Post on 17-Oct-2021
Profa. AdryaneGorayeb
Geografia/ UFC
História da Cartografia
Planta da Villa de Fortaleza, 1730
Apresentação do tema: mapas de ontem e hoje
Flórida, EUA, 1591
Nos séculos passados, ninguém sabia os contornos do mundo: os primeiros mapas eram imprecisos e aproximados.
Boa parte dos mapas dos séculos 16 e 17 eram traçados com base nomar. A imagem de 1619 mostra o litoral italiano muito mais acidentadodo que ele de fato é – cada entrada da costa foi exagerada.
Itália, 1619
Holanda, 1570
Desde 1570, data deste mapa da Holanda, o país ganhou muitaterra. Graças aos famosos pôlderes e diques o país mudou otraçado litoral e hoje tem 25% de seu território abaixo do nível domar.
Roma, 1688
Desde 1688 o centro histórico de Roma quase não mudou. O traçado deruas e quarteirões continua o mesmo.
Lübeck, no norte daAlemanha, foi fundada noséculo 8 e já no século 10se tornou uma cidademurada, como mostradono mapa de 1678, estandode pé até hoje. Nice, no sulda França, foi fundada em350 a.C. e no século 17ainda era um vilarejopacato, tendo a costa hojetomada por um aeroporto.
Alemanha (séc. 8) e França 350 a.C.
Brasil 1515 – dias atuais
Os contornos do Brasil só foram ajustados aos poucos, e osprimeiros mapas do nosso país eram para inglês ver: ressaltavamas riquezas naturais, os índios sem roupa, os rios abundantes – eescorregavam na geografia.
Mas... Como tudo isso começou?
A CARTOGRAFIA DOS POVOS PRIMITIVOS
A concepção da forma da Terra era representada
em muitas civilizações por um disco plano, em
outras, assumia a forma de uma semi-esfera, e
às vezes apresentava uma forma mística.
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Concepção da forma da Terra, dosindígenas da América, trazida e ilustradapelos conquistadores espanhóis para aEuropa, onde a mesma era vista como umdisco plano carregado por três gigantescasbaleias que flutuavam sobre o oceanoprimordial no espaço infinito (VOLKOV, A,1969).
Muitos povos vão desenvolver um certo
sistema de representação cartográfica do seu
ecúmeno, a partir dos materiais que eles tem
disponíveis:
peles de animais,
conchas,
fibras de palmeiras,
placas de barro cozido, ou
gravadas nas paredes das cavernas.
Mapa de Ga-Sur - BabilôniaCarta de Navegação das Ilhas Marshall
Para muitas tribos primitivas o conhecimento das direções e
distâncias era uma questão de vida ou morte (demarcação
do seu território, localização de água, caça, pesca e coleta
de frutos).
Mapa rupestre encontrado desenhado em um penhasco na região de Bedolina– vale do rio Pó – Itália, datado de 2.400 a.C. – Idade do bronze (OLIVEIRA, C, 1988)
Os gregos desenvolveram as
bases do sistema cartográfico
atual;
No início de sua civilização, os
jônicos se basearam muito na
cultura babilônica, onde
conceberam uma Terra de origem
e forma mitológica, a Geia que
assumia a forma de um disco
plano rodeado por um mar em
circulação.
CARTOGRAFIA GREGA
Fonte: http://greciantiga.org/lit/lit03b-2.asp
Representação gráfica da primeiraconcepção grega a respeito da origem eforma da Terra e do Universo [cf.descrição de Hesíodo]. Século -VIII a.C.
No Helenismo grego a Terra é concebida filosoficamente como
uma esfera perfeita, comprovada mais tarde por Aristóteles através
dos eclipses.
A sombra da Terra em forma de arco, projetada sobre a lua, durante um eclipse lunar, foi a prova física perfeita para Aristóteles, deduzir e provar
que a Terra era uma esfera.
Os gregos admitiram a existência dos Pólos, do Equador, dos
Trópicos e Círculos Polares; e desenvolveram um sistema de
localização nos mapas, através de coordenadas (latitude e
longitude):
Demócrito de Abdera (450-360 a.C.) introduz na geografia os
termos de latitude e longitude.
a partir da ideia de um mundo retangular é que os gregos
passaram a denominar as medidas de distâncias no sentido norte-
sul da Terra de latitude (latu=largura)
e as medidas no sentido leste-oeste longitude (longo = alongado),
derivando, daí o costume do uso dos termos.
