Post on 10-Jan-2020
NOVEMBROFORTISSIMO Nº 9 — 2015
62Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais apresentam
SUMÁRIO
ALLEGRO V IVACEQuinta Sexta
12/11
p. 22
13/11
Christopher Seaman, regente convidadoDaniel Müller-Schott, violoncelo
DVORÁKHAYDN
SHOSTAKOVICH
Danças eslavas, op. 72, nos 7, 2 e 5Concerto para violoncelo em Ré maior, Hob. VIIb:2Sinfonia nº 10 em mi menor, op. 93
PRESTO VELOCEQuinta Sexta
05/11
p. 8
06/11
Arvo Volmer, regente convidadoElissa Lee Koljonen, violino
MESSIAENMENDELSSOHN
STRAVINSKY
HymneConcerto para violino em mi menor, op. 64Petrushka
PRESTO VELOCEQuinta Sexta
26/11
p. 36
27/11
Carlos Kalmar, regente convidadoRicardo Castro, piano
BRAHMS
KERNISNIELSEN
Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 83Musica CelestisSinfonia nº 4, op. 29, “A inextinguível”
3
Novembro será um mês de imenso vigor na programação da Filarmônica, com repertório extremamente diversificado e com a presença de regentes e solistas convidados de grande reputação internacional.
Primeiramente será a vez do regente estoniano Arvo Volmer e da violinista norte-americana Elissa Lee Koljonen, que oferecem a singela beleza do querido concerto para violino de Mendelssohn, assim como a fantasia contida em um dos primeiros balés célebres de Stravinsky. Em seguida, o maestro inglês Christopher Seaman apresenta a força dramática da Décima Sinfonia de Shostakovich e a energia contagiante de três danças eslavas de Dvorák. Em seu retorno a Belo Horizonte, receberemos o violoncelista alemão Daniel Müller-Schott interpretando um dos mais apreciados concertos de Haydn para o instrumento.
CAROS AMIGOS E AMIGAS,
FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular
Finalizando as comemorações dos 150 anos do compositor dinamarquês Carl Nielsen, a Filarmônica apresentará sua Quarta Sinfonia, inextinguível fonte de energia e surpresas, liderada pelo regente convidado uruguaio Carlos Kalmar. Nesse mesmo programa recebemos mais uma vez a visita de um dos grandes nomes do pianismo brasileiro, Ricardo Castro, fazendo uma nova leitura do belíssimo Segundo Concerto de Johannes Brahms.
Àqueles que já renovaram suas assinaturas, os nossos sinceros agradecimentos. Aos que frequentam assiduamente nossas apresentações, fazemos o convite para que explorem as opções de concertos para o ano que vem e se associem mais firmemente à nossa família, tornando-se mais um dos milhares de assinantes que hoje fazem parte desse importante projeto de sucesso.
Bom concerto a todos.
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regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de catorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV Espanhola em Madrid, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere e na Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 fará sua estreia com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Così fan Tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O Barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello. Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro
FABIOMECHETTI
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PRESTO
VELOCE
Quinta
Sexta
05/11
06/11
ARVO VOLMER, regente convidado
ELISSA LEE KOLJONEN, violino
ELISSA LEE KOLJONEN
violino
PROGRAMA
Olivier MESSIAENHymne
Felix MENDELSSOHNConcerto para violino em mi menor, op. 64• Allegro molto appassionato
• Andante
• Allegretto non troppo – Allegro molto vivace
– INTERVALO –
Igor STRAVINSKYPetrushka PARTE 1
• A Feira de Diversões
• Dança Russa
PARTE 2
• O quarto de Petrushka
PARTE 3
• O quarto do Mouro
• Valsa
PARTE 4
• O cair da noite na Feira de Diversões e a
Morte de Petrushka
PRESTO E VELOCE 1110
da Música em Milão e Torino. Ainda na última temporada o maestro estreou com a Orquestra Sinfônica da NHK e retornou às orquestras Nacional da Bélgica e Sinfônica do Estado de São Paulo.
Ocupou os cargos de diretor artístico e regente principal da Ópera Nacional da Estônia e de diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Adelaide, Austrália. Conduziu a orquestra em turnês nos Estados Unidos, incluindo o Carnegie Hall de Nova York, e em projetos como o seu aclamado Ciclo Mahler, de cinco anos. Volmer permanece ligado à orquestra como seu regente convidado principal e consultor artístico.
O maestro já se apresentou em muitas das principais salas de concerto e teatros de ópera do mundo, com orquestras como a City of Birmingham, sinfônicas de Cingapura e Taiwan, filarmônicas da BBC e de Macau, Orquestra Nacional da França e Filarmônica da Radio France, bem como as principais orquestras da Austrália. Conduziu a Orquestra da Komische Oper Berlin, Konzerthausorchester Berlim, NDR Radiophilharmonie, Sinfônica NDR de Hamburgo e a maioria dos principais grupos nórdicos, incluindo
as sinfônicas da Rádio Finlandesa e de Gothenburgo e as filarmônicas de Helsinki e Real de Estocolmo. Como regente de ópera, apresentou-se no Teatro Bolshoi, Ópera Nacional da Finlândia e Den Norske Opera; realiza récitas regulares com a Ópera Austrália em Sydney e Melbourne.
Ao longo de sua carreira, o maestro gravou extensivamente, incluindo as sinfonias completas de Sibelius com a Orquestra Sinfônica de Adelaide e as obras sinfônicas de Eduard Tubin. Também gravou a obra completa de Leevi Madetoja e compositores contemporâneos suecos e estonianos. Seu lançamento mais recente apresenta os concertos de sopro de Ross Edwards com a Sinfônica de Melbourne.
Arvo Volmer fez sua estreia profissional com a Ópera Nacional da Estônia aos 22 anos e permanece associado ao grupo desde então. Foi diretor artístico da Orquestra Sinfônica Nacional da Estônia por oito anos. Da Orquestra Sinfônica de Oulu, Finlândia, foi regente principal e diretor artístico durante onze anos. Volmer é graduado pelo renomado Conservatório de São Petersburgo, Rússia, e foi vencedor de um prêmio no Concurso Nikolai Malko, na Dinamarca, em 1989.
O maestro estoniano Arvo Volmer é amplamente aclamado por suas performances intensas tanto em óperas como em concertos. Ele é particularmente conhecido por suas interpretações de Mahler e Sibelius, assim como obras do repertório alemão, nórdico, russo e de música contemporânea.
Volmer foi nomeado diretor artístico da Orquestra Haydn de Bolzano e Trento, Itália, a partir da temporada 2014/2015. Com o grupo fez um programa de intercâmbio com a Orquestra Sinfônica de Milão Giuseppe Verdi e turnês para o Maggio Musicale Fiorentino e o Festival Internacional
ARVO VOLMERFO
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Já o Detroit News publicou “(...) Koljonen reflete em sua performance não apenas uma técnica apurada, mas propósito inabalável e confiança”.
Em seu retorno com a Orquestra da Filadélfia, Elissa interpretou o Concerto para violino nº 1 de Shostakovich. Compromissos recentes e futuros incluem a sua estreia na Espanha com James Judd e a Orquestra Sinfônica de Bilbao, performances com José-Luis Novo e orquestras em Annapolis e Binghamton, a Sinfônica de Delaware, Reading Symphony, Kimmel Center’s Summer Solstice e a estreia na Filadélfia do Concerto para Violino de Behzad Ranjbaran, com JoAnn Falletta. Sua agenda ainda inclui a Orquestra Boston Pops, Orquestra de Minnesota, Royal Philharmonic e as sinfônicas de Baltimore, Cincinnati, Dallas, Detroit, Oregon, Pittsburgh, Helsinki e Seul. Elissa já trabalhou com maestros notáveis como Mattias Bamert, James DePreist, Lawrence Foster, Richard Hickox, Neeme Järvi, Louis Lane, Andrew Litton, Eiji Oue e Bryden Thompson. Seus compromissos a têm levado a algumas das salas mais importantes do mundo, entre elas o Musikverein de Viena, Salzburg Mozarteum, Amsterdam
Concertgebouw, Barbican Centre em Londres, Seoul Arts Center, Symphony Hall de Boston e à Academia de Música da Filadélfia.
Como recitalista, Elissa já se apresentou em muitas capitais musicais, incluindo Londres, Amsterdã, Salzburgo, Seul, Washington, Filadélfia e Nova York. Uma performance no Carnegie Hall em 2004 foi saudada com excelente crítica. Em intensa atividade com música de câmara, ela se apresenta regularmente em festivais em toda a América do Norte, Europa e Ásia. Foi aclamada pela crítica em sua estreia no Queen Elisabeth Hall, em Londres, e em suas performances com o London Mozart Players e a Orquestra Filarmônica de Monte-Carlo, em um concerto especial comemorando o 700º aniversário da dinastia Grimaldi.
Elissa é pupila do grande Aaron Rosand no Curtis Institute of Music. Por sua influência, ela continua o legado e a tradição de Leopold Auer e sua lendária escola de violino.
A violinista passa metade de sua vida na Filadélfia mantendo Roberto, Sofia, Niko e Sammy longe de problemas.
Reconhecida como uma das violinistas mais célebres de sua geração, Elissa Lee Koljonen tem emocionado plateias e críticos em mais de cem cidades em todo o mundo. Inicialmente, Elissa recebeu aclamação internacional quando se tornou a primeira a receber o prestigiado Prêmio Fundação Henryk Szeryng e a medalha de prata do Concurso Internacional de Violino Carl Flesch. Sua performance foi elogiada pelo Helsingin Sanomat, de Helsinki, como “brilhante, sensual e pessoal”. Dan Tucker, do Chicago Tribune, escreveu: “Ela mostrou técnica e musicalidade sem limites”.
