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IMPACTO DA TI NA GESTÃO DE
NEGÓCIOS: UM ESTUDO COM MICRO
E PEQUENAS EMPRESAS (MPE)
Guilherme Lerch Lunardi (FURG)
gllunardi@furg.br
Decio Dolci (FURG)
dbdolci@gmail.com
Pietro Cunha Dolci (UFRGS)
pcdolci@gmail.com
É amplamente reconhecida a importância das micro e pequenas
empresas (MPE) para um país atingir e sustentar o seu
desenvolvimento sócio-econômico, formando uma estrutura de divisão
do trabalho adequada e melhorando economias regionais e
communidades. No Brasil, houve um substancial crescimento no
número de MPE, alcançando em 2010 a maior taxa de
Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) entre países membros do
G20 e do Bric Paralelamente, na medida em que a aquisição de
tecnologia da informação (TI) se torna mais acessível financeiramente,
populariza-se o uso da TI na administração dos negócios dessas
empresas. Um cenário estimulador para a realização de pesquisas que
investiguem questões relacionadas à TI nas MPE brasileiras. O
presente artigo tem por objetivo verificar o impacto da TI na
administração das MPE, relacionando o uso da TI às atividades
administrativas exercidas nas diversas áreas funcionais das MPE
brasileiras. Realiza-se uma pesquisa survey junto a 4.341 MPE
localizadas em 29 cidades da região sul do Estado do Rio Grande do
Sul, cujos respondentes eram os proprietários de suas respectivas
empresas, sendo que parte delas usa computadores e Internet e outra
não. O instrumento utilizado avalia dez diferentes constructos da
gestão de negócios: Planejamento, Clientes, Pessoas, Fornecedores,
Qualidade e Produtividade, Ponto de Venda, Estoques, Vendas,
Crédito e Caixa. De modo a se analisar o impacto da TI na gestão de
negócios das MPE, três análises foram realizadas: a primeira,
comparando-se a gestão de negócios das empresas que afirmaram
utilizar computador no seu trabalho com empresas não informatizadas;
a segunda, comparando-se a gestão de negócios das empresas que
afirmaram utilizar internet para o trabalho com aquelas empresas sem
internet; e a terceira, analisando-se os possíveis relacionamentos entre
o uso do computador e da internet no trabalho e a realização das
diferentes atividades administrativas investigadas. Os resultados
mostram diferenças significativas entre as empresas informatizadas e
não informatizadas, tanto em termos de uso de computadores como de
Internet, no que se refere ao nível de execução das atividades
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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administrativas investigadas, sendo maior a diferença nas questões
relacionadas a suprimentos, clientes e planejamento. Também o estudo
revelou uma relação positiva e significativa estatisticamente entre a
quantidade de recursos computacionais disponibilizados na empresa e
o nível de atividades administrativas realizadas Espera-se que esta
pesquisa possa auxiliar os executivos de diferentes MPE a melhor
planejarem seus projetos de TI, sem esquecer que muito
Palavras-chaves: Tecnologia da Informação, micro e pequenas
empresas, gestão de negócios
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
No cenário econômico atual, é amplamente reconhecida a importância das micro e pequenas
empresas (MPE) para um país atingir e sustentar o seu desenvolvimento sócio-econômico,
sendo fundamentais não só para a criação de empregos e distribuição de renda (BERRY,
2002) como também, em alguns países desenvolvidos, na produção de patentes e geração de
empregos para profissionais que trabalhem com alta tecnologia (BHARATI, 2010). No Brasil,
houve um substancial crescimento no número de MPE, mais de 17% da população estavam à
frente de alguma atividade empreendedora em 2010, conforme mostra a pesquisa Global
Entrepreneurship Monitor (GEM, 2010), alcançando a maior taxa de Empreendedores em
Estágio Inicial (TEA) entre países membros do G20 (grupo que integra as maiores economias
do mundo) e do Bric (grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China).
Paralelamente, na medida em que a aquisição de tecnologia da informação (TI) se torna mais
acessível financeiramente, populariza-se o uso da TI na administração dos negócios dessas
empresas (LUNARDI, DOLCI e MAÇADA, 2010).
As MPE desempenham um papel fundamental na revitalização e desenvolvimento da
economia nacional em muitos países, fornecendo vários bens e serviços, formando uma
estrutura de divisão do trabalho adequada e melhorando economias regionais e comunidades
(BERISHA-NAMANI, 2009). No Brasil, as MPE em 2004 representavam 98% (4 milhões de
4,1 milhões) das empresas existentes no país, sendo responsáveis por 21% do Produto Interno
Bruto (PIB) do país, 57,2% da força de trabalho que possui carteira assinada e 26% do
pagamento total de salários (MCT, 2004; INDRUINAS, 2007). A TEA de 17,5% em 2010, no
Brasil, mostra que 21,1 milhões das 120 milhões de pessoas da população adulta estavam à
frente de atividades empreendedoras no ano. Em números absolutos de empreendedores,
apenas o registrado na China é maior (GEM, 2010).
