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A Igreja é Una
Vários são os elementos de unidade da Igreja: uma única fonte (a Trindade); um único modelo (a vida
íntima de Deus); um único fundador (Jesus Cristo); e, uma só alma (Espírito de Deus). A expressão desta
unidade espiritual é visível na própria realidade eclesial, quando todo o corpo apresenta a mesma profissão
de fé e de disciplina moral; a celebração comum do culto divino, sobretudo dos sacramentos; e, a sucessão
apostólica, por meio do Sacramento da Ordem. Aliás, esta última se torna a base das outras, pois ao Colégio
Apostólico (e os bispos são os sucessores dos apóstolos), do qual o Papa é o chefe, Jesus confiou todos os
bens da Nova Aliança, para serem dispensados entre os homens.
A unidade da Igreja, CIC nº 814, se apresenta com uma grande diversidade. Esta se dá, primeiro, pela
riqueza de dons, carismas e ministérios que o Espírito Santo dota a Igreja a fim de que ela cumpra sua
missão. Uma segunda é o número de culturas que assimilam o Evangelho. Cada povo, com sua próprias
peculiaridades, vai acolhendo e iluminando seu jeito de ser pelas palavras de Jesus. A única Igreja se
espalha pelo mundo todo e, nas diferentes culturas, testemunha a fé em Jesus, nosso Senhor.
A Igreja é santa
Dizer que a Igreja é santa implica em duas instâncias: ela é santificada e santificante. A Igreja é santificada,
pois ela não é uma mera instituição histórica. Ela é o Corpo de Cristo. Com a efusão do Espírito Santo, os
discípulos de Jesus entram individualmente e comunitariamente em comunhão com Ele. Esta unidade é de
tal expressão que separados são membros e juntos são o próprio Corpo do Senhor. A santidade da Igreja
vem da comunhão com o Ressuscitado e da ação do Espírito em suas ações. Sendo santa, a Igreja passa a
santificar os homens. A vida sacramental é a expressão de sua ação santificante, pois mediante estas ações
sagradas os homens entram em comunhão eficaz com Deus, se tornam templos do Espírito Santo e podem
viver uma vida de acordo com a vontade de Deus. O múnus santificante da Igreja é testemunhado pelos
santos canonizados.
A Igreja é católica
Quando se diz que a Igreja é católica, se quer destacar duas realidades importantes. Primeiro, a Igreja é o
próprio Corpo de Cristo. Ela é a resposta salvífica universal de Deus para os homens, pois possui a
confissão de fé correta e reta; a vida sacramental integral e o ministério ordenado na sucessão apostólica.
Dizer que ela é católica, é afirmar que ela possui todos os elementos para a salvação dos homens. A segunda
razão de ela ser chamada de católica é em consequência de sua missão. Ela foi enviada por Cristo à
universalidade do gênero humano: todos os homens, de todos os tempos e culturas, devem ser alcançados
LOCAL: SALÃO DA IGREJA PAROQUIAL, BAIRRO SAUDADE, DAS 19:30Hs – 21:00Hs
pelo anúncio da Boa-Nova. A expressão da universalidade da missão da Igreja pode ser encontrada no
mandato missionário dado por Jesus aos seus discípulos.
A Igreja é apostólica
Na leitura dos Evangelhos podemos constatar duas realidades: Jesus se apresenta como o enviado do Pai e
Ele, por sua vez, envia os seus discípulos. O termo “enviado” em grego deu origem à palavra “apóstolo” em
português. Por conseguinte, a Igreja é enviada (apostólica) pelo próprio Deus em missão. Desta afirmação
decorrem três realidades importantes: o testemunho dos primeiros apóstolos é a base da doutrina católica
(depósito da fé); com a assistência do Espírito Santo, a Igreja conserva e transmite esta doutrina as novas
gerações (Tradição e Sagrada Escritura); e, através do Papa e dos bispos, a comunidade eclesial continua
sendo santificada, ensinada e guiada (Magistério) até a segunda vinda de Jesus.