ELISSA LEE KOLJONEN
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Em 1932, Messiaen compõe uma obra intitulada Hymne au Saint-Sacrement. A partitura dessa obra perdeu-se durante a guerra, mas Messiaen a reconstituiu em 1946, encurtando-lhe o título: Hymne (Hino). Segundo o autor, “essa obra se caracteriza sobretudo por seus efeitos de cor”. Cores de acordes, cores de timbres, cores melódicas, contrastes... A música de Messiaen fala por ela só: universal e moderna. Por isso mesmo, sólida. O Hymne
de Messiaen, estreado em Paris no ano de 1933, pela Orcherstre des Concerts Straram, sob a regência de Walther Straram, já revela a grande testemunha de nossa era que formará toda uma geração de compositores e que norteará toda uma corrente de pensamento musical.
HYMNE (1932, versão original – 1946, versão reconstruída) 14 min
Um compositor católico. Não no sentido político ou religioso do termo, mas no sentido radical: “universal”. Se Messiaen define a sua música como “teológica”, explica ele que é porque ela estabelece uma relação com Deus. Seu misticismo provocou suspeitas, é certo, mas ele mesmo nunca se arvorou em místico, apesar de intensamente crente e fervorosamente devoto. Na sua música, a sua relação com Deus se dá por uma relação sensual e sensorial com o mundo... Desde o início.
Quando aluno do Conservatório de Paris, onde ensinavam Dupré, Gallon e Dukas, entre 1919 e 1930, estuda paralelamente o cantochão, a rítmica indiana, a música em quartos de tom, o canto dos passarinhos, as Sagradas Escrituras, a poesia surrealista. Em 1931, é nomeado organista da Igreja da Santíssima Trindade, em Paris. Ali, suas improvisações e suas primeiras composições para órgão atraem a atenção do mundo musical.
Filho de um professor de Letras, tradutor de Shakespeare, e de uma poeta simbolista, Messiaen cresce em um ambiente intelectual, determinante de sua cultura eclética.
Olivier Messiaen | França, 1908 – 1992
Prisioneiro de guerra entre 1940 e 1942, compõe e executa, no campo de concentração, sua obra mais famosa: o Quarteto para o Fim do Tempo. Professor do Conservatório de Paris desde 1942, figuram entre seus alunos nomes como Boulez, Xenakis e Stockhausen.
Católico, pois, no sentido radical. O ecletismo de sua cultura impede esse professor exemplar de se instalar no conforto de qualquer academismo – Messiaen dizia que se nutria de tudo: o folclore, o cantochão, Bach, a música russa, Debussy, Bartók, o canto dos pássaros, os ruídos da natureza. Tudo isso lhe proporciona material que ele sintetiza em uma música de efeito inaudito e de inesgotável riqueza. Em um texto datado de 1944 (Técnicas da Minha Linguagem Musical), Messiaen define essa síntese como uma ampliação ou amplificação de certas noções antigas e a adoção de regras universais, princípios unificadores. O primeiro aspecto garante o vínculo com a tradição. O segundo, garante a possibilidade de continuar lidando, no processo de criação musical, com esquemas melódicos, harmônicos e rítmicos.
INSTRUMENTAÇÃO 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 3 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Messiaen – Des Canyons aux Étoiles;
Hymne au Saint-Sacrement; Les Offrandes
Oubliées – Ensemble Ars Nova; Orchestre
Philharmonique de l’ORTF – Marius Constant,
regente – Apex – 2006
Orquestra Real do Concertgebouw – Mariss
Jansons, regente | Acesse: fil.mg/mhymne
PARA LER
Peter Hill e Nigel Simeone – Messiaen – Yale
University Press – 2005
Roland de Candé – História Universal da Música –
Eduardo Brandão, tradução – vol. 2 –
Martins Fontes – 1994
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bem-sucedida e de efeito irresistível, ao deslocar a cadenza, do final do primeiro movimento para a transição entre o desenvolvimento e a reexposição dos dois temas. Com esse procedimento inovador, a cadenza transforma-se, de simples exibição virtuosística em elemento constituinte da forma.
O Andante tem a forma de um lied ternário. Com caráter sonhador e sentimental, fornece ao instrumento solista belas frases longas e de delicadas ondulações.
O terceiro e último movimento, Allegretto non tropo – Allegro molto vivace, traz o espírito de um rondó, na forma sonata. O diálogo entre o solista
e a orquestra torna-se mais cerrado, construindo um jogo virtuosístico que, em sua espontaneidade, jamais se mostra superficial.
Terminado aos 35 anos, este Concerto foi dedicado ao violinista Ferdinand David, que o estreou, sob a regência do compositor dinamarquês Niels Gade, em 1845. Mendelssohn, entretanto, só o ouviria um mês antes de sua morte, em 1847, interpretado por Josef Joachim.
CONCERTO PARA VIOLINO EM MI MENOR, OP. 64 (1844) 28 min
Neto do filósofo Moses Mendelssohn, importante figura do Iluminismo alemão, Felix Mendelssohn recebeu educação sofisticada e musicalmente abrangente, obtendo grande sucesso como regente, pianista e compositor. Maestro audacioso, reapresentou a Paixão segundo São Mateus de Bach, exatamente um século após sua primeira audição; executava frequentemente os concertos para piano de Mozart e Beethoven; revelou ao público a Grande Sinfonia em Dó maior de Schubert e divulgou a música renovadora de seus contemporâneos, com primeiras audições de Schumann e Berlioz, entre outros compositores de seu tempo.
Sua trajetória marcou-se pela precocidade: antes dos dezenove anos, Mendelssohn já compusera muitas de suas mais importantes obras, principalmente para a música de câmara, e a célebre abertura de Sonho de uma noite de verão. O talento precoce sedimentou-se com inusitada formação musical, viabilizada por um privilegiado ambiente familiar e por viagens de estudos. Aluno de grandes mestres, amigo próximo do velho Goethe, o jovem pianista soube escolher seus modelos musicais,
Felix Mendelssohn | Alemanha, 1809 – 1847
principalmente o Beethoven da última fase. Nasceram assim vários quartetos de cordas e o admirável Octeto, escrito aos dezesseis anos. Longe de mera imitação, essas obras surpreendem pela originalidade – quanto mais se percebem as influências, maior a qualidade do resultado.
Por outro lado, o apego ao melhor cânone da música ocidental fez o compositor menos ousado que o regente. Mesmo em suas composições mais originais e a despeito de um agradável colorido romântico, ele se manteve ortodoxamente apegado a esse passado, ainda recente. Entretanto, a clareza das formas, a elegância da escrita, a suavidade das melodias e a engenhosidade de composição dessas muitas obras-primas afastam-no da mediocridade dos mendelssohnianos, que, no final do século XIX, transformaram o Conservatório de Leipzig – instituição fundada pelo compositor – em uma fortaleza do academismo.
O Concerto para violino op. 64 tem três movimentos.
O Allegro molto appassionato inicial traz uma novidade formal extremamente
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.
PARA OUVIR
CD Mendelssohn – Concerto para violino em mi
menor, op. 64 – Gewandhaus Orchester Leipzig –
Kurt Mansur, regente – Anne-Sophie Mutter,
violino – Deutsche Grammophon, Alemanha – 2008
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt –
Paavo Järvi, regente – Hilary Hahn, violino
Acesse: fil.mg/mviolino
PARA LER
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
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sucumbiu, mas agora vitimado pelas emoções consequentes a um amor não correspondido. Mesmo na apresentação em concerto, sem o recurso à cena coreográfica, alguns dados do argumento podem contribuir para a apreensão e fruição da obra. “Burlesca em quatro cenas”, tal como anotado na partitura, Petrushka se inicia com um cenário no qual uma multidão na praça do Almirantado, em São Petersburgo, festeja o Carnaval Ortodoxo.
O fervilhamento de timbres, de melodias de inspiração folclórica, a riqueza rítmica estão entre os elementos que compõem o cenário onde passa, dançando, um grupo de bêbados, e aparecem, em delicado contraste, um tocador de realejo, uma dançarina que marca o compasso com a ajuda de um triângulo... É nesta cena de rua, caleidoscópica, que surgem as personagens centrais da história. Anunciado pelos tambores, um teatro de marionetes atrai a atenção do público. Conduzido por um velho, misto de mago e de charlatão, o teatro abriga os fantoches que ganham vida, tocados pelos sortilégios de um solo de flauta: Petrushka, a Bailarina e o Mouro
começam a dançar, para espanto dos presentes. Essa Dança Russa, trepidante, encerra a primeira cena. A multidão só voltará na cena final, após duas cenas relativamente breves, mas capitais para o desenvolvimento do drama. Na primeira delas, Petrushka é brutalmente empurrado porta adentro pelo charlatão e, em seu quarto, se vê a sós com sua triste sorte. Sua expressão de dor é, por enquanto, apenas um lamento, representado pelos arpejos superpostos de dois clarinetes, em tonalidades que distam um trítono entre elas. A entrada em cena da Bailarina que repudia o amor de Petrushka só faz aumentar seu desespero, que a orquestra ilustra com a transformação do lamento, agora um grito executado pelos trompetes. A cena seguinte, nos aposentos do Mouro, é marcada por uma valsa, “à maneira de” Joseph Lanner, compositor austríaco, em contraponto com a melodia de uma conhecida canção parisiense da época. Esse divertido jogo musical é o pano de fundo para a exasperação de Petrushka. Uma briga com o Mouro encerra a cena e, com a volta da multidão, o cenário se enche de situações e de atmosferas
Em Petrushka, desde os compassos iniciais, Stravinsky conduz o ouvinte através de um cenário multicolorido, no qual a diversidade de atmosferas e de timbres, a vivacidade da invenção rítmica e a riqueza de contrastes convidam à imersão em um mundo singular. A história do fantoche, que se emociona, cria alma e não passa imune às vicissitudes da existência, ecoa em cada um de nós, por sua humanidade, conduzida pela magia da invenção musical stravinskiana.
