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RELA
TÓRI
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DES
2007
-200
8 -
CIS
M
RELATÓRIO DEACTIVIDADES2007-2008
Lutando contra a doença, promovendo o desenvolvimento
ACTIVITYREPORT
2007-2008
Fighting disease,promoting development
AC
TIVITY
REPORT 2007-2008 - C
ISM
Cobertes Memo Manhiça dos idiomes 31/7/09 16:22 Página 1
RELATÓRIO DEACTIVIDADES2007-2008
Ministério da SaúdeMISAU
INSInstituto Nacional
de Saúde
2 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Desenho gráfico: Xavier Aguiló
Maquetização: Aguiló Gràfic SL
Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Rua 12
Manhiça
Moçambique
Depósito legal
B-50000/0
Relatório de actividades 2007-08 | 3
ÍNDICE
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Secção 1: Investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Malária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12HIV/SIDA e tuberculose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21Doenças diarreicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26Pneumonias e outras doenças bacterianas invasivas . . . . . 28Saúde materna e reprodutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Antropologia médica e demografia . . . . . . . . . . . . . . . . . 36Outras doenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Secção 2: Serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Departamento de Demografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Departamento de Clínica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45Departamento de Ciências Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46Departamento de Laboratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Departamento de Gestão de Dados e Tecnologias da Informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Secção 3: Formação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51Formação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Secção 4: Administração e finanças . . . . . . . . . . . . . 57Administração e finanças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Notícias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Anexo 1: Pessoal do CISM 2007-08 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63Anexo 2: Instituições colaboradoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68Anexo 3: Financiadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69Anexo 4: Publicações do CISM 2007-08 . . . . . . . . . . . . . . . . 70Anexo 5: Cursos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Em nome do Conselho de Patronos daFundação Manhiça saúdo efusivamente aoCentro de Investigação em Saúde daManhiça (CISM) pelos resultados alcançadosno biénio 2007-2008. Estes anos passarammuito rapidamente, mas graças ao trabalhoabnegado da sua equipa, o CISM pôde levara cabo a sua missão científica e ao mesmotempo realizar a transformação institucionalque levou ao estabelecimento da FundaçãoManhiça.
A Fundação Manhiça, com sede na Vila daManhiça, tem por fim realizar e promoveractividades no campo da saúde e desenvol-vimento científico e tecnológico visandoatender as necessidades de Moçambique edesenvolver a capacitação nacional nessasáreas. Para o efeito, a Fundação pode pres-tar assistência sanitária, dar formação emmatérias relacionadas com as ciências dasaúde e desenvolver actividades de investi-gação biomédica, sempre com o estritocumprimento das normas e dos princípiosdeontológicos que regem as referidas áreas.
A Fundação Manhiça orienta-se no exercíciodas suas actividades exclusivamente por finsde utilidade publica. A Fundação deveseguir, como norma permanente de actua-ção, a cooperação com os departamentoscientíficos e educacionais dasAdministrações central, provincial e local doEstado e com outras pessoas colectivas deutilidade publica, designadamente universi-dades e instituições científicas, procurandosempre a máxima rentabilização social doemprego dos seus recursos próprios.
As actividades de investigação relatadas ilus-tram como a Fundação contribuiu para cata-lisar o CISM na realização da sua missão e apreparar-se para enfrentar com determina-ção os desafios que tem pela frente.
Entre as inumeráveis actividades científicasdescritas no relatório, destaca-se o primeiroensaio clínico para avaliar a segurança, imu-nogenicidade e teste de conceito de eficáciada vacina de malária RTS,S/AS02D em crian-ças menores de um ano, que mostrou asegurança, tolerância e eficácia contra infec-ção.
De imediato, o principal desafio do Centro éfinalizar o plano estratégico enquanto con-clui as actividades de pesquisa em curso, einiciar novos projectos como o ensaio clínicode fase III da vacina RTS,S/AS01E, previstopara começar no segundo semestre de2009.
Mas quero chamar a atenção de todos osparceiros para o maior desafio que aFundação tem: o do desenvolvimento dosrecursos humanos sem os quais a realizaçãodo ambicioso programa que temos nãopoderá ser possível.
Finalmente, quero agradecer a todos os queno passado e no presente estiveram dumamaneira ou doutra associados e apoiando àFundação Manhiça. Uma especial apreciaçãovai para todos os que participam nas suasactividades.
PREFÁCIO
Carta do Presidente do Conselho de Patronos da Fundação Manhiça
Dr. Pascoal M.MocumbiPresidente eFundador HonorárioFundação Manhiça
Relatório de actividades 2007-08 | 5
O Centro de Investigação em Saúde deManhiça (CISM) foi criado em 1996 com oobjectivo de impulsionar e conduzir inves-tigação biomédica em áreas prioritárias desaúde. Desde a sua criação, o Centro des-envolveu-se seguindo a orientação de umPrograma de Cooperação Bilateral entre osGovernos de Moçambique e de Espanha ecom o apoio do Hospital Clínic daUniversitat de Barcelona (por via daFundació Clínic per a la RecercaBiomèdica). Este modelo permitiu o cresci-mento e desenvolvimento do CISM duran-te 12 anos.
Nos últimos anos identificou-se a necessi-dade de dotar o CISM de uma estruturalegal moçambicana, que permitisse a suasustentabilidade e autonomia a longoprazo, mantendo, ao mesmo tempo, oenvolvimento e compromisso dos parceirosque o formam. Como resposta a estanecessidade foi criada em Fevereiro de2008 a Fundação Manhiça (FM).
Esta Fundação é uma instituição sem finslucrativos, criada pelos GovernosMoçambicano e Espanhol, o InstituoNacional de Saúde de Moçambique (INS) e aFundació Clínic per a la Recerca Biomèdica.A FM é dirigida pelo Conselho de Patronos,presidido pelo Dr. Pascoal Mocumbi,Membro Fundador Honorário, e peloConselho de Administração, que são asses-sorados pelo Conselho Científico. A criaçãoda Fundação foi um dos marcos mais impor-tantes no desenvolvimento do Centro.
O CISM iniciou a finais de 2008 a elabora-ção do seu Plano Estratégico que vai defi-nir os principais objectivos do Centro paraos próximos 5 anos. Para alcançar estesobjectivos, o Centro dispõe de uma equipa
de trabalho multinacional, onde trabalhampesquisadores moçambicanos formados noCISM e em outros centros. Neste sentido, ocrescente número de pesquisadores nacio-nais formados no Centro é uma demons-tração de como os esforços de formaçãodurante os últimos 13 anos estão a rever-ter em um benefício para o Centro e parao país.
A esta equipa jovem, dinâmica e compro-metida, somam-se as parcerias estratégicasdo CISM com outros centros de pesquisa.Em um mundo aberto, multicultural, com-petitivo e inter-conectado de forma cres-cente, o êxito no cumprimento das metastraçadas pelo CISM vai depender da nossacapacidade de manter um ambiente de tra-balho e troca de conhecimento estimulan-te, fortalecer as nossas parcerias econtinuar com a formação de futurosinvestigadores.
O presente relatório apresenta as actividadesrealizadas durante o biénio 2007-08.Durante este período o Centro continuou acontribuir para a melhoria do conhecimentodas doenças prioritárias em Moçambique eem outros países da África Subsariana. Alémdas actividades mais conhecidas no âmbitodo desenvolvimento de ferramentas de tra-tamento e prevenção da malária, o Centrotem vindo a fazer nos últimos anos um tra-balho de pesquisa crescente em outrasdoenças prioritárias como as infecções respi-ratórias, as diarreias ou o HIV/SIDA.
Este incremento da actividade de pesquisatem sido acompanhado de um fortaleci-mento da área de formação, que é chavepara a sustentabilidade do Centro. Por últi-mo, a nossa actividade assistencial é oreflexo do nosso compromisso com a me-
PREFÁCIO
Carta do Presidente do Conselho de Administração da Fundação Manhiça e o Director do CISM
Prof. Pedro L. AlonsoPresidente do Conselhode AdministraçãoFundação Manhiça
Dr. Eusébio V. MaceteDirectorCentro de Investigaçãoem Saúde de Manhiça
6 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
lhoria da saúde da população do Distritode Manhiça e a nossa colaboração e parce-ria com as autoridades sanitárias quer anível distrital quer nacional.
O trabalho desenvolvido foi possível graçasà dedicação e esforço do nosso pessoal, àcolaboração dos nossos parceiros, à con-fiança e suporte dos nossos financiadorese, sobretudo, à colaboração e participaçãoda população do Distrito de Manhiça nasnossas actividades. O Centro agradece a
todos estes, por tornarem possível o seudesenvolvimento e a melhoria da saúde dapopulação.
Olhando para o futuro, há grandes desa-fios da saúde que vão precisar do esforçoconjunto da comunidade internacional.Arraigado em Manhiça, uma pequenaárea rural no sul de Moçambique, oCentro vai continuar a trabalhar e contri-buir para o cumprimento da agenda dasaúde global.
Relatório de actividades 2007-08 | 7
O Centro de Investigação em Saúde deManhiça (CISM) é um Centro de pesquisa,que tem como missão impulsionar e condu-zir investigação biomédica em áreas priori-tárias de saúde para promover esalvaguardar a saúde da população.
O CISM está localizado em Manhiça, umavila que dista cerca de 80km da cidadecapital Maputo, ao norte da província como mesmo nome (no sul de Moçambique).Esta vila encontra-se numa zona de peque-no planalto em volta do rio Inkomati. ODistrito de Manhiça conta com uma super-fície de 2.500 km2 na qual vivem perto de156.000 habitantes.
PESQUISA
A agenda de pesquisa do CISM está dirigidaaos problemas prioritários de saúde emMoçambique, que são representativos deoutros países da África Subsariana.
No Centro trabalham pesquisadores de dis-tintas áreas de conhecimento e fomenta-seum enfoque multidisciplinar com o objecti-vo de maximizar a translação dos resultadosobtidos no laboratório à pesquisa clínica edesenvolvimento de ferramentas de contro-lo e tratamento das doenças. Como resulta-do, os projectos de pesquisa sãodesenvolvidos normalmente por equipasque incluem áreas como a imunologia, abiologia molecular, a epidemiologia ou asciências sociais.
O Centro mantém colaborações estáveis depesquisa com centros nacionais e internacio-nais. Neste contexto, o Centro tem umaassociação estratégica com o Hospital Clínic/ Universitat de Barcelona e o Centre deRecerca en Salut Internacional de Barcelona(CRESIB), instituições que contribuíram paraa criação e desenvolvimento do Centro nosúltimos anos. Como resultado, muitos pro-jectos de pesquisa são realizados em colabo-ração com estas instituições.
INTRODUÇÃO
Entrada do CISM.
8 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Para o desenvolvimento da sua actividadecientífica, o Centro dispõe de três platafor-mas (demográfica, geográfica e de morbi-lidade) numa área de 500 km2 ondehabitam cerca de 84.000 pessoas. Nestaárea de estudo, as casas estão geoposicio-nadas e a população recenseada. O siste-ma de vigilância de morbilidade recolhe,de forma contínua, informação de todas asvisitas e internamentos de crianças meno-res de 15 anos nos centros sanitários daárea de estudo.
Nos últimos anos, o Centro tem contribuídopara o desenvolvimento de ferramentas detratamento e prevenção da malária e, deforma crescente, tem ampliado as suas acti-vidades a outras doenças prioritárias.Actualmente a agenda de pesquisa doCentro inclui uma grande parte das causasprincipais de morte e doença em crianças emulheres grávidas.
Os projectos de pesquisa no período 2007-08 apresentam-se neste relatório agrupadosnas seguintes áreas:
– Malária.– HIV/SIDA e tuberculose.– Doenças diarreicas.– Pneumonias e outras doenças bacteria-
nas invasivas.– Saúde materna e reprodutiva.– Antropologia médica e demografia.– Outras doenças.
FORMAÇÃO
A formação é um dos principais eixos deactividade do CISM. Moçambique, comooutros países africanos, tem um déficitestratégico de recursos humanos comqualificação alta, também na área deinvestigação.
O CISM contribui para o fortalecimento docapital humano no país mediante a forma-ção de pesquisadores e outro pessoal técni-co que possam garantir o esforçocontinuado na luta contra as doenças.Assim, mais de 10 licenciados estão em dis-tintas fases de formação, que normalmentefinalizam com um doutoramento.
ASSISTÊNCIA SANITÁRIA
A melhoria da assistência no distrito deManhiça é outra das prioridades do CISM.O Centro trabalha em estreita colaboraçãocom o Centro de Saúde da Manhiça, oHospital Distrital de Manhiça e as autori-dades sanitárias de Moçambique (aDirecção Distrital de Saúde, a DirecçãoProvincial de Saúde e o Ministério daSaúde), com o objectivo de beneficiar àcomunidade com a presença de pessoalsanitário do Centro e avanços da pesquisadesenvolvida.
ESTRUTURA DO CENTRO
O CISM está organizado em 4 áreas, nome-adamente: investigação, serviços, formaçãoe administração e finanças.
A área de investigação engloba as acti-vidades científicas do Centro e é responsá-vel pela coordenação e seguimento dosprojectos.
A área de serviços inclui os departamentosque providenciam serviços aos projectos depesquisa, da qual fazem parte:
– O Departamento de Demografia, res-ponsável pela gestão da plataforma geo-gráfica e de vigilância demográfica.
– O Departamento de Ciências Sociais,que gere as relações do Centro com acomunidade e apoia os projectos de pes-quisa que têm implicações sociológicas eantropológicas.
O CISM está localizado noDistrito de Manhiça, no sul de
Moçambique.
Relatório de actividades 2007-08 | 9
– O Departamento de Clínica, que gere aplataforma de vigilância de morbilidade ecoordena as actividades de assistênciamédica que o Centro realiza nos centrosde saúde da área de estudo, em colabo-ração com a Direcção Distrital de Saúde.
– O Departamento de Laboratório, res-ponsável por gerir o funcionamento dolaboratório e prestar serviços de diagnós-tico aos projectos do CISM e ao HospitalDistrital de Manhiça.
– O Departamento de Gestão deDados e Tecnologias da Informação,que gere os dados provenientes da pla-taforma de morbilidade e os distintosprojectos de pesquisa do Centro. Estetambém administra a rede e os equipa-mentos informáticos e de telecomunica-ções do Centro.
Distrito de Manhiça com aárea de estudo.
A área de formação desenvolve as activida-des e programas de formação do Centro,assim como as relações do CISM com insti-tuições académicas.
A área de administração e finançasgarante o correcto funcionamento geral ea gestão económico-financeira do Centro edos seus projectos de investigação. É igual-mente responsável pela gestão dos recur-sos humanos e materiais do Centro. Estaárea é gerida pelo Director Económico-Financeiro.
FUNDAÇÃO MANHIÇA
O CISM foi criado no ano de 1996 sob umprograma de colaboração entre os gover-nos de Moçambique e Espanha. Durante osúltimos anos foi identificada a necessidadede dotar o Centro de uma estrutura jurídi-co-legal moçambicana, para garantir a sus-tentabilidade do Centro a longo prazo e asua projecção quer a nível nacional querinternacional.
Para dar resposta a esta necessidade foicriada a 25 de Fevereiro de 2008 aFundação Manhiça (FM), que é actualmen-te a instituição proprietária do CISM e res-ponsável pela sua gestão.
A FM é uma fundação de direito moçambi-cano, de utilidade pública, criada pelaRepública de Moçambique, o Reino deEspanha, o Instituto Nacional de Saúde, aFundació Clínic per a la Recerca Biomèdicae o Dr. Pascoal Mocumbi como membrofundador honorário. A FM tem por fim rea-lizar e promover actividades no campo dasaúde e desenvolvimento científico e tecno-lógico, visando atender às necessidades dopaís e desenvolver a capacitação nacionalnessas áreas.
Os órgãos de governo da FM são oConselho de Patronos e o Conselho deAdministração, nos quais estão actualmen-te representados os fundadores da FM. AFM tem ainda um Conselho CientíficoExterno, que é um órgão consultivo doConselho de Administração e do Conselhode Patronos.
10 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Membros do Conselho de Administração
PROF. PEDRO L. ALONSO
(Presidente)
Director
Centre de Recerca en Salut
Internacional de Barcelona
Espanha
DRA. GERTRUDES JOSÉ
MACHATINE
Directora Nacional de
Planificação e Cooperação
Ministério da Saúde
Governo de Moçambique
DR. ILESH JANI
Instituto Nacional de Saúde
Moçambique
SR. SERGIO MARTÍN
MORENO
Agencia Española de
Cooperación Internacional para
el Desarrollo
Governo de Espanha
PROF. LIDIA BRITO
Universidade Eduardo
Mondlane
Moçambique
CISM
Organograma da Fundação Manhiça e o CISM.
Director
Dr. Eusébio V. Macete
Área deFormação
Área deserviços
Área deAdministração e
Finanças
Conselho de Patronos
Presidente: Dr. Pascoal M. Mocumbi
Conselho de Administração
Presidente: Prof. Pedro L. Alonso
Área científica
DR. PASCOAL
M. MOCUMBI
(Presidente)
Fundador Honorário
Fundação Manhiça
DRA. AIDA LIBOMBO
Vice-ministra de Saúde
Ministério da Saúde
Governo de Moçambique
DR. JOÃO DE CARVALHO
FUMANE
Director
Instituto Nacional de Saúde
Moçambique
SR. JUAN MANUEL MOLINA
LAMOTHE
Embaixador de Espanha em
Moçambique
Governo de Espanha
DR. RAIMON BELENES I
JUÁREZ*Conselheiro Delegado
Hospital Clínic de Barcelona
Espanha
PROF. DÍDAC RAMÍREZ*Rector
Universitat de Barcelona
Espanha
Membros do Conselho de Patronos
*O representante da Fundació Clínic pode ser quer o Prof. Ramírez quer o Dr. Belenes.
1SECÇÃO
Investigação
12 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
epidemiológica da malária no país para estabelecer a preva-lência e intensidade da infecção em crianças menores de 10anos. O estudo fez parte dos inquéritos de rotina do PNCMdo Ministério da Saúde.
Este inquérito foi realizado entre Fevereiro 2002 e Abril2003, tendo envolvido 24 distritos do país e as respectivascasas. Um total de 8.816 crianças foram recrutadas, etomou-se a temperatura axilar e uma amostra de sangue decada uma delas para determinar a presença de parasitas emsangue mediante microscopia e o hematócrito.
A prevalência média de parasitas em sangue foi de 58,9%,a maioria dos casos por P. falciparum (89%). A prevalênciade gametócitos foi de 5,6%. O peso da malária foi maiornas regiões costeiras e do norte do país. O pico de infecçãoregistou-se durante o segundo ano de vida das crianças edecresceu com a idade. A prevalência média de anemia foide 69,8% e, das crianças anémicas, 11,5% tinham umaanemia grave. Os níveis mais altos de anemia foram regis-tados na região norte e central do país (77,9% e 79,4%respectivamente).
Estes resultados confirmam que a malária, principalmente acausada pelo P. falciparum, é endémica em todo o país.Com estes resultados pode-se estimar que 2,6 milhões decrianças menores de 10 anos no país têm parasitas no san-gue, e que 3,8 milhões estão anémicas. O peso da maláriae da anemia relacionada com a malária nas crianças consti-
CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA ECLÍNICA DA MALÁRIA
O CISM tem vindo a contribuir na caracterização epidemio-lógica e clínica da malária desde o início das suas activida-des. Trabalhos anteriores incluíram um estudo da incidênciada malária em crianças no Distrito de Manhiça (Saúte et al.,Trans R Soc Trop Med Hyg 2003;97) e dos indicadores mala-riométricos nessa área (Saúte et al., Trans R Soc Trop MedHyg 2003;97). Durante o período 2007-08 o Centro conti-nuou a contribuir com resultados sobre a epidemiologia damalária em Moçambique e caracterização da malária emcrianças, adultos e mulheres grávidas.
Epidemiologia da malária em Moçambique
Tradicionalmente, a estimativa do peso da malária baseia-seprimariamente em informação de mortalidade e morbilida-de recolhida pelos sistemas de informação de saúde, e namaioria dos países da África Subsariana a fonte de informa-ção costuma ser só dos serviços sanitários. Mesmo assim, osistema de saúde não cobre muitas zonas rurais onde gran-de parte dos casos de malária acontecem. EmMoçambique, a última estimativa da prevalência de maláriano país foi feita durante a década de 1950.
O Centro, em colaboração com o Programa Nacional deControlo da Malária (PNCM), fez uma avaliação da situação
Segundo o World Malaria Report 2008 da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que a malária causaaproximadamente 250 milhões de casos e 1 milhão de mortes por ano no mundo. A África Subsariana é a regiãomais afectada pela doença, onde acontecem cerca de 85% dos casos e 90% das mortes por malária. As criançasmenores de 5 anos e as mulheres grávidas são os grupos mais vulneráveis e a malária continua a ser a primeira causade morte em crianças africanas nesta faixa etária.
Actualmente, o controlo da malária baseia-se em três estratégias básicas: (i) tratamento rápido e eficaz dos casoscom combinados de artemisininas e Tratamento Intermitente Presuntivo (TIP) na gravidez, (ii) controlo vectorialcom pulverização intra-domiciliária com insecticidas e (iii) diminuição do contacto homem-vector com redes mos-quiteiras impregnadas de insecticida.
A malária constitui uma das principais linhas de investigação do CISM, que tem contribuído nos últimos anos parao desenvolvimento e avaliação de novas estratégias de controlo, como o TIP infantil e na gravidez, a vacina RTS,S/ASe novos tratamentos combinados com artemisininas. O Centro também está a trabalhar em aspectos imunológicose moleculares da malária, como o estudo do desenvolvimento da imunidade natural adquirida à malária em crian-ças e os mecanismos patogénicos envolvidos na malária grave e na malária placentária.
MALÁRIA
Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 13
dos no HDM tinham malária e 13% tinham malária grave.As crianças menores de 2 anos representaram quase 60%do total de casos. A taxa de letalidade da malária foi de1,6% e da malária grave de 4,4%. Quase 19% do total demortes intra-hospitalares foram por malária.
Os sinais mais prevalentes entre os casos de malária graveforam prostração (55%), distress respiratório (41%) e ane-mia grave (17%). A anemia grave e a impossibilidade debuscar o mamilo da mãe foram factores de risco indepen-dentes para morte em crianças menores de 8 meses deidade. Em crianças de 8 meses a 4 anos de idade, os facto-res de risco foram malnutrição, hipoglicémia, tiragem,impossibilidade de se sentar e história de vómitos.
As incidências comunitárias mínimas para malária gravepor 1.000 criança-ano a risco foram de 27 em criançasmenores de um ano, 23 em crianças de 1 a <5 anos e de2 em crianças de 5 anos ou mais. Estes resultados confir-mam que a malária continua sendo a primeira causa deinternamento na área de Manhiça, afectando predominan-temente crianças pequenas, que também são as que têmmaior risco de morrer. As medidas dirigidas à protecçãodas crianças durante os primeiros dois anos de vida sãofundamentais para atingir um impacto significativo naredução desta tendência.
Malária em adultos
Existem poucos estudos epidemiológicos em adultosque vivem em áreas endémicas de malária. Pelo que se
tui um dos problemas de saúde pública mais importantes ejustifica a implementação de intervenções integradas e decolaboração para o seu controlo.
Malária nas crianças visitadas no Hospital Distrital deManhiça
Em Moçambique, como na maior parte da África Subsariana,os escassos sistemas de informação sanitária são um desafiopara o estabelecimento de políticas sanitárias. Além da infor-mação sobre a epidemiologia da malária obtida através deinquéritos nas casas (ver estudo descrito anteriormente), étambém importante para a definição e avaliação dos progra-mas de controlo ter dados sobre a incidência, distribuiçãoetária e caracterização clínica da malária e da malária grave.Contudo, há poucos estudos publicados sobre a epidemiolo-gia da malária no país e não existe nenhuma descrição detal-hada das diferentes síndromes de malária grave. Os dados devigilância hospitalar, apesar de estarem influenciados pelaacessibilidade e uso que a população faz das unidades sani-tárias, são uma fonte importante – às vezes a única – deinformação sobre os problemas de saúde mais prevalentesnuma comunidade e a sua epidemiologia.
O CISM publicou dois artigos sobre malária e maláriagrave em crianças, usando dados recolhidos através doSistema de Vigilância Hospitalar em aplicação no HospitalDistrital de Manhiça (HDM) e no Posto de Saúde deMaragra. Estas são análises retrospectivas dos dadosrecolhidos entre Junho de 2003 e Maio de 2005, dascrianças que foram atendidas na triagem e das que foraminternadas no hospital.
