39
workshop de fotografiana Serra do Caldeirão
10 olhares 100 fotografias
notas sobre um workshop de projecto fotográfico na Serra do
Caldeirão. Não há forma simples de abordar território tão equívoco
como o das imagens. Afinal para que serve uma imagem e, no caso
da linguagem fotográfica, o que verdadeiramente nos revela e fixa
enquanto fotógrafos? pág. 30/31
no CAPa Faro
3 documentários + 1 10 projectos fotográficos fotografia Luís da Cruz making of do festival
entrada livre
mú
sica
mú
sica
mú
sica
esc
rita
esc
rita
esc
rita
esc
rita
esc
rita
teat
rote
atro
teat
rod
ança
dan
ça
dan
ça
raças autóctones em extinção
há muito que a vaca algarvia já cá não está. Também estão em perigo
a ovelha churra e a cabra algarvia. Cerca de 40% do total das raças
nacionais encontra-se ainda em perigo de extinção mais ou menos
acentuado. Dos vários trabalhos de campo realizados restam relatórios,
amostras de sémen congelado e poucas cabeças de gado vivo no
Alentejo – eventualmente, os últimos exemplares de um património
sem grande hipóteses de ser recuperado. pág. 40/41
26 set
oferta
mapa / puzzle
fotografia / posterjornal G
RÁTIS
editorial no ano em que a DeVIR, associação de actividades culturais completa
18 anos de actividade e o CAPa, centro de artes performativas do Algarve 11 anos de
existência, é com bastante entusiasmo que avançamos com a 1ª edição dos encontros do DeVIR. Mais do que de um novo festival, que esteve a incubar desde 2004, estes
encontros são um festival temático novo, que descomplexadamente se assume como
um manifesto político, porque é reactivo. Se por um lado, resulta de um conjunto de 28
encomendas de criação, que envolvem cerca de 30 criadores portugueses, num país que
pouco investe na Cultura, apresentadas nos encontros do DeVIR - criação (26 a 30 de Set no CAPa - Faro), por outro, chama a si a responsabilidade de questionar o presente
e perspectivar um futuro, que não o que se adivinha para o Algarve, trazendo para
actualidade questões levantadas por 12 estudiosos, debatidas nos encontros do DeVIR - ciência (24/25 de Novembro no auditório de Olhão), que poderão ser decisivas
para a sustentabilidade desta região. Portugal, a par de Espanha, Itália e Grécia, é um
dos países europeus, com maior risco de desertificação, física e humana. O problema
da desertificação humana do interior vs a descaracterização das cidades do litoral,
embora seja comum a todo o território nacional assume contornos distintos no Algarve,
atendendo à singularidade das suas características geográficas – zona serrana a distar
apenas 20/30 km do litoral. A proximidade entre as cidades descaracterizadas (como
consequência da pressão imobiliária dos últimos 50 anos) e as aldeias cada vez mais
despovoadas (resultado da dinâmica migratória, do interior para o litoral nas décadas de
60/70), pode permitir perspectivar um desenvolvimento mais equilibrado do território,
numa região onde se investe quase exclusivamente no litoral, o que tem consequências
cada vez mais visíveis e directas na qualidade de vida das suas populações. Move-nos o
desejo de sensibilizar e de co-responsabilizar a comunidade e os decisores políticos, para
uma realidade que urge ser avaliada e discutida por todos, de modo a reverter a situação
actual, quer seja a nível cultural, ecológico ou social. Mais do que pretender encontrar
soluções para a desertificação humana das zonas rurais da Serra do Caldeirão,
ou para, a descaracterização do litoral algarvio, queremos que este festival possa
contribuir para apontar diferentes direcções para uma realidade que todos, sobretudo os
decisores, persistem em ignorar. Não nos interessa refletir sobre o que não tem retorno,
queremos antes fomentar encontros onde, com realismo e sensatez, se desmontem
falsas inevitabilidades. Queremos dizer que as gentes da Serra, apesar de abandonadas,
mantêm o orgulho de serem serrenhos, e que o litoral, constantemente adulterado,
é cada vez mais inóspito para os que nele vivem. Os encontos do DeVIR nascem num
contexto de precariedade, de asfixia financeira – restrições impostas pelo Estado ao
sector cultural, como nunca se viram, que nos obrigaram a reinventar, sem nunca perder
a dimensão de serviço público. Num tempo de escassez, lançamos um novo festival que
alia o social ao cultural, o ecológico e político ao artístico, aproveitando o contributo
único e insubstituível que a Arte e a Cultura - criando memória e fazendo futuro, podem
dar a uma sociedade sem direcções, que se está a afundar. Este festival resulta de um
conjunto de encomendas feitas a criadores nacionais, o que o tornam único mas também
responsável e solidário. Demos-lhes a conhecer a Serra do Caldeirão (ou Serra Mú),
facultámos-lhes informações e promovemos visitas guiadas por um técnico que trabalha
naquele território, sem fomentar o contacto directo e o envolvimento com as populações,
evitando o lado intrusivo e voyeurista. No entanto, a Serra e os serrenhos estão presentes
e em discurso directo nos 4 documetários que realizámos, nas imagens de 10 novos
projectos fotográficos (desenvolvidos no âmbito do projecto Valados – 21 workshops
ano 2010-12) e no making of do festival, mas também nos registos impressionistas,
imagens captadas por cada um dos criadores aquando das suas primeiras vistas àquele
território. Recorremos ao conhecimento de muitos, desafiando-os a reflectir e a escrever
sobre a realidade de um território que partilhamos, relativamente ao qual todos somos
responsáveis. Sem ignorar os últimos acontecimentos trágicos, mas também sem nos
deixarmos afundar nas cinzas, aproveitamos esta publicação para editar um conjunto de
entrevistas e artigos de opinião sobre o Caldeirão, onde se fala das muitas dificuldades,
mas também das grandes potencialidades deste território que poucos conhecem. No
final da leitura deste jornal, desafiamo-lo a reutiliza-lo, resolvendo um puzzle constituído
por muitas das suas páginas que, quando juntas, resultarão num mapa/carta militar da
Serra do Caldeirão, que poderá ser muito útil numa visita a um território que tem tanto
de desconhecido, como de fascinante.more than a new festival, these meetings are a festival centred on a new topic, which without complexes
sees itself as a political manifesto, because it is reactionary. While on the one hand it is the result of a set
of 27 ordered works of art that involve around 30 Portuguese creators, in a country that invests little
in Culture, the DeVIR – creation meeting (26 to 30 September in CAPa - Faro), on the hand it is taking
responsibility for asking questions about the present and looking to the future, in relation to the Algarve,
bringing to the forefront questions raised by 12 scholars, DeVIR – science meetings (24/25 November
in Olhão Auditorium), which could prove decisive for the sustainability of this region. We are motivated
by the desire to raise awareness and make the community and the political decision makers jointly
responsible for a reality that urgently needs to be assessed and discussed by everybody, in order to
reverse the current situation, at the cultural, ecological and social levels. It is more than an attempt to
find solutions for the human desertification of the rural zones of the Serra do Caldeirão, or the spoiling
of the Algarve coastline. We want this festival to contribute to finding different directions for a reality
that everybody, and above all the decision makers, continue to ignore. This festival is the result of a set of
orders commissioned from Portuguese creators, which makes it unique and also a responsable solidary
initiative. We give you the chance to get to know the Serra do Caldeirão (or Serra do Mú), transmitting
information and organising guided tours by a guide who works in the region, without fostering direct
contact and involvement of the populations so as to avoid an intrusive or voyeuristic approach. However,
the mountains and its peoples are present and speak directly in the 4 documentaries we have made, in
the images of the 10 new photographic projects, within the scope of the Valados project (21 workshops/
year 2010-12) and in the making of the festival. After reading this newspaper we challenge you to reuse it
and solve the puzzle constituted by many of its pages that, when put together, comprise a map/military
cartography of the Serra do Caldeirão which can be extremely useful when visiting a region that is as
unknown as it is fascinating. bon voyage and happy meetings!
boa viagens e bons encontros! JL
olhares no CAPa 21h30
Carlos Bica Norberto Lobo música
Abel Neves escrita
José Laginha Marlene Vilhena dança
olhares no CAPa 21h30
Amélia Muge José Martins música
José Mª Vieira MendesPatrícia Silva escrita
Vera Mantero dança
olhares no CAPa 21h30
João Paulo Esteves da Silva música
Mickael de OliveiraMariana Tengner de Barros escrita
Maria João Luís Daniel Gorjão escrita
olhares no CAPa 21h30
Cláudia Dias Cecília Laranjeira dança
Gonçalo M. TavaresRui António escrita
André e. Teodósio teatro conversas informais com os criadores após cada espectáculo
índice/programa
editorial
30
32
34
36
38
40
42
44
45
46
47
30
04
08
06
10
12
14
16
18
20
26
24
22
28
0203
págs.
CAPa centro de artes performativas do algarverua frei lourenço de stª maria nº 4, 8000-352 Faroinformações / reservas 289 828 784 tm 918 703 415(6)
workshop
percursos/puzzle
incêndio
viagem às curvas
entrevista
entrevista
sobreirais
serrenhos em fuga
fichas técnicas
apoios
DeVIR/CAPa
lavraofícios
abusoverbal
prosolhos
& ofogo
26 set
27 set
28 set
29 set
30 set
no CAPa 21h30 estreia de 3 documentários +1
apresentação 10 projectos fotográficos na Serra do Caldeirão
apresentação encomenda de criação ao fotógrafo Luís da Cruz
estreia do making of dos encontros do DeVIR-criação
ficha técnica contrabaixo, composição, direcção musical e imagem Carlos Bica guitarra acústica Norberto Lobo operação de som Luís Guerreiro luz Hugo Coelho
captura de imagens e elaboração do guião para o vídeo Carlos Bica montagem Hugo Coelho
04 olhar Carlos Bica
Carlos Bica e Norberto Loboe se a nossa casa fosse tudo o que nos rodeia? what if our house was everything that surrounded us?
Feiteira
Monto
do Cravo
Mealha
Ameixial
Montes Novos
Casas Baixas
Cachopo
Barranco do Velho
ficha técnica texto e imagens Abel Neves luz Hugo Coelho captura de imagens e elaboração do guião para o vídeo Abel Neves montagem Hugo Coelho
06 olhar Abel Neves
[so there is no destruction, there is a line that goes from the
coast to the Mountain]
[by the will of nature, there would be no nook that was not
subject to the power of the vegetation so, the warriors
rebel against the roots and the confusion of the foliage,
and seek at all times to prevent the vegetation plague we
are the warriors, interested in occupying all that can be
occupied, keeping away the dwellers of yore]
[one has to appreciate the people who stand in this world
to simply greet the mornings like the birds, the mountain
people are interested in the mornings as they gaze around]
[inevitably the ruin, the ruined human landscape: ‘where
there is iron, there is rust’]
Abel Nevesalguns sinais para um texto sobre uma visita breve à serra do Caldeirãosome signs for a text on a brief visit to the serra do Caldeirão
[o título talvez esteja achado, mas ainda não pode revelar-se não posso saber ainda o que virá a
ser o texto sobre a visita ao Caldeirão, mas não será, nem poderia ser, uma reportagem nem será
uma crónica usar-se-á o gosto pela dispersão, ao modo das polinizações palavrinhas à brisa
algum texto está já composto, mas os sentidos ainda não imperam]
[visita relâmpago: um clarão sem ruído]
o lugar: gente, solo, casas, animais. o horizonte: imagem vídeo A paisagem a miragem: escrita/
texto A ilusão 1) o interior (o lugar) 2) o litoral (a utopia?) 3) da utopia ao lugar
o lugar [quando abri o caderno dos apontamentos breves tinha uma frase escrita numa antiga
ocasião: “podia ter perdido a memória, podia ter perdido” decidi aceitá-la]
o horizonte [o Algarve além do horizonte o Algarve a descer, não muito, mas a descer, a ir para
o mar, a ir ao sal e aos peixes, indo às áfricas para cima é ir ao país que há para baixo é ir às
áfricas]
a miragem [pés no lugar e vistas alteradas: alterações do lugar por efeito do que há além do
horizonte a ilusão de uma terra melhor as necessidades mancham a ilusão? vem uma voz que
me diz: de onde estás, vê se vês a ria Formosa leva saudades]
[para que não haja perdição, há um fio que vai do litoral à serra]
[é certo que irei aos pequenos capítulos]
[por vontade da natureza, não haveria recanto que não estivesse sujeito ao domínio das
vegetações assim, os guerreiros insurgem-se contra as raízes e o espalhafato do folhedo, e
procuram a todo o tempo impedir a praga vegetal os guerreiros somos nós, interessados em
ocupar tudo o que puder ser ocupado, afastando os moradores de antes]
[uma materialização ilusória, a utopia: a fata morgana a serra com as suas artes do espectáculo]
[são de estimar as pessoas que se aguentam neste mundo para, simplesmente, saudar as manhãs
feitos pássaros, os serrenhos interessam-se pelas manhãs o olhar dispersa-se]
[inevitavelmente a ruína, a paisagem humana arruinada: “onde vai o ferro, vai a ferrugem”]
[e talvez haja um conto breve]
Ximeno
Cortelha
Barranco do Velho
Portela
Vermelhos
Serra Chã
ficha técnica concepção, co-criação, interpretação, cenário/figurinos e texto José Laginha co-criação e interpretação Marlene Vilhena música original Simão Costa, (excertos de sinfonias) G. Mahler (recolha) Michel Giacometti professor de voz Francisco Brazão desenho de luz Hugo Coelho e José Laginha operação
de som Luís Guerreiro luz Hugo Coelho captura de imagens e elaboração do guião para o vídeo José Laginha montagem Hugo Coelho costura Rosa Vitorino produção Ana Rodrigues residências artísticas DeVIR/CAPa, Comédias do Minho/Centro Cultural de Paredes Coura, Casa das Artes de Arcos de
Valdevez/Movimento Incriativo
agradecimentos Miguel Vieira, Miguel Vitorino, Hugolino Rocha, João P Vaz, Pedro Morgado, Vasco Ferreira, Carlos da Silva, Nuno Soares, Susana Paiva
08 olhar José Laginha
the Japanese ‘ghost ship’, ‘Ryou-Un Maru’, which was dedicated
to fishing for squid, was anchored in the port of the Japanese
city of Hachinohe, Aomori Prefecture, when it was swept away
by the tsunami, having travelled 4,703 kilometres between
March 2011 and April 2012. The ship, without signalling or
crew, is adrift in the high traffic sea routes in North American
waters, and became a real danger* to sailors.* what I call nature is resting. It is about to happen, will come in strength,
but later. here the ground is called earth and promises.
gum rockrose (Cistus ladanifer) is a species of flowering plant
from the Cistaceae family. It is highly resistent** thanks to it
strategy of allelopathic growth and expansion. ** here I just am I feel whole. I do not fight but I resist, I am from here already.
I am no longer feeling, so I can stay.
abandonement: to neglect, leave abandoned*** a territory*** all approaches but nothing comes. the smell came down. Here not even
memories make sense. I am unlocked.
José Laginhae Marlene Vilhenao “navio fantasma” japonês «Ryou-Un Maru», que se dedicava à pesca da lula, estava ancorado no
porto da localidade japonesa de Hachinohe, na prefeitura de Aomori, quando foi arrastado pelo tsunami,
tendo percorrido 4.703 quilómetros entre Março de 2011 e Abril de 2012. O barco, sem sinalização nem
tripulação, esteve à deriva nas rotas de alto tráfego marítimo nas águas norte-americanas, e tornou-
se um perigo* real para os marinheiros. Dirigiu-se para o sudeste do Alasca, mais precisamente para
a cidade de Sitka, a uma milha por hora. A embarcação japonesa de 65 metros de comprimento foi
localizada por um avião da Força Aérea do Canadá, quando se encontrava a 278 km a oeste da ilha Haida
Gwaii, no norte da província de British Columbia. A 5 Abril de 2012 a Guarda Costeira dos EUA abriu
fogo contra o navio fantasma, usando uma metralhadora de calibre 25 milímetros, afudando-o, segundo
Marc Proulx, coordenador marítimo do Centro de Socorro de Victoria.
* aquilo a que chamo natureza está a descansar. está quase a acontecer, virá em força, mas depois. aqui o chão chama-se terra e promete.
a esteva (cistus ladanifer) é uma espécie de planta com flores da família cistaceae. É nativa da parte
ocidental da região mediterrânica, crescendo espontaneamente desde o sul de França a Portugal, mas
também no noroeste de África. É um arbusto que atinge 1m de altura e 2,5 m de largura. As folhas são
persistentes, lanceoladas, com 3 a 10 cm de comprimento e 1 a 2 cm de largura e libertam uma resina
aromática, o lábdano, usado como fixador em perfumes. A resistência** deste arbusto advém da sua
estratégia de crescimento e expansão, a alelopatia, produção de substâncias químicas que, libertadas
no ambiente, podem prejudicar o desenvolvimento normal e até mesmo inibir a germinação de outras
espécies.
** aqui só estou, sinto-me todo. não luto mas resisto, já sou daqui. estou a deixar de me sentir para ficar.
significado de abandono subst. m. 1. acção de partir para não voltar: o abandono de um território
2. acção de deixar desamparado: negligenciar, deixar ao abandono*** um património relativamente ao
qual somos responsáveis; ao abandono sem protecção ou cuidado: eles deixaram a serra ao abandono.
