Post on 17-Nov-2018
99
Artigo original/Original Article
Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São PauloDietary habits of adolescents living in rural areas of the city of Piedade, state of São Paulo
CARLA C. ENES1; GIOVANA E. PEGOLO2;
MARINA VIEIRA DA SILVA3
1Doutoranda em Saúde Pública da Faculdade de
Saúde Pública da USP 2Doutoranda em Alimentos
e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas
da UNESP3Profa. Dra. da Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
ESALQ/ USP. Endereço para
correspondência:Carla Cristina Enes
Rua Cristiano Viana, 455apto. 103
Bairro PinheirosCEP 05411-000São Paulo - SP
e-mail: cenes@usp.br
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Dietary habits of adolescents living in rural areas of the city of Piedade, state of São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
The objective of this study was to describe the dietary habits of adolescents from the city of Piedade, SP, concerning the intake of fruit, vegetables, sweets and sugars, sugar-sweetened beverages and soft drinks. It was carried out with 100 adolescents of both genders, ranging from the age of 10 to 14 years old, from the public education system of Piedade, São Paulo. During the interview, information about food intake (measured through a Food Frequency Questionnaire) and the nutritional status of the adolescents (assessed through the body mass index) were obtained. The recommendations of the Dietary Guidelines for Americans were adopted to verify if the intakes of sweets, fruits and vegetables were adequate. Information about the intake of soft drinks and sugar-sweetened beverages were evaluated based on literature. Data were analyzed using Mann-Whitney and Kruskal Wallis tests. Statistically signifi cant differences between girls and boys were not observed regarding the intake of fruit, sweets/ sugar, and soft drinks. Boys presented a higher intake of vegetables (p<0.05). Only sugar-sweetened beverage intake showed a signifi cant difference (p=0.05) compared to the nutritional status of the participants. Overweight adolescents reported a higher intake of fruits and vegetables, although the difference was not statistically signifi cant.An inadequate intake of vegetables, sweets/sugars and soft drinks among adolescents was evidenced. The average fruit intake was adequate only among girls. The most worrying result is the high intake of sweets / sugars and soft drinks, no matter the nutritional status.
Keywords: Adolescent. Nutritional status. Dietary habits.
ABSTRACT
100
RESUMORESUMEN
El objetivo del trabajo fue describir los hábitos alimenticios en relación al consumo de frutas, verduras, dulces y azúcares, bebidas con adición de azúcar y refrescos de adolescentes de la ciudad de Piedade, Estado de São Paulo, Brasil. El estudio fue realizado con 100 adolescentes de ambos sexos, con edad de 10 a 14 años, del sistema escolar público. Durante la entrevista se colectó información sobre la ingesta de alimentos, por medio de un cuestionario de frecuencia de consumo. Y también, el estado nutricional de los adolescentes por el índice de masa corporal. Para evaluar la adecuación de la ingesta de dulces, frutas y verduras se usaron las recomendaciones propuestas por la Guía Alimentaría de los Estados Unidos. Los datos de consumo a de gaseosas y bebidas con adición de azúcar fueran evaluados con base en literatura. Fueron utilizadas las pruebas de Mann-Whitney y Kruskal Wallis para el análisis estadístico. No se observaron diferencias estadísticamente signifi cativas para la ingestión de frutas, dulces/azúcares y gaseosa entre niños y niñas. Para las verduras, la ingesta es superior en los niños (p <0,05). Sólo la ingesta de bebidas con adición de azúcar fue diferente estadísticamente (p=0,05) en relación al estado nutricional de los participantes. Los adolescentes con sobrepeso informaron mayor consumo de frutas y verduras, aunque la diferencia no fue estadísticamente signifi cativa. Se evidenció una inadecuada ingestión de verduras, dulces/azúcares y gaseosas entre los adolescentes. La ingesta media de frutas fue adecuada sólo entre las niñas. El resultado más crítico es el elevado consumo de dulces/azúcares y gaseosas, para cualquier estado nutricional. Palabras clave: Adolescente.Estado nutricional. Hábitos alimenticios.
