Post on 22-Aug-2020
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HISTÓRIAS
ENCADEADAS
Agrupamento de Escolas Monte da Lua
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Índice
- História dos Jardins de Infância “O Vulcão”……………………………………. 5
- História dos 1ºs anos…………………………………………………………………….. 19
- História dos 2ºs anos “As aventuras do sol”…………………………………… 26
- Histórias dos 3ºs anos …………………………………………………………………... 33
- Histórias dos 4ºs anos “ Miguel, um menino diferente“………………… 39
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Agradecimentos
Agradeço a participação e colaboração de todos os envolvidos
neste projecto-Livro: professores, educadores e alunos pela
entrega e envolvimento neste projeto; e à Direção do
Agrupamento Monte da Lua pelo apoio e aprovação do mesmo.
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Introdução
Este Livro teve como pressuposto orientar o processo educativo numa lógica de partilha de experiências e implementação de estratégias de comunicação, consubstanciando-se na mudança de ambientes de aprendizagem, sendo que os alunos assumem maior protagonismo como agentes construtores da sua própria aprendizagem. Os estabelecimentos de ensino/educação têm, por vezes, subjacente uma cultura individualizada que é urgente modificar. Esta necessidade de dar ênfase ao trabalho de equipa, remete para objectivos e estratégias capazes de solucionar as questões identificadas. A dinamização da actividade pretendeu diversificar os contextos de produção literária, multiplicar as práticas de escrita, encontrar em grupo soluções para os problemas que a estrutura da língua e escrita exigem. Pretendeu-se aprofundar a compreensão da leitura, acelerar aprendizagens, organizar e desenvolver o pensamento. Surgem assim, como finalidades fundamentais deste Livro, a produção colectiva de actividades, de forma a fazer face a uma cultura de isolamento e individualismo das escolas promovendo, ao mesmo tempo, a incrementação e fortalecimento do sentimento de comunidade educativa.
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JARDINS DE
INFÂNCIA
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O vulcão
Numa casinha de madeira, em cima de uma árvore, vivia um pardal que se
chamava Beatriz e um periquito chamado João. Lá em baixo havia um cão de
guarda que se chamava Diamante e tinha também uma casota.
Num dia de chuva e nevoeiro e muita trovoada, a Beatriz, o João e o guarda
Diamante estavam em casa e estavam a tomar o pequeno almoço. De
repente ouviu-se um trovão, a Beatriz escondeu-se debaixo da cama, o João
dentro da sua cama e o cão guarda enroscou-se dentro da sua casota.
Ficaram os três em silêncio.
De repente ouviu-se mais um estrondo e mais outro. Os três foram
espreitar e viram que era um vulcão em erupção a deitar lava. Espreitaram
melhor e viram que a lava era muito quente, vermelha, mais ou menos laranja
e roxa e havia pedras a cair. O vulcão era castanho escuro por fora, mas por
dentro era muito bonito.
Todos os animais do bosque estavam assustados e aflitos, mas admirados a
ver aquelas cores todas muito brilhantes a sair do vulcão. Decidiram juntar-
se todos e sair do bosque para se esconderem muito longe dali.
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Então, fugiram para uma selva cheia de fantasminhas bebés. A selva tinha muitas
árvores com maçãs, relva e lianas. Havia um rio e muitos animais. Os fantasminhas
voam pelo ar para apanhar maçãs.
Os passarinhos Beatriz
e João e o cão
Diamante quando lá
chegaram começaram a
procurar uma casa para
cada um. Conversaram
com os novos amigos e
brincaram. O cão
Diamante encontrou
uma casa num buraco
de uma árvore, a
Beatriz e o João
ficaram num ramo da
árvore.
O esquilo Riscas ficou zangado porque os
passarinhos estavam na sua árvore, mandou-os
embora e eles foram.
O riscas ficou triste porque já não tinha amigos
.Chamou-os outra vez e brincaram todos
juntos, afinal a árvore tinha espaço para todos.
