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Ilha do Maranhão
A Ilha do Maranhão está situada ao norte do estado do Maranhão,
região nordeste do Brasil. Está enquadrada pelas coordenadas geográficas
2º24’ 10” e 2º 46’ 37” de latitude Sul e 44º 22’ 39” e 44º 22’ 39” de longitude
Oeste, com área total de aproximadamente 831,7 Km2. Possui uma população
de 1.067.974 habitantes. A Ilha é composta pelos seguintes municípios: São
Luís (capital), São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.
O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é tipo AW,
tropical chuvoso, com predominância de chuvas nos meses de janeiro a abril. A
temperatura média anual oscila em torno de 28º.
A hidrografia da região é formada pelos rios Anil, Bacanga, Tibiri,
Paciência, Maracanã, Calhau, Pimenta, Coqueiro e Cachorros. São rios de
pequeno porte que deságuam em diversas direções abrangendo dunas e
praias. Sendo que o rio Anil com 12.63km de extensão, e Bacanga com
233,84km drenam para a Baía São Marcos tendo em seus estuários áreas
cobertas de mangues.
Sistema Aquífero
O sistema aquífero da Ilha do Maranhão situa-se na bacia cratônica de
São Luís, ao norte do Brasil, entre os paralelos 02º7’11” e 02º45’02”S e
longitudes 44º11’11” e 44º22’37”W. O mesmo é um pacote de camadas
sedimentares areno-argilosas que se depositaram na região cratonica da Bacia
Costeira de São Luís ao longo dos períodos Cretáceo e Quaternário – entre 1 e
135 milhões de anos – constituído, principalmente, pelas formações geológicas
Itapecuru e Barreiras.
A ilha é drenada por uma série de pequenos cursos de água e estuários
profundamente entalhados nos sedimentos areno-argilosos de forma que a
passagem do relevo mais elevado aos igarapés é quase sempre brusca,
formando encostas íngremes. As marés que chegam a atingir 7 m de amplitude
afogam praticamente até os médios cursos, os principais elementos de
drenagem.
Esse sistema aquífero abrange uma superfície de 907 km2 e uma área
de recarga estimada em 690 km2. Em função da sua constituição litológica e da
vazão específica média de 2,94m3./h.m, o aquífero é classificado, do ponto de
vista hidro geológico, como de potencial fraco. Aproximadamente 2/3 de sua
área de ocorrência é recomendada para implantação de empreendimentos com
vista à captação de água subterrânea; 1/3 do manancial ocorre em área de
predominância de manguezais e planícies fluvio-marinhas, em sua maior parte
temporariamente afogado, de constituição essencialmente argilosa,
remanescentes do antigo estuário da Baia de São Marcos.
O manancial tem uma vazão de exploração da ordem de 1,14×108m3
ano utilizada, complementarmente ao sistema produtor ITALUÍS, como fonte de
abastecimento de água da população da Ilha estimada em um milhão de
habitantes para o ano 2.000. A potencialidade estimada em 2,1×108 m3/ano tem
condições de atender apenas 75% da demanda prevista.
Suas águas prestam-se para todos os fins, sendo a qualidade química o
fator limitante. Porem o problema de salinização a partir das bordas (setor
noroeste) e riscos de contaminação, em áreas urbanizadas, são os principais
fatores limitantes para a utilização das águas do manancial.
No mapa de zoneamento das águas subterrâneas (figura 2) estão
delimitadas 5 zonas , conforme descrição a seguir:
Figura 2- Mapa de zoneamento das águas subterrâneas
O nível de profundidade das águas para o sistema aquífero é muito
variável, seguindo uma tendência local, sendo seu controle condicionado por
efeitos topográficos, litológicos e estruturais.
Definição dos limites das bacias da Ilha do Maranhão
A rede limitação das grandes bacias da Ilha do Maranhão (inicialmente
propostas pelo Gerenciamento Costeiro do Estado do Maranhão em 1998) foi
obtida em função do modelo numérico de terreno adotado no trabalho (SRTM e
DSG), é composta pelos municípios de São José de Ribamar, Raposa, Paço
do Lumiar e São Luís. Limita-se, ao norte, com o Oceano Atlântico; ao sul, com
a Baía do Arraial e com o Estreito dos Mosquitos; a leste, coma Baía de São
José, e a Oeste, com a Baía de São Marcos. Na Figura 3 pode-se observar os
limites das 12 grandes bacias hidrográficas da Ilha do Maranhão.
