Post on 20-Sep-2018
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
1
TERRITÓRIOS GLOBAIS - EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA E
INTERNET
Jorge Ricardo da Costa Ferreira jr.ferreira@fcsh.unl.pt
e-Geo Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Av. Berna 26 C 1069-061 Lisboa
Telef. 21 7908300 Fax. 21 7908308
Resumo
De acordo com os últimos dados da ONU, a população da terra está a crescer a um ritmo
demasiado elevado. Dos cinco mil milhões em 1987, para mais de seis mil milhões em 2007 e,
em 2050, mais de 9 mil milhões. Ainda segundo a Agência das Nações Unidas para a
População (UNFPA), em 2007 a população urbana já atingia os 50% da população mundial.
O acentuado crescimento demográfico far-se-á sentir sobretudo nos continentes Africano e
Asiático onde, apenas numa geração, o seu crescimento acumulado duplicará. Isso significa
que, daqui a 23 anos nas maiores cidades do mundo, viverão 80% dos habitantes do planeta.
O mundo vira-se assim para as cidades, asfixiando-as num insuportável ritmo de crescimento
urbano onde, por vezes, várias cidades se juntam numa, tornando-se aglomerações de escala
regional.
As razões que levam as cidades a um tão elevado crescimento são múltiplas. A sociedade da
informação poderá ser um dos factores responsáveis. Se há uns anos se pensava que esta traria
uma diminuição da densidade populacional das cidades, devido a factores resultantes de
mudanças como o téle-trabalho ou a diminuição do número de deslocações entre o local de
trabalho e as periferias, tais pressupostos não se vieram a verificar. A globalização poderia ser
outro dos factores explicativos, uma vez que as cidades e as regiões estão a competir por
recursos humanos, pela captação de investimento e pela imagem através do marketing
territorial.
A globalização e a regionalização representam ambos os lados da mesma medalha,
reflectindo-se na economia, na cultura e no contexto sócio-político das grandes potências
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
2
mundiais. Ambas as tendências devem ter, logicamente, expressão na Internet. De facto, além
dos domínios de topo associados ao código de cada país (.pt para Portugal, .fr para França.
etc.) começa a ser sentida uma enorme necessidade de criar um novo tipo de domínios, quer
regionais quer, inclusivamente ao nível das cidades. Estes representariam um conjunto de sub-
domínios associados quer a nomes completos, quer a abreviaturas de cidades.
Este paper tem assim como objectivos: (i) Observar, para alguns países, o cenário de
crescimento demográfico; (ii) Quantificar com base em metodologias de análise da Geografia
da Internet, a espacialização territorial do endereçamento IP (Internet Protocol) através do
número de hosts por domínios de topo (número de dispositivos on-line); (iii) Questionar a
correlação entre deste indicador com a dinâmica demográfica de alguns territórios; (iv)
Reflectir sobre as propostas para novas designações de domínios de topo
(.eu, .asia, .nyc, .sg, .berlim, etc. ) que representariam comunidades políticas, económicas e/ou
culturais de inquestionável relevância.
Keywords: Geografia da Internet, População, Demografia, Sociedade da Informação,
Disseminação da Informação.
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
3
INTRODUÇÂO
As cidades estão entre as maiores comunidades humanas e autoridades regionais existentes.
Obviamente que existem países como a China ou a Índia onde a população ultrapassa um
bilião de pessoas. No entanto também existem países como Andorra, Barbados ou Maldivas
onde a população não chega a 100.000 habitantes. De facto, as comunidades hierarquizam-se
de acordo com o número de habitantes, independentemente da sua importância geopolítica.
Cidades como Tóquio, Nova York, Xangai ou Londres encabeçam os rankings porque têm
mais habitantes que alguns países. Londres, por exemplo, tem uma população superior à da
Holanda e Tóquio ultrapassa o Canadá. Observa-se que existem apenas 400 cidades no mundo
com mais de um milhão de habitantes, no entanto e segundo uma projecção da ONU, em 2010,
mais de metade da população habitará em grandes metrópoles, o que acontecerá pela primeira
vez na história da demografia. Este valor era de 48,7% em 2005.