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Os fantasminhas ajudavam quem não conseguia ir buscar as maçãs e as bananas ao
cimo das árvores. Mas atiravam as maçãs que batiam nas cabeças dos outros. Os
animais ficavam tristes e chateados. Os fantasminhas pediam desculpa pelo o que
faziam e ficavam amigos.
Mas os animais tinham uma missão, parar o vulcão …
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Os animais daquela floresta, resolveram juntar-se todos para terem muita força,
porque o vulcão era muito forte e não parava de mandar pedras.
Para ficarem muito fortes, decidiram beber muito leite especial, com farinha,
cereais e outras coisas mais, para fazerem muitos músculos.
Então os animais daquela floresta, beberam muito leite especial e ficaram com
muitos músculos grandes e fortes.
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Com a ajuda de pistolas, espadas e canas de pesca, foram tirar as pedras todas e
colaram com fita-cola muito forte noutro sítio, para poderem entrar no vulcão e
pararem o vulcão.
Porém, o vulcão continuava a mandar pedras e mais pedras sem parar.
Os animais das florestas juntaram-se todos e resolveram ir pedir ajuda à Fada
Madrinha.
Combinaram que o capitão da selva, o Esquilo, acompanhado pelo Piriquito João,
partiriam rapidamente para a casa da Fada Madrinha, para pedirem ajuda.
Depois de muitos dias de viajem chegaram a casa da Fada Madrinha que era
quase uma pessoa, mas tinha asas.
Os seus cabelos eram violeta e o resto do corpo, toda cor - de – rosa. Na
sua mão tinha sempre a sua varinha de condão.
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Quando chegaram lá, o Esquilo disse:
- Fada madrinha, precisamos muito da sua ajuda… não conseguimos parar o
vulcão ….. ele manda muitas pedras… Por favor…Fada Madrinha ajuda-nos!!
- A Fada Madrinha muito tranquila respondeu:
- Está bem, eu vou ajudar a parar o vulcão.
Com a varinha mágica, a fada madrinha atirou magia para as pedras, para dentro do
vulcão.
As pedras pararam um bocadinho, mas, de repente, o vulcão tornou a deitar as
pedras cá para fora, mais lava e fogo. E eles tiveram de fugir.
O periquito João e o esquilo Riscas voltaram para a casinha na selva.
Os outros animais, perguntaram:
- Está a correr tudo bem?
- Ninguém se magoou com o vulcão?
O esquilo e o periquito responderam`:
- A fada madrinha foi para o vulcão, ajudou com a varinha mágica, as pedras
pararam só um bocadinho, mas depois continuaram a sair de dentro do vulcão.
Os animais conversaram uns com os outros, como as pedras, a lava e o fogo estavam
a chegar à casa deles, na selva, eles correram, correram e foram para uma quinta.
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Ao chegarem à quinta, encontraram a ovelha Rita e disseram:
- Ajuda-nos, o vulcão não pára
A ovelha rita que estava a fazer camisolas de lâ, parou o seu trabalho e disse:
- O vulcão sujou a vossa roupa e por isso tomem estas camisolas de lã. Agora que já
estão quentinhos e limpos, contem-me o que é que se passa.
O piriquito João contou:
- O vulcão não pára de mandar pedras. Precisamos de ajuda de todos os animais da
tua quinta.
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- Está bem. Vou já chamar todos os animais para ajudar a parar o vulcão –
respondeu a ovelha.
O burro chegou e ele disse:
- Tive uma ideia para nos ajudar. Podíamos levar o moinho para deitar vento para o
vulcão e assim ele parava.
E todos os animais ajudaram.
Com um trator puxaram o moinho para o pé do vulcão e carregaram num botão e o
moinho começou a girar.
As pedras pararam de cair mas veio de repente uma pedra muito grande e destruiu
o moinho.
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Os animais da quinta tiveram de fugir
outra
vez...
Veio então a fada que disse:
- Sim eu ajudo.
E com a sua varinha fez...
ABRAKADABRA !!
TIMOM E TIMUM !!!
E magia...
Apareceu água que vinha de um rio e vento forte.
O vento empurrava a água , o fogo e as pedras.
As pedras desapareciam e o fogo apagava-se.
O João , a Beatriz e o Diamante espreitavam
espantados....
