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TAYNARA GONÇALVES PEREIRA
INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS
NAS COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DE PACIENTES
SUBMETIDOS A DUODENOPANCREATECTOMIA NO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO ERNANI DE SÃO
THIAGO (HU - UFSC) ENTRE OS ANOS DE 2007 E 2017
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, como requisito
para a conclusão do Curso de Graduação
em Medicina.
Florianópolis - SC
Universidade Federal de Santa Catarina
2019
TAYNARA GONÇALVES PEREIRA
INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS
NAS COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DE PACIENTES
SUBMETIDOS A DUODENOPANCREATECTOMIA NO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO ERNANI DE SÃO
THIAGO (HU - UFSC) ENTRE OS ANOS DE 2007 E 2017
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, como requisito
para a conclusão do Curso de Graduação
em Medicina.
Presidente do Colegiado: Prof. Dr. Aroldo Prohmann de Carvalho
Orientadora: Prof. Dr. Danton Spohr Corrêa
Florianópolis - SC
Universidade Federal de Santa Catarina
2019
FICHA CATALOGRÁFICA
Pereira, Taynara Gonçalves
Influência dos níveis séricos de bilirrubinas nas complicações pós -operatórias de
pacientes submetidos a duodenopancreatectomia no Hospital Universitário Polydoro
Ernani De São Thiago (HU - UFSC) entre os anos de 2007 e 2017 / Taynara
Gonçalves Pereira . - Florianópolis, 2019.
24 p.
Orientador, Danton Spohr Corrêa.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Graduação em Medicina.
Inclui referências.
1. Medicina. 2. Duodenopancreatectomia. 3. Neoplasias Pancreáticas . 4. Oncologia
Cirúrg ica. I. Corrêa, Danton Spohr. II. Universidade Federal de Santa Catarina.
Graduação em Medicina. III. Influência dos níveis séricos de bilirrubinas nas
complicações pós-operatórias de pacientes submetidos a duodenopancreatectomia no
Hospital Universitário Polydoro Ernani De São Thiago (HU - UFSC) entre os anos de
2007 e 2017.
iii
AGRADECIMENTOS
A finalização do Trabalho de Conclusão de Curso é, certamente, um marco simbólico
na vida do estudante de graduação. Neste momento, às vésperas da formatura, recordando os
tantos momentos vividos durante esses seis anos de graduação, só me resta, realmente, um
sentimento de gratidão a tudo que me passou e a todos que estiveram comigo.
Agradeço primeiramente aos meus pais, Zorene e Altair, por todo o esforço
empenhado na realização deste sonho. Esta conquista também é de vocês.
À minha irmã, Thalia, e à minha família extensa, pelo grande apoio recebido e pelos
tantos exemplos de força e superação. Que sorte e privilégio ter crescido rodeada por gente
como vocês.
Ao meu amor, Lucas, que é um verdadeiro parceiro para todas as horas. Obrigada pelo
apoio de sempre e por ser meu reduto de paz. Sou grata por poder compartilhar a vida contigo.
Aos colegas de turma, em especial ao meu grupo de internato, pelas relações
cultivadas, que vão para muito além da vida acadêmica, e pelo crescimento juntos nestes seis
longos anos. Agradeço por ter trilhado este caminho ao lado de tantas pessoas incríveis.
Agradecimento especial aos colegas de turma e amigos Caroline, Sabrina e Thiago.
Vocês fizeram enorme diferença nessa jornada. Obrigada por tudo.
Aos amigos, estas pessoas que tenho ao lado não por mera casualidade da vida, mas
por escolha. Obrigada pela companhia de tantas horas. Lembrança especial dos amigos Ana
Luísa, Bianca, João Pedro e Sulivan, que acompanharam muito de perto minha trajetória
enquanto estudante e que foram meu suporte em inúmeros momentos.
Ao Professor Danton, pela orientação neste trabalho, pela competência e pela
confiança em mim. Meu sincero agradecimento.
À colega Mackerley Brito, hoje médica, que foi minha parceira nesta pesquisa e que,
sempre muito solícita, me prestou grande ajuda no início deste trabalho.
Por fim, à Universidade Federal de Santa Catarina, na figura de todos os docentes,
discentes e servidores. A todos que constroem este espaço de transformação social que é a
Universidade Pública. Que, enquanto aluna egressa, eu possa honrar o nome dessa grande
instituição em minha prática como médica e como cidadã.
iv
RESUMO
Introdução: A duodenopancreatectomia é uma cirurgia de grande complexidade e elevadas
taxas de morbimortalidade, sendo empregada principalmente no tratamento de tumores da
região periampular. Questiona-se uma possível influência de níveis pré-operatórios de
bilirrubinas nas complicações e mortalidade da cirurgia.
Objetivo: Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos a
duodenopancreatectomia no Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do HU-UFSC, bem
como avaliar a influência de níveis séricos pré-operatórios de bilirrubinas nos desfechos pós-
operatórios.
Método: Estudo retrospectivo, baseado em dados contidos em prontuários de pacientes que
passaram por duodenopancreatectomia no HU-UFSC entre 2007 e 2017. Foram coletadas
informações sobre os períodos pré, intra e pós-operatório. As análises estatísticas foram
realizadas no software IBM SPSS Statistics v25 e o nível de significância adotado foi de p<
0,05.
Resultados: Foram incluídos 51 pacientes, predominantemente do sexo masculino, com
média de idade de 60,1 anos, sendo tumor em cabeça do pâncreas a principal indicação
cirúrgica. Dezesseis (31,4%) pacientes apresentaram bilirrubinas totais ≥ 15 mg/dL. A
complicação pós-operatória mais frequente foi a fístula pancreática (35,3%), seguida por
coleção intraabdominal (25,5%) e hemorragia (17,6%). Sete pacientes (13,7%) evoluíram
para óbito. As associações entre níveis de bilirrubinas e desfechos cirúrgicos não
apresentaram significância estatística.
Conclusão: O estudo não encontrou diferenças estatisticamente significativas nas
complicações pós-operatórias de pacientes com bilirrubinas totais ≥ 15 mg/dL. Sugere-se
novos estudos explorando o tema.