Visou-se descrever os hábitos alimentares em relação ao consumo de frutas, verduras e legumes, doces e açúcares, bebidas adicionadas de açúcares e refrigerantes dos adolescentes do município de Piedade, SP. Participaram do estudo 100 adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 10 e 14 anos, matriculados na rede pública de ensino do município de Piedade – SP. Durante a entrevista foram obtidas informações relativas ao consumo alimentar, avaliado por um Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar, e ao estado nutricional dos adolescentes a partir do índice de massa corporal. Utilizaram-se as recomendações propostas pelo Dietary Guidelines for Americans para se avaliar a adequação do consumo de doces, frutas e vegetais. Os dados de consumo de refrigerantes e bebidas com adição de açúcar foram avaliados tendo como base literatura especializada. Foram utilizados os testes de Mann-Whitney e Kruskal Wallis para as análises estatísticas. Não foram observadas diferenças estatisticamente signifi cantes para o consumo de frutas, doces/açúcares e refrigerantes entre meninas e meninos. Em relação aos vegetais, constatou-se maior ingestão entre os meninos(p<0,05). Somente o consumo de bebidas com adição de açúcar apresentou diferença significante (p=0,05) em relação ao estado nutricional dos participantes. Os adolescentes com excesso de peso relataram maior consumo de frutas e vegetais, embora a diferença não tenha sido estatisticamente signifi cante. Evidenciou-se inadequação do consumo de vegetais, doces/açúcares e refrigerantes entre os adolescentes. A ingestão média de frutas se revelou adequada somente entre as meninas. O resultado mais preocupante diz respeito ao elevado consumo de doces/açúcares e refrigerantes, sem distinção do estado nutricional.
Palavras-chave: Adolescente. Estado nutricional. Hábitos alimentares.
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
101
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
INTRODUÇÃO
A epidemia de obesidade constatada, nos últimos anos, refl ete o impacto das mudanças
no padrão alimentar e no estilo de vida da população. Entre os especialistas, fi rma-se o
reconhecimento de que as mudanças ambientais são uma das principais características
propulsoras para o aumento da obesidade, na medida em que estimulam o consumo excessivo
de energia combinado a um gasto energético reduzido (LICHTENSTEIN et al., 2006).
Mudanças no padrão alimentar das famílias brasileiras levaram ao maior consumo
de alimentos ricos em gorduras e açúcares simples e à redução do consumo de alimentos
considerados saudáveis como frutas e vegetais. As conseqüências de tais mudanças já são
constatadas, tendo em vista os elevados índices de excesso de peso identifi cados entre a
população adulta, e também entre crianças e adolescentes (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2006).
Segundo Nicklas et al. (2001), algumas mudanças recentes no padrão alimentar como
maior consumo de refeições fora de casa, aumento do consumo de bebidas adicionadas
de açúcar, consumo de porções de alimentos cada vez maiores e freqüência das refeições,
foram decisivas para a instalação da epidemia de obesidade.
Pesquisa realizada por French, Lin e Guthrie (2003) revelou que o consumo de pelo
menos uma porção de refrigerante ao dia aumenta a prevalência de fatores de risco para
o desenvolvimento da síndrome metabólica em indivíduos adultos.
Por outro lado, a ingestão diária de frutas e vegetais deve ser incentivada uma vez
que o consumo desses alimentos tem sido associado ao menor risco de desenvolvimento de
doenças cardiovasculares devido à combinação de micronutrientes, antioxidantes, substâncias
fi toquímicas e fi bras neles encontrados (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).
Tendo em vista que os efeitos do consumo de determinados grupos de alimentos
sobre a saúde têm recebido maior atenção na atualidade, em razão dos achados poderem
ser facilmente transformados em recomendações compreensíveis para a população, o
presente estudo tem o propósito de descrever as práticas alimentares de adolescentes em
relação ao consumo de frutas e vegetais, doces e açúcares, bebidas adicionadas de açúcares
e refrigerantes. A relevância desse estudo, também, pode ser atribuída ao fato de se tratar
de amostra proveniente de área rural, já que a maioria dos trabalhos publicados se refere
à população de área urbana.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo de corte transversal realizado com adolescentes de ambos os sexos,
com idade entre 10 e 14 anos, matriculados em escolas da rede estadual de ensino do município
de Piedade - SP. O município destaca-se por apresentar atividades predominantemente
agrícolas. De acordo com o Censo Demográfi co de 2000, 56% de sua população residia na
zona rural (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000).