Figura 3-Mapa dos limites das bacias hidrográficas da ilha do Maranhão
As bacias hidrográficas são usualmente definidas como a área na qual
ocorre a captação de água ou drenagem para um rio principal e seus afluentes
devido às suas características geográficas e topográficas. Os principais
elementos componentes das bacias hidrográficas são os divisores de água,
cristas das elevações que separam a drenagem de uma e outra bacia.
Bacias Hidrográficas Canal Principal Perímetro
(km)
Área (km2)
Anil Rio Anil 33,39 40,94
Bacanga Rio Bacanga 48,86 105,9
Tibiri Rio Tibiri 52,88 140,04
Paciência Rio Paciência 73,95 153,12
Inhaúma Igarapé Anajativa 26,15 27,52
Praias Igarapé Nunca Mais 69,90 61,05
Santo Antônio Rio Santo Antônio 60,04 100,46
Estiva Igarapé do Cajueiro 36,92 41,65
Geniparana Rio Geniparana 60,36 81,18
Cachorros Rio dos Cachorros 38,49 65,00
Guarapiranga Rio Guarapiranga 24,98 16,48
Itaqui Igarapé Anjo da Guarda 49,18 48,60
Tabela 1- Canal, Perímetro e Área das principais Bacias hidrográficas da
Ilha do Maranhão
Os fundos de vale são áreas adjacentes a rios ou córregos e que
geralmente sofrem inundações, já as sub-bacias são menores, geralmente de
alguma afluente do rio principal, as nascentes é o local onde a água
subterrânea brota para a superfície formando um corpo d’água, e as áreas de
descarga são os locais onde a água escapa para a superfície do terreno, a
vazão e a recarga ou local onde a água penetra no solo recarregando o lençol
freático, e os perfis hidro geoquímicos ou hidro químicos são características da
água subterrânea no espaço litológico.
Às vezes, as regiões hidrográficas são confundidas com bacias
hidrográficas, Porém, as bacias hidrográficas são menores embora possam se
subdividir em sub-bacias, por exemplo: a bacia amazônica contém as sub-
bacias hidrográficas dos rios Tapajós, Madeira e Negro, e as regiões
hidrográficas podem abranger mais de uma bacia.
O Município de Paço do Lumiar
O município de Paço do Lumiar está localizado nas seguintes
coordenadas geográficas: S=02º31'45.71" , O= 44º06'23,67" .
O mesmo está situado no Norte Maranhense e no extremo leste da Ilha
de São Luís, entre os municípios de São José de Ribamar, São Luís e Raposa,
aproximadamente a 21 quilômetros do centro da Capital Maranhense.
Segundo dados do IBGE, o município possui uma área de 122.828 Km2,
para uma população total de 105.121 habitantes. A população rural representa
62,34% dos habitantes e somente 37,66% compõem a zona urbana
caracterizando o Município como possuidor de uma população
predominantemente rural. Sua densidade demográfica (hab/Km2 ¿ é de 855,84,
segundo atualização do Censo 2010.
Fonte: IBGE
A base econômica do município está centrada nas atividades de pesca,
agricultura familiar, produção de artesanato e comércio bastante limitado.
Apresentando um IDHM (índice de desenvolvimento humano municipal) para o
município de 0,724.
Suas principais Bacias Hidrográficas são: Paciência e Santo Antônio.
Manancial Subterrâneo da Região
Deve-se lembrar de que os Mananciais são todas as fontes de água,
superficiais ou subterrâneas, que podem ser usadas para o abastecimento
público. Isso inclui, por exemplo, rios, lagos, represas e lençóis freáticos.
As águas subterrâneas da Ilha do Maranhão são, em geral, levemente
salinas, com teor de resíduo seco variando entre 6 mg/l e 1.297 mg/l em toda a
área. Entretanto, na extremidade noroeste, particularmente na área do Itaqui,
há tendência de salinização das águas no sentido do fluxo subterrâneo. Outro
fator limitante que afeta a qualidade das águas dos aquíferos costeiros é a
dissolução de sais (cloretos, carbonatos) contidos nas camadas confinantes
(argilas, calcário, calcarenito), resultando em “água dura”, de sabor salobro.
