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IntensificaIntensificaçção da produão da produçção animal ão animal por meio do uso sustentpor meio do uso sustentáável devel de
pastagens tropicaispastagens tropicais
Sila Carneiro da SilvaSila Carneiro da Silva
Departamento de ZootecniaDepartamento de Zootecnia
E.S.A. E.S.A. ““Luiz de QueirozLuiz de Queiroz””
Universidade de São Paulo (USP)Universidade de São Paulo (USP)
Introdução
* A pecuária como atividade econômica e modalidade de exploração da terra
* Necessidade de ser competitiva
* Produtividade, rentabilidade e lucratividade
* Intensificação
Intensificação
* Intensificar = obter o maior rendimento possível por unidade de recurso disponível
* Caráter relativo
* Necessidade de contextualização
* Não é sinônimo de investimentos caros e uso de “tecnologia de ponta”, mas sim do uso eficaz de “conhecimento técnico disponível”
Produção
Recursos:
Solo, Clima, Plantas
Forragem produzida
Produto Animal
Forragem consumida
Crescimento
Utilização
Conversão
Representação esquemática dos estágios de produção em ecossistemas de pastagens. Fonte: Adaptado de Hodgson (1990)
Estágio de produção Proporção de energia
(saída/entrada)
Crescimento 0,02 – 0,04
Utilização 0,40 – 0,80
Conversão 0,02 – 0,05
Fonte: Adaptado de Hodgson (1990)
Eficiência energética dos estágios de produção
Oportunidade de manipulação
Intensificação
* Necessidade de planejamento da atividade
* Conhecer respostas de plantas e animais ao pastejo
Modelo conceitual das relações planta-animal (adaptado de Lemaire e Chapman 1996, Cruz e Boval 2000 e Freitas 2003).
Alongamento
de colmo
Alongamento
da folhaAparecimento
de folha
Tempo de
vida da folha
Relação
lâmina:colmo
Tamanho da
folha
Densidade populacional
de perfilhos
N°de folhas
vivas por
perfilho
Características
morfogênicas
Características estruturais
Taxa de lotação
Comportamento
ingestivo
Desempenho individual
IAF
MANEJO
DO PASTEJO
Profundidade
do Bocado
Taxa de
Bocado
Busca e
apreensão
Tempo de
pastejo
Produção animal por áreaFatores abióticos
Qualidade de luz
Variáveis: temperatura,
nitrogênio, água etc.
(senescência)
Respostas de plantas e animais
* Exemplos:
� Lotação contínua - Brachiaria brizantha cv. Marandu:
� pastos mantidos a 10, 20, 30 e 40 cm por novilhas de corte (taxa de lotação variável)
� Lotação rotacionada - Panicum maximum cvs. Mombaça e Tanzânia:
� saída –> altura do resíduo: 30 e 50 cm
� entrada –> Interceptação de Luz (IL): 95 e 100%
Lotação contínua – Brachiaria brizantha
Crescimento
Senescência
Acúmulo líquido
10 20 30 40
0
20
40
60
80
100
120
140
kg
MS
/ha
.dia
Altura do pasto (cm)
Sbrissia (2004)
Acúmulo líquido = crescimento - senescência
10 20 30 40
Altura do pasto (cm)
Relação folha:colmo
1,21,00,80,60,4
00,2
10 20 30 40
Altura do pasto (cm)
Alongamento colmos
cm
/pe
rf.d
ia 0,100,080,060,04
0,02
010 20 30 40
Altura do pasto (cm)
Alongamento folhas
cm
/pe
rf.d
ia 1,21,00,80,60,4
00,2
10 20 30 40
Altura do pasto (cm)
Aparecimento folhas
folh
as
/pe
rf.d
ia 0,100,080,060,04
0,02
010 20 30 40
Altura do pasto (cm)
Duração vida folhas
dia
s
120100
806040
020
140
10 20 30 40
Altura do pasto (cm)
Tamanho das folhasc
m
252015
1050
10 20 30 40
Altura do pasto (cm)
População perfilhos
pe
rfil
ho
s/m
2 12001000
800600400
0200
10 20 30 40
Altura do pasto (cm)
Folhas/perfilho
4,8
3,6
2,4
1,2
0
(Brachiaria brizantha cv. Marandu)
Sbrissia (2004)
10 20 30 40
Altura do pasto (cm)
Interceptação de luz
10080
60
40
020
%
10 20 30 40
Altura do pasto (cm)
IAF
6,0
4,5
3,0
1,5
0
Altura do pasto (cm)
Variável 10 20 30 40 EPM
Consumo (kg MS/100 kg peso.dia) 1,3 1,8 1,8 2,0 0,07
Ganho de peso (kg/animal.dia) 0,19 0,51 0,75 0,93 0,10
Consumo diário de forragem1 e desempenho2 de novilhas de corte em pastos de Brachiaria brizantha cv Marandu – verão (dezembro a março).