102
Para o cálculo da amostra foram consideradas as seguintes informações:
prevalência de sobrepeso em população semelhante (15%); erro tipo I de 5% e erro
tipo II de 20%. O procedimento de amostragem foi do tipo aleatório simples sendo
realizado em duas etapas.
Na primeira delas, as escolas (n=6) foram sorteadas de maneira que a probabilidade
de uma unidade ser incluída na amostra fosse proporcional ao seu número de alunos. Na
segunda etapa foram sorteados, aleatoriamente, seis alunos por classe visando assegurar,
ao fi nal do processo, o total de três alunos de cada classe (indivíduos que apresentassem a
aquiescência, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais/
responsáveis). Apenas não participaram do sorteio os estudantes do período noturno.
Após a exclusão dos adolescentes que referiram consumo superior a 15 porções
diárias (n=5), quando somados frutas e vegetais, a amostra fi nal do estudo foi constituída
por 100 escolares. Os adolescentes foram entrevistados, nas próprias instituições de ensino,
durante o mês de maio de 2005. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade
de Odontologia de Piracicaba (UNICAMP).
Foram investigadas as seguintes informações de cada participante: idade, sexo e dados
antropométricos (peso e altura) que foram utilizados para o cálculo do índice de Massa
Corporal (IMC), defi nido como a relação entre o peso em quilogramas e a altura em metros
ao quadrado (kg/m2). A partir dos valores de IMC, os adolescentes foram classifi cados em
quatro categorias quanto ao estado nutricional: baixo peso, eutrófi co, sobrepeso e obeso.
Para tanto, utilizou-se a recomendação proposta pela World Health Organization (1995)
segundo sexo e idade. Tendo em vista a baixa ocorrência de adolescentes obesos (3,0%)
na amostra estudada, procedeu-se uma nova classifi cação para fi ns de análise: baixo peso,
eutrófi co e excesso de peso (sobrepeso + obeso).
Avaliou-se ainda o consumo alimentar habitual por meio de um Questionário de
Freqüência Alimentar para Adolescentes (QFAA) semi-quantitativo validado por Slater et al.
(2003). Visando obter respostas mais fi dedignas dos entrevistados, adotou-se um material
fotográfi co com diferentes utensílios comumente utilizados na alimentação como pratos,
copos e talheres.
A partir dos dados de consumo alimentar foi investigado o número médio de porções
diárias consumidas em relação aos seguintes grupos alimentares: frutas, verduras e legumes,
doces e açúcares, bebidas com adição de açúcares e refrigerantes.
As porções médias foram definidas tendo como base uma lista de alimentos
provenientes de dados secundários. Adotou-se a metodologia proposta por Block et al.
(1985) para a defi nição do tamanho das porções. Para as análises relativas ao consumo
alimentar utilizou-se o software Dietsys versão 4.01 (HHHQ, 1999).
O consumo médio de porções foi comparado às recomendações propostas pelo
Dietary Guidelines for Americans (2005) para frutas, verduras e legumes e doces e
açúcares, que sugere a ingestão mínima de 2 porções de frutas e 2 porções de verduras
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
103
e legumes diária e um consumo máximo de 2 porções de doces e açúcares. Para avaliar o
consumo em relação ao refrigerante e as bebidas adicionadas de açúcares foram utilizados
dados descritos na literatura (BERKEY et al., 2004; CARMO et al., 2006).
Avaliou-se a aderência dos dados à distribuição normal utilizando-se o teste de
Kolmogorov-Smirnov. Após a realização do teste optou-se pela adoção de testes não-
paramétricos para as análises de interesse. Aplicou-se o teste de Mann-Whitney com o
objetivo de comparar o consumo dos grupos de alimentos de acordo com o sexo. Utilizou-se
ainda o teste de Kruskal Wallis a fi m de se comparar a ingestão alimentar entre as diferentes
categorias de estado nutricional. Adotou-se nível de signifi cância ≤5%. As análises foram
realizadas utilizando-se o software SPSS (SPSS, 2002).
RESULTADOS
Participaram do estudo 100 adolescentes com média de idade de 12,4 ± 1,35 anos,
sendo 61% do sexo feminino e 39% do sexo masculino. Entre os meninos a idade média
foi 12,5 ± 1,29 e entre as meninas 12,4 ± 1,40 (p >0,05).
Quanto ao estado nutricional, identifi cou-se uma prevalência de 9% de baixo peso,
o excesso de peso foi encontrado em 15% da amostra e 76% dos adolescentes avaliados
eram eutrófi cos.
