Post on 04-Oct-2021
REAÇÕES ADVERSAS
INTRODUÇÃO
Reação adversa: resposta prejudicial ou indesejável, não intencional a um medicamento,
a qual se manifesta após a administração de doses normalmente utilizadas no homem
para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doença (OMS, 2002).
GRADUAÇÃO DOS EFEITOS ADVERSOS
Grau 0: Nenhuma ocorrência de evento adverso ou dentro dos limites normais
Grau 1: Leve, sem intervenção médica, assintomático, somente detectado em achados
laboratoriais ou radiográficos
Grau 2: Moderado, com mínima intervenção, intervenção local ou não invasiva
Grau 3: Severo e indesejável, sintomas significantes que requerem hospitalização ou
intervenção invasiva, transfusão, intervenção radiológica eletiva, cirurgia
Grau 4: Ameaçador à vida ou Incapacitante, com consequências fisiológicas que
necessitam de cuidados intensivos ou procedimentos invasivos emergenciais
Grau 5: Morte
PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DECORRENTES DO TRATAMENTO
ANTINEOPLÁSICO
1-Toxidade hematológica
2-Toxidade gastrointestinal
3-Cardiotoxidade
4-Hepatotoxidade
5-Toxidade pulmonar
6-Neurotoxidade
7-Disfunção reprodutiva
8-Toxidade vesical e renal
9-Alterações metabólicas
10-Toxidade dermatológica
11-Reações alérgicas e anafilaxia
12-Fadiga
RISCO X BENEFÍCIO CURA X PALIAÇÃO
1-TOXIDADE HEMATOLÓGICA
STEM CELL ► eritrócitos, plaquetas, monócitos, granulócitos e linfócitos
Drogas mielossupressoras ou mielotóxicas, exceto bleomicina, asparaginase e
vincristina.
Vulnerabilidade do tecido hematopoiético ► pancitopenia
NADIR = Tempo transcorrido entre a aplicação da droga e o aparecimento do menor
valor de contagem hematológica (8º ao 14º dias após).
Tempo de recuperação medular = 15 a 21 dias
O NADIR irá depender da dose, velocidade de aplicação e via de administração.
Grau de Mielodepressão
TOXICIDADE 0 1 2 3 4
Leuco (103/mm
3) ≥ 4 3 a 3,9 2 a 2,9 1 a 1,9 < 1
Plaq (103/mm
3) ˃ 100 75 a 99 50 a 74,9 25 a 49,9 <25
Hb (g/dl) ˃ 11 9,5 a 10,9 8 a 9,4 6,5 a 7,9 <6,5
Granulóc(103/mm
3) ≥ 2 1,5 a 1,9 1 a 1,4 0,5 a 0,9 <0,5
LEUCOPENIA
Primeira alteração sanguínea perceptível (vida média do granulócito é de 6-8h).
Mais séria forma de mielossupressão (supressão da imunidade celular e humoral,
aumentando a suscetibilidade aos quadros infecciosos graves).
Neutrófilos ˃ 1.500 = Risco Normal
Neutrófilos < 1.000 = Risco Moderado
Neutrófilos < 500 = Risco Severo
Neutrófilos < 100 = Risco Extremo
Atenção: Infecções graves em pacientes neutropênicos podem evoluir para a septicemia,
choque séptico e a morte em menos de 24h.
►Uso profilático dos fatores de crescimento hematopoiético (Filgastrim)
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Avaliar o paciente rigorosamente à procura de sinais e sintomas de infecção;
Avaliar sinais vitais;
Início imediato da antibioticoterapia se Neutrófilos < 500 mm3
+ febre;
Obter culturas de sangue, urina e, menos frequentemente, orofaringe e fezes;
Orientar paciente e familiar quanto aos cuidados necessários;
Manter o paciente em quarto individual e restringir visitas.
