Post on 17-Nov-2018
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS:
ANÁLISE EM HOSPITAIS SITUADOS NA
REGIÃO DO VALE DO RIO DOS SINOS
Lissandra Andrea Tomaszewski (ILES/ULBRA)
lissandraandrea@gmail.com
Marilia Rodrigues (UFRGS)
ma.marilia@gmail.com
Gustavo da Silva Rocha (UNISINOS)
gustavosr27@bol.com.br
Ricardo Brandao Mansilha (UNISINOS)
ricardomansilha@gmail.com
Este artigo apresenta um estudo relacionado ao gerenciamento dos resíduos
sólidos urbanos, com ênfase nos resíduos sólidos hospitalares. Inicialmente,
realizou-se uma pesquisa bibliográfica referente às normas e resoluções
relacionadas ao tema em estudo. Em seguida, foram feitas entrevistas
semiestruturadas em dois hospitais localizados na região do Vale do Rio dos
Sinos. O objetivo deste trabalho foi apresentar a gestão dos resíduos sólidos
hospitalares nestes hospitais, assim como verificar se os mesmo se
encontram em conformidade com as normas exigidas. Concluiu-se que o
hospital A possui um gerenciamento de acordo com as normas e há um
planejamento para melhorias nesta área. O hospital B possui um
gerenciamento deficitário, devido à falta de verbas.
Palavras-chave: Resíduos Sólidos, hospitais, gerenciamento.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
Existem diversos estudos relacionados aos problemas ambientais, principalmente à geração e
destinação dos resíduos (KARPINSK, et. al. 2009). Segundo a ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas), NBR (Norma Brasileira) 10.004 (2004) Resíduos Sólidos Urbanos
(RSU) são aqueles resíduos em estados sólidos e semissólidos que resultam de atividades da
comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços, de
varrição ou agrícola. No Brasil, a geração de RSU teve um aumento de 1,3% do ano de 2011
para 2012. Esse percentual é maior do que a taxa de crescimento populacional urbana que foi
de 0,9%, no mesmo período. “A comparação da quantidade total gerada e o total de resíduos
sólidos urbanos coletados, mostra que 6,2 milhões de toneladas de RSU deixaram de ser
coletados no ano de 2012 e, por consequência, tiveram destino impróprio” (ABRELPE, 2012,
p.28). A participação percentual das diversas regiões brasileiras no total de RSU coletado no
país em 2012 é apresentada na Figura 1.
Figura 1 - Participação das regiões do país no total de RSU coletado
Fonte: ABRELPE (2012, p. 29)
Dentro dos RSU há os Resíduos Sólidos da Saúde (RSS), que são resíduos gerados em
hospitais, postos de saúde, clinicas, entre outros. Conforme notícias da Folha de São Paulo,
Resíduos... (2011), 60% das empresas e órgãos públicos no Brasil que fazem a coleta de lixo
hospitalar não o destinam de acordo com as normas. Ademais, 41% dos municípios não o
tratam de forma adequada, simplesmente colocam em aterros sanitários, misturados com
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outros tipos de resíduos.
A fim de prevenir danos maiores à população e ao meio ambiente há a necessidade de
cumprimento de leis e gerenciamento assertivo nos sistemas de saneamento básico. Segundo
Patriota (2011), há dúvidas quanto à fiscalização e o tratamento de resíduos hospitalares no
país. De acordo com o autor, nos próprios hospitais, não há separação dos resíduos
adequadamente.Além do que, muitas cidades incineram o lixo de forma incorreta,
prejudicando o meio ambiente e a saúde pública.
Diante disto, vê-se a necessidade de um gerenciamento adequado para os Resíduos do Serviço
de Saúde, devido a esses resíduos ser contaminantes, nocivos à saúde e danificar o meio
ambiente. Desta forma, o objetivo desta pesquisa, a partir da análise das praticas gerenciais de
dois hospitais, foi apresentar como é realizada a gestão de resíduos sólidos hospitalares e
verificar se os mesmos estão em conformidade com as normas exigidas. Para isto, a seguir
será apresentado um breve referencial, o método de pesquisa e os resultados alcançados.
2. Revisão bibliográfica
Esta seção apresenta a revisão da literatura relacionada aos Resíduos Sólidos e aos Resíduos
Sólidos Hospitalares, em específico.