A posição do sol durante o solstício de verão para as cidades deSiena e Alexandria, no Egito (GROUEFF, 1976, 22)
No século II a.C., Eratóstenes de Cirene (276-196 a.C.)
Calculou aproximadamente o tamanho da circunferência da Terra:
Eratóstenes:
-Raio Médio da Terra =6.266,725 km.- Circunferência = 39.375 km
Hoje:
-Raio médio da Terra = 6.371km-Circunferência = 40 074 km.
Geógrafo, matemático eastrônomo grego, viveu emAlexandria entre os anos de 127 a145, quando a Grécia já eradominada por Roma.
Por volta de 150 d.C., eleescreveu a sua famosa obra“Síntese da Geografia”
Cláudio Ptolomeu (90- 168 d.C. - século II)
Foi uma obra composta de oitovolumes de pergaminhos,manuscritos e ilustrados por ummapa-múndi, além de 26 mapasque apresentam detalhescontinentais.
MUNDO DE PTOLOMEU (Século II d.C)
Os romanos desprezam o apogeu da cultura helenística
dos gregos e voltam a representar a Terra como um disco
plano.
O tipo de representação que melhor traduz o espírito
romano é o mapa “Orbis Terrarum”, com a Ásia voltada
para o topo e onde Roma ocupa o centro de todas as
atenções, o mundo todo gira em torno de Roma.
A CARTOGRAFIA ROMANA
O mapa-múndi, "Orbis Terrarum“ por Marcus V. Agrippa, ano 20 a.C., representando a Terra como um disco plano.
É a maior expressão da Cartografia romana, nos primeiros tempos do Império (Raiz, 1969)
Folhas central do pergaminho que fazparte da Tábua de Peutinger. Retrata aposição de Roma.http://www.henrydavis.com/MAPS/carto.html
De modo geral os romanos vãodesenvolver mapas práticos, para finsmilitares e administrativos;
Desprezaram as projeções, as suasrepresentações são mais pontuais dotipo mapas de caminhos e plantas decidades;
A representação gráfica era feita emtábuas, rolos de pergaminho.
CARTOGRAFIA NA IDADE MÉDIA
Durante a Idade Média as
ciências e artes foram lentamente
desenvolvidas e eram
impregnadas de cunho religioso
Os escritos de Solinus na sua
“Collectanea” levaram os
homens medievais a temerem em
navegar longe das costas e aos
geógrafos apresentarem seres
monstruosos como habitantes dos
mares Mapa mundi de Psalter, 1225 d.C. (orientação com Leste ao topo).
Retrata bem o domínio dos princípios bíblicos sobre a visão que os homens deveriam ter da Terra e a sua representação cartográfica, durante a baixa e Idade
Média.http://www.henrydavis.com/MAPS/carto.html
Por volta do século VIII, a Terra
passa a ser vista como um disco
plano, o “Orbis Terrarum” dos
romanos, agora tripartido, com o
“T” sobre o “O” e com Jerusalém
ocupando o centro das atenções
Os geógrafos e cosmográfos
tinham que se dedicar na busca de
um caminho mais curto entre
Roma e Jerusalém
O mapa T no O (Orbis Terrarum) representa um mundo redondo, rodeado deágua e subdividido nos três continentes então conhecidos (Raiz, 1969)
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No século IX, o mundo islâmico passa a produziu uma cartografia,convertendo-se em um continuador do desenvolvimento científico dosgregos.
Mapa-múndi retangular de Al-Edrisi, 1152 d.C. (orientação do Sul ao topo)
http://www.henry-davis.com/MAPS/carto.html
Paradoxalmente, na Idade Média, se produz um salto qualitativo
de singular importância na história da cartografia com o
surgimento da bússola.
Tudo indica que sua origem é Chinesa, mencionando-se no ano
de 83, uma colher talhada de magnetita, que ao girar sobre una
placa de bronze polida assinalava a direção Sul.
A aparição das bússolas com agulhas suspensas e sua aplicação à
navegação, parece ser mais tardia, provavelmente entre os séculos
IX e XIII.
Instrumentos de Levantamento Cartográfico
Instrumentos de Levantamento Cartográfico
No final da Idade Média, começam a aparecer as Cartas de navegação chamadas de
“Cartas Portulanas” que vai dar origem ao Atlas Catalão no início do Renascimento.