Petrushka é um dos três balés da chamada fase russa de Stravinsky. Estreada em 1911, ladeada por duas outras obras marcantes – O Pássaro de Fogo (1910) e A Sagração da Primavera (1913) –, ocupa lugar importante na multifacetada produção do compositor. É quase mesmo uma preparação oportuna e bem-vinda para o cometimento da Sagração, um meio caminho no qual traços significativos da personalidade stravinskiana já se impunham.
Segundo o próprio compositor, Petrushka foi, de início, idealizada como uma espécie de “peça de concerto”, na qual o piano teria um papel relevante. Stravinsky relatou a
visão de um “fantoche subitamente furioso que, por suas cascatas de arpejos diabólicos”, exasperava a paciência da orquestra, que replicava com suas “fanfarras ameaçadoras”. Na sequência, uma “terrível luta” levava à queda “dolorosa e lamentosa do pobre fantoche”. Quando trechos da nova composição foram apresentados a Diaghilev, o fundador e diretor dos Balés Russos a princípio se mostrou surpreso com a interrupção da composição de uma obra encomendada após o sucesso de O Pássaro de Fogo – precisamente A Sagração da Primavera –, mas a surpresa cedeu lugar ao entusiasmo, pela qualidade do material apresentado e pelo sucesso que o tino comercial de Diaghilev antevia, caso o compositor aquiescesse às necessárias reformulações em Petrushka, no sentido de transformá-la em balé.
O argumento da obra definitiva ficou a cargo do compositor, com o qual colaborou Alexander Benois, também responsável pela cenografia. Vestígios da ideia original, da visão que amalgamava elementos musicais e dramáticos, marcaram a versão da estreia: a parte pianística foi tratada com destaque e o fantoche
PETRUSHKA (1910 / 1911, versão original – 1947, versão revisada) 33 min
Igor Stravinsky | Rússia, 1882 – Estados Unidos, 1971 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, celesta, piano, harpa, cordas.
PRESTO E VELOCE 2120
contrastantes. Em meio à animação geral, passam despercebidos os gritos que partem do teatro de marionetes, até que surge Petrushka, perseguido pelo Mouro, que o atinge, mortalmente, com um sabre. Diante da multidão estupefata, o charlatão segura o corpo do fantoche, tentando convencer a todos de que, no final das contas, trata-se apenas de um boneco. A multidão se dispersa e, ao ver, sobre o teatro de marionetes, a sombra ameaçadora de Petrushka, também
o velho mago sai de cena. Stravinsky nos reserva um final surpreendente, um golpe de gênio ao envolver, em uma orquestração de meias tintas, a aparição fantasmagórica. E o último grito de Petrushka, nos trompetes, parece interrogar, a todos nós, sobre a verdadeira natureza do fantoche.
OILLIAM LANNA Compositor e regente, Doutor
em Linguística (Análise do Discurso), professor
da Escola de Música da UFMG.
PARA OUVIR
CD Le Sacre du Printemps; Pétrouchka –
Boston Symphony Orchestra – Pierre Monteux,
regente – RCA Red Seal, 62314 – 2004
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão
Italiana – Aleksandr Vedernikov, regente
Acesse: fil.mg/spetrushka
PARA LER
Robert Siohan – Stravinsky – Éditions du Seuil – 1982
Robert Craft – Conversas com Igor Stravinski –
Editora Perspectiva – 1984
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CHRISTOPHER SEAMAN, regente convidado
DANIEL MÜLLER-SCHOTT, violoncelo
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Sexta
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13/11
PATROCÍNIO
DANIEL MÜLLER-SCHOTT
violoncelo
PROGRAMA
Antonín DVORÁKDanças Eslavas, op. 72• Dança nº 7 em Dó maior: Allegro vivace
• Dança nº 2 em mi menor: Allegretto grazioso
• Dança nº 5 em si bemol menor: Poco adagio
Franz Joseph HAYDNConcerto para violoncelo em Ré maior, Hob. VIIb:2• Allegro moderato
• Adagio
• Rondo: Allegro
– INTERVALO –
Dmitri SHOSTAKOVICHSinfonia nº 10 em mi menor, op. 93• Moderato
• Allegro
• Allegretto
• Andante
2524 ALLEGRO E VIVACE
criou uma nova série de concertos, contribuição reconhecida com um prêmio da Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores. Christopher também foi diretor musical da Filarmônica de Nápoles, maestro residente na Sinfônica de Baltimore, consultor artístico da Sinfônica de San Antonio e, no Reino Unido, maestro principal da Sinfônica da BBC da Escócia e da Northern Sinfonia. A temporada 2015/2016 inclui compromissos com orquestras norte-americanas, tais como as sinfônicas de Cincinnati, Baltimore, Vancouver, Milwaukee e do Havaí. Christopher abre a temporada da Filarmônica de Auckland e estreia com a Sinfônica de Kristiansand e com a Filarmônica de Minas Gerais, no Brasil.
Como maestro convidado, é presença frequente no Festival de Música de Aspen e recentemente esteve com as sinfônicas de Detroit, Houston, St. Louis e Seattle; com a Filarmônica de Varsóvia, Sinfônica do Porto Casa da Música e a Orquestra da Opera North. Apresenta-se sempre na Austrália e na Ásia, onde conduziu as filarmônicas de Hong Kong e Nacional de Taiwan, além das sinfônicas de Sydney, Melbourne, Adelaide e Singapura, entre outras.
Em 2009, a Universidade de Rochester fez de Christopher Doutor Honorário em Música, em reconhecimento à sua excepcional liderança como maestro, seu trabalho em gravações, como professor e como parceiro da comunidade artística. Seu primeiro livro, Inside Conducting, publicado pela universidade, está entre os favoritos de 2013 do Financial Times e da revista Classical Music; o livro “desmistifica a arte e a figura do maestro”, escreveu The Spectator.
Envolvido com o incentivo a jovens talentos, há muitos anos Christopher é diretor de curso do Programa de Aperfeiçoamento de Maestros da Symphony Services International, na Austrália. Com o mesmo objetivo trabalhou com a Tonhalle-Orchester Zürich, com a Orquestra Nacional da Juventude da Grã-Bretanha e a Guildhall School of Music and Drama.
Em gravações, trabalhou com a Royal Philharmonic e a Philharmonia, entre outras. Seus álbums com a Filarmônica de Rochester têm sido aclamados pela crítica. Gravou pelo selo Harmonia Mundi a obra A London Symphony de Vaughan Williams, descrita pelo The Sunday Telegraph como uma “gravação finíssima de um clássico inglês (...) impressionante como jamais ouvi”.
O maestro britânico Christopher Seaman é reconhecido internacionalmente pelo seu modo inspirador de fazer música. Em seu vasto repertório, destacam-se as interpretações de música inglesa do início do século XX, Bruckner, Brahms e Sibelius.
Com uma longa e notável carreira nos Estados Unidos, Christopher foi diretor musical da Filarmônica de Rochester por treze anos e, depois, maestro laureado. Ele elevou o nível artístico da orquestra, ampliou sua base de audiência e
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2726 ALLEGRO E VIVACE
Londres, Sinfônica da Cidade de Birmingham, London Philharmonia, Berliner Philharmoniker, Gewandhaus de Leipzig, as orquestras das rádios de Berlim, Munique, Frankfurt, Stuttgart, Leipzig e Hamburgo; a Orquestra Nacional da Radio France, Filarmônica da Holanda e Orquestra Nacional da Espanha. Na Ásia, com a Sinfônica NHK de Tóquio, Sinfônica Nacional de Taiwan e Filarmônica de Seul. Esta é a segunda apresentação de Daniel Müller-Schott com a Filarmônica de Minas Gerais.
Daniel Müller-Schott tem se apresentado sob a batuta de maestros de renome como Marc Albrecht, Thomas Dausgaard, Charles Dutoit, Christoph Eschenbach, Iván Fischer, Alan Gilbert, Gustavo Gimeno, Bernard Haitink, Jakub Hrůša, Pietari Inkinen, Neeme Järvi, Dmitrij Kitajenko, Lorin Maazel, Jun Märkl, Kurt Masur, Andris Nelsons, Gianandrea Noseda, Sakari Oramo, Andrés Orozco-Estrada, Vasily Petrenko, Sir André Previn, Michael Sanderling, Jukka-Pekka Saraste, Dima Slobodeniouk e Krzysztof Urbański.
Além dos grandes concertos para violoncelo, Daniel se interessa em descobrir novas obras e expandir o repertório do instrumento com suas próprias adaptações e em cooperação com os compositores. Sir André
Previn e Peter Ruzicka dedicaram a ele um concerto, estreado por Daniel sob regência dos compositores.
