Post on 14-Jul-2020
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL
BACHARELADO EM DESIGN
ISABELA RIBEIRO DA SILVA RENAN SEITI TAKESHITA
ESTUDO PRELIMINAR PARA O REDESIGN DE UM BALANÇO INFANTIL PARA TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CURITIBA 2015
ISABELA RIBEIRO DA SILVA RENAN SEITI TAKESHITA
ESTUDO PRELIMINAR PARA O REDESIGN DE UM BALANÇO INFANTIL PARA TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL
CURITIBA 2015
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação do Curso Bacharelado em Design do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial - DADIN - da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Orientadora: Profª Ana Claudia Camila Veiga de França. Coorientadora: Profª Christiane Maria Ogg Nascimento Gonçalves Costa
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Curitiba Diretoria de Graduação e Educação Profissional Departamento Acadêmico de Desenho Industrial
TERMO DE APROVAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Nº 117
“ESTUDO PRELIMINAR PARA O REDESIGN DE UM
BALANÇO INFANTIL PARA TERAPIA DE INTEGRAÇÃO
SENSORIAL” por
ISABELA RIBEIRO DA SILVA
RENAN SEITI TAKESHITA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 24 de junho de 2015 como requisito parcial para a obtenção do título de BACHAREL EM DESIGN do Curso de Bacharelado em Design, do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Os alunos foram arguidos pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que após deliberação, consideraram o trabalho aprovado. Banca Examinadora: Prof(a). Dr. Alexandre Vieira Pelegrini DADIN - UTFPR
Prof(a). Dra. Cindy Renate Piasseta Xavier Medeiros DADIN - UTFPR
Prof(a). Msc. Ana Cláudia Camila Veiga de França Orientador(a)
DADIN – UTFPR
Prof(a). Esp. Adriana da Costa Ferreira Professor Responsável pela Disciplina de TCC DADIN – UTFPR
CURITIBA / 2015
“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de registrar aqui a nossa gratidão a todos aqueles que
contribuíram para a elaboração deste trabalho.
À Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pela oportunidade de
crescimento profissional e pessoal que nos foi dada ao longo do curso.
Às terapeutas Laís Della Giustina Czelusniak, Carolina Scherner Spizewski e
Larissa Marques Bindo, por toda atenção, orientação, parceria e apoio, nestes
meses de realização do projeto.
À nossa professora orientadora Ana Claudia Camila Veiga de França e nossa
coorientadora Christiane Maria Ogg N. Gonçalves da Costa, por terem se
disponibilizado e se dedicado à proposta desde o início de maneira tão
incentivadora.
À professora Sandra Sueli Vieira Mallin, por ter compartilhado conosco suas
riquíssimas referências sobre tecnologia assistiva.
Aos responsáveis pela modelaria, Francisco Ferreira Santos e Alessandro
Ellenberger, pela incomparável prestatividade e pelas valiosas sugestões.
A nossos familiares e amigos, pelo carinho e torcida de sempre.
“A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação
à felicidade que fizermos para os outros.” (Allan Kardec)
RESUMO
SILVA, Isabela Ribeiro da; TAKESHITA, Renan Seiti. Estudo Preliminar para o Redesign de um Balanço Infantil para Terapia de Integração Sensorial. 2015.
109f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso Superior de Bacharelado em Design. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2015. Considerando o potencial de contribuição do Design na resolução de problemas
sociais, este trabalho se propõe ao redesign de um balanço infantil para Terapia de
Integração Sensorial. O balanço é um equipamento já existente no mercado,
destinado ao estímulo das funções sensório-motoras - das noções de equilíbrio,
estabilidade e coordenação - bem como ao fortalecimento do tônus muscular, em
crianças com a chamada Disfunção Integrativa Sensorial. Em geral em decorrência
de deficiências como a Síndrome de Down, a Paralisia Cerebral, o Transtorno de
Déficit de Atenção e o Autismo, crianças com essa disfunção têm uma maior
dificuldade na adaptação ao ambiente comum, devido ao baixo desenvolvimento de
determinadas funções cerebrais. A proposta consiste na criação de um protótipo que
ofereça versatilidade no atendimento às necessidades do público-alvo, segurança,
leveza, ludicidade e custo reduzido. Para isso, tem-se como ponto de partida uma
pesquisa exploratória, com levantamento bibliográfico, visita a uma clínica de
Terapia Ocupacional especializada na Terapia de Integração Sensorial, testes de
usabilidade de diferentes balanços e entrevistas com profissionais da área. A partir
de então, foram desenvolvidas alternativas, mock-up e, por fim, o modelo funcional
escolhido. Ao final, testes junto aos usuários permitiram esboçar considerações
relevantes quanto aos resultados do projeto.
