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ANO 11- N° 9 - 1995
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iLIMENTAÇAOALTERNATIVA,.,
POSIÇAO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA
Realizou-se em novembro p.p., em Campos de Jordão, SP, o encontro
anual do comitê de Nutrologia: da SBP do qual participaram professores
de pediatria de todo o Brasil; especialistas na área.
Neste encontro foi analisado e aprovado o informe técnico que
transcrevemos abaixo, encaminhado por pesquisadores da UNICAMP,no qual é apresentado e cientificamente discutida a questão da Alimenta-
ção Alternativa".
INFORME TÉCNICO: PROGRAMAS EMERGENCIAIS DE COMBA-
TE À FOME E O USO DE SUB-PRODUTOS DE ALIMENTOS
O farelo de arroz vem sendo utilizado como suplemento alimen-tar em trabalhos sociais, por demais louváveis, desenvolvidos compopulações carentes de diversas regiões do Brasil, principalmentena recuperação de crianças desnutridas e como complementoalimentar de lactantes. ainda que sem suficiente caráter científico.Além deste sub-produto, outros, não convencionalmente adotadoscorno alimento, tais como folhas de mandioca em pó, resíduos deoutras hortaliças, sementes, compõem a base da linha chamada"Alimentação Alternativa".
Pelo fato de estarmos já há quatro anos pesquisando propriedadesnutritivas do farelo de arroz, vimos manifestar a nossa opinião sobreo assunto, baseada em resultados de análises químicas e ensaiosbiológicos, utilizando animais de laboratório como modelo experi-mental. Assim, seguem-se as seguintes considerações:
1. O valor nutritivo de qualquer alimento não pode ser estabelecido
unicamente com base na quantidade (dosagem química) de seus nutrien-
tes, uma vez que sua qualidade nutricional é determinada por uma série
de fatores, como o equilíbrio entre seus constituintes, as interações entre
os diversos compostos da dieta, o estado fisiológico do indivíduo, as
condições de processamento e armazenagem e a ocorrência deantinutrientes.
2. Os resultados da análise do conteúdo mineral do farelo de arroz,
apesar de indicarem altos teores destes nutrientes (exceto cálcio), não
são suficientes para recomendar a utilização do mesmo como fonte de
minerais. É importante saber se estes minerais são aproveitáveis pelo
organismo, já que resultados obtidos no Laboratório de Química de
Proteínas da FEAlUNICAMP, revelam a presença de elevadas concen-trações de ácido fítico, um fator antinutricional que interfere na disponi-
bilidade biológica dos minerais presentes na dieta.
3. O ácido fítico é um forte agente quelante dos cátions mono e
divalentes, com os quais forma complexos insolúveis nos alimentos, emcondi<:ne. (te pH fi.iológicn. Muitos estudos mostram a relação inversa
que existe entre o ácido e a absorção de minerais, tais como o zinco,
cálcio, magnésio e provavelmente ferro, assim como o níquel. O teor deácido fítico encontrado no farelo de arroz (5 a 6%) é um dos mais altos
já referidos na literatura para alimentos.
4. Resultados preliminares do nosso trabalho apontam o zinco como
um dos minerais que tem sua biodisponibilidade significativamente
afetada pela presença de ácido fítico. É importante reforçar a importân-cia do zinco no desenvolvimento infantil. devido à sua participação em
diversas etapas do metabolismo.
S. As tentativas para diminuição do conteúdo de ácido fítico conside-
ram diferentes processamentos dada a grande dificuldade em reduzir os
teores originalmente presentes nos alimentos. A forma de tratamentorecomendada (torrefação) não alterou o teor original encontrado nasamostras dos diferentes lotes de farelo de arroz analisados no Laborató-
rio de Química de Proteínas.
. 6. Já que o fareI o de arroz é um sub-produto industrial. a sua obten-
ção ainda não conta com os cuidados necessários à manipulação de
alimentos e a contaminação por fungos toxigênicos deve ser monitorada.No Laboratório de Química de Proteínas encontrou-se um lote em
quatro que estava contaminado com aflatoxina, composto carcinogênico
e altamente resistente à destruição pelo calor de tostagem.
7. Quanto à utilização do farelo de arroz na recuperação de carências
nutricionais, ensaios feitos com animais experimentais. simulando as
condições de processamento recomendadas, quanto à mistura, formula-
ção e torrefação, mostraram que sua capacidade (continua na página 4)
JORNAL DE NUTRIÇÃO INFANTIL é uma publicação bimestral da Editora Segmento Ltda. Av. Henrique Schaumann. 414 - 3° andar. Cep 05413-010 - São Paulo - SP - Te!. 852-
9963 e telefax. 64-9713 - Editor Científico: Df. Fabio Ancona Lopez - Jornalista Responsável: Edimilson Gomes Cardial
As opiniões aqui expressas representamos pontos de vista dos autores e não necessariamente refletem os de "LaboratóriosWyeth -Whitehalt Ltda. "
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recuperativa é praticamente nula.
