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Fatores contribuintes ocupacionais da síndrome do impacto no
ombro Raíssa de Souza Santana
souza_raissa@hotmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós-graduação em Ergonomia – Faculdade Ávila
Resumo
A síndrome do Impacto ou do pinçamento é o termo geral designado de variadas alterações no
ombro que se manifestam por dor e limitação funcional, sobretudo na realização de atividades
acima da cabeça do úmero, a causa mais comum são as tendinites dos músculos do manguito
rotador, que, se não tratadas a tempo, podem levar à ruptura total desses tendões (SOUZA,
2004). A pessoa pode sofrer ao longo dos anos lesões variadas desde grandes traumas até
pequenos. A frequência desses eventos contribui para a cronicidade da lesão. A repercussão
funcional pode resultar num pequeno edema até a ruptura total de músculos do manguito. O
mecanismo de lesão fica por conta do atrito com o acrômio e seu encaixe junto ao osso e
tecidos moles do ombro. Esse mecanismo pode ocorrer nas tarefas da vida diária, lazer ou
profissional. A maioria dos eventos profissionais ocorre pelo uso do membro superior acima da
linha de 90 graus do ombro associado ao transporte manual de cargas acima do Limite
Individual Permitido e que sejam executadas de forma habitual e permanente, sem pausas ou
micropausas.
Palavras-chave: síndrome do impacto, ombro.
1. Introdução
A síndrome do impacto no ombro resulta de variados fatores que resulta em ação
biomecânica de compressão de estruturas moles principalmente os músculos dos
ombros que compõem o manguito rotador. A escápula participa dessa ação quando o
braço é elevado acima de noventa graus na elevação ou flexão. A dor pode estar
presente por causas diversas, uma delas por inflamação da bursa (bursite) que cobre o
manguito rotador ou uma tendinite do próprio manguito. Algumas vezes, uma ruptura
parcial do manguito pode ser a causa da dor.
Segundo Konin, (2006), a síndrome do impacto também pode ser decorrente de maus
hábitos posturais do pescoço e dos membros superiores. A má postura ao sentar (postura
desleixada) resulta em protrusão anterior da cabeça e do pescoço, rotação medial dos
membros e aumento da cifose torácica.
Para Souza, (2001), a etiologia da síndrome do impacto é multifatorial. A área crítica
para compressão ocorre sobre o tendão do músculo supra-espinhal, que se constitui na
estrutura com maior probabilidade de ser afetada, resultando em lesões parciais e totais
ou ainda em calcificações.
O estudo das lesões do ombro deve levar em conta as relações anatômicas de todo o
quadrante superior. Isto se torna cada vez mais fundamental quando se analisa a
biomecânica de uma articulação em relação ás outras. O complexo do ombro pode ser
dividido em cinco articulações, a saber: glenoumeral, umerocoroacromial (supra-umeral
ou subdeltóidea), acromioclavicular e escapulotorácica.
Atualmente, a ergonomia está sendo inserida nos programas de gestão de segurança,
saúde e produtividade das empresas, mudando o sistema de trabalho, adequando as
atividades às características, habilidades e limitações humanas, de forma segura e
eficiente.
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2. Desenvolvimento
2.1 Anatomia do Ombro
As estruturas ósseas do complexo do ombro consistem na escápula, na clavícula e no
úmero. A mobilidade desfrutada pelo membro superior advém em parte das estruturas
conhecidas como cíngulo do membro superior e articulações do ombro, ou mais
precisamente articulações glenoumeral. Para Blandine (2002), o cíngulo do membro
superior é formado, anteriormente por duas clavículas, duas escápulas posteriormente e
pelo esterno anterior e medialmente, sendo estes os ossos responsáveis pela transmissão
de força dos membros superiores para o corpo, que contribui para o movimento do
braço através de ações articulares coordenadas.
Segundo Hall (2003), o ombro é a articulação mais complexa do corpo humano,
principalmente pelo fato de ele incluir quatro articulações básicas glenoumeral,
esternoclavicular, escapulotorácica, acrômioclavicular e coracoclavicular. As
articulações têm duas funções extremamente opostas: permitir o movimento desejado e
restringir o movimento indesejável.
Para Palastanga (2000), todos os músculos do complexo do ombro se originam na
escápula e clavícula são eles: serrátil anterior, elevador da escápula, trapézio, romboide
maior e menor, deltoide, coracobraquial, grande dorsal, peitoral maior e menor e o
manguito rotador.
