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INTEGRAÇÃO DA ANÁLISE CICLO DE VIDA
NAS PRÁTICAS DE PROJETOS DE
EDIFÍCIOS
TIAGO FILIPE RESENDE ANDRADE
Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de
MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES
Orientador: Professor Doutor Hipólito José Campos de Sousa
JULHO DE 2013
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2012/2013
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Tel. +351-22-508 1901
Fax +351-22-5081446
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Editado por
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
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mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia Civil -
2012/2013 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2013.
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Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo
Autor.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
Aos meus Pais
"Simple people, doing small things in unimportant places,
united, can make extraordinary things happen."
Dom Moarchy Grechi
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
i
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Professor Doutor Hipólito José Campos de Sousa, um agradecimento por todo
o tempo que disponibilizou, pelo interesse, ajuda e dados que me forneceu para poder efetuar este
trabalho.
Ao Engenheiro Pedro Nuno Meda Magalhães, um sincero agradecimento por todo o tempo
disponibilizado e por nunca se ter mostrado indisponível para discutir ideias e ouvir a minha
opinião sobre o que pretendia para este trabalho, motivando-me sempre para tentar ir mais além.
Aos meus amigos que sempre estiveram presentes quando foi preciso, e que me acompanharam
nestes anos de curso. Ao Leandro, ao Silva, ao Rui, ao André, ao Jorge, ao Zé, ao Joca, ao Filipe,
ao Pinto, e ao pessoal do ISEP, fica o meu agradecimento por todo o apoio e bons momentos
passados.
Aos meus amigos do andebol, Cunha, Paulo etc., um obrigado por todos os momentos bons juntos
que ajudaram a que este momento ser possível.
À Filipa, um agradecimento muito especial por todo o apoio incondicional, paciência e força que
me transmitiu para ultrapassar todos os momentos mais difíceis deste percurso atribulado e
sempre ter acreditado em momento onde nem eu acreditava. Um obrigado do fundo do coração.
Por fim, agradeço à minha família por sempre me ter acompanhado e dado todas as condições e
apoio incondicional. Um especial agradecimento à minha mãe e ao meu pai por nunca terem
duvidado de mim.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
iii
RESUMO
O desenvolvimento sustentável é um dos maiores desafios que o mundo atual e futuro enfrentam para
manter a sobrevivência do ser humano. Sendo a construção uma das atividades que mais prejudica a
saúde planetária no consumo de recursos naturais, energia e geração de resíduos, é essencial que se
desenvolvam políticas, normas e metodologias para controlar e reduzir estes fatores neste setor. A
metodologia Avaliação Ciclo de Vida (ACV) é admitida mundialmente como a ferramenta mais eficaz
para apoiar o desenvolvimento sustentável e melhorar o desempenho do setor construtivo na perspetiva
ambiental.
Esta dissertação pretende desmistificar e explorar esta metodologia, explicando os passos necessários
para a sua realização, as suas vantagens e limitações, e enquadra-la com as recentes normas europeias
que utilizam esta abordagem para quantificar e avaliar a sustentabilidade dos trabalhos e produtos da
construção. Neste sentido, procura-se ainda integrar e relacionar esta metodologia com os princípios
propostos por diversos especialistas que se basearam nos documentos criados pelas diferentes cimeiras
realizadas no âmbito da sustentabilidade. Estas referenciaram a atividade construtiva como crucial para
atingir os fins previstos.
A fim de explicitar a metodologia, realizar-se-á ainda um caso prático que ilustre o procedimento da
avaliação ciclo de vida e a sua utilidade na tomada de decisão relacionada com a seleção de materiais
de construção ambientalmente mais eficazes. Os dados a analisar provêm das declarações ambientais de
produto que é um documento referenciado pelas normas europeias como uma excelente base de obtenção
de dados para realização da avaliação.
O caso de estudo vai abordar o desempenho ambiental e económico de duas soluções estruturais
homólogas, constituídas por materiais diferentes, de um módulo de uma nave industrial. Pretende-se,
utilizando a metodologia avaliação ciclo de vida (ACV), obter a solução teoricamente mais sustentável
do ponto de vista ambiental associado à componente económica referente ao custo das soluções.
PALAVRAS-CHAVE: Edifícios, Projeto, Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável, construção
sustentável, Avaliação Ciclo de Vida, Declarações Ambientais Produto
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
v
ABSTRACT
Sustainable development is one of the biggest challenges facing the world today and the future to
maintain the survival of the human being. The construction, being one of the activities that most harms
the global consumption of natural resources, energy and waste generation, it is essential to develop
policies, standards and methodologies to control and reduce these factors in this industry. The Life Cycle
Assessment methodology (LCA) is accepted worldwide as the most effective tool to support sustainable
development and improve the performance of the construction sector in the environmental perspective.
This dissertation aims to demystify this methodology, explaining the necessary steps for its
implementation, its advantages and limitations, and it fits with the latest European standards that use
this approach for quantifying and assessing the sustainability of construction works and building
products. In this sense, we seek to further integrate and relate this approach with the principles proposed
by several experts that were based on documents created by the various summits that took place in the
context of sustainability. Those referred constructive activity as crucial to achieve the intended purpose.
In order to explain the methodology, will make even a case study to demonstrate the procedure of
assessment lifecycle and its usefulness in decision making related to the selection of building materials
environmentally effective. The data come from the analysis of environmental product declarations is a
document referenced by European standards as a great base for obtaining data to conduct the evaluation.
The case study will address the environmental and economic performance of two homologous structural
solutions consisting of different materials, a module of an industrial building and it is intended, using
the life cycle assessment methodology, to obtain the solution theoretically more environmentally
sustainable associated to the economic component related solutions cost.
KEYWORDS: Buildings, Design, Sustainability, Sustainable Development, Sustainable Building, Life
Cycle Assessment, Environmental Product Declarations
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
vi
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
vii
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... i
RESUMO ................................................................................................................................. iii
ABSTRACT .............................................................................................................................. v
1 INTRODUÇÃO ................................................................... 1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................. 1
1.2 ÂMBITO E OBJETIVOS ................................................................................................... 2
1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .................................................................................. 2
2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................ 5
2.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5
2.2 APARECIMENTO DE UM PARADIGMA MUNDIAL ................................................................. 5
2.3 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO .................................................................. 6
EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................................................ 6
1972 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE O AMBIENTE HUMANO – CIMEIRA DE ESTOCOLMO ............. 7
1987 - COMISSÃO MUNDIAL PARA O AMBIENTE DESENVOLVIDO – RELATÓRIO BRUNDTLAND ......... 8
1992 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CÚPULA DA TERRA
ECO-92 9
2002 - CIMEIRA MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – CIMEIRA DE JOANESBURGO
RIO +10 12
2012 – CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - RIO +20.12
2.4 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO EM PORTUGAL ............... 14
2.5 INFLUÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SETOR DA CONSTRUÇÃO E A SUA
IMPORTÂNCIA ........................................................................................................................ 16
IMPACTE GLOBAL DA INDUSTRIA CONSTRUTIVA ......................................................................... 16
PEGADA ECOLÓGICA ................................................................................................................ 16
3 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ..................................... 19
3.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 19
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
viii
3.2 IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO PARA O SER HUMANO .................................................. 19
3.3 SURGIMENTO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL............................................................. 20
OCDE – CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ...................................................................................... 21
3.4 EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CONSTRUÇÃO .............................. 23
3.5 IMPACTES GERADOS PELO SETOR DA CONSTRUÇÃO ..................................................... 24
ENQUADRAMENTO .................................................................................................................... 24
IMPACTES DECORRENTES DA CONSTRUÇÃO ............................................................................... 25
IMPACTES AMBIENTAIS .............................................................................................................. 28
3.5.3.1 Tipologia de impactes ambientais ......................................................................................... 28
3.5.3.2 Impactes ambientais associados a cada fase ciclo de vida dos edifícios ............................. 31
IMPACTES ECONÓMICOS E SOCIAIS ............................................................................................ 33
3.6 BARREIRAS Á CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL .................................................................. 35
3.7 SOLUÇÕES DE PROMOÇÃO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL......................................... 38
4 INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS PARA A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ........................................... 41
4.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 41
4.2 TIPOLOGIA DE INSTRUMENTOS PARA PROMOVER A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ............ 41
AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA ....................................................................................... 42
ESTUDOS DE IMPACTE AMBIENTAL ............................................................................................. 42
AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS, SOLUÇÕES E EDIFÍCIOS .............................................. 43
4.3 INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS DE APOIO À CONCEÇÃO E AVALIAÇÃO DA
SUSTENTABILIDADE DE EDIFÍCIOS ........................................................................................... 43
4.3.1.1 Eco-Platform .......................................................................................................................... 49
4.4 NORMALIZAÇÃO APOIANTE DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO............................. 52
NORMALIZAÇÃO INTERNACIONAL ............................................................................................... 52
NORMALIZAÇÃO EUROPEIA ....................................................................................................... 55
4.4.2.1 Normas CEN 350 ................................................................................................................... 56
5 AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA ........................................ 61
5.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 61
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
ix
5.2 ENQUADRAMENTO GERAL ........................................................................................... 61
5.3 METODOLOGIA ACV (LCA) ......................................................................................... 64
ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E PANORAMA NORMATIVO ............................................................ 64
NP EN ISO 14040:2010 – “PASSOS PARA REALIZAR UM ACV (LCA) GENÉRICO” ....................... 66
5.4 VANTAGENS DA METODOLOGIA .................................................................................... 77
5.5 LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA .................................................................................... 77
5.6 TIPOLOGIAS DE AVALIAÇÃO ........................................................................................ 78
5.7 UTILIZAÇÃO DA ACV (LCA) NO SETOR DA CONSTRUÇÃO .............................................. 79
PARTICULARIDADES E DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DA ACV (LCA) .................................. 79
UTILIZADORES E TIPOS DE UTILIZAÇÃO ...................................................................................... 79
PRINCIPAIS EVOLUÇÕES E BARREIRAS NA IMPLEMENTAÇÃO DA ACV (LCA) ................................. 80
TIPOLOGIA DE ESTUDOS ACV (LCA) NA CONSTRUÇÃO .............................................................. 81
ECOEFICIÊNCIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO ...................................................................... 81
6 CASO PRÁTICO – APLICAÇÃO METODOLOGIA ACV (LCA) ........................................................................................ 85
6.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 85
6.2 EXPLICAÇÃO PORMENORIZADA DO CASO ..................................................................... 85
6.3 SOLUÇÕES E CÁLCULO DO PESO DA ESTRUTURA ......................................................... 86
SOLUÇÃO A – ESTRUTURA EM BETÃO ARMADO PRÉ-FABRICADO ................................................. 87
SOLUÇÃO B – ESTRUTURA METÁLICA ........................................................................................ 88
6.4 AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA .......................................................................................... 89
OBJETIVO E ÂMBITO ................................................................................................................. 90
INVENTÁRIO ............................................................................................................................. 91
AVALIAÇÃO .............................................................................................................................. 91
6.4.3.1 Cenário 1A – “Cradle-to-Gate” .............................................................................................. 92
6.4.3.2 Cenário 1B – Avaliação Vertente Económica Cenário 1....................................................... 93
6.4.3.3 Cenário 2 – “Cradle – to – Grave” ......................................................................................... 93
6.4.3.4 Cenário 3A – “Cradle – to – Cradle” ...................................................................................... 97
6.4.3.5 Cenário 3B - Avaliação Vertente Económica Cenário 3 ....................................................... 98
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
x
6.4.3.6 Cenário 4 ............................................................................................................................... 99
7 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS .............. 103
7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 103
7.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS – CASO PRÁTICO .................................................................. 104
7.3 PERSPETIVAS FUTURAS ............................................................................................. 105
BIBLIOGRAFIA………………………………………………… 107
ANEXOS
ANEXO I – DECLARAÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTO (DAP HABITAT)
ANEXO II – TABELA DE INDICADORES EXEMPLO DA NORMA EN 15978
ANEXO III – PLANTAS E ALÇADOS
ANEXO IV – DECLARAÇÕES AMBIENTAIS DE PRODUTO DO AÇO E DO ACABAMENTO DE
PINTURA
ANEXO V – LISTA DE IMPACTES AMBIENTAIS DE MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO (ECOINVENT)
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 - Evolução da população mundial [1] .................................................................................... 6
Figura 2.2 - Cimeiras Mundiais relacionadas com o desenvolvimento sustentável [2] .......................... 7
Figura 2.3 - Situação Mundial ao nível do Desenvolvimento Sustentável em 1992 [5] ......................... 9
Figura 2.4 - Âmbito da Agenda 21 [5] .................................................................................................... 9
Figura 2.5 - Incentivo para adotar uma Agenda 21 Local [5] ............................................................... 11
Figura 2.6 - Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentável [8] ............................................... 12
Figura 2.7 - Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável [9] ..................... 13
Figura 2.8 - Processo Agenda 21 [12] ................................................................................................... 15
Figura 2.9 - Ilustração Animada da Pegada Ecológica Mundial [16] ................................................... 17
Figura 2.10 - Evolução da Pegada Ecológica Mundial [17] .................................................................. 17
Figura 2.11 - Relação Capacidade Regenerativa da Terra e a Pegada Ecológica [17].......................... 18
Figura 3.1 - Âmbito Construção Sustentável para Charles Kibert [21] ................................................ 20
Figura 3.2 - Princípios de Kibert para a Construção Sustentável [21] .................................................. 21
Figura 3.3 - Definição Construção Sustentável para a CRISP [22] ...................................................... 21
Figura 3.4 - Definação Construção Sustentável para OCDE [20] ......................................................... 22
Figura 3.5 - Princípios Construção Sustentável OCDE [20] ................................................................. 23
Figura 3.6 - Evolução do paradigma da construção [13]....................................................................... 24
Figura 3.7 - Causas Gerais de Impactes ................................................................................................ 25
Figura 3.8 - Definição Trabalhos de Construção [23] ........................................................................... 26
Figura 3.9 - Fases e atividades principais do ciclo de vida dos edifícios .............................................. 26
Figura 3.10 - Impactes relevantes no ciclo de atividades construtivas[13] ........................................... 27
Figura 3.11 - Impactes e Cargas decorrentes de uma Edificação [24] .................................................. 28
Figura 3.12 - Sistematização das Áreas de Impactes Ambientais [13] ................................................. 29
Figura 3.13 - Atividades críticas das fases ciclo de vida que induzem impactes ambientais ................ 31
Figura 4.1 - Abordagens para Construção Sustentável (Vertente Ambiental) ...................................... 42
Figura 4.2 - Primeira definição da ACV (LCA) promovida pela SETAC [13] .................................... 43
Figura 4.3 - Objetivos das políticas para promoção da construção sustentável .................................... 44
Figura 4.4 - Indicadores para Avaliação da Sustentabilidade ............................................................... 44
Figura 4.5 - Tipos de metodologias de apoio à conceção e avaliação de edifícios [26]........................ 46
Figura 4.6 - Operadores que fundaram a ECO Platform ....................................................................... 51
Figura 4.7 - Estrutura da Comissão e Normas realizadas ...................................................................... 52
Figura 4.8 - CEN - Comissões que contribuem para a sustentabilidade na construção ........................ 55
Figura 4.9 - Módulos do Ciclo de Vida considerados pelas normas CEN 350. [35] ............................ 57
Figura 5.1 - Componentes para a Avaliação da Sustentabilidade ......................................................... 62
Figura 5.2 - Problemas Frequentes ........................................................................................................ 63
Figura 5.3 - Estruturação da comissão responsável pela ACV (LCA) .................................................. 65
Figura 5.4 - Etapas da ACV (LCA) [49] ............................................................................................... 66
Figura 5.5 - Funcionamento de um sistema de produto [51] ................................................................. 69
Figura 5.6 - Etapas Avaliação do Inventário Ciclo de Vida .................................................................. 72
Figura 5.7 - Exemplo Fatores de Caracterização do BEES [52] ........................................................... 74
Figura 5.8 - Estrutura dos métodos de avaliação de categorias de impacte [53] ................................... 75
Figura 5.9 - Tipologias de avaliação [20].............................................................................................. 78
Figura 5.10 - Quantidade de CO2 e Energia Primária de Materiais de Construção [58] ....................... 82
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
xii
Figura 6.1 - Esquema das Soluções ....................................................................................................... 86
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
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ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 2.1 - Objetivos propostos Agenda 21 [5] ................................................................................. 10
Quadro 3.1 - Barreiras para Implementação Construção Sustentável [20] ........................................... 35
Quadro 3.2 - Políticas de Incentivo á Construção Sustentável .............................................................. 39
Quadro 4.1 - Principais Ferramentas para avaliação da sustentabilidade de Edifícios ......................... 47
Quadro 4.2 - Indicadores norma ISO 21929-1:2011 [22] ..................................................................... 53
Quadro 4.3 - Normalização Europeia [35] ............................................................................................ 56
Quadro 5.1 - Etapa ACV - Objetivos e Âmbito .................................................................................... 70
Quadro 5.2 - Etapa Caraterização - Impactes Ambientais [46] ............................................................. 73
Quadro 5.3 - Aplicações e Utilizadores na metodologia ACV no setor construtivo [56] ..................... 80
Quadro 6.1 - Custos dos Materiais ........................................................................................................ 87
Quadro 6.2 - Peso Estrutura Betão Armado .......................................................................................... 88
Quadro 6.3 - Custos associados á Solução A ........................................................................................ 88
Quadro 6.4 - Peso Estrutura Metálica ................................................................................................... 89
Quadro 6.5 - Custos associados á Solução B ........................................................................................ 89
Quadro 6.6 - Indicadores e Metodologias Utilizadas na Avaliação ...................................................... 90
Quadro 6.7 - Cenários ACV .................................................................................................................. 91
Quadro 6.8 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 1 ...................................................... 92
Quadro 6.9 - Resultados da Vertente Económica no Cenário 1 ............................................................ 93
Quadro 6.10 - Áreas de Pintura de cada perfil e respetiva fonte ........................................................... 95
Quadro 6.11 - Área Total de Pintura em cada perfil ............................................................................. 95
Quadro 6.12 - Quantidade necessária de Tinta e Primário .................................................................... 96
Quadro 6.13 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 2 .................................................... 96
Quadro 6.14 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 3 .................................................... 98
Quadro 6.15 - Resultados da Vertente Económica no Cenário 3 .......................................................... 99
Quadro 6.16 - Ponderações assumidas no cenário 1 e utilizadas em softwares .................................... 99
Quadro 6.17 - Ponderações utilizadas no Cenário 4 ........................................................................... 100
Quadro 6.18 - Resultados do cenário 4 ............................................................................................... 100
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
xiv
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
xv
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ACV - Avaliação Ciclo de Vida ou em inglês LCA – Life Cycle Assessment
AHP – Analytic Hierarchy Process
AICV – Avaliação Inventário Ciclo de Vida
BEES – Building for Environmental and Economic Sustainability
CE - Comissão Europeia
CEN – European Committee for Standardization
CFC’s – Clorofluorcarbonetos
CIB – Comission International Building
CNADS – Conselho Nacional para o Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
CNUAD – Comissão das Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento
CV – Ciclo de Vida
DAP - Declarações Ambientais do Produto ou em inglês EPD – Environmental Product
Declaration
DPC – Diretiva dos Produtos da Construção
ENDS - Estratégica Nacional de Desenvolvimento Sustentável
EU – União Europeia
ICLEI – Internacional Council for Local Environmental Iniciatives
ICV - Inventário Ciclo de Vida
ISO – International Organization for Standardization
LCC - Life Cycle Cost
OCDE – Organização Cooperação e Desenvolvimento Económico
ONU – Organização das Nações Unidas
PDM – Plano Diretor Municipal
PIB – Produto Interno Bruto
PIENDS - Plano Implementação Estratégica Nacional de Desenvolvimento Sustentável
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RCP – Regras Categoria Produto
UNEP – United Nations Environment Protection
USEPA - United States Environmental Protection Agency
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O planeta Terra, em meados do século XX, sofreu um grande aumento populacional e avanços
tecnológicos que se traduziram numa explosão da qualidade da vida quotidiana do homem, mas
simultaneamente, numa degradação massiva e descontrolada do meio ambiente que pode ter
repercussões irreversíveis na história da humanidade.
A existência do ser humano tem sido posta em causa devido a utilização indevida de recursos naturais,
ao aquecimento global e à produção de resíduos, o que induziu uma abordagem de destaque nas
convenções internacionais em relação a estes assuntos ambientais, nomeadamente, encontrar formas de
atenuar e se possível eliminar a pressão ambiental a que o planeta Terra está a ser sujeito.
Com a presença deste dilema na ordem do dia, foram criados e estabelecidos vários tratados e normas a
fim de conter e gerir os recursos de forma a reduzir ao máximo estes impactes ambientais através de
politicas de promoção da sustentabilidade, entre as quais, a utilização de diversas metodologias e
ferramentas de análise do desempenho ambiental de várias atividades, dos quais de destaca neste
contexto, a construção.
A construção é um setor responsável por grande parte dos impactes ambientais causados, e sendo estes
uma preocupação cada vez mais vincada nas sociedades atuais, o seu controlo e gestão nesta atividade
tem evoluído consideravelmente. Com este pensamento, o setor construtivo sofreu uma alteração radical
ao nível de conceção e emergiu o conceito de “construção sustentável”. Paralelamente a este conceito,
surgiram no mercado novos materiais e produtos considerados mais sustentáveis que os
tradicionalmente utilizados mas que suscitam algumas questões. Estes materiais designados
“sustentáveis” apresentam a mesma função e eficácia dos convencionais utilizados? Pois só faz sentido
afirmar que são melhores em termos sustentáveis se estiver comprovado previamente que a sua eficácia
funcional é equivalente aos materiais convencionais.
Neste campo a necessidade de analisar estes materiais, nomeadamente, o seu comportamento durante
todo o ciclo de vida dos edifícios é imprescindível para avaliar a sua sustentabilidade. No encontro desta
necessidade surge uma metodologia denominada avaliação do ciclo de vida que é considerada uma
ferramenta valiosa de aferição do impacte ambiental da construção tanto dos materiais que a constituem
como de todo o edifício. Esta ferramenta é reconhecida como a mais adequada para este fim e encontra-
se normalizada mundialmente no âmbito da gestão ambiental.
No espaço europeu e no âmbito da sustentabilidade dos trabalhos de construção, surgiram recentemente
várias normas que têm como base esta abordagem ciclo de vida e que se destinam a padronizar e facilitar
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
2
a interpretação dos resultados das avaliações da sustentabilidade dos edificados. Estas normas
pretendem, a comparação de soluções construtivas, com vista uma maior sustentabilidade dos trabalhos
da construção.
1.2 ÂMBITO E OBJETIVOS
Os principais objetivos do presente trabalho são:
Sistematizar o conhecimento referente ao conceito de desenvolvimento sustentável e a
importância do setor da construção nesse campo;
Apresentar o conceito de construção sustentável, bem como, os seus princípios, impactes
ambientais, barreiras e políticas para a promover na sociedade atual;
Referenciar os diferentes instrumentos e ferramentas que apoiam a construção sustentável no
âmbito da sua contribuição e dificuldade de integração nos edificados;
Focar a normalização internacional existente e explicitar o conteúdo das recentes normas
europeias para a sustentabilidade dos trabalhos da construção e o seu papel na avaliação da
sustentabilidade;
Explicar a metodologia avaliação ciclo de vida, nomeadamente, o seu procedimento, as suas
vantagens e limitações, apoiadas pela normalização internacional e evidenciar as adaptações e
particularidades no setor da construção;
Aplicação da metodologia a um caso de estudo de forma a clarificar o seu procedimento e as
suas potencialidades na tomada de decisão, mais especificamente, na seleção de materiais de
construção.
1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
A dissertação está estruturada em sete capítulos.
O capítulo 1 apresenta um enquadramento geral do tema e os objetivos que se pretendem alcançar com
este trabalho.
O capítulo 2 apresenta o início do estado da arte onde se abordam as principais causas para a
insustentabilidade atual e se faz um enquadramento histórico da evolução do conceito de
desenvolvimento sustentável referenciando as principais cimeiras e documentos que fundaram o
conceito. Foca-se o estado atual de Portugal no âmbito da sustentabilidade e as estratégias criadas para
integrar os seus princípios na sua sociedade. Destaca-se ainda a importância do setor da construção no
âmbito do desenvolvimento sustentável e a situação crítica da regeneração da Terra recorrendo ao
conceito de Pegada Ecológica.
O capítulo 3 aborda o surgimento da construção sustentável e os seus princípios base a ter em conta nas
práticas construtivas. Faz-se referência à mudança de paradigma na construção e aos impactes
ambientais, económicos e sociais provocados pelo setor da construção, associando o papel que os
mesmos têm em cada uma das fases do ciclo de vida de um edifício. Abordam-se ainda as barreiras
existentes á implementação da construção sustentável e as soluções propostas pela Comissão Europeia
a fim de extinguir as mesmas.
No capítulo 4 enunciam-se os instrumentos e ferramentas para a conceção e avaliação da
sustentabilidade dos edifícios, realçando as maiores dificuldades de realização das avaliações dado as
caraterísticas únicas do setor construtivo. Ainda neste seguimento, expõe-se e explica-se o conteúdo das
normas europeias que apoiam este tema, realçando as partes mais importantes e relacionadas com a
metodologia ACV (LCA).
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
3
No capítulo 5 realiza-se uma abrangente abordagem da metodologia ACV (LCA), nomeadamente o seu
papel na avaliação da sustentabilidade. Evidencia-se o procedimento devidamente fundamentado pela
norma internacional, bem como, os métodos e ferramentas que auxiliam na realização do método e ainda
as vantagens e limitações inerentes.
O capítulo 6 introduz e desenvolve o caso prático, onde se vai aplicar a metodologia referida a um estudo
de caso concreto constituído por diversos cenários. A análise e obtenção de diferentes resultados visa
uma melhor compreensão do funcionamento do método e dos seus objetivos aplicados à atividade
construtiva.
O capítulo 7 e último, pretende sistematizar em conclusões o trabalho realizado, tirando ilações sobre a
qualidade dos resultados obtidos, nomeadamente, o seu enquadramento com as expectativas iniciais,
conclusões significativas e adequação da metodologia ao propósito do estudo elaborado. Finalmente,
enumeram-se propostas futuras de trabalho, designadamente em áreas que permitam melhorar os
princípios explicitados neste trabalho, assim como outras perspetivas de abordagem á sustentabilidade
dos trabalhos de construção.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
5
2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
2.1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste capítulo passa essencialmente por explicitar o cenário mundial no âmbito da
sustentabilidade, explicando as razões que provocaram a instabilidade sentida, e realizar um
enquadramento histórico desde o aparecimento do conceito “desenvolvimento sustentável” e
percorrendo a sua evolução até aos dias de hoje. A evolução do conceito é acompanhada e fundamentada
pelas principais cimeiras mundiais e documentos que a partir delas foram gerados, e que originaram e
moldaram este conceito ao longo dos tempos.
No final do presente capítulo realiza-se uma atualização da situação portuguesa no âmbito da
sustentabilidade, citando as estratégias que foram definidas e estipuladas para atingir o acordado nas
cimeiras internacionais.
2.2 APARECIMENTO DE UM PARADIGMA MUNDIAL
Ao longo dos tempos a população mundial tem vindo a crescer. Este crescimento é mais substancial nos
últimos 2 séculos, onde nasceu cerca de 80% da população que habita o nosso planeta. Como tal, o
consumo de recursos naturais aumentou exponencialmente. Este facto decorre não só das sociedades
serem mais numerosas, mas também pela evolução ao nível tecnológico e dos padrões de qualidade de
vida e conforto empregues por essas sociedades. Estima-se que nos últimos 40 anos aproximadamente,
com a duplicação da população mundial, como mostra a Figura 2.1, associada a duplicação média da
qualidade de vida também, houve uma quadruplicação do consumo de recursos e como consequência,
um impacte ambiental alarmante.
Nesta ideologia, na segunda metade do século passado surge uma consciencialização que as atividades
destrutivas do ser humano estavam a afetar seriamente o nível de recursos inorgânicos, que não são
inesgotáveis, a biodiversidade das espécies e quantidade de resíduos produzidos. Portanto, continuar a
utilizar sistemas energéticos sustentados por fontes de energia não renováveis e manter o destinatário
dos resíduos produzidos não podia prosseguir. Com esta consciencialização o ser humano apercebeu-se
que a sobrecarga provocada ao planeta pelas suas atividades pode induzir a uma destruição massiva e
irreversível do seu habitat e do meio ambiente.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
6
Na sequência deste crescimento descontrolado e preocupante, as nações começaram a traçar e
desenvolver estratégias para controlar e gerir conscientemente a utilização de recursos, a fim de estes
não escassearem futuramente e comprometerem a continuidade da vida humana. Constatados com este
dilema, surge o estudo e desenvolvimento de um conceito que traduz, para muitos especialistas, um dos
maiores paradigmas do século XXI que se denomina DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
Este conceito admite retificar o rumo do desenvolvimento mundial, introduzindo temáticas como, a
proteção ambiental, o crescimento económico, a qualidade de vida moderada e a preocupação com as
futuras gerações defendendo que estas merecem um planeta Terra e meio ambiente no mínimo tão bom
como aquele que disfrutamos no presente momento. Os aspetos referidos são apenas uma ínfima parte
dos objetivos propostos para o desenvolvimento sustentável. Para os atingir foi proposto um modelo que
desponte e garanta a harmonização e equilíbrio das três dimensões base do conceito – AMBIENTE,
SOCIEDADE E ECONÓMICA.
2.3 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
O conceito “sustentabilidade” desabrocha assim na segunda metade do século XX, com o objetivo de
consciencializar o ser humano de que as suas ações ao nível social, económico e ambiental, estão a
sacrificar a existência das gerações posteriores, na medida em que a possibilidade de poderem satisfazer
as suas necessidades pode estar em risco.
Desta constatação, foram decorrendo várias cimeiras e convenções ao longo dos anos, para que os líderes
mundiais debatessem esta temática e desenvolverem ações e estratégias para as conter.
Figura 2.1 - Evolução da população mundial [1]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
7
De todos estes encontros merecem destaque:
1972 - Conferência da ONU sobre O Ambiente Humano – Cimeira de Estocolmo
1987 - Comissão Mundial para o Ambiente Desenvolvido – Relatório Brundtland
1992 - Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Cúpula da Terra
ECO-92
2002 - Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentável – Cimeira de Joanesburgo Rio
+10
2012 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio +20
A Figura 2.2 evidencia as cimeiras que se realizaram mundialmente ao longo dos anos, assim como, os
documentos mais importantes oriundos delas e que estiveram na origem histórica do conceito de
desenvolvimento sustentável. De seguida menciona-se sucintamente os pontos mais importantes de
cada uma delas, assim como as declarações e documentos que deram forma ao conceito.
As cinco cimeiras acima referidas foram as mais marcantes e as que mais contribuíram para o conceito
de desenvolvimento sustentável.
1972 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE O AMBIENTE HUMANO – CIMEIRA DE ESTOCOLMO
Primeira grande conferência de debate do desenvolvimento económico-ambiental mundial, realizada em
Estocolmo. Desta, resultou um documento denominado PNUMA. Foi criado em torno de um conceito
que viria a ser a base para a criação do conceito de desenvolvimento sustentável, designado
“ecodesenvolvimento”.
Figura 2.2 - Cimeiras Mundiais relacionadas com o desenvolvimento sustentável [2]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
8
Ecodesenvolvimento, formulado por Maurice Strong e desenvolvido mais tarde por Inacy Sachs,
é definido como“ um estilo de desenvolvimento que, em cada eco região, insiste nas soluções específicas
de seus problemas particulares, levando em conta os dados ecológicos da mesma forma que os
culturais, as necessidades imediatas como também aquelas a longo prazo”[3]. No entanto, a veracidade
deste conceito só era considerada válida, se uma sociedade se encontra-se envolvida nas estratégias
definidas, pois é ela que possui o melhor conhecimento da realidade local, nomeadamente cultura e
ecossistemas.
Seguindo a ideologia de uma equilibrada correlação entre três pilares: eficiência económica,
justiça social e prudência ecológica, Inacy Sachs defendia ainda que “nada justifica o otimismo
tecnológico ilimitado segundo o qual a sociedade encontra sempre uma solução técnica aos problemas
económicos, sociais ou ecológicos por mais difíceis que possam parecer”, ou seja, a sociedade deve
implementar estratégias de desenvolvimento e eficiência económica, no sentido de satisfazer as suas
necessidades, mas sem nunca comprometer a prudência ecológica e justiça social.[3] No entanto, o
modelo de crescimento económico idealizado no relatório proporcionou diferenças abismais, pois se em
certos locais a riqueza atingia proporções surreais, noutros a miséria e degradação do ambiente crescia
dia após dia.
O ecodesenvolvimento foi assim, a fundação que suportou a criação do conceito de desenvolvimento
sustentável.
1987 - COMISSÃO MUNDIAL PARA O AMBIENTE DESENVOLVIDO – RELATÓRIO BRUNDTLAND
No ano de 1983, o Secretário-Geral das Nações Unidas apelou urgentemente à Comissão Mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento que desenvolvesse um documento baseado na seguinte ideologia,
“uma agenda global para mudança”. Atendendo ao pedido, a comissão, presidida por Gro Harlem
Brundtland, publicou em 1987 um relatório denominado Relatório Brundtland, atualmente conhecido
por “Nosso Futuro Comum”- NFC, que continha o conceito desenvolvimento sustentável e defendia que
todos os países, independentemente do seu estado de desenvolvimento, deviam criar as suas estratégias
e condições para um crescimento equilibrado.
“Há só uma Terra, mas não um só mundo. Todos nós dependemos de uma biosfera para conservarmos
nossas vidas. Mesmo assim, cada comunidade, cada país luta pela sobrevivência e pela prosperidade
quase sem levar em consideração o impacto que causa sobre os demais. Alguns consomem os recursos
da Terra a um tal ritmo que provavelmente pouco sobrará para as gerações futuras. Outros, em número
muito maior, consomem pouco demais e vivem na perspetiva da fome, da miséria, da doença e da morte
prematura.”[4]
Este parágrafo transcrito do NFC traduz a realidade mundial vivida na época e a preocupação com que
uma rápida mudança necessitava de ser efetuada. Foi desta forma que surgiu assim o conceito/base de
todo o documento que é o desenvolvimento sustentável, e que segundo ele significa:
“O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. … o desenvolvimento
sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam
e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas”.[4]
O modelo expõe a discrepância entre o desenvolvimento sustentável e o consumo de recursos,
reforçando a importância de uma relação Homem-Ambiente oposta á existente, e ainda um crescimento
económico sintonizado com os aspetos sociais e ambientais.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
9
“O necessário agora é uma nova era de crescimento económico - um crescimento convincente e ao
mesmo tempo duradouro do ponto de vista social e ambiental.”[4]
1992 - CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CÚPULA DA
TERRA ECO-92
O evento ambiental mais marcante do seculo XX, denominado ECO-92, aconteceu no Rio de Janeiro e
agrupou membros de 178 países. Esta conferência subdividiu-se em 3 eventos: um sobre MUDANÇA
DO CLIMA, um sobre BIODIVERSIDADE e outro sobre DECLARAÇÕES SOBRE FLORESTAS.
Destas 3 convenções criou-se um documento com o objetivo claro do desenvolvimento sustentável em
diversas áreas fundamentais, a fim de permitir uma nova abordagem racional de desenvolvimento
ambiental. A este documento foi dada a denominação AGENDA 21.
A “Agenda 21” assume-se assim como um instrumento de planeamento para a formação de comunidades
sustentáveis, que harmoniza métodos para proteção ambiental, eficiência económica e justiça social –
os 3 pilares do desenvolvimento sustentável. Este documento é a base para desenvolvimento sustentado
no mundo, e profere estratégicas e políticas orientadas para o equilíbrio, tendo em conta temas
fundamentalmente importantes e complexos como, crescimento populacional, pobreza, saúde, violência,
decadência urbana e degradação ambiental.
“A humanidade encontra-se num momento determinante da história. Confrontamo-nos com
uma perpetuação das disparidades entre as nações e dentro delas, um agravamento da
pobreza, da fome, da doença e da iliteracia, e a deterioração contínua dos ecossistemas de
que dependemos para o nosso bem-estar. No entanto, o interesse e preocupação crescente
sobre a integração do ambiente e do desenvolvimento conduzirá à satisfação das necessidades
básicas, ao melhoramento dos níveis de vida para todos, a uma melhor proteção e gestão de
ecossistemas e a um futuro mais seguro e próspero. Nenhuma nação conseguirá alcançar
este objetivo por si só; mas juntos conseguiremos - numa parceria global para o
desenvolvimento sustentável.”
“Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e também visa preparar o
mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um
compromisso político ao mais alto nível para o desenvolvimento e cooperação ambiental.
A sua implementação bem-sucedida é, em primeiro lugar, a responsabilidade dos governos.
As estratégias nacionais, planos, políticas e processos são cruciais para alcançar este
objetivo. A cooperação internacional deve apoiar e complementar tais esforços nacionais.
Neste contexto, o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar.
Outras organizações internacionais, regionais e sub-regionais também são chamados a
contribuir para este esforço. Devem também ser encorajados a mais ampla participação
pública e o envolvimento ativo das organizações não-governamentais e outros grupos.”
Figura 2.3 - Situação Mundial ao nível do Desenvolvimento Sustentável em 1992 [5]
Figura 2.4 - Âmbito da Agenda 21 [5]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
10
O documento é constituído por 4 secções que contêm 40 capítulos, a serem seguidos pelos governos
como linhas estratégicas e políticas para sociedades sustentáveis com os objetivos explicitados na tabela
abaixo. A “Agenda 21” é composta por 2500 recomendações com responsabilidades desde curto a longo
prazo, e consiste numa referência para os governos mundiais elaborarem um planeamento estratégico
adequado, temporalmente e espacialmente, às particularidades da sua sociedade.
Com objetivos patentes, o conteúdo da “AGENDA 21” foi aprovado e consequentemente a formação
de uma comissão com o âmbito de apoiar e cooperar com os países na execução e implementação das
suas agendas nacionais chamada Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS).
Combate á pobreza
Mudança dos padrões de consumo
Dinâmica demográfica e sustentabilidade
Proteção e desenvolvimento das condiçoes da saúde humana
Integraçao do meio ambiente nas tomadas de decisão
Preservaçao dos recursos
Proteção da atmosfera
Abordagem integrada do planeamento e gestao de recursos
Combate á desflorestação
Proteçao e gestão de ecossistemas frágeis (desertificação, seca, desenvolvimento de montanhas)
Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável
Conservação da biodiversidade biológica
Gestão ambientalmente saudável da biotecnologia
Proteção dos oceanos, mares e uso racional dos seus recursos naturais
Proteção da qualidade e abastecimento de recursos hidrícos ( desenvolvimento, uso e gestão)
Gestão saudável e segura de substancias quimicas tóxicas e resíduos radioativos e perigosos
Gestão dos resíduos sólidos e sua descarga (Esgotos)
Fortalecimento do papel de grupos principais
Ação mundial pela Mulher, com vista igualdade de direitos
A infância e a juventude no desenvolvimento sustentável
Reconhecimento do papel das populaçoes indígenas
Fortalecimento do papel das ONG's: parceiros para desenvolvimento sustentável
Iniciativas das autoridades locais em apoio á Agenda 21
Fortalecimento do papel dos trabalhadores e seus sindicatos, comércio, indústria e agricultores
Recursos e mecanismos financeiros
Ciência e técnologia para o desenvolvimento sustentável
Promoção do ensino, da consciencialização e treino
Arranjos institucionais internacionais
Instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais
Informação tomadas de decisão
OBJETIVOS AGENDA 21
Mecanismos nacionais e cooperação internacional para fortalecimento institucional dos países em
desenvolvimento
Quadro 2.1 - Objetivos propostos Agenda 21 [5]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
11
Desta conferência resultaram ainda, para além da “Agenda 21”,os seguintes documentos importantes:
Declaração do Rio de Janeiro
Declaração de Princípios sobre as Florestas
Convenção sobre Biodiversidade Biológica
Convenção da Mudança de Clima
Agenda 21 LOCAL
O conceito de Agenda 21 Local surgiu do pensamento: “Pensar Globalmente, Agir Localmente”,
presente no Capítulo 28 da Agenda 21 como expresso na figura, e invoca às autoridades locais para
intervir nas suas comunidades, tendo em vista a cooperação e colaboração na conceção de uma estratégia
de desenvolvimento local integrando os princípios do desenvolvimento sustentável.
Segundo este documento, a ação local sobre as comunidades traz benefícios diretos na qualidade de vida
da população nessa cidade ou município, contribuindo assim para a redução dos problemas a nível local
e, como tal, dos problemas a nível global. Este princípio deve assim estimular a atuação das autoridades
e agentes locais incentivando a implementação do conceito de desenvolvimento sustentável ao nível do
ordenamento do território, da economia e do estilo de vida da população através de ações cívicas em
empresas, escolas e outras entidades. [6]
A Agenda 21 Local pode ter a definição, segundo o International Council for Local Environmental
Iniciatives (ICLEI), como apresenta a Figura. “um processo participativo, multissetorial, que visa
atingir os objetivos da Agenda 21 ao nível Local, através da preparação e implementação de Plano de
Ação estratégico de longo prazo dirigido á prioridades locais para o desenvolvimento sustentável”.[7]
Com vista ao desenvolvimento sustentável, a Agenda 21 Local é uma ferramenta fundamental e com
capacidade para assegurar a elaboração de um grande número de ações para minimizar o consumo de
recursos e incitar mudanças a nível local, proporcionando:
1) Menor complexidade no estabelecimento de metas e monitorização dos indicadores escolhidos;
2) Maior aptidão na adoção um modelo governamental mais eficiente a nível local;
3) Substituição das políticas de impostos ambientais por iniciativas ao nível da educação e saúde,
de responsabilidades ambientais locais.
Em resumo, o cenário atual do planeta intensifica o papel da implementação da “A21 Local” para atingir
o desenvolvimento sustentável, visto ser o mais indicado e eficiente instrumento para o conseguir.
“Cada poder local deverá entrar em diálogo com os seus cidadãos, organizações locais e
empresas privadas e deverá adotar uma “Agenda 21 Local”. Através de processos
consultivos e de estabelecimento de consensos, os poderes locais deverão aprender com os
cidadãos e com as organizações locais, cívicas, comunitárias, comerciais e industriais e
adquirir a informação necessária para elaborar melhores estratégias. O processo de
consulta deverá aumentar a consciencialização familiar em questões de desenvolvimento
sustentável.”
Figura 2.5 - Incentivo para adotar uma Agenda 21 Local [5]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
12
Figura 2.6 - Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentável [8]
2002 - CIMEIRA MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – CIMEIRA DE
JOANESBURGO RIO +10
O segundo encontro das Nações Unidas, teve lugar na Africa do Sul para realizar uma avaliação das
evoluções, ao fim de uma década da ECO-92, ao nível ambiental e do compromisso acordado pelos
líderes mundiais nessa cimeira.
Esta conferência teve como foco principal abordar o progresso realizado na implementação das metas
estabelecidas na Agenda 21 e ajustar as partes que dificultavam essa implementação, assim como
adaptar novas estratégias com vista a resolução dos problemas mais críticos.
Um dos pontos destacados deste evento foi a confirmação absoluta que o desenvolvimento sustentável
se baseia no equilíbrio de três pilares correlacionados e reciprocamente sustentadores – ECONOMIA,
SOCIEDADE E AMBIENTE.
Na sequência destes debates, esta cimeira criou dois documentos que vieram afirmar ainda mais a
importância do desenvolvimento sustentável no mundo atual, e aperfeiçoar as estratégias da sua
implementação denominados:
Johannesburg Declaration on Sustainable Development
Johannesburg Implementation Plan
2012 – CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - RIO
+20
A Rio+20 foi a mais recente conferência realizada em Junho de 2012 no Rio de Janeiro, com vista a
fazer um ponto da situação na temática do desenvolvimento sustentável. Esta conferência ficou assim
conhecida pois assinalou 20 anos da célebre conferência Rio-92, e contribuiu essencialmente para definir
a agenda do desenvolvimento sustentável para as difíceis décadas que se avizinham.
Importa referir que esta cimeira fez a análise do estado atual do desenvolvimento sustentável no planeta
e muitas contestações foram feitas pela falha nos compromissos assumidos nas anteriores cimeiras.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
13
A referida conferência baseou-se em 2 temáticas principais:
Erradicação da pobreza mundial e economia verde no âmbito do desenvolvimento sustentável;
A estruturação das instituições com vista o desenvolvimento sustentável.