8. É importante considerar também os outros sub-produtos cujo consumoé defendido pela "Alimentação Alternativa". Pode-se citar. por exemplo. o
pó de folha de mandioca. a respeito do qual há preocupação quanto àefetividade da eliminação de glicosídeos cianogênicos, cuja ocorrência neste
vegetal e feitos tóxicos estão amplamente relatados na literatura científica.
Entendermos a URGÊNCIA da necessidade de estabelecer a composição
química da "multimistura". bem como o estudo de caráter bioquímico-nutricional acerca dos efeitos resultantes de interações dos seus constituin-
tes. antes do que não é aceitável sua introdução como alimento, principal-
mente para crianças, pois não existem informações a respeito dos possíveisefeitos a médio e longo prazo decorrentes desta prática. Entre os Princípios
Básicos da Declaração de Helsinki (1964) estão:
a) "A pesquisa clínica deve coadunar-se com a moral e os princípios que
justificam a investigação médica e basear-se em experiências laboratoriais eem animais, ou outros fatores cientificamente estabelecidos" e;
b)"A qualquer projeto de pesquisa clínica deve preceder cuidadosa
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análise dos riscos inerentes. em comparação com benefícios previsíveis parao paciente ou os outros".
Tendo em vista o exposto. e ainda a necessidade garantida por legislaçãoprópria quanto ao controle de qualidade de produtos destinados à alimenta-
ção humana. consideramos ainda prematura a utilização ,do farelo emprogramas de alimentação infantil em larga escala, especialmente em
programas emergenciais de combate à fome, que não devem estar baseadosna utilização de sub-produtos industriais não estudados em profundidade,
pelo simples fato de serem de baixo custo..
Hilda R. Torin MSc, Depto. de P. Alimentar e Nutrição. FEA -
UNICAMP; Semiramis M. A. Domene MSc, Depto. de Alimentos e T.
Alimentos. F.c.M.- PUCCAMP; Jaime Amaya-Farfán PhD. DeptO de P.
Alimentar e Nutrição. FEA - UNICAMP
Dado a importância do problema e à tomada oficial de posição da Socie-dade Brasileira de Pediatria. o J.N.!. tem certeza da oportunidade desta
divulgação, assim como abre sua páginas para a discussão do tema.
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COMITÊDENUTROLOGIADASOCIEDADEBRASILEIRADEPEDIATRIA
Esta é a relação dos membros do comitê de nutrologia da SBP, divulgada pela entidade. Sua publicação visa a facilitar o contato com os pediatras do
Brasil, em diferentes Estados. com seus membros, no sentido de facilitar o acesso às informações sobre nomas e resoluções emanadas do comitê.
Dr, Naylor AlvesLopes de Otiwira (matr.101.6851. Presidente
Av. Sernambetiba. 2940/202BI. F - B. da TiJuca22620-1172- RiodeJaneiro/RJ
Tels.:(021)493.6407(res)/222.oo222(eon,)
Dr.Alfredo FloroCantaJiceNeto1m!.105.0671Rua Castro Alves. 11011501. Rio Branco
90430-131 - POJ10 AlegrelRS
Tels:. (o5!) 335.1207(res)/2220022leons)
Dr. Domingos PalmaImalr. 102,837)
RuaLeandroDupret.49 -Vila Clementino04025-010. SãoPaulo/SP- Tel.:1011)5497711Dr. Hugoda CostaRibeiro Júnior 1m!. 103,2111
RuaAmazonas.141503- Pituba
41830.380SalvadorlBA
Tel.s.:(071135L1809lres)/351.6378
Dr. Ennio Leão Imatr. 106.8881
RuaSantaRita Durão.614/100. Funcionários
30140-111. Belo HorizonlelNG
Tel.:(o31)261.4883(resl
Dr. FábioAneona Lopez (matr. 103.039)
Rua Casa do Ator. 958/13..Vila Olímpica04546-003- SãoPaulo/SP
Tel.:(011)829.8490lresi
Dr, Fernando José de Nóbrega Imalr. 103.069)
RuaTraipu.1251-Perdizes
Wyeth*. '1r' .,
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01235-000- SãoPaulo/SP
Tel.: (011) 872.1804lres)/872.100Ilfaxl
Dra. Helenicede Fátima Muniz Imalr.
112.545)
RuaAri,tóbulosBarbosaLeão.383/301. Jardimda Penha
29060-010.VitórialESTel.:(027)325.6559(reslDra, NicoleOliveiraMota(matr.112.211)
RuaMarquêsdeOlínda.80/601BI.02-Botafogo22251.040.RiodeJaneirolRJTeI.:I021)551.9337Ires)
Dr. Mauro Fisberg Imalr. 104.167)
RuaSilvaCorrêa.88/113- VilaN. Conceição04537-040- SãoPaulo/SPTels.:(011)820.2882Ires1/575.1246Dr.JoãoAlbuquerque Rocha (matr. 110.463) .
Conselheiro Técnico
Av Beira Rio. 591/60 I - Madalena
50610-100. RecifelPE
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Dr. Jacob Renato Woiski (matr. 103.270) .
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