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Carroceria de fastback 1968 vira Talladega

ano 9 #108R$ 14,90

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ISSN 1808-9399ISSN 1808-9399

ford torino

Garage Tech: motor V8 injetado História: T- Bucket, a essência do hot rod Técnica: ganhe potência aumentando a taxa de compressão Viva Las Vegas: prepare-se para a edição 2014 em abril

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Ação de lixadeira garante visual desgastado desta picape Ford

Exemplar amarelo era o que faltava na coleção do “dogeiro”

Até “banco da sogra” é preservado no raro modelo Ford 1929

roadster dart 1975 f-100 1964

Modelo inglês originalmente de 50 HP se transforma em veloz viatura para voar na pista

Morris de 550 hp

MeMória afetivaA paixão por carros, quando reforçada por laços familiares ou de

amizade, explica o mítico universo dos Hot Rods

Editorial

Ademir Pernias e Ricardo Kruppa - editores

O leitor habitual de Hot Rods já deve ter chegado a esta conclusão: a esmagadora maioria dos carros apresentados nas páginas da revis-ta vem acompanhada de histórias emocionantes de sonhos de infân-

cia, homenagens a antepassados queridos ou cultos a recordações valiosas de tempos idos. É a memória afetiva o principal motor (desculpem o trocadilho) do universo Hot Rods. Apenas nesta edição, há pelo menos dois bons exemplos disso. Na reportagem sobre o Dodge Dart 1975, foi o tio do

proprietário, ou melhor, o Dart do tio do proprietário, que o motivou a colecionar exemplares do modelo. Até a cor preferida remonta uma preferência de infância.As histórias ficam mais emocionantes ainda quando retratam a relação entre pai e filho, mas que envolvem um automóvel: ou era a picape utilizada pelo pai no trabalho no campo, ou o muscle que deu à criança ou adolescente, no banco do passageiro, as primeiras emoções de ter o corpo puxado para o encosto pela força do motor... Outra matéria desta edição conta exatamente

a história do filho do caminhoneiro que, depois de adulto, reúne condições para rea-lizar não apenas o seu sonho de infância, mas também aquele que seu pai manifestara quando vivo: o de ter uma picape F-100, igual à que os dois admiravam anos atrás, numa viagem na boleia do caminhão.Se o ser humano ocidental é apaixonado por carros, imaginem então quando esta pai-xão é reforçada por laços afetivos que unem pai e filho, tio e sobrinho, velhos amigos.Que todos tenham uma emocionante leitura!

Sumário

Crazy turkey editoraDiretoresVera Miranda BarrosMiguel Ricardo Puerta

Chefe de redação - Ademir Pernias / editores - Ademir Pernias e Ricardo Kruppa - hotrods@cteditora.com.br / textos - Aurélio

Backo, Flávio Faria, Manuel Bandeira, Victor Rodder e Vitor Giglio / editor de arte - André Santos de Sousa- andre@

cteditora.com.br / editor de fotografia - Ricardo Kruppa - ricardokruppa@cteditora.com.br / Consultoria técnica - Norberto

Jensen, Sérgio Liebel e Cosme Santos / Digitalização de imagem e Produção - Marcio Martins, Danilo Almeida / Diretor administrativo - Miguel Ricardo Puerta / Diretora Comercial - Vera Miranda Barros - (11) 2068-7485 / Gerente Comercial - Geovania Alves / Contato - Dorival Sanchez Júnior / assinaturas e atendimento ao Leitor - Kyka Santos - (11) 2068-7485 /9287

- assinatura@cteditora.com.br / Contabilidade - RC Controladoria e Finanças - (11) 3853-1662. Resp.: Ricardo Calheiros /

assessoria Jurídica - Juliana T. Ambrosano / assinaturas e números atrasados - (11) 2068-7485 de segunda a sexta das 9h às 18h - assinatura@cteditora.com.br

Hot rodsA Hot Rods é uma publicação mensal da Crazy Turkey Editora e Comércio Ltda. • Redação, Administração e Publicidade: Rua Crisólita, 238, Jardim da Glória CEP 01547-090 São Paulo SP Fones/fax: 55 11 2068-7485/ 9287. Distribuidora exclusiva para todo o Brasil - Fernando Chinaglia Distribuidora • A Hot Rods não admite publicidade redacional • É proibida a reprodução das reportagens publicadas nesta edição sem prévia autorizacão • As opiniões emitidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não são necessariamente as da revista e podem ser contrárias à mesma • A Hot Rods é marca registrada pela Crazy Turkey Editora Ltda • Ninguém está autorizado a receber qualquer valor em nome da Crazy Turkey Editora ou da Hot Rods.

internet - www.cteditora.com.br / e-mail redação - hotrods@

cteditora.com.br / Jornalista responsável - Ademir Pernias - MTb

25815 / impressão e acabamento - Prol Editora Gráfica

fOrD 1929 rOaDster

Raro no Brasil, Ford 1929 Roadster com visual street e mecância V8 mostra receita clássica do hot rod americano06

www.cteditora.com.br - No twitter: @revistahotrodsBlog: www.revistahotrods.blogspot.com - Procure-nos também no facebook

Picape chegou às mãos do proprietário com pintura nova, mas logo entrou na lixadeira

Filho de caminhoneiro compra e restaura picape F-100 em homenagem ao pai

Carroceria que servia de galinheiro setransforma em um clássico para competição

Exemplar inglês mostra do que é capazum 4x4 nas pistas de arrancada

Saiba tudo sobre a cultura Tiki, que promove o bem-estar das ilhas do Pacífico

Aficionado por Dodge, jovem monta Dart exatamente como sonhou quando criança

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f-100 1964

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MOrris MiNOr

CuLtura HOt

DODGe Dart 1975

Ford 1929 roadStEr

fiLHO úNiCORaro no Brasil, Ford 1929 Roadster com

visual street e mecânica V8 mostra receita clássica de hot rod americano

Texto: Flávio Faria::Fotos: Ricardo Kruppa

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Ford 1929 roadStEr

Roadster é impulsionado por um motor Ford V8 de 302”

Dos primórdios da produção automotiva até o início da década de 1930, a Ford foi quase soberana. Ainda que os carros fossem ainda exclusividade de quem tivesse os bolsos fundos (e cheios), não se pode dizer que Henry Ford não tenha sido um dos responsáveis pela popularização do automóvel como

meio de transporte. Depois do imenso sucesso do modelo “T”, a gigante americana preparou a sua nova geração, “A”, que chegou ao mercado em meados de 1927. Seguindo a linha do primeiro modelo, os Ford “A” podiam ser encontrados com até 20 tipos diferentes de carroceria, ao gosto do cliente, entre sedãs (duas e quarto portas), esportivos, picapes, cupês e conversíveis, todos compartilhando uma base em comum, mas com grande variação de preço, de acordo com o status que cada um conferia ao seu dono. Por isso, hoje em dia, algumas carrocerias são mais raras do que outras. Isso porque algumas venderam menos, foram produzidas em menor escala e, con-sequentemente, poucas podem ser encontradas hoje em dia. E as que resistiram não saem barato.O Modelo “A” desta reportagem, de 1929, é um verdadeiro clássico dos hot rods americanos. Modelo Roadster, ou con-versível esporte, teve um número reduzido de unidades produ-zidas e, menos ainda, importadas para o Brasil. Por isso, até no mercado de hot rods, quem tem uma dessas não vende. Só que este não é o pensamento do comerciante Mauro Garbim, de São Paulo, que adquiriu o carro já com o intuito de fazer negócios. “Sempre tive hot rods, Chevrolet 1938, Plymouth Bomber 1929, Ford 1948, entre outros. Este Ford, em particular, nós adquirimos para revenda”, conta ele, que não precisou ter nenhum trabalho para restaurar o carro.

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Ford 1929 roadStEr

Rodas American Racing, de 15”, são envolvidas por pneus Michelin

Ford 1929 roadStEr

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StReetO visual ainda guarda traços do final da década de 20. Os para-lamas originais foram mantidos e trazem elegância para o conjunto. A agressividade fica por conta das rodas American Racing, de 15”, que envolvem o jogo de pneus da marca francesa Michelin, nas medidas 205/75. A cor preta é clássica dos hots desta época (quem nunca ouviu falar na frase de Henry Ford: “O cliente pode ter o carro da cor que quiser, desde que seja preto”?). Um detalhe curioso é que, ao contrário da maioria dos projetos deste tipo, o Roadster ainda preservou o banco traseiro retrátil, conhe-cido por essas bandas como “banco da sogra”, inclusive mantendo os apoios originais para os passageiros poderem subir, nos para-lamas traseiros. A frente continua com a imponência dos modelos da época, inclusive com a grade cromada, com direito ao símbolo de época. Faróis também são de época e as lanternas traseiras foram importadas.Por dentro, a restauração foi feita com muito requinte. A cor dos estofados e do revestimento interno cria um contraste bonito com a pintura da carroceria. Os bancos e forros são em couro. O volante Billet é revestido de couro, na mesma tonalidade do interior, montado sobre a coluna de direção Billet, cromada, mesma marca das pedaleiras. O painel, que segue a cor do exterior, recebeu uma moldura cromada para os instrumentos da americana Auto Meter, linha clássica para hot rods, com o fundo claro, entre eles: manômetro de óleo, voltímetro, velocímetro, nível de combustível e temperatura da água. A alavanca de câmbio também é cromada, da Lokar.

eSpoRtivo de ReSpeitoMontado sobre o chassi feito sob medida para o modelo está um propulsor Ford V8 de 302”, famoso por equipar o lendário Maverick GT. Com 200cv de potência original, o propulsor ainda recebeu um sistema de alimentação mais ignorante, com um carburador Holley de 600cfm de vazão. Combinado ao sistema de escape feito sob medida, a sobre-alimentação propiciada pelo carburador de quatro câmaras rendeu alguns cavalos extras para o motor. O câmbio é um modelo C4, automático, de tocada muito suave, mas que impõe respeito quando o pedal da direita é exigido. A sus-pensão independente nos quatro eixos dá conta de segurar o Roadster no trilho, mas não abuse demais, senão a “trasei-rada” será forte. Para frear, o Fordinho conta com eficientes discos na dianteira e tambores na traseira.Mesmo que o objetivo principal seja a venda, Mauro comen-tou que usa o Fordinho sempre que pode, inclusive para ir a eventos e exposições. No caso dele, você não faria igual?

