FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO - diaadiaeducacao.pr.gov.br · ilustrações de informações políticas...

Post on 07-Feb-2019

216 views 0 download

Transcript of FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO - diaadiaeducacao.pr.gov.br · ilustrações de informações políticas...

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: MAPAS HISTÓRICOS COMO TESTEMUNHOS DO IMAGINÁRIO DE UMA ÉPOCA

Autor Silvana Gomes dos Reis

Disciplina/Área (ingresso no

PDE)

História

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Colégio Estadual Polivalente – Rua Figueira, 411

Município da escola Londrina

Núcleo Regional de Educação Londrina

Professor Orientador Claudia Regina A. Prado Fortuna

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes

disciplinas compreendidas no

trabalho)

Geografia, Cartografia, Literatura

Resumo

(descrever a justificativa, objetivos

e metodologia utilizada. A

informação deverá conter no

máximo 1300 caracteres, ou 200

palavras, fonte Arial ou Times

New Roman, tamanho 12 e

espaçamento simples)

O uso dos mapas nas aulas de história e nos livros didáticos

aparece, em grande parte, sem uma discussão do seu uso

enquanto fonte histórica. Esta Unidade Didática pretende,

portanto, um trabalho com diferentes mapas, não como

ilustrações de informações políticas e econômicas, mas como

testemunhos das maneiras de se pensar de determinadas

épocas. As bases referenciais deste trabalho são a História

Cultural com destaque para os conceitos de representação e

imaginário; as discussões da geografia e da cartografia sobre

o tema e também as narrativas literárias dos Livros de

Viagens Medievais de Marco Polo e Mandeville. O recorte

temático tem início com a observação e análise dos mapas

medievais destacando como o clero interferiu com

representações do mundo e incorporação de elementos do

imaginário na elaboração destes mapas. Depois, serão

analisados outros mapas dos séculos XV, XVI e XVII

identificando os mares e oceanos como espaços por

excelência das representações do desconhecido e do

imaginário. Por último, identificaremos as diversas

representações deste imaginário europeu sendo transpostos

para os relatos e mapas sobre a América. Neste processo de

aprendizagem e reflexão histórica serão trabalhados

diferentes conceitos ligados à temporalidade, tais como

processos, mudanças, rupturas, permanências,

simultaneidades, transformações, continuidades e

descontinuidades.

Palavras-chave

(3 a 5 palavras)

Ensino de história; Mapas históricos; História Cultural;

Imaginário

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo

(indicar o grupo para o qual o

material didático foi desenvolvido:

professores, alunos,

comunidade...)

Alunos

PARANÁ GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIDADE DIDÁTICA

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Silvana Gomes dos Reis

Área/Disciplina PDE: História

NRE: Londrina

Professor Orientador IES: Claudia Regina A. Prado Fortuna

IES vinculada: Universidade Estadual de Londrina

Escola de Implementação: Colégio Estadual Polivalente

Público objeto da intervenção: 7º ano do Ensino Fundamental

2) TEMA: As Potencialidades do Uso dos Mapas para o Ensino da História

3) TÍTULO: Mapas Históricos como Testemunhos do Imaginário de uma Época

4) JUSTIFICATIVA

Hoje, os conhecimentos históricos estão ancorados nas novas abordagens e

nas novas temáticas. Recorre-se à documentação escrita e institucional, como

também a documentos de diferentes linguagens – textos, imagens, relatos orais,

objetos e registros sonoros. A abordagem teórico-metodológica tem abandonado as

explicações que partem de teorias globalizantes, procurando fazer uma análise do

social em suas particularidades e também estabelecendo inter-relações com o todo.

O trabalho com diversas fontes também tem sido enfatizado como

metodologia para o ensino da História. Muito se tem escrito sobre o uso de fontes

como jornais, cinema, quadrinhos, fotos, músicas, obras de arte, entre outros. No

entanto, numa rápida observação de como os mapas são inseridos nos conteúdos

abordados pelos livros didáticos, fica evidente que eles geralmente são utilizados ou

como ilustração de uma temática, ou então como proposta de atividade. Ou seja, em

grande parte destes materiais não há uma discussão sobre o uso do mapa histórico

como fonte.

É neste sentido que este material didático trabalhará junto aos alunos do 7º

ano, com o intuito de que eles entendam os mapas enquanto um documento

histórico, um texto que através de uma outra linguagem, também deve ser lido e

interpretado.

Nesta Unidade Didática o aluno do 7º ano irá trabalhar as representações

presentes em alguns mapas - múndi da Idade Média até o século XVIII com o

objetivo de levá-lo a entender como os mapas, enquanto documentos históricos,

podem nos fornecer pistas sobre as diversas maneiras dos homens, em diferentes

épocas, pensarem o seu mundo.

Neste caminho a ser percorrido, serão feitas discussões sobre os conceitos

de tempo e de espaço. Quanto ao tempo a divisão quadripartite da História, ainda

apresentada aos alunos como dominante, será problematizada, no sentido de

questionar como ocorrem essas “marcas temporais”. Neste sentido, é essencial

trabalhar com os alunos os conceitos ligados à temporalidade, tais como: processos,

mudanças, rupturas, permanências, simultaneidades, transformações,

descontinuidades, deslocamentos e recorrências.

Quanto ao espaço, esta Unidade tem como objetivo principal um trabalho

diferenciado com os mapas, não como auxiliar de informações políticas e

econômicas, mas como testemunho (fonte visual) da maneira de pensar de uma

época, consideramos que além do referencial teórico da história, é necessário um

diálogo com a geografia, a cartografia e a literatura, em um trabalho interdisciplinar.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais, essas relações se estabelecem

quando:

Conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina são chamados à discussão e auxiliam a compreensão de um recorte de conteúdo qualquer de outra disciplina (2008,p. 27) Ao tratar do objeto de estudo de uma disciplina, buscam-se nos quadros conceituais de outras disciplinas referenciais teóricos que possibilitem uma abordagem mais abrangente desse objeto. (2008,p. 27)

Outro ponto fundamental a ser destacado é que para podermos romper com

uma história apenas factual devemos considerar que não é possível falar de

conteúdos históricos sem tratar do método. Ensinar história é também ensinar o seu

método, pois ambos estão ligados indissoluvelmente. Não se trata de ensinar

conteúdos de forma isolada, mas sim ensinar a pensar (refletir) historicamente

(NADAI, 1992/1993).

Também Monteiro (1999),diz que as bases teóricas de uma disciplina são

fundamentais para a realização do trabalho de pesquisa e também essenciais para a

realização do trabalho docente. Assim, fica claro, que no ensino da história, quando

tratamos do conhecimento, estamos também fazendo referência ao seu método.

Neste sentido, o professor pesquisador deverá dominar conhecimentos de

sua área, saber localizar quem produziu sobre determinado tema e saber posicionar-

se criticamente frente ao conhecimento sistematizado. Além disso, o professor

deverá perceber que ele desempenha um papel importante na produção do saber

escolar, que ensinar história não é simplesmente simplificar o conteúdo acadêmico,

mas produzir conhecimento. Portanto, o saber histórico é produzido também na

escola e neste sentido devemos conhecer além do conteúdo historiográfico questões

ligadas a historiografia e a teoria da história.

Neste trabalho com os mapas, por exemplo, temos como base os referenciais

da História Cultural dando destaque para os conceitos de representação e

imaginário. O que se propõe, é a construção, em sala de aula, de uma história do

passado a partir de diversas fontes e, que tem como objetivo, não simplesmente

relatar os aspectos econômicos e políticos de uma determinada época, mas, sim, de

entender como viviam os homens de outros tempos e o porquê de suas crenças e

ações.

É preciso ainda explicar que os mapas não estão incorporados ao material

por questões autorais. Como algumas imagens são de domínio público e outras não,

a opção foi trazer os links de acesso para todos os mapas trabalhados.

Referências

MONTEIRO, Ana Maria F. C. O lugar da prática de ensino na formação do professor: um espaço de socialização profissional. In: SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene Rosa. (Orgs.) III Encontro: Perspectivas do Ensino de História. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1999. P. 122-134

NADAI, Elza. O ensino de história no Brasil: trajetória e perspectiva. Revista Brasileira de História – Órgão da Associação Nacional dos Professores Universitários de História – São Paulo. ANPUH/Marco Zero, vol. 13, nº 25/26, set.92/ago.93. p. 143-162.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: História. 2008

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 2ª. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. (Col. História &... Reflexões, 5)

RANZI, Serlei Maria Fischer. O lugar da prática de ensino na produção do saber escolar. In: SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene Rosa. (Orgs.) III Encontro: Perspectivas do Ensino de História. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1999. P. 135-142.

PRIMEIRO MOMENTO:

DIFERENTES PROJEÇÕES DO MUNDO

I - Para reflexão do(a) professor(a):

Inicialmente é fundamental que os alunos reconheçam algumas referências

espaciais sabendo localizar os continentes, localizar o que chamamos de ocidente e

oriente, de hemisfério norte e sul, e também os oceanos Atlântico e Pacífico e o Mar

Mediterrâneo. Concordamos com a afirmação de Almeida (2006) que

[...] O indivíduo que não consegue usar um mapa está impedido de pensar sobre aspectos do território que não estejam registrados em sua memória. Está limitado apenas aos registros de imagens do espaço vivido, o que o impossibilita de realizar a operação elementar de situar localidades desconhecidas. (p.17)

Neste sentido, mesmo que a proposta seja sempre fazer a localização do

espaço trabalhado, através de mapas e/ou do globo, cremos ser necessário

desenvolver atividades específicas no sentido de reforçar o registro destas

localidades na memória.

Além disso, como hoje em dia contamos com avanços tecnológicos, a

cartografia tem procurado produzir mapas cada vez mais precisos. Graças a

utilização de satélites e do GPS temos a impressão de que “vemos a terra como ela

é”.

Os mapas atuais trazem a mesma ideia: não podem conter erros nem omissões. São produtos de um mundo que tem na tecnologia um de seus traços essenciais. Esses mapas constroem e, ao mesmo tempo, revelam a

atual imagem de mundo dominante. (ALMEIDA, 2006, p. 16)

Assim, ainda que hoje tenhamos constante contato com diversos mapas em

jornais, revistas, atlas, livros didáticos, entre outros, e que acreditamos estar vendo a

real representação do planeta em que vivemos, é preciso começar questionando

qual a nossa projeção de mapa mundi? Com quais outras poderíamos trabalhar?

II – Objetivos da aula:

- reconhecer que todo mapa mundi é uma projeção do globo planificado

- identificar os continentes em diferentes mapas mundi

- diferenciar oriente e ocidente, bem como hemisfério norte e sul

III - Iniciando

Professor(a), a proposta para esta aula é que ela se inicie a partir de

questionamentos sobre o mapa mundi. Para isso, a sugestão é que sejam colocados

para observação pelo menos dois mapas mundi: um político e outro físico. A ideia é

que os alunos pensem e respondam a diversas questões: o que estes mapas

mostram? Por que um é chamado de físico e o outro de político? As divisões dos

países sempre existiram? .

O próximo passo é o de apresentar também um globo, o ideal seria que os

alunos pudessem ver de perto e até manusear, para depois poderem estabelecer

semelhanças e diferenças com os outros mapas já apresentados.

Então será possível questioná-los sobre o seguinte: como será a visão do

nosso planeta do espaço?

Para auxiliar nesta discussão pode-se apresentadar imagens do planeta e de

seus continentes, com a utilização da TV Pen-drive, ou até de um data-show (se

houver possibilidade)1.Durante a exposição é possível fazer breves comentários, que

estimulem os alunos a participarem oralmente.

Para finalizar esta exposição de imagens é preciso questionar os alunos: se

na imagem 14 a foz do Rio Nilo está embaixo, porque na imagem 15 ela está em

cima e na imagem 16, está ao lado?

A ideia, apesar de parecer óbvia, é que os alunos constatem a esfericidade do

planeta e que, portanto, um mapa do mundo é apenas uma projeção, ou seja,

podem existir outras formas mais de representação2.

1 Para não incorrer em possível violação de direitos autorais, as imagens não estão anexadas, sendo que os

links para visualização (e exibição com finalidade pedagógica) são citados no final deste momento.

2 Existem Links que mostram diferentes maneiras de fazer projeções planificadas do planeta terra.

http://obviousmag.org/archives/2005/06/dymaxion_world_1.html

É possível então apresentar outras imagens com diferentes representações

de mapa mundi: projeções centralizadas na América, na Europa, no Oceano Pacífico

e na Antartida3.

Este também é um bom momento para explicar, ou relembrar, o que é oriente

e ocidente:

Oriente quer dizer o lado do sol nascente. No entanto, para além dessa acepção geográfica, a palavra oriente tem naturalmente uma conotação política e cultural - os ocidentais, ou seja, europeus e americanos consideram os asiáticos como orientais, mas já não consideram assim os australianos, nem mesmo os seus aborígenes. A divisão do mundo em Ocidente e Oriente é conhecida na Europa desde 292 d.C., quando o imperador romano Diocleciano dividiu o Império Romano em duas partes, cada uma administrada por um Augusto e um César (a Tetrarquia), em que a parte oriental se transformou no Império Bizantino. Já Caio Plínio Segundo (também chamado de Plínio, o Velho) referiu-se às gentes do Oriente em sua Naturalis Historia como os Seres.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Oriente acesso 15/11/2012

Outro conceito considerado importante é o de península, pois no ensino da

História, muitas vezes são feitas referências à Península Ibérica, Itálica, Arábica e de

Yucatã.