2.1 Resíduos sólidos
De acordo com a ABNT NBR 10.004/2004, os resíduos sólidos podem ser classificados de
acordo com a classe, origem e periculosidade. O Quadro1 apresenta a classificação dos
resíduos quanto à classe.
Quadro 1 – Classificação dos resíduos sólidos quanto à classe
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Fonte: adaptado de ABETRE (2006)
No Quadro 2 estão alguns exemplos de resíduos considerados perigosos e não perigosos,
conforme a classificação apresentada no quadro anterior.
Quadro 2 - Exemplos de resíduos perigosos e não perigosos
Fonte: adaptado de ABETRE (2006)
Já de acordo com a Lei 12.305/2010, os resíduos sólidos são classificados quanto a sua
origem e sua periculosidade. O Quadro 3 apresenta a classificação dos resíduos quanto à
origem.
Quadro 3 - Classificação dos resíduos sólidos quanto à origem
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Fonte: adaptado de ABETRE (2006)
No Quadro 4 podem-se visualizar alguns exemplos de resíduos referentes à origem.
Quadro 4 - Exemplos de resíduos quanto à origem
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Fonte: adaptado de ABETRE (2006)
Em relação à periculosidade, ou seja, se os resíduos são ou não perigosos, retratam os
primeiros itens do Quadro 1, as primeiras duas classes. Esta classificação pode ser vista no
Quadro 5.
Quadro 5 - Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade
Fonte: adaptado de ABETRE (2006)
Dito isto, a próxima etapa é compreender os resíduos de origem hospitalares, também
conhecidos como os RSS. Sendo assim, a seguir, os principais resíduos hospitalares, bem
como as suas classificações, conforme o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA
(1993), serão apresentados.
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2.2 Resíduos sólidos hospitalares
A classificação dos resíduos hospitalares segue no Quadro 6, segundo a Resolução do
CONAMA nº5 de 1993.
Quadro 6 - Classificação dos resíduos hospitalares
GRUPO DESCRIÇÃO EXEMPLOS
A
Resíduos que
apresentam material
com risco potencial à
saúde pública e ao meio
ambiente devido à
presença de agentes
biológicos
Sangue e Homoderivados; Animais usados em
experimentação; peças anatômicas; filtros de gases
aspirados de área contaminada; resíduos advindos de
área de isolamento; restos alimentares de unidade de
isolamento; resíduos de laboratórios de análises
clínicas; resíduos de unidades de atendimento
ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de
internação e de enfermaria e animais mortos a bordo
dos meios de transporte.
B
Resíduos que
apresentam material
com risco potencial à
saúde pública e ao meio
ambiente devido às suas
características químicas
Drogas quimioterápicas e produtos por elas
contaminados; resíduos farmacêuticos
(medicamentos vencidos, contaminados, interditados
ou não utilizados); demais produtos considerados
perigosos.
C Rejeitos Radioativos Materiais provenientes de laboratórios de análises
clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia.
D
Resíduos comuns são
todos os demais que não
se enquadram nos
grupos descritos
anteriormente.
Outros materiais
Fonte: Resolução CONAMA nº5 de 1993
A Figura 2 apresenta os símbolos utilizados para diferenciar os diferentes tipos de resíduos
que são gerados dentro das instituições de saúde.
Figura 2 – Símbolos dos resíduos sólidos hospitalares
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Fonte: Resolução CONAMA nº5 de 1993
Enfim, como pode ser visto os RSS estão presentes em todas as classes existentes de resíduos
sólidos. Desta forma, a coleta, transporte e destino precisam ser diferenciados para cada caso.
Esta distinção é fundamental para que haja segurança no que tange a saúde pública e meio
ambiente.
2.3 Coleta, transporte e destino
Conforme a Resolução RDC n.º 306, de 07 de Dezembro de 2004, o correto gerenciamento
dos resíduos de Serviços de Saúde - RSS previne e reduz os riscos à saúde. Assim como o
atendimento das normas e leis, desde a geração até a destinação final, permite beneficiar a
saúde pública e ao meio ambiente. Essa Resolução considera disponibilizar informações
técnicas adequadas ao manejo dos RSS, seu gerenciamento e fiscalização. De acordo com
essa Resolução o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS
estabelece algumas diretrizes relacionadas ao manejo deste tipo de resíduo. Segue no Quadro
7 o gerenciamento dos RSS, conforme RDC Nº306.
