História da Cultura e das Artes - A cultura do palco

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A Cultura do PalcoMuitos palcos, um espectáculo.

O sec. XVII foi conservador no seu final contente com aquilo que havia conseguido – obra fruto de uma revolução de ideias:

inventou-se o termo Gótico e tudo o que estava para trás era Bárbaro.

A par de um mundo aristocrático que era governado por estado absolutista e dogmático com base na religião católica ou protestante surgiram três novos grupos:

•A república dos Sábios: agrupam-se em Academias e Salões.

•A república dos Mercadores: que só acredita no dinheiro vindo do comércio e patrocina artistas ( Franz Hals e Rembrant )

•A república dos Santos: os missionários que partem da Europa para a Índia, Brasil e América do Norte e que com o intuito de fundarem “A cidade de Deus” criam as bases para um expansionismo colonialista e esclavagista.

A IDADE MODERNAO Tempo / A Época

•Conflitos armados por motivos religiosos, económicos e políticos, a Guerra dos Trinta Anos.•Dissidências religiosas na Europa e no interior dos próprios estados.• A afirmação de vários estados, com a instauração do Absolutismo Régio, a par do triunfo do Parlamentarismo.•Os Países Baixos conquistam a independência em relação à Espanha e tornam-se importantes Repúblicas marítimas e comerciais.•A Espanha foi a maior potência colonial nos séculos XVI e XVII, manteve um poder fortemente centralizado, estagnou a partir das guerras das Independências com os Países Baixos e Portugal.

O tempo que vai de 1618-1714 é designado de Antigo Regime

Foi o período do Barroco, do brilho das cortes, como a Corte do Rei Sol ( Luis XIV ), o Grande Século do esplendor.

1618-1714 – do início da guerra dos trinta anos ao final do reinado de Luís XIV

Modo de vida das populações Europeias durante os sec´s XVI, XVII e XVIII, desde as descobertas marítimas às revoluções liberais.Coexistiam as monarquias absolutas, o capitalismo comercial e uma sociedade das ordens

Há no entanto historiadores que consideram-no uma época de crise generalizada a vários domínios:

Começou como uma rebelião entre os nobres protestantes da Boémia e os católicos de Habsburgo. Tornou-se numa guerra com a participação da França e da Suécia que queriam diminuir o poder da casa dos Habsburgo. O tratado de Vestefália pôs fim ao conflito dando supremacia à França

1618-1714 – do início da guerra dos trinta anos ao final do reinado de Luís XIV

•Em Portugal as ideias Absolutistas começaram a ser aplicadas com D. Pedro II e atingiram o seu auge com D. João V•Na Rússia em 1613 começa a dinastia dos Romanov sendo o absolutismo imposto por Pedro, o Grande e consolidado por Catarina II , a czarina da Rússia.•É em França onde o absolutismo melhor se concretizou tendo o seu expoente com Luís XIV, o Rei Sol, fonte única de soberania e representante de Deus na Terra.

O Estado, omnipresente, assentava num sistema racional, hierarquizado, impondo estabilidade e proporcionando grandeza e glória aos seus soberanos.

Assim temos:

Com princípios absolutistas, com uma politica de controlo interno e agressão externa:

•O desenvolvimento de práticas capitalistas, quer pelo Estado, quer por grupos de mercadores.•Permanência de uma sociedade de Ordens, porque interessava ao estado uma sociedade submissa.•A convivência de opostos, entre a liberdade e a proibição na produção cultural, artística, cientifica e técnica e na vida da corte versus misticismo.

Jean François de TROY, um almoço de caça, 1737Portrait-of-Louis-XIV-1638-1715

le nain,antoine, familia de camponeses, 1648 Louis Le Nain - Happy Family - 1642- Louvre

A Europa da Corte. O modelo de Versalhes – o espaço

Corte: Casa/palácio de grandes e poderosos Reis ou Príncipes.•Podia situar-se nas cidades ou nos arredores.•Era habitada pela família do dignitário e sua criadagem.•No caso dos Reis e Príncipes a corte era frequentada por outros nobres, diplomatas, embaixadores, artistas e literatos.•Os habitantes ou frequentadores da corte eram os “Cortesãos”

Corte – Estado de Luís XIV:•Tinha por finalidade regulamentar as dependências sociais da aristocracia.•Tinham um código de comportamentos e etiqueta.•Que orientavam os cortesãos para a obediência e culto à pessoa do Rei.•Tudo isto através de cerimónias e rituais específicos.