*** tudo se aproxima mas nada chega. o cheiro caiu. aqui nem as memórias fazem sentido. estou destrancado.
Ximeno
Portela
Cortelha
Cerro dosVermelhos
Moita da Guerra
nota prévia acesos em mim estão os incêndios decorridos depois da visita. As memórias do que vi e trouxe nas imagens, parece que pega-
ram fogo também. Toda a sinopse e a maioria do trabalho a apresentar, foi feito antes do que aconteceu. Como as matas, ardem as palavras
que escrevi e não sei, das imagens recolhidas, o que ainda existe. Como as árvores, as coisas e os bichos, o sentido desta escrita parece ser
um monte de cinzas. Está a serra de luto. E eu, mais do que nunca, quero com este trabalho homenagear os locais que visitámos e a sua
beleza única e insubstituível. O tempo vai voltar a devolver à serra o que é dela. Por isso, o que aqui partilho convosco, traz também esse
gesto de esperança, de fenix renascida, que vai voar para lá deste requiem.
este título evoca uma ideia de noite simbólica, onde a ausência é escura, bem como o abandono, ou
o desconhecido. Aqui partilhamos o que foi registado pelo nosso olhar em viagem, marcado pelas
nossas lembranças, que esta visita refez e transformou em desafio criativo. Sinais da noite nos dias,
faz lembrar o desconhecimento da riqueza da serra, face a um Algarve identificado com o sol, a praia,
a visibilidade, a marca de um turismo cosmopolita, de época balnear, que parece ser a única mais-
valia da região. Sinais da noite nos dias procura vestígios de um escuro, que nos desperta a visão,
no meio de um espaço marcado pelo pisotear dos bichos, dos homens, do tempo. O que respira ali
para lá do humano que se esconde por detrás das portas, da sombra dos alpendres, das frinchas das
janelas?
Que olhares nos fazem lembrar a noite dos medos, as penas dos voos por cumprir?
Que riscos com asas dão crédito aos nossos ouvidos assaltados por chilreios de fim da tarde, ladrares
de cão, cacarejares de galinha, ou mesmo chiares de porco?
Que histórias se retorcem como os troncos?
Que pragas corrompem as seivas da esperança?
Que vida nos olha com curiosidade, medo, ou desconfiança?
Que saudades do futuro nos retêm, mesmo depois de partirmos?
Vindos desta noite que nos cega de luz, sabemos que esta serra não é de fácil entrega. Sabemos
que o fascínio se esconde por detrás dos muros caídos, dos sons que se ouvem sem que se perceba
quem os faz, ou fez. Sabemos que é impossível reter tanta dádiva, só à espera que a gente estenda
até ela o nosso olhar, o nosso tempo de sermos mais serra. Por aqui vamos, no alto da procura destes
caminhos sinuosos , cheios de curvas e saltos. São assim os caminhos que nos levam de certeza a
qualquer coisa de único, que se revela, tal como a noite, no tempo de pensar que se pensa, sentindo
que se vai, vindo do escuro, para uma sombra cheia de luz. Como a do mistério.
ficha técnica concepção, criação Amélia Muge (a partir de proposta da DeVIR) voz e braguesa Amélia Muge banda sonora José Martins e Amélia Muge textos e
canções Amélia Muge Canções Tradicionais percussão, som e sonoplastia José Martins desenho de luz Hugo Coelho captura de imagens e elaboração do
guião para o vídeo Amélia Muge montagem Hugo Coelho agradecimento Miguel Vieira
10 olhar Amélia Muge
Signs of the night in the days looks for traces of a darkness
that awakens a vision, in the middle of an area marked by the
trampling of animals, men, time.
Coming from this night that blinds us with light, we know
that the Mountain does not give in easily. We know that the
allure hides behind the fallen walls, the sounds that can be
heard without realizing who is making or has made them.
The sun looks like the moon
On a rainy and windy day.
The branch sings a lament
Like the howling of a dog.
On a day when the rain overshadows
The curved back of the land
It seems the mountain cries
For the fires to come.
Running down the windows
The houses, the boughs
Signs of a leaden sky
Signs of the night, in the day.
Amélia Mugee José Martinssinais da noite nos diassigns of the night in the days
Feiteira
Monto
do Cravo
Mealha
Ameixial
Montes Novos
Casas Baixas
Cachopo
Barranco do Velho
depois de dois dias de visita a uma serra que não é minha e a conversar com a coreógrafa Vera
Mantero, comecei um diário póstumo desta viagem. Entradas que se escrevem como se cada
dia fosse sempre aqueles dois dias, tratando a memória como ela merece: mentindo-lhe. O texto
que ainda hoje se continua a escrever (porque “hoje” não é nada), aproveita a circunstância da
observação minuciosa de uma serra e o convívio com uma representante de um género (o da dança)
para continuar a descrever aquilo que hoje obsessivamente me importa. Fechar fronteiras é um
diário que é teatro que é um território limitado. É a definição de fronteiras e a procura de um género
num mundo cheio de géneros. E denunciar nas palavras as suas armadilhas e aproveitar o que me
aparece à frente e me assegura a continuação. Escrever este diário é dar conta da existência, como
faço todos os dias. É o formato do quotidiano, unidade mínima que garante uma descrição possível.
A acumulação dos dias, dos acontecimentos, das ideias e de outros olhos é a única possibilidade que
por agora encontro para dizer que existo. E a serra é o lugar que hoje o confirma.
excertos um amigo escreveu num texto: “o homem tem um braço gigante.” Um leitor à procura de significados perguntou-lhe: “o que
significa um braço gigante?”. E o meu amigo respondeu: “Significa que o homem tem um braço gigante.” Este diário não é poesia. Não é
metáfora. Aqui, uma palavra é uma palavra. Como uma rosa é uma rosa.
***
O meu lugar é uma montanha que é uma folha de papel. Por exemplo. Posso descrever essa folha com as palavras giesta, canja para
o jantar, museu vivo, medronhos, curral, estrelas e auto-estrada. Posso pintá-la com cores e descrever os sons. A minha montanha é
construída. Andaimes a sustentar a terra. A ordem sou eu que a faço. Traduzo aquilo que me dizem umas bocas sem dentes. Sou um
porta-voz. (De pequeno porte. Mas com muitas portas.) Represento um género. Chama-se teatro. (Pode ser teatro de portas.) Nada do que
digo é meu. E no entanto ninguém me percebe. Dizem que sou abstrata. Ou simbólico. Ou bela. Ou teatral. Não percebem. Eu sou uma
montanha. Sugiro uma visita de estudo.
***
Eu não estou aqui. Sou conhecido pela minha ausência. Nunca estou nos dias em que falo. Aquilo que aqui veem é uma representação
que não me quer representar. Esta representação representa-se a si própria. É teatro. Não precisa de mim. Vive numa montanha. E isto é o
mesmo que dizer: “Eu tenho um braço gigante”. Ou: “Eu sou uma montanha”.
***
O linho é uma planta e não um lençol. Um serrano é aquele que habita a serra e não o que serra o tronco. Uma roca é um instrumento
de tecelagem e não uma rocha. Um sobreiro dá cortiça e não sobranceiros. Um pego é um acidente de relevo e não um prostituto. Uma
azinheira é uma árvore com sombra e não uma pista de velocidade. A montanha é uma serra e não uma mão estranha. Este texto é um
braço gigante e não um queixo.
ficha técnica texto e imagens José Maria Vieira Mendes apresentação Patrícia da Silva luz Hugo Coelho e Patrícia da Silva captura de Imagens e elaboração de guião
do vídeo José Maria Vieira Mendes montagem Hugo Coelho
12 olhar José Maria Vieira Mendes
closing borders is a journal that is theatre that is a limited
territory. It is the definition of borders and the search for a
genus in a world full of genera. And denounce its pitfalls in
words and take advantage of what appears to in front of me
and assures me to continue. Writing this diary is to give an
account of existence, as I do all day. It is the format of daily
life, minimal unit which ensures a possible description. The
accumulation of days, of events, of ideas and other eyes
is the only possibility for now to say that I exist. And the
mountain is the place that today confirms that.
José Mª Vieira Mendesfechar fronteiras um diárioclosing borders
Cova da Muda
Pêro de AmigosJavali
Barrancodo Velho
Montes Novos
Feiteira
Cachopo
Casas Baixas
AlcariasBaixas
talvez tudo com vozes ao longe, vozes de vidas
que já não existem. ou sons de pedras. música
de pedra. feita com pedras. “duas pedras afronta-
das parecem indicar a abertura”.
também podia usar o triângulo (“ferrinhos”),
mas só para esfregar as duas peças de metal uma
na outra, não para bater. fazer com elas um som
soprado, um som de silêncio. e dizer ou cantar
algo. as melodias daqui são muito bonitas e
todas de tendência “orientalóide”. parece que são
“em eólio”. por serem assim lindas e enleadas. e é
frequente encontrar-se um curto estribilho que
reza assim: “oh, tão lindo!”. oh, tão lindo. oh. tão lin-
do. oh tão lindo.
há gente assim, que se sabe espantar com a bele-
za. podia talvez fazer uma montagem com
vários “oh, tão lindo!” juntos e misturados. como
a sequência de beijos na boca no fim do Cinema
Paraíso. muitas das músicas são religiosas mas
curiosamente “enxertadas” em ritmos quase dan-
çantes. religião transe. repetição hipnótica. e há
também o caso de as músicas na Cortelha come-
çarem todas com um ou no máximo dois acordes
no acordeão.
“estes artefactos de pedra colocam importantes
questões crono-culturais”.
visita à serra, vídeo 2, 2º clip, por volta dos 3’: aqui
esta parte da nossa serra é muito sui generis no
que diz respeito à produção da cortiça. Porque a
tradição está muito enraizada. Toda a vida tiraram
a cortiça como tiram, toda a vida tiveram os tirado-
res de cortiça como têm, toda a vida negociaram a
cortiça na árvore como negoceiam, e toda a vida a
cortiça foi tratada como ainda hoje é tratada.
visita à serra, vídeo 2, 12º clip, no início: “vejam uma
coisa: aparentemente isto não presta pra nada...
sim, a esteva... isto é esteva, não é?... sim. isto...
onde está castanho... isto, tipo assim... é extraído
daqui um óleo. do qual fazem... óleo de essência
ficha técnica concepção, interpretação Vera Mantero luz Hugo Coelho e Vera Mantero desenho de luz Hugo Coelho e Vera Mantero captura de imagens e elaboração
de guião para o vídeo Vera Mantero montagem Hugo Coelho residência DeVIR/CAPa agradecimento Miguel Vieira
14 olhar Vera Mantero
maybe all with voices from afar, voices of lives that no longer.
or sounds of stones. Stone music. made with stones. ‘two
affronted stones seem to indicate the opening’.
I could also use the triangle, but just to rub the two pieces
of metal together, not to hit them. make with them a blown
sound, a sound of silence. and say or sing something.
the melodies here are very beautiful and all tend to be
oriental sounding. They seem to be ‘Aeolian’. because they
are so beautiful and entangling. and you often find a short
refrain that goes: ‘oh, so beautiful!’. oh, so beautiful. oh. so
beautiful. oh so beautiful.
There are folks like this, who are astounded by the beauty.
many of the songs are religious but curiously ‘grafted’ in
almost danceable rhythms. religious trance. hypnotic
repetition. and there is also the case with the songs in
Cortelha all start with one or at most two chords on the
accordion.
‘these stone artefacts pose important chrono-cultural’.
Vera Manterode esteva e pasta de goma. hmm... ahã... pra quê?
(silêncio). indústria cosmética. ah é?... um perfume
é tanto mais caro quanto mais tempo ele ficar fixo
na pele, correcto? hmm... deve ser... não sei, eu não
uso perfume... mas deve ser... (risos) se o perfume
ficar 48h na pele vais ver que ele é super caro. ahã...
a substância responsável dessa fixação encontra-
-se aqui” (ramo de esteva na mão desde o início).
UM ESTEVAL É UM MAR DE ESTEVAS.
visita à serra, vídeo 2, 37º clip: “mas Miguel, diz-me
lá, para além das barragens para reter a água, o
que é que era importante fazer aqui? olha, pare-
ce-me importante... [fica a pensar]... ppvvvv [som
com os lábios]... que o Estado diga aos proprietá-
rios dos terrenos o seguinte: Meus amigos, ou o
vosso terreno começa a produzir alguma coisa ou
nós tomamos posse dele. [olha para mim em silên-
cio com ar de quem pergunta se estou a perceber].
Tás a ver a ideia?. Tou”.
Maria não acredito que não saibas dar o passo.
Dá um passinho atrás de outro, encosta-te aqui ao
meu braço.
Olha lá maria, meu amor já ganhaste, olha lá maria,
não o deixes fugir
Olha lá maria, tem muito cuidado, olha lá maria,
não o deixes partir.
como usar texto de outras maneiras que não pura
e simplesmente dizendo-o? acho que esta ques-
tão sempre esteve presente em mim em relação
ao texto. como agora só consigo imaginar dizer
texto de uma maneira normal e estou a estranhar
muito isso e isso parece-me uma coisa pobre, lem-
brei-me que dantes era assim que eu abordava a
palavra: nunca a ser dita normalmente, sempre a
ser encontrada uma forma outra, “estranha”, de a
dizer. como se “dizer normalmente” não servisse
para se perceber o que se está a dizer, não funcio-
nasse para se perceber o fenómeno do que está a
ser dito. e além disso talvez a maior parte das vezes
o texto não fosse de facto usado para ser dito e sim
para outras coisas.
“Quem fala encontra uma extraordinária fonte de
inspiração num rosto humano que esteja à sua
frente; e um olhar que nos anuncia que um pen-
samento ainda só meio expresso já foi captado
oferece-nos muitas vezes a expressão necessária
para a restante metade [que ainda está por expres-
sar/articular]”. Heinrich von Kleist, Sobre o Teatro
de Marionetas.
Coisas deste género intersectadas por uma litania
que não tenha nada a ver com coisas deste género.
Cova da Muda
Pêro de AmigosJavali
Barrancodo Velho
Montes Novos
Feiteira
Cachopo
Casas Baixas
AlcariasBaixas
no princípio não acreditei no projecto que desenhei em segredo logo durante a visita à Serra do
Caldeirão. Recolher imagens com uma câmara era, no meu caso, uma completa novidade. E no
entanto tive a sensação que poderia fazer um filme! Foi esse o começo do projecto, silencioso; só
acreditei depois da montagem com o Hugo Coelho. Mas é isso! Com as imagens recolhidas na serra
fiz um filme de trinta minutos.
Chama-se Partitura; a ideia para a performance de 29 de Setembro é a de ler essa partitura, ou
seja, produzir, ao vivo, a banda sonora do filme, tocando piano, acordeão, dizendo, aqui e ali alguns
textos, cantando e guardando, ocasionalmente os sons originais: cacarejos, balidos, vozes, vento,
etc…
Agora, ao trabalhar com o filme, tenho a sensação de estar a elaborar como que um poema
multimédia, em que os diversos elementos, visuais, textuais, sonoros… se vão traduzindo numa
harmonia possível, ou inventada.
O título, Partitura, remete também para a ideia de partida nos seus diversos sentidos: abandono,
viajem, separação, quebra etc.…há gente que parte, modos de vida que se quebram, destruições e
restauros…Tudo isso faz a partitura que vai estar na estante.
Houve uma desgraça durante as filmagens; mas ainda bem: uma imagem na qual depositava
grandes esperanças não apareceu depois no vídeo. Falta de pilha, com certeza. Era uma planta
de linho em flor. Durante o passeio tinha estado uns minutos a filmá-la e a escrever num bloco
umas melodias que ia ouvindo só por estar a vê-la, ao mesmo tempo que, ao fundo ressoavam
explicações técnicas sobre tecelagem. A imagem desapareceu! Mas não da memória. E é possível
que este linho desaparecido acabe por dar o tom à Partitura, tecida com o que se esvai… com o que
se parte, e que parte.
ficha técnica piano, composição, direcção musical e imagem João Paulo Esteves da Silva operação de som Luís Guerreiro luz Hugo Coelho captura de imagens e
elaboração do guião para o vídeo João Paulo Esteves da Silva montagem Hugo Coelho
16 olhar João Paulo Esteves da Silva
music score read that music score, that is, to produce, live,
the film’s soundtrack, playing the piano, the accordion, saying
some words here and there, singing and occasionally keep-
ing the original sounds: cackling, bleating, voices, wind, etc…
When working on the film, I have the feeling of creating
something like a multimedia poem, in which the various ele-
ments, visual, text, sound… are blending into a possible har-
mony, or invented.
The title, Partitura (score), also conveys the idea of departure
in its various senses: abandonment, travel, separation, break,
etc… there are people who depart, ways of life that break up,
destruction and restoration… All this makes the music score
that will be on the shelf.
João Paulo Esteves da Silvapartitura music score
Feiteira
Monto
do Cravo
Mealha
Ameixial
Montes Novos
Casas Baixas
Cachopo
Barranco do Velho
se me perguntarem se a verdura me desperta emoções, direi que não.
Se me perguntarem se o degelo me assusta, direi que não.
Se me perguntarem se as alterações climáticas mexem comigo, direi que não.
Se me perguntarem se o impacto de um asteróide faz-me sentir pequeno e finito, direi que não.
Se me perguntarem se a presença do homem é uma peste para o planeta, direi que não.
Se me perguntarem se o homem deve povoar o planeta, direi que não.
Se me perguntarem se o homem é bom, direi que não.
Se me perguntarem se o homem é mau, direi que não.
Se me perguntarem se sou um homem de dialéctica, direi que não.
Se me perguntarem se sou um homem de visão, direi que não.