Península (do latim paene, quase e insula, ilha) é uma formação geológica consistindo de uma extensão de terra que se encontra cercada por água por quase todos os lados, com exceção da porção de terra que a liga com a região maior, designada por istmo. Por exemplo, diz-se Península Ibérica para designar a região constituída pela Espanha e por Portugal, ligada à Europa pelos Pirenéus. Também se pode dizer que uma península é um braço de terra que avança pelo mar, ligando-se ao resto do continente pelo chamado istmo.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Peninsula

http://www.geomundo.com.br/geografia-30156.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Proje%C3%A7%C3%A3o_de_Albers

3 Pode-se usar os mesmos mapas propostos para a atividade 1 ou então buscar outros na internet.

IV - Atividades

1) Trabalhando com mapas.

Pinte o(s) mapa(s) abaixo. Você vai perceber que a Antártida não aparece nos

mapas. Assim, como temos 5 continentes representados, escolha 5 cores diferentes

(uma cor para cada continente). Use azul para os mares e oceanos. A sugestão é

que você comece pelo Mar Mediterrâneo, com cuidado para contornar a Península

Itálica. Depois, preste atenção nos mares da Península Arábica. No final, não se

esqueça de fazer a legenda.

Fonte dos mapas: http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=mapasm

O tamanho deve ser redefinido conforme sua proposta.

Professor(a), existem 2 possibilidades:

1ª - Os alunos podem pintar os continentes num mapa mundi centralizado no

pacífico. Depois, eles devem recortar os seus mapas verticalmente, separando os

continentes, assim poderão montar mais duas diferentes projeções, centralizado na

América e na Europa.

2ª – Os alunos podem pintar diversos mapas-mundi, com projeções centralizadas na

América, na Europa, no Oceano Pacífico.

Sugestão: em ambos os casos é bom que os alunos disponham de modelos

(previamente pintados). Estas atividades podem ser feitas individualmente, em

duplas ou grupos pequenos.

2) Utilizando um molde do planisfério e uma bola de isopor de 20 cm de

diâmetro os alunos confeccionarão o seu próprio globo4.

Orientações para os alunos

Primeiro: pinte o molde como se pede. Como temos 5 continentes, escolha 5 cores

diferentes (uma cor para cada continente). Use azul para os mares e oceano. A

4 Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/geografia/fundamentos/todo-mundo-seu-globo-426735.shtml

sugestão é que você comece pelo Mar Mediterrâneo, com cuidado para contornar a

Península Itálica. Depois, preste atenção nos mares da Península Arábica.

Segundo: com uma tesoura de ponta redonda, recorte o seu molde.

Terceiro: com cola líquida, ou em bastão, cole o molde no globo.

Sugestão: esta atividade pode ser feita individualmente ou em dupla. Em ambos os

casos, uma possibilidade é o trabalho em grupo de 4 pessoas, para facilitar a

orientação do professor e execução do trabalho pelos alunos, bem como o

compartilhamento de materiais.

Lembrete: pedir os materiais previamente e, para evitar imprevistos, uma última

sugestão, é trazer bolas de isopor sobressalentes e, em caso de esquecimento,

fazer um acordo com o aluno.

Link dos Mapas sugeridos para serem apresentados no início da aula.

1 e 2 - http://www.mundogump.com.br/o-mapa-do-mundo-e-outras-coisas/

3 - http://tuvisseisso.blogspot.com.br/2009/06/devastacao-do-planeta-terra-vista-do.html

4 - http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI124739-16382,00-

NASA+DIVULGA+AS+IMAGENS+MAIS+NITIDAS+DA+TERRA+VISTA+DO+ESPACO.html

5 - http://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/shmuel-lemle/terra-vista-do-espaco-387550.html

6 http://noticias.terra.com.br/ciencia/fotos/0,,OI192654-EI238,00-

A+Terra+vista+do+espaco+satelite+registra+tempestade+no+Mexico.html

7 -

http://www.wikienergia.pt/~edp/index.php?title=Europa_quer_assegurar_recursos_naturais_do_%C

3%81rtico

8 - http://topazio1950.blogs.sapo.pt/15085.html

9 - http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/fotos/2011/11/nasa-divulga-imagens-da-terra-vista-do-

espaco.html#F294098

10,11,12,13 - http://bloguehistorico5.wordpress.com/2007/10/

(Atlantico, pacific e artico e indico)

14 - http://topazio1950.blogs.sapo.pt/15085.html

15 - http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/fotos/2011/11/nasa-divulga-imagens-da-terra-vista-do-

espaco.html

16 - http://tudolevaapericia.blogspot.com.br/2010/11/astronautas-na-estacao-internacional.html

17 - http://fisicamoderna.blog.uol.com.br/arch2004-11-28_2004-12-04.html

Referencias:

ALMEIDA, Rosangela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. 4ª. ed. São Paulo: Contexto,, 2006 (Caminhos da Geografia)

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: História. 2008

SEGUNDO MOMENTO:

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA

I - Para reflexão do(a) professor(a):

Apesar da orientação para que nossos alunos percebam a integração entre os

conhecimentos, muitos ainda os veem de forma compartimentada, sem perceber a

inter-relação que existe entre eles.

Neste sentido, ao propor como tema “O uso dos mapas e o ensino da

História”, um dos pontos iniciais deve ser mostrar como a história dialoga com outras

áreas do conhecimento, bem como esclarecer porque os mapas podem ser vistos

como documento histórico.

No entanto, como afirma Miceli (1996) a linguagem da cartografia na

historiografia não tem sido revista. Para ele a história dá pouca importância aos

mapas e ressalta a necessidade da integração entre cartografia, geografia e história,

e quantas áreas forem necessárias, para que se possa discutir a questão do espaço,

sem uma hierarquização de saberes.

Mas, como se disse, a história pouco se interessa pelos mapas. Quando muito, concede à cartografia e à geografia o papel de ‘ciências auxiliares’, como pretende certa forma vaidosa de considerar o conhecimento, a partir de hierarquizações duvidosas e insustentáveis, quando o que se impõe é uma integração benéfica, que permita, inclusive, a revalorização da cartografia – aqui tomada como exemplo para por em discussão a questão da representação do espaço. (MICELI, 1996, p. 13-14)

Ao fazer esta proposta de trabalho é preciso salientar que Almeida (2006)

chama a atenção para que os estudos geográficos da representação do espaço

pressupõem que o aluno se defronte com os mesmos problemas que os cartógrafos

se defrontam desde a antiguidade até hoje: sistema de localização, projeção, escala

e simbologia. Contudo, por não fazerem parte dos objetivos específicos desta

unidade, estes serão apenas pontuados, conforme a necessidade. No entanto, a

autora também ressalta que a análise de uma produção cartográfica não deve ficar

restrita a características técnicas de localização. Segundo a autora

Além dessas questões metodológicas, é necessário considerar como as sociedades construíram formas de apreensão e representação de elementos espaciais, o que está ligado à evolução histórica das conquistas e da dominação dos povos. [...] Os mapas antigos retratavam não só os aspectos da área representada mas, principalmente, como o espaço era visto conceitualmente. [...] (p. 19)

Destacamos então que a produção de mapas não pode ser desvinculada dos

interesses políticos, militares e religiosos de uma época e, portanto, só podem ser

devidamente compreendidos se vistos no contexto histórico e cultural em que foram

produzidos, o que significa entender também os limites técnicos de cada época.

Neste sentido, apresentamos uma breve narrativa sobre o surgimento dos

mapas, bem como das mudanças de representações espaciais do mundo, no

contexto histórico e cultural de sua produção.

II - Objetivos da aula:

Perceber os mapas como uma produção social e cultural, inseridas num

determinado espaço/tempo.

III - Iniciando

Esta aula já pode partir de uma atividade: peça para seus alunos (ou escreva

no quadro) que mostrem, através de um desenho, que pode ser feito no seu próprio

caderno, o caminho que fazem da sua casa até a escola.

Feito isto, é possível então relacionar os desenhos feitos com mapas, que no

sentido comum da palavra tem o seguinte significado:

Um mapa é uma representação visual de uma região. Estes mais conhecidos são

representações bidimensionais de um espaço tridimensional. A ciência da concepção e

fabricação de mapas designa-se cartografia. Por vezes a cartografia se debruça sobre a

projeção de superfícies curvas sobre superfícies planas, no processo chamado

planificação.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapa

Esta definição pode ser passada parcialmente (“Um mapa é uma

representação visual de uma região.”), ou então completa. Neste caso é preciso

diferenciar representações bidimensionais de tridimensionais. É possível iniciar o

diálogo perguntando o que eles entendem por imagem 3D (disponível hoje no

cinema, em televisões, computadores, ou impressas – sempre com o uso de um

óculos especial).

Provavelmente será possível definir uma imagem 2D como tendo altura e

largura e a 3D altura, largura e profundidade. Uma ilustração pode ser o desenho de

uma xícara (ou outro que você tenha mais facilidade), feito na hora, no quadro.

Conforme o interesse da turma, este assunto pode ser aprofundado, necessitando

de mais pesquisas, ou então de parcerias para um trabalho mais específico feito

pelo(a) professor(a) de Arte. O mesmo se aplica ao termo cartografia, que pode

apenas ser explicado por sua etimologia (do grego chartis = mapa e graphein =

escrita), ou então explorado mais, através de pesquisas ou na aula de geografia.

Quanto a questão da projeção e da planificação os alunos já terão a

referência do trabalho feito anteriormente quando confeccionaram o seu globo

terrestre. Além disso, é possível também a exposição de imagens na TV-Pen-drive.

Provavelmente, um dos alunos já terá perguntado: essa aula é de história ou

de geografia? É importante frisar aos alunos que os conhecimentos se inter-

relacionam, e é por isso que a história, a geografia e a cartografia dialogam entre si,

ainda que cada qual tenha campos diversos.

Feitos estes esclarecimentos é possível iniciar os trabalhos de sala.

IV – Atividades:

1) Leitura e análise do Texto I

Texto I - Investigando o surgimento dos mapas.

No 6º ano você já ouviu falar em pinturas rupestres: aquelas feitas pelos

homens que viveram na Pré-História, dentro de cavernas. Mas você sabia que

algumas dessas pinturas eram mapas?

Ou seja, antes mesmo do ser humano aprender a escrever ele descobriu uma

outra maneira de se comunicar.

Por isso se diz que a história dos mapas está ligada à história da humanidade.

Isso porque os seres humanos sentiram a necessidade de marcar as melhores rotas

de caça, a localização de fontes de água, os lugares mais seguros, ou outras coisas

que julgassem importantes e para isso usaram as técnicas e os materiais disponíveis.

Na Mesopotâmia foi encontrado um dos mapas mais antigos (talvez entre

2500 a 4500 a.C.), ele foi feito numa pequena placa de barro cozido, provavelmente,

mostrando a região: o rio Eufrates e áreas próximas, com montanhas e, inclusive, os

pontos cardeais. Outro exemplo é atribuído aos indígenas das Ilhas Marshall, no

Oceano Pacífico, a nordeste da Austrália, feito com tiras de palha e conchas, estas

simbolizando as ilhas daquele arquipélago. No norte da Itália, foram descobertos

mapas rupestres, com paisagem agropastoril. Na Turquia, em 1963, nas escavações

arqueológicas de Catal Hoyuk, foi descoberto um mapa de mais ou menos 6 mil anos

a.C., onde se vê o povoado e, ao fundo, o vulcão Hasan Dag em erupção.

Os mapas podiam também trazer informações sobre lugares considerados

sagrados, deste mundo e até do outro mundo.

Nos mapas encontrados na Índia aparece a influência das religiões: budismo,

hinduísmo e jainismo, destacam-se o monte sagrado Sumeru, ou o universo

estratificado verticalmente (aparecendo os mundos inferiores em que as almas

ficariam transitando).

O sagrado podia estar simbolizado por elementos da natureza ou então por

cidades (Jerusalém dos cristãos, Meca dos muçulmanos). No Egito, foram

encontrados também mapas com representações da viagem espiritual nos céus.

(DUARTE, 2002)

Conforme a sociedade tornou-se mais organizada surgiram outras

necessidades e os mapas passaram a ter outras funções, como por exemplo fixar os

limites de uma propriedade, determinar os melhores caminhos para viagens

(terrestres, fluviais ou marítmas).

Na China, os mapas tinham inúmeras funções: cadastrais, demarcatórias de

fronteiras, como documentos burocráticos, planos para conservação das águas,

meios para fixação de impostos, estratégia militar, funções ritualísticas, entre outras

Tendo esses registros, o ser humano não precisava mais depender só da

memória, ele passou a poder registrar as informações que julgasse importantes e

necessárias.

Quando os seres humanos foram conhecendo o mundo, este conhecimento

também apareceu nos mapas.

Você pode ainda estar se perguntando: mais mapas não são coisas da

geografia?

Na verdade existe uma ciência específica para estudar os mapas: é a

cartografia.