Nesta ideologia, o objetivo principal consistiu na renovação do compromisso político assumido pelos
líderes mundiais nas anteriores cimeiras do desenvolvimento sustentável, através da avaliação do
progresso realizado e das falhas de implementação de decisões anteriormente tomadas nessas cimeiras.
Também foram discutidos e abordados novos assuntos nesta temática.
Existem várias diferenças entre esta conferência e a Rio-92. Segundo declarou o porta-voz adjunto da
Rio+20 Giancarlo Summa, na Rio-92, “foram assinadas convenções importantes para o meio ambiente.
Agora isso não vai acontecer. Não vamos assinar convenções, mas vamos firmar grandes acordos
globais para desenvolvimentos sustentáveis”, reforçando assim a ideia de renovação de compromissos.
Este reforçou ainda que esta “É uma conferência que tem um alcance muito mais abrangente sobre o
desenvolvimento económico, social, ambiental, as cidades sustentáveis e a prevenção de desastres
naturais”, sugerindo que da Rio+20 iria surgir um acordo sobre os objetivos do desenvolvimento
sustentável a implementar a partir de 2015.
Durante a conferência surgiram várias declarações importantes proferidas por diferentes organismos
acerca da situação atual do mundo e que de seguida se enunciam.
Na vertente ambiental, a geógrafa Magda Lombardo afirmou que “Em relação à questão ambiental,
nesse período [de 92 a 2012] vimos pouca prática de ações efetivas em todo o planeta. Há muita
desigualdade de práticas sustentáveis. Na Ásia e África, por exemplo, as práticas são quase nulas. Com
exceção de algumas regiões da Ásia”. Esta afirmação explícita que muito poucas propostas da Rio-92
não passaram de ideias e os compromissos assumidos não foram cumpridos.
Nesta ideologia, o professor Alexandre Nodari também assegurou que “como não era um convênio, um
tratado, ela ficou como sugestão. Pouco foi adotado, a Agenda 21 foi esquecida quase que na íntegra”,
expondo a realidade explícita da evolução nos últimos 20 anos.
Apesar de toda a controvérsia, surgiu desta conferência sobre o desenvolvimento sustentável um
documento final que tem como denominação “O FUTURO QUE QUEREMOS”.
Este documento é constituído por 53 páginas, que contêm 6 capítulos que abordam 25 temáticas das
quais se realçam a erradicação da pobreza, segurança alimentar, água, energia, saúde, emprego,
oceanos, mudanças climáticas, consumo e produção sustentáveis. O conteúdo consiste essencialmente
Figura 2.7 - Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável [9]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
14
na reafirmação dos princípios estabelecidos nas cúpulas anteriores e reforça a importância “de acelerar
os esforços” para aplicar os compromissos assumidos.
Nesta declaração são focados vários temas dos quais se apresentam os mais relevantes para a presente
tese. No 1º capítulo, é referido o reforço dos compromissos para com o desenvolvimento sustentável.
“Nós, Chefes de Estado e de Governo, e representantes de alto nível, reunidos no Rio de Janeiro, Brasil,
de 20 a 22 de Junho de 2012, com a plena participação da sociedade civil, renovamos o nosso
compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a promoção de um futuro económico, social e
ambientalmente sustentável para o nosso planeta e para as atuais e futuras gerações.” [10]
“Afirmamos, portanto, a necessidade de uma melhor integração dos aspetos econômicos, sociais e
ambientais do desenvolvimento sustentável em todos os níveis, e reconhecemos as relações existentes
entre esses diversos aspetos para se alcançar o desenvolvimento sustentável em todas as suas
dimensões.” [10]
No contexto ambiental, importa realçar o tópico 87 abaixo citado.
“Reafirmamos a necessidade de fortalecer a governança ambiental internacional no contexto do
quadro institucional para o desenvolvimento sustentável, a fim de promover uma integração equilibrada
da situação económica, social e ambiental, dimensões do desenvolvimento sustentável, bem como a
coordenação dentro do sistema das Nações Unidas.”. [10]
Contudo, analisando friamente os resultados da Rio+20, denota-se uma preocupação crescente da
humanidade em conservar o nosso planeta. No entanto, é importante realçar que muitas ideias não irão
passar disso mesmo devido a vários fatores como falta de recursos financeiros, tempo ou objetividade.
Em resumo, acredita-se que após tantas desavenças e obstáculos ultrapassados, o mundo se mobilizará
no sentido de ajudar o planeta a sair da situação crítica onde se encontra. Para tal, o papel de cada ser
humano é fundamental, na medida em que, um simples ato é uma contribuição válida para o
desenvolvimento sustentável e para o futuro do planeta Terra.
2.4 ENQUADRAMENTO HISTÓRICO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO EM PORTUGAL
Portugal iniciou o seu trajeto rumo ao desenvolvimento sustentável após os documentos que marcaram
a política ambiental, mesmo antes das vertentes económicas e sociais se integrarem no modelo de
desenvolvimento. Existem vários marcos históricos importantes, como a aprovação da Lei de Bases do
Ambiente (1987), o Plano Nacional de Política de Ambiente (1995) que referiu o desenvolvimento
sustentável como um objetivo incontornável e a criação do Conselho Nacional para o Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável em 1997. No entanto, o marco mais notável ocorreu em Fevereiro 2002
quando o XIV Governo Constitucional iniciou o processo de elaboração da ENDS, que em Maio desse
mesmo ano veria já ser aprovadas as suas linhas gerais de orientação.
Anos passaram, e em Janeiro de 2004 foi dado mais um passo importante que teve como resultado a
aprovação dos objetivos, estratégias e linhas de orientação da ENDS, e ainda um encaminhamento para
a elaboração de um PIENDS num futuro próximo.
O fim de todo este processo iniciado em 2002, culminou com a conclusão e aprovação da ENDS e do
seu plano de implementação em Março de 2005. No entanto, só em 2006 é que se realizou uma iniciativa
que resultou na publicação de uma nova versão e definitiva do documento realçando a contribuição do
CNADS na metodologia para elaboração dos documentos.
Em resumo, a versão final da ENDS e PIENDS foi aprovada pelo XVII Governo Constitucional em
Dezembro de 2006. [11]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
15
A ENDS e respetivo PIENDS surgem assim da iniciativa da Conferencia das Nações Unidas sobre
Ambiente e Desenvolvimento (CNUAD) do Rio de Janeiro em 92, e reforçada no Rio +5 e Rio +10,
onde os líderes mundiais asseguraram o compromisso que tinham realizado para o desenvolvimento
sustentável. A Agenda 21 e restantes declarações materializaram o estímulo para os governos
desenvolverem estratégias nacionais rumo ao desenvolvimento sustentável, criando documentos
estratégicos que fortalecessem e articulassem as políticas nacionais para o ambiente, economia e
assuntos de cariz social.
Interligação Agenda 21 com Agenda 21 Local e ENDS
No contexto português, a ENDS tem como âmbito implementar um ambiente sustentado em todos os
parceiros sociais, e como tal, define que um dos instrumentos fundamentais para a sua implementação
são as Agendas 21 Locais. A sua adesão começa a ter significado, pois segundo um estudo da
Universidade Católica Portuguesa em 2011, Portugal apresentava 167 processos de Agenda 21 Local
em decurso, o que significa uma abrangência de metade da população portuguesa. Contudo, estes
processos ainda não estão todos ativos.
Figura 2.8 - Processo Agenda 21 [12]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
16
2.5 INFLUÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SETOR DA CONSTRUÇÃO E A SUA
IMPORTÂNCIA
IMPACTE GLOBAL DA INDUSTRIA CONSTRUTIVA
Como mencionado, as atividades humanas acompanharam este brutal crescimento populacional,
nomeadamente, uma atividade considerada como fulcral em qualquer sociedade, a construção. O
ambiente construído segue o ser humano ao longo da sua história, estabelecendo a identidade e uma
forma de organização das sociedades, induzindo uma sensação de intimidade de tal forma que tornam
as cidades num local agradável para as pessoas habitarem. Contudo, devido às exigências crescentes de
desenvolvimento social, tais como, o aumento da população e da sua qualidade de vida, a construção
necessita de consumir imensos recursos naturais e produzir grandes quantidades de resíduos provocando
assim um impacte ambiental muito significativo, merecendo por isso uma especial atenção.
A atividade construtiva encontra-se profundamente interligada com o conceito de desenvolvimento
sustentável pois tem uma grande influência em cada um dos pilares. Estas estimulam efeitos económicos
e sociais, bem como, grandes efeitos ambientais relacionados com a ocupação e o uso do solo, consumo
de recursos, produção de resíduos e alteração dos ecossistemas naturais.[13]
Nesta indústria, e mais concretamente no que diz respeito ao parque edificado, de acordo com dados da
união europeia e outras entidades, é responsável pelos seguintes aspetos [14,15]:
40% do consumo de materiais produzidos e 55 % da madeira extraída;
42% da energia utilizada para aquecimento e iluminação;
35% de emissões de gases com efeito de estufa;
10% do PIB dos países;
7% dos postos de trabalho do planeta;
A confrontação com os presentes dados deve levar à consciencialização que é necessária uma mudança
na ideologia de utilização de processos construtivos tradicionais e uma modificação das práticas de
conceção, construção, manutenção e demolição dos edifícios com vista á introdução de melhorias no
desempenho ambiental e económico do edificado, e como consequência, a melhoria na qualidade de
vida das sociedades.[14,15] No entanto, a implementação desta ideologia tem diversos entraves e
barreiras que serão abordadas com maior detalhe no capítulo 3.
PEGADA ECOLÓGICA
Constatando a informação referida, o setor construtivo é responsável por parte das marcas de degradação
ambiental causada pelo Homem no planeta Terra. Neste contexto, a evolução negativa crescente dessas
marcas tornou-se de tal forma significativa, que dois especialistas idealizaram um modo de quantifica-
las. A esse conceito foi dada a denominação de Pegada Ecológica.
Pegada Ecológica tem como principal objetivo a determinação da superfície da Terra necessária para
suportar o consumo de recursos naturais e a absorver os resíduos gerados por um indivíduo, uma
sociedade, uma atividade, uma organização, um edifício ou um país, num ano. [13] Assim, ela viabiliza
a avaliação dos impactes na natureza, bem como a quantificação e previsão do sucesso ou insucesso das
medidas implementadas tendo em vista a melhoria da ecoeficiência.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
17
A Pegada Ecológica foi concebida para o melhor entendimento da quantidade de recursos naturais
necessária para suportar a nossa vida quotidiana, incluindo, a nossa casa, roupa, comida, transportes etc.
Este conceito não pretende avaliar estes aspetos com precisão, mas sim estimar o impacto que a nossa
vida tem no planeta, tendo em conta a sua capacidade de disponibilização e renovação de recursos
naturais e absorção de resíduos e poluentes gerados.
Atualmente a situação revela-se crítica, pois como podemos observar na figura a capacidade
regenerativa do planeta não acompanha as nossas necessidades e a tendência é para continuar a
aumentar. A procura anual sobre o meio ambiente excedeu de tal forma a capacidade da Terra que esta
em 2008 para se regenerar, ao nível de recursos naturais e absorção de resíduos e poluentes, necessita
de 1,5 planetas. [17]
Para melhor entendimento da figura expressa em cima, realiza-se uma explicação mais pormenorizada.
A capacidade regenerativa do planeta pode ser expressa num parâmetro denominado de Bio capacidade.
Este quantifica a capacidade que o meio ambiente tem para produzir recursos renováveis, fornecer solo
para ambientes construídos e absorção de resíduos, tanto sólidos como atmosféricos.
Figura 2.9 - Ilustração Animada da Pegada Ecológica Mundial [16]
Figura 2.10 - Evolução da Pegada Ecológica Mundial [17]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
18
Como tal, a Bio capacidade atuando como uma referência ambiental pode ser comparada com a Pegada
Ecológica. Para esse processo ser viável ambos expressam-se na mesma unidade, mais especificamente,
em hectares globais (gha). Esta unidade representa um hectare biologicamente produtivo pela
produtividade média mundial.
Essa comparação é apresentada na figura. Analisando-a, retiram-se várias ilações relevantes.
Em 1970, tanto a Bio capacidade como a Pegada Ecológica possuíam o mesmo valor, o que significa
que a regeneração da Terra conseguia acompanhar as necessidades das pessoas e atividades que nela
ocorriam. No entanto, com o passar dos anos, as exigências humanas foram aumentando cada vez mais,
como tal, o planeta deixou de ter capacidade para acompanhar tais exigências. Segundo os dados mais
recentes (Figura), em 2008, a bio capacidade da Terra situava-se nos 1,8 gha por habitante enquanto a
Pegada Ecológica nos 2,7 gha por habitante. Esta disparidade significa que o planeta necessita de 1,5
anos para regenerar totalmente o que as pessoas utilizam num ano. [17]
Visto isto, entende-se perfeitamente que a situação afigura-se gravosa e que é necessário uma mudança
urgente desta tendência a fim de não atingir um estado irreversível. Como tal, sendo a construção uma
atividade com um grande contributo para este cenário, esta requer um especial cuidado e uma evolução
nesta temática.
Figura 2.11 - Relação Capacidade Regenerativa da Terra e a Pegada Ecológica [17]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
19
3 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
3.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo pretende-se abordar as necessidades de sustentabilidade na atividade construtiva.
Pretende-se ainda sintetizar o caminho evolutivo do desenvolvimento sustentável ao longo dos tempos
expondo as alterações do pensamento “construção sustentável” e frisando os princípios base para a sua
implementação. Expõem-se os impactes gerados durante todo o ciclo de vida edifício referenciando os
impactes principais inerentes a cada um das fases que compõem esse ciclo.
Seguidamente são identificadas as barreiras normalmente encontradas ao nível global e que dificultam
a implementação da construção sustentável, explicando as mais ambíguas, tendo em vista o
entendimento e sensibilização das dificuldades associadas a esta matéria.
3.2 IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO PARA O SER HUMANO
Com o surgimento da consciencialização que a preservação do ambiente era algo fulcral para a garantia
da continuidade futura do ser Humano, algumas atividades começaram a ser abordadas mais
cuidadosamente no âmbito da exploração de recursos e consumo energético, nomeadamente, uma das
consideradas mais consumistas, a construção.
É incontornável a importância deste setor para o desenvolvimento sustentável e a ação que tem nos seus
3 pilares. Em média, 90% do tempo das pessoas é passado dentro de edifícios, tanto para trabalhar como
para habitar. A influência da construção nestes pilares objetiva-se sobretudo nos seguintes aspetos:
AMBIENTAL
Os edifícios são grandes consumidores de recursos naturais e de energia durante toda a
sua existência, desde a sua conceção, construção, utilização e manutenção.
ECONÓMICO
A construção é das atividades com mais impacto e que mais dinheiro movimenta na
economia de um país, pois para além das infraestruturas serem bastante dispendiosas,
os edifícios de serviços e indústrias albergam milhões de postos de trabalho que são, a
fonte de rendimento das populações.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
20
SOCIAL
A qualidade de vida e conforto do ser humano é fortemente dependente do ambiente
construído, da qualidade das habitações e dos equipamentos existentes e disponíveis
para a utilização no quotidiano.
Face ao exposto, parece ser possível afirmar que é inquestionável a importância deste setor para o
Homem.[18]
A construção civil está associada a um grande consumo de matérias-primas na fase de conceção, a um
consumo muitas vezes excessivo de energia e água e a uma produção de resíduos na fase de utilização,
isto originado, essencialmente, pela má gestão dos processos em estaleiro e por debilidades dos
processos e soluções previstos e especificados na fase de projeto (conceção). Neste contexto, há uma
necessidade e preocupação crescentes com a redução destes aspetos, diminuindo os impactes ambientais
por eles gerados e tornando, naturalmente, as realizações mais sustentáveis.[19]
No entanto, um empreendimento para ser considerado como “sustentável” não pode apenas ter em conta
a parte ambiental, mas sim, as 3 dimensões fundamentais do desenvolvimento sustentável – ambiente,
economia e sociedade. Genericamente, construção sustentável é idealizada como a réplica da indústria
da construção para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável. [20]
3.3 SURGIMENTO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
Embora seja uma questão central da atualidade, o conceito de construção sustentável não é de agora,
surgiu á cerca de 20 anos atras, tendo sido apresentado na Primeira Conferencia Internacional sobre a
Construção Sustentável pelo Prof. Charles Kibert.
Esta é a definição mais consensual do conceito e que serviu de base para outras definições posteriores.
Nesta ideologia, e estabelecendo que os materiais, energia, água e solo eram os recursos mais
relevantes na prática da indústria construtiva, Charles Kibert instituiu 7 princípios, que se fossem
seguidos pelos decisores na fase de conceção e tendo em conta cada uma das fases do ciclo de vida dos
edifícios, encaminhavam para o considerado edifícios sustentáveis. Estes princípios, presentes na
Figura 3.2, aplicam-se assim desde o projeto preliminar até à disposição final dos materiais para o
meio ambiente (demolição), pois todas as fases do ciclo de vida de um edifício são importantes para a
sua sustentabilidade.
Construção Sustentável é definida como “a criação e manutenção responsáveis de um
ambiente construído saudável, baseado na utilização eficiente de recursos e em princípios
ecológicos”.
Figura 3.1 - Âmbito Construção Sustentável para Charles Kibert [21]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
21
Mais recentemente, uma equipa de trabalho denominada CRISP (Construction and city related
sustainable indicators), estabeleceu uma definição para “construção sustentável” que foi adotada pela
norma ISO TS 21929-1 e está expressa na Figura 3.3.
Esta definição vem assim contra a ideologia de que a construção sustentável é apenas a minoração dos
impactes ambientais provocados pelas edificações, e defende que, para além da vertente ambiental, a
qualidade e conforto da população global é algo relevante e a ter conta. [20]
OCDE – CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
Em 1998, o ministro Japonês do ambiente solicitou o desenvolvimento um projeto denominado
“Sustainable Building” à Organização Cooperação e Desenvolvimento Económico com o objetivo de
providenciar orientações para a definição de políticas de redução dos impactes ambientais da construção,
mais especificamente dos edifícios.
De tal estudo surgiram várias propostas e documentos, contendo reflexões e pensamentos das políticas
para a sustentabilidade do edificado, barreiras e possíveis melhorias. Na sequência das barreiras
“Com a construção sustentável pretende-se que os produtos da indústria da construção
satisfaçam os necessários requisitos funcionais com o menor impacte ambiental possível,
enquanto promovem melhorias a nível económico, social e cultural à escala local, regional
e global”
Figura 3.2 - Princípios de Kibert para a Construção Sustentável [21]
Figura 3.3 - Definição Construção Sustentável para a CRISP [22]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
22
identificadas, a OCDE salientou a importância da existência de informação concreta sobre vários aspetos
do setor, tais como, eficiência energética, emissão dos edifícios, materiais utilizados e as suas
caraterísticas específicas. Esta informação é crucial pois uma parte considerável das empresas de
produção não apresentam conhecimentos fundamentados para o melhoramento do desempenho
ambiental e energético do edificado.
Em 2001, realizou-se um seminário que visou políticas de edifícios sustentáveis, onde se salientou a
necessidade da adoção de instrumentos não regulamentares, tanto económicos como de informação, e
implementação de políticas para edifícios novos e existentes. Também se procedeu à identificação dos
diferentes instrumentos políticos dos países sobre a sustentabilidade, dos quais, 17 foram analisados.
Nesta análise, que abrangeu 7 países (Canadá, Dinamarca, Alemanha, Japão, Holanda, Reino Unido e
Estados Unidos), foi focada a redução de emissões de CO2 de edifícios novos e existentes, a redução
dos resíduos de construção e demolição e ainda a prevenção da poluição do ar interior.[13]
Concluído este projeto de 4 anos, levado a cabo pelo departamento ambiental da OCDE, foi publicado
um documento que compila e sistematiza os desafios e políticas da sustentabilidade de edifícios na
vertente ambiental. Este defende que uma boa política deve:
Definir uma estratégia nacional para melhorar o desempenho ambiental dos edifícios
Implementar mecanismos para monitorizar com regularidade o desempenho ambiental
Implementar parcerias entre o governo e a indústria, para suportar a I&D e as tecnologias de
difusão
Introduzir sistemas de reforço de aquisições públicas sustentáveis na construção
Minimizar os custos derivados da duplicação de processos administrativos
Efetuar mais pós-avaliações dos instrumentos políticos, através de uma cooperação
internacional
Este projeto também atribui uma definição para edifício sustentável, presente na Figura 3.4, e que
promove uma utilização controlada de recursos naturais e uma gestão dos edifícios de forma a potenciar
a poupança desses mesmos recursos, bem como, a redução no consumo de energia e melhoramento da
qualidade do ambiente interior e exterior. [20]
Esta ideologia revelou-se pouco útil até a um passado muito recente pois a oferta do mercado edificado
era muito inferior, portanto o importante era aumentar o parque edificado deixando aspetos referentes á
qualidade de parte. No entanto, atualmente, esse parque encontra-se saturado na generalidade dos países,
o que proporciona uma valorização do aspeto qualidade, e como tal, a necessidade de implementar
medidas que facilitem a sustentabilidade no setor da construção. É papel dos governantes fomentar
políticas para o desenvolvimento da construção sustentável. A OCDE definiu um conjunto de
prioridades para que uma construção seja considerada sustentável. Esses princípios são expressos na
Figura 3.5.
Sustentável é o edifício que minimiza os impactes adversos sobre os ambientes naturais e
construído, quer à escala do edifício e do aglomerado envolvente, como também á escala
regional e global. Procura-se que as práticas de construção assentem na qualidade integral
(incluindo o desempenho económico, social e ambiental), numa ótica tão vasta quanto
possível.
Figura 3.4 – Ideologia de Construção Sustentável para OCDE [20]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
23
3.4 EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CONSTRUÇÃO
O conceito de construção sustentável tem sido discutido, sobretudo a sua abrangência. A “construção”
pode ser abordada como apenas o processo construtivo no verdadeiro sentido da palavra, no entanto,
esta deve ser abordada como “sustentabilidade do meio construtivo” pois a construção é apenas um
aspeto que contribui para a construção sustentável. Esta associada, às diferentes estruturas que são
construídas, à forma como os edifícios são mantidos e utilizados e à abordagem dos vários intervenientes
durante as diversas fases de todo o ciclo de vida levam a uma construção deveras sustentável.
Confrontada com a nova realidade mundial, a construção adiciona assim as preocupações ambientais ao
seu triângulo tradicional, em que a qualidade, o custo e o tempo eram os únicos fatores a ter em conta
no setor. A soma destas temáticas tem o desafio de potenciar a qualidade de vida, o desenvolvimento
económico e a equidade social a fim de dar a resposta necessária para a sustentabilidade no setor
construtivo. Todo este difícil processo só é possível se todos os intervenientes, desde a indústria
produtora aos gestores e entidades da manutenção do edifício, tiverem um papel ativo. Concluindo, este
novo pensamento de construir pretende satisfazer as necessidades do Homem sem degradar o meio
ambiente e preservando os recursos naturais.[13]
Uso Eficiente de recursos
Eficiência energéica (Reduçao gases de efeito de estufa)
Prevenção da poluição (incluindo qualidade ar interior e diminuçao do
ruido)
Harmonização com o ambiente (Incluindo AIA)
Abordagem integrada dos diversos aspetos da construção relacionados com o desenvolvimento sustentável
CONSTRUÇÃO
SUSTENTÁVEL
Figura 3.5 - Princípios Construção Sustentável OCDE [20]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
24
Figura 3.6 - Evolução do paradigma da construção [13]
3.5 IMPACTES GERADOS PELO SETOR DA CONSTRUÇÃO
ENQUADRAMENTO
O panorama mundial ao nível do impacte ambiental tem sido induzido, em grande parte, pelo sector da
construção civil. Este tem provocado uma exploração desmedida de recursos naturais e associado a tal
decorrem os seguintes impactes:
Modificação do território;
Habitats de muitas espécies em vias de extinção;
Excessiva produção de gases;
Deposição de resíduos.
Estas são algumas preocupações em crescente e que por vezes são esquecidas desde a escala global
(planeta) até á local (sociedades).
Em primeira instância, é importante o entendimento do conceito de Impacte Ambiental para melhor
esclarecimento de futuros aspetos a serem mencionados. Entende-se por Impacte Ambiental o conjunto
de alterações favoráveis e desfavoráveis geradas por parâmetros ambientais e sociais, durante um
determinado período de tempo e área, resultantes da realização de um projeto, equiparadas com a
situação que ocorreria, se nesse tempo e área, o projeto não se realizasse. [13]
Estes efeitos ambientais são oriundos da pressão das atividades como apresentado na Figura 3.7.
Analisando-a, perceciona-se que o reflexo dos impactes dependem essencialmente do estado e
suscetibilidade da zona onde ocorrem, associado á escala espacial e temporal respetiva.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
25
Figura 3.7 - Causas Gerais de Impactes
No entanto, é importante frisar alguns aspetos importantes dos efeitos das atividades construtivas:
As atividades para além dos efeitos negativos que provocam, também e sobretudo têm
repercussões positivas, tais como, criação de emprego, acessos, abrigo e infraestruturas de
suporte que potencia um aumento da qualidade de vida da população;
A proporção dos efeitos é tanto menor quanto mais prematura for a avaliação, a fim da adoção
de medidas para a prevenção, redução ou compensação possam ser aplicadas;
A significância dos efeitos dependem do local e do recurso ambiental afetado (Ex. cortar uma
árvore para a atividade construtiva tem um ínfimo significado, no entanto, se a espécie de árvore
cortada for rara o significado pode tornar-se elevado).
Os impactes atuam em diversas áreas e de formas distintas, de acordo com as suas caraterísticas e
particularidades. Tendo isso em conta, a conceção, operação e desconstrução são atividades que
consomem materiais, energia e água protagonizando modificações no local ao nível do solo, ecologia e
paisagem, produzindo cargas para o ambiente (emissões para o ar, efluentes líquidos, resíduos e poluição
acústica).
IMPACTES DECORRENTES DA CONSTRUÇÃO
O grande impacto do setor construtivo no planeta é conhecido, e necessita de ser controlado e equilibrado
a fim de minimiza-lo ao máximo. Para tal, a análise dos seus impactos em todas as dimensões é
indispensável para as nações obterem os resultados pretendidos.
A análise dos impactos da construção deve ser realizada em todo o ciclo de vida das edificações. Desta
forma, é importante definir os termos “construção” e “trabalho de construção” para saber em que
atividades vai incidir esta análise. Apesar de esse termo não estar esclarecido em muitos países, como
por exemplo Portugal, no Reino Unido existe um regulamento que apresenta inequivocamente o
significado de trabalho da construção, e encontra-se presente na Figura 3.8.[23]
Capacidade ambiental
para satisfazer a procura necessária
Disponibilidade de recursos
Nivel tecnologico atual apresentado
Qualidade de vida da
população
Aumento populacional de
uma região
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
26
Este termo abrange as seguintes atividades:
A construção, alteração, conversão, adaptação, renovação, reparação, reabilitação,
manutenção (incluindo limpeza que envolva a utilização de água ou um produto
abrasivo ou ainda a utilização de substâncias corrosivas ou tóxicas), e a demolição ou
desmantelamento de estruturas;
A preparação para a implantação de uma estrutura, incluindo a decapagem, movimentos
de terra, e a limpeza ou preparação do local ou estrutura para utilização ou ocupação
depois de concluída;
A montagem no local de elementos pré-fabricados para a formação de uma estrutura ou
a desmontagem no local dos elementos pré-fabricados que, imediatamente antes da sua
desmontagem, formavam uma estrutura;
A remoção de uma estrutura ou de qualquer produto ou resíduo que resulta da demolição
ou desmantelamento de uma estrutura ou da desmontagem de elementos pré-fabricados
que, imediatamente antes à desmontagem, formavam a estrutura;
A instalação, afinação, manutenção, reparação ou remoção de instalações mecânicas,
elétricas, abastecimento de gás, ar comprimido, hidráulicas, telecomunicações, dados
ou similares, que se encontram normalmente fixas ou no interior duma estrutura.
No entanto, não abrange a exploração e extração de recursos naturais e as atividades associadas a
este.[23]
Nesta ideologia, um edifício produz uma inúmera quantidade de impactes durante todo o seu ciclo de
vida, que apresenta mais ênfase nas fases de construção, demolição e utilização. No entanto, é
importante realçar que os impactes refletem-se de variadas maneiras em todas as fases do ciclo de vida
e compete a todos os intervenientes a sua minoração atuando logo na fase de conceção tomando as
medidas necessárias e mais apropriadas. A Figura 3.9 apresenta um esquema de todo o ciclo de vida de
um edifício.
“”construction work” means the carrying out of any building, civil engineering or
engineering construction work” – “ Trabalhos de Construção” significa a realização de
qualquer edifício, engenharia civil ou engenharia de construção
Figura 3.9 - Fases e atividades principais do ciclo de vida dos edifícios
Figura 3.8 - Definição Trabalhos de Construção [23]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
27
A fase de construção é bastante mais curta temporalmente que a fase de operação, pois uma tem uma
duração de meses e outra de anos, salientando que muitos edifícios e estruturas já são projetados com
uma vida útil de 100 anos. Esta análise significa efeitos muito mais prolongados na fase de operação,
nomeadamente, consumos de recursos (energia e água), acumulação de resíduos e emissão de cargas
poluentes associados á utilização e manutenção do edifício. Posto isto, a abordagem dos efeitos
ambientais tem uma importância considerável.
Figura 3.10 - Impactes relevantes no ciclo de atividades construtivas[13]
A Figura 3.10 apresenta um conjunto dos impactes mais frequentes de um edifício durante todo o seu
ciclo de vida. Contudo, como já referido anteriormente, os impactes têm uma importância variável de
acordo com a fase do ciclo de vida onde ocorrem.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
28
IMPACTES AMBIENTAIS
3.5.3.1 Tipologia de impactes ambientais
A dimensão ambiental é o âmbito da presente tese, e como tal, vai merecer uma análise mais aprofundada
do que as outras 2 dimensões. No entanto, destaque-se uma afirmação realizada no início do presente
capítulo, que dizia que uma construção só pode ser considerada como “sustentável” se atender às 3
dimensões do desenvolvimento sustentável. Interpretando a referida frase, depreende-se que as outras
dimensões apesar de não serem abordadas tão profundamente como a ambiental, são igualmente
importantes para o fim da sustentabilidade.
Em todo o seu ciclo de vida, uma edificação induz cargas e impactes ambientais de vários tipos no
ambiente. Como tal, é importante entender a forma como atuam e danificam o meio com vista à criação
de medidas que os possam minorar ou até eliminar. Na Figura 3.11 apresenta os impactes e cargas
decorrentes de uma edificação.
Figura 3.11 - Impactes e Cargas decorrentes de uma Edificação [24]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
29
Estes impactes têm naturezas distintas, portanto, para facultar um melhor entendimento e organização
destes criaram-se modelos para os agrupar. O agrupamento dos impactes ambientais pode ser efetuado
de diversas formas. Contudo, é sugerido por alguns especialistas um modelo constituído por 4 grupos
principais, apresentados e descritos em baixo, na Figura 3.12.
Figura 3.12 - Sistematização das Áreas de Impactes Ambientais [13]
A título de lembrança, a construção é a atividade mais consumista de energia e recursos, dominando o
fluxo de materiais existente nos países. Em conjunto com estes impactes, associa-se também que a
extração, tratamento e transporte dos recursos provocam grande formação de resíduos e poluição
acrescidos de uma vasta ocupação do solo. Apoiado nestes factos estabeleceram-se os seguintes grupos:
1) PRESSÃO SOBRE OS RECURSOS
Este grupo debruça-se na extração e consumo de matérias-primas, energia, água e materiais que são
necessários à conceção do edifício, mais concretamente, todo o processo desde a extração ao
transporte até ao local de utilização.
2) EMISSÕES E CARGAS POLUENTES
As atividades relacionadas com a construção provocam emissões e cargas poluentes para o meio
ambiente. Como tal, este grupo engloba todos os resíduos sólidos e semissólidos, as escorrências e
efluentes líquidos, às emissões atmosféricas, a poluição sonora e térmica que são produzidos.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
30
3) ALTERAÇÕES AOS SISTEMAS AMBIENTAIS DE BASE NATURAL
O consumo permanente e desmedido de recursos naturais (materiais, energia e água), as cargas e
emissões geradas, as operações nas edificações modificam os sistemas ambientais de base naturais,
tais como:
Solo
Existem alguns impactes relevantes provocados no solo provocados pelos seguintes
aspetos:
1) Atividades construtivas de movimentação de terras e desmatação desprotegem o
solo da erosão e destroem a camada superior que contem a maioria dos nutrientes
e matéria-orgânica e dissipa a capacidade do solo produzir nutrientes e regular o
fluxo da água;
2) A excessiva ocupação de terreno pelas edificações;
3) Atividades como a compactação do solo e impermeabilização criam zonas
“artificiais” e danificam a ecologia local na medida em que o solo perde algumas
das suas melhores competências, a infiltração do solo e disponibilidade de água,
4) Materiais utilizados nas atividades, nomeadamente, combustíveis, óleos e
produtos químicos podem acidentalmente ser derramados ou no limite
descarregados provocando contaminação do solo.
Água
Este recurso fundamental à vida e na construção sofre alterações prejudiciais ao nível dos
seguintes aspetos:
1) A excessiva procura, tanto no litoral como em captações subterrâneas, provoca
infiltração de salina na água tornando-a desadequada para utilização/consumo;
2) O grande consumo origina grande quantidade de resíduos líquidos que sem
tratamento e/ou meios de descarga adequados provocam uma deterioração da
qualidade da água. Associado a estes aspetos, há que ter em conta, que o tratamento
da água requer energia e utilização de produtos químicos;
3) A utilização de fertilizantes e pesticidas em zonas verdes pode contaminar as linhas
de água e águas subterrâneas.
Qualidade do Ar (Emissões Atmosféricas)
Atividades construtivas requerem transporte, tanto de camiões ou outros equipamentos,
geram alteração de poluentes no ar, comprometendo a qualidade do ar. Algumas dessas
emissões, dependendo dos seus constituintes, como CO2, destroem a camada do ozono.
Ecologia
Os Ambientes construídos e operações associadas alteram a dinâmica dos ecossistemas
naturais. Operações de máquinas em obra que causam ruído, que em conjunto com outros
aspetos já referidos (elevado consumo de água, ocupação e desmatação do solo) destroem
o habitat de inúmeras espécies e desfiguram o meio natural.
4) ALTERAÇÕES AOS SISTEMAS AMBIENTAIS DE BASE CONSTRUÍDA
Este grupo, ao contrário dos atrás abordados, pode contribuir positivamente se for idealizado de
uma forma consciente e equilibrada, para a paisagem urbana, espaços edificados e suas
estruturas e dinâmica socioeconómica. Relembra-se que as outras 2 vertentes também são
fundamentais para a construção sustentável.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
31
3.5.3.2 Impactes ambientais associados a cada fase ciclo de vida dos edifícios
É sabido que os edifícios para satisfazerem as necessidades humanas geram, direta ou indiretamente,
impactes durante toda a sua existência, tanto ao nível do edifício propriamente dito como nas
infraestruturas necessárias para o seu ideal funcionamento. Na figura expõe-se as atividades construtivas
que provocam de algum modo impactes ambientais.
Os impactes ambientais anteriormente referidos provocados pelos edifícios e respetivas infraestruturas
refletem-se de diversas maneiras desde a sua conceção até á sua desconstrução. Neste contexto é
importante o entendimento e a sua forma de atuação em cada dessas fases, portanto de seguida enquadra-
se os impactes mencionados nas respetivas fases.
Fase de Conceção
Considerada a fase mais importante de todo o processo, não pelo impacte ambiental que causa, mas sim
porque as principais decisões do projeto vão ser tomadas nesta fase. A escolha do local e das soluções
construtivas a utilizar, a seleção de materiais, as necessidades energéticas e de consumo de água são
aspetos que deverão ser definidos na conceção. No entanto, as suas repercussões apenas se vão sentir
nas outras fases do ciclo de vida da construção.
Os impactes desta fase são referentes aos trabalhos necessários para a obtenção de informações com
vista a redução dos impactes quer ao nível de materiais, quer ao nível energético nas restantes fases.
Estes impactes não tem significado relevante comparando com as outras fases, no entanto, devem ser
considerados pois todos contribuem.
Os impactes considerados são:
1) Consumo de energia e transporte associado às deslocações efetuadas ao local
de levantamento de dados;
2) Elevada utilização de papel na sequência da realização do projeto e
licenciamentos necessários;
3) Consumo energético do escritório onde se realiza o projeto, que pode ser
duradouro e o consumo de energia ser significativo.
Resumindo, esta é uma fase totalmente decisiva para reduzir e até evitar futuros impactes associados a
outras fases mas que se traduz como uma fase preocupante e determinante para a geração de impactes.
Conceção• Planeamento
• Projeto
• Autorização
Construção• Concurso
• Construção
Operação
• Receção de Obra
• Manutenção
• Renovações Pontuais
• Utilização
Renovação ou
Desativação
• Renovação Integral
• Demolição
Figura 3.13 - Atividades críticas das fases ciclo de vida que induzem impactes ambientais
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
32
Fase de Construção
Fase em que as preocupações essenciais assentam, no processo construtivo, mais especificamente, a
intervenção local, alteração do uso do solo, consumo de matérias-primas, energia e água.
Nesta fase a necessidade de materiais de construção é preponderante, e para a sua produção é
indispensável, como é óbvio, a extração e consumo de matérias-primas. Apesar dos impactes referentes
à extração e processo de produção sejam da responsabilidade da empresa produtora, contudo, o impacte
causado pelos materiais representa cerca de 15% dos impactes de um ciclo de vida de um edifício.[13]
Outros impactes têm relevância nesta fase, nomeadamente, a utilização de materiais perigosos na
obra/transporte/utilização de equipamentos e que a sua falta de controlo pode induzir graves
contaminações do solo.
Por norma, as atividades do processo construtivo provocam impactes significativos ao nível de:
1) Consumo de água na conceção de materiais, e que se não for tratada provoca a sua
contaminação;
2) Consumos de energia;
3) Consumo de combustível e poluição atmosférica associada ao transporte dos materiais;
4) Poluição acústica e vibrações associada aos trabalhos;
5) Degradação estética
A impermeabilização criada pelo edificado vai provocar um acréscimo do caudal e escorrências
superficiais podendo provocar cheias. Se o edificado for executado perto de um ambiente rural, a fauna,
a flora e o ecossistema vão sofrer modificações. Estes também são impactes a ter em conta.
Concluindo, esta fase apesar de relativamente curta quando comparada com as outras, é a que gera os
impactes mais significativos no ciclo de vida dos edifícios ao nível de ocupação do solo, modificação
dos ecossistemas naturais e ambiente construído.
Fase de Operação
A operação de um edifício provoca impactes referentes ao consumo energético, água, materiais,
produção de resíduos e efluentes, e emissões atmosféricas. Com isto, é interessante saber como estes
impactes são gerados e a sua influência no ciclo de vida dos edifícios.
Ao nível energético, o edifício consume energia decorrente da sua utilização, nomeadamente,
iluminação, aquecimento e arrefecimento. A título de curiosidade os edifícios em Portugal constituem
22% do total de energia consumida [13].
Ao nível do consumo de água, cada habitação consume entre 160 a 200 litros, o que representa um
número excessivamente alto devido ao facto de uma grande parte dele ser desperdiçado para a rede. [13]
Somando ao facto de cerca de 35% do abastecimento de água potável em Portugal ser perdido, as
edificações e suas infraestruturas representam um valor brutal de desperdício. [13] A água, após
utilização torna-se um efluente líquido que necessita de tratamento e como tal mais energia e produtos
vão ser despendidos para o processar.
Os materiais a renovar ou a necessitar de manutenção que não são reutilizáveis originam toneladas de
resíduos.
As emissões interiores e exteriores são impactes com especial cuidado pois podem representar um
perigo para a saúde dos utilizadores dos edifícios devido a uma má qualidade do ar no interior dos
compartimentos. Como mencionado no início do presente capítulo, o ser humano passa 90% do seu
tempo dentro de edifícios, isto associado com a utilização de materiais que libertam substâncias
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
33
consideradas perigosas, humidade, temperatura e ventilação desadequadas pode originar o aparecimento
de agentes patogénicos que traduzem perigo para a saúde dos utilizadores. Outro aspeto relevante neste
contexto é que 50% dos CFC’s (gás altamente prejudicial á camada do ozono) produzidos a nível
mundial deram-se à refrigeração de sistemas de ar condicionado e refrigeração de edifícios, sistemas
para incêndios e sistemas de isolamento térmico e acústico.
Os edifícios para além de gerarem efeitos diretos, acima referidos, também provocam efeitos indiretos.
Destes realçam-se os mais significativos como, a modificação do volume de tráfego local, pressão sobre
os serviços locais, criação de emprego e riqueza referente a atividades executadas dentro do edifício.
Resumidamente, esta fase é particularmente diferente das outras devido à geração mais vagarosa e
progressiva dos impactes induzindo a ideia que não é fase das mais prejudiciais. No entanto, esta causa
tantos impactes como a fase de construção devido ao seu período mais alargado de tempo.
Fase de Desativação / Renovação Integral
Esta fase apresenta os mesmos efeitos que a fase da construção, no entanto, menos significativa ao nível
do consumo de materiais e mais significativa na quantidade de resíduos produzida. Em relação aos
impactes referentes ao consumo energético e poluição sonora são equivalentes aos da fase de construção.
Para o aproveitamento dos materiais do setor da construção, ocorrem 2 cenários possíveis:
1) Produção de resíduos e consequente envio para aterro/vazadouro, originado por
materiais sem aproveitamento – Contribuição de impactes;
2) Reciclagem e reutilização dos materiais – Minimização de impactes.
Em Portugal, esta fase representa 17% dos impactes ambientais gerados destacando que apenas 4%
correspondem a atividades de reconstrução. A Europa apresenta, em média, 33% para esta fase o que
devia ser motivo para repensar certas estratégias de conceção tendo em vista a desconstrução. [13]
De forma conclusiva, os impactes associados a esta fase estão inteiramente ligados à possibilidade de
reutilização e reciclagem dos materiais utilizados que, desta forma, vai reduzir a procura de novos
materiais e produção de resíduos. No entanto, importa referir que existe um consumo de energia e
emissões causados pela reciclagem de produtos.
IMPACTES ECONÓMICOS E SOCIAIS
O setor da construção também apresenta impactes nas outras duas dimensões do desenvolvimento
sustentável no entanto estes são maioritariamente positivos. O crescimento e interligação de todas as
comunidades mundiais, a nível de funcionamento económico, ocorre graças á construção, mais
especificamente, das infraestruturas de transporte, geração de energia, tratamento de água que são
criadas. Visto isto, é importante realçar os impactes económicos e sociais mais relevantes gerados pela
construção civil. [20]
CRIAÇÃO/DISPONIBILIZAÇÃO DE EMPREGO
Este impacte tem a particularidade de afetar tanto a vertente económica como a social. A indústria
construtiva é responsável por empregar cerca de 15% de todas as pessoas empregadas na Europa e 7%
de toda a população global, sendo que a maioria destas percentagens são referentes a pessoas com muito
baixa formação ou com falta de competência adquirida. Como tal, é inegável a importância deste setor
na empregabilidade dos países. [15;20]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
34
GERAÇÃO DE RIQUEZA
A atividade construtiva, segundo dados avançados pela UNEP, tem um volume de negócios
correspondente a 10% do PIB dos países desenvolvidos, no entanto nos países em desenvolvimento
apenas 2-3%. Através destes dados, prevê-se que o peso da construção aumente consideravelmente na
economia mundial à medida que se vai dando o desenvolvimento económico dos países em
desenvolvimento.
Para além deste aspeto, este setor também traz benefícios a outros subsetores. A construção no local
consome cerca de 750 biliões de euros em produtos intermediários para alem deste subsetor, o que
representa aproximadamente 44% do volume de negócios do setor. Uma ressalve importante depreende-
se com o facto de, segundo o CIB, cada euro investido na construção pode gerar até 3 euros de atividade
económica de outros setores o que traduz claramente o papel fundamental da atividade construtiva na
economia do país. [20,25]
CRIAÇÃO DE EDIFÍCIOS E INFRAESTRUTURAS BÁSICAS COM DIFERENTES
FUNÇÕES
O ser humano como referido anteriormente, passa 90% do seu tempo no interior de edifícios. Como tal,
o seu conforto e a qualidade de vida dependem muito da construção, mais concretamente, da forma e da
qualidade com que é realizada. Visto isto, é fundamental que um edifício proporcione aos seus ocupantes
a maior qualidade possível desde os requisitos básicos como água e eletricidade assim como outros
requisitos como conforto acústico e térmico. Em resumo, os edifícios, quer sejam de habitação ou não,
trazem um impacte social muito positivo para as comunidades, pois melhoram consideravelmente a sua
qualidade de vida pessoal e a sua eficiência profissional.