Fonte: Disponível www.fisioweb.com.br. Acesso em 18/02/2012
Figura 01: Articulação Glenoumeral, Autor: Henry Gray.
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Fonte: Disponível: http://www.auladeanatomia.com.br. Acesso 18/02/2012
Figura 02: Sistema articular-Articulações Sinoviais (Diartroses)
2.2 Biomecânica do ombro
De acordo Konin (2006), a biomecânica é a ciência que estuda o movimento humano
através da análise da física dos sistemas biológicos. O movimento de qualquer
articulação ocorre dentro de um plano imaginário, onde cada plano se projeta em torno
de um eixo é o ponto central no qual uma articulação gira. O movimento humano se
baseia em três planos que se movem em torno de eixos: plano sagital, plano frontal e
plano horizontal ou transversal.
Wilk (2000), ensina que a biomecânica pode ser dividida em forças internas e externas.
As forças internas são compostas pelas forças musculares, articulares e outras forças,
enquanto que as forças externas constituem-se da força da gravidade, da força de reação
no solo e outras. As forças internas relacionam-se com o ato motor e com as cargas
mecânicas executadas pelos membros inferiores, representados pelo estresse, resultado
no desenvolvimento e crescimento das estruturas do corpo.
2.3 Cinesiologia do ombro
O ombro é uma articulação proximal do membro superior é a mais móvel de todas as
articulações do corpo humano. O ombro possui três graus de liberdade, o que lhe
permite orientar o membro superior em relação aos três planos do espaço, graças a três
eixos principais que são o eixo transversal contido no plano frontal, eixo ântero-
posterior contido no plano sagital e o eixo vertical determinado pela intersecção do
plano sagital e do plano frontal. O eixo longitudinal do úmero permite a rotação externa
e interna do braço e do grau de liberdade e só é possível nas articulações triaxiais. Ela
resulta da contração dos músculos rotadores e a rotação automática que aparece sem
nenhuma ação voluntaria nas articulações biaxiais ou ainda nas articulações de três
eixos, quando utilizadas como articulações de dois eixos (KAPAND JI, 1990).
3. Síndrome do impacto no ombro
De acordo Souza (2001), a síndrome do impacto (impingement) ou do pinçamento é
consequência de uma diminuição de espaço, o que leva as estruturas a se comprimirem
umas as outras, ocorrendo no ombro irritação dos tendões do manguito rotador e,
possivelmente, do tendão da cabeça longa do bíceps braquial, quando cruzam sob
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acrômio em uma região conhecida como espaço subacromial. A compressão pode
ocorrer quando a cabeça do úmero estiver insuficientemente estabilizada dentro da fossa
glenóide, durante movimentos ativos do ombro, a disfunção do manguito rotador ou da
cabeça longa do bíceps braquial permite a migração superior excessiva da cabeça do
úmero dentro da fossa glenóide.
A síndrome do impacto ocorre em fases, com consequente evolução, na fase 1, comum
em jovens, podendo ocorrer, no entanto, em qualquer idade, ocorre dor no ombro
relacionada a movimentos repetidos de elevação. Pode ocorrer limitação de mobilidade
e crepitação. Os sintomas na fase 2 são semelhantes. Nessas duas situações, o quadro
pode ser reversível.
Para Molinaro (2000), a síndrome do impacto é semelhante a uma ler/dort, que pode ser
causada pelo excesso de movimentos com ombro em abdução maior do que 90 graus de
amplitude ou por um trauma. Desta forma, não consideramos a síndrome do impacto
como uma doença específica, classificamos como uma de denominação geral de
algumas lesões no ombro, como por exemplo: as tendinites e bursites.
3.1 Mecanismo de lesão da síndrome do impacto no ombro
A síndrome do impacto do ombro é, de modo geral, o resultado do efeito cumulativo
das passagens múltiplas dos tendões do manguito rotador por baixo do arco
coracoacromial. O tamanho relativo do espaço subacromial é, quase sempre, precursor
do processo. A redução no espaço disponível abaixo do acrômio seja por anormalidades
congênitas seja por alterações degenerativas, aumenta a probabilidade de que venham a
ocorrer consequentes danos aos tendões do manguito rotador, como o impacto causado
por um acrômio “recurvado” que pode provocar a fibrose dos tendões do manguito
rotador e, por fim, a redução pronunciada do espaço subacromial (CANAVAN, 2001).