Palavras-chave: Duodenopancreatectomia; Bilirrubina; Oncologia cirúrgica; Câncer de
pâncreas.
v
ABSTRACT
Background: Pancreaticoduodenectomy is a surgery of great complexity and high morbidity
and mortality rates. It’s mainly used in the surgical treatment of periampullary tumors. The
influence of preoperative bilirubin levels on the surgery complications and mortality is
questioned.
Objective: This study aimed to evaluate the epidemiological features of patients who have
undergone pancreaticoduodenectomy at the University Hospital of UFSC, as well as to
evaluate the influence of preoperative serum bilirubin levels on postoperative outcomes.
Method: A retrospective study was performed based on data from medical records of patients
who underwent duodenopancreatectomy between 2007 and 2017. Information on the pre,
intra and postoperative periods was collected. Statistical analysis were performed using the
IBM SPSS Statistics v25 software and the significance level adopted was p < 0.05.
Results: Fifty-one patients, predominantly male, with a mean age of 60.1 years, were
included. Pancreatic head tumor was the main surgical indication. Sixteen (31.4%) patients
had total bilirubins ≥ 15 mg/dL. The most frequent postoperative complication was pancreatic
fistula (35.3%), followed by abdominal collection (25.5%) and hemorrhage (17.6%). Seven
patients (13.7%) died. Association between bilirubin levels and surgical outcomes were not
significant.
Conclusion: The study found no statistically significant differences in postoperative
complications in patients with total bilirubins ≥ 15 mg/dL. The author suggests further studies
exploring the theme.
Keywords: Pancreaticoduodenectomy; Bilirubin; Surgical Oncology; Pancreatic Neoplasms.
vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ASA American Society of Anesthesiologists
BT Bilirrubinas totais
DP Desvio padrão
IC 95% Intervalo de confiança de 95%
HU Hospital Universitário
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UTI Unidade de Tratamento Intensivo
vii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................iii
RESUMO ..................................................................................................................................iii
ABSTRACT ................................................................................................................................ v
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................ vi
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 3
2.1 Objetivo geral ...................................................................................................................... 3
2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................... 3
3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 4
4 RESULTADOS ...................................................................................................................... 6
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 11
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 16
NORMAS ADOTADAS ......................................................................................................... 19
APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados ........................................................... 20
ANEXO A – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa ............................. 22
1
1 INTRODUÇÃO
O adenocarcinoma de pâncreas é conhecido por sua agressividade e letalidade.
Atualmente é a quarta causa de morte por câncer nos Estados Unidos, e há previsão de que em
2030 seja a segunda causa, sendo superado apenas pelo câncer de pulmão.1,2 Apesar dos
importantes avanços da medicina nas últimas décadas, o prognóstico do câncer de pâncreas
não tem demonstrado melhora significativa, apresentando uma taxa de sobrevida em cinco
anos de aproximadamente 5%.3
Os sintomas do câncer de pâncreas ao diagnóstico dependem da localização do tumor
e do estágio evolutivo da doença. A maior parte tumores de pâncreas se desenvolvem na
topografia da cabeça, levando a um quadro de colestase obstrutiva. Sintomas comuns à
apresentação são icterícia, dor abdominal, perda de peso, esteatorreia e diabetes mellitus de
aparecimento súbito. A maioria dos pacientes, porém, evolui para estágio metastático ou
localmente avançado ainda em fase assintomática.3,4
Quando a doença é descoberta em estágio ressecável, a cirurgia é o tratamento de
escolha e a única alternativa terapêutica com potencial curativo. Para tumores de cabeça de
pâncreas, bem como outros tumores de região periampular, o procedimento indicado é a
duodenopancreatectomia.4
A duodenopancreatectomia é uma cirurgia de grande complexidade que consiste em
uma ressecção que abrange a cabeça do pâncreas e o duodeno, além de estruturas adjacentes
como jejuno proximal, parte do colédoco, vesícula biliar e antro gástrico – este último
podendo ser preservado, a depender da técnica cirúrgica empregada.
A primeira ressecção da cabeça do pâncreas e de parte do duodeno realizada com
sucesso se deu em 1909, na retirada de um tumor de papila duodenal pelo médico alemão
Walter Kausch.5 No entanto, a cirurgia ganhou popularidade somente quando, no ano de
1935, o americano Allen O. Whipple e seus colaboradores relataram três casos de sucesso da
cirurgia na remoção de tumores periampulares.6 O procedimento acabou recebendo seu nome:
cirurgia de Whipple.
Nas décadas subsequentes a duodenopancreatectomia passou por múltiplas
modificações e aperfeiçoamentos, recebendo contribuição de profissionais de diferentes
instituições. Inicialmente, sua morbidade e mortalidade eram significativamente altas. Estudos
mostravam taxas de mortalidade perioperatória de até 23%, além de índices de complicações
pós-operatórias chegando a 65%.7,8 Nas décadas de 1960 e 1970 chegou-se a questionar a
2
validade do procedimento, tendo em vista seus altos índices de morbimortalidade e baixa
sobrevida a longo prazo.9
Com avanços técnicos em diversos campos da medicina nos anos 1980 e 90,
permitindo maior acurácia no diagnóstico e melhores cuidados intensivos perioperatórios, e
ainda a concentração da realização do procedimento em grandes centros com alto volume de
casos, os resultados cirúrgicos obtiveram significativa melhora. Os índices de mortalidade
perioperatória da duodenopancreatectomia diminuíram drasticamente, com estudos
internacionais mostrando valores entre 1,3 e 3,7% na atualidade.10,11
A morbidade, porém, segue elevada: as complicações pós-operatórias ocorrem em até
38% dos pacientes submetidos a duodenopancreatectomia. As complicações mais comuns são
gastroparesia, fístula pancreática, infecções de ferida operatória, sangramento e fístula biliar.13
Diversos estudos buscam esclarecer quais fatores estariam relacionados à morbidade pós-
operatória da DPT, de modo que possam surgir alternativas para melhoria dos resultados
cirúrgicos.
