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LIVRO OFICIAL DO CENTENÁRIO DO GRÊMIO ESPORTIVO BRASILLIVRO OFICIAL DO CENTENÁRIO DO GRÊMIO ESPORTIVO BRASILLIVRO OFICIAL DO CENTENÁRIO DO GRÊMIO ESPORTIVO BRASILLIVRO OFICIAL DO CENTENÁRIO DO GRÊMIO ESPORTIVO BRASILLIVRO OFICIAL DO CENTENÁRIO DO GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
1911 . 2011
CCCCClaudio Milton Cassal de Andrealaudio Milton Cassal de Andrealaudio Milton Cassal de Andrealaudio Milton Cassal de Andrealaudio Milton Cassal de AndreaOrganizador
EDITORA TEXTOS
Pelotas, 2011
Colaboradores
Izan Müller da Silva, Marcelo Gomes Barboza, Antonio Luiz Munhoso,
Juliano Baldez de Freitas, Thiago Perceu Gauterio, Carlos Insaurriaga,
Everton Luis Souza Lautenschlager, Adriano de León Soares
Participações especiais
Aldyr Garcia Schlee, André Macedo, Cássio Luíz Ferrari,
Clayton Rocha, Douglas Ceconello, Fernando Duval, João Garcia,
Joaquim Luís Duval, Paulo Sant’Ana, Renato Canini, Renato Marsiglia,
Rogério Moreira, Ruy Carlos Ostermann, Wagner Villela Marroni
7GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
E m suas mãos, o livro oficial do Centenário do Grêmio Esportivo
Brasil. Ao ser convidado para organizá-lo senti-me imensamente
feliz e, confesso, aceitei o convite sem hesitar. Minha passagem
por todos os departamentos do Xavante, desde a década de 1950, foi, sem
dúvida, o passaporte para realizar esta honrosa tarefa.
Um projeto idealizado, há tempos, pela Editora Textos de Pelotas-RS, que se
colocou, inteiramente, disponível para elaborar um livro que mostrasse a
trajetória perseverante (por vezes, irreverente) de paixão, que sempre
caracterizou o Clube e a torcida Xavante. Sua contribuição está aqui, espontânea,
desprovida de custos, responsável pelo projeto gráfico, diagramação, editoração
e revisão textual. Perdi a conta das vezes em que esta Editora me cobrou a
organização da história do G. E. Brasil. Culturalmente, vive-se numa sociedade
em que muitas coisas são deixadas para a última hora, onde se costuma trabalhar
no limite e, agora, não foi diferente. Formada uma comissão de torcedores
fanáticos pela história do Clube, o projeto foi traçado, as redes foram lançadas
e uma equipe extraordinária entrou em campo, atrás de documentos e imagens
que testemunhassem esta trajetória centenária. Democraticamente, a equipe
decidiu que o conteúdo do livro deveria conter mais ilustrações de
acontecimentos significativos que marcaram estes cem anos do que artigos ou
relatos, nem sempre elucidativos dos fatos, senão na memória dos autores. O
Grêmio Esportivo Brasil, desde sua origem, foi um clube popular. É quase
inimaginável que, em 7 de setembro de 1911, seus fundadores destinaram ao
povo pelotense um clube que, anos após, se transformou num fenômeno de
paixão e fidelidade por este país afora. Jogadores e torcedores do G. E. Brasil
já foram conhecidos como os Negrinhos da Estação, na época em que o estádio
localizava-se nas imediações da Viação Férrea, mais tarde passaram a ser
chamados de Negrinhos da Baixada e, depois, Xavantes. Sediado em um bairro
pobre de Pelotas, este Clube serpenteou o estado do Rio Grande do Sul, outros
estados do país, ultrapassou fronteiras e, como uma águia, alçou voo sobre os
Andes, em sua memorável excursão às Américas, no ano de 1956. Em 1985,
ao se colocar como a terceira força do Campeonato Brasileiro, o Brasil de Pelotas,
assim reconhecido, deixou altivamente registrado na história do país do futebol o
nome de nossa cidade. Parafraseando parte do refrão do Hino Rio-Grandense:
sirvam nossas façanhas de modelo a toda a Terra!