As Cortes haviam-se tornado os palcos da glória real e os templos de veneração dos soberanos

O Palácio passou de 700 habitantes em 1664, para10.000 em 1744.Representou a monarquia absoluta de 1682 a 1789.Embora dentro do espírito barroco, nas fachadas, nos jardins e espelhos de água.É também um exemplo do classicismo pela simetria, harmonia e regularidade.Versalhes é um espectáculo posto num palco onde tudo converge para a glória do Rei: arquitectura, pintura, escultura, ornamentação, mobiliário e jardins.

O palácio de Versalhes – a cidade dos ricos

tecto do salão da paz

Os palcos – a corte, a igreja, academia, o teatro e a ópera

A corte: Era o primeiro dos palcos onde o Rei é o actor principal, a alma do grandioso projecto e o corpo a quem os nobres

serviam de decoração e eram parte desta magnifica encenação.A igreja: Era outro dos palcos onde se lutava contra o Protestantismo e a favor da Contra – Reforma;Vemos uma Igreja empenhada em seduzir os crentes tinha as artes ao seu serviço;Utilizava a imagem plástica, visual e auditiva como meio de propaganda e de doutrinação.A academia: A França nunca abandonou a tradição Clássica, viveu entre esta e o espírito Barroco;O Barroco (arte da sedução e dos sentidos) serviu para dar forma ao Absolutismo;O Classicismo e a criação das Academias criaram um estilo onde imposta a Ordem e a Harmonia;As Academias tinham regras que obedeciam ao gosto Real;As obras produzidas demonstram racionalidade, frieza e pouca vitalidade.

O teatro e a ópera: O teatro e mais tarde a ópera foram usados como meios de exaltação do Rei e da ocupação da corte;As representações ocupavam, nos palácios locais ao ar livre ou salas próprias;As salas foram evoluindo ao estilo do teatro italiano.

A revolução cientifica – a razão e a ciênciaO método. A experimentação

O século XVII foi um tempo de revolução cientifica e de racionalismo.•A ciência tornou-se um actividade profissional.•Rompeu com misticismos e justificações teológicas e mágicas, sem por em causa a existência de Deus.• A física, a astronomia, a biologia e a química demarcaram-se da metafísica do conhecimento empírico, tornaram-se ciências autónomas.

“a Natureza está escrita em linguagem matemática” Galileu (1564-1642)•Os pensadores/cientistas da época usaram a álgebra e a geometria como base de todas as ciências, dando origem à revolução matemática.•Os “cientistas” da época usaram a razão e a experimentação, de modo metódico e sistemático, criando uma ciência moderna, quantitativa e mensurável .

O método de investigação foi desenvolvido por Francis Bacon (1561-1626) e René Descartes (1596-1650)Francis Bacon (1561-1626):Criador do método experimental:

•Observação e analise do facto;•Levantamento de hipóteses explicativas;•Nova experimentação para verificação;•Elaboração de conclusões.

René Descartes (1596-1650):Criador do Discurso do Método, defende a dúvida metódica para a construção do conhecimento:

•Nunca receber algo como verdadeiro;•Dividir cada uma das dificuldades em várias parcelas ;•Conduzir os pensamentos ordenadamente, do mais simples para o mais complexo;•Fazer todos os exames necessários para provar a teoria.

Para esta revolução cientifica contribuiu a criação de bibliotecas, laboratórios, de observatórios e a divulgação de revistas e livros.Esta revolução cientifica foi a origem das grandes revoluções industrial e agrícola do século XVIII

Arte e retórica – a arquitecturaO espírito do Barroco correspondeu a um tempo em que os homens e mulheres, movendo-se como actores, representaram a sua própria vida no palco que era o mundo.

Sendo mais que um estilo o Barroco traduziu as convulsões do seu tempo, um mundo abalado por conflitos sociais e religiosos e todo o tipo de guerras

Todas as formas de arte tinham uma dupla função – fascinar os sentidos e transmitir uma forte mensagem ideológica.

Nas cerimónias religiosas, à pompa e ao esplendor contrapôs-se um profundo sentido de fé e crença religiosa, e ao prazer dos sentidos a consciência objectiva da morte.

