Post on 03-Apr-2016
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I. O que é uma Sociedade de Debates?
As Sociedades de Debates são associações de estudantes com o objetivo de lapidar a
argumentação e oratória, purificando-a de seus vícios, além de estimular o autocontrole, a
faculdade de reflexão crítica e a possibilidade de superar limitações. Como resultado,
encontramos indivíduos com senso crítico apurado, capazes de questionarem dogmas e
debaterem sobre os temas que permeiam a vida em comum.
A SdDUFSC é um projeto de extensão criado dentro do curso de Direito da UFSC e se
sustenta no princípio básico da pluralidade de ideias. Portanto, prima-se pela capacidade de ouvir
ao outro, pelo respeito ao argumento alheio e pelo ambiente democrático. Nesse sentido, a
SdDUFSC mostra-se como uma chance de desenvolver a capacidade de argumentação longe
das amarras ideológicas que costumam conduzir debates políticos para conflito pessoais.
II. Como funciona a Sociedade de Debates da UFSC?
A SdDUFSC funciona sob uma metodologia baseada em outras iniciativas de sucesso,
sejam essas brasileiras, como a encontrada na Universidade Federal do Ceará (SdDUFC), ou no
exterior, como na Universidade de Porto (SdDUP) e na Universidade de Coimbra (SDUC). Desse
modo, a SdDUFSC promove atividades de extensão variadas, consistentes em debates-treino,
debates públicos, palestras, visitas à comunidade e realização de torneios.
Os debates-treino são debates realizados semanalmente, e, com inspiração nas
outras Sociedades de Debates existentes, utiliza essencialmente o Modelo Parlamentar de
Debate e suas variações, que visam fomentar a arte da argumentação e da oratória. Com foco
competitivo, o modelo parlamentar forma duplas para debaterem, entre si, temas, que são
denominados de Moções.
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III. O Modelo Parlamentar de Debate
British Parliamentary (BP), ou, simplesmente, parli, é o modelo mais utilizado no
mundo nas competições atuais de debate. Por ser o modelo adotado pelo WUDC (World
Universities Debating Championship), tornou-se o padrão para a maior parte dos grupos de
debate universitários, especialmente nos países de língua inglesa. Nesse modelo, os debates
são compostos por quatro duplas. Apesar das duplas estarem divididas entre dois lados do
debate (Defesa da Moção e Oposição à Moção), as quatro duplas competem entre si e não
duas a duas como possa parecer.
Os temas são sorteados 15 minutos antes das partidas e as duplas não escolhem o
lado que defenderão. O momento entre a divulgação da moção e o início dos discursos é
chamado de Preparação e possui a duração de 15 minutos. Durante esse período, os
debatedores devem desenvolver argumentos e elaborar suas estratégias para o discurso.
Os temas debatidos são propostos sob a forma de Moções, as quais geralmente são
fraseadas com dizeres como os seguintes: “Esta Casa Acredita que…”. Um exemplo de moção
seria: “Esta Casa Legalizaria o Aborto”. Nesse caso, o papel das duplas de Defesa da Proposição
seria demonstrar porque a legalização do aborto é uma boa ideia, e o das duplas de Oposição
seria demonstrar o contrário.
Nesse modelo, aqueles que defendem a proposição devem propor uma linha de ação
para implementá-la e fundamentar a proposta. Os discursos de cada um dos debatedores têm
duração de sete minutos. O debate é aberto pelo Primeiro Membro da Defesa (PMD), que deve
apresentar a definição da moção, de forma a delinear o tema dentro do contexto real que
envolve o debate. Essa definição será a utilizada pelos demais debatedores, que devem se ater a
ela em seus discursos posteriores.
Já o Quarto Membro da Defesa (QMD) e o Quarto Membro da Oposição (QMO) - os
últimos a discursarem - possuem a função de Whip. Ou seja, devem resumir o debate,
enunciando os principais pontos de colisão observáveis, sustentando porque motivos a postura
contrária não conseguiu provar os seus pontos e porque meios a sua postura conseguiu
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demonstrar os seus, concluindo por sinalizar a vitória para o seu lado. De certa maneira, pode-se
dizer que o Whip é uma análise tendenciosa do debate. Além disso, eles não podem apresentar
novos argumentos.
No debate existem 4 (quatro) posições para as duplas:
(i) Abertura da Defesa (dupla 1);
(ii) Abertura da Oposição (dupla 2);
(iii) Defesa Final (dupla 3); e
(iv) Oposição Final (dupla 4).
