Post on 02-Mar-2016
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INTRODUO SIMBOLOGIA
BIBLIOTECA AMORC
ORDEM ROSACRUZ AMORC
GRANDE LOJA DO BRASIL
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TTULO ORIGINAL: SYMBOLS: THEIR NATURE AND FUNCTION
1 EDIO EM LNGUA PORTUGUESA JULHO DE 1992
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS PELA
ORDEM RASACRUZ AMORC
GRANDE LOJA DO BRASIL
COMPOSTO E IMPRESSO NA GRANDE LOJA DO BRASIL
RUA NICARGUA, 2620 CAIXA POSTAL, 307 TEL: (041) 254-3033
80.000 CURITIBA PARAN - BRASIL
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Sumrio
INTRODUO ............................................................................................................4 CAPTULO I: DEFINIO, COMPOSIO, CLASSIFICAO E FINALIDADES DOS SMBOLOS..................................................................................................................9 CAPTULO II: SMBOLO, SIGNO E SINAL NATUREZA SIMBLICA DA PERCEPO............................................................................................................19 CAPTULO III: RELAO ENTRE FORMA E SIGNIFICADO DE UM SMBOLO SMBOLOS INDIVIDUAIS E SMBOLOS ARQUTIPOS..........................................30 CAPTULO IV: SMBOLOS NATURAIS E ARTIFICIAIS O PROCESSO DE SIMBOLIZAO SIMBOLISMO E A LEI DOS OPOSTOS ....................................40 CAPTULO V: SIMBOLIZAO: UMA FUNO BSICA DA MENTE....................50 CAPTULO VI: ORIGEM DOS SMBOLOS ...............................................................61 CAPTULO VII: MODALIDADE DE TRANSFOMAO SIMBLICA SMBOLOS MSTICOS.................................................................................................................69 CAPTULO VIII: SIMBOLISMO E A LINGUAGEM VERBAL METFORA E ANALOGIA................................................................................................................80 CAPTULO IX: O JARDIM SIMBLICO ....................................................................94 CAPTULO X: A MONTANHA SIMBLICA.............................................................111 CAPTULO XI: A RVORE SIMBLICA .................................................................121 CAPITULO XII: SIMBOLISMO DA RVORE E DA FLOR ......................................135 CAPTULOXIII: SIMBOLISMO NO ANTIGO EGITO ...............................................146 CAPTULO XIV: SMBOLOS PSQUICOS E SMBOLOS MSTICOS.....................157 CAPTULO XV: FUNO PSICOLGICA E FUNO MSTICA DOS SMBOLOS PERIGOS DA SIMBOLIZAO ..............................................................................171 CAPTULO XVI: EXEMPLOS DE SMBOLOS MSTICOS - HEINRICH KHUNRATH, ROBERT FLUDD, E MICHEL MAIER .....................................................................180 CAPTULO XVII: MICHAEL MAIER E O SIMBOLISMO ROSACRUZ DO SCULO DEZESSETE...........................................................................................................190 CAPTULO XVIII: ARTE E SIMBOLISMO ...............................................................195 CAPTULO XIX: POESIA E SIMBOLISMO .............................................................204 CAPITULO XX: CONCEITOS BSICOS DO SIMBOLISMO MSTICO...................216
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INTRODUO
A Grande Loja do Brasil tem especial satisfao em poder oferecer aos seus estudantes esta pequena obra sobre SMBOLOS, dada a grande importncia deste assunto para todos aqueles que esto trilhando a senda Rosacruz do
autoconhecimento e do desenvolvimento pessoal. Algumas afirmaes bsicas,
como as que fazemos a seguir, so suficientes para dar uma idia da relevncia do
tema e do valor do contedo deste livro para os Fratres e Sorores.
"Criar e usar smbolos uma funo bsica e natural
da mente humana. Esta funo se manifesta em religio, arte,
na conversa comum, e em cincia. Sem smbolos, ou sem
simbolizar, no podemos pensar sequer sobre a nossa
conscincia de simples relaes fsicas, ou express-las."
"A funo humana de simbolizar essencial
atividade da fase subconsciente da mente. A ignorncia ou a
represso dessa funo simbolizadora torna-a inconsciente e,
portanto, fora do controle do indivduo, podendo lev-lo a um
relacionamento inadequado com o ambiente e os seus
semelhantes (por confundir ele, inconscientemente, o seu mundo interior com a realidade objetiva)."
"A compreenso de si mesmo e do no-Eu
expressa por smbolos; ao usarmos tais smbolos, estamos
tambm ajudando a aprofundar a nossa compreenso. Os
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smbolos so um produto da compreenso e um valioso e
eficaz recurso para a mesma."
"A percepo e a memria dependem parcialmente
da simbolizao."
"Smbolos mitolgicos formulam conceitos sobre a
natureza do universo e do homem; comunicam esses conceitos
sob a forma de mitos, e essa comunicao, com sua vividez,
ajuda a instruir e lembrar. " "A nica maneira de o homem expressar sua
conscincia de impresses e experincias psquicas e msticas
pela simbolizao. Smbolos de harmonizao, iluminao, e
unio mstica, so usados para fins de meditao."
Vemos, portanto, que os smbolos cumprem diversas finalidades
psicolgicas essenciais na nossa vida em geral e, em particular, no nosso
desenvolvimento como msticos na Senda Rosacruz. Dentre essas finalidades,
podemos citar:
ordenao mental da vida, pelo homem;
comunicao;
reflexo;
preservao do conhecimento;
expresso criadora;
recurso de memorizao e instruo;
recurso de concentrao e meditao.
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Em linhas gerais, os captulos deste livro cobrem os seguintes pontos
principais do tema:
Definio de smbolo. Natureza dos smbolos: sua composio; noes da
psicologia da simbolizao; smbolos e a Lei do Tringulo. Classificao de
smbolos. Funes dos smbolos: compreenso, expresso, comunicao, etc.
Origem dos smbolos. Definies de signo e sinal; diferena entre signo, sinal, e
smbolo. Nveis de significado de smbolos. Finalidades dos smbolos: ordenao
mental da vida humana, reflexo, preservao do conhecimento, etc. Simbolismo e a
Lei dos Opostos; tipos de simbolizao. Simbolizao: maneira como o homem se
relaciona com o seu ambiente e ordena suas percepes. Simbolizao e
visualizao. Modalidades de simbolizao: mitologia e religio, magia, arte, cincia,
filosofia, misticismo. Funo psicolgica da natureza simblica da linguagem verbal:
simbolizao atravs da metfora, da analogia, da alegoria, da parbola, da poesia.
Smbolos psquicos e msticos: anlise psicolgica. Diferena entre funes
psquicas e funes psicolgicas e msticas. Simbolismo e arte: definio mstica de
arte; papel da arte no desenvolvimento psicolgico e mstico. Simbolismo e poesia
mstica. Conceitos bsicos do simbolismo mstico.
Este livro, portanto, constitui um pequeno tratado introdutrio ao estudo
de smbolos e da funo simbolizadora da mente humana; por isto o intitulamos
"Introduo Simbologia". Os Captulos de I a VIII (inclusive) versam sobre a Natureza e a Funo dos Smbolos. Nestes Captulos, predomina uma anlise
psicolgica do tema. Mesmo os estudantes Rosacruzes menos afeitos a este gnero
de empenho intelectual devem envidar esforos para estudar esta parte do livro. Isto
h de afetar ou modificar positivamente sua estrutura psquica, preparando-a para
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melhor apreciao e aproveitamento da parte descritiva desta Introduo. E, se essa
modificao for suficientemente profunda, poder exercer maravilhoso e poderoso
efeito em sua conscincia, iluminando-a para melhor compreenso e aproveitamento
de impresses e experincias psquicas e msticas. Essa nova compreenso da
natureza e da importncia dos smbolos, bem como das funes que os mesmos
cumprem (na nossa vida em geral e em nosso desenvolvimento mstico em particular), h tambm de atuar como forte estmulo a um interesse mais profundo pelo simbolismo Rosacruz. Isto ser particularmente valioso e til, para os
estudantes Rosacruzes, no tocante ao melhor aproveitamento dos smbolos que
compem os Templos Rosacruzes e o Sanctum dos prprios estudantes, como
eficazes recursos psicolgicos para meditao.
Do Captulo IX ao XIII (inclusive), so amplamente analisados os seguintes smbolos de interesse mstico: O Jardim, a Montanha, A rvore, e A Flor (com destacada referncia Rosa e ao Lotus). O Captulo XIII trata especificamente do simbolismo no Egito Antigo. Os Captulos XIV e XV fazem uma anlise
psicolgica de smbolos psquicos e msticos. Os Captulos XVI e XVII apresentam
exemplos de smbolos msticos, de Heinrich Khunrath, Robert Fludd e Michael Maier,
com quatro reprodues de gravuras originais. O Captulo XVIII versa sobre
Simbologia e Arte. Este particularmente interessante para pessoas envolvidas em
atividades artsticas, destacando tambm a importncia destas atividades para o
desenvolvimento psicolgico e mstico. O Captulo XIX trata de Simbolizao e
Poesia Mstica, com apresentao de alguns poemas inspirados (Alexander Pope, John Keats, etc.), muito estimulantes na busca do xtase mstico prprio da Harmonizao Csmica. Finalmente, o Captulo XX analisa e comenta Conceitos
Bsicos da Simbologia Mstica.
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E j que estamos introduzindo um texto sobre smbolos, seja-nos permitido um fecho simblico, visto que de outro modo nossa mensagem final seria
impossvel: A verdade mstica do Universo e da Vida como um Canto de Sereia
Csmica: sedutora, enigmtica e inexprimvel. S pode ser conhecida por
experincia direta e, mesmo quando assim conhecida, no pode ser dita ou descrita.
Aquele que a conhece enche-se de Luz na Vida do Ser, e seu Clice transborda de
Amor a tudo. Em seu anseio ento, de expressar sua sublime experincia e
comunic-la ao seu semelhante, s pode ele entoar tambm o Canto de Sereia que
aprendeu de sua mstica unio. No Jardim excelso em que vive, no alto da
Montanha, desfrutando o gozo inefvel do maravilhoso Fruto da rvore do Conhecimento, faz ecoar esse Canto, que vai tanger o corao dos homens do Vale,
e seduzi-los e ench-los do sacrossanto desejo de escalar a Montanha, para entrar no Jardim e nele viver, em sagrada e universal comunho. E esse Canto de Mistrio,
vibrao mgica que do mago do mstico realizado se irradia, fragrncia
maravilhosa que da Rosa plenamente desabrochada se exala, sobre as Rosas do
Vale cai como Divino Orvalho e as toca e vitaliza, impelindo seu mstico desabrochar
na Cruz!