A cartografia (do grego chartis=mapa e graphein=escrita) é a ciência que trata

da concepção, produção, difusão e utilização e estudo dos mapas. Esta palavra

começou a ser utilizada em meados do século XIX. Durante o 20º Congresso

Internacional de Geografia, realizado em Londres em 1964, a Associação

Cartográfica Internacional adotou a seguinte definição de Cartografia: “Conjunto de

estudos e operações científicas, artísticas e técnicas, baseado nos resultados de

observações diretas ou de análise de documentação, com vistas à elaboração e

preparação de cartas, planos e outras formas de expressão, bem como sua

utilização” (ARAÚJO, 2002, p. 15)

Mas, além da cartografia, os mapas interessam também para outros

estudiosos. Neste pequeno texto você pôde perceber que os mapas são uma

produção cultural, ou seja, feita por diversos povos, desde há muito tempo, com

intenções diferentes, procurando mostrar o que sabiam e até no que acreditavam.

É por isso que os mapas podem ser estudados pela arqueologia, geografia,

física, matemática, história e cartografia.

Bibliografia

ALMEIDA, Rosangela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. 4ª.

ed. São Paulo: Contexto,, 2006 (Caminhos da Geografia)

Duarte, Paulo Araújo. Fundamentos de cartografia. 2ª. ed. Florianópolis: Ed. Da UFSC,

2002. (Série Didática)

a) A partir da leitura do texto, defina com suas palavras o que é um mapa.

b) Imagine que você vive em um lugar em que ainda não existe a escrita. Faça

um mapa com os lugares que você mais frequenta durante o mês/ou semana.

Lembre-se: nesta atividade você não poderá escrever nada (nem legenda),

mas faça de modo que seja possível para outra pessoa entender o que você

quis mostrar.

Observação: professor(a), é interessante recolher esta atividade para uma

análise e depois comentar com os alunos semelhanças e diferenças de como

procederam para fazer a representação dos lugares selecionados.

2) Leitura e análise do Texto II e apresentação – na TV pen-drive – das imagens

selecionadas:

Texto II - Para cada povo, um mundo representado de formas

diferentes.

O primeiro mapa mundi (leia-se mapa do mundo conhecido: regiões da Europa

e próximas ao Mar Mediterrâneo) é atribuído a Anaximandro de Mileto (611 a 547

a.C.), sendo aperfeiçoado por Hecateu, seu contemporâneo. Não havia um consenso

quanto a forma geométrica da terra. Um fator que influenciou foi a crença do planeta

ser uma criação divina e, como a esfera era reconhecida como a forma geométrica

mais perfeita, isto influenciou na confecção dos mapas. Por outro lado, foi na Grécia

que surgiram definições das linhas da rede geográfica: Equador, trópicos, círculos

polares, meridianos. Outro nome digno de menção é o de Eratóstenes de Cirene (276

a 196 a.C); com base em seus conhecimentos de Geometria mediu a circunferência

da Terra, obtendo o resultado próximo a 46 mil quilômetros (atuais medidas:

aproximadamente 40 mil quilômetros). Com a circunferência, ele calculou o raio da

Terra: 7 mil e 300 quilômetros, aproximadamente (valor atual: 6.370 km). Ele também

foi autor de um mapa mundi, mostrando as áreas habitadas conhecidas, o qual foi

modificado por Hiparco de Nicéia (161 a 126 a.C.).

Entre os gregos, o mais famoso é Claudio Ptolomeu (90 a 168 d.C), estudioso,

escreveu uma obra com vários volumes e diversos assuntos das ciências da Terra e

de Astronomia, num dos volumes trata de Matemática, Geografia, Métodos de

Observações Astronômicas, além de Cartografia. Sua obra tinha também um mapa

mundi e diversos outros mapas, sendo considerado um dos atlas mais antigo que se

conhece. Ele é considerado um marco da cartografia antiga e seu trabalho refletiu-se

no mundo ocidental por muito tempo.

Na Idade Média, a obra de Ptolomeu foi proibida no mundo ocidental, sobre

influência da Igreja Católica Romana. Tendo a Teologia como um guia para as

ciências e a Bíblia Sagrada como fonte de todo o saber, conceitos já aceitos na

antiguidade foram negados, por serem considerados inconcebíveis.

Surgem os chamados mapas “T” no “O” – Orbis Terrarum – característico pela

simplicidade e simetria da distribuição das terras, a parte vertical do “T” representa o

Mar Mediterrâneo, o braço esquerdo o rio Dom e o braço direito o rio Nilo, sendo a

Terra Santa colocada no centro da representação. O “O” corresponderia ao oceano

circundante. Neste estilo, a obra do bispo de Sevilha, Santo Isidoro, falecido em 636,

é um dos mapas mais antigos que se conhece. Podemos destacar também o aspecto

ideológico neste tipo de representação

[...] Não era o norte que ficava para cima e sim o leste,

significando que a luz divina, representada pelo sol, que nasce

no leste, escorregaria de cima para baixo e atingiria todos os

continentes. Além disso, há também a ideia de que o que fica

para cima é superior. (DUARTE, 2002, p. 110)

Contudo, a ideia de esfericidade do planeta não foi totalmente abandonada. A

crença de que a Terra era uma criação divina, de Deus, e como tal teria a forma

geométrica mais perfeita: a esfera permaneceu e foi se firmando.

Um povo que contribuiu para que os conhecimentos clássicos não se

perdessem foram os árabes. Como na Idade Média não estavam sob a influência

cristã do momento, querendo integrar os conhecimentos da antiguidade à sua cultura,

os árabes fizeram traduções das obras da antiguidade, incluindo as obras de Cláudio

Ptolomeu, preservando este conhecimento e também contestando-os, o que gerou o

seu enriquecimento através de seus próprios estudos. Posteriormente, eles também

são responsáveis pelo seu retorno à Europa. Segundo o autor, o interesse pelo

desenvolvimento da Cartografia, astronomia, matemática e geografia teve vários

motivos: conquistas territoriais, implantar um sistema fiscal e tributário mais eficiente,

as peregrinações, viagens de estudo, comércio e exploração. Entretanto, estes

conhecimentos em grande parte não foram registrados em mapas mais sim em livros.

Um dos trabalhos mais significativo e influente foi o de AL-Idrisi, retomado no século

XV por exploradores europeus, quando empreenderam suas viagens para novas

terras (DUARTE, 2002).

Em torno de 1405 a obra de Ptolomeu é traduzida para o latim e, durante o

Renascimento, reaparece na Europa, entretanto, nesta época, a cartografia vai se

transformar profundamente.

Com as viagens de exploração ocorridas durante o Renascimento, os

navegadores vão sentir necessidade de poder contar com mapas cada vez mais

atualizados e aperfeiçoados e vão ser os relatos de suas viagens que vão propiciar tal

atualização. Nesta época, vão surgir os especialistas em confeccionar mapas e

também locais onde estes eram copiados – manualmente por desenhistas – negócio

que ganha grandes proporções com o advento da imprensa. Com custos mais baixos,

o grande público passou a ter acesso ao uso de mapas.

Um dos cartógrafos mais importantes da Europa foi Gehard Mercator (1512-

1594), ou Geraldo Mercator. Matemático e geógrafo sua obra tem tamanha

importância que muitos o comparam a um Ptolomeu de sua época. Ele é considerado

um marco para a nova época da cartografia. Em 1569 ele fez uma projeção para o

seu mapa mundi, ganhando tanta popularidade que é usado até os dias de hoje.

Mercator durante muitos anos reuniu vários mapas que resultaram numa publicação

intitulada “Atlas”, por este motivo é atribuído a ele o uso da palavra “Atlas” para

designar um conjunto de mapas.

Outros países que estiveram presentes durante o período das Grandes

Navegações também desenvolveram sua Cartografia, como é o caso de franceses,

ingleses, holandeses e portugueses.

Bibliografia ALMEIDA, Rosangela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. 4ª. ed.

São Paulo: Contexto,, 2006 (Caminhos da Geografia)

Duarte, Paulo Araújo. Fundamentos de cartografia. 2ª. ed. Florianópolis: Ed. Da UFSC,

2002. (Série Didática)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cartografia - acesso em 28/10/2012

Lendo o Texto II você pode perceber que em cada época os mapas ganham

características diferentes. Observe os mapas abaixo e, escreva uma característica

de cada um, relacionando-o a sua época.

Mapa 1 Mapa 2 Mapa 3

mapa do mundo na

concepção de Hecateu

(546 a.C. – 480 a.C)

MAPPA MUNDI en JEAN

MANSEL La Fleur des

Histoires. Valenciennes,

1459-1463

Fuente: Simon Marmion

“Gerhard Mercator 1595 World

Atlas Cosmographicae”

Inserir imagem Inserir imagem Inserir imagem

http://pt.wikipedia.org/

wiki/Hecateu_de_Milet

o

http://www.zonu.com/Hi

storicos.html

http://www.mapwalls.com/ht

ml/gallery-640-106.html

Links dos mapas sugeridos para serem apresentados junto com a explicação

do Texto II:

1 – http://greciantiga.org/img/index.asp?num=0933

2 – http://greciantiga.org/img/index.asp?num=0107

3 - http://www.xtimeline.com/evt/view.aspx?id=742824

4 - http://peregrino-bg.blogspot.com.br/2011/04/pontos-de-fuga_24.html

5-http://ventosdouniverso.blogspot.com.br/2010/08/confusoes-teologico-

cientificas.html

6 - http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cartografia/cartografia-26.php

7 - Projeção de Mercator (completa) http://www.mapwalls.com/html/thumbs-17.html

8- http://www.nodulo.org/ec/2012/n126p02.htm

3) Assistir um vídeo sobre a história da cartografia, disponível em

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=20402

Referências:

ALMEIDA, Rosangela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. 4ª. ed. São Paulo: Contexto,, 2006 (Caminhos da Geografia)

Duarte, Paulo Araújo. Fundamentos de cartografia. 2ª. ed. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2002. (Série Didática)

MICELI, Paulo. A terceira margem – Notas breves sobre a representação do espaço no trabalho do historiador. In: MIGUEL, Antonio, ZAMBONI, Ernesta. (Orgs.) Representações do espaço: Multidisciplinaridade na educação. Campinas: Autores Associados, 1996. P. 9-15

TERCEIRO MOMENTO:

OS MAPAS-MUNDI MEDIEVAIS

I - Para reflexão do(a) professor(a)

Segundo Deus (2010), um mapa é a descrição do espaço feita diretamente

através de imagens. Por isso, tem uma linguagem própria, pois as representações

visuais do espaço são capazes de transmitir informações. Mas, esta linguagem

visual (imagética) tem uma leitura qualitativa, ou seja, o desenho ou figura

representa um todo, não precisando ser entendido em etapas como uma frase. Além

disso, para se entender as imagens é preciso reconhecer como se organizava a

sociedade que a produziu.

É nesta perspectiva que o autor cita a imagem do Paraíso, uma das mais

poderosas na Idade Média, tendo inclusive sua localização indicada. Isto ocorria

porque, na sociedade Medieval, o Além (tanto o espaço divino como o demoníaco)

era tido como concreto e representado nos mapas.

O autor destaca que a região apresentada nos mapas medievais deve ser

analisada dentro da sua temática. Um exemplo: Hereford (1275 até 1300) trata do

fim dos tempos, Cristo julgando os vivos e os mortos em seu alto, e Ebstorf (1230

até 1250) tem como tema os principais eventos da vida de Cristo.

Quanto ao caráter simbólico dos mapas medievais o autor faz uma

advertência, de forma geral há duas leituras possíveis de serem feitas, uma mais

próxima da coisa em si e outra mais ampla, que buscava sentidos mais profundos. É

preciso identificar o contexto cultural de sua produção para saber qual o seu sentido.

[...] A cartografia medieval possuía símbolos, mas não apenas isso; realizava uma descrição, a mais objetiva possível da realidade. A fênix existia, assim como o bonnacon e suas necessidades fisiológicas. Muitas criaturas, em sua natureza, traziam significados além de si mesmas, mas também possuíam uma existência natural. É com muito cuidado que se deve proceder a uma análise simbólica da cartografia, pois, do contrário, pode-se analisar um símbolo que esteja apenas na cabeça do pesquisador e não no mapa. (DEUS, 2010, p. 195)

Mais algumas considerações sobre os mapas medievais estão listadas a

seguir de maneira pontual:

- na cartografia medieval os autores tinham muita liberdade para colocar,

retirar ou modificar os elementos componentes dos mesmos;

- um dos poucos elementos que não muda é o Paraíso: sempre colocado no

alto, no extremo leste do mundo;

- os mapas mundi não eram mera descrição física, organizavam-se em torno

de valores subjetivos, e a representação do espaço incorporava características

políticas, afetivas e teológicas; não havia obrigatoriedade em localizar as cidades,

nem a distância real entre as que apareciam.

- geralmente os mapas eram feitos em equipe, ainda que uma pessoa se

identificasse como autor.

Como vimos até aqui, Deus (2010) mostra que para analisar um mapa

medieval é preciso considerar elementos das mais diversas orígens: política,

religiosa, folclórica, como também as concepções de homem e de mundo da época.