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Revestimento claro contrasta com o preto da carroceria. Instru-mentos são da linha

clássica da Auto Meter

Ford 1929 roadStEr

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Para-lama traseiro possui apoio para permitir acesso ao “banco da sogra”

fiCHa téCNiCa fOrD 1929 rOaDster

Parte externaCarroceria em lataRodas American Racing 15”Grade originalLanternas traseiras importadasAcessórios importadosPneus Michelin 205/75

Parte internaBancos de couroForração de couroAlavanca de câmbio LokarVolante BilletColuna de direção BilletPedaleiras BilletInstrumentos Auto Meter

mecânicaMotor Ford 302”Carburador Holley 600cfmEscape sob medidaCâmbio automático C-4Suspensão independenteFreios a disco na dianteira e tambor na traseira

v8 iNJetaDOAcompanhe a instalação de um kit de injeção eletrônica em um motor V8,

que melhora a performance e evita danos aos componentes

GaraGE tEch

Texto e fotos: Norberto Jensen

este mês, a seção Garage Tech mostra como instalar um kit importado de injeção eletrônica de combustí-vel em um motor V8. Este kit está se tornando muito popular, pois, além de permitir programar a inje-ção para vários níveis de performance, o que aju-

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O kit ainda embalado, que já vem completo

da no dia-a-dia, é útil em caso de o veículo ficar parado por longo período, pois evita que o combustível estrague e cause danos aos componentes do motor.

Dúvidas e sugestões, escreva para suporte@hotcustoms.com.br

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O motor V8 carburado

Solte os quatro parafusos e retire também os parafusos do coletor de admissão

O coletor de admissão está pronto para receber o kit

Abra a embalagem para mostrar os componentes do kit

Solte os parafusos de fixação do carburador

Retire o carburador com cuidado

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Verifique se o plate se encaixa perfeitamente ao coletor

Instale o corpo de injeção, que ocupa o espaço do próprio quadrijet

Instale a linha de alimentação de combustível

Inicialmente, coloque o primeiro plate

Coloque o segundo plate espaçador

O kit instalado

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Local de colocação da sonda, que vai requerer um furo com a porca soldada ao escape

Ligue o chicote da injeção ao chicote do carro

Coloque então os sensores para leitura de temperatura

A sonda lambda, que será instalada no escape

Encaixe e rosqueie a sonda até o fim

Ao fixar o chicote, cuidado para não deixá-lo perto de partes do motor que terão altas temperatura (coletor de escape, etc)

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A instalação está finalizada. Normalmente esses kits já têm a pré-programação dos principais motores

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Conecte o chicote aos sensoresAperte bem para que não haja vazamento de água

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F-100 1964

Esta F-100 1964 chegou às mãos de administrador paulistano com a pintura em ótimo estado, por isso ele fez questão de mandar

envelhecê-la um pouco

Texto: Flávio Faria::Fotos: Ricardo Kruppa

BaNHO De ferruGeM

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F-100 1964

N o universo dos hot rods, as picapes têm lugar de honra. As possibilidades são muitas para quem busca este tipo de projeto, como deixar no estilo “street”, com visual mais original; rat, com muita ferrugem; ou até um estilo mais envelhecido, evi-denciando o caráter mais “bruto” deste tipo de veí-

culo, mas não tão agressivo quanto os “ratos”. Esta última opção foi o caminho seguido pelo administrador paulista-no José Rosnei Piccoli, conhecido como Nei, de 50 anos, que encontrou esta F-100 1964 um dia, por acaso, em um site de compra e venda na internet. Segundo ele, tudo indicava que o carro estava em bom estado. “O preço estava bom, fiquei até desconfiado, pois a caminhonete parecia ser bonita. O veículo estava no interior de São Paulo e, após alguma negociação, marquei de ver a picape no dia seguinte. Um amigo me acompanhou na viagem e fomos conhecer aquela F-100. Quando vimos o carro, meu amigo disse que, se eu não a comprasse, ela seria dele”, comenta o proprietário, que tratou de verificar detalhadamente o estado do veículo. “Ela não rodava havia anos, mas a pintura estava novinha, parecia que havia sido feita recentemente. Muitos detalhes estavam pintados de cinza, como para-choques, quebra-mato, grade dianteira e aros dos faróis. Faltava colocar vidros, maçanetas, manivelas, bancos. Na cabine, um volante esportivo pequeno, de carro, e não havia forração e tapeçaria. O motor era de Opala, com câmbio “clek-clek” antigo, hidrovácuo adaptado, mas sem funcionar. Olhei por baixo, feixes de molas dianteiro e traseiro no lugar, cardã e diferencial no lugar. O chassi também parecia em ordem, sem emendas, trincos ou rachaduras. Olhando aquela F-100 montada parcialmente não tive dúvidas: o importante era ter a cabine e a caçamba em ordem, o resto eu daria um jeito”, explicou Nei, que na mesma hora fechou o negócio e chamou o guincho para levar a pica-pe para casa.

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Interior não possui forração e os bancos originais foram trocados por

um inteiriço

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F-100 1964

O motor escolhi-do para impul-sionar a picape é um GM 4.1 de

6 cilindros. A pintura ganhou

pinstripings

Lixa neLa!O trabalho de restauração da F-100 foi feito com muita calma. Foram trocados acessórios externos, como lanternas, piscas e faróis. A pintura, que chegou como nova às mãos do admi-nistrador, teve um contato imediato com a lixadeira e foi pro-positalmente deixada para enferrujar em pontos estratégicos. Em seguida, foi passada uma camada de verniz, para que a ferrugem não “comesse” a carroceria. O objetivo de Nei foi dar um aspecto envelhecido à carroceria. “Nos encontros e eventos sempre encontramos muitos carros originais ou hots restaurados da melhor forma possível. Notei que não tinha carros envelhecidos. Havia muitos rats, com muita ferrugem mesmo, mas nenhum modelo mais sóbrio. Pesquisando mais na internet, descobri que os carros envelhecidos estavam agi-tando os eventos americanos há anos, mas aqui no Brasil esta onda ainda não estava em alta. Como eu queria ter um carro diferente e que provocasse uma sensação boa de aparência, além da tendência atual para carros envelhecidos, não pensei duas vezes: “Vai entrar na lixa”, decidi. No entanto, antes de fazer qualquer mudança eu pesquisei muito para não perder as características da caminhonete”, conta.Se você, leitor, ficou com dó da Fordinha, não foi o úni-co. “Minha esposa quase endoidou quando me viu lixan-do a caminhonete”, brinca o proprietário. Ainda foram fei-tos pinstripings, para deixar o visual ainda mais old scho-ol. As rodas são de 15”, da Mangels, cromadas. O ar vintage é garantido pelas calotas adaptadas do Ford 36. As redondas estão montadas em pneus Zhone 235/75 na dianteira e Pirelli Scorpion 255/75 na traseira.

RúSticaPor dentro foi mantido o máximo de originalidade. Não foi feita forração interna. Os bancos originais foram trocados por um inteiriço, que combina melhor com a Fordinha. No painel, os instrumentos originais foram mantidos, após restauração. Para monitorar a saúde do motor ainda foram adicionados um termômetro de água e de óleo e um medidor de combustível.O volante é original, mas recebeu uma adaptação no cubo para ficar mais alto e dar uma posição de direção mais con-fortável. Até o rádio é nostálgico, original dos anos 60.

vai de SeiSNa época da reforma, Nei tinha na garagem duas opções de motores: um GM 4.1 de seis cilindros e um Dodge V8 318”. Por uma questão de custo, ele acabou decidindo pelo primeiro, o que com certeza não foi má ideia. A uni-dade, moderna, tem ignição eletrônica, tuchos hidráulicos e carburador Solex H-34, de corpo duplo. Além disso, o sistema conta com um jogo de cabos de vela Accel 8mm,

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F-100 1964

Nei e sua F-100 1964: estilo envelhecido foi obtido com a ação

de uma lixadeira na pintura

encaixadas em velas da NGK. Atualmente, a picape roda a gasolina. O câmbio é manual, de quatro velocidades, com acionamento no assoalho. Os freios são a tambor nas quatro rodas, mas dão conta tranquilamente de parar os 200cv de potência do seis cilindros.A suspensão, embora original, teve o feixe de molas invertido, para rebaixar um pouco a carroceria. Segundo Nei, o carro é perfeito para pegar a estrada. “Está muito bom de dirigir, ainda mais para viajar, é muito estável, com a caixa de direção nova, pneus largos, mas precisa ter braço para segurar”, conta o proprietário, que utiliza a picape todos os dias para trabalhar. “É meu carro de uso diário, confio muito nele. O engraçado é que encontro muitas pessoas na rua que não conhecem este tipo de personalização de carros antigos e vêm me perguntar de que cor eu vou pintar”, conta, divertido.

Quem fez:Oficina do Carlão. Tel. (11) 99770-4327.Molas Bari. Tel. (11) 3902- 3914 e 3904- 0701.Diferencial – Vander. Tel. (11) 3909- 7556.

fiCHa téCNiCa fOrD f-100 1964

Parte externa

Pintura “envelhecida”Acessórios externos originaisRodas Mangels 15”Pneus Zhone 235/75 na dianteira e Pirelli Scorpion 255/75 na traseiraPinstriping

Parte internaBanco inteiriçoVolante originalInstrumentos originaisTermômetro de água e óleoMedidor de combustível

mecânicaMotor 6 cilindros 4.1LIgnição eletrônicaTuchos hidráulicosCarburador Solex H-34Cabos de velas Accel 8mmVelas NGKCâmbio manual de 4 velocidadesFreios a tambor

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De modestos 50HP para mais de 500HP. Definitivamente, este não é um Morris Minor comum...