AS NOTAS DA IGREJA
“Crer no Espírito Santo, que faz una, santa, católica e apostólica
a Igreja, é crer na realização e na promessa de Deus na Igreja,
nesta realidade concreta e complexa feita de um elemento
duplo, o divino e o humano” (Y. Congar, El Espíritu Santo)
“Esta é a única Igreja de Cristo que no Símbolo confessamos
uma, santa, católica e apostólica: que nosso Salvador depois de
Sua ressurreição entregou a Pedro para apascentar (Jo 21, 17)
e confiou a ele e aos demais Apóstolos para a propagar e reger,
levantando-a para sempre como ‘coluna e fundamento da
verdade’ (1Tm 3,15)” (Lumen Gentium, 8).
Os termos “notas, propriedades ou dimensões”, aplicados à Igreja, exprimem o que ela é em
si mesma e ajudam a entender o seu mistério através da linguagem humana. As notas afirmam a
veracidade da Igreja: por meio das quatro notas sabemos onde se encontra a verdadeira Igreja,
por isso tornam-se “sinais distintivos” da Igreja.
As notas – UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA – já estão presentes no Símbolo de
Epifânio, de 374, que, por sua vez, se originam de Cirilo de Jerusalém, por volta de 343. Depois
vêm confirmadas pelo Concílio de Constantinopla, em 381.
As quatro notas não são exclusivas. Porém, apenas as quatro foram consideradas como tal,
porque são verificadas externamente e emanam de modo espontâneo da própria natureza da
Igreja, servindo, por isso, como meio eficazes para reconhecer a verdadeira Igreja de Cristo, assim
como foi recebida pelos Apóstolos e transmitida até os dias de hoje. Todas as notas são dons e
tarefas vividas no já e no ainda não: foram dadas à Igreja pela Trindade e, ao mesmo tempo,
devem tornar-se cada dia mais, revelando assim a estreita conexão com o mistério de Cristo.
O Espírito Santo realiza as notas da Igreja. Respeitando as ações próprias de cada uma das
Pessoas da Trindade Santa, para fundar e iniciar a Igreja no tempo, Jesus Cristo e o Espírito Santo,
além de congregarem a Igreja, santificam-na, pois a Igreja é santa em Jesus Cristo (1Cor 1,2; Fl
1,1). O Espírito Santo foi prometido aos Apóstolos, mas em vista do novo Povo de Deus, do qual
eles eram as primícias. Ele foi enviado, primeiro, aos Apóstolos (Jo 20,22), e, depois, à totalidade
da comunidade, no dia de Pentecostes. Assim, a Trindade fundamenta e torna verdadeiras as notas
da Igreja, conforme são professadas no Credo: Creio na Igreja, uma, santa, católica e apostólica.
1) A UNIDADE DA IGREJA
Os Santos Padres nos primórdios do Cristianismo apresentam a Igreja como “povo reunido
na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Dessa forma, o primeiro princípio de unidade da
Igreja e a razão fundamental de sua unicidade encontram-se na unidade e na unicidade de Deus. A
Igreja é uma e única, porque Deus é uno e único em si mesmo (cf. Ef 4,4-6).
Apesar de sua origem transcendente, a unidade, enquanto tarefa dos cristãos na Igreja,
deve crescer até à perfeição escatológica. Nesse sentido, o Apóstolo Paulo expressa, com a
afirmação de que “Deus será tudo em todos” (1Cor 15,28), de um lado, a intimidade dessa união, e,
de outro, a tarefa dos cristãos. A Cidade de Deus começa e se aperfeiçoa no Povo de Deus ainda em
estado itinerante na terra, rumo à consumação escatológica.
Essa condição humana se caracteriza por um já e um ainda-não simultâneos. O Povo de
Deus já é aquilo que é chamado a ser (já é filho de Deus), e, no entanto, ainda espera a liberdade
gloriosa dos filhos de Deus e a libertação plena e total em Deus (cf. Rm 8, 21-23). É a situação
paradoxal da Igreja no seu estado de peregrinação: dualidade do já e do ainda-não. Ela já é, mas
ainda deverá realizar plenamente em sua vida o que já está contido nela pela graça de Deus. Por
isso, a Igreja terá sempre de usar os meios instituídos por Cristo para conseguir realizá-la. Não
sem motivo, a Eucaristia é considerada o grande sacramento da unidade, pelo qual ela é
significada e realizada.