A criação de infraestruturas básicas inerentes aos edifícios, tais como infraestruturas de transporte e de
condução de eletricidade, água potável e saneamento básico, induzem também um impacte positivo na
sociedade. As infraestruturas de transportes trazem uma ligação entre as comunidades e
consequentemente uma homogeneização da sociedade e promovem as economias locais.
A eletricidade e a água potável e saneamento básico são elementos imprescindíveis para a sobrevivência
da sociedade atual. Os dois últimos tem um contributo significativo para a saúde humana, pois a água é
um elemento fundamental na vida e o saneamento básico na prevenção de doenças e infeções graves no
ser humano.
INCÓMODO DA CONSTRUÇÃO PARA AS COMUNIDADES
Este impacte social negativo deve-se exclusivamente á fase de construção de uma obra e as suas
implicações. A fase construtiva de uma obra pode originar vários problemas, tais como:
Aumento substancial de ruído local provocado pelos equipamentos utilizados na construção
civil, como por exemplo, rebarbadeiras e martelos pneumáticos.
Quantidade excessiva de poeira proveniente de alguns materiais construtivos que afeta as
pessoas que vivem perto do local da construção;
Contribui consideravelmente para a sujidade das vias de trânsito circundantes do local devido á
terra que é solta pelos pneus dos camiões e outros equipamentos de transporte como
retroescavadoras.
Aumento do risco de acidentes devido a queda de materiais para a via pública
Em alguns casos pontuais, a complexidade e tipo da obra pode obrigar a uma alteração temporária do
trafego local, o que causa algum transtorno ao nível de congestionamentos e percursos alternativos mais
extensos para os condutores.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
35
POTENCIALIDADE DE POLÍTICAS ERRADAS DE PLANEAMENTO E USO DO
SOLO
O referido impacte é uma questão importante nas políticas de um país. Estas políticas, quando
relacionadas com o valor dos terrenos (especulação imobiliária) e licenças de construção revertem para
desigualdades sociais, comparando com os mesmos terrenos com fins agrícolas ou florestais. Isto traduz
um impacte social negativo.
Neste contexto, a adoção de Planos Diretores Municipais (PDM) é uma excelente forma de evitar este
tipo de problemas e clarificar a tipologia de terrenos e ordenamento do território a nível local
OPORTUNIDADES DE CORRUPÇÃO
A atividade construtiva é das atividades que mais dinheiro movimenta na económica de um país. Como
tal, isso potencia oportunidades de corrupção ao nível da contratação e conceção das obras. Em vários
países foram realizadas obras que apresentaram preços muito superiores em relação aos previamente
estabelecidos sem razoes viáveis e devidamente justificadas.
3.6 BARREIRAS Á CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
As particularidades únicas do setor construtivo traduzem uma barreira na implementação dos objetivos
no âmbito do desenvolvimento sustentável ao nível da construção. As principais barreiras para atingir o
propósito da “construção sustentável” em Portugal, apresentam-se no Quadro 3.1 explicando-se algumas
delas mais pormenorizadamente.
CUSTO DE CAPITAL
Este aspeto refere-se ao facto que, por norma, um edifício sustentável apresenta um custo inicial maior
que um edifício convencional, isto é, os custos associados à realização do projeto e a soluções que
fomentam uma maior sustentabilidade nos edifícios são mais elevados. No entanto, este pensamento de
avaliar o desempenho económico de um edifício baseado apenas no seu custo inicial pode não ser o mais
Quadro 3.1 - Barreiras para Implementação Construção Sustentável [20]
Económicas Técnicas Outras
Ausência de avaliações
ciclo de vida;
Custo de capital mais
elevado;
Separação contabilística
entre custos de capital e de
operação;
Conceito de "rentabilidade
de investimento" e
desenvolvimento sustentável
incompatíveis;
Ciclo de vida dilatado e
multidisciplinaridade;
Heterogeneidade dos
produtos;
Formação de arquitetura e
engenharia orientada para as
tecnologias convencionais;
Mão-de-Obra com baixo nível
de especialização;
Baixo grau de industrialização
do setor; Insuficiente
investigação e
desenvolvimento
Falta de sensibilidade dos
diversos decisores;
Inexistência de definição
consensual de "construção
sustentável";
Aversão ao risco
percecionado;
Inexistência de políticas de
apoio à construção
sustentável
Barreiras à Construção Sustentável
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
36
correto, pois geralmente, se for bem ponderado, um maior custo inicial tenderá a induzir menores custo
de utilização futura.
Esta questão é um problema da base que afeta toda a lógica de sustentabilidade. Não existem referências
e é muito difícil num objeto construído avaliar o custo de utilização e o impacte financeiro e ambiental
das soluções aplicadas a longo prazo. Portanto, persuadir a adoção de medidas com efeitos
ambientalmente positivos mas sem benefícios económicos e a eleição de soluções com maior custo
inicial mas com retornos económicos muito tardios, representa um grande dilema, relembrando que um
edifício tem, em média, 50 anos de vida útil.
Contudo, se a informação sobre este tipo de construção for mais divulgada ao consumidor irá provocar
um cenário de decisões mais vasto e poderá, lentamente, modificar o pensamento generalizado. Essa
informação deve ser fornecida por entidades que não tirem qualquer benefício com ela, pois como
normalmente no panorama português constrói-se para vender, não é do interesse dos vendedores que a
construção tenha um elevado custo inicial pois diminui a sua margem de lucro. A título de curiosidade,
apenas realçar que segundo a CE, a conservação de um edifício pode atingir 10 vezes mais o seu custo
inicial. [20]
CICLO DE VIDA DO EDIFÍCIO E MULTIDISCIPLINARIDADE
Ao contrário de outros setores, os produtos da construção civil apresentam uma durabilidade muito
superior o que provoca, na fase de projeto, uma dificuldade acrescida para potenciar possíveis benefícios
relacionados com a sua reutilização e reciclagem. Isto, associado ao facto de a demolição futura
favorecer apenas outras entidades que não os possíveis compradores induz um acrescido desinteresse
por esses processos (reutilização e reciclagem).
Outro aspeto importante atribui-se à multidisciplinaridade das distintas fases de ciclo de vida dos
edifícios, isto é, a falta de articulação entre todos os intervenientes que constituintes da vida útil de um
edifício, que se traduz frequentemente em falhas no desempenho por parte deste. A título de clarificação
desta matéria, enuncia-se um exemplo simples. O projetista pode realizar um projeto sustentável (fase
de projeto) com algumas recomendações ao nível da manutenção de soluções, no entanto, se o utilizador
não mostrar preocupação na fase de utilização o objetivo proposto para os 50 anos de vida útil não vai
ser cumprido. Esta multidisciplinaridade torna dificuldades acrescidas para a adoção de uma “construção
sustentável”.
HETEROGENIEDADE DOS PRODUTOS (EDIFÍCIOS)
Os edifícios têm a particularidade de serem únicos, pois são criados segundo as preferências e requisitos
do dono-de-obra. Isto provoca uma falta de industrialização e normalização dos projetos e processos
construtivos e esta lacuna associada à repetição dos processos prejudica a sustentabilidade na
construção.
Outra dificuldade inerente à heterogeneidade dos produtos passa pelas diferentes durações que estes
apresentam. Uma edificação é constituída por inúmeros materiais e produtos com durações distintas e
que necessitam de alguma ação de substituição ou reparação durante o ciclo de vida do edifício.
Naturalmente este aspeto induz aos projetistas um maior cuidado na conceção e realização do projeto a
fim de evitar a demolição desnecessária de alguns produtos e materiais. Por exemplo, uma parede em
alvenaria de tijolo contém uma tubagem de água com a duração de 30 anos. Como a edificação apresenta
uma vida útil de 50 anos essa tubagem vai necessitar ser substituída. Portanto deve-se prever um tipo de
revestimento para a referida parede com uma duração compatível com a da tubagem, a fim de evitar
ações de reparação extra e destruição desnecessária de materiais.
Esta política permitirá ainda uma redução de resíduos da construção.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
37
NÍVEL DE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Portugal apresenta no seu setor da construção um nível de especialização por parte dos seus
colaboradores bastante fracos e antiquado. O seu conhecimento limita-se às tecnologias construtivas da
construção tradicional. Este problema surge essencialmente da baixa industrialização do setor e das suas
empresas. Estas quando são sujeitas a trabalhos muito morosos e com muitos colaboradores optam por
assegurar a sustentabilidade a nível económico e recorrem a pessoal pouco especializado.
Outro problema deve-se à dificuldade na adoção de novas soluções. Este aspeto ocorre fruto dos cursos
de engenharia e arquitetura se focarem essencialmente nas tecnologias correntes como, estruturas de
betão e paredes em alvenaria de tijolo. Visto isto, devia ocorrer uma reformulação dos cursos com maior
frequência com vista aos formandos estarem a par das novas tecnologias e melhorarem o seu
desempenho quando entram o mercado de trabalho.
Existe ainda a problemática da falta de clareza na informação referente à qualidade dos materiais e
tecnologias alternativas que incitem a “construção sustentável”, provocando uma falta de segurança e
dúvidas nos utilizadores sobre as suas características e desempenho. Acrescendo a isto, a dificuldade de
aceder a bases de dados sobre impactes ambientais associados à produção de materiais de construção,
impossibilita a avaliação e comparação de desempenhos ambientais das soluções que usam materiais e
processos distintos, reduzindo de forma muito substancial a possibilidade de as promover.
SENSIBILIDADE DOS DECISORES
O paradigma do desenvolvimento sustentável é algo muito recente na sociedade portuguesa, e a ideia de
“construção sustentável” é considerada desinteressante pois está associada a um maior dispêndio de
verbas e a uma menor fiabilidade a longo prazo. Como foi dito no tópico anterior, o setor está confinado
a materiais e tecnologias convencionais, e os donos-de-obra associam a risco financeiro a adoção de
tecnologias inovadoras porque não estão familiarizados com o seu desempenho e benefícios. É
necessário uma mudança nesta ideologia de risco e promover novas soluções providenciando
informação fidedigna sobre os novos produtos de construção aos decisores
SUBJETIVIDADE DO SIGNIFICADO DE “CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL”
“Como vamos construir sustentável sem conhecermos o significado do conceito “construção
sustentável”?”. Esta pergunta está na ordem do dia para os decisores do setor construtivo português
pois não existe, nem à escala mundial, uma definição consensual de “construção sustentável”. Esta
indefinição reflete-se nos métodos para avaliação e conceção de soluções sustentáveis pois, apesar de
semelhantes, baseiam-se em parâmetros diferentes, o que pode levar a resultados distintos. Esta
incoerência induz incerteza nos decisores que assim não mostram interesse em investir nestes produtos.
Uma definição consensual impulsionaria, sem dúvida, a utilização dos mesmos.
POLÍTICAS DE PROMOÇÃO
Em Portugal, á semelhança de muitos outros países, já começam a surgir políticas no sentido de valorizar
a sustentabilidade dos produtos da construção, bem como, a sua reciclagem e reutilização. Com isto,
pretende-se que as empresas e donos de obra comecem a dar prioridade a estes aspetos apesar de nem
sempre serem atrativos financeiramente.
Recentemente surgiu no espaço europeu um conjunto de normas com o intuito de promover a
sustentabilidade dos trabalhos da construção. Essas normas serão abordadas e aprofundadas no capítulo
4 do presente trabalho. O setor da construção induz uma grave deterioração ambiental provocada pela
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
38
deposição em aterro dos resíduos e um aumento da extração da matéria-prima virgem do ambiente,
contrariando uma das bases fundamentais do desenvolvimento sustentável.
Como tal, em Portugal, surgiu o decreto-lei 183/2009 referente á deposição de resíduos em aterro. Este
define a tipologia de resíduos a depositar ou não em aterro, bem como, as condições que as empresas
que as empresas devem apresentar para o fazer. Esta lei prevê ainda metas para a redução e recuperação
de resíduos urbanos, o que demonstra a crescente preocupação com esta temática.
As normas e leis que materializam as políticas são um instrumento poderoso e crucial na evolução do
desenvolvimento sustentável, portanto os governos devem recorrer a estas para potenciar a
sustentabilidade do setor construtivo que apresenta um carater dos mais destrutivos para o ambiente.
3.7 SOLUÇÕES DE PROMOÇÃO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
A fim de combater as barreiras existentes à implementação da ideologia da construção sustentável nos
países, os líderes mundiais iniciaram a promoção de vários programas, estratégias e documentos, dos
quais, o mais sonante e já abordado anteriormente, é a Agenda 21.
A Comissão Europeia lançou um relatório onde propõe medidas e políticas para promover a construção
sustentável e quebrar algumas dificuldades. Essas políticas encontram-se presentes no Quadro 3.2 e são
uma excelente base para ultrapassar alguns desafios em busca da construção sustentável.
Das várias políticas propostas vamos abordar apenas a parte referente ao âmbito da presente tese, mais
especificamente, a parte da Normalização /Rotulagem/ Certificação.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
39
Como podemos analisar no Quadro 3.2, dois dos objetivos para atingir a construção sustentável, são:
desenvolver normalizações europeias para promover a sustentabilidade na construção e localmente
criarem medidas de promoção. Destas destaca-se, a definição de um método de avaliação e parâmetros
de referência para avaliar o desempenho da sustentabilidade dos edifícios. Estes vão ser desenvolvidos
e clarificados nos próximos capítulos.
Políticas Objetivos Acções
Propor cenários para futuras necess idades de
qual i ficação e desenvolver uma estratégia à
esca la da UE para faci l i tar o up-grading de
habi l idades e competências no sector da
construção
Ações Complementares
Antecipar as futuras qual i ficações e
necess idades de competências para a
inovação captação em construção
Publ icar um guia sobre como estabelecer regimes
de trabalho de colaboração em projetos de
construção, fornecimento gera l de regras
contratuais , gestão e seguros , bem como as boas
práticas para as PME - Divulgar este guia para
investidores públ icos e privados , prestadores de
serviços e outros operadores do mercado
Anál ise da responsabi l idade nacional e regimes
de seguros e ava l iação da viabi l idade para o
setor de seguros para promover a garantia
a l ternativa / esquemas de etiquetas
Mostrar o processo negocia l para uma
cadeia de abastecimento eficiente e
identi ficar, gestão, arranjos
financeiros e de seguros contratuais
relevantes
Desenvolver metas de desempenho
voluntárias para permiti r a
implementação de incentivos e outra
pol ítica medidas para promover
construções sustentáveis e práticas
de construção
Desenvolver normas europeias que
permitem tendo em aspectos de
sustentabi l idade das contas no
projeto de construção
Defini r o quadro de ava l iação técnica
adaptado a uma rápida certi ficação
de produtos inovadores
com cri térios de sustentabi l idade
Normalização Rotulagem
Certificação
Defini r um quadro, o método de ava l iação e
parâmetros de referência para ava l iar o
desempenho de sustentabi l idade de edi fícios e
da cadeia de va lor da construção
Ampl iar o a lcance dos Eurocódigos para integrar
outros aspectos de sustentabi l idade no projeto
de construção, como a energia e aspectos
ambienta is
Adotar o Regulamento produtos de construção,
prevendo melhores procedimentos para a
obtenção de aprovações técnicas europeias e
para um melhor reconhecimento dos Estados-
Membros para as questões de sustentabi l idade
Legislação
Desenvolver orientações para a
escolha entre EMAT e com o menor
preço e para o uso de Custos do Ciclo
de Vida nas obras - Promova
Aval iação do Ciclo de Vida dos
produtos de construção ("Declaração
Ambienta l do Produto") e para os
edi fícios (trabalhos de normal ização
em curso).
Contratos Públicos
Promover o networking entre compradores
públ icos e profiss ionais da construção civi l para
desenvolver ta is orientações e projectos-pi loto
relevantes . Testar e va l idar estes projectos-pi loto
nomeadamente em iniciativas em grupo
Triagem de regulamentos de construção
nacionais para identi ficar domínios em que a
integração de uma abordagem com base no
desempenho, com base no relatórios individuais
de cada Estado-Membro
Incentivar a adoção de um
desempenho baseado abordagem em
regulamentos de construção
nacionais
Expandir o a lcance da Bui lding Energy
Directiva de Desempenho de acordo
com o Plano de Acção para a
Eficiência Energética .
Anal isar e ava l iar o potencia l de
inovação e efei tos cumulativos das
legis lações nacionais e da UE sobre
abordagens inovadoras na construção
Aproveite a revisão de 2008 do Edi fício Energia
Directiva desempenho para estender a sua
apl icabi l idade e inclusão de metas de
desempenho a nível da União e em evolução
normas para a nova construção
Painel l íder industria l para rea l i zar estudos de
caso sobre empresas de construção civi l e
indústrias / serviços relacionados
Quadro 3.2 - Políticas de Incentivo á Construção Sustentável
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
41
4 INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS PARA A CONSTRUÇÃO
SUSTENTÁVEL
4.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo pretende-se abordar as ferramentas e instrumentos existentes que auxiliam a uma
implementação em pleno e adequada da construção sustentável. Foca-se o papel de cada um deles e o
seu contributo para o seu objetivo comum.
Como referido no anterior capítulo, a Comissão Europeia sugeriu um número de políticas a seguir pelos
governos neste âmbito e pretende-se explicitar as referentes à parte de Normalização e de Certificação,
expondo os principais instrumentos e ferramentas que apoiam a conceção e avaliação da sustentabilidade
dos trabalhos da construção e a recente normalização europeia idealizada no âmbito da sustentabilidade
do setor.
Faz-se ainda uma breve referência à normalização internacional ISO existente que serve de base para a
normalização europeia, nomeadamente, os comités e subcomités que as realizam e o seu conteúdo.
4.2 TIPOLOGIA DE INSTRUMENTOS PARA PROMOVER A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
A avaliação e suporte da sustentabilidade na construção provém, essencialmente, da forma de
identificação dos aspetos fundamentais desta, e da certificação das práticas sustentáveis nos
empreendimentos a desenvolver. A identificação destes aspetos nas atividades construtivas é executada
durante todo o empreendimento desde a fase de conceção do projeto até a desconstrução e foca-se
essencialmente nas áreas ambientais, económicas e sociais, realçando os aspetos ambientais por serem
os que se têm apresentado mais preocupantes e complexos.
Nesta ideologia, as abordagens que mais têm contribuído para a construção sustentável são, como mostra
a Figura 4.1, a avaliação ambiental estratégica, os estudos de impactes ambientais e a seleção dos
materiais utilizados na construção, [13] onde a avaliação do ciclo de vida tem um papel preponderante
e decisivo. Todas estas abordagens têm maior eficácia se realizadas desde as fases preliminares
(conceção/planeamento) do projeto, pois é nesta fase que as atividades são definidas e ocorre a seleção
das soluções e medidas a adotar.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
42
Figura 4.1 - Abordagens para Construção Sustentável (Vertente Ambiental)
AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA
Os estudos de avaliação ambiental estratégica são instrumentos com a mesma filosofia que um estudo
de impacte ambiental mas numa escala mais ampla e global e com fins estratégicos para aplicação em
planos ou políticas ambientais. Estes estudos pretendem definir, normalmente com auxílio de
indicadores, os efeitos de cada decisão possível de forma a avaliá-los em cada uma das possibilidades.
Basicamente, uma avaliação ambiental permite verificar se as propostas apresentadas se enquadram com
os planos e políticas existentes, e se são conciliáveis com as atividades existentes. Isto permite contribuir
para a seleção e melhoramento da estratégia proposta, assim como, definir formas de medição de
desempenho e efeitos produzidos.
ESTUDOS DE IMPACTE AMBIENTAL
Um estudo de impacte ambiental revela-se como um instrumento importante na avaliação de impactes
ambientais e no desenvolvimento de medidas de minimização dos impactes negativos e fomentação dos
positivos de diferentes empreendimentos incluindo as suas edificações. Este procedimento baseia-se
numa abordagem preventiva e é utilizado em 2 tipos de empreendimentos diferentes. Um tipo de
empreendimento em que este estudo tem um carácter obrigatório, e outro onde o estudo se destina à
autoavaliação e suporte de decisão.
Este instrumento é utilizado nas fases preliminares do processo, mais concretamente na conceção do
projeto do empreendimento, pois quanto mais prematuramente for realizado o estudo maior será a sua
eficácia a todos os níveis.
Uma ressalva importante a realçar prende-se com a definição do âmbito do estudo. Mais concretamente,
a identificação dos aspetos potencialmente afetados pelos empreendimentos é crucial na definição,
caracterização e análise dos aspetos ambientais.
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL (AMBIENTE)
Seleção dos materiais (avaliaçao
ciclo de vida)
Estudos Impactes
Ambientais
Avaliaçao ambiental estratégica
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
43
Neste contexto, o referido estudo é constituído pelas seguintes fases:
Caraterização do projeto e do ambiente afetado nas diferentes dimensões – Levantamento das
sensibilidades ambientais e sócio – económicas do projeto e a evolução das mesmas sem o
projeto;
Avaliação de impactes e desenvolvimento de medidas – Identificar e avaliar os impactes
ambientais e desenvolver medidas de minimização, compensação e potenciação desses
impactes;
Monitorização e Gestão ambiental – Propor formas de acompanhamento, monitorização e
gestão ambiental nas fases de construção, operação e desativação do empreendimento;
Exposição de lacunas técnicas e do conhecimento referente ao estudo – Expor os aspetos que
impossibilitam a avaliação completa;
Apresentação e definição de conclusões – Apresentar conclusões mais significativas, e realçar
possíveis alternativas e questões problemáticas.
Em resumo, este instrumento aborda questões fundamentais da sustentabilidade ao nível de consumo,
capacidade de suporte e eficiência ambiental, tornando-o numa peça chave na avaliação e apoio de
empreendimentos de construção sustentável.
AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS, SOLUÇÕES E EDIFÍCIOS
A avaliação ciclo de vida (ACV, ou em inglês, LCA) começou a ter importância a partir da década de
90, e teve como primeira definição a estabelecida pela SETAC (Society for Environmental Toxicology
and Chemistry), transcrita na Figura 4.2.
A ACV baseia-se num procedimento que possibilita analisar a interação dum sistema (material,
componente) com o meio ambiente em todo o seu ciclo de vida. Esta parte do pressuposto que todas as
fases de ciclo de vida de um produto geram impactes ambientais e que estes devem ser avaliados.
Esta metodologia é o âmbito da presente tese, e como tal vai ser devidamente aprofundada mais a
frente no capítulo 5.
4.3 INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS DE APOIO À CONCEÇÃO E AVALIAÇÃO DA
SUSTENTABILIDADE DE EDIFÍCIOS
Uma construção considerada sustentável supõe uma ponderação desde a fase de projeto dos 3 pilares
da sustentabilidade – ambiente, economia e sociedade. Para tal, promovem-se várias políticas com
vista à sustentabilidade que se desenvolvem em torno dos objetivos abaixo definidos na Figura 4.3.
Figura 4.2 - Primeira definição da ACV (LCA) promovida pela SETAC [13]
"Processo para avaliar as implicações ambientais de um produto, processo ou atividade,
através da identificação e quantificação dos usos de energia e matéria e das emissões
ambientais; avaliar o impacte ambiental desses usos de energia e matéria e das emissões; e
identificar e avaliar oportunidades de realizar melhorias ambientais"
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
44
Figura 4.3 - Objetivos das políticas para promoção da construção sustentável
Para tal existem diversas metodologias que tem a finalidade de aglomerar dados e reportar informações
que permitirão um precioso auxílio nas tomadas de decisão que surgem durante as diferentes fases do
ciclo de vida dos edifícios, já que estas fases estão interligadas com as dimensões da sustentabilidade.
Estas metodologias abordam uma visão integral da sustentabilidade considerando apenas os aspetos
mais significativos, pois seria muito moroso e inviável abordar, pelo menos na atualidade e dado o
conhecimento sobre as matérias, todos os aspetos. Acresce ainda o facto de que nem todos têm o mesmo
impacto e influência na avaliação. Atendendo ao referido, a avaliação é feita com base num conjunto
específico de indicadores (Figura 4.4) e parâmetros das três vertentes da sustentabilidade que se
consideram relevantes para atingir os objetivos acima indicados.
OBJETIVOS POLÍTICAS PARA
PROMOÇÃO SUSTENTABILIDADE
Otimizar o potencial do
local de impantação
Preservar a identidade
cultural
Reduzir o consumo
energético
Conservar os
recursos naturais (Água)
Utilizar materiais
eco-eficientes
Garantir boas
condições de saúde e conforto
Utilizar e melhorar
práticas de utlização e
manutenção
Controlar custos ciclo de
vida
INDICADORES AVALIAÇÃO DA
SUSTENTABILIDADE
INDICADORES ECONÓMICOS
INDICADORES AMBIENTAIS
INDICADORES SOCIAIS
Figura 4.4 - Indicadores para Avaliação da Sustentabilidade
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
45
A utilização destas metodologias para a conceção e avaliação da sustentabilidade dos edifícios pressupõe
um conjunto específico de indicadores e parâmetros que incluam e articulem os 3 pilares do
desenvolvimento sustentável. No entanto, esta avaliação apresenta-se complexa devido às caraterísticas
únicas da indústria construtiva que apresenta inúmeras condicionantes, das quais, se destacam abaixo as
mais relevantes [20]:
Complexidade ao nível da conceção
A conceção de um edifício implica um amplo conjunto de intervenientes no processo de especificação
e decisão, na escolha de materiais, tecnologias e processos que se encontram interligados entre si, o
ambiente circundante e os seus utilizadores. Estes fatores introduzem complexidade na avaliação, podem
até conduzir à inviabilidade do processo se esta não for limitada apenas aos aspetos condicionantes para
avaliar o seu desempenho. No entanto, esta simplificação da avaliação despoletou um dilema devido à
falta de coerência entre as diferentes metodologias nos indicadores e parâmetros que empregam,
complicando a interpretação e comparação entre os resultados obtidos.
Multidisciplinaridade das fases do ciclo de vida
O edifício é um produto único, pois em todo o seu ciclo de vida encontram-se envolvidos vários
intervenientes e com atuações completamente diferentes. Tendo isto em conta, o desempenho e seu
melhoramento depende da contribuição de cada um deles, o que na prática nem sempre (pelo menos de
forma pretendida) de uma forma geral ocorre. Isto associado ao facto dos parâmetros avaliados serem
de natureza diferente (quantitativos e qualitativos), e com ordens de grandeza distintas complica ainda
mais a efetivação da avaliação.
Ausência de industrialização dos produtos
Esta indústria tem a particularidade dos seus processos de produção e produto final serem sempre
diferentes. A esta situação acresce ainda o facto de, geralmente, o edifício projetado e idealizado poder
ser bastante diferente do construído. Como tal, a estimativa dos impactes provocados nas fases de
operação e construção é tarefa árdua e revertida de um grau muito significativo de incerteza.
Grande variabilidade e quantidade de materiais e soluções
Este aspeto está relacionado com a dificuldade de encontrar uma base de dados local que expresse o
inventário dos impactes ambientais dos produtos da construção, pois como já referido anteriormente, a
avaliação é realizada através dos impactes induzidos pelos materiais ao longo do seu ciclo de vida. Esta
lacuna deve-se essencialmente à enorme quantidade de materiais existentes e á ausência de estratégias
de concertação entre os produtores e associações do setor para a materialização desse aspeto.
Este facto provoca a não consideração de certos materiais por parte de algumas metodologias o que pode
comprometer seriamente por um lado a aplicabilidade das metodologias e por outro a qualidade dos
resultados apresentados.
Duração da fase de operação
Sendo um edifício projetado para uma vida útil de 50 ou mais anos, e a sua durabilidade e desempenho
dependentes de muito fatores como o clima e forma de atuação dos utilizadores, faz com que na fase de
operação (que representa a maioria do tempo referido) seja difícil de prever o desempenho do edifício.
Face a esta constatação, a fase de operação sendo a mais duradora é das que provoca mais impactes,
torna-se difícil de prever o seu comportamento, e como tal, é uma das condicionantes mais relevantes.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
46
Políticas, Nível Tecnológico, Cultura e Desenvolvimento Económico específicas para cada
País
Os países apresentam políticas e culturas diferentes, assim como nível de desenvolvimento económico
e tecnológico distintos entre si e por vezes até entre regiões dentro deles. Este facto além de afetar a
vertente social (que não se encontra no âmbito do presente trabalho) fundamenta um conjunto específico
de indicadores e parâmetros para a avaliação para cada país ao qual está associado uma ponderação
igualmente específica. Portanto, é logicamente inviável a utilização, à escala global, de metodologias
em que os parâmetros e respetivas ponderações não se encontrem adequadas ao ambiente em que o
edifício ficará inserido.
Devido a todas as condicionantes expressas, atualmente ainda não existe uma metodologia aceite pela
comunidade mundial, no entanto como referido anteriormente, sendo considerado os edifícios uma parte
com importância significativa em qualquer sociedade é neste sector que a investigação deste domínio se
tem focado com mais incidência. Recorrendo ao âmbito das diversas metodologias e ferramentas
existentes relacionadas direta ou indiretamente com a sustentabilidade construtiva, a USEPA,
estabeleceu que estas se agrupam em cinco tipos distintos como mostra a Figura 4.5.
Todos estes tipos de metodologias apresentam uma importância enorme, pois cada tem o seu papel
específico na avaliação da sustentabilidade de edifícios. De seguida expõe-se esse papel e explicita-se
sucintamente a caraterização de cada um dos tipos supracitados. Complementarmente, uma breve
descrição de cada tipologia permitirá esclarecer o seu papel e importância no âmbito da sustentabilidade.
A generalidade destas ferramentas é baseada numa abordagem “Bottom-Up”, ou seja, o desempenho
total do edifício é traduzido pela junção e inter-relação do desempenho dos materiais e componentes
que o constituem e tem o objetivo comum de tornar o edifício o mais sustentável possível ao longo de
todo o seu ciclo de vida.
No Quadro 4.1 apresenta vários exemplos das principais ferramentas utilizadas no apoio a conceção e
avaliação da sustentabilidade dos edifícios.
ME
TO
DO
LOG
IAS
FE
RR
AM
EN
TA
S Programas de simulação energética
Sistemas de análise do ciclo de vida (LCA) dos produtos
Sistemas e ferramentas de avaliação e certificação da construção sustentável
Diretivas e checklists para o projeto e gestão sustentáveis de edifícios
Declarações ambientais de produtos (DAP), Bases de Dados, Esquemas de certificação e Rótulos/Etiquetas
Figura 4.5 - Tipos de metodologias de apoio à conceção e avaliação de edifícios [26]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
47
Ferramentas de análise e avaliação do desempenho ambiental dos edifícios no seu ciclo de
vida (ACV (LCA))
As ferramentas de análise e avaliação do ciclo de vida (ACV (LCA)) são instrumentos direcionados para
a avaliação ambiental e económica de materiais e produtos de várias indústrias, incluindo a construção.
Estas empregam-se nas fases de projeto do edifício, pois é a fase onde se tomam decisões referentes á
seleção de materiais e a forma de avaliação dos impactes ambientais (diretos e indiretos) de todo o ciclo
de vida dos produtos. São importantes no fornecimento de dados com vista a avaliação da
sustentabilidade com objetivo de auxiliar nas decisões nas fases preliminares [26].
Ferramentas de avaliação e certificação da construção sustentável
Tem o objetivo claro de certificar a sustentabilidade dos edifícios durante todas as fases do seu ciclo de
vida, integrando e relacionando os parâmetros ambientais, sociais e económicos. Como referido
anteriormente, ainda não existe uma metodologia consensual a nível global, no entanto, existem vários
pontos em comum entre as metodologias atuais.
Dos pontos comuns merecem destaque:
Categorias de desempenho semelhantes: local de implantação, água, energia e
qualidade do ar interior;
Soluções construtivas convencionais;
Peso de cada indicador e parâmetro é definido em sintonia com a realidade local ao
nível ambiental, social e económico.
Atualmente, este tipo de metodologias apresentam duas tendências contraditórias. Num extremo
apresentam um leque enorme de complexos e distintos indicadores estudados por diferentes entidades e
noutro um desenvolvimento tendo em vista a sua implementação, criando indicadores comuns e
simplificando assim a avaliação.
Contudo, como todas as metodologias, estas têm as suas limitações, que neste caso se resume à extensa
quantidade de dados a introduzir (cerca de 150) que as torna pouco práticas para utilização. Acresce
ainda o facto de as bases de dados por elas utilizadas serem referentes às soluções construtivas
convencionais do país que as desenvolve, resultado que a sua aplicação fica largamente condicionada a
outros países.
FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO E BASES DE DADOSBases de dados de
ICV
EcoInvent
EDP BEES
BREEAMSimaPro
Ferramentas ACV para Avaliação de Edifícios
LEED
SBTool
LEnSE
Ferramentas Avaliação e Certificação da Sustentabilidade
IDEMAT
ETH-ESU 96
BUWAL 250
DK INPUT OUTPUT
ATHENA
EcoQuantum
ENVEST
LCA-HOUSE
Gabi
Ecology of Building
Materials
LISA
EcoEffect
Quadro 4.1 - Principais Ferramentas para avaliação da sustentabilidade de Edifícios
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
48
Outro aspeto que importa esclarecer é que a avaliação da sustentabilidade construtiva trata diferentes
indicadores que em diversos casos não se encontram correlacionados, nem se expressam na mesma
ordem de grandeza e a sua influência não é consensual e inalterável com o tempo. Com isto, torna-se
complexo expressar a sustentabilidade em termos absolutos, através de um indicador que englobe todos
os outros e classifique o material ou produto em questão.[26]
Concluindo, avaliar a sustentabilidade de uma solução corresponde à comparação desta relativamente
à solução de referência para cada país, ou seja, a comparação do resultado de cada indicador analisado
com o indicador de referência traduz a qualidade da solução apresentada.
Diretivas e checklist para o projeto e gestão sustentáveis de edifícios
Esta ferramenta é destinada a auxiliar os empreendedores a estabelecer as propriedades pretendidas para
o planeamento e conceção do projeto a realizar, hierarquizando os requisitos de sustentabilidade com
base no desempenho predefinido. Estas ferramentas são utilizadas nas etapas preliminares do projeto
(fase de conceção) com vista a uma maior sustentabilidade dos edifícios.
As checklist consideram uma diversidade extensa de critérios importantes para a avaliação da
sustentabilidade e têm como objetivo:
Reduzir erros e omissões por exclusão;
Aumento da utilidade da avaliação.
Para além do objetivo principal, as checklist podem ter outras utilidades interessantes, tais como:
Criar ideias e discussões sobre aspetos cruciais da avaliação da sustentabilidade;
Sustentar os processos para a elaboração de propostas;
Determinar se todos os aspetos fundamentais foram cumpridos através da comparação com
avaliações de sustentabilidade já existentes.
As checklist são indicadas para todas as pessoas envolvidas na avaliação, nomeadamente, avaliadores
que prestam esses serviços, projetistas e gestores com interesse nelas e servem de guia para as pessoas
que realizam avaliações de projetos e programas de desenvolvimento com vista à sustentabilidade.
Um facto importante a realçar é que tanto os avaliadores experientes como os inexperientes beneficiam
com esta ferramenta. No entanto, os experientes aproveitam a abrangência da lista para gerar ideias ou
pontos de referência, enquanto um inexperiente vê a lista como um excelente documento como elemento
para a sua instrução.[27]
Declarações Ambientais de Produto (DAP (EPD))
As DAP (EPD) são instrumentos de informação, baseados nas metodologias ACV (LCA), que listam os
processos e resultados de cada categoria de impactes ambientais de um produto ao longo de todo o seu
ciclo de vida. Elas avaliam a contribuição dos materiais, atividades e processos de um produto para o
meio ambiente através de um conjunto normalizado de impactes ambientais.
Nesta ideologia, a importância deste documento é inquestionável, pois promove a procura dos produtos
e materiais que causam menos impactes no ambiente e assim proporcionar um melhoramento ambiental
contínuo do mercado de produtos.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
49
Com isto, apresenta-se um conjunto de vantagens do desenvolvimento de uma DAP [28]:
Marketing Ambiental – Informação clara e fiável sobre o desempenho ambiental dos
produtos;
Benchmarking Ambiental – Possibilita a comparação do desempenho ambiental de produtos
da mesma categoria, desde que possuam ambos DAP (EPD);
Melhoria da imagem de marca – Aplicação a todos os produtos, atualização com relativa
facilidade e facilita o processo de desenvolvimento do produto;
Atualização fácil;
Simplifica o processo de desenvolvimento de um produto.
Estes documentos são estabelecidos tendo como base em regras que ditam as caraterísticas ambientais
dos produtos denominadas RCP – Regras para Categoria de Produtos. Estas estabelecem as
condições fundamentais para a execução de uma DAP (EPD), das quais se salientam:
Estabelecem os parâmetros a utilizar, assim como, a sua forma de obtenção e reportação;
Expõem as etapas, processos e cenários a considerar do ciclo de vida de um produto;
Possuem as regras de cálculo dos inventários de ciclo de vida e respetiva avaliação;
Instituem as condições para a comparação de produtos com base nos dados das DAP (EPD).
No entanto, estes documentos apresentam certas incoerências que não permitem ao público-alvo usufruir
da informação que pretendem revelar. Através da análise de DAP (EPD) de diferentes operadores e até
DAP (EPD) do mesmo operador verificou-se uma incoerência nos dados fornecidos em diversos níveis,
tais como, nos indicadores ambientais analisados, nas unidades funcionais desses indicadores, e na
descrição detalhada dos processos e emissões que os originaram. Uma avaliação da sustentabilidade
pretende na generalidade das situações auxiliar na seleção do melhor material e isso só é possível se as
categorias de indicadores de impacte estiverem completamente definidas e com as mesmas unidades.
Com as recentes normas europeias esses indicadores e unidades foram claramente estabelecidos, assim
como, a forma da sua obtenção. Estas normas vão ser abordadas mais a frente.
Na atualidade, já existem diversos operadores das DAP (EPD) na Europa. No entanto, estes confrontam-
se com alguns problemas e incompatibilidades. Mais concretamente a incoerência generalizada dos
diversos critérios dos operadores DAP (EPD). Com isto, o panorama Europeu depara-se com a
necessidade de as DAP (EDP) dos produtos serem reconhecidas no seu mercado. Para responder a essa
necessidade, um conjunto de operadores agruparam-se e estabeleceram que a solução passa por utilizar
uma metodologia DAP (EPD) comum no mercado europeu. Para suportar este processo criaram uma
plataforma denominada ECO PLATFORM. [29]
4.3.1.1 Eco-Platform
O RPC (Regulamento dos Produtos da construção), que veio substituir a existente DPC (Diretiva dos
Produtos da Construção) entrou em vigor em 2012 para novos produtos e dia 1 Julho de 2013 para
produtos já existentes. Este regulamento estabelece informações significativas nos requisitos básicos
dos produtos. De entre os diversos grupos destacam-se os seguintes:
BR3 - Higiene, Saúde e Meio Ambiente
BR7 - Uso Sustentável dos Recursos Naturais
Estes foram estabelecidos recorrendo à abordagem ciclo de vida. Em contrapartida o RPC não explicita
como evidenciar o cumprimento dos requisitos dos grupos e não existem imposições legais ligadas a
eles, exceto executar uma DAP (EPD) como possível configuração.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
50
Contudo o Parlamento Europeu citou no regulamento 305/2011 o seguinte:” Para a avaliação do uso
sustentável dos recursos e de o impacto das obras sobre o meio ambiente Declarações Ambientais de
Produtos deve ser usada quando disponível.”[30]
No entanto na atualidade, como acima referido, as DAP (EPD) são documentos de caráter voluntário o
que compromete a comprovação pretendida pois as indústrias podem prover dados sobre os indicadores
dos produtos sem obrigações ou limitações de qualquer tipo. Visto isto, a melhor solução pensada para
contrariar esta lacuna passa por estabelecer a obrigatoriedade das DAP (EPD). Contudo, o
desenvolvimento de programas de criação de DAP (EPD) pela Europa sem coordenação iria originar
um conjunto de sistemas DAP (EPD) inconsistentes e confusos, que obviamente não induziria á
inutilização das mesmas.
As consequências da implementação repentina de DAP (EPD) obrigaria as indústrias a uma produção
desmedida de DAP (EPD) ou outros rótulos semelhantes para concorrer em todos os mercados e poderia
colocar barreiras no mercado de tal forma que levaria à criação de uma regulamentação rígida pela
Comissão Europeia. Neste contexto, é necessário o desenvolvimento de uma metodologia harmonizada
de produção de DAP (EPD) reconhecida internacionalmente, com vista a evitar barreiras no mercado
externo e minimizar o esforço de fornecimento de dados de processamento de produtos.
Em resumo, a chave para este dilema prende-se com a criação e utilização de uma DAP (EPD) genérica
em todo o mercado europeu, e este é o desiderato máximo da plataforma, ou seja, facilitar e coordenar
a conformidade para um esquema DAP (EPD) comum.Com este âmbito pretende-se [29]:
1) Assegurar uma utilização otimizada dos padrões do setor construtivo;
2) Facultar concorrências equitativas para todos os fabricantes no mercado;
3) Estabelecer uma linguagem comum com vista à avaliação do desempenho de produtos e edifícios.
Como citado no sítio da Eco Platform [29], “A Plataforma ECO é uma plataforma para qualquer
operador do programa DAP (EPD) na Europa para chegar a acordo sobre regras comuns, princípios
e procedimentos, o que levará ao reconhecimento mútuo das DAP (EPD) além das fronteiras
regionais.” Com isto, os objetivos pretendidos por esta associação são:
Compatibilizar os critérios para desenvolver as DAP (EPD);
Evitar barreiras técnicas ao comércio além fronteira;
Estipular uma DAP (EPD) mínima comum baseada na norma EN 15804 e ISO 14025;
Estipular procedimentos comuns para a verificação;
Apadrinhar a harmonização das diferentes bases de dados existentes;
Reconhecimento mútuo entre DAP (EPD) de operadores distintos.
Uma ressalva importante é que a ECO Platform não é nem pretende ser um operador DAP (EPD).Isso
fica a cargo dos diferentes operadores que a constituem. Pretende ter um papel regulador no
estabelecimento de princípios comuns para as DAP (EPD) de produtos, designadamente para a parte do
processo “cradle-to-gate”, como se explicará mais a frente neste trabalho
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
51
A Figura 4.6 mostra os 11 operadores de DAP (EPD) que formaram a ECO Platform,
Environdec System - AB Svenska Miljöstyrningsrådet (Sweden)
EPD Norge - The Norwegian EPD Foundation (Norway)
IBU - Institut Bauen und Umwelt e.V. (Germany)
BRE Global - Building Research Establishment Limited (UK)
Association HQE tio (France)
Stichting MRPI - Milieurelevante Productinformatie (Netherlands)
ITB - Instytut Techniki Budowlanej (Poland)
DAPc - CATEEB - Col.legi d'Aparellafdors, Arquitectes Tècnics i Enginyers d'Edificació
(Spain)
Global EPD - AENOR - Asociacion Espanola de NORmalización y certificacion (Spain)
DAP Habitat - CentroHabitat (Portugal)
ZAG EPD - Zavod za gradbeništvo Slovenije (Slovenia)
Como podemos reparar, Portugal participa neste projeto através do operador DAP Habitat. Como tal,
apresenta-se no Anexo I um modelo da DAP (EPD) a utilizar em Portugal com vista a rápida
familiarização neste projeto ambicioso.
Concluindo, esta plataforma garante revolucionar o mercado dos produtos da construção e proporcionar
ao setor maior facilidade e flexibilidade para comunicar os dados dos seus produtos.