Ao desejar-lhes uma boa leitura, manifesto o meu reconhecimento ao empenho
dos incansáveis colaboradores: Etiene Villela Marroni (Editora Textos), Izan Müller
da Silva, Marcelo Gomes Barboza, Antonio Luiz Munhoso, Juliano Baldez de Freitas,
Thiago Perceu Gauterio, Carlos Inssauriaga, Everton Luis Souza Lautenschlager e Adriano
de León Soares, membros da comissão e companheiros de toda a hora, que não
mediram esforços para que este livro correspondesse à grandeza de um dos
Clubes mais queridos do Brasil e que, sem falsa modéstia, ostenta o seu nome,
pois nasceu sob o rufar dos tambores, sob a cadência das marchas, sob os
aplausos do povo, que relembrava, na data, uma conquista bastante significativa
para todos nós: a liberdade política da Nação Brasileira.
Claudio Milton Cassal de Andrea
Organizador do livro e presidente do
G. E. Brasil em 1977
Identidade Xavante
Livro Oficial do Centenário
16 GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
O Grêmio Esportivo Brasil surgiu graças à instalação, em Pelotas, da
Cervejaria Sul-Rio-Grandense, de propriedade de Leopoldo
Haertel, estabelecimento popularmente conhecido como
Cervejaria Haertel, fato ocorrido no ano de 1889.
Nesta época, os funcionários das fábricas de Pelotas costumavam formar
grupos para jogar bola nas folgas ou em finais de semana, ou foot-ball, como
falavam, já tentando imitar uma prática desportiva originária da Inglaterra.
Esta prática, a cada ano, ganhava mais adeptos e a primeira exibição pública
de um time oficial, em nossa cidade, ocorreu em 6 de outubro de 1901, quando
aqui se apresentou o Sport Club Rio Grande.
Segundo registros históricos, os funcionários da Cervejaria Haertel mantinham
uma agremiação denominada Sport Club Cruzeiro do Sul, cuja sede social e campo
localizavam-se em amplo terreno ao lado da fábrica, provavelmente na rua
Conde de Porto Alegre, número 44. Esta agremiação era independente da
Liga Pelotense de Amadores de Desportos (LPAD), criada em 1907, que
posteriormente, no ano de 1923, passou a chamar-se Liga Pelotense de
Futebol (LPF).
Por motivo de divergências surgidas entre integrantes do Sport Club Cruzeiro
do Sul, Breno Corrêa da Silva e Salustiano Louzada de Britto decidiram fundar
um novo clube de futebol em Pelotas. Um grupo reuniu-se, então, na residência
de José Moreira Britto, pai de Salustiano, para tratar dessa ideia. A casa situava-
se à rua Santa Cruz, número 56 ou 58 (há dúvidas quanto ao número exato).[ Salustiano Louzada de Britto, um dos fundadores do Grêmio Sportivo Brasil. ]
E assim surgiu o
MANTO RUBRO-NEGRO
Origem do
Grêmio Esportivo Brasil
e de suas cores 1911
17GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
Em alguma das reuniões que se sucederam formou-se a primeira
diretoria, assim constituída: presidente – Dario Feijó; vice-
presidente – Sílvio Corrêa da Silva; secretário – Walter da Rocha
Pereira; tesoureiro Raymundo Pinto do Rego; adjunto – Breno
Corrêa da Silva; diretores: Manoel Joaquim Machado, Ulysses Dias
Carneiro, Manoel Ribeiro de Souza, Nicolau Nunes, Paulino Dias
de Castro e Mário Reis.
Conselho Fiscal: Miguel Fontes, Luis Cyntrão e Antônio Freitas;
capitão geral: Manoel Ayres Júnior; vice-capitão geral: Gregório
Moreira Mattos; guarda esporte: Salustiano Britto; vice-guarda
esporte: Francisco Louzada.
Fundado no dia 7 de setembro de 1911, data cívica comemorativa
da Independência do Brasil, o novo clube recebeu o nome de Brasil
e, consequentemente, adotou as principais cores da Bandeira
Brasileira para representá-lo: o verde e o amarelo. Mais tarde,
ocasião em que novos dirigentes saíram às ruas com o livro de
ouro, tendo por finalidade arrecadar fundos para a compra dos
uniformes, foram, logo, ao encontro de um companheiro,
comerciante português chamado Manoel Ayres Júnior. Conhecido
por Maneca, este senhor, em 1911, havia integrado a primeira
diretoria do Grêmio Sportivo Brasil, exercendo a função de capitão
geral e, no ano seguinte, em 1912, foi eleito seu presidente.