As três formas de unidade da Igreja são inspiradas em At 2,42 e 4,32, que mostram-na
existindo, não apenas no plano sentimental, mas também traduzindo uma estrutura da qual Lucas
enumera três elementos, segundo certa ordem, que adquiriu em si mesma um valor de doutrina:
a) Unidade pela Fé, manifestada pelo acatamento do ensinamento apostólico, graças
ao qual se realiza a unanimidade da fé e de confissão pedida por Paulo (1Cor 1,10; Rm 15,6;
Ef 4,14ss);
b) Unidade mediante os Sacramentos, de modo especial a Eucaristia: a celebração da
fração do pão pelo qual se aperfeiçoa a unidade dos fieis com Cristo e entre eles (1Cor
10,16-17);
c) Unidade sob o plano da vida social ou da comunidade fraterna sob os mesmos
pastores, regulada pela caridade.
Pode-se afirmar que as condições de pertença à plena comunhão visível da Igreja ou a
pertença plena à Igreja acontece mediante esses três vínculos: profissão de fé, sacramentos e o
governo eclesiástico.
A Igreja, como sacramento de salvação, é mistério de comunhão. O Espírito Santo é o
princípio da comunhão. A Igreja não é uma soma de indivíduos e o sistema resultante desta, mas
uma comunhão, uma fraternidade de pessoas, ou seja, koinonia.
O Espírito Santo consegue fazer com que todos sejam um, e que a unidade seja diversidade.
A Igreja está em cada um e em todos os cristãos, que a formam por meio da comunhão operada
pelo Espírito Santo, que não produz uma confusão de pessoas ou a eliminação da individualidade
de cada pessoa, mas respeita a cada uma, fazendo com que permaneça como é. Daí surgem os
carismas, que agem na vida concreta e cotidiana dos fieis e são distribuídos para o benefício e a
edificação de todo o Corpo de Cristo, que é a Igreja (1Cor 14,12).
2) A SANTIDADE DA IGREJA
A Santidade foi o primeiro atributo acrescentado à Igreja já no início do século II. As
origens dessa expressão são bíblicas, como também seu sentido e conteúdo fundamental de
“propriedade de Deus”.
Deus é santo (Is 6,3): a Santidade é a ordem própria de sua existência e de seu mistério.
Uma realidade é santa somente na medida em que referida a Deus, vinda dele e pertencente a ele.
Assim, o povo é santo e forma uma nação santa, porque é de Deus e está em Deus. Do mesmo
modo, a terra é santa, o templo é santo... Essas afirmações foram transmitidas no Novo Testamento
à Igreja, mas mediante as realidades novas que constituem precisamente o Povo de Deus na sua
novidade: o Cristo e o Espírito Santo enquanto comunicados à Igreja. Jesus é o “santo de Deus” (Mc
1,24; Lc 1,35). Por isso, Ele torna-se a origem e o centro de um novo povo consagrado e santo. Este
iniciou em Jerusalém e na comunidade da Judeia, cujos membros são chamados “santos” (1Cor
14,33; 16,1; 2Cor 8,4; 9,1ss; Rm 15, 36.31); “santos por vocação” (Rm 1,7).
A Santidade da Igreja é compreendida, assim, entre o Batismo, que a funda, e sua
plenificação escatológica (Ef 5, 25-27). Formada por santos, isto é, por homens e mulheres que se
esforçam por viver fiel e generosamente a sua consagração batismal e a sua qualidade de
membros do Corpo de Cristo, a Igreja é também a Igreja dos pecadores e reconhece tal realidade.
Para superar a tensão entre essas duas realidades, é preciso torná-la cada vez mais de Deus, pois
ela necessita de conversão e reforma constantes.
A Igreja é santa naquilo que recebeu e recebe de Deus para se constituir em princípio
universal de Salvação (LG, 1), que forma seus princípios formais. Tais são o depósito da fé, os
sacramentos, a fé, o Evangelho e os ministérios correspondentes. Essas realidades são santas em
si mesmas, pois são provenientes de Deus em vista da santidade (santidade objetiva).