Os aquíferos nas zonas portadoras de água subterrânea, em função de
suas características litológicas, são classificados, do ponto de vista hidro
geológico, como de potencial médio a fraco, com vazão específica entre 0,05 e
42,85 m3/h.m. No contexto geral, a zona Z2 (Paço do Lumiar) possui um
potencial hidro geológico considerado como elevado, onde se verifica uma
vazão máxima de 100 m3/h.
As reservas ativas (ou reguladoras) do aquífero correspondem à recarga
natural média estimada em 2,1x108 m3/ano, representando o potencial
renovável de água que circula no aquífero. A recarga natural se faz
principalmente através da infiltração direta das águas da chuva na superfície
até a zona de saturação, e pelos rios que a drenam. Em parte, esta
alimentação do aquífero é dificultada pelos estratos lateríticos, os quais se
constituem em verdadeiras barreiras semipermeáveis, fazendo com que o
movimento descendente das águas seja inibido, provocando, assim um
aumento da vazão de escoamento natural.
Estima-se que a vazão de exploração média é da ordem de 13 m3/h para
cada poço. Considerando a altura de precipitação média em torno de 2.009
mm/ano, a espessura da camada sedimentar e, consequentemente, a recarga
do aquífero, essa exploração apresenta alguns riscos levando em conta o
elevado número de poços perfurados (aproximadamente 1.000 poços).
Ocorrendo uma excessiva demanda, com descarga do sistema maior que a
recarga natural, poderá haver, em pouco tempo, um considerável rebaixamento
do nível das águas subterrâneas. Isto levará ao rompimento do sistema
hidráulico e a consequente contaminação do aquífero pelas águas salgadas
circunvizinhas.
Bacia Hidrográfica do Rio Paciência
O principal rio da bacia é o rio Paciência. Seu regime hidrológico, no
período de estiagem, é perene, mas bastante limitado. Durante verões mais
rigorosos ele se torna pouco relevante e depende bastante das contribuições
de esgotos sanitários de seu médio curso ou de pequenas nascentes que, por
sua vez, não garantem fluxos constantes. Porem no período chuvoso há um
evidente acréscimo de vazões que provocam mudanças importantes nos níveis
da água do canal. Da mesma maneira, seus afluentes (grande parte
intermitentes) possuem características hidrológicas equivalentes, com regime
hidrológico também dependente das precipitações estacionais.
Os mais importantes são: Margem esquerda: Arroio do São Bernardo,
Igarapé da Cohab, Igarapé do Cohatrac e rio Itapiracó; Margem direita: Igarapé
da Cidade Operária, Igarapé do Cajueiro, Arroio do Maiobão e Igarapé de
Genipapeiro. A sua cobertura vegetal é composta de mata de galerias com
vegetação arbórea de médio porte que protegem suas margens e nos baixos
cursos, tem-se a presença de manguezais razoavelmente conservados.
O Rio Paciência nasce na chapada do Tirirical e sua foz está localizada
próximo à ilha do Curupu, sendo seus principais afluentes os rios Itapiracó e
Miritiua. Possui 27,3 km de extensão e uma área de 143,7 km². A sua extensão
e área no Município de Paço do Lumiar são 17,5 km e 73,9 km²
respectivamente, esse rio desemboca na baía de Curupu.
Fonte: www.google.earth.com.br / Imagem: Rio Paciência em São Luís –Ma
O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é tipo AW,
tropical chuvoso, com predominância de chuvas nos meses de janeiro a abril. A
temperatura média anual oscila em torno de 28º.
No que concerne ao processo de urbanização, verifica-se que o sistema
urbanístico existente possui três polos básicos a partir dos quais se irradiam e
desenvolvem os processos de ocupação da bacia: o eixo formado pela av.
Jerônimo de Albuquerque, que representa a ligação dos bairros mais recentes
e populosos da cidade com o aeroporto e a BR -135; o eixo da MA-206, mais
conhecida como estrada de Ribamar, e o eixo em desenvolvimento da estrada
da Maioba, uma variante importante para ligação com os municípios vizinhos
da ilha.