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Tudo á sua volta estava partido. As casas, as árvores, o moinho, a quinta e a
floresta.
Todos os animais estavam muito espantados e tristes.
O esquilo Riscas disse_ “ Não se preocupem amigos, em conjunto vamos
arranjar tudo?”
O esquilo Riscas disse_ “ Não se preocupem amigos, em conjunto vamos
arranjar tudo?”
Gritaram todos BOA IDEIA!!!
Este grito ouviu-se em todo o universo.
Vamos começar. Havia muito trabalho para fazer.
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Todos os animais tinham de ser fortes e ter muita coragem. Tinham de
beber leite especial e pão integral. Alguns não gostavam de leite mas todos
beberam.
As casas foram arranjadas com madeira e procuraram alguns paus para
servirem de telhas. Fizeram ninhos novos feitos de palha.
Plantaram outras árvores e regaram muito bem.
O João e a Beatriz colocaram muitas sementes na terra.
O cão Diamante ia buscar água ao rio com um balde e regava as sementes.
Rapidamente crescia plantas e árvores. Todos juntos arranjaram o moinho, as
velas. Plantaram relva nova.
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No fim fizeram uma grande festa, junto ao vulcão.
A festa tinha bolo, comida e croquetes.
Dançaram a música da Primavera, dançaram outras músicas divertidas e
fizeram algumas piadas com jogos.
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A festa durou muito tempo.
No final perceberam que todos juntos fazemos as coisas melhor e não é
preciso embirrar.
Se trabalharmos com alegria ficamos todos mais felizes.
Agradeceram todos á fada Madrinha, pois sem ela o vulcão não conseguia
parar e ela foi convidada para a festa, por ter ajudado tanto.
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1ºs Anos
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Era uma vez um país muito distante que só tinha duas aldeias: “Aldeia das Vogais” e
a “Aldeia das Consoantes”.
Todos os anos, por altura do verão, as letras juntavam-se e faziam uma enorme
festa com arcos e balões, risadas e foliões.
Quando chegou o dia da festa, a letra “A” fez uma birra, porque queria ser a rainha
da festa, mas todas as outras letras achavam que eram tão importantes como ela e
perguntaram-lhe:
- Porque é que queres ser rainha?
E o “A” respondeu:
Sou uma letra importante,
A primeira do alfabeto.
Sou gordinha, o bastante
Para dar o nome ao Alberto.
Entretanto, aparece a letra “E”…
Que aterrou na Portela
Para outros meninos continuarem
Esta história tão bela!
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Estavam vinte cinco meninos
na sala a letra E a treinar,
quando de repente bateu à porta
e desatou a berrar:
- Eu sou o E,
uma letra especial,
devo ser a rainha desta festa,
pois sou a mais difícil vogal.
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E no seu nome ouviu falar…
Mas outra letra a estava a acompanhar
Juntos uma palavra estavam a formar.
Desde logo a criançada lhe explicou
que a letra I era a mais original,
pois tinha sido a primeira
a esta sala chegar de forma natural.
Com esta justificação,
o E decidiu rapidamente dali bazar.
ao fundo do corredor foi encontrar
a sala do primeiro B,
onde ficou a observar.
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As duas aldeias um som novo podiam formar.
E de outros sons ouviu falar
Pá
Pi
Po
Pu
Mas afinal qual será a especial?
Será a consoante ou a vogal?
Os meninos do Linhó
a sua opinião vão dar
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Depois de muito se ler
E na escola aprender,
Conseguimos em conjunto encontrar
Uma conclusão para chegar.
Nem consoante nem vogal
Sozinhas vão ganhar.
O tesouro vão encontrar,
Na forma como se vão juntar.
Juntas um sentido encontrarão
Para cumprirem a sua missão.
Seja história ou ideia,
Uma nota, um recado ou instrução…
Acreditem que no Linhó
Escrever não é um bicho-papão.
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Cá em Sintra também não,
E já a todas conhecemos.
E ao país das belas letras
Uma lição queremos dar!
As letras são todas importantes,
As vogais e as consoantes,
Algumas têm desenhos brilhantes,
E outras são mesmo facinantes.