Texto: Stav::Fotos: Matt Woods::Tradução: Vitor Giglio

MaJOr MiNOrmorriS minor

Quando falamos de veículos modificados, uma coisa é fato: se você possui criatividade, talento e, cla-ro, dinheiro, você consegue construir o que quiser, a partir do que quer que seja.Troca de motorização, modificações insanas na parte externa, grandes alterações no interior – tudo

isso é lugar comum nas páginas de Fast Car, mas é preci-so admitir que começar um projeto com uma boa platafor-ma, além de te fazer economizar muitos esforços, pode te fazer alcançar o supra-sumo das customizações.É isso exatamente o que Antony Wilkins fez com seu xodó, um Morris Minor.Antes de começarmos, vale a pena dizer que este carro foi um supercarro de arrancadas, um monstro das pistas. Infelizmente este veículo não existe mais. Ele foi comple-tamente destruído em um acidente pouco tempo depois de feitas as fotos utilizadas nesta reportagem. Voltamos a falar desta trágica parte da história mais adiante.Se vocês já viram um Morris original por aí, há grandes chances de ter sido em um passeio ao parque no final de semana. Não vamos entrar aqui em detalhes sobre a origem e história do carro, basta dizer que se trata da versão inglesa do Volkswagen Beetle.Também conhecidos como “Moggys”, eles foram desenvol-vidos no início dos anos 1950, durante duas décadas, até o início dos anos 70. Eles tinham tração traseira e um motor original que mal chegava aos 50HP, potência que não era capaz de fazer com que o veículo alcançasse os 80mph. Definitivamente, não eram veículos de performance.Mesmo assim, as pessoas amam esses carros, e se você tiver imaginação e talento suficientes, poderá agregar a eles a agressividade e performance. E é graças ao inquestionável talento de Antony que este projeto surgiu. Antony tem 45 anos, quase o mesmo número de cavalos que o motor original do carro.

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poLice caRNa parte externa, um grande scoop foi colocado para ali-mentar o carburador. Essa modificação fez o veículo parecer com um Morris digno de polícia rodoviária, no entanto, sob o capô, sua configuração é de um legítimo fora-de-estrada.Caso você esteja se perguntando, a polícia realmente usava esses carros, com as mesmas cores adotadas neste projeto, por mais que esse exemplar esteja mais propício a fugir de uma viatura.O chassi do bólido, feito pelo próprio Antony, é tubular. A utilização desse chassi favorece bastante a estrutura ori-ginal do modelo. Ele permitiu, por exemplo, que Antony substituísse o motor original por um exemplar maior. Um pouco maior. Seis litros maior, na verdade.O big block Chevrolet utilizado foi modificado, e não apenas produz um barulho ensurdecedor em baixas rota-ções, como também surpreende as pessoas nos giros mais altos, como os 7.000RPM.Por mais que o veículo nunca tenha passado pelo dinamôme-tro, já que como diz Antony, “aferir não é legal, a diversão está em testar e, se não for o suficiente, tentar algo diferente”, é justo dizer que o Morris beira os 550HP, e isso antes de ativar o sistema de nitro que injeta mais 150HP nele.Quando Antony cita o prazer em testar os novos ajustes e configurações, ele não está exagerando. Como o big block V8 é munido da maneira tradicional, com carburadores ao invés de um moderno sistema de injeção, ele testou algumas configurações: com dois grandes carburadores Holley ele alcançou sua velocidade final mais alta, enquanto com um único, e também generoso, carburador Proform, ele con-segue mais aceleração, atingindo assim melhores tempos, mesmo sem tanta velocidade final. “Depende de como eu acordo para decidir o que utilizar”, diz Antony.

na piStaOlhe para este carro levantando as rodas dianteiras na largada! Ele possui uma aderência fantástica graças aos pneus Weld Draglite específicos para arrancada modelo M/T 10x15. Qualquer um de vocês que tenha se aventurado em com-petir em arrancadas em veículos com tração nas quatro rodas sabe qual a sensação de percorrer 60 pés (cerca de 18,2 metros) em 1.6 segundo. A questão é que este Minor atingiu a marca dos 60 pés em apenas 1.3 segun-do. E, mais emocionante ainda, conseguiu esta proeza com as rodas dianteiras no ar.“Na marca dos 60 pés eu engatei a segunda, para fazer com que as rodas dianteiras voltassem para o solo. Então foi só segurar firme”, lembra Antony.Segurar firme, como ele diz, também não foi um exagero.

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Big block Chevrolet, e outras modificações mecânicas, aumenta-

ram a potência original do Morris para 550 HP

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fiCHa téCNiCa MOrris MiNOr

PreparaçãoMotor Chevrolet 454 7.4L big blockPistões forjados Keith BlackCarburador twin Holley 600Exaustor FlowmasterSistema de nitro 150HPChassi tubular personalizadoFreios a disco WillwoodPneus dianteiros ToyoPneus traseiros Weld Draglite

Parte ExternaScoopPortas em fibra de vidroJanelas do LexanColoração inspirada nos carros de polícia dos anos 60

Parte internaBancos KirkeyInstrumentos Auto MeterCinto de segurança esportivo

Que tal colocar um veículo no solo a 140mph? Adrenali-na suficiente, não? Emoção para qualquer superesportivo que se preze, ainda mais para uma “viatura vintage”.Para parar essa máquina, freios a disco ventilados na frente e freios a disco Wilwood atrás. “E se não desse certo era só acionar o para-quedas”, brinca Antony.

cintoS SaLvadoReS Como mencionado no começo desse artigo, este carro não compete mais, já que foi destruído em um grande acidente. No entanto, Antony não está mais de luto em função disso, pois sabe dos perigos que envolvem esse esporte.Então, vamos aos detalhes. O que, de fato, aconteceu? Quem poderia explicar melhor que o próprio Antony? “Eu estava correndo em Santa Pod, quando passei por uma mancha de óleo e fui perdendo o controle do carro, a cerca de 130mph, até atingir o muro. Então capotei três vezes e só me lembro do resgate chegando e de ver a frente do car-ro, completamente destruída, no chão”, lembra.“Eu não cheguei a quebrar nenhum osso, apesar de ter me machucado um pouco. Estes cintos de segurança esportivos realmente funcionam”, brinca.Um veículo antigo se transformar em um campeão entre dragsters pelas mãos do talentoso Antony. Apesar do aci-dente, será que ele se arrepende de algo? “De maneira alguma!”, finaliza.

Antony posa ao lado da sua “viatura”, que foi destruída após um grave acidente

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GaNHO De POtêNCiaA taxa de compressão é a quantidade de vezes em que a mistura ar/

combustível é comprimida dentro do cilindro. Se você aumentá-la terá um ganho de potência considerável

técnica

Texto: Manoel G. M. Bandeira::Fotos: Divulgação

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Nesta série de artigos, estamos falando sobre formas de ganhar alguns cavalinhos a mais no motor. Na edição anterior, o tema foi a eficiência volumétrica, responsável por ganhos considerá-veis de potência. Este mês vamos falar sobre a taxa de compressão, um dos fatores que também

podem trazer ganhos de potência ao seu motor.Em geral, os motores mais antigos vinham com uma taxa de compressão baixa demais. Isso para evitar o proble-ma da pré-ignição e para economizar combustível. Pré-ignição, batida de pino, detonação, motor grilando, são várias formas de chamar o mesmo problema. Na verda-de, o termo “batida de pino”, na prática, não tem nada a ver com o que realmente acontece dentro do motor. Esta expressão deve ter sido criada por alguém que não tinha a mínima ideia do que acontecia dentro do motor. Porém, devido ao barulho semelhante ao metal se chocando com metal, fez surgir o termo que se tornou comum.

poR Que acontece?O problema da pré-ignição acontece quando a mistura ar/combustível entra em ignição antes da hora. Ou seja, antes do momento em que o pistão está quase chegando ao ponto morto superior. A faísca deve ser a responsável pela ignição, porém, às vezes, outros fatores antecipam a explosão. Estes fatores podem ser: excesso de carvão na cabeça do pistão (isso é comum em motores bastante rodados), combustível de baixa qualidade, taxa de com-pressão muito alta, velas gastas, etc.Em geral, a faísca gera a explosão dentro do cilindro um pouco antes de o pistão chegar ao ponto morto superior (ponto morto superior é quando o pistão para de subir e começa a descer). Imagine o pedalar de uma bicicleta. Você exerce a força no pedal depois que ele passa do ponto mais alto e começa a descer. Se você forçar o pedal antes que ele chegue em cima, você estará forçan-

Medindo o volume da câmara de combustão com bureta e óleo hidráulico: esta operação serve para

medir o volume da câmara de combustão e também o

volume do rebaixo na cabeça do pistão

do o pedal para trás, ao invés de forçá-lo para frente. Isso fará com que a sua força seja desperdiçada.No caso do motor é a mesma coisa. Se a ignição acontece antes da hora, o pistão tem de vencer a força da explosão para depois começar a descer. Como um motor tem vários cilindros, e também considerando o fato de estarmos falando em motores de 4 tempos, a força dos outros pistões e tam-bém a própria inércia fazem com que o pistão vença a força da explosão e consiga completar seu giro. Porém ele irá per-der boa parte de sua potência com este trabalho extra.Uma consideração importante: a explosão da mistura demora um certo tempo para derramar sua força sobre a cabeça do pistão. Então, a faísca da vela deve conside-rar este tempo e, portanto, ela deve incendiar a mistura um pouco antes de o pistão atingir o topo. Em geral, motores antigos V8 e 6 cilindros em linha têm seu ponto de ignição regulado com quatro ou cinco graus antes do ponto morto superior. Ou seja, a faísca acontece quatro ou cinco graus antes de o pistão estar no topo, isso devi-do à velocidade do pistão. Se a faísca acontecesse no exato momento em que o pistão está no topo, o efeito da explosão empurrando o pistão para baixo demoraria uma fração de segundo para agir, tempo suficiente para que

Hot r

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Cálculo da taxa de compressão