E o meu pequeno “teatro” na black-box do CaPa será um simples mea culpa, sob fundo musical.
ficha técnica textos Mickael de Oliveira direcção Mickael de Oliveira, com a colaboração de Mariana Tengner Barros interpretação e música Mickael de Oliveira e
Mariana Tengner Barros acompanhamento crítico Cláudia Dias e Mariana Tengner Barros operação de som Luís Guerreiro luz Hugo Coelho captura de
imagens e elaboração de guião para o vídeo Mickael de Oliveira
18 olhar Mickael de Oliveira
If you ask me if the vegetation stirs emotions in me, I would
say no. If you ask me if the melting icecap scares me, I would
say no. If you ask me if the climate change moves me, I
would say no. If you ask me if the impact of an asteroid
makes me feel small and finite, I would say no. If you ask
me if the presence of man is a plague for the planet, I would
say no. If you ask me if man should populate the planet, I
would say no. If you ask me if man is good, I would say no.
If you ask me if man is bad, I would say no. If you ask me
if I am a dialectician, I would say no. If you ask me if I am a
man of vision, I would say no. And my little ‘theatre’ in the
CaPa black-box will be a simple mea culpa, on a musical
background.
Mickael de Oliveirae Mariana Tengner Barrosapologéticas se me perguntarem se sou um homem de visão, direi que não.apologetic If you ask me if I am a man of vision, I would say no.
Mealha
Anta da Masmorra Casas Baixas
Cachopo
AlcariaPedro Guerreiro
“Do que somos e queremos na verdade pouco resta, um pó ínfimo sobrenada, e o resto, Pierre Loeb, o que é?”
encontros e reencontros para questionar a serra e o homem. O encontro de Daniel com Maria João
e de ambos com Antonin, para em conjunto pensar uma performance com a ideia de que a serra
é apenas e só o espelho do homem e o homem o espelho da serra, que vivem neste momento
uma solidão partilhada, sem encontros nem desencontros, sem chegadas nem partidas, presos por
si mesmos à vontade de uma natureza que não se apoia a si própria, onde os movimentos são
constantes de ambos os lados, dispersos, perdidos e nunca apoiados. É o abandono da serra ao
homem e do homem à serra que se torna inevitável como nascer e morrer, como sermos gente, a
gente entre serras, antes das serras e depois das serras.
ficha técnica criação e interpretação Maria João Luís e Daniel Gorjão texto Antonin Artaud e Maria João Luís desenho de luz Hugo Coelho captura de imagens e
elaboração de guião para o vídeo Daniel Gorjão montagem video Hugo Coelho residência DeVIR/CAPa
20 olhar Maria João Luís
“Of what we are and want in truth there is little left,
a minute speck of dust, and the rest, Pierre Loeb, what is it?”
Encounters and re-encounters to question the serra
(mountain) and mankind.
The meeting between Daniel and Maria João and both of
them with Antonin, so that they can together think up a
performance with the idea that the mountains are merely
and nothing more than the mirror of mankind and mankind
the mirror of the mountains, who today are living through
a moment of shared solitude, with no encounters or re-
encounters, no arrivals or departures, chaining themselves to
the will of a nature that does not support itself, where the
movements of both sides are constant, dispersed, lost and
never supported. It is the mountain’s abandonment to man
and man’s abandonment to the mountain which becomes
as inevitable as birth and death, as us being people; people
among the mountains, before the mountains and after the
mountains.
Maria João Luíse Daniel Gorjãouma solidão igual à minhauma solidão igual à minha
Ximeno
Cortelha
Barranco do Velho
Portela
Vermelhos
Serra Chã
Pour des raisons climatiques, pour des raisons économiques, pour des raisons de délocalisation d’entreprises, pour des raisons touristiques, les gents bougent, et ils bougent dans un monde qui est effectivement de plus en plus petit. Paul Virilio
é um projecto que tem início com a visita efectuada à Serra do Caldeirão, em Abril de 2012, no
âmbito dos Encontros do Devir. Nessa visita fiquei impressionada pela camada extremamente fina
dos solos, originada pela rocha xisto-grauvaque. Esta rocha produz solos poucos férteis, uma das
razões para o abandono da Serra e pela migração das populações para a zona Litoral do Algarve.
Por outro lado, a pedra é um material passível de ser trabalhado, moldado, transformado e usado,
quer na construção de objectos concretos e utilitários, quer na construção de objectos artísticos.
Nasce assim a imagem detonadora para esta criação – trabalhar com pedras recolhidas na Serra do
Caldeirão, retiradas do seu meio natural e deslocadas para o estúdio. A transposição de elementos
naturais/reais para o contexto ficcional do palco não tem uma ambição naturalista. Prende-se
tão somente com curiosidade explorar a matéria pedra. De forma a evitar essa leitura naturalista
decidi trabalhar sobre a escala. Construí uma maquete de uma black box, com as dimensões de
50cm/50cm, correspondente a um palco de 10m/10m. Será nessa representação laboratorial do
palco que as pedras serão colocadas e o centro da acção decorrerá. O espectáculo resultará da
manipulação da maquete ao vivo com possível captação e projecção vídeo
ficha técnica direcção Cláudia Dias assistência Cecília Laranjeira interpretação Cláudia Dias e Cecília Laranjeira vídeo Cecília Laranjeira desenho de luz Cláudia Dias
captura de imagens e elaboração de guião para o vídeo Cláudia Dias montagem Hugo Coelho som a definir residência DeVIR/CAPa
22 olhar Cláudia Dias
the overriding image for this creation – working with stones
collected at the Serra do Caldeirão. The transposition of
natural/real items into the fictional context of the stage is
not part of a naturalist initiative. It came about through the
curiosity of exploring the stone material. In order to avoid this
naturalist reading, I decided to work to scale. I constructed
a black box model (50x50cm), corresponding to a stage
(10x10m). It will be in this laboratorial representation of the
stage that the stones shall be placed and where the centre of
action shall take place. The performance will result from the
live manipulation of the model with possible video recording
and projection.
Cláudia Diase Cecília Laranjeira ES.CA.LA
Mealha
Anta da Masmorra Casas Baixas
Cachopo
AlcariaPedro Guerreiro
como se simplificar fosse assumir que no oitavo dia o que há a fazer é nada
deixar crescer o que já está em crescimento.
ficha técnica textos Gonçalo M. Tavares luz Hugo Coelho captura de imagens e elaboração de guião para o vídeo Gonçalo M. Tavares montagem Rui António
24 olhar Gonçalo M. Tavares
as if to simplify is to assume that on the eighth day what is
left to do is nothing – let grow what is already growing.
Gonçalo M. Tavaressimplicidade e ameaça um passeio pela Serra (escrito antes do fogo-mau)
simplicity and threat a stroll through the Mountain (written before the evil-fire)
Ximeno
Cerro dos vermelhos
Cortelha
Portela
Cavalos
Moita daGuerra
a convite dos encontros DeVIR/Capa percorri no Algarve ‘cidades fantasma’.
Onde por entre serras e cidades se podia assistir ao fim da humanidade, essa nova natureza, estive
presente como testemunha.
Haverá maior Museu que a Natureza?
De máquina de filmar na mão assisti e registei a catástrofe humana acompanhada por desertos,
cruzes, selvas, ossos, migalhas, tachos furados, carros bambos, casas e casotas adjacentes.
PERIGO DE MORTE é um grande desastre: o sacrifício de se estar em perigo de morte.
Não a morte do espaço.
O de toda a humanidade (ou pelo menos, a minha).
E há que fazer alguma coisa!
PERIGO DE MORTE é a acção de um dia.
E no fim diremos...
Ite, missa est.
ficha técnica um espectáculo de e por André e. Teodósio captura de imagens e elaboração de guião para o vídeo André e. Teodósio
26 olhar André Teodósio
aka DANGER OF DEATH I travelled through ‘ghost towns’
in the Algarve. Where amidst mountains and cities I could
watch the end of humanity, that new nature, I was present
as a witness. Is there a bigger Museum than Nature? Holding
a camcorder, I saw and recorded the human catastrophe
accompanied by deserts, crosses, jungles, bones, scraps,
pierced pots, rickety cars, houses and adjacent kennels.
DANGER OF DEATH is a great disaster: the sacrifice to be
in danger of death. Not the death of the space. That of all
humanity (or at least mine).
And something must be done! DANGER OF DEATH is the
action of one day. And at the end we will say...
Ite, missa est.
André e. Teodósio ( * ? ? ) aka PERIGO DE MORTEaka DANGER OF DEATH
Ximeno
Portela
Cortelha
Cerro dosVermelhos
Moita da Guerra
28 docs serra mú
imagens do manuseamento de instrumentos de trabalho
imagens da Serra do Caldeirão ou Serra Mú onde não cabe o humano
lavraofícios
abusoverbal
prosolhos
como se faz
só paisagem
só testemunhosimagens das caras das gentes da serra servem de suporte aos seus testemunhos
nota no processo de investigação e produção destes encontros, nunca houve o interesse de entrar em contacto directo, ou em diálogo, com as comunidades locais ofogo é um documentário extra que mostra o efeito do fogo que ciclicamente atinge a Serra.
ima
ge
ns
da
Se
rra
de
po
is d
o f
og
o
ofog
o csó
pa
isa
ge
m n
eg
ra
Retiro dos CaçadoresRESTAURANTE
CACHOPO
A Tia Bia PENSÃO RESTAURANTE
BARRANCO DO VELHO
Ma Rosário Domingos ERVAS AROMÁTICAS
CURRAIS
um público para as imagens e, já agora, um palconotas sobre um workshop de projecto fotográfico na Serra do Caldeirão
Não há forma simples de abordar território tão equívoco como o das
imagens. Afinal para que serve uma imagem e, no caso da linguagem
fotográfica, o que verdadeiramente nos revela e fixa enquanto
fotógrafos? Todos os participantes neste projecto sabem que defendo
uma prática da fotografia para além da técnica, imersa na consciência
do acto criativo inerente à construção de qualquer objecto artístico.
Sabem que não concebo a fotografia senão enquanto linguagem
de pleno direito e que não promovo uma prática onde liberdade e
responsabilidade não se doseiem em igual medida. O que talvez não
saibam é que, cada vez mais, insisto na ideia de que não há fotografia
sem comunicação, sem partilha com os seus espectadores. A fotografia
que não encontra o seu público é, à imagem de qualquer espectáculo
de artes performativas, um nado morto que não terá possibilidade de
alimentar o imaginário de quem a frui, interpreta e reinventa.
As imagens de todos os que, no âmbito desta formação, se dedicaram
de forma sistemática - pesquisando, experimentado, questionando
- à construção de uma imagética pessoal sobre o território da Serra
do Caldeirão merecem um espaço que não cabe nestas páginas.
Merecem ser fruídas enquanto séries coerentes que são, visionadas
integralmente e projectadas à escala da paisagem. Merecem também
um público que saiba distinguir um exercício técnico de um projecto
artístico e um palco onde, frente aos seus interlocutores, cada um
dos fotógrafos possa afirmar a sua singularidade. E é por isso que
desde já vos convidamos a estar presentes no CAPa onde, na noite
de 26 de Setembro, serão projectadas as séries fotográficas integrais,
devidamente contextualizadas. Susana Paiva
There is no simple way to tackle a field as equivocal as the field of images. What is an
image for? And, when it comes to photographic language, what do images truly reveal
and establish for us, as photographers? All the participants in this project know that I
advocate the practice of photography that goes beyond the technique, immersed in
the conscience of the creative act inherent to the construction of any artistic object.
They know that I see photography as no less than a language unto itself and I advocate
practice where freedom and responsibility come in equal measure. What they perhaps
do not know is that I increasingly insist on the idea that photography does not exist
without communication, without sharing with its viewers. Photography that does not
find its audience is, like any performing art, a stillborn without any chance of feeding
the imagination of whoever enjoys, interprets and reinvents it.
01 Alexandra Martins 02 Bruno Filipe Pires 03 Eurídice Cristo
dona Ausência mora aqui
04 Nada Mandelbaumhipódrico
05 Marco Berenguer a efémera marca humana
06 Miguel de Sousa07 Luís Nogueira
olha para as coisas de frente até começares a vê-las
08 Tátá Regala pé-de-folga ( foto das sandálias) Pé-de-Rosa (das pantufas)
09 Rui António movimento
10 Jorge Manso terra a.m. (foto c /verde) terra p.m. (foto mais escura)
30 worshop serra mú
01
02
03
04
05 06
07
09
08
10
Cachopo
Cavalos
Montes Novos
Feiteira
Cortelha
Moita da Guerra
Barranco do Velho
Cachopo
Monto do Cravo
Mealha
Montes Novos
Feiteira
Estragamanténs
Mte da Estrada
Anta daMasmorra
Barranco do Velho
Estragamanténs
Barrancodo Velho
Montes Novos
Feiteira
Cachopo
Mealha
Valeira
Anta da Masmorra
AlcariaPedro Guerreiro
Cachopo
Monto do Cravo
AlcariasPedro Guerreiro
Anta da Masmorra
MealhaCorteJoão Marques
Ameixial
Cavalos
Moita da Guerra
Cortelha
SerraBrava
Barrancodo Velho
Feiteira
Monto
do Cravo
Mealha
Ameixial
Montes Novos
Casas Baixas
Cachopo
Barranco do Velho
Ximeno
Cortelha
Barranco do Velho
Portela
Vermelhos
Serra Chã
Ximeno
Portela
Cortelha
Cerro dosVermelhos
Moita da Guerra
32 boa viagem e bons encontros
Mealha
Anta da Mealha
Cachopo
Barranco do Velho
Montes Novos
Feiteira
Estragamanténs
Cova da Muda
Pêro de AmigosJavali
Barrancodo Velho
Montes Novos
Feiteira
Cachopo
Casas Baixas
AlcariasBaixas
Moita da Guerra
MontesNovos
Feiteira
Estragamanténs
Barrancodo Velho
Cortelha
Mealha
Anta da Masmorra Casas Baixas
Cachopo
AlcariaPedro Guerreiro
Ximeno
Cerro dos vermelhos
Cortelha
Portela
Cavalos
Moita daGuerra
legendajuntando todas as imagens do mapa (peças do puzzle) pela ordem sugerida, obterá um
mapa/carta militar da Serra do Caldeirão
os trajectos aqui assinalados foram os percursos que os criadores realizaram durante as suas visitas à Serra.
Carlos Bica Amélia MugeJoão PauloAbel Neves Daniel GorjãoAndré Teodósio José LaginhaVera Mantero José Maria V. MendesCláudia Dias Mickael OliveiraGonçalo M. Tavares
workshop de fotografia
34 páginas negras incêndio
sobreiro1ª extracção cortiça virgem 25/30 anossem valor comercial
2ª extracção cortiça secundeira 40/50 anos sem valor comercial
3ª extração cortiça amadia 50/60 anos com valor comercial
extracções subsequentes ciclo mínimo legal 9 anos
incêndioárea total ardida 24.800 hectares
área de sobreiro 2.800 hectares
nº aproximado de sobreiros ardidos 280.000
nos sobreiros que resistiram ao fogo será necessário esperar um ciclo de 2/5 anos para retirar a cortiça ardida e depois mais o ciclo mínimo normal de 9 anos para retirar cortiça com valor comercial
36 viagem às curvas Miguel Vieira/criadores
Cortiçadas 37°15’26.47”N, 7°57’23.66”W estamos no Algarve!
A maior parte das pessoas que conheço que dizem que vêm ao
Algarve falam apenas da faixa litoral, isto para eles não existe. Mais:
as pessoas daqui, dizem que não são do Algarve e eles dizem-se de onde? Da serra, identificam-se como serrenhos, e quando vão ao
litoral dizem que vão lá a baixo ao Algarve eles podiam dizer que são da serra do Algarve não, dizem-se da serra então é a serra… “a Serra” para eles é uma transição entre o Algarve e o Alentejo mas eles também não se sentem alentejanos? não, não! os alentejanos
vivem em terras planas, o algarvio é aquele vive perto da praia e
eles são serrenhos, a serra é isto! estão um bocado fora do planeta
estão um bocadinho fora geograficamente do mapa engraçado, são um bocado da terra de ninguém sim, é a tal zona de transição,
nem Algarve, nem Alentejo
Vale Maria Dias 37°15’48.93”N, 7°57’45.26”W esta zona está um bocado abandonada, o que é que se devia estar a fazer aqui ou, ao que é que se devia estar a ter atenção?os melhores solos agrícolas estão lá em baixo. Lá temos camadas
aráveis de 1-5 metros de profundidade. Os melhores terrenos na
serra têm cerca de 40 cm e isso aqui é excelente, depois é pedra,
rocha. Lá em baixo fazem cidades em cima de terras que podem
ser bastante produtivas em termos agrícolas. O que acontece cá
na serra é a dificuldade de construir, de fazer pequenos projectos
de requalificação e transformação, o que permitiria a fixação de
população.
aqui há poucas pessoas, cada vez há menos, as pessoas são idosas,
morrem e não há substitutos, isso é problemático porque está a haver
uma desumanização da serra (desertificação humana). Atenção! Não
estamos a falar de desertificação (do território), aqui não há deserto,
como podem ver. As pessoas é que fogem daqui.