Cinco habitantes há na Aldeia das Vogais,
Vinte e um na Aldeia das Consoantes.
Qual delas a mais vaidosa e bonita?
Todas elas, umas magrinhas e outras gordinhas.
As letras finalmente perceberam
Que todas são importantes.
E as rainhas desta festa foram
Todas as vogais e todas as consoantes.
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2ºs Anos
”As aventuras do Sol”
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As aventuras do Sol
Sempre que o Sol brilhava e olhava para o lindo planeta Terra, nunca entendia
porque é que este era todo azul e também tinha umas manchas muito brancas.
Aquelas manchas faziam-lhe muita espécie!! O que seriam??
Resolveu ir procurar a Lua para lhe perguntar o que era aquilo ali muito branco.
Em conversa com a Lua, o Sol ficou a saber que aquelas manchas que ele via era o
Pólo Norte. Era a terra onde viviam os ursos polares e os pinguins, onde haviam os
esquimós e os iglus, onde apareciam os icebergues, onde se sentia a água muito
gelada e onde se pensava que vivia o Pai Natal.
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O Sol ficou a pensar em tudo o que a Lua lhe tinha contado. Como ele gostaria de
viajar até este lugar!!
Parecia-lhe o lugar perfeito; pois já estava farto de calor, gostava muito de viajar
e de conhecer coisas novas e para além disso ainda poderia ser que ficasse a
conhecer o Pai Natal e quem sabe até ser amigo dele . Seria fantástico!!!
Mas ao pensar nisto apercebeu-se que também corria alguns riscos. E se ficasse
congelado com o frio??? O que faria???
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Mesmo correndo este risco resolveu arriscar. Pediu então ao vento para o
empurrar até ao Pólo Norte.
E então lá foi empurrado pelo vento…
Quando chegou ao Pólo Norte, o gelo começou a derreter-se e o sol ficou muito
triste porque queria conhecer o Pai Natal e se, tudo derretesse, o Pai Natal ficaria
sem casa, poderia, até mesmo, afogar-se. Seria uma desgraça! Isso não podia
acontecer!
De repente começou a cair granizo…o que o sol derretia a granizo arrefecia… Uau!
Ainda havia esperança, nem tudo estava perdido.
Granizo e Sol tornaram-se bons amigos. Andavam sempre juntos, por mais estranho
que pareça, a brincar com os pinguins, ora pregando partidas aos esquimós, ora
jogando às escondidas com os ursos polares…
Mas, Sol queria muito realizar o seu desejo de conhecer o Pai Natal e, começou a
ficar triste, pois os dias iam passando e nem sinal dele…
Granizo começava a ficar preocupado com a tristeza do seu melhor amigo, pois este
já não brincava. E mal conversava.
Granizo decidiu juntar todos os animais e os esquimós para contar o que se passava
e pedir ajuda. Todos disseram que iriam ajudar e assim foi. Os pinguins foram ter
com as renas e pediram-lhes que dissessem ao Pai Natal para vir visitá-los pois
tinham um novo amigo que gostaria muito de conhecê-lo. As renas contaram que o
Pai Natal ainda não tinha regressado da sua viagem à volta do mundo…
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E foi ver se seria o Pai Natal.
Tinha fato vermelho, barbas longas e brancas, cinto e botas pretas, óculos
transparentes… seria ele…o sol estava emocionado.
Resolveu então perguntar àquele senhor:
- Você é o Pai Natal?
-Sim! Sou eu o Pai Natal! O verdadeiro e único.
O sol ficou tão feliz que se apresentou…logo e disse:
-Finalmente o encontro! Há tanto tempo que o procurava pelos 4 cantos do
planeta terra. Tenho uma grande pergunta para lhe fazer.
Como é que você consegue entregar, apenas numa noite, todos os presentes?
É que eu vejo-o lá do alto sempre a passar de um lado para o outro, no seu
trenó, com tantos embrulhos que, não entendo como é capaz de entregar tantos
presentes, apenas numa noite.