Fundamentais para a renovação do sistema econômico, as MPE abrem caminho a novos
modelos de idéias e negócios, removem produtos e processos ineficientes, que por sua vez,
levam ao desenvolvimento econômico (SCHUMPETER, 1982). Assim, empresas menores
são necessárias para equilibrar o mercado através do aumento da concorrência e redução de
ameaças de práticas monopolistas. Portanto, não é surpreendente o apoio que tais empresas
recebem em diversas regiões, como na Comunidade Européia, em que apoiar as pequenas
empresas é uma das prioridades para o crescimento econômico, criação de emprego e coesão
econômica e social (EC, 2006; SANTOS et al., 2011). No Brasil, o papel de destaque das
MPE na economia ganhou ainda mais força com a entrada em vigor da Lei Geral da Micro e
Pequena Empresa, em 2007, e da Lei do Empreendedor Individual, em 2008, leis decisivas
para impulsionar o empreendedorismo no Brasil (SEBRAE, 2010).
No entanto, há evidências que as MPE apenas mais recentemente começaram a realizar
maiores investimentos em TI e usufruir de parte de seus benefícios (PALVIA e
PALVIA,1999; LUNARDI e DOLCI, 2006; LUNARDI, DOLCI e MAÇADA, 2010). A TI é
um dos fatores mais importantes de qualquer atividade empresarial, seja de produção de bens
ou prestação de serviços, recebendo grande volume de investimentos; nos Estados Unidos,
quase metade de todo o investimento anual privado envolve TI (LAUDON e LAUDON,
2007). A maior utilização destas tecnologias é freqüentemente associada à maior
disponibilidade de informações, qualidade do trabalho, padronização e eficiência na
realização das tarefas. Além desses potenciais benefícios, investir em TI tornou-se uma
obrigação para muitas organizações, seja para acompanhar o que a concorrência tem adotado
ou atender às exigências de fornecedores, clientes ou governo (LUNARDI, DOLCI e
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MAÇADA, 2010). Ainda que o aumento do uso da TI ocorra principalmente nas funções
operacionais e administrativas, sendo muito pouco em atividades estratégicas e de apoio à
decisão (LIMA, 2007), cresce o interesse em compreender melhor o relacionamento entre TI e
práticas administrativas nas MPE (FINK e DISTERER, 2006).
No que se refere a estudos sobre TI nas MPE brasileiras, há muito pouca literatura científica,
podendo-se destacar os estudos de Moraes et. al (2004), Prates e Ospina (2004), Lunardi e
Dolci (2006). Um dos estudos, de Lunardi, Dolci e Maçada (2010), analisa o relacionamento
entre a adoção da TI e o seu impacto no desempenho organizacional percebido. Mostram que
os principais motivos que têm levado às MPE a adotarem TI estão relacionados
principalmente a pressões externas que a empresa enfrenta e à existência de um ambiente
organizacional favorável. Também identifica que o motivo que mais afeta o desempenho
organizacional é a adoção da TI para atender às necessidades internas da empresa.
No sentido de aumentar o conhecimento sobre TI nas MPE brasileiras, seguindo a linha de
pesquisa de Lunardi, Dolci e Maçada (2010), o presente artigo tem por objetivo verificar o
impacto da TI na administração das MPE, relacionando o uso da TI às atividades
administrativas exercidas nas diversas áreas funcionais das MPE brasileiras. É válido destacar
que variações nas definições sobre o tamanho de uma empresa (ATKINS e LOWE, 1997)
prejudicam estudos comparativos. Enquanto alguns pesquisadores definem o tamanho da
empresa apenas pelo número de empregados, outros têm usado o número de funcionários e as
vendas anuais. A definição do tamanho da empresa algumas vezes também pode estar
relacionada com o setor da empresa. Além disso, diferentes economias também têm
definições específicas de MPE (ABOUZEEDAN e BUSLER, 2004). No Brasil, conforme a
lei complementar Nº 123, de 2006 (RECEITA FEDERAL, 2006), a definição de
microempresa e de empresa de pequeno porte se dá em função da receita bruta anual, micro
empresas quando aufere receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta
mil reais) e empresas de pequeno porte, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e
quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil
reais).
2. Contexto Teórico
O presente estudo tem por objetivo mostrar associações entre o uso da TI e as atividades
administrativas exercidas nas diversas áreas funcionais das MPE brasileiras. A partir da
revisão bibliográfica realizada com esse propósito, primeiramente, apresentam-se definições e
classificações referentes a potenciais utilizações organizacionais da TI nas empresas e, após,
certos estudos sobre TI nas MPE.
2.1. Utilizações Organizacionais da TI
Conforme Alter (1999), empresas consistem de sistemas de trabalho inter-relacionados e
competem num ambiente de negócio. Em um sistema de trabalho, os participantes humanos
desempenham processos de negócios usando informação, tecnologia, e outros recursos para
produzir produtos para clientes internos e externos, sendo, um processo de negócio, um
conjunto de atividades logicamente relacionadas (LAUDON e LAUDON, 2007). É válido
observar que alguns desses processos podem estar inseridos em uma área funcional específica
da empresa, outros em várias áreas funcionais.