Figura 1 – Adequação do consumo de frutas, verduras e legumes, doces e açúcares. Piedade, São Paulo, 2005
Ao se comparar o consumo recomendado pelo Dietary Guidelines for Americans
(2005) para os grupos alimentares de interesse, verificou-se que 56% dos adolescentes
apresentavam consumo adequado de frutas (mínimo de 2 porções/dia), apenas 38%
relataram consumo adequado do grupo dos vegetais (mínimo de 2 porções/dia)
per
cen
tage
m
120
100
80
60
40
20
0
inadequado
adequado
Frutas Legumes e verduras
Doces e açúcares
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
104
e 83% ultrapassaram a recomendação de ingestão máxima de 2 porções diárias
de doces e açúcares (Figura 1). Observou-se ainda que 19% da amostra relatou
consumo inferior a uma porção diária em relação às frutas e 34% em relação às
verduras e legumes.
Tabela 1 – Consumo observado entre os adolescentes em relação aos grupos de alimentos selecionados segundo sexo. Piedade, São Paulo, 2005.
Grupo Alimentar n Mediana Mínimo Máximo p-valor
Frutas (porções/dia)
Meninos 39 1,9 0,3 7,5
Meninas 61 2,6 0,3 9,2
Total 100 2,5 0,3 9,2 0,314
Legumes e verduras (porções/dia)
Meninos 39 1,8 0,1 8,2
Meninas 61 1,1 0,1 7,4
Total 100 1,4 0,1 8,2 0,049*
Doces e açúcares (porções/dia)
Meninos 39 3,7 0,3 11,7
Meninas 61 4,5 0,4 14,0
Total 100 4,2 0,3 14,0 0,562
Bebidas com adição de açúcar (mL/dia)
Meninos 39 191,4 12,0 828,6
Meninas 61 177,3 6,0 1200,0
Total 100 187,2 6,0 1200,0 0,786
Refrigerantes (mL/dia)
Meninos 39 217,0 32,5 1085,0
Meninas 61 300,0 0 1050,0
Total 100 261,0 0 1085,0 0,596
* Teste de Mann-Whitney.
Na tabela 1, estão apresentados os resultados relativos ao consumo dos grupos
estudados de acordo com o sexo. Embora a diferença não seja estatisticamente signifi cativa,
observou-se maior consumo do grupo das frutas, doces e açúcares e refrigerantes entre as
meninas, enquanto os meninos apresentaram um consumo superior de bebidas adicionadas
de açúcar. Em relação aos vegetais, constatou-se maior ingestão desse grupo entre os
adolescentes do sexo masculino (p<0,05).
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
105
A mediana de consumo de frutas se revelou inferior ao recomendado entre os
adolescentes do sexo masculino (1,9 porções diárias) (Tabela 1). Quanto ao grupo dos
vegetais, sua ingestão foi considerada insufi ciente tanto entre os meninos (1,8 porções
diárias) como entre as meninas (1,1 porções diárias). Em contrapartida, chama a atenção
o consumo excessivo de doces e açúcares que se mostrou superior ao limite máximo
preconizado identifi cado entre os alunos de ambos os sexos, chegando a ser o dobro do
valor considerado ideal entre os adolescentes do sexo feminino (4,5 porções diárias).
Tabela 2 – Comparação do consumo dos grupos selecionados de acordo com o estado nutricional dos adolescentes. Piedade, São Paulo, 2005
Grupos de alimentos
Estado nutricional
Baixo peso Eutrófi co Excesso de peso
p-valorMediana(P25 ; P75)
Mediana(P25 ; P75)
Mediana(P25 ; P75)
Frutas1,3
(0,8 ; 4,6)2,4
(1,1 ; 3,7)2,6
(1,7 ; 3,3)0,889
Legumes e verduras 1,7
(0,4 ; 2,2)1,3
(0,7 ; 3,0)2,0
(0,8 ; 3,7)0,617
Doces e açúcares5,2
(3,6 ; 6,0)4,0
(2,3 ; 6,6)2,6
(1,6 ; 6,3)0,512
Bebidas com adição de açúcar
46,0(28,8 ; 395,7)
213,0(85,7 ; 352,9)
91,1(32,0 ; 228,6)
0,050*
Refrigerantes318,5
(195,7 ; 621,5)273,3
(137,7 ; 463,1)217,7
(160,7 ; 764,9)0,514
*Teste Kruskal Wallis.