O desenvolvimento da sociedade moderna, bem como a evolução tecnológica, tem
providenciado o contexto ideal, para que a grande rede mundial, tal como a população, se
expanda a um ritmo exponencial. O crescimento urbano e a evolução de dispositivos cada vez
mais portáteis que permitem a navegação na Internet, tem também impelido o crescimento da
rede em todo o mundo. Vive-se agora uma revolução da informação, onde a Sociedade da
Informação determina quem está presente e ausente no grande cenário económico-social.. A
fome, as doenças e o combate pelo poder alimentam os conflitos, continuando a existir países
onde a Internet é proibida como forma de limitar a liberdade de expressão. Esta info-exclusão
forçada com vista a limitar a disseminação da informação determina diferenças ainda maiores
no desenvolvimento das populações, agravando o seu estado de pobreza profunda e fazendo
aumentar ainda mais os problemas demográficos da população
Mais do que analisar a demografia, este paper tenta auxiliar-se dela para enquadrar a temática
principal: a evolução da Sociedade da Informação e a explosão demográfica da Internet. Em
todo o mundo a disseminação da informação evolui no caminho do conhecimento. O numero
de computadores ou outros dispositivos mais ou menos integradores de tecnologias, colocam-
se ao serviço do cidadão.
1. A Explosão Demográfica Populacional
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
4
A população mundial tem crescido no decorrer da história em função de uma maior taxa de
natalidade em relação à taxa de mortalidade. No início da Era Cristã a população humana
correspondia a 250 milhões de habitantes; chegou a 500 milhões em 1650; atingindo 1 bilião
em 1850; ultrapassou os 2 biliões em 1950; chegou a 5,6 biliões em 1995; e ultrapassou os 6
biliões de habitantes nos primeiros anos do século XXI.
Esses números mostram que, no início, a população levou alguns séculos para duplicar,
depois duplicou em duzentos anos. A seguir, duplicou em apenas cem anos e voltou depois a
duplicar em cerca de 50.
Analisando a marcha de crescimento populacional, podemos distinguir duas fases: (i)
crescimento lento: até o séc. XVII, em função da inexistência de condições sanitárias
adequadas, guerras, epidemias, etc., a taxa de mortalidade era elevada; (ii) Crescimento rápido:
compreende principalmente, um período mais modesto; os séculos XVII e XIX e
acentuadamente na segunda metade do séc. XX, em função dos avanços científicos e da
melhorias das condições higiénico-sanitárias. Nesse período, o mundo deparou-se com um
vertiginoso crescimento populacional, denominado explosão demográfica. O crescimento
acelerado da população, embora tenha sido um processo mundial, tem-se concentrado
principalmente nos países em vias de desenvolvimento e, em particular, nas cidades.
De acordo com o último relatório da Agência das Nações Unidas para a População (UNFPA,
2007), a população da Terra está a crescer descontroladamente. De acordo com o Relatório
“State of World Population 2007”, a população passou de 5.000 milhões em 1987 para 6.500
milhões em 2007. Este valor representa um aumento populacional de cerca de 30% em 20
anos. Em 2050 a população ultrapassará os 9.000 milhões de habitantes.
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
5
Gráfico 1 – Evolução da População Mundial (UFPA, 2007).
No entanto, a relevância destes dados é diminuta, quando comparados com o crescimento da
população urbana. Em 2007, a percentagem de população urbana correspondia a cerca de 50%
do total da população. O mesmo relatório mostra que em 2010, essa tendência demográfica
urbana continuará a crescer.
A evolução no número de grandes metrópoles tem-se assumido como uma das grandes
tendências da demografia mundial, quer em países desenvolvidos, quer em países em
desenvolvimento. Importa, por isso, analisar a evolução demográfica dos catorze países que
apresentavam em 2007 os maiores aglomerados urbanos (Estados Unidos, México, Brasil,
Argentina, Egipto, Paquistão, Rússia, Índia, China, Bangladesh, Indonésia, Filipinas, Japão e
Coreia do Sul). A análise desses aglomerados far-se-á um pouco mais à frente.
Do conjunto de países em análise, em 1950 eram apenas quatro, aqueles cuja população era
superior a 100 milhões de habitantes (Rússia, Estados Unidos da América, Índia e China).
9,3
7,9
7
4,5
3
2,5
6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1950 1960 1980 2000 2015 2025 2050
Milhões
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
6
Mapa 1 – População no ano de 1950.
Em 1975, o número de países já ascendia a oito e no ano 2000, o seu número já era de dez.