Assim que o Jardim, no alto da Montanha, vai se tornando um
encantado Jardim de Rosas, vitalizadas pela Luz do Divino Sol, regadas pela gua Pura e Santa da Conscincia Csmica, e respirando o Ar Puro da Divina Essncia
que se f az TUDO!
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CAPTULO I: DEFINIO, COMPOSIO, CLASSIFICAO E FINALIDADES DOS SMBOLOS
Uma das coisas que distinguem o homem dos animais a capacidade
humana de simbolizar. Memria, imaginao e impresses psquicas, empregam a
funo mental simbolizadora. Religio, cincia, misticismo e mitologia, tambm
fazem uso de smbolos, bem como sonhos, alegorias, contos de fadas, e rituais. Um
templo sagrado no apenas contm smbolos, mas, ele prprio um smbolo.
Uma montanha ou uma escada podem simbolizar ascenso ao Csmico.
Uma esfera ou bola representa o mundo, o universo, ou o todo. Um livro simboliza
conhecimento. Uma corrente ou uma escada representam a hierarquia da Criao.
Uma utopia, o Paraso, os Campos Elsios, ou as Ilhas dos Bem-
aventurados, so projees simblicas da vida ideal, da vida que o homem gostaria de viver na Terra. Um jardim, quer negligenciado como em Hamlet, quer perfeito como o bblico Jardim do den, simboliza as idias do homem a seu prprio respeito.
Gestos so atos simblicos. O Sinal da Cruz Rosacruz representa o
compromisso do iniciado. O dedo indicador levado aos lbios representa silncio.
Usamos um gesto para indicar "entre", e outro para indicar "saia".
O objeto, a idia, e o gesto, so usados para representar uma outra coisa que est com eles de algum modo relacionada. Isto constitui a forma do smbolo,
seu componente objetivo, material, ou perceptivo. Nos exemplos acima, a bola, a montanha, a corrente, os Campos Elsios, o jardim e o Sinal da Cruz, constituem a forma. Assim, a bola a parte do smbolo que cumpre a funo de representar.
A forma da bola simboliza o mundo ou o todo. E isto o que ela significa.
O significado o fator subconsciente, psquico, ou conceptual e emocional, que
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representado pela forma. A montanha significa ascenso; a escada e a corrente
significam a hierarquia da Criao.
Um smbolo completo compe-se de forma e significado. Em termos da
Lei do Tringulo, a forma a primeira ponta; o significado, a segunda, e, o prprio
smbolo, a terceira. A forma do significado pode ser realizada na mente, do mesmo
modo como um sonho lembrado mas no contado a outrem. Podemos pensar no
Sinal da Cruz sem express-lo ou us-lo. Mas a forma, ou o significado, ou ambos,
podem ser expressos de algum modo, por exemplo fazendo-se uma descrio da
montanha e do seu significado, ou desenhando-se a forma da montanha ou do
tringulo. No ltimo caso, pode-se explicar o significado ou deixar que o observador
o apreenda. (Vide pgina 18, Figura 1.) J aprendemos que um smbolo um objeto, uma idia, uma emoo, ou
um ato, usado para representar um outro objeto, uma outra idia, etc.; que ele se compe de forma e significado, que so os seus elementos objetivo e subconsciente, ou material e psquico. J aprendemos, tambm, que um smbolo
pode ser expresso ou simplesmente realizado na mente.
Os smbolos psquicos, isto , aqueles que fazem parte de nossas
impresses e experincias psquicas, devem ser expressos em termos de
fenmenos objetivos, materiais, para que possamos tomar conscincia dos mesmos e compreend-los. Devem ser expressos numa forma, para que no permaneam
totalmente subconscientes. Uma idia recebida numa impresso psquica
aparentemente ouvida em palavras ou vista numa imagem mental. Podemos chamar
isto de forma psquica, para distingui-la do tipo de forma da bola material. Mas ela
uma forma; a parte do smbolo que representa o significado.
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Simbolizar um processo automtico e muitas vezes inconsciente, que
primariamente subconsciente. A verdadeira simbolizao uma funo
subconsciente, e no objetiva. Os smbolos so transmitidos e usados pelas funes objetivas da mente. A forma da bola ou da escada percebida, apreendida objetivamente, e se torna parte da memria do subconsciente. Esta memria subconsciente associada ao significado ou parte subconsciente do smbolo. esta funo que integra ou unifica as duas partes (a forma e o significado) num todo.
A forma redonda da bola como o mundo; subconscientemente
associada ao mundo e se torna um smbolo do mesmo. A montanha associada a
altura e escalada ou alpinismo e, portanto, a ascenso; unificada ao significado
pelo subconsciente e se torna um smbolo.
A conscincia objetiva apreende e usa o smbolo falando a seu respeito, realizando rituais, e de muitos outros modos. Se o smbolo se torna
predominantemente objetivo, passa a constituir um sinal ou signo. Smbolos religiosos, por exemplo, tendem a se tornar sinais de reaes mentais ou
emocionais, acabando por serem entendidos literalmente, ao invs de
simbolicamente. Smbolos msticos, como a Rosa-Cruz, smbolos psicolgicos, como
os de alguns sonhos, e smbolos psquicos, tendem a degenerar para sinais ou
signos empregados objetivamente. Devem ser mantidos subconscientemente vivos, para que conservem um equilbrio, ou uma harmonia de seus componentes objetivo e subconsciente. Se eles so smbolos vivos, no s expressam desenvolvimento
mstico, mas, tambm promovem esse desenvolvimento.
Um smbolo, ento, consiste em forma e significado e uma funo das
fases objetiva e subconsciente da mente. Os smbolos nascem no subconsciente e constituem parte da base de outros processos mentais, como a imaginao, a
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memria, e mesmo a percepo. Embora um smbolo tenha origem subconsciente,
deve ser uma funo harmoniosa de todos os processos mentais.
Usando novamente a Lei do Tringulo, o smbolo, ou a terceira ponta,
resulta da forma percebida pelos sentidos objetivos e unificada subconscientemente ao significado. Os componentes objetivo e subconsciente so a primeira e a segunda pontas do tringulo. A unio dos dois componentes necessria para que
se tenha um smbolo vivo. Eles devem funcionar de modo equilibrado ou
harmonioso. (Vide pgina 18, Figura 2.) O homem tem conscincia da dualidade de reino mundano e reino
Csmico, ou reino material e reino psquico. Tem tambm conscincia do Eu e do
no-Eu, como uma dualidade. E de vrios modos relaciona o Eu e o no-Eu.
Primeiro, atravs dos seus sentidos, percebe a si mesmo e ao mundo que no ele
prprio. Apreende a ambos. Neste tringulo, o Eu a primeira ponta, o no-Eu a
segunda, e a realidade do homem, ou sua conscincia do Eu e do no-Eu, a terceira
ponta, que resulta das outras duas e as unifica. (Vide pgina 18, Figura 3.) Quando vejo uma rosa, recebo e percebo um estmulo vibratrio, e sinto
que a rosa bela. Esse estmulo a primeira ponta de um outro tringulo e, a
reao emocional, a apreenso de beleza, a segunda ponta. A rosa pode ento
ser um smbolo de beleza, e este smbolo a terceira ponta. As reaes mentais e
emocionais constituem a segunda maneira em que relacionamos o Eu com o no-
Eu.
O duplo tringulo desenhado no fim da pgina 18 deste Captulo integra
os dois tringulos simples num nico smbolo, cujos pontos opostos esto relacionados entre si. O Eu est relacionado com reao, o estmulo vem do no-Eu,
e o smbolo parte da nossa realidade e uma expresso da mesma.
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A terceira maneira em que relacionamos o Eu e o no-Eu o processo
simbolizador do que tem sido chamado de transformao simblica. Transformamos
nossa experincia em smbolos realizados mentalmente ou expressos. Estas trs
maneiras em que relacionamos o Eu e o no-Eu esto inter-relacionadas e so
interdependentes. No podemos simbolizar sem perceber, sentir e pensar. Os
smbolos afetam nossas percepes e emoes, e nossas idias e emoes
influenciam nossas percepes e os smbolos que criamos.
A rosa na Rosa-Cruz (cruz com uma s rosa no centro) um smbolo derivado de percepes objetivas de rosas, bem como de idias e emoes suscitadas por rosas. A rosa e seu desabrochar esto associadas no subconsciente
personalidade anmica ou personalidade-alma, que constitui o significado ou
componente subconsciente. A forma da rosa e o significado a ela associado esto
fundidos num smbolo. A percepo da rosa um modo de relacionar o Eu e o no-
Eu; os sentimentos a respeito da rosa so um outro modo; e o smbolo o terceiro
modo.
A quarta maneira em que o homem relaciona o Eu e o no-Eu atravs
do seu comportamento, daquilo que ele faz e de como o faz. O comportamento de
um indivduo caracteriza-o e, de certo modo, simboliza esse indivduo para ele
prprio e para os outros. Seu jeito de andar, de reagir a situaes e problemas, seus gestos, todas estas coisas so expresses e smbolos do Eu e sua relao para com
o mundo que o cerca.
Os smbolos podem ser classificados de vrios modos. No livro,
"Smbolos Antigos e Sagrados", de Ralph M. Lewis, editado pela AMORC, so eles
classificados como naturais ou artificiais. Podem tambm ser divididos em objetivos, subjetivos, e subconscientes, conforme a natureza do significado.
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Por exemplo, quando usamos a bola ou o crculo para representar o
mundo ou o universo, este smbolo significa algo objetivo. Quando usamos a bola ou o crculo para simbolizar o todo ou algo completo, damos ao smbolo um significado
subjetivo, uma idia. Se a rosa representa beleza, o significado tambm subjetivo. Quando ela representa a personalidade-alma, um smbolo subconsciente. A
terceira categoria poderia ser chamada de arqutipos ou smbolos Csmicos. Esta
categoria inclui muitos smbolos comuns, como o jardim e a montanha, que sero examinados em captulos posteriores.
A cruz, usada para simbolizar as quatro direes do espao um smbolo
objetivo. Quando representa perseguio, um smbolo subjetivo. Usada na Rosa-Cruz, um smbolo subconsciente. Analogamente, o desenho de um farol pode ser
usado objetivamente para representar um farol de fato; subjetivamente, para representar conhecimento; e, subconscientemente, para simbolizar intuio ou
Conscincia Csmica. A classificao, neste caso, no depende da forma, e sim do
significado.