TROMBOCITOPENIA
Segunda queda hematológica perceptível (vida média da plaqueta é de 7-10 dias)
Quimioterápicos mais tóxicos à geração plaquetária: dacarbazina, cisplatina,
bleomicina, carboplatina, carmustina, gencitabina...
< 50.000 cél/mm3 – risco moderado de sangramento
< 10.000 cél/mm3
- risco acentuado de sangramento
˃100.000/mm3
- administração de 100% da dose
<100.000/mm3
- ajuste de dose ou adiamento do ciclo
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Avaliar o paciente rigorosamente à procura de sinais e sintomas de sangramento;
Evitar procedimentos invasivos;
Em caso de punções indispensáveis, utilizar agulhas finas e aplicar pressão
constante;
Educação do paciente e familiar.
ANEMIA
Alterações nas células precursoras dos eritrócitos somente serão perceptíveis
quando o tratamento for mais prolongado ou severo (a vida medida das
hemácias é de 120 dias).
Raramente drogas citostáticas causam anemia severa a ponto de exigir
transfusão sanguínea.
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Avaliar o paciente rigorosamente à procura de sinais e sintomas de anemia;
Monitorar o paciente em hemotransfusão;
Administrar O2 aos pacientes portadores de anemia severa, com queixa
importante de falta de ar, salvo contraindicações médicas;
Educação do paciente e familiar
2-TOXICIDADE GASTRINTESTINAL
Efeitos colaterais mais comuns associados à quimioterapia sistêmica
1- Náusea e vômitos
2- Mucosites
3- Anorexia
4- Diarréia
5- Constipação
NÁUSEAS E VÔMITOS
Afetam a condição nutricional
Interferem no equilíbrio hidroeletrolítico
Qualidade de vida
Agudos = Ocorrem uma ou duas horas após a aplicação e se resolvem em 24h.
Determinados pelo caráter emetogênico de grande parte dos quimioterápicos e são
sensíveis ao tratamento com fármacos antieméticos;
Tardios = Persistem ou desenvolvem-se 24h após a administração;
Antecipatórios = Antes da aplicação do quimioterápico. O ambiente, os profissionais, o
pensamento em realizar QT pode desencadear a resposta condicionada de náusea e
vômito.
A gênese do vômito está relacionada à característica da droga, mas também a idade,
sexo, ingestão alcoólica, predisposição, fatores emocionais, condições orgânicas
desfavoráveis...
O controle da náusea e do vômito é difícil!
Tratamento Farmacológico
Bloqueadores dos receptores de dopamina (Plasil®);
Bloqueadores de Serotonina (Zofran®)
Antagonista do receptor NK-1 (aprepitanto)
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Administrar as medicações antieméticas antes da aplicação da droga e depois,
regularmente, de acordo com o potencial emético;
Observar balanço hídrico, a ingestão hídrica e os sinais e sintomas de
desidratação;
Controlar peso semanalmente;
Colaborar nas orientações nutricionais junto ao nutricionista;
Encorajar o paciente a manter uma boa higiene oral após o vômito;
Vômitos logo após a administração de quimioterápico via oral em até 30min
obriga a repetição da dose;
Utilizar medidas de proteção para manipular o vômito;
Orientar paciente e familiar.
Abandono do tratamento
MUCOSITE
É a resposta inflamatória das membranas mucosas à ação das drogas antiblásticas
(Estomatite-Esofagite-Proctite). A mucosite é a mais frequente e acontece em 40% dos
pacientes que recebem quimioterapia para tumores sólidos.
Fatores de risco:
-Higiene oral inadequada
-Próteses mal ajustadas
-Status Nutricional
-Tipo de malignidade
-Drogas quimioterápicas específicas
-Alterações orais preexistentes
-Fumo
-Localização da doença
-Ingestão alcóolica
►A mucosite oral é caracterizada por hiperemia, edema, ulceração, dor, sialorréia,
queimação e, algumas vezes, hemorragia e infecção secundária.