Figura 4.6 - Operadores que fundaram a ECO Platform
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
52
4.4 NORMALIZAÇÃO APOIANTE DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO
NORMALIZAÇÃO INTERNACIONAL
Na atividade construtiva, sustentabilidade ainda é, ideologicamente, edifícios energeticamente eficientes
ou “verdes” e com boa qualidade no ambiente, No entanto, existem muitos outros aspetos a ter em conta,
alguns deles poderão até ser eventualmente mas relevantes. Nesta perspetiva, a ISO criou um comité
responsável por tratar e desenvolver normas específicas no âmbito da sustentabilidade na construção
baseadas na gestão ambiental, nomeadamente avaliação ciclo de vida, declarações ambientais de produto
(ISO 14000), e planeamento de vida em serviço (ISO 15686). Este comité foi atribuída a designação
ISO/TC59/SC17.
Criado em 2002, este subcomité surge para continuar um trabalho preliminar realizado pelo SC3
fundamentado na normalização da sustentabilidade na construção civil, mais especificamente, para
elaborar um conjunto de normas que incluam todos os aspetos sociais, económicos e ambientais
referentes a esta matéria. O SC17 apresenta-se subdividido em 5 grupos especificados na Figura 4.7
tendo já sido publicadas como resultado da sua atividade algumas normas relevantes.
Figura 4.7 - Estrutura da Comissão e Normas realizadas
As normas referidas na Figura 4.7 são documentos utilizados como base para as normalizações europeias
que serão apresentadas posteriormente. De imediato importa realizar uma breve descrição destas
normas, focando resumidamente o seu âmbito e o seu objetivo especifico no contexto da sustentabilidade
da construção. [31]
ISO/TC59/SC17
WG1 -General
Principles and
Terminology
WG2 -Sustainability
Indicators
WG3 -Environmental declarations of
product
WG4 -Environmental performance of
buildings
WG5 - Civil Engineering
Works
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
53
ISO 15392:2008 – “Sustainability in building construction -- General principles” [32]
A norma foi desenvolvida e fundamentada na ideologia do desenvolvimento sustentável e estabelece os
princípios gerais que uma edificação deve seguir com vista à sustentabilidade. Esta aplica-se a todos os
componentes relacionados com edificações e obras de construção nomeadamente, materiais, produtos,
serviços e processos em todo o seu “ciclo de vida”, ou seja, desde o projeto até ao fim da sua vida útil.
No entanto, os princípios que esta estabelece são aplicados apenas de forma generalizada. As
especificações são âmbito de outras normas, e não prevê a fundação para a avaliação dos investidores e
níveis (benchmarks) para evidenciação da sustentabilidade.
A ISO serve apenas de guia de princípios e não se sobrepõe a normas nacionais ou internacionais da
mesma matéria. Em contrapartida, encontra-se em desenvolvimento, por este mesmo subcomité, uma
especificação técnica para promovê-la e auxiliar a sua implementação que é a ISO/TS 12720 NP -
“Sustainability in buildings and civil engineerig works – guidelines for the application of the general
principles on sustainability”.
ISO 21929-1:2011 – “Sustainability in building construction – Sustainability indicators –
Part 1: Framework for the development of indicators and a core set of indicators for
buildings”[22]
Norma criada com o objetivo de estabelecer um processo, que recorrendo a um conjunto específico de
indicadores, aborda os impactos das três dimensões que condicionam a sustentabilidade dum edifício:
ambiente, economia e sociedade. Esta, fundamentalmente, sugere e encaminha, a seleção de indicadores
mais apropriada com vista a sustentabilidade das edificações.
O Quadro 4.2 de indicadores, acima presente, é fornecido pela norma para avaliação do desempenho
económico, ambiental e social de um edifício ou grupo de edifícios. Focando os aspetos ambientais, a
norma individualiza e separa os indicadores pela forma como influenciam o ambiente: em cargas
ambientais, impactes ambientais ou os dois em simultâneo.
Quadro 4.2 - Indicadores norma ISO 21929-1:2011 [22]
Ambiente Económicos Social
Alterações Climáticas;
Destruição da camada do
ozono;
Acidificação;
Eutrofização;
Formação de oxidantes
fotoquímicos;
Esgotamento de recursos
não-renováveis;
Formação de poluentes
Investimento;
Deconstrução e tratamento
de resíduos;
Uso - Água, Energia, etc.;
Receitas geradas pela
construção;
Desenvolvimento do valor
económico do edifício
Qualidade dos Edifícios;
Efeitos da construção
relacionados com a saúde
e segurança dos
utilizadores;
Acessibilidade;
Satisfação do utilizador;
Qualidade arquitetónica
dos edifícios;
Proteção do património
cultural
INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
54
Resumindo, esta norma:
Expressa um quadro de indicadores, adequados aos princípios gerais de
sustentabilidade, para avaliação dos impactos nos edifícios;
Defende o processo de seleção de indicadores e o desenvolvimento de
instrumentos de avaliação
Expõe a forma e o processo de utilização dos indicadores
ISO 21930:2007 – “Sustainability in building construction – Environmental declaration of
building products”[33]
Norma desenvolvida com o objetivo de complementar a ISO/FDIS 14025 através de requisitos e
especificações para a implementação das declarações ambientais do tipo III nos produtos da construção
fundamentadas na avaliação do ciclo de vida. Esta define uma estrutura para os requisitos básicos
necessários, definidos na ISO/FDIS 14025, para as Regras da categoria do produto (RCP), tal como, o
previsto para as declarações ambientais do produto tipo III nesta mesma norma.
A norma é especificamente indicada para empresas de comunicação empresarial, no entanto, o uso para
negócios com o consumidor em certas circunstâncias também pode ser adequado.
ISO/TS 21931-1:2010 – “Sustainability in building construction – Framework for methods
of assessment of the environmental performance of constructin works – Part 1:
Buildings”[34]
Esta norma tem o objetivo de providenciar uma estrutura que promova um progresso na comparabilidade
dos métodos para avaliação do desempenho ambiental dos edifícios. Sendo o objeto o local, as
instalações nas imediações e o próprio edifício novo, ou já existente, em todas as fases da sua vida útil
(projeto, construção, operação, renovação e desconstrução) a norma apresenta e descreve os dilemas
problemáticos da utilização destes métodos de avaliação.
Está previsto que esta parte da norma que aborda a vertente do ambiente, seja aplicada em conjunto com
os princípios presentes nas normas da série ISO 14000 de gestão ambiental. No entanto, está
estabelecido que o desempenho global dum edifício não depende somente do seu desempenho ambiental
mas também de inúmeros fatores de outra ordem.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
55
NORMALIZAÇÃO EUROPEIA
Na Europa, similarmente ao organismo de Normalização Internacional, existem entidades que
contribuem, de alguma forma, para a ideologia da sustentabilidade na construção civil. Entre estes, o
CEN (Comissão Europeia de Normalização) destaca-se pelo seu enquadramento e contributo. A sua
orgânica prevê também a existência de comités. Os que produzem trabalho na lógica da sustentabilidade
são os que se apresentam na Figura 4.8 [31]:
De todas acima referidas, a comissão com o papel mais significativo e focado nas medidas de
sustentabilidade para o setor é a CEN / TC 350. Esta tem os seguintes objetivos:
1) Considerar as necessidades das políticas europeias (cap.3) no âmbito dos produtos da construção
(Ex. Regulamento Produtos da construção, Diretiva Eco Design, Rótulos Ambientais);
2) Prever possíveis barreiras técnicas à livre circulação, tanto no mercado interno como no
internacional;
3) Articulação com a normalização internacional (ISO) existente e em vigor.
Como já enunciado anteriormente, um edifício deve ser avaliado como um todo, através das suas funções
e o desempenho pretendido pelo investidor. Para isso, é necessário avaliar, imprescindivelmente o seu
desempenho ambiental, económico e da saúde e conforto para os utilizadores. Nesta perspetiva, as
normas defendem um modelo que concilia estes três desempenhos, tendo sempre em consideração que
os impactos gerados nestes domínios ocorrem ao longo da vida útil do edifício, ou seja, desde a extração
da matéria-prima até ao destino final dos resíduos. Nesta ideologia, este comité baseia assim todo o seu
trabalho de normalização em torno da metodologia avaliação ciclo de vida, pois esta aborda e quantifica
a contribuição dos impactos gerados em todas as fases da vida útil de um edifício. É portanto considerada
como a ferramenta ideal para este tipo de análise.
Com a abordagem ciclo de vida em mente, o comité aponta para o desenvolvimento de métodos para a
avaliação da sustentabilidade de edifícios novos ou existentes e na criação de declarações ambientais de
produto para os produtos da construção, processos estes idealizados pela comissão europeia como dois
dos mais importantes para a implementação da sustentabilidade na construção e nos seus produtos.
CENTC 89 - "Thermal Performance of Buildings"
TC 126 - "Acoustic properties of Building Elements and of Buildings"
TC 156 - "Ventilation for Buildings"
TC 169 - "Energy Performance of Buildings"
TC 350 - "Sustainability of construction works"
TC 351 - "Construction Products - Assessement of Release of Dangerous Substancs"
TC 371 - "Energy Performance of Building Project Group"
Figura 4.8 - CEN - Comissões que contribuem para a sustentabilidade na construção
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
56
Em suma, as normas da TC 350, que começaram a ser publicadas em 2010, fornecem formas de
quantificação dos impactos da construção e auxílio na interpretação resultados com vista a facilitar
tomadas de decisão nesta indústria.
4.4.2.1 Normas CEN 350
Até ao momento este comité técnico publicou um conjunto de normas associado aos temas acima
referidos, que estão presentes no Quadro 4.3:
Estas normas pretendem dar resposta à necessidade da sustentabilidade na construção no espaço
Europeu estabelecendo diretrizes para a avaliação dos três pilares que influenciam essa sustentabilidade.
De seguida, descreve-se generalizadamente o âmbito, objetivos e conteúdo que cada uma tem, visando
uma construção mais sustentável.
EN 15643 – Avaliação da Sustentabilidade de Edifícios – Enquadramento [31,35]
Esta norma subdivide-se em 4 partes:
Parte 1 - Enquadramento Geral [36]
Parte 2 - Enquadramento para a avaliação do desempenho ambiental [37]
Parte 3 - Enquadramento para a avaliação do desempenho social [38]
Parte 4 - Enquadramento para a avaliação do desempenho económico [39]
Este conjunto de normas definem os princípios e requisitos gerais das metodologias de avaliação do
desempenho dos edifícios (ou partes deles) ao nível das 3 dimensões da sustentabilidade, tendo como
base a abordagem ciclo de vida. Foram criadas com o intuito de serem aplicadas em conjunto pois só
em sintonia a avaliação do desempenho do edificado, ao longo de todo o seu ciclo de vida, tem o
significado pretendido.
Pormenorizando, e especificando exatamente o citado na EN 15643, “os objetivos da avaliação de
edifícios são:
Determinar os impactos e aspetos do edifício e do seu sítio;
Permitir ao cliente, usuário e designer tomar decisões e escolhas que vão ajudar a atender à
necessidade de sustentabilidade dos edifícios.”
Quadro 4.3 - Normalização Europeia [35]
COMITÉ ESTRUTURA NORMAS
CEN/TR 15941:2010
EN 15643-1:2010
EN 15643-2:2011
EN 15643-3:2012
EN 15643-4:2012
EN 15804:2012
EN 15942:2011
EN 15978:2011
NORMALIZAÇÃO EUROPEIA - SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO
TC
350
WG1 -"Environmental performance of Buildings"
WG3 - "Products Level"
WG4 - "Economic performance assessment of
Buildings"
WG5 - "Social performance assessment of Buildings"
WG6 - "Civil Engineering works"
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
57
Tendo como objetivo realçar as partes mais importantes da norma, ela especifica que “Um sistema de
avaliação do edifício pode conter mais de que uma parte metodológica: quantificação, parte analítica
(s) do método, e uma parte de avaliação (s), incluindo os juízos de valor. As normas neste âmbito lidam
apenas com a parte analítica. Por esta razão, estas normas não fornecem métodos de avaliação e não
definem níveis, classes ou valores de referência para qualquer medida de desempenho”. Tendo em
conta a citação, e focando simplesmente a utilidade da norma neste campo, elas limitam-se a estabelecer
as fronteiras gerais (limites) do sistema para a quantificação dos impactes, realçando que é com base
neles que a avaliação é posteriormente realizada.
Para além disto, elas esclarecem ainda 2 aspetos cruciais, abaixo citados:
1) “Os métodos de avaliação devem ser credíveis, transparentes e sistemáticos, a fim de
alcançar a comprovação, a transparência e a comparabilidade dos resultados da
avaliação.“.
2) “Os métodos de avaliação para um desempenho ambiental, social e económico de
edifícios dadas pelas normas no âmbito deste quadro têm em conta aspetos e os
impactos de desempenho que podem ser expressos com indicadores quantitativos e
qualitativos, que são medidos sem juízos de valor e que levam a um resultado claro
para cada indicador”.
Resumindo, as partes 2, 3 e 4 desta norma fornecem um conjunto de indicadores-chave para avaliação
de cada uma das dimensões da sustentabilidade ao longo de todo o ciclo de vida dos edifícios, e esse
ciclo de vida foi estabelecido para todo o conjunto de normas e é apresentado na Figura 4.9. Os métodos
de avaliação acima referidos que demonstram a forma como os indicadores são calculados e
quantificados estão presentes nas normas EN 15978 e pr EN 16309. No entanto, a norma pr EN 16309,
como podemos verificar pela designação é ainda uma pré-norma portanto não sendo por isso objeto de
uma abordagem detalhada na presente tese.
Figura 4.9 - Módulos do Ciclo de Vida considerados pelas normas CEN 350. [35]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
58
EN 15978 - Avaliação da Sustentabilidade de Edifícios – Avaliação do desempenho ambiental
de edifícios – Método de cálculo [40]
A presente norma é parte constituinte de um conjunto de normas europeias, especificações técnicas e
relatórios que em harmonização suportam a quantificação da contribuição de edifícações para uma
construção sustentável, e como consequência, para o desenvolvimento sustentável na perspetiva
ambiental. Esta tem como objetivo claro “fornecer regras de cálculo para a avaliação do desempenho
ambiental dos edifícios novos e existentes.”.[40]
A avaliação é realizada com base na Avaliação Ciclo de Vida e outras informações quantificadas para
estabelecer cada aspeto ambiental em cada uma das fases do ciclo de vida do edifício. Esta evidencia
como são obtidos os indicadores chave definidos na EN 15643-2, de acordo com o tipo de edifício e as
fases do seu ciclo de vida.
Segundo o citado na norma apresentada, esta preconiza os seguintes aspetos, que constituem dados base
para realizar a metodologia referida:
A descrição do objeto de avaliação;
A fronteira do sistema que se aplica ao nível de construção;
O procedimento a ser usado para a análise de inventário;
A lista de indicadores e procedimentos para o cálculo destes indicadores
Os requisitos para a apresentação dos resultados em relatórios e comunicação;
E os requisitos para os dados necessários para o cálculo.
Dos referidos aspetos, é importante realçar que os limites de cada módulo do sistema de avaliação é
crucial para garantir maior harmonização e entendimento da avaliação realizada, e inclusivé um maior
entendimento de outras avaliações similares.
A norma apresenta ainda um conjunto de tabelas tipo para apresentação de resultados da avaliação que
estão presentes no Anexo II. Estas foram criadas como referência para permitir aos utilizadores da
metodologia expressarem os seus resultados.
Todos estes aspetos abrangem todas as fases do ciclo de vida e estimulam a obtenção de dados a partir
das Declarações Ambientais de Produto (DAP (EPD)), que como já visto, são excelentes fontes de
informação para a avaliação do desempenho ambiental dos produtos. O recurso a outras fontes de
informação deve ocorrer somente quando for indispensável e relevante para a avaliação.
EN 15804 - Sustentabilidade das obras de construção - declarações de produtos ambientais
- Regras Básicos para a categoria de produto dos produtos de construção [41]
A EN 15804 é parte do conjunto de normas para avaliação de sustentabilidade e define as regras
necessárias para a categorização de produtos considerados como produtos da construção a fim de
fornecer meios para o desenvolvimento de uma declaração ambiental tipo III especifica para os produtos
da construção. Esta preconiza uma organização das DAP (EPD) em busca de uma harmonização em
termos de apresentação e verificação.
As DAP (EPD), como já referido, exprimem-se em módulos de informação que simplificam a
organização dos dados de todo o ciclo de vida do produto, e pretendem através da sua informação
verificável e exata no campo ambiental sustentar o suporte a bases científicas, escolhas justas e estimular
o mercado dos produtos e serviços da construção com vista a uma crescente melhoria ambiental.
A norma é aplicável aos produtos, processos e serviços da construção e as regras de categoria de produto
são baseadas nas normas ISO 21930 e ISO 14025, para poderem abranger comerciantes e utilizadores.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
59
Aprofundando o conteúdo da norma, esta estabelece que o núcleo das RCP respeite os seguintes aspetos:
a) Definição os parâmetros a serem declarados e a maneira em que são recolhidos e
relatados;
b) Descrição de quais os estádios do ciclo de vida do produto que são consideradas na
DAP (EPD) e os processos que estão a ser incluídos nas fases do ciclo de vida;
c) Definição de regras para o desenvolvimento de cenários;
d) Inclui as regras para o cálculo do Inventário do Ciclo de Vida e Avaliação do Impacto
do Ciclo de Vida subjacente à DAP (EPD), incluindo a especificação da qualidade dos
dados a serem aplicados;
e) Inclui as regras para a comunicação pré-determinada, a informação ambiental e de
saúde, que não é coberta pela ACV (LCA) para um produto, processo de construção e
serviços de construção, sempre que necessário;
f) Define as condições em que os produtos de construção podem ser comparados com
base na informação fornecida pela DAP (EPD).
Tendo em conta todos estes fatores, a norma adequa as DAP (EPD) para a avaliação do desempenho
ambiental, saúde e conforto dos edifícios na medida em que as regras presentes na norma permitem que
os dados das DAP (EPD) sejam consistentes, reprodutíveis e acima de tudo comparáveis, caraterística
fundamental para tomar a melhor decisão em termos ambientais.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
61
5 AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA
5.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo pretende concentrar-se na explicação da metodologia anteriormente apresentada e que é a
fundação para as normas de sustentabilidade dos trabalhos de construção a nível ambiental.
Mais concretamente, este capítulo vai abordar todo o procedimento da metodologia avaliação ciclo de
vida e dos métodos auxiliares à sua execução, apoiada pela norma internacional que a padroniza, a NP
EN ISO 14040:2008. Como tal, realizar-se-á uma abordagem geral do surgimento da norma, o porquê
da sua existência e onde se enquadra no panorama da normalização internacional. Vão também ser
apresentadas as diferentes tipologias que o método pode apresentar, clarificando qual a mais útil e
aplicável no âmbito do setor da construção. Executa-se ainda uma adaptação do método à atividade
construtiva realçando, as suas particularidades únicas e referindo as suas vantagens e limitações, sendo
este último um aspeto importante a reter da metodologia.
5.2 ENQUADRAMENTO GERAL
Como referido nos capítulos anteriores, a maior desafio das organizações está relacionado com a
implementação do conceito sustentabilidade. Contudo, este já é visto como um princípio importante na
formação de políticas governamentais e estratégias empresariais.[42] Este conceito tem uma interligação
enorme com a indústria construtiva, pois é ela que contribui massivamente com os seus impactes
ambientais. No entanto, a sensibilização destes aspetos ambientais na construção tem crescido
exponencialmente e está na ordem do dia a sua minimização. Para ocorrer esta minimização, e sendo as
edificações produtos únicos e com uma durabilidade fora do normal, ou seja, têm um ciclo de vida de
dezenas de anos, as organizações optaram por avaliar a sua sustentabilidade através de uma metodologia
que abranja todo o ciclo de vida das edificações e se adapte a todas as questões da sustentabilidade
denominada AVALIAÇAO CICLO DE VIDA.
Esta metodologia no campo da construção provém de um pensamento de abordagem das edificações a
que os especialistas chamam “Life Cycle Thinking”, que defende que os impactes gerados por um
produto ocorrem durante todo o seu ciclo de vida, ou seja, desde a sua extração até á sua disposição
final. No entanto torna-se necessário “quantificar” este pensamento e formular uma maneira de o poder
avaliar dentro do conceito base da sustentabilidade.
Tendo em conta esta ideologia, e relembrando que a sustentabilidade é o equilíbrio de 3 pilares
fundamentais – Ambiente, Economia e Sociedade, surgiu a primeira abordagem genérica a uma
metodologia de avaliação da sustentabilidade do ciclo de vida, que genericamente consiste na soma das
metodologias de avaliação das 3 componentes da sustentabilidade, como expresso na Figura 5.1.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
62
Em que:
LCA – Life Cycle Assessment
LCC – Life Cycle Cost
SLCA – Social Life Cycle Assessment
LCSA – Life Cycle Sustainable Assessment
Todas as partes são imprescindíveis para a avaliação da sustentabilidade de um produto, nomeadamente,
um edifício/ edificação/ construção/ empreendimento. [42;45]
LCC – Life Cycle Costing [42]
Esta importante componente da avaliação da sustentabilidade tem como definição generalizada os custos
“cradle-to-grave” resumidos num modelo de economia com o objetivo de avaliação de alternativas de
projeto e equipamentos. Ou seja, o LCC consiste no somatório de estimativas de custos, desde a
conceção até á disposição final de um produto, de acordo com o determinado num estudo que estima os
custos totais durante a vida do projeto tendo em conta a valorização do dinheiro no tempo.
Qualquer projeto de engenharia sem justificação económica é inviável, como tal bons projetos de
engenharia só se fazem com boa economia e traduzem o sucesso empresarial. Logo, o modelo LCC
permite melhorar a avaliação da eficácia dos custos de projeto a longo prazo. Visto isto, o objetivo
principal da LCC é escolher a alternativa mais rentável de um conjunto de alternativas com vista o menor
custo possível do produto a longo prazo.
Na generalidade dos casos, os custos de operação, manutenção e disposição são muitas vezes superiores
(2-20 vezes) que os custos iniciais de aquisição portanto a melhor solução é obtida quando o LCC total
é mínimo. Neste âmbito, esta abordagem auxilia a melhorar as perspetivas de negócios, destacando o
aumento da competitividade económica a fim de minimizar os custos a longo prazo.
LCA LCC SCLA LCSA
Figura 5.1 - Componentes para a Avaliação da Sustentabilidade
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63
Contudo, isso não é tarefa fácil, pois no seio de muitas empresas existem diferentes interesses entre
departamentos o que causa alguns problemas e conflitos. Esses problemas são facultados na Figura 5.2.
A gestão destes conflitos pode ser controlada recorrendo ao LCC. Como tal, a ISO criou um conjunto
de normas a que denominou “ISO 15686 - Buildings and constructed assets - Service-life planning”.
Esta subdivide-se em 11 partes pertencendo a uma delas (parte 5) unicamente ao Life Cycle Costing.
Ela define que “Life Cycle Costing é uma técnica valiosa que é usada para prever e avaliar o
desempenho de custo de ativos construídos”. A norma tem uma ampla abrangência e pretende
estabelecer uma metodologia comum para o LCC a fim de melhorar as tomadas de decisão e avaliação
de processos nas fases mais relevantes de um projeto através da comparação de alternativas. No primeiro
capítulo da referida norma, menciona-se a importância que esta metodologia tem no fornecimento de
informação para o desempenho ambiental (ACV (LCA)). A metodologia LCC não é âmbito da presente
tese, no entanto, realça-se a sua importância na conceção de projetos na sociedade atual.
Concluindo, o LCC é um complemento muito útil para as outras 2 componentes, uma vez que um
produto sustentável deve ter um custo razoável e ser rentável para ter aceitação no mercado. Sendo as
decisões dos consumidores apoiadas, na maioria das vezes, unicamente no fator preço, é da
responsabilidade das empresas fornecer informação da fase de utilização dos seus produtos com vista a
influenciar o consumidor na modificação as suas escolhas e contribuírem intrinsecamente para o
pensamento de desenvolvimento sustentável.
SLCA – Social Life Cycle Assessment [42]
Terceira componente da sustentabilidade que se diferencia das outras duas componentes pelas
dificuldades que apresenta na sistematização de uma metodologia. O maior dilema de avaliação dos
impactes sociais depreende-se com a natureza e escala dos seus indicadores. Ao contrário dos
indicadores da ACV (LCA) e do LCC, muitos indicadores sociais são qualitativos o que dificulta a sua
perceção, avaliação e consenso para estabelecer uma metodologia mundialmente aceite.
Problemas Frequentes em Grandes Empresas de Engenharia
ENGENHARIA DE PROJETO - Minimizar os custos de capital
ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO - Minimizar numero de horas de reparação
PRODUÇÃO - Maximizar o tempo útil de horas
ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE - Evitar falhas
CONTABILIDADE - Maximizar o valor presente líquido de projeto
ACIONISTAS - Aumentar a sua riqueza
Figura 5.2 - Problemas Frequentes
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64
Os principais problemas numa SLCA são [45]:
Relacionar quantitativamente os indicadores para a unidade funcional do sistema;
Obter dados específicos dos indicadores;
Decidir entre muitos indicadores, sendo maioria qualitativos;
Quantificar adequadamente todos os impactes;
Avaliar os resultados.
No entanto, muitos estudos têm sido desenvolvidos nesta temática, e muito recentemente a CEN, criou
normas com vista a avaliação desta componente, a EN 15643-3 e a prEN 16309.
Visto isto, e focando o âmbito da presente tese, a metodologia a ser abordada é a correspondente à
vertente ambiental, portanto, a ACV (LCA).
5.3 METODOLOGIA ACV (LCA)
ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E PANORAMA NORMATIVO
Por natureza, poder-se-á dizer genericamente que a atividade construtiva não é “amiga do ambiente”
devido aos impactes que gera nesse meio. Como tal, a preocupação no campo dos edifícios tem vindo a
crescer no sentido em que a melhoria ambiental neste setor revela-se fundamental para um futuro
sustentável das sociedades, algo que no mundo atual se prevê de difícil alcance. Nesse sentido, as
organizações necessitam de abordar os impactes ambientais causados pelos processos e produtos
construtivos durante o ciclo de vida dos empreendimentos e avaliá-los de forma a poderem realizar a
tomada de decisão mais adequada e sustentável. Para suplantar essas necessidades, a metodologia ACV
(LCA) é uma técnica única, e a mais adequada e adaptada à realidade construtiva, pois compreende
todos os impactes significativos de cada um dos seus componentes em cada fase do seu ciclo de vida e
agiliza, suporta o processo de decisão.
A ACV (LCA) é uma metodologia de avaliação do desempenho ambiental de um edifício ou produto e
permite aos decisores a possibilidade da adoção das tecnologias, produtos e processos mais adequados
para uma melhor prática das atividades construtivas desde a extração de matérias-primas até a disposição
final do produto. [46] Com isto, o desenvolvimento de normas, ferramentas e instrumentos em torno
desta metodologia têm evoluído consideravelmente e, como tal, a promoção de práticas construtivas
cada vez mais sustentáveis.
A metodologia ACV (LCA) é a única metodologia de avaliação do desempenho ambiental normalizada
internacional [44]. Isso transmite confiança no seu procedimento aos utilizadores. Ela apresenta 2
objetivos principais:
Quantificar e avaliar o desempenho ambiental de um produto ou processo em todo o seu ciclo
de vida (desde a extração até à disposição final);
Ajudar nas tomadas de decisão ao nível da seleção de produtos e serviços.
Para além destes, a ACV (LCA) serve de base para avaliar potenciais evoluções no desempenho
ambiental de sistemas de produto.
Como tal, a metodologia apresenta várias aplicações, tanto a nível público como privado. Dessas
aplicações destacam-se as seguintes: [44]
Planeamento Estratégico ambiental para a escolha da melhor opção praticável. Por Exemplo,
comparação dos impactes ambientais de diferentes produtos com a mesma função;
Comparação de cenários regionais, económicos ou culturais de um produto;
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
65
Identificação de oportunidades de melhorias ambientais e pontos críticos em cada uma das
fases do ciclo de vida de um produto;
Otimização do design e inovação de produtos e processos;
Criação de uma ferramenta para a gestão do sistema ambiental e relatórios ambientais.
A Comissão Técnica responsável pelo desenvolvimento das normas de gestão ambiental chama-se ISO
TC/207 e a sua composição esta expressa na Figura 5.3. Esta defende que a forma mais eficaz de otimizar
o desempenho ambiental dos produtos e inclusivé das organizações é otimizando as suas práticas de
gestão. Desta forma, limites ou critérios de desempenho para produtos não fazem parte da sua forma de
proceder.
Como se pode facilmente visualizar na Figura 5.3 existe um subcomité responsável unicamente pelas
normas referentes à aplicação do método avaliação ciclo de vida. Desde a sua criação em 1992, este
subcomité publicou várias normas das quais se encontram em vigor as seguintes [47]:
NP EN ISO 14040:2008 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Princípios e
enquadramento
NP EN ISO 14044:2010 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Requisitos e linhas de
orientação
ISO/TR 14047:2012 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Exemplos ilustrativos como
utilizar a ISO 14044 para situações de avaliação de impactes.
ISO/TS 14048:2002 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Formatação da
documentação
ISO 14049:2012 – Gestão Ambiental. Avaliação ciclo de vida. Exemplos ilustrativos como
utilizar a ISO 14044 para a definição de âmbito e objetivos e análises de inventário
A comissão idealizou que toda e qualquer obra devia respeitar um conjunto de requisitos de desempenho
funcionais e técnicos, e ainda assegurar que a construção apresenta o desempenho pretendido nos
domínios ambiental, social e económico. Um ponto fundamental para garantir estes domínios é a
avaliação do desempenho de todos os materiais de um trabalho de construção, com vista, à padronização
ISO
TC
/20
7
SC1 - ENVIRONMENTAL MANAGEMENT SYSTEMS
SC2 - ENVIRONMENTAL AUDITING AND RELATED ENVIRONMENTAL INVESTIGATIONS
SC3 - ENVIRONMENTAL LABELLING
SC4 - ENVIRONMENTAL PERFORMANCE EVALUATION
SC5 - LIFE CYCLE ASSESSMENT
SC7 - GREENHOUSE GAS MANAGEMENT AND RELATED ACTIVITIES
Figura 5.3 - Estruturação da comissão responsável pela ACV (LCA)
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66
da produção, transporte, processo construtivo, utilização e fim de vida para que sejam considerados em
conjunto.
NP EN ISO 14040:2010 – “PASSOS PARA REALIZAR UM ACV (LCA) GENÉRICO”
Esta norma foi criada com o intuito de estabelecer e definir os princípios e enquadramento da
metodologia ACV (LCA). Qualquer produto, independentemente do material que o constitui e da forma
que atua na natureza, seja pela sua produção (matérias-primas e energia necessária a consumir), uso ou
disposição final, provoca um impacte no ambiente. Nesse sentido a ACV (LCA) é, genericamente, uma
ferramenta de gestão ambiental para avaliação do desempenho ambiental dos produtos desde a extração
da sua matéria-prima até á disposição final.
Esta técnica é bastante útil em diversas áreas e tem com principais objetivos [49]:
Facultar uma visão mais ampla das interações entre uma atividade e o ambiente;
Compreender o meio ambiente no âmbito das consequências ambientais das atividades
humanas;
Facultar um precioso auxílio na tomada de decisão, estabelecendo parâmetros das atividades
com vista a explicitar os seus impactes ambientais e identificar oportunidades para melhorias
destes.
Realizar um estudo ACV (LCA) independentemente do propósito é algo bastante complexo, portanto
neste capítulo pretende-se desmistificar as fases constituintes da avaliação para permitir um maior
entendimento do que se vai tratar e definir no capítulo 6, referente ao caso prático, e também para os
possíveis leitores compreenderem o necessário para a execução desta análise.
Segundo esta norma um estudo ACV (LCA) divide-se em 4 etapas base distintas, como mostra a Figura
5.4 e presente na norma.
Como é facilmente visualizável na Figura 5.4, estas são as 4 etapas necessárias para realizar uma ACV
(LCA). Como tal, de seguida clarifica-se cada uma delas realçando as suas particularidades e
pormenores.
Figura 5.4 - Etapas da ACV (LCA) [49]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
67
DEFINIÇÃO DO OBJETIVO E ÂMBITO
A ACV (LCA), tal como todos os modelos, são uma aproximação e simplificação da realidade, portanto
o desafio para os seus praticantes é que essa simplificação não influencie significativamente os
resultados. [50] Esta é a primeira etapa do processo e é onde se define o objetivo da avaliação, assim
como o tipo de avaliação dos impactes ambientais de acordo com o processo de decisão pretendido pelo
avaliador.
Neste sentido, a definição do âmbito e do objetivo vai determinar a duração e quantidade de recursos
necessários para a realização da avaliação, bem como, conduzir todo o processo, de forma a garantir que
os resultados significativos são alcançados. Um aspeto importante a realçar é o facto de cada decisão
tomada durante esta fase condicionar a condução do projeto e a relevância dos resultados finais.
Portanto, expõem-se e desenvolvem-se seis decisões base a serem tomadas no início da avaliação para
efetivar o tempo e recursos necessários. As decisões a tomar devem ser as seguintes:
1) Definir o objetivo do projeto
Normalmente o objetivo primordial da avaliação é a escolha da melhor solução, ou seja, a que representa
um menor impacte à saúde humana e ambiental. No entanto, podem haver outros objetivos, como
auxiliar o desenvolvimento de novos produtos através da redução de recursos e emissões. Os inventários
resultantes da avaliação podem assim ter inúmeras aplicações, entre as quais [46]:
Suporte a avaliações ambientais;
Estabelecimento da informação base de execução de um produto;
Atribuição de rankings ao nível da contribuição relativa de cada fase;
Identificação de possíveis lacunas nos dados;
Auxilio à formulação de políticas governamentais;
Fornecimento de informação para auxiliar a tomada de decisão;
Guia os fabricantes no desenvolvimento de novos produtos ou alteração de processos.
2) Determinar qual o tipo de informação necessária para informar os decisores
A avaliação pretende auxiliar os decisores. Portanto, deve ter em conta as questões que os preocupam,
como por exemplo, qual é o produto que provoca menos danos no geral ou numa etapa específica ou
como possíveis mudanças vão alterar os impactes ambientais nas fases ciclo de vida. A deteção dessas
questões vai permitir uma melhor definição dos parâmetros a estudar e enquadrar o tipo de informação
necessária para lhes dar responder.
3) Determinar a especificidade requerida
O grau de especificidade é algo que deve estar definido e explícito de forma a permitir uma maior
capacidade de compreensão das diferenças entre os resultados finais por parte dos leitores. Outro aspeto
importante depreende-se pelo realizador da avaliação durante o estudo e antes da recolha de dados
verificar se a abordagem selecionada continua adequada ao uso pretendido da avaliação.
4) Definir como os dados e resultados são apresentados
Sendo a ACV usada fundamentalmente para a comparação de produtos, é muito importante que a
organização dos dados venha de acordo com uma unidade funcional que defina a função do produto a
estudar. Definir a unidade funcional de um produto é um passo importante, pois a sua seleção adequada
permite uma melhor precisão do estudo e uma maior utilidade dos resultados na medida da comparação
entre produtos.
Na comparação de produtos é crucial que a base de comparação seja o uso equivalente, ou seja, a
quantidade de produto necessária pelo consumidor para atingir o uso pretendido. Dando um exemplo
"Processo para avaliar as implicações ambientais de um produto, processo ou atividade,
através da identificação e quantificação dos usos de energia e matéria e das emissões
ambientais; avaliar o impacte ambiental desses usos de energia e matéria e das emissões; e
identificar e avaliar oportunidades de realizar melhorias ambientais"
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
68
simples como a escolha de um produto de lavagem de mãos, se compararmos sabão em barra com sabão
líquido, a base de comparação deve ser a quantidade de sabão necessária para executar o mesmo número
de lavagens. Com produtos da construção é exatamente este o dilema que ocorre nas decisões. Por
exemplo, para comparar um elemento em estrutura metálica com betão armado a unidade funcional deve
ser “elemento que suporte uma carga de 15 kN/m” ou “quantidade de material para executar um
elemento com uma volumetria de n m3”, pois a comparação direta de 1 Kg de aço com 1Kg de betão
armado se não for considerada a quantidade de material necessária para atingir o comportamento
pretendido, não é uma unidade funcional apropriada. [20]
5) Definir o âmbito do estudo
Cada passo/processo do ciclo de vida de um produto é catalogado a uma fase desse ciclo de vida. Pode
portanto ser considerado como um módulo constituinte de um conjunto de módulos que compõe a vida
de um produto. Sendo este processo idealizado através de módulos, o processamento do ciclo de vida
de um produto torna-se mais percetível ao nível da obtenção de dados para o inventário do sistema.
Associado a isto, também os sistemas de produtos são mais compreensíveis se a sequência de operações
for categorizada em, primárias e secundárias. As sequências primárias são o conjunto de atividades que
contribuem diretamente para executar, utilizar e descartar o material enquanto as secundárias incluem
os materiais e processos auxiliares para executar a sequência primária. Ao estabelecer este sistema, o
analista tem de definir limites para este, de acordo com o tipo de estudo pretendido, clarificando e
justificando as razões dessa limitação.
Na definição dos limites do sistema é essencial incluir todos os passos que podem condicionar a
interpretação geral e a abordagem às questões para as quais o estudo está a ser executado. A limitação
do sistema também permite uma diminuição de recursos para obter o inventário ciclo de vida mas sem
nunca comprometer a base do estudo, pois o grau de especificação do inventário depende do objetivo e
tamanho do sistema definido. Num grande sistema, certos detalhes e informações podem ser omissos
pois não tem significado e, como tal, não condicionam a qualidade dos resultados pretendidos do estudo.
Após definição dos limites deve-se executar um diagrama para melhor entendimento do processo em
que cada etapa do sistema deve ser representada individualmente e incluir a respetivas entradas e saídas.
Na Figura 5.5 encontra-se o funcionamento dum sistema de produto de acordo com a norma NP EN ISO
14044.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
69
Figura 5.5 - Funcionamento de um sistema de produto [51]
6) Determinar regras base para realizar o estudo
Um estudo ACV pode apresentar um elevado grau de complexidade e ter como objeto diversos leitores,
portanto é importante seguir algumas regras para evitar interpretações distintas. As mais importantes
encontram-se definidas em baixo:
Todas as decisões e pressupostos admitidos no projeto devem ser documentadas a fim dos
resultados finais não serem mal interpretados devido á omissão desses pressupostos. Limitações
e pressupostos a meio do projeto podem ser necessários para completá-lo mediante os recursos
temporais disponíveis
Procedimentos da garantia da qualidade são importantes para assegurar que o objetivo do estudo
é cumprido, mas o seu nível depende dos recursos disponibilizados. Por exemplo, se os
resultados tiverem como alvo o público, torna-se importante um processo de revisão formal para
garantir mais credibilidade aos resultados.
A forma de reportar os requisitos do estudo, o que este deve incluir e como os resultados finais
são documentados, são aspetos importantes para garantir o nível de satisfação previsto para o
produto.
O relatório deve definir claramente o seguinte:
1. Sistema analisado
2. Limites definidos
3. Todas as suposições e bases de comparação
As normas nesta etapa apresentam alguns requisitos necessários para o estabelecimento do objetivo e o
âmbito dum estudo ACV. Estes encontram-se sistematizados no Quadro 5.1, e devem ser todos
abordados a fim de atingir os resultados pretendidos desta metodologia.
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70
Resumindo, é nesta etapa que são identificados e especificados os seguintes aspetos, de acordo com a
aplicação pretendida para o estudo: [20]
1) Objetivos;
2) Público-alvo do estudo;
3) Etapas do ciclo de vida que constituem o elemento a construir e a sua
importância para o objetivo;
4) Unidade funcional e as condições de fronteira;
5) Metodologia para a alocação dos impactes e consumo de matérias-primas em
cada fase
INVENTÁRIO
Esta fase engloba essencialmente a recolha e descrição dos dados para a determinação das entradas e
saídas do sistema de produto. Um inventário ciclo de vida (ICV) é o processo de quantificação das
matérias-primas e energia necessárias, emissões atmosféricas e água, e resíduos sólidos criados durante
o ciclo de vida de um produto ou processo. Este tem um papel preponderante na metodologia e apresenta
fortes razões para ser executado, das quais, se salientam as seguintes [46]:
1) Sem inventário, não há base de dados para avaliar e comparar impactes
ambientais impossibilitando possíveis melhorias;
2) O seu resultado permite ajudar uma organização na seleção de materiais tendo
em conta simplesmente os fatores ambientais e auxiliar o desenvolvimento de
regulamentos nacionais sobre a utilização de recursos e emissões ambientais.
Mais concretamente, um inventário serve para criar uma lista com as quantidades de matérias-primas,
energia consumida e emissões ambientais. Esta lista pode ser apresentada por fase de ciclo de vida, meio
ambiental, processos específicos ou combinações destes.
Quadro 5.1 - Etapa ACV - Objetivos e Âmbito
OBJETIVO ÂMBITO
Sistema de produto a estudar;
Funções do sistema do produto;
Unidade Funcional;
Fronteira do sistema;
Procedimentos de alocação;
Requisitos dos dados;
Pressupostos;
Limitações;
Requisitos da qualidade dos dados inicias;
T ipo de revisão crítica (Se Existir);
ETAPA
Categorias de impacte selecionadas e
metodologia da avaliação de impacte, e
interpretação posteriormente a ser utilizada;
T ipo e formato do relatório requerido para o
estudo
Aplicação pretendida;
Razões da realização do estudo;
Quem se pretende comunicar os
resultados do estudo;
Se os resultados se destinam a ser
utilizados em afirmações comparativas
para divulgação pública
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
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Sendo este processo iterativo, há possibilidade da aparição de novos requisitos de dados ou limitações
que alterem o processo e provoquem uma modificação dos objetivos do estudo. Estes dados são
divididos em categorias [49]:
Entradas: energia, matérias-primas, auxiliares e físicas;
Saídas: produto, coprodutos e resíduos;
Emissões: ar;
Descargas: água e solo;
Outros aspetos ambientais.
Segundo a USEPA, a fase de inventário ciclo de vida pode ser dividida em 4 partes [46]:
1) Desenvolver um diagrama de fluxo dos processos a serem avaliados;
2) Desenvolver um plano de recolha de dados;
3) Recolher os dados;
4) Avaliar e relatar os resultados.
O inventário é crucial para executar a ACV (LCA). No entanto, é um processo bastante moroso e que
despende muitos recursos, pois os dados tem que ser obtidos aos produtores através de questionários.
Em contrapartida, cerca de 80% dos dados comuns da metodologia estão disponíveis em bases de dados,
literatura e internet, o que facilita a sua obtenção [20]. Pode também no entanto prejudicar a veracidade
dos resultados se os dados forem desapropriados ao produto ou de fonte duvidosa.
AVALIAÇÃO
Utilizando os resultados do inventário, recorre-se a um processo técnico a fim de avaliar e expor o
significado dos potenciais efeitos ambientais ao qual se denomina de avaliação do impacte ambiental.
Esta fase consiste em determinar para as categorias de impacte ambiental (p.e. aquecimento global,
acidificação), a possível contribuição do produto analisado. Basicamente, uma avaliação ciclo de vida
fornece um procedimento para classificar e caracterizar os impactes ambientais.
Embora o inventário ciclo de vida seja um excelente processo de aprendizagem, a sua avaliação
fundamenta ainda mais uma base significativa para a realização de comparações. Clarificando com um
exemplo, um ICV fornece uma quantidade específica de CO2 e de metano que apesar de sabermos que
são ambos prejudiciais não podemos determinar qual teria o mais potencial de impacto sem a execução
desta fase. Logo o papel da AICV é evidente para calcular o impacto que cada um destes vai ter em
impactes associados a emissões atmosféricas. Os resultados de uma AICV podem assim demonstrar as
diferenças dos potenciais impactos ambientais. A norma NP EN ISO 14040:2008 subdivide esta fase
em elementos obrigatórios e elementos opcionais, ou seja, para ser considerada uma avaliação tem de
obrigatoriamente incluir todos os elementos obrigatórios caso contrário será apenas considerado um
inventário de ciclo de vida. Os elementos da avaliação encontram-se presentes na Figura 5.6, adaptada
da norma.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
72
Figura 5.6 - Etapas Avaliação do Inventário Ciclo de Vida
A primeira etapa consiste em selecionar as categorias de impacto a considerar no estudo. Para a AICV
os impactes são as consequências que poderiam ser provocadas pelas entradas e saídas do sistema de
produto durante toda a fase do ciclo de vida sobre os recursos naturais, saúde humana e saúde da fauna
e flora.