Em festivais internacionais, é convidado frequente. Entre eles os Proms em Londres, o Schubertiade, Schleswig-Holstein, Rheingau, Schwetzingen, Mecklenburg-Vorpommern e Heidelberger Frühling; Festival Vancouver; Tanglewood, Ravinia e Hollywood Bowl em Los Angeles. Em sua intensa atividade como músico de câmara, Daniel colaborou com Nicolas Angelich, Renaud Capuçon, Julia Fischer, Igor Levit, Anne-Sophie Mutter, Francesco Piemontesi, Lauma Skride, Baiba Skride, Christian Tetzlaff, Jean-Yves Thibaudet, Simon Trpčeski, Lars Vogt e os quartetos Ebène e Vogler. O músico construiu uma respeitável discografia com álbuns premiados.
Daniel recebeu o Prêmio Aida Stucki 2013, conferido pela Fundação Anne-Sophie Mutter, instituição que o apoiou desde cedo. Estudou com Walter Nothas, Heinrich Schiff, Steven Isserlis e com Mstislav Rostropovich. Aos quinze anos, recebeu o primeiro prêmio no Concurso Internacional Tchaikovsky para Jovens Músicos, em Moscou.
Daniel Müller-Schott se apresenta com o violoncelo Ex Shapiro feito por Matteo Goffriller em Veneza, 1727.
Daniel Müller-Schott está entre os melhores violoncelistas do mundo de sua geração e pode ser ouvido nos mais importantes palcos internacionais. Segundo The New York Times, ele é “um artista destemido com técnica de sobra”. Graças às suas interpretações intensas e uma personalidade vencedora, suas apresentações são experiências memoráveis.
Daniel trabalha com orquestras pioneiras. Nos Estados Unidos, com as orquestras de Nova York, Boston, Cleveland, Chicago e Filadélfia; na Europa, com a Filarmônica de
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É interessante que as ditas escolas nacionais encontrem, nas danças tradicionais, arcabouço para expressões regionais, a partir da segunda metade do século XIX. Mais interessante ainda é notar que essas escolas nacionais extravasam a linguagem romântica e entram século XX adentro, abrindo caminhos originais, à margem das grandes correntes europeias.
Já não se digam das polonaises e mazurcas de Chopin, ou das rapsódias húngaras de Liszt, cujo “nacionalismo” é discutível, mas que trabalham, com estilização exponencial, certos materiais regionais. Digam-se, antes, das obras de Albéniz e Granados (e, mais tarde, Manuel de Falla), na Espanha, das danças e coros nas obras do Grupo dos Cinco, na Rússia e, mais adentrados no século XX, parte das obras de Bartók e Kodály, na Hungria, e de Ginastera, na Argentina.
Na escola tcheca, Smetana, nome frequente e injustamente olvidado, explora as danças típicas do folclore eslavo principalmente em sua obra para piano e para conjuntos de câmara. Foi ele um dos principais
modelos para seu compatriota mais famoso: Antonín Dvorák.
As duas coleções de danças eslavas de Dvorák, porém, têm uma fonte curiosa, e mais imediata: as Danças Húngaras de Brahms. Ora, Brahms, que não tinha nada de húngaro, explora, com visão estereotipada, mas ainda assim muito atraente e cheia de brilho, o folclore alheio. Essas pequenas obras compostas para piano a quatro mãos exerceram tamanho fascínio em um Dvorák que via efervescer em sua terra o sentimento nacionalista, que ele mesmo orquestrou algumas delas.
Da mesma forma que as Danças Húngaras de Brahms, os dois cadernos das Danças Eslavas de Dvorák foram compostos originalmente para piano a quatro mãos. Nelas, ele tem plena liberdade de explorar os ritmos e gêneros de seu próprio folclore, sem mascará-los em formas supostamente universais. Com isso, Dvorák traz ao mundo danças até então pouco ou nada conhecidas pelo Ocidente: a Sousedská, o Kolo, a Dumka, a Furiant.
O primeiro caderno, op. 46, foi composto em 1878. Seu editor ficou tão impressionado com o brilho e encanto
DANÇAS ESLAVAS, OP. 72 (1886 / 1887)
Nº 7 em Dó maior: Allegro vivace (3 min)Nº 2 em mi menor: Allegretto grazioso (6 min)Nº 5 em si bemol menor: Poco adagio (3 min)
Antonín Dvorák | Boêmia, atual República Tcheca, 1841 – 1904 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
dessas pequenas obras que solicitou ao compositor que delas fizesse também uma versão orquestral. Ambas as versões foram publicadas no mesmo ano. Diante do sucesso que tiveram, seu editor lhe encomendou mais uma coleção de danças, publicada como op. 72, também em duas versões: para orquestra e para piano a quatro mãos.
Kolo, Starodávny e Spacirka são, respectivamente, as danças números 7, 2 e 5 do op. 72. A primeira é comum a diversos povos eslavos e se trata de uma dança circular. A segunda, por sua vez, é uma dança típica da Silésia. O título, de difícil tradução, segundo
os estudiosos, evoca uma lembrança cara, como a de um primeiro amor. A última se trata de uma dança não muito rápida e o nome em tcheco deriva do alemão spazieren (passear).
As Danças Eslavas op. 46, estreadas em Dresden em 1878, foram decisivas para projetar Dvorák para além de suas fronteiras. As do op. 72 foram estreadas em 1887, no Teatro Nacional de Praga, sob a batuta do próprio compositor.
PARA OUVIR
CD Dvorák – Slavonic Dances, op. 46 & op. 72 –
Minneapolis Symphony Orchestra – Antal Dorati,
regente – Phillips – 1997
Filarmônica Tcheca - Václav Talich, regente
Acesse: fil.mg/deslavas72
PARA LER
Michael Beckerman – Dvorák and his world –
Princeton University Press – 1993
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Por quarenta anos, Haydn trabalhou para a poderosa família Esterházy, combinando as funções de regente e compositor. O ritmo de trabalho era alucinante, envolvendo música de câmara, concertos sinfônicos, óperas, música religiosa e para o teatro. Felizmente, Haydn dispunha de excelente orquestra, disponível para testar e ensaiar suas obras, privilégio que ele soube aproveitar com sabedoria. Optando pelo experimentalismo, Haydn desenvolveu uma linguagem musical própria, detalhista, intelectual e espirituosa. Sua obra foi decisiva para a fixação e a plena maturidade dos vários gêneros ligados à forma sonata clássica (sobretudo a sinfonia e o quarteto de cordas).
Entre as músicas sinfônicas exigidas de um compositor de corte, os concertos para instrumentos solistas possuiam características fundamentalmente diferenciais. Compostos para ocasiões e solistas específicos, consideravam os recursos individuais do instrumentista e o gosto particular de quem fizera a encomenda. Na corte de Esterházy havia brilhantes solistas e, para eles, o compositor escreveu muitos concertos, cuja maioria se perdeu. Algumas dessas partituras, pelo
caráter utilitário e imediatista de sua gênese, permaneceram apenas esboçadas; outras foram destruídas no incêndio da Casa de Ópera de Esterháza (1779) e muitas se extraviaram.
De 1778 a 1790, o principal violoncelista da orquestra Esterházy foi Anton Kraft, para quem Haydn compôs o célebre Concerto em Ré maior. Durante muito tempo duvidou-se da autenticidade dessa peça que, até uma data relativamente recente, julgava-se escrita pelo próprio Anton Kraft (ele, efetivamente, deixou alguns concertos para seu instrumento). Sintomaticamente, o criador dessa polêmica foi Nikolaus Kraft, filho de Anton e também violoncelista. O descobrimento da partitura autógrafa de Haydn, em 1953, dissipou finalmente as dúvidas e restituiu a obra ao verdadeiro autor; como, aliás, suas características e a excelência musicais indicavam. Trata-se de um concerto da plena maturidade do compositor, notável por explorar sabiamente as possibilidades técnicas do instrumento (por exemplo, seus efeitos de cordas duplas e triplas) e pela beleza melódica.
No primeiro movimento, Allegro moderato, os dois temas principais são apresentados em longa introdução orquestral. A bela melodia do primeiro
CONCERTO PARA VIOLONCELO EM RÉ MAIOR, HOB. VIIB:2 (1783)25 min
Franz Joseph Haydn | Áustria, 1732 – 1809 INSTRUMENTAÇÃO 2 oboés, fagote, 2 trompas, cordas.
tema predominará ao longo de todo o andamento que, unificado por esse motivo inicial, apresenta uma infinidade de episódios contrastantes. Terminada a introdução, o solista reexpõe os temas e os desenvolve. A extensa parte central permite-lhe rasgos virtuosísticos e, na conclusão, ele alcança as notas mais agudas do instrumento.
O Adagio em Lá maior, com a orquestração reduzida, constrói-se como um solo para violoncelo. No motivo rítmico inicial (de três notas) ecoa a conclusão do tema
principal do primeiro movimento. Desenvolve-se calmamente, numa atmosfera admiravelmente lírica.
O Finale é um Allegro – o violoncelo introduz o tema que serve de refrão para os diferentes episódios, criando um rondó com forte sabor popular e de grande vivacidade melódica.
PARA OUVIR
CD Haydn Cello Concertos – Cologne Chamber
Orchestra – Helmut Muller-Bruhl, regente – Maria
Kliegel, violoncelo – Naxos, Alemanha – 2001
PARA ASSISTIR
DVD Mischa Maisky – Cello Concertos – Haydn;
Schumann – Wiener Symphoniker; Wiener
Philharmoniker – Leonard Bernstein, regente –
Deutsche Grammophon GmbH, Alemanha – 2007
Grupo de Câmara da Academia Estatal
Shostakovich da Filarmônica de São
Petersburgo – Vladimir Altschuler, regente –
Leonard Elschenbroich, violoncelo
Acesse: hvioloncelo2
PARA LER
H. C. Robbins Landon – Haydn, sinfonias –
Guias Musicais BBC – Zahar Editores – 1984
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
3332 ALLEGRO E VIVACE
Na esteira do neoclassicismo inaugurado por Prokofiev, diversos compositores da então União Soviética despontam com maior ou menor brilho, como é o caso, por exemplo, de Katchaturian ou de Kabalevsky. No entanto, quase toda essa geração de compositores acaba frequentemente sucumbindo a uma espécie de folclorismo, em parte imposto pelas exigências do Partido Comunista, alheio às conquistas surpreendentes que lograram atingir, em outras regiões, um Bartók, um Manuel de Falla, um Janacek, ou mesmo, na Rússia, um Stravinsky como o de Les Noces.