Mapa 2 - População no ano de 2000.
Russia
China
Brazil
United States
India
Argentina
Mexico
Egypt
PakistanJapan
Indonesia
Bangladesh Philippines
South Korea
0 2.500 5.0001.250 Km
´< 20 000 000
20 000 001 - 30 000 000
30 000 001 - 100 000 000
100 000 001 - 250 000 000
> 250 000 000
Russia
China
Brazil
United States
India
Argentina
Mexico
Egypt
PakistanJapan
Indonesia
Bangladesh Philippines
South Korea
0 2.500 5.0001.250 Km
´< 100 000 000
100 000 001 - 250 000 000
250 000 001 - 750 000 000
750 000 001 - 1 000 000 000
> 1 000 000 000
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
7
Em 2050 dos catorze países analisados, doze já terão uma população superior a 100 milhões
de habitantes.
Mapa 3 - População no ano de 2050.
De referir ainda que, em 2050, serão dezanove os países a ultrapassar a faísca dos 100
milhões de habitantes. Os sete países (fora do grupo de países analisados) embora registem
um elevado número de habitantes, apresentam uma percentagem de população urbana mais
baixa (Nigéria, República Democrática do Congo, Etiópia, Vietname, Irão, Iémen e Uganda).
Analisa-se de seguida a evolução das dezanove maiores metrópoles, que se situam nos catorze
países analisados (com excepção da Turquia e Nigéria). Incluem-se em alguns destes países,
mais de uma metrópole. São os casos da China (Pequim e Xangai), a Índia (Bombaim e Nova
Deli), O Japão (Tóquio e Osaka) e os Estados Unidos (Nova York e Los Angeles).
Em 1950 existiam apenas cinco cidades com mais de cinco milhões de habitantes e apenas
uma superior a dez milhões. Algumas como o Cairo, Carachi ou Jacarta ou Manila não
ultrapassavam um milhão de habitantes. Apenas uma cidade, Nova York tinha mais de dez
milhões de habitantes.
Russia
China
Brazil
United States
India
Argentina
Mexico
Egypt
PakistanJapan
Indonesia
Bangladesh Philippines
South Korea
0 2.500 5.0001.250 Km
´< 100 000 000
100 000 001 - 250 000 000
250 000 001 - 1 000 000 000
1 000 000 001 - 1 250 000 000
> 1 250 000 000
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
8
Mapa 4 - População no ano de 1950.
No ano de 2000 e face à dinâmica demográfica mundial, o crescimento dos valores de
população das metrópoles mundiais era inquestionável. Todas as cidades em análise tinham
mais de oito milhões de habitantes, sendo que dezasseis, já superavam os dez milhões.
Mapa 5 - População no ano de 2000.
Rio de Janeiro
Buenos Aires
Los Angeles
Mexico City
Sao Paulo
Istanbul
Shanghai
Calcutta
New YorkBeijing
Tianjin
Karachi
Jakarta
BombayManila
Tokyo
Osaka
Cairo DelhiDhaka
Lagos
0 2.500 5.0001.250 Km
´
100.000
1.000.000
5.000.000
10.000.000
Lagos
DhakaDelhi
Cairo
Osaka
Tokyo
ManilaBombay
Jakarta
Karachi
TianjinBeijing
New York
Calcutta
Shanghai
Istanbul
Sao Paulo
Mexico City
Los Angeles
Buenos Aires
Rio de Janeiro
0 2.500 5.0001.250 Km
´
15.000.000
20.000.000
25.000.000
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
9
Face às previsões demográficas para 2015 (não estão disponíveis previsões para 2050), todas
as cidades em análise terão mais de dez milhões de habitantes e sete já deverão superar os
vinte milhões: Nova York, Cidade do México, São Paulo, Bombaim, Nova Deli, Seul e
Tóquio, que deverá estar muito próximo dos 30 milhões de habitantes. Estas cidades
compreendem de uma forma geral um aglomerado central e um conjunto de cidades ou vilas
vizinhas.
Mapa 6 - População no ano de 2015.
Observando agora a evolução graficamente, verifica-se que apesar do crescimento
demográfico das metrópoles desde 1950, observa-se também um decréscimo na evolução dos
números quando se compara o período 2000-2015 com os períodos anteriores.