Questiona-se o papel das bilirrubinas nesse contexto. A icterícia – coloração
amarelada da pele e escleras devido a um aumento dos níveis séricos de bilirrubinas – é um
sinal muito frequente ao diagnóstico de tumores periampulares. Níveis elevados de
bilirrubinas têm sido associados a disfunção renal, alterações cardiovasculares,
comprometimento imunológico e distúrbios de coagulação.14,15 No entanto, há controvérsias
sobre a possível influência dos níveis pré-operatórios de bilirrubinas nos desfechos da
duodenopancreatectomia. Estudos abordando o tema apresentam resultados conflitantes, de
modo que o emprego da drenagem biliar pré-operatória, que supostamente poderia melhorar
os resultados cirúrgicos, não possui indicação claramente definida.16-19
Assim, o presente estudo buscou avaliar a influência dos níveis séricos pré-operatórios
de bilirrubinas nos desfechos pós-operatórios de pacientes submetidos a cirurgia de
duodenopancreatectomia. Além disso, buscou avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes e
os resultados cirúrgicos da duodenopancreatectomia no Hospital Universitário Polydoro
Ernani de São Thiago, ligado à Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), visto a
importância do hospital como referência em Cirurgia do Aparelho Digestivo em Santa
Catarina e a relevância de informações precisas acerca dos resultados obtidos na instituição
para seu aprimoramento e, por consequência, melhor atendimento à população assistida.
3
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Identificar as principais complicações pós-operatórias ocorridas nos pacientes
submetidos a cirurgia de duodenopancreatectomia entre os anos de 2007 e 2017 no Serviço de
Cirurgia do Aparelho Digestivo do HU-UFSC e sua associação com níveis séricos de
bilirrubinas.
2.2 Objetivos específicos
Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes, estimar a incidência das principais
patologias que necessitam de duodenopancreatectomia como escolha terapêutica e determinar
a frequência das principais complicações pós-operatórias da duodenopancreatectomia no HU-
UFSC.
4
3 METODOLOGIA
Foi realizada análise retrospectiva de dados contidos em prontuários médicos
armazenados no Serviço de Prontuário do Paciente do HU-UFSC. Os critérios de inclusão
foram: pacientes submetidos a cirurgia de duodenopancreatectomia entre os anos de 2007 e
2017, de ambos os sexos, com idade a partir de 18 anos, independentemente do diagnóstico
que indicou a cirurgia. Foram excluídos os pacientes com dados de prontuário incompletos
e/ou sem registro de níveis séricos de bilirrubinas de data anterior à realização da cirurgia.
Foram coletados dados referentes a características clínicas e epidemiológicas dos
pacientes, em formulário elaborado pela pesquisadora (APÊNDICE A – Formulário de coleta
de dados). Estudou-se as variáveis sexo, idade ao diagnóstico, localização de tumor,
alcoolismo, tabagismo, localização do tumor, classificação de estado físico de acordo com
escore da American Society of Anesthesiologists (ASA) e última dosagem de valores séricos
de bilirrubinas totais (BT) antes da cirurgia. O valor de bilirrubinemia de 15 mg/dL foi
definido como ponto de corte a partir da revisão bibliográfica de estudos que abordaram tema
semelhante ao do presente trabalho16,20. Assim, foi feita divisão dos pacientes em grupos de
BT < 15 mg/dL e BT ≥ 15 mg/dL.
Em relação à cirurgia, avaliou-se as variáveis data do procedimento, tempo de cirurgia
(expresso em horas) e necessidade de transfusão sanguínea. No pós-operatório, analisou-se o
tempo de permanência em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), expresso em dias;
necessidade de reabordagem cirúrgica; sangramento s-o erat rio desen ol imento de
stula an re ti a determinada ela drenagem ersistente de se re o abdominal ri a em
amilase atra s do dreno t bulo-laminar olo ado unto anastomose , com amilase em
líquido drenado acima de três vezes o limite superior do valor sérico normal (125 U/L)21 ,
conforme método laboratorial habitual e referências adotadas pelo Laboratório de Análises
Clínicas do HU-UFSC ou após demonstração radiológica de deiscência de anastomose
pancreática; óbito e tempo total de internação hospitalar (expresso em dias).
Em análise utilizando a bilirrubinemia como variável categórica, a variável idade foi
representada por média e desvio padrão (DP) e as demais variáveis quantitativas foram
representadas pela mediana e intervalo interquartílico (mediana [p25; p75]) de acordo com a
distribuição verificada pelo teste de normalidade de Shapiro-Wilk. As variáveis categóricas
foram representadas pela frequência absoluta e relativa. Para comparar a média da idade entre
as categorias de bilirrubinemia foi realizado o teste t para amostras independentes. Para as
5
variáveis assimétricas, as distribuições dos tempos de cirurgia, de UTI e de internação foi
realizado o teste de Mann-Whitney. As proporções das variáveis categóricas foram
comparadas com as categorias de bilirrubinemia pelo teste de qui-quadrado.
Quando da análise dos dados considerando a bilirrubinemia como variável contínua,
foi verificado pelo teste de normalidade de Shapiro-Wilk que a variável bilirrubina é
assimétrica. Assim, foi representada pela mediana e intervalo interquartílico (mediana [p25;
p75]). A comparação das distribuições das bilirrubinas entre as variáveis categóricas com
duas categorias foi realizada pelo teste de Mann-Whitney, e o teste de Kruskal-Wallis foi
realizada entre as variáveis com mais de duas categorias. As análises estatísticas foram
realizadas no software IBM SPSS Statistics v25 e o nível de significância adotado foi de 0,05.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da
Universidade Federal de Santa Catarina e aprovado, conforme parecer número 3.198.416
(ANEXO A – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa).
6
4 RESULTADOS
Foram encontrados 55 pacientes submetidos a duodenopancreatectomia no HU-UFSC
entre 2007 e 2017, sendo que, dentre esses, 4 apresentavam prontuários médicos com dados
incompletos e foram, portanto, excluídos do estudo. Assim, o trabalho avaliou 51 pacientes.
Na Tabela 1 são mostradas características clínicas e epidemiológicas da população
estudada. A maioria (58,8%) dos pacientes era do sexo masculino, com idade igual ou
superior a 60 anos (60,8%). A média de idade foi 60,1 anos, sendo que o paciente mais jovem
tinha 35 anos e o mais idoso 78 anos. Todas as duodenopancreatectomias foram realizadas por
indicação de tumor, a maioria deles em cabeça do pâncreas. O valor médio de bilirrubinas
totais foi de 11,06 mg/dL, sendo que quatorze pacientes (27,5%) apresentavam níveis normais
(até 1,0 mg/dL). Dezesseis pacientes (31,4%) apresentavam níveis séricos de bilirrubinas
iguais ou superiores a 15 mg/dL. Dentre os pacientes, 41,2% eram tabagistas e 19,6% eram
etilistas.