Os dados indicam que foram atendidas 94.941 crianças nastriagens durante estes dois anos, das quais 30,5% tinhammalária. As crianças menores de 3 anos de idade represen-taram quase a metade dos casos e as crianças de 5 ou maisanos, mais de um terço dos casos. Das crianças que apre-sentavam febre ou história de febre, 37% tinham malária e13% dos casos de malária tinham anemia (hematócrito<25%). As incidências comunitárias mínimas por 1.000criança-ano a risco foram de 394 em crianças menores deum ano, 630 em crianças de 1 a <5 anos e de 237 em crian-ças de 5 ou mais anos de idade. Estes resultados mostraramque as medidas preventivas de controlo da malária deve-riam dirigir-se às crianças menores de 3 anos, dado queestas são as mais afectadas pela doença. Contudo, as crian-ças de 5 a 15 anos de idade representam mais de um terçodos casos e também deveriam estar incluídas nos progra-mas de controlo. Estes resultados mostram que o tratamen-to presuntivo dos casos de febre implica que muitascrianças recebam tratamento desnecessariamente.
Durante os dois anos em que o estudo decorreu, quase ametade dos 8.311 pacientes pediátricos que foram interna-
MALÁRIA
Prevalências de infecção por Plasmodium em Moçambique.
14 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
malária não complicada (35,3%) e de malária grave(48,6%) durante um período de 18 meses após a últimadose de vacina.
As crianças menores de um ano são as que têm maior riscode malária grave e, por outro lado, o Programa Ampliadode Vacinação (PAV) tem sido chave no incremento dacobertura das vacinações. Por estas razões, o objectivo do
faz necessário ter mais informação da história naturalda malária quando afecta a camada adulta, para perce-ber a dinâmica da infecção da malária e a sua interac-ção com o sistema imunitário. Para isso, o CISM fez umestudo para avaliar o status clínico, parasitológico ehematológico de adultos que estão expostos à malária ecaracterizar as parasitas destes indivíduos que adquiremprogressivamente uma imunidade protectora contra amalária.
Um estudo transversal envolvendo 249 adultos foi feito naárea de estudo. Foi colhida informação referente ao estadoclínico, parasitológico e hematológico. As infecções sub-microscópicas e múltiplas também foram analisadas porPolymerase Chain Reaction (PCR). Do estudo efectuadoconstata-se que a prevalência da infecção por P. falciparumpor microscopia foi de 14% e por PCR de 42%, decrescen-do progressivamente com a idade. As infecções sub-micros-cópicas aumentavam com a idade e a multiplicidade deinfecção decrescia. A anemia só esteve relacionada com aparasitemia detectada por PCR.
Os dados sugerem que os adultos desenvolvem uma imuni-dade protectora não esterilizadora. Viu-se que há poucaespecificidade nos sinais e sintomas da malária em adultos(nenhum dos adultos tinha febre mesmo tendo parasite-mia), o que indica que deveria ser desenvolvida uma defini-ção de malária mais sensível para adultos, incluindo, alémda parasitemia, outros sinais e sintomas como diarreia oucefaleia.
Malária na gravidezVer secção Saúde materna e reprodutiva.
DESENVOLVIMENTO CLÍNICO DEFÁRMACOS, VACINAS E OUTRASFERRAMENTAS DE CONTROLO
Desenvolvimento clínico da vacina RTS,S
A vacina RTS,S formulada com adjuvantes da família AS0de GlaxoSmithKline (GSK) é actualmente o candidato maisprometedor. Esta é uma vacina pre-eritrocítica contra P. fal-ciparum que contém uma proteína recombinante do cir-cumsporozoito e o antígeno de superfície da hepatite B. OCISM está a trabalhar desde o ano de 2002 no desenvolvi-mento clínico desta vacina, em colaboração com PATHMalaria Vaccine Initiative (MVI) e GSK Biologicals. Duranteeste período o Centro tem feito diversos ensaios de fase I,I/IIb e IIb.
Em 2003 o Centro fez o primeiro ensaio de fase IIb emcrianças de 1 a 4 anos de idade que mostrou que a RTS,Sreduz o risco de infecção pelo P. falciparum, os episódios de
MALÁRIA
Desenvolvimento de estratégias de prevenção da malária no CISM
O CISM tem tido desde a sua criação uma actividadeintensa no desenvolvimento de novas estratégias deprevenção e tratamento da malária em crianças e mul-heres grávidas. Entre os resultados mais importantes doCentro estão:
– Primeira prova de conceito feita em crianças de 1 a4 anos da vacina de malária RTS,S/AS02A. O ensaiomostrou uma eficácia contra malária clínica(35,3%) e malária grave (48,6%) durante pelomenos 18 meses (Alonso et al., Lancet 2004; 364,Alonso et al., Lancet 2005; 366)
– Desenvolvimento do Tratamento IntermitentePresuntivo (TIP) como estratégia de controlo damalária em crianças, que mostrou uma redução naincidência de malária clínica de 22,2% e dos inter-namentos de 19% durante o primeiro ano de vida(Macete et al., J Infect Dis. 2006; 194).
– Primeiro ensaio da vacina de malária RTS,S/AS02Dem recém nascidos. O ensaio mostrou uma eficáciacontra infecção de 65,9%, sendo a primeira vezque se mostra que se pode proteger os recém nas-cidos com uma vacina de malária (Aponte et al.,Lancet 2007; 370).
– Primeiro ensaio para avaliar a eficácia combinadade duas estratégias de controlo da malária em mul-heres grávidas: as redes mosquiteiras e o TIP(Menéndez et al., PLoS ONE 2008; 3).
– Contribuição ao registo da formulação solúvel doCoartem® para uso pediátrico (Abdulla et al.,Lancet 2008; 372)
O Centro prevê, durante o ano de 2009, iniciar novosestudos de desenvolvimento de estratégias de controloda malária, nomeadamente a fase III da vacina de malá-ria RTS,S/AS01E e o ensaio para avaliar o uso de novosfármacos para a prevenção da malária em mulheresgrávidas a través do TIP.
Eficácia e segurança da formulação pediátrica solúveldo Artemeter-Lumefantrina
O Coartem® (Artemeter-Lumefantrina) é actualmente o tra-tamento de segunda linha contra a malária emMoçambique. Os comprimidos que existem actualmentesão difíceis de administrar em crianças e precisam ser esma-gados. O Centro esteve envolvido num ensaio clínico alea-torizado de não inferioridade para avaliar a eficácia, asegurança, a tolerância e a farmacocinética da formulaçãopediátrica do Coartem® em comprimidos solúveis para sus-pensão oral, em comparação com os comprimidos amassa-dos em crianças com pesos entre 5 e 35 kg com malárianão complicada por P. falciparum.
desenvolvimento clínico da RTS,S é fazer o registo da vaci-na para ser usada em bebes, juntamente com o resto devacinas do PAV.
O CISM fez o primeiro ensaio clínico para avaliar a seguran-ça, imunogenicidade e teste de conceito de eficácia daRTS,S/AS02D em crianças menores de um ano. Os resulta-dos deste ensaio clínico de fase I/IIb, publicados em 2007,mostraram que a RTS,S/AS02D é segura e bem tolerada. Ocandidato também induziu títulos altos de anticorpos con-tra o circumsporozoito e a eficácia ajustada da vacina con-tra infecção foi de 65,9% (95% CI 42,6–79,8%,p<0,0001).
Outro ensaio realizado na Tanzânia com a mesma vacinaconfirmou estes resultados de segurança, imunogenicidadee eficácia. Todos estes estudos geraram evidências suficien-tes para poder seguir com o desenvolvimento clínico nafase III.
O Centro também está a desenvolver estudos para avaliaros marcadores imunológicos das fases pré-eritrocítica e san-guínea assexuada do P. falciparum que possam estar asso-ciados a uma protecção sustentada em crianças vacinadascom a RTS,S/AS02A.
Para 2009 está previsto o início de um ensaio multicêntricode fase III da vacina RTS,S/AS01E, onde o CISM continuaráa contribuir para o desenvolvimento desta. Com vista a pre-paração deste ensaio, o Centro fez estudos para avaliar emelhorar o Sistema de Vigilância Hospitalar com o objecti-vo de detectar a malária grave e outras patologias em crian-ças do mesmo grupo de idade que vai ser utilizado nopróximo ensaio. Também avaliaram-se diferentes métodospara quantificar as densidades de P. falciparum em sangueperiférico e outras ferramentas diagnosticas.
MALÁRIA
Curvas de Kaplan-Meier que mostram as percentagens acumuladas departicipantes, com pelo menos um episódio de infecção de malária duranteo ensaio de fase I/IIb da RTS,S/AS02D.
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Tenda utilizada nos estudos dedesenvolvimento clínico defármacos.
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com o financiamento da EDCTP e está a ser feito em 10centros localizados em 7 países africanos (Burkina Faso,Gabão, Moçambique, Nigéria, Ruanda, Uganda e Zâmbia),sendo a East African Network (EANMAT) a entidade respon-sável pela monitorização.
O estudo tem como objectivo estabelecer a segurança e aeficácia destas novas combinações durante 28 dias pós tra-tamento e determinar a taxa de re-infecção durante os 6meses seguintes. O CISM recrutou 500 crianças com ida-des compreendidas entre os 6 meses e os 5 anos e commalária não complicada, as quais foram tratadas com umadas combinações. Depois estas crianças tiveram umacompanhamento clínico através de uma detecção activadurante 28 dias e por detecção passiva até 6 meses após otratamento.
Prevenção da malária em mulheres grávidasVer secção Saúde materna e reprodutiva.
IMUNIDADE CONTRA A MALÁRIA
Exposição ao P. falciparum e desenvolvimento daimunidade contra a malária em crianças menores de 1 ano
Pessoas vivendo em regiões da África Subsariana onde amalária é endémica e que estão repetidamente expostas àinfecções por P. falciparum, desde o nascimento desenvolvemuma Imunidade Natural Adquirida (INA) contra o parasita.
Em áreas com transmissão anual e estável, quase não oco-rrem casos de malária grave nem mortes associadas a malá-ria depois de cerca de 5 anos de idade, e a incidência demalária clínica e a prevalência e a densidade de infecçãodecrescem com a idade. Em áreas com uma transmissãomuito intensa, a transição para esta fase de imunidade con-tra a malária ocorre ainda mais cedo. A aquisição da INAdepende tanto da idade como da intensidade da transmis-são, mas até hoje tem sido difícil medir, de forma indepen-dente, a contribuição feita por estas duas variáveis.
O desenvolvimento da INA contra o P. falciparum é aindapouco conhecido. Estudos anteriores sobre tratamento pro-filáctico contínuo ou intermitente contra a malária emcrianças menores de um ano sugerem que a idade da pri-meira exposição ao P. falciparum durante o primeiro ano devida pode ser importante para determinar o desenvolvi-mento da INA. Aprofundar conhecimentos nesta área temuma importância primordial para futuras estratégias decontrolo de malária e, especificamente, de vacinação.
O CISM está a realizar um estudo para avaliar o efeito daidade de exposição ao P. falciparum no desenvolvimentoda imunidade natural adquirida em crianças menores de 1
Este ensaio clínico faz parte do plano de desenvolvimentoclínico desta formulação para uso em crianças, e foi finan-ciado por Medicines for Malaria Venture (MMV) e Novartis.O estudo foi feito em 5 países (Benin, Quénia, Mali,Tanzânia e Moçambique) e envolveu 899 crianças. Os resul-tados mostraram que o Coartem® administrado em seisdoses com a nova formulação pediátrica é mais eficaz doque os comprimidos amassados que actualmente se estãoa utilizar.
Desenvolvimento clínico do DHA+PPQ
O CISM participou num ensaio clínico multicêntrico para odesenvolvimento clínico do Eurartesim® (Dihidroartemisinina(DHA) + Piperaquina (PPQ)). O ensaio de fase III envolveu 5centros africanos (Burkina Faso, Moçambique, Quénia,Uganda e Zâmbia) e um total de 1.500 participantes de 6 a59 meses de idade com malária por P. falciparum não com-plicada, que foram seguidos até 42 dias depois do trata-mento. Durante o ensaio, as crianças foram seleccionadasde forma aleatorizada a receber Eurartesim® ou Coartem®,com o objectivo principal de demonstrar a não inferiorida-de do Artekin® (com uma margem de 5%). Os dados estãoem análise e os resultados estão a ser preparados para adevida publicação e envio às autoridades reguladorasdurante o ano de 2009.
Estudo para comparar a eficácia de 4 possíveiscombinações de fármacos baseadas em artemisininas
O CISM está a participar num estudo multicêntrico de faseIV, aleatório, não cego e de múltiplos braços, desenhadopara comparar a eficácia de 4 possíveis combinações anti-maláricas, todas elas com derivados das artemisininas, notratamento da malária não complicada. O estudo conta
MALÁRIA
Microscopistas no laboratório do CISM.
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indicando que a intervenção não afecta negativamente aaquisição de anticorpos contra a malária. Estes resultadoscontrastam com os encontrados no contexto do uso deprofilaxia de forma continuada, onde há um efeito clíniconegativo e imunológico. As análises indicam que os anticor-pos do grupo que recebeu o placebo não foram mais altosque no grupo que recebeu SP. Os resultados foram obtidosatravés de análises que tiveram em conta os efeitos de con-fusão de variáveis, como os episódios prévios de malária clí-nica ou a parasitemia no momento das visitas.
Neste momento, estão em curso análises para investigar osefeitos do TIP infantil com SP em outras respostas de anti-corpos que se pensa estarem envolvidas na adquisição daimunidade, como os antígenos variáveis de superfície (VSA)e os anticorpos inibidores do crescimento.
Efeito do TIP na gravidez no desenvolvimento daimunidade
Dentro do ensaio clínico do Tratamento Intermitente Presuntivo(TIP) na gravidez com Sulfadoxina-Pirimetamina (SP) que foifeito no CISM (ver secção Saúde materna e reprodutiva), ini-ciou-se um estudo para avaliar o impacto do TIP na gravidezcom SP no status imunológico das mães no momento do partoe das crianças durante o primeiro ano de vida.
Participaram deste estudo um subgrupo de 300 mulherescom as suas respectivas crianças, durante o qual foram ana-lisadas amostras de sangue das mães e das crianças paradeterminar o tipo e o nível de diferentes anticorpos contravários antígenos do parasita. Para o ano de 2009 está pre-vista a finalização da análise dos dados.
ano. O estudo é parte do consórcio AgeMal financiadopela União Europeia.
O estudo é um ensaio clínico aleatorizado com 3 braços nosquais a idade de exposição ao P. falciparum é controladaadministrando quimioprofilaxia nas crianças durante dife-rentes períodos do primeiro ano de vida. O risco de maláriaclínica e anemia durante o segundo ano de vida e o tipo e aqualidade das respostas imunitárias serão comparados entreos diferentes grupos. Também será avaliado o papel dostress oxidativo e dos factores genéticos do hospedeiro nodesenvolvimento da imunidade natural adquirida. O estudovai ser finalizado e analisado durante o ano de 2009.
Efeito do TIP infantil no desenvolvimento daimunidade
Em áreas com uma alta transmissão da malária, as criançasmenores de um ano são as que sofrem mais desta doença.Por isso, este grupo etário é um dos principais alvos dasestratégias de prevenção.
O Tratamento Intermitente Presuntivo (TIP) infantil consistena administração de antimaláricos através do PAV e temdemonstrado eficácia na prevenção da malária em crianças.
Uma das questões importantes na implementação de estra-tégias de prevenção da malária, como o TIP infantil, é ava-liar o impacto no desenvolvimento da Imunidade NaturalAdquirida (INA). Estudos recentes mostraram que o uso dequimioprofilaxia em crianças pode impedir o desenvolvi-mento desta imunidade. No entanto, estudos de TIP infan-til realizados na Tanzânia e em Moçambique indicam que otratamento intermitente não só reduz o risco de maláriasem interferir no desenvolvimento da INA, como podemesmo melhorar o desenvolvimento desta. Contudo, nãoexistiam estudos para avaliar as respostas imunes ao P. fal-ciparum no contexto do TIP infantil.
O CISM realizou um estudo para avaliar o desenvolvimentoda imunidade contra P. falciparum no contexto de umensaio clínico aleatorizado, duplo cego, para avaliar a efec-tividade do TIP infantil com Sulfadoxina-Pirimetamina (SP)administrado aos 3, 4 e 9 meses de idade através do PAV.O estudo mostrou que o TIP infantil teve uma eficácia con-tra a malária clínica de 22,2% durante o primeiro ano.Utilizaram-se os anticorpos contra os antígenos da fase eri-trocítica do P. falciparum MSP-1, AMA-1 e EBA-175 paramedir as respostas imunes. Estes antígenos jogam um papelcrítico durante a invasão dos eritrócitos e são utilizadospara o desenvolvimento de candidatos a vacinas.
O estudo mostrou que o TIP infantil com SP não modificaos níveis de anticorpos contra antígenos da fase eritrocíticado P. falciparum durante os dois primeiros anos de vida,
MALÁRIA
Participante do estudo AgeMal recebendo a intervenção.
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mulheres grávidas do que nas mesmas mulheres antes deengravidar ou em outras mulheres não grávidas. A suscep-tibilidade à infecção e a gravidade das manifestações clíni-cas são determinadas pelo nível de imunidade antes dagravidez, o qual depende fundamentalmente da intensida-de e estabilidade da transmissão de malária.
Assim, verifica-se que em áreas onde a transmissão é estável eo nível de imunidade adquirida contra a malária é alto, as pri-míparas são mais afectadas pela malária do que as multíparas.
No entanto, os mecanismos envolvidos na susceptibilidadedas mulheres à malária durante a gravidez são ainda descon-hecidos. Foi levantada a hipótese de que a sobreposição decitoquinas pró-inflamatórias (IFN-g, IL-2 e TNF-a) pode indu-zir a complicações associadas de malária durante a gravidez.A hipótese mecânica assume que os órgãos estão afectadosem função do número de eritrócitos infectados (EI) seques-trados nos tecidos, o que induz à concepção de que durantea gravidez o sequestro de EIs na placenta afecta de formaadversa as funções deste órgão, interferindo no intercâmbiomaterno-fetal ao gerar alterações hemodinâmicas, hipoxia ereacções inflamatórias como a intervilosite crónica.
Neste contexto, o Centro está a investigar os mecanismosmoleculares implicados na adesão do P. falciparum à pla-centa, para identificar antígenos que poderiam ser usadospara o desenvolvimento de vacinas contra a malária duran-te a gravidez. Para o efeito, está em curso o estudo sobreas características fenotípicas, antigénicas e transcricionaisdos parasitas que sequestram na placenta, comparando-oscom os parasitas isolados do sangue periférico de homensadultos, de mulheres adultas não grávidas e de puérperas.
A correlação do fenótipo de adesão destas populaçõesparasitárias com o seu perfil antigénico e com o padrão detranscrição permitirá identificar as proteínas do parasitaimplicadas na adesão à placenta e avaliar, deste modo, ospotenciais mecanismos para reduzir os efeitos adversos damalária durante a gravidez.
Marcadores moleculares de resistência no contextodo TIP infantil e TIP na gravidez com SP
O Tratamento Intermitente Presuntivo (TIP) infantil e na gra-videz com Sulfadoxina-Pirimetamina (SP) é uma estratégiapotencial para o controlo da malária. Entretanto, existeuma preocupação em termos do possível impacto que o TIPinfantil e o TIP na gravidez poderiam ter no incremento daresistência do P. falciparum a SP, assim como o impacto des-tas resistências na eficácia do TIP.
Os parasitas que estão seleccionadas por SP in vitro tendema ter mutações nos genes, codificando as enzimas dihidro-folato reductasa (dhfr) e dihidropteroato sintasa (dhps).
BIOLOGIA MOLECULAR
Fenótipos de adesividade nos eritrócitos infectadospor P. falciparum
Só 1 a 2% dos casos de malária por P. falciparum acabamem doença grave, que pode apresentar-se através de dife-rentes síndromes, incluindo coma profundo (malária cere-bral), anemia grave, dificuldade respiratória com acidosemetabólica e, menos frequentemente, falência multi-orgâ-nica. Todas estas síndromes poderão ser fatais, como levarà recuperação podendo deixar ou não sequelas. Contudo,a relação causal entre os sintomas e o processo patogénicoexistente não está bem estabelecida e permanece um temade debate, em parte devido às escassas correlações clínico-patológicas da malária grave.
Assim, o Centro está a estudar se os isolados do P. falciparumtêm propriedades intrínsecas de citoaderência que se correla-cionam com a gravidade clínica, e qual é a contribuição dosreceptores humanos específicos no fenótipo de adesão dosparasitas. Para o efeito, serão comparadas as propriedadesde citoaderência, a formação de rosetas e a aglutinação dosparasitas de P. falciparum isolados de crianças com malárialeve com os isolados de crianças com malária grave.
Está ainda prevista a avaliação do papel dos receptores gC1qR,CD36 e ICAM1 no perfil da citoaderência in vitro dos parasitasisolados de crianças com malária leve e grave, para determinarse a adesão às células endoteliais ou aglutinação mediada porplaquetas via gC1qR está associada à malária grave.
Caracterização fenotípica, antigénica e transcricionalde isolados placentários de P. falciparum
Em zonas endémicas de malária, a prevalência, densidade egravidade da infecção por P. falciparum são maiores nas
MALÁRIA
Activação de células T induzida por eritrócitos infectados por P. falciparum.
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Contudo, existem estudos que demonstram que estasmutações não permitem predizer bem os níveis de eficáciadeste fármaco em zonas com alta transmissão de malária.
O CISM realizou um estudo para avaliar os níveis de resis-tência ao SP no contexto de estudos aleatorizados, duplocegos, para avaliar a eficácia do TIP infantil e o TIP na gra-videz. Em relação ao TIP infantil, comparou-se a frequênciados episódios clínicos de malária com mutações em dhfr edhps entre as crianças que receberam SP ou placebo. Asmutações analisadas foram as pontuais nos codones 108,51, 59 e 164 em dhfr e 437 e 540 em dhps. Tendo-se,igualmente, analisado o codon 76 do pfcrt (associado aresistência à cloroquina) e o codon 86 do pfmdr1 (associa-do a multi-resistência).
O estudo mostrou que o TIP infantil está associado amudanças na prevalência de genótipos envolvidos na resis-tência contra SP. Por outro lado, o SP mostrou um alto nívelde eficácia na prevenção dos episódios de malária em crian-ças, indicando que a prevalência de mutações pode não serum indicador fiável para predizer a eficácia do SP em estra-tégias de prevenção. O estudo das mutações no contextodo TIP na gravidez está em fase de análise.
MALÁRIA
Recolha de mosquitos na área de estudo.
Ruth Aguilar 1, 2
Pedro Aide 1, 3
Pedro L. Alonso 1, 2
John J. Aponte 1, 2
Arnoldo Barbosa 1, 2
Quique Bassat 1, 2
Joseph Campo 2
Carlota Dobaño 2
Raquel González 2
Caterina Guinovart 2
Eusébio V. Macete 1, 4
Sónia Machevo 1, 5
Alda Mariano 5
Maria Nélia Manaca 1
Alfredo G. Mayor 2
Clara Menéndez 1, 2
Augusto Nhabomba 1
Diana Quelhas 1
Montse Renom 1
Mauricio Rodríguez 1, 2
Eduard Rovira 2
Jahit Sacarlal 1, 5
Elisa Serra 2
Esperança Sevene 5
Elisa Sicuri 2
Pesquisadores
1 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM)
2 Centre de Recerca en Salut Internacional de Barcelona (CRESIB), Hospital Clínic/IDIBAPS,Universitat de Barcelona, Espanha
3 Instituto Nacional de Saúde (INS), Moçambique
4 Ministério da Saúde, Moçambique
5 Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique
Eritrócitos infectados por trofozoitos do P. falciparum.
Perfil genotípico de isolados de P. falciparum obtidos na área de estudo.
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MALÁRIA
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HIV/SIDA E TUBERCULOSE
Em 2008 a epidemia do HIV afectava mais de 35milhões de pessoas no mundo, sendo a região daÁfrica Subsariana a mais afectada, absorvendoperto de 70% dos casos registados em todo omundo, segundo a Organização Mundial da Saúde(OMS).
Moçambique faz parte dos países do mundo maisafectados pelo HIV/SIDA, e segundo dados doMinistério da Saúde moçambicano (MISAU) a pre-valência estimada de infecção por HIV em mulheresgrávidas em 2005 era 9% no norte e 27% no sul dopaís. Os dados do Programa de Prevenção daTransmissão Vertical de 2007 em Manhiça mostramque mais de 25% das mulheres grávidas observadasna consulta pré-natal são portadoras do HIV, o quereflecte a gravidade da situação nesta zona do país.