►Podem ocorrer 2 a 14 dias após a aplicação dos quimioterápicos (a intensidade da
mucosite acontece proporcional a queda dos granulócitos durante o período NADIR).
Quanto maior a dose, maior o comprometimento da mucosa.
►A radioterapia também pode causar mucosite quando a irradiação inclui áreas de
cabeça e pescoço, englobando boca e glândulas salivares.
Drogas mais tóxicas à mucosa: bleomicina, dactomicina, doxorrubicina, epirrubicina,
fluoracila e metrotexato
Prevenção e tratamento
Objetivos:
Manter a integridade da mucosa, prevenir infecção secundária, aliviar a dor e manter
uma ingestão hidricocalórica adequada.
Observar alterações (Mudança na coloração, mudança na umidade, mudança na
limpeza, mudança na integridade, mudança na percepção).
Higiene Oral
Escova de cerdas macias; creme dental com bicarbonato de sódio e flúor. Caso haja
lesões, usar o dedo envolvido com gaze ou algodão.
Agentes para enxágue: Chá de camomila gelado, água + sal ou soro fisiológico, água +
bicarbonato de sódio.
*A solução de Bicarbonato de Sódio poderá ser usada para limpeza quando houver
lesões, pois auxiliam no desbridamento das lesões, na remoção do odor e na
fluidificação da saliva.
Crioterapia
Medida de proteção. O paciente deve chupar gelo 5 min antes da infusão do
quimioterápico (em geral o fluoruracila em push), durante e até 25 min depois do
término.
Manejo das complicações:
1) Dor – Soluções analgésicas tópicas e em alguns casos opióides.
2) Infecção
Nistatina- bochechar exaustivamente, manter na cavidade oral por 2min e
deglutir a seguir. Somente depois de 20min deve ser liberada a ingestão oral.
3) Sangramento
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Avaliara a cavidade oral de todos os pacientes submetidos à quimioterapia;
O agravamento das lesões obriga a redução da dose ou suspensão do tratamento;
Orientar a higiene oral;
Orientar a alimentação mais apropriada;
Aliviar a dor;
Oferecer solução de Nistatina objetivando prevenção e tratamento;
Estar atento aos pacientes neutropênicos com mucosite.
ANOREXIA
Praticamente todos os quimioterápicos estão associados à anorexia. A intensidade deste
efeito colateral relaciona-se com diversos fatores, tais como:
A dose e a frequência das aplicações;
A ocorrência de náuseas, vômitos e estomatite;
As alterações do paladar;
O estado geral do paciente;
A presença de dor;
Fatores psicológicos;
Outras medicações associadas ao tratamento quimioterápico.
DIARRÉIA
Várias causas;
Coloca em risco de depleção fluida, desequilíbrio eletrolítico, escoriação de pele
e mucosa e até morte;
Ocorre em 75% dos pacientes que recebem quimioterapia;
O tratamento deve ser instituído precocemente;
Avaliação da diarreia
CONSTIPAÇÃO
Várias causas;
Em geral ocorre devido à neurotoxicidade de alguns antineoplásicos;
3-TOXIDADE DERMATOLÓGICA
LOCAL
EXTRAVASAMENTO
Reações locais mais graves ►extravasamento
X
Fatores de Risco para o extravasamento:
► uso de veias pequenas e frágeis; erro durante a punção; local da punção inadequado;
quimioterapia prévia no mesmo vaso;; linfadenectomia axilar, etc.
Sinais e Sintomas
Prevenção
Tratamento
- Medidas básicas
- Antídotos
- Tratamento cirúrgico
OUTRAS
Carmustina e dacarbazina – dor e queimação intensas ► gelo durante a infusão.
Doxorrubicina, epirrubicina e mitomicina – vesicantes e irritantes. Causam flebite e
hiperpigmentação do trajeto venoso.
