Fatores de risco nas empresas de abate e processamento de carnes Rosemary Dutra Leão AFT/DSST -...

Post on 17-Apr-2015

104 views 0 download

Transcript of Fatores de risco nas empresas de abate e processamento de carnes Rosemary Dutra Leão AFT/DSST -...

Fatores de risco nas empresas de abate e processamento de carnes

Rosemary Dutra LeãoAFT/DSST - rosemary.leao@mte.gov.br

Florianópolis, 12 de dezembro de 2008

INDIVIDUO EMPRESA

Condições individuais: idade, gênero, experiência...

Organização do trabalho:objetivos, tecnologia, exigências, ambiente físico, tipo de gestão, relações, comunicações...

Doenças, acidentes,..

Aptel, 1993

Estresse

Organização do TrabalhoOrganização do Trabalho

Princípios:Para atingir os objetivos a organização se dota de um conjunto de meios e de homens.

A estrutura da organização será definida em função de seus objetivos e do mercado (ambiente externo)

A organização do trabalho

O trabalho é organizado segundo a organização científica do trabalho (Taylor, Ford…)

Empresas com alta produtividade Separação entre planejamento e

execução Divisão extrema das tarefas Regularidade das pessoas

Características deste tipo de organização Cadência imposta pela produção, trabalho sob

pressão Invariabilidade das tarefas Falta de controle pelo trabalhador sobre o

trabalho (Intensificação do trabalho, falta de autonomia)

Tarefas monótonas, desinteressantes, uniformes

Fragmentação das tarefas Ciclos de trabalho muito curtos (repetitividade)

Estresse

Estresse é uma resposta biológica do organismo a toda solicitação – física, psíquica ou emocional, agradável ou desagradável que exige deste uma adaptação (Prof. Hans Selye, 1936)

Aspectos psicossociaisAspectos psicossociais

O estresse surge da relação entre as pessoas e seu meio ambiente: o indivíduo que na sua globalidade é psíquica e fisicamente indissociável é submetido aos constrangimentos complexos dos ambientes modernos exigindo dele reações cada vez mais adaptadas (J-M de Laroche, 1987).

Faca sem fio

Corte fica ruim

Uso mais força

Começo a me estressar

Produto deteriora

Gasto mais tempo

Menos tempo para afiar

Menos tempo para parar

Acelero meu ritmo

Meus gestos são menos precisos, deixo partes no osso

Eu atraso os outros

Faço mais gestos

INRS,Fr 2004

Fatores mais comuns de estresse Carga de trabalho excessiva;

Tempo insuficiente para completar o trabalho ao próprio contento e ao dos outros;

Condições físicas de trabalho incômoda ou perigosas: temperatura, qualidade do ar, ruído, iluminação, espaços de trabalho...

Falta de uma descrição inequívoca das tarefas a realizar;

Falta de reconhecimento ou recompensa por um bom desempenho profissional;

Insegurança no emprego e rotatividade excessiva;

Falta de cooperação ou apoio de superiores, colegas ou subordinados;

Muitas responsabilidades mas pouca autoridade ou capacidade para tomar decisões;

Falta de oportunidade para utilizar efetivamente talentos ou capacidades pessoais;

Possibilidade de um pequeno erro ou falta de atenção momentânea terem conseqüências graves ou desastrosas;

Estudos que relacionam estresse e DORT Carga física elevada (Hagberg e col. 1995; Silverstein,

1986-87; Morgenstern e col.1991, Malchaire e col. 1996-97);

Exigências mentais elevadas (Theorell e col. 1991; Brusco e Malchaire,1993; Toomingas e col. 1997);

Ritmo elevado de trabalho, pressão de tempo: trabalho repetitivo, rápido, sustentado sem pausas ( Ohlsson e col. 1989; Ekberg e col., 1994-95);

Falta de controle e de autonomia (Swinnen,1997) e Karasek (1979)

Qualidade de vida Qualidade de vida no trabalho é um estado de bem-

estar geral das pessoas em seu ambiente de trabalho. Significação do trabalho (valor do trabalho) Engajamento dos indivíduos

Participação/controle Variedade e desafio Aprendizagem contínua Margem de autonomia Respeito dos superiores/colegas

Condições dos postos de trabalho

O mobiliário não atende às características antropométricas da maioria da população

Problemas relativos às zonas de alcance vertical e horizontal

Espaços de trabalho exíguos Postos planejados para trabalho

exclusivamente em pé

Adoção de posturas extremas

Elevação e manutenção dos braços e

ombros Abdução e adução, pronação, supinação Desvios cúbito-radias Flexões e extensões de pescoço, punhos

e braços...

Nº insuficiente de assentos

Assentos inadequados e sem suporte para os pés ou apoios adequados

Trabalho sobre estrados e plataformas,..

Exigência do uso de força

Manuseios fora da zona de alcance Uso de ferramentas ou equipamentos de

trabalho: exemplo faca Uso de luvas Pegas diversas: pinça, agarre (facas,

produto) Manuseio de pesos: partes das carnes Esforços estáticos: manter em pé,

segurar faca...

A força exercida é funçãoA força exercida é função::

•Da posição do objeto em relação ao corpo (distâncias de alcance);•Do tempo de manutenção (trabalho estático);•Da freqüência;•Do uso de ferramentas (forma, material...)•Do uso de luvas;•Da existência de frio...

As condições ambientais

Temperatura ambiente entre 9 –12º C;

Temperatura do produto 4 a 7º C;

Ruído proveniente das máquinas e materiais > 85 dB(A);

Umidade…

O frio

Estudos Resfriamento das extremidades –

temperatura cutânea da mão Resfriamento trabalhadores câmara

fria X ambientes resfriadosUmidade e contatos frios (perda de

calor)Aquecimento das mãos

Resumo:

O trabalhador não tem nenhum controle sobre o trabalho, as atividades são realizadas em pé, de forma invariável, fragmentadas, repetitivas (ciclos < 30 s), monótonas, com ritmo imposto pela produção, com os contatos sociais limitados, em ambiente frio, ruidoso, insalubre, ocasionando frustração, ansiedade, depressão, fadiga, estresse, DORT, ...

Muito obrigada

rosemary.leao@mte.gov.brCGNOR/DSST/SIT

61 3317 6689

Referências bibliográficas

Lesões dos Membros Superiores por Trauma Cumulativo, J. Malchaire e col. Universidade Católica de Louvain, Bélgica, 1998

Aproche participative par branche, filière viande de boucherie- INRS, França 2003, 2004

Le travail au froid artificiel dans l´industrie alimentaire, M. Aptel, INRS, 1987

L´evaluation des facteurs de risques psychosociaux en entreprise, colloque, IRSST, Michel Vézina, IRSST- Instituto Nacional de Saúde Pública do Quebec, Ca, 2007

O “stress” no trabalho Sal da vida ou morte anunciada? Síntese – Comissão Européia, Luxemburgo, 1999

Sens du travail, santé mentale et engagement organisationnel, IRSST, 2008

Organisations du travail et nouveaux risques pour

la santé des salariés – Elyane Bressol - Relatório adotado pelo Conselho Econômico e Social, França, 2003