A tuberculose (TB) é uma das principais causas demorte em todo o mundo, e Moçambique faz partedos países mais afectados por esta doença. Dadosda OMS revelam que anualmente surgem quase 8milhões de novos casos de tuberculose e 1,6 milhõ-es de mortes são causadas por esta doença. A esti-mativa da incidência anual de novos casos detuberculose em Moçambique em 2008, foi de 443novos casos/100.000 habitantes, e a taxa de morta-lidade anual foi de 117/100.000 habitantes.
Existe uma associação crítica entre a tuberculose e o HIV em África. A incidência anual de tuberculose é de até 10%em indivíduos com o HIV, e de até 30% em adultos infectados com o HIV com imunodeficiência grave.
As actividades de investigação em HIV/SIDA e TB desenvolvidas pelo CISM durante o período 2007/08 tiveram comoobjectivos estudar a transmissão mãe-filho do HIV, a caracterização da infecção pelo HIV e a resposta ao TratamentoAnti-Retroviral (TARV) em adultos, bem como o desenvolvimento de ferramentas de prevenção das duas doenças. Nestaárea desenvolveram-se também estudos no âmbito da antropologia médica, que são apresentados na correspondentesecção deste relatório. Por último, todas estas actividades são feitas no contexto de uma colaboração com o ProgramaNacional de Controlo da Tuberculose e o Programa Nacional de Luta Contra ITS/HIV/SIDA no Distrito de Manhiça.
Pesquisadores no laboratório de imunologia.
TRANSMISSÃO MÃE-FILHO DO HIV
Apesar de se constatar uma tendência decrescente doscasos de transmissão mãe-filho (transmissão vertical) doHIV nos países mais industrializados, na África Subsarianaeste continua a ser um problema de saúde pública alarman-te, derivado do facto de que a maioria das mulheres ainda
dão a luz sem saber o seu estado face ao HIV. Além disso,as mulheres nesta região do globo raramente têm acessoaos sistemas de prevenção da transmissão vertical.
Um recém-nascido pode estar exposto ao HIV por via de umou vários mecanismos diferentes. Em primeiro lugar noútero, o feto pode entrar em contacto com o HIV através da
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22 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
CARACTERIZAÇÃO DA INFECÇÃO PELO HIVEM ADULTOS E DA RESPOSTA AO TARV
Caracterização molecular do HIV em mulheres daárea de estudo do CISM
Há estudos que indicam que distintos subtipos de víruspodem ter características biológicas distintas, que podemdeterminar a transmissão e progressão da doença. A cons-tante variação do vírus e a sua capacidade de fazer recom-binações também podem afectar a resistência do vírus aosfármacos existentes, e aumentar as possibilidades desteescapar do sistema imunitário. Por isso, a informação mole-cular dos vírus que circulam numa área concreta pode terimportância para melhorar o êxito do tratamento e asmedidas de controlo.
Em geral, os vírus do subtipo C são responsáveis por maisde 56% das infecções na região Austral de África. Mas,em Moçambique há pouca informação da epidemiologiamolecular do vírus. Sendo assim, o Centro realizou umestudo para caracterizar a diversidade genética, a evolu-ção molecular e os padrões moleculares dos vírus que cir-culam em mulheres que são abrangidas pela área deestudo. Analisaram-se e compararam-se os vírus de HIVtipo 1 obtidos em 1999 e em 2004, durante os quais, asregiões do genoma correspondentes ao Long-TerminalRepeat (LTR) U3, o envelope (env) C2V3C3 e a proteasa(pr) foram sequenciadas. A análise filogenética revelouque todas as sequências eram do subtipo C e que mesmo
placenta, que é permeável ao vírus, e além deste, foramsugeridos vários outros mecanismos que descrevem umapassagem transplacentária do HIV. Em segundo lugar,durante o parto o bebé está exposto às secreções cervicaise vaginais que contêm o vírus. Finalmente, numa popula-ção que utiliza predominantemente o leite materno, o lac-tante também está exposto ao HIV através deste.
Avaliação das crianças HIV negativas expostas aovírus durante a gravidez
Muitos estudos analisaram as respostas imunes específicase gerais ao HIV em adultos não infectados e expostos aovírus, mas poucos fazem referência às crianças HIV negati-vas nascidas de mães HIV positivas em África. Como conse-quência, existe pouco conhecimento sobre as respostashematológicas e imunológicas nesta faixa etária.
Com vista a cobrir esta lacuna, o CISM iniciou um estu-do para caracterizar o estado imunológico destas crian-ças e compreender melhor o impacto do HIV materno norisco de morbilidade destas crianças durante o primeiroano de vida.
Efeito da prevenção da malária na prevenção datransmissão vertical do HIV
O HIV/SIDA e a malária constituem dois grandes problemasde saúde pública na região da África Subsariana. As inter-acções entre as duas doenças podem ser especialmenterelevantes durante a gravidez, afectando quer a mãe quera criança. O impacto de infecções como a sífilis e parasitasintestinais na transmissão mãe-filho do HIV tem sido deba-tido na literatura. O impacto da malária placentária nestatransmissão tem sido igualmente investigado, pese embo-ra, os estudos apresentem resultados contraditórios destainteracção.
A OMS recomenda que as mulheres grávidas, em áreascom transmissão estável de malária, recebam TratamentoIntermitente Presuntivo (TIP) na gravidez com Sulfadoxina-Pirimetamina (SP) e que usem redes mosquiteiras tratadascom insecticidas (ITN). Neste contexto, o Centro realizouum ensaio para avaliar a eficácia do TIP na gravidez comSP no âmbito do uso de redes mosquiteiras. Integradodentro deste ensaio, foi realizado um estudo de avaliaçãodo impacto da malária placentária na transmissão mãe-filho do HIV.
O estudo mostrou que não existe uma diferença relevante natransmissão mãe-filho do HIV entre as mães que receberamTIP na gravidez com SP e as mães que receberam placebo. Osresultados do estudo sugerem a ligação entre a malária pla-centária, a anemia e a transmissão mãe-filho do HIV.
HIV/SIDA E TUBERCULOSE
Pessoal do Centro de Saúde da Manhiça a dar aconselhamento antes datestagem voluntária do HIV.
Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 23
ensaios de vacinas. É neste âmbito que o Centro está a ava-liar os parâmetros clínicos, imunológicos e virológicos dainfecção aguda por HIV. Este estudo está enquadrado den-tro da rede African-European HIV Vaccine DevelopmentNetwork (AfrEVacc).
Avaliação da reconstituição do sistema imunitáriodepois do inicio do TARV
Para desenhar estratégias inovadoras de terapia antiretrovi-ral específicas para o contexto Africano é urgente obterinformação de base, após o TARV na cinética da restaura-ção imunitária e na dinâmica das doenças oportunistas.
Neste sentido, o CISM realizou um estudo para avaliar osparâmetros imunológicos dos pacientes no programa TARVnos primeiros dois anos de tratamento. O projecto incluiu aavaliação da dinâmica de restauração de um sistema imuni-tário funcional após o início do TARV e a morbilidade asso-ciada com a Síndrome Inflamatória de ReconstituiçãoImunitária (IRIS). A IRIS incide-se em pacientes que têm umaboa resposta virológica e imunológica ao TARV e que, para-doxalmente, pioram. Nestes doentes, supõe-se que a res-tauração rápida de células activas funcionalmente tem umefeito imunopatológico. A IRIS relaciona-se com um núme-ro crescente de manifestações infecciosas, auto-imunes eneoplásicas. O estudo incluiu, igualmente, a estimativa deprevalência das diferentes doenças relacionadas com a IRIS,como por exemplo o sarcoma de Kaposi.
Os resultados sobre os factores de risco para o desenvolvi-mento do sarcoma de Kaposi já foram apresentados e aanálise do estudo será finalizada durante o ano de 2009.
DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS DETRATAMENTO E PREVENÇÃO
Desenvolvimento de Microbicidas
Embora o uso consistente e correcto dos preservativosconstitua a forma mais efectiva de protecção contra o HIVem relações heterossexuais, as mulheres nem sempre têm opoder de negociar o seu uso com os seus parceiros. Nestecontexto, os microbicidas (geles vaginais protectores deinfecção por HIV) são uma ferramenta que permitiria que asmulheres protegessem-se da infecção nos casos em quenão seja possível negociar o uso do preservativo. Estudosmostram que um microbicida, mesmo que tivesse efectivi-dade parcial, poderia prevenir até 6 milhões de infecções.
O Centro participa na rede Microbicides DevelopmentProgram (MDP), que tem por objectivo o desenvolvimento demicrobicidas. A investigação desenvolvida até agora centra-sena avaliação da aceitação e viabilidade dos ensaios com
nos casos em que estas eram predominantemente CCR5-tropic (R5), as variantes CXCR4-tropic (X4) foram tambémidentificadas (13%).
Verificou-se ainda que as sequências estavam relacionadascom as de referência encontradas em países vizinhos. Noentanto, as sequências analisadas em 2004 mostram maiordiversidade genética do que as do ano de 1999. Os resulta-dos indicam ainda uma importante diversificação do vírussubtipo C na área.
Identificação e caracterização da infecção aguda peloHIV em adultos
Para que as actividades de prevenção do HIV sejam efecti-vas, mostra-se importante detectar a infecção o mais cedopossível. A história natural do HIV, na falta de tratamento,segue três fases distintas de infecção: aguda, crónica eSIDA. O diagnóstico da infecção do HIV é normalmenteefectuado através de medidas serológicas, que detectamanticorpos específicos do HIV produzidos no início da fasecrónica da infecção. Os anticorpos não são detectados nafase aguda. No entanto, existe uma evidência cada vezmaior de que o potencial de transmissão do HIV na fase deinfecção aguda aumenta drasticamente, devido aos altosníveis de carga viral no plasma e no tracto genital. Depoisda infecção aguda, a carga viral estabiliza durante o primei-ro ano e mantém-se a este nível durante a fase crónica.
A caracterização da infecção aguda e do ponto de equilí-brio da carga viral na população é importante para caracte-rizar a dinâmica de transmissão, constituindo umainformação importante para o desenho de ensaios de vaci-na de HIV. Além disso, os dados sobre o ponto de equilíbrioda carga viral jogam um papel relevante na avaliação dasintervenções de prevenção e como ponto importante para
HIV/SIDA E TUBERCULOSE
Pesquisadores discutindo os resultados obtidos no citómetro de fluxo nolaboratório de imunologia.
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24 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
As actividades no contexto da rede AfrEVacc no CISM vãoincluir o desenvolvimento de estudos para caracterizar aincidência e a prevalência na área, assim como avaliar aviabilidade dos ensaios de vacina. Para o efeito, o labora-tório do Centro será devidamente equipado para permi-tir a realização de técnicas de imunologia celular,necessárias para o desenvolvimento de ensaios de vacina.A rede tem como objectivo fazer um ensaio de fase I desegurança e imunogenicidade em um candidato a vacinacontra o HIV.
Capacitação para o desenvolvimento de vacinas detuberculose
A única vacina comercializada contra a tuberculose é oBacilo de Calmette-Guérin (BCG). Apesar dos resultadosheterogéneos das análises, a BCG parece ter uma protec-ção parcial contra formas graves de tuberculose na infân-cia, mas parece pouco eficaz na protecção de formascomuns como a tuberculose pulmonar. O aumento brus-co de tuberculose em países basicamente africanos comelevada prevalência de infecção pelo HIV/SIDA tem preo-cupado as entidades sanitárias, apesar da ampliação eestímulo ao uso da BCG. Pelo que se faz necessária, e deforma urgente, a criação de uma nova vacina contra atuberculose.
Na última década vários candidatos para vacina de tubercu-lose têm sido desenvolvidos e alguns já avançaram parafase I e mais recentemente para fase IIa.
O CISM está envolvido, desde 2007, numa rede internacio-nal chamada TBVACSIN, que tem como objectivo desen-volver as capacidades para a realização de ensaios clínicosde vacinas contra a tuberculose. Neste momento, a redeconta com o envolvimento de 4 Centros africanos, nome-adamente: a Universidade de Makerere em Uganda,KEMRI/CDC em Kisumu, Quénia, SATVI em Cape Town,África do Sul e o CISM em Manhiça, Moçambique. Paraeste ano a rede pretende começar um projecto financiadopela EDCTP, que tem em vista reforçar as capacidades doCISM na realização de ensaios clínicos de vacinas e efec-tuar um ensaio clínico de fase IIb dum candidato de vacinapara tuberculose em crianças.
Avaliação de uma combinação fixa de quatrofármacos para o tratamento da tuberculose
O uso de medicamentos em Doses Fixas Combinadas (DFC)no tratamento da TB foi recomendado quer pela UniãoInternacional Contra a Tuberculose e Doenças Respiratórias(The Union) quer pela OMS. As vantagens dos medicamen-tos em DFC incluem a prevenção da resistência aos medica-mentos devido à mono-terapia, a redução do risco de
microbicidas (ver secção Antropologia médica e demografia).Com isto, o Centro pretende participar nos ensaios clínicos deeficácia da fase III de microbicidas nos próximos anos.
Capacitação para o desenvolvimento de vacinas deHIV/SIDA
Como acontece em outras doenças infecciosas, uma vaci-na segura, efectiva e acessível seria uma ferramenta chavepara o controlo do HIV/SIDA, especialmente nos paísesmenos industrializados. Por isso, o CISM tem como objec-tivo contribuir para o desenvolvimento de novas vacinaspara o HIV.
Recentemente, o Centro integrou-se na rede African-European HIV Vaccine Development Network (AfrEVacc)financiada pela EDCTP. A AfrEVacc pretende desenvolveruma rede conjunta entre os Centros da Europa e da África,utilizando os dados e conhecimentos de cada Centro paramelhorar as capacidades de realização de ensaios de vacinacontra o HIV em Moçambique, na República da África doSul e na Tanzânia.
Esta rede trabalha em paralelo com outra rede de prepara-ção para ensaios de vacina contra HIV (Red TamoVac) quetambém inclui Tanzânia e Moçambique. A rede vai colabo-rar com outras redes internacionais, como o consórcioEUROPRISE, o Global HIV Vaccine Enterprise e aInternational AIDS Vaccine Initiative.
HIV/SIDA E TUBERCULOSE
Uso do kit diagnóstico do HIV.
Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 25
PUBLICAÇÕES
Lahuerta M, Aparicio E, Bardaji A, Marco S, Sacarlal J, Mandomando I,
Alonso P, Martinez MA, Menendez C, Naniche D (2008) Rapid spread
and genetic diversification of HIV type 1 subtype C in a rural area of sou-
thern Mozambique. AIDS Research and Human Retroviruses 24:327–335
Naniche D, Lahuerta M, Bardaji A, Sigauque B, Romagosa C, Berenguera A,
Mandomando I, David C, Sanz S, Aponte J, Ordi J, Alonso P, Menendez
C (2008) Mother-to-child transmission of HIV-1: association with malaria
prevention, anaemia and placental malaria. HIV Med 9(9):757–764
dosagem incorrecta, a simplificação na procura e nas práti-cas da prescrição, a melhoria da adesão e a facilitação daObservação Directa ao Tratamento (DOT). Estudos recentesde bio-disponibilidade em formulações com quatro medica-mentos em DFC demonstram resultados satisfatórios,embora exista falta de informação sobre a efectividadedesta estratégia frente ao uso de comprimidos separados.
O CISM está a participar num ensaio multicêntrico promo-vido e financiado pela The Union, para avaliar uma combi-nação fixa de quatro fármacos para o tratamento da TB. Oestudo testa a eficácia deste composto, quando administra-do na fase intensiva e inicial do tratamento de novos casosde TB pulmonar com baciloscopia positiva, no qual seguir-se-á a fase de tratamento durante 4 meses com 2 medica-mentos DFC –rifampicina e isoniazida. A fase deseguimento clínico dos pacientes já terminou e agora osdados estão em análise.
HIV/SIDA E TUBERCULOSE
Pedro L. Alonso 1, 2
Carlos Bavo 1
Catarina David 1, 5
Nilsa de Deus 1
Nayra Gutiérrez 1
Emili Letang 1, 2
José Machado Almeida 1
Maria Maixenchs 1
Clara Menéndez 1, 2
Sibone Mocumbi 4
Cinta Moraleda 1
Khátia Munguambe 1, 3
José Muñoz 1, 2
Denise Naniche 2
Robert Pool 2
Cèlia Serna2
1 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM)
2 Centre de Recerca en Salut Internacional de Barcelona (CRESIB), Hospital Clínic/IDIBAPS,Universitat de Barcelona, Espanha
3 Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Moçambique
4 Instituto Nacional de Saúde (INS), Moçambique
5 Ministério da Saúde, Moçambique
6 Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique
Pesquisadores
Cartel no hospital com informação sobre a tuberculose.
26 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
tes foram febre e disenteria, e os serotipos mais frequentesforam a Shigella flexneri 2ª, S. sonnei e S. flexneri 6.
O Centro também analisou os níveis de resistência antibió-tica do V. cholerae O1 serotipo Ogawa. Esta estirpe é a maisfrequentemente isolada nas epidemias de cólera no distritode Manhiça e o tratamento com antibióticos é recomenda-do para os casos graves.
Estudo global da etiologia das diarreias
Muitos estudos foram conduzidos em vários locais geo-gráficos do mundo para identificar a etiologia das doen-ças diarreicas e para formular uma imagem composta,com vista à determinação do seu peso global. Com pou-cas excepções, os dados disponíveis sofrem de deficiên-cias notáveis. Por um lado, os métodos epidemiológicosapropriados são raramente aplicados. Por outro, a maioriados desenhos dos estudos são transversais e não captamas sequelas, que são muito importantes para se obter con-hecimento da carga de morbilidade. Outro constrangi-mento, prende-se com o facto de os estudos, de formageral, não distinguirem a contribuição relativa das síndro-mes clínicas da doença. Finalmente, a contribuição dos
EPIDEMIOLOGIA, APRESENTAÇÃO CLÍNICAE ETIOLOGIA DAS DIARREIAS
Etiologia das diarreias em crianças
Resultados publicados durante o período 2007-08 descre-vem a etiologia da diarreia em crianças menores de cincoanos internadas no Hospital Distrital de Manhiça (2000-01), assim como o perfil de resistência aos antibióticos dosagentes bacterianos isolados. Escherichia coli diarrogénicafoi isolada em 22,6% das amostras, sendo o agente maisfrequente, seguido da Ascaris lumbricoides (9,3%),Salmonella spp. (2,5%) e Giardia lamblia (2,5%). A. lum-bricoides e Strongyloides stercolaris foram os isoladosmais frequentes em crianças maiores de 12 meses deidade. A resistência a trimetoprim-sulfametoxazol e ampi-cilina foi elevada.
Também foi descrita a epidemiologia e a apresentação clí-nica em crianças menores de 5 anos de idade da shigello-sis, que causa aproximadamente 163 milhões de casosanuais nos países em desenvolvimento. A incidência esti-mada da shigellosis na área de estudo do Centro em crian-ças de 12 a 47 meses de idade foi de 488,4/100.000criança-ano a risco. As apresentações clínicas mais frequen-
DOENÇAS DIARREICAS
A doença diarreica é uma das principais causas de morbilidade e mortalida-de em crianças menores de 5 anos, especialmente nos países em desenvol-vimento, com uma média de 3,2 episódios por criança. A OMS categoriza adoença diarreica como a segunda maior causa de mortalidade em criançasmenores de cinco anos de idade a nível mundial. Dados de 2000-03 esti-mam que as diarreias contribuíram com cerca de 18% das 10,6 milhões demortes anuais neste grupo etário, tendo a maior parte dessas mortes oco-rrido nos países em desenvolvimento.
Apesar da morbilidade causada por doenças diarreicas ser ainda alta nestespaíses, a mortalidade tende a diminuir, principalmente devido à melhoriado maneio clínico. Na África Subsariana a mortalidade causada pela dia-rreia aguda varia de 1,9% a 37% dependendo dos países.
Relatórios recentes indicam que na capital moçambicana – Maputo – estas doenças constituem a terceira causa demorte em crianças dos 0 aos 14 anos de idade. Em Manhiça, a diarreia representa perto de 20% das admissõespediátricas ao hospital e é a quarta causa de morte em crianças de 12 a 59 meses de idade. Há agentes patogéni-cos distintos, incluindo bactérias, vírus e parasitas que causam as diarreias. Os agentes patogénicos mais frequente-mente isolados incluem Escherichia coli, Rotavirus, Salmonella spp, Shigella spp, Campylobacter jejuni, Entamoebahistolytica e Giardia lamblia.
Placa com antibiograma.
Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 27
PUBLICAÇÕES
Mandomando I, Espasa M, Valles X, Sacarlal J, Sigauque B, Ruiz J, Alonso PL
(2007) Antimicrobial resistance of Vibrio cholerae O1 serotype Ogawa
isolated in Manhica District Hospital, southern Mozambique. The Journal
of Antimicrobial Chemotherapy 60:662–664
Mandomando I, Sigauque B, Valles X, Espasa M, Sanz S, Sacarlal J, Macete
E, Abacassamo F, Ruiz J, Gascon J, Kotloff KL, Levine MM, Alonso PL
(2007) Epidemiology and clinical presentation of shigellosis in children
less than five years of age in rural Mozambique. The Pediatric Infectious
Disease Journal 26:1059–1061
Mandomando IM, Macete EV, Ruiz J, Sanz S, Abacassamo F, Valles X, Sacarlal
J, Navia MM, Vila J, Alonso PL, Gascon J (2007) Etiology of diarrhea in
children younger than 5 years of age admitted in a rural hospital of sou-
thern Mozambique. The American Journal of Tropical Medicine and
Hygiene 76:522–527
Ruiz J, Herrera-Leon S, Mandomando I, Macete E, Puyol L, Echeita A, Alonso
PL (2008) Detection of Salmonella enterica Serotype Typhimurium DT104
in Mozambique. Am J Trop Med Hyg 79(6):918–920
vários agentes bacterianos, virais e parasitários quepodem causar a diarreia, não tem sido completamenteelucidada até este momento.
A maioria dos estudos realizados não procuram agentesetiológicos nos controlos efectuados, o que significa que apatogenicidade relativa aos agentes nessa população nãopode ser determinada. Esta omissão é particularmente pre-ocupante nas áreas altamente endémicas, onde muitascrianças albergam enteropatogenos de forma assintomática.Como resultado, o risco de doença atribuído a esse agentepatogénico poderá estar mal representado nos estudos.
Ademais, poucos estudos medem o custo financeiro dadiarreia para a família e para o Sistema Nacional deSaúde, de modo a obterem uma imagem detalhada dopeso da doença que inclui o peso económico.
Finalmente, é importante utilizar testes de diagnóstico sero-lógicos e moleculares homogeneizados para permitir acomparação dos dados.
Para dar resposta a estas perguntas, desenhou-se o estudo“The Global Enterics Multi-Center Study (GEMS)”, no qualo CISM está a participar.
O estudo GEMS, financiado pela BGMF e coordenado peloCenter for Vaccine Development, University of MarylandSchool of Medicine (Estados Unidos da América), tem comoobjectivo determinar o peso, a etiologia microbiológica e asconsequências clínicas adversas da diarreia moderada agrave em crianças dos 0-59 meses de idade na ÁfricaSubsariana e no Sul da Ásia, servindo de orientador para odesenvolvimento e implementação de vacinas e outras inter-venções. As mortes e sequelas provocadas pelas diarreiasserão determinadas através de um seguimento aos doentes,durante 60 dias. Os custos directos e indirectos originadospelos episódios de diarreia grave serão também avaliados.
DOENÇAS DIARREICAS
Pesquisador no laboratório de bacteriologia.
Pedro L. Alonso 1, 2
Dinís Jaintilal 1
Tacilta Nhampossa 1, 3
Inácio Mandomando 1, 3
Joaquín Ruiz 2
1 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM)
2 Centre de Recerca en Salut Internacional de Barcelona (CRESIB), Hospital Clínic/IDIBAPS,Universitat de Barcelona, Espanha
3 Instituto Nacional de Saúde (INS), Moçambique
Pesquisadores
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28 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
A vigilância epidemiológica das pneumonias, bacteriemias emeningites é uma ferramenta chave para avaliar o peso dadoença e mortalidade associada a cada um dos agentespatógenos responsáveis por estas doenças. A monitoria dosníveis de resistência aos antibióticos mais frequentementeutilizados no país é necessária para avaliar as actuais estra-tégias de tratamento.
O CISM está a desenvolver desde 1998 um trabalho deVigilância Epidemiológica focalizado nas pneumonias, bac-teriemias e meningites em crianças no Hospital Distrital deManhiça (HDM).
