Histórias Naturais: Como narrar as experiências de pessoas comuns pode salvar o jornalismo...

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Histórias

NaturaisComo narrar as experiências de pessoas comuns pode salvar o jornalismo ambiental

MARCELO LEITESUSTENTAR 2015

15 de outubromarcelo.leite@grupofolha.com.br

SUMÁRIO

1. Por que é difícil conquistar leitores para

a mudança do clima

2. Como pregar para os que já não

estão convertidos

3. Um dos modelos possíveis: narrativas

multimídia

1. Por que é difícil

conquistar leitores

Mudança do clima não é para qualquer um

1. Por que é difícil conquistar

Problemas + urgentes Polarização nas redes

1. Por que é difícil conquistar

Complexidade do tema Excesso de ciência: GWP, GtCO2eq, GHG,

CH4, NOx, HCFC, IPCC, AR4

Negociações arrastadas e burocráticas: ECO-92, COP-21, UNFCCC, KP, SUBSTA

Modelos climáticos:

cenários, incertezas,

margens de erro,

feedbacks, incógnitas

1. Por que é difícil conquistar

Responsabilidades pulverizadas 7,3 bilhões de pessoas (2015)

9,7 bilhões de pessoas (2050)

196 países membros da UNFCCC

Efeitos todos no futuro distante (2050-2100)

Combustíveis fósseis estão na base de todas as

comodidades da vida atual (energia)

2. Por que pregar para os

não convertidos

Mudança de convicção não é para qualquer um

2. Pregar aos não convertidos

Três coisas são fundamentais, sempre:

didatismo, didatismo e didatismo

Porém: não ser didático demais

Oferecer contexto sem ser detalhista

Um exemplo (vídeo de 3min30s):

https://youtu.be/x2iXXqYD0zo

Outro exemplo (vídeo 2min):

https://youtu.be/QCv0XSwQ1Kg

2. Pregar aos não convertidos

Tornar mais concretas as contribuições

individuais – para o problema e também para

a solução

Ex.: Calculadora de pegada de carbono da

ONU (com opção para neutralizar)

http://climateneutralnow.org/Pages/footprintca

lculator.aspx

2. Pregar aos não convertidos

Mostrar que o futuro climático não está tão

distante assim

Eventos extremos jão estão acontecendo

hoje (incêndios, enchentes, furacões)

Mas todo cuidado é pouco: cientistas ainda

relutam em vincular cada evento, em

particular, com a mudança do clima

Cantareira, SP (Foto: Lalo de Almeida)

Madeira, RO (Foto: Lalo de Almeida)

Santa Cruz, PB (Foto: Lalo de Almeida)

2. Pregar aos não convertidos

Precisamos contar mais histórias, como

disse Fernando Meirelles em Curitiba:

“Atenção, cientistas - Ninguém liga para o

seu sapo!”

Histórias de gente que sofre os impactos

Histórias de gente que tenta resolver

PORÉM: encontrar novos meios e

plataformas, para atingir outros públicos

3. Um modelo possível:

narrativas multimídia

Mudança de plataforma não é para qualquer um

3. Narrativas multimídia

Combinar texto, fotos, vídeos e infografia

animada para mostrar “Tudo Sobre”

Conceito clássico de reportagem: levar o

leitor até o teatro dos acontecimentos

Pressuposto: a maioria dos leitores nunca

terá acesso a esses locais e pessoas

Se a história for bem contada, poderão no

entanto identificar-se com eles

3. Narrativas multimídia

Três experiências publicadas pela Folha:

2013: www.folha.com/belomonte

2014:

http://arte.folha.uol.com.br/ambiente/2014/09/

15/crise-da-agua/

2015: www.folha.com/desmatamento

3. Narrativas multimídia

Um exemplo de histórias de gente que sofre

os impactos da mudança do clima (ou

eventos atuais similares)

“Água Demais: a enchente de lama no rio

Madeira” (2min de vídeo de 9min30)

http://mais.uol.com.br/view/15197214

3. Narrativas multimídia

Exemplo de narrativa em texto:

“Nasci aqui e nunca vi uma alagação como

essa. Mas o que mais espantou não foi a

água, foi o aterro”, conta Leonor Pereira da

Silva, 58, mulher de um pescador e

funcionária da escola de São Carlos,

localidade no município de Porto Velho (RO),

às margens do rio Madeira. (continua)

3. Narrativas multimídia

Na vila, a 70 km rio abaixo da capital do Estado,

já era costume entre os moradores, na época da

cheia, usar armações de madeira –as

“marombas”– para suspender móveis e outros

pertences dentro de casa, salvando-os da subida

da água. Em março de 2014, porém, a enchente

já tinha ultrapassado as marombas de muitas

residências. Quando a água começou a baixar,

em maio, quem voltava para casa encontrava um

metro de lama nos cômodos.

3. Narrativas multimídia

Um exemplo de histórias de gente que tenta

resolver o problema:

“Carne Verde” (2min de vídeo de 8min)

https://youtu.be/EeuhjN469DY

3. Narrativas multimídia

Um exemplo de narrativa de texto:

Caprichosa, uma novilha de quase 200 kg, resiste por dez minutos a entrar no corredor que conduz ao “tronco” de pesagem. Não mais que dez metros a separam da barulhenta armadilha de madeira e metal acoplada à balança.(continua)

3. Narrativas multimídia

Sacos de aniagem na ponta de varas fazem

as vezes das bandeirolas, recomendadas nas

boas práticas da pecuária para conduzir o

animal sem irritá-lo, pois o estresse prejudica

a qualidade da carne. Caprichosa as ignora e

pula de lá para cá, decidida a não entrar no

corredor. Quando finalmente entra, empaca

de novo. (continua)

3. Narrativas multimídia

Ronildo Martins Carvalho, gerente da

Fazenda Nelore Beviláqua em Alta Floresta

(MT), troca a bandeirola pela haste de metal

na ponta de um cabo elétrico e aplica

choques na novilha. Minutos depois o mesmo

recurso será empregado pelo motorista de

caminhão para embarcar dezenas de

animais. (continua)

3. Narrativas multimídia

Cada descarga deixa um hematoma na

carne, que só se tornará visível na carcaça,

após o abate. A marca de sangue acaba

removida pelo frigorífico e resulta em perda

de remuneração para o produtor. Mas na

Beviláqua os peões ao menos tentam usar as

bandeirolas, enquanto noutras fazendas

impera a eletricidade.

MENSAGEM PARA

GUARDAR

Vamos pôr a boca no trombone

ou vamos continuar falando

sozinhos?

OBRIGADO

MARCELO LEITE

marcelo.leite@grupofolha.com.br

(11) 3224-7641