A santidade é serviço e meio de santificação. A Igreja real é santa e pecadora. A Igreja, como
tal, é sem pecado; os pecados pertencem aos membros da Igreja e enquanto conservam em si algo
que não é Igreja. Em virtude de seus membros, a Igreja é levada a realizações históricas e
concretas imperfeitas daquilo mesmo que ela é fundamentalmente e aspira a ser. Por isso, a sua
renovação consiste numa fidelidade maior à própria vocação. Por sua vez, essa renovação e
conversão permanente se constitui sempre como uma obra difícil, que exige paciência e caridade
perseverantes. A Igreja real, nesse sentido, vive a santidade em situação de pecado e em estado
permanente de perdão e renovação.
A Igreja é santa, porque Deus é santo e comunica a sua santidade à Igreja. E é o Espírito
Santo quem a torna santa, pois não existe santidade sem o Espírito Santo. Não se trata,
primeiramente, de uma santidade moral, mas de uma santidade em relação ao ser, ou seja, de
pertença a Deus.
E essa santidade se realiza nos fieis, por meio da participação nos sacramentos, na leitura e
meditação da Palavra de Deus, na recepção dos carismas, enfim, através de todos os meios de
salvação e santificação que Cristo colocou à disposição na sua Igreja, quando a constituiu.
3) A CATOLICIDADE DA IGREJA
A catolicidade constitui-se num verdadeiro predicado da Igreja, proveniente de sua
natureza divina. Por isso, a Trindade é a fonte da catolicidade:
a) Deus Pai, em seu projeto salvífico universal, quer que todos permaneçam em sua
vida e sejam redimidos (2Pd 3,9).
b) Jesus Cristo, como princípio universal de salvação, ao resgatar do pecado a natureza
humana pela graça (Rm 8,19-23). A Igreja se constitui na comunhão das pessoas que estão
unidas ao Corpo de Cristo, oferecido e glorificado pela morte e ressurreição, mediante o
Batismo e, sobretudo, a Eucaristia.
c) O Espírito Santo, enviado à Igreja como sua alma, faz a obra de Cristo no interior de
cada pessoa, de tal modo que os dons e as iniciativas de cada um concorram à unidade e à
construção de todo o corpo, por meio da comunicação da riqueza de Cristo.
Assim, Cristo plenifica o cosmo e a história, por meio da Igreja Católica. Por isso, o novo
Povo de Deus é necessariamente um povo católico.
A catolicidade acontece através do encontro entre a plenitude das energias dadas em Cristo
e operantes na Igreja e a plenitude potencial contida na pessoa humana, que por sua vez, é
inseparável do cosmo, visto que Jesus Cristo é a cabeça.
A catolicidade é um atributo de toda a Igreja, também da Local. Cada fiel é, por sua vez,
também católico. É essa relação com o universal que distingue a Igreja da seita. O que faz a seita
não é o pequeno número, mas a falta da referência à totalidade. Por isso, as Igrejas Locais devem
realizar, manifestar e representar a Igreja única total, universal, assim, católica.
À catolicidade pela comunhão deve ser acrescentada a catolicidade pela extensão ou
expansão entre todos os povos, tarefa está de toda a Igreja, pois foi dada pelo Senhor Ressuscitado
(Mt 28, 18-20). Assim, a catolicidade qualitativa e quantitativa são inseparáveis. E delas derivas,
diretamente, a missionariedade da Igreja, pois a salvação universal deve atingir todas as pessoas,
através do esforço missionário dos cristãos. Assim como a Igreja é chamada e convocada, isto é,
reunida como ekklésia, ela é enviada como mensageira e anunciadora da Boa Nova da salvação.
Como consequência da unidade, a Igreja é católica, pois a salvação trazida pelo Senhor
Jesus se destina e deve atingir a todos os povos, pois Ele é Luz e Senhor para todos e para todo o
tempo. E nesse sentido de catolicidade, encontra-se o Espírito Santo, que a estende a todos os fieis
e a cada uma das Igrejas Particulares (LG, 23). Assim, o Espírito Santo assegura, tanto a
catolicidade interna, quanto externa da Igreja.