Os smbolos podem ser considerados como individuais, coletivos, ou
Csmicos. Um smbolo que derivado da prpria experincia do indivduo e lhe
peculiar, um smbolo individual. Uma jia, por exemplo, pode ter um significado simblico particular, devido a algum evento ou sentimento a ela associado. Smbolos
coletivos so aqueles que so usados por grupos de carter religioso, ordens
fraternais, grupos sociais, e grupos educacionais ou desportivos. Smbolos polticos,
como as bandeiras, so smbolos coletivos, tais como o smbolo da ONU. Smbolos
Csmicos ou arqutipos so aqueles que so comuns a muitas pessoas em
diferentes pocas e lugares. A cruz em suas muitas formas, smbolos de rvores, e a
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montanha simblica, todos transcendem o uso individual ou coletivo, embora
apaream em vrias formas.
Como a simbolizao fundamental para muitas funes mentais,
usada para formular idias, emoes, etc. Sem smbolos, o homem seria incapaz de
compreender leis naturais e Csmicas fundamentais. Suas crenas religiosas e
filosficas dependem de sua capacidade para simbolizar. A realidade particular de
cada indivduo depende dos smbolos que ele usa e dos significados que lhes
atribui.
Uma lngua, falada ou escrita, um sistema de signos e smbolos.
Gestos, linguagem por sinais, e outras formas de comunicao, tambm so
baseadas em smbolos. Sem smbolos, a comunicao humana estaria limitada a
gritos e sinalizaes animais. Um poeta, um pintor, ou um msico, transformam
simbolicamente sua experincia em obra artstica.
Algumas formas de comunicao constituem, parcial e basicamente, um
meio de preservar filosofia, sistemas polticos, cincia, etc., para futuras geraes.
Sem algum sistema lingstico ou outros sistemas, essa herana cultural no poderia
ser transmitida de uma poca para outra ou de um lugar para outro.
Os meios de comunicao que acabamos de mencionar so usados, no
somente para o indivduo transmitir suas idias e emoes a outrem, mas, tambm
para fim de expresso pessoal. A transformao simblica realizada conforme haja ou no uma outra pessoa para apreci-la.
Os smbolos so usados como recursos de memorizao, de instruo, e
durante prticas de meditao e concentrao. So empregados para estes fins nos
ensinamentos, nas iniciaes e nos rituais, em geral, dos Rosacruzes.
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Smbolos so produtos da natureza psicolgica e psquica do homem.
Expressam seu Eu emocional e seu Eu psquico, mas estes, por sua vez, afetam seu
desenvolvimento no sentido da integrao psicolgica e da unio mstica. Simbolizar
uma funo importante do ser humano, mas uma funo que influencia suas
habilidades, seus poderes, e sua capacidade criadora.
Os smbolos podem ter origem na tradio cultural ou na experincia
pessoal. Bandeiras, smbolos e rituais religiosos, e smbolos de "status", so de
origem cultural. A Rosa-Cruz , neste sentido, um smbolo culturalmente concebido.
No entanto, a cruz pode ter forma e significado compreensveis para um dado
indivduo, tornando-se ento um smbolo tambm pessoal.
A cruz, em algumas formas, passou de um grupo para outro, ou foi
assimilada de uma cultura para outra. Esta a terceira maneira de criao de
smbolos. Um smbolo como a cruz ou a rvore pode, no decurso de sua histria, ser
derivado das trs fontes, pessoal, cultural, e por assimilao ou "emprstimo".
Falando de um ponto de vista psquico e mstico, os smbolos podem se
originar numa experincia psquica intuitiva; podem ser recebidos telepaticamente, e
podem ter origem na memria de encarnaes passadas.
SUMRIO
Smbolo um objeto, uma idia, uma emoo, ou um ato, usado para representar um outro objeto, uma outra idia, etc. Compe-se de forma e significado, ou componente objetivo e componente subconsciente.
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O homem relaciona o Eu e o no-Eu atravs dos sentidos, de reaes
mentais e emocionais, da simbolizao, e do comportamento.
Os smbolos se classificam em:
1. Naturais e artificiais.
2. Objetivos, subjetivos, e subconscientes. 3. Individuais, culturais ou coletivos, e Csmicos.
Os smbolos so usados para diversos fins, como:
1. Formular idias, emoes etc.
2. Na comunicao.
3. Na preservao de filosofia, cincia etc.
4. Na expresso pessoal.
5. Como recurso de instruo e memorizao.
6. Em meditao e concentrao.
7. Para promover integrao psicolgica e unio mstica.
Os smbolos tm origem na tradio cultural ou na experincia pessoal;
atravs de migrao (transmisso) e por assimilao ou "emprstimo"; por intuio e experincia psquica; na comunicao teleptica, e em encarnaes anteriores.
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Figuras 1, 2 e 3
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CAPTULO II: SMBOLO, SIGNO E SINAL NATUREZA SIMBLICA DA PERCEPO
Um smbolo representa alguma outra coisa. Um livro, por exemplo, pode
representar conhecimento, porque livros so uma das fontes de conhecimento. A
corrente e a escada tm sido usadas para representar a hierarquia da Criao, do
plano material ou mundano para o plano Csmico, porque associamos sries de
coisas a elos ou degraus, e porque, especialmente no caso da escada, associamos
ascenso sua finalidade.
Um signo identifica ou indica alguma coisa, ou aponta para ela. Um signo,
numa loja, identifica a loja. Um rtulo numa garrafa um signo que identifica seu contedo. Um signo pode ser definido como um smbolo que indica ou identifica algo
percebido ou concebido, seja no mundo objetivo, seja na mente; tende a identificar, mais do que representar.
Um sinal implica uma reao por parte do usurio ou observador. Um
sinal num cruzamento de linha frrea usado para induzir o motorista a parar
quando um trem est para passar; implica uma reao da parte da pessoa que est
dirigindo o carro. Um gesto de silncio a algum que est falando um sinal. Um
sinal pode ser definido como um signo usado para sugerir ou induzir uma dada
reao em quem o v.
A palavra vermelho, significando uma cor, um signo; usada para
representar raiva ou calor, um smbolo; mas, quando esta cor empregada num
semforo, um sinal.
H duas espcies de signos. A primeira derivada do mundo material ou
objetivo. Um "X" com significado de cruzamento de linha frrea derivado da
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aparncia do cruzamento da linha frrea com a rua. O livro, encarado como smbolo,
derivado do livro concreto.
A segunda espcie de signo uma degenerao de um smbolo original;
isto , de incio era um verdadeiro smbolo, que representava algo diferente dele
prprio e no era um simples rtulo. Por uso constante e habitual, um smbolo pode
degenerar e tornar-se morto, transformando-se num signo que apenas faa
referncia a alguma coisa. Originalmente, uma bandeira representa um pas e os
sentimentos dos cidados para com o mesmo; tem um significado complexo e vai
muito alm de rotular o pas (como acontece com o nome deste ltimo). Com o passar do tempo e o uso, pode vir a no significar mais do que um rtulo e, neste
caso, o smbolo torna-se um signo. Fica, de certo modo, estagnado e degenerado.
Muitos smbolos religiosos tendem a se tornar signos, em lugar de smbolos
verdadeiros.
Um signo tende a ter um significado simples, ao passo que um smbolo
tende a ter um significado mltiplo em qualquer uso particular. Uma caveira com dois
ossos cruzados, no rtulo de uma garrafa, significa que o contedo venenoso.
Neste caso, o signo significa isto e somente isto. A mesma imagem, porm, pode ser
usada para representar a morte, e ento o significado se torna complexo ou mltiplo,
apresentando-se em vrios nveis.
Um signo, em geral, conscientemente apreendido e usado, enquanto
um smbolo, com mais freqncia, total ou parcialmente inconsciente. Por
exemplo, podemos estar mais ou menos inconscientes do fato de que uma pessoa,
pelo exemplo da sua vida, tenha se tornado para ns um smbolo de virtude. Os pais
chegam a ter significao simblica para seus filhos, porm, tanto os pais como os
filhos so muitas vezes inconscientes disto.
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O homem toma conscincia de si mesmo e do seu ambiente atravs da
percepo dos seus cinco sentidos, e reage a essas percepes com idias e
emoes que nele so despertadas ou que ele associa s percepes. Os signos
esto precipuamente baseados no nvel perceptual da experincia. Os smbolos
esto precipuamente baseados nos nveis de reao, nas idias e emoes.
As diferenas entre signo e smbolo podem ser assim relacionadas:
Signo
1. Significado simples
2. Identifica ou indica
3. Tende a ser consciente
4. Baseado no nvel perceptual.
Smbolo
Significado mltiplo
Representa
Tende a ser inconsciente
Baseado nos nveis de reao
O processo de simbolizao pode ser explicado atravs da percepo e
da reao que so aspectos fundamentais da constituio do homem. Quando
percebemos um objeto, o estmulo vibratrio incide sobre nossas faculdades sensoriais. Ondas luminosas, por exemplo, so recebidas por nossos olhos e vemos
rvores, gramados e prdios. O estmulo das vibraes resulta numa percepo,
numa imagem mental que faz parte da experincia. Neste sentido, a palavra imagem
se refere a qualquer imagem perceptiva, seja visual, auditiva, tctil, ou de qualquer outra natureza. Inclui tambm a conscincia de estmulos psquicos.
Temos assim uma percepo que corresponde parte da atualidade1 que
a causou. Essa percepo, no sentido mais amplo do termo smbolo, j um smbolo. No o prprio objeto, mas corresponde ao mesmo e de certo modo o
1 Atualidade - Na concepo Rosacruz, a natureza (vibratria) das coisas, consideradas em si mesmas, independentemente da humana percepo e interpretao.
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representa. Faz parte da realidade que existe na nossa mente e corresponde
atualidade que existe no mundo.
Quando vemos agradveis gramados, rvores e belos prdios, isto
desperta em ns certas emoes e idias. Gostamos destas coisas e nos sentimos
bem com relao s mesmas. E a elas associamos outros lugares ou cenas
semelhantes. Estas so reaes s percepes. Temos conscincia dessas reaes
e as associamos s percepes, porm, elas no fazem parte das prprias
percepes, nem dos objetos. Dizemos algo que expressa nossas idias e emoes, bem como as
percepes que as originaram. Vamos chamar isto de resposta. Respondemos
nossa experincia com algum tipo de comportamento (palavras, gestos, uma pintura, gemidos, etc.). Estas reaes so respostas, que representam as percepes, as idias ou as emoes (ou uma combinao de tudo isto). As respostas simbolizam os nveis perceptivo c de reao da nossa experincia; representam esses nveis.