Conforme pode ser observado na tabela 2, apenas a ingestão de bebidas com adição
de açúcar apresentou uma diferença estatisticamente signifi cante (p=0,05) em relação ao
estado nutricional dos participantes, sendo o maior consumo desse grupo observado entre
os adolescentes eutrófi cos.
Embora não tenham sido observadas diferenças estatisticamente signifi cantes para o
consumo das frutas e verduras/legumes entre as categorias de estado nutricional, chama a
atenção o fato de os adolescentes com excesso de peso apresentarem maior ingestão desses
alimentos (Tabela 2). O consumo de doces/açúcares e de refrigerantes se revelou superior
entre os adolescentes com baixo peso, porém sem signifi cância estatística.
DISCUSSÃO
Nas últimas décadas, vários estudos têm destacado o importante papel das práticas
alimentares adotadas pelos adolescentes como determinantes diretos do aumento da obesidade
nesse grupo (FORSHEE; ANDERSON; STOREY, 2004; TRICHES; GIUGLIANI, 2005).
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
106
Reconhecidamente, as mudanças nos padrões alimentares vivenciadas especialmente
entre os jovens, têm exercido um impacto relevante sobre o perfi l nutricional dessa
população. A adoção de hábitos alimentares inadequados, caracterizados pelo
consumo excessivo de açúcares simples e gorduras, associada à ingestão insufi ciente
de frutas e hortaliças, tem contribuído diretamente para o ganho de peso nesse grupo
populacional.
Embora seja consenso que estudos de caráter transversal não permitem a
identifi cação de associações consistentes entre estado nutricional e padrões alimentares
(PEREIRA, 2001), na presente pesquisa buscou-se descrever o perfi l alimentar em relação
a determinados grupos de interesse, tendo como base a classifi cação nutricional e o sexo
dos adolescentes.
Os resultados revelam um perfi l alimentar preocupante entre os adolescentes
estudados. Constatou-se um consumo insufi ciente dos alimentos que integram os grupos
das frutas e dos vegetais, associado à ingestão excessiva de alimentos considerados pouco
saudáveis como refrigerantes, doces e açúcares e bebidas adicionadas de açúcares.
Estudo realizado por Carmo et al. (2006) com 390 adolescentes da mesma faixa etária
também identifi cou um quadro semelhante em relação ao consumo de doces e refrigerantes,
ao passo que a ingestão de bebidas com adição de açúcar foi superior àquela verifi cada
no presente estudo. Quanto ao sexo, os autores também não observaram diferenças
signifi cativas de consumo para os grupos estudados.
O consumo elevado de doces e açúcares também tem sido muitas vezes identifi cado
como prática comum entre os adolescentes (NICKLAS et al., 2001; NIELSEN; POPKIN,
2003).
Nielsen e Popkin (2003) identifi caram um aumento do consumo de refrigerantes, no
período de 1977 a 2001, visto que a contribuição energética proveniente desse alimento
aumentou de 2,8% para 7%. Concomitantemente, a quantidade de energia proveniente
do leite sofreu redução, passando de 8% para 5%.
No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2002-2003 (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004) também confi rmam uma maior
participação dos refrigerantes na dieta da população. Tendo como base os dados do
Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) realizado na década de 70, observou-se
que a participação relativa dos refrigerantes no conteúdo de energia da dieta aumentou
de 0,43% para 2,12%.
Os resultados relativos ao consumo de frutas e vegetais encontrados neste estudo
também são insatisfatórios. Cerca de 19% e 34% dos adolescentes referiram consumir
menos de uma porção diária dos referidos grupos, respectivamente.
Resultados apresentados por Toral et al. (2006) também revelaram situação de
risco entre os adolescentes avaliados, embora tenham sido adotados procedimentos
metodológicos distintos. Por meio do estudo conduzido com 234 adolescentes com idade
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
107
entre 10 e 19 anos, constatou-se que a metade da amostra consumia menos de uma porção
diária em relação às frutas e 38,9% em relação às verduras. Quanto ao número de porções
diárias ingeridas desses grupos alimentares, os resultados revelaram consumo médio
inferior (0,97 para frutas e 1,20 para verduras) àquele verifi cado no presente estudo. Isso
pode ser explicado pelo fato dos participantes desta pesquisa residirem predominantemente
no meio rural, onde a agricultura familiar tem destaque na economia, o que possibilita
maior acesso a esses alimentos.