Cortelha 37°15’26.47”N, 7°57’23.66”W seria vantajoso que as autarquias tivessem um trabalho mais atento e pró-activo?
sim, por exemplo abrindo o leque dos PDMs. Dou-te o exemplo de
um grupo de jovens que vive e trabalha aqui na Cortelha, alguns
já com filhos, outros na perspectiva de tê-los. Apresentaram um
projecto à CM. Loulé, há 10-12 anos que consistia na construção de
uma urbanização, criando uma comunidade com 12 - 14 habitações,
num terreno que é um cabeço só tem rocha, não tem mais nada,
sem aptidão para agricultura. Ainda estão à espera, porque uma
parte é reserva ecológica nacional, outra é outra coisa qualquer, e
há aquele impasse. Eu acho ridículo! Quando os mesmos autarcas
no litoral autorizam construções em cima de falésias, da praia, das
melhores terras do Algarve para cultivo, e aqui na serra não se pode
fazer nada.
A maior parte dos casos, eu posso-vos dizer, tem a ver com os
ambientalistas. Os senhores ambientalistas têm muita culpa disto.
mas por exemplo vocês têm algum diálogo com eles? não
Porque é que isso não acontece? eles são donos e senhores do seu
nariz, eles sabem tudo. As câmaras têm divisões de ambiente ainda
não percebi o que é que fazem, a CCDR tem divisão de ambiente
(ou parte do ambiente) e não sei o que fazem, depois há o ICN e
antigamente havia o Ministério do Ambiente que já não há é como o da Cultura! não faço ideia do que fazem, no entanto temos uma
herança legislativa e burocrática que nos é imposta nestas zonas da
serra pela parte ambiental, que é uma coisa brutal.
mas porquê é que essa herança não funciona no litoral mas funciona aqui?
o problema é dos interesses económicos, eles têm uma arma que é o
PDM, pegam e alargam as cidades, alteram o PDM? sim, telefonam
para toda a gente (os que detêm o poder ou a tomada de decisão
dos diferentes sectores), alteram e ponto final, não querem saber,
mas abrir uma excepção dentro do plano de pormenor para esta
zona…é impossível!
para além da questão da fixação de população que outras questões se levantam aqui na serra?a questão da produção florestal. Nós temos aqui um grande
problema, aliás 2: o primeiro são os fogos, e o outro é que não há
cadastro. Ao não haver cadastro dificilmente se conhece bem os
limites das propriedades, porque não estão marcadas. Acontece
que a maior parte deste conhecimento tem vindo a morrer com
as pessoas mais antigas. Os mais novos nada conhecem de uma
área que é fabulosa para a produção florestal e está abandonada.
Está abandonada por duas razões: uma tem a ver com o facto
dos proprietários não conhecerem os terrenos que têm (quer em
dimensão quer em qualidade para produção florestal), e por isso não
os tratam, por outro lado a divisão dos terrenos em micro-parcelas
não é sustentável em termos produtivos. Acresce ainda o facto de não
haver dinheiro para investir, tomara as pessoas terem dinheiro para
comer, vestir, levar os filhos para a escola, quanto mais meter dinheiro
aqui na floresta… embora isto pudesse transformar-se num bom
mealheiro mas não é imediato, a floresta tem sempre um limiar de
retorno económico no mínimo para cima de 20 anos.
Serra Brava 37°15’37.36”N, 7°59’36.32”W estamos a entrar
na serra brava, puro e duro. Isto é o início de um sub-bosque: não há
a intervenção do homem, não há mato, há um manto de folhagem
no chão, sente-se um fresco que não se sente lá em cima e embora
não tenha chovido, a terra está húmida. Toda esta mancha que estão
ver, se não houver nada que a altere, daqui a 40-50 anos teremos um
magnífico bosque pré-adolescente.
As entradas de veios de luz que passam por entre a folhagem da copa
das árvores, que não são suficientes para o desenvolvimento de mato
mantêm uma estabilidade debaixo deste manto. Por baixo desta
folhagem há uma camada de matéria orgânica, que cria um equilíbrio
microbiológico e de nutrientes, mantendo bons índices de humidade,
que faz com que as árvores tenham uma sustentabilidade muito boa.
É isto que enriquece o solo, em vez de termos aqueles eucaliptais que
desfertilizam a terra, aqui tens um sobreiral onde existe uma série de
plantas associadas a estas árvores, estou a falar das herbáceas, não
das arbustivas, e um mundo de insectos, de bactérias e de aves e de
animais. É impressionante a biodiversidade que temos aqui!
Em termos económicos isto pode não ser produtivo (devido à elevada
densidade, cada árvore produz menos cortiça, embora de maior valor
comercial, o custo de extracção também é maior, o que colocando
na balança os custo/benefícios temos no final um saldo não negativo
mas abaixo do que costuma ser, por exemplo, no Alentejo, em que
as árvores nessa região podem facilmente produzir 15-20 arrobas e
as nossas 2 a 5 arrobas em média). Estes sobreiros produzem alguma
cortiça, mas não em quantidade suficiente, no entanto em termos
ambientais e paisagísticos: para a fauna, para a flora, para o ciclo da
água, para limpar as cidades do dióxido de carbono - é do melhor que há.
Barranco do Velho 37°14’15.78”N, 7°56’13.13”W o sobreiro
foi considerado a árvore nacional, e a cortiça é cada vez mais um
produto que se distingue na produção nacional.
Uma coisa curiosa para quem não sabe: a cortiça quando retiramos
pela primeira vez é chamada cortiça virgem, que é aquilo que nós
estamos ver aqui nestes troncos e que não tem valor comercial.
Depois a segunda extracção é chamada secundeira, que também tem
um valor comercial muito baixo. A terceira chama-se cortiça Amadia,
essa sim é de qualidade e tem bastante valor comercial. Esta última
extracção dá-se num sobreiro com mais de 50-60 anos. incrível! E quando é que se pode tirar a primeira cortiça? o que conta é a
espessura: para retirar a primeira cortiça tem que ter à altura do peito
-1.30m, 0.70 m de perímetro, o que acontece mais ou menos aos 25,
30 anos. depois a Anadia retira-se de quanto em quanto tempo?retira-se sempre de 10 em 10 anos. Por lei não se pode extrair cortiça
antes de 9 anos, mas na Serra do Caldeirão, pelas suas características
edafoclimáticas, a cortiça é muito apertada e um pouco fina, o que
é o passaporte para uma cortiça de qualidade, no entanto para ter
a espessura ideal deixa-se crescer mais um ano. Depois da tiragem
da cortiça é obrigatório colocar marcações a tinta no tronco com as
iniciais do nome do proprietário e o algarismo referente ao ano de
extracção: por exemplo aqui está um zero, é porque foi extraída em
2010. Não são permitidas meças, ou seja, dividir a extracção: ir tirando
todos os anos cortiça em pequenas quantidades da mesma árvore.
Apesar da quantidade de plantação de sobreiros que se pode ver, o
sector da cortiça está com alguns problemas, debate-se com uma
doença e/ou praga(s). Neste momento o problema é que não se
consegue assegurar a produção, o montado está em declínio, por
razões diversas, não se pode dizer que seja só doença, não se sabe a
razão específica, até hoje não há estudos que sejam conclusivos.
Montes Novos 37°16’1.53”N, 7°54’31.45”W que planta é esta que se vê por todo o lado?
é a esteva, uma planta invasora, um outro problema da serra. Um
dos trabalhos fundamentais na requalificação do território que se
faz aqui na serra é o controlo da invasão da esteva, o que permite
o regresso da nossa flora nativa. O que possibilita a subsistência e
predominância deste arbusto é um processo de alelopatia, através da
produção de tercenos, uma substância química fundamental para a sua
sobrevivência. Funcionam mais ou menos como as feromonas, ou seja,
a esteva invade o território, e liberta tercenos no ambiente que fazem
com que haja um ataque às outras plantas. Essa substância existe nas
gomas, essências e nos óleos que se utilizam na indústria da cosmética.
Paralelamente ao controlo da esteva fazemos a limpeza de mato,
reflorestação e recuperação de pinhal e sobreiral e abrimos e
requalificamos acessos importantes para o combate aos fogos. Outra
intervenção fundamental passa pela criação de represas de água
essenciais principalmente no verão para a manutenção da fauna e
algumas hortas, abastecimento dos helicópteros e carros de combate
aos incêndios.
Estragamanténs 37°18’ 21.78”N, 7°53’ 11.29”W entrámos
na herdade de Estragamantens, um dos poucos antigos latifúndios
existentes na serra do Caldeirão, para além da Valeira. Esta herdade
pertencia a uma única família e albergava um número significativo de
famílias que aqui trabalhavam.
Aquelas casas neste momento têm hoje muitos proprietários, de
sucessivas heranças. Já houve a tentativa de aquisição deste monte
por parte de um grupo económico que queria fazer aqui um projecto
de hotelaria, mas os herdeiros não se entendem. o facto de vir para aqui gente que não vem propriamente instalar-se com o propósito de produzir e tratar das terras, não achas que pode ser factor negativo? talvez leve alguns anos até haver um equilíbrio
entre a parte hoteleira e a natureza, porque um projecto desses
implica gente aqui a circular e obviamente é preciso encontrar uma
boa gestão. Seria preferível virem para aqui pessoas fazer as suas vidas
e ter as suas actividades: florestal, agrícola, agro-florestal, agro-silvo-
pastoril. No entanto prefiro a criação de uma unidade hoteleira, com
tudo o que isso implica do que isto estar ao abandono.
Cachopo 37°19’58.76”N, 7°49’2.18”W pegando na questão da desumanização (desertificação humana), há uma coisa que ainda não percebi: quais são as vantagens da humanização da serra? quais as vantagens das pessoas virem viver para aqui?aquilo que foi e é feito de mal pelo homem tem que ser recuperado.
Muito dificilmente a natureza consegue fazê-lo só por si. Dois
exemplos incontornáveis: o controlo da invasão da esteva
(monocultura e ausência de Biodiversidade) e a recuperação e
manutenção dos cursos de água.
Aquilo que o homem desarranjou, só ele pode arranjar.
most people I know who say they are coming to the Algarve are only talking about
the coast; this here does not exist for them. And another thing: the people here don’t
say they are from the Algarve. where do they say they are from? from the Serra,
they identify themselves as serrenhos (mountain dwellers), and when they go to
the coast they say they’re going down to the Algarve. they could say they are from
the Algarve Serra? but they don’t; they say the serra is the serra… “a Serra” in their
eyes marks the transition between the Algarve and the Alentejo. but they also don’t
feel like alentejanos (Alentejo residents)? no, no! The alentejanos live on flat land,
an algarvio (Algarve resident) is somebody who lives near the beach and they are
serrenhos, that’s what the serra is! they are a little bit on another planet? they are,
geographically speaking, a little off the map. that’s funny, somewhat in no man’s
land? yes, it’s the transition, not the Algarve, or the Alentejo.
this zone is a little bit abandoned. What should be done here, or how should it be
given attention?
the best agricultural land is down below. There we have layers of soil of between 5 to
10 metres in depth. The best land in the mountains is around 40 cm deep, and this is
excellent; afterwards it’s stone, rock. Below they build towns on top of the land that
could be very productive in terms of agriculture. Up here in the mountains it’s difficult
to build, to plan for small improvements and transformation projects, which would
help the population to settle here.
There are very few people here, and less and less. The people are old, they die and
are not replaced. This is a problem because there are less and less people in the
mountains – they are becoming deserted of humans. But look! We are not talking
about desertification (of the land) – this is not a desert – as you can see. It’s just that
the people are moving away.
talking about this aspect, there’s one thing I haven’t been able to understand
yet: what are the advantages of the humanisation of the mountains? Why do you
think it would be a good thing for people to come and live here? What are the
advantages?
the damage that is and has been done by man has to be rectified. It will be very
difficult for nature to do it on its own. Here are two clear examples: controlling the
invasion of the gum rockrose and recuperating the water courses. What man has
adversely affected, only man can put right.
38 entrevista Miguel Vieira
Podemos falar em desertificação na Serra do Caldeirão?Miguel Vieira Não. Isto não é nenhum
deserto. Pelo contrário, é a expansão total
da biodiversidade. O que há é um processo
de desumanização. Penso que começou
nos anos 1950 e teve o seu auge nos anos
1970.
Qual é a vossa área de actuação?MV Não é toda a Serra do Caldeirão porque
esta também entra no Alentejo. Estamos
confinados à parte do Algarve, mais
especificamente concelho de Tavira, São Brás
de Alportel e Loulé.
Quantos associados têm?MV Na ordem dos 400. Muitos não estão
cá, mas têm algum interesse em recuperar
o seu património. É um processo muito
complicado porque não há cadastro. Não
se sabe o que pertence a quem. Aqui na
Serra, onde há árvores, as pessoas sabem
mais ou menos onde são as suas partilhas.
Porque, quando extraem a cortiça, dá para
ver quem é o proprietário, pelas marcas que
são pintadas no casco nas árvores. Quando
não existe este tipo de arvoredo, e onde as
manchas de mato e esteva são contínuas,
isso é impossível. Há pessoas que não
conseguem encontrar as propriedades que
herdaram! Dou o exemplo aqui do Barranco
do Velho: estamos na última década para
se fazer o cadastro do território. Temos uma
série de pessoas que estão na casa dos
70/80 anos, que ainda fazem a manutenção
das propriedades de quem está fora. Ainda
tomam conta das coisas. Resta-lhes, não
tenhamos dúvidas, uma década de vida
no máximo e sem elas será muito difícil o
processo de cadastro. Nós íamos ter um
gabinete de atendimento de cadastro, mas
tem tido sucessivos atrasos.
Essa ausência de cadastro é um factor de desumanização da serra?MV Em parte, sim. Repare, quando a
pessoa tem vontade de voltar, quer ver o
que tem, chega aqui e depara-se com estas
dificuldades todas, facilmente desiste.
não conseguiram juntar dinheiro ao longo
da vida porque nunca tiveram rendimento
para isso, sobrevivem à base da pequena
agricultura ou da pequena produção florestal
que ainda têm, ou da magra reforma que
mal dá, a qualquer momento recebem uma
carta a dizer: ou pagas, ou levamos-te tudo
o que tens. E isto acontece em variadíssimas
situações.
O que se produz na Serra do Caldeirão? MV O rendimento da nossa floresta não é
apenas a cortiça, embora seja aquilo com
que as pessoas mais se preocupam. Mas
há uma panóplia de outros produtos –
sementes, cogumelos silvestres, caça, fruto
de medronho, rama ornamental, aguardente,
pecuária, apicultura.
Que se passa com os sobreiros? MV É um problema muito muito sério.
Sim, trata-se de um fungo: Phytophthora
cinnamomi. Mas antes do fungo, existe um
factor que é o uso da grade de discos. Trata-
se de uma alfaia pesada (com mais de um
tonelada) que é responsável pelo corte das
raizes das árvores. As pessoas ainda têm o
sentimento na cabeça, que como os pais e
os avós fizeram toda a vida lavouras, ainda
pensam que a terra tem de ser lavrada. Claro,
a diferença é que antigamente lavrava-se para
se semear. Hoje, lavra-se para limpar mato.
Logo, o que acontece é que a utilização de
maquinaria e alfaias pesadas vai fazer com
que as árvores em redor fiquem bastante
debilitadas, já que se vão cortar as suas
raízes. Para além disso, o nosso solo aqui é
muito pobre em fósforo, que é o responsável
pela produção de novas raízes e teor de
fitoalexinas que são resistências naturais das
plantas. E com o corte das raízes, ao abrirem-
se feridas, aquilo fica muito susceptível à
invasão de agentes externos. Tudo o que é
pragas e doenças têm uma porta aberta para
entrar.
Que outros problemas identifica?
MV Se falarmos em termos de incêndios
florestais, a esteva constitui um problema.
É uma invasora que já ultrapassou o fora
um Caldeirão cada vez mais vazioBruno Filipe Pires 10.05.2012
Sobreiros doentes, pragas de plantas invasoras, e uma (réstia de) população humana em rápido declínio são alguns dos problemas que ameaçam transformar o interior do Algarve numa terra de ninguém. O diagnóstico é feito por Miguel Vieira, 39 anos, agrónomo e técnico da Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão (APFSC) - instituição particular de utilidade pública, enquadrada nos concelhos de Tavira, São Brás de Alportel e Loulé. Com cerca de 400 associados, esta associação dedica-se não só à prevenção de incêndios florestais e estudo do declínio do sobreiro, mas também a apoiar quem ainda vive na (e da) Serra do Caldeirão.
Essas propriedades poderiam ter usos agrícolas?MV Claro que sim. Na nossa serra há de facto
zonas improdutivas, mas são ravinas e rochas.
São trocos no cômputo geral. O problema
agrava-se mais no concelho de Tavira, embora
em Loulé já comece a haver o tal processo
de desaparecimento dos idosos que têm o
conhecimento.
Acha que é possível reverter este processo?
MV Há um monte chamado Estragamantens
onde, segundo relatos, viviam para cima de
30 famílias, que em média tinham 5 a 6 filhos.
Hoje em dia, não vive lá ninguém. Está em
ruínas. Há muitos casos destes. Hoje quem é
que quer vir para a serra? Só um escritor, um
filósofo ou um tipo qualquer das artes que
quer paz e sossego. Imagine uma família que
queira vir para cá. Habitabilidade não existe.
Se quiser comprar um terreno para construir
uma casa, não pode. Tem de comprar uma
ruína, que data do século XIX ou do princípio
do século XX, que será para demolir. O seu
custo é estupidamente caro. Custa a mesma
coisa que um apartamento novo em qualquer
sítio na orla costeira. Portanto, aquilo que
temos é paz, sossego e paisagem. Repare, a
sociedade evoluiu e as condições em que as
pessoas habitavam a serra há uns anos atrás,
não são as de hoje. No mínimo, hoje exigimos
água quente, saneamento básico, escolas,
sítios onde se possa fazer algum consumo,
principalmente de bens alimentares, saúde
e espaços de socialização. Aqui não há nada
disso. Estamos a quilómetros de qualquer
coisa... Reverter? Sim, é possível se houver
uma grande vontade por parte dos decisores.