Ao longo de toda a sua extensão o rio apresenta sinais de
desmatamentos e poluição, todavia algumas comunidades pesqueiras da Ilha
de São Luís ainda exploram algumas espécies de peixes na região,
principalmente os áridos (bagres) e os canídeos (pescadas e cabeçudos).
Outra função desse rio era como fonte de lazer nos finais de semana em
alguns trechos do seu curso.
A Problemática sanitária na área pesquisada da bacia do rio Paciência
se dever a ocupação urbana que se iniciou em meados dos anos oitenta,
seguindo-se a construção de grandes conjuntos habitacionais, destinadas às
classes média e média baixa, e numerosas invasões caracterizadas por
habitações de baixa renda. Há 40 anos, o rio Paciência era responsável pelo
abastecimento de água de grande parte da cidade e pelo sustento das famílias
de pescadores e agricultores. Segundo o estudo, a paisagem mudou depois da
década de 70 com a criação de loteamentos, conjuntos habitacionais, como o
Maiobão e invasões.
O rio paciência contribui para o abastecimento de água de São Luís e
desempenha um importante papel na economia local, através da irrigação da
horticultura e floricultura. Possui duas baterias de poços profundos, produzindo
uma vazão em torno de 300 l/s. Nas áreas rurais a CAEMA utiliza atualmente 8
(oito) poços com vazão de 60m³/h cada.
Aspectos relevantes da contaminação e/ou insalubridade da área
pesquisada na bacia hidrográfica do Rio Paciência e o acelerado processo de
ocupação que resultou no desmatamento da vegetação e consequentemente
no assoreamento do canal, deve ser apontado como um dos principais fatores
responsáveis pela a degradação do leito do rio. A ocupação desordenada da
bacia traz como grande consequência à impermeabilização do solo
prejudicando desta maneira a recarga do aquífero.
As principais fontes de poluição são de origem antrópica e decorrem do
uso e ocupação desordenada do solo, sendo identificadas como principais
agentes: o lançamento de efluentes domésticos a céu aberto; a canalização
direta de esgotos para os cursos d água sem prévio tratamento; a precariedade
das soluções individuais de esgotamento, notadamente o uso de fossas e a
inexistência de soluções sistêmicas e de grande abrangência para a coleta e
tratamento dos esgotos gerados.
O que é perceptível, também, é que a drenagem superficial que deveria
escoar apenas as águas pluviais, se confunde com as águas servidas das
residências.
Fonte: www.scribd.com.br / Imagem: Rio Paciência em São Luis-Ma
Nota-se um grande e intenso processo de degradação ambiental do rio
Paciência, que se encontra praticamente assoreado e poluído por esgotos
doméstico e industrial e exploração mineral com a retirada de argila. Verifica-se
também no rio Paciência, assim como em outros rios também contaminados
que as principais doenças que afetam a população circunvizinha são: diarreias,
disenterias, salmoneloses e parasitoses.
BACIA HIDROGRAFICA DO RIO SANTO ANTÔNIO
Na área da bacia do rio Santo Antônio, as atividades antrópicas têm-se
intensificado ao longo das duas últimas décadas, acarretando sérias
consequências ambientais, devido à construção de obras de engenharia com
níveis diferenciados de interferência na organização do espaço. O leito do rio
está sofrendo vários problemas ambientais, devido ao lançamento de efluentes
domésticos provocando assoreamento, contaminação e poluição das águas, e
comprometendo o uso doméstico da água.
A caracterização ambiental da área da bacia do rio Santo Antônio, bem
como a localização e situação, esta situada na porção nordeste da Ilha do
Maranhão, compreendendo o município de Paço do Lumiar e parte de São
José de Ribamar e de São Luís. É delimitada pelas seguintes coordenadas
geográficas: ao norte, 2º27’56’’ de latitude sul e 44 º 05’13’’ de longitude oeste;
ao sul, 02º36’48’’ de latitude sul e 44º11’21’’ de longitude oeste; a leste,
2º30’00’’ de latitude sul e 44º02’07’’ de longitude oeste; a oeste 2º34’43’’ de
latitude sul e 44º12’16’’ de longitude oeste.
A Geologia da área estudada corresponde ao topo da bacia sedimentar
de São Luís, composta principalmente por rochas de idade Terciária da
Formação Itapecuru, constituída de arenitos e siltitos, e da Série Barreiras,
composta essencialmente de arenitos porosos e de um modo geral friável.