Lagos
Dhaka
Delhi
Cairo
OsakaTokyo
ManilaBombay
Jakarta
Karachi
TianjinBeijing
New York
Calcutta
Shanghai
Istanbul
Sao Paulo
Mexico City
Los Angeles
Buenos Aires
Rio de Janeiro
0 2.500 5.0001.250 Km
´
15.000.000
30.000.000
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
10
Gráfico 2 – Evolução da população em algumas metrópoles mundiais (UNFPA, 2007)
Entre os países onde se localizam estas cidades, e com excepção da Índia, Argentina, Brasil
Estados Unidos da América, Coreia do Sul, México, Rússia e Japão, tem uma percentagem de
população urbana superior a 65%.
Gráfico 3 – Percentagem de população urbana (UNFPA, 2007).
0
5
10
15
20
25
30
Tóq
uio
Dac
a
Bom
baim
São
Pau
lo
Nov
a D
eli
Cid
ade
do M
éxic
o
Nov
a Y
ork
Jaca
rta
Cal
cutá
Car
achi
Los
Ang
els
Xan
gai
Bue
nos
Aire
s
Man
ila
Peq
uim
Cai
ro
Osa
ka
Seu
l
Mos
covo
Pop. 1950Pop. 1975Pop. 2000Pop. 2015
Milhões
90
85
81 81
77
73
6664
50
43 42
36
2926
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Arg
entin
a
Bra
sil
Est
ados
Uni
dos
Cor
eia
do S
ul
Méx
ico
Rus
sia
Japã
o
Fili
pina
s
Indo
nési
a
Egi
pto
Chi
na
Paq
uist
ão
Indi
a
Ban
glad
esh
Internet Systems Consortium, Inc. (ISC),
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
11
É nestes países, que se tem verificado também um crescimento notável do número de
dispositivos ligados à grande rede global (número de hosts por domínios de topo). Em termos
práticos, esse número poder-se-á expressar através do número de servidores on-line ou de
páginas presentes na World Wide Web.
2. A Sociedade da Informação e a Demografia da Internet
O desenvolvimento da sociedade moderna e a evolução tecnológica têm providenciado o
contexto ideal para que a grande rede mundial da Internet (tal como a população) se expanda
a um ritmo exponencial. O crescimento urbano e a evolução de dispositivos cada vez mais
portáteis que permitem a navegação na Internet, tem impelido o crescimento da rede em todo
o mundo. Este crescimento pode ser expresso de várias formas: (i) número de utilizadores
Internet; (ii) número de bytes (Peta/Terabytes) quantificados nas redes mundiais; (iii) número
de páginas disponíveis na Internet; (iv) número de servidores (Hosts) por Domínio. O último
indicador será neste momento o mais utilizado nas estatísticas de evolução da Internet.
Cada computador ou dispositivo ligado à Internet, de forma temporária ou permanente, têm
um número original que não se repete, o endereço IP (por exemplo o número 193.136.113.4).
Um host faz-se representar por um endereço IP. De uma forma muito simplificada, pode
afirmar-se que o IP expressa a demografia dos territórios globais e dos seus cidadãos na
Sociedade da Informação.
Estes hosts são, no entanto, de difícil quantificação devido aos sistemas de segurança
(firewalls). Face a isso, é provável que o seu crescimento possa ser subestimado, na medida
em que os sistemas de segurança assumem uma cada vez maior expressão. No passado
recente um host correspondia apenas a um computador, mas com o desenvolvimento do
“hosting virtual”, uma só máquina pode simular vários hosts (endereçamentos) ou domínios.
Em Janeiro de 2006 existiam 395 milhões. Esta evolução demostra um crescimento anual de
cerca de 38%.
Devido à dificuldade de memorização desses números para abrir uma determinada página na
World Wide Web, foi criado o Domain Name System (DNS), que torna possível a associação
entre o endereço numérico e um determinado nome.
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
12
A projecção global de um endereço Internet, bem como ao seu impacto económico e social é
enorme. O uso combinado de domínios geográficos de nível superior (CcTLD – Country
Code Top Level Domain - .pt, .es, .fr) e de domínios organizacionais/genéricos de nível
superior (gTLD – generic Top Level Domains -.com, .net, .org, .info) é actualmente, um dos
melhores indicadores, quer para avaliar o potencial de crescimento económico, quer (por
vezes) para captar o crescimento populacional de uma região ou de uma cidade.