1Sarmento (2003), 2Andrade (2003)
13Sarmento (2003)
2,0
1,5
1,0
0,5
010 20 30 40
Ma
ssa
Bo
cad
o(g
MS
/bo
c) y = 0,0360x + 0,1250
R2 = 0,9931
10 20 30 400
10
20
30
40
50
Ta
xa b
oca
do
s(b
oc.
/min
)
y = -0,9290x + 52,7000
R2 = 0,9394
10 20 30 409
10
11
12
Te
mp
o p
ast
ejo
(ho
ras)
y = 10,4195 + (1,9363/x) + (78,5841/x2)
R2 = 0,9974
Altura do pasto (cm)
10 20 30 401,1
1,5
1,9
2,3
Co
nsu
mo
(kg
MS
/10
0 k
g P
V)
y = 0,453Ln(x) + 0,3472
R2 = 0,9466
(Brachiaria brizantha cv Marandu)
14Sarmento (2003)
(Brachiaria brizantha cv Marandu)
Te
mp
o p
or
bo
cad
o(s
eg
un
do
s/b
oc.
) 4.0
3.0
2.0
1.0
010 20 30 40
Altura do pasto (cm)
y = 0,0694x + 0,5717
R2 = 0,9895
10 20 30 4020
22
24
26
28
30
Ta
xa c
on
sum
o(g
MS
/min
)
y = -0,0093x2 + 0,6387x + 17,0637
R2 = 0,7029
Altura do pasto (cm)
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
0-2
2-4
4-6
6-8
8-10
10-12
12-14(10 cm)
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
0-2
2-4
4-6
6-8
8-10
10-12
12-14
14-16
16-18
18-20
20-22
22-24 (20 cm)
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
0-2
2-4
4-6
6-8
8-10
10-12
12-14
14-16
16-18
18-20
20-22
22-24
24-26
26-28
28-30
30-32
32-34 (30 cm)
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
0-2
4-6
8-10
12-14
16-18
20-22
24-26
28-30
32-34
36-38
40-42(40 cm)
Folhas InvasorasColmos Material morto
(10 cm) (20 cm)
(30 cm) (40 cm)
(Verão)Fonte: Molan (2004)
Alt
ura
do
do
ssel
(cm
)
Densidade volumétrica (mg.cm-3)
3,3 cm 6,7 cm
10,0 cm 13,2 cm
Fonte: Adaptado de Andrade (2003)
Característica
Altura PB FDN FDA DIVMO
10 13,7A 60,8B 28,1B 67,1A
20 12,7B 61,8A 28,8A 66,2A
30 12,4B 62,2A 29,2A 63,1B
40 11,3C 61,9A 29,0A 62,4B
Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P> 0,10)
Composição química de amostras de forragem de pastos de capim-
Marandu mantidos em quatro alturas de dossel forrageiro por meio de
lotação contínua de dezembro de 2001 a dezembro de 2002.
Quando bem manejados, pastos produzem forragem de boa composição química, sendo as diferenças em ganho de peso função, basicamente, das variações em consumo.