Estas estruturas são responsáveis pela ocorrência de superfícies tabulares e
sub tabulares modeladas por processos erosivos, nos topos e nas vertentes, e
planícies aluviais quaternárias ocupadas por mangues depósitos de vasas.
Conforme pesquisas realizadas por Feitosa (1989:13), os estudos sobre
a geologia do Maranhão, foram direcionados inicialmente para investigação do
potencial econômico da área continental e, posteriormente, para o
conhecimento da plataforma continental e áreas oceânicas adjacentes. Desses
estudos surgiram importantes trabalhos focalizando a estrutura geológica
sedimentar.
A geomorfologia da bacia do rio Santo Antônio é dominada por formas
tabulares e sub tabulares com bordas por vezes abruptas que decaem em
direção ao curso do rio, em forma de colinas com declividade suave,
modeladas por processos denotacionais de origem climática. Na zona costeira,
tais processos estão representados pelos agentes oceanográficos: ondas,
marés e correntes; e climáticos: temperatura, pluviosidade, umidade e ventos.
As condições climáticas da área inserem-se num contexto mais amplo,
incluindo as influências da massa de ar Equatorial Continental e Equatorial
Atlântica, correspondendo á área de ocorrência dos ventos alísios de nordeste.
Associam-se a estes fatores, além da localização próxima ao Equador, a
exposição frontal ao Oceano Atlântico e a configuração morfológica da zona
costeira do Maranhão, que favorece o deslocamento das massas de ar em
direção ao sul (FEITOSA,1996:30).
Segundo a classificação de Koppen (1948), o clima da área de estudo
corresponde ao tipo Aw, tropical úmido, caracterizado por dois períodos bem
distintos: um chuvoso, com grandes excedentes pluviométricos, que se estende
de janeiro a junho e outro seco, com deficiência hídrica, que compreende o
período de junho a dezembro.
De acordo com Feitosa (1989:45) a temperatura supera os 26°C,
atingindo níveis superiores nos meses de outubro e dezembro e inferiores em
abril e maio. A precipitação média anual oscila em torno de 2000 mm anuais,
tendo cerca de 80% do período chuvoso distribuído entre os meses de janeiro
e junho, maior concentração em março e abril e níveis mais baixos nos meses
de setembro e outubro.
Figura 01–Aspecto de vegetação mista e capoeira/Figura 02–
Vegetação de mangue
A cobertura vegetal natural reflete as condições ecológicas do ambiente,
não levando em consideração a intervenção ou a ocupação humana. Na área
objeto de estudo, encontram-se três conjuntos florísticos, representados pela
floresta secundária mista e capoeira, nas áreas emersas (tabuleiros) e os
mangues na planície fluvio marinha do rio Santo Antônio.
A floresta secundária mista e a capoeira ocorrem nas zonas tabulares e
de colinas, tendo surgido a partir da destruição da floresta tropical sub
perenifólia, totalmente devastada na área de estudo, sendo que o maior
desmatamento está mais concentrado nas nascentes do rio Paranã, decorrente
principalmente da implantação do conjunto residencial homônimo.
O rio Santo Antônio nasce no bairro Cidade Operária, onde estão as
maiores altitudes da sua bacia, atingindo cotas superiores a 60m (BEZERRA,
2001). O seu comprimento total chega a 25,3 km, e sua foz localiza-se na baía
de Curupu. O mesmo possui outras denominações: Cururuca e São João.
Analisando o curso do rio Santo Antônio, Feitosa (1996:44) entende que, por
drenar áreas de menor densidade demográfica, onde as atividades antrópicas
ainda se caracterizam por sua prática rural, têm suas margens relativamente
conservadas, embora a qualidade da água esteja parcialmente comprometida
pelos índices de coliformes fecais, além do assoreamento por erosão pluvial.
As atividades econômicas desenvolvidas na área da bacia do rio Santo
Antônio seguem o padrão das que são praticadas em nível regional,
consistindo de práticas agrícolas que caracterizam a economia dos municípios
de Paço do Lumiar e de São José de Ribamar. Essas atividades estão
concentradas na agricultura de subsistência e na produção de verduras e
legumes destinados às feiras e mercados de São Luís e São José de Ribamar.