Uma resposta, ento, o comportamento resultante da percepo e da
reao. Pode consistir em palavras, exclamaes, uma obra de arte, uma expresso
facial, mas constitui tambm um smbolo. Muitas dessas respostas so
essencialmente signos ou sinais, e no smbolos verdadeiros, porm, todas tm
natureza simblica. Por sua vez, so observadas e percebidas, e novamente
despertam reaes a que respondemos. Assim, a seqncia, percepo, reao,
resposta, at certo ponto perpetua a si mesma, tendendo a prosseguir
indefinidamente.
Quando vemos um smbolo, a forma p estmulo e derivada do mundo
objetivo ou material. percebida pelos olhos e uma imagem formada na mente. Esta percepo um elo entre a forma objetiva e o significado, mas, tambm parte
23
vital do significado. A imagem na mente corresponde forma, porm, a base do
significado. Vemos um crculo que simboliza totalidade. A imagem ou percepo
corresponde ao crculo real, mas a base do significado, ou seja, a totalidade. A idia de totalidade uma reao percepo. Trata-se de uma idia na
mente, que associada percepo; portanto, uma parte essencial do significado.
Se pensamos nesse conceito de totalidade do ponto de vista mstico, ele pode
despertar um sentimento de harmonizao ou deleite. Isto tambm est associado
percepo e se torna parte do significado.
Estas relaes podem ser assim resumidas:
Forma
Objetiva Significado
Perceptivo
Reativo
A natureza e a funo de um smbolo devem incluir todos ou a maioria de
certos aspectos. Estes sero esboados e depois discutidos. Se um ou mais desses
aspectos esto ausentes ou so deficientes, o smbolo tende a se tornar um signo
ou um sinal.
1. Mesmo tratando-se de um smbolo cultural ou coletivo, deve ter um
significado individual.
2. Deve ter origem nas funes subconscientes da mente.
3. As duas polaridades, a forma e o significado, devem ser harmoniosas.
4. A forma e o significado, pelo menos at certo ponto, devem ser reversveis.
24
5. Um smbolo deve ter mais de um nvel de significado, se no efetivamente em
algum uso particular, pelo menos em potencial.
6. O significado projetado para a forma e novamente assumido pelo indivduo que percebe o smbolo, para ser reprojetado etc.
7. O smbolo transmite significado queles que o empregam e transmuta sua
conscincia ou experincia.
A Rosa-Cruz, a cruz com uma s rosa no centro, usada por um grupo;
portanto, um smbolo cultural. Tem um significado comum a todo o grupo e que ele
compreende. A cruz representa um homem de p com os braos estendidos para os
lados, bem como as tribulaes e experincias da vida. A rosa representa o Eu
interior, a personalidade-alma. Todavia, a menos que este smbolo tenha tambm
um significado especial para o indivduo que o empregue, tender a ser um signo.
Ele deve ter um significado individual, para ser um smbolo vivo, ativo.
Um verdadeiro smbolo tem origem subconsciente. Sua forma derivada
do mundo objetivo, mas o smbolo como um todo o que devido ao contedo do subconsciente que se relaciona com a forma. A forma e o significado tornam-se um
smbolo, ou so criados ou unificados, como parte das funes subconscientes. Para
um smbolo permanecer significativo, deve ser mantido vivo, pensando-se nele,
meditando-se sobre ele, a fim de que no se torne demasiadamente objetivo. Uma forma, com sua natureza objetiva, pode ser encarada como o fator
negativo, e o significado, que primordialmente subconsciente, o plo positivo. As
duas polaridades, a forma ou polaridade negativa, e o significado ou polaridade
positiva, so fundidas num smbolo porque nelas h um elemento comum ou
elementos comuns; elas so associadas por determinada razo, e tm origem em
25
alguma harmonia ou algum equilbrio entre si. Se uma das duas polaridades, a forma
ou o significado, torna-se predominante, o smbolo tende a se transformar em signo
ou sinal ou, por assim dizer, desintegra-se, de modo que o smbolo, propriamente,
deixa de existir, ou o significado passa a ser associado a uma outra forma.
A rosa representa o Eu interior, de maneira que associamos uma coisa
outra e uma lembra a outra. At certo ponto, elas podem ser substitudas uma pela
outra; a forma e o significado so reversveis. Quando algo acontece num dado
lugar, seja agradvel ou no, o evento e os sentimentos a ele associados tornam-se um significado ligado quele lugar, que a forma objetiva do smbolo. Mais uma vez, porm, uma coisa pode lembrar a outra; o lugar lembra o sentimento e, este, lembra
o lugar. A forma e o significado so reversveis.
Diz-se que a alegoria, que uma forma de simbolismo, apresenta
diferentes nveis de significado. E isto pode ser dito de qualquer smbolo. H um
significado literal ou objetivo, um significado psicolgico, e um significado psquico ou mstico. Em qualquer uso particular, um smbolo pode ter somente um significado
psicolgico, por exemplo, mas deve ter todos os trs nveis, potencialmente. Os
significados que no so evidentes, so implcitos no smbolo, por associao.
Na escrita figurativa ou hieroglfica, a figura de um homem representa um
homem, a de uma ave representa uma ave. Estas figuras tm significado objetivo. A figura da ave pode ser usada para representar vo ou a alma, caso em que tem
significado psicolgico. A ave representa uma funo ou concepo, com ela
relacionada por uma dada razo. A ave, como a lendria fnix, pode simbolizar
renascimento e regenerao, que so conceitos msticos. A simples figura ou
imagem da ave tem assim trs diferentes nveis de significado. Pode ter somente um
deles em determinado caso, mas os outros esto implcitos.
26
O significado de um smbolo uma projeo da mente do homem. Trata-se de uma projeo da realidade do indivduo para a forma do smbolo. Quando compreendemos o significado da Rosa-Cruz, projetamos este significado da mente para a forma. Um templo um prdio sagrado e um smbolo do que sagrado,
porque projetamos as idias e os sentimentos da nossa conscincia para a forma do templo. Sem o significado, a forma apenas material, at que realmente projetamos para ela o significado.
Essa projeo objetivada e considerada como se pertencesse forma; e um smbolo exatamente isto. A projeo objetivada, mais a forma, compem o smbolo em seu todo. Mas esse significado objetivado, por sua vez, assumido pela pessoa que o projetou, a qual torna o significado parte de si mesma. isto que mantm o smbolo vivo, evitando que ele degenere para um signo ou sinal. No
processo em que assumido, o smbolo transmutado e modificado. Quando ele
assumido e se torna de novo parte da conscincia do indivduo, no exatamente o
mesmo smbolo de antes.
Este processo se repete muitas vezes. O elemento subconsciente
projetado para a forma e depois assumido, re-projetado e reassumido. Por concentrao e meditao num smbolo, o mstico se toma o smbolo,
tanto em forma como em significado. Quando ele projeta e assume o significado, produz em seu prprio mago novas fases de significado, que so outra vez
projetadas para a forma e reassumidas. Esta a parte bsica do processo de desenvolvimento psquico ou mstico, seja consciente ou inconsciente, e quer a compreendamos ou no. Mas a apreenso consciente e a compreenso ajudam o prprio processo e o desenvolvimento.
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Um smbolo, por sua natureza, transmite aquilo que representa. Transmite
informao ou conhecimento de uma pessoa para outra, de um grupo para outro, do
Csmico para o homem. O smbolo menos importante transmite alguma coisa
pessoa que o v, ouve, ou de algum outro modo o percebe. Mesmo um sinal como o
de um cruzamento de linha frrea, ou um signo como um letreiro de loja, fazem isto. Um smbolo transmite essa informao ou esse conhecimento de modo
diferente de um signo. Um signo o faz por indicao direta; um smbolo, por meios
indiretos, ou por representao. Transmite ainda algo diferente do que transmite um
signo. Um smbolo, ao contrrio de um signo, tem nveis de significado, porque surge
do subconsciente, onde foi criado, e traz consigo elementos subconscientes.
Quando um smbolo degenera para um signo, perde estes elementos, e perde o
poder de transmitir esses significados.
Um smbolo tambm um agente de transmutao. Altera nossas idias
ou emoes, ou nos modifica psiquicamente. Quanto mais do elemento
subconsciente tem o smbolo, mais ele um agente transmutador, ou seja, mais promove nosso desenvolvimento mstico. Essa transmutao, deve-se notar,
devida, pelo menos parcialmente, projeo e assuno que j examinamos. Como exemplo desse fator de transmutao, ns, como seres humanos,
apreendemos Deus somente em nosso Eu psquico, conhecendo-O e amando-O por
harmonizao. Esse conhecimento e esse amor s podem ser expressos, mesmo
para o prprio indivduo, em smbolos que nascem subconscientemente e de que a
conscincia objetiva se torna ciente. Tais smbolos so representaes, no do prprio Deus, e sim da nossa apreenso de Deus, do nosso conhecimento e do
nosso amor.
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Projetamos o conhecimento de Deus e o amor a Deus, e os assumimos; projetamos os smbolos para Deus e depois os assumimos. Tanto o conhecimento e o amor, como os smbolos que os representam, esto continuamente renascendo,
porm, eles renascem parcialmente atravs de renovao da experincia direta e,
em parte, atravs de projeo e assuno dos smbolos que esto ligados a Deus na mente do mstico. Os smbolos, assim, ajudam a transmutar o mstico, a promover o seu desenvolvimento.
Se comeamos a encarar os smbolos como fato ou experincia literal,
reduzimo-los a signos ou sinais, e destrumos nossa prpria experincia de
harmonizao mstica. somente como smbolos que eles transmutam, psicolgica ou misticamente.
Um antigo smbolo do ciclo de vida e morte a semente. A semente
germina, cresce, a planta morre, e a semente germina de novo. Isto no s
representa ciclos reais de crescimento, declnio e renascimento, mas, tambm de
crescimento e renascimento espirituais.
A ttulo de exerccio, medite o leitor sobre o significado da semente e o
amplie de modo que se aplique ao homem individualmente, ao homem
coletivamente, natureza, e vida espiritual, ou s metas do misticismo. Isto
tambm pode ser feito com a flor, o fruto e a semente. Poder considerar as
seguintes perguntas: Que forma tem o smbolo para voc? Que significado voc
projeta para a forma? Como a forma se modifica quando voc medita sobre ela posteriormente?
29
SUMRIO
Um smbolo representa uma outra coisa. Um signo identifica ou indica
alguma coisa. Um sinal implica uma reao por parte de quem o emprega. H duas
espcies de signos. A primeira derivada do mundo objetivo; a segunda um smbolo degenerado.
Este Captulo aponta as diferenas que existem entre um signo e um
sinal.
A percepo corresponde parte da atualidade que a causou. No sentido
mais amplo do termo, um smbolo. Reagimos a percepes com idias e emoes.
Uma resposta o comportamento resultante da percepo e da reao. A
percepo o elo entre a forma objetiva e o significado, mas tambm parte do significado.