Ponto morto superior (PMS)

o pistão já estivesse iniciando o movimento de descida. Assim, haveria considerável perda de potência.Em geral, os motores têm uma marca que vai de 10 ou 15 graus depois do PMS (ponto morto superior) até 40 graus antes do PMS. Esta gravação fica na polia do virabrequim. Com auxílio de pistola de ponto, você consegue determi-nar exatamente o momento da explosão. Assim, alterando a posição do distribuidor, você pode acertar o ponto. Não se esqueça de que estamos falando de motores antigos, V8 4 ou 6 cilindros em linha, motores anteriores à era da injeção eletrônica. Os motores de hoje têm sistemas computadorizados que cuidam da ignição e da injeção de combustível. Esses sistemas acertam o ponto e a mistura ar/combustível, regulando automaticamente o motor.Nos motores antigos, o distribuidor normalmente conta com dois sistemas de avanço automático do ponto, um sistema centrífugo com contrapesos e molas, e um sistema a vácuo, em que uma bomba de vácuo puxa a mesa do distribuidor, avan-çando o ponto de ignição. Assim, conforme cresce o giro do motor, o ponto vai aumentando, ou seja, a faísca passa a ser antecipada, dos 5 graus iniciais ela pode chegar até a 35 ou 38 graus, quando o motor alcança altos limites de giro. A taxa de compressão é a quantidade de vezes em que a mistura ar/combustível é comprimida dentro do cilindro. Para medir a taxa de compressão calculamos o volume do cilin-dro. Isso pode ser feito através da formula π * r² * h. Some ao volume do cilindro o volume da câmara de combustão. Este volume você encontra enchendo a câmara de combustão no cabeçote com óleo (utilize óleo para sistemas hidráulicos, que é mais fino e mais fácil de manusear). Para fazer isso uti-lize uma placa de vidro ou acrílico com dois orifícios. Através de um deles injete óleo, o ar sairá pelo outro orifício. Você pode injetar o óleo com uma seringa graduada, uma pipeta ou uma bureta (materiais de laboratório). Esta operação serve para medir o volume da câmara de combustão e também o volume do rebaixo na cabeça do pistão. Para isso, o pistão deve estar no ponto morto superior. Somando o volume do cilindro, o volume da câmara de combustão e o volume da cavidade na cabeça do pistão, divida este valor pela soma do volume da câmara de combustão mais o volume da cavi-

dade na cabeça do pistão. A taxa de compressão, então, é a soma dos volumes do cilindro, o volume da cabeça do pistão e o volume da câmara de combustão, divididos pelo volume da câmara de combustão mais o volume da cabeça do pistão. Na prática, supondo que você tenha um volume de cilindro mais câmara mais cabeça do pistão de 500cc, e um volume de câmara de combustão mais volume da cabeça do pistão de 50cc, você terá uma taxa de compressão de 10x1 (dez por um), ou seja, você comprime a mistura 10 vezes.

como fazeR?Como dissemos no início deste artigo, a taxa de com-pressão dos motores mais antigos fica em torno de 8x1 (o motor comprime a mistura 8 vezes). Se você aumentar a taxa para 10x1 terá um ganho de potência considerá-vel. Para isso pode simplesmente rebaixar o cabeçote. Aumentando a taxa você deve trocar as velas de ignição por velas mais frias. Deve também atrasar um pouco o ponto final, evitando assim a pré-ignição.Quando fizer os cálculos acima, não se esqueça de conside-rar a espessura da junta de cabeçote. Você deve considerar a espessura da junta quando esta estiver montada. Para saber a espessura exata, meça com um paquímetro uma junta usada.Se você achou tudo muito confuso, mas adora mecânica, você irá aprender a medir a taxa de compressão na prá-tica utilizando as dicas que demos acima. A maioria dos procedimentos escritos aqui eu aprendi perguntando nas oficinas de preparação, experimentando e deduzindo. Se, na minha época, eu tivesse lido um texto como este, teria ganho muito tempo. Portanto, se você gosta mesmo de mecânica, ponha tudo isso em prática. Se você leu a matéria até aqui é porque gosta muito, então não desista nunca de aprender. Mês que vem tem mais.

t- BuCket: essêNCia DO HOt rOD

Modelo é um legítimo hot rod, mas com a vantagem de ser um modelo extremamente simples de construir

hiStória

Texto: Aurélio Backo::Fotos: Divulgação

Hot r

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udo bem, ninguém pergun-tou, mas o meu modelo preferido de hot rod é o T-Bucket! E o que é exata-mente um T-Bucket?O modelo clássico de um

T-Bucket seria um hot rod montado a partir da metade dianteira da carcaça de um Ford Modelo T de 1920 até 1925, com eixo rígido muito à frente do chassi, motor V8 exposto, coluna de

direção quase na vertical e, na parte traseira, uma caçamba bem curta.O Ford T foi alterado e transformado desde o dia em que a primeira unidade saiu da linha de montagem, em 1908. Muitos anos depois, em 1952, o norte-americano de origem polonesa Norm Grabowski resolveu montar a sua ver-são de um Ford T e acabou criando um hot rod que viraria um clássico.A partir de um chassi de Ford Modelo

A com várias alterações, “El Polaco” (este era um dos seus apelidos) instalou a porção dianteira de uma carcaça de Ford 1922 e atrás adaptou uma caçamba de picape Ford encurtada.O motor escolhido foi um V8 “novinho” de Cadillac 1952, que foi adaptado em uma caixa mecânica de três mar-chas de um Ford 1939. O eixo traseiro usado era um “banjo” de Ford 1941. Um item construtivo importante no estilo do carro era a posição do eixo dianteiro: o eixo de um Ford 1937 foi instalado de maneira a ficar sozinho na frente do carro e para isto até mesmo o feixe de molas foi alterado para ficar atrás do eixo dianteiro. Com tantas peças de carros diferentes, o chassi foi “picotado” várias vezes até o carro ficar do jeito que Norm queria. O resul-tado final? Excelente! O mérito de “El Polaco” foi juntar vários elementos que todo mundo já usava, mas de maneira diferente. E, o mais importante de tudo, com excelente proporção e harmonia. A comprovação disto veio quando o modelo apareceu na capa da revista americana Hot Rod de outubro de 1955.Uma revista sobre hot rods só dava visibilidade ao modelo entre os já

Réplica do primeiro T-Bucket construído por Norm Grabowski: eixo dianteiro em destaque, quase isolado do resto do carro

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aficionados por carros. Mas o carro foi apresentado a todo o povo ame-ricano quando apareceu na impor-tante revista Life em abril de 1957. A reportagem era sobre corridas de arrancada e hot rodding.Norm vivia na Califórnia, terra do cine-ma, e seu carro passou a aparecer em filmagens não muito importantes até ser escolhido para participar de um famoso seriado semanal chamado “77 Sunset Strip”. Este seriado, sobre um detetive particular, foi exibido nacionalmente na TV a partir de 1958 até o começo da década de 60. O T-Bucket era o carro do personagem “Kookie”, um manobris-ta do restaurante ao lado do escritório do detetive. O personagem “Kookie” se transformou em um fenômeno cultural nos Estados Unidos. Era adorado por todos, pois fazia um lado cômico na série, especialmente pelas garotas, pelos seus dotes físicos, e os rapazes adoravam... o seu hot rod! A TV trouxe fama para o carro de Norm e até lhe deu um nome: “Kookie Kar”.

Um T-Bucket é um legítimo hot rod, mas com a vantagem de ser um modelo extremamente simples de construir (não necessariamente fácil). O motor é exposto, só há um banco para estofar, não precisa de portas e a carcaça para pintar é mínima. Estas facilidades e toda a projeção que o modelo ganhou nas revistas, pistas de arrancada e TV, fizeram com que o T-Bucket virasse moda. A partir de 1964, quem qui-sesse montar um carro destes tinha a possibilidade de comprar um kit com chassi e carcaça em fibra de vidro. O sucesso desses kits fez com que outras companhias passassem a oferecê-lo: em 1967, a Speedway Motors; em 1969, a California Custom Roadsters e, em 1971, a Total Performance. Todas estas até hoje ofertam tudo o que é necessário para montar um T-Bucket, com exceção da última, que foi absorvida há alguns anos pela Speedway. Toda esta demanda e estrutura gerada pelo T Bucket deram força ao hot rodding e fizeram com

que produtos mais elaborados fossem desenvolvidos como reproduções de chassi e carcaças em fibra de mode-los dos Ford mais novos (novo aqui significa 1929 até 1934).A onda do T-Bucket se alastrou pelo mundo e aqui no Brasil um exemplar foi montado já no início dos anos setenta! Esta história contaríamos nesta edição, mas agora fica para o próximo capítulo. Não percam!

aurélio Backo é dono da Lakester, fabricante de carrocerias de fibra

Norm Grabowski usou uma caçamba de picape encurtada na montagem do primeiro T-Bucket (ao pé da letra, T-Bucket significaria “balde de Ford Modelo T”)

A primeira “cópia” do carro de Norm Grabowski foi montada já em 1956, por Tommy Ivo, usava motor Buick e fazia o quarto de milha em 11

segundos a 190 km/h!

Chassi de T-Bucket: um quadro de tubo retangular de 5cm x 10cm!

T-Bucket estilo década de 70: aros dianteiros raiados e bojos de farol no estilo do Modelo T

original

Ford F-100 1954

Filho de ex-caminhoneiro restaura picape F-100 1954 do jeito que gostaria de ter realizado junto ao pai

Texto: Flávio Faria::Fotos: Rony Petri/Divulgação

HOMeNaGeM PóstuMa

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Ford F-100 1954

O amor pelos carros antigos é o maior combustível da cultura Hot Rod. Geralmente, este tipo de sen-timento atravessa gerações e passa de pai para filho. O funcionário público Roni Petry, de Quedas do Iguaçu (PR), sabe bem o que é isso. “Sempre gostei de carros antigos, pois, como sou filho de

caminhoneiro, viajava constantemente com meu pai nas férias escolares, época em que ainda víamos muitos car-ros antigos desfilando pelas rodovias do nosso país. Pas-sados alguns anos, meu pai se aposentou e, numa viagem que fizemos, encontramos uma F-100 vermelha à venda na cidade de Cascavel. Sem condições financeiras para comprá-la, começamos a conversar sobre os veículos anti-gos. Foi quando ele revelou que, na década de 1960, trabalhava com caminhões e picapes e, se um dia pudes-se, iria adquirir uma caminhonete antiga para restaurar. Infelizmente meu pai faleceu em 2007 e além da nossa relação de pai e filho, sempre fomos muito amigos. Como eu sentia muita saudade dele, decidi encarar um projeto que talvez fosse de alguma maneira amenizar a dor que sentia naquele momento e realizar um sonho de nós dois”, conta Roni, que, a partir de então, começou a procurar picapes que atendessem ao seu anseio. “Acabei por encontrar esta F-100 na cidade de Turvo e, após algumas tentativas, consegui adquiri-la. Com nosso “sonho de con-sumo” em mãos, comecei a pesquisar maneiras de perso-nalizá-lo.Sou leitor da revista Hot Rods há anos e acabei decidindo como queria fazer”, conta o proprietário.