Dos elementos obrigatórios destacam-se 2 etapas:
1) Classificação
Etapa que consiste em analisar e estruturar os resultados do inventário, compostos por inúmeras
emissões distintas e parâmetros da extração de recursos, e organiza-los nas categorias de impacto
relevantes para a análise (Ex: CO2 e CH4 contribuem para o aquecimento global). Uma nota importante
é que certas emissões podem ser atribuídas a uma ou mais categorias de impacto e a forma de atribuição
pode ocorrer de 2 formas [46]:
Repartir os resultados do ICV pelas categorias em impacto para os quais contribuem.
Deve tomar-se esta opção se os efeitos forem considerados dependentes uns dos
outros;
Atribuir a totalidade dos resultados pelas categorias de impacto que afeta. Deve
tomar-se esta opção se os efeitos forem independentes.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
73
Exemplificando, como NO2 pode potencialmente afetar a formação de ozono no solo e a acidificação
em simultâneo, a quantidade total de NO2 deve ser atribuída a ambas as categorias de impacto. Este
procedimento deve ser clarificado, devidamente justificado e reportado nos resultados.
Dióxido de Carbono (CO2)
Dióxido de Azoto (NO2)
Metano (CH4)
Clorofluorcarboneto (CFC)
Brometo de Metil (CH3Br)
Clorofluorcarboneto (CFC)
Halon
Brometo de Metil (CH3Br)
Óxidos Enxofre (SOx)
Óxidos Nitrogénio (NOx)
Ácido Clorídrico (HCl)
Ácido Fluorídrico (HF)
Amónia (NH4)
Fosfato (PO4)
Óxido Nitrogénio (NO)
Dióxidos Nitrogénio (NO2)
Nitratos
Amónia (NH4)
Quantidade de minerais usados
Aquecimento
Global
Hidroclorofluorcarbonetos
(HCFC)
Global Potencial de
Aquecimento Global
Converter dados ICV para
CO2 equiv.
Categorias
de ImpacteEscala Exemplos Dados ICV
Possível Fator
Caracterização
Descrição do
Fator de
Caracterização
Destruição
Camada do
Ozono
Estratósférico
Global Potencial Destruição
da Camada de Ozono
Converter dados ICV para
triclorofluormetano
(CFC-11) equiv.
Acidificação Regional
Local
Potencial Acidificação Converter dados ICV para
iões hidrogénio (H+)
equiv.
Potencial
Esgotamento de
Recursos
Converter dados ICV para
uma racio de quantidade
de recursos usados contra
quantidade de recursos
deixados na reserva
Impactes Ambientais - Caracterização
Potencial Criação
Oxidantes
Fotoquímicos
Converter dados ICV para
Etano (C2H6) equiv.
Esgotamento de
Recursos
Global
Regional
LocalQuantidade de combustíveis
fósseis usados
Eutrofização Local Potencial
Eutrofização
Converter dados ICV para
Fosfato (PO4) equiv.
Poluição
atmosférica
fotoquímica
Local Hidrocarboneto não-metano
(NMHC)
Hidroclorofluorcarbonetos
(HCFC)
Quadro 5.2 - Etapa Caraterização - Impactes Ambientais [46]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
74
2) Caraterização
Etapa que aborda e clarifica a contribuição relativa de cada resultado obtido no valor indicado de
cada categoria de impacto denominada. Para realizar esta conversão e combinação de resultados do
ICV é necessário utilizar fatores de conversão obtidos através de um método auxiliar à avaliação
dos impactes, fatores estes denominados fatores de caracterização. Estes fatores permitem
comparar diretamente a contribuição dos resultados do ICV dentro de cada categoria de impacte
selecionada, isto é, tornar os dados obtidos do inventário em indicadores de impacto diretamente
comparáveis.
A Figura 5.7 é um exemplo, segundo o método BEES, que contém os fatores de caracterização referentes
á categoria de impacte de Eutrofização. A fórmula genérica de cálculo encontra-se em baixo e é a base
para calcular um único índice para cada categoria de impacto.
𝐷𝐴𝐷𝑂𝑆 𝐼𝑁𝑉𝐸𝑁𝑇Á𝑅𝐼𝑂 × 𝐹𝐴𝑇𝑂𝑅 𝐶𝐴𝑅𝐴𝐶𝑇𝐸𝑅𝐼𝑍𝐴ÇÃ𝑂 = 𝐼𝑁𝐷𝐼𝐶𝐴𝐷𝑂𝑅 𝐷𝐸 𝐼𝑀𝑃𝐴𝐶𝑇𝑂 (5.1)
𝐸𝑃 = ∑ 𝑚𝑖
𝑛
𝑖=1
× 𝐸𝑃𝑖 (5.2)
Onde, mi – massa (em gramas), obtida do inventário para um emissão i e EPi – fator de caracterização
da Eutrofização associado á emissão i.
Desta forma a caracterização pode colocar no mesmo ponto de igualdade os diferentes produtos de modo
a determinar a quantidade de impacto que tem em cada categoria de impacte.
A fim de auxiliar a etapa da AICV, existe um conjunto de métodos com o único objetivo de avaliar as
categorias de impactes para os tornar em indicadores de impactes ambientais. Destes métodos destacam-
se o CML 2001,o Eco-Indicator 9, o BEES, o IPCC 2001 GWP e o Cumulative energy demand.
Figura 5.7 - Exemplo Fatores de Caracterização do BEES [52]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
75
Estes métodos, como explicita na Figura 5.8, são divididos em 2 tipos:
Mid-Points – Métodos direcionados para o mecanismo ambiental que gera o problema
End-Points – Métodos orientados para o problema
Os métodos geralmente utilizados nas avaliações são: o CML 2001, para as categorias de impacte
relacionadas com emissões e o Cumulative energy demand para as categorias de impacte relacionadas
com o consumo de recursos energéticos. Estes métodos são do tipo mid-points e são os utilizados pelas
DAP (EPD) para a quantificação dos indicadores ambientais dos produtos, que sendo todos avaliados
com os mesmos métodos, permitem integrar a informação nas bases de dados existentes. Como já citado
pelo RPC, as DAP (EPD) são uma excelente fonte de informação que, quando disponíveis devem ser
utilizadas. Se estas respeitarem os requisitos impostos e forem catalogadas numa base de dados comum
permite a análise comparativa de soluções, e como tal, a seleção da solução ambientalmente mais
indicada.
Os elementos opcionais resumem-se a 2 etapas também, que apesar de serem facultativas, são das mais
importantes para obter resultados com vista à comparação de produtos. Sem estas etapas os resultados
até então não permitem tirar qualquer tipo de ilação e muito menos auxiliar na escolha pelo produto
ambientalmente mais adequado.
Figura 5.8 - Estrutura dos métodos de avaliação de categorias de impacte [53]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
76
1) Normalização
Etapa seguida da caraterização, em que se equipara as categorias de impacto ambiental,
homogeneizando-as na mesma unidade. A normalização consiste em uniformizar os dados dos
indicadores de impacte dividindo-os por valores de referência selecionados, de forma a serem
comparados entre si e evitar efeitos de escala na agregação [54]
Esta normalização segue dois propósitos base [53]:
1. Categorias de impacte que têm uma muita pequena quantidade de contribuição se
comparada com outras, podem não ser consideradas, reduzindo assim o número que é
necessário avaliar;
2. Os resultados da normalização demonstram a ordem de grandeza dos problemas
ambientais gerados comparados com as cargas totais no local que se pretende estudar.
2) Agregação
Etapa com a particularidade de agrupar as categorias de impacte em conjuntos com vista facilitar a
interpretação de resultados de acordo com o interesse pretendido.
Os indicadores das categorias têm duas formas possíveis de serem agrupados [53]:
Organizando-os por características específicas como emissões para o ar/água ou por localização
de atuação (local, regional ou global);
Organizando-os através de um ranking, onde as categorias de impacte são classificadas e
estruturadas por grau de importância
Como visto na Figura 5.6 ainda existe outra etapa, considerada como a mais controversa e difícil da
avaliação, denominada ponderação, também conhecida por valorização, que consiste em atribuir pesos
ou valores relativos às diferentes categorias de impacte com base na sua importância. Esta etapa é
bastante utilizada na metodologia AVC (LCA), no entanto é a menos evoluída das etapas de avaliação
e não se baseia em nenhum processo científico. Portanto a integridade em relação aos pesos
estabelecidos para os indicadores das categorias de impacte podem ser postos em causa. Para evitar
situações como esta é fundamental que a ponderação seja claramente explícita, esclarecedora e
documentada.
Normalmente, a ponderação engloba 3 atividades distintas [53]:
Identificação dos valores cruciais das partes interessadas na avaliação;
Determinar os pesos para os impactes;
Aplicar esses pesos aos indicadores das categorias de impactes;
Todos os dados, sendo ponderados ou não, devem ser apresentados em conjunto a fim de garantir uma
compreensão clara dos pesos atribuídos. No entanto, é importante realçar alguns aspetos relevantes desta
etapa.
A decisão pode ser tomada sem este passo, isto é, em muitas situações os resultados obtidos são de tal
forma simples e óbvios que facilmente se percebe qual a melhor solução. A ponderação não traria
qualquer benefício nem iria alterar a ordem de preferência da escolha realizada.
Outra questão importante é referente aos desafios inerentes à ponderação. Qualquer que seja o juízo de
preferência dos indicadores das categorias de impacte, esse juízo de valor é subjetivo pois pode variar
com o local e altura do ano em que se realiza a avaliação. Tendo em conta este aspeto, surge uma
pergunta legítima por parte dos utilizadores: “Como é possível que os decisores tomem uma decisão
justa e consistente tendo em conta o interesse ambiental se a ponderação é algo subjetivo?”. Com todas
estas circunstâncias está claro que uma metodologia de ponderação objetiva não é viável. Contudo,
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
77
existem vários processos neste campo que são utilizados no setor da construção e não só, e têm algum
sucesso nas tomadas de decisão como o método AHP ou a técnica Delphi modificada. [46] Estes
métodos não serão abordados por não estarem inseridos diretamente no âmbito da presente tese.
INTERPRETAÇÃO
A última etapa desta análise é considerada por muitos como a mais importante, pois é nela que os
resultados da avaliação ou inventário são examinados e se retiram as ilações de quais os materiais e
processos que contribuem mais para os impactos dum produto e se elaboram análises de incerteza dos
resultados.
É importante esclarecer que os resultados obtidos são fundamentados numa abordagem relativa que
apontam potenciais efeitos e não antecipam efeitos reais, valores limites, margens de segurança ou
potenciais riscos. No entanto, se estiverem em conformidade com o objetivo e âmbito da análise,
poderão auxiliar sob a forma de recomendação para os decisores.
5.4 VANTAGENS DA METODOLOGIA
Face á apresentação da informação sobre a metodologia referida anteriormente, a maior vantagem
referente a ela é, sem dúvida, auxiliar os decisores (arquitetos e engenheiros) a escolher o produto ou
processo que induz um menor impacte no meio ambiente. A informação fornecida também permite a
associação com outros aspetos, como o custo e os dados de desempenho, o que possibilita a consideração
de diversos fatores na decisão. Outra vantagem a realçar é a possibilidade de identificar, através dos
dados da ACV (LCA), a transferência dos impactes ambientais de um meio para outro e/ou de uma fase
do ciclo de vida para outra, como por exemplo, reciclar um produto e reutilizá-lo de novo.
Para além destes aspetos importantes, o desenvolvimento de uma ACV (LCA) permite aos analistas
[46]:
Desenvolver uma avaliação sistemática dos impactos ambientais associados a um determinado
produto;
Analisar o ambiente trade-off associado com um ou mais produtos / processos específicos para
ajudar a ganhar a aceitação das partes interessadas (Estado, comunidade, etc.) para uma ação
planeada;
Quantificar libertações ambientais para o ar, água e terra em relação a cada estágio do ciclo de
vida e / ou grande processo de contribuição;
Auxiliar na identificação de mudanças significativas em impactos ambientais entre os estágios
do ciclo de vida e no meio ambiente;
Avaliar os efeitos humanos e ecológicos do consumo de materiais e libertações ambientais para
a comunidade local, na região e no mundo;
Comparar a saúde e impactos ecológicos entre dois ou mais produtos / processos rivais ou
identificar os impactos de um produto ou processo específico;
Identificar os impactos de uma ou mais áreas ambientais específicas de interesse.
As vantagens de realizar a metodologia são evidentes e estão a decorrer desenvolvimentos na área da
construção a fim de integrar esta metodologia no setor. O objetivo é tornar a construção numa atividade
muito menos prejudicial e que não ponha em causa o futuro mundial.
5.5 LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA
Como todas as metodologias, a ACV (LCA) apresenta as suas desvantagens. A sua realização mostra-
se bastante dispendiosa, tanto em custos como em tempo. Estes parâmetros dependem do tipo de
avaliação que se vai realizar, mais especificamente, da pormenorização desejada pelo analista. Quanto
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
78
mais pormenorizada a avaliação, maior a dificuldade na obtenção de dados e, como tal, a qualidade dos
resultados apresentados vão ser influenciados negativamente, já que análises muito complexas requerem
uma tipologia de dados que não se encontra muito divulgada nem de fácil acesso.
Para além deste facto, a metodologia não determina qual o melhor produto ou processo em termos
de rentabilidade e funcionalidade, logo a informação retirada desta avaliação deve ser utilizada como
uma parte de uma ferramenta mais profunda que permita obter esse resultado.
Outro aspeto negativo a apontar é referente à conversão num valor único dos resultados dos impactes
ambientais avaliados. Esta, requer uma estipulação de ponderações por parte da pessoa que realiza o
estudo devido à inexistência de uma base única e uniforme destas ponderações. Consequentemente, em
casos alusivos a dois produtos com impactes semelhantes um deles pode sair beneficiado.
Contudo, considerando o rácio entre vantagens e desvantagens, esta metodologia apresenta-se como
uma grande valia para atingir uma construção mais sustentável, e naturalmente, o conceito de
desenvolvimento sustentável se for simplificada e adaptada às necessidades do setor da construção. [46]
5.6 TIPOLOGIAS DE AVALIAÇÃO
A metodologia pode ser abordada segundo 3 variantes distintas que diferem apenas nas fases do ciclo
de vida dos edifícios de acordo com o estudo que se pretende realizar. As três variantes definidas são:
“cradle-to-gate”, ”cradle-to-grave” e “cradle-to-cradle” e encontram-se esquematizadas na Figura 5.9.
Figura 5.9 - Tipologias de avaliação [20]
Analisando cada um dos tipos de análise individualmente, e com o apoio da figura acima, a análise do
tipo “cradle-to-gate” estuda o percurso do produto desde a sua extração até à sua saída da fábrica,
englobando todos os processos referentes à sua produção. Este tipo de análise é a mais desenvolvida e
mais estudada até ao momento e é suportada pelas declarações ambientais de produto que são, como
referido anteriormente, uma excelente fonte de dados para realizar a ACV (LCA).
O tipo “cradle-to-grave” estuda todo o percurso desde a fase de extração até à fase de deposição dos
materiais, ou seja, vai mais além que a anterior análise, pois engloba todas as fases de operação e
deposição da vida útil do produto. O último tipo e menos utilizado devido a falta de informação e
dificuldade acrescida na sua análise é “cradle-to-cradle” que inclui a última fase do ciclo de vida do
produto, a reciclagem e/ou reutilização.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
79
Após o esclarecimento das definições, a variante mais interessante para utilizar no âmbito da construção
é a “cradle-to-grave”, porque uma grande parte da sustentabilidade da construção provém do consumo
de recursos por parte do utilizador durante o ciclo de vida das edificações. Portanto incluir a fase de
utilização traduz numa maior veracidade e exatidão no estudo, nomeadamente, um maior suporte para
possíveis tomadas de decisão.
Esta metodologia apresenta, no entanto, uma grande limitação, que é a de abranger simplesmente a
dimensão ambiental. Como anteriormente referido, a sustentabilidade é obtida pelo equilíbrio de três
dimensões, a ambiental, a económico e a social. A metodologia ACV (LCA) apenas estuda uma delas.
Contudo, algumas novas vertentes mais completas da metodologia abordam a dimensão económica da
avaliação ambiental pois incluem o custo das soluções. Associado a estes fatores, pretende-se obter uma
maior eficiência nos resultados finais de forma a favorecer a tomada de decisão.
5.7 UTILIZAÇÃO DA ACV (LCA) NO SETOR DA CONSTRUÇÃO
PARTICULARIDADES E DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DA ACV (LCA)
Conforme referido em vários capítulos, o setor da construção induz inevitavelmente grandes
consequências do ponto de vista ambiental ao nível de consumo de energia, dos recursos e produção de
resíduos. Como tal, para ultrapassar estas preocupações foram desenvolvidos vários métodos para
avaliar essa sustentabilidade, como o BREEAM e o LEED, que baseiam o seu procedimento na
metodologia ACV (LCA).
A ACV (LCA) é um processo integrado no setor industrial e é frequentemente utilizado na
avaliação do impacte ambiental de produtos e processos. Os edifícios são produtos particularmente
diferentes da maior parte dos produtos industriais que apresentam processamentos controlados.
Consequentemente, existem aspetos específicos dos produtos do setor da construção que interessa
realçar [55]:
O longo ciclo de vida de toda a edificação (50-100 anos), que faz com que as variáveis e os
parâmetros sejam incertos e de baixa previsibilidade;
Os elementos e materiais constituintes da edificação têm tempos de vida útil diferentes;
Utilização de diversos materiais e de processos bastante diferentes;
O carácter único de cada edificação, devido às suas funções, forma e soluções construtivas;
As diferentes distâncias até às fábricas;
A evolução das funções da edificação ao longo da sua vida oriunda das operações de
manutenção e adaptação.
Apurando estes fatores, constata-se que o ciclo de vida de uma edificação é bastante longo e o seu
comportamento depende de muitas variáveis imprevisíveis como o comportamento dos usuários. Logo
muitas suposições têm que ser assumidas, induzindo grandes incertezas que poderão pôr em causa a
credibilidade dos resultados. A junção de todos estes aspetos torna o setor da construção um dos setores
menos padronizado de toda a indústria, e consequentemente, a ACV (LCA) uma tarefa desafiadora.
UTILIZADORES E TIPOS DE UTILIZAÇÃO
No âmbito da atividade construtiva, a metodologia ACV (LCA) tem diversos fins de utilização, assim
como, vários tipos de utilizadores. Essa informação encontra-se sintetizada no Quadro 5.3.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
80
Como podemos verificar, a metodologia tem vários campos distintos de utilização com fins diferentes,
o que comprova e reforça ainda mais a sua importância da sua utilização para a sustentabilidade do setor
construtivo.
PRINCIPAIS EVOLUÇÕES E BARREIRAS NA IMPLEMENTAÇÃO DA ACV (LCA)
Utilizar a metodologia ACV (LCA) no setor da construção pode trazer grandes evoluções no campo da
sustentabilidade. Ela pode promover ações como [56]:
Benefícios de marketing;
Obtenção simplificada de dados;
Rotulagem ambiental dos edifícios;
Metas ambientais para edificações, edifícios e obras de engenharia civil;
Empréstimos e subsídios para a redução do impacto ambiental.
No entanto, existem também várias barreiras a ultrapassar para implementar a metodologia no ramo.
Desse conjunto, destaca-se [56]:
Preconceitos sobre ACV (LCA) complexidade, precisão e resultados arbitrários;
Conhecimento deficiente sobre o impacto ambiental e as possibilidades de como calculá-los;
Baixa procura pela ACV (LCA);
Aplicações de cálculos excessivamente complicadas e de altos custos;
Falta de interfaces normalizados nos programas usados no sector da construção (CAD,
procurement, construção física);
Tipos de Utilizador Fase do ProcessoPropostas para o Uso do ACV
(LCA)
Estabelecimento de metas a nível
municipal
Promotores Imobiliários e
Clientes
Definição de zonas onde edifícios
residenciais e de escritórios são
encorajados ou proibidos
Estabelecer metas para as áreas de
desenvolvimento
Fases PreliminaresConsultores aconselhamento
de municípios e Urbanistas
Fases Preliminares
Concepção de um Projeto de
Renovação
Comparando as opções de projeto
(geometria, escolhas técnicas ao nível de
soluções e produtos)
Engenheiros / Consultores
Selecão de um local de construção
Dimensionamento de um projeto
Fixação de metas ambientais num
programa
Comparação das opções de projeto
(geometria / orientação, técnicas,
escolhas)
Inicío do Projeto (Esboço) e
Projeto detalhado, em
colaboração com Engenheiros.
Conceção de um Projeto de
Arquitetos
Fase inicial do Projeto em
colaboração com Arquitetos e
Projeto Detalhado
Quadro 5.3 - Aplicações e Utilizadores na metodologia ACV no setor construtivo [56]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
81
Fraca cooperação entre os fabricantes de softwares e potenciais clientes;
Heterogeneidade de aplicações e pressupostos, conduzindo a resultados distintos;
Dificuldades na compreensão e aplicação dos resultados da ACV (LCA);
Falta de requisitos legais e poucos incentivos;
Baixa ligação com aplicações de certificação energética;
TIPOLOGIA DE ESTUDOS ACV (LCA) NA CONSTRUÇÃO
Vários estudos sobre o tema já foram realizados e a metodologia ACV (LCA) no setor da construção foi
utilizada de duas formas distintas [57]:
Avaliação de materiais de construção e combinação de componentes;
Avaliação do processo construtivo como um todo.
Destes estudos, foram retiradas algumas ilações e diferenças entre as duas formas, que vale a pena
destacar:
A avaliação de todo o processo construtivo de um edifício é um processo variável, pois um
edifício não apresenta sempre as mesmas funções nem as mesmas soluções técnicas. Ou seja,
as técnicas construtivas, os estilos arquitetónicos, o clima e o consumo cultural é distinto de
país para país e até de região para região. Estas variações afetam o ambiente em todas as fases
do ciclo de vida;
A unidade funcional da avaliação de materiais de construção é 1 kg ou m3 desse material,
enquanto do processo construtivo de um edifício é m2 área livre de pavimento;
A ACV (LCA) do processo construtivo como um todo é muito mais complexa do que ACV
(LCA) de um material de construção, pois o processo para fabricar o material é singular e
repetitivo, enquanto o processo construtivo de um edificação e o seu projeto têm processos
complexos e muitas considerações adotadas, o que leva a uma dificuldade acrescida na ACV
(LCA);
Em resumo, a direta aplicação da metodologia no setor da construção é algo bastante complexo e
variável. Para além disso, é dispendiosa e não pode ser executada sem que se assuma algumas
considerações e modificações adicionais. No entanto, está comprovado que a utilização da metodologia
ACV (LCA) melhora significativamente a sustentabilidade no setor construtivo ao longo de todas as
fases do processo construtivo.
Nesta ideologia surgem algumas questões importantes: “Quais os materiais que levam á
sustentabilidade na construção? Como é possível incentivar o interesse dos stakeholders do setor
construtivo e utilizar a ACV (LCA)?” [57]
ECOEFICIÊNCIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Como já referido, um dos objetivos da abordagem ciclo de vida é ajudar na tomada de decisão através
da seleção dos materiais e tecnologias que representam o menor impacte ambiental. Em muitas
situações, os produtos da construção são apresentados como baratos a médio prazo, mas estes podem ter
altos custos de manutenção ou altos custos de gestão de resíduos ou até serem produtos
tecnologicamente evoluídos que requerem custos de produção que nunca serão recuperados. Como tal,
há materiais que considerando todas as fases do ciclo de vida podem provocar mais impactes ambientais
para além dos provocados no seu processo produtivo, devido a ações de manutenção e eliminação. Bem
como, existem outros no fim da sua vida útil podem ser reutilizados ou reciclados e minimizar os
impactes associados à sua produção. Por exemplo, o betão é um material que na sua produção emite
grandes quantidades de CO2. No entanto, essa quantidade pode ser minimizada com o aproveitamento
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
82
deste, após fim do ciclo de vida do objeto onde foi aplicado, em outros usos como por exemplo, camada
de enchimento em infraestruturas.
Nesta ideologia, foi estudado o comportamento dos materiais mais usados na construção civil [58] ao
nível da energia primária de produção e emissão de CO2, encontrando-se os resultados presentes Figura
5.10.
Como podemos visualizar os maiores impactes são provocados pelo ferro, cimento e cerâmica.
É importante realçar que a produção, transporte e instalação de materiais como o ferro e betão necessitam
de uma grande quantidade de energia apesar de estes representarem uma parte muito pequena do custo
total de todo a edificação. No entanto, nos edifícios, os materiais normalmente utilizados para a estrutura
dos edifícios representam mais de 50% da sua energia interna.
Em tons de conclusão, definem-se alguns aspetos a ter em conta na utilização da metodologia no setor
da construção [58]:
1) Os limites do sistema definidos na metodologia devem ser os mais amplos possíveis a fim dos
resultados obtidos serem mais realistas. Qualquer módulo que seja desprezado pode gerar
diferenças significativas nos resultados e conduzir a tomadas de decisão erradas;
2) As bases de dados têm uma importância crucial na realização da ACV (LCA), portanto a sua
extensão, ajustamento e harmonização às características e particularidades da construção de
cada país deve estar na ordem do dia. Este melhoramento era largamente facilitado, se as
entidades públicas exigissem aos fabricantes de materiais de construção a utilização das DAP
(EPD), verificadas por entidades independentes que disponibilizam informação normalizada
baseada na ACV (LCA) dos reais impactos dos produtos. Este ato iria criar uma base de
informação precisa e facilitaria imenso a correta avaliação dos impactes ambientais das
edificações da perspetiva das novas normas europeias baseadas na metodologia ACV (LCA);
3) Outro aspeto relevante depreende-se com o fim de vida de um edifício. Como já referido, um
edifício tradicional quando atinge a fase de fim de vida é demolido e maior parte dos seus
elementos são encaminhados para aterros ou incineradores devido à grande dificuldade em
separá-los, o que provoca consumos enormes de energia.
A fase fim de vida é extremamente importante para a redução de impactes ambientais e muitas vezes
não é contabilizada na ACV (LCA). No entanto, para que seja possível a reciclagem e reutilização de
muitos materiais da construção tem que haver uma mudança abrupta nos projetos de edifícios a fim de
possibilitar o desmantelamento dos elementos construtivos no fim de vida do edifício. Por sua vez,
Figura 5.10 - Quantidade de CO2 e Energia Primária de Materiais de Construção [58]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
83
também os processos de demolição têm que ser melhorados no sentido de simplificar e reduzir o esforço
na remoção dos elementos do edifício.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
85
6 CASO PRÁTICO – APLICAÇÃO METODOLOGIA ACV (LCA)
6.1 INTRODUÇÃO
O presente capítulo vai servir essencialmente para demonstrar a utilidade da metodologia ACV (LCA)
na tomada de decisão do setor da construção, mais especificamente, na seleção do material mais indicado
em termos ambientais a utilizar num caso prático real.
Genericamente, serão analisados 2 projetos homólogos e serão retiradas as quantidades necessárias de
material para os executar. De seguida, recorre-se a bases de dados e métodos de avaliação de impactes
ambientais para se obterem os indicadores ambientais quantificados. Através dos dados obtidos idealiza-
se um conjunto de cenários com vista a demonstrar as várias tipologias da metodologia e as diferenças
entre elas. Para finalizar analisa-se e compara-se os resultados das 2 soluções correspondentes aos
respetivos cenários e obtém-se a melhor solução a adotar em termos ambientais para cada cenário.
6.2 EXPLICAÇÃO PORMENORIZADA DO CASO
A construção sustentável está na ordem do dia no mundo atual, portanto a eficiência ambiental,
associada à componente económica, cada vez apresenta um papel mais significativo no estudo e
concretização de construções, podendo até atingir caráter obrigatório dado o estado crítico da
sustentabilidade ambiental.
O desenvolvimento de um caso prático abordando o tema em estudo tem legítimo interesse ao nível da
compreensão e clarificação da metodologia apresentada no capítulo anterior. Desta forma, pretende-se
expor a importância que a avaliação ciclo de vida tem na conceção de uma edificação sustentável ao
nível ambiental, com uma componente económica associada ao custo dos materiais. A componente
social, conforme referido anteriormente não será abordada. No entanto, embora não tenha um carácter
eminentemente quantitativo (análises mais qualitativas) o seu desenvolvimento e abordagem por parte
de engenheiros e sociólogos deverá ser seriamente encarada dada a importância equivalente com as
outras dimensões. Acresce que uma parte desta componente social está intimamente relacionada com as
condições locais do habitat, e com as tecnologias/materiais mais frequentemente utilizados. A dimensão
social poderá em determinadas situações ser condicionante da decisão.
Este caso de estudo vai consistir numa comparação entre dois modelos estruturais de um armazém
industrial constituído por materiais diferentes, recorrendo à metodologia avaliação ciclo de vida para
avaliar o impacto ambiental das soluções durante todo o seu ciclo de vida. No entanto, como a maioria
dos casos práticos, a obtenção de resultados totalmente exatos é bastante improvável dada a necessidade
de introdução de simplificações e suposições que vão ser utilizadas e devidamente apresentadas a
jusante. Contudo, pretende-se que os resultados obtidos auxiliem na tomada de decisão de materiais de
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
86
construção economicamente e ambientalmente viáveis, pois têm autenticidade mais que suficiente
apesar dos condicionamentos assumidos.
Passando ao caso prático propriamente dito, este corresponde a várias avaliações ciclo de vida
associadas a diferentes cenários de um módulo de uma estrutura porticada de um grande armazém
industrial. Como já referido no capítulo anterior, existem 3 tipologias que diferem umas das outras pela
informação considerada na metodologia. Como tal, pretende-se criar vários cenários abordando cada
uma das tipologias com vista a sua explicitação e, se possível, diferenças entre elas. Os referidos cenários
vão ser especificados e enquadrados mais a frente.
As estruturas porticadas em comparação apresentam soluções estruturalmente equivalentes ou
homólogas, geralmente utilizadas no mercado da construção civil, mas constituídas por materiais
diferentes, mais especificamente, uma em betão armado e a outra em estrutura metálica. Especificações
ao nível das dimensões e formato da estrutura vão ser expostas mais a frente. Quanto ao resto dos
elementos do edifício, nomeadamente, fundações, pavimentos, revestimentos, e cobertura são
preestabelecidos como iguais para as duas soluções, e como tal não vão ser alvo de comparação nem
fazer parte da análise em questão.
A solução mais indicada vai ser a que satisfizer melhor as condições ambientais e/ou económicas.
6.3 SOLUÇÕES E CÁLCULO DO PESO DA ESTRUTURA
A estrutura considerada é um módulo de um armazém industrial, localizado em Lousado, e que apresenta
como atividade principal o fabrico de pneus.
O referido armazém apresenta uma área de (270 x 150 m). No entanto, para simplificação de cálculo,
apenas se considera um módulo do armazém que apresenta uma área de cerca de 2250 m2 (25 x 90 m).
Ele foi idealizado com 2 soluções distintas mas estruturalmente equivalentes, uma em betão armado e
outra em estrutura metálica, como esquematizado na Figura 6.1.
Figura 6.1 - Esquema das Soluções
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
87
O primeiro passo a executar é o cálculo do peso em Kg de cada uma das estruturas e de cada material
que as constitui. Este passo realiza-se com vista à quantificação dos indicadores ambientais respetivos
a cada solução apresentada. Os indicadores de cada material vem expressos nas unidades presentes na
norma EN 15978, e vão ser especificados na fase de avaliação.
Para calcular o peso das referidas estruturas, foram utilizadas plantas e cortes que se encontram no
Anexo III. Dado a complexidade apresentada pelos elementos foi necessário recorrer ao programa de
modelação da AutoDesk, o Revit, a fim de determinar o volume e áreas de cada material com maior
precisão. Concluído este cálculo, recorre-se à densidade de cada material para obter o pretendido peso.
Como mencionado atrás vai-se abordar também a componente económica de cada uma das soluções. Os
dados necessários à componente económica referente aos preços médios de mercado de cada um dos
materiais em estudo foram obtidos através do ProNIC. A título de explicação, o Protocolo para a
Normalização da Informação Técnica na Construção foi concebido com vários objetivos principais.
Deste conjunto, destaca-se a criação de uma interface que permita a elaboração de Mapas de
Quantidades e Trabalhos normalizados, Mapas de Medições e Estimativas Orçamentais tendo como
base valores de referência para os custos dos materiais de construção. É um instrumento de trabalho
abrangente que visa integrar os agentes e as fases do processo construtivo, partilhando informação e
procedimentos normalizados e passíveis de serem ajustados às necessidades. O Quadro 6.1 fornece os
custos dos materiais utilizados no caso prático [59]
Com auxílio deste quadro vamos poder calcular o custo em €/m2 de cada estrutura e verificar qual a
mais indicada atendendo exclusivamente ao aspeto económico.
SOLUÇÃO A – ESTRUTURA EM BETÃO ARMADO
A presente solução é constituída por pilares e vigas longitudinais e transversais em betão armado. O
Quadro 6.2 apresenta a tipologia e número de pilares e vigas utilizados no modelo, assim como, os
respetivos pesos expressos nas unidades apresentadas. O Betão considerado nas peças foi o C 35/45, a
armadura ordinária A500NR e armadura pré-esforço é Y1860S7G. Por motivos de simplificação,
considerou-se um volume total de armadura (ordinária e pré-esforço) para as vigas de longitudinais de
5% do volume de betão e de 2% desse volume para os pilares e restantes vigas, pois só contêm armadura
ordinária.
Tipo de Estrutura Materiais Unidade Custo [€]
BETÃO m3 85
ARMADURA Kg 0,9
Estrutura Betão Armado
Custos dos materiais
Estrutura Metálica
PILARES E VIGAS
METÁLICASKg 2 a 2,5
Quadro 6.1 - Custos dos Materiais
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
88
Através dos volumes do Quadro 6.2 e os custos unitários do Quadro 6.1, obtém-se o custo da solução
em €/m2. O Quadro 6.3 sintetiza os resultados do referido cálculo.
SOLUÇÃO B – ESTRUTURA METÁLICA
A solução B é constituída por pilares e vigas de perfis metálicos em aço perfilado. Os pilares são perfis
do tipo HEA 600 e PRS2, as vigas são do tipo PRS1, PRS3 e IPE550 e, por fim, as vigas de
contraventamento são do tipo SHS 200 e CHS 219.Todas as especificações estão expressas nas peças
desenhadas no Anexo III. O Quadro 6.4 apresenta o tipo e número de perfis utilizados nesta solução,
bem como, à semelhança da solução A, os respetivos pesos com as respetivas unidades.
VIGAS
MADRES 30,00 1,54 46,20
V1 APOIO 3,00 10,36 31,08
VSV 9,00 11,48 103,32
VT 2,00 2,3 4,6
TOTAL 185,20
PILARES 9,00 5,39 48,51
TOTAL 48,51
TOTAL 233,71
Elemento
ConstrutivoNúmero
Volume (m 3)
por elemento
Volume (m 3 )
TOTAL
AÇO TOTAL8,7062
BETÃO TOTAL225,00
Estrutura Betão Armado
Material
BETÃO
ARMADO
Quadro 6.2 - Peso Estrutura Betão Armado
Quadro 6.3 - Custos associados á Solução A
50,84
Custo
TOTAL
[€/m 2 ]
CustosVolume
Estrutura
Betão [m 3 ]
225
Peso
Estrutura
Aço [Kg]
68344
Peso
Estrutura
Betão [Kg]
562510 85,00 0,90 19125 61509 80634 35,84
Custo
Cofragem
[€/m 2 ]
15,00
Custo
TOTAL
[€]
Custo
[€/m 2 ]
Custo 1 m 3
Betão
Custo
1Kg Aço
Custo
Betão [€]
Custo
Aço [€]
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
89
Tal como na solução A, repete-se o procedimento recorrendo ao Quadro 6.4 e ao Quadro 6.1.
6.4 AVALIAÇÃO CICLO DE VIDA
A avaliação realizada é feita de acordo com o procedimento da norma NP EN ISO 14040 e EN 15978,
que como visto anteriormente, expressam o procedimento generalizado para executar uma ACV (LCA)
e a quantificação de indicadores ambientais no âmbito do setor da construção, respetivamente.
Como tal, são definidas as seguintes fases:
Objetivo e Âmbito da avaliação;
Inventário dos dados;
Avaliação;
Interpretação.
Para executar a fase de avaliação recorreu-se aos indicadores ambientais previstos na recente norma
europeia que os define, a EN 15978.
VIGASPRS1 3,00 1,52 4,55
IPE550 20,00 0,19 3,80
PRS3 4,00 0,26 1,02
TOTAL 9,38
Contraventamentos
SHS 200 9,00 0,03 0,28
CHS 219 6,00 0,03 0,20
TOTAL 0,48
PILARESPRS2 6,00 0,42 2,50
HEA600 4,00 0,24 0,97
TOTAL 3,47
TOTAL 13,32
Estrutura Metálica
AÇO
MaterialElemento
ConstrutivoNúmero
Volume (m3
)
por elementoVolume (m
3)
TOTAL
Peso
Estrutura
[Kg]
104578
CUSTOS
Custo
[€/m 2 ]
104,58
Custo
1Kg Aço
Custo Aço
[€]
2,25 235300
Quadro 6.4 - Peso Estrutura Metálica
Quadro 6.5 - Custos associados á Solução B
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
90
OBJETIVO E ÂMBITO
A presente análise tem o objetivo da comparação entre duas soluções estruturais homólogas constituídas
por diferentes materiais para auxiliar na tomada de decisão sobre a solução mais adequada
ambientalmente e economicamente. Para tal, definem-se cenários para demonstrar diferentes
abordagens do problema, fazendo variar os limites do sistema de avaliação (tipologia da metodologia)
e os pesos da ponderação dos indicadores de impactes ambientais a quantificar.
Os produtos a analisar são dois modelos com funções exclusivamente estruturais e pretende-se utilizar
esta metodologia associada apenas a impactes ambientais, associados a emissões e consumo energético.
O ciclo de vida estimado das soluções é de 50 anos e a unidade funcional do sistema é a quantidade de
material necessária para executar uma estrutura de um módulo de um armazém industrial com um
volume de 25*90*11=24750 m3.
O procedimento utilizado para analisar e comparar o desempenho ambiental das soluções resume-se a 4
etapas:
1) Determinar o peso e preço de cada estrutura para o volume previsto;
2) Obter dados dos indicadores ambientais por 1 Kg de material;
3) Determinar o valor total dos indicadores;
4) Interpretar os resultados obtidos.
Os indicadores de impactes ambientais a considerar apresentam-se no Quadro 6.6, bem como as
respetivas unidades e métodos de avaliação. Os limites de cada módulo ciclo de vida de cada um dos
cenários idealizados são os estabelecidos na norma EN 15978.
Acidificaçao de recursos AP Kg SO 2 equiv.
Eutrofização EP Kg PO 4 equiv.
Cumulative
Energy
DemandIncorporated renewable
energy
IMPACTES AMBIENTAIS
Categorias de Impacte Acrónimo Unidades Método LCA
Incorporated non-renewable
energyENR
EN
MJ equiv.
MJ equiv.
Potencial de destruição de
recursos abióticos
Destruição da camada de
ozono estratosférica
Formação de ozono
troposférico
Potencial de aquecimento
global
ADP
ODP
POCP
GWP
Kg Sb equiv.
Kg CFC-11 equiv.
Kg Etano equiv.
Kg CO 2 equiv.
CML 2
Baseline 2000
IPCC 2001
GWP
Quadro 6.6 - Indicadores e Metodologias Utilizadas na Avaliação
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
91
INVENTÁRIO
Os dados para os designadamente módulos constituintes do ciclo de vida das soluções foram obtidos
através de fontes fidedignas, a base de dados Ecoinvent, presente no Anexo V, para a solução de betão
armado (A) e uma DAP (EPD), presente no Anexo IV, para a solução metálica (B). As fontes
mencionadas fazem parte das melhores ferramentas informáticas para a avaliação da sustentabilidade
construtiva que quantificam os indicadores ambientais expressos como obrigatórios nas normas
europeias que expõe a metodologia ACV (LCA) e com as unidades pretendidas. Visto isto, a fiabilidade
dos dados obtidos é bastante sólida. Num dos cenários a realizar, a solução metálica (B) apresenta uma
pintura. Esta, tal como outro produto, também induz impactes ambientais, portanto, recorreu-se a uma
DAP (EPD) para obter os dados dos indicadores ambientais. Uma ressalva importante, é que ambas as
DAP (EPD) utilizadas foram retiradas do operador DAP (EPD) alemão denominado Institut Bauen und
Umwelt.
A título de curiosidade tentou-se obter dados para todos os produtos a partir de DAP (EPD) existentes
nos diferentes operadores do espaço europeu como propõe o RPC. No entanto, todas as pesquisas
apresentaram incompatibilidades, tanto ao nível dos indicadores abordados como nas suas unidades,
inviabilizando assim a sua utilização para o objetivo proposto.
AVALIAÇÃO
Como já mencionado, nesta fase ocorre a quantificação dos indicadores ambientais recorrendo à
metodologia presente na EN 15978. Os indicadores considerados são os supracitados no Quadro 6.6. Os
resultados do inventário já apresentam o processo ACV (LCA) até à fase de caraterização, no entanto,
os valores dos indicadores cenários idealizados são referentes 1Kg de material. Como tal, para
comparação das soluções propostas ser possível é necessário transformar os indicadores na unidade
funcional acima proposta. Para atingir esse propósito, multiplica-se os valores dos indicadores
ambientais de cada material retirado das fontes pelo peso da estrutura calculada no subcapítulo anterior.
Os resultados obtidos serão apresentados nos cenários respetivos.
Como já referido, estuda-se vários cenários com tipologias ACV diferentes. A informação de cada
cenário encontra-se sintetizada no Quadro 6.7.
Cenário 2 Avaliação do tipo "Cradle - to - Grave"
Cenário 3A
Cenário 3B
Cenário 4
Avaliação do tipo "Cradle - to - Cradle"
Avaliação da Componente Económica do
Cenário 3
Avaliação do Cenário 1A utilizando
vários conjuntos de ponderações
Avaliação do tipo "Cradle - to - Gate"Cenário 1A
Cenário 1B Avaliação da Componente Económica do
Cenário 1
Cenários ACV
Quadro 6.7 - Cenários ACV
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
92
6.4.3.1 Cenário 1A – “Cradle-to-Gate”
Como já vimos no subcapítulo anterior, os materiais constituintes das soluções são respetivamente, betão
armado e aço. Portanto, inicialmente é interessante perceber os impactes ambientais que estes provocam
desde a sua produção até à chegada ao estaleiro (porta da obra). Ou seja, neste primeiro cenário realiza-
se uma avaliação do tipo "cradle-to-gate" com vista a perceber quais os impactes que cada material induz
antes de entrar na atividade construtiva propriamente dita.
Os módulos considerados são os referentes aos processos de extração, produção, transporte (A1-A4).
Contudo foram realizadas algumas considerações sobre os módulos em estudo. Os módulos referentes
à extração (A1) e à produção (A3) respeitam as considerações das fontes onde foram retirados os dados
das duas soluções. Em relação aos módulos referentes ao transporte (A2 e A4), foram consideradas duas
situações distintas:
1) A solução em betão armado considera que o betão é transportado por camião e que este
percorre uma distância de 100 km até ao estaleiro;
2) A solução metálica já contém o módulo do transporte nos dados obtidos na DAP (EPD).
Atendendo a estas considerações, os resultados dos impactes estudados são os definidos no quadro, e
considera-se que apresentam o mesmo peso relativo. O Quadro 6.8 apresenta os dados obtidos, assim
como os resultados da comparação das soluções.
Como podemos observar no quadro, a solução que apresenta melhor desempenho é a que exibe menor
valor em cada um dos indicadores. Como tal, comparando os resultados obtidos para cada indicador e
relembrando que estes têm o mesmo peso relativo, conclui-se que as soluções são ambientalmente
equivalentes. Visto isto, tendo em conta apenas os resultados do presente cenário não se consegue obter
qualquer ilação para auxiliar a tomada de decisão.
A consideração se diferentes pesos para os indicadores ambientais poderia alterar esta situação. Esta vai
ser abordada mais à frente no cenário 4, como presente no Quadro 6.7.