Quanto à sua distribuição, os domínios de topo referentes a cada país (CcTLD) cresceram
cerca de 30% (é neste tipo de domínios de topo que se encontram os subdomínios .edu e .gov
também eles muito importantes em termos de crescimento); os domínios de topo genéricos
cresceram cerca de 43%.
Gráfico 4 – Número total de hosts mundiais.
Em Janeiro de 2006, mais de 240 milhões de hosts encontravam-se sob domínios de topo
genéricos, sendo o .net e o .com os mais representados com cerca de 170 milhões e 69
milhões, respectivamente. Do total mundial, 121 milhões pertenciam a domínios de topo de
países da OCDE. O maior número de hosts pertencia, por domínio de topo, ao Japão (.jp) com
25 milhões; a Itália (.it) detinha cerca de 11,2 milhões de hosts; a Alemanha (.de) com 9,9
Internet Systems Consortium, Inc. (ISC),
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
13
milhões; a Holanda (.nl) com 7,3 milhões; a França (.fr) com 6,9 Milhões; a Austrália (.au)
com 6 milhões e o Reino Unido (.uk) com 5,8 milhões; os Estados Unidos (.us) detinham
apenas 2,44 milhões.
Parece não haver qualquer relação entre o número de habitantes de um país e o seu número de
hosts, no entanto em relação à correlação entre o número de hosts e a evolução do
crescimento demográfico urbano, o mesmo já não se poderá afirmar. Tendo em conta a
impossibilidade de contabilizar os hosts por domínios nas cidades, uma vez que como se sabe,
a localização do endereçamento IP é muito difícil, é ainda assim possível quantificar o
número de hosts por domínio de topo de cada país.
3. O Crescimento Urbano e a Explosão Demográfica da Internet
Tendo como ponto de partida o mesmo universo de países analisados anteriormente (catorze
países que apresentavam em 2007 os maiores aglomerados urbanos - Estados Unidos, México,
Brasil, Argentina, Egipto, Paquistão, Rússia, Índia, China, Bangladesh, Indonésia, Filipinas,
Japão e Coreia do Sul) foram quantificados o seu número de hosts para seis datas (Janeiro de
1998, 2000, 2002, 2004, 2006 e 2007). O Bangladesh, face ao seu muito reduzido número de
hosts não tem representação gráfica.
Ao contrário da população, os censos da Internet são relativamente recentes. Mas neste caso,
as suas projecções, impossíveis de fazer. Os quase dez anos de dados (1998-2007) já
permitem uma avaliação significativa, estabelecendo-se estes como serie temporal
comparativa em relação ao período 1950- 2000 dos dados de população
Em 1998, apenas o Japão e os Estados Unidos tinham mais de um milhão de hosts registados.
Seis países registavam um número de domínios entre os 10.000 e os 100.000 (Brasil, Russia,
México, Argentina, China e Indonésia). Nos restantes países, o número de hosts era insipiente.
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
14
Mapa 7 – Número de hosts por domínio em 1998.
Em 1998, nos catorze países em análise, o número de hosts por domínio de topo era de,
aproximadamente 2.7 milhões. Em 2007 existiam cerca de 56 milhões de domínios de topo
geográficos. Cerca de 10% do total de todos os domínios de topo (geográficos e genéricos).
Japão
South Korea
Russia
China
Brazil
India
United States
Argentina
MexicoEgypt
Pakistan
Indonesia
Philippines
Km0 2.500 5.000
´
1.000
10.000
50.000
100.000
1.000.000
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
15
Mapa 8 – Número de hosts por domínio em 2007.
Em Janeiro de 2007, o Japão já ultrapassava a barreira dos 30 milhões de hosts (um aumento
de cerca de 5 milhões num só ano), o Brasil e o México já tinham mais do que 5 milhões de
hosts registados sobre os domínios de topo geográficos. Entre um milhão e os dois milhões e
meio de domínios aparecem a Índia, a Argentina, a China, os Estados Unidos e a Russia.
JapãoSouth Korea
Russia
China
Brazil
India
United States
Argentina
Mexico Egypt
Pakistan
Indonesia
Philippines
Km0 2.500 5.000
´
10.000
100.000
10.000.000
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
16
Gráfico 5 – Número de hosts em Janeiro de 2007.