O Centro já reportou em 2006 dados sobre a epide-miologia da doença invasiva por pneumococo emcrianças menores de 5 anos, (Roca et al., TM&IH 2006;11) que mostravam que a incidência era de416/100.000 criança-ano a risco (chegando a779/100.000 em crianças menores de 3 meses), comuma taxa de letalidade do 10% (56% entre as criançasque tiveram meningite).
Durante este período o Centro continuou a fazer a análi-se das meningites bacterianas agudas, dos patógenosbacterianos responsáveis pelas bacteriemias e uma avalia-ção específica do peso da infecção invasiva pelo H.influenzae tipo b (Hib). O Centro iniciou também estudosde epidemiologia molecular de S. pneumoniae e Neisseriameningitidis que são abaixo descritos.
PNEUMONIAS E OUTRAS DOENÇASBACTERIANAS INVASIVAS
As infecções respiratórias agudas e as doenças bacterianas invasivas são responsáveis por um número importantede mortes na população infantil. O último relatório da UNICEF/OMS estima que a pneumonia é responsável por 19%das mortes a nível global em crianças menores de 5 anos. Uma proporção importante dos casos de pneumonia emortes são causadas por agentes bacterianos, entre os quais o Streptococcus pneumoniae e o Haemophilus influen-zae tipo b (Hib) são os mais prevalentes. Outras causas de pneumonia incluem os vírus, cujo principal agente é oVírus Respiratório Sincitial (VRS).
As actividades do CISM nesta área estão focalizadas em três aspectos: vigilância epidemiológica (incluindo estudosde resistência aos antibióticos), melhoria do diagnóstico e avaliação de estratégias de controlo.
Mãe com criança na triagem.
Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 29
Os resultados mostraram que a importância do Hib comoproblema de saúde pública em Moçambique justifica aintrodução da vacina. Estes resultados foram utilizados porMoçambique na solicitação a GAVI Alliance para o financia-mento da introdução da vacina.
Epidemiologia molecular do S. pneumoniae
O S. pneumoniae é um dos principais agentes causado-res de pneumonia e meningite em crianças. O pneumo-coco tem mais de 90 serotipos, dos quais mais de 20podem ser invasivos. A distribuição de serotipos invasi-vos tem variações dependendo da área geográfica.Entretanto, as vacinas mais eficazes contra o pneumoco-co nas crianças (que são as mais afectadas pelas formasgraves da infecção) só incluem um número determinadode serotipos e, portanto, a sua cobertura potencialdepende da distribuição destes.
O Centro está actualmente a caracterizar os serotipos dasestirpes invasivas isoladas nos últimos 8 anos, para avaliar acobertura potencial das vacinas existentes. Com efeito, foinecessária uma transferência de tecnologia de diagnósticomolecular desenvolvida previamente no Centers for DiseaseControl and Prevention (CDC) dos Estados Unidos daAmérica.
Além disso, o Centro está a genotipar os isolados invasivosnum projecto de colaboração com a Universidade Fiocruzde Salvador de Bahia (Brasil). Estas análises vão permitirconhecer a transmissão clonal dos pneumococos invasivos.
Bacteriemias e meningites bacterianas agudas
Foram analisadas as bacteriemias em crianças menores de15 anos de idade diagnosticadas durante o período 2001 a2006. Os resultados mostraram que 8% das crianças inter-nadas no hospital tinha bacteriemia, sendo os patógenosmais prevalentes a Salmonella non-typhi (NTS) e o pneumo-coco (26% e 25% respectivamente). Em crianças menoresde um mês o S. aureus e o streptococo grupo B foram osmais prevalentes (39% e 20% respectivamente). A incidên-cia comunitária mínima foi de 1.730/100.000 criança-anoa risco em crianças menores de um ano, 782/100.000criança-ano em crianças entre 1 e 4 anos e 49 por 100.000criança-ano em crianças de 4 anos e maiores. A taxa deletalidade das bacteriemias foi de 12%. Estes resultadosvão ser publicados durante o 2009.
Dados mais recentemente analisados de meningites bacte-rianas agudas em crianças evidenciam que os agentes pato-génicos mais frequentes são Hib, pneumococo e N.meningitidis. As incidências de meningite bacteriana foramestimadas em 85/100.000 criança-ano a risco, tendo sidomais alta em crianças de 2 a 12 meses de idade, atingindo1.078/100.000 criança-ano a risco. A taxa de letalidade pormeningite bacteriana foi de 24%. Contudo, os dados reve-lam que uma parte importante dos casos de meningitesbacterianas poderiam ser prevenidas mediante as vacinasconjugadas contra o pneumococo e o Hib que estão já dis-poníveis. Estes resultados vão ser publicados durante o anode 2009.
Caracterização da infecção invasiva por Hib
O H. influenzae tipo b (Hib) ainda causa 3 milhões de episó-dios cada ano, e cerca de médio milhão de mortes, a maio-ria delas em países em vias de desenvolvimento. Para aintrodução da vacina conjugada do Hib é necessário terinformação do peso da doença para justificar o seu custo.Contudo, na África Subsariana as capacidades diagnósticassão limitadas e o peso da doença por Hib tem sido subesti-mada. O CISM fez um estudo com o objectivo de caracteri-zar a epidemiologia, a clínica e a microbiologia da infecçãoinvasiva por Hib em crianças menores de cinco anos.
O estudo foi realizado mediante a análise das amostrasobtidas durante o período 2001-05 no Centro. Duranteeste período, foram descritos 106 episódios de doença porHib, com uma incidência comunitária mínima em criançasmenores de 5 anos de 125/100.000 criança-ano a risco. Osdados descrevem que 56% dos casos foi em crianças de 3a 12 meses de idade. A taxa de letalidade da doença inva-siva por Hib foi de 21% e a resistência aos antibióticos maisfrequentemente usados em Moçambique foi elevada (39%,35% e 74% para o cloranfenicol, a ampicilina e o cotrimo-xazol, respectivamente).
PNEUMONIAS E OUTRAS DOENÇAS BACTERIANAS INVASIVAS
Preparação de uma lamina para coloração de gram de uma hemoculturapositiva.
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30 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
mentas de diagnóstico, que sejam sobretudo simples, bara-tas e minimamente invasivas para a utilização nos Centrosde Saúde rurais em África e que irão determinar a etiologia– P. falciparum, bacteriana e viral – das doenças infecciosasnas crianças. Isto será feito através da exploração da utiliza-ção de vários biomarcadores para distinguir entre a malária,infecções bacterianas e infecções virais nas crianças que seapresentarem ao Centro de Saúde da Manhiça com febre eoutros sintomas pouco específicos.
Determinação das bactérias causadoras dasmeningites bacterianas mediante o Real TimePolymerase Chain Reaction (real-time PCR)
A meningite bacteriana aguda é uma das doenças mais gra-ves na África Subsariana, região que regista mais de ummilhão de casos por ano no continente. Três são as princi-pais bactérias responsáveis pelo aparecimento desta doen-ça: Hib, S. pneumoniae e N. meningitidis.
A incidência de meningites causada por cada uma destasbactérias é frequentemente subestimada. A prática, ampla-mente utilizada, da administração antibiótica antes da col-heita do líquido cefaloraquídeo (LCR) impede o isolamento,e consequentemente a identificação das bactérias. Osmétodos de diagnóstico molecular podem melhorar signifi-cativamente o diagnóstico das Meningites BacterianasAgudas (MBA) nas amostras de LCR negativas por cultura.Técnicas como a real-time PCR são capazes de detectarquantidades mínimas de ADN bacteriano com especificida-de de mais de 95% para discriminar entre Hib, S. pneumo-niae e N. meningitidis, dando uma estimativa mais exactada taxa de incidência da doença causada por cada uma des-tas bactérias.
O CISM está a implementar o diagnostico das MBAmediante a técnica de real-time PCR, como complementoaos métodos de diagnóstico microbiológico tradicionais, edesta forma medir o efeito da administração antibióticaantes da colheita do líquido cefaloraquídeo na taxa de iso-lamento das bactérias usando a cultura.
Epidemiologia molecular da N. meningitidis
A vigilância das meningites bacterianas realizada no CISMdesde 1998 e reforçada no ano 2006 revelou que N. menin-gitidis é a terceira causa de meningite entre as crianças inter-nadas no Hospital Distrital de Manhiça. Os dados maisrecentes revelam um aumento significativo no número decasos de meningite nos últimos anos e as taxas de incidên-cia são muito elevadas. Além disso, o serogrupo W-135 é oque mais prevalece e é similar ao que tem se observado nosúltimos anos em países vizinhos como África do Sul.
Os aspectos da epidemiologia molecular dos isolados de N.meningitidis obtidos de amostras invasivas durante os últi-mos 10 anos e o padrão de resistência a antibióticos estãosendo estudados, mediante a caracterização molecular dasbactérias e a determinação das concentrações mínimasinibitórias dos antibióticos utilizados no tratamento dasmeningites em Moçambique.
MELHORIA DO DIAGNÓSTICO
Diagnóstico diferencial de pneumonias e malária
Nas áreas endémicas, a maior parte dos casos de malária sãodiagnosticados e tratados com base na presença de febre ouhistória de febre sem confirmação laboratorial de parasite-mia. Por outro lado, a malária nas crianças provoca, com fre-quência, dificuldade respiratória que juntamente com a febrepodem estar também presentes nas pneumonias.
Devido a esta sobreposição de sinais e sintomas, o diagnósti-co errado entre a pneumonia e a malária é frequente emambientes com escassos meios diagnósticos. Os doentes maldiagnosticados poderão ser tanto sub-tratados como sobre-tratados, gastando recursos que são limitados e acelerandoos níveis de resistência aos antibióticos na comunidade.
Em finais do ano 2007, o CISM finalizou um estudo queteve como objectivo caracterizar os sinais e sintomas dascrianças que apareciam com sintomas e sinais compatíveiscom pneumonia e malária para poder fazer um melhordiagnóstico diferencial das duas doenças. Os dados foramanalisados e serão publicados durante o ano de 2009.
Biomarcadores para o diagnóstico das infecções maisfrequentes
O diagnóstico diferencial das doenças bacterianas, virais, bemcomo da malária é difícil nos casos em que a apresentação clí-nica é muito similar e os meios de diagnóstico são limitados.
Este projecto, desenvolvido pelo CISM, pretende fornecerevidências que apoiem o desenvolvimento de novas ferra-
PNEUMONIAS E OUTRAS DOENÇAS BACTERIANAS INVASIVAS
Radiografia deuma criança compneumonia.
Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 31
A efectividade da vacina será avaliada dentro da área deestudo do CISM, usando o Sistema de VigilânciaEpidemiológica da doença invasiva por Hib, antes e depoisda sua introdução, fazendo um estudo de caso-controlo eatravés do Sistema de Vigilância Epidemiológica da morta-lidade infantil nesta área.
AVALIAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DECONTROLO
Avaliação da efectividade da vacina Hib emMoçambique
A infecção invasiva por Hib foi a causa predominante demeningite e pneumonia em países desenvolvidos antes daintrodução da vacina de Hib conjugada. A vacina é aproxima-damente 98% eficaz frente a doença invasiva e o seu usotem praticamente eliminado a doença em muitos países. Osdados obtidos no CISM em relação ao peso da infecção porHib foram utilizados pelo Ministério da Saúde deMoçambique, para solicitar suporte financeiro para a intro-dução da vacina no país. A introdução da vacina está pre-vista para o ano de 2009.
O CISM iniciou um projecto que tem como objectivomonitorizar a efectividade da imunização com a vacina deHib dentro do programa alargado de vacinação. Estamonitorização do impacto da vacina é de capital impor-tância para o próprio país e também para a comunidadeinternacional.
PNEUMONIAS E OUTRAS DOENÇAS BACTERIANAS INVASIVAS
Amostra de um líquidocefaloraquídeo em umcaso de meningitebacteriana.
Pedro L. Alonso 1, 2
Quique Bassat 1, 2
Ana Belén Ibarz 1, 3
Núria Díez 2
Sónia Machevo1,5
Inácio Mandomando 1, 4
Luís Morais 1
Cristina O'Callaghan 2
Anna Roca 2
Betuel Sigaúque 1, 4
1 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM)
2 Centre de Recerca en Salut Internacional de Barcelona (CRESIB), Hospital Clínic/IDIBAPS,Universitat de Barcelona, Espanha
3 CIBER, Espanha
4 Instituto Nacional de Saúde (INS), Moçambique
5 Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique
Pesquisadores PUBLICAÇÕES
Morais L, Carvalho M da G, Roca A, Flannery B, Mandomando I, Soriano-
Gabarro M, Sigauque B, Alonso P, Beall B (2007) Sequential multiplex
PCR for identifying pneumococcal capsular serotypes from South-
Saharan African clinical isolates. Journal of Medical Microbiology
56:1181–1184
Roca A, Quinto L, Abacassamo F, Morais L, Valles X, Espasa M, Sigauque B,
Sacarlal J, Macete E, Nhacolo A, Mandomando I, Levine MM, Alonso PL
(2008) Invasive Haemophilus influenzae disease in children less than 5
years of age in Manhica, a rural area of southern Mozambique. Tropical
Medicine & International Health: TM & IH 13:818–826
Sigauque B, Roca A, Mandomando I, Morais L, Quinto L, Sacarlal J, Macete
E, Nhamposa T, Machevo S, Aide P, Bassat Q, Bardaji A, Nhalungo D,
Soriano-Gabarro M, Flannery B, Menendez C, Levine MM, Alonso PL,
Community-Acquired Bacteremia Among Children Admitted to a Rural
Hospital in Mozambique. Pediatr Infect Dis J (in press)
Sigauque B, Roca A, Sanz S, Oliveiras I, Martinez M, Mandomando I, Valles
X, Espasa M, Abacassamo F, Sacarlal J, Macete E, Nhacolo A, Aponte J,
Levine MM, Alonso PL (2008) Acute bacterial meningitis among children,
in Manhica, a rural area in Southern Mozambique. Acta Tropica
105:21–27
32 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
as autópsias verbais, que podem prover informação impor-tante sobre as causas de morte materna para guiar as polí-ticas de saúde pública. No entanto, estas duas fontes têmlimitações.
Por outro lado, a informação disponível até há alguns anossugeria que as complicações obstétricas são a principalcausa de morte nos países em desenvolvimento. No entan-to, o impacto da epidemia do HIV/SIDA, assim como damalária na mortalidade materna nas últimas duas décadastem sido pouco investigado.
O CISM fez um estudo descritivo no Hospital Central deMaputo (HCM), um hospital terciário, para determinar ascausas de morte materna, que incluiu autópsias completasdurante o período 2002-04. A mortalidade maternadurante o período do estudo foi de 8,47 por 1.000 nasci-dos vivos. As complicações obstétricas foram responsáveispor 38,2% das mortes, sendo a hemorragia a causa maisfrequente.
Doenças não-obstétricas foram responsáveis por 56,1%das mortes. As doenças infecciosas, principalmente oHIV/SIDA, a broncopneumonia piogénica, a malária grave ea meningite piogénica foram responsáveis por mais dametade de todas as mortes (56,1%), mesmo depois de apli-cadas medidas eficazes para o seu tratamento. Estes resul-tados mostram claramente a necessidade de implementarestratégias de prevenção que estão acessíveis e que sãoefectivas, como o TIP na gravidez e as redes mosquiteirasimpregnadas, o tratamento antiretroviral para o HIV/SIDA,as vacinas e antibióticos para as doenças pneumócocicas emeningocócicas.
MORTALIDADE MATERNA
A mortalidade materna continua a ser um dos problemasmais graves nos países em desenvolvimento. Estimativasrecentes indicam que cerca de meio milhão de mulheresmorre cada ano de complicações relacionadas com a gravi-dez e o parto, metade delas em África. Como consequên-cia, mais de um milhão de crianças fica órfã.
Contudo, há pouca informação sobre as causas destasmortes. Um dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio(Millenium Development Goals) –ODM– é reduzir a morta-lidade para três quartos até 2015, mas para isso é neces-sário gerar informação sobre as causas de morte maternaem países em vias de desenvolvimento. Nestes países, aprincipal fonte de informação são os registos do hospital e
SAÚDE MATERNA E REPRODUTIVA
A melhoria da saúde materna e reprodutiva é uma das prioridades da comunidade internacional e é consideradachave para o desenvolvimento social e económico dos países de baixa renda. Um estudo realizado em 2005 pelaOMS e outros organismos internacionais estimou as mortes maternas em 536.000 a nível mundial. Destas, 99%aconteceram em países em vias de desenvolvimento e 50% na África Subsariana.
Nesta secção apresentam-se as linhas de pesquisa do Centro que estão focalizadas na saúde materna e reproduti-va. Os projectos desenvolvidos durante este período foram realizados em cinco áreas, designadamente: (i) mortali-dade materna, (ii) malária na gravidez, (iii) monitorização da segurança dos fármacos antimaláricos e antiretroviraisdurante a gravidez, (iv) Vírus do Papiloma Humano e (v) HIV/SIDA.
A pesquisa em HIV/SIDA (estudo da transmissão vertical e desenvolvimento de ferramentas de prevenção) é apre-sentada nas secções HIV/SIDA e tuberculose e Antropologia médica e demografia.
Placenta com parasitas vista pelo microscópio.
Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 33
MALÁRIA NA GRAVIDEZ
Caracterização clínica da malária em mulheresgrávidas
Existe a opinião generalizada, baseada em poucas fontesde informação, de que em áreas com transmissão estávelde malária, a maioria das mulheres com uma infecção porP. falciparum não têm sintomas. O CISM fez um estudocom o objectivo de caracterizar clinicamente a malária nasmulheres grávidas e avaliar as estratégias de manuseamen-to clínico.
O estudo foi feito entre Agosto 2003 e Novembro 2005 naconsulta pré-natal do Hospital Distrital de Manhiça. Umtotal de 3.129 visitas ao hospital foram utilizadas na análi-se. O estudo mostrou que em 77,4% das visitas as mulhe-res tinham sintomas sugestivos de malária, 23% delasdurante o primeiro trimestre. A parasitemia foi confirmadaem 26,9% das visitas. Os sintomas mais frequentes forama dor de cabeça (86,5%), as artromialgias (74,8%) e a his-tória de febre (65,4%), mas os seus valores preditivos paraa presença de parasitas em sangue foram baixos (28%,29% e 33% respectivamente).
O estudo concluiu que a presença de sintomas sugestivosde malária são frequentes em mulheres grávidas numa áreade transmissão estável de malária. Contudo, menos de umterço das mulheres tinham parasitas em sangue. No contex-to da ausência de microscopia ou de testes de diagnósticorápido, uma proporção importante de mulheres, incluindomulheres durante o primeiro trimestre da gravidez, teriamrecebido tratamento de forma desnecessária, em algunscasos com fármacos para os quais não temos suficienteinformação sobre a segurança durante a gravidez. Isto mos-tra a necessidade de desenvolver ferramentas de diagnósti-co e fármacos seguros para o uso em mulheres grávidas.
SAÚDE MATERNA E REPRODUTIVA
Mulher mostrando a mosquiteira colocada na sua casa.
Tratamento Intermitente Presuntivo (TIP) na gravideze Redes Mosquiteiras Impregnadas de Insecticida
Todos os anos perto de 50 milhões de mulheres engravidamem áreas onde a malária é endémica e estima-se que ametade delas em África. A malária durante a gravidez estáassociada à morbilidade materna e fetal, mortalidade atra-vés da anemia materna, ao baixo peso do recém-nascido eparto prematuro. A prevenção da malária durante a gravi-dez é, portanto, uma das prioridades da saúde pública,principalmente na África Subsariana.
Apesar do Tratamento Intermitente Presuntivo (TIP) na gra-videz e o uso de Redes Mosquiteiras Impregnadas deInsecticida terem mostrado eficácia de forma separada,reduzindo as consequências da malária durante a gravidez,não havia informação sobre a segurança e eficácia das duasintervenções quando administradas conjuntamente.
O Centro realizou um estudo aleatorizado a duplo cegopara avaliar a segurança e a eficácia do TIP na gravidez comSulfadoxina-Pirimetamina (SP) administrado juntamentecom o uso de redes mosquiteiras impregnadas em mulhe-res grávidas, com o intuito de criar evidencias suficiente-mente capazes de servir de guia nas políticas de saúdepública, direccionadas para a prevenção da malária duran-te a gravidez.
Um total de 1030 mulheres participaram no estudo e foramaleatorizadas para receber duas doses de SP ou placebo.Todas receberam uma rede mosquiteira impregnada duran-te a visita à consulta pré-natal. A principal variável de aná-lise foi a redução do baixo peso à nascença.
O estudo mostrou que a intervenção com SP foi segura ebem tolerada, mesmo com a alta prevalência do HIV/SIDAna área de estudo, e que reduziu a incidência de malária
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34 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
tem como objectivos melhorar a prevenção e tratamentoda malária na gravidez.
MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇA DOSFÁRMACOS ANTIMALÁRICOS EANTIRETROVIRAIS NA GRAVIDEZ
Existe actualmente pouca informação sobre a incidência deefeitos adversos produzidos por fármacos (Adverse DrugReactions – ADR) em Moçambique, e em particular sobre ouso de fármacos antimaláricos e antiretrovirais em mulhe-res grávidas. Moçambique está a realizar um esforço paraestabelecer um sistema de farmacovigilância, mas o sistemaainda não consegue capturar o máximo de informação dosADR. Os ADR são uma causa importante de mortalidadeem muitos países, e podem chegar a representar 10% dosinternamentos nos hospitais. No contexto da introdução denovos tratamentos contra a malária e o HIV/SIDA e da gran-de presença de co-morbilidade por estas duas doenças, éde vital importância ter informação sobre os ADR devidosao uso destes fármacos durante a gravidez.
O Centro está a implementar um estudo para avaliar a segu-rança de diferentes fármacos antimaláricos e antiretroviraisusados durante a gravidez. Através das consultas pré-nataistodos os ADR ocorridos durante a gravidez são registados atra-vés dum questionário realizado às mulheres, e no momento doparto o estado de saúde das crianças é também avaliado,incluindo a existência de malformações congénitas. As criançassão também avaliadas aos 2 e 12 meses de idade para detec-tar alguma anomalia não diagnosticada à nascença. Os ADRsão avaliados para determinar a existência ou não duma rela-ção causal entre estes e o uso de fármacos durante a gravidez.
A fase de recrutamento do estudo terminou em Fevereirode 2009 e o seguimento vai continuar até o ano de 2010.Um total de 1.224 mulheres foram recrutadas na consultapré-natal do Hospital Distrital de Manhiça e o Posto deSaúde de Maragra. Este projecto vai complementar a infor-mação gerada pelos outros sistemas de vigilância e vai infor-
clínica um 40%. A intervenção reduziu alguns indicadorescomo a malária clínica, a parasitemia periférica e a infec-ção placentária, mas esta melhoria não teve impactos sig-nificativos no peso do recém-nascido ou naprematuridade.
Novos fármacos para o TIP na gravidez
A emergência de resistências ao fármaco SP, particularmen-te na África oriental, suscitou preocupação em relação aouso deste antimalárico para o TIP na gravidez a médio elongo prazo. Por outro lado, a infecção por HIV aumenta asusceptibilidade em relação à malária e pode reduzir a efi-cácia das intervenções. Portanto, há uma necessidadeurgente de avaliar novos fármacos antimaláricos que pos-sam ser utilizados para o TIP quer em mulheres HIV negati-vas quer em positivas. Dos fármacos antimaláricosdisponíveis actualmente, a mefloquina (MQ) é o que ofere-ce mais vantagens.
O CISM está a participar num consórcio que envolve Centrosem Benin, Gabão, Quénia e Tanzânia, cujo objectivo é ava-liar o uso da MQ para o TIP na gravidez. O estudo vai ser umensaio multicêntrico aleatorizado duplo cego para verificar asegurança e eficácia da MQ comparada com a SP como TIPna gravidez, no contexto de redes mosquiteiras tratadascom insecticida e envolverá 4.260 mulheres grávidas queserão seguidas até que a criança atinja um ano de vida.
Nos países onde a prevalência de infecção por HIV em mulhe-res grávidas é maior de 10% (nomeadamente Quénia,Moçambique e Tanzânia), a MQ será comparada com o place-bo nas mulheres infectadas com HIV que estão a receber profi-laxia de cotrimoxazol (serão envolvidas 1.070 mulheres grávidasque terão um seguimento até o bebé atingir os dois meses).
O CISM vai fazer a gestão centralizada dos dados de todosos ensaios e proceder à coordenação da análise dos dados.Estes ensaios vão ser feitos no contexto do Malaria inPregnancy Consortium, um consórcio internacional que
SAÚDE MATERNA E REPRODUTIVA
Preparação de uma lâmina para a determinação da parasitemia. Cartão utilizado no estudo de farmacovigilância.