O estudo das lesões do ombro deve levar em contas as relações anatômicas de todo o
quadrante superior. Isto se torna cada vez mais fundamental quando se analisa a
biomecânica de uma articulação em relação às outras.
4. Etiologia da síndrome do impacto no ombro
Segundo Konin (2006), a síndrome do impacto é causada pelo desgaste do manguito
rotador, grupo de músculos do ombro (subescapular, supra-espinhoso, infra-espinhoso e
redondo menor) que cobre a cabeça do úmero e tem grande importância na estabilização
e na amplitude de movimentos do ombro.
Para Neto (2000), causa do impacto pode ser devido a diversos fatores, tais como
variantes anatômicas, traumas, esporões degenerativos, instabilidade articular do ombro,
fraqueza da musculatura da bainha rotatória e hipovascularização do tendão supra-
espinhoso. Atividades ocupacionais e esportivas que requeiram o uso repetitivo do
braço acima da cabeça (carpinteiros, nadadores, arremessadores, pintores e escaladores)
também estão sujeitos à síndrome do impacto, isto porque seus movimentos induzem ao
impacto, uma vez que estão todos esforçando o ombro em graus de maior tensão
muscular do grupo do manguito rotador (importante estabilizador) e de menor espaço
subacromial (90 a 120 graus).
Pode ser também decorrente de maus hábitos posturais do pescoço e dos membros
superiores. A má postura ao sentar (postura desleixada) resulta em protrusão anterior da
cabeça e do pescoço, rotação medial dos membros e aumento da cifose torácica.
A síndrome de uso excessivo na articulação acromioclavicular são frequentemente
condições críticas onde ocorre atividade muscular acima de 90 graus do membro
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superior associada a força e longo duração ou pós-traumáticas. As causas podem ser
movimentos forçado repetido da articulação com braço a nível da cintura, como ao
polir, montar peças na indústria e na construção civil, ou em movimentos repetidos de
extensão diagonal, abdução, e rotação interna, como bloqueio de vôlei.
4. Mecanismo de lesão do ombro do atleta
A maioria das lesões atlética do ombro representa o resultado de uma atividade
repetitiva realizada acima da cabeça e que pode ser classificada como microtraumática
ou resultante de um mecanismo de um mecanismo de uso excesso. O mecanismo
fisiopatológico da impactação, frequente na região avascular vulnerável dos tendões do
supra-espinhoso. O impacto pode resultar em inflamação em outras estruturas como
bíceps e a articulação acromioclavicular, isso se dá pela intima associação anatômica do
ombro com outras regiões. Com o atrito exagerado devido o processo inflamatório,
poderá ocorrer microlacerações e lacerações parciais. Se o processo continua, pode
haver alterações ósseas na articulação acromioclavicular e levar a lacerações completa
do manguito rotador (BRODY,2001).
Os mecanismos de lesões no ombro do atleta ocorrem por meio atraumático e
traumático. Os mecanismos repetitivos, principalmente dos atletas arremsessadores,
praticantes de esportes de não-contato (natação, tênis, e vôlei), são responsáveis por
grande numero de lesões traumática. Os traumas diretos ou indiretos ocorrem
principalmente nos esportes que priorizam o contato físico.
As lesões esportivas podem ser classificadas em agudas e crônicas, sendo que a maioria
das agudas é consequência de acidentes, portanto, involuntária e de rápida instalação.
As lesões crônicas ou de desgaste são causadas no aparelho do sistema músculo
esquelético de sustentação e movimentação que se instalam lentamente, a princípio
despercebidas, e que ao contrário do que acontece com as agudas, apenas em longo
prazo são reconhecidas como perturbações patológicas (ROMPRE; RIEDER, apud
CESAR, 2000).