Conforme a posição da dupla, os participantes assumem funções no debate. Existem
8 (oito) funções no debate, que discursarão na seguinte ordem:
(i) Primeiro Membro da Defesa (dupla 1);
(ii) Primeiro Membro da Oposição (dupla 2);
(iii) Segundo Membro da Defesa (dupla 1);
(iv) Segundo Membro da Oposição (dupla 2);
(v) Terceiro Membro da Defesa (dupla 3);
(vi) Terceiro Membro da Oposição (dupla 4);
(vii) Quarto Membro da Defesa (dupla 3);
(viii) Quarto Membro da Oposição (dupla 4);
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As equipes podem ainda requerer Pontos de Informação, que são questões dirigidas a
quem está discursando. Os Pontos de Informação podem ser levantados com diversos fins:
solicitar uma explicação mais detalhada sobre determinado ponto do discurso, forçar quem
discursa a falar de alguma questão em especial, induzir o debatedor a se contradizer ou mesmo
fazer com que o debatedor desvie de sua linha de raciocínio. Eles são avaliados pelos juízes com
base em seu poder de influência e persuasão discursiva, tanto de quem responde ao Ponto de
Informação, quanto de quem o formula.
Uma vez que o Ponto de Informação é aceito, o membro que o solicitou tem que
formular sua pergunta de forma objetiva e direta, sem se transformar em um discurso.
Aconselha-se que, durante o debate, cada membro solicite pontos de informação e, em seus
discursos, responda ao menos um ponto solicitado.
Dos sete minutos de discurso o primeiro e o último estão protegidos, o que significa
que não se permite Pontos de Informação nesse período. Nem as perguntas nem as respostas
param o tempo. Quando alguém da bancada da Defesa discursa só a Oposição lhe pode fazer
Pontos de Informação e vice-versa. Para realizar um Ponto de Informação o membro deverá
sinalizar seu pedido levantando o braço. O orador pode aceitar, adiar ou recusar a pergunta.
IV. As Moções
A Moção é a maneira com que o tema do debate é apresentado, indicando qual o
conteúdo a ser abordado pela Defesa e pela Oposição. Há os mais variados estilos de moções,
que propiciam debates com temáticas diversas. Há moções de cunho predominantemente
político (Esta casa proibiria a reeleição no poder executivo), criativo (Esta casa criaria um
Governo Mundial), jurídico (Esta casa acabaria com o Tribunal do Júri), cultural (Esta casa
gostaria de ser plugada novamente à Matrix), entre outros.
A Definição da Moção deve ser apresentada no início do discurso do Primeiro
Membro da Defesa. Ela deve estabelecer o problema (ou os problemas) debatido(s), esclarecer
e definir os termos necessários para a interpretação da Moção e apresentar a proposta da
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Defesa para abordar o problema. Dessa maneira, ela aparece como a forma com que o Primeiro
Membro da Defesa delimita as questões colocadas pela Moção e direciona o debate para
determinadas matérias. Uma boa Definição impede que o debate se perca na amplitude
demasiada de matérias com pouca ou nenhuma relação, mesmo que concernentes ao tema da
A definição, para ser considerada razoável, precisa observar alguns quesitos:
(i) Deve ter uma ligação clara e lógica com a moção;
(ii) Não deve ser autoevidente. A definição se torna autoevidente quando não é
possível refutá-la de maneira razoável, ou quando a posição defendida for pautada pela
existência ou não de algo cuja refutação razoável não é possível;
(iii) Não deve remeter a outro contexto temporal que não o presente;
(iv) Não deve ser limitada espacialmente de forma injusta, ou seja, a definição não
poderá restringir o debate a uma localidade geográfica ou política particular sobre a qual não se
espera que os demais debatedores tenham conhecimento.
Quando a definição apresentada não obedece a esses critérios mínimos, ela não é
considerada razoável e pode ser desafiada pelo próximo debatedor. Após, sua razoabilidade será
analisada pelos juízes. É importante dizer que, assim como os debatedores devem apresentar
uma definição razoável, compete exclusivamente a eles reconhecer uma definição irrazoável e
desafiá-la.
V. Os Juízes
Após o debate, quem decide os vencedores são os Juízes. Nos debates-treino, os
juízes são sorteados entre os próprios participantes (estimulando a capacidade análitica dos
presentes) ou podem ser convidados externos. Além da decisão, cabe aos juízes repassarem
críticas e conselhos aos participantes, visando, sempre, o crescimento dos debatedores.
Fontes utilizadas:
parlibrasil.org/Guia_de_estudos.pdf
sddufc.com.br/mocoes
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SDDUFSC@GMAIL.COM
FACEBOOK.COM/SDDUFSC
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