Quadro 7 – Gerenciamento do RSS, de acordo com a Resolução RDC n.º 306
Segregação
Separação do resíduo no momento e local de sua geração, de acordo
com as características físicas, químicas, biológicas, a sua espécie,
estado físico e classificação.
Acondicionamento
Ato de embalar corretamente os resíduos segregados, de acordo com
as suas características, em sacos e/ou recipientes impermeáveis,
resistentes à punctura, ruptura e vazamentos.
Identificação
Conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos
contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto
manejo dos RSS.
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Transporte Interno
Deve ser realizado em sentido único, com roteiro definido e em
horários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e
medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas.
Como também ser feito separadamente e em recipientes específicos a
cada Grupo de resíduos.
Armazenamento
Temporário
Consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos
já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando
agilizar a coleta dentro do estabelecimento, e otimizar o translado
entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para
coleta externa. Não poderá ser feito armazenamento temporário com
disposição direta dos sacos sobre o piso.
Tratamento
Aplicação de método, técnica ou processo que modifique as
características biológicas ou a composição dos RSS, que leve à
redução ou eliminação do risco de causar doença. O tratamento pode
ser aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em outro
estabelecimento, observadas nestes casos, as condições de segurança
para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do
tratamento. Os sistemas para tratamento de resíduos de serviços de
saúde devem ser objeto de licenciamento ambiental, por órgão do
meio ambiente e são passíveis de fiscalização e de controle pelos
órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente.
Armazenamento
Externo
Consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da
coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os
veículos coletores.
Coleta e Transporte
Externos
A coleta e transporte externos consistem na remoção dos RSS do
abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de
tratamento ou destinação final, utilizando-se técnicas que garantam a
preservação da integridade física do pessoal, da população e do meio
ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de
limpeza urbana.
Destinação Final
Disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-
los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e
licenciamento em órgão ambiental competente.
Fonte:adaptado de Maroun (2006)
Por fim, pode se dizer que é preciso uma conscientização quanto a forma de coleta, transporte
e destinação dos resíduos hospitalares conforme sua classe origem e periculosidade, uma vez
que cada resíduo traz consequências diferentes a saúde pública e ao meio ambiente. Na
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próxima seção será exposto de forma breve o método de construção deste trabalho.
3. Método Científico
Diante do objetivo proposto, isto é, a análise das práticas gerenciais de um hospital, no que
tange a gestão dos resíduos sólidos hospitalares, optou-se pela realização de um estudo de
caso utilizando uma pesquisa exploratória. Segundo Yin (2009),o estudo de caso é uma
investigação empírica. Os benefícios para o desenvolvimento do estudo de caso são
possibilitar o conhecimento sobre novas teorias e incrementar o conhecimento sobre
determinado assunto através de eventos reais e contemporâneos (MIGUEL et. al., 2010).
De acordo comMarconi e Lakatos (2008) a pesquisa exploratória tem por objetivo tornar mais
claro para o pesquisador o assunto estudado dando embasamento nas suas pesquisas atuais e
futuras. Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizado, na pesquisa exploratória, a
entrevista em profundidade que, conformeMalhotra (2012), é uma entrevista semi-estruturada,
direta, pessoal, em que um único respondente é testado por um entrevistador, para descobrir
motivações, crenças, atitudes e sensações subjacentes sobre um tópico.
O levantamento de dados foi feito através de observação direta. ParaMarconi e Lakatos
(2008) a observação direta é uma técnica de coleta de dados com o intuito de conseguir
informações, utilizando muitas vezes os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade. Foi feito, conjuntamente, uma entrevista semiestruturada que, de acordo com Flick
(2009), contém respostas claras e imediatas, pois deixam o entrevistado responder
espontaneamente, sendo complementadas por formas implícitas de abordar o assunto. O
método de trabalho que foi utilizado está contemplado na Figura 2.