Tabela 1 – Características clínicas e epidemiológicas dos pacientes estudados.
Variável n %
Sexo Feminino 21 41,2
Masculino 30 58,8
Idade < 60 anos 20 39,2
60 anos ou mais 31 60,8
Localização Cabeça do pâncreas 35 68,6
Papila duodenal 9 17,6
Colédoco 5 9,8
Duodeno 2 3,9
Níveis de bilirrubinas < 15 mg/dL 35 68,6
≥ 15 mg/dL 16 31,4
Tabagismo Sim 21 41,2
Não 30 58,8
Etilismo Sim 10 19,6
Não 41 80,4
Na Tabela 2 estão listadas as complicações encontradas e sua frequência entre os
pacientes. A principal complicação foi a fístula pancreática (35,3%), seguida por coleção
intraabdominal (25,5%) e hemorragia (17,6%).
7
Tabela 2 – Incidência de complicações pós-operatórias.
Complicação n %
Fístula pancreática 18 35,3
Coleção abdominal 13 25,5
Hemorragia 9 17,6
Óbito 7 13,7
Fístula biliar 6 11,8
Pneumonia 5 10
Sepse 3 5,9
Gastroparesia 2 3,9
Derrame pleural 1 1,9
Para avaliação da influência das bilirrubinas nos desfechos cirúrgicos, inicialmente foi
realizada análise da presença de fatores de risco nos dois grupos do estudo, buscando
identificar eventuais fatores de confusão. A Tabela 3 mostra associação entre variáveis
epidemiológicas e os níveis de bilirrubinas.
Tabela 3 – Associação entre variáveis epidemiológicas e níveis de bilirrubinas.
Bilirrubinemia
p < 15 mg/dL
(n=35)
≥ 15 mg/dL
(n=16)
média (DP) média (DP)
teste t independente
Idade 59,8 (10,7) 60,8 (9,6) 0,756
n (%) n (%) teste q²
Sexo Feminino 13 (61,9) 8 (38,1) 0,576
Masculino 22 (73,3) 8 (26,7)
Tabagismo Sim 15 (71,4) 6 (28,6) 0,957
Não 20 (66,7) 10 (33,3)
Etilismo Sim 6 (60) 4 (40) 0,705
Não 29 (70,7) 12 (29,3)
ASA Grau 1 1 (100) 0 (0) 0,839
Grau 2 17 (70,8) 7 (29,2)
Grau 3 17 (65,4) 9 (34,6)
8
Encontrou-se médias de idade semelhantes entre os grupos de pacientes divididos de
acordo com valores de bilirrubinas. Nos fatores tabagismo, alcoolismo e Escore de ASA foi
verificado que a distribuição dos pacientes seguiu o mesmo padrão da população total, de
aproximadamente 70% dos pacientes com BT < 15 mg/dL e 30% com BT ≥ 15 mg/dL. No
fator sexo, houve discreta diferença, que não apresentou significância estatística (p = 0,576):
no sexo feminino 38 1% a resenta am BT ≥ 15 mg/dL, ao passo que esse número era de
26,7% dentre os pacientes de sexo masculino.
Na Tabela 4 são apresentados dados sobre as taxas de complicações cirúrgicas
encontradas e sua associação com níveis de bilirrubinas. A necessidade de tranfusão
sanguínea intraoperatória foi maior nos pacientes com BT ≥ 15 mg/dL om 37 5% deles
necessitando de transfusão, sendo que entre os pacientes com BT < 15 mg/dL, 20% necessitou
de transfusão (p = 0,298).
Do total de pacientes, 35,3% evoluiu com fístula pancreática no pós-operatório, sendo
que no grupo de menor bilirrubinemia, 31,4% dos pacientes apresentou a complicação,
enquanto que no grupo de maior bilirrubinemia, 43,8% dos pacientes apresentou fístula
pancreática (p = 0,590). Sangramento no período pós-operatório foi uma complicação
presente em 17,6% dos pacientes: 20% dos pacientes do grupo BT < 15 mg/dL apresentou
sangramento, contra 12,5% no grupo de BT ≥ 15 mg/dL, com p=0,701.
A necessidade de reabordagem cirúrgica foi semelhante entre os grupos, tendo uma
incidência de 22,9% entre os pacientes BT <15 mg/dL e 25% nos pacientes com BT ≥ 15
mg/dL (p ≥ 0,999). Já a evolução para óbito apresentou maior diferença entre os grupos: 8,6%
dos pacientes de bilirrubinemia < 15 mg/dL foram a óbito, enquanto 25% dos pacientes com
maior bilirrubinemia tiveram o mesmo desfecho (p = 0,186).
Considerando as complicações pós-operatórias fístula, sangramento, reabordagem
cirúrgica e óbito, 68,8% dos pacientes com BT ≥ 15 mg/dL apresentaram complicação,
enquanto dentre os pacientes com BT < 15 mg/dL esse número foi de 48,6% (p = 0,863).
O tempo de cirurgia apresentou mediana de 6 horas em ambos os grupos (p = 0,196).
O tempo de internação em UTI também foi semelhante entre os grupos, com mediana de 3
dias em ambos (p = 0,119). O tempo total de internação hospitalar apresentou mediana
discretamente maior, de 35 dias, entre o grupo de menor bilirrubinemia, em relação ao grupo
com maior bilirrubinemia, que apresentou mediana de 32 dias de internação, com p valor de
0,633.
9
Tabela 4 - Associação entre complicações e níveis de bilirrubinas.