Esta forma de representação cartográfica constituía-se, em mapas (cartas de
marear) utilizados para navegar no Mediterrâneo, e sobressaíram-se dos demais
mapas produzidos durante toda a Idade Média, pela exatidão nas localizações e
precisão da apresentação dos contornos das costas dos países Mediterrâneos.
A origem das cartas portulanas remonta ao século XIII.
A sua aparição foi em consequência da cópia para o pergaminho, das anotações das
cadernetas de instruções dos navegadores italianos e catalães que navegavam no
Mediterrâneo.
Assim, o translado destas informações registradas nas cadernetas, para o
pergaminho, veio a formar as primeiras cartas náuticas.
Carta portulana Pisana de Angelino Dulcert (1339), representa as costas da
Europa, África e Ásia Ocidental, usada para navegação no mar Mediterrâneo
(Raiz, Erwin. Cartografia Geral, p. 22, Rio de Janeiro, Científica, 1969).
O entrelaçamento do desenho, destas direções que coincidiam
com os 8 principais ventos, vai dar origem ao que hoje
conhecemos como a Rosa dos Ventos.
O Atlas Catalão de 1375 é o auge da forma das “cartas portulanas”.A representação do Oriente seguiu os textos de Marco Pólo.
http://www.henry-davis.com/MAPS/carto.html
A Impressão
Em meados de 1455, o Johannes Gutenberg realizou seugrande sonho.
Após anos de pesquisas e trabalho, imprimiu seuprimeiro livro, impresso com uma técnica inédita einfalível: a prensa de tipos móveis.
A técnica de impressão com moldes não era novidade -já tinha sido iniciada havia 14 séculos na China por meioda impressão de gravuras.
A impressão em massa, possibilitada a partir daí,transformaria a cultura ocidental para sempre.
Antes dela, cada cópia de livro exigia um escriba - queescrevia tudo a mão, página por página.
Em 1424, por exemplo, a Universidade de Cambridge, noReino Unido, possuía apenas 122 livros.
Gutenberg conseguiu, com seu invento, suprir acrescente necessidade por conhecimento da Europa rumoao Renascimento.
Em 1500, cerca de 15 milhões de livros já haviam sidoimpressos.
Mercator é sem dúvida a figura mais relevante deste período, não em vão seus contemporâneos o consideravam o Ptolomeu de seu tempo.
Gerardus Mercator(1512-1594)
Os últimos anos de sua vida, ele os dedicou a formar uma nova série de mapas de toda Europa, empregando, pela primeira vez, o vocábulo Atlas, que infelizmente não pode terminar.Os mapas foram terminados por seu filho Rumold, o qual os publicou no ano de 1595 sob o título de AtlasMercator determina as bases da cartografia moderna ao eliminar os desenhos fantásticos, que tanto adornavam os mapas, e ao introduzir uma verdadeira simbologia cartográfica.
Mapa-mundi de Mercator (1569)
Seu mapa emblemático, e que passou à posteridade, foi o mapa-múndi de 1569, editado em
Duisburg, um desenvolvimento cilíndrico direto e conforme que resolveu definitivamente o
problema secular da navegação.
No final do século XVI e início do XVII apareceu, pela primeiravez, a luneta, cuja importância vai mais além das evidentesaplicações topográficas.
O SÉCULO DOS ATLAS
Galileo Galilei e o telescópio que construiu.
Uma das peculiaridades que mais ilustra o grande espíritocientífico do século é a consolidação definitiva do sistemaheliocêntrico defendido por Copérnico.
O predomínio holandês nas expedições marítimas, daprimeira metade do século, segue paralelo ao exercido nocampo da Cartografia, mantendo assim o que já haviacomeçado na época de Mercator.
O foco principal da produção cartográfica holandesa seencontrava em Amsterdam.
Joan, filho de Blaeu publicou o “Atlas Maior” (1662), que com
a luxuosa encadernação, com os 600 mapas e 3000 páginas de
texto, se converteu em uma obra que devia estar presente em
todo o tipo de coleção.
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Amsterdam se converteu inexoravelmente não só nocentro de produção, mas também na comercialização demapas
Nesse clima favorável temos que situar a W. J. Blaeu,matemático e cartógrafo incansável que chegou a ser umadas figuras mais destacadas na historia da cartografia.
A Blaeu se devem os primeiros mapas com orlasdecoradas.
O papel preponderante de Blaeu, na cartografia náutica,se acentuou quando, em 1633, foi nomeado cartógrafooficial da Companhia das Índias Orientais, já que assimpode dispor de um grandioso arquivo cartográfico, até suamorte.
