INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA - Professorprofessor.ufrgs.br/marcocepik/files/cepik_-_2015... ·...

Post on 17-Apr-2020

10 views 0 download

Transcript of INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA - Professorprofessor.ufrgs.br/marcocepik/files/cepik_-_2015... ·...

INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA

Marco Cepik Professor Associado da UFRGS

Pesquisador CEGOV

CEGOV

ROTEIRO

1.  Contexto 2.  Abrangência 3.  Dimensão 4.  Análise 5.  Desafios 6.  Referências

CEGOV

1

CONTEXTO

CEGOV

Gostaria de agradecer aos dirigentes da DAEI/ESG pelo convite para estar aqui hoje,

ao público, bem como para os meus orientandos e assistentes de pesquisa do GT Políticas de Defesa, Inteligência e Segurança

do CEGOV, em especial Giovanna Kuele, Laura Quaglia, Gustavo Möller, Pedro

Marques, Mariana Chaise.

CEGOV

Ao tentarmos conectar os termos inteligência e estratégia, dada a diluição de ambos nas

práticas contemporâneas do mundo empresarial e social, corremos o risco de

produzir um ente problemático, que soma as inconsistências de ambos os conceitos em

sua deriva pós-moderna.

CEGOV

Três Matrizes Históricas Diplomacia Secreta séc. XVI-XVII â Inteligência Externa Inteligência Militar séc. XVIII-XIX â Inteligência Defesa Policiamento Político séc. XIX-XX â Inteligência Policial

Fonte: HERMAN (1996: 09-35)

CEGOV

Duas Lógicas de Expansão Horizontal â Coleta (int) / Análise / CI / Segurança / Gestão / Controle Vertical â nacional / defesa / segurança pública / fiscal / business

Fonte: HERMAN (1996: 09-35)

CEGOV

2

ABRANGÊNCIA

CEGOV

INTELIGÊNCIA

•  Designa um conflito antagônico entre atores que lida

predominantemente com obtenção/negação de informações

•  Propositadamente vago, o termo refere-se ao que serviços de Inteligência "fazem" concretamente em contextos político-organizacionais específicos (níveis e ciclos)

•  Inteligência ainda descreve melhor o arco operacional contemporâneo dessa função do que outras noções muito restritivas (espionagem) ou excessivamente amplas (informação)

•  Inteligência também é comumente concebida como um nível de tratamento e agregação de valor em uma pirâmide informacional, que tem na base dados brutos, no meio tecnologias de processamento, armazenamento, comunicação e análise e, no topo, conhecimento consciente ou descentrado, cumprindo uma função crucial em processos de tomada de decisão

CEGOV

ESTRATÉGIA

Estratégia enquanto "uso de um engajamento (combate) para o propósito da guerra" (Clausewitz, 1976, 177). E a guerra definida como um “ato de força para compelir nosso inimigo a fazer nossa vontade” (idem, p. 75). Neste sentido, a estratégia alinha o “objetivo militar (Ziel) com o propósito geral da guerra (Zweck), cumprindo portanto uma função interpretativa crítica” (Echevarria II, 2007, 138). Clausewitz identifica cinco elementos da estratégia que influenciam os resultados dos engajamentos: a) fatores psicológicos e intelectuais da força armada (comandante; tropa); b) elementos físicos (armas); c) fatores matemáticos (geometria das linhas operacionais); d) elementos geográficos (fisiografia e terreno); e) fatores estatísticos (logística). (Echevarria II (2007, 139). Estratégia também se refere ao estabelecimento de fins, ao planejamento de longo prazo e à construção de meios adequados (tangíveis e intangíveis) para a consecução dos fins estabelecidos. Como na guerra, a interdependência entre as decisões, capacidades e ações de dois ou mais agentes também caracteriza o problema estratégico, qualquer que seja a escala temporal, como sendo complexo e evolutivo. (Bowman, 2006; ).

CEGOV

Cobre as informações relacionadas às capacidades de ação dos inimigos; encarrega-se de informações de caráter mais duradouro e de observações em longo prazo e de amplitude global.

(DUNNIGAN, 2003)

Inteligência no nível estratégico/político “raramente é boa e frequentemente é ambígua” (Clausewitz); Conhecimento dos objetivos políticos e intenções do oponente são cruciais para o desenvolvimento e condução da estratégia

(LEVER, 2012)

CEGOV

3

DIMENSÃO

CEGOV

Inteligência Estratégica à funções relacionadas ao provimento de informações para a alta esfera política e militar de decisão, tanto em tempos de guerra, quanto em tempos de paz Importância em cinco ações principais: (i)  “apoio no desenvolvimento de políticas e estratégias nacionais”

(ii)  “monitoramento da situação global ou internacional”

(iii)  “apoio no desenvolvimento de planos militares”

(iv) “apoio nos requerimentos relacionados à estruturação da força militar e na determinação dos principais sistemas de armas”