Sob essa perspectiva, um sistema de informação é um tipo particular de sistema de trabalho
que usa a tecnologia da informação para capturar, transmitir, armazenar, recuperar, manipular
ou apresentar informações, sendo a tecnologia da informação, o hardware e o software
utilizados nos sistemas de informação (ALTER, 1999). Entretanto, muitas vezes, para fins
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didáticos, encontram-se as tecnologias da informação relacionadas ao gerenciamento de banco
de dados e às redes de comunicação em separado do hardware e do software, como em
Laudon e Laudon (2007) e O’Brien e Marakas (2007).
Segundo Laudon e Laudon (2007), os sistemas de informação além de dar suporte à tomada
de decisões, à coordenação e ao controle, também auxiliam os gerentes e trabalhadores a
analisar problemas, visualizar assuntos complexos e criar novos produtos. Dolci e Becker
(2007), percebendo o uso intensivo da Internet nas empresas, facilitando a troca de
informações ponto a ponto ou intermediada por base de dados, entre pessoas e processos,
demonstram a utilização organizacional da TI não só no apoio à estruturação e à direção, mas,
também, no apoio à interação. De fato, determinados padrões solucionaram problemas de
interação entre diferentes organizações, possibilitando a interligação entre parceiros,
favorecendo, inclusive, a desintermediação (DESANTICS e MONGE, 1999).
Examinando as atividades presentes nas diferentes áreas funcionais das empresas – vendas e
marketing; produção e operações; financeira e contábil; recursos humanos, entre outras –,
percebe-se que é vasto o potencial uso da TI. Adotando uma perspectiva funcional para
classificar um processo, em que se classifica esse segundo a sua principal função
organizacional, são alguns exemplos de processos da área de vendas e marketing:
processamento de pedidos, análise de preços, previsão de tendência de vendas; da área de
produção e operações: controle de maquinário, planejamento de produção, controle da
qualidade de insumos e produtos, localização de instalações; da área financeira e contábil:
controle do caixa e contas bancárias, análise do crédito, contas a receber, orçamento e
planejamento de lucros; da área de recursos humanos: planejamento de funcionários, cálculo
do pagamento de salários e análise de remuneração (LAUDON e LAUDON, 2007).
Observando os processos sob outra perspectiva, do operacional ao estratégico, percebem-se
algumas atividades essencialmente operacionais, enquanto outras se caracterizam por exigir
de quem realiza a atividade maior poder de análise das informações. Tal percepção propicia
classificar os sistemas quanto ao tipo de apoio à decisão: sistemas de processamento de
transações para realizar transações rotineiras necessárias ao funcionamento da empresa;
sistemas de informações gerenciais para disponibilizar consultas e relatórios relativos ao
desempenho corrente da organização; sistemas de apoio a decisão para ajudar na tomada de
decisões não rotineiras, não havendo um procedimento de resolução totalmente predefinido e
sistemas de apoio ao executivo para auxiliar em decisões não rotineiras, em que os dados são
menos estruturados e exige do decisor uma maior capacidade de avaliação e percepção
(LAUDON e LAUDON, 2007).
2.2. TI nas MPE
As pequenas empresas têm desempenhado um papel fundamental no nível de emprego e nas
economias de todas as sociedades industriais relevantes. Seu papel como uma importante
fonte de inovação e crescimento tem sido enfatizado na pesquisa contemporânea
(BRAUNERHJELM, 2008). No entanto, a adoção da TI nas MPE acentuou-se apenas a partir
do final da década de 1990, conforme Palvia e Palvia (1999), quando o uso dos
microcomputadores cresceu entre 30 e 80% nestas empresas, variando em função da
localização e natureza do negócio, sendo seu uso quase que restrito às funções operacionais e
administrativas e não em atividades estratégicas e de apoio à decisão (ALBANO, 2001).
Embora tenham muitas das necessidades administrativas presentes nas empresas de grande
porte, as MPE ainda permanecem excluídas dos benefícios propiciados por tecnologias mais
inovadoras (LIMA, 2007).
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Na academia, o tópico TI nas MPE tem recebido atenção dos pesquisadores desde a década de
1980 (FINK e DISTERER, 2006). Os primeiros estudos mostraram que o gerenciamento dos
sistemas de informação nas MPE é diferente das grandes organizações que podiam pagar para
contratar especialistas e gestores para maximizar a utilização desses recursos. Nos anos 1990,
os estudos foram marcados por investigações interessadas principalmente em levantar os
fatores que influenciam a adoção e entre os objetivos desses estudos estava o desejo de
estabelecer fatores-chave que guiariam as pequenas empresas a serem mais bem sucedidas na
adoção e utilização da TI. Mais recentemente, nos anos 2000, as questões foram direcionadas
para examinar o estágio de maturidade da TI em pequenas empresas. Estes critérios, segundo
Fink e Disterer (2006), incluem estratégia (alinhamento de TI, melhoria contínua, construção
de parcerias com as partes interessadas), estrutura (liderança compartilhada da TI,
envolvimento da equipe no gerenciamento), sistemas (planejamento de TI, seleção de
sistemas, contratação de consultores de TI externos), pessoal (gerência sênior, conhecimento
de TI), estilo (reuniões regulares), habilidades (habilidades de TI) e valores compartilhados
(qualidade de serviço ao cliente e melhoria contínua).