Em termos relativos, doze dos catorze países tiveram acréscimos de mais de 2.500% no
número de hosts entre 1998 e 2007. Sete dos países analisados, tiveram crescimentos
superiores a 5.000%. Quatro, superiores a 10.000%. De notar que o Bangladesh é o único país
com valores absolutos muito baixos.
Mapa 9 – Evolução dos domínios de topo entre 1998 e 2007.
Japão
South Korea
Russia
China
Brazil
India
United States
Argentina
Mexico Egypt
Pakistan
Indonesia
Philippines
Km0 2.500 5.000
´
Evolução % Hosts(1998 - 2007)
10
50
100
0
5
10
15
20
25
30
35
Hosts 2007 30841523 7422440 6697570 2353171 2026166 1933919 1837050 1684958 304113 257671 243663 98147 89063 350
Japão (.jp) Brasil (.br)México (.mx)
Russia (.ru) EUA (.us) China (.cn)Argentina
(.ar)India (.in) Coreia
Indonésia (.id)
Filipinas (.ph)
Paquistão (.pk)
Egipto (.eg)Bangladesh
(.bd)
Milhões
Internet Systems Consortium, Inc. (ISC),
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
17
De todos os países em análise, apenas a Coreia do Sul e os Estados Unidos da América
registaram valores de crescimento relativos muito mais baixos, “apenas” 149% e 88%
respectivamente. Estes valores devem-se ao elevado crescimento dos domínios de topo
genéricos nestes países (em especial o .com).
Gráfico 6 – Evolução percentual do n.º de hosts entre 1998 e 2007.
Dos 14 países com as 19 cidades mais populosas do mundo, 8 pertencem ao grupo dos 25
países que em Janeiro de 2007 detinham o maior número de registos de domínios de topo
geográficos (universo aproximado de 260 países).
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Bangla
desh
(.bd
)
India
(.in)
Méx
ico (.
mx)
China
(.cn)
Argen
tina
(.ar)
Paquis
tão
(.pk)
Brasil
(.br
)
Filipina
s (.p
h)
Egipto
(.eg
)
Indo
nésia
(.id)
Japã
o (.jp
)
Russia
(.ru
)
Coreia
EUA (.us
)
%
Internet Systems Consortium, Inc. (ISC),
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
18
Gráfico 7 – N.º de hosts em Janeiro de 2006 e 2007.
4. A Criação de Domínios de Topo para as Cidades e Regiões
Os domínios de topo geográficos estão a captar audiências cada vez mais globais. Nos últimos
anos, são muitos os organismos que têm demonstrado vontade de regular o uso de domínios
de topo geográficos para regiões, cidades e comunidades que demostrem alguma dimensão
económica, demográfica ou comunitária.
Antes destes grupos anunciarem a sua intenção para a criação dos seus TLDs, a entidade
reguladora da Internet negligenciou comunidades, cidades e regiões durante mais de uma
década. A países mais pequenos (com populações na ordem dos 10.000 habitantes) como as
Ilhas Cook ou Tuvalu, foram concedidos TLDs pelo Internet Corporation for Assigned Names
and Numbers (ICANN). Mas não há nenhuma grande comunidade “natural” à qual tenha sido
concedido o direito ao uso de um TLD - uma megalópolis ou uma região com alguns milhões
de habitantes. De facto, além dos domínios de topo como o .com ou .edu, começa a ser
sentida uma enorme necessidade de criar um novo tipo de domínios, quer regionais, quer
inclusivamente, ao nível de cidades. Este tipo de domínios de Internet seriam um conjunto de
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
Japã
o
Itália
Ale
man
ha
Fra
nça
Hol
anda
Aus
trál
ia
Bra
sil
Méx
ico
Rei
no U
nido
Pol
ónia
Tai
wan
Can
adá
Fin
lând
ia
Bél
gica
Sué
cia
Esp
anha
Din
amar
ca
Sui
ça
Nor
uega
Rus
sia
Aus
tria
Est
ados
Uni
dos
Chi
na
Arg
entin
a
Índi
a
Hosts - Jan. 2006
Hosts - Jan. 2007
Internet Systems Consortium, Inc. (ISC), 2007.