- Ho, ho, ho…, meu caro amigo Sol. Essa é uma boa pergunta. Vejo que tens
alma de curioso.
Vou contar-te o meu segredo mas tens de me prometer que não o vais
revelar a ninguém. Há muitos, muitos séculos que o guardo e é por isso que a magia
do Natal sempre intrigou toda a gente.
E o Pai Natal começou a contar o seu segredo.
-Na noite de 24 de dezembro quando já todos estão a dormir eu tenho um
relogio mágico que faz parar o tempo e consigo assim entregar todos os presentes
a todas as crianças deste mundo.
- E o que fazes o resto do ano? Perguntou o sol.
- No resto do ano passeio pelo mundo para ver quais as crianças que se
portam bem, e aproveito para conhecer lugares maravilhosos que o nosso planeta
tem.
O sol despediu-se do Pai Natal muito feliz de o ter conhecido e combinou
encontrar-se todos os anos com ele nesse lindo lugar que se chama Sintra.
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3ºs Anos
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A história que vamos contar passou-se há muito, muito tempo numa floresta onde
viviam muitos animais.
Estava uma linda manhã de Verão e os animais preparavam-se para começar um
novo dia.
Ali, vivia um panda a quem deram o nome de Confu, porque tudo lhe fazia confusão.
Ele era ainda muito novo, pequenino, cheio de pelo preto e esbranquiçado e tinha
uns olhos arregalados, focinho redondo, nariz achatado, orelhas arredondadas e
era muito dorminhoco.
Nesse dia, o Confu acordou com um alarido que vinha do outro lado do rio.
Nem teve tempo de se espreguiçar. Olhou à sua volta à procura da sua mamã
Confua, mas nem sinal dela.
O seu pequeno coração começou logo aos pulos.
No pinheiro ao lado, vivia o pica-pau Tautau, assim conhecido pelos barulhos
estranhos que fazia quando picava as árvores.
Era uma ave de penas escuras e crista encarnada com um bico muito comprido.
Passava o dia a martelar nas árvores.
Confu foi perguntar ao Tautau o que tinha acontecido, pois a sua mamã, não estava
junto dele quando acordou.
Tautau respondeu-lhe:
- Estava tão atarefado que não me apercebi de nada.
- Mas eu acordei com uns barulhos estranhos que vinham do lado do rio-disse
Confu.
- A mamã contou-me que, no rio vivia um crocodilo muito feroz.
-Não te assustes. Eu vou até lá ver o que se passa.
Tautau partiu dali esvoaçando e ainda gritou:
- Volto já!
O Tau-tau adorava fazer aquele percurso porque a paisagem era fantástica.
Antes de chegar ao rio, sobrevoava árvores
frondosas e verdejantes. Em algumas
havia frutos muito saborosos e noutras,
animais: esquilos, coalas, cobras e
pássaros multicolores. Ficava
deslumbrado! Quando chegou à margem do
rio, encontrou o tal crocodilo de quem o
Confu lhe falou.
A tremer disse para consigo:
- Não tenhas medo! Vai correr tudo bem! Ele não pode ser assim tão feroz!
Aproximou-se, com uma boa distância de segurança e gaguejou :
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- Cro-crocodilo! Co-como tens passado?
- Estou bem, mas preciso de uma
refeição nutritiva… - respondeu o
crocodilo com voz de trovão.
Na verdade, não era apenas a voz de
trovão do crocodilo Mirtilo que era
assustadora. Também o seu aspeto físico
o era: olhos amarelos, escamas verdes e muito enrugadas, um corpo muito
comprido, unhas e dentes afiados e cauda pontiaguda com a qual caçava as suas
presas.
Vendo o ar aterrado do Tau-tau, apressou-se a tranquilizá-lo:
- Não te preocupes! Não me serves de alimento. Preciso de algo mais
carnudo!
- Ufa…já me sinto mais aliviado… -
disse limpando o suor da testa com a sua
asa - vim até aqui para te perguntar
se viste a panda. Sabes, aquela bem
rechonchuda, branca e preta, com orelhas
redondinhas?