TOTAL
Bilirrubinemia RR (IC 95%)
p <15 (n=35) ≥ 15 (n=16)
n (%) n (%) n (%) teste q²
Transfusão
sanguínea intraoperatória
Sim 13 (25,5) 7 (20) 6 (37,5) 1,87 (0,75-
4,69)
0,298
Não 38 (74,5) 28 (80) 10 (62,5)
Fístula Pancreática
Sim 18 (35,3) 11 (31,4) 7 (43,8) 1,39 (0,6-2,92)
0,590
Não 33 (64,7) 24 (68,6) 9 (56,3)
Sangramento
pós-operatório
Sim 9 (17,6) 7 (20) 2 (12,5) 0,63 (0,15-
2,68)
0,701
Não 42 (82,4) 28 (80) 14 (87,5)
Reabordagem cirúrgica
Sim 12 (23,5) 8 (22,9) 4 (25) 1,09 (0,38-3,11)
>0,999
Não 39 (76,5) 27 (77,1) 12 (75)
Óbito Sim 7 (13,7) 3 (8,6) 4 (25) 2,92 (0,74-11,54)
0,186
Não 44 (86,3) 32 (91,4) 12 (75)
Complicações
pós-operatórias
Sim 28 (54,9) 17 (48,6) 11 (68,8) 1,42 (0,88-
2,28)
0,863
Não 23 (45,1) 18 (51,4) 5 (31,3)
mediana [P25; P75]
mediana [P25; P75]
mediana [P25; P75]
teste de Mann-Whitney
Tempo Cirurgia (horas)
6,0 [6,0; 7,0] 6,0 [6,0; 7,0] 6,0 [5,3; 6,8]
0,196
Tempo UTI (dias) 3,0 [2,0; 6,0] 3,0 [2,0; 9,0] 3,0 [1,5; 4,0]
0,119
Tempo Internação
(dias)
33,0 [26,0;
45,0]
35,0 [23,0;
45,0]
32,0 [28,0;
41,5]
0,633
Foi realizada ainda uma análise considerando os níveis de bilirrubinas como variável
contínua, verificando as médias e distribuições da bilirrubinemia dentro dos desfechos
estudados, conforme demonstrado na Tabela 5. Dentre os resultados, os que obtiveram maior
diferença entre níveis de bilirrubinas foram (1) alcoolismo, onde pacientes com história de
alcoolismo tinham um nível médio de bilirrubinas de 14,5 mg/dL, versus 10,2 mg/dL dos não-
alcoolistas, e (2) óbito, sendo que pacientes que vieram a óbito apresentavam nível médio de
bilirrubinas de 15,1 mg/dL, enquanto pacientes que não tiveram esse desfecho possuíam, em
10
média, 10,4 mg/dL de BT. Entretanto, nenhuma das análises obteve significância estatística (p
< 0,05).
Tabela 5 – Bilirrubinemia como variável contínua e sua distribuição entre as variáveis.
Bilirrubinemia
média (DP)
mediana [p25; p75]
min - máx n p
Sexo*
Feminino 12,3 (7,7) 13,9 [5,2; 17,1] 0,4 - 24,7 21 0,297
Masculino 10,2 (9,2) 9,7 [0,8; 16,0] 0,3 - 33,2 30
Idade*
<60 anos 9,3 (7,7) 9,7 [0,9; 15,0] 0,3 - 23,8 20 0,344
≥ 60 anos 12,2 (9,1) 13,2 [3,4; 18,4] 0,4 - 33,2 31
Tabagismo*
Sim 10,7 (8,8) 10,0 [1,0; 15,1] 0,4 - 27,5 21 0,826
Não 11,4 (8,6) 12,6 [1,8; 17,5] 0,3 - 33,2 30
Etilismo*
Sim 14,5 (9,3) 14,8 [8,1; 23,8] 0,4 - 27,5 10 0,158
Não 10,2 (8,3) 10,1 [1,3; 16,0] 0,3 - 33,2 41
ASA†
1 4,9 (0,0) 4,9 [4,9; 4,9] 4,9 - 4,9 1 0,785
2 11,0 (7,9) 13,3 [2,6; 15,4] 0,3 - 27,5 24
3 11,4 (9,5) 11,9 [1,0; 17,5] 0,4 - 33,2 26
Transfusão*
Sim 12,8 (8,6) 14,9 [4,9; 17,5] 0,4 - 27,5 13 0,275
Não 10,5 (8,6) 10,6 [1,0; 15,1] 0,3 - 33,2 38
Tempo de
Cirurgia*
>=6 horas 10,9 (9,4) 10,1 [1,8; 14,9] 0,4 - 33,2 21 0,752
< 6 horas 11,2 (8,2) 12,9 [1,3; 17,5] 0,3 - 24,7 30
Tempo de UTI*
≥ 3 dias 10,3 (8,2) 11,2 [1,0; 15,7] 0,4 - 27,5 35 0,417
< 3 dias 12,7 (9,5) 13,7 [3,5; 18,0] 0,3 - 33,2 16
Reabordagem
cirúrgica*
Sim 10,9 (7,5) 14,2 [2,4; 16,6] 0,4 - 20,8 12 0,894
Não 11,1 (9,0) 10,1 [1,0; 17,8] 0,3 - 33,2 39
Fístula
Pancreática*
Sim 10,2 (8,5) 10,6 [1,0; 16,0] 0,4 - 23,8 18 0,730
Não 11,5 (8,8) 12,6 [4,9; 17,1] 0,3 - 33,2 33
Sngramento*
Sim 10,4 (6,6) 13,9 [4,9; 14,9] 0,5 - 17,5 9 0,990
Não 11,2 (9,0) 11,9 [1,3; 17,8] 0,3 - 33,2 42
Óbito*
Sim 15,1 (6,6) 16,0 [11,2; 20,8] 3,4 - 23,4 7 0,138
Não 10,4 (8,8) 10,1 [1,0; 15,4] 0,3 - 33,2 44
Complicação pós-operatória*‡
Sim 11,6 (8,1) 13,9 [2,4; 17,3] 0,4 - 23,8 28 0,472
Nenhuma 10,4 (9,4) 9,3 [1,0; 14,7] 0,3 - 33,2 23
* Teste de Mann-Whitney. † Teste de Kruskal-Wallis. ‡
Complicação pós-operatória: pelo menos uma entre as
variáveis fístula pancreática, sangramento, reabordagem cirúrg ica e óbito.
11
5 DISCUSSÃO
A literatura nacional a respeito dos resultados das duodenopancreatectomias é escassa,
havendo poucos trabalhos recentes. Em 2014, Fontes e colaboradores22 realizaram análise
retrospectiva de 97 duodenopancreatectomias realizadas na Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre. O trabalho relatou mortalidade em 30 dias de 2,1%. As complicações mais
frequentemente encontradas foram fístula pancreática (10,3%), pneumonia (10,3%) e
gastroparesia (6%). Rezende et al23, em trabalho publicado no ano de 2019, observaram
mortalidade em 30 dias de 10,3%.
