IDOSO Exercícios físicos para a saúde mental · 2016-12-07 · explica o pesquisador. Nos...

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7 de dezembro de 2016 - NOTÍCIAIDOSO

BEATRIZ BOTELHO

Com população de aproximadamente17 milhões de pessoas e território

cinco vezes menor que o estado do Paraná,a Holanda vive um processo de envelheci-mento populacional. Isso acontece nospaíses desenvolvidos, nos quais a taxa denascidos é inferior a de pessoas acima dos65 anos, mostrando um aumento na ex-pectativa de vida. Dados de 2013 mos-tram que, no país europeu, aproximada-mente 18% da população é idosa.

Devido ao crescimento da populaçãoe da expectativa de vida, pesquisas sãorealizadas em diversas áreas com foco nasaúde do idoso. E é isso o que faz oprofessor Tibor Hortobagyi, da Facultyof Medical Sciences, da UniversiterMedisch Centrum Groningen. No finaldo mês de setembro, o professor veiopela primeira vez a Londrina para falar daimportância dos exercícios físicos paraos processos cognitivos dos idosos, emdois grandes eventos: o XII SeminárioInternacional sobre Atividades Físicaspara a Terceira Idade (SIAFTI) e o VISimpósio do Grupo de Estudos sobre oEnvelhecimento (GESEN).

Os estudos do professor tratam daatividade física como fonte de melhora-mento para a saúde mental dos idosos, ouseja, agem diretamente no sistemacognitivo. “A atividade física é um forteestímulo aos músculos e ossos, mas tam-

Exercícios físicos para a saúde mentalNum mundo que está envelhecendo, estudos confirmam o antigo provérbio latino

“Mens sana in corpore sano - Mente sã em corpo são”

bém ao sistema nervoso e às áreas docérebro no controle cognitivo, que envol-ve o movimento”, afirma.

O professor segue duas linhas de pes-quisa: uma voltada para a prevenção nasaúde dos idosos e outra em demência edisfunção cognitiva leve. “Nossa missão étentar encontrar formas de educar as pes-

soas sobre a importância da atividade físi-ca. E, num segundo momento, encontrarmecanismos de como e porque aplicar osexercícios em favor da saúde”, explica.

Tibor explica que muitas áreas docérebro estão envolvidas no controle dafunção cognitiva e também no controle domovimento. Andar, como cita o profes-sor, é algo automático para o cérebro.Porém, quando o cérebro percebe perigo,com um buraco no meio do caminho, elese antecipa, monitora e processa a infor-mação, logo utiliza as mesmas áreas dosistema cognitivo.

Em pesquisa realizada com compa-ração de dois grupos de idosos em fasede demência, uns com atividades físi-cas constantes e outro sem atividades,pode-se perceber que, mesmo com apausa de exercícios por determinadoperíodo, o nível era melhor nos idososativos do que nos inativos.

Segundo o professor, entre os estudosrealizados, um mostrou que o efeito dosexercícios físicos em pacientes com de-mência é mais positivo do que os efeitoscom três tipos medicamentos utilizados.“O exercício não pode curar, mas temefeito melhor que medicamentos. É umamensagem forte”, afirma Tibor.

Não existe, porém, apenas um tipo deexercício que traz esse benefício, comoexplica o pesquisador. Nos Estados Uni-dos, por exemplo, a atividade aeróbica émais importante. Já no Canadá treinos deforça demonstraram melhores resulta-dos. Na Alemanha, entretanto, são ostreinos de coordenação e equilíbrio. “To-dos contribuem na prevenção da

disfunção cognitiva e demência”, afirma.Holanda - Segundo o professor

Tibor Hortobagyi, na Holanda existe umprojeto chamado Delta Plan Dementi. Onome faz referência ao projeto usadonos anos 60 para a construção de diquesna costa, devido ao nível abaixo do mar.Desta vez, o projeto é voltado para asaúde, com foco na diminuição da de-mência cognitiva da população. Issomostra, de acordo com a pesquisa, quehá uma preocupação do governo emrelação à saúde. Diversas pesquisas sãorealizadas com financiamento do pró-prio governo holandês. “O problema éque os programas não continuam. Nãoimplementam os estudos”, afirma.

Brasil - Atualmente com mais de 206milhões de pessoas, o Brasil possui cercade 14 milhões com idade acima de 65anos, quase a população do país holandês.“No Brasil, a população jovem ainda émaior. Mas o número de pessoas commais de 80 anos está crescendo e elascustam caro. Daqui a alguns anos, com oenvelhecimento da população, os custosserão ainda maiores”, afirma Tibor.

Por isso são necessários os diversoseventos, discussões e pesquisas a respeitodo envelhecimento, saúde do idoso e ativi-dade física. Na UEL, por exemplo, oGrupo de Estudos sobre o Envelhecimen-to (GESEN) há doze anos reúne docentes,estudantes da UEL e profissionais interes-sados no tema do Envelhecimento Huma-no. O objetivo é estimular a reflexão eformação na área de Geriatria eGerontologia no meio acadêmico, serviçode saúde e sociedade.

Dois eventos discutiram a saúde do idoso: XII Seminário Internacional sobre Atividades Físicas para a Terceira Idade (SIAFTI)e o VI Simpósio do Grupo de Estudos sobre o Envelhecimento (GESEN)

“O exercício não pode curar, mas tem efeito melhor que medicamentos.É uma mensagem forte”, afirma o professor Tibor