-Estás a brincar?! Todos os pandas são
assim e eu vejo imensos por estas paragens…
-Tens razão. Podia ter dito logo o nome. É
a Confua, a mãe do Confu. - retorquiu o Tau-tau.
O Mirtilo ficou maravilhado. Com a fome
que tinha, pensou que era a altura ideal de
caçar a mãe panda: a Confua estava sozinha
e indefesa. Mentir era a melhor resposta.
- Mas é claro que vi. Passou aqui perto e
seguiu em direção ao grande larício dourado.
Sabes qual é? Aquela velha e bela árvore de
folhas amarelas douradas?
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- Sei muito bem. É lá que vivem os
pavões. Obrigado pela informação! Foste
surpreendentemente amável!
E lá foi o Tau – tau, seguindo as
indicações do Mirtilo, sem de nada
desconfiar.
Mal o perdeu de vista, o crocodilo
rastejou na direção oposta, com ar
matreiro e convencido que o seu plano
iria dar certo.
Ao chegar à outra margem, o Mirtilo começou a
andar procurando as pegadas de Confua.
À medida que se afastava do rio, o Mirtilo encontrou
um campo de esquilos e, de seguida, o labirinto das
cobras. Uns metros mais à frente, reparou que
estava no pinhal quando uma pinha o atingiu na cabeça. Foi então que olhou para
cima e viu um puma num dos ramos. Assustado, começou a andar muito depressa até
chegar à fonte onde aproveitou para beber água e se recompor.
Retomou a sua busca. Voltou à direita e deu de caras com uma floresta de bambus.
Observou atentamente o que se passava por ali e distinguiu, no chão, três tipos de
pegadas, cada uma com a sua forma e o seu tamanho. Uma era constituída por três
conjuntos, apresentando o maior e mais atrás, uma forma arredondada irregular.
No semicírculo superior aparecem quatro marcas ovais, ligeiramente separadas
umas das outras e, acima de cada uma destas, um pequeno triângulo. Outra
assemelha-se a um tripé virado ao contrário em que o pé central é mais longo do
que os das pontas. A base é arredondada e tem, em baixo, uma espécie de gota
invertida. A última é parecida com a primeira com duas diferenças: no semicírculo
superior são cinco marcas ovais, cada uma com um triângulo e abaixo da forma
arredondada aparece outra forma circular mais pequena, sobre o lado esquerdo.
Mirtilo estava muito confuso; não sabia que pegadas seguir. Identificou as
segundas como sendo de galinha mas tinha dúvidas se alguma das outras era de
panda. Resolveu seguir as primeiras.
Andou uns metros enquanto aproveitava para apreciar a paisagem e procurar a
Confua.
Distraído, tropeçou num enorme pedregulho, ficou voltado de costas e começou a
ser engolido pelas areias movediças. Foi sugado durante cinco metros a uma
velocidade crescente, até que embateu numa superfície plana e gelada.
O gelo começou a rachar e o Mirtilo conseguiu virar-se.
Nadou em profundidade até encontrar a boca de um cano que estava tapado.
Desenroscou a tampa e, cautelosamente, espreitou.
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De súbito, foi disparado por um geiser e, uns quilómetros à frente, aterrou junto
das três pegadas. Já sabia que umas eram de galinha e concluiu que tinha seguido
as erradas, que eram de chita. Nesse instante, percebeu que devia escolher as
terceiras pegadas pois essas seriam de panda.
Caminhou nesta direção. À sua esquerda começou a ouvir o esvoaçar de uma folha;
era um bilhete que a Confua tinha escrito ao filho, avisando-o que estava na
Oculeta, a caverna do seu velho e sábio amigo Óculos.
Mirtilo, decidiu dirigir-se à Caverna do amigo óculos e verificar, se Confusa
se encontrava lá.
Assim foi. Quando chegou, ouviu as vozes de dois pandas a conversarem.
Parou, pensou e agiu!
Olhando em volta, reparou que havia muitas canas de bambu e folhas.
Surgiu-lhe a ideia de fazer uma armadilha, para caçar a Confua, quando esta saísse
da gruta.
Sendo ele um crocodilo, tinha pouca agilidade para construir uma armadilha.