Aspectos essenciais a um smbolo so apresentados neste Captulo, bem
como um exerccio de meditao sobre a semente como um smbolo.
30
CAPTULO III: RELAO ENTRE FORMA E SIGNIFICADO DE UM SMBOLO SMBOLOS INDIVIDUAIS E SMBOLOS ARQUTIPOS
Um smbolo e aquilo que ele representa, ou a forma e o significado, esto
relacionados de trs modos possveis: por associao, por sugesto, ou pela lei das
correspondncias.
A cor branca traz mente a idia de pureza; a montanha associada a
altura e ascenso; a rvore associada vida. A forma e o significado do smbolo
esto associados porque so de algum modo semelhantes. A cor branca
associada a pureza porque parece limpa e pura. O fato de a cobra abandonar sua
pele semelhante a nascer de novo, de maneira que ela simboliza renascimento.
As coisas so associadas tambm devido a dessemelhana; mesmo
assim, porm, pertencem mesma categoria. Branco e preto so associados porque
so opostos, mas ambos pertencem categoria das cores. Polaridades opostas
tendem a simbolizar uma outra, como, por exemplo, os aspectos fsico e mental do
ser humano, o tomo e o universo.
Forma e significado podem ser associados em funo de atributos
naturais, como o leo e sua fora, a raposa e sua astcia. Analogamente, um objeto pode ser simblico devido sua natureza ou funo. A montanha, como j foi dito, simboliza ascenso e altura. O Sol representa a vida e iluminao mstica.
Coisas que acontecem no mesmo lugar so associadas, e uma se torna
um smbolo da outra. O lugar de um acidente torna-se um smbolo, no apenas do
acidente, mas, dos sentimentos a ele associados. Do mesmo modo associamos
sentimentos agradveis a certos lugares.
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Celebraes ou rituais do Ano Novo dependem do tempo; so
essencialmente cclicos. A forma, que consiste no evento e nas atividades, e o
significado, esto associados devido ao comeo de um novo perodo ou ciclo de
tempo.
Muitos dos smbolos usados por um indivduo vm de sua famlia, seus
professores, e outros elementos do grupo cultural em que ele vive. Smbolos
derivados de escrituras sagradas so aceitos pelo indivduo e atuam como
sugestes para ele. Aprendemos que certa bandeira representa o pas em que
vivemos, e aceitamos isto. A publicidade comercial contm a sugesto de smbolos
que aceitamos. Uma cena agradvel ou uma bela jovem, ligadas ao nome de um produto, atuam como um smbolo, ou so usadas com esta inteno. Pretende-se
que o pblico associe prazer e beleza ao produto.
O terceiro modo em que a forma e o significado so relacionados pela
lei das correspondncias, e isto usado no sentido mstico segundo expressa o
axioma hermtico: "assim como em cima, em baixo". Isto ilustrado pelo
smbolo da escada cujos degraus representam a hierarquia ou os nveis da Criao. Cada srie de degraus, ou cada seo da escada, guarda correspondncia com as
demais.
Em outras palavras, o grande mundo, ou o universo, corresponde ao
pequeno mundo, ou o homem. O reino csmico ou divino corresponde ao mundano.
Na pea de Shakespeare, "Hamlet", o prncipe diz que vive demais ao Sol. Ele est
usando o Sol para simbolizar o rei, j que os dois so elementos correspondentes de duas sries. O Sol, no universo, corresponde ao rei na sociedade. O que Hamlet
quer dizer que ele passa muito tempo na presena do rei. A rosa e o ltus
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simbolizam o Sol porque so tidos como correspondentes a este astro no reino das
flores.
Temos ento o seguinte esboo da maneira como a forma e o significado
esto relacionados:
1. Associao
Semelhana
Dessemelhana
Atributos ou funes naturais
Espao
Tempo
2. Sugesto
3. Correspondncia
O pensamento e a comunicao dos seres humanos so baseados em
signos e smbolos. O processo de simbolizao necessrio em cincia,
matemtica, religio, arte, e filosofia. Sem smbolos, o homem no pode pensar em
termos do passado e do futuro. A linguagem verbal, o meio primordial de
comunicao, um sistema de signos e smbolos.
Os smbolos cumprem vrias finalidades. O homem precisa de ordem no
seu mundo, e essa ordem conseguida em larga escala por meio de smbolos. As
percepes sensoriais so traduzidas em palavras ou outros smbolos. Experincias
emocionais so expressas em forma simblica, seja linguagem verbal, pintura, ou msica. Precisamos de signos e smbolos para expressar conceitos cientficos e
filosficos (ou para usar na conversa comum sobre os acontecimentos do dia).
33
A segunda finalidade a necessidade de comunicao com os outros.
Isto s pode ser feito por meio de signos, sinais, ou smbolos, de alguma espcie.
Mas, no nos comunicamos somente com os outros; temos o que pode ser chamado
de autocomunicao. Falamos a ns mesmos, por assim dizer, formulando nossas
idias e nossos sentimentos por meio de palavras.
Em terceiro lugar, os smbolos, alm de nos ajudarem na comunicao, constituem um meio de preservao do conhecimento. Sejam cientficos, religiosos, ou artsticos, os smbolos passam da cultura de uma poca para a seguinte.
Em quarto lugar, a atividade criadora e a expresso pessoal so em si
mesmas simblicas, mas tambm so baseadas em smbolos. Palavras, figuras, e
melodias, representam algo que resultou da atividade criadora de um indivduo ou
um grupo de indivduos. Elas comunicam e so os instrumentos necessrios ao
homem para satisfazer sua necessidade de se expressar.
A quinta finalidade consiste em auxiliar a memorizao e a instruo. Um
smbolo pode ser a representao grfica de uma lei, imprimindo essa lei na mente
do estudante, de modo que ele a compreenda e possa record-la. Assim, uma
frmula cientfica um smbolo grfico.
Em sexto lugar, smbolos so recursos para meditao e concentrao.
Podemos meditar, como foi sugerido num captulo anterior, sobre a semente
simblica, ou sobre a Rosa-Cruz, para aumentar nossa compreenso ou conseguir
harmonizao.
Finalmente, meditando sobre um smbolo, mantendo-o vivo e significativo,
podemos promover nosso desenvolvimento psicolgico e mstico. A unio mstica se
faz duplamente: pela integrao das fases do Eu, e pela unio com o Csmico ou
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Deus. Os smbolos importantes para um indivduo so, ao mesmo tempo, um
produto desse desenvolvimento e um agente que promove o desenvolvimento.
Alguns smbolos fazem parte de tradies cientficas, religiosas, polticas
e culturais; por exemplo, figuras de Buda, Krishna e Zoroastro, bandeiras nacionais,
frmulas qumicas e equaes matemticas.
Muitos outros smbolos, como impresses de sonhos, so pessoais ou
individuais. Os fatores culturais e individuais no podem ser facilmente separados;
muitas vezes esto combinados. Na verdade, um smbolo cultural, para ser vivo e
significativo, deve ter significado pessoal ou individual. O poder dos smbolos
provm precipuamente de sua natureza e funo subconscientes, e precisa ser
renovado pela meditao. As fontes dos elementos subconscientes tanto so
pessoais como culturais.
A diferena no significado de Beatriz na "Divina Comdia", e de Helena no
"Fausto", at certo ponto decorre do ambiente cultural de Dante e Goethe, mas,
tambm resulta das idias, emoes e experincias pessoais dos dois autores.
Tanto Beatriz como Helena representam o Eu interior, ou a personalidade-alma, a
auto-integrao, o casamento espiritual, ou a unio a Deus.
As tradies culturais e os smbolos que elas estimulam a criar fazem
parte do ser e da experincia do homem. Sua fonte exterior ao prprio homem.
Smbolos individuais, por outro lado, nascem no mago do seu ser. Em ambos os
casos, embora as origens sejam diferentes, o homem projeta o significado, de si mesmo para a forma. Smbolos, ento, so o que so em funo do que o
indivduo, do que ele projeta do Eu interior para a atualidade ao seu redor. Smbolos individuais ou pessoais so aqueles que tm significado
especial para um indivduo, mas no necessariamente para outros. Uma jia s
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vezes torna-se um smbolo da pessoa que a usa. Um bem, ou uma posse muito
estimada, usualmente tem significado simblico. Os membros de uma famlia s"o
simblicos para os prprios indivduos da famlia.
Smbolos culturais so os smbolos comuns a um grupo, seja uma famlia, ou um grupo religioso, social, ou poltico. Um smbolo csmico ou arqutipo aquele
que tem um padro bsico, primordial, caracterstico do pensamento e da
criatividade do homem; mas esse padro um padro csmico que percebido e
usado por seres humanos.
A cruz ao mesmo tempo um smbolo cultural e csmico. comum a muitos povos do mundo e aparece em muitas pocas. Sua forma e seu significado
particulares tm elementos culturais e talvez pessoais. Ela encontrada no Egito
antigo numa forma e, nas igrejas crists contemporneas, numa outra. um smbolo csmico ou arqutipo porque o padro de sua forma corresponde a princpios e
padres csmicos e os expressa. derivada da compreenso humana da ordem csmica, corresponde a essa ordem e a expressa.
A montanha e a rvore so smbolos comuns porque so objetos de experincia freqente. A montanha e a rvore sagradas so, como a cruz,
encontradas em muitas partes do mundo. Surgem espontaneamente na
simbolizao feita pelo homem; portanto, podem ser classificadas como smbolos
arqutipos. Os homens muitas vezes criam montanhas artificiais como smbolos
sagrados, como no caso do ziggurat babilnio e das pirmides egpcias.
O jardim, com suas variaes, tambm um smbolo csmico ou arqutipo. O Jardim das Hesprides, os Campos Elsios, o Campo de Juncos
Egpcio etc., so exemplos, bem como o jardim de rosas dos alquimistas.
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Smbolo csmico ou arqutipo aquele cuja forma e cujo significado bsicos so comuns a muitos povos. Ele comum, no apenas a um grupo, mas, a
muitos grupos bem distanciados; um smbolo que, de certo modo, comum
humanidade. Embora sua forma e seu significado variem, ambos tm elementos
comuns onde quer que sejam encontrados. Muitos smbolos pertencem aos trs tipos: pessoal, cultural, e arqutipo. A cruz, como j foi salientado, encerra tanto elementos culturais como arqutipos. Este o caso da Rosa-Cruz ou da Cruz
Hermtica, mas a cruz tem de apresentar tambm um nvel pessoal de significado,
ou degenera para um smbolo esttico ou morto.
Povos que migram levam smbolos culturais e pessoais, compartilhando-
os e modificando-os em seu contato com outros povos. Smbolos budistas, por
exemplo, foram transferidos de seu ponto de origem para muitas partes do mundo.