Manoel Ayres Júnior, segundo consta, mantinha, também, estreito
vínculo com um clube social de Pelotas, o Clube Carnavalesco
Diamantinos e, por isso, estabeleceu uma condição para arcar com
o custo total do fardamento: as cores representativas da agremiação
desportiva deveriam ser trocadas para vermelho e preto, tal como
as cores diamantinas. Ora, o verde e o amarelo eram cores
que simbolizavam um outro clube social da cidade, o Clube
Carnavalesco Brilhante, dissidente e rival do Diamantinos, o que
desgostava Maneca.
Atingido o principal objetivo do grupo, que era o de conseguir
recursos para uniformizar o time, foi firmado um acordo entre as
partes e as cores oficiais do Grêmio Sportivo Brasil passaram a
ser rubro-negras.
Desta forma, de um capricho de Manoel Ayres Júnior e da
necessidade de respaldo financeiro para prosseguir seu destino, o
Grêmio Sportivo Brasil alterou os rumos de sua história, dando origem
ao Manto Rubro-Negro que, como bem expressa a letra do Hino,
são cores representativas do nosso sangue e da nossa raça.
Vida longa e muitas glórias ao centenário e apaixonante Grêmio
Esportivo Brasil!
[ Dario Feijó, primeiro presidente do Grêmio Sportivo Brasil. ]
“... o Grêmio Sportivo Brasil
alterou os rumos de sua história,
dando origem ao Manto
Rubro-Negro que, como bem
expressa a letra do Hino, são
cores representativas do nosso
sangue e da nossa raça.”
52 GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
[ Desenho do índio “Xavante”, mascote
oficial do Clube, eleito pelos internautas
em campanha promovida pelo G. E. Brasil,
2011. Criador: Leonardo Azevedo. ]
53GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
assumido a condição de líder de campo, posto, até
então, exercido por Chico Fuleiro. Juvenal foi um
dos mais valorosos atletas do elenco rubro-negro
que, inclusive, participou da Copa do Mundo, em 1950.
Com um número inferior de jogadores, o Grêmio
Esportivo Brasil conseguiu reverter o escore da
partida, passando de “dominado a dominador”. No
momento do apito final, o resultado do jogo era de
5 x 3 para o G. E. Brasil. Os rubro-negros, mesmo
desfalcados, conseguiram a façanha de marcar 4 gols
num período de 28 minutos e venceram, sem sombra
de dúvidas, este inesquecível clássico Bra-Pel. Ao
término do jogo, a torcida do Clube da Baixada,
num ato de vandalismo incontido, derrubou o
parapeito de proteção ao campo e invadiu o
gramado. Tal atitude parecia justificar-se pela
penalidade sofrida e, naquele momento, pela
oportunidade de extravasar o que havia sido
reprimido: a sensação de impotência frente à
arbitrariedade, a inacreditável vitória, a alegria
exacerbada e a paixão “cega” pelo clube.
O Presidente do Esporte Clube Pelotas, na ocasião,
inconformado com a derrota que representava a
perda do Campeonato Citadino e, mais ainda, com
a atitude irreverente dos torcedores rubro-negros,
exclamou:
“Eles foram uns bárbaros!”.
Por coincidência, na época, um cinema local exibia
o filme intitulado “Invasão dos Xavantes”. Ora,
estabelecendo uma comparação com os “selvagens”
protagonizados no filme, os torcedores áureo-
cerúleos começaram a chamar os rubro-negros de
“Xavantes”. Tratando-se de rivalidade, os novos
“Xavantes” nem se importaram com isso. Ao
contrário, acataram o apelido porque o povo
Xavante é guerreiro e jamais esmorece em combate.
E foram além: para consolidar este
“reconhecimento”, passaram a adotar a simpática
e querida imagem de um índio Xavante como
símbolo do Grêmio Esportivo Brasil.