Limitou-se a procurar um buraco para o tapar com várias canas de bambu,
apetitosas, com bom ar, para atrair a atenção da Confua.
E realmente aconteceu. Quando Confua saiu da gruta, ficou maravilhada,
com água na boca e com um apetite voraz, pelo molho de canas de bambu que se
encontravam à sua frente. Dirigiu-se para o seu belo almoço, quando Mirtilo que já
estava farto de esperar e com muito apetite, atirou-se à Confua e foi ele próprio
que caiu na sua armadilha.
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Confua, ficou muito surpreendida com o que se estava a passar, mas foi
saber se Mirtilo estava bem. Mirtilo, gemia de dores! Estava assustado e
arrependido da sua ganância. Pediu ajuda! A Confua, que tinha um bom coração,
decidiu ajudá-la. Mas com uma condição:
- Para te tirar daí, terás que prometer que daqui para a frente irás ser
vegetariano.
- „Blhac‟!! Que porcaria! Eu gosto mesmo é de carninha!!
- Está bem. Então ficas aí!!
- Não! Não! Eu adoro ervas, folhas, canas, frutos, etc.
- Crocodilo, aceitas ser vegetariano?
- Sim!!! Mas por favor tira-me daqui!!!
Confua reuniu alguns animais da floresta para a difícil tarefa de tirar o
crocodilo do buraco. E quando o retiraram, alguns animais, com medo, fugiram a
sete pés, não vá o crocodilo voltar atrás e dar uma dentada nalgum deles.
Mas Confusa, manteve-se! Acreditou no Mirtilo. E fez bem, pois Mirtilo, pediu a
Confusa ajuda para a sua mudança de hábitos alimentares.
E assim, um panda e um crocodilo, ficaram amigos para a eternidade!
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4ºs Anos
“Miguel, um menino
diferente”
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Miguel, um menino diferente
Há muitos anos atrás, numa ilha
distante, vivia um menino chamado
Miguel. Desde muito pequeno, ele dormia
de dia e ficava acordado toda a noite.
Quando era bebé, os seus pais tentaram
tudo: contavam-lhe histórias, davam-lhe
banhos quentes, punham-no a ver
televisão e nada resultava.
Com o passar do tempo, os
seus pais foram desistindo e ele
passou a ficar sozinho no quarto. Pela
sua cabeça passavam mil e uma
ideias…
Numa das noites, o Miguel imaginou que tinha encontrado uma baleia na
praia. Ela estava em perigo porque tinha pouca água e as ondas empurravam-na para
as rochas. O Miguel conseguiu ajudar a baleia quando a maré subiu.
Como agradecimento, ela propôs ao seu salvador uma viagem ao fundo do
mar…
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A determinada altura, os dois deparam-se com algo fascinante e
surpreendente. Perante os seus olhares incrédulos, surgiu uma enorme bola
cintilante de onde saíram as mais raras e belas espécies marinhas.
Sereias de cabelos escuros e curtos, o maior tubarão dos mares de todo o
planeta que, apesar de assustador, era muito simpático, um cavalo marinho repleto
de diamantes com três metros de altura e dois de largura que deslumbrava e
assustava qualquer um. Criaturas de todas as cores e feitios, jamais vistas nos
sete mares, que nadavam num baú de água colorida, fruto do reflexo do belo arco-
íris que ia surgindo naquela fabulosa cidade da fantasia.
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Cada vez mais embasbacados, o Miguel e a baleia iam avançando naquele
invulgar lugar, onde tudo parecia mágico e real!
À medida que iam, fascinados, avançando, encontraram ainda vestígios de
um naufrágio. Avistaram restos de um navio pirata de onde saíam cardumes dos
mais estrondosos peixes dourados, que exibiam magníficas e elaboradas
coreografias ao som do borbulhar das ondas, e dos mais belos cânticos das suaves
vozes que ecoavam das singelas boquinhas de lindas e formosas princesinhas,
guardadas, perante os olhares atentos e protetores, de guardas, vestidos a rigor.