Adaptado de Gonçalves (2002) e Andrade (2003)
0,00,20,40,60,81,01,2
10 20 30 40
60
65
70
75
80
85
GP
V (
kg
/ca
b.d
ia) U
tiliza
çã
o (%
)
Altura do pasto (cm)
Ganho de peso
Utilização
(48,2)
(15,0)
(10,4)
(14,5)
(kg MS/kg GPV)
(Brachiaria brizantha cv. Marandu)
0,1
0,3
0,5
0,7
0,9
1,1
4,1 6,7 7,5 9,5
60160
260360
460560
660760
Ganho de peso por animal
Ganho de peso por hectare
Ganho d
e p
eso (
kg/c
ab.d
ia)
Ganho d
e p
eso (k
g/h
a)
Taxa de lotação (UA/ha)
Andrade (2003)
40 30 20 10Altura do pasto (cm)
Faixa ótima de utilização
(Brachiaria brizantha cv. Marandu)
Lotação rotacionada – P. maximum
0
20
40
60
80
100
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Altura do pasto (cm)
Inte
rce
pta
çã
o d
e lu
z (
%)
95/30 95/50 100/30 100/50
Carnevalli (2003)
(Mombaça)
95% IL ~ 90 cm
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000kg M
S/h
a
74,2 84,2 98,0 99,4Interceptação de luz (%)
Altura do pasto (cm)49,3 82,9 94,3 110,3
Data (dias)
20/02 28/02(8)
15/03(23)
22/03(30)
Acúm. líq. total
Along. folhas
Acúm. líq. folhas
Along. colmos
Senescência
(Panicum maximum cv Mombaça)
Entrada = 100% IL e Saída = 50 cm
Carnevalli (2003)
95% IL
(Panicum maximum cv Tanzânia)
Entrada = 100% IL e Saída = 50 cm
Barbosa (2004)
0
30
60
90
120
150
180
210
63,2 91,1 95,9 99,1
Sw ard light interception (%)
Le
af
accu
mu
latio
n a
nd
se
ne
sce
nce
(cm
/till
er)
0
6
12
18
24
30
Ste
m a
ccu
mu
latio
n
(cm
/tiller)
IAF
Altura do pasto (cm)
2,0 3,2 4,1 6,0
49,0 62,0 73,7 87,0
Data (dias)
08/12 28/12(20)
04/01(27)
14/01(37)
95% ILA
cú
mu
lo d
e f
olh
as
e
se
ne
sc
ên
cia
(c
m/p
erf
ilh
o)
Ac
úm
ulo
de
co
lmo
s
(cm
/pe
rfilho
)
Interceptação de luz (%)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
12,0 15,9 23,5 29,3 32,5 41,9
Cresc. folhas
Cresc. colmos
Cresc. total
Senescência
Ac. líq. folhas
Pro
ce
ss
os
(re
su
lta
do
cu
mu
lati
vo
–c
m)
Altura do pasto (cm)
95% IL
Sbrissia (2008)
(Panicum maximum cv Aruana)
Entrada = 40 cm e Saída = 10 cm
(30 cm)
0
100
200
300
400
500
600
700
0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,75 0,8 0,85 0,9 0,95 1
Interceptação Luminosa
Kg
MS
/ha
Hastes
M. morto
45 55 65 75 85 95 100
Interceptação de luz (%)
Colmos
Material morto
kg
MS
/ha
700
600
500
400
300
200
100
0
Acúmulo de colmos e material morto durante a rebrotação de cultivares de Panicum maximum(Tobiatã, Tanzânia, Mombaça, Massai e Atlas) submetidos a regimes de corte (Moreno, 2004).
Acúmulo de colmos e material morto durante a rebrotação de cultivares de Brachiaria (Basilisk, Marandu, Xaraés, Arapoti e Capiporã) submetidos a regimes de corte (Lara, 2007).
Barbosa (2004)
(Panicum maximum cv Tanzânia)
Perf. jovem (0-2 meses)
Perf. velho (>4 meses)
Perf. maduro (2-4 meses)
Alongamento de folhas
Tratamentos
95/25 100/25 95/50 100/50
aaa
a
bb
ab
bbb
0
1.0
2.0
3.0
cm
/perf
ilho.d
ia
Aparecimento de folhas 0,10
0,08
0,06
0,04
0,02
0Folh
a/p
erf
ilho.d
ia a
a aa
a abb
bb b b
Tratamentos
95/25 100/25 95-50 100/50
95% IL 100% IL
Interceptação de luz (%)
Estação 95 100
Primavera 86,7 109,8
Verão 86,9 110,4
Outono 92,2 116,9
Inverno 88,9 125,0
Média 88,7b 115,5a
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas linas não diferem entre si (P> 0,05)
Para Tanzânia, valores correspondentes foram:
• 90 % IL = 60 cm;
• 95% IL = 70 cm;
• 100% IL = 85 cm.
Barbosa (2004)
Mello & Pedreira (2004)
A altura do pasto pode ser usada como um indicador confiável de campo para
monitorar e controlar a rebrotação e o processo de pastejo.
Altura em pré-pastejo (cm) de pastos de capim-mombaça (Janeiro de 2001 a Fevereiro de 2002).
Carnevalli (2003)
Montagner (2007):
95% IL = 93 cm
Produção diária de leite (kg/vaca.dia) em pastos de capim-mombaça pastejados a 90 ou 140 cm de altura pré-pastejo.
