Post on 29-Mar-2016
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Escola Artística António Arroio
Ilustrando a Arquitetura Gótica
Trabalho realizado por:
Clara Crato
Rafaela Prata
Natacha Rodrigues
Lara Abranches
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INTRODUÇÃO:
Este trabalho é um guia das principais características dos
elementos arquitetónicos góticos. Reune as informações mais
importantes e, em complemento, contém desenhos feitos
pelas autoras do trabalho.
Esperamos que este pequeno trabalho tenha as
informações necessárias para alguém com interesse na
arquitetura gótical. As informações curtas e precisas junto
com ilustrações feitas à mão com diversos materiais (lápis de
cor, cravão, canetas) pretendem ajudar todos aqueles que
tiverem a curiosidade de ler este trabalho e de descobrir um
pouco mais sobre a arquitetura Gótica.
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ARQUITETURA ROMÂNICA
Para poder falar da evolução na arquitetura gótica é primeiro
necessário abordar a arquitetura anterior: a arquitetura românica. Na
arquitetura românica é usada a planta em cruz latina. Nesse tipo de
planta são utilizadas três, cinco ou sete naves. A nave central é
orientada do sentido este-oeste, é mais larga que as naves laterais.
O comprimento da igreja é um múltiplo da largura da nave
central e as naves laterais.
Fig. 1- Corte duma Igreja românica
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ARQUITETURA GÓTICA
Na arquitectura houve uma grande evolução em termos de
verticalidade. A catedral era construída em louvor dos homens e
quanto mais alto a catedral fosse maior contacto seria possível com
Deus.
Com o aumento da verticalidade foi necessário o reforço dos apoios
exteriores como a nave central e as naves laterais. O corpo é
constituído por três naves.
Fig. 2- Corte de uma Igreja Gótica
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COLUNAS GÓTICAS
Evolução da estrutura:
Com a aplicação da verticalidade nos edifícios surge também a
necessidade de aumentar o comprimento das colunas. Estas ficam mais
estreitas e com intervalos menores umas entre as outras para facilitar o
suporte das abóbadas de ogivas. Esta modificação vai reforçar uma
prespetiva através do ponto de fuga e a sua altura guia a visão de
certa forma para o teto de abóbadas, decorado.
Fig.3- Ordens Dórica, Jónica e Coríntia)
Fig.4- Colunas inseridas nas naves, apoiando as abóbadas de ogivas cruzadas
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Evolução da Decoração:
Assim, para além da evolução da própria estrutura da coluna,
temos também uma evolução na decoração. Na arquitetura romana
grande parte da decoração situava-se no capitel. Esta característica
mantém-se nas colunas góticas das naves, no entanto, no exterior, a
decorar os portões e nos nichos e sob baldaquinos, que ocupavam os
colunelos dos ombrais, surge um novo tipo de coluna: a estátua-coluna,
que surge no Gótico Primitivo, representando personagens cristãs,
desde os santos à Virgem Maria.
Estátua-Coluna no Gótico Primitivo (1140-1190 d.C)
Estas estátuas reforçavam o efeito de
verticalidade por:
Serem desproporcionais- figura
algongada, comprimento do
corpo desproporcional ao
tamanho da cabeça;
Terem as vestes rasas,
estilizadas- a ausência de
dobras profundas e os
drapeados paralelos
formavam linhas verticais ao
longo da estátua;
Demonstrarem uma posição
rigida- não transmitiam
qualquer tipo de movimento.
Os braços muitas vezes
mostravam-se em posição de
oração, com uma mão sobre o
peito. A cabeça encontrava-
se perfeitamente alinhada
com o corpo, mostrando uma
expressão calma e serena na
face. Os rostos mostravam-se
mais indivdualizados e
pormenorizados.
Fig. 5- Estátua coluna do Gótico Primitivo
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Estátua-Coluna no Gótico Clássico (1190-1240)
Nesta fase do Gótico nota-se uma grande evolução na
escultura. Esta deixa de ser tão artificial, uma vez que há uma
maior preocupação em reproduzir o real e em transmitir
emoções através da expressão e há a procura de uma
tendência mais naturalista.
As estátuas deixam de apresentar uma figura rígida,
passando a mostrar torções no corpo. O tronco fica virado
para um lado e as pernas para o outro, formando um
“S”(requebro da anca) e dando a
noção de movimento. Esta noção
é reforçada pelo contraposto e
pela tensão das linhas ondulantes
dos drapeados e das pregas
concêntricas das vestes que
acentuam as formas dos corpos
mais volumosos.
As feições das estátuas
também adquirem mais emoções
mas sempre moderadamente,
havendo um equilíbrio constante.
Através da expressões faciais
podemos perceber o estado de
espírito representado (sendo mais
comum ver uma expressão de
alegria de traços leves e
delicados).
Fig. 6- Estátua-coluna do Gótico Clássico
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Estátua-Coluna no Gótico Tardio
A própria escultura evolui bastante nesta fase, uma vez
que a crise sentida provoca uma preocupação em
representar o real de tal forma evidente, que surgem retratos
exatos (se o retratado tivesse rugas e cicatrizes, estas eram
representadas no retrato escultórico). As formas distorcem-se
bastante, acabando por reforçar defeitos. Esta fase é muitas
vezes referida como a fase em que o gótico entrou em
decadência.