Prokofiev não formou escola, mas tornou-se um modelo para os compositores soviéticos da geração que o sucedeu: foi o desbravador de um caminho de criação, sob as imposições do regime comunista, ao reabilitar a melodia e o contraponto, ao ampliar, em certo sentido, o próprio sistema tonal, e ao recuperar formas e procedimentos clássicos, sem abrir mão da modernidade. É abraçando abertamente esse modelo que emerge, do cenário soviético, Dmitri Shostakovich.
À música de Shostakovich foi injustamente atribuído um neorromantismo grandiloquente. Que se dirá, então, da música de Rachmaninoff?! Na verdade, Shostakovich raramente escapa às formas, estruturas e procedimentos da tradição, nem a um sistema tonal já expandido e entremeado das subversões que Debussy, Ravel, Stravinsky e mesmo a Segunda Escola de Viena conseguiram elaborar. A Shostakovich não são estranhos a fuga, o prelúdio, a sinfonia, o quarteto de cordas, a forma sonata, as funcionalidades tonais, os acordes perfeitos. Mas sua música denota uma espécie de expressionismo até então raramente explorado, cuja dramaticidade surpreendente faz transcender quaisquer neoclassicismos e atingir essencialmente as elaborações artísticas e criativas mais legítimas.
Por isso mesmo é que ele optou pela reelaboração (em parte, bem pessoal) da tradição musical, não por comodismo, mas por encontrar nisso um meio conciliatório entre suas próprias necessidades criativas e as demandas do regime político a que estava submetido.
SINFONIA Nº 10 EM MI MENOR, OP. 93 (1953)53 min
Dmitri Shostakovich | Rússia, 1906 – 1975 INSTRUMENTAÇÃO 2 piccolos, 2 flautas, 3 oboés, corne inglês, requinta, 3 clarinetes, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
Desse movimento surgem páginas impressionantes: os vinte e quatro prelúdios e fugas (em referência óbvia ao Cravo Bem Temperado de J. S. Bach) para piano, op. 87, a ópera Katerina Ismailova, a impressionante cantata A morte de Stenka Razin, o oitavo e décimo segundo quartetos de cordas (de um total de quinze) e a décima de suas quinze sinfonias.
No entanto, foi justamente por causa da escolha desse caminho conciliatório que ele foi denunciado duas vezes ao Partido Comunista (a primeira, em 1936, após a estreia da ópera Lady Macbeth, à qual estava presente Stalin, e a segunda em 1948), por compor uma música demasiado formalista e ocidentalizante, de base nitidamente não russa, que não atingia as massas proletárias. As consequências da segunda denúncia, para o compositor, foram funestas: a maior parte de suas obras foi banida, ele foi demitido de seu cargo no Conservatório de Leningrado e a maior parte dos privilégios de sua família foi cancelada. Somente em 1949, quando Stalin decidiu mandar representantes soviéticos para o Congresso para a Paz Mundial, em Nova York, é que essas medidas
foram atenuadas e Shostakovich enviado entre os representantes.
A Décima Sinfonia é a primeira grande obra sinfônica do compositor criada após a segunda denúncia. Dela, encontram-se esboços que datam ainda de 1946, embora, de acordo com cartas do compositor, o ano de sua composição tenha sido 1953. Foi estreada em dezembro do mesmo ano, pela Orquestra Filarmônica de Leningrado, sob a batuta de ninguém menos que Yevgeny Mravinsky.
1953 também foi o ano da morte de Stalin. Por isso, alguns críticos consideram essa sinfonia um manifesto contrário ao regime stalinista. Isso é contestável. Até mesmo a fonte de onde se origina tal especulação é discutível: o Testemunho, obra publicada em 1979 e atribuída a Shostakovich, tem sua autoria largamente estudada e discutida. Daí a atribuição, por alguns, de um programa velado para a construção dessa obra. Isso, no entanto, se mostra irrelevante diante do resultado musical.
Mais interessante é notar que, na Décima Sinfonia, o compositor faz
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uso, como em outras obras suas, de um motivo melódico recorrente, alusivo de seu próprio nome: a sequência das notas ré, mi bemol, dó e si (que, na notação teutônica, tomariam as siglas DSCH). Esse motivo aparece, como elemento de unidade, transmutado ou explícito, no primeiro, terceiro e quarto movimentos.
Chame-se a atenção, ainda, para certas reminiscências mahlerianas do terceiro movimento, cujo aspecto dançante contrasta vivamente com o furioso e sincopado scherzo do movimento anterior.
O primeiro movimento dessa obra recupera o tema de uma de suas obras incidentais: o segundo de seus Quatro Monólogos de Pushkin, intitulado “que nome é o meu?”. Esse mesmo tema é retomado no terceiro e quarto movimentos.
Se alguns críticos posicionam, com certa razão, Shostakovich aquém das conquistas do século XX, ignoram seu gênio criativo. Sua Décima Sinfonia é testemunho dele.
PARA OUVIR
CD Shostakovich – Symphony nº 10 – Leningrad
Philharmonic Orchestra – Yevgeny Mravinsky,
regente – Erato – 1992
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt –
Stanisław Skrowaczewski, regente
Acesse: fil.mg/ssinf10
PARA LER
Solomon Volkov – Testimony: the memoirs of
Dimitri Shostakovich – Limelight Editions – 2004
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
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CARLOS KALMAR, regente convidado
RICARDO CASTRO, piano
PROGRAMA
Johannes BRAHMSConcerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 83• Allegro non troppo
• Allegro appassionato
• Andante
• Allegretto grazioso
– INTERVALO –
Aaron KERNISMusica Celestis
Carl NIELSENSinfonia nº 4, op. 29, “A Inextinguível”• Allegro
• Poco allegretto
• Poco adagio quase andante
• Allegro
RICARDO CASTRO piano
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Para a New Yorker, o desempenho da Sinfônica do Oregon sob a batuta Kalmar foi “o destaque do festival e um dos eventos mais emocionantes da temporada atual”. Musical America descreveu a interpretação da Quarta Sinfonia de Vaughan Williams como “positivamente ardente (...) com tempos ousados que nos deixam entusiasmados (...) unanimemente estonteante”. A Sinfônica do Oregon voltou a vencer um cobiçado concerto Spring for Music no Carnegie Hall em 2013.
Como maestro convidado, apresenta-se frequentemente com grandes orquestras do mundo, como as sinfônicas de Chicago, Boston, São Francisco, Los Angeles, Cincinnati, Dallas, Houston, Minnesota, NACO, Vancouver, Lahti, Rádio Berlim, Rádio de Frankfurt, Mozarteumorchester Salzburgo, Rádio de Viena, Rotterdam, Helsinki, Filarmônica Tcheca, Seattle, Detroit e Cidade de Birmingham. O maestro retorna em breve para St. Louis, Baltimore e Milwaukee.
Um conceituado regente de ópera, Kalmar foi convidado pela Ópera do Estado Hamburgo, Ópera Estatal de Viena (Die Zauberflöte, Così fan tutte), Zurich Opera House
(Figaro, Die Entführung), Ópera Nacional de Bruxelas (Il Barbiere di Siviglia), Volksoper de Viena (Contes d’Horffmann), Frankfurt (Die Fledermaus), Weimar (Rigoletto) e os festivais de verão Aix en Provence e Carinthischer.
Registrou obras de Lalo com a Orquestra RTVE de Madrid (Warner Classics). Além do CD Music for a Time of War, gravou mais dois álbuns com a Sinfônica do Oregon. Pelo selo Cedille gravou compositores norte-americanos, Szymanowski, Martinu e Bartók. Gravou Joachim e Brahms com a Sinfônica de Chicago e também Dohnanyi, Enescu e D’Albert com a Sinfônica da BBC da Escócia e o violoncelista Alban Gerhardt (Hyperion).
Carlos Kalmar nasceu no Uruguai, filho de pais austríacos. Começou seus estudos de violino aos seis anos de idade e, aos quinze, voltou com a família para a Áustria, a fim de estudar regência com Karl Osterreicher na Academia de Música de Viena. Atuou como diretor musical da Sinfônica de Hamburgo, da Filarmônica de Stuttgart, da Tonnkunsterorchester de Viena e do Teatro Anhaltisches em Dessau, Alemanha.
Carlos Kalmar está em sua décima terceira temporada como diretor musical da Sinfônica do Oregon. Também é regente titular e diretor artístico da Orquestra RTVE, em Madrid, diretor artístico e maestro principal do Festival de Música Grant Park, em Chicago.
Sua estreia no Carnegie Hall de Nova York com a Sinfônica do Oregon, como parte da inauguração do festival Spring for Music, recebeu elogiosas críticas do jornal The New York Times e de revistas. A apresentação, com o criativo programa Music for a Time of War, foi gravada pelo selo Pentatone e nomeada para um Grammy.