No plano teórico, o Barroco foi uma grande ambiguidade:•Os artistas do Barroco diziam-se herdeiros do Renascimento mas violaram as suas regras constantemente.•O Renascimento era equilíbrio, medida, sobriedade, racionalismo e lógica.•O Barroco foi movimento, ânsia de novidade, amor pelo infinito, pelos contrastes e pela misturas de todas as artes.•O Renascimento foi sereno e comedido.•O Barroco foi dramático, teatral e exuberante.•O Renascimento virava-se para a razão: queria convencer.•O Barroco apelava ao instinto, para os sentidos, para a fantasia, tendia para o fascínio.

Assim mais do que em outro tempo, consolidou-se a associação entre a Arte e o Poder.

O Barroco foi um gosto e um estilo que nasceu dos contactos com a Antiguidade e com o Renascimento, criando por oposição uma nova arte mais fantasista, imaginativa e cénica.

Características do Barroco :1. A procura de movimento:

a) Real: uma parede ondulada, uma fonte, onde a água jorra em formas sempre novas.

b) Sugerido: um personagem retratado numa acção violenta ou em esforço.2. A tentativa de representar o infinito:

a) Uma alameda que se perde no horizonte, um fresco que simula a abóbada celeste ou um jogo de espelhos que altera a perspectiva.

3. A importância dada às luzes e aos efeitos luminosos. Ex: Caravaggio.4. O gosto pelo teatral, cenográfico e faustoso.5. Não respeitar os limites das disciplinas: misturam arquitectura com escultura.

Arquitectura Barroca

1.As plantas das igrejas Barrocas tem muitas formas: curvas, elípticas, trapezoidais e até estreladas. 2.São de nave única rectangular alongada ou elípticas.3.As paredes são ondulantes, estão cobertas de estuques, pinturas ou talha dourada.4.As coberturas são cúpulas e abóbadas de tamanho colossal sustentadas, no exterior, por contrafortes decorados e disfarçados por volutas ou orelhões.

5.O portal principal tinha uma acumulação de decoração vertical ( esculturas, cartelas, frontões, colunas)

Arquitectura religiosa: (decoração exterior)

Stº. André do Quirinal, Roma Stª. Maria da Saúde, Veneza

A decoração no interior da igreja era feita para dilatar o espaço e aumentar a noção de movimento.1.As paredes cobrem-se de pinturas a fresco segundo linhas ondulantes, com figuras voadoras e anjos que ascendem ao infinito, rodeados por uma luz celestial na procura de Deus.2.Pintadas em trompe-l’oeil, são valorizadas pela luz vinda dos janelões.3.As composições reescrevem a história da religião, mostram o virtuosismo dos pintores do Barroco.

S. Benedito, Catania, Itália S. Carlos das Quatro Fontes

Basílica de S. Pedro, Vaticano

Stº. André do Quirinal, Roma

Stª. Maria da Saúde, 1631 Veneza

Stª. Maria da Saúde, 1631 Veneza

S. João de Latrão, 1646-50, Roma

Santa Susana, Itália

Saint Luis des Invalides, Paris

Santiago de Compostela

Santa Prisca, Taxco México

San_Francisco_de_Lima, Peru

Arquitectura civil:

1.Esta arquitectura foi expressão de um poder absolutista e capitalista, só os nobres, pontífices, alta burguesia e reis construíam os seus palácios e villas.

2.A planta era em U ou duplo U, permitia uma maior articulação com o exterior, praças ou jardins.3.A fachada era a parte mais importante do palácio.

a)Pilastras colossais ligavam o rés-do-chão aos outros pisos (1º andar ou piano nobile).b)O corpo central e a porta eram as superfícies com mais decoração.

4.Interiormente o piano nobile tinha ao centro um grande salão de festas.5.A ligar os diferentes andares existiam escadas com dois lanços simétricos.6.A arte do jardim foi aqui desenvolvida e enriquecida com bosques, grutas, labirintos:

a)Eram organizados segundo um eixo que seguia o eixo central do palácio.b)Este eixo era dividido segundo um esquema de linhas transversais e radiais.c)Este esquema criado em França passou a ser conhecido por Jardim à Francesa.

Palácio de Carignano, 1678, Turim, de Guarino Guarini

Palácio de Caça Stupinigi, 1729-1733, Itália, de Filipo Juvara

Schloss_Augustusburg_Bruehl

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Vaux-le-Vicomte

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Chateau de Dampierreen Yvelines

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Palácio de Barberini

Palácio Raio