Como é a relação da Serra com o Poder central?MV Os serviços centrais estão quase todos
completamente obsoletos. Hoje em dia
não há proximidade de nada. Alguma
coisa que corra mal num projecto, num
subsídio, a pessoa recebe logo em casa
uma carta ameaçadora. Tem de pagar ou
vai para penhora. Pessoas de 70/80 anos
que estão na sua fase terminal de vida, que
de controlo. A esteva tem grande potencial
calorífico e é um combustível que arde
com grande intensidade. Também temos a
acácia mimosa, uma praga, que se não forem
tomadas medidas, dentro de 30 anos vamos
ter aqui um problema sério. Há ainda um
atentado que é o aterro sanitário próximo da
Cortelha. Está montado em cima das linhas
de cabeceira da maior linha de água do
Caldeirão que alimenta o Guadiana. Na altura
em que essa decisão foi tomada, o Secretário
de Estado do Ambiente era o Eng. José
Sócrates. Segundo um grupo parlamentar
que aqui esteve, comentou que apenas quis
saber onde haviam menos habitantes para se
construir o aterro...
Mais algum caso de desperdício?MV A Serra todos os anos é assaltada.
Roubam, das propriedades das pessoas.
Há pilhagem pura e dura. Os medronhos
desaparecem dos arbustos, os cogumelos são
saqueados, a cortiça desaparece das pilhas,
a caça é furtiva, entre outras coisas. O ano
passado, as pessoas andavam preocupadas
com os assaltos e havia populares a fazer
vigilância às pilhas de cortiça. Por exemplo,
recentemente foi visto um carro suspeito. Os
populares ligaram à GNR e responderam que
não podiam vir pois só estava um homem no
posto mais próximo. Os impostos são para
quê, afinal de contas? Para pagar guarda-
costas ao Presidente da República? Para pagar
deputados obsoletos? A gente inculta no
Parlamento?
A política de conservação da natureza têm sido, sobretudo, não a utilizar. Qual é a sua opinião?MV Terá que haver sempre uma sinergia,
uma cooperação e uma simbiose entre todos
os elementos do território. Porque senão,
nada funciona. Repare, o homem já interveio
na natureza. Se não o tivesse feito, então eu
concordaria com a radicalização do ambiente,
a natureza por ela própria. Mas isso não
pode ser. Se isso tivesse acontecido, existiria
um bosque na Serra do Caldeirão. E nós não
estamos num bosque. Um bosque é um sítio
onde temos árvores de porte, em que as suas
copas estão bem formadas, estão bem unidas
umas com as outras e esse bosque evoluído é
húmido, é verde e tem animais. Mas isso não
existe. É mentira. Há um sítio aqui na serra
em que se pode ver perfeitamente já uma
evolução para um pré-bosque. Mas bosque é
impossível, porque já há invasoras. É caso da
acácia mimosa, uma praga que se não forem
tomadas medidas, dentro de 30 anos, vamos
ter aqui um caso sério. Onde é que está o
Estado?
O Estado está consciente desse problema?
MV Não sei se está. Mas se estiver consciente
e nada for feito, é grave.
Há emprego na Serra?MV Temos picos. Não podemos garantir
a continuidade. A lei do trabalho não
é compatível com a agricultura. Nesta
actividade não há horários nem feriados.
A lei do trabalho tem de ter isto lá escrito.
Agricultura não é comércio, nem serviços. É a
mãe natureza que faz os horários.
Como é que vê este território? MV Já vi isto com melhores olhos.
O incêndio de 2004 deixou tudo num
descalabro. Arderam 28 mil hectares.
Após esses incêndios houve zero medidas
governamentais de apoio à recuperação
daquilo que ardeu. O que há agora são umas
medidas avulsas, e uma complicada e cara
burocracia. No quadro comunitário anterior
(programa AGRO) fizemos para cima de 200
projectos, principalmente florestais. Agora
temos uma dezena. Isto quer dizer alguma
coisa, não quer?
Diseased cork trees, plagues of weeds smothering natural
vegetation and a human population in rapid decline.
These are three of the principal problems threatening to
turn the interior Algarve into a veritable no-man’s-land.
This analysis comes from Miguel Vieira, 39, agronomist
and one of the technicians at APFSC, the association
of forestry producers of Serra do Caldeirão – a private
institution with public responsibility, active in the
boroughs of Tavira, São Brás de Alportel and Loulé. With
approximately 400 members, APFSC concentrates on
trying to save the declining cork oak and prevent forest
fires. It is also a point of contact for those who live and
work in the Caldeirão hills
Can we talk about the desertification of the Serra do
Caldeirão?
Miguel Vieira No. Because it isn’t a desert. On the
contrary, it’s a rampant expanse of biodiversity, with life
to be found everywhere. What we can say is that there’s a
“de-humanisation process” ongoing. It began in the 50s,
and had its zenith in the 70s.
Do you think the “dehumanisation process” can be
turned round?
MV There’s a hillside hamlet called “Estragamentens”.
Research undertaken by our association shows that
30 families used to live there. On average each family
had five or six children. These days, there’s no-one
left. The place is in ruins. There are lots of cases like
Estragamentens. Who would want to come and live
here now, after all? A writer, a philosopher or someone
connected to the arts looking for peace and tranquility
perhaps. Imagine a family wanting to come and live
here?! There simply aren’t the conditions. If you want to
buy a plot of land to build a house, you aren’t allowed
to. You have to buy a ruin that dates back to the 19th
century or the beginning of the 20th – and then you have
to demolish it! The cost is ridiculous. It makes building a
home here as expensive as buying an apartment on the
coast! Of course, what we do have is peace, tranquility
and stunning natural beauty – but society has moved on.
The way people live in hillside communities these days
is not what it used to be. At the very least they require
hot water, basic sanitation, schools, places where they
can buy basic provisions, have access to health/ social
interaction. There’s nothing like that here. We’re kilometres
away from everything…Can things be turned around?
Yes, it would be possible if there were a real push to do so
by decision-makers.
Caldeirão a story of decline
40 entrevista José Chumbinho
“Realmente existe uma vaca algarvia que já
estava dada como extinta há mais de 30 anos.
Ao longo deste período, muitos veterinários
que conheci foram formados sendo-lhes
passada a informação errada que esta raça
não existia. Às vezes falavam comigo sobre
isso e escarneciam de mim. Quem era eu,
um mísero funcionário para dizer que a vaca
algarvia existia? Independentemente do
facto de ter sido “criado com elas”, conta José
Chumbinho, actualmente reformado.
A insistência acabou por resultar num
projecto de recuperação da raça bovina.
O relatório final, datado de Maio de 2005,
apresentou resultados que “confirmam
a existência de uma população bovina
autóctone. Um total de 21 animais compostos
por 18 fêmeas e 3 machos apresentam-se
como bons candidatos enquanto núcleo de
partida” para se começar a inverter o processo
de extinção.
Contudo, hoje “existem poucos animais. Há
apenas uma associação que está a fazer das
tripas coração para que essas vacas, hoje já
muito velhinhas, continuem a ter crias”, revela.
“Há outras vacas algarvias por aí, mas não
há verba, nem interesse para se fazer um
trabalho sério de protecção aos animais
que ainda restam. Há um exemplar que está
numa herdade do Alentejo, onde entrou a
brucelose. É uma das melhores vacas e mais
novas. Não pode sair de lá, pois a propriedade
está em sequestro” sanitário.
“Embora a lei não o permita, num caso destes
deveria haver uma excepção para retirar esse
animal da exploração, até porque, segundo
sei, ainda não está positivo. E portanto, não
deveria correr o risco de ficar doente e ser
abatido, porque é um património genético
vivo que está ali”, lamenta.
Mas o que distingue esta raça? “São
características próprias da evolução da vaca
alentejana que ao longo de talvez milénios,
viveu no Algarve. Como esta era uma região
relativamente mais rica a nível de verdes, esta
vaca evoluiu de uma outra maneira. Era o
tractor dos pobres. Era uma vaca que puxava
a carreta, que lavrava, que tirava a água à
nora. Era a vaca que dava o leite, com que
eu próprio fui criado. Era a vaca que fazia a
debulha à moda antiga”, diz.
Na Serra do Caldeirão, a vaca algarvia existia
por toda a zona serrana confinante com o
Alentejo, nomeadamente na confluência
do concelho de Silves com o de Loulé
(inclusive). Esta “mancha bovina” continuava
pelo concelho de Tavira. Segundo José
Chumbinho, a presença desta raça autóctone
não estava confinada às zonas serranas. A sua
distribuição era sempre da serra para o litoral
e tinha uma particular importância nas hortas
do barrocal algarvio.
Certo dia, em trabalho de campo no âmbito
do projecto de recuperação da raça bovina,
numa herdade do Alentejo com mais de 900
cabeças de gado, “os funcionários da quinta
que nos estavam a ajudar ficaram admirados
com as vacas que eu escolhia para tirar
sangue” para as análises de ADN. “Diziam-
me que eram as mais ruins.” Na verdade,
Chumbinho procurava as que lhes pareciam
eventualmente vacas algarvias.
Depois de todas as tentativas esgotadas no
Algarve, as pesquisas sobre a vaca algarvia
continuaram no Alentejo. “Vi as vacas numa
pastagem, ao longe. O dono dispôs-se a
colaborar connosco. Quando lá fomos tirar
sangue, verificámos que pareciam todas
algarvias. O dono incrédulo disse que era raça
alentejana pequena. Entretanto, escolhemos
uns vitelos para serem futuramente touros
reprodutores de raça algarvia. Foram criados
na estação zootécnica de Santarém. Através
das análises, foi confirmado que eram
algarvios puros. Passados dois ou três anos,
foram abatidos. Fizeram-se as colheitas de
sémen que está congelado, e os touros foram
para bifes.”
“Encontrámos também dois na zona de
Aljezur, já muito velhotes, bichos com 17
anos. Comprámos os animais, em muito
mau estado. Foram tratados, vitaminados e
desparasitados na Venda Nova, Amadora.
Começaram também na produção de sémen.
Portanto, temos hoje sémen de quatro touros”
à guarda de uma associação de produtores
do Algarve.
Razões para a extinçãoPara Chumbinho, o início da extinção da
vaca algarvia remonta aos anos 1960,
quando entidades oficiais da altura, criaram
a Estação de Fomento Pecuário do Algarve,
instalada numa propriedade chamada
“Descampadinho”, na freguesia de Odeáxere,
às portas de Lagos.
“O objectivo era ajudar a melhorar o
rendimento dos agricultores. E então, na
altura importaram e introduziram cá a raça
francesa Limousine de bovinos”, explica.
“Soube, mais tarde, que os primeiros animais
entraram contrabandeados no país. Foram
introduzidos na fronteira numa manada de
bovinos charoleses. Ninguém reparou. Então
esses bovinos vieram para Lagos, onde havia
um posto de cobrição. Na altura, não havia a
técnica da inseminação artificial. As pessoas
levavam lá as suas vacas para serem cobertas.
Então, com a boa intenção de melhorar o
rendimento dos agricultores, a Estação de
Fomento Pecuário do Algarve deu inicio ao
descuro da raça algarvia”, explica.
“Entretanto, os agricultores começaram a ver
os seus vitelos com melhor conformação,
com peças de carne melhores, com mais peso
e começaram a optar inconscientemente
por aquelas vacas de raça francesa”. As várias
gerações de vitelos cruzados, foram assim,
ficando cada vez mais próximas do “puro”
limousine e mais distantes da autóctone
algarvia.
“É claro essas vacas também são bonitas
e funcionais. Mas não se admite acabar-se
com uma raça que ao longo de milénios
ou centenas de anos se foi firmando aqui”,
lamenta.
Ovelhas, cabras e porcos algarviosChumbinho recorda que em tempos idos,
existiu também um porco algarvio. “Eram
uns porcos grandes, que frequentemente e
após estarem gordos e prontos para o abate,
entrevavam com o peso. Tinham o toucinho
mais alto e eram considerados melhores
porque davam mais carne. Além disso,
tinham menos gordura entremeada. Para
além do tamanho, há uma série de outras
características que diferenciam esse porco.”
Por todo o Algarve, Chumbinho trabalhava
directamente com os suinicultores. “Uma
vez encontrei duas porcas algarvias e disse à
pessoa que as tinha para não as vender sem
falar comigo. Talvez eu conseguisse arranjar
alguém interessado em fazer criação. Pedi-
lhe por favor que não as matasse. Passados
uns tempos, disse-me que já tinha vendido
os animais… para a faca”, lamenta. “Eram as
únicas que conhecia no Algarve. Estavam em
Monchique.”
É sabido que também correm perigo de
extinção a ovelha e a cabra algarvia. “Já
Há muito que a vaca algarvia já cá não está. Também estão em perigo a ovelha churra e a cabra algarvia. Uma problemática que José Chumbinho, 58 anos, conhece bem. Entre 2002 e 2005, este antigo técnico dos serviços de veterinária da Direcção Regional de Agricultura do Algarve fez parte de uma equipa multidisciplinar de investigação sobre a raça bovina algarvia. Dos vários trabalhos de campo realizados restam relatórios, amostras de sémen congelado e poucas cabeças de gado vivo no Alentejo – eventualmente, os últimos exemplares de um património sem grandes hipóteses de ser recuperado. Chumbinho explica porquê…
raças autóctones em extinçãoBruno Filipe Pires 22.08.2012
não estou dentro disso, mas penso que a
cabra está mais ameaçada. Quem ainda tem
rebanhos são os velhotes”, sendo a maior
mancha na zona de Castro Marim, o “solar da
cabra algarvia”.
Chumbinho recorda um trabalho em que
participou para um congresso mundial
de caprinos, no qual “descobrimos que ali
na zona das Águas Frias, entre Salir e Alte,
haviam umas cabras algarvias diferentes das
outras. Começamos a ver que tinham uma
caixa torácica maior, os terços anteriores
maiores, as mãos muito mais grossas que as
pernas, uns ombros mais grossos e membros
mais curtos, entre outras particularidades.
É que durante mais de 30 anos, o dono do
rebanho não introduziu outras raças. Porque
o rebanho tinha tido brucelose haviam uns
largos anos, optaram por seguir os nossos
conselhos de não introduzir mais bodes
estranhos no rebanho. Assim mantiveram
alguma consanguinidade. Como este local da
Serra do Caldeirão está localizado em zonas
muito acidentadas e com grandes declives,
as cabras tinham de subir muitos cerros, isso
foi fazendo com que se desenvolvesse o terço
anterior ao longo dos anos”, conta.
Na Serra do Caldeirão, por cima de Vale Maria
Dias, ainda há cabras algarvias puras. “A
algarvia é uma cabra, bonita, e boa leiteira.
É uma cabra cornuda que está habituada a
andar muito. Costumava dizer que a cabra
algarvia era a melhor do mundo, pois dava
uma média de 2,5 litros de leite comendo
pedras.”
“Agora, temos o problema da ganância das
pessoas. Hoje, os jovens empresários são
livres de escolher as raças que quiserem.
Então, para obterem o maior rendimento
possível compram cabras espanholas, como
a murciano-granadina e a florida. No geral,
é uma cabra mocha, sem cornos. É grande
produtora de leite porque os espanhóis, ao
contrário de nós, tiveram condições para a
desenvolver.”
Comparativamente, em Portugal e no Algarve
em particular “os técnicos que aqui têm
querido fazer qualquer coisa são normalmente
travados. Depois, nunca há dinheiro. Os
serviços oficiais não são credíveis. Põem à
frente disto pessoas com ideias pré-concebidas
e não pessoas com ideias que deveriam ter
sido adquiridas em função daquilo que seria
desejável, isto é, manter um património que é
nosso”.
“Eu não sou contra as raças espanholas. Sou
é contra a falta de cuidado em preservar as
raças nacionais que não estão devidamente
desenvolvidas”, opina.
E está a ser feito alguma coisa para recuperar
a raça? “Não estou a ver. A cabra algarvia tem
uma associação nacional com sede no Azinhal,
Castro Marim. Tem livro genealógico, regista
os animais, mas pouco mais pode fazer, pois as
necessidades financeiras são imensas, tal como
nas outras associações. Entretanto também o
laboratório que dava apoio aos estudos não
funciona como seria desejável.”
Finalmente, em relação à ovelha churra
algarvia, também foi Chumbinho que
integrou o grupo de trabalho que iniciou os
preliminares para se começar a fazer o livro
genealógico da raça. Segundo nos diz, havia
duas variedades, uma mais para carne, outra
mais para leite. Sendo que esta última, depois
de tosquiada, distinguia-se por ser pintalgada
na pele branca.
Nas últimas décadas, tem-se verificado
uma diminuição drástica nalgumas raças
autóctones, que em alguns casos chegou
mesmo à extinção. Cerca de 40% do total das
raças nacionais encontra-se ainda em perigo
de extinção mais ou menos acentuado.
raça bovina algarvia características mais frequentes cabeça grande, com pelagem de cor uniforme e pêlos curtos faces compridas, chanfro estreito de perfil convexo e espelho rosado olhos de localização superior com órbitas salientes orelhas
com pêlos curtos cornos compridos de cor não uniforme, com orientação do meio do corno para trás e ponta para fora pescoço largo, barbela
grande, dorso largo, garupa comprida e inclinada membros com pêlos interpolados, apresentando os membros traseiros pêlos mais escuros interpolados até ao curvilhão cauda comprida com pêlos mais claros interpolados úbere malhado de branco com inserção recta unhas escuras.