Um outro estudo, datado de 2006 e realizado no Hospital Governador Israel Pinheiro,
em Belo Horizonte, avaliou os resultados de 41 duodenopancreatectomias24. A mortalidade
relatada foi de 22%, com complicações pós-operatórias ocorrendo em 58% dos casos, sendo
as principais pneumonia (12,2%) e infecção de ferida operatória (12,2%). Fístula pancreática,
fístula biliar, fístula gastrojejunal, choque e sepse, tiveram 9,7% de incidência cada. Síndrome
da angústia respiratória aguda e derrame pleural incidiram sobre 4,9% dos pacientes.
Fica claro que, apesar de tantos avanços nas diversas áreas da medicina, e mesmo
depois de um século de existência, a duodenopancreatectomia segue com elevadas taxas de
morbimortalidade. Analisando os trabalhos brasileiros, notam-se incidências diversas de
mortalidade e complicações, com predomínio de fístula pancreática, pneumonia e
gastroparesia.
A fístula pancreática é uma das complicações mais importantes da
duodenopancreatectomia. No presente trabalho, a mesma ocorreu em 35,3% dos pacientes.
Quando comparadas as incidências entre os grupos de maior e menor bilirrubinemia, há pouca
diferença: 43,8% versus 31,4% (p = 0,59), respectivamente. Hu et al25, em estudo
pesquisando fatores de risco para fístula pancreática, descartou bilirrubinemia, usando ponto
de corte de 171µmolL (equivalente a 10 mg/dL). Outros estudos também não encontraram
relação entre bilirrubinas e desenvolvimento de fístula pancreática, porém usando ponto de
corte de 3 mg/dL.26,27
Uma variável que apresentou diferença considerável entre os grupos foi a necessidade
de transfusão sanguínea intraoperatória, com incidência de 37,5% no grupo com bilirrubinas
totais ≥ 15 mg/dL e 20% no grupo de BT < 15mg/dL (p = 0,298). Dolejs et al16, em seu estudo
com mais de 2500 pacientes submetidos a duodenopancreatectomia, observaram maior
necessidade (34% versus 23,1%, com p valor < 0,01) de transfusão sanguínea em pacientes
12
com BT ≥ 10 mg/dL em relação a pacientes com níveis normais de bilirrubinas. Sauvanet e
colaboradores20, em análise multivariada com mais de 2500 pacientes, identificaram
bilirrubinemia >14,6 mg/dL como fator de risco para recebimento de transfusão de sangue.
Uma explicação para tal resultado seria um distúrbio na atividade dos fatores de
coagulação vitamina K-dependentes provocado pela colestase, predispondo a sangramentos e
necessidade de hemotransfusão. Estudos apontam que fibrinogênio, protrombina e fatores de
coagulação V, VII, IX e X podem estar afetados na icterícia obstrutiva, devido à má absorção
de vitamina lipossolúveis decorrente da ausência de sais biliares no intestino.28,29
É interessante destacar também que Rocha et al24, em estudo com pacientes submetidos
a duodenopancreatectomia, observaram menor sobrevida no primeiro ano nos pacientes que
passaram por transfusão de hemoderivados no período perioperatório. Uma metanálise
recente, envolvendo transfusão perioperatória em pacientes com câncer de pâncreas encontrou
uma sobrevida em cinco anos 2,5 vezes menor em pacientes submetidos a hemotransfusão.30
Há resultados semelhantes com tumores de outras localizações, tais como pulmão, intestino
grosso, fígado, estômago e esôfago.31 Interroga-se que haja mecanismos imunológicos
associados à transfusão levando a esses piores resultados oncológicos.
É preciso, portanto, chamar a atenção para a necessidade de se pesar, além dos riscos
inerentes à transfusão sanguínea, como reações hemolíticas e alérgicas, a sua provável
influência negativa na evolução de pacientes oncológicos. Nesse contexto, é importante estar
ciente de um maior risco de pacientes com hiperbilirrubinemia de serem submetidos a
hemotransfusão.
Paradoxalmente, a incidência de sangramento pós-operatório no presente estudo obteve
discreta diferença entre os grupos de maior e menor bilirrubinemia: 12,5% versus 20%,
respectivamente, com p valor de 0,701. De Pastena et al18, em estudo com 1500 pacientes,
encontraram níveis ≥ 7,5 mg/dL de BT como fator de risco para desenvolvimento de
hemorragia pós-duodenopancreatectomia. Outro estudo, com 218 pacientes na Índia,
identificou bilirrubinas ≥ 10 mg/dL e fístula pancreática como fatores de risco para
sangramento pós-duodenopancreatectomia.32 A necessidade de reabordagem cirúrgica foi
semelhante entre os grupos, o que corrobora com dados da literatura.18
O desfecho que apresentou maior diferença entre os grupos no presente trabalho foi o
óbito, com incidência de 25% entre os pacientes BT ≥ 15 mg/dL e 8,6% no grupo de BT < 15
mg/dL, configurando RR de 2,92 (IC 95% 0,74-11,54, p=0,186). Na análise utilizando níveis
de bilirrubinas como variável contínua, os pacientes que foram a óbito apresentaram média de
BT de 15,1 mg/dL, enquanto os pacientes que não obtiveram o mesmo desfecho tinham, em
13
média, 10,4 mg/dL de BT. Estudo conduzido por Böttger e Junginger33 também encontrou
nível pré-operatório de bilirrubinas como fator de influência sobre a mortalidade pós-
operatória. Os estudos de Dolejs et al e Sauvanet et al, previamente citados, encontraram
maior mortalidade em pacientes com hiperbilirrubinemia ≥ 10 e ≥ 14,6 mg/dL,
respectivamente, porém sem significância estatística16,20.
Sauvanet et al20 observaram que bilirrubinemia ≥ 17,5 mg/dL mostrou ter impacto
negativo em sobrevida no período de um ano ou mais (p < 0,05). Similarmente, estudo com
400 pacientes identificou que em pacientes sem acometimento linfonodal, a presença de
icterícia era fator de pior prognóstico no tempo de sobrevida em até 6 anos34.