5. Lesões por esforço repetitivo (LER)-Distúrbios osteomusculares relacionadas ao
trabalho (DORT)
Segundo Rocha (2008), O termo LER/DORT é abrangente e se refere aos distúrbios ou
doenças do sistema músculo-esqulético, principalmente de pescoço e membros
superiores, relacionados ou não, ao trabalho. São um grupo heterogêneo de distúrbios
funcionais e/ou orgânicos que são induzidos mais frequentemente por fadiga
neuromuscular causada por trabalho realizado em posição fixa (trabalho estático) ou
com movimentos repetitivos, principalmente de membros superiores; falta de tempo de
recuperação pós-contração e fadiga devido à falta de flexibilidade de tempo e ritmo
elevado de trabalho. As afecções músculo-esqueléticas relacionadas com trabalho, que
no Brasil tornaram-se conhecidas como lesões por esforços Repetitivos (LER) e/ou
Distúrbios Osteomusculares Relacionada ao Trabalho (DORT) representam o principal
grupo de agravos à saúde, entre as doenças ocupacionais em nosso país. No Brasil, essas
afecções, de acordo com o INSS, é a segunda causa de afastamento do trabalho, gerando
muito sofrimento, incapacidade e longos períodos de afastamento com benefícios e
indenizações (O`NEILL, 2000).
As lesões por esforços repetitivas (LER), atualmente denominadas distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), têm sido consideradas como mal
ocupacional do século, reafirmando tendência de nova epidemia industrial, segundo
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Santos Filho (1998). Trata-se de distúrbios osteomusculares dos membros superiores de
origem ocupacional, decorrentes do uso repetido e, ou forçado de grupos musculares,
bem como de sobrecarga estática da musculatura.
6. Fatores Contribuintes Ocupacionais da síndrome do impacto no ombro
6.1 Fatores Contribuintes Ocupacionais da síndrome do impacto do ombro no
arremessador.
A síndrome do ombro do arremessador representa má adaptação aos estresses
repetitivos de lançar. Embora os sintomas com que o paciente se apresenta sejam
frequentemente atribuíveis ao rompimento ou à tendinite do manguito rotador, há uma
característica de insuficiência ou disfunção do manguito rotador, mudanças no
ligamento glenoumeral, cápsula e bordo que parece predispor à falha no manguito
rotador. Esta má adaptação característica pode ocorrer mesmo com a mecânica “ideal”
de lançamentos. Contudo, certos desvios do “ideal” parecem aumentar o risco de lesão
por uso excessivo. No arremesso, assim como no saque ou cortada, a tarefa biomecânica
fundamental é acelerar a bola. Isso se consegue acelerando primeiro a massa do corpo e,
então, transferindo ímpeto ao membro superior elevado, acelerando a mão e a bola
(GARRICK, 2001).
5.2 Tênis
O tênis é uma modalidade extremamente propensa a desenvolver a Síndrome do
Pinçamento (KAGAN, 1999). Nos jogadores de tênis, assim como no beisebol, a
Síndrome do Pinçamento é provocada pelo excesso de movimentos repetitivos sobre os
rotadores do ombro, a exemplo do saque e outras jogadas que necessitam de grande
aplicação de força e movimentos de grande amplitude. Fato este comparado aos
movimentos de rotação externa relacionados à incidência de síndrome do impacto em
tenistas por Doneux (1998). Montalvan et al. (2002) avaliaram alguns aspectos
associados às lesões do ombro dominante de 150 jogadores veteranos de tênis durante o
campeonato de Roland Garros (França). Através de testes isométricos e exames de
ultra-som no manguito rotador do ombro, os autores observaram deterioração na
cavidade articular do mesmo em aproximadamente 18% dos atletas de 45 anos e 30%
dos atletas acima de 55 anos, principalmente sobre o tendão do supra-espinhoso.
5.3 Basquetebol
O basquetebol se tornou um dos esportes mais populares em o mundo. Possui como
características principais esforços breves e intensos, realizados em diversos ritmos, um
conjunto de saltos, corridas, movimentos coordenados ataque defesa, passes, arremessos
assim sendo um esporte de grande movimentação e coordenação (DAIUTO, 2005).
5.4 Beisebol
O beisebol é um esporte que envolve um arremesso superior, realizado exaustivamente
durante jogos e treinamentos. Durante esse movimento repetitivo, a cintura escapular
está sujeita a uma série de forças de tração e compressão sobre as articulações do ombro
e do cotovelo, principalmente nos arremessadores e, podem determinar doenças
especificas. Tullos, King (2000), relataram que as lesões por excesso de uso dos
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membros superiores são mais frequentes do que as lesões agudas nos jogadores do
beisebol e, pelo menos, 50% de todos os jogadores de beisebol já apresentaram
sintomas de lesões nas articulações do ombro ou do cotovelo, que os impediram de
treinar por tempo variável e indeterminado. Lyman et al. (2002), realizaram
recentemente, um estudo prospectivo, onde avaliaram 476 jovens jogadores de beisebol
com idade média de 12 anos e constataram aproximadamente 52% de lesões crônicas no
ombro nos arremessadores deste esporte.