(v)  “suporte na condução de operações estratégicas”

(UNITED STATES, 2013, p. I-24, tradução livre)

CEGOV

Quando se fala de Inteligência estratégica em termos organizacionais, o termo remete à dimensão nacional e/ou de suporte à decisão dos escalões mais elevados das organizações. Sistemas nacionais de inteligência gerenciam e planejam a produção de inteligência para uso das autoridades políticas e militares. Ver a seguir o caso dos Estados Unidos da América (EUA), do ponto de vista hierárquico e funcional, conforme Lowenthal (2012, 35;40) Reorientação e reorganização da comunidade de inteligência para o provimento de inteligência estratégica à prioridade de adaptação da inteligência ao contexto securitário do século XXI. Ver também como serviços de inteligência se aproximam de outros tipos de organizações de serviços, conforme Segal-Horn (2006, 478;491). Economia de Escopo: custo de produzir dois produtos (outputs) conjuntamente é menor do que produzi-los separadamente. Circunstâncias: a) os dois produtos dependem do mesmo tipo de conhecimento “proprietário”. b) um ativo especializado indivisível constitui um input comum para dois ou mais produtos.

CEGOV

CEGOV

CEGOV

CEGOV

CEGOV

4

ANÁLISE

CEGOV

Espera-se que a inteligência contribua para tornar o processo decisório governamental nas

áreas relevantes de envolvimento (política externa, defesa nacional e ordem pública) mais racional e realista, ou seja, menos baseado em intuições e convicções pré-concebidas e mais

baseado em evidências e reflexão.

CEGOV

Objetos para analisar:

capacidades / coisas intenções / significados.

Três classes gerais de Inteligência:

Corrente / Relatorial Básica / Referencial

Estimativa / Explicativa

Critérios para organizar ciclo inteligência: Geográficos: interna, externa, países, regiões

Disciplinares: cultura, política, economia, ciência, etc. Temporais: EW, tática, operacional, estratégica

CEGOV

CEGOV

CEGOV

5

DESAFIOS

CEGOV

Prioridades, recursos e consistência PNI/END/LBDN

Diferenciação funcional e especialização no SISBIN/SIND/SISP

Fortalecer CCAI e outros mecanismos de controle externos e internos

Avaliar desempenho sistema de inteligência (legitimidade e efetividade)

Desenvolver os Estudos de Inteligência

Profissionalização sem “sangue azul” (agentes públicos)

“Cobertura Global” e Longo Prazo: em busca de relevância

Reorganizações no First Tier (Segurança Nacional)

Colaboração Internacional versus Segurança / CI Fortalecer a função de Análise: teoria, método e conhecimento Analisar tema da digitalização e OSINT (impacto privado) Requisitos de inteligência operações em rede

CEGOV

CEGOV

CEGOV

CEGOV

CEGOV

6

REFERÊNCIAS

CEGOV

BORN, Hans; WETZLING, Thorsten. Intelligence accountability: Challenges for parliaments and intelligence services. In: JOHNSON, Loch K. (Ed.). Handbook of Intelligence Studies. Nova York: Routledge, 2007. p. 315-328. BOWMAN, Cliff. Formulating Strategy. In: FAULKNER, David O.; CAMPBELL, Andrew. The Oxford Handbook of Strategy. Nova York: Oxford University, 2006. p.410-442. BRUCE, James B.; GEORGE, Roger Z. Analyzing Intelligence: National Security practioners' perspectives. 2. ed. Washington DC: Georgetown University Press, 2014. p. 1-22. BRUNEAU, Thomas C.; BORAZ, Steven C. Reforming intelligence: obstacles to democratic control and effectiveness. Austin-TX, University of Texas Press, 2007. BRUNEAU, Thomas; MATEI, Florina Cristiana. Intelligence reform in new democracies: factors supporting or arresting progress. Democratization, Londres, v. 3, n. 18, p.602-630, maio 2011. CEPIK, Marco. Segurança Nacional e Controle Público: Limites dos Mecanismos Institucionais. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, p.295-358, jul-dez. 2001. CEPIK, Marco. Sistemas Nacionais de Inteligência: Origens, Lógica de Expansão e Configuração Atual. Dados: Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 46, n. 1, p.75-127, 2003. Trimestral. CEPIK, Marco; AMBROS, Christiano. Intelligence, Crisis, and Democracy: Institutional Punctuations in Brazil, Colombia, South Africa, and India. Intelligence and National Security, Londres, v. 29, n. 4, p.523-551, 2014. CLAUSEWITZ, Carl von. On War. New York – NY: Alfred A. Knopf, 1986 [1832]. [translated by Peter Paret and Michael Howard]. COYLE, R. G. Scenario Thinking and Strategic Modeling. In: FAULKNER, David O.; CAMPBELL, Andrew. The Oxford Handbook of Strategy. Nova York: Oxford University, 2006. p.308-249.