Ugo Tucci (1984) afirma que a geografia se preocupou mais com o homem do que com o meio físico até o século XVIII. Esta preocupação com o homem é a marca principal das cartas murais medievais, que funcionam tanto como atlas, como quanto inventário dos seres da criação, nelas estando presentes de humanos a cinocéfalos, além de peixes, ursos, cavalos. Os hábitos das populações também são representados, como o canibalismo dos povos de Gog e Magog e os hábitos guerreiros dos Citas. (DEUS, 2010, p. 197)

O autor ressalta que os cartógrafos medievais, ou melhor os eruditos, queriam

retratar o mundo como ele era, contudo ele era visto de uma forma diferente. Os

mapas não tinham a pretensão de serem informativos, ou uma descrição do espaço,

a sua temática era a mensagem principal.

Assim, não se trata de discutir o que é real ou não, a representação constrói

um mundo paralelo de sinais no qual as pessoas vivem. E o que a história entende

por representação?

Segundo Pesavento (2008) o conceito de representação é uma categoria

central da História Cultural e pode ser expresso por normas, discursos, imagens e

ritos que revelam condutas e práticas e dão coesão aos grupos sociais, bem como

tornam-se explicativas do real.

Neste sentido, os indícios do passado, tornam-se fontes ou documento e,

através do olhar do historiador, passam a representar o acontecido. É importante

ainda destacar que na História Cultural, ligado ao conceito de representações,

aparece o conceito de imaginário como um sistema de idéias, de imagens, de

representação coletiva que os homens, em todas as épocas, construíram para poder

dar sentido ao mundo. Para Pesavento (2008),

O imaginário comporta crenças, mitos, ideologias, conceitos, valores, é construtor de identidades e exclusões, hierarquiza, divide, aponta semelhanças e diferenças no social. Ele é um saber-fazer que organiza o mundo, produzindo a coesão ou o conflito. (p. 43)

Portanto, se as imagens eram utilizadas pelos historiadores como ilustração,

como paisagem ou retrato que enquadrava um fato ou personagem, as imagens são

consideradas, agora, um novo campo de pesquisa da História.

Podemos então pensar os mapas como imagens portadoras de sentidos que

podem ser lidos e interpretados, mas que para tanto necessitam de outras fontes

que permitam entender um outro tempo, quando as pessoas falavam, agiam e

construíam representações do mundo estranhas aos nossos códigos e valores. É

nesta medida que o trabalho da História é também o de dar possibilidades para o ver

um Outro, resgatando uma diferença. (PESAVENTO, 2008)

II - Objetivos da aula

Entender a influência do clero nas representações do mundo na Baixa Idade

Média

Analisar elementos do imaginário (paraíso) que aparece nos mapas como

possibilidade de acesso as representações da época

Conhecer o conceito de imaginário

III - Iniciando

Professor (a), é importante retomar o mapa mundi, apontando elementos que

servirão de referenciais para a análise dos mapas:

os continentes,o Mar Mediterrâneo, o Mar Vermelho e os oceanos. Aproveite para

relembrar outros elementos como as Penínsulas Itálica e a Grega, o Mar Negro e

outros que você considerar importantes para ir fixando elementos geo-referenciais

de nosso mundo.

Você pode perguntar também aos alunos se eles acham que o paraíso

poderia estar representado no mapa, bem como que tipo de elementos naturais eles

já ouviram falar que existe no paraíso: árvores, flores, animais, rios, fontes, etc. Com

este questionamento é possível verificar se existe (ou não) um consenso sobre a

sua localização e também sobre os elementos que o compõe.

Pode-se também lembrar aos alunos que o paraíso, enquanto crença

cristã,surgiu durante o Império Romano, ou seja, ele nem sempre existiu.

IV - Atividade

Olhe com atenção:

Mapas 1 e 2 :

(inserir imagem)

Mapas de Anaximandro (540 a. C.) e Hecateu (500 a.C.) - Mundo Antigo

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=27336

(acesso em 15/11/12)

Mapa 3 Mapa 4 (inserir imagem) (Inserir inserir imagem)

Mapa T-O (Orbis Terrarum), de

Isidoro (560-636) - Idade Média

Mapa T-O do século XII

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cartografia/cartografia-26.php

(acesso 15/11/12)

Observe os mapas acima e responda as seguintes questões:

a) Nos quatro mapas estão representados três continentes. Quais são eles?

Qual mar fica entre eles?

b) Qual a diferença que existe entre as representações dos continentes na

Antiguidade e na Idade Média?

c) Nos mapas 3 e 4, o que está em destaque no topo do mundo? Qual a

explicação para isso?

Referências:

DEUS, P. O paraíso na iconografia de mapas-múndi medievais - Ebstorf e Hereford. História Revista, Goiás, 6, jul. 2010. Disponível em:

<http://www.revistas.ufg.br/index.php/historia/article/view/10574>. Acesso em: 16 maio 2012.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 2ª. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. (Col. História &... Reflexões, 5)

QUARTO MOMENTO:

CONHECENDO O MUNDO POR “OUVIR-DIZER”

I - Para reflexão do(a) professor(a):

Segundo Lopes (2006) muitas viagens da Idade Média deram origem aos

chamados livros de viagens medievais. Mas, por volta do século XIV, estas viagens

tornam-se mais difíceis e mais raras. Então, começam a ser escritos livros com

viagens imaginárias, onde realidade e imaginário, atualidade e tradição são narrados

com unicidade.

Quando aplicada à Idade Média, a distinção entre “real” e “fictício” revela-se um exercício pouco operativo. As relações de viagem alternam observações tiradas da realidade com a descrição dos mitos asiáticos. O conhecimento do espaço não dissipa o elemento lendário e mitológico, em grande parte proveniente da Antiguidade e da tradição bíblica; justapõem-se e complementam-se num todo discursivo sem importar as contradições daí resultantes. (LOPES, 2006, p. 7)

Assim, nesses livros de viagens imaginárias mesclam-se fantasias e

informações verídicas, que tanto podem ser oriundas da experiência do autor, como

recebidas de alguém que viajou e registrou, ou transmitiu oralmente, ou seja, o

termo “ouvir-dizer” também se aplica a experiências de terceiros que foram

registradas e lidas, contudo sempre narradas posteriormente em primeira pessoa.

Alguns desses viajantes imaginários serão a referência de mundo de navegadores

do século XVI, bem como de cartógrafos que nunca chegaram a conhecer os

lugares representados (Gomes, 2009).

Neste sentido, se a geografia e a cartografia descrevem os lugares do além,

isto é porque ele também era visto como a outra parte do mundo e, portanto,

precisava ser localizado e indicar quais criaturas o habitavam.

[...] na Idade Média, este mundo e o outro estavam em permanente contato, ou melhor, eram partes contiguas de uma mesma obra, a Criação divina, o orbe. O Paraíso, o Inferno, o Purgatório, o país da Cocanha, o Reino de Preste João, a prisão dos povos de Gog e Magog compartilhavam a esfera da Terra. As esferas celestes, em número de nove, comportavam os coros angélicos e eram o lar dos bem-aventurados. Deus habitava além delas, no Empíreo. [...] Todo o conhecido, criaturas terrestres ou espirituais, compartilhavam deste mesmo e único Mundus.[...] (DEUS, 2010, p. 180)

Também aqui não se trata de discutir o que é real ou não, como já foi tratado

anteriormente, a representação constrói um mundo paralelo de sinais no qual as

pessoas vivem.

Então, vamos começar conhecendo trechos de dois famosos livros de

viagem.

Um é de Marco Polo (1252-1324) que, conforme Braga Junior (2011), era filho

de uma família de comerciantes de Veneza, Sua viagem ao Oriente durou de 1271 a

1295. Em 24 anos viajou cerca de 20 mil km5. Na volta, envolveu-se na guerra entre

Veneza e Gênova. Capturado, narrou suas aventuras para Rusticiano de Pisa.

Quando foi libertado procurou Teobaldo Cepoy a quem ditou nova versão de suas

aventuras. O seu Livro das Maravilhas rapidamente se transformou no maior

sucesso editorial da época. Casou-se, teve três filhas, morreu rico e famoso.

(BRAGA JR, 2011).

Outro livro muito famoso é Viagens de Jean de Mandeville ou Livro das

Maravilhas do Mundo. Segundo França (2007), ele foi finalizado em 1356-1357. É

considerado uma das obras mais populares da Europa entre os séculos XIV e XVI.

Apesar da controvérsia sobre a real identidade do autor, esta não é considerada um

ponto fundamental. Reconhece-se que os escritos medievais eram construídos à

base da compilação e, portanto entrelaçando contextos, textos e autores diversos,

através do recolhimento de relatos, roteiros e crônicas e tratados que circulavam

pela Europa. Mandeville fez isso, narrando tudo sempre em primeira pessoa,

simulando a escrita do real, do testemunho, prática que era aceita em sua época.

Para a autora

5 Mapa da rota de viagem de Marco Polo disponível em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Polo acesso em 30.11.12

O desafio que cabe aos leitores e pesquisadores, diante dessa plasticidade, é o de tentar perceber a bagagem mental que projetou sobre a imagem dos lugares que talvez não tenha visto e descobrir não propriamente a realidade das suas descrições, mas a verdade que ele quis construir para os seus contemporâneos acerca de lugares e gentes desconhecidas, verdades em que estes quiseram acreditar, afinal, seu Livro das Maravilhas... foi tão popular como podia ser uma obra nos séculos 14 e 15. (FRANÇA, 2007, p. 18)

Para finalizar este assunto é importante ter claro que a descrição do

maravilhoso/monstruoso não é um tema central dos livros, que estão mais

preocupados em descrever outros aspectos da população e da maneira como

viviam, bem como dos lugares visitados. Também é preciso salientar que a narrativa

dos livros flui de forma uniforme e que, a partir de sua leitura, não há nenhuma

demonstração de assombro.

II - Objetivos da aula

Identificar elementos do imaginário que aparecem nos livros de viagem

de Marco Polo e Mandeville, como mais uma possibilidade de acesso

às representações da época;

Relacionar os elementos acima com o imaginário que se construiu

sobre a América

III - Iniciando

Professor(a), fica aqui a sugestão de ler na íntegra O livro das Maravilhas

(POLO, 2011) e Viagens de Jean de Mandeville (MANDEVILLE, 2007). Estes livros,

mesclando descrições do real e do imaginário da época retratam o oriente, ou as

Índias, destacando lugares de imensa riqueza, trazendo informações sobre seu

comércio, descrevendo as várias cidades e regiões, seus costumes diversos (desde

o vestuário e a alimentação até a prática e as razões do canibalismo, entre outras

coisas), descrição de criaturas fantásticas e monstruosas, bem como referências ao

Paraíso e a outros lugares do imaginário da época. Destacamos que é enorme a

possibilidade de recortes e atividades que podem ser propostas para inúmeros

objetivos nas aulas de História.

A proposta é que a aula comece com a apresentação das imagens

selecionadas na TV pen-drive ou no data show.

A primeira imagem é de um mapa-múndi, feito em 1493, com inspiração em

Ptolomeu mais com uma “decoração” lateral, onde aparecem diversas criaturas. A

segunda imagem e só da lateral.

A terceira imagem também é de criaturas monstruosas.

É possível fazer questionamentos para os alunos:o que vocês pensam dessas

criaturas? Por que acham que eles foram pintados/desenhados?

A quarta imagem se propõe a representar os habitantes da América, mas,

junto a eles aparece uma criatura de inspiração medieval.

Depois de ver a quarta imagem pode-se questionar: por que, mesmo tendo

passado 300 anos ela veio ser pintada junto aos habitantes da América?

As respostas para estes e outros questionamentos conduzirão às histórias de

viagem “por ouvir dizer” e suas peculiaridades.

Ptolemaic world map in Hartmann Schedel, Liber Chronicarum, 1493

http://www.henry-davis.com/MAPS/LMwebpages/260.html

Characters from Hartmann Schedel, Liber Chronicarum, 1493*

http://www.henry-davis.com/MAPS/LMwebpages/260A.html

Cefalópode, ciclope, bicéfalos, blemo e cinocéfalos

http://4portasnamesa.blogspot.com.br/2008_05_01_archive.html

Antillanos, acéfalos de América del Sur y brasileños. Grabado perteneciente a Moeurs des sauvages ameriquains, comparées aux de P. Lafitau; 1724

http://www.upf.edu/materials/fhuma/pich/web/pages/tema1/mat1.htm

IV – Atividades

Observação: Fazendo uma viagem por “ouvir dizer” . Esta atividade é uma forma

mais concreta dos alunos entenderem que é possível contar sobre um lugar, sem

nunca ter ido lá, ou contar a história de outra pessoa como sendo sua. E aqui está a

deixa para introduzir o assunto das viagens imaginárias.

1) Peça aos alunos (individualmente ou em grupos) para fazer uma pesquisa sobre

um país do mundo, destacando alguns dos tópicos abaixo:

-Meio de transporte para chegar lá

-Os pontos turísticos mais famosos;

-A descrição de um destes pontos turísticos;

-A religião;

-As festas ou costumes locais;

-Coisas consideradas típicas como comida, roupa típica, etc

-Forma de governo;

- A principal atividade econômica

-Uma curiosidade.

b) Depois, o grupo deverá apresentar a atividade como se eles mesmos tivessem

feito a viagem, ou seja, farão uma viagem “por ouvir dizer”.