The Algarvian cow - a race particular to the region - has
long been considered “extinct”. And although there are
still some flocks left, the Churra sheep and Algarvian goat
are also considered to be in danger of disappearing once
and for all.
These are sad realities that José Chumbinho knows only
too well.
Between 2002 and 2005, the former veterinary service
technician took part in research into the possible recovery
of the Algarvian cow.
Various reports and studies of work undertaken remain,
along with some samples of frozen sperm and just a few
head of live cattle, currently to be found in the Alentejo.
This is all that remains of a heritage that has little chance
of ever being recovered.
“To be honest, the Algarvian cow was considered extinct
more than 30 years ago. There are really only a few
animals left, along with one association that is working
flat out to ensure that these cows - now very old -
continue to reproduce” Chumbinho explains.
The 58-year-old also recalls there once existed an
Algarvian pig.
Up in the Caldeirão hill range, above Vale Maria Dias,
pure Algarvian goats can still be found. Is anything being
done to save these regional breeds? “I don’t see anything,”
Chumbinho replies. “There’s a national association for the
Algarvian goat, based at Azinhal, Castro Marim. It keeps
genealogical records/ registers the animals, but can’t do
anything much else”.
There has been a drastic reduction in a number of
regional breeds over the last few decades - and in various
of cases, this reduction has reached extinction level. These
days, 40% of all national breeds find themselves at risk of
extinction, some more so than others.
Falar dos Sobreirais na Serra Algarvia obriga
a compreender a história de Portugal, a sua
economia e os seus principais momentos
político-sociais. A situação em que se
encontram exige uma atenção especial, sob
pena de desaparecerem no futuro próximo.
Quando se fala em políticas de
desenvolvimento, somos muitas vezes
remetidos para quadros de medidas
que permitem intervenções, de forma a
promover o aproveitamento dos recursos
do território e a proporcionar qualidade de
vida aos seus residentes.
Mas se para uns construir infra-estruturas
é desenvolvimento, para outros, o
desenvolvimento só é efectivo se cada
projecto for participado e apropriado pelos
seus directos beneficiários, se contemplar
o aproveitamento e valorização sustentada
dos recursos e potencialidades locais,
consolidando ou criando rendimento e
emprego. Em suma, também quando lemos
ou ouvimos falar de Desenvolvimento Rural,
nem sempre estaremos, objectivamente,
perante o mesmo conceito. A frase de
Brito de Carvalho: “É necessário o Homem para que a árvore tenha viabilidade”,
ilustra bem a intimidade das 3 vertentes
que devem ser a base do Desenvolvimento
Rural: a social, a ambiental e a económica.
No entanto a maior parte da população
portuguesa reside e concentra-se na faixa
litoral, sobrecarregada pela indústria
e actividades económicas do sector
comercial e administrativo e pelo turismo.
Esta distribuição desequilibrada da
população, das actividades económicas,
das infra-estruturas e dos investimentos
dificulta qualquer estratégia que vise um
harmonioso ordenamento do território.
A solução não será transpor para o
espaço rural os modelos de crescimento
económico que vigoram no litoral, mas
partir do que são os recursos existentes
para, de forma sustentável, potenciar o
seu aproveitamento e valorização. Hoje
a serra do Algarve vive a sensação de um
futuro incerto. À espera que os sobreiros
morram, (que na cura já se perdeu a
esperança) que os velhos morram, que
a esteva invada e o fogo destrua o que
resta… Não se sabe o que vem depois, o
que se poderá fazer…? Projectos recentes
multiplicam-se no sentido de recuperar o
tempo que já se perdeu, na esperança de
resgatar saúde e juventude, de retroceder
esta marcha ou pelo menos preparar o
espaço e as pessoas para o que vem a
seguir. A população é maioritariamente
envelhecida, a propriedade é pequena, o
novo proprietário é ausente, a mão-de-obra
é reduzida e cara, a gestão florestal parece
uma tarefa quase impossível.O apoio
técnico só agora começa a ser valorizado
e reconhecido por parte dos proprietários
florestais. A gestão até aqui tem-se limitado
à reflorestação, limpeza de matos, total
ou apenas em “ruas” para retirar a cortiça,
incorporando-se só muito recentemente
mecanismos de protecção e de vigilância.
Pensa-se nos fogos quando eles estão à
porta. Poucos são os casos de diversificação,
e em que se associe à produção florestal
outros usos e aproveitamentos: criação
de gado, aproveitamento energético,
aproveitamento de recursos secundários.
A gestão florestal não é vista como um
investimento a longo prazo mas assunto
de gestão corrente. O proprietário florestal
terá que rentabilizar a sua exploração
para poder ver retorno dos investimentos
efectuados. E para essa rentabilização
todos os recursos contam, numa óptica de
multifuncionalidade e plurirendimento. A
par da produção é fundamental trabalhar
a transformação, acrescentar valor, abrir
canais e fileiras para escoar. Mas este
cenário deve ser acompanhado de uma
mudança radical na administração pública.
Para que essa pluriactividade aconteça
deverá haver um tecido institucional que
facilite e oriente estas iniciativas. Não
se tratam de estímulos financeiros, mas
de aconselhamento técnico, facilitação,
ao contrário da realidade presente de
obstaculização burocrática. Paralelamente
deverá haver uma concertação de planos
e programas de desenvolvimento e
ordenamento. Os planos de conservação
e protecção ambiental deverão coexistir
com as actividades económicas que
permitem uma gestão e manutenção
de espaços rurais. Basta ver na vizinha
Espanha, os casos do porco preto, do mel,
dos cogumelos e outros produtos silvestres,
do artesanato, e, mais recentemente
da produção de biomassa. As nossas
potencialidades são muitas e iguais às
do país vizinho. Não é uma questão de
inveja mas de bom-senso. É esta atitude
proactiva, generalizada a todos, que faz a
diferença. Ela é suficiente para dinamizar
um território rural. Ela é a melhor estratégia
de desenvolvimento.
A gestão florestal da Serra do Caldeirão
passa por ligar o Homem à Terra. Na
perspectiva emocional, social, cultural,
económica e ambiental. Se antes a gestão
assentava na polivalência de actividades, na
exploração de recursos variados ao longo
do ano, na manutenção de espaços limpos
e produtivos e na presença constante
do homem, porque é que actualmente
estamos tão afastados deste modelo? Por
medo de regressar “às passas do Algarve”?
Temos que reconhecer que hoje vivemos
uma realidade diferente, mas o recurso à
inovação e à modernização da forma de
realizar as actividades pode ser a chave
para a promoção de um desenvolvimento
sustentável para o mundo rural. Estaria
aqui a solução para os incêndios florestais.
Igualmente haveria uma poupança de
recursos públicos evitando accionar
planos de emergência e de calamidade.
Para além dos rendimentos financeiros de
cada actividade económica, fomenta-se o
ordenamento e a promoção do território,
a sua dinamização, e o essencial, está-
se a contribuir para a conservação da
base de todas estas actividades e da sua
perpetuação para as gerações futuras.
Estamos a garantir que o “solo” seja
usado num futuro próximo. Estamos a
garantir que se dê continuidade ao que se
começou. A morte dos sobreirais arrasta
consigo inevitavelmente outras actividades
económicas que estão intimamente ligadas
e perfeitamente integradas no espaço rural.
E são estas actividades que mantém viva
a Serra, mobilizando gentes e recursos,
dinamizando espaços e produtos. Assim
estas tornam-se na principal preocupação
do Desenvolvimento Rural, pilares
para uma estratégia de revitalização e
sustentabilidade. Existem presentemente,
os Sobreirais da Serra Algarvia no contexto do Desenvolvimento RuralAna Arsénio, In Loco
42 sobreirais Ana Arsénio
The cork oak forests of the Algarve Mountain in the
context of Rural Development
To speak of the cork oaks forests in the Algarve Mountain
requires understanding the history of Portugal, its
economy and its main political and social moments. The
situation in which they are now requires special attention,
lest they disappear in the near future.
(…) if for some people building infrastructures is
development, for others development is only effective
if each project is shared and appropriate for its direct
beneficiaries, if it includes the use and sustained
valorisation of local resources and potential, consolidating
and creating income and employment. In short, even
when we read or hear of Rural Development, we are
not always objectively before the same concept. The
words of Brito de Carvalho: ‘Man is necessary so that the
tree has viability’, illustrates well the intimacy of the 3
aspects that should be the basis for Rural Development:
social, environmental and economic. However, most of
the Portuguese population resides and focuses on the
coastal strip, overburdened by industry and economic
activities of the commercial and administrative sector and
by tourism. This unbalanced distribution of population,
economic activities, infrastructures and investment
hinders any strategy aimed at a harmonious land
management. The solution will not be to transfer to the
rural space the economic growth models that prevail
on the coast, but from what are the existing resources,
to enhance their use and valorisation in a sustainable
manner, to enhance your enjoyment and appreciation.
Nowadays, the Algarve Mountain lives in a sense of
uncertain future. Waiting for the oak trees to die, (which
in healing, hope is already lost) that the old people die,
that the cistus take over the land, that fire destroys what
remains ... No one knows what comes next, what can be
done ...? (…)
(…) The forest management of Serra do Caldeirão passes
through linking Man to the Land. From an emotional,
social, cultural, economic and environmental perspective.
If before the management was based on the versatility
of activities, the exploitation of the various resources
throughout the year, in keeping the spaces clean and
productive and the constant presence of man, why
are we now so far away from this model? The fear of
returning to the old hardship days? We must recognize
that we live a different reality, but the use of innovation
and modernization in the way of conducting the
activities can be the key to the promotion of sustainable
development for the rural areas. It could be the solution
to forest fires. There could also be a saving of public
resources by avoiding triggering emergency and calamity
plans. In addition to the financial income from each
economic activity, it would foster the development and
the promotion of the territory, its dynamism, and most
importantly, it would contribute to the conservation
of all these activities and their perpetuation for future
generations. We are ensuring that the ‘soil’ is used
in the near future. We are ensuring that what was
begun will continue. The death of the cork oak forests
inevitably drags along other economic activities that are
closely linked and fully integrated into the rural areas.
And it is these activities that keep the Mountain alive,
mobilizing people and resources, promoting the spaces
and products. Thus they become the main concern of
Rural Development, the pillars of a revitalization and
sustainability strategy. (…)
condições favoráveis a uma nova fase
do ordenamento florestal. Na sequência
dos dramáticos incêndios ocorridos
na Serra Algarvia em 2003 e 2004,
com consequências económicas e
sociais graves e, em que o bem-estar
e a qualidade de vida das populações
estiveram seriamente ameaçados. A
consciência das alterações ambientais
eminentes vem criar condições para
uma nova política de ordenamento
florestal que se preocupa com a gestão
e protecção, incluindo a sensibilização
e participação das populações e, a
sua responsabilização pela gestão
dos espaços. É fundamental que esta
nova geração de políticas florestais
responda ao desafio fundamental: fixar
populações, criar postos de trabalho,
diversificar o uso da floresta, gerir
adequadamente os riscos de incêndio
visando a sustentabilidade do sector
florestal e do espaço rural. Para o
conseguirmos é preciso empenhamento
de todos: dos proprietários florestais,
dos técnicos, das organizações de
produtores e de desenvolvimento
rural, da administração pública com
implicações no ordenamento e gestão
do território, no enquadramento legal
e fiscal das actividades, na criação de
condições que favoreçam o exercício
de actividades sustentáveis e que
contribuam para a fixação de população
activa e com competências.
the Cork oak forests of the Algarve in the context of Rural Development
Serra representa cerca de 51% do território do Algarve em 1970 residia na Serra 19,2% da população total do Algarve em 2011 aquela proporção baixou para 7,3%.um decréscimo de 36,5% residente na Serra algarvia
Barrocalrepresenta cerca de 26% do território do Algarve 19,5% da população do Algarve residia no Barrocal em 1970em 2011 aquela proporção era de 23,4%um acréscimo de 40,4% residente no Barrocal
Litoralrepresenta cerca de 22,5% do território do Algarveem 1970 aproximadamente 57% da população residia no litoralem 2011 aquela proporção subiu para 73,2%um acréscimo de 114,7% residente no Litoral
1970
1970
2011
2011
19,5%
57%
1970 2011
19,2% 7,3%
23,4%
73,2%
algumas notas gerais sobre a evolução da população entre 1970 e 2011(nota: é necessário ter presente que os dados recolhidos aquando do Recenseamento de 1970 apresentam um nível de erro
elevado; os dados referentes a 2011 são ainda provisórios)
em 1970 residiam 268 mil indivíduos no Algarveem 2011 foram recenseados 451 mil um crescimento de 68,3% em 40 anos
nota: ao longo das últimas décadas, por
questões relacionadas com alterações
na economia regional, em particular as
associadas ao desenvolvimento turístico,
verificou-se uma dinâmica migratória do
interior para o litoral. Há também que ter
presente que em meados da década de 70
o processo de descolonização conduziu
a um retorno significativo de populações
residentes nas ex-colónias, que se fixaram
preferencialmente no litoral do Algarve. Por
outro lado, a dinâmica gerada pelo turismo,
nomeadamente em termos de emprego,
atraiu também pessoas de outras regiões
do país e, mais recentemente, imigrantes
de outros países, sobretudo europeus e
lusófonos.
serrenhos em fuga
estrutura etária da população (em 2011)
uma das realidades fortemente associadas à zona serrana
relaciona-se com o envelhecimento da população.
a população residente das freguesias da serra dos
concelhos de Loulé, S. Brás e Tavira com 65 ou mais anos
representa 40,3% do total dos habitantes aí recenseados.
a percentagem de residentes até aos 24 anos (842
indivíduos) representa 14,2%
o índice de envelhecimento é de 464 idosos por cada 100 jovens dos 0 aos 14 anos
a partir de dados fornecidos pela CCDR Algarve. IB. 07-03-11
fontes: recenseamento da população de 1970, 1981, 1991, e 2011. INE
44 serrenhos em fuga
Serra
Barrocal
Litoral
direcção artística atistic direction José Laginhagestão e direcção de produção administration and prodution direction Ana Rodriguesprodução executiva e comunicação executive prodution and communication Marlene Vilhenaregisto de imagem image registration Rui António
direcção técnica technical direction António Martinsiluminação light design Hugo Coelhosom sound design Luís Guerreiromanutenção e limpeza cleaning and maintenance Rodica Fornea
documentários concepção conception José Laginha realização video director Rui António
com with Beatriz Inácio, Manuel António, Carminha e Maria Teresa (Mealha), Floripes Coelho e Manuel Joaquim Rodrigues (Alcarias Pedro Guerreiro) Ermelinda Maria, Salvador Gonçalves (Montinho do Cravo) José Rodrigues Cavaco (Vale de Ôdres), Francisco Candeias Domingos, José Ângelo Gonçalves (Currais) Ivone Coelho banda
sonora soundtrack abusoverbal Red Trio - Quick Sand lavraofícios Ricardo Villalobos/Max Loderbauer-Redetach
making of concepção e realização vídeo conception & video director Rui António
fotografia no curral da família Tomás 2003 in the Tomás Family corral Luís da Cruz
agradecimentos thanks CECAL/CMLoulé; Biblioteca Álvaro de Campos/CMTavira; Miguel Vitorino; Ludovico Silva; Elisabete Teodoro; Leonel
Lores; Maria Rosário Domingos, Sérgio Cavaco (Currais), Maria José Gonçalves, Rogério dos Reis Simão, Maria Isabel Rosa (Mtº do Cravo), Otília
Cardeira (Cachopo), Ana Mª Cavaco Martins (Moita da Guerra)
ficha técnica do festival
ficha técnica do jornalconcepção conception design gráfico graphic design José Laginha
edição editors José Laginha e Marlene Vilhenatradução translation soc. de traduções e textos, lda. e Natasha Donn (jornal Algarve 123)
tipografia tipography Grafedisport, impressão e artes gráficas, sa. Gráfica Comercialconsultadoria técnica technical consultancy Miguel Vieira e José Albuquerque APFSC ass. de produtores florestais
da Serra do Caldeirão Francisco Keil do Amaral ICNF
carta militar military map APFSC/IGOEdistribuição Ivo Laginha e António Mestre
apoio técnico e agradecimento especial technical support and special thanks jornal Algarve 123
agradecimentos thanks Bruno Filipe Pires, Clara Lopes, Isabel Beja (CCDRalg)
bilhetes tickets
26 setembro 21h30 entrada livre free entrance
27 a 30 setembro 21h30bilhete simples full price 6€bilhete desconto with discount 5€ passe 4 dias pass 4 18€
descontos discount para menores de 25 anos e maiores de 65 anos
under 25 or over 65 yaers old
bilheteira ticket salesabre 1 hora antes dos espectáculos
reservas bookingtelf. 289 828784 ou 918703414(5)devir@mail.telepac.pt
classificação maiores de 10 anos
é interdito filmar, fotografar ou gravar sem previa autorização.
por favor não se esqueça de desligar o seu telemóvel
all kind of film, photo or sound recording is strictly forbidden during the performances.