Nas MPE, assim como nas demais empresas, os sistemas de informação podem ser usados
para suportar as atividades presentes nos diferentes processos de negócios – vendas, contas a
receber, engenharia de produto, gerenciamento de estoques, processamento de compras,
controle de contas a pagar, gerenciamento da qualidade, planejamento da produção,
planejamento de distribuição e transporte, entre outros, conforme ilustrado na seção 2.1.
Contudo, conforme, Gable e Stewart (1999), na maioria das implantações de sistemas de
informações nas MPE, os aplicativos são para processamento de transações, subordinados às
necessidades contábeis; a experiência gerencial para planejar, organizar e controlar o uso dos
recursos de informação da empresa é baixo e os gestores normalmente subutilizam tais
sistemas.
Similarmente, destacam-se positivamente o apoio da TI nos processos contábeis e financeiros
nos estudos de Beheshti (2004), ao pesquisar o impacto da TI nas MPE dos Estados Unidos
da América. No referido estudo, foi identificado que é baixo o impacto da TI no
desenvolvimento estratégico das empresas pesquisadas. No que diz respeito aos processos
para atender os clientes, a TI mostra-se bem mais relevante para as empresas prestadoras de
serviços do que para as indústrias. Conforme o autor, os proprietários das MPE percebem
mais claramente o uso da TI na automatização de processos existentes, melhorando a
eficiência e produtividade no negócio, não visualizando o uso da TI para novas oportunidades
de negócio.
No Brasil, Lunardi e Dolci (2006) desenvolveram e validaram um modelo baseados em Leite
(2004) para avaliar os benefícios da TI em MPE. Usaram cinco diferentes categorias –
mecanização, redução de perdas, expansão da capacidade operacional, processo decisório e
uso estratégico –, sendo todas elas validadas estatisticamente. Dos potenciais benefícios
analisados, destacam-se como os principais os associados à redução de perdas e à expansão da
capacidade operacional, principalmente no que se refere aos ganhos de produtividade da
empresa e auxílio no seu controle interno. Também mostra que a TI tem sido utilizada com
menor intensidade para auxiliar os processos decisórios, conclusão semelhante a estudos
citados anteriormente nesta seção. Por outro lado, os benefícios relacionados à mecanização
foram os menos percebidos, contradizendo, conforme apontam os autores, algumas pesquisas
anteriormente realizadas.
3. Metodologia
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O estudo caracteriza-se como uma pesquisa survey, realizada junto a 4.341 MPE localizadas
em 29 cidades da região sul do Estado do Rio Grande do Sul, cujos respondentes eram os
proprietários de suas respectivas empresas. A pesquisa ocorreu de abril a novembro de 2010,
envolvendo a aplicação de um instrumento fechado elaborado pelo SEBRAE/RS, avaliando a
gestão de negócios das MPE gaúchas. O instrumento era formado por três blocos: um
contendo informações cadastrais da empresa e do proprietário (como nome fantasia, razão
social, endereço, código da atividade econômica principal, data de abertura da empresa,
número de funcionários, segmento, faturamento, sexo e escolaridade), outro contendo
informações gerais (como número de computadores e uso de internet) e o último bloco
composto por 37 questões fechadas, avaliando a gestão de negócios da empresa, sob a
perspectiva de atividades administrativas desempenhadas, sejam elas de planejamento,
execução ou controle. Os critérios de seleção da amostra exigiam que a empresa fosse
formalizada (possuindo CNPJ) e não tivesse mais do que quatro funcionários registrados em
carteira. A caracterização da amostra do estudo é apresentada na Tabela 1.
Característica n %
Segmento
Comércio
Serviços
Indústria
Não soube classificar/Não informou
3.385
836
47
73
78,0
19,2
1,1
1,7
Ano de Fundação
Antes de 2006
Entre 2006 e 2008
Depois de 2008
Não informou
2.152
932
978
279
49,6
21,5
22,4
6,4
Número de funcionários
Nenhum
Um
Dois
Três
Quatro
Não informou
2.335
779
516
323
384
4
53,8
17,9
11,9
7,4
8,8
0,1
Gênero
Feminino
Masculino
2.032
2.309
46,8
53,2
Escolaridade
Ensino Fundamental (completo ou incompleto)
Ensino Médio (completo ou incompleto)
Graduação (concluída)
Pós-Graduação (especialização, mestrado ou doutorado)
Não informou
1.042
2.569
560
154
16
24,1
59,4
12,9
3,5
0,4
Empresa possui computador
Sim
Não
2.665
1.676
61,4
38,6
Empresa utiliza Internet
Sim
Não
2.544
1.797
58,6
41,4
Média de computadores = 1,03; Desvio-padrão = 1,14
Média de dias que utiliza a internet = 2,57; Desvio-padrão = 2,37
Tabela 1. Caracterização da Amostra
O instrumento utilizado avalia dez diferentes constructos da gestão de negócios, quais sejam:
Planejamento, Clientes, Pessoas, Fornecedores, Qualidade e Produtividade, Ponto de Venda,
Estoques, Vendas, Crédito e Caixa – definidos pelo SEBRAE/RS no início da pesquisa. Da
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mesma forma, propuseram uma escala de 3 pontos, variando de uma situação em que não
realiza a atividade administrativa (1) até a sua realização por completo (3). A forma de
contato utilizada foi a entrevista pessoal, sendo o questionário aplicado no local de atuação da
empresa.