No que se refere à análise de consumo entre os sexos, os autores observaram
diferença estatisticamente signifi cante para o grupo das frutas, ao passo que os achados
do presente estudo revelaram essa diferença para o grupo das verduras e legumes.
A infl uência exercida pelo consumo de grupos de alimentos específi cos sobre o
IMC ainda é bastante controversa. Enquanto alguns estudos (SCHULZ et al., 2002; NEWBY
et al., 2003) confi rmam essa relação, outros, por sua vez, afi rmam não existir associação
entre a ingestão de determinados grupos alimentares e o estado nutricional (PARKER et
al., 1997; FOGELHOLM et al., 2000).
Os resultados mostraram diferença estatisticamente signifi cante apenas para o
consumo de bebidas com adição de açúcar, tendo por referência o estado nutricional dos
adolescentes. De fato, os resultados de um estudo prospectivo conduzido por Ludwig,
Peterson e Gortmaker (2001), indicaram associação positiva entre consumo de bebidas
com adição de açúcar e a ocorrência de obesidade em crianças. No entanto, é importante
esclarecer que no presente estudo o consumo médio mais elevado desse grupo foi
observado entre os adolescentes eutrófi cos e não entre aqueles com excesso de peso,
conforme sugerem Berkey et al. (2004). Porém, é possível que ampliando a amostra e/ou
realizando um estudo prospectivo se obtenham outros resultados.
Há evidências de que a energia presente em alimentos líquidos é menos reconhecida
pelo organismo do que o conteúdo em alimentos sólidos. Acredita-se que as bebidas
ricas em açúcares livres, sobretudo os xaropes de milho ricos em frutose, proporcionam
o aumento de ingestão energética na medida em que possuem substancial quantidade de
energia, contudo, não levam à redução do consumo de alimentos sólidos em quantidade
semelhante ao que reúnem. Dessa maneira, promovem um balanço positivo de energia
na dieta (LUDWIG; PETERSON; GORTMAKER, 2001).
Embora não tenha sido identifi cada diferença signifi cativa para o consumo de doces
e açúcares e de refrigerantes em relação ao estado nutricional, verifi cou-se que a menor
ingestão desses grupos foi referida pelos adolescentes com excesso de peso. Tal resultado
pode ter ocorrido em decorrência da subestimação da ingestão de alimentos não saudáveis
por esse grupo, prática já descrita por Patrick et al. (2004). Outra explicação para esse
achado seria a ocorrência de causalidade reversa, atribuída ao delineamento transversal
da pesquisa ou mesmo ao tamanho da amostra.
O consumo adequado do grupo das frutas e dos vegetais tem sido apontado como um
fator protetor para a ocorrência de obesidade na medida em que esses alimentos poderiam
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
108
substituir outros que possuem elevado valor energético e reduzido valor nutritivo, como
cereais e grãos processados e açúcar refi nado, muito comuns na preparação de alimentos
industrializados e fast food.
Estudo de caráter transversal conduzido por Oliveira et al. (2003) com 699 crianças
com idade entre 5 e 9 anos, revelou associação inversa entre o consumo freqüente de
verduras (pelo menos 3x/semana) e o sobrepeso e obesidade.
Drapeau et al. (2004) realizaram um estudo prospectivo com o objetivo de verifi car o
efeito das mudanças nos padrões alimentares sobre o índice de massa corporal. Dentre os
resultados mais relevantes, os autores verifi caram que a redução no consumo de alimentos com
elevado teor de lipídio ou o aumento no consumo de frutas e hortaliças, refl etiram positivamente
no controle do peso corporal. Contrariando as evidências, os resultados da presente pesquisa
não revelaram diferença signifi cativa em relação à ingestão do grupo das frutas e vegetais. Além
disso, o maior consumo desses alimentos foi verifi cado entre os adolescentes com excesso
de peso. Uma possível justifi cativa para esse resultado seria a superestimação da ingestão de
alimentos considerados saudáveis pelos participantes que estavam acima do peso.