LiSa de LataComo não estava exatamente nadando em dinheiro, Roni resolveu se organizar e comprar todo mês algumas peças, sem pressa, mas sempre adquirindo produtos de qualida-de. Em 2010, a restauração teve de fato início, com a desmontagem completa da picape e o início do trabalho de funilaria. Para a sua surpresa, o estado da lataria era muito bom. “Lisa”, como se costuma dizer. “Foram encon-trados apenas dois pontos mais sérios de ferrugem, que necessitavam atenção, mas como deixei claro que não estava com pressa, o trabalho todo demorou cerca de um ano para ficar pronto”, conta. A cor original, azul, deu lugar ao vermelho, remetendo à caminhonete que vira com o pai anos antes. O pigmento se chama “Vermelho Modena”, da Fiat, e para chegar a este patamar de brilho, foram necessárias oito demãos de tinta. Os para-choques foram retirados e os para-lamas foram ajustados para dar um aspecto mais limpo à frente. A grade frontal, que estava em bom estado, foi cromada. Os acessórios externos, como maçanetas e espelhos, foram adquiridos no Brasil mesmo. Os frisos são originais do modelo.As rodas foram compradas em Curitiba, na V-Fort, e são

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ods43Bancos revestidos de couro

vermelho receberam emblemas com imagens de São Cristóvão. O motor

é um V8 Y-block de 272”

modelos importados, chamados de “Smoothie”, com 15” de diâmetro e tala 8” na dianteira e 10” na traseira. Em volta delas está montado um jogo de pneus Cooper Cobra nas medidas 255/60 na dianteira e 275/70 na traseira.

tom SoBRe tomDiferentemente da maioria dos projetos que costumamos ver, que apostam no contraste de cores entre a carroceria e a parte interna, Roni ousou fazer diferente e fez o interior em outro tom de vermelho. Os bancos são revestidos de couro, com imagens de São Cristóvão no centro, outra homenagem ao pai, devoto do padroeiro dos caminhonei-ros. Foram utilizados também carpetes grossos, que deram um visual elegante ao interior. O painel, pintado na cor da carroceria, conta com instrumentos originais, que foram restaurados e aferidos para funcionar com a mecânica refeita. O volante é modelo banjo e a coluna de direção é cromada. Além disso, foram incorporados novos instrumen-tos para monitoramento da pressão do óleo e da água.

na medidaPor baixo do capô está instalado um V8 Y-block de 272”, modelo original desta picape, que apenas recebeu um carburador bijet, original do Maverick, e detalhes estéticos, como novas tampas de válvulas. Radiador, ignição e cabos de vela são da ProComp e dão um visual bacana ao cofre da Fordinha. O câmbio é de três marchas, com acionamento na coluna, um charme a mais para a condução do modelo. O escape foi feito sob medida e se divide em duas saídas na traseira. Os freios são a disco na dianteira, herdados do Omega australiano, enquanto na traseira são utilizados tam-bores. Com 200cv de potência original, este conjunto não deixa a desejar e o sistema de escape emite um rugido agra-dável ao ouvido, principalmente em altas rotações. “Chama bastante atenção das pessoas quando ela berra alto, princi-palmente das crianças”, pontua o proprietário.Por enquanto, o modelo ainda não faz grandes viagens. Segundo Roni, agora é tempo de melhorar a confiabilidade do projeto, normal em carros antigos. “Ela ficou pronta em dezem-bro de 2013 e ainda estou identificando pequenos problemas que possam surgir e ir consertando até ficar como eu espero. Tem muita coisa que eu ainda quero fazer com ela”, comenta.Assim como o sonho do seu pai em ter uma picape restau-rada foi a sua inspiração, Roni já faz planos para trans-mitir essa paixão para a próxima geração. “Este primeiro projeto será o presente do meu filho Samuel, atualmente com sete anos, para quando ele terminar a universidade. Já para a Sarah, minha filha de três anos, estou tendo ideias de como será o próximo projeto. De qualquer maneira, terei bastante tempo para aproveitar antes de passar os “brinquedos” a eles”, finaliza.

Quem fez:

Motor: Speed Car. Tel. (45) 3227-0749.Suspensão: Oficina do Tito. Tel. (46) 3532-1929.Escapamento: Versalles Escapsom. Tel. (45) 3224-2560.Interior: Santello Couros. Tel. (45) 3223-2435.Peças alumínio: Art Billits. Tel. (41) 3657-9299.Rodas: VFort Pneus. Tel. (41) 3254-5222.Peças importadas: Oficina do Nando. Tel. (45) 3224-6616.Caçamba: Stepside. Tel. (44) 3687-1357.

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Ford F-100 1954

Customização incluiu pintura no tom vermelho Modena e retirada do para-choque. Coluna de direção é

cromada

fiCHa téCNiCa fOrD f-100 1954

Parte externaPintura vermelho “Modena”, da FiatGrade cromadaPara-choques retiradosFrisos originaisAcessórios externos cromados Rodas Smoothie 15”Pneus Cooper Cobra 255/60 na dianteira e 275/70 na traseira

Parte internaBancos em couro vermelhoInterior acarpetadoVolante estilo banjoColuna de direção cromadaInstrumentos originaisMedidores de pressão do óleo e água

mecânicaMotor 272 Y-block200cv de potênciaCarburador bijetTampas de válvulas cromadasRadiador, ignição e cabos ProCompCâmbio de três marchas na colunaEscape feito sob medidaFreios a disco na dianteira e tambor na traseira

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Ford lança carroceria do modelo Coupe 1932 para restauradores nos Estados Unidos. Lista de peças originais inclui radiadores, para-lamas e emblemas

Texto: Da Redação::Fotos: Divulgação

NoviNha em folhaPeças Originais

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a Ford disponibilizou nos Estados Unidos a carroceria do Ford 5-Window Coupe 1932, vendida por meio de licenciamento para restaura-dores e criadores de hot rods,

mercado que conta com muitos adep-tos no país. O programa de peças de restauração da Ford conta com mais de 9.000 itens licenciados para clás-sicos que vão do Modelo T a veículos lançados em 2007.

O Ford 5-Window Coupe 1932 se tornou uma espécie de símbolo dos hot rods envenenados, moda que cresceu no pós-guerra com a cultura das longas viagens e o retorno dos militares aos Estados Unidos com

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dinheiro e conhecimento técnico.“A carroceria do Ford 5-Window Coupe 1932 permite aos restaurado-res criar um hot rod clássico sem ter de recorrer ao ferro-velho”, diz Dennis Mondrach, gerente de licenciamento de peças de restauração da Ford. “Ela se junta à nossa lista de peças estampadas de aço prontas para montagem que já inclui os clássicos Mustangs 1965-1970 e o Ford Cou-pe 1940”, diz.A Ford disponibiliza a maioria das peças necessárias para montar um carro, como carroceria, motor e trans-missão, peças internas, instrumentos de aparência clássica ou personaliza-dos e até motores e componentes de performance da Ford Racing. “Com elas é possível construir um carro clás-sico ou uma versão atualizada de íco-nes que fizeram parte da cultura dos anos 1950 e 1960”, diz Mondrach.Segundo ele, sempre que possível, a Ford usa as ferramentas originais para produzir essas peças de restauração. Em outros casos, cria estampos novos com as especificações originais.A carroceria do Ford 5-Window Coupe 1932, apresentada no SEMA Show 2013, em Las Vegas, é feita em chapa de metal soldada e mon-tada com o estado da arte em equi-pamentos para manter a integridade dimensional e recebe tratamento anticorrosão.As peças são fabricadas pela United Pacific Industries, fornecedor ofi-cialmente licenciado, e passam por controle rigoroso para garantir os padrões de qualidade e autenticida-de. A Ford licencia também peças de reposição como para-lamas, radia-dores e emblemas para a maioria dos veículos produzidos pela marca. Isso evita que os restauradores gas-tem horas na internet ou desmanches procurando componentes. A lista de fornecedores e peças separadas por modelo de veículo está disponível no site www.fordrestorationparts.com.

Carroceria do modelo de 1932 passa a integrar lista de peças originais para restauração

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Edição 2014 do Viva Las Vegas, o maior evento de cultura rockabilly do mundo, promete se superar em atrações, carros e público

Texto: Da Redação::Fotos: Ricardo Kruppa e Divulgação

TúNel do TempoViVa Las Vegas

a cidade de Las Vegas, nos Esta-dos Unidos, irá receber, entre os dias 17 e 20 de abril, a 17ª edição do Viva Las Vegas Rockabilly Weekend, o maior evento voltado para a cultura

rockabilly do mundo. O festival, que

acontece anualmente no feriado da Páscoa, tem como objetivo reunir bandas e fãs de todo o mundo, com o propósito de celebrar o estilo de vida típico dos anos 50. Desfile de veículos da época, competições bur-lescas, desfile de trajes típicos, aulas

de dança, festas, jogos, eleição das melhores pin-ups e workshops com tatuadores especializados na temáti-ca 50’s são apenas algumas das ati-vidades programadas para a edição 2014 do evento. Mais de 60 atra-ções musicais estão previstas para

ViVa Las Vegas

esta edição, que promete superar as anteriores, não apenas em número de artistas, como também de público. Atualmente o evento acontece nas dependências do Orleans Hotel e Cassino.Os brasileiros interessados em partici-par do Viva Las Vegas podem contar com a assessoria de uma agência de viagens que atua há mais de 11 anos no mercado. A CEO Travel, de São Paulo, organiza sua primeira excursão para o evento. “É a primeira vez que organizamos uma turma para este destino e perfil, mas estamos acostumados a lidar com outros tipos de eventos nos ramos de medicina, indústria e comércio, organizando as viagens de acordo com o perfil de cada cliente”, explica Jorge Khouri, diretor financeiro da empresa. Segun-do ele, comprando o pacote por meio de uma empresa especializada, o viajante conta com todo o apoio durante a viagem, expertise e know how para o planejamento de sua via-gem antes, durante e depois do seu término.Para o Viva Las Vegas, a CEO Travel oferece pacote que inclui a parte aérea, hotel, ingresso para o even-to e transfer. Segundo Khouri, ao comprar o pacote com a empresa, o

cliente terá tarifa aérea especializada e valores negociados com os hotéis ofertados na proposta.