Figura 3 - Método de trabalho
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Fonte: elaborado pelos autores
O primeiro passo foi o levantamento de material, tais como pesquisas em livros, artigos,
periódicos e revistas, para o embasamento teórico sobre resíduos hospitalares quanto a sua
classificação, tipos, coleta e transporte. Em seguida, o desenvolvimento das questões
pertinentes que foram abordadas aos entrevistados. Realizado o desenvolvimento das
questões, o próximo passo foi a busca de hospitais. O intuito foi de encontrar um hospital
particular e um público, na região sul do Estado, a fim de obter informações que
possibilitassem comparações entre diferentes tipos de hospitais. Além disso, o acesso direto
com o gestor responsável da área de segregação de resíduos facilitaria a coleta dessas
informações. Para as entrevistas, seguiu-se um roteiro de questões que eram anotadas no
momento das entrevistas. Ao final, realizou-se uma comparação com os resultados obtidos na
entrevista com o encontrado na literatura.
4. Análise e resultados
As análises serão realizadas dentro de quatro grandes categorias que são: i) resíduos gerados;
ii) identificação e segregação; iii) coleta e transporte interno, eiv) quantidades geradas e
destinação final. Essas análises foram realizadas para os dois hospitais onde foi realizado o
estudo.
4.1 Hospital A
O Hospital A possui uma infraestrutura de quatro pavimentos com capacidade de 134 leitos,
uma unidade de tratamento intensivo e três salas de cirurgia. Além disso, é detentora das
seguintes unidades: Emergência, Centro de Especialidades e Diagnósticos, Ala dos Cristais,
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Ala das Esmeraldas, Farmácia Interna, Centro Obstétrico, Unidade de Terapia Intensiva,
Centro Cirúrgico, Pediatria, Maternidade, Cafeteria, Auditório, Administração e Serviços de
Apoio.O hospital é particular, mas 88% dos atendimentos são realizados pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) abrangendo algumas cidades da região do Vale dos Sinos. Também é
importante salientar que neste hospital existe uma responsável técnica para o gerenciamento
dos RSU.
4.1.1 Resíduos gerados
No Quadro 5 pode-se observar o modelo utilizado pelo hospital A para classificar os resíduos.
Quadro 5 – Modelo de classificação utilizado pelo hospital A
Fonte: elaborado pelos autores
A partir da geração dos resíduos, há a identificação e segregação, conforme abordado no
próximo item.
4.1.2 Identificação e segregação
Todas as identificações são feitas com uma etiqueta colada em cima das lixeiras. Cada tipo de
resíduo é diferenciado pela cor do saco. Segue abaixo o Quadro 6 que mostra como são
identificados os tipos de resíduos.
Quadro 6 – Classe, características e imagens das lixeiras no Hospital A
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Fonte: elaborado pelos autores
Os resíduos alimentares gerados pelo refeitório são classificados como resíduos comuns
orgânicos, já os alimentos dos pacientes em isolamento são considerados resíduos
contaminados. Nota-se que neste hospital não há geração de resíduos do grupo C, ou seja,
resíduos radioativos, que são materiais provenientes de laboratórios de análises clínicas,
serviços de medicina nuclear e radioterapia.
4.1.3 Coleta e transporte interno
A coleta dos resíduos é feita por turno, o recolhimento é realizado pela equipe de
higienização, que utiliza todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) necessários. Os
resíduos são transportados em um expurgo (carrinho com tampa e sem divisórias). E neste
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caso todos os tipos de resíduo gerados vão para o mesmo expurgo. Cada setor tem um
expurgo e este é colocado em uma sala à espera da coleta geral que é feita uma vez ao
dia.Após, os resíduos são levados para a Central de Resíduos situada em um depósito coberto
e externo ao hospital. Nesta Central há divisórias para cada tipo de resíduo, como visto no
Quadro 7, e bombonas diferenciadas.
Quadro 7 –Tipos de armazenamentos
Fonte: elaborado pelos autores
Pode-se notar que há uma separação dos resíduos, identificados, porém alguns, tais como
plásticos e papéis, ficam expostas ao meio ambiente, podendo atrair animais não desejáveis ao
meio em que se encontram. Além disso, os resíduos perigosos estão no mesmo local dos
outros, onde deveriam estar em áreas separadas e isoladas. A seguir, a quantidade gerada e o
destino final dos resíduos no Hospital A.
