História Indígena Aula 3 Do estranhamento às alianças (Séc ... · impressionar-lhes com seus...

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História Indígena Aula 3 Do estranhamento às alianças (Séc.

XVI)

Antes de Cabral

A idade pré-cabralina do Brasil é caracterizada por um forte movimento expansionista de índios Tupis que haviam povoado praticamente todo o litoral brasileira, expulsando seus adversário, Jês, para o interior.

Os tupis eram populações diversas e com línguas diferentes baseadas em raiz única, os jesuítas comunicavam-se com diversas tribos e criaram os primeiros dicionários e gramáticas.

Homogeneidade linguística como fenômeno

Distinções e rivalidades

Tupi: Potiguaras, Tupinambas, Tabajaras, Tupiniquins, Caetés, Tamoios.

Os tupis ocuvam o litoral de modo recente e costumavam identificar as tribos inimigas (Tapuias) de modo pejorativo

Jês: Aimorés, Goitacaz, Botocudos, Tremembés, Carajás, Xavantes

Povos Indígenas Pré-Cabralinos

Informações iniciais

Em 22 de abril de 1500 uma esquadra comandada pelo fidalgo português Pedro Alvarez Cabral desembarca no litoral da atual Bahia (Porto Seguro).

A esquadra de Cabral contava com 10 naus e 3 caravelas, com mais de 1200 homens, entre eles:

Piloto da frota: Afonso Lopes

Cirurgião: Físico Mestre João

Escrivão: Pero Vaz de Caminha

Capelão: Frei Henrique Soares

Acidente ou intenção? -> A maior expedição até então lançada por Portugal e trajeto extremamente rápido.

Mapa do Percurso

Mapa das correntes marítimas

As expedições

Obviamente a viagem de Cabral não foi a única. Ao longo da primeira década de 1500 foram realizadas expedições exploradoras* e guarda-costas.**

1501-1502 – Gaspar Lemos / Américo Vespúcio (descoberta do Pau Brasil)*

1503-1504 – Gonçalo Coelho/ Américo Vespúcio (contrato de exploração)*

1516-1520 – Cristóvão Jáques, missão de apreensão de piratas.**

Personagens do “descobrimento”

Os primeiros contatos

Cabral não foi o primeiro europeu a chegar no Brasil, já haviam por aqui alguns náufragos em Pernambuco e em São Vicente, que havia chegado aqui depois de encalhes.

Em geral os índios não se mostraram agressivos aos estrangeiros, pelo contrário, buscavam impressionar-lhes com seus costumes e objetos. Além disso os objetos exóticos também lhes atraia, conforme relatos de cronistas coloniais.

O primeiro contato na Carta de Caminha

Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de papagaio. E outro lhe deu um ramal grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljôfar, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza.

O mapa de Waldesmueller (1507)

Os primeiros contatos

Os primeiros contatos com os índios foi realizado por estrangeiros que não conheciam a língua dos povos residentes, e que por isso se expressavam por meio de expressões corporais e trocas.

Para a existência do Brasil foi fundamental a existência dos “línguas”, europeus radicados no Brasil e adaptados ao modo de vida indígena.

Graças a eles portugueses e franceses puderam ocupar o litoral.

A partir de 1550 os jesuítas passam a exercer o papél de interlocutores.

Caramuru

Diogo Álvarez Correia (Portugal, ?, Salvador, 1557)

Naufragou na costa bahiana em 1510, bem acolhido por Taparica que o casou com sua filha Paraguaçu.

Entre 1526 e 1528 foi recebido na corte francesa e casou-se com Paraguaçu que adotou o nome Catarina.

Negociou as condições para estabelecimento do primeiro governo geral (1548)

Seus filhos foram armados cavaleiros em Portugal.

João Ramalho e Tibiriça

Nafragou na costa de São Vicente em 1513.

Adotou o modo de vida Tupiniquim e era muito estimado pelo cacique Tibiriça que o casou com sua filha Bartira.

Fundamental para o estabelecimento dos portugueses ajudou a fundar São Vicente (1532) e Santo André da Borda* (1549)

Foram fundamentais na batalha conhecida como o cerco de Piratininga (1562)

Os Tupiniquim

Habitavam em dois territórios: no sul da Bahia e na região da Cananéia (litoral paulista). Foram os primeiros índios a travar contato com Cabral e depois fundadores da cidade de São Paulo.

A palavra, provavelmente, significa “os que evocam Tupi”.

O cerco de Piratininga (1562)

Quadro de Antônio Parreiras (Séc. XIX-XX), Fundação de São Paulo

A Companhia de Jesus

Ordem fundada em 1534 no contexto da contrareforma católica.

Ordem de caráter intelectual e administrador. Os jesuítas foram os responsáveis pela colonização de diversos territórios em todo o mundo, pois aprendiam as línguas locais e faziam o trabalho de conversão religiosa.

Japão, Índia, Brasil, Caribe, África foram alguns dos destinos dos jesuítas.

Entre os jesuítas brasileiros destacam-se: Antonio Vieira, São José de Anchieta, Manuel da Nóbrega.

Ideologia Jesuítica

O conceito de missão: ação de longo prazo com objetivos definidos.

Construção de uma sociedade cristã livre dos vícios da Europa -> visão do índio como alma “livre”, “infantil”, “bom selvagem”.

Companhia de Jesus

As invasões européias

A enorme costa e o início de um lucrativo comércio de pau-brasil (depois açúcar) levaram à competição entre potências europeias para colonizar territórios na América.

Neste contexto vieram a nossa costa Portugueses, espanhóis, franceses, ingleses e holandeses. O sucesso de sua permanência dependia da aliança adequada com as tribos indígenas das regiões.

Guerras indígenas na colônia

Cerco de Piratininga: 1562

Confederação dos Tamoios:

Guerra dos Aimorés: 1555-1673

Guerra dos Potiguares: 1586-1599

Levante dos Tupinambás: 1617-1621

Confederação dos Cariris: 1686-1692

Revolta de Mandu Ladino : 1712-1719

Guerra dos Manaus: 1723-1728

Resistência Guaicuru: 1725-1744

Guerrilha dos Muras: todo o século XVIII

Guerra Guaranítica: 1753-1756

Confederação dos Tamoios (1553-1567)

Conflito que opôs territórios do Rio de Janeiro e São Paulo. Em São Paulo os índios Tupiniquins, maioria na região do litoral até a vila de Piratininga. No atual Rio de Janeiro os franceses aliados aos Tupinambás, uniram-se a outras tribos como Aimorés para fundar a França Antártica. Inicialmente as vitórias são dos Tamoios obtém-se um tratado de paz (Armistício de de Ipeiroig). Melhor estabelecidos na região os portugueses atacam os índios e franceses e acabam com a França Antártica em 1567.

Cunhambembe 1555

O saldo final do primeiro século

Ao fim do primeiro século de contatos a situação se alterou profundamente. Os tupiniquins, por exemplo, em poucas décadas haviam sido escravizados e dispersos.

A consolidação portuguesa no território brasileiro levou ao fim da primeira fase do relacionamento com os índios (trocas e alianças) para uma fase “entre a cruz e a espada”.

Um parêntese

Muitos argumentam que se o país tivesse sido colonizado por outro país como Holanda, Inglaterra, França a situação seria melhor.

Haiti, Jamaica, Guianas mostram bem que a questão não era essa mas o projeto social, ou a falta de, que envolve a colonização.