África e América no Atlas Maior de Joan Blaeu. O mapa da América é de N. Visscher, observe que a California figura como ilha.
O atlas mais bonito e maior que jamais se havia editado, se
publicou em cinco idiomas (holandês, latim, francês, alemão e
espanhol) e chegou a ser também o livro mais caro, posto a
venda na segunda metade do século.
Este Século dos Atlas, resultou também o posterior desenvolvimento da geodésia
com a criação, em Paris (1666), da Real Academia de Ciências.
Em expedições científicas, amparadas pela Academia de Ciências francesa, ao
Vice-reinado do Peru, os franceses evidenciaram, com toda clareza, a necessidade
de substituir o modelo esférico por outro elipsoidal, semelhante ao proposto por
Newton.
O século XIX é caracterizado pelo desenvolvimento dosserviços geográficos nacionais.As necessidades da navegação obrigaram as potênciasmarítimas a efetuarem levantamentos costeiros de todas aspartes do Mundo. Os sistemas de projeção também foram estudadosdetalhadamente.
A CARTOGRAFIA NO SÉCULO XIX
No século XIX, merece destaque especial na história da
cartografia Náutica do Brasil, porque nesse século teve início o
levantamento hidrográfico do Litoral Brasileiro.
Hidrógrafos franceses efetuaram o levantamento da costa do
Brasil, possibilitando a construção de cartas náuticas de todo o
litoral brasileiro.
SÉCULO XIX
181118
1815
1848
1854
1860
Primeiro mapa geológico de Paris
Primeiro mapa geológico de Londres
Publicado em Londres um mapa que representava
doenças endêmicas, como por exemplo o cólera
Aquisição das primeiras fotografias aéreas, a partir de
balões.
Publicado em Londres um Atlas Mundial, bastante
uniformizado
Mapa brasileiro de 1827, por J. Filayson, mostra o território brasileiro antes da aquisição do Acre pelo Brasil junto a Bolívia.
SÉCULO XX
Déc. 40
1955
Déc. 50
Avanço de diversas tecnologias, especialmente os primeiros
computadores, modificando os padrões clássicos da geografia
A Região Metropolitana de Detroit, EUA, encomendou um estudo
para subsidiar o futuras rotas de circulação de tráfegos
Meteorologistas, geofísicos e geólogos incorporaram em suas
atividades rotineiras os mapas gerados por computadores
Déc 70 Marcada pelo desenvolvimento dos SIGs para o Planejamento e modelamento relacionadas com o meio urbano
1972
1973 O Historiador Alemão Arno Pertes cria o seu planisfério.
Os SIGs incorporaram os produtos derivados do sensoriamento
remoto nas análises espaciais
Até a metade do século XX, a grande revolução da cartografia é determinada,principalmente, pelo emprego da aerofotometria e depois da década de 60, com osensoriamento remoto por satélites e radares, além de instrumental necessárioaos levantamentos.
Projeção Cilíndrica Equivalente de Peters
http://www.mapashistoricos.usp.br/
Dica de Navegação...
A Grande História dos Mapas 1/2https://www.youtube.com/watch?v=NCi-Tsd86ecA Grande História dos Mapas
2/2https://www.youtube.com/watch?v=O6wEO6c89Y0
Dica de Filme...
Vídeo: Formação do Território Brasileiro (das sesmarias à 1988):https://www.youtube.com/watch?v=Q1P4IDWGKxc&feature=youtu.behttps://www.panmythica.com/2008/04/mapas-histricos-do-brasil.html
Dica de Filme...
Referências desta Apresentação
História da Cartografia: HUECK, Karin. Futuro do Pretérito. Revista SuperInteressante, editora Abril, ed. 292. p.64-67, Junho, 2011.
500 anos do Brasil sob a ótica da cartografia / organização: Conceição Cunha, Dária Cardoso Nascimento. Local: [Salvador]. Editor: Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia. Ano: [2000]
Slides de aula do Prof. Reginaldo Luiz Fernandes de Souza da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), campus Tabatinga.
Divisão de grupos para apresentação de seminário sobre história da Cartografia:
1 - Os mapas primitivos2 - Os antigos levantamentos3 - Os mapas medievais4 - A cartografia moderna5 - Os levantamentos modernos6 - Os mapas do Brasil nos primeiros séculos7 - A cartografia brasileira do século XIX8 - A moderna cartografia brasileira9 - Os mapas de ontem e de hoje
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