É preciso, no entanto, atentar-se para a possibilidade de que a maior mortalidade de
pacientes com níveis altos de bilirrubinas deva-se aos mesmos apresentarem-se já em estado
mais avançado de doença e com maior debilidade física, sem necessariamente haver relação
causal direta entre óbito e níveis de bilirrubinas.
Para além da discussão sobre o impacto dos níveis de bilirrubinas nos desfechos pós-
operatórios da duodenopancreatectomia, há ainda o debate acerca do benefício da drenagem
biliar pré-operatória. Estudo recente com 1500 pacientes comparou a evolução pós-operatória
de pacientes submetidos a colocação de stent biliar pré-operatório e de pacientes com BT ≥
7,5 mg/dL. O grupo com stent apresentou maior incidência de infecção do sítio cirúrgico,
porém o grupo com bilirrubinas ≥ 7,5 mg/dL obteve maiores taxas de hemorragia pós-
operatória e necessidade de reoperação, consideradas complicações mais importantes18.
Estudo conduzido por Gaag e colaboradores19 encontrou complicações em 74% dos
pacientes submetidos a drenagem biliar pré-operatória, enquanto os pacientes submetidos a
duodenopancreatectomia primariamente apresentaram 39% de complicações. Nesse estudo,
porém, não houve distinção quanto a bilirrubinemia, tendo os pacientes com níveis entre 2,3 e
14,6 md/dL sido aleatoriamente distribuídos entre os grupos. Outro estudo associou drenagem
biliar pré-operatória com bactobilia e infecção de ferida operatória, porém sem afetar
morbimortalidade em geral35. Nesse estudo, entretanto, 93% dos pacientes do grupo não
submetido a stent pré-operatório possuía bilirrubinas < 3 mg/dL.
A literatura com relação a influência de níveis de bilirrubinas e drenagem biliar pré-
operatória nos desfechos da duodenopancreatectomias persiste conflitante, a despeito de tais
temas serem objetos de estudos há décadas. Contudo, deve-se observar atentamente o
delineamento de cada pesquisa e o nível de corte de bilirrubinemia aplicados nos estudos
existentes, de modo que haja maior rigor e legitimidade na avaliação dos resultados e que os
mesmos possam ser transpostos à prática médica.
14
No presente trabalho, os resultados obtidos foram comparados com literatura que
utilizasse corte de níveis de bilirrubinas próximos aos estudados. Apesar de não apresentarem
significância estatística, os números encontrados sugerem tendência dos pacientes com
bilirrubinemia ≥ 15 mg/dL a maior necessidade de transfusão sanguínea intraoperatória e
maior chance de óbito. A falta de significância estatistica deve-se, possivelmente, ao tamanho
da amostra atual, que é uma das limitações encontradas no estudo.
Além disso, o delineamento retrospectivo e com pesquisa em dados registrados em
prontuário se apresenta como limitação devido à impossibilidade de analisar todas as
variáveis que seriam de interesse dos pesquisadores e que talvez pudessem impactar no
estudo. Sugere-se a realização de novos estudos a fim de esclarecer e, eventualmente, formar
consenso acerca de tema tamanha importância e presença na prática médica.
15
6 CONCLUSÃO
O estudo mostrou maior tendência dos pacientes com bilirrubinas totais ≥ 15 mg/dL a
necessitarem de transfusão de sangue intraoperatória e de evoluírem para óbito. O resultados,
porém, não apresentaram significância estatística, apesar de serem concordantes com a
literatura existente.
Além disso, o estudou traçou o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos a
cirurgia de duodenopancreactomia no Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do HU-
UFSC, havendo predomínio de homens, com média de idade de 60,1 anos e maioria com
tumor localizado em cabeça do pâncreas. A complicação pós-operatória mais frequente foi a
fístula pancreática (35,3%) e a evolução para óbito ocorreu em 13,7% dos pacientes.
16
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19
NORMAS ADOTADAS
Este trabalho foi realizado seguindo a normatização para trabalhos de conclusão do
Curso de Graduação em Medicina, aprovada em reunião do Colegiado do Curso de
Graduação em Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, em 16 de junho de
2011.
20
APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados
1. Identificação:
Nome:_____________________________________________ Prontuário:____________
Data de nascimento:__/__/____ Idade ao diagnóstico:_______ Sexo:________________
2. Comorbidades
Diabetes Mellitus: ( )Sim ( ) Não
Hipertensão: ( )Sim ( ) Não
Dislipidemia: ( )Sim ( ) Não
Hepatite B: ( )Sim ( ) Não
Hepatite C: ( )Sim ( ) Não
Esteatose hepática: ( )Sim ( ) Não
Alcoolismo: ( )Sim ( ) Não
Tabagismo: ( )Sim ( ) Não
Outro: __________________
3. Apresentação clínica
Dor abdominal: ( )Sim ( ) Não
Perda ponderal: ( )Sim ( ) Não
Icterícia: ( )Sim ( ) Não
Esteatorreia: ( )Sim ( ) Não
Dislipidemia: ( )Sim ( ) Não
Síndrome dispéptica: ( )Sim ( ) Não
Colangite: ( )Sim ( ) Não
Manifestações paraneoplásicas: ( )Sim ( )
Não
Descompensação de DM prévia: ( )Sim ( )
Não
Quadro recente de DM: ( )Sim ( ) Não
Níveis de bilirrubinas: ____mg/dL
4. Dados da cirurgia
Data da cirurgia:__/__/____
Via de acesso: ( ) Laparotomia ( ) Laparoscopia
Incisão: ( ) Chevron ( ) Subcostal bilateral ( ) Mediana ( ) Outra: _________
Esplenectomia: ( )Sim ( ) Não
Ressecção Multivisceral: ( )Sim. Local:________________________________ ( ) Não
Ressecção Vascular: ( )Sim. Local:____________________________________ ( ) Não
Tempo Cirúrgico: ____ horas
Perda sanguínea estimada: _____ litros
Necessidade de transfusão: ( )Sim. Quantidade:_________ ( ) Não
21
5. Complicações pós-operatórias
Internação hospitalar: _____ dias Permanência em UTI: _____ dias
Sonda digestiva: ( )Sim ( ) Não
SIRS: ( )Sim ( ) Não
Uso de drogas vasoativas: ( )Sim ( )
Não
Drenagem de cavidade:
( )Sim,__ dias ( ) Não
Fístula biliar: ( )Sim ( ) Não
Coleção abdominal: ( )Sim ( ) Não
Gastroparesia: ( )Sim ( ) Não