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
Japã
o
Itália
Ale
man
ha
Fra
nça
Hol
anda
Aus
trál
ia
Bra
sil
Méx
ico
Rei
no U
nido
Pol
ónia
Tai
wan
Can
adá
Fin
lând
ia
Bél
gica
Sué
cia
Esp
anha
Din
amar
ca
Sui
ça
Nor
uega
Rus
sia
Aus
tria
Est
ados
Uni
dos
Chi
na
Arg
entin
a
Índi
a
Hosts - Jan. 2006
Hosts - Jan. 2007
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
35.000.000
Japã
o
Itália
Ale
man
ha
Fra
nça
Hol
anda
Aus
trál
ia
Bra
sil
Méx
ico
Rei
no U
nido
Pol
ónia
Tai
wan
Can
adá
Fin
lând
ia
Bél
gica
Sué
cia
Esp
anha
Din
amar
ca
Sui
ça
Nor
uega
Rus
sia
Aus
tria
Est
ados
Uni
dos
Chi
na
Arg
entin
a
Índi
a
Hosts - Jan. 2006
Hosts - Jan. 2007
Internet Systems Consortium, Inc. (ISC), 2007.
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
19
sub-domínios associados quer a nomes completos, quer a abreviações de cidades. Exemplos
como .berlim, .nyc ou .lx.
Os domínios de topo citadinos transformar-se-ão, mais cedo ou mais tarde, numa realidade,
podendo servir como elementos de equilíbrio entre o regional e o global, no comércio, na
economia ou simplesmente como elementos de ligação social e/ou cultural. Permitirão ainda
observar a dinâmica de crescimento da rede, permitindo a georreferenciação dos domínios de
uma forma mais precisa e rigorosa.
O(s) mapa(s) da geografia da Internet e nomeadamente a distribuição dos domínios de topo
passaria assim a contar com uma escala regional e/ou local, como complemento da escala
apenas nacional.
CONCLUSÂO
Parece não haver qualquer relação entre o número de habitantes de um país e o seu número de
hosts por domínio. No entanto, parece existir uma correlação entre o crescimento demográfico
de algumas áreas urbanas e o crescimento da Internet. Esta afirmação é válida para
determinados patamares de desenvolvimento sócio-económico.
O crescimento acelerado das grandes aglomerações urbanas mundiais são responsáveis por
um grande aumento do número de domínios de topo geográficos. Está rapidamente a atingir-
se a saturação de algumas redes e só a evolução tecnológica da própria estrutura poderá
ultrapassar os constrangimentos do aumento da disseminação da informação.
A entidade reguladora da Internet – ICANN – continua a negligenciar comunidades, cidades e
regiões. Se foram concedidos domínios de topo geográfico a países pequenos, porque não
estender isso a outro tipo de circunscrições geográficas?
A existência de novas designações de domínios de topo (.eu, .nyc, .sg, .berlim, etc.) permite a
projecção de comunidades políticas, económicas e/ou culturais e é também fundamental para
a afirmação dos territórios. A existência de diferentes escalas de uma geografia dos espaços
VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
20
virtuais seria útil para uma melhor compreensão do fenómeno da disseminação da informação
sobre o território.
Poderá pois afirmar-se, que o crescimento da Internet será um reflexo da explosão
demográfica mas também uma variável demonstrativa do crescimento urbano.
BIBLIOGRAFIA:
United Nations Population Fund (2007) State of World Population – Unleashing the Potential
of Urban Growth.
Japan Center for Economic Research (2006) World Economic & Population Outlook 2006-
2050.
United Nations Population Division (2001) World Urbanization Prospects: The 2001 Revision.
CircleID (2001) City Identifiers on the Net: A closer Look.
Páginas consultadas na Internet (entre Janeiro de 2007 e Outubro de 2007):
http://www.mapsofworld.com/cities/japan/index.html
http://www.mapsofworld.com/cities/
http://tigger.uic.edu/~rjensen/populate.htm
http://www.nationmaster.com/index.php
http://www.un.org/esa/population/publications/wup2001/WUP2001report.htm
http://www.census.gov/ipc/www/idb/country/bgportal.html
http://www.photius.com/rankings/world2050_rank.html
http://www.census.gov/ipc/www/idb/summaries.html
http://www4.plala.or.jp/nomrax/TLD/
http://www.circleid.com/posts/city_identifiers_net_tld/
http://www.freesearching.com/domainnamecode.htm
http://icannwiki.org/Urban_Identity_by_City_Top-Level-Domains
http://www.norid.no/domenenavnbaser/domreg.html
http://www.isc.org/index.pl