ViVa!O Viva Las Vegas começou em 1998, quando seu fundador e organizador, Tom Ingram, que reside na Califórnia, levou para a cidade de Las Vegas, Nevada, um grande número de atra-ções. E, de lá pra cá, durante os últi-mos 16 anos, o Viva Las Vegas vem reunindo tudo que possa se relacionar à cultura “rock” dos anos 50: bandas, shows, moda, carros, motos, filmes, apresentações de burlesco e muito mais. São quatro dias intensos, com atrações e atividades o tempo todo, sempre com foco nos anos 50. Em 1998, quando o festival começou, cerca de 1.200 pessoas comparece-ram. Ao entrar no 17º ano, os núme-ros impressionam. Segundo a mídia, a participação hoje é de mais de 22 mil pessoas, sendo o Car Show o evento mais popular. E não é à toa. A organização do Viva vem investindo alto nos sábados, aumentando cada vez mais a segurança, o número de expositores de carros, peças, roupas e acessórios, e trazendo atrações musicais de peso para o imenso palco que é montado em meio aos carros.

Informações: www.vivalasvegas.net (site oficial do Festival).CEO Travel. www.ceotravel.com.br ou tel. (11) 3016-0060.

Abaixo, Jorge Khouri, da CEO Travel: expertise

de 11 anos em eventos temáticos

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CuLtura HOt

Tiki kulTuReMergulhe neste estilo de vida inspirado na cultura das ilhas do Pacífico, que realça o lado bom da vida. E isso mesmo estando a milhares de quilômetros

de distância da ilha tropical mais próxima Texto: Victor Rodder::Fotos: Divulgação

S exta-feira, meados de dezem-bro. Para mim, o verão tinha finalmente chegado ao hemis-fério sul! Em Curitiba, onde vivo, um calor absurdo: 34 graus centígrados! Mas, para

a minha sorte, oficialmente estava de férias! Peguei os pranchões (um pra mim, outro pra sereia), amarrei no teto do carro e parti para a praia ao som de um obscuro e relaxante estilo de jazz instrumental recheado de linhas de sax chamado “Exotica”!

No caminho, conversava com minha co-piloto sobre a influência da cultura Tiki nas roupas, mobiliário e até mes-mo no comportamento das pessoas aqui no Brasil. E me dei conta de que nunca tinha escrito nada sobre esse tema. Mas nunca é tarde. Então convido vocês a um mergulho nessa cultura que tem tudo a ver com verão, praia e curtição. Aqui e ali sempre vejo algum ele-mento da cultura Tiki. Quando chega o verão, então... Por todo o lado:

coquetéis com frutas, batidas servidas dentro de abacaxis, roupas floridas, hula-girls e às vezes até pequenas estatuetas e enfeites de Moais e Tikis. Mas será que as pessoas sabem realmente o que é essa coisa toda de Tiki? Ou melhor, será que elas têm alguma ideia do que se trata, de onde veio, o que significa? Pois bem. Depois de pesquisar um pouco, eu mesmo descobri que não sabia praticamente nada. Mesmo já tendo frequentado alguns bares Tiki, surfar há muito tempo e curtir um “drinque com guarda-chuvinha” e um shot fla-mejante, eu não tinha nem raspado a superfície dessa intrigante e apaixo-nante cultura, que foi uma das febres dos anos 50 nos Estados Unidos. E, por isso, por não saber quase nada, mas sempre pensando em trazer um bom material sobre o assunto, resolvi conversar com algumas pessoas que realmente estão “por dentro”. Ainda na praia disparei alguns e-mails, fiz alguma pesquisa e, depois de receber boas indicações, acabei encontrando Christopher “Tiki Chris” Pinto, que, den-tre outras coisas, é escritor, músico, hot rodder e um apaixonado e profundo conhecedor da Tiki Kulture. E não foi nada difícil gostar dele depois de des-cobrir que Chris, assim como eu, toca sax tenor, dirige um PT Cruiser retrô e tem um hot rod na garagem.

Esculpidas por volta de 1200 d.C. a 1500 d.C. pelo povo Rapanui, Moai são aquelas cabeças gigantes da ilha de Páscoa. Mais de 887 estátuas de pedra se espalham pela Ilha, que fica no Chile e faz parte

da Polinésia Oriental, ao sul do Oceano Pacífico

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Tiki Chris contou-me tanta coisa e me surpreendeu tanto com a quantidade e qualidade de suas informações, que esta primeira parte do artigo é praticamente toda fruto daquilo que ele escreveu. Mas vamos aos fatos!Histórica e geograficamente, Tiki pode ser definido como um dos ele-mentos mais fortes da cultura Maori – uma das tribos da Polinésia, sobre a qual já falamos aqui, quando contei a história da tatuagem no ocidente. Para os maoris, bem como para a maioria das outras culturas polinésias,

o Tiki tem um significado religioso, e teria sido o primeiro homem na Ter-ra, sendo representado por estátuas esculpidas em pedra ou madeira. Mas isso não é, nem de perto, o que Tiki significa nos séculos 20 e 21. Não só nos EUA, como na maior par-te do mundo, Tiki hoje é sinônimo de outra cultura, que tem suas raízes tam-bém na Polinésia, mas que foi muito além disso. Para quem realmente vive a moderna cultura Tiki, o “Tiki Lifesty-le”, tudo é uma questão de viver o lado bom da vida, e para eles isso significa estar numa espreguiçadeira, à sombra de uma palmeira, tomando um bom drinque com frutas exóticas e muito rum, ouvindo os sons da sua “Exotica music” e as ondas quebrando numa praia paradisíaca qualquer. E isso mesmo estando a milhares de quilômetros de distância da ilha tropical mais próxima. Para eles, isso é “Tiki Kulture”. Tudo bem. Para mim, e para a maioria das pessoas, isso também é um desejo! Mas para quem está realmente mer-gulhado na Tiki Kulture isso é um estilo de vida. E, para poder viver isso 24 horas por dia, trouxeram as palmeiras, as ondas e a areia para dentro de seus bares, restaurantes, casas e carros.

Mas nem todos que gostam desse estilo precisam ser tão radicais e, na verda-de, talvez até você já tenha um pouco de Tiki nas veias e não saiba.

Como tudo ComeçouA teoria mais comumente contada é que esse estilo surgiu quando alguns bares com decoração havaiana e polinésia começaram a aparecer nos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. Quando os solda-dos que retornavam do Pacífico Sul começaram a contar a todos como eram maravilhosas e belas as ilhas tropicais, recheadas de hula-girls, vestindo sarongues de palha e com flores no cabelo, alguém teve a ideia de devolver a eles aquele clima e surgiram os bares Tiki. Mas essa não é exatamente a verdade. Os bares e restaurantes Tiki são de fato onde tudo começou e são os responsáveis por essa moda. Mas os primeiros malucos nos Estados Unidos a cria-rem um Tiki Louge estavam na Califór-nia e fizeram isso na década de 30!Ernest Raymond Beaumont Gantt, mais conhecido como “Don – the Beachcomber”, normalmente é quem leva o crédito de ter sido o primeiro maluco a abrir um restaurante focado especificamente na cultura polinésia em Hollywood, Califórnia, em 1933. Don nasceu no Texas, mas cresceu viajando pelas ilhas do Caribe, passou algum tempo no Havaí e passeou bastante pelas ilhas na região. Quando voltou para Califórnia, pensou que seria diver-tido criar um restaurante que trouxesse toda aquela atmosfera para seus clientes. E assim fez quando inaugurou o Donn Beach!. Cerca de três anos depois, em 1937, surgiu o Trader Vic’s, restaurante que Vic Bergeron abriu em Oakland, Califórnia, com um tema semelhante. Ambos os proprietários inventaram seus próprios drinques: fortes, mas saborosos, rapidamente se tornaram populares e ficaram conhecidos. Os restaurantes também agradavam pela decoração exó-

O “Tiki” propriamente dito é um dos elementos mais fortes da cultura Polinésia e tem significado reli-gioso. Ele representa o primeiro homem na Terra, mas modernamente é símbolo de uma cultura que se

popularizou nos EUA na década de 50

Existe uma grande diferença entre hot rodders e “tiki hot rodders”! Não há dúvida de que ambos

são apaixonados por carros pré 63, mas essa imagem resume tudo. Esse é o Chevy 53 que

Tiki Chris vem reformando e dirigindo há prati-camente 20 anos! Seu nome é StarDust, e com sorte você vai poder vê-lo rodando em alguma

rua secundária da Flórida

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CuLtura HOt

tica e a atmosfera descontraída. Muito bambu e vime por todo lado, deuses Tikis esculpidos a mão, palmeiras, música havaiana e lindas garotas em sarongues apertados definiram o padrão para a era dos Tiki bars que estava por vir.

RefResCo pós-gueRRaNos anos 30 e 40, as viagens aéreas começaram a fazer do mundo um lugar mais próximo, e a música, a comida e a decoração havaiana e polinésia se tornaram mais populares nos Estados Unidos. Não é possível deixar de citar também a Segunda Guerra Mundial, que levou muitos norte-americanos para as ilhas do Pacifico, trazendo estas cul-turas para dentro dos lares americanos. E, com o fim da guerra, todos estavam enjoados de coisas ruins, e se focavam na beleza daqueles mundos, nas flores tropicais e no pôr do sol alaranjado, na magia das mulheres exóticas e na brisa fresca que trazia cheiro de frutas adocicadas. Era um alívio, um refresco

Nessa imagem de Doug P’gosh fica claro como os anos 50 se mesclaram com a cultura Tiki. A pintura em acrílico se chama “Tiki Invasion”e é uma homenagem aos filmes B de sci-fi dos anos 50. Tiki bars, drinques e tudo mais misturado.