GWP ODP AP EP POCP ADP ENR EN
Cradle-To-Gate 8,65E+04 2,07E-03 3,25E+02 3,37E+01 3,08E+01 3,55E+02 7,25E+05 4,32E+03
TOTAL 1,05E+05 5,00E-03 4,24E+02 5,47E+01 3,39E+01 4,84E+02 1,01E+06 9,58E+03
Cradle-To-Gate 7,01E+04 7,81E-03 4,25E+02 2,44E+01 3,00E+01 1,30E-02 1,15E+06 1,15E+05
TOTAL 7,01E+04 7,81E-03 4,25E+02 2,44E+01 3,00E+01 1,30E-02 1,15E+06 1,15E+05
Módulo Ciclo de Vida
SOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO
5,26E+03
Cenário 1A - "Cradle - to - Gate"
Solução MateriaisIndicadores Impacte Ambiental
1,87E+04
BAço em
Perfil
Transporte
B A
2,92E-03 9,93E+01 2,10E+01 3,10E+00A
Betão
Armado 1,29E+02 2,86E+05
AB A A B B
Quadro 6.8 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 1
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
93
6.4.3.2 Cenário 1B – Avaliação Vertente Económica Cenário 1
Como já mencionado, um aspeto muito importante no setor da construção e em qualquer setor
depreende-se com o custo das soluções utilizadas. Como tal, na fase de projeto, para realizar o processo
de seleção de materiais, o aspeto económico é crucial. Um material ambientalmente sustentável se não
tiver um preço competitivo de mercado não é aceite no setor. Nesta ideologia, realiza-se o cenário 1B,
em que se tem apenas em conta a vertente económica na análise, recorrendo aos dados obtidos no Quadro
6.3 e Quadro 6.5. No Quadro 6.9 encontra-se os custos de cada solução em estudo.
Como é facilmente percetível pela análise do quadro, a solução economicamente mais vantajosa é a
solução A. No entanto, relembra-se que uma avaliação ciclo de vida deve ter em conta as três dimensões
do desenvolvimento sustentável, portanto conjuga-se os resultados dos dois cenários executados.
Analisando estes 2 cenários, perceciona-se que as soluções são ambientalmente equivalentes mas
economicamente a solução A é mais vantajosa. Isto significa que a solução A seria a mais indicada sob
o ponto de vista ambiental e económico, e a que deveria ser selecionada para o estudo em questão.
6.4.3.3 Cenário 2 – “Cradle – to – Grave”
Após o primeiro cenário perceciona-se facilmente o funcionamento generalizado da metodologia. Neste
contexto, o objetivo máximo da utilização desta no âmbito da construção civil é estudar o
comportamento dos materiais até ao fim de vida das edificações, portanto, utilizando uma tipologia
"cradle-to-grave". No entanto, esta vai ser abordada de forma simplificada pois não vão ser considerados
todos os módulos previstos nas normas acima mencionadas.
Este segundo cenário tem um caráter mais realista que o primeiro porque pretende estudar o
comportamento das soluções ao longo do ciclo de vida previsto. Para tal, e como explicitado na norma
EN 15978, existem algumas considerações e suposições a estabelecer para possibilitar o presente estudo.
O betão é um material que normalmente ao longo do ciclo de vida de um edifício não requer grandes
processos de manutenção e pode ser aplicado sem nenhum tipo de acabamento. Considera-se então para
a solução de betão armado, uma situação em que não ocorre na fase de construção um acabamento final
com outros materiais (betão à vista) e que o mesmo não será sujeito a operações de manutenção
significativas. Por outro lado, o aço perfilado aplicado na construção utiliza um acabamento em pintura,
que obviamente induz impactes ambientais. Uma estrutura metálica utiliza normalmente um esquema
de pintura em que se aplica um primário sobre o aço, de seguida uma tinta intumescente e por fim a
pintura. Uma ressalva importante deve-se ao facto de a tinta aplicada ter a duração limitada,
considerando-se uma vida útil de 10 anos. Atendendo que o objeto em estudo terá uma duração de 50
Quadro 6.9 - Resultados da Vertente Económica no Cenário 1
Solução Materiais
ABetão
Armado
Cenário 1B - Avaliação Vertente
Económica
50,84
BAço em
Perfil
SOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO
104,58
Custos dos
materiais [€/m2]
A
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
94
anos vai ser necessário pintar no mínimo 5 vezes. Neste sentido e relembrando que a metodologia ACV
(LCA) é uma metodologia "Bottom-Up", adicionamos os impactes da pintura aos impactes do aço
perfilado, com a particularidade dos impactes ambientais referentes à pintura serem multiplicados 5
vezes.
Explicando mais aprofundadamente a informação acima mencionada, para a realização deste cenário 2,
e à semelhança do cenário 1A, é indispensável a consideração de alguns cenários. Como tal, os dados
referentes ao módulo A (A1-A4) são os mesmos que os utilizados no cenário 1A pois até à porta do
estaleiro não ocorre qualquer alteração no sistema de avaliação estabelecido. Contudo, este módulo
ainda apresenta mais um módulo incluído no processo construtivo, o módulo A5 referente à
instalação/aplicação dos elementos construtivos. Em relação a este módulo, considera-se os seguintes
aspetos:
A solução de betão armado utiliza betão pronto oriundo da central de betonagem e aço da
siderurgia. Visto isto, o betão mal chega à obra é descarregado diretamente nos elementos
construtivos e o aço armazenado até ser montado. Neste contexto, atividades do processo
construtivo como armazenamento especial (necessita aquecimento, arrefecimento ou
ventilação) para o aço, transformação de produtos em obra e trabalhos temporários não são
necessárias. A cofragem utilizada para a betonagem é reaproveitada portanto os seus impactes
não vão ser considerados pois não são significativos. Todo o processo construtivo da solução
não produz uma quantidade de resíduos consideráveis ao ponto de ser considerada.
A solução metálica utiliza perfis metálicos que já vêm pintados de fábrica. Os perfis metálicos
apenas necessitam de ser montados portanto, à semelhança do aço da solução de betão
armado, não apresenta nenhum processo passível de grandes impactes ambientais.
É necessário também assumir algumas considerações nos restantes módulos constituintes da tipologia
utilizada. Como tal, e tendo em conta o ciclo de vida presente na EN 15978, considera-se os seguintes
cenários para cada um dos módulos:
Módulo B1 Utilização – A estrutura de betão foi betonada com uma cofragem que lhe confere
o aspeto de betão à vista, não necessitando nenhum tipo de acabamento ou revestimento como
por exemplo, um verniz ou um impermeabilizante. A estrutura metálica vai levar um
acabamento com o esquema de pintura acima mencionado;
Módulo B2 Manutenção – As duas soluções não vão necessitar de ações de manutenção
significativas;
Módulo B3 Reparação – A estrutura de betão armado não vai necessitar de nenhuma ação de
reparação nos seus elementos. No entanto, como já referido, a estrutura metálica necessitará
de uma repintura de 10 em 10 anos;
Módulo B4 Substituição – Não se prevê a substituição de qualquer elemento construtivo das
duas soluções.
Módulo B5 Reabilitação – Os materiais utilizados nas duas soluções não sofreram qualquer
ação de reabilitação.
Módulo B6 – B7 Uso de Água e Energia – Tanto a estrutura de betão armado como a
estrutura metálica não provocam impactes significativos ao nível do consumo de água e
energia na fase de operação do edifício.
Destaca-se ainda que, como indicado na norma EN 15978, os impactes gerados pela produção,
transporte e colocação da pintura estão incluídos no módulo B3.
O módulo C, referente ao fim-de-vida dos produtos, pertence à tipologia utilizada neste cenário. No
entanto, apenas vai ser considerado no próximo cenário devido à falta de especificação de informação
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
95
dos indicadores ambientais na DAP (EPD) utilizada para obtenção de dados (Anexo IV). O conjunto de
ponderações é o mesmo que o considerado no cenário 1.
Nesta ideologia, para obter a quantidade de primário e tinta necessária, é essencial calcular ou pesquisar
nas tabelas técnicas dos perfis, a área de pintura dos perfis da solução metálica. O Quadro 6.10 apresenta
os valores da área de pintura referentes aos perfis da solução B.
Consultando as plantas fornecidas presentes no Anexo III, obtém-se o número de metros de cada um
dos perfis. Multiplicando estes pelas áreas de pintura acima indicadas obtemos a área total de pintura de
cada um dos perfis constituintes da solução B. O Quadro 6.11 sintetiza os cálculos mencionados.
De seguida, recorremos à DAP (EPD) da pintura para consultar os rendimentos do primário e da tinta e
obter a quantidade total de primário (Kg) e de tinta (L) necessária para pintar toda a estrutura. O Quadro
6.12 expõe este procedimento.
Tipo
IPE 550
HEA 600
PRS 1
PRS 2
PRS 3
CHS 219,1
SHS 200
0,69
0,80
Perfis Metálicos
Observações
Valor Consultado das
Tabelas Técnicas
Valor Calculado através
das Dimensões dos Perfis
A pintura m 2 /m
1,88
2,31
5,28
3,58
2,82
Tipo Nº de metros A pintura m 2
IPE 550 225 423,00
HEA 600 40 92,32
PRS 1 75 396,30
PRS 2 60 214,80
PRS 3 45 126,81
CHS 219,1 59 40,59
SHS 200 75 60,00
2,82
0,69
0,80
Perfis Metálicos
A pintura m 2 /m
1,88
2,31
5,28
3,58
Quadro 6.10 - Áreas de Pintura de cada perfil e respetiva fonte
Quadro 6.11 - Área Total de Pintura em cada perfil
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
96
Por último, consultamos o valor unitário dos indicadores ambientais presentes na DAP (EPD) e
multiplica-se pelas quantidades acima obtidas.
Finalizado este procedimento, resume-se os valores obtidos no Quadro 6.13.
Como era previsível, a solução B piorou o seu desempenho ambiental devido á adição da pintura e a
solução A manteve os mesmos valores já que não sofreu qualquer tipo alteração. No entanto,
visualizando a tabela, mais especificamente, para o campo da solução com melhor desempenho,
verificamos que os resultados não sofreram alteração em relação ao primeiro cenário. Isto significa que
o acabamento da estrutura metálica (primário e tinta) ao longo de todo o ciclo de vida da estrutura não
influencia significativamente o desempenho ambiental da solução B e que as soluções são
ambientalmente equivalentes. No entanto, á semelhança do cenário 1 a solução A apresenta melhor
componente económica e portanto melhor desempenho das soluções apresentadas.
IPE 550 423,00 63,45 126,90
HEA 600 92,32 13,85 27,70
PRS 1 396,30 59,45 118,89
PRS 2 214,80 32,22 64,44
PRS 3 126,81 19,02 38,04
CHS 219,1 40,59 6,09 12,18
SHS 200 60,00 9,00 18,00
TOTAL 203,07 406,15
Tinta
(l)
0,3
TipoPrimário
(Kg)A pintura m 2
Perfis Metálicos
Rend. Tinta
(l/m 2 )
0,15
Rend. Primário
(Kg/m 2 )
GWP ODP AP EP POCP ADP ENR EN
Extração e
Produção8,65E+04 2,07E-03 3,25E+02 3,37E+01 3,08E+01 3,55E+02 7,25E+05 4,32E+03
TOTAL 1,05E+05 5,00E-03 4,24E+02 5,47E+01 3,39E+01 4,84E+02 1,01E+06 9,58E+03
Extração e
Produção7,01E+04 7,81E-03 4,25E+02 2,44E+01 3,00E+01 1,30E-02 1,15E+06 1,15E+05
Primário 1,70E+02 3,25E-04 1,07E+00 9,22E-01 1,65E-01 2,12E+00 5,04E+03 2,70E+01
Transporte 1,30E+01 2,03E-06 6,90E-02 1,46E-02 2,15E-03 8,94E-02 1,99E+02 3,66E+00
Tinta 1,83E+03 1,38E-03 1,85E+01 2,49E+00 7,63E-01 1,20E+01 3,07E+04 3,84E+02
Transporte 1,01E+01 1,57E-06 5,35E-02 1,13E-02 1,67E-03 6,92E-02 1,54E+02 2,83E+00
TOTAL 7,21E+04 9,52E-03 4,44E+02 2,78E+01 3,09E+01 1,43E+01 1,19E+06 1,15E+05
B B A ASOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO B A A B
BAço em
Perfil
9,93E+01 2,10E+01 3,10E+00 1,29E+02 2,86E+05 5,26E+03
Cenário 2 - "Cradle - to - Grave"
Solução MateriaisMódulo Ciclo
de Vida
Indicadores Impacte Ambiental
ABetão
Armado Transporte 1,87E+04 2,92E-03
Quadro 6.12 - Quantidade necessária de Tinta e Primário
Quadro 6.13 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 2
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
97
6.4.3.4 Cenário 3A – “Cradle – to – Cradle”
O cenário atual da sustentabilidade mundial é preocupante. Como tal, a metodologia ACV (LCA)
prevista nas mais recentes normas europeias apresenta no seu processo um módulo referente à
reciclagem e reutilização dos materiais e produtos (D). No entanto, este módulo encontra-se muito pouco
explorado para a importância que pode ter na redução do impacto ambiental dos produtos. Pretende-se
que este cenário sirva de mote para um aprofundamento da temática do referido módulo dando uma
noção generalizada dos benefícios que este pode ter.
Enquadrando com o presente caso de estudo, uma estrutura constituída por betão armado no fim do seu
ciclo de vida é demolida. Como tal, o material para ser reciclado requer o seguinte processamento:
Corte dos elementos construtivos com recurso a uma máquina de corte ou equipamento de
desmonte;
Separação do aço do betão através de técnicas mecânicas;
Transporte as peças de aço para a siderurgia para serem transformadas novamente em varões;
Esmagamento / Britagem do betão que servirá para agregados ou para enchimento.
Uma estrutura metálica tem a vantagem de poder ser reutilizada e reciclada com maior facilidade devido
a uma maior simplicidade no processo de desmantelamento. Os perfis metálicos como se encontram
definidos comercialmente podem ser utilizados noutra edificação praticamente sem nenhum
processamento ou reciclados recorrendo á sua transformação para criar novos perfis.
Nesta ideologia, executa-se as devidas considerações tal como nos cenários anteriores. Todas as
considerações assumidas do cenário 2 (até ao módulo C) são válidas e consideradas no presente cenário.
Observando o módulo C referente ao fim de vida do produto, considera-se os seguintes cenários:
Módulo C1 Desconstrução – A solução de betão armado vai sofrer o processamento em cima
mencionado. Já a solução metálica, os seus perfis vão ser desmontados;
Módulo C2 Transporte – As condições de transporte são semelhantes aos anteriores
cenários, com a exceção que para a solução de betão o aço vai para a siderurgia e os agregados
de betão servirão de enchimento de uma infraestrutura a 100 km do estaleiro. Os dados
utilizados para a estrutura metálica já contém o transporte de volta para a siderurgia.
Módulo C3 Processamento de Resíduos – O aço que vai ser enviado para a siderurgia para
ser reciclado vai sofrer um processo de transformação. Enquanto o betão vai sofrer um
processo de britagem
Módulo C4 Disposição Final – Ambas as soluções vão ser reaproveitadas, no entanto uma
parte do betão será enviado para aterro.
Finalmente, para o módulo D relacionado com os benefícios da reciclagem e reutilização dos materiais
vai ser considerado uma reciclagem de 88% e uma reutilização de 11% como define a DAP (EPD). A
restante percentagem (1%) não se considera significativa. O betão vai ser aproveitado na ordem dos
90%, sendo os restantes 10% para aterro.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
98
No Quadro 6.14. apresenta-se os valores dos impactes do aço após a sua transformação.
Podemos constatar pelos resultados dos indicadores do módulo referente à reciclagem e reutilização (D),
que alguns deles apresentam valores negativos. Isto acontece pois o processamento deste módulo,
especialmente devido á reutilização do aço, leva a uma redução dos impactes produzidos ao longo do
processo produtivo.
Comentando agora os resultados totais, podemos reparar que a solução metálica apenas piora o seu
desempenho no indicador POCP em relação aos resultados obtidos no cenário 1A. No entanto há um
aspeto crucial a ter em conta referente ao processo de desmantelamento e reciclagem/reutilização do
betão armado. Geralmente estes processos no betão armado são mais complexos e induzem mais
impactes negativos do que no aço perfilado, mas serão suficientes para o aço perfilado ser a melhor
solução? Esta questão não pode ser respondida devido a falta de informação, como demonstrado no
Quadro 6.14, referente a este módulo do ciclo de vida do betão armado Não obstante, esta situação
deverá ser objeto de estudo futuro atendendo à quantidade de estruturas de betão armado existentes.
6.4.3.5 Cenário 3B - Avaliação Vertente Económica Cenário 3
Como referido anteriormente, o aço pode ser reciclado e transformado novamente em perfis. Dado esse
facto, no fim do ciclo de vida, este material pode ser vendido à siderurgia e contribuir para a redução
dos custos iniciais da estrutura. Este cenário permite explicitar como os custos referentes à estrutura
metálica podem ser reduzidos recorrendo à reciclagem do aço.
Para realizar este cenário considera-se que o aço da solução metálica vai ser vendido à siderurgia ao
preço de 1€/Kg. Portanto, como cerca de 88% do aço é para reciclar, multiplica-se o peso da estrutura
(Kg) por 0,88 e dividindo pela área total da solução obtemos o valor de 40,9€/m2. Subtraindo este valor
pelo custo inicial da solução obtemos o valor presente no Quadro 6.15, que mostra a referida situação.
GWP ODP AP EP POCP ADP ENR EN
Cradle-To-Gate 8,65E+04 2,07E-03 3,25E+02 3,37E+01 3,08E+01 3,55E+02 7,25E+05 4,32E+03
TOTAL 1,05E+05 5,00E-03 4,24E+02 5,47E+01 3,39E+01 4,84E+02 1,01E+06 9,58E+03
Cradle-To-Gate 7,01E+04 7,81E-03 4,25E+02 2,44E+01 3,00E+01 1,30E-02 1,15E+06 1,15E+05
TOTAL 8,05E+04 6,49E-03 4,30E+02 2,37E+01 3,60E+01 1,92E-01 1,16E+06 9,93E+04
2,86E+05 5,26E+03
Cenário 3A - "Cradle - to - Cradle"
Solução MateriaisMódulo Ciclo
de VidaIndicadores Impacte Ambiental
ABetão
Armado
Transporte 1,87E+04 2,92E-03
Reciclagem e
Reutilização
9,93E+01 2,10E+01 3,10E+00 1,29E+02
Aço em
PerfilReciclagem e
Reutilização1,05E+04 -1,32E-03
SOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO B A A B B A A
5,34E+00 -7,05E-01B
6,03E+00 1,79E-01 1,15E+04 -1,57E+04
A
Quadro 6.14 - Resultados dos indicadores ambientais no Cenário 3
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
99
Apesar do resultado final não sofrer qualquer mudança, é notório uma grande redução de custos da
solução estrutura metálica decorrente da possibilidade de reciclagem do aço no fim de vida da estrutura.
6.4.3.6 Cenário 4
A metodologia ACV (LCA) apresenta uma grande contradição na etapa de ponderação, como
mencionado no capítulo 5. Como tal, recorrendo aos resultados do cenário 1A, este cenário pretende
abordar diferentes pesos relativos para os indicadores definidos. Para tal, recorreu-se a 2 conjuntos de
pesos estabelecidos por entidades diferentes [60]. Como podemos verificar na 2ª e na 3ª coluna do
Quadro 6.16, os valores obtidos para todos os indicadores são diferentes e não apresentam valores para
os indicadores referentes à energia.
Nesta ideologia, pensou-se estabelecer um conjunto de indicadores que correspondesse à média
aritmética entre os anteriormente referidos e a restante percentagem igualmente distribuída pelos
indicadores energéticos, a que se denominou Hipótese 1. Para além desta hipótese, idealizou-se ainda
uma hipótese em que o peso dos indicadores referentes à energia teria um valor de 30% e os restantes
70% seriam devidamente distribuídos de acordo com a importância relativa de cada um dos indicadores
referentes às emissões. Toda a informação encontra-se sintetizada no Quadro 6.17.
Cenário 1A EPA SAB BEES
GWP 12 16 29
ODP 12 5 2
AP 12 5 3
EP 12 5 6
POCP 12 6 4
ADP 12 5 10
ENR 12 ------------ ------------
ER 12 ------------ ------------
TOTAL 100 ------------ ------------
IndicadoresPonderações (%)
Quadro 6.15 - Resultados da Vertente Económica no Cenário 3
Quadro 6.16 - Ponderações assumidas no cenário 1 e utilizadas em softwares
Custos dos
materiais [€/m2]
50,84
63,68
A
Cenário 3b - Avaliação Vertente Económica
BAço em
Perfil104,58
SOLUÇÃO MELHOR DESEMPENHO
A
Solução MateriaisCustos dos
materiais [€/m2] -
Cenário 1B
ABetão
Armado50,84
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
100
Como podemos observar nos resultados obtidos no cenário 1A, a solução A mostrou ter o melhor
desempenho nos indicadores ODP, AP, ENR e ER, enquanto a solução B nos indicadores GWP, EP,
POCP e ADP. Visto isto, pretende-se utilizar esses resultados associando-os aos novos pesos
estabelecidos. Este passo consiste apenas em verificar a solução com melhor desempenho em cada um
dos indicadores e associar ao respetivo peso relativo obtido. Aplicando as percentagens obtidas para as
duas hipóteses nos resultados do Cenário 1A, obtemos os resultados presentes no Quadro 6.18.
GWP 12 16 29 23 31
ODP 12 5 2 4 6
AP 12 5 3 4 6
EP 12 5 6 6 8
POCP 12 6 4 5 8
ADP 12 5 10 8 11
ENR 12 29 23 25 15
ER 12 29 23 25 15
TOTAL 100 100 100 100 100
Cenário 1AEPA SAB
(POND.)
BEES
(POND.)
Indicadores
Ponderações (%)
HIP. 1 HIP .2
GWP ODP AP EP POCP ADP ENR EN
A51%
49%10%
BEES Ponderada
A
B
2% 3% 23% 23%
4%6%29%
32%5%6%B
5% 5%
5%16%
B
EPA SAB Ponderada
A 29% 29% 68%
A
11%8%8%
A
B
Hipótese 2
31%
6% 6% 15% 15% 42%
58%
TOTAL
58%
42%
Cenário 4 - Ponderações
Solução Melhor
Desempenho
Hipótese 1
4% 4% 25%
A
Soluções
A
B 23%
25%
6% 5% 8%
Quadro 6.17 - Ponderações utilizadas no Cenário 4
Quadro 6.18 - Resultados do cenário 4
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
101
Como podemos visualizar, este cenário apresenta resultados interessantes e que comprovam a
controvérsia referida. Na hipótese 1, EPA SAB ponderada e BEES ponderada a solução A é classificada
como a solução com melhor desempenho, no entanto, na hipótese 2 o resultado é precisamente o oposto.
Novamente se destaca o facto de as ponderações das hipóteses serem admitidas sem nenhuma base
científica. Contudo, possibilita uma idealização de como esta fase se executa e dos possíveis resultados
a obter.
Este cenário comprova, de uma forma simplificada, uma das maiores razões de ainda não existir uma
metodologia de avaliação de sustentabilidade no setor construtivo consensual em todo o mundo. Cada
entidade e ferramenta utiliza o seu próprio conjunto de pesos para os indicadores a estudar, o que em
muitas situações pode originar cenários idênticos ao apresentado, isto é, resultados distintos para os
mesmos valores de indicadores ambientais.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
103
7 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS
7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na sequência do trabalho executado ao longo dos diversos capítulos desenvolvidos na presente tese é
possível tirar algumas ilações interessantes.
O desenvolvimento sustentável é um paradigma problemático e que promete marcar presença na agenda
dos líderes mundiais durante os próximos anos. Analisando o descrito anteriormente, a implementação
deste conceito ainda se encontra muito rudimentar a nível mundial em muitos aspetos, pois como disse
a líder mundial do desenvolvimento sustentável, Gro Harlem Brundtland, numa entrevista “O
desenvolvimento sustentável tem alto custo e vai beneficiar futuras gerações, que ainda não votam, nem
pagam impostos. Daí vem a grande dificuldade em sensibilizar os governos para a questão”. Portanto,
este conceito vai continuar o seu processo de evolução pois sem ele o futuro da população mundial pode
estar em risco.
Como visto anteriormente, deve existir um equilíbrio entre as três dimensões da sustentabilidade,
realçando a vertente social que em muitos casos não é mencionada devido à sua natureza não técnica
mas tem tanto significado como as outras duas. Um engenheiro civil tem responsabilidades referentes à
vertente social dada à enorme importância que as cidades e as suas infraestruturas têm na qualidade de
vida humana. O engenheiro é ou deverá ser um ator fundamental do ambiente construído e um elemento
fundamental no seu pensamento e estruturação.
A construção é uma atividade altamente condicionadora do desenvolvimento sustentável e nós,
engenheiros civis, devemos cada vez mais ter em consideração essa temática na nossa atividade,
especificamente, se for no âmbito da conceção, pois é nessa fase do processo construtivo que ocorre a
seleção de materiais e processos referente ao projeto a executar. Da mesma forma que o projeto
condiciona as soluções a adotar e o seu custo, condicionará da mesma forma a opção por soluções
sustentáveis.
A sustentabilidade na construção e o conceito de “edifício verde” encontra-se maioritariamente
associado ao consumo energético, daí a maioria dos estudos e artigos científicos relacionados com a
temática de sustentabilidade de soluções construtivas serem referentes a elementos construtivos que
mais condicionam o comportamento do edifício no campo energético, como paredes, coberturas e lajes.
Importa realçar que o consumo de água e a disposição dos resíduos da construção têm um impacto brutal
no meio ambiente e muitas vezes são aspetos não considerados erradamente nos estudos, no entanto,
estes são partes significativas duma avaliação da sustentabilidade ambiental.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
104
Em relação aos instrumentos de apoio e avaliação da sustentabilidade dos trabalhos da construção, o
desenvolvimento de uma metodologia de avaliação aceite mundialmente iria revolucionar este campo,
na medida em que emancipava a mentalidade dos decisores em relação às incertezas da utilização desta
na conceção de projetos. Também, o estabelecimento de uma base de dados única para os produtos da
construção facilitaria o processo. No entanto, este aspeto só se afigura viável, na minha opinião, quando
for desenvolvida uma DAP (EPD) comum para o espaço europeu e essas forem de caráter de aplicação
obrigatório. Se esta obrigatoriedade for consistente, ou seja, associada a uma DAP (EPD) comum, vai
proporcionar uma base de dados muito mais completa e viabilizar que os estudos de comparação de
materiais com vista à seleção das soluções mais adequadas seja muito mais transparente e clara. Para
além destas vantagens diretas também existem algumas indiretas, tais como, uma melhoria do
desempenho ambiental dos produtos da construção devido à uniformização de uma base de dados que
contenha os produtos por categorias.
A recente normalização europeia veio dar um grande contributo para avaliação de sustentabilidade da
construção, pois estabelece e define aspetos fulcrais para a temática a vários níveis tendo em conta a
abordagem ciclo de vida, como por exemplo, os indicadores a serem considerados em cada uma das
dimensões, as condições de fronteira da análise e a quantificação desses indicadores. A homogeneização
destes aspetos vai contribuir a média prazo para uma melhoria significativa da construção no campo da
sustentabilidade.
Focando a metodologia ACV (LCA) propriamente dita, é uma excelente ferramenta para comandar o
processo de avaliação pois é a que melhor se enquadra com as particularidades únicas duma edificação,
nomeadamente, a longa duração do seu ciclo de vida, que é um aspeto raro na indústria de produtos.
Esta metodologia possibilita a realização de inúmeros estudos com âmbitos diferentes, pois permite
adaptar os objetivos e os dados aos resultados que se pretende obter, tendo em conta o público-alvo do
estudo.
A utilização desta metodologia no âmbito da construção tem que ser limitada aos indicadores que
condicionam significativamente a sustentabilidade. A conceção de uma edificação engloba um elevado
número de processos e materiais com inúmeros impactes ambientais distintos. Como tal, uma filtragem
dos impactes mais significativos é aconselhada, de outro modo a análise tornar-se-ia morosa e bastante
dispendiosa o que levaria à inviabilidade de toda a abordagem ou a não utilização da metodologia.
7.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS – CASO PRÁTICO
Em relação ao caso prático, este foi executado com vista à clarificação da metodologia no âmbito da
construção, associando 2 soluções homólogas utilizadas regularmente na conceção de naves industriais.
A adoção de diferentes cenários permitiu percecionar que a metodologia ACV (LCA) tem inúmeras
potencialidades e pode ser crucial no setor da construção a vários níveis.
No entanto, existiram inúmeras dificuldades, sendo grande parte delas, relacionadas com a obtenção de
dados. Para realizar a avaliação é necessário ter disponível um conjunto de dados que contenha todos os
indicadores referidos nas mais recentes normas europeias. No entanto, como o seu conteúdo ainda não
foi devidamente aprofundado e utilizado pela maior parte da indústria, nomeadamente os fabricantes de
produtos da construção, torna-se extremamente difícil a obtenção de dados. As DAP (EPD) presentes
nos operadores não contém a informação homogeneizada e isso prejudica seriamente a sua utilização
para a avaliação ambiental dos materiais. Em contrapartida, as bases de dados e os programas de cálculo
exibem outro tipo de qualidade de informação mas apresentam licenças pagas e bastante dispendiosas.
No entanto, estes softwares também apresentam algumas lacunas. Ao realizar uma ACV (LCA) neste
tipo de ferramentas incorre-se a um conjunto de resultados que em muitas situações não é percetível a
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
105
sua origem ou procedimento. Isto pode provocar que o surgimento de alguma anomalia nos resultados
muito dificilmente seja corrigida, dado ao facto de não sensibilização do procedimento utilizado pela
ferramenta informática. Este problema também acontece em outro tipo de softwares associados ao setor
da construção como o CYPE.
Outra dificuldade sentida foi a adoção de considerações e suposições para cada módulo em estudo.
Todos os módulos necessitam de ser clarificados para permitir maior clareza possível nos resultados a
apresentar. No entanto, a consideração dessas suposições requer uma experiência considerável no campo
da engenharia civil com vista a permitir a maior fiabilidade possível nos resultados a apresentar.
Passando agora aos resultados obtidos dos cenários estudados, penso que estes foram satisfatórios pois
a clarificação da metodologia foi atingida e a importância da sua utilização ficou bem patente e
demonstrada. Os cenários idealizados provaram que a consideração de todo o ciclo de vida dos materiais
traduz diferenças nos impactes ambientais gerados por estes e, em muitos casos, esses impactes podem
ser minimizados com os benefícios dos processos de reutilização e reciclagem.
O cenário 1 demonstrou que a tipologia “cradle-to-gate” é a base de um estudo ACV (LCA), e a solução
de betão armado (A) foi a que apresentou o melhor desempenho.
Em relação aos cenários alusivos à vertente económica associada aos custos dos materiais, ficou patente
a sua importância e papel no auxílio à tomada de decisão. Estes permitiram determinar qual a solução
com melhor desempenho, conjuntamente com os resultados da vertente ambiental.
Os cenários 2 e 3 da vertente ambiental esclareceram as diferenças na escolha da tipologia a adotar na
avaliação. Quanto mais completa a avaliação, maior a certeza nos resultados obtidos e
consequentemente promover utilização da ACV (LCA) em estudos reais. Com isto ficou demonstrado
a importância da metodologia ACV (LCA) no setor da construção.
Outra meta pretendida depreendia-se com a fase opcional de ponderação, e esta também ficou
desmistificada. O cenário 4 demonstrou que os pesos relativos adotados para os indicadores de impactes
ambientais podem induzir diferenças consideráveis na avaliação e até condicionar a tomada de decisão.
Um caso de estudo que aborde mais tipos de soluções equivalentes, em que os resultados dos indicadores
sejam todos muito similares aumenta ainda mais a probabilidade de os pesos relativos influenciarem a
escolha do decisor.
Esta metodologia pode claramente auxiliar na tomada de decisão referente à seleção dos materiais de
construção com base no seu desempenho ambiental e económico. Neste caso concreto, a solução de
betão armado (A) foi a que teve melhor desempenho na maioria dos cenários. No entanto, a falta de
informação existente impediu mais realismo nos resultados obtidos.
7.3 PERSPETIVAS FUTURAS
O domínio da sustentabilidade dos trabalhos da construção é algo muito recente no panorama mundial
como verificado pelas normas criadas neste campo, portanto propõem-se aqui algumas linhas gerais de
evolução de estudos nesta temática.
Uma possibilidade passa pela análise comparativa de soluções tendo em conta os indicadores das 3
dimensões da sustentabilidade e verificar a importância da componente social comparando com os
resultados aqui obtidos.
Como visto em cima, o passo da ponderação referente à etapa de avaliação da metodologia gera muita
controvérsia, pois os pesos atribuídos variam localmente. Afigura-se interessante associar a análise
obtida nesta tese com a tese realizada sobre a metodologia de ponderação AHP e tentar chegar a
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
106
ponderações mais consistentes para os indicadores e até para cada uma das dimensões da
sustentabilidade.
Também seria interessante aprofundar mais as vertentes relativas à economia e sociedade, em relação a
temáticas relacionadas com o custo energético do ciclo de vida de um edificado e o conforto para o ser
humano nesse edificado. São as outras componentes da abordagem ciclo de vida, e como tal, devem ser
aprofundadas ao mesmo nível que a vertente ambiental foi na presente tese.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
107
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111
ANEXOS
ANEXO I – DECLARAÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTO (DAP HABITAT)
ANEXO II – TABELA DE INDICADORES EXEMPLO DA NORMA EN 15978
ANEXO III – PLANTAS E ALÇADOS
ANEXO IV – DECLARAÇÕES AMBIENTAIS DE PRODUTO DO AÇO E DO ACABAMENTO DE
PINTURA
ANEXO V – LISTA DE IMPACTES AMBIENTAIS DE MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO (ECOINVENT)
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
113
ANEXO I – DECLARAÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTO (DAP HABITAT)
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
114
Sistema DAPHabitat
www.daphabitat.pt
NOME DO PRODUTOR/ASSOCIAÇÃO
Imagem do produto
Dimensões máximas: 9,40 cm x 16,75 cm
Nota: se as dimensões da imagem não corresponderem às dimensões pretendidas, esta deverá ser
tratada. A imagem do produto poderá ter dimensões inferiores às especificadas.
Logo do requerente
Altura: 2,40 cm
VERSÃO 1.0. EDIÇÃO OUTUBRO 2012
DECLARAÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTO
[de acordo com a ISO 14025, EN 15804 e EN 15942]
NOME DO PRODUTO
Logo do proprietário
Sistema DAPHabitat i
Índice
1. INFORMAÇÕES GERAIS .................................................................................................................................. 1
1.1. SISTEMA DE REGISTO DAPHABITAT ............................................................................................................................ 1
1.2. REQUERENTE .......................................................................................................................................................... 1
1.3. INFORMAÇÕES SOBRE A DAP ..................................................................................................................................... 2
1.4. DEMONSTRAÇÃO DE VERIFICAÇÃO .............................................................................................................................. 2
1.5. RCP DE REFERÊNCIA ................................................................................................................................................ 3
1.6. INFORMAÇÕES SOBRE O PRODUTO .............................................................................................................................. 4
2. DESEMPENHO AMBIENTAL DO PRODUTO ..................................................................................................... 5
2.1. REGRAS DE CÁLCULO ACV ........................................................................................................................................ 5
2.1.1. DIAGRAMA DE FLUXOS DE ENTRADA E SAÍDA DOS PROCESSOS ........................................................................................ 5
2.1.2. DESCRIÇÃO DA FRONTEIRA DO SISTEMA .................................................................................................................... 6
2.2. PARÂMETROS QUE DESCREVEM OS POTENCIAIS IMPACTES AMBIENTAIS............................................................................... 7
2.3. PARÂMETROS QUE DESCREVEM A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS ............................................................................................. 8
2.4. OUTRAS INFORMAÇÕES AMBIENTAIS QUE DESCREVEM DIFERENTES CATEGORIAS DE RESÍDUOS ................................................ 9
2.5. OUTRAS INFORMAÇÕES AMBIENTAIS QUE DESCREVEM OS FLUXOS DE SAÍDA ...................................................................... 10
3. INFORMAÇÃO TÉCNICA ADICIONAL E CENÁRIOS ..........................................................................................10
3.1. A4 TRANSPORTE PARA O LOCAL DA CONSTRUÇÃO – ETAPA DE CONSTRUÇÃO ..................................................................... 10
3.2. A5 INSTALAÇÃO DO PRODUTO NO EDIFÍCIO - ETAPA DE CONSTRUÇÃO .............................................................................. 10
3.3. B1 ETAPA DE UTILIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 11
3.4. B2 MANUTENÇÃO ................................................................................................................................................. 11
3.5. B3 REPARAÇÃO .................................................................................................................................................... 12
3.6. B4 SUBSTITUIÇÃO ................................................................................................................................................. 12
3.7. B5 REABILITAÇÃO .................................................................................................................................................. 13
3.8. B6 UTILIZAÇÃO DE ENERGIA (OPERACIONAL) ............................................................................................................... 13
3.9. B7 UTILIZAÇÃO DA ÁGUA (OPERACIONAL) .................................................................................................................. 13
3.10. ETAPA DE FIM DE VIDA [C1 – C4] .......................................................................................................................... 14
3.11. INFORMAÇÃO AMBIENTAL ADICIONAL RELATIVA À LIBERTAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS ............................................... 14
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................15
Logo do proprietário
Sistema DAPHabitat 1
1. INFORMAÇÕES GERAIS
1.1. Sistema de registo DAPHabitat
Identificação do operador do
programa:
Associação Plataforma para a Construção Sustentável
www.centrohabitat.net
centrohabitat@centrohabitat.net
Localização: Departamento Engenharia Civil Universidade de Aveiro 3810-193 Aveiro
Endereço eletrónico: geral@daphabitat.pt
Contacto telefónico: (+351) 234 401576
Website: www.daphabitat.pt
Logótipo:
1.2. Proprietário
Nome do proprietário: (…) (nome da entidade ou grupo de entidades associadas)
Local de produção - Localização: (…)
Localização (sede): (…) se aplicável
Contacto telefónico: (…) (indicar o contacto telefónico da pessoa responsável pelo processo de elaboração da DAP)
Endereço eletrónico: (…) (indicar o endereço eletrónico geral da entidade e da pessoa responsável pelo processo de elaboração da DAP)
Website: (…)
Logótipo:
(…)
Informação sobre Sistemas de Gestão aplicados:
(exemplo: certificada ISO 9001; ISO 14001…) se aplicável
Aspetos específicos relativos à produção:
(descriminar o CAE…)
Política ambiental da organização: (…) se aplicável
Logo do requerente
2 Sistema DAPHabitat
1.3. Informações sobre a DAP
Autores: (…)
Contacto dos autores: (…)
Data de emissão: (…)
Data de registo: (…)
Número de registo: (…)
Válido até: (…) (período de validade de 5 anos a contar desde a sua data de registo)
Representatividade da DAP (local, produtor, grupo de produtores):
(…)
Onde consultar material explicativo sobre produto:
(…) se aplicável
Tipo de DAP: (…) segundo os módulos de informação incluídos no estudo de ACV (ex.:DAP do berço ao portão)
1.4. Demonstração de verificação
Verificação independente da declaração, de acordo com a norma NP ISO 14025:2009
Organismo de certificação
Verificador
() ()
Logo do requerente
3
1.5. RCP de referência
Nome: (…)
Data de emissão: (…)
Número de registo na base de dados: (…)
Versão: (…) (nova ou atualização)
Identificação e contacto do(s) coordenador(es):
(…)
Identificação e contacto dos autores: (…)
Composição do painel sectorial: (…)
Composição do painel de revisão: (…)
Válido até: (…)
Logo do requerente
4
1.6. Informações sobre o produto
Identificação do produto: (…) (número do modelo, código, etc.)
Ilustração do produto: Dimensões máximas:
5,44 x 5,44 cm
Breve descrição do produto: (…) (desde a sua composição, matérias-primas e/ou componentes e sua percentagem na constituição do produto; bem como a sua aparência final e dimensões. Neste ponto também se pode descrever sumariamente o processo de produção do produto)
Principais características técnicas do produto:
Tabela 1: Características técnicas - exemplo
Designação Valor Unidades
Resistência Térmica m2.◦C/w
Condutibilidade Térmica w/m2. ◦C
Resistência mecânica
etc
Nota: estas informações são fictícias, mas podem ser obtidas através da ficha técnica do produto ou através da etiqueta da marcação CE dos produtos.
Descrição da aplicação do produto: (…) (relativa ao produto pronto para aplicação, ou seja para exercer a sua função concreta na etapa de utilização, mesmo que esta só advenha após outro processo)
Vida útil de referência: (…)
Colocação no mercado/ Regras de aplicação no mercado/ Normas
técnicas do produto:
(…) se aplicável
Deve mencionar-se a referência à marcação CE
Controlo de qualidade: (…) (informações sobre sistemas de controlo de qualidade, entre outros)
Condições especiais de entrega: (…) (tendo como base de referência a normalização do produto e outras informações técnicas)
Componentes e substâncias a declarar: (…) (informações sobre a declaração do conteúdo de componentes e substâncias químicas do produto que possam ser relevantes na caracterização do mesmo, abrangendo informação sobre materiais e substâncias que possam provocar um efeito nocivo na saúde humana e no ambiente, em todas as etapas do ciclo de vida. Deve ainda incluir informação sobre substâncias presentes na “Lista candidata”, pelo menos quando o seu teor exceda o limiar necessário para a notificação de substâncias em artigos (concentração superior a 0,1% em massa (m/m)) junto da Agência Europeia dos Produtos Químicos (European Chemicals Agency))
Tabela 2: Componentes e substância químicas
Material Nº CAS Perigoso para
o ambiente Frases de risco
Quantidade (kg/t
produto)
Histórico de estudos de ACV: (…) (breve resumo de estudos de ACV ou semelhantes realizados ao produto, se aplicável)
Logo requerente
5
2. DESEMPENHO AMBIENTAL DO PRODUTO
2.1. Regras de cálculo da ACV
2.1.1. Diagrama de fluxos de entrada e saída dos processos
Figura 1: Exemplo das etapas do ciclo de vida e processos unitários do produto
Unidade declarada: (…) se aplicável
Unidade funcional: (…) se aplicável
Fronteira do sistema: (…) (definir a fronteira do sistema)
Critérios de exclusão: (…) os critérios de exclusão utilizados devem ser aqui descritos e devidamente justificados de acordo com os requisitos presentes no documento RCP de referência.
Pressupostos e limitações (…) as suposições e hipóteses relevantes utilizadas para a interpretação dos resultados da ACV devem ser aqui referidas, de um modo resumido.
Qualidade e outras características sobre a informação utilizada na ACV:
(…) breve descrição e caracterização da qualidade dos dados recolhidos e utilizados para o estudo de ACV do produto. Devem referir-se neste ponto as fontes dos dados utilizados.
Regras de alocação: (…) as regras de alocação utilizadas devem ser aqui descritas e justificadas de acordo com o documento RCP de referência utilizado para o estudo. Se aplicável.
Comparabilidade: As DAP de produtos e serviços de construção podem não ser comparáveis caso não sejam produzidas de acordo com a EN 15804 e a EN 15942 e de acordo com as condições de comparabilidade determinadas pela ISO 14025.
Logo requerente
6
2.1.2. Descrição da fronteira do sistema
(= incluído; = módulo não declarado)
ETAPA DE PRODUÇÃO
ETAPA DE CONSTRUÇÃO
ETAPA DE UTILIZAÇÃO ETAPA DE FIM DE VIDA
BENEFÍCIOS E CARGAS AMBIENTAIS PARA ALÉM
DA FRONTEIRA DO SISTEMA
Extr
ação
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roce
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A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 C1 C2 C3 C4 D
Deve aqui incluir-se uma descrição detalhada das etapas do ciclo de vida do produto estudadas (a incluir na DAP), como no exemplo:
A etapa de produção de um produto cerâmico inclui as seguintes fases:
armazenagem de matérias-primas;
preparação da pasta;
moldagem por extrusão;
secagem;
cozedura;
escolha, embalagem e armazenamento.
Logo requerente
7
2.2. Parâmetros que descrevem os potenciais impactes ambientais
Aquecimento global
Depleção da camada do
ozono Acidificação Eutrofização
Oxidação fotoquímica
Depleção de recursos abióticos
(elementos)
Depleção de recursos abióticos (fósseis)
kg CO2 equiv. kg CFC 11 equiv.
kg SO2 equiv. kg (PO4)3- equiv.
kg C2H4 equiv.
kg Sb equiv. MJ, P.C.I.