Faz-se necessário ressaltar, ainda, a importância da pecuária que se
apresenta como uma atividade econômica de grande relevância na estrutura
produtiva local, abastecendo o comércio de São Luís. A pesca é praticada de
forma artesanal, no mar, igarapés, rios e lagos, destacando-se, a produção de
peixe, camarão, caranguejo e sururu, sendo esta atividade, utilizada pelos
proprietários na produção para o próprio consumo.
Fonte: Monografia de Geografia de Maria de Jesus Ferreira / Imagem:
Plantação de verduras e legumes próximo a bacia do rio Santo Antônio
A bacia do rio Santo Antônio no que se refere ao escoamento fluvial,
pode ser classificada como exorréica (quando a drenagem se dirige para o
mar), e apresenta padrão de drenagem do tipo dendrítica, também designada
arborescente, pois assemelha-se á configuração de uma árvore.
Dependendo das características de cada bacia, faz-se a escolha do
critério mais adequado para a mensuração de seu comprimento, ou em alguns
casos pode-se usar as quatro definições. O comprimento total da bacia do rio
Santo Antônio é de aproximadamente 21,0 km. Para a obtenção desta medida,
considerou-se a distância, em linha reta, acompanhando paralelamente o rio
principal, devido a forma da bacia.
Fonte: Monografia de Geografia de Maria de Jesus Ferreira / Imagem:
Padrão de drenagem e comprimento da bacia do rio Santo Antônio.
Segundo Guerra (1997:195) “descarga líquida, é a quantidade de
água que passa por uma seção do rio em um segundo. Os dados são
apresentados sob a forma de m3/s. A análise da descarga líquida é importante
em regiões com alto índice de deficiência de recursos hídricos, porque permite
conhecer o comportamento dos cursos d´água e, a partir dos dados e das
informações obtidas, pode-se realizar o planejamento da captação, do uso e do
aproveitamento deste recurso, como, por exemplo, na construção de açudes,
canais de irrigação, etc.
Os impactos ambientais recentes da bacia do rio santo Antônio, nos
remetem as velhas questões ambientais debatidas em muitas reuniões e
encontros sediados pelo mundo, o rio Santo Antônio em São Luís no Maranhão
tem sido agravado desde a consolidação do sistema econômico capitalista, em
consequência da apropriação e do uso inadequado dos recursos naturais, com
objetivo de alcançar riqueza e poder.
Na ilha do maranhão, a exploração dos recursos naturais tem gerado
uma série de impactos ambientais, principalmente aos cursos hídricos. A
maioria dos rios encontra-se em estado adiantado de degradação, devido a
interferência humana, de forma irracional.
Neste conjunto, está inserida a bacia do rio Santo Antônio,
evidenciando-se diversos problemas ambientais, dentre os quais se destacam:
ocupação, desmatamento, erosão e assoreamento, deposição de lixo e o
lançamento de esgotos.
A ocupação dos espaços naturais na Ilha do Maranhão, tem sido
desenvolvida sem o planejamento adequado, causando desequilíbrios
ambientais de diferentes ordens de magnitude, com maior gravidade sobre os
recursos hídricos. A ocupação compreende as áreas de manguezais e mata
galeria que estão dispostos na área da bacia do rio Santo Antônio, causando
grande devastação pela rápida expansão urbana.
A área de deposição do lixo no município de Paço do Lumiar não
obedece nenhum padrão de gerenciamento, causando degradação ambiental e
problemas com a saúde pública. Constitui um lixão a céu aberto com sérios
problemas sanitários e ambientais, representando um grande prejuízo à
qualidade da água do rio Santo Antônio e das áreas de abastecimento através
de poços, principalmente através da poluição do lençol freático pelo chorume
originado do lixo.
Outro problema, é o acelerado processo de ocupação espacial na área
com risco de intoxicação dos moradores e de explosão de gás metano (CH4)
infiltrado no solo na área do lixão. Além disso, sua localização está
inadequada, devido à proximidade da área de expansão urbana e a direção
predominante dos ventos que converge para alguns povoados do município
como Pindoba e Iguaíba. Outra área de deposição do lixo no município é nas
margens do rio Santo Antônio, que contribui para o processo de degradação
ambiental desse ambiente.