CARLOS KALMARFO
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RICARDOCASTRO
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Tóquio e Mozarteum de Salzburg. Tocou sob regência de Sir Simon Rattle, Yakov Kreizberg, Alexander Lazarev, John Neschling, Kazimierz Kord e Michioshi Inoue. Este é o quinto encontro de Ricardo Castro com a Filarmônica de Minas Gerais.
Em duo com a pianista Maria João Pires apresentou-se no Concertgebouw de Amsterdã, Tonhalle de Zurique, Palau de La Musica em Barcelona, Auditório Nacional de Madri, entre outras. O primeiro álbum do duo, pela Deutsche Grammophon, contém obras de Schubert. Pela BMG eles gravaram cinco CDs com obras de Chopin e outros dedicados a Mozart, De Falla e Liszt.
Ricardo é fundador e diretor artístico do Neojiba, Núcleo Estadual de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia. Com a Orquestra Jovem da Bahia tem se apresentado em importantes salas do mundo, como o Queen Elizabeth Hall e Royal Festival Hall de Londres, Victoria Hall de Genebra, Konzerthaus de Berlim, Centro Cultural Belém e Sala São Paulo, além de concertos regulares no Teatro Castro Alves, em Salvador, e outros teatros na América do Sul.
Ricardo Castro recebeu, em 2011, o Prêmio Bravo como Personalidade Cultural do Ano. Em 2013 foi o primeiro brasileiro a receber o título
de Membro Honorário da Royal Philharmonic Society de Londres. Além de seu trabalho artístico e educativo com o Neojiba, Ricardo leciona Piano na Haute École de Musique de Lausanne, Suíça.
Ricardo começou seus estudos musicais aos cinco anos, na Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia, então liderada por Hans Joachim Koellreuter e Ernest Widmer. Três anos depois estreou em recital solo. Aos dez anos foi solista com a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia e aos dezesseis apresentou-se com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo regida por Eleazar de Carvalho.
Até os dezoito anos estudou sob orientação de Esther Cardoso, aprimorando-se com Madalena Tagliaferro. Em 1984 Ricardo ingressou no Conservatório Superior de Música de Genebra, na classe de virtuosidade de Maria Tipo e na classe de regência de Arpad Gerecz. Diplomou-se com o Premier Prix de Virtuosité avec Distinction et Felicitacions du Jury e completou seus estudos de piano em Paris com Dominique Merlet. Encontros com Friedrich Gulda, Alicia de La Rocha, Martha Argerich e Maria João Pires foram determinantes para a construção de sua estética musical.
Ricardo Castro é pianista, regente de orquestra, educador e administrador cultural. Vencedor dos concursos Internacional da ARD de Munique, Rahn de Zurique e Pembaur de Berna, foi o primeiro latino-americano a vencer o Concurso Internacional de Piano de Leeds, um dos mais importantes do mundo, o que impulsionou sua carreira internacional.
Atuou como solista da BBC Philharmonic de Londres, Orquestra da Suisse Romande, English Chamber Orchestra, Academy of St. Martin in the Fields, Sinfônica de Birmingham, Filarmônica de
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fortíssimo ao quase inaudível, efeito impressionista que conduz à reexposição, com as trompas evocando o primeiro tema. A longa Coda inicia-se com esse mesmo tema ressoando nas trompas, no oboé e na flauta, sobre trinados do piano. O movimento termina depois de impor ao solista momentos de bravura, criados pelo forte antagonismo entre o piano e a orquestra.
O segundo movimento, Allegro appassionato, é um scherzo de caráter fantástico, com acentos tumultuosos e ritmo vigoroso, facilmente caracterizado como uma dança macabra. Em cartas a amigos, Brahms ironicamente se referia a ele como um “pequeno movimento inocente, inofensivo ou ingênuo”. Na verdade, o scherzo tem papel fundamental na estrutura da obra. Sem ele, o lirismo do próximo movimento teria um efeito menor. O Trio central (Largamente), com o tema nos violinos em staccato, sobre figurações de trompas, violas e violoncelos, lembra uma dança camponesa e, antes do retorno ao scherzo, apresenta uma cantilena de surpreendente lirismo. A Coda sintetiza todos os motivos anteriores.
O terceiro movimento, Andante, apresenta um segundo solista, o violoncelo, confiando-lhe a emocionante melodia do tema principal. O piano nunca toma essa melodia; transfigura-a e parece meditar sobre ela, em divagações que soam como um improviso introspectivo. Com a mudança do andamento para più adagio, em fá sustenido maior, o piano e dois clarinetes apresentam um episódio de extraordinária ternura, sobre um fundo quase inaudível das cordas. Quando o violoncelo retoma seu tema, o piano o comenta com trilos e arpejos, até cobrir com trinados as últimas notas desse segundo solista. A serenidade de todo o movimento produz um efeito maravilhoso.
O último movimento, Allegretto grazioso, é um rondó-sonata. À forma sonata pertence sua tendência ao desenvolvimento; ao rondó, a apresentação de numerosos temas episódicos de caráter dançante. Esse caráter, ora lembrando a leveza da música vienense, ora de sabor húngaro (ou cigano), faz diferir esse movimento dos anteriores e conclui o concerto em clima de muita luminosidade instrumental, entusiasmo e otimismo.
Brahms compôs dois concertos para piano, separados por um intervalo de mais de vinte anos. O Concerto nº 2 foi planejado como uma grande sinfonia com piano, em quatro movimentos – à tradicional forma tripartida, Brahms acrescentou um Scherzo (Allegro appassionato), antes do Andante. O concerto tem proporções inéditas, e os pianistas o consideram um dos mais difíceis do repertório, devido à profundidade de sua expressão e à complexidade da escrita. Entretanto, as enormes dificuldades técnicas exigidas do solista nunca se rendem ao simples virtuosismo e são determinadas pelo desenvolvimento lógico do discurso sonoro. Em alguns momentos o pianista deve imperar com o máximo de sua potência, em outros atua com extrema delicadeza, limpidez de toque e a discrição de um acompanhador ideal. As exigências feitas a toda a orquestra se equiparam às do piano, formando, assim, um universo instrumental de máxima coesão. Sobretudo – e apesar de suas dimensões –, o concerto consegue o milagre de revelar, dentro do aparato orquestral, a intimidade do discurso da música de câmara, sugerindo uma ampliação das obras de Brahms para cordas e piano.
O primeiro movimento, Allegro non troppo, marca-se por grandes contrastes emocionais e sutis combinações instrumentais. Escrito em forma sonata, inicia-se, entretanto, com longa introdução em que os temas principais são antecipados. A entrada do solista acontece logo no segundo compasso do primeiro tema, anunciado por duas trompas. Ecoado nas madeiras e cordas, esse tema é retomado pelo piano, que o desenvolve explorando a oposição de registros no instrumento. Só então a orquestra, em tutti, volta ao tema inicial. Seguem-se outros dois temas, nas cordas: um melódico e apaixonado; o outro iniciado por rápida escala, de caráter rítmico e marcial. Chega-se à verdadeira exposição formal, com o primeiro tema ampliado habilmente pelo piano. O segundo motivo, que aparece nas cordas, é retomado pelo solista e, depois, trabalhado em conjunto com a orquestra. A terceira ideia também reaparece, antes que o piano, em passagens brilhantes, conduza ao desenvolvimento. Este – inteiramente baseado em transformações dos três motivos iniciais, submetidos a fascinantes mudanças de tonalidade – termina quando o piano passa de um
CONCERTO PARA PIANO Nº 2 EM SI BEMOL MAIOR, OP. 83 (1878 / 1881) 47 min
Johannes Brahms | Alemanha, 1833 – Áustria, 1897 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.
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PARA OUVIR
CD J. Brahms – Concertos pour piano 1 et 2 –
Philharmonia Orchestra – Carlo Maria Giulini,
regente – Claudio Arrau, piano – EMI Records Ltd.,
France – 2002
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Munique – Sergiu
Celibidache, regente – Daniel Barenboim, piano
Acesse: fil.mg/bpiano2
PARA LER
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
O Concerto em Si bemol maior foi apresentado pela primeira vez em Budapeste, a 9 de novembro de 1881, com o autor ao piano. Brahms dedicou-o a seu velho professor Marxsen.
Influentes músicos contemporâneos de Brahms consagraram-no como figura emblemática da tradição musical alemã, em oposição à novidade então representada pelo wagnerismo. Ainda nas primeiras décadas do século XX, a recepção da obra de Brahms ressentia-se
do incômodo rótulo de música conservadora e reacionária. Coube às vanguardas do século passado, notadamente a Schoenberg e Webern, o mérito de desfazer esse preconceito, ao ressaltar aspectos inovadores da obra de Brahms.
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existentes e a voz do contrabaixo. Desde a estreia da versão orquestral, realizada em 1992 por Ransom Wilson à frente da Orquestra Sinfônica de San Francisco, Musica Celestis tem sido a obra mais executada de Kernis. É comum associá-la ao Adagietto de Gustav Mahler ou ao famoso Adagio de Samuel Barber, outro compositor norte-americano que transcreveu para orquestra o movimento lento de seu primeiro quarteto para cordas. Porém, a tradição do hino de louvor instrumental remete ao Quarteto opus 132 de Beethoven, cujo Adagio, um coral no modo lídio, intitula-se “canção em ação de graças a Deus por um convalescente”.
Segundo a sucinta descrição de Kernis, Musica Celestis baseia-se em uma melodia simples, desenvolvida em amplo padrão harmônico, através de uma série de variações e modulações emolduradas por uma introdução e uma coda. Estruturada como uma passacaglia barroco-minimalista, a obra possui variações que se adensam a cada seção e extinguem-se celestialmente, com sons em surdina, sem vibrato e em harmônicos.