Marte precisa de Hula Girls!

para uma nação que tinha se fartado dos horrores da guerra. Os soldados que retornavam queriam esquecer o lado ruim, mas, certamente, lembrar dos bons tempos era necessá-rio. Bares Tiki então surgiram em todos os estados dos EUA, saindo da costa da Califórnia em direção ao Atlântico. Os novos proprietários de Tiki bars com-binavam elementos do Havaí, Tahiti, Filipinas e outras culturas do Pacífico para decorar seus salões. Bambu, palha e madeiras esculpidas tornaram--se os materiais de construção básicos. Ídolos e máscaras Tiki adornavam as paredes dos bares e adereços náuticos, como redes de pesca e lustres feitos de baiacu, encontraram um caminho para se tonarem elementos de design. As cozinhas chinesa e japonesa também se infiltraram nos menus e, para criar uma trilha sonora perfeita para estes ambientes, músicos de jazz passaram a combinar as batidas fortes e tribais das canções havaianas e polinésias com os elementos da música “cool” da época,

Os drinques e coquetéis feitos à base de rum e frutas tropicais foram o estopim da moda dos Tiki Bars que, por sua vez, acabaram por catapultar a cultura havaiana e polinésia ao status de

“pop culture” nos anos 50

Nesta imagem, Don serve seus tradicionais coquetéis em seu restaurante- bar em 1934

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CuLtura HOt

misturando o jazz aos sons exóticos do Pacífico leste e sul, criando um estilo musical que ficou conhecido como “Exotica”. Nasceu, então, o “Pop Polinésio.

Na pRóxima ediçãoComo sempre, vou deixar o melhor para o final, ou seja, para as próximas edições. Sim, tem tanto material sobre o mundo Tiki que, provavelmente, você ainda vai ler sobre isso nas outras duas edições. Mas não se desespere. Se você é uma daquelas pessoas que, como eu, não gostam de novela, existem vários sites especializados no assunto e um deles é do próprio Tiki Chris (tikilougetalk). Corra lá e descubra um mundo de informações. Agora, se você está com preguiça de textos em inglês e aguenta esperar um pouco, mês que vem eu vou contar como foi a explosão da cultura Tiki nos anos 50 e como praticamente ela sumiu nos anos 70, voltando com força quando seriados para a TV como Hawaii 5-0, Magnum e Ilha da Fantasia passaram a ser produzidos. E, lógico, vou voltar a falar de meninas dançando hula e homens comedores de fogo das ilhas do Pacífico. Vou falar de surf, woodies e dar receitas de drinques e pratos Tiki famosos. Enquanto você espera, dê um pulinho ali na minha coluna de filmes e música, no final da revista, e mergulhe um pou-co mais nesse universo tropical.

A pessoa que contribuiu para a matéria desse mês, Christopher “Tiki Chris” Pinto e sua

esposa, em 2011 no Hukilau

Fosse pela praticidade de ter um veículo como este na praia, fosse pelo preço, fosse pelo charme de ter painéis de madeira por todo o carro, os woodies são os preferidos da geração “beach” e também são

muito associados à Tiki Kulture

Hula girls! Nas paredes, nos painéis dos carros e nas

memórias e tatuagens dos soldados, elas sem dúvida

são um dos elementos mais lembrados da Tiki Kulture!

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maiS equilibRadoDe carroceria fastback que servia como “galinheiro” a um Torino Talladega para

competição: dez anos, muita história e um clássico da Nascar com sabor V8Texto: Bruno Bocchini::Fotos: Jason Machado

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Cansar os modelos Plymouth Superbird e Dodge Daytona durante a temporada de 1970 da Nascar – associação automobilística norte-americana que controla os campeonatos de stock car dos Estados Unidos – não era tarefa fácil para o Ford Torino Talladega. Mas, mesmo não sendo campeão, o

carro parecia mais equilibrado, sobretudo no estilo.Adonis Lykouropulos, paulistano de 38 anos, é entusiasta e apaixonado por automóveis Ford. Dentre diversos modelos da marca ao longo dos anos, ele encontrou uma carroceria do modelo Torino fastback 1968 e, dez anos depois, transformou o carro no icônico Torino Talladega. “Um amigo encontrou a carroceria do fastback em um desmanche no interior de São Paulo, e como ele sabe que sempre participei de eventos automotivos e de corrida, me avisou. No momento em que vi a carroceria já imaginei o Talladega”, lembra Adonis.O Torino havia sido adquirido ainda totalmente depenado e, da compra ao primeiro treino no Autódromo de Interlagos (SP), passaram-se dez anos. Inicialmente, Adonis levou a carroceria para um galpão particular – para dar início à remoção de pintura e massa. Na sequência, foram feitas funilaria e adaptações para homologar o carro para a dis-puta da categoria Força Livre do Campeonato Paulista de Automobilismo. “Deixei a carroceria em uma oficina para trabalhar a lata, pintar, adaptar. Mas, após dois anos de serviços, o resultado não ficou satisfatório. Decidi tirar o car-ro de lá, após muito prejuízo financeiro”, lamenta Adonis.A carroceria ficou sete anos parada até que, em 2009, Adonis passou a trabalhar como gerente na Batistinha Garage. “Entrei na Batistinha e consegui reativar a ideia do projeto com o Torino. Nesta nova etapa, mudei o projeto com o intuito de enquadrar o carro na categoria Históricos V8 5000, que havia acabado de ser criada. Consegui um motor usado em bom estado, ganhei de presente um diferencial e, somados ao câmbio que eu já possuía, começamos a montagem mecânica”, conta.O grande desafio de Adonis foi a funilaria, uma vez que o carro não possuía os para-lamas dianteiros e sequer contava com capô. “Mas, desta vez, a sorte estava ao meu lado e um de nossos clientes nos enviou um Torino 1968 para restauração completa, tornando possível usar o carro como parâmetro e molde para a confecção dos itens que faltavam no meu. Após concluirmos a funilaria, moldamos a frente alongada em 9” para deixar o carro tal qual a versão Talla-dega. A pintura foi feita em duas cores, alusivas ao estilo de pintura usado na Nascar à época, bem como a parte de adesivagem e o número gigante na porta”, descreve Adonis. O gosto por automóveis e velocidade começou ainda na infância de Adonis, primeiro pela convivência com o pai e o irmão, que foi piloto de 1979 a 1998. “Por conta da

Pintura em duas cores é alusiva ao estilo usado na Nascar. Interior tem bancos Sparco, volante de três raios

e contagiros Auto Meter

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convivência com meu irmão, sempre sonhei em ser piloto e participar do Campeonato Paulista. Como não tive incentivo, cheguei tarde para ser profissional, mas posso matar minha vontade guiando o Torino vez ou outra”, diz.

“xô, galiNhas”A carroceria fastback chegou a São Paulo em uma plata-forma que havia saído do interior. Logo após a compra, Adonis recebeu o carro com três galinhas dentro. “O car-ro estava servindo de galinheiro, pois o desmanche ficava dentro de um sítio. Obviamente eu não sabia o que fazer com as galinhas, mas logo o motorista da plataforma se prontificou a ficar com elas”, recorda.

ReCeita sem Caldo de galiNhaO tratamento da carroceria com funilaria e pintura ficou a cargo da empresa Batistinha Garage – reconhecida no segmento. Já a mecânica do Torino foi feita pela oficina Automotor, também de São Paulo. Com motor 302 V8 de 5000cc, o conjunto conta com bielas, virabrequim e pistões originais Ford, trabalhando a uma taxa de com-pressão 9:1. A admissão é original em ferro fundido, e integra o sistema um carburador Motorcraft bijet, bomba de gasolina mecânica, coletor de escape original em fer-ro fundido e um tanque de 70 litros.A alimentação soma bobina MSD, módulo de ignição, distribuidor e velas originais Motorcraft. O câmbio esco-lhido foi um Clark de 4 marchas e a embreagem é da EmbreMarques.Com 210 cv na roda, a melhor volta em Interlagos registrada ficou em 2’14”850, a 188 km/h de velocidade final. Para o futuro, Adonis pretende aliviar o peso do carro (que está em 1.800 quilos), além de rea-lizar upgrades no motor para conquistar mais potência e melhores resultados nos tempos de volta em Interlagos.

Motor 302 V8 de 5000 cc preparado atinge

210 cv na roda

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Adonis Lykouropulos e seu Ford Torino: do galinheiro a Interlagos

Quem fez:Carroceria, funilaria e pintura: Batistinha Garage. Tel. (11) 3392-2233Mecânica, câmbio, diferencial e manutenção: Automotor. Tel. (11) 3392-1108.

fiCha TéCNiCa foRd ToRiNo Talladega v8

MecânicaMotor 302 V8, 5000ccBielas, virabrequim e pistões originais FordTaxa de compressão 9:1Admissão original em ferro fundidoCarburador Motorcraft bijetBomba de gasolina mecânicaColetor de escape original em ferro fundidoTanque de 70 litrosBobina MSDMódulo de ignição, distribuidor e velas originais MotorcraftCâmbio Clark 4 marchasEmbreagem EmbreMarquesBlocante originalAmortecedores originais

Parte externaRodas 17x10” Vintage WheelsPneus 245/55 R17Discos de freio 280 mm duplos ventilados na frente e sólidos na traseira

Parte internaBancos SparcoCintos U-racerVolante de três raios MotorcraftContagiros Auto Meter

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SoNho meu!Aficionado por Dodge, jovem paulista monta Dart

1975 exatamente do jeito que sonhou quando criançaTexto: Vitor Giglio::Fotos: Ricardo Kruppa

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muitas crianças sonham com o que gostariam de ser quando crescerem. No entanto, Raniery Braga, hoje com 28 anos, natural de Campinas (SP), era uma criança especial. Quando peque-no, sonhava com o que queria ter, e não ser. “Aos oito anos de idade eu era louco por um

Dodge Dart preto que o meu tio tinha. Então sempre me imaginei dono de um Dart. Dono de vários Dart, na verda-de, e um deles teria que ser amarelo”, conta.Mesmo sonhando com um Dart amarelo, Raniery acabou, em sua fase adulta, adquirindo primeiramente o Dart preto de seu tio. “Além do Dart que era do meu tio, também tinha um branco na garagem, mas só os dois não eram suficientes. Eu sentia que estava faltando algo. E esse “algo” era um Dodge exatamente como eu sempre sonhei: amarelo”, conta.Não satisfeito com “apenas” os dois modelos Dart que ocupavam sua garagem, Raniery deu início à busca pelo carro dos sonhos. E ele acabou por cruzar a vida do aficionado paulista em 1999. “Um amigo comprou um Dart 1975 amarelo, mas ele praticamente nem usava o carro, apenas o deixava encostado. Então, em 2006, eu comprei o carro dele, e então dei início ao projeto mais especial da minha vida”, relembra.