Smbolos cristos tambm foram difundidos, de uma rea relativamente pequena,
para todo o mundo (s vezes to modificados que refletiram os perodos e lugares em que foram usados).
Figuras arqutipas comuns, como a rvore csmica e a cruz, tanto podem
ser culturais como pessoais. Mas os smbolos tambm podem surgir
espontaneamente, porque so comuns a toda a humanidade. Carl Gustav Jung
mostrou sua importncia em sonhos, fantasias, e obras de arte. As mesmas figuras
so encontradas em muitas pocas e muitos lugares. Fazem parte da natureza
humana e nascem espontaneamente, apenas porque os seres humanos simbolizam
naturalmente em certos significados e formas comuns.
Mesmo objetos culturais comuns, como o Monte Olimpo ou o Monte Horeb, podem ter fortes elementos pessoais. Esse significado individual evidente
em "A Montanha Mgica", de Thomas Mann. A rosa, tanto no "Fausto" de Goethe
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como na "Divina Comdia" de Dante, origina-se em tradies culturais, mas tem
tambm um nvel pessoal de significado, sem o qual no seria to eficaz.
Os smbolos so objetivos, subjetivos, ou subconscientes, dependendo do nvel de conscincia em que atuam. Quando atuam precipuamente de modo
objetivo, tendem a ser signos ou sinais, e no smbolos verdadeiros. Por exemplo, quando uma linha em ziguezague usada para representar um relmpago,
predominantemente objetiva e tende a ser um signo que identifica o relmpago. No entanto, quando simboliza Jpiter ou Zeus, na mitologia grega, funciona
precipuamente no nvel subconsciente e um smbolo verdadeiro.
Uma criana faminta pode ser um smbolo de pobreza, carncia, ou de
um organizao beneficente. O nvel de conscincia depende tanto do indivduo que
usa este smbolo como do prprio smbolo. Para uma pessoa, ele pode ser apenas
um sinal para dar dinheiro ou alimento. Para uma outra, pode ser mais emocional e,
portanto, subjetivo. E pode tambm funcionar subconscientemente, em especial se a pessoa que usa o smbolo viveu aquela condio de pobreza.
Assim como os smbolos podem ser individuais, culturais e arqutipos,
podem ser tambm objetivos, subjetivos e subconscientes. Eles se originam subconscientemente, porm, funcionam nos trs nveis, mesmo que um nvel
predomine. Smbolos arqutipos, como a cruz ou a montanha, so usualmente
subconscientes em funo, mas podem ser predominantemente subjetivos ou mesmo objetivos. Neste caso, perderam o significado e a funo mais profundos.
Durante sua rotina diria, preste ateno aos smbolos. Observe
particularmente aqueles que possam ser classificados como objetivos. Depois selecione os que sejam principalmente subjetivos e, finalmente, os subconscientes. Considere todas as formas do smbolo, como a verbal, a artstica etc. Verifique se a
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forma e o significado esto relacionados por associao, sugesto, ou
correspondncia.
SUMRIO
A forma e o significado de um smbolo esto relacionados dos seguintes
modos:
1. Associao
Semelhana
Dessemelhana
Atributos ou funes naturais
Espao
Tempo
2. Sugesto
3. Correspondncia
Os smbolos cumprem vrias finalidades: necessidade de ordem,
comunicao, preservao de conhecimento, auto-expresso, recordao e
instruo, meditao e concentrao, promoo de desenvolvimento psicolgico e
mstico.
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Smbolos individuais so aqueles que tm significado especial para um
indivduo, mas no necessariamente para outros. Smbolos culturais so comuns a
um grupo, seja a famlia, ou um grupo religioso, social, ou poltico. Smbolos arqutipos apresentam um padro bsico, primordial, que
corresponde a princpios csmicos e caracterstico do pensamento humano.
Os smbolos migram com os povos e so assimilados no contato entre
povos. Podem tambm surgir espontaneamente.
Os smbolos so objetivos, subjetivos, ou subconscientes, dependendo do nvel de conscincia em que atuem ou funcionem.
O exerccio proposto neste Captulo consiste em observar quais os
smbolos que so objetivos, quais os que so subjetivos, e os que so subconscientes, e como a forma e o significado esto relacionados.
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CAPTULO IV: SMBOLOS NATURAIS E ARTIFICIAIS O PROCESSO DE SIMBOLIZAO SIMBOLISMO E A LEI DOS OPOSTOS
O livro "Smbolos Antigos e Sagrados", de Ralph M. Lewis, classifica os
smbolos em naturais e artificiais:
"Smbolos naturais so principalmente decorrentes
de sugesto. H algo na forma do signo que lembra um
elemento ou elementos de algum grupo anterior de idias da
nossa experincia. Por associao, o smbolo est
continuamente trazendo essas outras idias nossa
conscincia. Uma nuvem escura, por exemplo, um smbolo
natural. Sugere tudo o que est associado a uma tempestade.
Obviamente, os smbolos naturais tm aceitao bastante
generalizada, porque esto relacionados com experincias
humanas comuns.
Por outro lado, h smbolos artificiais, que um
homem ou um grupo de homens podem criar para representar
suas prprias noes. Tais smbolos artificiais so relacionados
com experincias particulares do indivduo ou do grupo, e
podem no ter significado algum para um outro grupo de
pessoas. Por exemplo, temos os signos que so usados por
fsicos e engenheiros eletricistas para representar
componentes de um circuito eltrico".
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A montanha e a rvore, que sero analisadas posteriormente, so
smbolos naturais. O jardim, por outro lado, natural e artificial; compe-se de elementos naturais artificialmente plantados e dispostos no terreno. A cruz um
smbolo artificial, mas est baseada em fenmenos naturais e, provavelmente, de
incio representava esses elementos naturais. derivada, pelo menos em parte, da Terra e das quatro direes, que formam a concepo humana de uma espcie de
ordem. Naturalmente, a rosa, na Rosa-Cruz, um smbolo natural, de modo que a
prpria Rosa-Cruz uma combinao de smbolo natural e artificial.
Os smbolos podem tambm ser classificados como comunicativos,
artsticos e ritualsticos. Smbolos comunicativos so o que o nome j indica, ou seja, aqueles que so usados especificamente para comunicar conhecimento ou
informao. claro que todos os smbolos comunicam. O que queremos dizer com esta categoria que h smbolos que so destinados precipuamente a transmitir
conceitos, idias, emoes, etc. A linguagem usada num livro de texto um sistema
de signos e smbolos que transmite conhecimento ou informao ao leitor. Smbolos
msticos so s vezes usados para instruir o estudante em certos princpios. O
smbolo, ento, mstico e comunicativo.
Smbolos artsticos so aqueles que so usados em formas de arte, para
fins estticos. A qualidade da arte no um critrio para decidir se um smbolo
artstico. Se o smbolo usado em pintura, escultura, arquitetura, ou literatura, um
smbolo artstico. Um smbolo pode ser comunicativo num uso e artstico num outro,
ou pode ser uma combinao das duas categorias. Quando ensinado ao estudante
que a Rosa-Cruz representa a personalidade-alma e as tribulaes da vida, o
smbolo est sendo usado na categoria de comunicativo. Mas a Rosa-Cruz pode ser
usada num poema ou numa pintura e, ento, um smbolo artstico.
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Smbolos ritualsticos so aqueles que so usados, ou propriamente num
ritual, ou para evocar um ritual na mente do iniciado. Rituais de Ordens fraternais
usam smbolos, como nos rituais religiosos, polticos e sociais. Tais smbolos
abrangem os objetos usados durante a cerimnia, as perambulaes, os gestos, e smbolos verbais. Usualmente, um ritual tambm um smbolo coletivo ou cultural,
mas no necessariamente. Pode ser um smbolo pessoal, ou um smbolo com
significado individual.
A natureza psicolgica e mstica da simbolizao com freqncia no tem
sido explicada. J dissemos que um smbolo um objeto, uma idia, emoo ou ao, que representa um outro objeto, uma outra idia, etc., e que estas coisas so relacionadas por associao, sugesto e correspondncia.
Quando vemos um objeto, temos uma imagem perceptiva do mesmo em nossa mente. Esta percepo associada a idias, emoes, conceitos, etc., que j fazem parte da conscincia. A percepo e os conceitos, as idias e emoes, so
relacionados, como j explicamos, por associao, sugesto e correspondncia. A percepo est relacionada com a forma; os conceitos, as idias e emoes, com o
significado. Os elementos comuns nos dois fatores tornam-se a base do smbolo, e
so unificados subconscientemente. Essa unio torna-se o smbolo expresso ou
objetivado, que pode consistir em palavras, numa pintura, num drama, numa dana, em sonhos etc.
O processo pode ser iniciado ou estimulado por qualquer um dos dois
fatores ou das duas polaridades, a forma e o significado. Em outras palavras, o
estgio inicial pode ser objetivo ou subconsciente. O smbolo criado ou unificado no subconsciente, porm, num uso particular, pode comear nas funes objetivas ou nas funes subconscientes. Um objeto percebido, ou uma forma geomtrica,
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pode estimular a projeo de um significado que no associvamos a essa forma. Isto ocorre com freqncia quando o estudante comea a compreender a filosofia
mstica. As formas, quer tenham sido conhecidas previamente, ou no, subitamente
adquirem significado. Isto pode ser esquematizado das seguintes maneiras,
lembrando que estes esquemas so teis mas so muito simplificados:
Objeto ou estmulo Percepo Smbolo Objetivao Estmulo Percepo Reao Resposta simblica
O processo pode comear ou ser estimulado pelos prprios processos
mentais. Este o caso do que podemos entender como um significado em busca de
uma forma, porm, muitas vezes no temos conscincia do processo. A
necessidade de representar o significado produz uma imagem mental muito parecida
com uma imagem perceptiva. Se o indivduo se tornar suficientemente cnscio disto,
h de explicitar a imagem e criar o smbolo, quer na sua mente, ou de modo objetivo em palavras, num desenho etc. Esquematizando isto, temos:
Significado Imagem mental Objetivao
O segundo tipo de simbolizao o mais comum dos dois e pode surgir
por intuio, telepatia, harmonizao, experincias psquicas, ou memria da
encarnao atual ou de encarnaes anteriores. O primeiro tipo se tornar mais
facilmente um signo ou sinal, porm, ambos os tipos consistem na forma, para a
qual foi projetado o significado.
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Em ambos os processos, a percepo no o objeto, e o smbolo no a percepo nem o objeto. Todas estas coisas fazem parte de um nico processo e formam uma unidade.