O Espírito Santo torna católica a Igreja, no decorrer do tempo, pois a catolicidade vai-se
fazendo no decurso da história, enquanto a Igreja vai realizando a tarefa de evangelizar, visto que
o Espírito Santo é o “agente principal da nova evangelização” e “nunca será possível haver
evangelização sem a ação do Espírito Santo” (EM, 75). Somente no fim, quando Cristo “for tudo em
todos” (1Cor 15,28), é que a Igreja será, realmente e totalmente, católica. Para tal, concorrem
todos os movimentos, pastorais e iniciativas diversas, que visam propagar o Evangelho a todos os
lugares e povos. Por isso, mais do que nunca, hoje, é preciso superar o medo e o comodismo, pois o
cristão, guiado e motivado pelo Espírito Santo, torna-se o baluarte da esperança e da coragem por
excelência.
4) A APOSTOLICIDADE DA IGREJA
A Igreja não é una, santa e católica de qualquer modo, mas relacionada com os “Doze” e,
nesse sentido, apostólica. O adjetivo “apostólico” surge com o uso cristão, sempre relacionado com
os “Doze”.
Assim, o princípio da apostolicidade existia, desde a origem, na concepção de uma Igreja
como comunidade iniciada com os Apóstolos e destinada a uma extensão e uma duração
indefinidas, de modo que esta não era outra do que a dilatação ou prolongamento, se assim pode
ser dito, do primeiro núcleo apostólico.
Segundo o teólogo Y. Congar, apostolicidade é a propriedade graças à qual a Igreja
conserva, através dos tempos, a identidade dos seus princípios de unidade como ela os recebeu de
Cristo na pessoa dos Apóstolos: unidade mediante a comunhão de doutrina, sacramentos, vida
comunitária na Igreja, sob a guia dos pastores, que receberam seu ministério apostólico.
O novo Catecismo da Igreja Católica explica que a Igreja é apostólica, porque está fundada
sobre os Apóstolos, em três sentidos:
a) Ela foi e continua sendo construída sobre o fundamento dos Apóstolos;
b) Ela conserva e transmite, com a ajuda do Espírito, o depósito e as palavras ouvidas dos
Apóstolos;
c) Ela continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos até à volta de Cristo.
O sentido teológico da Apostolicidade é conservar através do espaço e do tempo a
identidade da missão apostólica, isto é, da missão acompanhada pelos poderes e carismas
necessários para exercê-la e que foram dados, por isso, aos Apóstolos. Aqueles que foram
enviados podem e devem enviar outros após eles, porque a missão deve permanecer, embora os
Apóstolos morram. Aqui está presente, portanto, o princípio da sucessão apostólica.
Aquilo que foi confiado aos Apóstolos deve ser exercido, mediante um ministério recebido
ou derivado deles. A economia salvífica quer que os fatos acontecidos uma vez, num ponto
definido da Terra e da história, sejam comunicados a todas as pessoas humanas, pelos quais eles
são graça e verdade em vista da salvação, que consiste na comunhão com Deus. A missão dos
sucessores é idêntica à dos Apóstolos.
É o Espirito Santo quem assegura a fidelidade da Igreja à fé recebida dos Apóstolos,
mantendo a conformidade com as origens e, ao mesmo tempo, a referência à escatologia, que
nunca a Igreja pode perder. Os elementos essenciais que constituem a apostolicidade da Igreja
são: a palavra, os sacramentos e o ministério dos Doze. Por essa razão, fala-se hoje em
apostolicidade de palavra e de ministério.
Nessa tarefa de atualizar a palavra, o Espírito Santo torna a Igreja infalível. Também o
Magistério exerce a sua missão própria, que é a de zelar, transmitir, interpretar, definir,
proclamar, salvaguardar a verdade confiada por Jesus Cristo à Igreja, hoje presente no depósito da
fé.
O ministério apostólico é um “ministério” do Espírito Santo (2Cor 3,4-18): o Espírito
Santo faz acontecer no coração de cada batizado a palavra e os sacramentos celebrados. Todavia,
não se pode esquecer que a “tradição-transmissão”, que assegura a Igreja na fidelidade e na
unidade de sua fé, está ligada aos bispos, como sucessores dos Doze.
BIBLIOGRAFIA:
HACKMANN, Geraldo Luiz Borges. A amada Igreja de Jesus Cristo: manual de eclesiologia como comunhão orgânica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.
PIÉ-NINOT, Salvador. Introdução à Eclesiologia. São Paulo: Loyola, 1998.
Pe. Flávio Luis