4.1.4 Quantidade de resíduos e destinação final
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Na Tabela 1, encontram-se as quantidades de resíduos geradas no hospital A, assim como a
destinação final.
Tabela 1 - Quantidades e destinação final dos resíduos gerados no Hospital A
Fonte: elaborada pelos autores
A empresa Aborgama faz o recolhimento dos resíduos do grupo A e E a cada 15 dias e do
grupo B duas vezes por semana, a empresa fica responsável pela incineração dos mesmos.
Para fazer a coleta dos resíduos químicos o hospital deve enviar um e-mail à empresa
avisando que há esse tipo de material para ser recolhido, assim como uma nota fiscal e um
relatório com detalhes dos resíduos. O custo mensal para este serviço gira em torno de R$
3.250,00 (três mil duzentos e cinquenta reais). A prefeitura recolhe o lixo comum. Os resíduos
recicláveis são vendidos a uma cooperativa e geram em torno de R$ 200,00 (duzentos reais)
ao mês. O óleo de cozinha é doado a uma empresa que o utiliza para a produção de solas de
sapatos.
Enfim, há um controle em relação à logística de destino dos resíduos à reciclagem, porém a
armazenagem desses deveria ser ter um acondicionamento de acordo com a necessidade de
cada classe de resíduo. Isso acarretaria positivamente em diversos fatores, tais como: higiene,
menor risco de perfuração de material prefurocortante por parte dos colaboradores, mistura de
resíduos, entre outros.
4.2 Hospital B
A instituição hospitalar B possui 61 anos de experiência na área de saúde, com 180 leitos e
capacidade de atendimento de 534 pacientes/mês, destes 90% são atendidos pelo SUS, porém,
a partir do ano de 2013, o hospital será 100% público. Realiza atendimentos de urgência e
emergência, cirurgias gerais, vídeo cirurgia, medicina interna, ginecologia, obstetrícia, UTI
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neonatal, UTI adulto, pediatria e traumatologia.
4.2.1 Resíduos Gerados
Há a geração de todos os grupos de resíduos, porém os resíduos do tipo C não são de
responsabilidade dohospital, pois a geração destes resíduos é de serviços terceirizados.
4.2.2 Identificação e Segregação
Cada grupo de resíduos possui um saco de cor diferente. A maioria das lixeiras possui pedal e
tampas, todas com adesivo de identificação. Todos os resíduos gerados pelos pacientes são
considerados resíduos contaminantes. A segregação dos resíduos do grupo B, exceto os
frascos e ampolas é de responsabilidade das empresas terceirizadas, porém é o hospital que
deve dar a destinação final a eles. No Quadro 8,apresenta-se de acordo com a classe, a cor do
saco utilizado, assim como o tipo de lixeira.
Quadro 8 – Classe, cor do saco, tipo de lixeira e imagens das lixeiras no Hospital B
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Fonte: elaborado pelos autores
Nota-se que neste hospital, também não foi considerado os resíduos radioativos, tendo em
vista que não é de responsabilidade do hospital. Porém, isto não isenta o hospital da
responsabilidade em manter a integridade da saúde de seus colaboradores e pacientes.
4.2.3 Coleta e Transporte Interno
A coleta é feita pelo pessoal da higienização. Os resíduos são levados a uma sala própria de
cada setor. Ao fim de cada turno, um responsável pela central de resíduos faz o transporte dos
mesmos. Este depósito é coberto e externo ao hospital. Há uma porta que liga diretamente o
deposito à rua, por onde as empresas responsáveis pela coleta fazem a coleta destes resíduos.
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Na figura 11 a bombona de armazenamento.
Figura 11 – Bombona para armazenamento de vidros recicláveis
Fonte: elaborado pelos autores
Neste caso, não foi permitido ao grupo de pesquisadores obterem imagens da central de
resíduos, pois a mesma se encontrava em reforma. Assim sendo, a Figura 11 é o único
exemplo obtido da bombona utilizada na central.
4.2.4 Quantidades Geradas e Destinação Final
Na Tabela 2, encontram-se as quantidades de resíduos geradas no hospital B, assim como a
destinação final.