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Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 35
mar ao Ministério da Saúde sobre a segurança destes fárma-cos durante a gravidez.
VÍRUS DO PAPILOMA HUMANO (VPH)
Em países como Moçambique, onde existe uma alta incidên-cia de câncer cervical invasivo, mas não há programas descreening efectivos, a vacina contra o Vírus do PapilomaHumano (VPH) poderia ser uma estratégia eficaz para com-bater esta doença. Contudo, há pouca informação sobre adistribuição dos genótipos do VPH em mulheres com e semcâncer cervical em África, que possa servir para estimar opotencial impacto da vacina. Evidência preliminar indica queas vacinas contra os genótipos 16/18 do VPH poderiam tam-bém proteger contra infecções por os genótipos 31 e 45.Conhecer a contribuição destes genótipos permitiria avaliar opotencial da implementação de uma vacina contra o VPH.
O Centro participou num estudo para estimar o peso dasinfecções do VPH por genótipo, analisando amostras cervi-cais de mulheres com e sem câncer cervical. O estudo con-firmou o potencial das vacinas actuais contra o VPH parareduzir o câncer invasivo cervical em áreas rurais emMoçambique, tendo ainda mostrado a importância relativaque têm os genótipos 51, 52, 45 e 35 como causa de cân-cer cervical, o que pode ter implicações em termos do des-envolvimento de futuras vacinas polivalentes.
HIV/SIDA
Ver secções HIV/SIDA e tuberculose e Antropologia médicae demografia.
SAÚDE MATERNA E REPRODUTIVA
Mulher recebendo uma rede mosquiteira na consulta pré-natal.
PUBLICAÇÕES
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Mandomando I, Aponte J, Sevene E, Alonso PL, Menendez C (2008)
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Castellsague X, Klaustermeier J, Carrilho C, Albero G, Sacarlal J, Quint W, Kleter
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nal mortality in Maputo, Mozambique: the role of malaria. Tropical
Medicine & International Health: TM & IH 12:62–67
John J. Aponte 1, 2
Azucena Bardají 2
Carlos Bavo 1
Catarina David 1, 5
Nilsa de Deus 1
Carlota Dobaño 2
Raquel González 2
Nayra Gutiérrez 1
Emili Letang 1, 2
Eusébio V. Macete 1, 5
José Machado Almeida 1
Sónia Machevo 1, 6
Maria Maixenchs 1
Alda Mariano 6
Alfredo G. Mayor 2
Clara Menéndez 1, 2
Sibone Mocumbi 4
Cinta Moraleda 1
Khátia Munguambe 1, 3
Denise Naniche 2
Robert Pool 2
Esperança Sevene 6
1 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM) 2 Centre de Recerca en Salut Internacional de Barcelona (CRESIB), Hospital Clínic/IDIBAPS,
Universitat de Barcelona, Espanha3 Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Moçambique4 Instituto Nacional de Saúde (INS), Moçambique5 Ministério da Saúde, Moçambique6 Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique
Pesquisadores
36 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Percepção da tuberculose (TB) e possível relação comas práticas de prevenção e procura de cuidados desaúde em Manhiça
Evidência não documentada sustenta que em alguns luga-res de África, a tuberculose (TB) é tida como uma doençaque se adquire devido a transgressões de tabus tradicionais.Sabendo-se que a escolha do provedor de saúde é em partedeterminada pela causa que o paciente atribui à doença, éprovável que muitos dos casos de TB não estejam a chegaràs unidades sanitárias. Em outros contextos de África,documentou-se que 60% dos pacientes diagnosticados
PERFIL SOCIAL E CULTURAL DAS DOENÇASPRIORITÁRIAS
Nesta área estão em curso 2 estudos que abrangem doen-ças como a tuberculose (TB), a malária e as infecções respi-ratórias agudas, com enfoque nas crianças.
Percepção das mães e cuidadoras de menores de 5anos em relação às síndromes febris e infecçõesrespiratórias
O diagnóstico correcto e atempado é considerado umpasso fundamental para a redução da mortalidade tendocomo causas principais a malária e as infecções respiratóriasagudas. Este passo depende do reconhecimento dos sinto-mas febris e dos problemas respiratórios e da procura decuidados de saúde por parte das mães e cuidadoras dascrianças em risco.
Este estudo tem como objectivo documentar o itineráriolevado a cabo pelas mães e cuidadoras desde o momentoem que se manifestam os primeiros sintomas até ao contac-to com o hospital. O estudo também explora a interpreta-ção que as mães e cuidadoras dão aos sintomas e quaisdentre eles desencadeiam a busca de cuidados de saúde.Para tal, realizaram-se entrevistas com as mães de crianças quese apresentaram no internamento de curta duração doHospital Distrital de Manhiça, e fez-se o seguimento das mes-mas após terem tido alta do hospital. O mesmo exercício foifeito com mães de crianças saudáveis na comunidade. O estu-do está na fase de análise de dados.
Qualquer intervenção em saúde que envolva indivíduos precisa e deve tomar em conta os valores, as atitudes, e ascrenças da população-alvo. Assim sendo, os estudos sociais visam compreender e explicar estes fenómenos comrecurso a metodologias científicas sistemáticas (quantitativas, qualitativas ou mistas).
Desta forma, no contexto da pesquisa biomédica, a abordagem científica social oferece um importante valor adi-cional ao conhecimento gerado pelas outras áreas de conhecimento, potenciando ainda mais a contribuição doCentro na elaboração e actualização das políticas sanitárias no país.
A pesquisa na área de Antropologia médica e demografia no Centro tem como objectivos: (i) avaliar a percepçãoque as comunidades têm em relação à saúde em geral e às doenças específicas, (ii) descrever as estratégias que ascomunidades adoptam para preservar a saúde e tratar as doenças, (iii) identificar os factores que determinam aaceitação e adesão das intervenções específicas em saúde, bem como das actividades de pesquisa levadas a cabopelo Centro dentro da comunidade e (iv) determinar a relação das variáveis sócio-económicas com a saúde.
Trabalhadora do Centro numa reunião com a comunidade.
ANTROPOLOGIA MÉDICA EDEMOGRAFIA
Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 37
ANTROPOLOGIA MÉDICA E DEMOGRAFIA
No entanto, a restauração das respostas imunitárias de pro-tecção benéfica, também pode estar acompanhada deinfecções oportunistas atípicas e de outras doenças associa-das no contexto da chamada Síndrome de ReconstituiçãoImunitária (IRIS). Tais complicações, nos primeiros meses detratamento, podem influir na percepção do tratamento.Mais ainda, quando as pessoas melhoram através do TARVpode haver a falsa sensação de cura, aumentando assim orisco de haver faltosos ao tratamento.
Determinar as percepções do TARV e o seu efeito no cum-primento do tratamento ao longo das vidas dos pacientes éimportante para garantir que o desenho e implementaçãode programas de TARV sejam sustentáveis, efectivos, acei-táveis e de fácil adesão por parte da comunidade alvo. Otrabalho do Centro nesta área tem como objectivo determi-nar o nível de compreensão em relação ao TARV, percebera interpretação feita aos sintomas sentidos e a sua relaçãocom a adesão à terapia, bem como as razões que ditam anão-adesão.
Percebendo a implementação e a recepção dapulverização intra-domiciliária em Manhiça
Em um estudo antropológico recentemente terminado nodistrito de Manhiça foi constatado que a comunidade olha-va para a pulverização intra-domiciliária como sua própriaestratégia de controlo da malária. Esta era geralmente acei-te, apesar da maioria dos participantes e/ou respondentesterem considerado que a pulverização tinha baixa eficácia.
No entanto, tem se constatado que o entusiasmo dascomunidades em relação à pulverização decresceu. Estasituação levanta duas questões: (i) como se explica que umprograma é aceitável no seio da comunidade, ainda queesta não o considera eficaz? (ii) que factores contribuírampara a diminuição do entusiasmo, se este não está correla-cionado com a percepção da eficácia do programa?
A resposta a estas perguntas, que vai para além da simplesquestão de “aceitação”, requer um conhecimento aprofun-dado dos processos informais, através dos quais as inter-venções de saúde são implementadas e recebidas nacomunidade.
A aceitação (ou rejeição) de intervenções como a pulveriza-ção, não pode ser adequadamente entendida se não setomar em conta o processo de implementação, que por suavez não pode ser entendido sem se considerar o contextomais amplo dos debates políticos, da cobertura dos meiosde comunicação e processos históricos, tanto a nível localcomo a nível regional e internacional.
O estudo das políticas vigentes relacionadas com a imple-mentação do programa de pulverização em Moçambique e
com TB na unidade sanitária buscaram cuidados de saúdeem meios alternativos antes de chegarem ao hospital.Nestes casos, as medidas de controlo da TB podem não tero impacto desejado, se não se tomar em conta a interacçãoentre a medicina tradicional e a moderna.
Este estudo pretende compreender de forma aprofun-dada o nível de consciencialização da comunidade daárea de estudo em relação à TB, especialmente emcrianças, e a percepção da etiologia, bem como descre-ver detalhadamente os comportamentos de procura decuidados de saúde perante à TB para providenciar infor-mação que irá facilitar os esforços de busca de casos deTB na comunidade, no âmbito do Programa Nacional deControlo da TB.
PERCEPÇÃO E ACEITAÇÃO DASINTERVENÇÕES DE CONTROLO DASDOENÇAS
Estudos antropológicos em outras regiões têm demonstra-do que o comportamento relacionado com a adesão a umadada terapia é social e culturalmente construído e que estaadesão dinâmica pode depender das percepções e expe-riências do paciente, incluindo a reacção inicial do organis-mo ao tratamento.
Percepção e reacção ao TARV, à reconstituição dosistema imunitário e adesão ao tratamento
O cumprimento do Tratamento Anti-Retroviral (TARV) e oseu seguimento para a vida inteira do paciente de HIV/SIDAé crucial para a sua eficácia. Isto sugere que o comporta-mento e a atitude do paciente em relação à terapia sãocomponentes importantes para o sucesso da mesma.
Mulheres esperando para vacinar as suas crianças.
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de qualidade; (vii) avaliar se as mulheres conseguem res-ponder às perguntas do estudo; (viii) avaliar a vontade dasmulheres em participar num futuro ensaio dosMicrobicidas e (ix) avaliar se as mulheres e a comunidadeestão preparadas para encarar uma nova forma de com-bate ao HIV.
O estudo recrutou e está a fazer o seguimento a 500 mul-heres HIV negativas das áreas abrangidas pelo Centro deSaúde 1 de Junho, na cidade de Maputo e pelo Centro deSaúde da Manhiça. O estudo tem 3 etapas fundamentais:
– Primeiro, o processo de sensibilização da comunidade emobilização de mulheres para a adesão ao estudo.
– Segundo, o recrutamento e seguimento clínico das par-ticipantes mediante os mesmos procedimentos queserão implementados no ensaio clínico.
– E finalmente, o seguimento socio-comportamental. Esteseguimento envolve uma sub-amostra de 100 mulherese seus parceiros, que são convidados a participar ementrevistas de profundidade, discussões em gruposfocais e experimentar técnicas alternativas de recolhade dados sobre práticas sexuais.
Em Moçambique, a Fundação para o Desenvolvimento daComunidade (FDC), o INS/Ministério da Saúde e o CISM sãoas instituições responsáveis pelo estudo, que está baseadono Centro de Saúde da Manhiça e no Centro de Saúde 1de Junho (Maputo).
Viabilidade dos ensaios com vacinas de HIV
Este estudo enquadra-se na iniciativa AfrEvacc, um consór-cio internacional que visa estabelecer e fortalecer parceriasentre instituições de pesquisa Africanas e Europeias paracriar capacidades de conduzir futuramente ensaios clínicoscom vacinas de HIV.
na região da África Austral requer, portanto, uma análisehistórica dos factores políticos, sociais e culturais envolvidosna primeira tentativa de controlar a malária emMoçambique através da pulverização com DDT. É importan-te perceber o discurso usado para apresentar os programascorrentes de pulverização e as estratégias retóricas usadaspara justificá-los.
A finalidade deste estudo é entender, sob uma perspectivaampla, o desenvolvimento, implementação e recepção doPrograma de Pulverização no sul de Moçambique. Paraisso, foram entrevistados membros de agregados familia-res receptores da intervenção, os rociadores do programa,os líderes comunitários, os responsáveis pela elaboração depolíticas de saúde a nível nacional e os líderes de opinião anível internacional. Os dados encontram-se em fase deanálise.
VIABILIDADE E ACEITABILIDADE DEENSAIOS CLÍNICOS
Viabilidade dos ensaios com Microbicidas
O Centro participa na rede Microbicides DevelopmentProgram (MDP), que tem por o objectivo o desenvolvimen-to de microbicidas. O estudo de viabilidade de Microbicidasestá a ser realizado com vista a preparação de um ensaioclínico de fase III de um candidato a microbicida vaginalcontra a transmissão do HIV.
O estudo tem como objectivos (i) avaliar a percentagemde pessoas com HIV e outras Infecções de TransmissãoSexual (ITS); (ii) determinar o nível de consciencializaçãosobre HIV e SIDA na comunidade em geral e na popula-ção do estudo em particular; (iii) identificar as práticassexuais nas áreas de estudo; (iv) avaliar o impacto da pro-moção dos preservativos e o seu uso; (v) determinar a taxamáxima atingível de recrutamento e retenção; (vi) com-provar se os materiais para a recolha de informação são
38 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
ANTROPOLOGIA MÉDICA E DEMOGRAFIA
Trabalhadora do hospital dando uma palestra as mães.
Relatório de actividades 2007-08 | INVESTIGAÇÃO | 39
ANTROPOLOGIA MÉDICA E DEMOGRAFIA
O estudo de viabilidade tem como objectivos: (i) identificaratitudes e crenças relacionadas com vacinação em adultos;(ii) entender como é que as pessoas explicam o conceito deimunidade especialmente entorno do HIV; (iii) prever a von-tade de participar em futuros ensaios de vacina de HIV e osfactores determinantes da aceitação; (iv) determinar a taxamáxima alcançável de recrutamento e retenção de partici-pantes no estudo.
Para responder a estes objectivos desenhou-se um estudoque se assemelhará a um ensaio clínico de vacina de HIV,mas onde se administrará a vacina contra a Hepatite B. Oestudo conta com a participação de 70 adultos, que serãorecrutados, vacinados e receberão um seguimento clínico ecomportamental segundo os procedimentos previstos paraum ensaio de vacina de HIV.
Com este estudo, o CISM ganhará uma experiência cru-cial de envolvimento de homens adultos e saudáveis emensaios clínicos e da criação de um grupo consultivocomunitário, que é um fórum onde os representantesda comunidade e pesquisadores debatem assuntos nosentido de maximizar a colaboração das comunidadesem pesquisas de saúde, bem como adequar os procedi-mentos dos estudos de intervenção à realidade sócio-cultural local.
IMPACTO DA MORTALIDADE PATERNA NASAÚDE DAS CRIANÇAS
Apesar de a mortalidade em adultos estar a aumentar nasúltimas décadas, em particular por causa do HIV/SIDA, asconsequências destas mortes na saúde das crianças nãotêm sido suficientemente estudadas. A morte do pai ou damãe está associada a um aumento da vulnerabilidade dasfamílias e a uma diminuição da sobrevivência das crianças,abandono escolar, emigração e outros. Assim, é necessáriomelhorar a documentação da sobrevivência das criançasórfãs para guiar melhor os programas de apoio a estascrianças em Moçambique.
Participantes doestudo de
microbicidas.
Discussão de grupofocal no estudo demicrobicidas.
Carlos Bavo 1
Catarina David 1, 5
Nayra Gutiérrez 1
Maria Maixenchs 1
Sibone Mocumbi 4
Khátia Munguambe 1, 3
Ariel Nhacolo 1
Delino Nhalungo 1
Robert Pool 2
1 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM)
2 Centre de Recerca en Salut Internacional de Barcelona (CRESIB), Hospital Clínic/IDIBAPS,Universitat de Barcelona, Espanha
3 Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Moçambique
4 Instituto Nacional de Saúde (INS), Moçambique
5 Ministério da Saúde, Moçambique
Pesquisadores
PUBLICAÇÕES
Abdullah S, Adazu K, Masanja H, Diallo D, Hodgson A, Ilboudo-Sanogo E,
Nhacolo A, Owusu-Agyei S, Thompson R, Smith T, Binka FN (2007)
Patterns of age-specific mortality in children in endemic areas of sub-
Saharan Africa. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene
77(6 Suppl):99-105
Abellana R, Ascaso C, Aponte J, Saute F, Nhalungo D, Nhacolo A, Alonso P
(2008) Spatio-seasonal modeling of the incidence rate of malaria in
Mozambique. Malar J 7:228
Para isso, o CISM está a realizar uma análise da relaçãoentre a mortalidade paterna e materna e a saúde e sobre-vivência das crianças, utilizando dados do Sistema deVigilância Demográfica e de Morbilidade na área de estudo.Esta análise será publicada brevemente.
melhor implementação das já existentes. O estudo tambémpretende melhorar os marcadores bioquímicos para fazer odiagnóstico da deficiência de ferro, assim como investigarmais a fundo os mecanismos envolvidos aos níveis celular emolecular na anemia por malária. O término do estudo estáprevisto para princípios de 2010.
ESTUDO DOS EFEITOS DOS PESTICIDASSOBRE A SAÚDE DAS CRIANÇAS
Uma das ferramentas para combater o vector transmissor damalária é utilizar redes mosquiteiras impregnadas com insec-ticidas e fumigar periodicamente as casas com pesticidas.Sabe-se que alguns dos pesticidas utilizados para a pulveri-zação intra-domiciliária, como por exemplo o DDT, passamatravés da placenta e do leite materno e têm efeitos negati-vos sobre a saúde infantil. Devido ao aumento de evidênciascientíficas dos efeitos do DDT sobre a saúde e o meioambiente, o seu uso foi suspenso, exceptuando-se as zonasendémicas de malária. Em Manhiça a malária é endémica etêm se realizado pulverizações intra-domiciliárias com DDT.
O CISM está a fazer um estudo para avaliar o efeito daexposição a contaminantes derivados das fumigações comDDT sobre a saúde das crianças no distrito de Manhiça, emfunção da existência ou não de fumigações intra-domiciliá-rias. Este estudo envolve crianças e as suas mães e visadeterminar as concentrações de pesticidas organoclorados
ETIOLOGIA DAS ANEMIAS EM CRIANÇAS
A anemia continua a ser um dos problemas de saúde públi-ca mais importantes em crianças de países em vias de des-envolvimento. A Organização Mundial da Saúde (OMS)estima que cerca de 2.000 milhões de pessoas no mundoestão anémicas. Conforme ao relatório, perto de 818 mil-hões de mulheres e crianças de baixa idade sofrem de ane-mia. Para estes dois grupos, a prevalência mais elevada deanemia encontra-se em África, atingindo 65% em crianças.
Nas crianças, a anemia está associada a um risco maior demorte e deficiência no desenvolvimento cognitivo e motor,crescimento e funções imunitárias. As crianças admitidascom anemia grave em hospitais, mesmo quando sujeitas atransfusões de sangue, apresentam uma taxa de mortalidadede 6 a 18%. Além disso, a maioria das crianças em situaçãode risco de anemia grave não tem acesso fácil a infra-estru-turas com capacidade de realizar transfusões de sangue.
Estudos realizados na África Oriental mostraram que a malá-ria provocada pelo P. falciparum e a deficiência de ferro sãoresponsáveis por grande parte da anemia observada emcrianças. Factores que podem estar a contribuir para a ane-mia em Manhiça, dos quais existem dados disponíveis, são amalária, infecção por HIV (a prevalência em mulheres grávi-das é de cerca de 25%) e a malnutrição (prevalência de 56%em crianças atendidas pelos serviços de saúde). Por outrolado, não existem dados relativos à prevalência e à possívelcontribuição para a anemia infantil da deficiência em micro-nutrientes, parasitas intestinais, esquistosomiase, bacterie-mias e doenças hereditárias da hemoglobina e doseritrócitos. Par além disso, existe pouco conhecimento sobrea fisiopatologia da anemia por malária.
O Centro iniciou um estudo para melhorar o conhecimen-to da prevalência de diferentes factores de risco e respecti-va contribuição à anemia. Tais informações são necessáriaspara a concepção de novas estratégias de controlo e uma
40 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Nesta secção apresentam-se estudos que não sepodem enquadrar nas secções anteriores. Estes projec-tos estão focalizados em alguns dos problemas desaúde que afectam às crianças e que têm especial rele-vância em termos de saúde pública, como as anemias,os efeitos dos pesticidas sobre a saúde e o sarampo.
Recolha de uma amostra de uma criança para a determinação do hematócrito.
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OUTRAS DOENÇAS
corpos acima do nível de protecção (>=200mIU/mL).Contudo, encontrou-se uma alta prevalência de indivíduoscom títulos de anticorpos não protectores, incluindo 20,5%de pessoas que tinham títulos indetectáveis.
Do grupo dos vacinados, 20,7% tiveram títulos de anticor-pos não protectores. Praticamente todas (96%) as criançasde 6 a 8 meses de idade não tinham títulos de anticorpoprotectores, sugerindo baixo trespasso de anticorposmaternos para as crianças.
O estudo mostrou que, embora tenham sido efectuadascampanhas de vacinação recentes na área de estudo, umaproporção notável da população é susceptível ao sarampoe confirma a janela de susceptibilidade de crianças entre 6-8 meses de idade. Os dados do estudo caso e controloestão no processo final de análise.
nas amostras de leite materno, de sangue de cordão umbi-lical e na palha das casas e avaliar o seu efeito sobre o esta-do imunológico das crianças por meio de marcadoresimunológicos. Este estudo está a ser realizado em colabora-ção com o Centre de Recerca Ambiental – CREAL(Espanha).
EPIDEMIOLOGIA E CARGA DE SARAMPONO DISTRITO DE MANHIÇA
O sarampo continua a ser um problema de saúde nos paí-ses em vias de desenvolvimento, apesar de existir uma vaci-na. Estima-se que esta doença é responsável por cerca demeio milhão de mortes por ano, metade delas em criançasafricanas menores de 5 anos de idade.
Nos países da África Subsariana a vacina de sarampo é admi-nistrada em dose única aos 9 meses de idade como parte doPAV. A utilidade da actual vacina é limitada em criançasmenores de 9 meses, porque não é efectiva na presença deanticorpos maternos que persistem até 6-8 meses de idade.Esses anticorpos protegem as crianças do sarampo nos pri-meiros dias de vida, ficando estas susceptíveis quando os títu-los dos anticorpos começam a baixar. As dificuldades dedisponibilidade de uma boa cadeia de frio nas zonas ruraistambém constituem um problema para o uso desta vacina.
Dados disponíveis indicam a ocorrência de sarampo emcrianças antes da idade vacinal, associado a uma alta taxade letalidade. Actualmente tem se discutido sobre a neces-sidade de implementação de novas estratégias para vacinarcrianças menores de 9 meses de idade, de modo a protegê-las durante o chamado período de "vulnerabilidade". Paraa avaliação das novas estratégias de vacinação é necessáriamais informação sobre a epidemiologia do sarampo emcrianças e adultos jovens.
Nesse sentido, o CISM realizou um estudo para descrever aepidemiologia e peso do sarampo no distrito de Manhiça.Para alcançar esse objectivo foram realizados um estudo decaso e controlo e dois estudos transversais para determinara prevalência de anticorpos contra sarampo em soro e leitematerno no distrito de Manhiça.
O estudo de caso e controlo foi realizado na populaçãogeral (crianças e adultos), enquanto os estudos transversaisforam realizados em crianças e jovens adultos, para avaliara seroprevalência de anticorpos (IgG) específicos de saram-po e em mulheres de 14 a 47 anos em período de aleita-mento e a presença de anticorpos específicos de sarampono leite materno.
Os resultados dos estudos de prevalência de anticorposmostraram que 53,6% das pessoas tinham títulos de anti-
Ruth Aguilar 1, 2
Carlota Dobaño2
Maria Nélia Manaca 1
Inácio Mandomando 1, 3
Clara Menéndez 1, 2
Cinta Moraleda 1
Denise Naniche 2
Montse Renom 1
Jahit Sacarlal 1, 4
1 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça (CISM)
2 Centre de Recerca en Salut Internacional de Barcelona (CRESIB), Hospital Clínic/IDIBAPS,Universitat de Barcelona, Espanha
3 Instituto Nacional de Saúde (INS), Moçambique
4 Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique
Pesquisadores
PUBLICAÇÕES
Mandomando IM, Naniche D, Pasetti MF, Valles X, Cuberos L, Nhacolo A,
Kotloff KL, Martins H, Levine MM, Alonso P (2008) Measles-specific neu-
tralizing antibodies in rural Mozambique: seroprevalence and presence in
breast milk. Am J Trop Med Hyg 79(5):787–792
Cartel informativo do calendáriodo PAV.