LOCAL -FLEBITE -Urticária -Dor -Edema -Descoloração venosa -Necrose tecidual secundária ao extravasamento SISTÊMICA -Alopécia -Eritema -Urticária -Fotossensibilidade, -Hiperpigmentação -Alterações ungueais -Recidiva de reação cutânea pós-radioterapia
Drogas vesicantes Drogas irritantes
Os antracíclicos – urticária, eritema, dor e queixa de picada – pode ser confundido com
extravasamento.
SISTÊMICA
ERITEMA E URTICÁRIA
- A urticária pode representar sinal precoce de hipersensibilidade à droga;
- Eritema de extremidades ou síndrome mão-pé.
ERUPÇÃO ACNEIFORME OU FOLICULITE
- Mais comum em pacientes que fazem cetuximabe e erlotinibe.
HIPERPIGMENTAÇÃO
- Geralmente aparece com algumas semanas após início do tratamento quimioterápico e
desaparece após três ou quatro meses após o término;
- Principalmente em unhas e dobras cutâneas.
FOTOSSENSIBILIDADE
- Risco de queimaduras graves após exposição mínima aos raios solares;
- Cuidados gerais.
ALTERAÇÕES UNGUEAIS
- Hiperpigmentação, enfraquecimento, quebra, diminuição do crescimento e brilho...
ALOPÉCIA
- Rápida divisão celular;
- Reversível (fase de repouso);
- Risco de alopécia definitiva, principalmente naqueles pacientes que irradiam o couro
cabeludo;
- Considerada pelo paciente o maior efeito adverso;
-Cuidados
4- REAÇÃO ALÉRGICA E ANAFILAXIA
Anaflaxia – reação imunológica ou alérgica que se caracteriza por contração da
musculatura lisa e dilatação dos capilares devido a liberação de substancias
farmacologicamente ativa.
Drogas com potencial para reação de hipersensibilidade – com ou sem resposta
anafilática.
1)Fase de sensibilização – exposição ao antígeno. As reações de hipersensibilidade não
ocorrem ou são mais amenas.
Reação de hipersensibilidade I – urticária, desconforto respiratório, broncoespasmo,
hipotensão, angiodema, hiperemia cutânea, dor torácica e/ou lombar.
2) Fase de ativação
3) Fase Efetora – liberação de histamina
Atualmente, o anti-histamínico mais usado como pré-medicação em protocolos que
incluem drogas de risco para reações de hipersensibilidade é a difenidramina
endovenosa associada à dexametasona.
FÁRMACOS ENVOLVIDOS:
Cisplatina – 1-20% dos pacientes
Paclitaxel – Reação anfilactóide (onde não há sensibilização prévia ao antígeno) – mais
da metade dos paciente apresentam reação de hipersensibilidade já na primeira infusão.
Doxil
Etoposideo
Trastuzumabe
Rituximabe
SINAIS E SINTOMAS:
TRATAMENTO:
A infusão deve ser imediatamente interrompida;
Manter a via venosa aberta através da infusão de soro glicosado 5% ou
fisiológico;
CHOQUE ANAFILÁTICO
Reação alérgica local;
Reação alérgica sistêmica:
- acionar a equipe;
- manter as vias aéreas permeáveis;
- aumentar o fluxo de soro;
- monitorar sinais vitais;
- monitorar a saturação de oxigênio;
- manter o paciente em Trendelemburg caso haja hipotensão, exceto em caso de
dispneia;
- administrar oxigênio;
- aproximar carrinho de urgências;
- administrar medicações prescritas (protocolos institucionais);
- registrar.
Obs: Caso o paciente apresente reações de hipersensibilidade, uma alternativa é pré-
tratar o paciente durante 24h com dexametasona 10mg VO a cada 8h e administrar o
antineoplásico no segundo dia. Se as reações de hipersensibilidade persistem, um plano
de dessensibilização deve ser introduzido, a critério médico.