Observação: existem outras opções, aqui ficam mais três:

- Os alunos podem pré-selecionar os países, fazer um levantamento prévio dos

dados pedidos na sala de informática da escola e realizar a atividade em sala. Fica a

sugestão de procurar em guias de viagens, como por exemplo:

http://viagem.uol.com.br/destinos/internacionais/

http://www.mochileiros.com/relatos-de-viagem-f591.html

http://www.manualdoturista.com.br/

- Selecionar alguns vídeos sobre viagens (através de pesquisa no Google ou no you

tube), passar para os alunos na TV pen-drive e depois pedir para redigirem um texto,

como sugestão, poderia ser uma carta contando seu primeiro dia na China.

- Você mesmo(a) escolhe um lugar da China, Índia, ou outro lugar, e faz uma breve

pesquisa. Para enriquecer pode também selecionar imagens. Depois, quando

chegar na sala, explica que o assunto será sobre tal país, mas que você já o

conhece, que você viajou para lá. Faz sua exposição e, no final esclarece que se

trata de uma “viagem por ouvir dizer”.

.

2-Trabalhando com textos

a) Orientações de leitura.

Os textos que você vai ler são de dois livros de viagem.

Um chama-se Viagens de Jean de Mandeville ou Livro das Maravilhas do

Mundo. Ele foi finalizado em 1356-1357 e foi muito popular na Europa. Os

pesquisadores não têm certeza de quem era realmente Mandeville. Sabem que neste

livro ele narra tudo em primeira pessoa (“eu”), mas que ele não fez estas viagens. Ele

era um compilador, ou seja, escreveu um texto juntando relatos, roteiros e crônicas e

tratados que circulavam pela Europa, o que era considerado normal em sua época.

Outros trechos são de Marco Polo (1252-1324) que, conforme Braga Junior

(2011), era filho de uma família de comerciantes de Veneza, Sua viagem ao Oriente

durou de 1271 a 1295. Em 24 anos viajou cerca de 20 mil km. Na volta, envolveu-se

na guerra entre Veneza e Gênova. Capturado, narrou suas aventuras para Rusticiano

de Pisa. Quando foi libertado procurou Teobaldo Cepoy a quem ditou nova versão de

suas aventuras. O seu Livro das Maravilhas junta descrições do real e do

maravilhoso, por isso rapidamente se transformou no maior sucesso editorial da

época. Casou-se, teve três filhas, morreu rico e famoso.

Desses livros você vai ler trechos sobre pessoas e animais muito diferentes.

Sobre isso é preciso saber que estas descrições não são o tema central dos livros, e

que a partir leitura deles, não há nenhuma demonstração de assombro.

Em ambos os livros aparecem mais outros aspectos, como da população e da

maneira como viviam, bem como dos lugares visitados e também das muitas riquezas

que diziam existir no oriente.

Referências:

BRAGA JÚNIOR, Elói. Nota Biográfica. In: POLO, Marco. O livro das maravilhas: a descrição do mundo. Tradução de Elói Braga Júnior. Porto Alegre: L&PM, 2011. P.291-292

FRANÇA, Susani Silveira Lemos. Introdução. In: MANDEVILLE, Jean de. Viagens de

Jean de Mandeville. Tradução de Susani Silveira Lemos França. Bauru, SP: EDUSC,

2007. P. 13-29. (Coleção História)

Durante a leitura dos textos, aproveite para grifar o que você achou

mais interessante, ou o que mais chamou sua atenção.

De pessoas de formas diferentes e muito desfiguradas descritas por

Mandeville.

O rei dessa ilha [Dondin] é um grande senhor, muito poderoso. Tem sob seu

domínio 54 grandes ilhas que lhe obedecem. Em cada uma dessas ilhas há um rei

coroado e todos estes lhe são obedientes. Em todas as ilhas existem gentes de

diversas condições.

Em uma delas há gentes de enorme estatura, como gigantes, que são horrorosas

à vista. Têm apenas um olho no meio da testa e não comem senão peixe e carne

crus. Em outra ilha, a sul, vivem também pessoas de feia constituição e má índole.

Não têm cabeça, possuem os olhos nos ombros e a boca curvada como ferradura de

um cavalo, situada no meio do peito. Em outra ilha, há também gentes sem cabeça,

com olhos e a boca na parte de trás dos ombros. Na terceira, há gentes de cara

completamente plana e igualada, sem nariz e sem olhos, somente com dois

pequenos furos redondos no lugar dos olhos e uma boca completamente plana, como

uma fenda sem lábios. Numa quarta ilha, há gentes de horrorosa configuração física,

com o lábio superior tão enorme que, quando estão dormindo ao sol, cobrem toda a

face com esse lábio. Numa quinta, há gentes de uma estatura tão pequena como a

dos anões, contudo, são maiores que os pigmeus e têm um pequeno orifício redondo

no lugar da boca, por isso, quando comem ou bebem, fazem-no através de um cano

ou coisa parecida. E como não tem língua, não falam, apenas produzem um tipo de

assobio e fazem sinais entre si, como os monges. Assim, entende um o que o outro

quer dizer.

Numa sexta ilha há gentes com grandes orelhas, que chegam até os joelhos. Numa

sétima, há gentes com pés de cavalo. São tão fortes, potentes e velozes que pegam

animais selvagens quando correm e os comem. Numa oitava, há gentes que andam

sobre as mãos e os pés, como os animais, e são peludas e trepam rapidamente nas

árvores, como os símios. [...] Há, ainda outra ilha onde se encontram gentes que,

maravilhosamente, caminham sempre de joelhos e a cada passo que dão parece que

vão cair. Têm em cada pé oito dedos. Outros muitos tipos de gentes existem em

outras ilhas dos arredores, sobre as quais haveria muito a dizer, mas a matéria seria

muito longa, assim, passarei por elas abreviadamente. (pág. 184-185)

MANDEVILLE, Jean de. Viagens de Jean de Mandeville. Tradução de Susani Silveira Lemos

França. Bauru, SP: EDUSC, 2007. (Coleção História)

Marco Polo descreve tipos diferentes de gentes

[...] Na Etiópia, chamada também Cusis, existem muitos tipos diferentes de gentes. Ali

há pessoas que têm apenas um pé e caminham tão rápido que é uma maravilha. O

pé é de tal magnitude que dá sombra em todo o corpo quando a pessoa, deitada para

descansar, volta-o para o sol. Na Etiópia, os meninos pequenos têm o cabelo loiro,

porém, quando crescem, ele se torna negro. Nessa terra da Etiópia está a cidade de

Sabá, lugar do qual era rei um dos três reis que foram a Belém fazer oferendas a

Nosso Senhor. (p. 154)

Após essa ilha, vai-se pelo Mar Oceano. Atravessando muitas outras ilhas, acha-se

uma grande ilha rica e bonita, chamada Nacumera. Tem um perímetro de mais de mil

milhas e seus habitantes, tanto os homens como as mulheres, têm cabeças de cão e

são chamados canopholos. São gentes razoáveis e de bom entendimento [...] (p. 179-

180)

E vos contaremos uma coisa que é muito extraordinária: há,neste reino (de Lambri),

uns homens que têm cauda, assim como cães, a qual tem um palmo de comprimento.

São numerosos. Não vivem nas cidades, mas nas montanhas. Há também nesta

terra, rinocerontes e caça em quantidade. (211)

Angamã é uma ilha muito grande, sem lei nem rei. Os habitantes são idólatras,

vivem como os animais selvagens. Temos a apontar uma estranha visão desta gente.

Nesta ilha, os homens têm cabeça e dentes de cão, e a sua cara parece-se com a

dos mastins. [...] (p. 212)

POLO, Marco. O livro das maravilhas: a descrição do mundo. Tradução de Elói Braga Júnior. Porto Alegre: L&PM, 2011. (Coleção L&PM POCKET vol.161)

Marco Polo descreve tipos diferentes de animais

Aqui encontramos enormes serpentes, que causam terror. São horríveis, de dez

passos de comprimento e grossas como um feixe de trigo.

A cabeça é enorme e os olhos são do tamanho de dois pães. A boca é tão grande

que poderia engolir um homem. Os dentes são gigantescos. São tão compridas que

causam pavor. Há a mais pequena: de oito, seis e cinco pés.

[...] São tão gordas e pesadas que, quando se arrastam na areia, deixam um rego nos

areais, como se por ali houvesse passado uma barrica cheia de vinho6. (p. 157)

Nos confins da Índia, para os lados do Meio-Dia, encontra-se a província chamada

Mien, de que já vos falei. São quinze jornadas de caminho, por entre desfiladeiros e

grandes selvas, onde há muitos elefantes selvagens e unicórnios7. [...]

Ficai sabendo que, em todas as ilhas que em grande quantidade existem para

os lados do Meio-Dia e onde as naus já vão vão, por causa da corrente, dizem haver

grifos8. Estes pássaros aparecem em certas épocas do ano; mas não são como as

pessoas os imaginam, com cabeça de leão e corpo de águia. Aqueles que os viram

dizem que eles são, na realidade, como águias muito grandes.

Contam que são tão fortes que levantam ao ar um elefante, deixando-o cair de tão

alto que rebenta, quando chega ao solo. Então o grifo desce para comê-lo e saciar-se

nele. Dizem que, com as asas abertas, medem trinta passos, tendo as asas doze

passos e largura em proporção. [...] (p. 244)

[o rei de Mein] fez grandes preparativos, que vos relatarei: tinha 2.000 elefantes muito

corpulentos e em cima de cada um deles mandou construir um pequeno castelo de

madeira muito forte, que servisse para combater. Postou, também, em cada um, doze

homens, prontos para o combate; e em alguns até dezesseis, ou mais. [...] (p. 161)

POLO, Marco. O livro das maravilhas: a descrição do mundo. Tradução de Elói Braga Júnior.

Porto Alegre: L&PM, 2011. (Coleção L&PM POCKET vol.161)

6 Uma espécie de sáurio, o jacaré chinês, vive ainda na bacia do Yangtzé, mas mede apenas um metro e

cinquenta. Poderíamos imaginar uma espécie maior extinta pela caça. (POLO, 2011,p. 163)

7 Rinoceronte (POLO, 2011, p. 169)

8 Aqui estamos diante de uma das famílias mais prestigiosas do bestiário fabuloso, compreendendo o Grifon

grego, o Garuda hindu e o Rkh árabe. Um parente histórico seria o Aepyornis, pernalta gigane de três metros de altura, vivendo em Madagáscar, exterminado pelos homens. Como a primeira colonização de Madagascar data aproximadamente do ano 1000 de nossa era, este desaparecimento é bastante recente e os restos vistos por Marco Polo podem pertencer a esta espécie. Mas este pássaro não deve ser o único responsável pela lenda. (POLO, 2011, p. 246-247)

Mandeville descreve tipos diferentes de animais

[...] Lá (Ilha de Thana) há muito leões e outros animais selvagens. Há ratazanas que

são tão grandes como cães e são caçadas com grandes mastins, pois os gatos não

poderiam agarrá-las. [...] (p. 160)

Nessa terra (Calonak), há também muita variedade de caracóis, tão grandes que

podem albergar no interior de suas carapaças muitas pessoas, como em pequenas

casas.[...] (p. 178)

Dessa terra vai-se a uma outra ilha chamada Silha, que tem um perímetro de umas

800 milhas. Nesse lugar há muita terra baldia cheia de serpentes, dragões e

crocodilos, por isso ninguém se atreve a viver ali. Esses crocodilos são serpentes

amarelas, rajadas por cima, têm quatro pés, patas curtas e unhas grandes. Já alguns

que medem cinco braças de comprimento, outros seis, oito ou dez. Quando se

movem em lugares arenosos parecem um enorme tronco de árvore que é arrastado

pela areia. Há também outros animais selvagens, especialmente elefantes. (p. 180)

Nessa ilha e em outras ao redor, existem gansos selvagens com duas cabeças e

leões completamente brancos, do tamanho de bois.[....] (p. 181)

MANDEVILLE, Jean de. Viagens de Jean de Mandeville. Tradução de Susani Silveira Lemos

França. Bauru, SP: EDUSC, 2007. (Coleção História)

Riquezas do oriente: Do palácio do rei da Ilha de Java

Junto dali, passando por mar, há uma grande ilha e um grande país chamado Java.

[...] A ilha está muito habitada e povoada de gente. Ali se produz todo tipo de

especiarias com mais abundância que em nenhum outro lugar, tais como: gengibre,

cravo, canela, zedoária, noz-moscada e macis. [...] Também há nela grande

abundância de ouro e prata. [...]

MANDEVILLE, Jean de. Viagens de Jean de Mandeville. Tradução de Susani Silveira Lemos

França. Bauru, SP: EDUSC, 2007. (Coleção História) p. 175-176

Partes de relatos de Marco Polo sobre as riquezas do oriente

Província de Ciarchiã: Há um rio que tem nas suas águas pedras preciosas em

abundância, que são vendidas aos mercadores de Catai e dão muita riqueza, porque

aparecem em grande quantidade. [...](p. 87)

A província de Amu: [...] As mulheres trazem argolas de ouro e de prata nas pernas e

braços, e os homens igualmente, porém mais ricas e de maior valor. Têm muitos e

formosos cavalos e vendem-nos aos índios, em grande quantidade. Criam búfalos,

bois e vacas em ricos e abundantes pastos. Possuem grande fartura de mantimentos.

(p. 167)

[...] Por aqui vedes como o Grã-Cã pode ter, e tem, os maiores tesouros do mundo.

(p. 139)

POLO, Marco. O livro das maravilhas: a descrição do mundo. Tradução de Elói Braga Júnior.