Tabela 2 - Quantidades e destinação final dos resíduos gerados no Hospital B
Fonte:elaborada pelos autores
A empresa Ambiental faz o recolhimento dos resíduos A, B e E. Os resíduos comuns
(recicláveis, orgânicos e não recicláveis) são doados para uma cooperativa.
4.3 Comparativo de manejo entre os hospitais
Em relação à identificação dos resíduos sólidos hospitalares, existem algumas diferenças entre
os dois hospitais. Em relação à segregação, acondicionamento e transporte interno, os dois
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hospitais estão de acordo com as normas, pois, em todas as lixeiras há etiquetas com símbolo
e o tipo de resíduo que deve ser depositado nas mesmas, é segregado corretamente, com
lixeira e cor do saco especifico.
Em relação à identificação, no hospital B, os resíduos recicláveis como papel e plásticos não
são identificados e nem separados corretamente. Já o transporte interno, nos dois hospitais
acontece em horários específicos. No hospital A esse transporte é feito duas vezes ao dia e no
hospital B ao final de cada turno.Sendo que no hospital B, quem realiza este transporte é uma
pessoa responsável pela central de resíduos.
Tabela 3 - Comparativa de manejo dos RSS entre as normas e os hospitais A e B
Fonte:elaborada pelos autores
A armazenagem temporária no Hospital A é feita em uma sala que não é própriasomente para
isso, podendo haver contaminações aos funcionários que frequentam este ambiente. O
armazenamento externo, nos dois hospitais é coberto, porém, no Hospital B, não há divisórias
especiaispara cada tipo de resíduo. O tratamento dos resíduos no Hospital B não é gerenciado
corretamente, pois há falhas em conhecimento sobre a destinação final, além da forma correta
da coleta e transporte externo. Como por exemplo, neste hospital, um “carroceiro” coleta
todos os resíduos que não são considerados contaminados, inclusive alimentos, tudo
misturado.
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Nos dois hospitais a coleta dos resíduos contaminados é feita por empresas terceirizadas que
são responsáveis pela destinação final dos resíduos. Em relação aos resíduos recicláveis, o
Hospital A vende-os a uma cooperativa que os destina corretamente.
5. Conclusões
O gerenciamento adequado dos resíduos é uma preocupação que atinge a maioria da
sociedade. Isto se torna incisivo dentro dos hospitais, pois os mesmos possuem uma série de
resoluções e regulamentações que devem ser seguidas. Nos hospitais onde foram realizadas as
entrevistas para o embasamento desta pesquisa, visualizou-se que há interesse e preocupação
no assertivo gerenciamento, porém a verba pública para tal, dificultam ações de melhorias. No
hospital A, devido o gerenciamento ser feito por uma responsável técnica engajada nesta
questão, existe comprometimento com o tratamento dos resíduos. Já no hospital B percebe-
sedeficiência neste tratamento. Por ser um hospital 100% municipal, as melhorias que devem
ser feitas para a correta gestão dos resíduos sólidos, não ocorrem por falta de investimentos.
Ademais, não há um gestor dedicado exclusivamentenesta área. O que existe atualmenteé
apenas a consciência da relevância deste gerenciamento.
Para trabalhos futuros, sugere-se a analise de hospitais particulares, a fim de comparar o
gerenciamento e, com isso, auxiliar, de certa forma, os hospitais públicos a obterem
investimentos suficientes para o correto gerenciamento de seus resíduos, dado a gravidade do
problema.
REFERÊNCIAS
ABNT, NBR 1004/2004. Resíduos Sólidos - Classificação. Norma Brasileira. 2 ed., Rio de Janeiro, 2004.
ABRELPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos
Resíduos Sólidos no Brasil. São Paulo, 2012.
ABETRE – Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos. Classificação de resíduos sólidos
norma ABNT NBR 10.004:2004.2006.
BRASIL. Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010. Instituição Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03 /_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm.> Acesso em 18 fev. 2015.
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução nº 5, de 5 de agosto de
1993.Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e
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rodoviários. Disponível em: < http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/rsulegis_03.pdf>. Acesso em: 10
jan. 2015.
FLICK, U. Introdução à Pesquisa Qualitativa. Porto Alegre: Bookmann, 2009.
MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 6 ed., Porto Alegre: Bookman,
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