Extração e processamento matérias-primas
A1
Transporte A2
Produção A3
Total Total
Transporte A4
Processo de construção e instalação
A5
Utilização B1
Manutenção B2
Reparação B3
Substituição B4
Reabilitação B5
Uso de energia (operacional)
B6
Uso de água (operacional)
B7
Desconstrução e demolição
C1
Transporte C2
Processamento de resíduos
C3
Eliminação final C4
Potencial de reutilização, reciclagem e valorização
D
LEGENDA:
Etapa de Produção
Etapa de Construção
Etapa de Utilização
Etapa de Fim de Vida
Benefícios e cargas ambientais para além da fronteira do sistema
NOTAS1: P.C.I. – Poder calorífico inferior. Unidades expressas por unidade funcional ou unidade declarada. As etapas do ciclo de vida não consideradas no estudo podem ser eliminadas da tabela, através da função “eliminar linhas”. Os valores a indicar na tabela devem ser apresentados com dois algarismos significativos ou notação científica. Esta representação numérica deverá ser uniforme para o mesmo indicador.
1 Estas notas deverão ser eliminadas para apresentação do documento final.
Logo requerente
8
2.3. Parâmetros que descrevem a utilização de recursos
2 Estas notas deverão ser eliminadas para apresentação do documento final.
EPR RR TRR EPNR RNR TRNR MS CSR CSNR
Água doce
MJ, P.C.I.
MJ, P.C.I.
MJ, P.C.I.
MJ, P.C.I. MJ, P.C.I. MJ, P.C.I.
kg MJ, P.C.I.
MJ, P.C.I. m3
Extração e processamento de matérias-primas
A1
Transporte A2
Produção A3
Total Total
Transporte A4
Processo de construção e instalação
A5
Utilização B1
Manutenção B2
Reparação B3
Substituição B4
Reabilitação B5
Uso de energia (operacional)
B6
Uso de água (operacional)
B7
Desconstrução e demolição
C1
Transporte C2
Processamento de resíduos
C3
Eliminação final C4
Potencial de reutilização, reciclagem e valorização
D
LEGENDA:
Etapa de Produção
Etapa de Construção
Etapa de Utilização
Etapa de Fim de Vida
Benefícios e cargas ambientais para além da fronteira do sistema
EPR = utilização de energia primária renovável excluindo os recursos de energia primária renováveis utilizados como matérias-primas; RR = utilização dos recursos de energia primária renováveis utilizados como matérias-primas; TRR = utilização total dos recursos de energia primária renováveis (EPR + RR); EPNR = utilização de energia primária não renovável, excluindo os recursos de energia primária não renováveis utilizados como matérias-primas; RNR = utilização dos recursos de energia primária não renováveis utilizados como matérias-primas; TRNR = Utilização total dos recursos de energia primária não renováveis (EPRN + RNR); MS = utilização de material secundário; CSR = utilização de combustíveis secundários renováveis; CSNR = utilização de combustíveis secundários não renováveis; Água doce = utilização do valor líquido de água doce.
NOTA2: Unidades expressas por unidade funcional ou unidade declarada. As etapas do ciclo de vida não consideradas no estudo podem ser eliminadas da tabela, através da função “eliminar linhas”. Os valores a indicar na tabela devem ser apresentados com dois algarismos significativos ou notação científica. Esta representação numérica deverá ser uniforme para o mesmo indicador.
9
2.4. Outras informações ambientais que descrevem diferentes categorias de resíduos
Resíduos perigosos
eliminados
Resíduos não perigosos
eliminados
Resíduos radioativos eliminados
kg kg kg
Extração e processamento de matérias-primas A1
Transporte A2
Produção A3
Total Total
Transporte A4
Processo de construção e instalação A5
Utilização B1
Manutenção B2
Reparação B3
Substituição B4
Reabilitação B5
Uso de energia (operacional) B6
Uso de água (operacional) B7
Desconstrução e demolição C1
Transporte C2
Processamento de resíduos C3
Eliminação final C4
Potencial de reutilização, reciclagem e valorização D
LEGENDA:
Etapa de Produção
Etapa de Construção
Etapa de Utilização
Etapa de Fim de Vida
Benefícios e cargas ambientais para além da fronteira do sistema
NOTAS3: Unidades expressas por unidade funcional ou unidade declarada. As características que tornam os resíduos perigosos são descritas na legislação aplicável em vigor, por exemplo, na Diretiva-Quadro Europeu de Resíduos. As etapas do ciclo de vida não consideradas no estudo podem ser eliminadas da tabela, através da função “eliminar linhas”. Os valores a indicar na tabela devem ser apresentados com dois algarismos significativos ou notação científica. Esta representação numérica deverá ser uniforme para o mesmo indicador.
3 Estas notas deverão ser eliminadas para apresentação do documento final.
Logo requerente
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2.5. Outras informações ambientais que descrevem os fluxos de saída
Parâmetro Unidades* Resultados
Componentes para reutilização kg
Materiais para reciclagem kg
Resíduos radioativos eliminados kg
Materiais para recuperação de energia kg
Energia exportada MJ por transportador de energia
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
3. INFORMAÇÃO TÉCNICA ADICIONAL E CENÁRIOS
3.1. A4 Transporte para o local da construção – Etapa de construção
3.2. A5 Instalação do produto no edifício - Etapa de construção
Parâmetro Unidades* Resultados
Materiais acessórios para instalação (especificado por material) kg ou outras unidades, conforme
apropriado
Uso de água m3
Utilização de outros recursos kg
Descrição quantitativa de fontes de energia (mix regional) e do consumo durante o processo de instalação
kWh ou MJ
Resíduos de materiais no local da obra antes do processamento de resíduos gerados pela instalação do produto (especificado por tipo)
kg
Saída de materiais (especificado por tipo) como resultado do processamento de resíduos no local da obra, por exemplo de recolha para reciclagem, valorização energética, eliminação
kg
Emissões diretas para o ar ambiente, solo e água kg
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
Parâmetro Unidades* Resultados
Tipo de combustível, consumo de combustível, tipo de veículo usado para o transporte (por exemplo, camião de longa distância, barco, etc.)
Litro de combustível por distância, tipo de veículo, Diretiva 2007/37/EC
(European Emission Standard)
Distância km
Capacidade do contentor (incluindo a viagem de volta sem carga)
% (carga útil)
Densidade dos produtos transportados kg/m3
Fator de capacidade em volume (fator=1 ou < 1 ou >1 para produtos comprimidos ou embalados)
Não aplicável
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
Logo requerente
11
3.3. B1 Etapa de Utilização
(Informação relevante sobre a utilização do produto) se aplicável
3.4. B2 Manutenção
Processo de manutenção (Descrição ou local onde se pode encontrar a informação)
Processo Unidades* Resultados
Ciclo de manutenção Número de ciclos por vida útil de referência ou por ano
Materiais auxiliares para manutenção, p. exemplo, detergentes de limpeza
kg/ciclo
Resíduos resultados de operações de manutenção (especificar os materiais)
kg
Água doce consumida durante a manutenção m3
Consumos de energia durante as operações de manutenção, p. exemplo, na limpeza a vácuo
kWh
Descrição de outros cenários a considerar4 Unidade apropriada
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
4 Caso não sejam descritos mais cenários, esta linha deverá ser eliminada no documento final.
Logo requerente
12
3.5. B3 Reparação
Processo de reparação (Descrição ou local onde se pode encontrar a informação)
Processo de inspeção (Descrição ou local onde se pode encontrar a informação)
Processo Unidades* Resultados
Ciclo de reparação Número de ciclos por vida útil de referência ou por ano
Materiais auxiliares, p. ex., lubrificantes, especificar os materiais
kg ou kg/ciclo
Resíduos resultantes do processo de reparação (especificar tipo de materiais)
kg
Água consumida durante os processos de reparação m3
Consumo de energia durante as reparações, como operações com maquinaria, etc.
kWh/ vida útil de referência, kWh/ciclo
Descrição de outros cenários a considerar5 Unidades apropriadas
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
3.6. B4 Substituição
Processo Unidades* Resultados
Ciclo de substituição Número de ciclos por vida útil de referência ou por ano
Consumos de energia durante as substituições de material, como operações com maquinaria, etc.
kWh
Troca de peças desgastadas durante o ciclo de vida útil do produto, por exemplo, zinco, chapas de aço galvanizado
kg
Descrição de outros cenários a considerar5 Unidades apropriadas
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
5 Caso não sejam descritos mais cenários, esta linha deverá ser eliminada no documento final.
Logo requerente
13
3.7. B5 Reabilitação
Processo de reabilitação (Descrição ou local onde se pode encontrar a informação)
Processo Unidade* Resultados
Ciclo de reabilitação Número de ciclos por vida útil de referência ou por ano
Consumos de energia durante as operações de reabilitação, como operações com maquinaria, etc.
kWh
Consumo de materiais de reabilitação, como tijolos, incluindo outros materiais auxiliares para o processo, lubrificantes, etc.
kg ou kg/ciclo
Resíduos resultantes de operações de reabilitação kg
Outros pressupostos para o desenvolvimento de cenários, como frequência e tempo, período de utilização, número de ocupantes6
Unidades apropriadas
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
3.8. B6 Utilização de energia (operacional)
Parâmetros Unidades* Resultados
Materiais acessórios especificados por kg de material kg ou unidades apropriadas
Consumo de água doce m3
Tipo de recurso energético, por exemplo, eletricidade, gás natural
kWh
Potência de equipamentos kW
Característica de desempenho, por exemplo, eficiência energética, emissões, a variação de desempenho com a capacidade de utilização etc.
Unidades apropriadas
Pressupostos adicionais para a elaboração de cenários, por exemplo, frequência e período de uso, número de ocupantes6
Unidades apropriadas
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
3.9. B7 Utilização da água (operacional)
Parâmetros Unidades* Resultados
Materiais acessórios especificados por kg de material kg ou unidades apropriadas
Consumo de água doce m3
Tipo de recurso energético, por exemplo, eletricidade, gás natural
kWh
Potência de equipamentos kW
Característica de desempenho, por exemplo, eficiência energética, emissões, a variação de desempenho com a capacidade de utilização etc.
Unidades apropriadas
Pressupostos adicionais para a elaboração de cenários, por exemplo, frequência e período de uso, número de ocupantes6
Unidades apropriadas
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
6 Caso não sejam descritos mais cenários, esta linha deverá ser eliminada no documento final.
Logo requerente
14
3.10. Etapa de Fim de Vida [C1 – C4]
Parâmetros Unidades* Resultados
Processos de recolha especificados por tipo kg recolhidos separadamente
kg recolhidos no mix dos resíduos de construção
Sistema de recuperação especificado por tipo kg para reutilização
kg para reciclagem
kg para recuperação de energia
Deposição final especificada por tipo kg de produto ou material para deposição final
Suposições para desenvolvimento de cenários (ex.: transporte)7
Unidades apropriadas
Definição de cenário7 Unidades apropriadas
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
3.11. Informação ambiental adicional relativa à libertação de substâncias perigosas
Título do cenário Parâmetros Unidades* Resultados
Cenário de emissões para o ar interior
Resultados dos testes de acordo com a CEN/TC 351
Descrição do cenário 17 Unidades apropriadas
Descrição do cenário n7 Unidades apropriadas
Cenário de libertação para o solo
Resultados dos testes de acordo com a CEN/TC 351
Descrição do cenário 17 Unidades apropriadas
Descrição do cenário n7 Unidades apropriadas
Cenário de libertação para a água
Resultados dos testes de acordo com a CEN/TC 351
(…)
Descrição do cenário 17 Unidades apropriadas
Descrição do cenário n7 Unidades apropriadas
* expressas por unidade funcional ou unidade declarada
Nota: Sempre que existam normas horizontais relativas à medição da libertação de substâncias perigosas regulamentadas utilizando métodos de ensaio harmonizados de acordo com as disposições dos Comités Técnicos responsáveis pelas Normas Europeias de produtos ou regulamentação nacional.
7 Caso não sejam descritos mais cenários, esta linha deverá ser eliminada no documento final.
Logo requerente
15
REFERÊNCIAS
Instruções Gerais do Sistema DAPHabitat, Versão 1.0, Outubro 2012 (em www.daphabitat.pt);
RCP – modelo base para produtos e serviços de construção. Sistema DAPHabitat. Versão 1.0, 2012 (em
www.daphabitat.pt);
NP ISO 14025:2009 Rótulos e declarações ambientais – Declarações ambientais Tipo III – Princípios e
procedimentos;
EN 15804:2012 Sustainability of construction works – Environmental product declarations – Core rules for the
product category of construction products;
EN 15942:2011 Sustainability of construction works – Environmental product declarations – Communication
format business-to-business.
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
ANEXO II – TABELA DE INDICADORES EXEMPLO DA NORMA EN 15978
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
ANEXO III – PLANTAS E ALÇADOS
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
CRIADO POR UM PRODUTO EDUCACIONAL DA AUTODESK
CR
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CRIADO POR UM PRODUTO EDUCACIONAL DA AUTODESK
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CRIADO POR UM PRODUTO EDUCACIONAL DA AUTODESK
CR
IA
DO
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M P
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K
CRIADO POR UM PRODUTO EDUCACIONAL DA AUTODESK
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
ANEXO IV – DECLARAÇÕES AMBIENTAIS DE PRODUTO DO AÇO E DO ACABAMENTO
DE PINTURA
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
Environmental Product Declaration A c c o r d i n g t o I S O 1 4 0 2 5
Declaration number
EPD-CEL-2011112-1-E
Institute Construction and Environment
www.bau-umwelt.com
Structural Section Steel
CELSA Barcelona
Summary
EnvironmentalProduct
Declaration
Institute Construction and Environment www.bau-umwelt.com
Program holder
CELSA Barcelona
Carrer de la Ferralla, 2, Pol. Ind. San Vicente 08755 Castellbisbal (Barcelona) Spain
Declaration holder
EPD-CEL-2011112-1-E Declaration number
Structural section steel
This declaration is an environmental product declaration according to ISO 14025 and describes the specific environmental impacts of the mentioned construction materials. It is supposed to support the sustainable development of environmental and health friendly construction. All relevant environmental data is contained in this validated declaration.
The declaration is based on the PCR document „Construction steel 12-2010“. (PCR_Baustaehle_12_2010)
Declared Building Products
This validated declaration entitles the usage of the label of the Institute for Construction and Environ-ment. This exclusively applies to the mentioned products, three years from the date of issue. The declaration holder is liable for the basic information and verifications.
Validity
The declaration is complete and contains in detailed form:
- Product definition and information about building physics - Information about material characteristics and the material’s origin - Description of the product’s manufacturing - Indication of product processing - Information about the in-use conditions, extraordinary impacts and end-of use phase - Life cycle assessment results - Testing results and evidences
Content of the
declaration
16th Mai 2011 Date of Issue
Signatures
Prof. Dr.-Ing. Horst J. Bossenmayer (Präsident des Institut Bauen und Umwelt)
This declaration, and the rules on which it is based, have been verified by the independent Advisory
Board (SVA) according to ISO 14025. Verification of
the Declaration
Signatures
Prof. Dr.-Ing. Hans-Wolf Reinhardt (Vorsitzender des SVA) Dr. Frank Werner (Prüfer vom SVA bestellt)
Summary
EnvironmentalProduct
Declaration
This EPD applies to 1 kg of structural section steel. Product description
Structural products are used in the majority of buildings and civil works, mainly in structural steel con-structions or in combination with reinforced concrete. .
Examples:
- Bridges (railway bridge, road bridge, pedestrian bridge, etc.)
- Multi-storey buildings (offices, residential, shops, car parks, high rise, etc.)
- Single storey buildings (industrial and storage halls, etc.)
- Other structures (warehouses, industrial and commercial buildings)
In addition to the construction sector there are an endless number of applications in very diverse sec-tors, such as transport, agriculture, automotive, livestock farming, electricity pylons and cranes.
Applications
The LCA is performed according to ISO 14040 ff. corresponding to the requirements of the guidelines concerning Type III declarations of the Institute for Construction and Environment. Specific industrial data as well as data from the data base „GaBi 4” is used as data basis. The LCA comprises raw material and energy consumption, raw material transports and the actual production phase of structural steel as well as its recycling at the end of the life cycle whilst considering the recycling potential. The LCA applies to structural sections for several structural applications.
Scope of the LCA
Structural Steel
Parameter Unit per kg Production End-of-Life* Total
Primary energy, non-renewable [MJ] 12,05 0,11 12,17
Primary energy, renewable [MJ] 1,05 -0,15 0,90
Global Warming Potential (GWP 100 years)
[kg CO2-eqv.] 0,67 0,10 0,76
Ozone Depletion Potential (ODP) [kg R11-eqv.] 7,47E-08 -1,26E-08 6,21E-08
Acidification Potential (AP) [kg SO2-eqv.] 4,06E-03 5,11E-05 4,11E-03
Eutrophication Potential (EP) [kg PO43--eqv.] 2,33E-04 -6,74E-06 2,26E-04
Photochemical Ozone Creation Potential (POCP)
[kg C2H4-eqv.] 2,87E-04 5,77E-05 3,45E-04
Results of the LCA
* In this EPD 88% recycling, 11% reuse and 1% loss are assumed.
Issued by: PE INTERNATIONAL, Leinfelden-Echterdingen
In cooperation with CELSA Barcelona
No testings and evidences required Testing and
evidences
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Scope of validity This environmental product declaration applies to the reinforcing structural sec-tions steel produced by CELSA Barcelona.
1 Product definition
Product definition The steel products produced are:
- Sections: hot rolled structural steel sections in various shapes (I, H, L, U, flats, etc.)
Technical properties (strength level) are: S235 to S960
No metallic or organic coating
Application Steel products are used in the majority of buildings and civil works.
Examples:
- Bridges (railway bridge, road bridge, pedestrian bridge, etc.)
- Multi-storey buildings (offices, residential, shops, car parks, high rise, etc.)
- Single storey buildings (industrial and storage halls, etc.)
- Other structures (warehouses, industrial and commercial buildings) In addition to the construction sector there are an endless number of applications in very diverse sectors, such as transport, agriculture, automotive, livestock farming, electricity pylons and cranes.
Placing on the market/ Codes of practice
Steel products are produced following customer national and/or international techni-cal regulations applicable where the product will be used.
In addition, the products are frequently certified, in accordance with product stan-dards such as: EN 10025.
Most common design codes applicable are: Eurocodes, AISC and CTE.
Quality control Certified Quality Management System (ISO 9001) and Environmental Management System (ISO 14001)
Product certifications: CE mark and AENOR.
Delivery status, characteristics
Delivery conditions in accordance with customer requirements, intended use, and possible technical regulations and certification requirements, when applicable.
Constructional data
Basic product characteristics according to relevant product standards: EN 10025, ASTM A36, A572 and A992, etc.
Table 1: Material properties
Material property Unit Value
Unit mass ρa kg/m³ 7850
Modulus of elasticity Ea MPa 210000
Shear modulus Ga MPa 81000
Modulus of linear thermal expansion aa K-1 12*10-6
Thermal conductivity at 20°C λ W/(m*K) 48-58
Tolerances: EN 10034; EN 10060; EN 10058; EN 10056; EN 10059; EN 10279.
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2 Basic materials
Base materials primary products
100% metal scrap (pre-consumer, post-consumer and internal scrap)
Auxiliary sub-stances / additives
Calcium oxide, anthracite, HBI (hot briquetted Iron), coke from coal, and ferroalloys (ferrosilicon silicomanganese, calcium fluoride, ferroniobium, ferrovanadium, ferroti-tanium, ferroboron and silicocalcium)
Percentages in weight of these additives depend on the required quality of the fin-ished product.
Material explana-tion
Steel scrap is a secondary raw material, defined in different qualities, depending on the composition (Fe content) and certain characteristics (plate, section steel, galva-nized sheets, etc.).
Anthracite and calcium oxide are natural raw materials, in different qualities, de-pending of course on their composition and structure available. The various alloys and coke from coal are natural resources, partially treated for use in steel produc-tion. Alloys are, among other things made from recycled material.
Raw material ex-traction and origin
Scrap metal and, in part, the alloys are compiled following the dismantling and crushing plants, other ultimate consumers (post-consumer), steel production and manufacturing process of steel products (pre-consumer) and the internal preparation of scrap for steelmaking. Calcium oxide, carbon and ferroalloys alloys are usually extracted from the soil as natural raw materials.
Availability of raw materials
Recycling of steel scrap saves primary material. Steel scrap is available and traded globally. Europe is in fact net exporter of steel scrap.
3 Product manufacturing
Manufacturing the building product
Scrap metal is melted in electric arc furnace to obtain liquid steel. Refinement is used (reduction of sulphur and phosphorus) and can be alloyed (e.g. approx. 1% Mn, 0.2% Si) and micro alloyed (e.g., 0.01% V) to give the steel specific properties. At the end of the production of steel, molten steel is transformed into a semi-finished product with a continuous casting system. The semi-finished product (billet) is hot rolled to obtain the final product. Hot rolling process which is taken into account in this EPD results in section steel only.
Health protection Production
Sostenibilidad Siderúrgica Management System: independent third party certifica-tion scheme which covers health and safety aspects, among other sustainability aspects beyond national regulations (http://sostenibilidadsiderurgica.com).
Environmental protection Production
Environmental management (EM) in accordance with ISO 14001 and Sostenibilidad Siderúrgica Management System (http://sostenibilidadsiderurgica.com).
4 Product processing
Processing rec-ommendations
Processing and proper use of steel products depends on the application and should be made in accordance with generally accepted practices, standards and manufac-turers recommendations.
National technical regulations (e.g. CTE.), when applicable, as well as Euro codes among others, apply to the design and construction of steel structures. They deal with requirements for performance, sustainability, durability and fire resistance of steel and steel structures. EN 1090 applies to the design and construction of steel structures.
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During transport and storage of steel products the usual requirements for securingloads is to be observed.
For the further processing of steel products, the applicable standards, guidelines andgeneral practice are to be considered.
Occupational safety/Environ-mental Protection
When handling and using the products, no additional means to protect health are required beyond the usual occupational safety measures.
No environmental impacts occur when working with or using these products under normal conditions of use. No special measures are necessary for the protection of the environment.
Residual material Residual materials are separated for in-house recycling. The steel scrap can be recycled almost completely.
Packaging Products are delivered without packaging.
5 Condition when in use
Constituent parts The main constituent of structural steel sections is iron. Carbon steel, which is an alloy that consists mostly of iron, has carbon as alloying element in a percentage by weight depending on the required steel grade of the finished product. In minor quan-tities other alloying elements are used, such as manganese, chromium and vana-dium.
The constituents are those referred to in Chapter 2.
Effects on envi-ronment and health
Health aspects:
Steel products, under normal conditions of use, do not cause adverse health effects.
Environmental aspects:
If the steel products are used according to their intended use, under normal condi-tions, there will be no significant environmental impact to water, air/atmosphere and soil.
Service life The use and maintenance requirements are not based on the steel products but on the specific design and application.
Design of construction elements using steel products usually considers the specific atmospheric and corrosive environment, and provides with the necessary corrosion protection for the desired useful live.
6 Extraordinary impacts
Fire Fire resistance class A1 (non-combustible) according to EN 13501.
Steel does not produce smoke.
Water
Steel is stable, insoluble and does not emit substances into water. In the presence of oxygen in the water, steel is corroded (= slow oxidation).
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7 End of Life phase
Reuse/ Reutilisation
Structural steel can be reused after its recovery. In particular when steel construc-tions are properly designed to facilitate disassembly and re-use at the end of their useful lives.
Currently, around 11% of the considered steel products are re-used after disman-tling [Estimate based on the following sources: /European Commission Technical Steel Research/, /“Declaration Environnementale et Sanitaire Conforme a la Norme NF P 01-010“, Pourtrelle en acier, Décembre 2007/, /“Steel Recycling Rates at a Glance“, Steel Recycling Institute, 2007/]
Recycling Steel is 100% recyclable and scrap can be converted to the same (or higher or lower) quality of steel depending upon the metallurgy and processing of the recy-cling route.
Currently, around 88% of the products are recycled.
Disposal Due to its high value as a resource, steel scrap is not disposed of, but instead in a well established cycle fed to reuse or recycling. However, in case of disposal (dis-posal code: 17 04 03) no environmental impacts result.
8 Life cycle assessment
8.1 Information on system definition and modelling of the life cycle
Declared Unit This EPD applies to 1 kg product of section steel.
System boundaries
The selected system boundaries of this study encompass the following steps:
Production of raw materials and energy
Production / Manufacture of the product
Waste water treatment
End-of-Life (Reuse, recycling, remelting of steel scrap)
Assumptions and estimations
No additional assumptions and estimations were necessary for the LCA.
Cut-off criteria On the input side all flows entering the system and comprising more than 1% in total mass or contributing more than 1% to primary energy consumption are considered All inputs used as well as all process-specific waste and process emissions were assessed. For this reason material streams which were below 1 % mass percent were captured as well. In this manner the cut-off criteria according to the IBU guide-line are fulfilled.
All background data relevant to the selected system boundaries – such as material and energy production – are taken from the GaBi 4 database (/GaBi 4 2006/). Re-spective cut-off criteria (system boundaries) are given in the documentation of the data sets (/GaBi 4 2006/).
Transports Transports distances are included in all background data sets, as well as considered for transportation of post-consumer steel scrap.
Period under con-sideration
Modelling is based on production data from 2009. Background data refer from 2002 to 2008 (/GaBi 4 2006/).
Background data Background data like material and energy production are taken from the GaBi 4 database (/GaBi 4 2006/).
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Data quality The production is modelled based on volume production data of CELSA Barcelona. Amounts for the input and output of energy and materials have been directly de-rived from annual production data of 2009.
Allocation The by-product EAF slag is used for road embankment as well as asphalt pavement and modelled as substituting gravel. The by-product SMS slag is used for the manu-facturing of cement and modelled accordingly.
Energy consumption for machines is measured directly throughout the production. Therefore electricity consumption at the production site can be directly broken down to the declared products under study.
Steel scrap from production is directly used in the furnace process. Site external steel scrap (from other sources) is calculated as being used in the electric arc fur-nace process, see chapter “Credits”.
End-of-Life Sce-nario
The End-of-Life scenario considers the reuse and the recycling of section steel.
11 % of the products at End-of-Life is modelled as reuse of structural steel.
88 % of the steel scrap is used for remelting in an EAF.
A small amount (1%) of steel scrap is lost during the collection and therefore no further treatment is considered.
Credits A significant amount of steel scrap is needed for the initial production step of the structural steel, as the production takes place via the EAF, the so-called secondary route. This results in net scrap consumption over the whole life cycle of the struc-tural steel under study, i.e. more steel scrap is consumed during the production than made available for a next life cycle. The resulting burdens of this net consumption are covered by primary steel production.
In the case of reuse, primary production is credited.
8.2 Description of the assessment results and analysis
Life Cycle Inventory
The following chapter determines material and energy flows along the manufacture and the End-of-Life of the considered products.
Primary energy
The average primary energy input of the production and recycling of 1 kg structural steel is shown in Table 2
Due to the net demand of steel scrap along the whole life cycle of the considered structural products, the credit for steel recycling represents a contribution to the total primary energy input.
The EAF dominates the production phase in terms of primary energy input with a contribution ~75%.
Considering the different primary energy carriers during the production phase, hard coal has highest influence (~40 %), followed by natural gas with ~20% and uranium with ~20 % - see Figure 1.
Uranium is only used in the extraction of power in nuclear power plants.
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Table 2: Primary Energy Input of 1 kg Structural Steel
Figure 1: Sources of Non-renewable Primary Energy in the Production Stage
Water utilisation The following table shows the water consumption of 1 kg Section steel. The total amount of water consumption per kg is 2.63 kg.
Table 3: Water Consumption of 1 kg Section Steel
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Wastes The following aggregated values of the life cycle inventory analysis, referring to waste production, represent 1 kg Section steel.
Stockpile goods produced during the production phase are dominated by overbur-den. Overburden is mainly generated by coal extraction and lime making. Table 4: Waste of 1 kg Section Steel
Impact assessment
For the evaluation of the potential environmental impact of the structural steel the CML-methodology (CML = Center voor Milieukunde at Leiden) with the characteri-zation factors of 2009 (November) is applied.
Abiotic Resource Depletion (ADP)
Acidification Potential (AP)
Eutrophication Potential (EP)
Global Warming Potential (GWP)
Ozone Layer Depletion Potential (ODP)
Photochemical Ozone Creation Potential (POCP)
The following impact assessment indicators represent 1 kg section steel (production and EoL (=recycling) phase).
Table 5: Impact Assessment Indicators of 1 kg Structural Steel
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The EAF route – as dominant step in the production – is determined in all environ-mental impact categories by its power consumption: > 70% for ADP, >70% for GWP, ~100% for ODP, ~80% for AP, ~70% for EP and ~70% for POCP.
The Global Warming Potential (GWP) is dominated by CO2 emissions. Me-thane emissions to air are also contributing to this category.
The results of the impact category Acidification Potential (AP) are mainly de-termined by sulphur dioxide (as well as nitrogen oxides) as emissions to air.
Main contributing emissions (to air) in the context of the Eutrophication Poten-tial (EP) are nitrogen oxides.
The Photochemical Ozone Creation Potential (POCP) is described by carbon monoxide, sulphur dioxide, nitrogen oxide, NMVOC as well as methane as emissions to air.
9 Testing and evidences
Not relevant for these products.
10 PCR-document and verification
This declaration is based on the Product Category Rules Construction Steel, 2010-12
The PCR review was conducted by the IBU Advisory Board (SVA) Chair of the IBU SVA: Prof. Dr.-Ing. Hans-Wolf Reinhardt (Universität Stuttgart, IWB)
Independent verification of the declaration according to ISO 14025:
internal external
Validation of the declaration: Dr. Frank Werner
11 References
/Institut Bauen und Umwelt/
Leitfaden für die Formulierung der produktgruppen-spezifischen Anforderungen der Umwelt-Produktdeklarationen (Typ III) für Bauprodukte, www.bau-umwelt.com
/GaBi 4 2006/
GaBi 4: Software und Datenbank zur Ganzheitlichen Bilanzierung. LBP, Universität Stuttgart und PE International, 2001-2006.
/European Comis-sion Technical Steel Research/
ECSC project: LCA for steel construction – Final report EUR 20570 EN; February 2002; The Steel Construction Institute
/Declaration Pourtrelle en acier/
Declaration Environnementale et Sanitaire, conforme a la norme NF P 01-010, Pou-trelle en acier, Décembre 2007; Office Technique pour l’Utilisation de l’Acier
/Steel Recycling/ Steel recycling rates at a glance, 2007 Steel recycling rates; Steel Recycling Insti-tute
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Standards and laws
/EN 10025/ EN 10025:2005, Hot rolled products of structural steels - Part 1: General technical delivery conditions
/EN 10029/ EN 10029:2010, Hot-rolled steel plates 3 mm thick or above - Tolerances on dimen-sions and shape
/EN 10034/ EN 10034:1993, Structural steel I and H sections; tolerances on shape and dimen-sions
/EN 10056/ EN 10056-1:1998-10, Structural steel equal and unequal leg angles: Dimensions
/EN 1090/ EN 1090-1:2009, Execution of steel structures and aluminum structures - Part 1: Requirements for conformity assessment of structural components
/EN 10279/ EN 10279:2000, Hot rolled steel channels - Tolerances on shape, dimensions and mass
/EN 10060/ EN 10060:2003, Hot rolled round steel bars - Dimensions and tolerances on shape and dimensions
/EN 10059/ EN 10059:2003, Hot rolled square steel bars for general purposes - Dimensions and tolerances on shape and dimensions
/EN 10058/ EN 10058:2003, Hot rolled flat steel bars for general purposes - Dimensions and tolerances on shape and dimensions’
/EN 10055/ EN 10055:1995, Hot rolled steel equal flange tees with radiused root and toes - Di-mensions and tolerances on shape and dimensions’
/EN 10083-2/ EN 10083-2:2006, Steels for quenching and tempering - Part 2: Technical delivery conditions for non alloy steels’
/DIN 18800-7/ DIN 18800-7:2008-11, Stahlbauten
/ASTM A 36/ ASTM A 36:2008, Standard specification for carbon structural steel
/ASTM A572/ ASTM A 572:2007, Standard specification for high-strength low-alloy columbium-vanadium structural steel
/ASTM A913/ ASTM A913:2007, Standard specification for high-strength low-alloy steel shapes of structural quality, produced by quenching and self-tempering process (QST)
/ASTM A992/ ASTM A992:2006, Standard specification for structural steel shapes
/ISO 14025/ ISO 14025: 2007-10, Umweltkennzeichnungen und -deklarationen - Typ III Umwelt-deklarationen - Grundsätze und Verfahren (ISO 14025:2006); Text Deutsch und Englisch
/ISO 14040/ ISO 14040:2006-10, Umweltmanagement - Ökobilanz - Grundsätze und Rahmen-bedingungen (ISO 14040:2006); Deutsche und Englische Fassung EN ISO 14040:2006
/ISO 14044/ ISO 14044:2006-10, Umweltmanagement - Ökobilanz - Anforderungen und Anlei-tungen (ISO 14044:2006); Deutsche und Englische Fassung EN ISO 14044:2006
Publisher:
Institute Construction and Environment (IBU e.V.)
Rheinufer 108
53637 Königswinter
Tel.: +49 (0) 2223 296679 0
Fax: +49 (0) 2223 296679 1
Email: info@bau-umwelt.com
Internet: www.bau-umwelt.com
Layout:
PE INTERNATIONAL
CELSA Barcelona
Carrer de la Ferralla, 2,
Pol. Ind. San Vicente
08755 Castellbisbal (Barcelona)
Spain
Declaration number
EPD-STO-2011321-E
Institute Construction and Environment (IBU) e.V.
www.bau-umwelt.com
Primers and facade paints(organic)
Sto Aktiengesellschaft
Environmental Product Declaration i n a c c o r d a n c e w i t h I S O 1 4 0 2 5
Abbreviated version
Environmental Product Declaration
Institut Bauen und Umwelt e.V. www.bau-umwelt.com
Programme holder
Sto Aktiengesellschaft
Ehrenbachstrasse 1
D-79780 Stühlingen
Declaration holder
EPD-STO-2011321-E Declaration number
Primers and facade paints:
StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor Crylan,
StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX
This declaration is an environmental product declaration in accordance with ISO 14025 and describes the environmental performance of the building products named here. It is intended to promote the development of environmentally friendly and healthful construction. All relevant environmental data are disclosed in this validated declaration. The declaration is based on the PCR document "Coatings with organic binders", base year 2010-04.
Declared
building products
This validated declaration entitles us to carry the mark of Institut Bauen und Umwelt e. V. It is applicable only for the named products for three years from the date of issue. The declaration holder is liable for the underlying statements and documentation.
Validity
The declaration is complete and contains in detailed form: - product definition and structural specifications - specifications on basic materials and their origin - descriptions of how the products are manufactured - notes on product application - statements on the condition of use, extraordinary effects and stage after use - results of the life cycle assessment - documentation and tests
Contents of the declaration
26 February 2011 Date of issue
Signatures
Prof. Dr.-Ing. Horst J. Bossenmayer (President of the IBU)
This declaration and the underlying norms have been examined in accordance with ISO 14025 by the independent Expert Committee. Audit of the declaration
Signatures
Prof. Dr.-Ing. Hans-Wolf Reinhardt (chair of the Expert Committee)
Dr. Eva Schmincke (Examiner appointed by the Expert Com-mittee)
Abbreviated version
Environmental Product Declaration
Facade paints according to DIN EN 1062 and primers are factory-manufactured, fluid mixtures made of one or more water-based polymer dispersions, possibly combined with silicon- or silicate-based binders, mineral bulking agents, pigments, water and additives. Hardening is through drying and film formation of the polymer binders. As a rule, they are preserved for the duration of storage against bacteria, yeast or fungus. They can also be equipped with additives to protect their own coat and surface against algae and fungus during the utilisation phase.
Product description
For use as exterior coatings and primers for mineral substrates, and possibly also organic substrates, as well as wood and metal surfaces.
Field of application
The Life Cycle Assessment (LCA) was performed in accordance with DIN EN ISO 14040 / and /DIN EN ISO 14044/, following the requirements of the Product Category Rules (PCR) for "Coatings with organic binders". The LCA covers raw materials and energy production, raw materials transportation, actual manufacture, use and disposal. The long version (see chapter 8) also contains information on transportation, stage of use and disposal of facade paints and primers.
Framework of the
life cycle assessment
Raw material provision, production up to the factory gates
Sto
Pre
p M
iral
Sto
-Prim
er
Sto
Col
or J
umbo
sil
Sto
Col
or C
ryla
n
Sto
Col
or M
axic
ryl
Sto
Silc
o C
olor
Sto
Sil
Col
or
Lotu
san
Sto
Pho
tosa
n N
OX
1,27E+01 1,21E+01 2,18E+01 2,58E+01 2,92E+01 1,68E+01 2,96E+01 2,60E+01 3,79E+01
1,62E-01 6,64E-02 1,15E-01 1,27E-01 1,36E-01 4,73E-01 3,78E-01 3,39E-01 4,68E-01
Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 4,97E-03 5,03E-03 9,06E-03 1,07E-02 1,21E-02 6,67E-03 1,15E-02 1,02E-02 1,48E-02
Global warming potential (GWP 100) [kg carbon d7,56E-01 3,90E-01 7,27E-01 8,86E-01 9,91E-01 7,04E-01 1,76E+00 1,26E+00 1,84E+00
Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 5,85E-07 8,00E-07 1,38E-06 1,55E-06 1,64E-06 1,37E-06 1,36E-06 1,91E-06 2,28E-06
Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 7,47E-03 2,31E-03 4,40E-03 5,57E-03 5,95E-03 5,31E-03 1,77E-02 1,17E-02 1,78E-02
Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 9,58E-04 2,23E-03 4,16E-03 4,92E-03 5,92E-03 1,96E-03 2,39E-03 2,33E-03 2,61E-03
Photochemical ozone creation potential (POCP) 2,68E-04 3,74E-04 6,94E-04 8,26E-04 9,72E-04 4,48E-04 7,00E-04 7,25E-04 1,04E-03
Unit per litre
Evaluation dimension
Primary energy requirement, non-renewable [MJ]
Primary energy requirement, renewable [MJ]
Unit per kg
Raw material provision, production,utilisation and disposal
Sto
Pre
p M
iral
Sto
-Prim
er
Sto
Col
or J
umbo
sil
Sto
Col
or C
ryla
n
Sto
Col
or M
axic
ryl
Sto
Silc
o C
olor
Sto
Sil
Col
or
Lotu
san
Sto
Pho
tosa
n N
OX
1,31E+01 1,24E+01 2,24E+01 2,63E+01 2,97E+01 1,74E+01 3,02E+01 2,66E+01 3,85E+01
1,62E-01 6,64E-02 1,15E-01 1,27E-01 1,36E-01 4,73E-01 3,78E-01 3,39E-01 4,68E-01
Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 5,14E-03 5,21E-03 9,33E-03 1,09E-02 1,23E-02 6,93E-03 1,18E-02 1,04E-02 1,51E-02
Global warming potential (GWP 100) [kg carbon d7,85E-01 4,19E-01 7,70E-01 9,26E-01 1,03E+00 7,46E-01 1,80E+00 1,30E+00 1,88E+00
Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 5,85E-07 8,00E-07 1,38E-06 1,55E-06 1,64E-06 1,37E-06 1,36E-06 1,91E-06 2,28E-06
Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 7,78E-03 2,63E-03 4,89E-03 6,02E-03 6,41E-03 5,79E-03 1,82E-02 1,21E-02 1,83E-02
Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 9,98E-04 2,27E-03 4,22E-03 4,98E-03 5,98E-03 2,02E-03 2,45E-03 2,39E-03 2,67E-03
Photochemical ozone creation potential (POCP) 3,01E-04 4,07E-04 7,45E-04 8,72E-04 1,02E-03 4,98E-04 7,51E-04 7,75E-04 1,09E-03
Primary energy requirement, renewable [MJ]
Unit per kg Unit per litre
Evaluation dimension
Primary energy requirement, non-renewable [MJ]
Scope of the life cy-
cle assessment
* For a building life cycle assessment, the material requirement per surface is decisive; see also table in 8.2.2.
In addition, the following documents and tests are depicted in the environmental declaration:
Radioactivity: Determination of the radionuclides in accordance with gamma spectroscopic analysis by the Fraunhofer-Institut für Bauphysik, Stuttgart-Holzkirchen, Prof. Dr. Klaus Sedlbauer
VOC emissions: Emission investigations in accordance with DIN EN ISO 16000-9/11 /ISO 16000/ and evalua-tion in accordance with Committee for Health-related Evaluation of Building Products (AgBB) plan /AgBB/ by the Fraunhofer-Institut für Bauphysik, Stuttgart-Holzkirchen, Prof. Dr. Klaus Sedlbauer
Washing out of substances: The method for washing out components from exterior coatings is currently being developed in the TC 139 WG 10.
Documents
and tests
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
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Product group: Coatings with organic binders Issued on Declaration holder: Sto AG, Ehrenbachstrasse 1, D-79780 Stühlingen, Germany 26-02-2011 Declaration number: EPD-2011321-E
Area of application This environmental declaration refers to facade paints and primers with organic binders from the Sto factory in Weizen
1 Product definition
Product definition Facade paints and primers with organic binders according to DIN EN 1062 are factory-manufactured, fluid mixtures made of one or more water-based polymer dispersions, possibly combined with silicon- or silicate-based binders, mineral bulking agents, pigments, water and additives. Hardening is through drying and film formation of the polymer binders.
Application For use outdoors as coatings and primers for mineral substrates, and possibly also organic substrates, as well as wood and metal surfaces.
Direct contact with groundwater is not intended.
Placing on the market /rules for use
DIN EN 1062
Quality assurance Internal and external supervision in accordance with the above standards. Quality management system in accordance with DIN EN ISO 9001. Environmental management system in accordance with EMAS or DIN EN ISO 14001, certification number: 003651 QM, 003651 UM
Properties as supplied Facade paints and primers with organic binders are produced in the factory as fluid products and filled into plastic containers, drums or wet silos, possibly tinted and temporarily stored, and delivered to the construction site. They are applied manually with suitable tools or by spraying. After drying and hardening, the result is weather-resistant (possibly tinted) coatings with good flexibility, impact resistance and possibly crack bridging and with good adhesion to practically all substrates.
Building technology
data
Criterion Standard
Sto
Pre
p M
iral
Sto
-Prim
er
Sto
Col
or J
umbo
sil
Sto
Col
or C
ryla
n
Sto
Col
or M
axic
ryl
Sto
Silc
o C
olor
Sto
Sil
Col
or
Lotu
san
Sto
Pho
tosa
n N
OX
Unit
Density DIN 53217 1,50 1,50 1,55 1,40 1,45 1,50 1,55 1,50 1,50 g/ml
pH value DIN ISO 10390 10 - 11.5 8 - 9 8 - 9 8.5 - 9.5 8 - 9 8.5 - 9.5 10 - 11.5 8 - 9 8 - 10.5 pH
Water vapour diffusion flow density V
EN ISO 7783-2 > 2100 65 - 98 89 - 95 13 - 16 15 - 18 200 - 400 > 2000 2100,0 > 400 g/(m²*d)
Water permeability rate W
EN 1062-3 0,043 0,05 < 0.05 < 0.05 < 0.05 0,1 < 0.1 0,05 0,1 kg/m² *Vh
Solids contentDIN 18556DIN 53189
69 - 74 58 - 64 66.5 - 67.5 60 - 61 60 - 64 63.5 - 64.5 59 - 60 64 - 65 59 - 65 pH
Lightness and degree of whiteness are not relevant for facade paints and primers.
Sound protection Sound-protection requirements are not placed on facade paints and primers with organic binders.
Biocidal characteris-tics
Facade paints and primers with organic binders are normally preserved for the duration of storage against bacteria, yeast or fungus. Facade paints can also be equipped with biocides to protect their own coat and surface against algae and fungus during the utilisation stage.
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2 Base materials
Base materials primary products Basic materials Mass %
Polymer dispersion 50% 6 - 28
Stone dust 28 - 61
Pigments 2 - 20
Hydrophobic agent 0.9 - 5
Sodium silicate 13 - 20
Water 14 - 26
Materials / additives The following materials and additives can be used as needed:
Materials / Additives Mass %
Thickening agent 0 - 0.7
Water retention agent 0.1 - 0.4
Anti-foaming agent 0.1 - 0.3
Dispersing agent 0.1 - 2.0
Film forming agent 0.5 - 2.7
Container / film conservation 0.2 - 1.0
Fibre 0 - 8.5
Caustic potash solvent 50% 0 - 0.1
Explanation of materi-als
Polymer dispersions: Water-based dispersions based on copolymers (acrylate, styrolacrylate, terpolymers, etc.)