CONCLUSÕES
Foi identifi cada inadequação do consumo de vegetais, doces/açúcares e refrigerantes
entre os adolescentes de ambos os sexos. O resultado mais preocupante diz respeito
ao elevado consumo de doces e açúcares e de refrigerantes, sem distinção do estado
nutricional. Tal constatação permite a classifi cação dos participantes como um grupo de
risco, sendo necessária atenção especial com ações voltadas para a promoção de hábitos
alimentares saudáveis. Além disso, esses resultados chamam a atenção, pois hábitos
alimentares inadequados quando consolidados, sobretudo na fase da adolescência, podem
trazer conseqüências imediatas à saúde e potencializar o risco de doenças crônicas na
vida adulta.
Estratégias de caráter educativo devem ser adotadas, envolvendo tanto o ambiente familiar
como também das escolas, como forma de incentivar o consumo de alimentos saudáveis em
detrimento daqueles com elevado conteúdo de açúcares. Ressalta-se ainda a importância da
realização de estudos prospectivos com o intuito de esclarecer melhor a relação de causa e efeito
entre o consumo de grupos alimentares específi cos e o estado nutricional dos adolescentes.
REFERÊNCIAS/REFERENCES
B E R K E Y, C . S . ; R O C K E T T, H . R . H . ; F IELD, A . E . ; G ILLMAN, M . W. ; COLDITZ, G. A. Sugar-added beverages and adolescent weight change. Obes . Res., v. 12, n. 5, p. 778-788, 2004.
BLOCK, G.; DRESSER, C. M.; HARTMAN, A. M.; CARROLL, M. D. Nutrient sources in the America diet: quantitative data from the nhanes II survey. I. Vitamins and minerals. II. Macronutrients and fats. Am. J. Epidemiol., v. 122, n. 1, p.13-26, 1985.
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
109
CARMO, M. B.; TORAL, N.; SILVA, M. V.; SLATER, B. Consumo de doces, refrigerantes e bebidas com adição de açúcar entre os ado le scen te s da rede púb l i ca de ensino de Piracicaba, São Paulo. Rev. Bras. Epidemiol., v. 9, n. 1, p.121-30, 2006.
DIETARY GUIDELINES FOR AMERICANS, 2 0 0 5 . 6 t h e d . Wa s h i n g t o n , D C : U . S . Government Printing Office, January 2005. Disponível em: <URL:http://www.usda.gov/cnpp/DG2005/index.html>. Acesso em:1 Jan. 2005.
DRAPEAU, V.; DESPRES, J. P.; BOUCHARD, C.; ALLARD, L.; FOURNIER, G.; LEBLANC, C.; TREMBLAY, A. Modifications in food-group consumption are related to long-term body-weight changes. Am. J. Clin. Nutr., v. 80, n. 1, p. 29-37, 2004.
FOGELHOLM, M.; KUJALA, U.; KAPRIO, J.; SARNA, S. Predictors of weight change in midlle-aged and old men. Obes. Res., v. 8, n. 5, p. 367-373, 2000.
FORSHEE, R. A.; ANDERSON, P. A.; STOREY, M. L. The role of beverage consumption, physical activity, sedentary behavior, and demographics on body mass index of adolescents. Int. J. Food Sci. Nutr., v. 55, n. 6, p. 463-478, 2004.
FRENCH, S. A.; LIN, B. H.; GUTHRIE, J. F. National trends in soft drink consumption among children and adolescents age 6 to 17 years: prevalence, amounts, and sources, 1977/1978 to 1994/1998. JAMA, v. 103, n. 10,p. 1326-1331, 2003.
HHHQ. Dietsys Analysis Software, Version 4.01. National Cancer Institute, 1999.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2000. Disponível em: <URL:http://www.ibge.gov.br>. Acesso em:9 jul. 2005.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de orçamentos familiares 2002-2003. Antropometria e análise do estado nutricional de crianças e adolescentes no Brasil. [S. l.]: IBGE, 2006.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de orçamentos familiares 2002/2003: análise da disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional no Brasi l . Rio de Janeiro: IBGE, 2004. Disponível em: <URL: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2002analise/pof2002analise.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2006.