Fístula pancreática: ( )Sim ( ) Não
Amilase no dreno: _______________
Complicação de ferida operatória:
( )Sim ( ) Não
Qual:__________________________
Necessidade de reoperação: ( )Sim ( ) Não
Motivo: _______________________
Complicações clínicas: ( )Sim ( ) Não
- Qual/quais:_____________________
Óbito pós-operatório: ( ) Não ( ) Sim,
motivo: _______________________
22
ANEXO A – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINAS NAS COMPLICAÇÕES PÓS -OPERATÓRIAS DE PACIENTES SUBMETIDOS A DUODENOPANCREATECTOMIA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO POLYDORO ERNANI DE SÃO THIAGO (HU - UFSC) ENTRE OS ANOS DE 2007 E 2017
Pesquisador: Danton Spohr Correa
Área Temática:
Versão: 1
CAAE: 07601819.3.0000.0121
Instituição Proponente:UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 3.198.416
Apresentação do Projeto:
Trata o presente parecer de um estudo vinculado ao Trabalho de Conclusão do Curso de Medicina
orientado pelo prof. Dr. Danton Spohr Correa e que pretende desenvolver um estudo observacional, não
intervencionista, longitudinal, retrospectivo e unicêntrico, tendo como participantes pacientes submetidos a
duodenopancreatectomia no Hospital Universitário/UFSC no período de 2007 a 2017 a fim de investigar
explorar a correlação entre níveis pré-operatórios de bilirrubinas e complicações pós-operatórias de
duodenopancreatectomia a partir dos prontuários médicos de pacientes submetidos à cirurgia no Serviço de
Cirurgia do Aparelho Digestivo HU-UFSC.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
- Avaliar a influência dos níveis séricos pré-operatórios de bilirrubinas nos desfechos pós-operatórios de
pacientes submetidos a duodenopancreatectomia entre os anos de 2007 e 2017 no HU-UFSC;
- Avaliar os fatores de risco para um desfecho desfavorável, e comparar com os dados apresentados na
literatura;
- Estimar os principais desfechos inerentes à duodenopancreatectomia no Serviço de Cirurgia do
Endereço: Universidade Federal de Santa Catarina, Prédio Reitoria II, R: Desembargador Vitor Lima, nº 222, sala 401 Bairro:
UF: SC Trindade
Município: FLORIANOPOLIS
CEP: 88.040-400
Telefone: (48)3721-6094 E-mail: cep.propesq@contato.ufsc.br
23
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SANTA CATARINA - UFSC
Continuação do Parecer: 3.198.416
Aparelho Digestivo do HU-UFSC.
Objetivo Secundário:
- Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos a cirurgia de duodenopancreatectomia entre os
anos de 2007 e 2017 no Serviço de
Cirurgia do Aparelho Digestivo do HU-UFSC;
- Estimar a incidência das principais patologias que necessitam de duodenopancreatectomia como escolha
terapêutica;
- Avaliar comorbidades associadas e a apresentação clínica no momento do diagnóstico.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Riscos:
O risco inerente ao presente estudo é de causar constrangimento ao participante ou familiares ao solicitar o
consentimento para o uso dos dados registrados em portuários. Há ainda o risco da quebra de
confidencialidade dos dados coletados no prontuário médico.
Benefícios:
Os benefícios serão principalmente indiretos, visto que os resultados deste estudo podem auxiliar na
implementação de medidas para prevenir e, quando não for possível, tratar precocemente complicações
decorrentes da duodenopancreatectomia em pacientes com níveis elevados de bilirrubinas. Além disso, com
base nos dados coletados na pesquisa, objetiva-se conhecer melhor o perfil epidemiológico desses
pacientes e formar um banco de dados para pesquisas futuras na área.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
A pesquisa encontra-se adequadamente instrumentalizada com a documentação necessária à tramitação,
apresenta relevância teórica e justificativa para a realização da mesma. Traz a descrição metodológica e a
forma de obtenção do TCLE.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Apresenta um TCLE para o paciente de acordo com a Resolução 466/2012.
Recomendações:
Recomenda-se que as páginas do TCLE sejam numeradas e que as informações relativos ao endereço do
CEP fiquem na mesma página dos contatos com os pesquisadores.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Conclusão: aprovado.
Endereço: Universidade Federal de Santa Catarina, Prédio Reitoria II, R: Desembargador Vitor Lima, nº 222, sala 401 Bairro:
UF: SC Trindade
Município: FLORIANOPOLIS
CEP: 88.040-400
Telefone: (48)3721-6094 E-mail: cep.propesq@contato.ufsc.br
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC
Continuação do Parecer: 3.198.416
Considerações Finais a critério do CEP:
Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:
Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação
Informações Básicas do Projeto
PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P ROJETO_1258453.pdf
11/02/2019 18:26:47
Aceito
Projeto Detalhado / Brochura Investigador TCLE / Termos de Assentimento / Justificativa de
Ausência Declaração de Pesquisadores
Declaração de Instituição e
Infraestrutura Declaração de Instituição e
Infraestrutura
Projeto_de_pesquisa_versaofinal.pdf 11/02/2019 18:26:18
TCLE2.pdf 11/02/2019
18:25:01 Termo_uso_de_dados.pdf 09/01/2019
18:47:58 Declaracao_HU2.pdf 09/01/2019
18:47:10 Declaracao_HU.pdf 09/01/2019
18:47:02
TAYNARA GONCALVES
PEREIRA TAYNARA
GONCALVES PEREIRA TAYNARA
GONCALVES PEREIRA TAYNARA
GONCALVES PEREIRA TAYNARA
GONCALVES PEREIRA
Aceito Aceito Aceito
Aceito
Aceito
Folha de Rosto folha_de_rosto.pdf 09/01/2019 18:46:45
TAYNARA GONCALVES PEREIRA
Aceito
Situação do Parecer: Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
FLORIANOPOLIS, 14 de Março de 2019
Assinado por:
Maria Luiza Bazzo (Coordenador(a))
Endereço: Universidade Federal de Santa Catarina, Prédio Reitoria II, R: Desembargador Vitor Lima, nº 222, sala 401 Bairro:
UF: SC Trindade
Município: FLORIANOPOLIS
CEP: 88.040-400