7. Fatores contribuintes dos distúrbios osteomusculares nos ombros dos colhedores
de café
Os distúrbios osteomusculares nos ombros dos colhedores de café podem estar
relacionados às atividades laborais, o que ocorre devido o uso excessivo dos membros
superiores. Associado este fato, agrega-se o fato de os ganhos serem por produtividade
individual, o que reforça ainda mais o risco de surgimento de danos osteomusculares,
pois, a presença de esforços repetitivos ou de posturas isométricas, durante longos
períodos, pode levar a esses danos. O conhecimento da atividade e da relação homem-
trabalho ajuda na melhoria da qualidade de vida laborativa, pois, deficiências podem ser
amenizadas por meio de mudanças no local de trabalho e de posturas, ou mesmo
orientação aos trabalhadores de como desenvolverem suas atividades laborativas. A
articulação mais utilizada para a realização da colheita de café é o ombro, que conduz o
cotovelo e a mão. (FEHLBERG, 2001).
8. Fatores contribuintes dos distúrbios osteomusculares nos ombros dos
trabalhadores da Construção Civil
Na Indústria da Construção Civil é uma das que apresenta as piores condições de
segurança e saúde, em nível mundial. A construção civil consiste em atividades que
demandam grande esforço físico ao trabalhador, devido a uma rotina de ritmo pesado e,
na maioria das vezes, em circunstâncias inadequadas, sem pausas e com condições
mínimas de trabalho. No cenário brasileiro a construção civil é um dos setores mais
dinâmicos da economia e, ao mesmo tempo, um dos que apresenta maiores desafios
para a saúde pública, especificamente para a saúde do trabalhador (LACERDA, 2006).
Um dos maiores problemas que afeta a saúde do trabalhador são as lesões
musculoesqueléticas ligadas ao trabalho, que são patologias que se manifestam por
alterações a nível muscular, tendões, nervos, ligamentos, cartilagens, as regiões de
maior acometimento no corpo e funções laborais desempenhadas por trabalhadores da
construção civil mais susceptíveis a lesões (OLIVEIRA,1997).
A construção civil agrega trabalhadores responsáveis pela preparação de terreno,
construção de edifícios, construção de obras de engenharia civil, obras de infraestrutura
para engenharia elétrica e de telecomunicações. Nessas áreas o trabalhador exerce
atividades como limpeza e preparação do local, cavar buracos, operar ferramentas
elétricas, máquinas, carga e descarga dos materiais de construção, mistura e colocação
de concreto, fixações, serragem de madeira, montagem de estruturas, confecção de
telhado, mistura de argamassa, reboco e demolição (Latza et. al, 2000). Em algumas
áreas de atuação não é possível à automação do serviço, submetendo os trabalhadores à
manipulação e transporte manual de cargas pesadas e manutenção de posturas por
tempo prolongado. Desta forma, apesar de sua constante evolução, a construção civil
consiste em atividades que demandam grande esforço físico ao trabalhador, devido a
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uma rotina de trabalho de ritmo pesado e na maioria das vezes em circunstâncias
inadequadas, sem pausas e com condições de trabalho mínimas (Alves et. al,2003).
Essas condições precárias de trabalho no setor da construção civil aumentam ainda mais
o impacto na saúde do ser humano, submetendo os trabalhadores a fatores de risco tais
como, posturas incorretas, peso excessivo, movimentos repetitivos, vibração nas mãos,
braços e todo o corpo. Além disso, fatores individuais (peso corporal, alterações
biomecânicas e idade) e fatores psicossociais (pequeno índice de treinamento,
ferramentas pouco específicas, tempo de trabalho e satisfação profissional) também
podem representar fatores de risco para lesões musculoesqueléticas (OLIVEIRA, 1997).
8. Fatores contribuintes dos distúrbios osteomusculares do ombro da dona de casa
Particularmente nas donas de casa, os hábitos de estender roupas em varais altos, pegar
objetos em armários altos ou mesmo pegar suas bolsas deixadas no banco de trás do
carro, obrigam a um movimento de alavanca contra resistência, fazendo com que ocorra
um atrito entre o tendão do grupo muscular denominado manguito dos rotadores e a
articulação acrômio clavicular, causando micro ou macro traumatismo.