Em outras palavras, a forma no o significado. o elemento objetivo, percebido pela mente. Nem a forma em si mesma nem a sua imagem perceptiva
constituem o significado, e este no a forma. A forma e o significado esto
associados ou ligados, mas no so idnticos, e resultam de diferentes funes
mentais e nveis de conscincia.
O objeto e a forma so elementos materiais, negativos. As idias, as emoes e os conceitos que constituem o significado so os elementos
subconscientes, positivos. O smbolo se compe destes dois elementos.
Smbolo
Objeto, forma Idias, emoes, conceitos, ou significado
A forma expressa de um smbolo pode ser:
1. Um objeto, como a Rosa-Cruz ou a esfera 2. Uma pintura, um desenho, ou uma escultura
3. Palavras, como num ensaio, num poema, ou numa histria
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A expresso do smbolo em alguma forma objetiva completa o seu ciclo de criatividade, e estimula o indivduo a assumir e projetar o significado, mantendo-o assim vivo e evolutivo. O homem projeta o significado para o smbolo e o assume novamente.
Projeo
Homem
Smbolo
Assuno
Um smbolo deve ser considerado como uma polaridade. Um par de
opostos consiste em duas coisas contrrias entre si. Consideramos a escurido
como a ausncia de luz; assim tambm, a fealdade a ausncia de beleza. No
entanto, objetivamente, a escurido tem tanta realidade quanto a luz, e a fealdade to real quanto a beleza.
O elemento negativo de um par de opostos a ausncia do outro, o
positivo. Luz e trevas so os aspectos positivo e negativo do mesmo todo. As trevas
so apenas um aspecto desse todo, de que a luz o outro aspecto. A trade
completada pela unificao dos dois opostos.
Unio
Negativo Positivo
Smbolo
Forma Significado
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A lei dos opostos pode ser assim resumida:
1. Objetivamente, o homem concebe que um par de opostos se compe de duas coisas contrrias entre si.
2. Subconscientemente, um dos elementos do par a ausncia do outro.
3. Cosmicamente, apreendemos a unificao dos opostos; eles formam
uma unidade.
Cosmicamente Subconscientemente Objetivamente ___________________________________________________________________
+ e
So um s
+ predomina - predomina
No tocante a smbolos, isto significa que a forma, ou o elemento negativo,
predomina objetivamente; o significado, ou a polaridade positiva, predomina Subconscientemente; e, Cosmicamente, a forma e o significado so um s e assim
so apreendidos no fenmeno de conscincia Csmica.
Objetivamente, a forma encarada como o prprio smbolo, porque isto o que predomina. Subconscientemente, a forma a ausncia do significado; o
elemento negativo a ausncia do positivo. Portanto, o significado tende a perder a
forma. A degenerao do smbolo, ou sua perverso, leva substituio do positivo
pelo negativo, ou vice-versa. O smbolo, ento, entendido literalmente, ao invs de
simbolicamente. Por exemplo, a mscara dramtica perde a emoo que representa
e se torna a coisa em si mesma, ou o significado perde a forma da mscara e se
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torna a prpria forma ou toma o seu lugar. Em ambos os casos, o smbolo tende a
ser encarado literalmente, em lugar de simbolicamente.
Um smbolo degenerado perde a polaridade de forma e significado;
usado objetivamente e perde sua funo nos nveis de conscincia mais profundos. Quando o smbolo da cruz degenera, a forma no mais do que um sinal para uma
reao emocional ou conceptual. Ento, a forma predomina. Quando o smbolo
degenera de modo que o significado predomina, a emoo (ou o conceito) torna-se um gatilho automtico para a forma objetiva. Em ambos os casos, uma das polaridades est morta ou no funciona devidamente. Quando o significado do
smbolo perde a forma, ele prprio se torna de certo modo objetivado; o significado no mais est funcionando nos nveis subconscientes.
Cosmicamente, a forma e o significado so um s, de modo que a
meditao sobre o smbolo ajuda a manter a unio das polaridades funcionando com harmonia. importante compreender os elementos pessoal, cultural e arqutipo dos smbolos. Por isto recomendamos que o leitor escolha um smbolo comum, como a
luz, e esquematize os elementos que so derivados de um grupo e compreendidos
pelos componentes desse grupo. Depois, pergunte o que o smbolo significa para si
mesmo, pessoalmente. Por fim, verifique se ele tem tambm um fator arqutipo.
A luz um smbolo que aparece em muitas formas, como o Sol, a Lua,
uma lmpada, um archote. Assim, tanto a forma como o significado podem pertencer
a qualquer um dos trs tipos.
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SUMRIO
Os smbolos podem ser classificados em naturais e artificiais; ou em
comunicativos, artsticos e ritualsticos.
A percepo est relacionada com a forma; as idias, as emoes e os
conceitos, com o significado. O processo de simbolizao pode comear com o
elemento objetivo ou com os prprios processos mentais. Os smbolos do primeiro tipo, que so estimulados pelas funes objetivas, mais facilmente se tornam signos ou sinais.
Em ambos os processos, a percepo no o objeto, nem o smbolo a percepo ou o objeto, porm, todas estas coisas fazem parte do mesmo processo. A forma no o significado, e este no a forma.
O fato de se expressar o smbolo em alguma forma objetiva vem completar seu ciclo de criatividade, e estimula o indivduo a assumir e projetar o significado.
A lei dos opostos, aplicada aos smbolos, refere-se forma como
polaridade negativa e ao significado como polaridade positiva.
Cosmicamente Subconscientemente Objetivamente ___________________________________________________________________
+ e
So um s
+ predomina - predomina
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A degenerao de um smbolo leva substituio da polaridade positiva
pela negativa, ou vice-versa.
O exerccio deste Captulo consiste em analisar a luz como smbolo, para
identificao de elementos pessoais, culturais e arqutipos.
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CAPTULO V: SIMBOLIZAO: UMA FUNO BSICA DA MENTE
A simbolizao a maneira bsica em que o homem se relaciona com o
seu ambiente e pela qual ele ordena aquilo que percebe de si mesmo e do no-Eu.
Trata-se do processo mental sem o qual o homem no seria humano. O senso de
passado e futuro, a memria do passado, a simples percepo, o conhecimento do
universo astronmico, os fenmenos psquicos e msticos, tudo isto est baseado,
direta ou indiretamente, no uso de smbolos pelo homem.
Criar e usar smbolos uma funo bsica e natural da mente humana e,
como todas as funes (sejam fsicas, mentais, ou psquicas), esta se cumpre naturalmente e quer estejamos dela conscientes ou no. Ela se cumpre em religio, arte, na conversa comum, e em cincia. A simbolizao no apenas uma
ferramenta que a mente utiliza, e sim uma fora motivadora que produz rituais,
contos de fadas, romances, smbolos pessoais e psquicos, smbolos geomtricos,
etc.
Antes de estudarmos o que podemos chamar de metafsica e psicologia
dos smbolos, precisamos diferenciar trs termos. O que chamo de no-Eu tudo
aquilo que est situado fora do nosso Eu individual, seja este Eu considerado uma unidade fsica, uma unidade psquica, ou ambas. O no-Eu tudo o que no o Eu.
O que chamo de ambiente tudo o que nos rodeia imediatamente. Normalmente,
isto inclui nosso lar e nossa famlia, a vizinhana ou a cidade onde vivemos, nossa
igreja, nosso clube, etc. O terceiro termo campo e, como ele menos familiar, no sentido em
que aqui usado, ser explicado mais extensamente. Campo a parte do no-Eu
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com que o indivduo tem uma interao ou inter-relao definida. O campo, o
ambiente, e o no-Eu, no so sinnimos; no so a mesma coisa.
Nada existe como uma unidade ou entidade fechada, totalmente parte
ou isolada. O eltron funciona num campo; a Terra tem um campo magntico que a
relaciona com o seu ambiente; o ser humano tem uma aura, que psquica e fsica.
O homem se relaciona biolgica e psicologicamente com o seu campo. A idia de
campo, seja em Fsica, Biologia, Psicologia, Comunicao, ou Misticismo, est baseada neste fato fundamental, de que cada coisa que existe tem um campo que
se relaciona com ela prpria e com o ambiente ou o no-Eu.
O ser humano vive em seu campo fisicamente, e pode ser estudado do
ponto de vista das cincias fsicas. Ele respira ar e ingere alimentos, e assim usa
seu campo biologicamente. O homem e seu campo esto relacionados
biologicamente. O homem funciona em seu campo psicologicamente. Ele percebe o
mundo ao seu redor; toma conscincia de objetos, plantas, animais, e outras pessoas. Sua conscincia expandida de modo a incluir um certo campo sua
volta.
O homem est relacionado com o seu campo tambm psquica e
misticamente. Isto inclui a aura, fenmenos para-psicolgicos, harmonizao,
conscincia Csmica. Temos assim quatro aspectos ou modalidades bsicas do
campo: fsica, biolgica, psicolgica, e psquica. Mas estas modalidades so
diferenciadas somente porque precisamos consider-las desta maneira para pensar
a seu respeito e analis-las.
importante compreender que o campo constitui uma s unidade e, alm disso, que o homem e o campo formam uma unidade. O sistema homem-campo
uno. Esta a metafsica bsica do misticismo.
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A personalidade humana pode ser entendida como uma unidade psquica,
funcionando num campo com que o homem est basicamente unificado. O homem
o ncleo ou centro individual e mutvel de um campo mutvel. O sistema homem-
campo uma unidade modelada no sistema espao-tempo. A extenso dessa
unidade, tanto no espao como no tempo, varivel. O padro dessa relao est
constantemente mudando. O ncleo, ou polaridade positiva da unidade o ser
humano individual, o homem em processo de mudana. A clula exterior, ou o
campo, o elemento negativo. Este prprio elemento tambm est mudando; o
campo nunca o mesmo. Mas a percepo que o homem tem do campo tambm se
modifica. A parte humana do sistema homem-campo, ou seu elemento positivo,
igualmente muda; o que ele percebe e o campo tambm se modificam, mas as trs
coisas mudam como uma unidade inter-relacionada.
Os elementos do sistema homem-campo esto relacionados de vrios
modos. Primeiro, h a interao fsica, em que o homem modifica o seu ambiente. A
segunda maneira em que esses elementos so relacionados pelas funes
biolgicas do homem. A terceira, por suas funes psicolgicas; por exemplo,
atravs de percepes sensoriais, emoes, raciocnio, imaginao etc. A quarta,
por meio de comunicao, como na linguagem verbal. A quinta, por ao ou
comportamento.
Devido sua natureza especial e s suas funes, a aura tambm
relaciona o homem e o campo, e isto constitui a sexta maneira. Sentimos auras ao
nosso redor, usamos auras em psicometria ou para sentir coisas atravs das mos.