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Serviços
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como a partilha de artigos publicados em diferentes cen-tros.
Fazem parte do departamento geógrafos, trabalhadores decampo e digitadores. O Departamento de Demografia,durante o período 2007-08, reforçou a sua equipa de tra-balho contratando novos trabalhadores de campo e digita-dores e incorporando um novo geógrafo.
Paralelamente a isso, no âmbito de tecnologias, o departa-mento adquiriu uma estação meteorológica automática emelhorou o Sistema de Informação Geográfica (GIS).
A área de estudo do CISM inclui aproximadamente 84.000pessoas (o que representa 25.000 famílias), numa superfí-cie de aproximadamente 500 km2. Na tabela a seguir foramrepresentados alguns indicadores demográficos básicos,nomeadamente: taxas de mortalidade, de esperança devida, de agregados e da população total.
O CISM é membro fundador da rede INDEPTH, formada por37 centros que usam o Sistema de Vigilância Demográficaem 19 países espalhados pela África, Ásia e AméricaCentral. Esta rede contribui para a partilha de conhecimen-tos entre os diferentes centros e permite a disseminação deinformação, promoção de cursos e estágios, formação epadronização dos métodos de pesquisa na rede, assim
DEPARTAMENTO DE DEMOGRAFIAResponsável pelo Departamento: ARIEL NHACOLO, BSC, MSC
Este departamento é responsável pela manutenção daPlataforma Demográfica e Geográfica, que constituemduas das três plataformas necessárias para o desenvolvi-mento dos projectos de pesquisa no Centro.
Estas duas plataformas são chave para o funcionamento doCISM, pois garantem a informação sobre o mapeamento e aposição geográfica das casas e outros dados geográficos rele-vantes, assim como a informação demográfica básica dapopulação da área de estudo, possibilitando o seguimentopermanente dos falecimentos, nascimentos, gravidezes emovimentos migratórios. Esta informação permite estabele-cer indicadores demográficos precisos e credíveis.
2004 2005 2006 2007 2008
População Total (habitantes) 73.519 79.349 81.169 82.521 84.217
Taxa de Mortalidade Infantil (por mil nascidos vivos) 83,9 77,4 71,8 70,8 55,5
Taxa de Mortalidade em Crianças (por mil nascidos vivos) <5anos 132,8 148 123,5 117,8 96,5
Taxa de Mortalidade Materna (por mil nascidos vivos) 6,3 8,1 6,2 8,7 7,0
Esperança de vida, Masculinos (anos) 37,7 38,9 40,4 42,6 44,0
Esperança de vida, Femininos (anos) 46,7 48,4 50,1 52,8 53,7
Esperança de vida, ambos os sexos (anos) 42,5 44,0 45,8 48,1 49,4
Trabalhador do Departamento de Demografia durante uma visita paraactualizar os dados demográficos.
Alguns indicadores demográficos básicos da área de estudo.
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comunicação, aconselhamento e testagem do HIV e pro-gramas de prevenção da transmissão vertical, como formade contribuir para o controlo da pandemia e dar suporteaos diferentes estudos em curso neste Centro.
O contributo do Centro no Programa Nacional de Controloda Tuberculose, iniciado no ano de 2002, consiste emapoiar no diagnóstico dos doentes e na identificação decontactos quando um novo doente é diagnosticado.
Por último, o Centro está a colaborar com o Hospital Distritalde Manhiça no Programa de Malnutrição, através de umprojecto de colaboração financiado pela ONG África Viva.
Neste âmbito, o Departamento de Clínica tem o papel decoordenar e conciliar as actividades do Centro nestas uni-dades sanitárias, que incluem a assistência sanitária, o trei-no de pessoal e a elaboração de guias clínicas,principalmente na área materno-infantil. Por outro lado, oCentro apoia na reabilitação e construção de infra-estrutu-ras nos postos e centros de saúde da área de estudo.
O departamento é também responsável por coordenar osmecanismos de colaboração com a Universidade EduardoMondlane (UEM) na supervisão de estudantes do últimoano da Faculdade de Medicina para efectuarem estágios noHospital Distrital de Manhiça.
O CISM, no cumprimento da sua missão, tem vindo a des-envolver uma série de trabalhos ligados à colaboração juntodas entidades governamentais, estando neste momento aprestar o seu apoio na implementação de dois grandesProgramas Nacionais ligados à Luta Contra ITS/HIV/SIDA eao Controlo da Tuberculose.
Em relação ao Programa Nacional de Luta ContraITS/HIV/SIDA, no qual o CISM colabora desde 2005 com oapoio da Agència Catalana de Cooperació alDesenvolupament (Espanha), é importante explicar que opapel desta instituição é de impulsionar actividades quegarantam junto à comunidade do Distrito de Manhiça ele-mentos como: boa qualidade de informação, educação e
DEPARTAMENTO DE CLÍNICA
O Centro trabalha em estreita colaboraçãocom o Hospital Distrital de Manhiça (HDM) eos outros centros e postos de saúde da áreade estudo, onde está a implementar aPlataforma de Vigilância de Morbilidade.Esta plataforma consiste no registo perma-nente de todos os pacientes atendidos commenos de 15 anos de idade. Os dados demorbilidade, complementados com os dadosdas Plataformas Demográfica e Geográfica,permitem monitorizar as doenças prioritá-rias na comunidade e medir o impacto dasintervenções.
Actualmente, o Centro está a implementar avigilância de morbilidade em quatro postosde saúde, nomeadamente: Manhiça,Maragra, Taninga e Ilha Josina.
Responsável pelo Departamento: TACILTA NHAMPOSSA, MD
Mães com as suas crianças na área de triagem do novo Centro de Saúde da Manhiça.
2007 2008
Número de visitas em consultas externas de pediatria1 60.862 60.500
Internamentos pediátricos 3.053 3.335
Taxa de letalidade intra-hospitalar 5,1% 3,0%
Número de doentes em TARV2 1.399 1.8883
Número de aconselhamentos 6.684 5.330
Principais indicadores da actividade clínica na área de estudo.
1 Menores de 15 anos
2 TARV: tratamento anti-retroviral
3 dos quais 142 menores de 15 anos
46 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Para concretizar este objectivo identifica-se e se estabeleceuma relação com os representantes dos grupos sociaisencontrados na comunidade, os quais contribuem na disse-minação de informação sobre as intervenções que implicamenvolvimento comunitário. Também são desenvolvidascampanhas de informação e educação comunitária, fazen-do uso dos principais canais de comunicação aceitáveis nacomunidade.
A longo prazo, a visão do CISM nesta matéria é estabelecerfóruns apropriados e estruturados, como os grupos de con-sulta comunitária, para facilitar um diálogo constante entreos membros da comunidade e os pesquisadores.
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIASSOCIAISResponsável pelo Departamento: KHÁTIA MUNGUAMBE, BSC, PHD
O Departamento de CiênciasSociais dá apoio aos projectos comimplicações socio-comportamen-tais importantes, contribuindo naadequação da informação dadaaos participantes e das ferramen-tas de recolha de dados sociais ecomportamentais.
O Departamento acomoda e gereos recursos necessários para oestabelecimento de uma boa rela-ção entre o Centro e a comunida-de, com vista a maximizar acolaboração da comunidade nasactividades de pesquisa.
Trabalhadores do Departamento de Ciências Sociais.
Palestra à comunidade sobre as actividades do Centro.
Relatório de actividades 2007-08 | SERVIÇOS | 47
O laboratório está actualmente dentro de um processo dereestruturação com vista a fazer frente aos novos desafios,em termos de provisão de serviços ao hospital e aos projec-tos de pesquisa.
Neste âmbito, o Centro iniciou um projecto para a informa-tização do laboratório, que visa melhorar a qualidade doserviço e tornar o acesso à informação dos resultados maisrápido. Em termos organizacionais criou-se uma novaestrutura de gestão, com um posto de Gestor doLaboratório e a figura do Responsável de Área, que seráimplementada durante o ano de 2009. Em termos de insta-lações, o laboratório iniciou com os trabalhos para melho-rar e ampliar as instalações.
DEPARTAMENTO DE LABORATÓRIOResponsável pelo Departamento: LUÍS MORAIS, VET
O CISM desenvolve actividades de investigação querequerem serviços de laboratório e de apoio ao HospitalDistrital de Manhiça (HDM). Neste sentido, oDepartamento de Laboratório tem como objectivo pro-ver serviços e dar apoio aos pesquisadores que precisamdestas infra-estruturas garantindo os níveis de qualida-de necessários.
O laboratório trabalha sob os princípios internacionaisde Boas Práticas Laboratoriais (Good LaboratoryPractices, GLP) e sob os Procedimentos OperacionaisPadronizados (Standard Operating Procedures, SOP).Por forma a assegurar que os procedimentos desenvolvi-dos cumpram criteriosamente com as recomendaçõesdas GLP, o departamento criou um Sistema de AuditoriaInterno e possui um Programa de Controlo de QualidadeExterno.
Neste sentido, uma das principais actividades desenvol-vidas pelo departamento durante o período 2007-08 foio reforço da Unidade de Garantia de Qualidade eBiossegurança, bem como o início das actividades para oprocesso de certificação ISO 9001:2008.
2007 2008
Hematozoário 48.870 39.589
Hematocrito 37.884 39.037
Hemograma 5.669 5.308
Bioquímica 11.517 4.472
Hemocultura 3.503 2.563
Imunologia 820 565
LCR 608 482
Baciloscopia 1.519 1.816
Culturas diversas 1.113 786
Equipamento automatizado de cultivo do laboratório de microbiologia.
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Amostras processadas durante 2007-2008.
48 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
tras por hora. Os equipamentos de bioquímica utilizam osistema de bioquímica seca, que permite obter os parâme-tros usando apenas 10μL de soro ou plasma.
Durante o ano de 2008 foram adquiridos novos equipa-mentos para hematologia e bioquímica.
BACTERIOLOGIA
Esta área tem duas secções diferentes: a bacteriologia gerale a micobacteriologia.
Na secção de bacteriologia faz-se o processamento dasamostras de sangue, fezes, líquido céfalo-raquidiano eoutros líquidos corporais.
O laboratório encontra-se equipado com sistemas de incu-bação automática para as hemoculturas, faz cultura emmeios sólidos e utiliza técnicas de concentração para detec-ção dos parasitas. Os microrganismos isolados nesta secçãosão identificados mediante testes bioquímicos, aglutinaçõ-es em látex e anti-soros específicos, entre outras técnicas,realizando também testes de susceptibilidade aos antibióti-cos através do método de disco de difusão em placas.
Adicionalmente, realizam-se, mediante e-test, os testes deconcentração inibitória mínima para Streptococcus pneu-moniae e Neisseria spp, seguindo os padrões protocolaresvigentes e recomendados pelo CLSI (Clinical and LaboratoryStandards Institute, CDC, Estados Unidos de América).
A secção de micobacteriologia dá suporte ao ProgramaNacional de Controlo da Tuberculose (PNCT) no Distrito
Do ponto de vista de estrutura, o Departamento deLaboratório possui as seguintes áreas de actuação: (i)Parasitologia, (ii) Bioquímica e Hematologia, (iii)Bacteriologia, (iv) Imunologia e (v) Biologia Molecular.Para além destas cinco áreas, o departamento conta comuma Unidade de Garantia de Qualidade eBiossegurança.
O laboratório tem uma área específica para a preparação demeios de culturas, soluções, esterilização e uma sala degeleiras. Este departamento é ainda responsável pela cap-tura e identificação morfológica de mosquitos na área deestudo e pela estimativa da taxa de inoculação entomológi-ca de P. falciparum.
PARASITOLOGIA
Provê serviços de diagnóstico de malária mediante micros-copia óptica, com o qual o departamento dá suporte diag-nóstico da malária ao Hospital Distrital de Manhiça e aospostos periféricos da área de estudo durante os sete diasda semana, fazendo leituras semi-quantitativas e quantita-tivas das lâminas. Para além do diagnóstico da malária, érealizada a determinação de hematocrito capilar e sãoprestados serviços aos projectos de investigação doCentro.
BIOQUÍMICA E HEMATOLOGIA
O Departamento de Laboratório possui equipamentosautomáticos para a determinação de parâmetros bioquími-cos e hematológicos, podendo processar cerca de 60 amos-
DEPARTAMENTO DE LABORATÓRIO
Pesquisadores e técnicos no laboratório de imunologia. Trabalhador no laboratório de parasitologia.
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BIOLOGIA MOLECULAR
A área de biologia molecular oferece serviços aos projectosde pesquisa com a componente de epidemiologia molecu-lar, principalmente nas áreas de doenças diarreicas, pneu-monias, meningites e bacteriemias. A unidade possuiequipamentos necessários para a extracção e amplificaçãode material genético (ADN e ARN).
Este laboratório desenvolve actividades de diagnóstico eidentificação de microrganismos, o seu genotipagem eserotipagem, nos casos em que são solicitados, faz a deter-minação de marcadores moleculares de resistências e daclonalidade de agentes bacterianos mediante a técnicaPulsed Field in Gel Electrophoresis (PFGE).
UNIDADE GARANTIA DE QUALIDADE EBIOSSEGURANÇA
A Unidade de Garantia de Qualidade e Biossegurança temcomo objectivo garantir que as actividades do laboratóriosejam realizadas de acordo com os padrões de qualidadeapropriados, aplicáveis às medidas de segurança no labora-tório e na eliminação dos resíduos resultantes dos diferen-tes processamentos laboratoriais.
A unidade controla e supervisiona os processos do labora-tório, realiza a gestão dos SOPs e gere os controlos de qua-lidade internos e externos, incluindo os equipamentos. Éainda responsável pela formação do pessoal em matéria dequalidade e pela condução de auditorias internas no labo-ratório, de modo a monitorizar e garantir que os procedi-mentos são desenvolvidos com base nas recomendaçõesdas Boas Práticas Laboratoriais.
de Manhiça e aos projectos de pesquisa na área de tuber-culose. Para além da cultura das amostras e da identifica-ção dos isolados através de provas bioquímicas, estasecção tem capacidade para realizar testes de susceptibi-lidade aos antibióticos utilizados para o tratamento datuberculose.
IMUNOLOGIA
A área de imunologia tem capacidade para fazer a avalia-ção das respostas imunológicas (celulares e humorais) con-tra agentes infecciosos. Esta área presta serviços,principalmente, aos projectos de investigação em malária eHIV/SIDA.
Neste laboratório as células imunológicas humanas sãofenotipadas ex-vivo, através da coloração de superfície paraa sua identificação mediante a citometria de fluxo (BD 4-color FACS Calibur). Observe-se que através deste mesmosistema é possível realizar, por exemplo, a contagem deCD4+. É efectuado, igualmente, o cultivo de células in-vitropara medir respostas imunológicas específicas a antígenosespecíficos. A produção de citocinas e citotoxicidade é ava-liada por coloração intracelular de citocinas, citometria defluxo e métodos baseados em ELIspot. As técnicas de ELISAe imunofluorêscencia são utilizadas para a detecção dasrespostas de anticorpos.
O laboratório conta ainda com capacidade para realizar cul-tura in-vitro do P. falciparum, preparar antígenos parasitá-rios e outros procedimentos parasitológicos, e com pessoaltreinado para fazer o processamento histológico (incluindoimunohistoquímica) de placentas.
DEPARTAMENTO DE LABORATÓRIO
Sala de geleiras do laboratório.
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50 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
um programa para melhorar as infra-estruturas e os proces-sos relacionados com as tecnologias, como por exemplo, aimplementação de Sistemas de Captura Remota de Dados.
O departamento tem planificado para o ano de 2009, aimplementação de um novo Programa de Introdução deDados que permitirá melhorar a gestão da qualidade e dosprocessos de limpeza dos dados. Para além disso, o CISMambiciona desenvolver um projecto de implantação de umarede wi-fi que cobrirá o Centro e o Hospital Distrital deManhiça.
Durante os anos 2007 e 2008, o departamento digitou earmazenou cerca de 203.000 e 218.000 fichas de inquéri-tos respectivamente, correspondentes aos estudos e a pla-taforma de morbilidade.
O Departamento iniciou com um processo de reestrutura-ção para enfrentar, de forma eficiente, os desafios doCentro nos próximos anos e permitir separar a gestão dedados da gestão das tecnologias da informação. Para isso,criou-se um novo posto de Responsável pelas Tecnologiasda Informação que vai desenvolver a curto e médio prazos
DEPARTAMENTO DE GESTÃO DEDADOS E TECNOLOGIAS DAINFORMAÇÃO Responsável pelo Departamento: ARNALDO NHABANGA, BSC
Este departamento garante a digitalização e armazenamento de inquéritos/questionários e a administração emanutenção das Tecnologias da Informação (TI). A digitação da informação é feita mediante um sistema de duplaentrada para garantir uma boa qualidade dos dados. Em termos de tecnologias da informação, o Centro tem aces-so à Internet e capacidade para fazer videoconferências.
Trabalhadores no Centro de Dados.
3SECÇÃO
Formação
52 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
PROGRAMA DE TRAINING FELLOWS
O Centro, na sua aposta pela capacitação de investigadoresno país, dispõe desde o início das suas actividades de umprograma de Training Fellows (TF), dirigido a formar jovenslicenciados moçambicanos que desejam desenvolver a suacarreira profissional como investigadores na área biomédi-ca. O programa providencia aos participantes experiênciadirecta em projectos científicos desenvolvidos no Centro eformação de pós-graduação (mestrados e/ou doutoramen-tos) em universidades reconhecidas internacionalmente.
O Programa é realizado em colaboração com o Centre deRecerca en Salut Internacional de Barcelona (CRESIB) e aUniversitat de Barcelona (Espanha), onde os participantesdo programa realizam estágios durante a sua formação.
Sob este programa os investigadores também realizamestágios em universidades, centros de pesquisa e organiza-ções internacionais. No caso dos médicos, a formação podeincluir um apoio na realização de uma especialidade.
Desde o inicio do programa de TF, 17 pesquisadores têm sebeneficiado da formação em pesquisa no Centro, dos quais6 já finalizaram a sua formação. Entre os investigadores que
O centro tem vários modelos de formação, são eles:
– Formação de pesquisadores: Programa de TrainingFellows.
– Programa de formação pós-graduada.
– Estágios e rotações de estudantes e profissionais sanitá-rios no CISM.
– Formação de pessoal técnico no âmbito científico-sanitário.
– Workshops e seminários.
– Projectos de formação em Moçambique.
Os beneficiários dos programas de formação são os tra-balhadores do Centro (alguns dos quais trabalham sobacordos de colaboração com outras instituições como aFaculdade de Medicina da UEM, Ministério da Saúde,etc.) e pessoal externo.
Em seguida apresenta-se um resumo das actividades deformação.
A consolidação e sustentabilidadefutura do CISM dependem da existên-cia de pessoal qualificado para umamelhor liderança, gestão e participa-ção técnica e científica em projectosde investigação. Além disso,Moçambique necessita da criaçãodeste tipo de capacidades para o seudesenvolvimento, em especial na áreade saúde e de pesquisa biomédica.
Desde a criação do Centro em 1996, aformação de investigadores e pessoaltécnico tem sido uma das áreas estra-tégicas do CISM. Nestas actividades, acolaboração com a UniversidadeEduardo Mondlane (UEM) e aUniversitat de Barcelona (Espanha)tem sido chave para fortalecer as capa-cidades de pesquisa e técnicas do país.
Imagem de um curso realizado no CISM.
FORMAÇÃO Responsável da área: TERESA MACHAI, ENG., MBA
Relatório de actividades 2007-08 | FORMAÇÃO | 53
PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
O CISM apoia a formação de pós-graduação de pessoal nãocientífico. A formação durante o período 2007-08 estevefocalizada dentro dos âmbitos de administração e de gestão,mas pode ser também em outras áreas técnicas do Centro.
Ao longo deste período concluíram-se 3 mestrados realiza-dos dentro deste programa, no âmbito de gestão de recur-sos humanos e de administração de empresas.
têm feito estudos de pós-graduação no Centro encontram-se o Dr. Francisco Saúte, o Dr. Samuel Mabunda, o Prof.Mamudo Ismail e a Dra. Fátima Abacassamo.
FORMAÇÃO
Um dos Training Fellows do Centro durante uma estadia no CRESIB/Hospital Clínic de Barcelona.
Augusto NhabombaAriel NhacoloBetuel SigaúqueDiana QuelhasEusébio V. MaceteInácio M. Mandomando
José A. MachadoLuís MoraisM. Nélia ManacaPedro AideSónia MachevoTacilta Nhampossa
Durante o período 2007-08 os seguintes pesquisadores
estiveram dentro do Programa de Training Fellows
Eusébio V. Macete, “Novas medidas de controlo daMalária”, Universitat de Barcelona, Espanha (2008).
Doutoramentos durante o período 2007-08
Jahit Sacarlal, “Salud Pública”, Universitat Pompeu Fabra,Barcelona, Espanha (2007).
Maria Nélia Manaca, “Salud Pública”, Universitat PompeuFabra, Barcelona, Espanha (2008).
Mestrados finalizados durante o período 2007-08
Pedro Aide, “Epidemiology and Biostatistics”, WITSUniversity, Johannesburg, África do Sul.
Mestrados em curso ao fim do período 2007-08
Eusébio V. Macete, estágio de seis meses na OrganizaçãoMundial da Saúde, Genebra, Suíça (2007).
Betuel Sigaúque, rotação no Hospital Sant Joan de Déu(2006-08), Barcelona, Espanha, e durante três meses noServiço de Pneumologia do Hospital Clínic, Barcelona,Espanha (2008).
Estágios realizados em outras instituições dentro do progra-
ma durante o período 2007-08
Abel Detepo, “Gestión de Recursos Humanos”, Escuela de AltaDirección y Administación, Barcelona, Espanha (2007).
Lúcia de Deus, “Master in Business Administration (MBA)”,Universitat Pompeu Fabra, Barcelona, Espanha (2008).
Teresa E. Machai, “Master in Business Administration(MBA)”, Universitat Pompeu Fabra, Barcelona, Espanha(2007).
Mestrados realizados durante o período 2007-08
54 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
FORMAÇÃO DE PESSOAL TÉCNICO NOÂMBITO CIENTÍFICO-SANITÁRIO
O CISM contribui para a formação de pessoal técnico atra-vés de cursos organizados pelo Centro e formações do seupessoal em outras instituições. Os cursos incluíram forma-ção em Boas Práticas Clínicas (GCP), Boas Práticas deLaboratório (GCLP), Gestão de Qualidade, DiagnósticoBiomédico, Análise e Programação de Sistemas e outros. Alista dos cursos realizados durante o período 2007-08detalha-se no anexo 5.
Adicionalmente a estas formações, estão em curso duaslicenciaturas, uma na área de enfermagem geral e outra naárea de enfermagem pediátrica.
WORKSHOPS E SEMINÁRIOS
O pessoal científico e técnico tem participado em váriasconferências e seminários nacionais e internacionais comoforma de capacitação institucional, de desenvolvimento deredes de pesquisa e troca de conhecimentos e experiênciasnas diferentes áreas de trabalho do Centro.
O CISM realiza também sessões científicas e journalclubs para o pessoal investigador e técnico. Estas sessõ-es são um elemento essencial para a formação dos inves-tigadores e pessoal técnico e uma forma de compartilharconhecimentos e resultados da pesquisa realizada nocentro.
Finalmente, o departamento de Ciências Sociais do CISMorganizou um workshop internacional em Maputo sobretécnicas de colheita e análise de dados qualitativos no con-texto de um projecto de desenvolvimento de microbicidas(descrito na secção Investigação).
PROGRAMAS DE FORMAÇÃO EMMOÇAMBIQUE
Programa de formação em Ciências da Saúde emMoçambique: “Desenvolvimento de competências ereforço das capacidades académicas na Faculdade deMedicina, da Universidade Eduardo Mondlane”
ESTÁGIOS E ROTAÇÕES DE ESTUDANTES EPROFISSIONAIS SANITÁRIOS NO CISM
O CISM acolhe estudantes e profissionais sanitários nosseguintes âmbitos:
– Estágios de estudantes pré-graduados da UEM.
– Estágios de estudantes pré-graduados e profissionaissanitários internacionais.
– Estágios de estudantes nacionais e internacionais demestrado e doutoramento.
– Estágios de pessoal de outros centros com os quais oCISM colabora no contexto de estudos, tais comoMCTA, etc.