Altura do pasto (cm)
Mês 90 140
Janeiro 15,7 12,1
Fevereiro 12,3 9,5
Média 14,0a 10,8b
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05)
Hack (2004)
Altura do pasto (cm)
60 80 100 120 140
0,14
0,10
0,06
0,02
0
Ta
xa i
ng
est
ão
(g M
S/k
g p
eso
.min
)
y = -0,00002x2 + 0,0043x – 0,1231
R2 = 0,6738
Silva (2004)
(Panicum maximum cv Mombaça)
1,4
1,0
0,6
0,2
0 60 80 100 120 140
Ma
ssa
bo
cad
o(g
MS
/bo
cad
o)
y = 9,0537x – 184,98
R2 = 0,8107
Altura do pasto (cm)
Difante (2005)
Consumo diário e desempenho de novilhos em pastos de capim-tanzânia submetidos a pastejo rotacionado (Dezembro/04 a Abril/05).
Tratamentos Variáveis
(IL/Resíduo) GP1 TL2 GP/ha3 Consumo4
95/25 0,665B 6,1A 560 2,0
95/50 0,850A 4,9B 600 2,2
1 kg/novilho.dia2 número de animais de 300 kg/ha3 kg GP/ha em 150 dias4 kg MS/100 kg de peso
Eficiência de pastejo:
• Resíduo de 25 cm = 90%
• Resíduo de 50 cm = 50%
31
Produção diária de leite1 (kg/vaca.dia) em pastos de capim-elefante pastejados a 95% de IL ou 27 dias de intervalo entre pastejos.
Altura do pasto (cm)
Resposta 100 (95% IL) 120 (27 d) Diferença
2006:
kg leite/vaca.dia 17,6 14,9 +18,1%
UA/ha 8,3 5,8 +43,1%
kg leite/ha.dia 114,0 75,0 +52,0%
2007:
kg leite/vaca.dia 13,0 11,0 +18,2%
UA/ha 9,2 6,7 +37,3%
kg leite/ha.dia 83,5 57,0 +46,5%
Fonte: Voltolini (2006) e Carareto (2007)
Considerações finais
* É possível intensificar a produção animal em pasto de maneira sustentável, sem o uso excessivo de insumos, simplesmente respeitando os limites e as exigências de plantas e animais
* O atendimento das exigências de plantas e animais requer compreensão de como eles respondem ao pastejo
* Estrutura do pasto vs calendário juliano
* Intensificação - uso de metas de condição de pasto como guia de manejo (e.g. altura)
Implicações práticas
Planta forrageira Altura de entrada (cm) Altura de saída (cm)
Mombaça 90 30 a 50
Tanzânia 70 30 a 50
Elefante (Cameroon) 100 40 a 50
Marandu 25 10 a 15
Xaraés 30 15
Tifton-85 25 10 a 15
Coastcross e Florakirk 30 10 a 15
Pastejo rotativo:
Lotação contínua: • Marandu – 20 a 40 cm
• Tifton 85, Florakirk e Coastcross – 10 a 20 cm
Manejo do pastejo adequado:
Forragem PB
(%)
FDN
(%)
FDA
(%)
Digestibilidade
(%)
Referência
Tifton 85 17,2 67,0 27,4 78,0 Carnevalli (1999)
Florakirk 18,2 63,9 25,8 76,1 Carnevalli (1999)
Coastcross 17,5 65,5 27,2 74,1 Carnevalli (1999)
Marandu (contínuo) 12,5 61,7 28,8 64,7 Andrade (2003)
Marandu (rotativo) 10,0 68,1 32,4 66,8 Trindade (2007)
Xaraés 12,5 68,4 35,3 69,4 Nave (2007)
Mombaça 11,7 66,8 37,8 60,8 Bueno (2003)
Tanzânia 10,5 76,4 - 67,9 Difante (2005)
Elefante (cameroon) 14,6 65,1 35,9 58,9 Voltolini (2006)
Carareto (2007)
Valor nutritivo da forragem colhida em pastos utilizados com base em metasde manejo e respeitando o ritmo de crescimento das plantas forrageiras.
Considerações finais
* Sintonia fina das atuais práticas de manejo utilizadas
* Intensificação por meio de ajustes na colheita da forragem produzida
* Mudança de atitude e de modelo de gestão
“É o olho do dono que controla o pasto que, por sua vez, engorda o gado”
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