3.1. Caracterização da Amostra
Pôde-se perceber que as empresas investigadas eram predominantemente do ramo comercial
(78%), destacando-se empreendimentos como lojas de confecções, locadoras de CD e DVD,
bares e lancherias, padarias, mercearias, minimercados, ferragens e etc. Quanto ao ano de
fundação, percebe-se que quase metade da amostra possui mais de cinco anos de existência
(49,6%), enquanto o número de empresas que iniciaram suas atividades nos últimos dois anos
supera o grupo de empresas que possui de três a cinco anos. Esses dados corroboram com as
pesquisas realizadas com MPE quanto à elevada taxa de novos empreendimentos que abrem a
cada ano e do número de empresas que acaba fechando as suas portas em menos de cinco.
Com relação ao número de funcionários, percebe-se um grande predomínio das empresas que
não possuem empregados registrados com carteira. Esse fato pode ser justificado pelo grande
número de empresas familiares que contam com membros da família como força de trabalho
sem, entretanto, formalizarem sua situação. Da mesma forma, é crescente o número de
empreendedores individuais, que consiste em uma nova classe de empresários formalizados
que, por lei, não podem ter mais do que um funcionário registrado em carteira.
No que diz respeito ao gênero dos proprietários dessas MPE, percebe-se um equilíbrio entre
homens e mulheres, com um leve predomínio para o gênero masculino. Já quanto ao grau de
escolaridade, os empresários com ensino médio incompleto ou completo (já estando ou não na
universidade) formam o maior grupo entre os respondentes investigados. Constata-se, ainda,
que o número de empresários com pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado)
não chega a 4% do total de respondentes.
Com relação à informatização dessas empresas, mais de 60% delas afirmou possuir
computador, o que mostra certo avanço quando comparado a estudos anteriores, onde em
2002 este número se aproximava de 50% (SEBRAE, 2003). Este incremento pode ser
explicado pela diminuição progressiva dos custos de aquisição dessas tecnologias, ou ainda
pela busca de vantagens competitivas ou até mesmo por exigências legais (LUNARDI,
DOLCI e MAÇADA, 2010). Outra constatação interessante é que 95,5% das empresas
informatizadas também afirmaram possuir internet, evidenciando a influência dessa
tecnologia no dia-a-dia dessas empresas.
3.2. Validação do Instrumento
Após a coleta de dados, procedeu-se aos procedimentos de validação do instrumento. Embora
os dez constructos propostos para compor o questionário tivessem respaldo na literatura
acadêmica de administração, dada a natureza subjetiva com que as questões foram elaboradas
e inseridas no instrumento, a sua simples aplicação não se caracteriza como uma medida
suficiente para validar as diferentes escalas propostas (MALHOTRA, 2001). Assim, dois
testes estatísticos foram realizados com os dados coletados: (i) a análise fatorial, que teve o
propósito de formar grupos de variáveis associadas entre si, elaborados através das cargas
fatoriais identificadas; e (ii) o alfa de Cronbach, de modo a confirmar a fidedignidade das
escalas propostas. Buscou-se, com isso, confirmar os constructos propostos na etapa anterior.
A análise fatorial (com rotação Varimax) confirmou oito dos dez fatores propostos,
obedecendo a dois critérios: o grau de associação entre as variáveis e o grau de subjetividade
das mesmas. Cinco questões foram eliminadas do instrumento original (“Você sabe quais são
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seus principais concorrentes, onde estão localizados e quais os seus diferenciais”, “Você
cumpre os compromissos assumidos com seus clientes”, “Você busca diversificar os
fornecedores e pesquisar constantemente os valores dos itens que adquire”, “Você sabe como
calcular a produtividade de sua empresa” e “Sua empresa possui uma previsão/controle de
vendas”) por apresentarem baixas cargas fatoriais nos fatores propostos inicialmente. Os oito
fatores explicam 54,4% das variações das medidas originais (32 questões), o que indica um
razoável nível de representação dos dados. Após a confirmação dos construtos, procedeu-se a
uma análise fatorial exploratória nos blocos (AFE), de modo a observar-se a
unidimensionalidade dentro do conjunto de indicadores de cada fator. A realização da AFE
revela se um indicador está presente em outro construto, comprometendo desta forma a
confiabilidade do indicador. Neste procedimento, o instrumento manteve o mesmo número de
itens da análise fatorial realizada anteriormente, indicando forte correlação entre os itens
alocados em cada um dos fatores. A Tabela 2 apresenta as cargas fatoriais de cada construto,
de acordo com a sua formação nos fatores e dentro do seu próprio bloco.