Rock flour: Powder made of natural materials, such as quartz ( SiO2) or calcite (CaCO3). They can contain minor and trace minerals.
Pigments: Mineral pigments, mostly titanium dioxide
Bulking agents: Synthetic bulking agents, such as precipitated CaCO3, BaSO4, Al(OH)3, etc.
Thickening agents: Cellulose or starch ethers, polyacrylate and polyurethane products.
Water retention agents: Special cellulose ethers to achieve longer working times.
Anti-foaming agents: Surface-active substances for avoiding foam formation during manufacture and application
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Dispersing agents: Surface-active substances for fast distribution of bulking agents and pigments.
Film-forming agents: Organic solvents for reducing the film-formation temperature in case of low outside temperature.
Packaging preservative: Preservative for stabilising the products during the storage phase (mostly on isothiazolinone basis).
Hydrophobing agents: Substances from the silane/siloxane/silicon group
Film conservation: Substances to protect the film against algae and fungi.
Potassium hydroxide solution: Solution comprising KOH in water
Raw materials extrac-tion and origin
Sand and limestone powders are extracted from natural deposits in near-surface lay-ers by means of grinding and selection processes. The extracted mineral raw materi-als come from within a radius of maximum 300 kilometres from the plant.
Water-based polymer dispersions are produced through polymerisation of suitable monomers, mostly with 50% solids content at chemical companies and delivered in silo wagons. The transport distances are max. 400 kilometres.
Additives are manufactured by chemical companies and delivered in sacks, drums or silos. Transport distances can be up to 600 kilometres.
Availability of raw materials
Many organic components are dependent on fossil raw materials (oil, natural gas, coal), which are considered to be scarce. Some of the organic products, such as cel-lulose derivatives, fatty acids, alcohols, etc., are gained from renewable raw materi-als. Mineral components consist of mineral raw materials which are not scarce.
3 Product manufacture
Product manufacture The formulations used are optimised according to market requirements within the percentage spectrum specified under section 2, Base Materials. Other materials are not included.
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WaterDyes +
Pigments
Binding agentMaterials and
Additives
Dispenser
Weighing
Quality control
Filling
Correction
SilosContainer
Paletting
Packaging
Power
Mixing
Facade paints and primers are manufactured in mixing plants in the following work steps:
1. Filling of the inventory or weighing containers 2. Conveyance of the ingredients into the mixer 3. Dispersing and mixing 4. Quality control, adjustment of the consistency, if necessary 5. Filling of the products into storage and transport packaging 6. Loading and delivery
The raw materials are stored in the production factory in silos, big bags, drums or sacks. According to the respective formulation, they are gravimetrically dosed and intensely mixed. After filling and packaging, they are temporarily stored or delivered directly. At the construction site, the products' consistency can be adjusted with water to meet the application and weather conditions.
Health protection manufacturing
In the chemical industry, safety glasses and gloves and possibly protective helmets are required in the plant. Modern mixing plants have automatic dosing of raw materi-als, so employees have practically no contact with raw materials. For solvents and preservatives, the manufacturer's safety instructions are followed.
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Environmental protec-tion manufacturing
Water If the product remains the same, cleaning water is used as mixing water for the sub-sequent lot. Otherwise, all production wastewater is cleaned in our own wastewater treatment plant and then sent on to the municipal wastewater treatment plant. Dry waste (dust) is worked in.
Liquids Storage and production are protected through safety measures against undesired leakage of fluid components (double-walled silos or collecting vats). Noise Noise level measurements have shown that all values determined inside and outside the production sites are well below the required specifications. Waste Types of waste include foils, paper bags, wood, paper, waste oil, metal scrap and residual commercial waste. These waste types are separated, stored and recycled.
4 Product application
Application recom-mendations
Organically bound facade paints and primers can be applied manually or by machine. After the products are applied to the intended surfaces (one or two coats), they are evened out with an appropriate tool.
Specific information on application and other actions with these products are de-scribed in detail in the technical data sheet.
Occupational safety environmental protec-tion
The regulations of the workers' compensation insurers and the respective safety data sheets of the products apply. When working with organic solvents, ammonia, preservatives and sodium silicate, the instructions and safety measures of GISBAU or the applicable national safety infor-mation agency as well as EC safety data sheets shall be followed. Direct contact with the eyes and skin must be avoided through personal protective measures. During application and drying of the facade paints and primers, film forming agents (solvents) are released into the atmosphere. No other negative influences on the en-vironment are currently known. Fluid facade paints and primers must not reach the sewer system, surface water or groundwater. That also applies to the cleaning water for tools and machines. The wastewater is collected and disposed of through suitable cleaning systems.
Residual material Due to the value of these products, the residual material is kept and used at the next construction site.
Packaging Packaging, such as foils, plastic buckets and paper, is collected separately and given to the waste management contractor for recycling. The reusable wood pallets are given back to the manufacturer, who repays the de-posit, and returned to the production process.
5 Usage conditions
Ingredients As depicted under point 3 Product Manufacture, mostly natural rock flour, pigments and water-based polymer dispersions are used in the production of facade paints and primers with organic binders. The additives for improvement of application and stor-age characteristics are added only in small amounts.
Effects on
environment and health
After drying, the unique matrix of rock flour and water-based polymer dispersion re-sults in firm, long-lasting, elastic and crack-resistant films, which adhere to practically all substrates. Fresh paint on the facade of buildings without roof projections can sometimes be damaged by rain. Small amounts of water-soluble components can be extracted.
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Possible effects of algicide/fungicide washout from rain cannot currently be specified. But the Biocidal Products Directive 98/8/EC is complied with. Other hazards are not expected if the products are used as intended.
Useful lives Organically bound facade paints are largely weather- and crack-resistant and, with appropriate care, such as through cleaning or possibly repainting, can last as long as the building.
6 Extraordinary influences
Fire The products correspond to Class B1 in accordance with DIN 4102-1. But in practice, they are always tested in a system or with the corresponding building element in ac-cordance with DIN EN 13501-1 and fulfil fire classification B-s1, d0.
Water If subject to the action of water for a long time, the products can soften temporarily. After drying, the original firmness is restored. Small amounts of water-soluble sub-stances can be washed out.
7 Reuse phase
Reuse and further use
After the end of the usage phase but before the end of the building element's useful life, facade pants and primers can be used further. Facade paints can also be re-painted.
Reuse and further use Facade paints and primers are not reused or further used.
Disposal Paints and primers are thin-layer coatings that are permanently bonded to the corre-sponding building element. Separation from the substrate is not possible. Due to their organic component, facade paints and primers have an inherent energy content (feedstock energy), which can be regained in incinerators. Due to their thin layers, facade paints and primers are seldom separated, but dis-posed of together with the substrate. Hardened facade paints and primers can be disposed of safely in landfills. The waste code is 170107 or 170904.
8 Life cycle assessment
8.1 Information on system definition and modelling of the lifecycle
Declared unit
The declaration of primers refers to 1 kilogramme of coating in a ready-for-use, fluid condition (with mixing water). The impact data for practical application and ecological considerations are specified per square metre (kg/m²). Facade paints are sold in the EU in the volume unit of litres. For that reason, the eco-logical data are converted from 1 kg to 1 litre (for densities, see the table on page 5).
System limits The lifecycle analysis of the examined products covers production, including raw ma-terials extraction and energy provision, up to the finished, packed product at the fac-tory gate, transport to the construction site, as well as disposal or recycling of the packaging, which is included in the ecobalance of production. No balance-relevant processes run in the use stage of the facade paints and primers.
Assumptions and es-timates
For examination of the use and disposal stage, a total of 400 km was used for trans-port paths from the ramp to the construction site and for disposal of the construction waste. This was determined by a rough estimate. The distribution of electricity consumption per batch was converted to kg of product. Water consumption was calculated per kg of product; cleaning water was estimated.
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Cut-off criterion Processes whose total contribution to the final result, according to mass and in all impact categories looked at, is less than 1% can be ignored. The total of ignored processes does not exceed 5% of the impact categories looked at. Investment goods for the manufacturing processes (machines, buildings, etc.) were not considered.
Transport All transportation of the raw materials and additives used as well as distribution trans-portation has been considered in the balance, taking distance and capacity utilisation into account.
Period under review The data for manufacture of the examined products refer to the year 2009. The life cicle assessments were prepared for Germany as reference area. The result is that, besides production processes under these marginal conditions, the precursors rele-vant for Germany, such as electricity and energy provision, were used.
Background data The data for the background processes come from the GaBi 4 database, specific, averaged data records of the German Paint Industry Association and from the corre-sponding EPD data records of Plastics Europe for the copolymers.
Data quality The age of the data used is under 5 years.
The data records used for the plastic dispersions were mostly updated based on the PCR document for plastics from Plastics Europe. Value was placed on completeness of the environmentally relevant lifecycle inventory analysis, both on the input side and on the output side.
Allocation Allocation refers to assignment of the input and output flows of a LCA module to the examined product system and other product systems /ISO 14040/. Relevant allocations (i.e. the assignment of environmental burdens of a process to several products) did not have to be made for the examined products in this life cycle assessment.
Thermal recovery of waste and packaging
Plastic packaging, packaging of facade paints and primers, are partially thermally recovered. The energy gained thereby is credited to the manufacturing lifecycle seg-ment with a standard process for electricity or thermal energy from natural gas with reference to Germany.
Notes on the use stage No observations on the use stage of the facade paints and primers were performed.
Information on the disposal stage
Facade paints and primers are thin-layer coatings that adhere firmly to the substrate. They are disposed of in landfills together with the demolished substrate.
8.2 Depiction of the balances and evaluation
8.2.1 Depiction of the balances and evaluation per 1 kg of primer and 1 litre of facade paint
The following chapters show the lifecycle inventory analysis of the primers and facade paints with regard to primary energy needs, water needs and waste.
In the EU countries, the facade paint is ordered and sold in litres and the primers in kg. This environmental product declaration refers to facade paint and primers with or-ganic binders.
Primary energy
Table 1 shows the primary energy used (renewable and non-renewable), subdivided into raw materials provision, production and packaging of 1 kg of primers and 1 litre of paint.
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Sto
Pre
p M
iral
Sto
-Prim
er
Sto
Col
or J
umbo
sil
Sto
Col
or C
ryla
n
Sto
Col
or M
axic
ryl
Sto
Silc
o C
olor
Sto
Sil
Col
or
Lotu
san
Sto
Pho
tosa
n N
OX
Raw materials 11,08 10,36 19,18 23,45 26,76 14,62 27,27 23,69 35,77
Production and packaging 1,77 1,77 2,74 2,47 2,56 2,65 2,74 2,65 2,65
Total 12,84 12,12 21,92 25,93 29,32 17,27 30,00 26,34 38,41
Unit per litreUnit per kg
Table 1: Primary energy use for raw materials for 1 kg of primers and 1 litre of
facade paints
- 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00
10,00 11,00 12,00
StoPrep Miral Sto-Primer
Primary energy input to manufacture raw materials for 1 kg primer with an organic binding agent
10,95 MJ non-renewable 0,12 MJ renewable
10,33 MJ non‐renewable0,03 MJ renewable
Illustration 1: Primary energy use for production of the raw materials for 1 kg of primer with organic binder
- 5,00
10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00
Primary energy input to manufacture raw materials for 1 litre facade paint with an organic binding agent
19,12 MJ n.ren.0,06 MJ ren.
23,38 MJ n.ren.0,07 MJ ren.
26,68 MJ n.ren.0,08 MJ ren.
14,21 MJ n.ren.0,42 MJ ren.
26,95 MJ n.ren.0,32 MJ ren.
23,41 MJ n.ren.0,28 MJ ren.
35,36 MJ n.ren.0,41 MJ ren.
Illustration 2: Primary energy use for production of the raw materials for 1 litre
of facade paint with organic binder
MJ
MJ
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0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Sto-Primer StoPrep Miral
Type and distribution of non-renewable energy sources for production of the raw materials for 1 kg of primer with organic binder
Other non-specified
Uranium
Bituminouscoal
Oil
Natural gas
Lignite
Cradle to gate 10,95 MJ 10,33 MJ
Illustration 3: Type and distribution of non-renewable energy sources for pro-
duction of the raw materials for 1 kg of primer with organic binder
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Type and distribution of non-renewable energy sources forproduction of the raw materials for 1 litre of facade paint with
organic binder.
Other non-specified
Uranium
Bituminouscoal
Oil
Natural gas
Lignite
Cradle to gate 12,34 MJ 16,70 MJ 18,40 MJ 9,47 MJ 17,38 MJ 15,67 MJ 23,57 MJ
Illustration 4: Type and distribution of non-renewable energy sources for
production of the raw materials for 1 litre of facade paint with organic binder.
Production and packaging For production, only electricity from hydroelectric power is used, of which 5% of re-quirements are covered by our own water turbines. The relevant energy values and environmental impacts are depicted in the following table.
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for 1 kg
Sto
Pre
p M
iral
Sto
-Prim
er
Sto
Col
or J
umbo
sil
Sto
Col
or C
ryla
n
Sto
Col
or M
axic
ryl
Sto
Silc
o C
olor
Sto
Sil
Col
or
Lotu
san
Sto
Pho
tosa
n N
OX
Primary energy non-regenerative MJ 1,73E+00 2,68E+00 2,42E+00 2,51E+00 2,59E+00 2,68E+00 2,59E+00 2,59E+00
Primary energy regenerative MJ 3,80E-02 5,89E-02 5,32E-02 5,51E-02 5,70E-02 5,89E-02 5,70E-02 5,70E-02
Abiotic Resource requirements (CM kg Sb equiv. 7,10E-04 1,10E-03 9,94E-04 1,03E-03 1,07E-03 1,10E-03 1,07E-03 1,07E-03
Global warming potential kg carbon dioxid 5,30E-02 8,21E-02 7,41E-02 7,68E-02 7,94E-02 8,21E-02 7,94E-02 7,94E-02
Ozone depletion potential kg CFC11 equiv 5,06E-07 7,84E-07 7,08E-07 7,34E-07 7,59E-07 7,84E-07 7,59E-07 7,59E-07
Acidification potential kg SO2 equiv. 2,04E-04 3,16E-04 2,86E-04 2,96E-04 3,06E-04 3,16E-04 3,06E-04 3,06E-04
Eutrophication potential (CML) kg PO4 equiv. 1,87E-05 2,90E-05 2,62E-05 2,72E-05 2,81E-05 2,90E-05 2,81E-05 2,81E-05
Photochemical ozone creation potekg ethene equiv 3,52E-06 5,46E-06 4,93E-06 5,11E-06 5,28E-06 5,46E-06 5,28E-06 5,28E-06
for 1 litre
Table 2: Primary energy use and environmental impacts for production and
packaging of 1 kg of primer and 1 litre of facade paint with organic binders.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
StoPrep Miral Sto-Primer
Type and distribution of non-renewable energy carriers in the manufacture of raw materials for 1 kg primer with an organic
binding agent
Total productionand packaging
Total renewable,non-renewable
12,84 MJ 12,12 MJ
12,68 MJ non-ren.0,162 MJ renewable
12,06 MJ non-ren.0,066 MJ renewable
Illustration 5: Relative primary energy use for manufacture, production and
packaging of 1 kg of primer with organic binder.
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
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0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
StoColorJumbosil
StoColorCrylan
StoColorMaxicryl
StoSilco Color StoSil Color Lotusan StoPhotosanNOX
Type and distribution of non-renewable energy carriers in the manufacture of raw materials for 1 litre facade paint with an organic binding agent
Total productionand packaging
Total renewable,non-renewable
21,92 MJ 26,34 MJ
21,80 MJ n. ren.0,115 MJ ren.
25,93 MJ 29,32 MJ 17,27 MJ 30,00 MJ 38,42 MJ
25,80 MJ n. ren.0,127 MJ ren.
29,19 MJ n.ren.0,136 MJ ren.
16,80 MJ n. ren.0,743 MJ ren.
29,62 MJ n. ren.0,378 MJ ren.
26,00 MJ n. ren.0,339 MJ ren.
37,95 MJ n. ren.0,468 MJ ren.
Illustration 6: Relative primary energy use for manufacture, production and
packaging of 1 litre of facade paint with organic binder.
Water use Water is a formulation component of facade paints and primers. The portion by weight is approx. 14%, depending on the product. Cleaning water is cleaned in our own wastewater treatment plant and then sent on to the municipal wastewater treatment plant.
Waste The evaluation of waste generated in production of 1 kg of facade paints and primer with organic binder is separated into three sections – excavation / mining waste, non-hazardous waste (municipal waste) and hazardous waste, including radioactive waste.
Table 3: Waste in the production and transport of raw materials, production and packaging of 1 kg of facade paint and primer
Waste
Sto
Pre
p M
iral
Sto
-Prim
er
Sto
Col
or J
umbo
sil
Sto
Col
or C
ryla
n
Sto
Col
or M
axic
ryl
Sto
Silc
o C
olor
Sto
Sil
Col
or
Lotu
san
Sto
Pho
tosa
n N
OX
Mining waste material kg 1,07E-01 1,14E-01 1,46E-01 2,10E-01 2,10E-01 2,40E-01 3,48E-01 7,02E-01 1,11E+00
Non-hazardous waste kg 1,13E-02 1,00E-02 1,21E-02 1,56E-02 1,83E-02 6,95E-03 1,48E-02 1,18E-02 1,75E-02
Hazardous waste kg 3,54E-03 2,89E-03 3,11E-03 4,04E-03 4,41E-03 2,45E-03 4,48E-03 3,15E-03 4,10E-03
Radio active waste kg 3,99E-04 7,69E-05 9,56E-05 1,33E-04 1,44E-04 2,04E-04 5,53E-04 4,32E-04 7,31E-04
Special waste kg 3,15E-03 2,81E-03 3,01E-03 3,91E-03 4,27E-03 2,25E-03 3,92E-03 2,71E-03 3,37E-03
The graphic depiction of the waste in the production and transport of raw mate-rials, production and packaging of 1 kg of facade paint and primer
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 15
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80%
82%
84%
86%
88%
90%
92%
94%
96%
98%
100%
Special waste kg Radio active waste kg Non‐hazardous waste kg Mining waste material kg
Waste per 1 kg of primer and facade paint with organic binder.
Illustration 7: Waste per 1 kg of primer and facade paint with organic binder.
For excavation and mining waste, excavation represents the greatest amount. Ex-cavation applies especially in the precursor chain for obtaining rock flour and electric-ity (coal production).
Waste of the category non-hazardous waste comprises municipal waste, commer-cial waste similar to household waste, organic waste, internal chemicals, and the like. All disposal processes are modelled "to the end", up to final disposal in the landfill. For that reason, the amount of non-hazardous waste is usually low. The situation is different for radioactive waste, for which no scenario for final storage has yet been established. Therefore, they appear in the category of Hazardous Waste.
Hazardous waste is mainly waste from the precursor chains, including generation of electricity. Besides radioactive waste for nuclear power generation, this includes slag from filter systems and sewage sludge from wastewater treatment.
Estimate of impact The potential environmental factors from the production of facade paints and primers are presented in the following. Table 4: Environmental impact of the manufacture and transport of raw materi-
als, production and packaging of 1 kg of primer with organic binder.
Evaluation dimension
StoPrep Mira
l
Sto-P
rimer
Produ
ction an
d pa
ckag
ing
Primary energy requirement, non-renewable [MJ] 1,10E+01 1,03E+01 1,73E+00
Primary energy requirement, renewable [MJ] 1,24E-01 2,84E-02 3,80E-02
Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 4,26E-03 4,32E-03 7,10E-04
Global warming potential (GWP 100) [kg carbon 7,03E-01 3,37E-01 5,30E-02
Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 7,90E-08 2,94E-07 5,06E-07
Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 7,26E-03 2,11E-03 2,04E-04
Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 9,40E-04 2,21E-03 1,87E-05
Photochemical ozone creation potential (POCP) 2,65E-04 3,70E-04 3,52E-06
Unit per kg
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 16
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Table 5: Environmental impact of the manufacture and transport of raw materi-als, production and packaging of 1 kg of facade paint with organic binder.
Evaluation dimension
Sto
Col
or J
umbo
sil
Sto
Col
or C
ryla
n
Sto
Col
or M
axic
ryl
Sto
Silc
o C
olor
Sto
Sil
Col
or
Lotu
san
Sto
Pho
tosa
n N
OX
Pro
duct
ion
and
pack
agin
g
Density g/mL 1,55 1,4 1,45 1,5 1,55 1,5 1,5
Primary energy requirement, non-renewable [MJ] 1,23E+01 1,67E+01 1,84E+01 9,47E+00 1,74E+01 1,56E+01 2,36E+01 1,73E+00
Primary energy requirement, renewable [MJ] 3,60E-02 5,25E-02 5,58E-02 2,77E-01 2,06E-01 1,88E-01 2,74E-01 3,80E-02
Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 5,14E-03 6,90E-03 7,61E-03 3,74E-03 6,70E-03 6,07E-03 9,17E-03 7,10E-04
Global warming potential (GWP 100) [kg carbon 4,16E-01 5,80E-01 6,30E-01 4,16E-01 1,08E+00 7,84E-01 1,17E+00 5,30E-02
Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 3,83E-07 6,03E-07 6,24E-07 4,08E-07 3,69E-07 7,66E-07 1,02E-06 5,06E-07
Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 2,64E-03 3,78E-03 3,90E-03 3,34E-03 1,12E-02 7,57E-03 1,17E-02 2,04E-04
Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 2,67E-03 3,50E-03 4,07E-03 1,29E-03 1,52E-03 1,53E-03 1,72E-03 1,87E-05
Photochemical ozone creation potential (POCP) 4,44E-04 5,86E-04 6,67E-04 2,95E-04 4,48E-04 4,80E-04 6,92E-04 3,52E-06
The following illustrations 8a to 8i show the contributions of raw materials procure-ment and production including packaging of 1 kg of facade paint and primer on the impact categories of abiotic depletion potential (ADP), global warming potential (GWP), ozone depletion potential (ODP), acidification potential (AP), eutrophication potential (EP) and photochemical ozone creation potential (POCP).
The relative contributions of the production processes and packaging on the environ-mental impact per 1 kg of primer and facade paint are shown in the illustrations 8a to 8i
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ADP [kg Sbequiv.]
GWP [kgcarbondioxideequiv.]
ODP [kgR11 equiv.]
AP [kg SO2equiv.]
EP [kgphosphate
equiv.]
POCP [kgetheneequiv.]
Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoPrep Miral
Production and packaging
Raw material provision for StoPrepMiral
4,97E-03 7,56E-01 5,85E-07 9,58E-04 7,47E-03 2,68E-04
Illustration 8a: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoPrep Miral
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
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0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ADP [kg Sbequiv.]
GWP [kgcarbon dioxide
equiv.]
ODP [kg R11equiv.]
AP [kg SO2equiv.]
EP [kgphosphate
equiv.]
POCP [kgethene equiv.]
Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of Sto-Primer
Production and packaging
Raw material provision for Sto-Primer
5,03E-03 3,90E-01 8,00E-07 2,23E-03 2,31E-03 3,74E-04
Illustration 8b: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of Sto-Primer
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ADP [kg Sbequiv.]
GWP [kgcarbon dioxide
equiv.]
ODP [kg R11equiv.]
AP [kg SO2equiv.]
EP [kgphosphate
equiv.]
POCP [kgethene equiv.]
Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Jumbosil
Production and packaging
Raw material provision forStoColor Jumbosil
5,85E-03 4,69E-01 8,89E-07 2,69E-03 2,84E-03 4,48E-04
Illustration 8c: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Jumbosil
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
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0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ADP [kg Sbequiv.]
GWP [kgcarbon dioxide
equiv.]
ODP [kg R11equiv.]
AP [kg SO2equiv.]
EP [kgphosphate
equiv.]
POCP [kgethene equiv.]
Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Crylan
Production and packaging
Raw material provision for StoColorCrylan
7,61E-03 6,33E-01 1,11E-06 3,52E-03 3,98E-03 5,90E-04
Illustration 8d: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Crylan
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ADP [kg Sbequiv.]
GWP [kgcarbon dioxide
equiv.]
ODP [kg R11equiv.]
AP [kg SO2equiv.]
EP [kgphosphate
equiv.]
POCP [kgethene equiv.]
Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Maxicryl
Production and packaging
Raw material provision forStoColor Maxicryl
8,32E-03 6,83E-01 1,13E-06 4,09E-03 4,10E-03 6,70E-04
Illustration 8e: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoColor Maxicryl
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
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0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ADP [kg Sbequiv.]
GWP [kgcarbon dioxide
equiv.]
ODP [kg R11equiv.]
AP [kg SO2equiv.]
EP [kgphosphate
equiv.]
POCP [kgethene equiv.]
Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoSilco Color
Production and packaging
Raw material provision for StoSilcoColor
4,45E-03 4,69E-01 9,14E-07 1,31E-03 3,54E-03 2,98E-04
Illustration 8f: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoSilco Color
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ADP [kg Sbequiv.]
GWP [kgcarbon dioxide
equiv.]
ODP [kg R11equiv.]
AP [kg SO2equiv.]
EP [kgphosphate
equiv.]
POCP [kgethene equiv.]
Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoSil Color
Production and packaging
Raw material provision for StoSilColor
7,41E-03 1,14E-00 8,75E-07 1,54E-03 1,14E-02 4,51-04
Illustration 8g: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoSil Color
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
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0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ADP [kg Sbequiv.]
GWP [kgcarbon dioxide
equiv.]
ODP [kg R11equiv.]
AP [kg SO2equiv.]
EP [kgphosphate
equiv.]
POCP [kgethene equiv.]
Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoLotusan
Production and packaging
Raw material provision for Lotusan
6,78E-03 8,37E-01 1,27E-06 1,55E-03 7,78E-03 4,84E-04
Illustration 8h: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoLotusan
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ADP [kg Sbequiv.]
GWP [kgcarbon dioxide
equiv.]
ODP [kg R11equiv.]
AP [kg SO2equiv.]
EP [kgphosphate
equiv.]
POCP [kgethene equiv.]
Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoPhotosan NOX
Production and packaging
Raw material provision forStoPhotosan NOX
9,88E-03 1,23E+00 1,52E-06 1,74E-03 1,19E-02 6,95E-04
Illustration 8i: Relative contributions of various production processes to the environmental impact of 1 kg of StoPhotosan NOX
Raw material procurement causes the largest share of environmental impact in all impact categories. This result correlates with the primary energy requirements. The contribution of production and packaging is relatively low.
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
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Transport during the building, use and disposal stages
Estimate of impact For examination of the building, use and disposal stages, a total of 400 km per 1 kg was used for transportation from the ramp to the construction site and for disposal of the construction waste.
Table 6 shows the environmental impact of transportation during use and disposal.
Transport 1 kg 400 km
Primary energy non-regenerative MJ 3,80E-01
Primary energy regenerative MJ 0,00E+00
Abiotic Resource requirements (CML) kg Sb equiv. 1,75E-04
Global warming potential kg carbon dioxid 2,81E-02
Ozone depletion potential kg CFC11 equiv. 1,10E-11
Acidification potential kg SO2 equiv. 3,17E-04
Eutrophication potential (CML) kg PO4 equiv. 3,94E-05
Photochemical ozone creation potentiakg ethene equiv. 3,32E-05
Table 6: Environmental impact of transport of the building, use and disposal stages of 1 kg of primer and facade paint with organic binder.
Non-renewable energy Resources MJ %
Lignite 0,00 0,54
Natural gas 0,01 3,46
Oil 0,35 92,76
Bituminous coal 0,01 2,60
Uranium 0,00 0,62
Other non-specified 0,00 0,02
Total 0,37 100,00
Table 7 shows the type and distribution of non-renewable energy sources dur-ing transport to the construction site and for disposal.
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
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Renewable energy Resources MJ %
Timber 0,00 0,00
Biomass 0,00 7,67
Geothermal energy 0,00 0,00
Solar energy 0,00 0,00
Hydropower 0,00 88,49
Wind
Other non-specified 0,00 3,84
Total 0,00 100,00
Table 8 shows the type and distribution of renewable energy sources during transport to the construction site and for disposal.
Use stage Facade paints with organic binders are subject to different weathering depending on the climate, construction type (roof projection) and the wind orientation. With appro-priate care (cleaning or painting), the useful life can equal the life of the building ele-ment. Use of facade paints and primers does not contribute to the lifecycle inventory analysis.
The elasticity ensures high flexibility and the absence of cracks.
Disposal stage Disposal takes place with the building element / system, normally as building rubble.
8.2.2 Depiction of the balances and evaluation per m² of primer and facade paint
To simplify use of the data, the lifecycle inventory analysis values and environmental impacts of the facade paints and primers are also used for the average consumption of product per m², which is documented in the technical data sheet. Possible varia-tions in consumption can be caused by an uneven substrate.
The impact balance in impact/m² is depicted in tables 9 and 10, taking into account the respective consumption values that are documented in the corresponding techni-cal data sheets.
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
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Raw material provision, production up to the factory gates
Sto
Pre
p M
iral
Sto
-Prim
er
Sto
Col
or J
umbo
sil
Sto
Col
or C
ryla
n
Sto
Col
or M
axic
ryl
Sto
Silc
o C
olor
Sto
Sil
Col
or
Lotu
san
Sto
Pho
tosa
n N
OX
Average consumption pro m² 0,3 0,3 0,2 0,15 0,15 0,18 0,15 0,18 0,15
3,80E+00 3,62E+00 4,36E+00 3,87E+00 4,38E+00 2,52E+00 4,44E+00 4,68E+00 5,69E+00
4,85E-02 1,99E-02 2,29E-02 1,90E-02 2,04E-02 7,09E-02 5,66E-02 6,10E-02 7,03E-02
Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 1,49E-03 1,51E-03 1,81E-03 1,60E-03 1,81E-03 1,00E-03 1,72E-03 1,83E-03 2,22E-03
Global warming potential (GWP 100) [kg carbon d2,27E-01 1,17E-01 1,45E-01 1,33E-01 1,49E-01 1,06E-01 2,64E-01 2,26E-01 2,76E-01
Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 1,75E-07 2,40E-07 2,76E-07 2,33E-07 2,46E-07 2,06E-07 2,03E-07 3,43E-07 3,42E-07
Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 2,24E-03 6,93E-04 8,81E-04 8,36E-04 8,92E-04 7,97E-04 2,66E-03 2,10E-03 2,67E-03
Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 2,88E-04 6,68E-04 8,33E-04 7,39E-04 8,89E-04 2,94E-04 3,58E-04 4,19E-04 3,92E-04
Photochemical ozone creation potential (POCP) 8,04E-05 1,12E-04 1,39E-04 1,24E-04 1,46E-04 6,72E-05 1,05E-04 1,31E-04 1,56E-04
Unit kg/m²
Primary energy requirement, renewable [MJ]
Evaluation dimension
Primary energy requirement, non-renewable [MJ]
Unit per litre/m²
Table 9: Estimated impact of primers and facade paints with organic binder with production and packaging per m²
Raw material provision, production,utilisation and disposal
Sto
Pre
p M
iral
Sto
-Prim
er
Sto
Col
or J
umbo
sil
Sto
Col
or C
ryla
n
Sto
Col
or M
axic
ryl
Sto
Silc
o C
olor
Sto
Sil
Col
or
Lotu
san
Sto
Pho
tosa
n N
OX
Average consumption pro m² 0,3 0,3 0,2 0,15 0,15 0,18 0,15 0,18 0,15
3,92E+00 3,73E+00 4,48E+00 3,95E+00 4,46E+00 3,13E+00 4,53E+00 4,78E+00 5,78E+00
4,85E-02 1,99E-02 2,29E-02 1,90E-02 2,04E-02 8,51E-02 5,66E-02 6,10E-02 7,03E-02
Abiotic depletion potential (ADP) [kg Sb equiv.] 1,54E-03 1,56E-03 1,87E-03 1,64E-03 1,85E-03 1,25E-03 1,76E-03 1,88E-03 2,26E-03
Global warming potential (GWP 100) [kg carbon d2,35E-01 1,26E-01 1,54E-01 1,39E-01 1,55E-01 1,34E-01 2,70E-01 2,34E-01 2,82E-01
Ozone depletion potential (ODP) [kg R11 equiv.] 1,75E-07 2,40E-07 2,76E-07 2,33E-07 2,46E-07 2,47E-07 2,03E-07 3,43E-07 3,42E-07
Acidification potential (AP) [kg SO2 equiv.] 2,34E-03 7,88E-04 9,79E-04 9,02E-04 9,61E-04 1,04E-03 2,73E-03 2,18E-03 2,74E-03
Eutrophication potential (EP) [kg PO4 equiv.] 2,99E-04 6,80E-04 8,45E-04 7,47E-04 8,97E-04 3,64E-04 3,67E-04 4,29E-04 4,00E-04
Photochemical ozone creation potential (POCP) 9,04E-05 1,22E-04 1,49E-04 1,31E-04 1,53E-04 8,96E-05 1,13E-04 1,40E-04 1,64E-04
Evaluation dimension
Primary energy requirement, non-renewable [MJ]
Primary energy requirement, renewable [MJ]
Unit kg/m² Unit per litre/m²
Table 10 Estimated impact per m² for manufacture of the raw materials, pro-duction and packaging as well as use and disposal
9 Verification
9.1 VOC
Facade paints and primers with organic binder in accordance with EN DIN 1602 con-tain so-called film forming agents (aromatic-free). The maximum amounts are below 2% by weight. These additives are necessary to secure functioning of these products in outside weather conditions. A VOC (AgBB) test for exterior products is not in-tended.
9.2 Leaching behaviour
Washing out of substances into the soil, surface water and groundwater are currently standardised horizontally in TC 351 WG 1. A vertical test standard for washing out from coatings with organic binders is currently being developed in TC 139, WG 10. The focus is on possible washing out of biocides from rain.
Use of algicides and fungicides as film protection is governed by the Directive 98/8 EC.
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 24
Product group: Building coatings with organic binders issued on Declaration holder: Sto AG, Ehrenbachstrasse 1, D-79780 Stühlingen, Germany 26-02-2011 Declaration number: EPD-2011321-E
But a uniform recording and evaluation of the relevant amounts and their environ-mental impact is not currently possible.
10 PCR document and checking
This declaration is based on the PCR document "Coatings with organic binders", 2010-04.
Review of the PCR document by the Expert Committee.
Chairman of the Expert Committee: Prof. Dr.-Ing. Hans-Wolf Reinhardt (Stuttgart University, IWB)
Independent audit of the declaration in accordance with ISO 14025:
internal external
Validation of the declaration: Dr. Eva Schmincke
11 Literature
/IBU 2006/ Institut Bauen und Umwelt e.V., Königswinter (Hrsg.): Leitfaden für die Formulierung der Anforderungen an die Produktkategorien der Umweltdeklarationen (Typ III) für Bauprodukte, Stand 01-2006 (Guideline for formulation of requirements for the pro-duct categories of the environmental declarations (Type III) for building products, as at 01-2006
/CML 2002/ Guinée, J. B. (Ed.) : Handbook on Life Cycle Assessment – Operational Guide to the ISO Standards, Boston Kluwer Academic Publishers, 2002
/EGS/ Directive 91/155/EEC ("Safety Data Sheet Directive"), amended by Directives 93/112/EC and 2001/58/EC
/DIN EN 1062 Paints and varnishes - Coating materials and coating systems for exterior masonry and concrete.
/EN 13501-1/ Fire classification of construction products and building elements – Part 1: Classifica-tion using data from reaction to fire tests, 2000
/Eyerer and Reinhardt/ Eyerer P., Reinhardt, H.-W. (ed.): Ökologische Bilanzierung von Baustoffen und Ge-bäuden – Wege zu einer ganzheitlichen Bilanzierung, Birkhäuser Verlag, Basel 2000 (Ecological balancing of building materials and buildings - paths to holistic balancing)
/GaBi 2007/ GaBi 4: Software und Datenbank zur Ganzheitlichen Bilanzierung, Universität Stutt-gart und PE INTERNATIONAL GmbH, Leinfelden-Echterdingen 2007. (Software and database for holistic balancing)
/GefStoffV/ Verordnung zum Schutz vor gefährlichen Stoffen (Gefahrstoffverordnung GefStoffV) vom 23. Dezember 2004, BGBll S. 3855 (German ordinance for protection from haz-ardous materials (Hazardous materials ordinance GefStoffV) of 23 December 2004)
/ISO 14025/ DIN EN ISO 14025: Environmental Labels and declarations –Type III environmental declarations – Principles and procedures, version 2005
/ISO 14040/ DIN EN ISO 14040: Environmental management – Life cycle assessment – Principles and frameworks, version 2005
/ISO 14044/ DIN EN ISO 14044: Environmental management – Life cycle assessment – Require-ments and guidelines, version 2005
/Schiessl et al./ Schiessl, Hoberg, Rankers: Umweltverträglichkeit von Baustoffen für Außenfassaden, Forschungsbericht F415, ibac Aachen, 1995 (Environmental compatibility of materials for exterior facades, research report F415)
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 25
Product group: Building coatings with organic binders issued on Declaration holder: Sto AG, Ehrenbachstrasse 1, D-79780 Stühlingen, Germany 26-02-2011 Declaration number: EPD-2011321-E
/TASi/ TA Siedlungsabfall: Technische Anleitung zur Verwertung, Behandlung und sonstigen Entsorgung von Siedlungsabfällen (3. Allgemeine Verwaltungsvorschrift zum Abfall-gesetz) vom 14. Mai 1993 (BAnz. Nr. 99a vom 29.05.1993) (Municipal waste: techni-cal instructions for the energetic use, handling, and other disposal of municipal waste)
/DIN 4102-1 Fire behaviour of building materials and elements - Part 1: Classification of building materials - Requirements and testing.
/DIN EN 13823 Reaction to fire tests for building products - Building products excluding floorings ex-posed to the thermal attack by a single burning item.
DIN EN 15824 Specifications for external renders and internal plasters based on organic binders
Environmental product declaration in accordance with ISO 14025 Primers and facade paints: StoPrep Miral, Sto-Primer, StoColor Jumbosil, StoColor
Crylan, StoColor Maxicryl, StoSilco Color, StoSil Color, Lotusan, StoPhotosan NOX Page 26
Product group: Coatings with organic binders Issued on Declaration holder: Sto AG, Ehrenbachstrasse 1, D-79780 Stühlingen, Germany 26-02-2011 Declaration number: EPD-2011321-E
Publisher:
Institute Construction and Environment (IBU) e.V.
Rheinufer 108
D-53639 Königswinter, Germany
Tel.: +49 (0)2223 296679-0 Fax: +49 (0)2223 296679-1
E-mail: info@bau-umwelt.com
Internet: www.bau-umwelt.com
Photographic credits:
Sto Aktiengesellschaft
Ehrenbachstrasse 1
D-79780 Stühlingen
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
ANEXO V – LISTA DE IMPACTES AMBIENTAIS DE MATERIAIS DA CONSTRUÇÃO
(ECOINVENT)
Integração da análise ciclo de vida nas práticas de projeto de edifícios
Luís Bragança and Ricardo Mateus
AII - 38
Materials Life-cycle phase
Environmental LCA impact categories Embodied energyADP GWP ODP AP POCP EP ENR ER
Steel in profile Cradle-to-gate 4.54E-03 5.71E-01 5.40E-08 3.04E-03 1.85E-04 4.86E-04 8.66E00 1.16E-01
Steel for construction (in rod)
1.29E-02 1.25E+00 6.16E-08 5.57E-03 8.29E-04 1,30E-03 3.27E+01 1.52E-01
Wood and cement agglomerate
5.21E-04 -3.27E-02 5.97E-09 3.10E-04 1.40E-05 4.33E-05 1.21E+00 2.08E+00
Aluminium, 50% recycled
2.82E-02 4.28E+00 1.84E-06 3.80E-02 2.23E-03 1.21E-03 6.82E+01 0.00E+00
Lime mortar 1.37E-03 6.10E-01 2.08E-08 8.64E-04 3.91E-05 1.31E-04 3.26E+00 3.27E-01
Cement mortar 4.90E-04 1.95E-01 8.00E-09 3.15E-04 1.29E-05 4.87E-05 1.31E+00 2.10E-01
Tiles/ceramic mosaic 6.30E-03 7.63E-01 8.16E-08 2.93E-03 1.36E-04 2.75E-04 1.40E+01 3.64E-01
Concrete 2.38E-04 1.10E-01 3.55E-09 1.79E-04 6.49E-06 2.84E-05 5.56E-01 6.24E-03
Reinforced concrete 6.08E-04 1.48E-01 3.55E-09 5.56E-04 5.28E-05 5,76E-05 1.24E+00 7.39E-03
Asphaltic bitumen 2.35E-02 5.81E-01 7.27E-07 1.94E-03 1.98E-04 3.02E-04 5.33E+01 9.73E-02
Light concrete block (expanded clay)
2.14E-03 4.29E-01 3.74E-08 2.75E-03 1.14E-04 1.62E-04 4.94E+00 1.60E-01
Light concrete block (porous)
1.40E-03 4.15E-01 2.18E-08 6.69E-04 4.29E-05 8.47E-05 3.25E+00 2.03E-01
Rubber 3.88E-02 3.16E+00 3.09E-09 1.03E-02 6.76E-04 7.64E-04 8.53E+01 5.40E-01
Brita 2.95E-05 4.28E-03 4.08E-10 2.34E-05 1.01E-06 4.15E-06 5.69E-02 1.04E-03
Zinc plate 1.75E-+02 2.46E+00 1.37E-07 4.02E-02 1.44E-03 2.41E-03 2.84E+01 5.60E-01
Polyvinyl chloride (PVC)
2.26E-02 1.97E+00 2.84E-09 5.35E-03 3.12E-04 7.59E-04 5.94E+01 9.34E-01
Copper 1.59E-02 1.94E+00 1.53E-07 6.46E-02 2.26E-03 3.97E-03 3.03E+01 5.70E+00
Cork 1.04E-02 -6.54E-01 9.26E-08 5.39E-03 4.55E-04 6.58E-04 2.51E+01 2.72E+01
Foam of glass 1.22E-02 1.58E+00 1.52E-07 3.94E-03 1.76E-04 5.21E-04 3.51E+01 1.29E+00
Iron 1.39E-02 1.50E+00 5.04E-08 5.77E-03 8.73E-04 6.52E-04 2.44E+01 5.70E-01
Fibreglass 7.19E-03 1.03E+00 1.30E-07 2.22E-03 1.56E-04 1.87E-04 1.33E+01 0.00E+00
Rock/mineral wool 1.05E-02 1.46E+00 6.10E-08 8.32E-03 9.28E-04 4.46E-04 2.16E+01 9.79E-01
Glass wool 1.43E-02 1.50E+00 2.15E-07 6.42E-03 5.57E-04 1.18E-03 4.50E+01 4.14E+00
Lumber 1,02E-03 -1,20E+00 1,28E-08 8,05E-04 7,29E-05 1,29E-04 1,98E+00 1,58E+01
Mosaic/ceramic tiles 6,30E-03 7,62E-01 8,16E-08 2,93E-03 1,36E-04 2,75E-04 1,19E+01 3,64E-01
OSB panels 5.33E-03 -9.09E-01 2.15E-08 2.36E-03 3.00E-04 3.51E-04 1.08E+01 2.17E+01
Stone 1.81E-03 2.63E-01 3.43E-08 1.56E-03 4.66E-05 3.13E-04 7.58E+00 8.35E-01
Limestone 1.24E-05 1.92E-03 2.26E-10 3.37E-05 5.38E-07 7.79E-06 2.80E-02 4.05E-04
Expanded perlite 7.08E-03 9.92E-01 2.21E-07 3.04E-03 1.49E-04 3.13E-04 1.63E+01 5.60E-01
Plate of plasterboard 2.48E-03 3.50E-01 3.89E-08 1.09E-03 4.69E-05 1.73E-04 5.74E+00 3.21E-01
Comments: LCA Method(s): CML 2 baseline 2000 version 2.04 (to evaluate the environmental impact) and Cumulative Energy Demand version 1.04 (to evaluate the energy)
LCI Libraries: Ecoinvent system process, ETH-ESU 96 system process, DK INPUT OUTPUT, IDEMAT 2001 and BUWAL; Ecology of Building Materials; DAP of ceramic materials