MUSICA CELESTIS (1990, versão original – 1991, versão para orquestra de cordas) 11 min
“O ofício do canto agrada a Deus quando diligentemente realizado. Se a mente e o espírito forem atentos, juntar-nos-emos aos coros dos anjos que, incessantemente, louvam ao Senhor”, assim descreve o monge Aureliano de Réome, autor do livro Musicae disciplinae, o primeiro tratado do canto gregoriano e o mais antigo existente sobre a música. Musica celestis, em sua concepção medieval, define-se como a arte laudatória dos anjos no céu. A imersão em obras medievais, especialmente no misticismo musical da monja beneditina Santa Hildegard de Bingen, reforçada pela imagem celestial do canto dos anjos em
Aaron Kernis | Estados Unidos, 1960
louvor a Deus, foram as principais influências para o compositor norte-americano Aaron Jay Kernis produzir, em 1990, seu Quarteto de Cordas nº 1, do qual faz parte o Adagio – Musica Celestis, como segundo movimento. É importante e esclarecedor salientar que o Quarteto de Cordas nº 2, chamado Musica Instrumentalis e, por sua vez, inspirado em danças barrocas e renascentistas, valeu a Kernis o Prêmio Pulitzer para Música em 1998.
Vislumbrando a potencialidade sinfônica do Adagio, Kernis, em 1991, arranjou-o para orquestra de cordas, adicionando divisi nos instrumentos
INSTRUMENTAÇÃO cordas.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
PARA OUVIR
CD Aaron Jay Kernis – Second Symphony;
Musica Celestis; Invisible Mosaic III – City of
Birmingham Symphony Orchestra – Hugh Wolff,
regente – Argo/Decca – 1997
PARA ASSISTIR
Grupo Sinfônico de Neuchâtel – Alexander
Mayer, regente | Acesse: fil.mg/kcelestis
PARA LER
Leta E. Mille – Aaron Jay Kernis – Série
American Composers – 1ª ed. – Editora da
University of Illinois – 2014
PRESTO E VELOCE 4948
diretamente Nielsen e seu país, a guerra afetou-os profundamente. Nielsen, indignadamente, criticou a desfiguração do movimento nacionalista causada pela guerra: “o sentimento pátrio, que até aqui tinha sido considerado como algo de nobre e belo, transformou-se numa espécie de doença espiritual que devora tudo com ódio enlouquecido”. Certa vez denominada “apoteose do ritmo”, a Sinfonia Inextinguível tem na utilização dos tímpanos uma de suas características sonoras – e visuais – mais importantes. Nielsen solicitou que fosse impressa na partitura uma disposição pouco usual para os dois conjuntos de tímpanos, os quais deveriam ser postos à frente da orquestra em oposição diametral: “tenho uma ideia para um duelo entre dois conjuntos de tímpanos”, escreveu a um amigo, “isso tem a ver com a guerra”. Os tímpanos, quando não interrompem brutalmente a continuidade das frases melódicas, fornecem caráter marcial à obra e, segundo o autor, devem “manter certo caráter ameaçador, até o final, mesmo quando tocam em piano”.
As composições de Carl Nielsen refletem uma dualística formação
musical. Uma formação rústica, realizada no meio rural pobre, como músico de banda, tocando diversos instrumentos de metal e iniciando os estudos de piano e violino com o pai, músico amador e pintor de paredes. Outra, no então recém-fundado Conservatório Real de Copenhagen, onde, com ajuda financeira local, teve uma apropriada formação, alicerçada em autores alemães, como Bach, Schumann, Beethoven, Wagner e Brahms.
Nielsen repudiava o sentimento romântico em suas obras e considerava desnecessários certos refinamentos da escrita orquestral. Ele optou por uma estética composicional desafetada, “que seja como uma espada tão pesada quanto cortante e fácil de compreender”, tomando suas palavras. Para isso, tratou a orquestra como uma reunião de grupos em contraponto, técnica conhecida como polifonia de grupo, que propicia uma melhor inteligibilidade das sobreposições melódicas. Podemos afirmar que a técnica composicional de Nielsen evoluiu na medida em que se tornou mais livre e contrapontística. Uma qualidade desse desprendimento é o uso da
O próprio compositor dinamarquês Carl Nielsen batizou de “A Inextinguível” sua quarta obra do gênero sinfônico. Não por sugerir a representação objetiva de uma sinfonia sem fim, mas pela expressão musical de algo que não pode ser dominado: a continuidade da vida. Ao iniciar a obra, em 1914, escreveu a um amigo: “posso lhe dizer que estou bem iniciado em um novo grande trabalho orquestral, uma espécie de sinfonia em um só movimento, para evocar tudo o que sentimos e pensamos sobre o conceito de vida em seu significado mais profundo”. Nielsen compôs um conjunto de seis sinfonias, as quais compreendem o melhor de sua produção, além das obras de câmara, concertos e óperas. Nas suas sinfonias, não raro nos deparamos com movimentos batizados pitorescamente: allegro orgulhoso, allegro colérico, allegro fleumático, allegro sanguíneo, allegro expansivo, andante melancólico e o curiosíssimo proposta seria – assim mesmo, em italiano.
Os anos que abarcam a elaboração da Sinfonia Inextinguível – 1914 a 1916 – foram os únicos nos quais Nielsen pôde se dedicar quase que
exclusivamente à composição: em 1914 ele deixara o cargo de regente assistente do Teatro Real de Copenhagen e somente em 1916 tornar-se-ia professor da Academia Real de Música da Dinamarca. Nielsen valia-se da maturidade de sua carreira como compositor e criou o seu “melhor trabalho dos últimos anos”, em sua própria opinião. A despeito do longo prazo para compor a obra, o autor só finalizou a Sinfonia cinco dias antes da primeira apresentação, ocorrida em janeiro de 1916. Para a ocasião, foi impressa uma nota de programa baseada nos pensamentos de Nielsen acerca do conteúdo conceitual da sinfonia: “Música é vida. Logo, um único som no ar ou através do espaço é resultado da vida em circulação; é por isso que a música e a dança são as expressões mais imediatas da vontade para a vida. A sinfonia evoca as fontes mais primitivas da vida e do sentimento de viver. (...) Mais uma vez: música é vida, e como ela, inextinguível”.
A dramática interação narrativa dos temas e motivos melódicos em A Inextinguível deve-se, em grande parte, à eclosão da Primeira Guerra Mundial. Mesmo não envolvendo
SINFONIA Nº 4, OP. 29, “A INEXTINGUÍVEL” (1914 / 1916) 36 min
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 3 oboés, 3 clarinetes, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, cordas.
Carl Nielsen | Dinamarca, 1865 – 1931
PRESTO E VELOCE 5150
tonalidade progressiva, que permite a conclusão de uma obra em tonalidade diferente da de seu início. Sob esse aspecto não é acertado delimitar o tom da Sinfonia Inextinguível, uma vez que ela se inicia em ré menor e avança para uma conclusão em Mi maior.
A obra do compositor Carl Nielsen vem sendo descoberta recentemente, revelando a força indomável e fecunda de um artista progressivo que uniu
técnica e natureza. Não há uma composição sua que não revele algo novo e criativo. Considerado pai da música moderna da Dinamarca, Nielsen é uma personalidade absolutamente original, e sua música se perpetuará, fazendo jus à sinceridade de seu espírito.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
PARA OUVIR
CD Carl Nielsen – Complete Symphonies –
San Francisco Symphony – Herbert Blomstedt,
regente – Collectors Edition – Decca, Londres –
2014 (Box com 3 CDs)
PARA ASSISTIR
Orquestra Real Dinamarquesa – Simon Rattle,
regente | Acesse: fil.mg/ninextinguivel
PARA LER
Robert Simpson – Carl Nielsen: Symphonist –
Taplinger Publishing Co. – 1986
CY001715-anr_filarmonica15x25.indd 1 14/10/15 17:08
PRESTO E VELOCE 5352
5554
PRÓXIMOSCONCERTOS
CONCERTOS PARA A JUVENTUDE
Realizados em manhãs de domingo,
são concertos dedicados aos jovens
e às famílias, buscando ampliar
e formar público para a música
clássica. As apresentações têm
ingressos a preços populares.
CLÁSSICOS NA PRAÇA
Realizados em praças da Região
Metropolitana de Belo Horizonte, os
concertos proporcionam momentos
de descontração e entretenimento,
buscando democratizar o acesso da
população em geral à música clássica.
CONCERTOS DIDÁTICOS
Concertos destinados a grupos de
crianças e jovens da rede escolar
e a instituições sociais, mediante
inscrição prévia. Seu formato busca
apoiar o público em seus primeiros
passos na música clássica.
FESTIVAL TINTA FRESCA
Com o objetivo de fomentar a criação
musical entre compositores brasileiros e
gerar oportunidade para que suas obras
sejam apresentadas em concerto, este
Festival é sempre uma aventura musical
inédita. Como prêmio, o vencedor recebe
a encomenda de outra obra sinfônica
a ser estreada pela Filarmônica no
ano seguinte, realimentando o ciclo da
produção musical nos dias de hoje.
ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM OUTRAS SÉRIES DE CONCERTO
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
Atividade pioneira no Brasil, este
laboratório é uma oportunidade
para que jovens regentes brasileiros
possam praticar com uma orquestra
profissional. A cada ano, quinze
maestros, quatro efetivos e onze
ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e
ensaios com o regente Fabio Mechetti.
O concerto final é aberto ao público.
TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Com essas turnês, a Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais
busca colocar o estado de Minas
dentro do circuito nacional e
internacional da música clássica.