Porto Alegre: L&PM, 2011. (Coleção L&PM POCKET vol.161)

b) Dos textos lidos, escolha o que mais chamou sua atenção e elabore um

desenho que será exposto num mural da sala.

Sugestão: professor(a), conforme sua disponibilidade, é interessante a

confecção de um monstro. Existem várias possibilidades, abaixo estão alguns

links com várias possibilidades.

Como fazer um monstro Monstro de garrafa pet http://www.recreio.com.br/faca-voce-mesmo/faca-um-monstro-e-um-fantasma-para-assombrar-seu-halloween Monstro que solta espuma pela boca http://www.comofazer.org/ciencia/como-fazer-monstro-de-espuma/ “lindo” Monstro de EVA para por no dedo http://www.youtube.com/watch?v=eq1-zukGwBI Monstro de garrafa pet pequena http://www.youtube.com/watch?v=4dmawFz0WYU&feature=relmfu Monstro com embalagens de shampoo http://blogs.estadao.com.br/estadinho/2011/01/29/boliche-de-monstro/

Monstro com jornal (Art Atack) http://www.youtube.com/watch?v=vVkykRMY8CY&feature=related Monstro de caixa de papelão http://www.youtube.com/watch?v=-pbTFHJRLVs Mobile de Monstro marinho http://pt.wikihow.com/Fazer-um-M%C3%B3bile-de-Monstros-Marinhos Monstros para colorir http://monstros.colorir.com/melhor-avaliados/

Referências:

GOMES, Plínio Freire. Volta ao mundo por ouvir-dizer: redes de informação e a cultura geográfica do Renascimento. An. mus. paul., São Paulo, v. 17, n. 1, jun. 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142009000100008&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 16 maio 2012.

LOPES, Paulo. Os livros de viagens medievais. Revista Medievalista on line, IEM – Instituto de Estudos Medievais, ano 2, n. 2, 2006. P. 01-32. Disponível em <http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/medievalista2/PDF2/viagens-PDF.pdf >. acesso em 16 maio 2012.

BRAGA JÚNIOR, Elói. Nota Biográfica. In: POLO, Marco. O livro das maravilhas: a descrição do mundo. Tradução de Elói Braga Júnior. Porto Alegre: L&PM, 2011. P.291-292

POLO, Marco. O livro das maravilhas: a descrição do mundo. Tradução de Elói Braga Júnior. Porto Alegre: L&PM, 2011. (Coleção L&PM POCKET vol.161)

MANDEVILLE, Jean de. Viagens de Jean de Mandeville. Tradução de Susani Silveira Lemos França. Bauru, SP: EDUSC, 2007. (Coleção História)

FRANÇA, Susani Silveira Lemos. Introdução. In: MANDEVILLE, Jean de. Viagens de Jean de Mandeville. Tradução de Susani Silveira Lemos França. Bauru, SP: EDUSC, 2007. P. 13-29. (Coleção História)

QUINTO MOMENTO:

SOBRE O MITO DA TERRA PLANA

I - Para reflexão do(a) professor(a):

Mesmo não sendo uma discussão teórica central, é preciso fazer uns

apontamentos sobre uma pergunta recorrente: na Idade Média, ou então, antes das

Grandes Navegações, se acreditava que a terra era plana?

A este respeito Carvalho (1999) faz uma consideração

Não existe evidência de que o pensamento medieval acreditasse numa terra plana, pois não havia qualquer interesse acerca do formato da Terra, e além disso, as representações não devem ser confundidas com as ideias a este respeito. A forma da Terra não era considerada um problema intelectual, e sim um mistério religioso [...]

Havia também a crença de que a vida em outras partes do mundo seria

inviabilizada pelo calor dos trópicos.

[...] poderíamos pensar que os eruditos do século XIII acreditavam que a terra tinha o formato de um disco plano. Mas não era nada disso: a terra era considerada como uma esfera, com a sua parte desconhecida e inabitada ao norte e separada da outra metade sul por um cinturão oceânico e pelo insuportável calor do trópicos. Há quem acredite no contrário, como W. G. L. Randles (1994) (CARVALHO, 1999)

Pela existência de posições diversas a este assunto, ou seja, evidências de

que desde o início do século IV já havia defensores da esfericidade da terra e outros

contrários, Bauab (2009) afirma que não se pode falar em predomínio de uma ideia.

Duarte (2002) também partilha da hipótese de que não havia um consenso

quanto a forma geométrica da terra. Um fator que influenciou foi a crença do planeta

ser uma criação divina e, como a esfera era reconhecida como a forma geométrica

mais perfeita, ambos estavam relacionados. Além disso, o autor também aponta

conhecimentos levantados na antiguidade a este respeito. Foi na Grécia que

surgiram definições das linhas da rede geográfica: Equador, trópicos, círculos

polares, meridianos. Outro nome digno de menção é o de Eratóstenes de Cirene

(276 a 196 a.C); com base em seus conhecimentos de Geometria mediu a

circunferência da Terra, obtendo o resultado próximo a 46 mil quilômetros (atuais

medidas: aproximadamente 40 mil quilômetros). Com a circunferência, ele calculou o

raio da Terra: 7 mil e 300 quilômetros, aproximadamente (valor atual: 6.370 km).

Segundo Bauab (2009), mais do que a argumentação física acerca do formato

da terra, o que incomodava era a possibilidade de existirem pessoas e outros seres

vivos que não descendiam de Adão ou da Arca de Noé, ou mesmo das afirmações

do Novo Testamento.

II - Objetivos da aula

Entender a influência do clero nas representações do mundo, na Baixa Idade

Média

III - Iniciando

Como sempre, esta aula pode se iniciar a partir de alguns questionamentos

para os alunos: as pessoas sempre souberam, ou acreditaram que a terra tinha este

formato? Ou então: por que existe a expressão “os quatro cantos do mundo”?

Provavelmente, algum dos alunos vai dizer que antes a terra era vista como

plana, e que se chegássemos à sua beirada poderíamos cair.

Será que todas as pessoas da Idade Média pensavam desta forma? Será que

não havia outras hipóteses, ou seja, será que não havia ideias que precisavam ser

pesquisadas e confirmadas?

E nós, acreditamos na ciência quando diz que o universo é infinito? Se ele é

infinito, pode existir algum planeta onde possa existir vida?

Com todos esses questionamentos é possível inserir as atividades.

IV - Atividades

Você se lembra que globo terrestre está gravitando no universo? Lembra também que

não existe nem lado de cima nem lado de baixo, e que isto é uma questão de

representação? Na Idade Média as pessoas não chegavam a um acordo sobre este

assunto. Em 1999, uma pesquisadora chamada Carvalho escreveu que mesmo

aceitando que o planeta era uma esfera, havia a crença de que a partes norte e sul

estavam separadas por um cinturão oceânico. Além disso, o insuportável calor dos

trópicos tornaria a vida insuportável na outra metade. Mais nem todos pensavam

desta forma.

CARVALHO, Márcia Siqueira de. O pensamento Geográfico Medieval e Renascentista no Ciberespaço. 1999. Disponível em <http://www.geocities.ws/pensamentobr/medievalciber.pdf>. acesso em 16 maio 2012.

Vamos fazer as atividades para entender estas questões.

1 – Apesar dos mapas “T-O” terem sido os mais comuns da Idade Média, existiram

outras formas de representar o planeta. Observe os mapas abaixo e faça o que se

pede:

a)Descreva cada um dos mapas.

b)Cite uma semelhança entre eles

c)Agora observe o formato da representação do mundo e cite uma diferença.

Mapa-múndi de Sallustio, séc. IV d.C, Conceito cosmográfico do geógrafo

cristão do séc. XI d.C.

Inserir imagens

http://malupaulamazzucatto.blogspot.com.br/p/7-series.html

2 - Durante a Idade Média os principais produtores de mapas eram do Clero. No ano

de 2002, a partir de seus estudos sobre as representações do mundo na Idade Média,

o pesquisador Duarte chega a uma conclusão:

[...] a Bíblia não podia admitir um mundo de face para baixo. Como poderia haver

tamanha insensatez, acreditando-se que houvesse homens com os pés por cima da

cabeça, lugares com tudo dependurado ao contrário, árvores crescendo às avessas,

ou então a chuva caindo de baixo para cima? Tais ideias seriam contrárias aos

ensinamentos cristãos [...] (Duarte, Paulo Araújo. Fundamentos de cartografia. 2ª.

ed. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2002. P. 33 (Série Didática)

Represente, em forma de desenho, como seria o mundo descrito no texto acima.

No livro de Mandeville, escrito em 1356-1357, ele já fala sobre a redondeza da terra

Nem nessa terra nem em muitas outras que estão mais adiante pode-se ver a Estrela

Tramontana, chamada estrela do Mar, a qual não se move e está a norte, mas pode-

se ver outra estrela que está no outro extremo, a sul, chamada Antartida. E da mesma

forma que os marinheiros em nossa terra se guiam e orientam por essa estrela do

norte, também os marinheiros nesses lugares o fazem pela Estrela do Sul, a qual não

podemos ver, da mesma forma que eles não podem ver a do norte. De tudo isso se

pode deduzir que a terra e o mar são redondos, pois a parte do firmamento que

aprece em um país não é a mesma que aparece no outro. E qualquer um pode

comprovar isso valendo-se da experiência e da minuciosa indagação, já que,

encontrando-se barcos de travessia e pessoas dispostas a percorrer o mundo, poder-

se-ia navegar diretamente inteiramente ao seu redor, de cima a baixo. [...]

[...] Por tudo isso, asseguro-vos de que um homem poderia rodear toda a terra do

mundo, tanto por cima como por baixo, e regressar a seu país, se tivesse companhia

e embarcação. E sempre encontraria gentes, terras e ilhas, tal como nesse país. .

[...] Tudo isso é possível, ainda que às gentes simples pareça que não se pode ir à

parte de baixo da terra e que se cairia no firmamento. Porém, isso não ocorre assim,

como tampouco ocorre que caiamos no firmamento do lugar da terra no qual

estamos. De qualquer parte da terra onde se esteja, em cima ou embaixo, pensa-se

que se está mais reto e que os da parte oposta é que estão ao revés. E da mesma

forma que pensamos que eles estão debaixo de nós, também lhes parece que

estamos debaixo deles. Se fosso possível que alguém caísse da terra ao firmamento,

com maior razão cairiam nele a terra e o mar, por serem grandes e pesados. Mas isso

não poderia ser, por isso disse Nosso Senhor: Non timeas me, qui suspendi terram ex

nichilo.

Não tenhas medo de mim, que fiz a terra ficar suspensa do nada. A passagem lembra

uma de Jó (26,7): “Ele estendeu o céu sobre o vazio e pendurou a terra sobre o

nada”.

MANDEVILLE, Jean de. Viagens de Jean de Mandeville. Tradução de Susani Silveira

Lemos França. Bauru, SP: EDUSC, 2007. (Coleção História) P. 170-173

Sobre este interessante texto responda:

a) O que Mandeville observou para dizer que a terra é redonda?

b) Para ele existe lado de cima e lado de baixo? Explique.

c) Por que ele tem certeza de que as pessoas não vão cair do planeta?

Referências

BAUAB, Fabrício Pedroso. A experiência da América e o Declínio do Saber Geográfico Medieval. Revista Formação. Presidente Prudente, n.16, v.1,n. 16, 2009.p.03-16. -Disponívelem<http://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/viewFile/857/879>. acesso em 16 maio 2012.

CARVALHO, Márcia Siqueira de. O pensamento Geográfico Medieval e Renascentista no Ciberespaço. 1999. Disponível em <http://www.geocities.ws/pensamentobr/medievalciber.pdf>. acesso em 16 maio 2012.

Duarte, Paulo Araújo. Fundamentos de cartografia. 2ª. ed. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2002. - Série Didática

SEXTO MOMENTO:

MARES E OCEANOS: O DESCONHECIDO COMO ESPAÇO DO MAGINÁRIO

I - Para reflexão do(a) professor(a)

Como já vimos, na Idade Média, o além passou a ser visto como a outra parte

do mundo e, portanto, precisava ser localizado e indicar quais criaturas o habitavam.

[...] na Idade Média, este mundo e o outro estavam em permanente contato, ou melhor, eram partes contiguas de uma mesma obra, a Criação divina, o orbe. O Paraíso, o Inferno, o Purgatório, o país da Cocanha, o Reino de Preste João, a prisão dos povos de Gog e Magog compartilhavam a esfera da Terra. [...] Todo o conhecido, criaturas terrestres ou espirituais, compartilhavam deste mesmo e único Mundus.[...] (DEUS, 2010, p. 180)

Por isso, quanto ao caráter simbólico dos mapas medievais o autor faz uma

advertência, de que de forma geral há duas leituras possíveis de serem feitas, uma

mais próxima da coisa em si e outra mais ampla, que buscava sentidos mais

profundos, é preciso identificar o suporte onde este desenho se localiza para saber

qual o seu sentido.