Indicadores Bloco F1 F2 F3 F4
Pessoas
Você treina seus funcionários para que eles conheçam os
produtos/serviços de sua empresa ,848 ,841
Você consegue identificar necessidades de treinamento ,792 ,831
Sua empresa possui uma equipe de vendas ,761 ,730
A equipe possui objetivos e estratégias de ação definidas ,715 ,687
A equipe possui metas de venda ,598 ,475
Você tem conhecimento da legislação trabalhista ,471 ,372
Caixa
Você possui informações referentes as suas disponibilidades
financeiras existentes ,731 ,649
Sua empresa controla as entradas e saídas de dinheiro ,711 ,642
Você sabe calcular o preço de venda do serviço/produto ,691 ,632
Sua empresa possui um controle para verificar os compromissos
a pagar ,683 ,610
Você sabe como calcular a necessidade de capital de giro ,630 ,593
Ponto de Venda
Você costuma fazer promoções nas datas comemorativas do ano ,803 ,797
Você faz contato com seus clientes para informá-los de
promoções ,769 ,731
Você sabe quais são as ações de promoção que são mais
adequadas ao seu negócio ,756 ,704
Você se preocupa em destacar seu ponto de venda dos da
concorrência ,581 ,489
Gestão de Suprimentos
Você sabe quanto tem em produtos e em valores no seu estoque ,778 ,682
Você utiliza alguma ferramenta para gerir a entrada e saída de
mercadorias ,741 ,628
Você realiza anotações referentes ao desempenho do fornecedor ,668 ,622
Você possui um cadastro básico de fornecedores ,666 ,609
Você controla os novos pedidos de mercadoria com o que já tem
no estoque ,577 ,507
Initial eigenvalue 7,36 2,31 1,60 1,45
% variância explicada – rotated (54,4%) 23,0% 7,2% 5,0% 4,5%
KMO medida de adequação da amostra (KMO = 0,91)
Teste de Bartlet: qui-quadrado = 37082,161 (p = 0,000)
Crédito
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10
Sua empresa gerencia as cobranças de crédito em atraso ,859 ,842
Sua empresa consegue verificar a taxa de inadimplência ,841 ,786
Sua empresa possui um controle formal para verificar os valores
a receber de clientes ,775 ,661
Qualidade
Você avalia se a qualidade oferecida por sua empresa está de
acordo com a expectativa de seus clientes ,767 ,641
Sua empresa possui alguma forma de padronização para garantir
a qualidade e a agilidade ,719 ,614
Você busca conhecer quais os fatores que influenciam na decisão
de compra de seu cliente ,689 ,465
Indicadores Bloco F1 F2 F3 F4
Planejamento
Você costuma colocar no papel aquilo que deseja para seu
negócio ,749 ,813
Sua empresa possui definições de objetivos e Metas ,733 ,639
Você busca informações a respeito do seu mercado de atuação ,682 ,468
Clientes
Você sabe onde estão localizados seus clientes ,783 ,658
Sua empresa possui um cadastro de clientes ,759 ,651
Você conhece as expectativas de seus clientes ,666 ,502
Initial eigenvalue 1,34 1,23 1,1 1,0
% variância explicada – rotated (54,4%) 4,2% 3,9% 3,4% 3,2%
KMO medida de adequação da amostra (KMO = 0,91)
Teste de Bartlet: qui-quadrado = 37082,161 (p = 0,000)
Tabela 2. Análise Fatorial (rotação Varimax)
A fidedignidade dos fatores foi apontada pelos coeficientes do alfa de Cronbach. O
instrumento apresentou valor igual a 0,89, enquanto os coeficientes dos fatores situaram-se
entre 0,54 e 0,80, apontando boa consistência interna em cinco dos oito constructos (Tabela
3). Os constructos Planejamento, Clientes e Qualidade apresentaram coeficientes abaixo do
indicado pela literatura (que deve variar entre 0,60 e 0,70 para estudos de natureza
exploratória – Malhotra (2001)), mas por estarem próximos desse limite foram mantidos para
análise.
Constructos Número
de itens
Coeficiente
Alfa
1. Pessoas 6 0,80
2. Crédito 3 0,77
3. Caixa 5 0,72
4. Gestão de Suprimentos 5 0,72
5. Ponto de Venda 4 0,70
6. Planejamento 3 0,57
7. Clientes 3 0,54
8. Qualidade 3 0,54
Tabela 3. Alfa de Cronbach dos fatores do instrumento
4. Resultados
De modo a se analisar o impacto da TI na gestão de negócios das MPE, três análises foram
realizadas: a primeira, comparando-se a gestão de negócios das empresas que afirmaram
utilizar computador no seu trabalho com empresas não informatizadas; a segunda,
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comparando-se a gestão de negócios das empresas que afirmaram utilizar internet para o
trabalho com aquelas empresas sem internet; e a terceira, analisando-se os possíveis
relacionamentos entre o uso do computador e da internet no trabalho e a realização das
diferentes atividades administrativas investigadas.
Na primeira análise utilizou-se o teste t de student, objetivando verificar a existência de
diferença estatística significativa (ao nível de 5%) entre a percepção dos empresários das
MPE que possuem computador contra aqueles que não possuem esse recurso. Comprovou-se
a existência de diferença estatística significativa em todas as oito variáveis analisadas,
apontando um maior nível de execução de atividades administrativas para as empresas
informatizadas (Tabela 4).