Depois de algumas horas a contemplar e a admirar este digno espetáculo,
eis que acontece algo terrífico a Miguel…
4º A EB1 do Linhó
… De repente, no seu sonho acordado, ouviu-se
um barulho assustador e, após breves instantes, surgiu
diante dos seus olhos, cheios de espanto e medo, uma
enorme cratera de lava e fogo no fundo do mar, que
iluminava e aquecia tudo à sua volta.
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Não se via o fundo da cratera! Até onde iria
aquele buraco gigante e escaldante?!
Não se via ninguém!... Todos os animais, plantas,
corais, rochas, tesouros, tudo tinha sido engolido por
aquela espécie de vulcão no fundo do mar.
Miguel queria sair dali, fugir daquele lugar, mas
não conseguia dar um passo, assustado como estava!
Logo outro estrondo se ouviu! De imediato
tapou-se a cratera que tanto o apavorou e tudo voltou
ao normal no fundo do mar…
Apesar disso, Miguel continuava
assustado! Até que ouviu uma voz, doce e
melodiosa, que o chamava: - Miguel,
Miguel, acorda meu querido!... - era a sua
mãe que chamava.
- Anda, vamos dormir. Hoje eu
fico contigo até vir o soninho!...
Mas que confusão a vida do Miguel … enquanto todos dormiam, ele ficava
acordado na agitação das suas descobertas e aventuras! Mas nesta
manhã, que era o início da noite para o Miguel, algo diferente aconteceu.
Como a viagem imaginária ao fundo do mar estava, ainda, muito presente
no seu pensamento, Miguel não conseguiu adormecer e foi ficando
acordado até ao anoitecer. Vencido pelo cansaço e pela falta de sono,
Miguel, finalmente, adormeceu mas continuou a sonhar.
Sonhou que mergulhou até às profundezas dos mais belos oceanos. Mas,
estranhamente, neste sonho, todas as criaturas marinhas e seres que
povoam os sete mares, estavam quietos, num profundo e sereno sono.
Apenas o balançar sonolento das algas e as bolhinhas de ar que saiam dos
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bocejos de alguns peixes, faziam cm que aquele lugar não estivesse
totalmente imóvel.
Miguel nadou por uma longa extensão de mar e foi espreitando para
dentro das grutas mas os cardumes, cada um no seu lugar, dormiam
tranquilamente. Dava uma espreitadela nas frestas das rochas, para se
descobria algum polvo mas também estes, estavam enrolados nos seus
tentáculos. Nos castelos, também tudo estava sossegado, porque todas as
sereias dormiam no aconchego das suas algas e conchas.
Mas que estranho! Pensou Miguel. Porque estaria tudo tão calmo? Onde
estava a agitação do fundo do mar? Foi então, que o nosso rapaz
descobriu a sua amiga baleia, aquela que ele ajudou, no início, a sair das
rochas. Miguel foi ter com ela, acordou-a delicadamente e perguntou-lhe
o que se passava nas profundezas do mar. Ainda sonolenta, a baleia
explicou-lhe que era noite e a noite é quando todas as pessoas e quase
todos os animais dormem. Quando amanhece, tudo ganha vida e
harmonia. É assim que acontece no mundo natural. A baleia fez-lhe
entender que também ele deveria dormir durante a noite e acordar de
manhã, para fazer tudo aquilo que um menino da sua idade faz: levantar-
se cedinho, tomar o pequeno almoço, ir para a escola aprender e
descobrir coisas, fazer novos amigos e brincar.
Finalmente, Miguel compreendeu que tinha que mudar os seus hábitos de
sono mas, ao mesmo tempo, ficou preocupado, porque ele queria
continuar a visitar a baleia e tudo o que havia nos mares. Para isso
também havia solução! A amiga baleia contou-lhe que todos temos a
capacidade de sonhar enquanto dormimos ou quando estamos acordados.
Ela ainda lhe deu uma ideia fantástica. Se o Miguel tirasse o curso de
mergulhador, poderia ir visitá-la sempre que quisesse.
E foi isso que aconteceu. Miguel passou a dormir de noite e durante o dia,
quando tinha tempo, mergulhava até ao fundo do mar.