Conforme menciona Yeng, Teixeira e Barbosa (1998, p. 65) os fatores de risco
associados a LER / DORT incluem a repetição dos movimentos, vibrações, uso de força
incompatível com as necessidades das tarefas, posturas incorretas, ergonomia
inadequada e solicitações cumulativas do aparelho locomotor. A falta de repouso
adequado, o discondicionamento dos aparelhos cardiovascular e locomotor, além do alto
grau de estresse e insatisfação no ambiente de trabalho, social e familiar, são fatores
complementares que contribuem para a gênese ou perpetuação dos sintomas.
9. Fatores contribuintes dos distúrbios osteomusculares do ombro nos
trabalhadores do corte de cana-de-açúcar
O setor agroindustrial da cana de açúcar é um dos mais antigos do país, está ligado aos
principais eventos da formação histórica do Brasil. Trazida para o Brasil no período
Colonial, a cana-de-açúcar tornou-se uma importante fonte de renda e deu origem ao
ciclo econômico do açúcar. As primeiras lavouras de cana-de-açúcar foram instaladas
na capitania de Pernambuco, estendendo-se para o Sul através do litoral. Além do
açúcar, são extraídos da cana vários tipos de álcool (ALCOPAR, 2009).
Segundo Vilas Boas e Dias (2008), estima-se que no Brasil, apenas nas atividades de
corte de cana-de-açúcar estejam envolvidos aproximadamente 335 mil trabalhadores.
Estes trabalhadores desenvolvem atividades no corte de cana-de-açúcar, que herdam
traços do período de colonização, onde a mão-de-obra utilizada para o cultivo da cana e
a produção de açúcar era escrava.
Segundo Alves (2008), o corte de cana é realizado ao ar livre, sob o sol, com o
trabalhador equipado com uma vestimenta composta de botas com biqueira de ferro,
calças de brim, perneiras de couro até o joelho contendo três barras de ferro frontais,
camisa de manga comprida, chapéu, lenço no rosto e pescoço, óculos e luvas de raspa
de couro. Esta vestimenta, os equipamentos e a realização do trabalho sob o sol levam a
um elevado dispêndio de energia, perda de água e sais minerais, o que por si só são
elementos deletérios à saúde. Por esse motivo algumas usinas já levam ao campo e
distribuem entre os trabalhadores soro, por via oral, e, em alguns casos, suplementos
energéticos. Algumas usinas afirmam tratar-se apenas de soro caseiro, uma mistura de
sal e açúcar em água. Outras usinas dizem que além de sal e açúcar, o soro contém
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potássio e outros sais minerais, além de substâncias que dão cor e sabor, tornando o soro
uma espécie de refresco (ALVES, 2008).
Segundo Alves (2008) estes trabalhadores submetidos a longas jornadas de trabalho,
sob o sol e trajando essa vestimenta e tais equipamentos, sofrem também de dores no
corpo (lombalgias), e vários são acometidos de lesões sérias nas articulações, as quais
podem ser consideradas LER (Lesão por esforço repetitivo). Neste sentido, muitos
acabam acometendo-se de automedicação para não diminuir o rendimento ou perder o
dia de trabalho. Buscando amenizar o desgaste físico causado pelo trabalho, o gasto de
energia no trabalho deve ser convenientemente reposto com descansos regulamentares,
ao longo da jornada e ao seu término, e com ingestão de uma dieta equilibrada,
compatível com o desgaste físico executado e prática de outros exercícios físicos, que
compensem o excesso de alguns, durante o trabalho (ALVES, 2008).
A atividade, no setor canavieiro, apresenta riscos ocupacionais com gravidades
variáveis. Em meio aos processos de trabalhos evolvidos na produção de açúcar, um dos
aspectos de alto risco ocupacional refere-se às más posturas adotadas durante o período
de trabalho, bem como ao uso inadequado de ferramentas, equipamentos, produtos
químicos e ao próprio ambiente de trabalho. As posturas adotadas pela Ergonomia e
Engenharia de Segurança do trabalho costumam ser analisadas tendo como foco
principal os riscos a que os trabalhadores estão sujeitos. Principalmente a carga física
demandada em virtude dos esforços realizados pelo trabalhador. Essas cargas podem
alterar o desempenho funcional, provocar distúrbios posturais e o aparecimento, a curto
e/ou longo prazo de patologias recorrentes (MONTEIRO; ADISSI, 2000).