Tabela 4 – Gestão de negócios nas MPE informatizadas e nas não informatizadas
Pôde-se perceber que em todos os constructos analisados as empresas que possuem
computador obtiveram média superior às demais empresas. Com relação às atividades ligadas
ao planejamento, à gestão de suprimentos e aos clientes, essas diferenças são mais acentuadas.
A gestão de suprimentos pode ser potencializada com o uso da TI, especialmente através de
sistemas que permitam controlar a entrada e saída de produtos, além de direcionar futuras
compras e acompanhamento das ordens efetuadas junto aos fornecedores – atividades
predominantemente operacionais, o que corrobora com resultados de estudos prévios
(ALBANO, 2001; LIMA, 2007). Diferentemente, é o caso do constructo clientes, em que o
enfoque do uso da TI é mais informacional, havendo a necessidade de explorar o uso de
bancos de dados que contenham informações a respeito dos seus clientes, bem como histórico
de compras e suas preferências. Chama a atenção o constructo planejamento, que
normalmente é apontado na literatura como um aspecto pouco impactado pela TI nas MPE e
que nesta pesquisa aparece como sendo facilitada pelo uso do computador.
A segunda análise também foi realizada utilizando-se o teste t de student, verificando dessa
vez a existência de diferença estatística significativa (ao nível de 5%) entre a percepção dos
empresários das MPE que utilizavam internet no trabalho contra aqueles que não a possuíam.
Da mesma forma que o teste anterior, comprovou-se a existência de diferença estatística
significativa em todas as oito variáveis analisadas, apontando para uma melhor gestão aquelas
empresas que fazem uso da internet para o seu trabalho (Tabela 5).
Variáveis n Média
Diferença p Internet Sem Internet Sem
1. Planejamento 2.544 1.796 2,27 1,92 0,35 0,000
2. Gestão de Suprimentos 2.544 1.796 2,17 1,87 0,30 0,000
Variáveis N Média
Diferença p Computador Sem Computador Sem
1. Planejamento 2.665 1.675 2,25 1,92 0,33 0,000
2. Gestão de Suprimentos 2.665 1.675 2,17 1,85 0,32 0,000 3. Clientes 2.665 1.675 2,27 1,98 0,29 0,000 4. Pessoas 2.665 1.675 2,12 1,84 0,28 0,000 5. Crédito 2.665 1.675 2,36 2,10 0,26 0,000 6. Caixa 2.665 1.675 2,33 2,13 0,20 0,000 7. Ponto de Venda 2.665 1.675 2,07 1,91 0,16 0,000 8. Qualidade 2.665 1.675 2,34 2,21 0,13 0,000
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3. Clientes 2.544 1.796 2,28 1,99 0,29 0,000
4. Pessoas 2.544 1.796 2,13 1,85 0,28 0,000
5. Crédito 2.544 1.796 2,37 2,11 0,26 0,000
6. Caixa 2.544 1.796 2,33 2,14 0,19 0,000
7. Ponto de Venda 2.544 1.796 2,08 1,91 0,17 0,000
8. Qualidade 2.544 1.796 2,35 2,20 0,15 0,000
Tabela 5 – Gestão de negócios nas MPEs que utilizam a internet no trabalho e as que não utilizam
Da mesma forma que no teste anterior, os constructos Planejamento, Gestão de
Suprimentos e Clientes aparecem como aqueles cuja diferença entre as empresas que
possuem tecnologia – desta vez utilizando a internet no seu dia-a-dia – é mais acentuada que
as demais. A internet pode auxiliar as MPE tanto na busca quanto na recuperação de
informações sobre o seu negócio, seus clientes e até mesmo seus fornecedores (TURBAN et
al., 2010). Além disso, permite uma maior aproximação de seus parceiros, seja consultando
sites de fornecedores ou ainda utilizando ferramentas de comunicação tanto com os
fornecedores quanto seus clientes. Segundo Chong et al. (2009) o uso de tecnologias,
especialmente a internet, torna a comunicação mais eficiente e efetiva entre os fornecedores e
clientes, possibilitando um melhor fluxo informacional.
A terceira análise utilizou-se do coeficiente de correlação de Pearson (Tabela 6) com o intuito
de analisar os possíveis relacionamentos entre o uso do computador e da internet com o
desempenho da gestão de negócios das empresas estudadas. Este mesmo coeficiente já foi
utilizado em outros trabalhos da área de SI, buscando observar as relações existentes entre
diferentes variáveis e a tecnologia de informação (YIU, GRANT e EDGAR, 2007). Os
resultados apontam para uma baixa correlação positiva entre o uso do computador e da
internet na gestão de negócios dessas empresas.