localização location
rua frei Lourenço de Stª Maria, nº4 – Faro(junto ao parque de estacionamento do Largo do Carmo/Metalofarense)
SECRETARIA DE ESTADODA CULTURA
apoio à divulgação
assessoria técnica
iniciativa co-financiada por
organização
estrutura financiada por
DeVIR ass. de actividades culturais (1994) ao longo dos últimos 18 anos, os diferentes subprojectos que temos vindo a desenvolver têm seguido uma mesma lógica, assente em 2 vectores principais: apoiar a criação e informar/criar públicos. a sul festival int. de dança contemporânea (94-2006) Perhaps she could dance first and think afterwards Vera Mantero Socorro! Gloria! Piezas distinguidas Maria José Ribot (Es) Pesogallo Mónica Valenciano (Es) Sin Título Inês Bosa e Carles Mallol (Es) Auto.Retrato Margarida Bettencourt Nossa Senhora das Flores Francisco Camacho Rambo Ribeiro Paulo Ribeiro Extracto do Cio Azul Clara Andermatt Doença D’Infinito José Laginha Every Day’s Blood Olga Mesa Savon de toilette Amélia Bentes Auto-Retrato Madalena VitorinoA dança do existir Vera Mantero Enciclopédia Roberto Castello (it) E.I.B.T.W. Leone Barilli (It) Lo spazio nel cuore Enrica Palmieri (It) Anteros o amante visual Paula Massano Vozin Sofia Neuparth Passo un lungo momento Grupo Allena, Anouscka Brodacz (It) Dom/São Sebastião Francisco Camacho Para enfastiadas e profundas tristezas Vera Mantero Recidive/ Controverse Hela Fattoumi e Eric Lamoureux (Fr/Tn) Branco Sujo João Fiadeiro L’authentique silhouette de Brigitte Muller Said Sï Mohamed (Dz) Primeiro Nome: Le Francisco Camacho Périr pour de bom Nacera Belaza (Dz) Diz-me como comes, dir-te-ei quem és” José Laginha Viva o momento Peter Michael Dietz (Dk/Pt) Um homem seguiu em frente Rui Nunes uma misteriosa Coisa disse o e.e. Cummings Vera Mantero Cuerpo colibri sediento Georgina Martinez (Mx) Fou-Nána António Tavares O berimbao de Caxixi / Altar Mayor Awilda Sterling (Pr) Landscape Maria Inês Villasmil (Ve) Lilith” Carlota Lagido Miss Puerto Rico o la isla que se repite Viveca Vásquéz (Pr) O corpo Fausto Matias More Francisco Camacho Violating Space Francisco Rider da Silva (Br) Carpe Diem Manuel Pérez Torres (Ve) A queda de um ego Vera Mantero Every Fragment of Dance is Awakene / Walking Tall Astad Deboo (In) Love Series not talking about perfection Aldara Bizarro Wandering Songs / La Terre Blessée Ranjabati Sircar (In) ausência, a inebriante perspectiva do repouso José Laginha (In) Balancing the spot , Moving with the chair/ Exploration on the ground level Vishwakant Singha (In) V for… Mallika Sarabhai (In) Le Foins Vera Mantero Enciclopédia Roberto Castello (It) City Maps Imlata Dance Cia (In) És tu Zé? + Valsa Lenta José Laginha Shirtologia (Miguel) Jerôme Bel / Miguel Pereira (Be/Pt) Cancion de Diente David Zambrano (Ve) Hermosura El Descueve (Ar) Les Porteuses de Mauvaises Nouvelles” Companhia Instável / Wim Vandekeybus Mendiolaza Krapp (Ar) Cuadrado negro sobre fondo negro Rodrigo Pardo (Ar) Vistas Florencia Olivieri (Ar) Parasita acumulador #03 Carlos “Zíngaro” / Ludger Lamers Pixel Rui Horta 6 Set. no CAPa, 7 Set. no CAPa Miguel Pereira Inner Lawas duWa Dance (Sk) Handy # 23 Produções Real Pelágio Nurofen Peter Jasko (Sk) Peças Soltas Rui Horta What Sort of Tenderness Márta Ladjánszki / Reka Szabo (Hu)Solitary Virgin Leonor Keil Almost 3 Cia Tamater (Hu) In Bella Cópia Cia. Déja Donné (Cz) Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois Vera Mantero You come to see the show and you’ll get an extra burger! Mihai Mihalcea (Ro) Swan Lake City Dancetheatre of National Theatre of Northern Greece (Gr) LIVE | EVIL/ EVIL | LIVE Francisco Camacho Anthem Mayday(Cy))Hermaphrodite Quasi Stellar Dancetheatre (Grécia) Delirium Candaş Baş (Tr) Roj Çaglar Yilmaz (Tr)Tired Ilyas Odman (Tr) Crazy happiness Oktana Dancetheatre Company Gr) Home sweet home Emre Koyuncuoğlu (Tr))TABULA RASA Cross-Section (Jp) Komachi Masami Yurabe (Jp) 7p.m./Rumour (loose in the air) Maria Ramos (Portugal) Carlo X Carlo j.a.m. Dance Theater (Jp) Mizunoie Water house Shykakusai Monochrome Circus (Jp) não temos Pátria temos barabatanas 06 José Laginha Refined colors Monochrome Circus (Jp) Fuwafuwa Ladybug Miho Konai (Jp) Against Newton II LUDENS(Jp) Detour Miho Konai (Jp) Kaminari Kamu Suna Ballet Company Pollen Revolution 120 Akira Kasai (Jp) CAPa, Centro de Artes Performativas do Algarve (2001) é um edifício de três andares que comporta além da sala de apresentação de espectáculos, 2 estúdios de trabalho, zona de residência (15 camas) ,escritório/cozinha/lavandaria, instalações sanitárias, balneários, arrecadação e sala de trabalho. O CAPa é um lugar de criação, onde acolhemos criadores profissionais nacionais e internacionais, numa programação alternativa, que cruza linguagens e que se enquadra no território do contemporâneo, da urgência e do risco. Uma casa onde se investiga, onde se pratica a experimentação e, consequentemente, onde nos aproximamos do “novo”. O reconhecimento do trabalho que desenvolvemos nos últimos onze anos, faz com que o CAPa seja um Centro de referência e o único representante nacional numa rede europeia de casas da dança, EDN – European Dancehouse Network que compreende 23 cidades europeias que integram o Modul-dance project actividades 21 temporadas de programação; 11 programas anuais de residências; projecto In-OUT; projecto Sub12/Sub18; DRAMAT – Escrita por Medida (acolhimento); “a sul” Festival Internacional de Dança Contemporânea; Curso de Gestão e Produção das Artes do Espectáculo / Fórum Dança; projecto Jovens Artistas Jovens; Plataforma de Dança de Criadores Portugueses Emergentes (encontro de programadores da rede IDEE), modul-dance; Ciclo farejar…; Ciclo Balanço; Festival Europeu Temps d’images (extensão); projecto 5’55’’; projecto VALADOS (2010-12) parcerias REDE, associação de estruturas para a dança contemporânea (27 estruturas nacionais); IDEE – Iniciatives in Dance through European Exchange; IRIS, Associazione Sud Europea per la Creazione Contemporanea; EDN – European Dancehouse Network (23 casas europeias da dança); RIP – Rede Informal de Programadores; programa estratégico Algarve Central - uma parceria territorial (autarquias de Faro, Loulé, Olhão, São Brás de Alportel e Tavira) espectáculos Profundo delay Cláudia Jardim, Pedro Penim “Syrinx” António Calpi Ideia Carapinha Miguel Hurst, Zézé Hurst Live Amélia Bentes, Carlos Barreto Pão e Laranjas: leito de mesa, jogo de cadeiras João Pedro Vaz Projecto Karingana Luís Carlos Patraquim concerto Nuno Rebelo, Ulrich Mitzlaff, Gregg Moore concerto José Peixoto, Mário Franco concerto Alexandre Soares, João Pedro Coimbra Azul asa de corvo Mario Trigo, Ligia Soares, Rute Lizardo Canções de BREL Francis Seleck, Michel en Voz Baja Félix Santana (Es) we don’t have vídeo yet Natália Medina, Dominik Borucki (Es) Dança do Existir Vera Mantero Crash Landing Luciana Fina Of skin and metal Olga Shubart desenhos Seegründ Lubke True North Bruno Listopad Metamorfose Sin-Cera André Indiana André Indiana Maria Bakker Gonçalo Ferreira de Almeida Interferências ciclo Palcos Mutantes Diz ciclo Palcos Mutantes Nomad ciclo Palcos Mutantes Contador de histórias ciclo Palcos Mutantes Madame de Sade Teatro Praga António Miguel Miguel Pereira concertos Pousada da Música encontros, histórias dos ciganos entre nós Luciana Fina, Olga Ramos What´s Up Dominik Boruki e Cláudia Cardona (De/Bo/Es) Os Gigantes da Montanha Sin-Cera Mini@tures Mulleras Dance Company (Fr) Chão Útero, Carlos Bica & Sandra Rosado/Mariana Amaral A Memória; Os Lugares; As Coisas; E o Mundo aconteceu Teatro do Vestido No Fundo, No Fundo DRAMAT – Escrita por Medida, Lilástico 6 Set. no CAPa e 7 Set. no CAPa Miguel Pereira Inner Lawas duWa Dance (Sk) Os Donos dos Cães DRAMAT – Escrita por Medida, Teatro da Garagem Semblanza Flamenca Choni, Raul Cantizano, Vicente Gelo és tu Zé? & valsa lenta 03 José Laginha as Moscas Sin-Cera Kip teatromosca Trilogia Stringberg Mala voadora Noite Amélia Bentes amarduele Cia Lapsus (Es) Vera Mantero e Pedro Pinto interpretam Caetano Veloso Vera Mantero & Pedro Pinto Hitch Francisco Camacho City Dance Leslie F. Grunberg Paradis Montalvo Avec Sónia Wieder-Atherton Chantal Akerman Uzès Quintet Catherine Maximoff Annonciation Angelin Prelocaj Les Temps du Repli Cathie Levy Solo Thierry Knauff Les Guerriers de la Beauté Pierre Coulibeuf Bill Viola Mark Kidel Fase Thierry De Mey (projecções) T2 Quarto Andar José Nascimento/ João Galante Private Lives teatro Praga MAPA João Pedro Vaz ENDGAME Revisitado Teatro Meridional/Primeiros Sintomas Que o meu nome não te assuste marionetas de Maria Parrato Mark Lewis and The Standards Mark Lewis,Nuno Rebelo, Alexandre Cortez, Vítor Rua, Samuel I-KI Ten Pen Chii Wake Up Hate Paulo Castro Comer o Coração de Rui Chafes e Vera Mantero Inês Oliveira French Swinging Songs Francis Seleck/Miche Adélia Z Teatro da Garagem Vassilissa ou a boneca no bolso Teatro O bando Vera Mantero canta os Americanos… com Nuno Vieira de Almeida Vera Mantero, Nuno Vieira de Almeida Is that all there is? Then let’s keep dancing! Vera Mantero, Nuno Vieira de Almeida MUTIS Matxalen (Es) Txatxorra’s Cube Txatxorras (Es) Perdoar Helena .lilástico Cinema Scope A Fábrica A Vida Continua Teatro da Garagem Agatha Christie Teatro Praga EVIL | LIVE LIVE | EVIL Francisco Camacho Contos do Mediterrâneo Jorge Serafim, Pepe Maestro (Es) Mostapha Bahja (Ma) Bene Cordero (Es) ARCA Hermaphrodite Quasi Stellar (Gr) ANTHEM Mayday (Cy) Crazy Happiness Oktana Dancetheatre (Gr) Fábrica de Nada Artistas Unidos Canções e Fugas Mário Laginha Stand-up Tragedy Mundo Perfeito Homens Cristina Moura (Br) Ácido Teatro da Garagem Quando a alma não é pequena Dead Combo Olelés Jordi Cortés e Damián Muñoz (Es) POPlastik 1985-2005 Pop Dell’Arte Una media de dos o pocas veces más Companhia Pendiente (Es) Masquerade The Legendary Tiger Man Abertura Fácil Francisco Campos/ArQuente Hard 1 e 2 Mala Voadora Tabula rasa Cross-Section (Jp) Komachi Masami Yurabe (Jp) 7p.m./Rumour (loose in the air) Maria Ramos (ext) Festival Temps d’images/ Map Me Charlotte Vanden Eynde (Be)Improviso Encenado João Canijo/Rita Blanco Ciclo arte - Cartes Postales Richard Copans e Raimund Hoghe Bill T. Jones, solos Don Kent e Bill T. Jones One flat thing reproduced Thierry De Mey e William Forsythe 2 Iris Philippe Decoufle Divagations dans une chambre d’hotel Bruno Beltrão, Philippe Barcinski e Dainara Toffoli - documentários (Fr/Gr) - Cine-Concerto de tributo a Carlos Paredes Edgar Pêra e Nuno Rebelo, Tó Trips e Pedro Gonçalves (Dead Combo) Azul a Cores Mundo Perfeito Debaixo da Cidade APA – actores prod. ass. /Manuel Wiborg Testimonio de lobos Mal Pelo (Es) Shall we dance III Teatro Praga Hamlet Light Vvoitek Ziemilski – ensaio aberto Glória Caduca Compañia Lucier (Es) – ensaio aberto Lá e Cá Catarina Vieira e Solange Freitas Não sou daqui Amélia Muge Como un grand vendaval de vidrio Compañia Pendiente/Ana Eulate (Es) ensaio aberto Son Sonoros Colectivo Pan, Luz y Mantequilla (Es) ensaio aberto JP Simões1970 Finka-Pé ass cult Moinho da Juventude Comédia em 3 actos Teatro da Garagem O Labirinto A Morte e o Público João Samões – ensaio aberto Jazz ta Parta Jazz ta Parta Moradas Inúteis de José Carlos Barros e projecto Palavra Ibérica Sulscrito - literatura nova criação Barba Azul, (ensaio aberto) O vôo nocturno Jorge Palma Odete, Odile Sara Vaz Drumming drumming Stabat Mater Artistas Unidos Tritone Real Pelágio Trio Sérgio Pelágio Real Pelágio Shall we dance IV Teatro Praga uma bailarina na escola Aldara Bizarro Malgrés Nous… Companhia Paulo Ribeiro Grândolas Mário Laginha Bernardo Sasseti A Gente Sã do Campo Te-Atrito /A GavetaTeatro-Clip Teatro da Garagem C’oas Tamanquinhas do Zeca Couplle Coffee & Band Páscoa Peste, associação de pesquisa teatral Window Bomba Suicida Yesterday’s man Mundo Perfeito Zeca Afonso por Filipa Pais & João Paulo Silva Ciclo Zeca Afonso Filipa Pais João Paulo Silva Nasciturno Ludo Matéria Prima Quinteto Carlos Bica jus ou a solidão da justiça Te-Atrito Shreefpunk Matthias Shriefl Beautiful me Gregory Maqoma O Avarento ou a última festa Teatro Praga Nova Criação 2008 Companhia Instável O Babete Real José Carlos Garcia ensaio aberto Filhas da Mãe, fantasias eróticas das mulheres portuguesas Célia Ramos ensaio aberto - a Couple dance Guilherme Garrido e Mia Haugland Habib (Pt/No) 5’55’’ – 1ª edição equipas dos 12 projectos selecionados Solidões Helena Albuquerque Barnwave Kevin Blechdom, Christopher Fleeger (Us) ensaio para programadores Metamorfose António Latella (It) ensaio aberto Filhas da Mãe, fantasias eróticas das mulheres portuguesas Célia Ramos Our early balloons Rose Blanket Skeletons on Rock Andres Lõo (Ee) ensaio aberto Purgatório Martim Pedroso ensaio aberto Sobre a Natureza das Cousas Iván Marcos e Jesús Barranco (Es) White Works Carlos Bica e João Paulo Esteves da Silva filme documentário Eu não tu Ana Borralho João Galante Túmulo de Cães Alunos finalistas do Curso de Artes Performativas ensaio aberto Geopolítica do Caos José Nunes e Cátia Pinheiro ensaio aberto Mappugghje (Ti amo pazzescamente) Stefano Mazzotta, Emanuele Sciannamea (It) Transit_360 Iris Gutler (At) ensaio aberto Antoine Ludger Lamers, Jorge Gonçalves (De/Pt) ensaio aberto Untitled, Still Life Ana Borralho, João Galante e Rui Catalão Chocolate Maria João, Mário Laginha Das coisas nascem coisas e Visita Guiada Cláudia Dias ensaio aberto Veralipsi Sofia Silva António e Maria e A Bela e o Men ino Jesus Projecto Odisseia Cabisbaixa Carlos J. Pessoa A Casa de Bernarda Alba Maria João Luís Imago Hélder Seabra Contos em Viagem – Brasil Teatro Meridional Boato novo albúm JP Simões Os quais Jacinto Lucas Pires, Tomás Cunha Ferreira Ciclo Balanço Filipa Pais Zoetrope Micro Áudio Waves + Rui Horta Migna Mala Projecto seleccionado na 1ª edição do projecto 5’55’’ Migna Mala Ciclo Balanço Vera Mantero Cal José Luís Peixoto/ Maria João Luís e Gonçalo Amorim Mazgani Mazgani Mapa-Corpo Amélia Bentes Vulcão Abel Neves/ João Grosso dia F Ciclo Balanço Francisco Camacho ensaio aberto Mejor no saber su nombre Bárbara Sánchez y Roberto Martínez (Es) ensaio aberto Haute Couture Rafael Alvarez, Paulo Guerreiro ensaios aberto Nova Criação Mal Pelo (Es) ensaio aberto My name