O apelido “Xavante”, dado ao Grêmio
Esportivo Brasil, teve uma origem
curiosa, tal como a história deste clube,
tão amado por sua fiel torcida. Tudo começou num
Domingo, dia 28 de julho de 1946,
na disputa de um clássico Bra-Pel, jogo válido pelo
2º Turno do Campeonato Citadino Pelotense. A
disputa realizou-se no campo do adversário, que
buscava, ferrenhamente, o tricampeonato, título que
não possuía. No segundo tempo desta partida
decisiva, quando o cronômetro marcava 6 minutos
da fase complementar, o árbitro argentino, Carlos
Sacco, expulsou o capitão e jogador do G. E. Brasil
Chico Fuleiro. Fuleiro era considerado um dos mais
importantes jogadores da época, reconhecido pela
sua irreverência, de tal forma que, na ocasião,
discordou e reclamou da falta marcada, além de
questionar a decisão tomada pelo árbitro.
Em decorrência de sua atitude, houve interrupção
da partida por vários minutos, tempo suficiente para
que o campo fosse invadido pela diretoria do G. E.
Brasil, presidida por João José Bainy, e pelo técnico
do Clube, major José Francisco Duarte Júnior,
conhecido como “Teté”. Todos discordavam da
decisão do juiz em expulsar Chico Fuleiro. Neste
momento, o Esporte Clube Pelotas vencia o clássico
pelo placar de 3 x 1. Acalmados os ânimos, houve
condições de reiniciar o jogo, tendo Juvenal
Origem do
apelido Xavante
74 GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
Retomando o ciclo das conquistas de 1952,
1953, 1954, e 1955, cujos presidentes
foram, respectivamente, José Francisco
Dias da Costa, Rafael Iório Brandi, Clóvis Gotuzzo
Russomano e Frederico Zambrano Siqueira,
novamente o G. E. Brasil chegou ao terceiro
tricampeonato, tornando-se, desta forma,
“Tetracampeão Citadino de Futebol”.
Sem qualquer dúvida, foi esta longa jornada de
vitórias que despertou a atenção de um empresário
chamado Cesar Mantilla Fernandini, ao ponto de
se propor a mostrar o futebol jogado no GEB em
outros lugares, para além das fronteiras do país.
Realmente, foi uma proposta sedutora para um
Clube do interior do Brasil, pois se descortinava a
possibilidade de exibir seu futebol em vários países
das Américas, numa longa excursão.
De imediato, foram iniciadas as providências para
a viagem, como demoradas tratativas e
intermináveis reuniões, sempre realizadas com a
presença do corpo jurídico do Clube, representado
pelo ilustre advogado Ápio Cláudio de Lima
Antunes. Planejar com cautela e pensar sobre todos
os aspectos que envolveriam esta excursão era
preciso, pois a proposta previa uma viagem de três
meses pelas Américas, o que aumentava, em muito,
a responsabilidade dos dirigentes do Clube.
Finalmente, em 12 de julho de 1956, o Grêmio
Esportivo Brasil deixou a cidade de Pelotas rumo
às Américas, com uma extensa agenda a ser
cumprida. Por ocasião do jantar oficial
comemorativo ao Cinquentenário do G. E. Brasil
(1961), num dado momento de seu discurso, o
presidente Rubro-Negro, Antônio Carapeto
Fernandes, retomou alguns detalhes marcantes desta
vitoriosa excursão da seguinte forma:
O Grêmio Esportivo Brasil leva uma bagagem
repleta de esperanças e deixa a certeza de que tudo
fará para bem cumprir o seu dever. Vai ao Paraguai,
a terra das guarânias e do lago azul de Ypacaray.
Sobe a Cordilheira e, na Bolívia, vai conhecer os
Cholos e o Hillimani, a montanha de cartão postal
e plano de fundo da cidade de La Paz. Atravessa o
lago Titicaca e vai ao Santuário de Copacabana ver
a Santa famosa e de beleza indescritível, esculpida
pelo índio Iupanco. Vai ao Peru. À Porta do Sol
conta os albores do Império Inca. Atravessa o
território peruano de sul a norte e, no Equador, ao
fundo do Golfo belíssimo de Guayaquil, vai ver no
colosso de bronze, imortalizado, o encontro
famoso: Bolívar e San Martin num aperto de mãos.