TURNÊS ESTADUAIS
As turnês estaduais levam a música de
concerto a diferentes cidades e regiões de
Minas Gerais, possibilitando que o público
do interior do Estado tenha contato direto
com música sinfônica de excelência.
CONCERTOS DE CÂMARA
Realizados para estimular músicos
e público na apreciação da música
erudita para pequenos grupos. A
Filarmônica conta com grupos de
Metais, Cordas, Sopros e Percussão.
Aqui estão todas as apresentações da Filarmônica no mês corrente, a partir do segundo concerto das séries de quinta e sexta, depois que o Fortissimo começa a circular. Havendo espaço, divulgaremos também os concertos do mês seguinte. Para programação completa, visite www.filarmonica.art.br.
Novembro
DIAS 12 E 13, ALLEGRO 11, VIVACE 11
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas GeraisChristopher Seaman, regente convidado
Daniel Müller-Schott, violoncelo
DVORÁK / HAYDN / SHOSTAKOVICH
DIA 21, FORA DE SÉRIE 8
sábado, 18h, Sala Minas GeraisMarcos Arakaki, regente
Trio Ceresio
Anthony Flint, violino
Johann Sebastian Paetsch, violoncelo
Sylviane Deferne, piano
BEETHOVEN
DIA 23, CONCERTOS DE CÂMARA
GRUPO DE PERCUSSÃO
segunda, 17h, Aeroporto de ConfinsREICH / GOROSITO E ALBERTO / IAZZETTA /
BACH / FRIEDMAN / ALUOTTO / PASCOAL
DIAS 26 E 27, PRESTO 11, VELOCE 11
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas GeraisCarlos Kalmar, regente convidado
Ricardo Castro, piano
BRAHMS / KERNIS / NIELSEN
Dezembro
DIAS 3 E 4, ALLEGRO 12, VIVACE 12
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas GeraisFabio Mechetti, regente
Fabio Martino, piano
GUARNIERI / BARTÓK / KATCHATURIAN /
PROKOFIEV
DIAS 10 E 11, PRESTO 12, VELOCE 12
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas GeraisFabio Mechetti, regente
Antonio Meneses, violoncelo
MEHMARI / SHOSTAKOVICH / MAHLER
DIA 14, CONCERTOS DE CÂMARA
QUINTETO DE METAIS
segunda, 17h, Aeroporto de ConfinsMICHEL / GABRIELI / RIMSKY-KORSAKOV /
DEBUSSY / DVORÁK / KREISLER / BERNSTEIN
DIA 19, FORA DE SÉRIE 9
sábado, 18h, Sala Minas GeraisFabio Mechetti, regente
Pablo Rossi, piano
Mariana Ortiz, soprano
Denise de Freitas, mezzo-soprano
Fernando Portari, tenor
Stephen Bronk, baixo barítono
Coral Lírico de Minas Gerais
BEETHOVEN
DIA 20, FORA DE SÉRIE 9
APRESENTAÇÃO EXTRA
domingo, 17h, Sala Minas Gerais
5756
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
PRIMEIROS VIOLINOS
Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes –
Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna Zivkovic
Arthur Vieira Terto
Bojana Pantovic
Dante Bertolino
Hyu-Kyung Jung
Joanna Bello
Marcio Cecconello
Roberta Arruda
Rodrigo Bustamante
Rodrigo Monteiro
Rodrigo de Oliveira
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer *
Leonidas Cáceres ***
Gideôni Loamir
Jovana Trifunovic
Luka Milanovic
Martha de Moura Pacífico
Mateus Freire
Radmila Bocev
Rodolfo Toffolo
Tiago Ellwanger
Valentina Gostilovitch
Eliseu Barros *****
Thiago Mello *****
VIOLAS
João Carlos Ferreira *
Roberto Papi ***
Flávia Motta
Gerry Varona
Gilberto Paganini
Juan Díaz
Katarzyna Druzd
Luciano Gatelli
Marcelo Nébias
Nathan Medina
VIOLONCELOS
Philip Hansen *
Robson Fonseca ****
Camila Pacífico
Camilla Ribeiro
Eduardo Swerts
Emilia Neves
Eneko Aizpurua Pablo
Lina Radovanovic
CONTRABAIXOS
Colin Chatfield *
Nilson Bellotto ***
Brian Fountain
Marcelo Cunha
Marcos Lemes
Pablo Guiñez
Wallace Mariano
FLAUTAS
Cássia Lima *
Renata Xavier ***
Alexandre Braga
Elena Suchkova
OBOÉS
Alexandre Barros *
Ravi Shankar ***
Israel Muniz
Moisés Pena
CLARINETES
Marcus Julius Lander *
Jonatas Bueno ***
Ney Franco
Alexandre Silva
FAGOTES
Catherine Carignan *
Victor Morais ***
Andrew Huntriss
Francisco Wellington
da Silva
TROMPAS
Alma Maria Liebrecht *
Evgueni Gerassimov ***
Gustavo Garcia Trindade
José Francisco dos Santos
Lucas Filho
Fabio Ogata
TROMPETES
Marlon Humphreys *
Érico Fonseca **
Daniel Leal ***
Tássio Furtado
Jorge Scheffer *****
Bruno Lourensetto *****
TROMBONES
Mark John Mulley *
Diego Ribeiro **
Wagner Mayer ***
Renato Lisboa
TUBA
Eleilton Cruz *
TÍMPANOS
Patricio Hernández
Pradenas *
PERCUSSÃO
Rafael Alberto *
Daniel Lemos ***
Sérgio Aluotto
Werner Silveira
HARPA
Giselle Boeters *
TECLADOS
Ayumi Shigeta *
GERENTE
Jussan Fernandes
INSPETORA
Karolina Lima
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
Débora Vieira
ARQUIVISTA
Sergio Almeida
ASSISTENTES
Ana Lúcia Kobayashi
Claudio Starlino
Jônatas Reis
SUPERVISOR DE
MONTAGEM
Rodrigo Castro
MONTADORES
André Barbosa
Hélio Sardinha
Jeferson Silva
Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
FORTISSIMO
novembro nº 9 / 2015
ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina
Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO
Berenice Menegale
Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
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CONSELHEIROS
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Berenice Menegale
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Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
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Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Mauro Borges
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
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DIRETOR PRESIDENTE
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FINANCEIRO
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DIRETORA DE
COMUNICAÇÃO
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PROJETOS
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MARKETING DE
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Sala Minas Gerais
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INFRAESTRUTURA
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ILUMINAÇÃO E ÁUDIO
Rafael Franca
ASSISTENTE
OPERACIONAL
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Instituto Cultural Filarmônica
FOTO DA CAPA: MARIANA GARCIA ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Fernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE
MINAS GERAIS
Antônio Andrade
(OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE
MINAS GERAIS
Bernardo Mata Machado
5958
FOT
O:
BR
UN
A B
RA
ND
ÃO
OLÁ, ASSINANTE
ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO
assinatura@filarmonica.art.br
3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h) www.filarmonica.art.br
COMIDAS E BEBIDASSeu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
PARA APRECIAR UM CONCERTO
PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
CONVERSAA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
APARELHOS CELULARESConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEONão são permitidas na sala de concertos.
CUMPRIMENTOSApós a apresentação, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal.
TOSSEPerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
ESTACIONAMENTOPara seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
APLAUSOSAplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CRIANÇASCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOS
Fortissimo, além de seu programa mensal de concertos, é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Para evitar o desperdício, pegue apenas um exemplar ao mês. Caso não precise dele após o concerto, devolva-o nas caixas receptoras.
O programa se encontra também disponível em nosso site, na agenda de concertos. www.filarmonica.art.br
PERÍODO DE NOVAS ASSINATURAS de 12 nov 2015 a 30 jan 2016
COMO ASSINAR www.filarmonica.art.br/assinaturas ou
Bilheteria da Sala Minas Gerais
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DA BILHETERIA
De segunda a sexta – 12h a 21h
Sábados – 12h a 18h
No dia 12 de novembro abrimos a venda para novas assinaturas.
Você, que já é um grande incentivador da Filarmônica, pode
contar sobre sua experiência para um amigo e nos ajudar a
trazer novos ouvintes e assinantes para a nossa Orquestra.
60
A preparação do repertório de um
concerto muitas vezes exige que a
orquestra realize ensaios de naipes
separadamente, para depois voltar
a reuni-los nos ensaios gerais. Para
atender a essa demanda, a Sala
Minas Gerais possui três espaços
especiais: duas salas de porte médio,
com oitenta metros quadrados,
Todas as salas receberam um elaborado
projeto de isolamento e tratamento
acústico. Elas contam com sistema de
ar condicionado com controle individual,
o que possibilita a climatização do
ambiente, sem ruído e movimentação
do ar em excesso e de acordo com o
naipe em ensaio. A iluminação, ainda em
desenvolvimento, contará com um sistema
de dimerização e de cenários de luz.
Com essas características, além de
possibilitar a preparação individual e
por grupo de instrumentos, as salas
de naipes podem ser utilizadas como
estúdio de gravações camerísticas, pois
também estão interligadas à Cabine
de controle de áudio e vídeo de todo o
complexo Sala Minas Gerais.
desenvolvidas para os ensaios dos
naipes das Cordas, Madeiras e Metais,
e uma sala de grande porte para a
Percussão, com pé direito de nove
metros e cem metros quadrados de área.
Essas dimensões permitem percutir
os instrumentos, desde uma dinâmica
suave até os fortíssimos, sem agredir a
integridade física dos instrumentistas.
Salas de naipesSALA MINAS GERAIS
FOT
OS:
MA
RIA
NA
GA
RC
IA
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
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