O CISM tem um acordo com a Faculdade de Medicina daUEM sob o qual acompanha os estudantes de medicinadurante o seu estágio rural e integrado no Hospital Distritalde Manhiça. A coordenação e acompanhamento dos está-gios são realizados pelo Departamento da Clínica. Duranteo período 2007-08 o Centro acompanhou o estágio de umtotal de 57 estudantes.
O CISM também participou na formação de um estudantede Geografia da UEM mediante um estágio de 3 meses noDepartamento de Demografia do centro.
O CISM recebeu um total de 27 estudantes e profissionaissanitários internacionais, cuja origem tem sido países ondeas doenças mais prevalentes e importantes emMoçambique não são endémicas, como por exemplo aEuropa e os Estados Unidos. Os estágios foram realizadosno Hospital Distrital de Manhiça, e em alguns casos tam-bém no Hospital Central de Maputo.
Finalmente, o CISM participa na formação de estudantesnacionais e internacionais para aquisição dos graus demestrado e doutoramento através de estudos que sãorealizados no Centro. Actualmente, a Dra. EsperançaSevene, da Universidade Eduardo Mondlane emMoçambique, é uma das beneficiárias deste programa,estando a fazer o seu doutoramento em farmacovigilân-cia. Este doutoramento inclui trabalhos realizados noCISM, e o seu término está previsto para os primeirosmeses do ano de 2009.
FORMAÇÃO
Charfudin Sacoor, “Population Based Field Epidemiology”,WITS University, Johannesburg, África do Sul.
Mestrados em curso ao fim do período 2007-08
Cleofé Romagosa Pérez-Portabella, “Mortalidad Materna enel África Subsahariana: Un Estudio Autópsico”, Universitatde Barcelona, Espanha (2007).
Doutoramentos baseados em trabalhos realizados no CISM
Relatório de actividades 2007-08 | FORMAÇÃO | 55
O programa envolve os departamentos de Saúde daComunidade, de Farmacologia, de Anatomia Patológica ede Microbiologia e Parasitologia da Faculdade deMedicina. O programa inclui actividades transversais deformação em Metodologias de Investigação Científica eformação de formadores. Destacam-se entre as actividadesdeste período:
1. Revisão do Mestrado em Saúde Pública da Faculdade deMedicina da UEM.
2. Participação de docentes da UEM em 2 congressosinternacionais na área de patologia.
3. Seminário de revisão dos programas temáticos e analíti-cos na área de Farmacologia e Terapêutica, naFaculdade de Medicina da UEM.
O programa tem como objectivo geral desenvolver e geriruma colaboração entre a Universidade Eduardo Mondlane(UEM) e a Universitat de Barcelona (UB, Espanha) no âmbitodas ciências da saúde, com o apoio da Fundació Clínic, oCISM, o CRESIB e a Fundació “la Caixa”. Em particular, oprograma pretende identificar as prioridades e desenhar eimplementar actividades de formação entre as duas institui-ções que permita melhorar as competências e capacidadesacadémicas e investigadoras dos profissionais moçambica-nos nas Ciências da Saúde. Com este programa espera-setambém potenciar as colaborações entre as duas universida-des no âmbito da docência e pesquisa. O programa, finan-ciado pela Fundació “La Caixa”, foi iniciado em Junho de2008 e o seu término está previsto para Dezembro de 2009.
O CISM apoia ainda na gestão do programa emMoçambique, mantém a ligação com a Fundació Clínic (ins-tituição que está a levar a gestão do programa) e participaem algumas das actividades de formação.
FORMAÇÃO
Alguns dos Training Fellows duranteum estágio no CRESIB/HospitalClínic de Barcelona.
4SECÇÃO
Administração e finanças
58 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Durante o período 2007-08 o Centro colaborou com aAgencia Española de Cooperación Internacional para elDesarrollo (AECID), na construção do novo Centro deSaúde da Manhiça (CSM) inaugurado em Abril de 2008.
O crescimento do Centro, das suas actividades e o incre-mento gradual da actividade da Fundação Manhiça sãoum desafio para este departamento. As estratégias traça-das a médio prazo, para fazer frente a estes desafios, con-sistem em melhorar as capacidades de gestãoadministrativa de projectos, dos procedimentos internosde gestão do centro, assim como de reestruturar o orga-nograma da administração.
Durante o período 2007-08, este departamento sofreualgumas mudanças com destaque para a entrada do novoAdministrador do Centro e o reforço do pessoal, com oobjectivo de melhorar o controlo financeiro e a gestão deprojectos. Também foram estabelecidos novos procedi-mentos internos que vão contribuir para imprimir umanova dinâmica na gestão contabilística, dos recursoshumanos e materiais.
O Centro foi auditado durante este período pela PriceWaterhouse Coopers, que no relatório final fez uma ava-liação positiva.
ADMINISTRAÇÃO E FINANÇASResponsável de Administração e Finanças: JACINTO CHILENGUE, BSC
A Direcção de Administração e Finanças garante o correcto funcionamento geral e a gestão económico-financeirado Centro e dos seus projectos de investigação. É ainda responsável pela gestão dos recursos humanos, materiais efinanceiros do Centro e dos projectos, assessoria jurídica, manutenção e melhoria das instalações, assim como deoutras tarefas administrativas. Desde a criação da Fundação Manhiça, a Direcção de Administração e Finanças étambém responsável pela gestão económica e financeira.
O Centro colaborou com a AECID na construção do novo Centro de Saúde da Manhiça.
Relatório de actividades 2007-08 | ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS | 59
ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
Contribuição dos diferentes financiadores ao orçamento executado no CISM durante o período 2007-08.
Agencia Española de Cooperación Internacional para el Desarrollo(AECID)
Bill & Melinda Gates Foundation
GlaxoSmithKline Biologicals & PATH Malaria Vaccine Initiative
European and Developing Countries Clinical Trials Partnership(EDCTP)
Agència Catalana de Cooperació al Desenvolupament (ACCD)
União Europeia
Outros
60 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Cerimónia de entrega dos prémios Príncipe de Asturias.
Relatório de actividades 2007-08 | COMUNICAÇÃO E NOTÍCIAS | 61
NOTÍCIAS
CISM Galardoado com o Prémio“Príncipe de Asturias”
O CISM foi galardoado, a 28 deMaio de 2008, com o PrémioPríncipe de Asturias de CooperaçãoInternacional pelo trabalho que vemdesenvolvendo na luta contra amalária em Moçambique. A cerimó-nia teve lugar na cidade espanholade Oviedo, na qual a delegação moçambi-cana se fez presente.
Os Prémios Príncipe de Asturias são galardoa-dos pela Fundação com o mesmo nome, queé presidida pelo príncipe de Espanha, e têmum reconhecimento a nível mundial. O juradodestacou na sua resolução, o trabalho dosCentros na luta contra a malária e outrasdoenças importantes em países da ÁfricaSubsariana, assim como o seu esforço pelacapacitação de pessoal técnico e investigador.
Este prémio representa o reconhecimentopelos anos e experiência de trabalho doCISM, com o objectivo de impulsionar e con-duzir investigação biomédica em áreas prio-ritárias de saúde, promovendo esalvaguardando a saúde da população.
Outros Centros africanos de pesquisa bio-médica foram na ocasião premiados pelotrabalho que desenvolvem no continenteafricano, nomeadamente: o Ifakara HealthInstitute (Tanzânia), o Malaria Research andTraining Centre (Mali) e o Kintampo HealthResearch Centre (Ghana).
A Fundação Príncipe de Asturias foi constitu-ída a 24 de Setembro de 1980, na cidade de
Oviedo, Espanha, sendo que um dos seusobjectivos é contribuir para a exaltação epromoção de todos os valores consideradoscientíficos, culturais e humanísticos e quesejam património universal.
Criada Fundação Manhiça
A 25 de Fevereiro de 2008 é criada aFundação Manhiça (FM), que passou a ser aresponsável pela gestão do CISM.
A FM foi criada com a finalidade de promo-ver as actividades de desenvolvimento técni-co-científicas na área de saúde, e de formamais ampla contribuir na melhoria do estadode saúde da população, apostando na for-mação de pessoal técnico básico, médio esuperior, na criação de capacidades nacionaise na melhoria da qualidade da assistência.
A assinatura para a formalização da EscrituraPública da Fundação Manhiça foi feita pelosmembros do Conselho de Patronos constitu-ído pelo Fundador Honorário e Presidente daFM, Pascoal M. Mocumbi, a vice-Ministra daSaúde de Moçambique, Aida Libombo, oDirector do Instituto Nacional de Saúde(INS), João Fumane, o Embaixador do Reino
SELECÇÃO DE NOTÍCIASSOBRE O CISM DURANTE OPERÍODO 2007-08
Momento da assinatura para a criação da Fundação Manhiça.
62 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
de Espanha em Moçambique, Juan ManuelMolina Lamothe e pelo Presidente daFundació Clínic per a la Recerca Biomèdica eRector da Universitat de Barcelona, MàriusRubiralta.
Esta cerimónia foi testemunhada por altosquadros de direcção do Governo moçambi-cano, dos quais destacam-se o Ministro daSaúde, Ivo Garrido, o Ministro daPlanificação e Desenvolvimento, AiubaCuereneia, os Vice-Ministros da Educação eCultura e dos Recursos Minerais, LuísCovane e Abdul Razak respectivamente, epela Governadora da Província de Maputo,Telmina Pereira.
Discursando durante a cerimónia de confra-ternização ocorrida a 24 de Fevereiro de2008, o Ministro da Ciência e Tecnologia deMoçambique, Venâncio Massingue, obser-vou que a instituição da FM marca omomento alto da iniciativa nacional em proldo melhoramento, em qualidade e quanti-dade, dos serviços de saúde prestados àpopulação moçambicana.
“Deste modo, a instituição da FundaçãoManhiça enquadra-se nas parcerias promo-vidas pelo Governo visando impulsionar acontribuição da investigação científica,inovação e transferência de tecnologias nabusca de soluções para os problemas desaúde em Moçambique”, enalteceu.
Refira-se que a constituição da FundaçãoManhiça reflecte um passo importante no
processo da colaboração entre os Governosde Espanha e de Moçambique, no âmbito daInvestigação em saúde que iniciou em 1996,através da criação do CISM.
Ministro da Saúde visita CISM
O Ministrou da Saúde de Moçambique, IvoGarrido, destacou a qualidade dos trabalhosdesenvolvidos no Centro e a importânciados resultados obtidos para orientar o des-enho de políticas de saúde mais directamen-te ligadas às necessidades e realidade dopaís.
Ivo Garrido prestou estas declarações duran-te a visita que efectuou ao CISM, emNovembro de 2008. A visita teve comoobjectivo conhecer melhor o Centro e fazerum seguimento dos trabalhos que são des-envolvidos.
Durante a visita, o Ministro teve a oportuni-dade de conhecer todos os departamentosdo Centro, onde recebeu explicações sobreos mecanismos de actuação das plataformascriadas pelo Centro. Na sequência, realiza-ram-se apresentações dos projectos de pes-quisa mais relevantes do Centro.
Fase I/IIb da Vacina contra maláriademonstra eficácia
Um dos resultados de pesquisa que tevemais relevância nos meios de comunicaçãosocial durante este período foi o estudo defase I/IIb da RTS,S/AS02D em recém nasci-dos, que demonstrou uma eficácia de65,9% nos primeiros 6 meses. A notícia foipublicada em meios internacionais como oNew York Times, The Economist e a BBC.
Este resultado revelou, pela primeira vez, aeficácia de uma vacina de malária nestafaixa etária, facto que contribuiu para atomada de decisão de seguir em frente como desenvolvimento deste candidato e iniciara fase III.
O estudo foi desenvolvido pelo CISM emparceria com o CRESIB/Hospital Clínic(Espanha) e GSK e foi financiado pelo PATHMalaria Vaccine Initiative. A RTS,S está a serdesenvolvida pela GSK.
O Ministro da Saúde acompanhado pelo Director do INS e o Director do CISM durante a sua visitaao Centro.
Relatório de actividades 2007-08 | ANEXOS | 63
Ariel NhacoloResponsável de Departamento
Charfudin Sacoor Demógrafo
Delino Nhalungo Demógrafo
Leonildo Felisberto Demógrafo
Gertrudes Jacinto Mutola Assistente Comunitário
Adelaide Agostinho Give Assistente de Vacinação
Agibu Mahamade Bapú Supervisor
António Sousa FranciscoMacamo Supervisor
Armando Eduardo Dimande Supervisor
Carlos Pereira Machava Supervisor
Farida Sultane Omar Supervisor
Salomão Augusto Mucocana Supervisor
Samuel Armando Simbine Supervisor
Sérgio José Bento Supervisor
Acrísio Nelson Maleane Inquiridor
Alfredo Paulino Sitoe Inquiridor
Angelina Luís Macamo Inquiridor
Armando Silvestre Chemana Inquiridor
Atanásio Joaquim chirinze Inquiridor
Atanásio Judite Matusse Inquiridor
Aurécia da Gina Manguele Inquiridor
Beatriz Estévão Macaringue Inquiridor
Benedito António Jeco Inquiridor
Benício Vicente Chongo Inquiridor
Daúde Cassamo UssemaneChitará Inquiridor
Dulce Alberto Mazive Inquiridor
Elias Silvestre Baloi Inquiridor
Elina José Chavango Inquiridor
Fátima Odete Mabote Inquiridor
Felicidade António Nhantumbo Inquiridor
Felisberto Victorino Mondlane Inquiridor
Felix Carlos Timana Inquiridor
Fernando Assício Matabula Inquiridor
Fernando Mondlane Junior Inquiridor
Ferreira Fernando Timana Inquiridor
Francisco Gomes Inquiridor
Francisco Morais Magaia Inquiridor
Gilda José Nhantumbo Inquiridor
Horácio Fernando Tamele Inquiridor
Ilda Fernando Xerinda Inquiridor
Isabel José Manganhe Inquiridor
João Gabriel Nhassengo Inquiridor
Joaquim Casimiro Machava Inquiridor
José Luis Cossa Inquiridor
Julio Carlos Chavana Inquiridor
Júlio Paulo Mulhanga Inquiridor
Laurinda João Nwendzana Inquiridor
Lina António Timana Inquiridor
Lisete Francisco Mawelele Inquiridor
Lucas André Nhantumbo Inquiridor
Luís Titos Massimbe Inquiridor
Luisa Agostinho Mandlate Inquiridor
Luisa André Meque Manhiça Inquiridor
Luísa Vasco Dgedge Inquiridor
Maria Clara Sambo Inquiridor
Mário Albino Bila Inquiridor
Matias Salvador Bate Inquiridor
Milagre António Chisseve Inquiridor
Moisés Tomás Tembe Inquiridor
Mónica Gabriel Mimbirre Inquiridor
Moniz José Simango Inquiridor
Narciso Francisco Macamo Inquiridor
Noa Felimone Mulhanga Inquiridor
Paixão Miguel Chilengue Inquiridor
Paulo Manuel Roldão Inquiridor
Pedro José Melembe Inquiridor
Rafael Armando Cumaio Inquiridor
Salomão António Mimbir Inquiridor
Santos Alfredo Melembe Inquiridor
Sérgio Fernando Xerindza Inquiridor
Silvestre Gracinda Jose Inquiridor
Suzana André dimande Inquiridor
Vasco Viriato Mahumane Inquiridor
Victor António Timana Inquiridor
Zeca Júlio Matsinhe Inquiridor
Adirson Carlos Moiana Transcritor
António Fernando Timana Transcritor
Bento Adriano Nhancale Transcritor
Ernesto Maximiano Mandlate Transcritor
Fanuel Maximiano Mandlate Transcritor
ANEXO 1: PESSOAL DO CISM 2007-08
DEPARTAMENTO DE DEMOGRAFIA
64 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
João Campos Justino Mucasse Transcritor
Juvêncio Manuel Elias Joaquim Transcritor
Ventura Lourenço Amâncio Transcritor
Arsénia Melita Mbeve Digitador
Gina Carmina Firmino Digitador
Isabel Langa Parruque Digitador
Julieta Laurinda Massango Digitador
Lucinda Afonso Soto Digitador
Sandra Paulino Sitoe Digitador
DEPARTAMENTO DE CLÍNICA
Tacilta Nhampossa Responsável de Departamento
Betuel Sigaúque Médico
Catarina David Médico
Jahit Sacarlal Médico
Pedro AideMédico
Sónia Machevo Médico
Emili Letang Médico Internista
Jose MuñozMédico Internista
Nayra GutiérrezMédico Internista
Cinta MoraledaMédico Pediatra
Montse Renom Médico Pediatra
Quique Bassat Médico Pediatra
Iolanda Alice Júlio Manhiça Técnica Medicina
Madalena Ripinga Técnica Medicina
Adelina André Malembe Agente de Medicina
Ana Eugénia Matavel Agente de Medicina
Angélica Armando Chissano Agente de Medicina
Arminda Justina Lourenço Agente de Medicina
Berta Francisco Juga Agente de Medicina
Elsa Alfredo Banze Agente de Medicina
Ester Lucas Matsimbe Agente de Medicina
Flárcia Januario Manhique Agente de Medicina
Horácio Luciano Chaleca Agente de Medicina
Inácio Ernesto Armando Noreno Agente de Medicina
Issufo Juma Aly Agente de Medicina
Jorge Alfredo Uqueio Agente de Medicina
Linda Elias Hamela Nhalucue Agente de Medicina
Lino Alexandre Guambe Agente de Medicina
Martinho Dzindichoque charles Agente de Medicina
Palmira Agostinho MonteiroMigi Agente de Medicina
Sérgio Roque Agente de Medicina
Telma Posseca Ngomane Agente de Medicina
Felicia Julio Boane Enfermeiro Geral Médio
Manuel Muamede Enfermeiro Geral Médio
Amónica Anita Filipe Ferrão Enfermeiro Básico
Ângela Mateus Chipera LugendaEnfermeiro Básico
Apolinário Bartolomeu Nzango Enfermeiro Básico
Celina Judite António Lucas Enfermeiro Básico
Edmundo Fernando Calisto Enfermeiro Básico
Felismina Alberto Cossa Enfermeiro Básico
Fortunato Romão Enfermeiro Básico
Helena Moreira Enfermeiro Básico
Idalina Alexandre Chicane Enfermeiro Básico
Jaime Carlos Lumbela Enfermeiro Básico
Jaime Julio Machai Enfermeiro Básico
Joana Ângelo Manhiça Enfermeiro Básico
Joaquina Mário Pinto do RosárioEnfermeiro Básico
Jorcelina José Rungo Enfermeiro Básico
Lídia Laço Majombole Enfermeiro Básico
Marilia Esperança Gonçalves Enfermeiro Básico
Melina Fabião Cuambe Enfermeiro Básico
Núria Alcária Abdul Gafur Enfermeiro Básico
Olívia Paulo Nhatsave Enfermeiro Básico
Recifal Sali Iaço Enfermeiro Básico
Roque Singaril Vilanculo Enfermeiro Básico
Sérgio Marques Juliano Enfermeiro Básico
Vicente Salomão Monjane Enfermeiro Básico
Violeta Chiluane Ubisse Enfermeiro Básico
Maria Madalena LucianoAlmeida Parteira
Armindo Francisco JoséLumbelane Assistente Comunitário
Filipe Arone Assistente Comunitário
Esphiwa António Jeco Conselheiro
Eugénia Bilana Conselheiro
Lucinda Fernando Xerinda Conselheiro
Olívia António Macana Conselheiro
Albertina Eduardo Manhiça Inquiridor
Alice Augusto Chithango Inquiridor
Humberto Dias Manuel JustinoMucasse Inquiridor
Júlia Da Silva MachavaInquiridor
Marta Marcos Macamo Inquiridor
Zumilde Arão Boca Inquiridor
Ercília Silesia DemógenesMonjane Recepcionista
Glória David Zucula Recepcionista
Irene Celestino Nhantumbo Recepcionista
Isabel António Nguenha Recepcionista
Maria Helena Xirindza Recepcionista
Relatório de actividades 2007-08 | ANEXOS | 65
Maria Moisés Siúta Recepcionista
Paulina Carolina Chipanga Recepcionista
Teresa Jorge Chilaúle Recepcionista
Isália Marta Salvador Boa Cozinheira
Ancha Iracema Ricure Servente
Belinda Simão Pelembe Servente
Celeste Elias Chambal Servente
Emília Ofélia Manhiça Servente
Eunice David Chicuamba Servente
Inácia de Lurdes JoãoMazutulelo Servente
Latifa Ussumane Momade Servente
Luísa Boaventura Mutevule Servente
Rosa João Mboa Servente
Rosalina CochombaneMassingue Servente
Tânia Orlando Nhantumbo Servente
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Khatia Munguambe Responsável de Departamento
Carlos Menete Bavo Responsável Adjunto
Maria Maixenchs Antropóloga
Josep Figueras Gestor de Projecto
Elpídia Narciso Pedro Assistente de Projectos
Helena Edith Bernardo Boene Assistente de Ciências Sociais
Lina FiosseAssistente de Ciências Sociais
Rui AnselmoAssistente de Ciências Sociais
Guilhermina Afonso Dinis Assistente de Ciências Sociais
Zeca Júlio Alseu Matsinhe Assistente Social
Aníbal Farige Narciso Oficial de Comunidade
Carolina MindúOficial de Comunidade
DEPARTAMENTO DE LABORATÓRIO
Inácio Mandomando Responsável de Departamento (até2007)
Luís Morais Responsável de Departamento(desde 2008) e de Bacteriologia
Arnoldo Barbosa Responsável de Imunologia
Hélder Bulo Gestão do Laboratório
María José López Gestão do Laboratório e Controlode Qualidade
Lucinda Araújo Controlo de Qualidade
Roberto Álvarez Gestão de Armazém e Bio-segurança
Amândio Chilengue Agente de Bio-segurança
Augusto Nhabomba Investigador
Diana Quelhas Investigadora
Dinis Jaintilal Investigador
José Machado Almeida Investigador
Maria Nélia Manaca Investigador
Mauricio Rodríguez Investigador
Nilsa de Deus Investigadora
Ruth Aguilar Investigadora
Flávio Alfredo Francisco Faife Técnico Superior de Laboratório
Zita Jorge Sidumo Mhula Técnica Superior de Laboratório
Crisóstomo Messías José Técnico de laboratório
Esperança da Conceição JoséLázaro Técnico de Laboratório
Eugénio Sultane Mussá Técnico de Laboratório
Mariano Sitaúbe Técnico de Laboratório
Samira Ismael Sirage Técnico de Laboratório
Ana Rosa Fernando Manhiça Agente de Laboratório
Fernando Alfredo Zita Agente de Laboratório
Lázaro Mussacate Quimice Agente de Laboratório
Nelito Ernesto José Agente de Laboratório
Salvador Aliasse Atibo Agente de Laboratório
Salvador Fernando Mesa Agente de Laboratório
Alfredo Fernando Zunguene Microscopista
Alzenda Amélia Bata Microscopista
Américo Sidónio Matusse Microscopista
Ana Motácia Dimande Microscopista
António Moisés Simango Microscopista
Augusta Adelaide Tembe Microscopista
Austrino Dos Santos Manhiça Microscopista
Carlinda Francisco MoncheTsucana Microscopista
Cecília Justino Zita Microscopista
Cidália da Graça Macuacua Microscopista
Guerreliwa Márcia RibeiroPaulino Microscopista
Guilherme Lima Aníbal Sucamer Microscopista
Janeta Simão Vilanculo Microscopista
José Alexandre Gomes Microscopista
Laura José Cumbe Microscopista
Luísa Quitéria FranciscoManganhelas Microscopista
Pedro Alexandre Dimande Microscopista
Rita Mahigo Bambo Microscopista
Vânia Marta Moises Simango Microscopista
Vitória Justino Zita Microscopista
66 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
António Langa Responsável do Centro de dados(até 2008)
Arnaldo Nhabanga Responsável do Centro de dados(desde 2008)
Messias ManduaResponsável de Tecnologias daInformação
Arsénio Nhacolo Estadístico
Orvalho Augusto Consultor de Software
Boaventura Cuna Técnico Informática
Sérgio Tamele Técnico Informática