CEGOV

DAVIS, Jack. Why Bad Things Happen to Good Analysts. In: BRUCE, James B.; GEORGE, Roger Z.. Analyzing Intelligence: National security practioners' perspective. 2. ed. Washington DC: Georgetown University Press, 2014. p. 121-134. DUNNIGAN, James F. How to Make War: a comprehensive guide to modern warfare in the twenty-first century. Nova York: HarperCollins. 4a ed. 2003. ECHEVARRIA II, A. J. Clausewitz and Contemporary War. New York: Oxford University Press, 2007. FAULKNER, David O.; CAMPBELL, Andrew. The Oxford Handbook of Strategy. Nova York: Oxford University, 2006 FERRIS, John. Intelligence and Strategy: selected essays. New York: Routledge, 2005, p. 288-327. FISHER, Rebecca; JOHNSTON, Bob; CLEMENT, Peter. Is Intelligence Analysis a Discipline? In: BRUCE, James B.; GEORGE, Roger Z.. Analyzing Intelligence: National security practioners' perspective. 2. ed. Washington Dc: Georgetown University Press, 2014. p. 57-81. GILL, Peter Introduction. In: GILL, Peter & FARSON, Stuart & PHYTHIAN, Mark & SHPIRO Shlomo (Ed.). Handbook of Global Security and Intelligence: National Approaches. Washington, Praeger. ISBN: 0-275-99206-3. [Two Volumes]. 2008. p. 01-17. HANDEL, Michael I. War, Strategy, and intelligence. London, FrankCass, 1989. HERMAN, Michael. Intelligence Power in peace and war. Cambridge, Cambridge Univesity Press, 1996. HERMAN, Michael. Intelligence services in the information age. Londres, FrankCass, 2001. JERVIS, Robert. Why Intelligence Fails: Lessons from the Iranian Revolution and the Iraq War. Ithaca e Londres: Cornell University Press, 2010. JOHNSON, Loch K. (Ed.). The Oxford Handbook of National Security Intelligence. Nova York: Oxford University Press, 2010. JOHNSON, Loch K. A shock theory of congressional accountability for intelligence. In: JOHNSON, Loch K. (Ed.). Handbook of Intelligence Studies. Nova York: Routledge, 2007. p. 343-360.

CEGOV

JOHNSON, Loch K. Sketches for a theory of strategic intelligence In: GILL, Peter; MARRIN, Stephen; PHYTIAN, Mark. Intelligence Theory: key questions and debates. Nova York: Routledge, 2009. p. 33-52 KRINGEN, John. Serving the Senior Military Consumer: a National Agency Perspective. In: BRUCE, James B.; GEORGE, Roger Z.. Analyzing Intelligence: National security practioners' perspective. 2. ed. Washington Dc: Georgetown University Press, 2014. p. 103-120. LEVER, Sir Paul. Intelligence and War. In: LINDLEY-FRENCH, Julian; BOYER, Yves. The Oxford Handbook of War. Nova York: Oxford University, 2012. p.228-241. LOWENTHAL, Mark M. Intelligence: From Secrets to Policy. 5th Edition. Washington-DC, CQ Press, 2012 MAAS, Jan-Bert; FENEMA, Paul C. van; SCHAKEL, Jan-Kees. Business analytics research in military organizations. In: SOETERS, Joseph; SHIELDS, Patricia M; RIEIJENS, Sebastiaan. Routledge Handbook of Research Methods in Military Studies. Abingdon, Oxon: Routledge. p.273-286. MCLAUGHLIN, John. Serving the National Policymaker. In: BRUCE, James B.; GEORGE, Roger Z. Analyzing Intelligence: National security practioners' perspective. 2. ed. Washington DC: Georgetown University Press, 2014. p. 81-92. PITKETHLY, Robert. Analysing the Environment. In: FAULKNER, David O.; CAMPBELL, Andrew. The Oxford Handbook of Strategy. Nova York: Oxford University, 2006. p. 231-266. SCOTT, Len. British Strategy Intelligence and the Cold War. In: JOHNSON, Loch K. (Ed.). The Oxford Handbook of National Security Intelligence. Nova York: Oxford University Press, 2010. P. 138-154. SEGAL-HORN, Susan. Strategy in Service Organizations. In: FAULKNER, David O.; CAMPBELL, Andrew. The Oxford Handbook of Strategy. Nova York: Oxford University, 2006, pp. 472506. STEINBERG, James B.. The Policymaker's Perspective: Transparency and Partnership. In: BRUCE, James B.; GEORGE, Roger Z. Analyzing Intelligence: National security practioners' perspective. 2. ed. Washington DC: Georgetown University Press, 2014. p. 93-109. UNITED STATES - U.S. Joint and National Intelligence Support to Military Operations. Washington-DC. Joint Chiefs of Staff Publication. 2013.

MUITO OBRIGADO

Marco Cepik marco.cepik@ufrgs.br

cegov.ufrgs.br