Na Colômbia, presta ajuda aos danificados da
catástrofe de Cali. Vê o Vale do Cauca, conhece
Antioquia e a porta de ouro das Antilhas. No
Panamá, posa para a posteridade, junto ao canal
famoso no mundo inteiro. Vai à Costa Rica, a joia
encravada na América Central, a Capital do Centro-
América. Em Honduras, o belo parque Municipal
de Tegucigalpa. Chega a El Salvador, a terra das
marimbas, a terra de Cuscatlan, um departamento
de El Salvador, Atecozol, o Parque Nacional e o
Izalco: o vulcão mais original do mundo que, há
séculos, cospe fogo a cada 12 minutos,
ininterruptamente. Na volta, conhece Letícia e o
Solimões banhando três países. Atravessa a selva
indevassável da Amazônia. Volta coberto de glórias,
com a bagagem carregada de vitórias. Vitórias
esportivas. Vitórias de bravura. Vitórias da
disciplina. “Xavantes saúdam seus heróis”. “As
Américas sentiram o nosso valor.” “Saiu grande e
voltou maior”. Em toda a parte passeou o seu bom
futebol. Em toda a parte, escreveu com letras de
ouro a sua passagem. Dizia a que vinha e como
ele era. Como é o G. E. Brasil. 28 jogos – 16
vitórias – 6 empates e 6 derrotas; 75 gols contra 50
dos adversários, somando um apreciável saldo de
25 gols pró.
Os integrantes da lendária Missão Xavante foram
os seguintes: o médico Antônio Carapeto
Fernandes, presidente do G. E. Brasil; Manoel
Tavares, chefe da delegação; Gastão Leal, diretor-
técnico; Francisco Caldeira, massagista; Jaime
Ribeiro, roupeiro; mais Ubirajara Timm, e um
empresário responsável pela contratação e
agendamento dos jogos, transporte e estadia da
delegação. Formavam o plantel Rubro-Negro: Sully
Cabral Machado (Sully), Rovani Fernandes (Rovani),
Osvaldo Barbosa (Osvaldo), Jorge Spilmann
(Spilmann), Antônio Vizeu Candiota (Candiota),
O Grêmio Esportivo
Brasil pelas Américas
Somente as águias
galgaram os Andes
75GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
Izidro Osório (Cascudo), Alcibíades Brizolara (Tibirica), Cláudio
Hugo Oliveira (Gago), Álvaro Seara (Seara), Odi Figueiró (Odi),
João da Silva Borges, Orlando Rodrigues Chanças (Negrito),
Manoel P. Nunes (Gitinha), Zilmar Conceição (Caizé), Joaquim
Gilberto Silva (Joaquinzinho), José Casanova (Paquito), Ari
Valente (Galeguinho), José Francisco Oliveira (Zé Francisco) e
Darcy Lopes da Cunha (Mortosa).
O jornal pelotense denominado “A Opinião Pública”, em sua
edição de 25 de julho de 1956, assim registrou o retorno da
delegação do G. E. Brasil:
Torcedores, familiares e desportistas estiveram aguardando,
ansiosos, até as 17 horas e 30 minutos, o retorno de seus
parentes, amigos e ídolos, depois de 104 dias de ausência.
Milhares de pessoas aplaudiram, gritaram e choraram de
emoção diante dos craques que regressavam – Impressionante
manifestação de carinho popular.
Como bem expressa o texto, a população pelotense saiu às ruas
para demonstrar o seu orgulho e admiração pela “ousadia” dos
Rubro-Negros, pois “somente as águias galgaram os Andes”.
[ Da esquerda para a direita, no interior do do ônibus: Gitinha, Candiota,
Paquito e Caizé. Na frente: Osvaldo, João Borges, Antônio Carapeto
Fernandes (presidente), Léo Tavares (chefe da delegação), Mortosa e Rovani. ]
[ Fotografias da delegação
Rubro-Negra em excursão pelas
Américas. ]
134 GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
Vou com o Brasil a
Tóquio
Atenção diretoria da RBS: prepare a minha passagem, eu
quero voltar a Tóquio com o Brasil de Pelotas. Fiz uma
namoradinha em Tóquio – e vocês sabem como é fiel e
piedosa a japonesa. Está me esperando. O Brasil vai me levar
a Tóquio. Porque, a partir de ontem, aquilo que joguei como
uma piada no Jornal do Almoço está tomando contornos de
realidade: o Brasil jogar o Gauchão com time misto contra
Grêmio e Internacional com titulares – o Xavante disputando
a Libertadores neste meio tempo.