José Paulo Macuacua Gestor de Dados
Jossias Silvestre Sueia Responsável do Armazém
Alice Pedro Melembe Comparador
Helena André Cowana Comparador
Lee João da Fonseca Comparador
Orlando Carlos Tamele Comparador
Abílio Almeida Digitador
Albertina Lurdes Matabela Digitador
Almirante Alberto Mulhovo Digitador
Carlos Alberto Da Costa Correia Digitador
Daniela Victor Alberto Digitador
Edna Das Dores HumbertoAntónio Digitador
Eleutério Amone Chiau Digitador
Erasmo Carlos Tamele Digitador
Helena Armando Chavana Digitador
Isabel Jorge Matlombe Digitador
Isabel José Tsandzana Digitador
Joaquim Paulino Sitoe Digitador
Laura Janete Daniel Digitador
Madalena Boaventura Mutevue Digitador
Nelson Jorge Machel Digitador
Nicolau Pedro Massingue Digitador
Sónia Manuel Matimele Digitador
DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE DADOS E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Teresa Eduarda MachaiResponsável de Comunicação eFormação (desde Agosto 2008)
Salut Renom Responsável de Comunicação eFormação (até Julho 2008)
ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
Jacinto Francisco Chilengue Administrador (desde Abril 2008)
Sergi Noguera Administrador (até Março 2008)
Emílio Aniceto Fernando Dava Gestão de Projectos
Mário Hermínio DjedjeAuditor Interno
Fernando Pizzabiocche Controller
Abel Alberto Detepo Responsável de Recursos Humanos
Rosária de Jesus Paulino Assistente de Recursos Humanos
Ana Aguilera Gestora de Projecto
Mário Alexandre Gomes Contabilista
Abel Carlos Massingue Auxiliar de Contabilidade
Sheila Geraldo Machevo Secretária
Carmina Camal Logística
Constância Isaca Uamusse Logística
Humberto Victor Poio Logística
Isaura Armando Ngovene Logística
Cláudia da Costa Correia Assistente de Administração
Palmira Gomes Lucas Assistente de Armazém
Fernando António Dimande Responsável de Manutenção
Raimundo Alexandre Miambo Electricista
Celso Francisco Matola Técnico de Frio
Ernesto Aurélio Mbeve Assistente de Manutenção
Pedro José Cossa Assistente de Manutenção
Araújo Ruface Cuamba Auxiliar de Manutenção
Pinto Jonasse Dimande Auxiliar de Manutenção
Fausa Baptista Mandlate Motorista
Germano Adelino Matsimbe Motorista
Joaquim Francisco Cossa Motorista
José Maiate Jeremias Nhabanga Motorista
Júlio Matias Mpfumo Motorista
Rafael Francisco Manhiça Motorista
Sebastião Abílio do EspíritoSanto Ouana Motorista
Telmo Aldino Maússe Motorista
Frederico Bernardo Chongo Mecânico
Sérgio Fernando Dimande Mecânico
Silvestre Dimande Mecânico
Boaventura António Mandlate Assistente de Mecânica
Relatório de actividades 2007-08 | ANEXOS | 67
Michael Armindo Muchanguana Assistente de Mecânica
Rudes Mundau Mandlate Responsável de Segurança
Adriano Ernesto Mulhanga Segurança
Alberto Artur Macumbe Segurança
Alberto Zefanias Inguane Segurança
Américo Rafael Dimande Segurança
André Faustino Mandlate Segurança
António Miguel Mazanalo Segurança
António Vasco Chuva Segurança
Armando Anselmo Lipangue Segurança
Armando Juizo Melembe Segurança
Bernardo Chongo Segurança
Carlos Duzenta Mutisse Segurança
Constantino Isac Maússe Segurança
Ernesto Mahache Muthombene Segurança
Ernesto Paulo Ubisse Segurança
Francisco Lázaro Nhabanga Segurança
Jacinto Macuacua Segurança
Joaquim Machava Segurança
Jorge António Jeco Segurança
Juca José Bulande Segurança
Júlio Ernesto Sousa Chicuamba Segurança
Manuel Henrique Malhongo Segurança
Mário Fernando Timana Segurança
Moisés Vasco Mucachua Segurança
Pereira Luís Sitoie Segurança
Samuel Mazuva Macuácua Segurança
Sebastião Combo Muchanga Segurança
Sérgio António Sitoe Segurança
Sérgio Sebastião Muchanga Segurança
Silvestre Castigo Justino Zita Segurança
Xavier Ângelo Langa Segurança
Alexandre Luis Manhiça Jardineiro
Amone Nataniel Massango Jardineiro
Adélia Bernardo Nhassengo Servente
Carmila Sofia José NorbertoCome Servente
Delfina Alberto Macie Servente
Ester Melita Mbeve Servente
Gertrudes Adriano Maluvele Servente
Guilhermina da Glória Buque Servente
José Bachavana Cossa Servente
Lurdes Gabriel Matsimbe Servente
Maria Inês Mabote Servente
Maria Raquel Francisco Utui Servente
Nirma José Nhantumbo Servente
Rabeca José Langa Servente
68 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Aeras Global TB Vaccine Foundation(Estados Unidos da América)
Africa Centre for Health andPopulation Studies (África do Sul)
Medical Research Unit AlbertSchweitzer Hospital (Gabão)
Center for Vaccine Development,University of Maryland School ofMedicine (Estados Unidos daAmérica)
Centers for Disease Control andPrevention – CDC (Estados Unidos daAmérica)
Centre de Recerca en SalutInternacional de Barcelona – CRESIB(Espanha)
Centre for Poverty-RelatedCommunicable Diseases (Holanda)
Centre Hospitalier UniversitaireVaudois, Division of Immunology andAllergy (Suiça)
Contract Laboratory Services – CLS(África do Sul)
Direcção Provincial de Saúde deMaputo – DPS (Moçambique)
Division of Infectious Diseases,University of Colorado HealthSciences Center (Estados Unidos daAmérica)
EuroVacc Foundation (Suíça)
Fundação para o Desenvolvimento daComunidade – FDC (Moçambique)
GlaxoSmithKline Biologicals (Bélgica)
HIV Prevention Research Unit,Medical Research Council SouthAfrica (África do Sul)
Hospital Central de Maputo(Moçambique)
Hospital Clínic de Barcelona(Espanha)
Ifakara Health Institute (Tanzânia)
Imperial College London (ReinoUnido)
Institute for Medical Microbiologyand Hygiene, Universität Regensburg(Alemanha)
Institute of Tropical MedicineAntwerp (Bélgica)
Instituto Nacional de Estadística – INE(Moçambique)
Instituto Nacional de Saúde – INS(Moçambique)
Instituto Superior de Ciências deSaúde – ISCISA (Moçambique)
International Center for GeneticEngineering and Biotechnology(Índia)
International Network of Field Siteswith Continuous DemographicEvaluation of Populations – INDEPTH(Ghana)
International Partnership forMicrobicides (Estados Unidos daAmérica)
Johns Hopkins Bloomberg School ofPublic Health (Estados Unidos daAmérica)
CDC/Kenya Medical ResearchInstitute – KEMRI (Quénia)
KNCV Tuberculosis Foundation(Holanda)
London School of Hygiene andTropical Medicine (Reino Unido)
Makerere University (Uganda)
Mbeya Medical Research Programme(Tanzânia)
Medical Research Council – MRC(Reino Unido)
Ministério de Ciência e Tecnologia(Moçambique)
Ministério da Saúde (Moçambique)
MRC/Uganda Virus Research InstituteProgramme on AIDS (Uganda)
Novartis Pharma (Suiça)
PATH Malaria Vaccine Initiative – MVI(Estados Unidos da América)
Pneumonia Accelerated Developmentand Implementation Plan –PneumoADIP (Estados Unidos daAmérica)
Reproductive Health and HIVResearch Unit, Chris HaniBaragwanath Hospital (África do Sul)
Reproductive Health Research Unit,University of Wittswatersrand (Áfricado Sul)
Sanofi Pasteur (França)
School of Paediatrics and ChildHealth, University of WesternAustralia (Austrália)
Sigma-Tau Pharmaceuticals (Itália)
South African Tuberculosis VaccineInitiative – SATVI (África do Sul)
Swiss Tropical Institute – STI (Suíça)
The Walter and Eliza Hall Institute ofMedical Research (Austrália)
Universidade Católica deMoçambique (Moçambique)
Universidade Eduardo Mondlane(Moçambique)
Universitat de Barcelona
Università di Torino (Itália)
University of Oxford (Reino Unido)
University Teaching Hospital (Zâmbia)
ANEXO 2: INSTITUIÇÕES COLABORADORAS
Uma grande parte dos trabalhos e actividades desenvolvidas pelo CISM não seriam possíveis sem a colaboração deoutras instituições e organizações. A lista que se segue apresenta os principais colaboradores do Centro:
Relatório de actividades 2007-08 | ANEXOS | 69
Africa Viva Fundación
Agència Catalana de Cooperació al Desenvolupament (ACCD)
Agencia Española de Cooperación Internacional para el Desarrollo (AECID)
Bill & Melinda Gates Foundation
European and Developing Countries Clinical Trials Partnership (EDCTP)
Fondo de Investigación Sanitaria (FIS), Instituto de Salud Carlos III
Fundació “la Caixa”
GlaxoSmithKline Biologicals
International Union Against Tuberculosis and Lung Disease
Malaria Clinical Trials Alliance (MCTA)
Organização Mundial da Saúde (OMS)
PATH Malaria Vaccine Initiative (MVI)
Pathfinder International
PneumoADIP
The Hib Initiative
União Europeia
ANEXO 3: FINANCIADORES
O CISM agradece a confiança depositada no Centro pelas seguintes instituições e agências financiadoras:
70 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
1. Abdullah S, Adazu K, Masanja H, Diallo D, Hodgson A,Ilboudo-Sanogo E, Nhacolo A, Owusu-Agyei S,Thompson R, Smith T, Binka FN (2007) Patterns of age-specific mortality in children in endemic areas of sub-Saharan Africa. The American Journal of TropicalMedicine and Hygiene 77(6 Suppl):99-105
2. Abdulla S, Sagara I, Borrmann S, D'Alessandro U,Gonzalez R, Hamel M, Ogutu B, Martensson A, LyimoJ, Maiga H, Sasi P, Nahum A, Bassat Q, Juma E, OtienoL, Bjorkman A, Beck HP, Andriano K, Cousin M, LefevreG, Ubben D, Premji Z (2008) Efficacy and safety ofartemether-lumefantrine dispersible tablets comparedwith crushed commercial tablets in African infants andchildren with uncomplicated malaria: a randomised,single-blind, multicentre trial. Lancet372(9652):1819–1827
3. Abellana R, Ascaso C, Aponte J, Saute F, Nhalungo D,Nhacolo A, Alonso P (2008) Spatio-seasonal modelingof the incidence rate of malaria in Mozambique. MalarJ 7:228
4. Aide P, Bassat Q, Alonso PL (2007) Towards an effectivemalaria vaccine. Archives of Disease in Childhood92:476–479
5. Aponte JJ, Aide P, Renom M, Mandomando I, Bassat Q,Sacarlal J, Manaca MN, Lafuente S, Barbosa A, LeachA, Lievens M, Vekemans J, Sigauque B, Dubois M-C,Demoitie M-A, Sillman M, Savarese B, McNeil JG,Macete E, Ballou WR, Cohen J, Alonso PL (2007) Safetyof the RTS,S/AS02D candidate malaria vaccine ininfants living in a highly endemic area of Mozambique:a double blind randomised controlled phase I/IIb trial.Lancet 370:1543–1551
6. Aponte JJ, Menendez C, Schellenberg D, Kahigwa E,Mshinda H, Vountasou P, Tanner M, Alonso PL (2007)Age interactions in the development of naturallyacquired immunity to Plasmodium falciparum and itsclinical presentation. PLoS Medicine 4:242
7. Bardaji A, Sigauque B, Bruni L, Romagosa C, Sanz S,Mabunda S, Mandomando I, Aponte J, Sevene E,Alonso PL, Menendez C (2008) Clinical malaria inAfrican pregnant women. Malaria Journal 7:27
8. Bassat Q, Guinovart C, Sigauque B, Aide P, Sacarlal J,Nhampossa T, Bardaji A, Nhacolo A, Macete E,
Mandomando I, Aponte JJ, Menendez C, Alonso PL(2008) Malaria in rural Mozambique. Part II: childrenadmitted to hospital. Malaria Journal 7:37
9. Castellsague X, Klaustermeier J, Carrilho C, Albero G,Sacarlal J, Quint W, Kleter B, Lloveras B, Ismail MR,Sanjose S de, Bosch FX, Alonso P, Menendez C (2008)Vaccine-related HPV genotypes in women with andwithout cervical cancer in Mozambique: burden andpotential for prevention. International Journal ofCancer. Journal International Du Cancer122:1901–1904
10. Greenwood B, Alonso P, Kuile FO ter, Hill J, SteketeeRW (2007) Malaria in pregnancy: priorities for research.The Lancet Infectious Diseases 7:169–174
11. Guinovart C, Alonso PL (2007) Methods fordetermining vaccine efficacy and effectiveness and themain barriers to developing a fully deployable malariavaccine. The American Journal of Tropical Medicine andHygiene 77:276–281
12. Guinovart C, Bassat Q, Sigauque B, Aide P, Sacarlal J,Nhampossa T, Bardaji A, Nhacolo A, Macete E,Mandomando I, Aponte JJ, Menendez C, Alonso PL(2008) Malaria in rural Mozambique. Part I: childrenattending the outpatient clinic. Malaria Journal 7:36
13. Lahuerta M, Aparicio E, Bardaji A, Marco S, Sacarlal J,Mandomando I, Alonso P, Martinez MA, Menendez C,Naniche D (2008) Rapid spread and geneticdiversification of HIV type 1 subtype C in a rural area ofsouthern Mozambique. AIDS Research and HumanRetroviruses 24:327–335
14. Mabunda S, Casimiro S, Quinto L, Alonso P (2008) Acountry-wide malaria survey in Mozambique. I.Plasmodium falciparum infection in children in differentepidemiological settings. Malar J 7(1):216
15. Macete E, Aponte JJ, Guinovart C, Sacarlal J, Ofori-Anyinam O, Mandomando I, Espasa M, Bevilacqua C,Leach A, Dubois MC, Heppner DG, Tello L, Milman J,Cohen J, Dubovsky F, Tornieporth N, Thompson R,Alonso PL (2007) Safety and immunogenicity of theRTS,S/AS02A candidate malaria vaccine in childrenaged 1-4 in Mozambique. Tropical Medicine &International Health: TM & IH 12:37–46
ANEXO 4: PUBLICAÇÕES DO CISM 2007-08
Relatório de actividades 2007-08 | ANEXOS | 71
16. Macete EV, Sacarlal J, Aponte JJ, Leach A, Navia MM,Milman J, Guinovart C, Mandomando I, Lopez-Pua Y,Lievens M, Owusu-Ofori A, Dubois M-C, Cahill CP,Koutsoukos M, Sillman M, Thompson R, Dubovsky F,Ballou WR, Cohen J, Alonso PL (2007) Evaluation oftwo formulations of adjuvanted RTS, S malaria vaccinein children aged 3 to 5 years living in a malaria-endemic region of Mozambique: a Phase I/IIbrandomized double-blind bridging trial. Trials 8:11
17. Mandomando I, Espasa M, Valles X, Sacarlal J,Sigauque B, Ruiz J, Alonso PL (2007) Antimicrobialresistance of Vibrio cholerae O1 serotype Ogawaisolated in Manhica District Hospital, southernMozambique. The Journal of AntimicrobialChemotherapy 60:662–664
18. Mandomando I, Sigauque B, Valles X, Espasa M, SanzS, Sacarlal J, Macete E, Abacassamo F, Ruiz J, Gascon J,Kotloff KL, Levine MM, Alonso PL (2007) Epidemiologyand clinical presentation of shigellosis in children lessthan five years of age in rural Mozambique. ThePediatric Infectious Disease Journal 26:1059–1061
19. Mandomando IM, Macete EV, Ruiz J, Sanz S,Abacassamo F, Valles X, Sacarlal J, Navia MM, Vila J,Alonso PL, Gascon J (2007) Etiology of diarrhea inchildren younger than 5 years of age admitted in a ruralhospital of southern Mozambique. The American Journalof Tropical Medicine and Hygiene 76:522–527
20. Mandomando IM, Naniche D, Pasetti MF, Valles X,Cuberos L, Nhacolo A, Kotloff KL, Martins H, LevineMM, Alonso P (2008) Measles-specific neutralizingantibodies in rural Mozambique: seroprevalence andpresence in breast milk. Am J Trop Med Hyg79(5):787–792
21. Mayor A, Aponte JJ, Fogg C, Saute F, Greenwood B,Dgedge M, Menendez C, Alonso PL (2007) Theepidemiology of malaria in adults in a rural area ofsouthern Mozambique. Malaria Journal 6:3
22. Mayor A, Serra-Casas E, Sanz S, Aponte JJ, Macete E,Mandomando I, Puyol L, Berzosa P, Dobano C, AideP, Sacarlal J, Benito A, Alonso P, Menendez C (2008)Molecular markers of resistance to sulfadoxine-pyrimethamine during intermittent preventivetreatment for malaria in Mozambican infants. TheJournal of Infectious Diseases 197:1737–1742
23. Menendez C, Mayor A (2007) Congenital malaria: theleast known consequence of malaria in pregnancy.Semin Fetal Neonatal Med 12(3):207–213
24. Menendez C, Bardaji A, Sigauque B, Romagosa C, SanzS, Serra-Casas E, Macete E, Berenguera A, David C,Dobano C, Naniche D, Mayor A, Ordi J, MandomandoI, Aponte JJ, Mabunda S, Alonso PL (2008) Arandomized placebo-controlled trial of intermittentpreventive treatment in pregnant women in the contextof insecticide treated nets delivered through theantenatal clinic. PLoS ONE 3:1934
25. Menendez C, D'Alessandro U, ter Kuile FO (2007)Reducing the burden of malaria in pregnancy bypreventive strategies. Lancet Infect Dis 7(2):126–135
26. Menendez C, Romagosa C, Ismail MR, Carrilho C,Saute F, Osman N, Machungo F, Bardaji A, Quinto L,Mayor A, Naniche D, Dobano C, Alonso PL, Ordi J(2008) An autopsy study of maternal mortality inMozambique: the contribution of infectious diseases.PLoS Medicine 5:220–226
27. Menendez C, Schellenberg D, Macete E, Aide P,Kahigwa E, Sanz S, Aponte JJ, Sacarlal J, Mshinda H,Tanner M, Alonso PL (2007) Varying efficacy ofintermittent preventive treatment for malaria in infantsin two similar trials: public health implications. MalariaJournal 6:132
28. Morais L, Carvalho M da G, Roca A, Flannery B,Mandomando I, Soriano-Gabarro M, Sigauque B,Alonso P, Beall B (2007) Sequential multiplex PCR foridentifying pneumococcal capsular serotypes fromSouth-Saharan African clinical isolates. Journal ofMedical Microbiology 56:1181–1184
29. Naniche D, Lahuerta M, Bardaji A, Sigauque B,Romagosa C, Berenguera A, Mandomando I, David C,Sanz S, Aponte J, Ordi J, Alonso P, Menendez C (2008)Mother-to-child transmission of HIV-1: association withmalaria prevention, anaemia and placental malaria. HIVMed 9(9):757–764
30. Quelhas D, Puyol L, Quinto L, Serra-Casas E,Nhampossa T, Macete E, Aide P, Mayor A,Mandomando I, Sanz S, Aponte JJ, Chauhan VS,Chitnis CE, Alonso PL, Menendez C, Dobano C (2008)Impact of Intermittent Preventive Treatment withSulfadoxine-Pyrimethamine on Antibody Responses toErythrocytic-Stage Plasmodium falciparum Antigens inInfants in Mozambique. Clinical and VaccineImmunology: CVI 15:1282–1291
31. Roca A, Quinto L, Abacassamo F, Morais L, Valles X,Espasa M, Sigauque B, Sacarlal J, Macete E, Nhacolo A,Mandomando I, Levine MM, Alonso PL (2008) Invasive
72 Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
Haemophilus influenzae disease in children less than 5years of age in Manhica, a rural area of southernMozambique. Tropical Medicine & International Health:TM & IH 13:818–826
32. Romagosa C, Ordi J, Saute F, Quinto L, Machungo F,Ismail MR, Carrilho C, Osman N, Alonso PL, MenendezC (2007) Seasonal variations in maternal mortality inMaputo, Mozambique: the role of malaria. TropicalMedicine & International Health: TM & IH 12:62–67
33. Ruiz J, Herrera-Leon S, Mandomando I, Macete E, PuyolL, Echeita A, Alonso PL (2008) Detection of Salmonellaenterica Serotype Typhimurium DT104 in Mozambique.Am J Trop Med Hyg 79(6):918–920
34. Sacarlal J, Aponte JJ, Aide P, Mandomando I, Bassat Q,Guinovart C, Leach A, Milman J, Macete E, Espasa M,Ofori-Anyinam O, Thonnard J, Corachan S, Dubois M-C, Lievens M, Dubovsky F, Ballou WR, Cohen J, AlonsoPL (2008) Safety of the RTS,S/AS02A malaria vaccine inMozambican children during a Phase IIb trial. Vaccine26:174–184
35. Sigauque B, Roca A, Sanz S, Oliveiras I, Martinez M,Mandomando I, Valles X, Espasa M, Abacassamo F,Sacarlal J, Macete E, Nhacolo A, Aponte J, Levine MM,Alonso PL (2008) Acute bacterial meningitis amongchildren, in Manhica, a rural area in SouthernMozambique. Acta Tropica 105:21–27
36. Sikora M, Ferrer-Admetlla A, Mayor A, Bertranpetit J,Casals F (2008) Evolutionary analysis of genes of twopathways involved in placental malaria infection. HumGenet 123(4):343–357
2004 2005 2006 2007 2008
20
15
10
5
0
6 6
13
1719
Evolução do número de publicações durante o período 2004-2008.
Relatório de actividades 2007-08 | ANEXOS | 73
Data
Março 2007
Abril 2007
Maio 2007
Maio 2007
Maio 2007
Maio – Julho 2007
Julho 2007
Agosto 2007
Agosto 2007
Agosto 2007
Setembro 2007
Setembro – Dezembro 2007
Outubro 2007
Outubro 2007
Outubro – Dezembro 2007
Fevreiro – Março 2008
Maio 2008
Junho 2008
Março – Julho 2008
Março – Junho 2008
Julho 2008
Julho 2008
Julho 2008
Setembro 2008
Novembro 2008
Dezembro 2008
Dezembro 2008
ANEXO 5: CURSOS
Cursos e workshops realizados pelo pessoal técnico e investigador no centro durante o período 2007-08.
Curso, formação, seminário
Formação em gestão de Standard Operational Procedures (SOPs)
Formação em gestão de Standard Operational Procedures (SOPs)
Formação em gestão de Standard Operational Procedures (SOPs)
Curso de Good Clinical Practices (GCP) básico
Capacitação em radiologia pediátrica
Curso “Estratégias de Combate à Exclusão Social a nível local”
Curso de Good Clinical Practices (GCP)
Formação em técnicas de PCR, Iso-Hay e TV In Pouch
Curso de reciclagem para trabalhadores de campo do departamen-to de demografia
Curso em “Métodos Etnográficos focalizados”
Formação em uso correcto e manutenção do sistema de purifica-ção de água Millipore, para o uso interno do laboratório
Curso de Inglês
Formação em gestão de Standard Operational Procedures (SOPs)
Data Management Workshop (componente do projecto da EDCTP“Ifakara, Lambaréné & Manhiça Partnership”)
Formação em técnicas laboratoriais em cortes e preparação delaminas para microscopia a partir de tecidos fixados em formol,preparação de tecidos, leitura e identificação de parasitas, pig-mento malárico, células inflamatórias e culturas in vitro
Curso de STATA
Curso de Good Clinical Practices (GCP)
Patient Care Forum Training for Phase III Malaria Vaccine LeadPhysicians
Curso de Inglês
Medição de anticorpos contra antígenos variáveis de superfície(VSA) em heritrocitos infectados por P. falciparum, mediante cito-metría de fluxo
Formação de elaboração de artigos para publicação
Curso de Good Clinical Practices (GCP) básico
Curso de Good Clinical Practices (GCP)
Radiology Training for a Phase 3 Malaria Vaccine trial
Treino em radiologia
Curso básico de diagnóstico microbiológico
Curso de Good Clínica Practices (GCP) básico
Local
CISM
CISM
CISM
CISM
CISM
Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade(FDC) Maputo (Moçambique)
Maputo (Moçambique)
África do Sul
CISM
CISM
CISM
British Council, Maputo (Moçambique)
CISM
CISM
Hospital Clínic de Barcelona (Espanha)
Centre de Recerca en Salut Internacional deBarcelona (CRESIB, Espanha)
Kumasi (Ghana)
Bruxelas (Bélgica)
CISM
Centre de Recerca en Salut Internacional deBarcelona (CRESIB, Espanha)
Livingstone (Zâmbia)
CISM
CISM
Nairobi
Cape Town (África do Sul)
Maputo (Moçambique)
CISM