O lançamento de esgoto doméstico nos cursos d’água provoca problemas muito sérios como: a contaminação por bactérias patogênicas e por substâncias orgânicas e inorgânicas. Os resíduos orgânicos lançados no canal, através de redes de esgotos, possibilitam a proliferação de bactérias e outros microrganismos que consomem o oxigênio dissolvido. Sem oxigênio os peixes vão morrendo aos poucos, e toda a vida no rio vai deixando de existir, morrendo inclusive as bactérias.
O rio Santo Antônio era conhecido pelas suas águas claras e límpidas, com rica fauna e flora. Porém, o lançamento de dejetos in natura através dos esgotos alterou sua qualidade ambiental.
De acordo com o Art. 2º, do capítulo I do Código de proteção do Meio Ambiente do Estado do Maranhão, a Política Estadual do Meio Ambiente tem por finalidade a preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente, como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.
Segundo a CAEMA (2002) os resultados dos parâmetros analisados, estão dentro dos intervalos estabelecidos para as águas superficiais, devendo ser levado em conta, os dados relativos à cadeia nitrogenada (amoniacal, nitroso e nítrico) (Tabela 01), que demonstram haver poluição recente, confirmada pela bacteriologia, uma vez que essas substâncias são oxidadas rapidamente na água.
O resultado da análise bacteriológica das águas do baixo curso do rio Santo Antônio, no ponto coletado próximo ao Wang-Park, situado na Avenida Principal, Pindaí foi de 2.419,2 coliformes fecais por 100 ml. Este índice ultrapassa o nível permitido pela Portaria 1.469, de 29 de Dezembro de 2000, do Ministério da Saúde, que estabelece valores menores do que 1 como aceitáveis para que as águas estejam próprias para o consumo (CAEMA).
O acelerado crescimento populacional, o desenvolvimento industrial e o uso cada vez maior de fertilizantes químicos e inseticidas nas lavouras têm causado sérios danos aos cursos hídricos e a vida de modo geral. No ambiente podem ocorrer acidentes ecológicos, degradação generalizada e má utilização dos recursos naturais que tornam irrecuperáveis os níveis ideais de equilíbrio ou comprometem o uso de muitas áreas exigindo-se a elaboração de diagnósticos ambientais, para que se possa elaborar prognósticos e estabelecer diretrizes de uso dos recursos naturais de modo racional, minimizando a deterioração da qualidade ambiental.
Fonte: Monografia de Geografia de Maria de Jesus Ferreira / Imagem: Coloração escura da água devido ao lançamento de esgoto no rio Santo Antonio.
De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, conclui–se que a área da bacia do rio Santo Antônio está seriamente comprometida em seu equilíbrio ecológico, devido ás atividades antrópicas, como: ocupação desordenada, que compromete a sustentabilidade do aproveitamento da água; o desmatamento da mata ciliar, que é mais intenso no curso superior; a erosão, causada pela ausência da vegetação decorrente do desmatamento; o assoreamento, através da deposição do material que é transportado para o rio; a deposição de lixo, nas margens do rio, em consequência da falta de consciência ecológica dos moradores e o lançamento de esgotos “in natura” devido à falta de saneamento básico.
Para tentar minimizar os problemas de degradação ambiental, na área da bacia do rio Santo Antônio recomenda–se, a aplicação de políticas públicas orientadas a redução dos impactos antrópicos e o equacionamento dos problemas causados pelos impactos ambientais recorrentes e adoção de medidas mitigadoras que possam atenuar tais problemas.
É necessário ainda, maior sensibilização da população quanto à preservação dos recursos hídricos da área, enfatizando–se a importância destes para a
manutenção da qualidade ambiental e o desenvolvimento das atividades bióticas geral. Vale ressaltar também a importância da educação ambiental nas mudanças de mentalidade da sociedade com vista á necessidade de se adotar novas posturas quanto a sua participação de forma ativa nos problemas ambientais.
Deste modo, faz-se necessário trabalhar junto a comunidade, atividades sobre: a importância da água e de como suas atitudes podem tanto preservar esse recurso como alterar o no equilíbrio do rio, o controle do desmatamento principalmente nas margens do rio, evitando ou atenuando os processos de erosão e de assoreamento e o trabalho de reflorestamento.