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Conjunto mecânico original do modelo, à frente um motor 318 V8, foi otimizado e agora rende cerca de

320 cavalos

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dOdge dart 1975

iNteiRameNte RestauRadoO objetivo de Raniery era restaurar o modelo 75 que estava largado, dando vida nova ao modelo sem que ele perdesse suas características originais. Por este moti-vo, tudo o que você enxerga na parte externa do Dart é exatamente como seria em 1975, exceção feita à grade dianteira, extraída do Gran Coupé 1975, e das rodas alargadas sob medida, que medem 15x7” na dianteira e 15x8” na traseira. Os pneus são Cooper Cobra. O veículo tomou um banho de amarelo Montego, original do Dart. “Todo o restante foi restaurado. Na parte de fora, nada foi confeccionado”, conta Raniery, com orgulho.Isso vale também para o interior do veículo, onde estofamen-to, forros, painel, volante e pedais permanecem originais.

Coloração amarelo Montego, que consta da paleta de cores original

do modelo, foi utilizada no exemplar de Raniery

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dOdge dart 1975

pRepaRaçãoJá a mecânica original do Dart 1975 entrou para a história. O motor 318 V8 original permanece, mas os 198HP que ele era capaz de produzir viraram lenda. O conjunto mecânico rece-beu pistão tachado, comando de válvulas 278x286 Summit, carburador quadrijet Holley 650 e coletores Edelbrock.“A parte elétrica é toda da Mopar. Além disso, eu utilizo aquela embreagem mista de cerâmica da Centerforce”, conta o proprietário.Cabeçote trabalhado, válvulas de titânio e escape duplo com cano de 3” são as outras modificações, que, soma-das, dão ao Dart cerca de 320 cavalos de potência.

peRfeCCioNismo “O carro está exatamente do jeito que eu queria. Era exa-tamente o que eu visualizava, desde a infância”, conta Raniery sobre o projeto, que exibe um nível de perfeccio-nismo de tirar o chapéu.O veículo, grande xodó do rodder, só sai da garagem em ocasiões bastante especiais. “Eu costumo usá-lo nos encontros do Dodge Clube de Campinas, clube do qual sou um dos responsáveis, aliás”, frisa.Perguntando se agora então estaria satisfeito com o que possui em sua garagem, Raniery não hesita. “Esse proje-to está concluído, mas já estou pensando no próximo”, afirma. Assim como uma criança, Raniery não quer nem saber da hora de parar de brincar. Sorte nossa!

Quem fez: Nika old CaR. tel. (19) 3227-9555.Raniery e seu Dodge Dart: sonho de

infãncia realizado. Interior do veículo foi mantido com características originais

fiCha TéCNiCa dodge daRT 1975

Parte externaPintura amarela MontegoGrade dianteira do Gran Coupé 1975Rodas 15x7” na dianteiraRodas 15x8” na traseiraPneus Cooper Cobra

Parte internaInteiramente restaurada

MecânicaMotor 318 V8Comando de válvula SummitCarburador Quadrijet Holley 650Coletores EdelbrockEmbreagem CenterforceVálvulas de cerâmicaEscape duplo de 3”

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Vitrine

Caçamba gringaA sugestão da Stepside é o kit composto por caçamba e para-lamas da picape C-10 americana. A caçamba tem como modelo a peça original americana e pode ser adaptada em todos os modelos de C-10, C-14, C-15, D-10 e A-10 brasileiras. O kit é integrado por caixote, tampa e acabamento lateral em chapa de aço de 1,5 mm e para-lamas em fibra de vidro com excelen-te acabamento. Preço: R$ 2.290.Informações: www.stepside.com.br ou tel. (44) 3687-1357.

O destaque do mês da empresa America Parts são os pneus da marca norte-americana Mickey Thompson, disponíveis em várias medidas.Informações: www.americaparts.com.br ou tel. Tel. (11) 2647-1496.

A Old Design, especializada em peças e acessórios para carros antigos, des-taca este mês o serviço de restauração da lanterna traseira para o modelo Dodge Magnum.Informações: Tel. (19) 3454-8019 ou (19) 99705-6865.E-mail: olddesign@hotmail.com

mickey Thompson lanterna restaurada

O destaque da empresa As Pickups Antigas para esta edição é a caçamba modelo F-100 em chapa 16 com coluna tipo “perna de moça” modelo hot. A peça vem com armação de capota marítima com amortecedor a gás, revestimento de chapa e é personalizada por As Pickups Antigas. Informações: www.aspickupsantigas.com.br ou tel. (11) 4647-1374 ou (11) 97534-8722.

A sugestão da VFort Pneus é a roda de aço fechada, disponível nas medidas 15x5’’, 6’’, 7’’, 8’’ e 10’’. A peça é ideal para projetos de hot e rat rods. Disponí-vel na furação 5x114,3/120mm. Acompanha copo central cromado. Informações: Tel. (41) 3254-5222 ou e-mail: ruvaldow@gmail.com

Caçamba para f-100

Roda para rat

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Tiki muSiC & movieSColuna traz dicas de discos e filmes para você fazer bonito naquela

festinha Tiki no quintal de casaPor Victor Rodder

ok! Você leu o texto de cultura deste mês e resolveu fazer uma festa Tiki no quintal de sua casa! Des-colou aquele bar de vime da sua avó, comprou tochas de querosene e um estoque de garrafas de rum e frutas tropicais está na geladeira. Ok. Só falta a música e uns filmezinhos para deixar

rolando no DVD enquanto todos se divertem. Se você colocar para tocar uma seleção de jazz latino, meren-gue, cha cha cha, bossa nova e salsa, todos vão achar normal. Mas, para uma verdadeira experiência Tiki, você precisa de um estilo próprio de música: exotica. Exotica significa exatamente o que parece... Uma música dife-rente, estranha, que evoca uma atmosfera de florestas tropicais, aldeias do Taiti, selvas africanas, luaus havaia-

ulTRa louNge ColeCTioN – ColeTÂNea – eua - 1996 a aveNTuRa de koN Tiki (koN-Tiki) – eua - 2012

foRbiddeN SouNdS of doN Tiki – ColeTÂNea – eua - 2002 o faNTÁSTiCo RobiN CRuSoé (lT. RobiN CRuSoe, u.S.N.) – eua - 1966

hoT NeW oRleaNS NighTS – Sam buTeRa – eua – 1999 oS aveNTuReiRoS do paCÍfiCo (doNovaN’S Reef) – eua – 1963

Ok, esse já é um pouco mais difícil de encontrar por esses dias. Essas faixas foram originalmente gravadas e prensadas quando só existia vinil e, depois que a moda Tiki passou, os álbuns viraram relíquia! Mas alguém reuniu o melhor da onda e jogou nessa coletânea que ainda é possível achar no e-bay e amazon.com! O disco começa com a clássica “exotica” com Martin Denny, o expoente do gênero, e por aí vai!

Na década de 90, um pessoal que estava “na vibe” se reuniu e montou uma série de CDs chamada “Ultra Lounge”. Quase 30 álbuns compõem essa discoteca. Tem de tudo: de Martin Denny a Sam Butera. Se você conseguir esses discos, ou pelo menos uma parte deles, nunca mais vai precisar se preocupar em como animar uma festa Tiki. E vai agradar até mesmo o mais chato dos conhecedores da Tiki Kulture.

Se você curte jazz e música instrumental de qualidade não vai se arre-pender de conhecer um pouco mais sobre este saxofonista que, duran-te muito tempo, foi a menina dos olhos da banda de Louis Prima. Sam Butera não é “exótico” por completo. Ao contrário. Mas estava lá quando inventaram essa onda. Nessa coletânea de 99, várias músicas que fazem sucesso até hoje nos tiki bars mais cools dos EUA!

Não dá para falar em Tiki Kulture sem mencionar a Disney. Vou falar mais sobre isso na edição do mês que vem, mas já adianto que ela é considerada por muitos como a legítima responsável pela explosão da moda Tiki nos EUA dos anos 50. E, neste filme, o astro Dick Van Dyke faz miséria numa ilha paradisíaca deserta, onde caiu após saltar de seu avião, encontrar um submarino abandonado, um chimpanzé do programa espacial dos EUA e uma linda nativa chamada Quarta-feira.

Inspirado em fatos reais, conta a história da expedição Kon-Tiki, liderada pelo pesquisador Thor Heyerdahl, que, em 1947, decidiu provar que a Polinésia tinha sido ocupada primeiramente pelos povos da América do Sul, e não pelos povos do oeste. Como? Construindo uma jangada com os mesmos materiais de séculos atrás, chamando cinco malucos sem experiência nenhuma no mar e se atirando numa viagem de três meses pelo oceano Pacífico. Fácil assim!

Este é, sem dúvida, o melhor dos três filmes deste mês. Tam-bém, não tem como errar com John Wayne interpretando o dono de um bar na fictícia ilha franco-polinésia de Haleakola ao lado de Lee Marvin, Cesar Romero e Dorothy Lamour. As filmagens foram feitas nas deslumbrantes paisagens de Kauai, no Havaí, e o resultado final foi uma comédia fantástica e um dos grandes sucessos de bilheteria da época. Confira!

nos e por aí vai. Este tipo de música foi popularizado por orquestras nas décadas de 50 e 60, principalmente por Martin Denny, Esquivel, Arthur Lyman, Les Baxter e Al Caiola. Esses títulos são difíceis de encontrar até mesmo na internet, mas os discos que eu separei não são assim tão obscuros.Em relação aos filmes, não consegui ser tão objetivo. Por isso, separei desde um drama baseado em fatos reais que foi nominado ao Oscar em 2012 a um clássico da Disney da década de 60, já que, para muitos, foi a Disneylândia que, em grande parte, trouxe a onda Tiki no mundo pós-guerra, com atrações como Adventureland e Tiki Room surgindo em sua inauguração, em 1955. Mas é isso. Boa festa para você e até mês que vem!

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