O stimo tipo de relacionamento entre o homem e o campo se faz por fenmenos
parapsicolgicos, como telepatia, intuio etc. O oitavo por harmonizao. A
experincia mstica expande a conscincia e, com isto, amplia o campo at que o
53
sistema homem-campo se torna o Csmico. A harmonizao, o estado de unificao
da experincia mstica, consiste em que o indivduo se torne um sistema homem-
campo expandido, at alcanar a unio final. Finalmente, e na base de todos estes
modos de relacionamento, est o prprio processo de simbolizao.
A simbolizao fundamental para a nossa conscincia da relao
homem-campo. Sem smbolos, no podemos pensar sequer sobre a nossa
conscincia de simples relaes fsicas, ou express-las. Sem smbolos, algumas
dessas relaes absolutamente no existem. Alm disso, os smbolos exercem uma
influncia ativa em muitas dessas relaes.
A harmonizao, por exemplo, pode ser expressa em smbolos; mas os
smbolos, por sua vez, pela meditao, afetam o nosso desenvolvimento psquico e
fortalecem e expandem a harmonizao. O homem misticamente uno com o
campo e, misticamente, o campo todo-abrangente. A unio mstica pode ser
entendida como uma incluso do Csmico no prprio campo, de modo que a
conscincia passa a ser percepo do Csmico.
Quanto mais a conscincia inclui o campo ou est com ele harmonizada,
mais psquica e misticamente desenvolvido o indivduo. O desenvolvimento
mstico, ento, um processo de ampliao do sistema homem-campo.
Os smbolos msticos e os rituais simblicos constituem um modo de
afetar o sistema homem-campo e ampliar ou expandir a conscincia. Esses
smbolos assumem muitas formas; podem ser visuais ou auditivos, e incluem
mantras, ou slabas e palavras sagradas, que atuam como smbolos.
Quando visualizamos algo que desejamos, ou visualizamos para curar, ou para transmitir um pensamento a algum, a imagem visualizada atua como um
smbolo. Pela criao desse smbolo e a concentrao no mesmo, estamos dirigindo
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o Eu ou o campo em que estamos trabalhando, ou ambos. Se estamos visualizando
algo que desejamos, estamos controlando tanto o Eu quanto o campo. Se estamos curando algum, estamos dirigindo uma outra pessoa, que faz parte do nosso
campo, no momento, onde quer que ela esteja. Se usamos auto-sugesto, o Eu que estamos controlando. Quando usamos sugesto sobre algum, ou transmitimos
uma mensagem a algum, estamos controlando ou dirigindo essa outra pessoa
como parte do nosso campo.
O seguinte esquema representa esta relao:
Visualizador, ou
Concentrao no
smbolo
Controle do Eu Controle do campo
A relao entre o controle do Eu e o controle do campo indireta, atravs
da concentrao no smbolo visualizado. Tambm a ao direta se faz da
concentrao no smbolo para o elemento controlado, mas h ainda uma influncia
do Eu controlado ou do campo controlado para a pessoa que visualiza o smbolo.
Algo projetado do visualizador para o Eu controlado ou o campo controlado, e algo por outro lado assumido do Eu controlado ou do campo controlado.
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O elemento, significado, do smbolo, pode ser dividido no que podemos
chamar de ordem e contedo. A ordem o padro arqutipo, csmico, ou psquico,
o ritmo ou a harmonia a que a forma corresponde parcialmente e que ela expressa
ou manifesta. O contedo consiste nas idias, emoes etc., que a forma
representa. A forma e o contedo so apreendidos na mente e projetados para a forma.
O fator ordem, do significado, o padro inerente forma e a ela
correspondente, mas a ordem tambm corresponde ao contedo, ou s idias e
emoes representadas pela forma. Neste sentido, a ordem, ou o padro, um
mediador entre o contedo e a forma. aquilo com que tanto o contedo como a forma esto relacionados. o elemento arqutipo, porm, expresso em forma material. o prottipo psquico da forma.
A forma da rosa material que desabrocha no jardim, a rosa pintada e assim usada como smbolo, e a rosa que existe na mente, so diferentes. A forma
de cada qual depende da manifestao material. A ordem, que o padro arqutipo,
semelhante nestas formas, e fundamental para o significado. A ordem contm
elementos bsicos necessrios ao significado. Todas as trs rosas so smbolos da
personalidade-alma, porque tm a mesma ordem bsica, ou o mesmo padro
psquico, que corresponde personalidade-alma e a representa.
Num smbolo objetivado, a ordem manifesta na forma fsica. Num smbolo psquico, a ordem manifesta na imagem que apreendida na mente. O
smbolo psquico pode ou no ser expresso numa forma fsica, como palavras ou um
desenho.
A ordem, no smbolo psquico, apreendida graas traduo de
estmulos psquicos para percepes ou imagens. No smbolo objetivado, ela
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apreendida pela traduo da ordem csmica para a forma e, depois, para a
percepo.
Cabe lembrar que a forma, ou o elemento material, e a ordem e o
contedo, ou o elemento psquico, so ambos tradues de impresses vibratrias.
So vibraes diferentes e so traduzidas por diferentes rgos receptores. Um
captulo posterior desta srie explicar os smbolos psquicos. Recomendamos que
o leitor revise ento este captulo.
A ordem bsica para a forma e para o contedo. A forma no existiria
sem uma ordem fundamental, csmica. Mas o contedo tambm depende da ordem
csmica. A ordem o mediador entre a forma e o contedo, mas ela prpria
csmica ou arque tipa.
Cabe ainda lembrar que, embora dividamos o smbolo em elementos ou
componentes, ele um s smbolo e funciona como uma unidade.
A simbolizao usa funes psicolgicas como a emoo, o raciocnio e a
imaginao, para produzir smbolos. E ao mesmo tempo uma base destas funes,
porque elas usam smbolos ou sistemas simblicos como a linguagem verbal.
O sistema de psicologia de Carl Gustav Jung usa quatro funes:
sensao, sentimento, pensamento, e intuio. Este sistema no reconhece a
imaginao, que um dos aspectos mais importantes do pensamento humano. O
termo sentimento pode significar emoo e mesmo sensao, de modo que seria
melhor usar a palavra emoo. Misticamente, a intuio a chave, ou a funo
central. O diagrama da ltima pgina deste Captulo representa estas funes e sua
relao.
O crculo maior representa o campo objetivo; o crculo intermedirio representa o subconsciente; e o crculo menor, central, representa a funo intuitiva
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do subconsciente. Chamaremos o crculo pequeno superior (nmero 2) de imaginao; o da direita (nmero 5) de sensao; o inferior (nmero 4) de emoo; e, o da esquerda (nmero 3), de raciocnio.
Note-se que todas as quatro ltimas funes esto situadas parcialmente
no campo objetivo e parcialmente no campo subconsciente, e que isto representa sua funo dual. Normalmente, todo esquema deste tipo uma supersimplificao,
que coloca as funes em "compartimentos" demasiadamente precisos. No
obstante, serve para ajudar a compreender as funes e o fato de que a mente uma unidade, atuando como um todo num ser humano que tambm uma unidade
completa em si mesma. Dando mais um passo, podemos afirmar que a conscincia
que a base da unio do sistema homem-campo.
A relao entre as cinco funes no a mesma em quaisquer dois
indivduos, e a funo predominante em cada pessoa varia conforme sua natureza e
suas atividades. Ela pode usar precipuamente o raciocnio numa atividade, porm,
sua reao pode ser principalmente emocional, numa outra atividade. A ordem,
ento, e a funo predominante, no so fixas, e o tamanho dos crculos tambm
no fixo, j que a importncia, que esse tamanho representa, igualmente sofre variao.
O processo de simbolizao depende de todas as funes e dos nveis
objetivo e subconsciente. Estes nveis e funes so necessrios para o homem simbolizar, e a simbolizao necessria para que os nveis e as funes atuem.
O prprio diagrama um smbolo que representa certas funes
psicolgicas e a relao existente entre elas. uma representao objetiva e espacial de coisas que absolutamente no so espaciais. Pode nos ajudar a compreender a ns mesmos, mas deve ser entendido simbolicamente.
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A sala em que voc est lendo no apenas existe; voc tem conscincia
da mesma e fala a seu respeito. Voc pode sonhar com ela. Pode escrever para
algum a seu respeito. Nenhuma destas coisas pode ser feita sem simbolizao.
Recomendamos que medite sobre as maneiras como simboliza esta sala e, depois,
medite sobre outras relaes homem-campo.
SUMRIO
A simbolizao a maneira essencial em que o homem se relaciona com
o ambiente e o campo. uma funo bsica e natural da mente, que se cumpre em religio, arte, conversao, cincia etc.
O campo a parte do no-Eu com o qual o indivduo tem uma interao
ou inter-relao definida.
O homem existe num campo qudruplo:
1. Fsico
2. Biolgico
3. Psicolgico
4. Psquico
O homem e o campo esto relacionados por:
1. Interao fsica
2. Funes biolgicas
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3. Funes psicolgicas
4. Comunicao
5. Ao ou comportamento
6. Auras
7. Fenmenos parapsicolgicos
8. Harmonizao
9. Simbolizao
Os smbolos nos permitem pensar em nossa conscincia mesmo de
relaes e funes fsicas simples, e express-las. So necessrios a certos
relacionamentos como a comunicao, e a funes psicolgicas como a imaginao
e a memria. Exercem influncia ativa no desenvolvimento emocional e psquico.
O sistema homem-campo forma uma unidade. O desenvolvimento mstico
um processo de ampliao da unio entre o homem e o campo.
A imagem visualizada atua como um smbolo e afeta ou controla o Eu e o
campo.
O significado de um smbolo consiste em ordem, que o padro arqutipo
ou psquico, e contedo, ou as idias e emoes que a forma representa. A ordem
est relacionada com a forma e o contedo, e atua como mediadora entre estes dois
ltimos elementos. Num smbolo objetivado, manifesta-se na forma fsica. Num smbolo psquico, manifesta-se na imagem mental.
O diagrama da pgina seguinte simboliza as relaes entre as funes
objetivas e as funes subconscientes, bem como entre intuio, imaginao, raciocnio, emoo, e sensao.
O exerccio do Captulo consiste na anlise da relao homem-campo.
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1. Intuio
2. Imaginao
3. Raciocnio
4. Emoo
5. Sensao
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CAPTULO VI: ORIGEM DOS SMBOLOS
E freqente acreditar-se que, como os mesmos smbolos ou smbolos
semelhantes so encontrados em diferentes partes do mundo, eles devem ter uma
origem comum num dado pas e em certa poca. Embora alguns smbolos de fato
migrem d