LICHTENSTEIN, A. H.; APPEL, L. J.; BRANDS, M.; CARNETHON, M.; DANIELS, S.; FRANCH, H. A.; FRANKLIN, B.; KRIS-ETHERTON, P.; HARRIS, W. S.; HOWARD, B.; KARANJA, N.; LEFEVRE, M.; RUDEL, L.; SACKS, F.; VAN-HORN, L.; WINSTON, M.; WYLIE-ROSETT, J. Diet and Lifestyle Recommendations Revision 2006. A Scientifi c Statement from the American Heart Association Nutrition Committee. Circulation, v. 114, n. 1, p. 82-96, 2006.
LUDWIG, D. S.; PETERSON, K. E.; GORTMAKER, S. L. Relation between consumption of sugar-sweetened drinks and childhood obesity: a prospective, observational analysis. The Lancet., v. 357, n. 9255 p. 505-508, 2001.
NEWBY, P. K.; MULLER, D.; HALLFRISCH, J.; QJAO, N.; ANDRES, R.; TUCKER, K. L. Dietary patterns and changes in body mass index and waist circumference in adults. Am. J. Clin. Nutr., v. 77, n. 6, p. 1417-1425, 2003.
NICKLAS, T. A.; ELKASABANY, A.; SRINIVASAN, S. R.; BERENSON, G. Trends in nutrient intake of 10-year-old children over two decades (1973-1994): the Bogalusa Heart Study. Am. J. Epidemiol., v. 153, n. 10, p. 969-977, 2001.
NIELSEN, S. J.; POPKIN, B. M. Changes in beverage intake between 1977 and 2001. Am. J. Prev. Méd., v. 27, n. 3, p. 205-210, 2004.
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.
110
NIELSEN, S. J.; POPKIN, B. M. Patterns and trends in food portion sizes, 1977-1998. JAMA., v. 289, n. 4, p. 450-453, 2003.
OLIVEIRA, A. M. A.; CERQUEIRA, E. M. M.; SOUZA, J. S.; OLIVEIRA, A. C. Sobrepeso e obesidade infantil: infl uência de fatores biológicos e ambientais em Feira de Santana, BA. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., v. 47, n. 2, p. 144-150, 2003.
PARKER, D. R.; GONZALES, S.; DERBY, C. A.; GANS, K. M.; LASATER, T. M.; CARLETON, R. A. Dietary factors in relation to weight change among men and women from two southeastern Ney England communities. Int. J. Obes. Relat. Metab. Disord., v. 21, n. 2, p. 103-109, 1997.
PATRICK, K.; NORMAN, G. J.; CALFAS, K. J.; SALLIS, J. F.; ZABINSKI, M. F.; RUPP, J.; CELLA, J. Diet, physical activity, and sedentary behaviors as risk factors for overweight in adolescence. Arch. Pediatr. Adolesc. Med., v. 158, n. 4, p. 385-390, 2004.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
SCHULZ, M.; KROKE, A.; LIESE, A. D.; HOFFMANN, K.; BERGMANN, M. M.; BOEING, H. Food groups as predictors for shot-term weight changes in men and women of the EPIC-Potsdam cohort. J. Nutr., v. 132, n. 3, p. 1335-1340, 2002.
SLATER, B.; PHILIPPI, S. T.; FISBERG, R. M.; LATORRE, M. R. Validation of a semi-quantitative adolescents food frequency questionnaire applies at a public school in São Paulo, Brazil. Eur. J. Clin. Nutr., v. 57, n. 5, p. 629-635, 2003.
SPSS. Statistical Package for the Social Sciences for Windows Student Version/SPSS. Release 11.5 Chicago: Marketing Department, 2002.
T O R A L , N . ; S L AT E R , B . ; C I N T R A , I . P.; FISBER, M. Comportamento alimentar de adolescentes em relação ao consumo de frutas e verduras. Rev. Nutr., v. 19, n. 3, p. 331-340, 2006.
TRICHES, R. M.; GIUGLIANI, E. R. J. Obesidade, práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Rev. Saúde Pública., v. 39, n. 4, p. 541-547, 2005.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. Geneva, 2003. 160 p. (Who technical report series, 916).
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical s ta tus : The use and interpreta t ion of anthropometry. Geneva; 1995. (WHO technical report series, n. 854).
Recebido para publicação em 25/03/08.Aprovado em 30/06/08.
ENES, C. C.; PEGOLO, G. E.; SILVA, M. V. Hábitos alimentares de adolescentes residentes em áreas rurais da cidade de Piedade, São Paulo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 99-110, ago. 2008.