is Luísa Gabriella Máthé (Hu) ensaio aberto In a Rear Room Andresa Soares e Ricardo Jacinto ensaio aberto Principios Opuestos Mario García Sáez, Víctor Zambrana (Es) ensaio aberto My Own Private Don Carlos Jose Manuel Mora ensaio aberto Accumulation Processes Pavlos Kountouriotis (Gr) ensaio aberto Luzes ligadas não quer dizer que estejamos em casa Monica Gillette & António Pedro Lopes (Us/Pt) TUCO Cia Instável Karine Ponties (Ff ) ensaio aberto Trilogy &Vocal Cords Albert Quesada & Vera Tussing (Es/Uk) Kore-A-Moves – Tournée Europeia de Dança da Coreia:no comment Shin Chang Ho Modern Feeling Lee In Soo Promise Jeon Mi Sook Mong Whan (Bitter Dream) Kim Eunjeong Transforming view Park Young-Cool, In Jung-Ju Performing Dream Sun-A LEE Several QuestionsJang Eun Jung ensaio aberto TV Heroe & Hotel Europa André Amálio, Margarida Barata ,Tereza Havlickova, Daniel Somerville (Pt/Cz/Uk) Óscar e a Senhora Cor-de-rosa Eric-Emmanuel Schmitt,Ivone De Moura, Lídia Franco, Lídia Franco Retratinho de Guerra Junqueiro teatromosca The Supervisor – EP André Banza,Pedro Ramalho, Renato Silva Retratinho de Paula Rego teatromosca Brilharetes João de Brito , Tiago Nogueira , Jorge Silva Melo ensaio aberto Más pállá que páccá Luca Nicolaj (It/Es) As três vidas de Lucie Cabrol teatromosca ensaio aberto The very delicious piece Jasmina Krizaj, Cristina Planas Leitão (Si/Pt) ensaio aberto Dolores Automáticos Mónica Cofiño, Mariate García (Es) O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, uma história de amor Maria João Miguel ensaio aberto Não temos pátria, temos barbatanas 011 José Laginha O Marinheiro Luísa Monteiro Não temos pátria, temos barbatanas 011”, a encomenda &valsa lenta José Laginha O LUDO O LUDO Tuniko Goulart Trio Tuniko Goulart , Paulo Luz e Giovani Goulart flajazzados flajazzados Snapshots Carlos J. Pessoa ensaio aberto NO Digital Tiago Cadete, Raquel André EUROPA teatromosca Em Casa no Jardim Zoológico Dinarte Branco ensaio aberto O Homem e o Urso Máquina Agradável ensaio aberto Cena escrita Pedro Gil, Mickael Oliveira, Miguel Castro Caldas, André Amálio Olympia e O que podemos dizer do Pierre Vera Mantero Fuga Sem Fim Cia Instável Victor Hugo Pontes Mazgani Mazgani Tróia teatromosca lançamento da revista digital de fotografia de autor Flânerie/ Projecção de fotografia WIP-The Portfolio Project Ana Filipa Quintão, Ana Pereira, Luís Pinto, Mário Pires e Susana Paiva no mote de baixo Zé Eduardo& Carlos Barreto AZUL tournée Things About Carlos Bica,Jim Black, Frank Mobus trilogia do mar Marenostrum trabalho final mestrado Bonum Cursum, Até já! Filipa Rodriguez WIP-The Portfolio Project Ana Catarina Pinho, Manolo Espaliú, Sergio Castañeira e Tiago Grosso WIP-The Portfolio Project / 2ª edição flânerie/ edição Fotografia e Curadoria Queijo curado é outra coisa Susana Paiva, Renato Roque, Brenda Turnnidge, Catarina Leal, Hugo Costa Marques What we can not do alone? Projecto Interferências 2012 ( Pt/At/Mx) encontros do DeVIR criação programa de residências Izur Vagabund Eléonore Dider, Jiska Morgenthal I want some sugar in my bones Cia. RE.AL /João Fiadeiro nova criação 2002 Vera Mantero CAPa 6 e 7 de Setembro Miguel Pereira Lugar Nenhum Teatro do Vestido No Fundo, No Fundo DRAMAT – Escrita por Medida, Lilástico & Jacinto Lucas Pires, Marcos Barbosa What´s Up Dominik Boruki (Gr/Es) e Cláudia Cardona (Bo/Es) és tu Zé? & valsa lenta 03 José Laginha Kip teatromosca MAPA João Pedro Vaz ROJ Çağlar Yılmaz (Tr), EVIL | LIVE LIVE | EVIL Francisco Camacho, Abertura Fácil Francisco Campos/ArQuente Hard 1 e 2 Mala Voadora Tabula rasa Cross-Section (Jp) 7p.m./Rumour (loose in the air) Maria Ramos Azul a Cores Mundo Perfeito Debaixo da Cidade APA – actores prod. ass. /Manuel Wiborg Testimonio de lobos Mal Pelo (Es) Shall we dance III Teatro Praga Titânia e Titanin ARCA projecto de teatro de rua Não temos pátria temos barbatanas. a encomenda & valsa lenta 06 José Laginha Gift In-Jung Jun Blue Elephant Company Lá e Cá Catarina Vieira Solange Freitas Hamlet Light Vvoiteek ZiemilskiREFLEX Ana Martins Post Piano Man Juschka Weigel (Gr) Primo Sale QuaLiBo (It) Shall we dance IV Teatro Praga (Pt) She will not live Joana Von Mayer Trindade (Pt) Nova Criação Barba Azul, criações teatrais (Pt) What’s not Love Alan Lucien Oyen (No) Oficina de Teatro e Corpo ASMAL, Ass. de Saúde Mental do Algarve O Labirinto A Morte e o Público João Samões Comédia em 3 actos Teatro da Garagem Oceano Carolina Ramos Lá e Cá Catarina Vieira e Solange Freitas Hamlet Light Vvoitek Ziemilski Glória Caduca Compañia Lucier (Es) PIEL Moare Danza (Es) Como un grand vendaval de vidrio Compañia Pendiente/Ana Eulate (Es) Son Sonoros Colectivo Pan, Luz y Mantequilla (Es) A Gente Sã do Campo te-Atrito/ A Gaveta 101O Pato Profissional Espectáculo de Teatro Rogério Nuno Costa Acting Out Carla Fernandez (Es) Cause without effect? Carolina Ramos/Sarah Dillen (Pt/Es) Conservatório Teatro Praga Doo Miguel Pereira Deseos Inmaculada Jiménez (Es) A Festa Mundo Perfeito jus ou a solidão da justiça te-Atrito Prayers Gabriella Maiorino (It/Nl) not the right kind of light for a magic act Arne Forke (De) Shadow Play Projecto Ruínas Dream Play Martim PedrosoThe idea of Self Masja Abrahamsen(No) Nova Criação 2008 Companhia Instável (Pt/Gr/Fr) Nova Criação 2008 Matxalen Bilbao (Es) O Babete Real te-Atrito Residência longa duração ASMALass. Saúde Mental do Algarve Residência longa duração Escola Secundária Pinheiro e RosaO Babete Real José Carlos Garcia Metamorfose António Latella (It) Filhas da Mãe, fantasias eróticas das mulheres portuguesas Célia Ramos a Couple dance Guilherme Garrido e Mia Haugland Habib (Pt/No) Solidões Helena Albuquerque Demo, um musical Praga Música original: Kevin Blechdom, Christopher Fleeger, Andres Lõo (Pt/Us/Ee) Sunset on Mars Germán Jauregui (Es) Purgatório Martim Pedroso TEN Preludes Marianne Baillot (Fr) Sobre a Natureza das Cousas Iván Marcos e Jesús Barranco (Es) A brave search for the ultimate reality Florin Flueras (Ro) fantasy show made out of trash Maria Baroncea (Ro) Avatar Róman Torre, Mª Angeles Angulo (Es) Residência de Longa Duração Oficina de Teatro Mónica Samões Grupo de Teatro do Sótão – ASMAL Geopolítica do Caos José Nunes e Cátia Pinheiro Post-It Bod Cecília Colacrai (Ar/Br) A seriedade do animal Marlene Freitas Mappugghje (Ti amo pazzescamente) Stefano Mazzotta, Emanuele Sciannamea (It)Transit_360 Iris Gutler (At) Antoine Ludger Lamers Jorge Gonçalves (De/Pt) The Choir Project Heidi Rustgaard Hanna Gilgren (Uk) Untitled, Still Life Ana Borralho, João Galante e Rui Catalão Shift Lisa Parra (Es) Veralipsi Sofia Silva Nova Criação João Samões Nerves Like Nylon Maria Ramos Imago Hélder Seabra Migna mala Migna Mala Eksperimental Free SceneLuís Miguel Félix, Augusto Corrieri Proyecto 2009/2010 Patrícia Caballero (Es) Obscure Marc Martinez (Es) Família Ricardo Gageiro She is red inside (with those black things) Cinira Macedo e Cláudia Tomasi (Pt/It) Como rebolar alegremente sobre um vazio exterior André Guedes e Miguel Loureiro Mejor no saber su nombre Bárbara Sánchez y Roberto Martínez (Es) Haute Couture Rafael Alvarez, Paulo Guerreiro Nova Criação María Muñoz, Pep Ramis (Es) My name is Luísa Gabriella Máthé In a Rear Room Andresa Soares e Ricardo Jacinto Principios Opuestos Mario García Sáez, Víctor Zambrana (Es) My Own Private Don Carlos Meine Seele Teatro / Cia TRAUM-A (Es/Nl) Accumulation Processes Pavlos Kountouriotis (Gr) Luzes ligadas não quer dizer que estejamos em casa Monica Gillette, António Pedro Lopes (Us/Pt) Trilogy e Vocal Cords Albert Quesada, Vera Tussing (Es/Uk) TV Heroe e Hotel Europa André Amálio, Margarida Barata ,Tereza Havlickova Daniel Somerville (Pt/Uk/Cz) Não Temos Pátria, Temos barbatanas 2010 José LaginhaO Babete Real José Carlos Garcia Metamorfose António Latella (It) Filhas da Mãe, fantasias eróticas das mulheres portuguesas Célia Ramos a Couple dance Guilherme Garrido e Mia Haugland Habib (Pt/No) Solidões Helena Albuquerque Demo, um musical Praga Música original: Kevin Blechdom, Christopher Fleeger, Andres Lõo (Pt/Us/Ee) Sunset on Mars Germán Jauregui (Es) Purgatório Martim Pedroso TEN Preludes Marianne Baillot (Fr) Sobre a Natureza das Cousas Iván Marcos e Jesús Barranco (Es) A brave search for the ultimate reality Florin Flueras (Ro) fantasy show made out of trash Maria Baroncea (Ro) Avatar Róman Torre, Mª Angeles Angulo (Es) Residência de Longa Duração Oficina de Teatro Mónica Samões Grupo de Teatro do Sótão – ASMAL Geopolítica do Caos José Nunes e Cátia Pinheiro Post-It Bod Cecília Colacrai (Ar/Br) A seriedade do animal Marlene Freitas Mappugghje (Ti amo pazzescamente) Stefano Mazzotta, Emanuele Sciannamea (It)Transit_360 Iris Gutler (At) Antoine Ludger Lamers Jorge Gonçalves (De/Pt) The Choir Project Heidi Rustgaard Hanna Gilgren (Uk) Untitled, Still Life Ana Borralho, João Galante e Rui Catalão Shift Lisa Parra (Es) Veralipsi Sofia Silva Nova Criação João Samões Nerves Like Nylon Maria Ramos Imago Hélder Seabra Migna mala Migna Mala Eksperimental Free Scene Luís Miguel Félix, Augusto Corrieri Proyecto 2009/2010 Patrícia Caballero (Es) Obscure Marc Martinez (Es) Família Ricardo Gageiro She is red inside (with those black things) Cinira Macedo e Cláudia Tomasi (Pt/It) Como rebolar alegremente sobre um vazio exterior André Guedes e Miguel Loureiro Mejor no saber su nombre Bárbara Sánchez y Roberto Martínez (Es) Haute Couture Rafael Alvarez, Paulo Guerreiro Nova Criação María Muñoz, Pep Ramis (Es) My name is Luísa Gabriella Máthé In a Rear Room Andresa Soares e Ricardo Jacinto Principios Opuestos Mario García Sáez, Víctor Zambrana (Es) My Own Private Don Carlos Meine Seele Teatro / Cia TRAUM-A (Es/Nl) Accumulation Processes Pavlos Kountouriotis (Gr) Luzes ligadas não quer dizer que estejamos em casa Monica Gillette, António Pedro Lopes (Us/Pt) Trilogy e Vocal Cords Albert Quesada, Vera Tussing (Es/Uk) TV Heroe e Hotel Europa André Amálio, Margarida Barata ,Tereza Havlickova Daniel Somerville (Pt/Uk/Cz) Não Temos Pátria, Temos barbatanas 2010 José Laginha Más pállá que páccá Luca Nicolaj (It/Es) The very delicious piece Jasmina Krizaj,Cristina Planas Leitão (Si/Pt) Dolores Automáticos Mónica Cofiño, Mariate García(Es) Não temos pátria, temos barbatanas 011 José Laginha Tableaux Vivants Anne Juren, Roland Rauschmeier (Fr/De)Try Out Marta Ladjanszki, Zsolt Varga , Zsolt Koroknai (Hu) NO Digital Tiago Cadete, Raquel André New Religion Valentina Desideri, Florin Flueras (It/Ro) O Homem e o Urso Máquina Agradável Portrait Companhia Wolff -Thomas Ryckewaert (Be) Cena escrita Pedro Gil, Mickael Oliveira, Miguel Castro Caldas, André Amálio Triptico Fernando Renjifo (Es) Edit Vera Tussing (Uk) Slow Sports Albert Quesada (Es) Fuga Sem Fim Cia Instável Victor Hugo Pontes Nova Criação Nina Biong (No) Mosco Cinzia Scordía (It) ISLANDIA Marcos Morau (Es) a dor do não lugarJosé Laginha WIP-The Portfolio Project e Flânerie b Fotografia Susana Paiva The Collection Fotografia Margarida Guia FM (Frágil) Cristina Leitão, Marlene Vilhena Slipping throuh my fingers modul-dance Suécia Helena Franzén (Se) Bonum Cursum, Até já! Filipa Rodriguez nova criação Liz Roche (Ie) nova criação Ivan Rodovani (Rs) Working Title Tina Valentan (Si) nova criação José Laginha, Marlene VilhenaThese Images Are Written On My Body Kajsa Sandstrom (Se) What we can not do alone? Projecto Interferências 2012 (Pt/At/Mx) Biodramas Coreográficos Marcelo Díaz (Ar) encontros do DeVIR Vera Mantero / Claúdia Dias, Cecília Laranjeira / José Laginha, Marlene Vilhena/ Maria João Luís, Daniel Gorjão (outra)formação a rapariga/pássaro que habitava uma casa/ninho lá no alto João Pinto, Ana Alvelos, Marta Coutinho T-ZERO Adriana Pardal, Vera Alvelos Muzenza (workshop de Capoeira); Nomad nomad A rapariga/pássaro que habitava uma casa/ninho lá no alto João Pinto, Ana Alvelos, Marta Coutinho T-ZERO Adriana Pardal, Vera Alvelos Flamenco Choni dança contemporânea Miguel Pereira/Sin-Cera improvisação e teatro visual John Mowat / a fabrica Curso de Gestão e Produção das Artes do Espectáculo DeVIR/Fórum Dança (formação) oficina de danças africanas António Tavares workshop de criação colectiva e interpretação Tiago Rodrigues criação teatral Cláudia Jardim e Pedro Penim - Teatro Praga as artes na educação Madalena Victorino escrita criativa Possidónio Cachapa dança contemporânea Amélia Bentes entre água e pó Sofia Neuparth hip-hop Ana Trindade hip-hop Daniela Alves hip-hop Ana Trindade nova criação ARCA, ass. recreativa e cultural do Algarve oficina teatro e corpo ASMAL ass. de saúde mental do Algarve Laboratório de Criação Manual de Instruções Victor Hugo Pontes Atelier No jogo do desejo ou o choque frontal Ana Borralho e João Galante Workshop de dança contemporânea e pesquisa de movimento Gabriella Maiorino A Dança na Educação Madalena Victorino Oficina de iniciação teatral / teatro físico Helena Flor Oficina Regular de Movimento e Improvisação Ana Borges Narração Oral: Contextos e Instrumentos Luís Carmelo / Trimagisto Organização: ARCA, ass. Recreativa e cultural do Algarve Workshop de Dança Contemporânea Ana Borges Acção de formação Narração Oral, Contextos e Instrumentos ARCA,ass. Recreativa e Cultural do Algarve Workshop técnicas Flying Low e Passing Through de David Zambrano Jasmina Krizaj,Cristina Planas Leitão (Si/Pt) Workshop de Música, Guitarra eléctrica, efeitos e periféricos Tuniko Goulart Workshop de improvisação de Jazz “Brass fantasy” Jesús Santandreu, Toni Belenguer (Es) projecto valados (2010-12) formadores Delfim Sardo (História da Arte Contemporânea) Mª. João Luís, Carlos J. Pessoa, André E. Teodósio, Miguel Seabra, John Romão, João Mota, Jorge Silva Melo (teatro) Francisco Camacho, Cláudia Dias; Madalena Victorino; Vera Mantero, Filipa Francisco, José Laginha/Marlene VIlhena, Sílvia Real, João Fiadeiro, Clara Andermatt (dança) Cláudia Galhós (crítica de dança) André Guedes (cenografia) José Laginha/Ana Rodrigues (produção) José Maria Vieira Mendes, Jacinto Lucas Pires, Abel Neves, André E. Teodósio, Mickael de Oliveira e Miguel Castro Caldas (escrita para teatro)
12 olhares 12 reflexões sobre a descaracterização do litoral algarvioem breve facultaremos todas as informações
ciê
nci
a