[...] A cartografia medieval possuía símbolos, mas não apenas isso; realizava uma descrição, a mais objetiva possível da realidade. A fênix existia, assim como o bonnacon e suas necessidades fisiológicas. Muitas criaturas, em sua natureza, traziam significados além de si mesmas, mas também possuíam uma existência natural. É com muito cuidado que se deve proceder a uma análise simbólica da cartografia, pois, do contrário, pode-se analisar um símbolo que esteja apenas na cabeça do pesquisador e não no mapa. (DEUS, 2010, p. 195)

O autor ressalta que os cartógrafos medievais, ou melhor, os eruditos,

queriam retratar o mundo como ele era, contudo ele era visto de uma forma

diferente. Os mapas não tinham a pretensão de serem informativos, ou uma

descrição do espaço e a sua temática era a mensagem principal.

No século XIV este panorama irá se transformar. As cartas náuticas e os

portulanos passarão a ter maior importância, haverá uma revalorização dos

clássicos e a cartografia temática irá tornando-se mais física e matemática. Todavia,

os elementos imaginários perduraram nas cartas posteriores.

Uma imagem é produto de seu contexto, mas não apenas dele. As imagens que lhe são anteriores também contribuem para a formulação da imagem mais recente. Os mapas ecumênicos simples são, entre outras coisas, resultados das cartas que lhes vieram antes. Esta categoria em especial é formada pelos mapas medievais mais recentes, assim, podemos considerá-los como o corolário de algumas tradições, e como preparadores dos caminhos futuros. (DEUS, 2010, p. 196)

Não podemos esquecer que as imagens sobre outros lugares do mundo

desconhecido não são apresentadas apenas em mapas, mas também são

construídas através da leitura de livros de viagens (reais ou “por ouvir dizer”) e estas

tradições irão se manter.

Segundo Gomes (2009), na Renascença, celebrar a viagem era fácil; viajar,

nem tanto. De acordo com o autor, os humanistas foram criaturas essencialmente

sedentárias. Até famosos cartógrafos eram pessoas sedentárias.

[...] Lorenz Fries, compilador de mapas e de prognósticos astrológicos, privilegiava o saber de Ptolomeu ao dos modernos, e tudo leva a crer que morreu sem ter visto um oceano de verdade. O grande editor de planisférios Grüninger nunca se afastou da zona de Frankfurt. E o próprio Martin Waldseemüller, tão reputado pelos conhecimentos geográficos quanto pela fineza do seu latim, jamais viajou nem mesmo para a Itália. (GOMES, 2009)

Gomes (2009) ressalta que além destes “viajantes imaginários”, houve

humanistas que foram verdadeiros viajantes, entre eles: o veneziano Giovanni

Battista Ramusio visitou o Egito e a Terra Santa; o milanês Girolamo Benzoni viveu

quatorze anos na América, participando em expedições no México, Peru, Venezuela,

Colômbia e América Central e Gonzalo Fernández de Oviedo, que realizou doze

travessias do Atlântico e sua permanência nas Índias soma bem cinquenta anos.

Mas, para o autor, não se trata de distinguir o conhecimento empírico e o

livresco, os dois se fundem num processo de legitimação recíproca

[...] A autoridade de um explorador de gabinete era tanto maior quanto mais ele soubesse se manter informado sobre as viagens em curso; e, vice-versa, a credibilidade de um aventureiro dependia não só das coisas inusitadas que descobria no mundo, mas também da sua capacidade de inserir tal experiência num quadro referencial de origem marcadamente letrada e clássica. (GOMES, 2009)

Assim, pessoas oriundas de grupos bastante diversos estiveram envolvidas

na disseminação de informações sobre as terras recém-descobertas, bem como

instituições, envolvendo Estado, Igreja e mercado.

O início está nos portos atlânticos de Cádiz e Lisboa, e também no porto

mediterrâneo de Sevilha, de onde partiam e chegavam diversas expedições e onde

diversas pessoas tomavam conhecimento das informações trazidas pelos viajantes:

oficiais das “casas de contratação”, marinheiros, soldados, mascates, mercantes,

emissários de cortes estrangeiras, sendo que apenas pessoas oficiais deixaram

traços documentais, os outros, em sua maioria, apenas notas fragmentárias,

sucintas e marginais, mais que acabavam sendo a principal fonte de informação a

circular nos grandes circuitos comerciais da época.

Estas informações não faziam distinção entre Ásia, África e América.

Sistematizadas por uma miríade (nem sempre culta) de estudiosos, eram adaptadas

pela imprensa, serviam de base para livros, mapas e similares.

Nesta rede de conhecimentos surgiu também um outro poder institucional, o

da coroa francesa. No porto de Dieppe, reunia-se dados de origem portuguesa e

espanhola à experiência dos contrabandistas de pau-brasil.

[...] A instituição gozou de considerável prestígio entre os estudiosos, a ponto de influenciar o próprio Mercator. Seu período áureo, entre 1541 e 1553, coincide com os esplêndidos planisférios de Pierre Desceliers que, na cartografia do Renascimento, ocupam lugar de destaque pela riquíssima ornamentação e pelo conhecimento de zonas ainda pouco exploradas como a costa do Peru, a Polinésia e a misteriosa Terra Australis. (GOMES, 2009)

Inglaterra e Holanda, por causa de disputas internas de poder, levariam mais

tempo para desenvolver suas potencialidades expansionistas, o que ocorreu na

segunda metade dos Quinhentos, quando também passaram a produzir obras

cartográficas.

Dessa forma, é possível observar como se formou esta rede de conhecimento

e como informações não-oficiais contribuiíram para transformar a geografia

renascentista, na maioria das vezes só por ouvir-dizer.

Esta é a estrutura vasta e assimétrica, que abrangia conhecimentos empíricos e livrescos, espionagem e propaganda, aparatos estatais e simples curiosos, a explicar o sucesso dos planisférios. Também é ela a formar a audiência transnacional, cuja demanda daria origem, na segunda metade do século XVI, aos teatra mundi e às grandes coleções de relatos de viagens, de Ramusio a Theodor de Bry. A inovação do pensamento geográfico, que inegavelmente se consumou na época, teria sido impossível se não fosse pela existência de um organismo coletivo que redesenhou a face da Terra basicamente por ouvir-dizer. (GOMES, 2009)

Por fim, um último questionamento: as representações presentes nos mapas-

mundi da Idade Média, com as grandes navegações, elas desapareceram?

Mesmo com a retomada de referenciais da Antiguidade Clássica, e a

ampliação do conhecimento do mundo pelas Grandes Navegações, haverá um

período de transição, com mudanças e permanências, é neste sentido que os mapas

do Renascimento serão vistos.

O descobrimento de novas terras trouxe uma nova imagem do mundo e novas formas de representá-lo, e muitas vezes esta imagem foi criada como uma utopia. Pouco a pouco, mas não de uma vez por todas, os monstros e os povos estranhos deixaram de povoar os mapas, mas não sem antes serem transferidos de um continente para outro. (CARVALHO, 1999)

II - Objetivos

-Analisar os elementos do imaginário que aparecem nos mapas, como possibilidade

de acesso as representações da época.

-Identificar as fontes de informação sobre o Novo Mundo

III - Iniciando

Linha do tempo

Professor(a), como você pode perceber esta Unidade Didática prescindi de

um encadeamento de ideias, ou seja, para suas aulas terem um maior significado na

aprendizagem dos alunos elas precisam sempre começar retomando ideias

anteriores que estão relacionadas à proposta do dia. Neste caso específico: os

mapas da Idade Média, as viagens “por ouvir dizer”, os seres monstruosos, os

referenciais da antiguidade clássica. Com breves comentários você pode mostrar a

seus alunos as mudanças e permanências que ocorreram na forma de representar o

mundo.

Para melhor entendimento dos alunos uma opção é fazer uma linha do tempo

destacando os aspectos já vistos.

Feita esta retrospectiva pode-se mostrar, através da TV-pen-drive a primeira

imagem e perguntar quais as hipóteses eles tem para que alguém fizesse um mapa

desta maneira.

Aqui, mais do que a nacionalidade ou a biografia dos autores, o mais

importante é buscar nestes mapas os sinais que trazem informações significativas

sobre a maneira dos homens entenderem e se relacionarem com o mundo daquela

época e, principalmente, com o desconhecido.

Os elementos do imaginário como sereias e monstros marinhos devem ser

entendidos como tentativa de explicar o espaço desconhecido, com raízes culturais

que nascem na antiguidade e, ao serem retomados na Baixa Idade Média, retomam

o maravilhoso e o monstruoso, que perdura ao longo de toda cultura europeia.

Podemos dizer que para além das características dos monstros, o que

importa é mostrar aos alunos que a crença na sua existência estava fortemente

marcada pela ideia de que estes seres faziam parte da natureza, mas não uma

natureza deformada, mas uma natureza criada por Deus e ainda desconhecida.

A proposta é que sejam trabalhadas representações em Mapas Mundi,

contudo, se julgar necessário, facilmente são encontrados, no ambiente virtual,

detalhes destas e de outras obras.

IV – Atividades

Observação: professor(a) para que esta atividade seja realizada é preciso que os

alunos tenham clareza dos elementos apresentados nas pinturas, Para isso é

possível acessá-los em tela cheia (na sala de informática da escola), ou então

fazendo algumas cópias em tamanho A-4 e distribuindo-as de forma alternada para

os alunos.

Sebastian Munster – 1550 – Das Erst General / inhaltend die beschreibung…[modern world]

http://www.raremaps.com/gallery/browse/category/World/World

Nicholas Van Geelkercken – 1617 – Orbis Terrarum Descriptio Duobis Planis Hemisphaeriis Comprehesa

http://www.raremaps.com/gallery/detail/25848/Orbis_Terrarum_Descriptio_Duobis_Planis_H

emisphaeriis_Comprehesa/Van%20Geelkercken.html

Jean Baptiste Nolin – 1791 – Titulo: Mappe-Monde Carte Universelle de la Terre Dressee Sur les

Relations les plus Nouvelles Soumises aux Observations Astronomique les plus recentes ou sont

marquees les Nouvelles Decouvertes

http://www.raremaps.com/gallery/detail/29364/MappeMonde_Carte_Universelle_de_la_Terre

_Dressee_Sur_les_Relations_les/Nolin-Denis.html

Observe os mapas e responda as questões

Data do Mapa 1550 1617 1791

Quais continentes

aparecem?

Perto de quais

continentes

aparecem os

monstros

marinhos?

O que está

desenhado em

volta da

representação

dos mapas-

mundi? O que

você pode

perceber que eles

representam?

Justifique.

A partir destas

respostas, a

quais conclusões

você pode

chegar?

Referências

CARVALHO, Márcia Siqueira de. O pensamento Geográfico Medieval e Renascentista no Ciberespaço. 1999. Disponível em <http://www.geocities.ws/pensamentobr/medievalciber.pdf>. acesso em 16 maio 2012.

DEUS, P. O paraíso na iconografia de mapas-múndi medievais - Ebstorf e Hereford. História Revista, Goiás, 6, jul. 2010. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/historia/article/view/10574>. Acesso em: 16 maio 2012.

GOMES, Plínio Freire. Volta ao mundo por ouvir-dizer: redes de informação e a cultura geográfica do Renascimento. An. mus. paul., São Paulo, v. 17, n. 1, jun. 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142009000100008&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 16 maio 2012.

7º MOMENTO:

AMÉRICA – O NOVO E DESCONHECIDO MUNDO – DESLOCAMENTO

ESPACIAL NA LOCALIZAÇÃO DO MARAVILHOSO

I - Para reflexão do(a) professor(a):

A história do imaginário permite esclarecer as articulações entre mundo

objetivo e subjetivo, externo e interno, material e psicológico. “Estudar o que as

pessoas pensam pode trazer informações a respeito do mundo em que elas vivem e

esse universo, por outro lado, influencia esse pensamento coletivo.” (MORAIS,

2011).

Neste sentido, como já vem sendo tratado, a América, de início, não era vista

como um novo mundo, mais sim como um velho mundo, já conhecido através dos

relatos de viajantes. Por isso, muitos dos primeiros europeus a achegar aqui

buscavam encontrar os elementos do Maravilhoso, tão presentes nas descrições

das terras distantes. Será a partir destas considerações que será analisada a

vinculação construída entre o Novo Mundo, a terra de riquezas incomensuráveis e o

Reino das Amazonas.

É preciso lembrar que na Baixa Idade Média, Morais (2011) vê o que chama

de “contexto de desesperança”: dificuldades da vida cotidiana, fome, frio (que destrói

a plantação), as revoltas camponesas, a peste negra no século XIV atingiu a

população europeia. Surgem então projeções utópicas, de lugares longínquos, que

representavam o desejo de encontrar um lugar diferente da realidade cotidiana.

Assim, essa outra realidade imaginária existia de forma concreta nas crenças das

pessoas e dirigia a sua maneira de olhar para o desconhecido. Assim, a América

[...] incorporou-se ao imaginário europeu com uma série de atributos que já haviam sido delegados a ela muito antes de ser descoberta. [...] a América já fazia parte do imaginário europeu, representando para Colombo apenas a comprovação de tudo o que havia sido produzido pela sua imaginação. (THEODORO, 1992: p.42 apud MORAIS, 2011)

Outro motivo para isto ocorrer é que, na passagem do século XV para o XVI,

o Velho Mundo (Europa, África e Ásia) tornava-se a cada dia mais conhecido e, com

isso, deixavam de ser o local das representações de lugares imaginários. Neste

contexto, apesar de haver um deslocamento espacial na localização do Maravilhoso,

ele permaneceu vinculado à ideia do mundo desconhecido. É por isso que é na a

América que essas representações poderiam se concretizar: “[...] a localização

atlântica do paraíso atesta que a utopia é geograficamente transferível e que, uma

vez abandonado seu locus originário, é capaz de adquirir novas características e

funções” (GIUCCI, 1992: p.36 apud MORAIS, 2011).