Fora de brincadeira, a façanha do Brasil, guardadas as
proporções, é igual à conquista de uma Libertadores da
América. Se o Brasil passar à finalíssima, ainda em termos
proporcionais que guardam a distância entre um clube da
capital e do interior, terá como que vencido em Tóquio. O
desfecho de ontem, para os dois gaúchos, significou uma
assombração: quando é que se pensou, por aqui, na hipótese
de Grêmio e Internacional fora das semifinais, e o Brasil
vivo, como um vulcão despejando lava? Quando? Nunca
alguém pensou nisso. Talvez só tenha passado na mente do
mais apaixonado e tresloucado torcedor rubro-negro de
qualquer bairro, em Pelotas. Estamos diante de um milagre,
que nos põem, todos, tontos. O responsável se chama Brasil,
de Pelotas – e é proprietário eterno da torcida mais fiel e
explosiva do país.
Paulo Sant’Ana
Escritor e Jornalista
135GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
GRÊMIO ESPORTIVO BRASIL
15 de janeiro de
2009
O ano de 2009 chegou trazendo muitas esperanças à torcida
Xavante, pois no ano anterior o clube Rubro-Negro fizera
uma campanha irregular no Campeonato Gaúcho,
superando-se no segundo semestre, quando da disputa do Campeonato
Brasileiro Série C. Naquela ocasião, por um empate, o G. E Brasil ficou
fora da Série B do Campeonato Nacional, em jogo realizado no Estado do
Acre contra o Rio Branco Football Club. Embora não tenha conseguido o
acesso em 2008, a boa campanha garantiu-lhe participação na Série C de
2009, colocando-o entre os 60 melhores times do país.
Sob a liderança do presidente Hélder Lopes, algumas contratações para o
Campeonato Gaúcho de 2009 deixaram os torcedores rubro-negros muito
esperançosos. O atacante e ídolo da torcida, Claudio Milar, havia renovado
seu contrato com o GEB, recusando convites de clubes do exterior, como
o do Peñarol, Uruguai, decidido a permanecer junto aos Xavantes.
O Clube contratou, também, o ex-goleiro e ídolo do Grêmio Foot-Ball
Porto Alegrense, Danrlei de Deus, considerado, à época, um grande reforço
para o time. A torcida vibrava, aguardando, confiante, o início da
competição.
Em 15 de janeiro de 2009, uma quinta-feira, o Grêmio Esportivo Brasil
viajou a Santa Cruz do Sul para jogar com o Futebol Clube Santa Cruz o
penúltimo amistoso, tendo em vista o Gauchão 2009. O jogo foi disputado
em Vale do Sol, próximo à cidade sede, no centro do estado, com início às
17 horas. Ao final da partida, o placar foi positivo para o time Xavante:
2 x 1. Os gols do G. E. Brasil foram marcados por Claudio Milar, em
cobrança de pênalti aos 39 minutos do primeiro tempo e, no segundo
tempo, por Kelson, aos 23 minutos. Aos 31 minutos, Eraldo descontou
para o F. C. Santa Cruz. Liderado pelo técnico Armando Severo Desessards,
o Rubro-Negro jogou com Danrlei (Luciano); Adriano Sella, Carlão, Régis,
Alex Martins e Alemão; Edu (Xuxa), Edenilson e Cléber; Claudio Milar e
Kélson (Uendel).
O traumático acidente de 2009 não foi o primeiro que ocorreu,
envolvendo pessoas estreitamente vinculadas ao G. E. Brasil.
Em 1962, na cidade de Bagé, realizou-se um jogo pelo
Campeonato Estadual – Divisão Especial, quando o GEB
enfrentou o Guarany Futebol Clube, no Estádio Estrela D’alva.
Infelizmente, no retorno à cidade de Pelotas, a delegação rubro-
negra sofreu seu primeiro acidente rodoviário.
Após trinta minutos de viagem, na volta para casa, o ônibus
que conduzia os Xavantes capotou e vários atletas ficaram
feridos, como Valdoma, Edi, Osvaldo, Pintinho e Luizinho. No
entanto, os casos mais graves atingiram o técnico Jorge
Thomaz, que perdeu os dentes da sua arcada inferior, os de
Canário e Toquinho, levados às pressas à Beneficência
Portuguesa, onde foram atendidos e internados, devido às
lesões sofridas.
O PRIMEIRO ACIDENTE DO G. E. BRASIL
[ Homenagem aos nossos três grandes
guerreiros: Giovani, Milar e Régis. ]