Fig. 7- Exemplo de uma estátua do Gótico Tardio
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ARCOBOTANTES
O arcobotante é uma construção em forma de meio arco,
erguida na parte exterior dos edifícios na arquitetura gótica para apoiar
as paredes e repartir o peso das paredes e colunas. Só assim se
conseguiu aumentar a altura das edificações.
O arcobotante liga-se ao botaréu e estes, ligados, auxiliam-se na
sustentação do peso da abóbada.
Fig. 8- Arcobotante
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JANELAS ROMÂNICAS
A arquitetura românica é o estilo arquitetónico que surgiu na
europa no século X que evoluiu para o estilo gótico no final do século
XII. É necessário abordar as janelas românicas para perceber a sua
evolução no Gótico.
A igreja românica era chamada “Fortaleza de Deus” e isso é
demonstrado pelo seu estilo robusto e austero.
As suas paredes espessas tinham pequenas aberturas
funcionando como janelas em que a sua principal função era resistir a
ataques de exércitos inimigos.
Fig. 9- Janelas Romanas
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JANELAS GÓTICAS
A arquitetura gótica foi construída em louvor a Deus e dos
homens. Deus é luz que descia sobre as criaturas inundando-as de sua
graça e virtude e as suas almas, através da luz, elevam-se até ele.
No Gótico as janelas mais alongadas, ocupavam quase toda a
largura das paredes, permitindo uma melhor iluminação da igreja que
convidava à comunhão mística com Deus-Luz
Fig 10- Janelas Gótica
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TÍMPANOS
O tímpano é um espaço, triangular ou em arco, limitado pelos três
lados do frontão, por um ou mais arcos ou por linhas rectas que assenta
sobre o portal de entrada de uma igreja, catedral ou templo.
Tímpanos românicos: é o elemento mais decorado por figuras
religiosas, pedagógicos e estéticos. O relevo preenche todo o espaço
dos tímpanos utilizando técnicas de desbaste que da pouca
profundidade ao talhe, sendo a modelagem naturalista, pormenorizada
e expressiva. Nos tímpanos os relevos eram revestidos a cores, o azul
para o paraíso, e vermelho para o inferno. Normalmente contem a
figura de cristo no centro, esta figura esta envolvida pela amêndoa
mística, e à volta adaptadas ao espaço arquitectónico estão as
personagens decrescendo de importância.
Fig. 11- Tímpano Romano
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TÍMPANO GÓTICO
Agora com o gablete, continua a ter um lugar de
exceção, é no tímpano que o evangelho é representado em
relevos de registos sobrepostos. As cenas mais representadas
são o juízo final com o objectivo de transmitir a esperança, o
nascimento de cristo e a vida da virgem. A decoração no
gótico era excessiva com um grande horror ao vazio.
Fig. 12- Tímpano Gótico
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ABÓBADA DE CRUZARIA DE OGIVAS
Surgiu para que houvesse uma melhor distribuição do
peso pois transmite o impulso a quatro pontos diferentes. As
forças eram desta forma desviadas para os pilares de
sustentação (colunas) e contrafortes. É formada por dois
arcos ogivais que se cruzam na diagonal. É uma espécie de
esqueleto de pedra (os arcos) que é “enchido” (pano ogival).
Antes as abóbadas possuiam quatro panos no entanto
chegaram a possuir 16. As mais divididas são conhecidas
como abóbadas estreladas, de terceletes ou de leque
(bastante usados em Inglaterra).
Fig. 13- Abóbada de Cruzaria de Ogivas
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ARCO DE VOLTA PERFEITA (ROMÂNICO)
Na arquitetura romanica, um dos elementos mais
recorrentes era o arco de volta perfeita. Era constituído,
basicamente, por vários blocos de pedra colocados em semi-
círculo “trancados” por uma pedra colocada no meio,
chamada de “cunha”.
Fig. 14 – Arco de volta perfeita- Românico
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ARCO QUEBRADO
Na arquitetura Gótica surge o Arco Quebrado. É mais
díficil de construir que o Arco de volta perfeita, no entanto
distribui melhor as forças, é mais flexivel e dinâmico,
permitindo desta forma construir as catedrais mais altas do
que no estilo arquitetónico anterior.
Fig. 15 – Arco Quebrado – Gótico
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CONCLUSÃO
Esperamos que este trabalho tenha contribuído para
aprofundar os conhecimentos sobre a arquitetura Gótica, e
tirado dúvidas sobre a conceção e aparência de certos
elementos arquitetónicos (não só góticos, como românicos).
Ao fazermos este trabalho, acabamos por tornar reais os
nossos objetivos, pois nós mesmas acabámos por aprender
mais e arrecadar mais informações do que aquelas que
possuíamos quando iniciamos este guia.
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BIBLIOGRAFIA
BARROS, José D'Assunção. O Romantismo e o Revival Gótico no século XIX .
ArteFilosofia – Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade
Federal de Ouro Preto, vol.VI, abr/2009. UFOP. Ouro Preto: UFOP, 2009. ISSN: 1809-
8274.
http://www.infoescola.com/artes/estilo-gotico/
http://www.infoescola.com/artes/estilo-gotico/
http://www.beatrix.pro.br/index.php/arte-gotica-escultura/
http://www.slideshare.net/abaj/a-escultura-gtica-12605221
http://web.mit.edu/masonry/papers/block_SMArchS_2005.pdf
http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/08/14/forma-estrutural-i/
http://sumateologica.wordpress.com/2009/12/21/a-arquitetura-gotica/