10. Fatores contribuintes dos distúrbios osteomusculares do ombro do soldador
A ocorrência de distúrbios musculoesqueléticos tem sido associada ao trabalho de
soldagem a partir das queixas frequentes dos trabalhadores aos profissionais de saúde
(HERBERTS e KADEFORS, 1976; WIKER, CHAFFIN e LANGOF, 1989).
O trabalho do soldador é reconhecido como um trabalho que exige grande esforço e que
representa risco para o profissional. É até mesmo considerado símbolo de tal tipo de
trabalho, visando a ser, em vários países, objeto de pesquisas que buscam identificar os
elementos responsáveis tanto pelo esforço como pelo risco enfrentados pelos
soldadores. Profundamente ligado ao tipo de processo de soldagem empregado, o tipo
de risco a que o soldador está submetido é definido, geralmente, com base em dados
ambientais ou estudos de posturas de trabalho. No Rio Grande do Sul, as comunicações
de Acidente de trabalho – CATs já foram utilizadas, também, como para apontar suas
possíveis causas: os acidentes do tipo impacto sofrido – que acontece quando um objeto
é o agente do impacto e atinge o trabalhador – contribuíram para 40% dos acidentes
registrados com soldadores nos anos de 1996 e 1997, levando à sugestão de que a
desorganização do posto de trabalho fosse possível causador deste tipo de acidente, ou
ainda, que pudessem ocorrer em consequência de dores de cabeça, tonturas e estresse
resultante de intoxicação por fumos de soldagem (GOLDMAN, 2000).
Ainda, levando em conta, juntamente com as condições de trabalho em contratadas nos
posto de soldagem, também contínuo desenvolvimento tecnológico, pode-se considera
dois pontos de vistas ao vislumbrar o futuro da profissão de soldador: um, de que
trabalho manual está se tornando obsoleto a partir das estratégias de racionalização da
indústria atual; outro, de que o recurso humano se torna cada vez mais importantes para
a indústria novos paradigmas da produção (KADEFORS, 2001).
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A seguir figuras que exemplificam as situações de maior risco de impacto:
Fonte: http://wwwrevistafundacões.com.br
Fonte: http://wwwbrasildiario.com.br Fonte:http://www ciacbahia.com.br
Fonte: Disponivel: http://www2.uol.com.br/revistadovolei/imagens.shtm
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CONCLUSÃO:
A síndrome do impacto refere-se à redução do espaço subacromial nos movimentos de
abdução ou flexão conjuntamente à rotação interna, levando os tecidos comprometidos
neste espaço a ficarem comprimidos, atritando e impactando a bursa, os tendões do
manguito rotador entre a cabeça do úmero e teto osteoligamentar coroacromial ou
acrômio.
As modalidades esportivas que envolvem movimentos excessivos da articulação do
ombro (principalmente abdução e rotação medial e lateral), devem receber especial
atenção por parte dos técnicos, a fim de minimizar a ocorrência desta lesão. Nas
modalidades competitivas com grande exigência de movimentos das articulações do
ombro, o fortalecimento e o estímulo proprioceptivo das estruturas musculares anexas
ao complexo do ombro, devem receber uma atenção especial, a fim de prevenir a
interrupção do treinamento, que é comum neste tipo de lesão.
Os fatores de risco decorrem de: longas jornadas; condições inadequadas; movimentos
repetitivos, posturas isométricas; falta de percepção dos riscos; diversidade do trabalho;
desenvolvimento da atividade por questão de sobrevivência e por falta de opção;
ausência de treinamentos; falta de perspectiva profissional.
REFERÊNCIAS
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em medicina do esporte. 1 ed. São Paulo: Roca, 2004.
ALVES, Francisco. Processo de trabalho e danos à saúde dos cortadores de cana. 2008.
Disponível: http://www.interfacehs.sp.senac.br/br/artigos.asped=8&cod_artigo=145> .
Acesso em 16/01/2012.
ALCOPAR. Associação de produtores de álcool e açúcar do estado do Paraná. Histórico
da cana-de-açúcar. Disponível em <http://www.alcopar.org.br/produtos/hist_cana.php>.
Acesso em 06/01/2012.
BRODY L. T; Hall C.M, Exercício Terapêutico na busca da função. 1 ed. Rio de
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acidentes de trabalho em zona rural. Revista Saúde Pública, 2001. Disponível em: www.
fsp.usp.br/rsp. Acesso em: 11 de nov. 2012.
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