Esta afirmação, apesar de ser específica para o elemento Paraíso também

pode ser aplicada para outros elementos como os aqui estudados.

[...] Certos mapas europeus, da época em que se desenvolviam as viagens marítimas colonialistas, atribuíam fabulosas riquezas minerais às “terras virgens”, procurando, com isso, encorajar e justificar financiamentos às expedições de exploração. Não foi à toa que surgiram lendas falando sobre verdadeiros reinos de ouro, como a do El Dourado, dando origem a inúmeras expedições. Um mapa manuscrito, atribuído à frota inglesa de Sir Walter Raleigh, datado de 1593, mostra a cidade dourada (na Guiana) que os nativos chamavam de Manoa. Outro mapa, do francês Thieiry de Bry, de 1599, feito em lâmina de cobre, mosta o lendário lago Parima, o qual se apresenta povoado por homens decapitados e moças guerreiras – as amazonas. (DUARTE, 2002, p. 22)

Tudo o que inicialmente era visto, era descrito e pintado foi guiado por este

olhar, fosse a vegetação, as águas, as aves e até mesmo seus habitantes.

Smiljanic (2001) traz elementos para analisar o motivo que fez nascer a ideia

de que as Amazonas habitavam as margens de um grande rio da América do Sul.

Salienta a força que teve essa representação que acabou por conferir nome,

primeiro a um rio (Rio das Amazonas) e depois a uma região, que hoje se estende

por nove países da América do Sul.

Os apontamentos desta autora também são muito importantes para

entendermos como, com o passar dos séculos este olhar foi sendo questionado e

abandonado.

Foi através dos relatos do frei franciscano Gaspar de Carvajal, que

acompanhava a viagem de Orellana ao rio Maranhão, em 1532, que a história sobre

o encontro da expedição com as amazonas se espalhou pela península ibérica.

Smiljanic (2001) descreve o relato de Carvajal onde ele não só diz ter ouvido

histórias sobre estas guerreiras como também diz ter visto. Contudo, para a autora,

o que se tem é uma junção de informações que se originaram na literatura Greco-

romana, foram incorporadas ao imaginário europeu e transferidas para o novo

continente.

Ainda, segundo a autora, o Padre Cristovão d’Acuña, que entre 1637 e 1639

acompanhou a viagem Pedro Teixeira do Peru ao Grão-Pará, afirma ter ouvido dos

Tupinambás a história das amazonas. Porém, diferente de Carvajal, ele conta

apenas o que “ouviu dizer”, chegando a questionar se tais mulheres são as famosas

amazonas.

Em 1743, La Condamine, desceu o Rio Amazonas de suas nascentes até a

foz. Seu objetivo era científico: medir a curvatura da terra, bem como verificar a

profundidade e localização dos rios. Mesmo assim, diz que por todos os locais que

passou, perguntou se os índios tinham conhecimento das mulheres guerreiras,

descritas por Orellana e Acunã e, segundo ele, de todos teve resposta positiva.

Apesar disso, La Dondamine diz que só buscou tal informação para saciar a

curiosidade dos leitores e que tal fato só poderia ser considerado verdadeiro

mediante provas empíricas.

Desta maneira a autora mostra como vai ocorrendo a mudança do olhar:

[...] O europeu, que antes preenchia o vazio, isto é, a paisagem natural e humana desconhecida, com o discurso tradicional, agora procura conhecer, catalogar, mostrar o novo. É o declínio da imaginação medieval e a instauração de uma nova forma de compreensão do mundo. [...](SMILJANIC, 2001)

Como foi dito acima, este será apenas o primeiro momento dos europeus na

América.

Cada pedaço de terra ainda desconhecido foi espaço para a fantasia e cada novo rincão descoberto transportou essa fantasias adiante. A mesma operação se repetiu até que a finitude da terra impôs seus limites e fechou as possibilidades de dar vazão à imaginação. O mundo encontrado foi então definitivamente substituído pelo desencanto de um mundo conhecido e mapeado palmo a palmo. (SMILJANIC, 2001)

Contudo o mundo continuou a ser representado através de outras imagens e

estas representações criaram novos pensamentos coletivos.

Mas o encontro com as novas terras estaria por vir e o choque entre o que se “imaginava ser”, tão reforçado pelas literaturas de viagens, com o que “realmente era”, provocaria sensações, criaria novas imagens e, sobretudo, novas práticas dos europeus no Novo Mundo. (MORAIS, 2011)

II - Objetivos da aula

Analisar fontes de informação sobre o Novo Mundo, identificando nelas

elementos do imaginário que aparecem nos livros de viagem de Marco

Polo e Mandeville.

Relacionar como partes do imaginário europeu foi transposto para a

América

III – Iniciando

Professor(a): seria interessante começar por reapresentar a imagem dos

seres imaginários/monstruosos da Idade Média e também a do quadro que mostra,

entre os habitantes da América, um homem com olhos, nariz e boca no peito.

Cefalópode, ciclope, bicéfalos, blemo e cinocéfalos

http://4portasnamesa.blogspot.com.br/2008_05_01_archive.html

Antillanos, acéfalos de América del Sur y brasileños. Grabado perteneciente a Moeurs des sauvages ameriquains, comparées aux de P. Lafitau; 1724

http://www.upf.edu/materials/fhuma/pich/web/pages/tema1/mat1.htm

Lembrando-os que uma das origens desse fenômeno é a literatura e as

crenças difundidas entre as pessoas da época e que permaneceram por muitos

séculos.

Outro exemplo é a próxima imagem que traz serpentes que habitavam o rio

Orenoco, um rio da Venezuela.

One of Sir Walter Raleigh´s men being eaten alive on the Orinoco River by a rather strange-

looking alligator.

http://www.dsloan.com/Auctions/A23/item-gottfried-newe_welt-1655.html

Pode-se então apresentar a terceira imagem que, além de apresentar o

mesmo ser com a cabeça embutida no peito, traz também a representação de uma

Amazona.

(Facsimile) De Bry - 1599. 23. Map of Guinan by Theodore de Bry, 1599. Reproduce…

http://www.davidrumsey.com/luna/servlet/detail/RUMSEY~8~1~203959~3001742:-

Facsimile---De-Bry---1599---23---M

Daí surge um novo questionamento: sabendo que esta imagem é de um local

do continente americano, em qual região eles deveriam estar?

Inicia-se aqui a última atividade desta Unidade Didática.

IV – Atividades

1 – Você vai ler o texto abaixo e depois fazer a sua análise. Antes disso é

preciso saber que Marco Polo e Mandeville também contam sobre a ilha onde só

vivem mulheres. Existem algumas diferenças entre eles, mas, no geral o relato é o

mesmo: existe uma ilha onde só vivem mulheres. Os homens podem apenas visitá-

las. Quando nascem crianças, as meninas podem viver na ilha, já os meninos ficam

até poderem ser entregues para os pais. Marco Polo relata que elas vivem para criar

os filhos, já Mandeville diz que são guerreiras e que vivem numa terra chamada

Amazônia.

O trecho abaixo foi tirado de um artigo, ele mistura um resumo feito pela autora Smiljanic,

com trechos tirados dos escritos do próprio Carvajal

[...] Orellana partiu do Peru com sua comitiva em 1538, por ordem do governador

espanhol Gonzalo Pizarro, em busca do EL Dorado e da canela.

Na primeira aldeia onde pararam, Orellana foi informado por um indígena que

tomasse cuidado com as coniupuiara, grandes senhoras, que os matariam se adentrassem

suas terras. [...]

Em outra aldeia encontram uma praça com uma grande escultura em relevo, onde

figurava, sob dois leões, uma cidade murada com altíssimas torres. Tendo Orellana

perguntado o significado dessa escultura, teria sido informado de que os habitantes dessa

aldeia eram “súditos e tributários das Amazonas”, a quem forneciam penas de pássaros [...]

(CARVAJAL, 1941:51).

Mais adiante, penetram no território dessas, onde são esperados por seus vassalos,

para serem feitos prisioneiros [...] (CARVAJAL, 1941: 58-59).

Sobre as amazonas que teriam avistado ao longe de onde combatiam, afirma “Estas

mulheres são muito alvas e altas, com cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na

cabeça. São membrudas e andam nuas em pelo, tapadas as suas vergonhas, com seus

arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios.[...]” (CARVAJAL, 1941:

60-61)

Após passar a região do ataque, Orellana teve a confirmação de que aquelas

mulheres eram as amazonas, por um índio aprisionado durante o combate e cujo

vocabulário era semelhante a outro que já conhecia [...]

Ao perguntar ao indígena quem eram aquelas mulheres [...] foi informado de que as

amazonas não possuíam maridos e eram em grande número, conhecia cerca de 70 aldeias.

Habitavam casas de pedra com portas. Suas aldeias eram cercadas, ninguém passava sem

pagar tributo. Coabitavam com índios que capturavam em guerras que empreendiam com

esse único propósito. Ao engravidar, descartavam-se desses homens sem fazer-lhes mal

algum. Os filhos do sexo masculino, nascidos dessas relações, eram sacrificados eu

enviados aos pais, enquanto as meninas eram educadas para a guerra. Entre essas

mulheres havia uma, que reinava soberana sobre todas as demais, cujo nome era Conhorí.

Em suas terras havia grandes riquezas em ouro e prata e cinco grandes templos dedicados

ao sol, chamados caranaí equipados com assoalhos e tetos pintados, além de inúmeros

ídolos de ouro e prata com figuras femininas. Andavam com roupas finíssimas, fabricadas

com lã das “ovelhas peruanas”. “Seu trajar é formado por umas mantas apertadas dos

peitos para baixo, o busto descoberto, e um como manto, atado adiante por uns cordões.

Trazem os cabelos soltos até o chão e postas na cabeça coroas de ouro, da largura de dois

dedos.” (CARVAJAL, 1941:67)

Confirmava-se assim a história que teriam ouvido de um índio no início de sua

jornada.

SMILJANIC, Maria Inês. Da “invenção” à “descoberta científica” da Amazônia: as diferentes faces da colonização. Revista Múltipla, Brasília, 6(10), jun. 2001. Disponível em: <http://www.academia.edu/224410/Da_invencao_a_descoberta_cientifica_da_Amazonia_as_diferentes_faces_da_colonizacao>. Acesso em: 20 dez 2012.

Smiljanic, a autora desta pesquisa, analisou o relato escrito por Carvajal e fez

constatações de que muitas das imagens das representações descritas recuperam

elementos da Idade Média. Através das observações feitas por ela, vamos também

analisar este texto, fazendo perguntas para ele:

a) Primeiro vamos identificar semelhanças existentes nesta descrição entre as

Amazonas e o período tradicional medieval (o feudalismo). Para isto, volte a

ler o texto e escreva:

1. Como ele traduz a palavra coniupuiara?

2. Como era a cidade mostrada na escultura exposta na praça?

3. Qual o significado que essa escultura tinha para os habitantes?

4. No território delas, quem esperava para fazer prisioneiros?

5. O que era exigido para passar pela aldeia das amazonas?

6. Em suas terras, o que elas usam na cabeça?

b) Vamos prestar atenção a mais dois detalhes: seria possível, no meio do

Amazonas, encontrar uma escultura de leões? Essas mulheres poderiam ser

muito alvas?

c) Carvajal fez o relato do que aconteceu na viagem de Orellana. É possível

afirmar que Carvajal escreveu tudo exatamente como aconteceu? Explique

sua resposta.

d) O objetivo de Orellana, quando saiu em viajem era encontrar o El Dorado.

Que tipo de riqueza é descrito na terra das amazonas? Isto confirma ou

contradiz a crença na existência do El Dorado? Explique.

e) Qual a sua conclusão sobre o relato de Carvajal?

Observações: professor(a) lembre ao seu aluno que não é uma questão de

dizer se este relato era falso ou verdadeiro, mais sim constatar como as

representações sobre a existência real desses elementos (Amazonas, El

Dorado) influenciaram o contato com a realidade.

Para concluir todo o processo de reflexão sugerimos que os alunos em grupo

selecionem alguns dos mapas estudados relativos à Idade Média e a Idade

Moderna para construírem um mural na classe. Para este mural cada grupo

deverá produzir um texto mostrando as permanências e as mudanças nas

formas de representação do mundo conhecido e desconhecido.

Referências

Duarte, Paulo Araújo. Fundamentos de cartografia. 2ª. ed. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2002. (Série Didática)

MORAIS, Marcus Vinícius de. Utopia, América: a busca dos europeus pelo paraíso e o imaginário. Para entender a história..., [S.l.], Ano 2, Volume ago., Série 10/08, 2011. Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/08/utopia-america-busca-dos-europeus-pelo.html>. Acesso em: 20 dez 2012

SMILJANIC, Maria Inês. Da “invenção” à “descoberta científica” da Amazônia: as diferentes faces da colonização. Revista Múltipla, Brasília, 6(10), jun. 2001. Disponível em: <http://www.academia.edu/224410/Da_invencao_a_descoberta_cientifica_da_Amazonia_as_diferentes_faces_da_colonizacao>. Acesso em: 20 dez 2012.