Planeja-
mento Clientes Pessoas
Supri-
mentos
Quali-
dade
Ponto de
Venda Crédito Caixa
Computa-
dores ,253(**) ,284(**) ,280(**) ,286(**) ,096(**) ,115(**) ,189(**) ,203(**)
,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
4340 4340 4340 4340 4340 4340 4340 4340
Internet ,315(**) ,313(**) ,259(**) ,295(**) ,149(**) ,158(**) ,213(**) ,210(**)
,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
4340 4340 4340 4340 4340 4340 4340 4340
Tabela 6 – Gestão de negócios nas MPEs e a correlação com a informatização e a internet
Mesmo existindo uma baixa correlação entre as práticas de gestão de negócios das MPE e a
utilização de computadores e internet, pode-se ressaltar alguns aspectos. A gestão dos
suprimentos e clientes estão mais correlacionadas com a utilização de computadores da
empresa, pois ambos constructos são mais relacionados com aspectos de controle onde a
utilização de computadores podem auxiliar. Cadastro, localização e expectativas dos clientes,
por exemplo, podem ser controlados e realizados utilizando tecnologias simples, como
processadores de textos e planilhas, que auxiliam os gestores. Similarmente, essas tecnologias
podem ser utilizadas para controlar estoques, entradas/saídas de produtos, cadastros de
fornecedores e considerações sobre o desempenho do fornecedor.
Já internet, mais correlacionada com clientes e planejamento, pode ser utilizada para buscar
informações a respeito do mercado de atuação e conhecer mais as expectativas dos clientes.
Para desempenhar essas atividades, podem-se utilizar ferramentas na web com questionários e
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outras formas de captar a percepção dos clientes perante os produtos e/ou serviços oferecidos
pelas MPE. A utilização da internet, segundo Oh, Cruickshank e Anderson (2009), auxilia na
redução de custos e aumenta a eficiência em atividades como pesquisa de mercado e gerenciar
as relações com os clientes.
5. Considerações Finais
O presente estudo investigou o impacto da TI na administração das MPE, relacionando o uso
da TI às atividades administrativas exercidas nas diversas áreas funcionais das MPE do sul do
Brasil. Foram mensurados os impactos da informatização, através da utilização de
computadores, e do uso da internet na gestão de negócios, operacionalizadas pelos construtos:
Planejamento, Clientes, Pessoas, Fornecedores, Qualidade e Produtividade, Ponto de Venda,
Estoques, Vendas, Crédito e Caixa. Essa pesquisa foi realizada em um momento no qual o
Brasil se destaca positivamente no cenário mundial no aspecto empreendedorismo. Na medida
em que a TI se torna mais acessível financeiramente às MPE, cresce a importância de estudos
que contribuam para a adoção e uso adequados da TI por essas empresas.
Essa pesquisa mostra diferenças significativas entre as empresas informatizadas e não
informatizadas, tanto em termos de uso de computadores como de Internet, no que se refere
ao nível de execução das atividades administrativas investigadas, sendo maior a diferença nas
questões relacionadas a suprimentos, clientes e planejamento. Também o estudo revelou uma
relação positiva e significativa estatisticamente entre a quantidade de recursos computacionais
disponibilizados na empresa e o nível de atividades administrativas realizadas. Foi
identificado que o uso dos computadores está mais relacionados com aspectos internos nas
MPE, para controlar estoques e entradas/saídas de produtos e atividades de cadastros para
auxiliar a tomada de decisão dos gestores dessas empresas. Essas constatações estão de
acordo com Laudon e Laudon (2007), onde os autores colocam que os sistemas de informação
proporcionam suporte à tomada de decisões e ao controle das atividades nas empresas.
A internet é mais utilizada para aspectos relacionados ao mercado externo, na obtenção de
informações sobre fornecedores e clientes, este último possibilitando utilizar ferramentas via
web para melhor conhecê-los e possibilitar a criação de ações para atender suas expectativas.
Segundo Dolci e Becker (2007), o uso da internet nas empresas, facilita a troca de
informações ou intermediada por base de dados, entre pessoas e processos, demonstram a
utilização organizacional da TI não só no apoio à estruturação e à direção, mas, também, no
apoio à interação entre as empresas com seus fornecedores e clientes.
Os resultados obtidos na presente pesquisa são estimuladores no sentido em que demonstram
que os investimentos em TI realizados pelas MPE brasileiras, identificados nessa pesquisa
através da aquisição de computadores e acesso à internet, estão sendo convertidos em
melhores práticas administrativas. Espera-se que esta pesquisa possa auxiliar os executivos de
diferentes MPE a melhor planejarem seus projetos de TI, sem esquecer que muito do sucesso
da implantação de uma tecnologia passa pela estrutura que a organização possui e pela
identificação dos benefícios esperados, riscos e custos envolvidos na sua adoção. Dessa
forma, a TI poderá exercer um impacto ainda maior no desempenho dessas organizações,
justificando assim a realização de tais investimentos.
Como limitações do estudo, pode-se destacar a escala likert utilizada, proposta pelo
SEBRAE/RS, que possuía apenas três pontos, sendo este problema minimizado pelo tamanho
significativo da amostra, passando de 4000 MPE. Além disso, os resultados e as implicações
obtidas neste estudo devem levar em conta alguns cuidados no que diz respeito à amostra
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estudada, a qual foi realizada em algumas cidades do extremo sul do Rio Grande do Sul,
limitando, portanto, sua possibilidade de generalização.
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