Palavras-chave: Design. Balanço infantil. Terapia de Integração Sensorial.
ABSTRACT
SILVA, Isabela Ribeiro da; TAKESHITA, Renan Seiti. Preliminary Study for the Redesign of a Children's swing for Sensory Integration Therapy. 2015. 109f. Final Year Reseach Project - Bachelor in Design. Federal Universty of Technology - Paraná, Curitiba, 2015.
Considering the potential contribution of Design in solving social problems, this paper aims the challenge of redesigning a children's swing for Sensory Integration Therapy. The swing is an equipment that already exists on the market, used for stimulating of sensory-motor functions - notions of balance, stability and coordination - as well as to strengthen muscle tone in children with Sensory Integrative Dysfunction. Generally due to disabilities such as Down Syndrome, Cerebral Palsy, Attention Deficit Disorder and Autism, children with this disorder have more difficulty adapting to the common environment, because of a low development of certain brain functions. The goal is to create a prototype that offers versatility in meeting the needs of the user, safety, lightness, playfulness and reduced cost. For this, we have as a starting point an exploratory research, done with literature search, visits to an Occupational Therapy clinic specialized in Sensory Integration Therapy, usability tests on different swings and interviews with professionals. From then on, alternatives, mock-up and, at last, the chosen functional model were developed. Finally, tests with users allowed us to make relevant considerations about the project results.
Keywords: Design. Children's swing. Therapy Sensory Integration.
LISTA DE IMAGENS
FIGURA 1 - CURSUM" CARRINHO DE BEBÊ PARA CADEIRANTES .................... 10 FIGURA 2 - DIVERSÃO: BALANÇO "LIBERTY SWINGS" ....................................... 10 FIGURA 3 - DESIGN PARA INCLUSÃO ................................................................... 11 FIGURA 4 - CUBO DE RUBIK PARA DEFICIENTES ............................................... 11 FIGURA 5 - BALANÇO CONCHA ............................................................................. 12 FIGURA 6 - PLANADOR SUSPENSO ...................................................................... 13 FIGURA 7 - REDE DE EQUILÍBRIO ......................................................................... 13 FIGURA 8 - PLATAFORMA SWING ......................................................................... 14 FIGURA 9 - PLATAFORMA CIRCULAR ................................................................... 14 FIGURA 10 - AIRWALKER ........................................................................................ 15 FIGURA 11 - PNEU BALÃO ...................................................................................... 15 FIGURA 12 - REDE ................................................................................................... 16 FIGURA 13 - DISCO FLEXOR .................................................................................. 16 FIGURA 14 - ROLO VESTIBULADOR ...................................................................... 16 FIGURA 15 - ROLO SUSPENSO .............................................................................. 17 FIGURA 16 - FROG SWING ..................................................................................... 17 FIGURA 17 - BALANÇO PRINCIPAL SEM BOIA ..................................................... 20 FIGURA 18 - BALANÇO PRINCIPAL COM BOIA ..................................................... 21 FIGURA 19 - DETALHE DO BALANÇO PRINCIPAL ................................................ 22 FIGURA 20 - DETALHE 2 DO BALANÇO ................................................................. 22 FIGURA 21 - MATERIAL DE ESCALADA ................................................................. 23 FIGURA 22 - DISCO FLEXOR .................................................................................. 24 FIGURA 23 - USO DO VELCRO ............................................................................... 25 FIGURA 24 - USO DO VELCRO ............................................................................... 25 FIGURA 25 - TAPETE DA PLATAFORMA SUSPENSA ........................................... 26 FIGURA 26 - CORDA AMARRADA À PAREDE ....................................................... 26 FIGURA 27 - SOFÁ-CAMA-BALANÇO ..................................................................... 36 FIGURA 28 - BALANÇO CESTO .............................................................................. 37 FIGURA 29 - BALANÇO CORDAS ........................................................................... 38 FIGURA 30 - BASE DE COMPENSADO MULTILAMINADO .................................... 39 FIGURA 31 - DIFERENTES FORMAS E POSSIBILIDADES .................................... 40 FIGURA 32 - BALANÇOS COM PORTAS ................................................................ 41 FIGURA 33 - MÓDULOS COM VELCRO.................................................................. 41 FIGURA 34 - TAPETES COM TEXTURA ................................................................. 42 FIGURA 35 - ALMOFADAS DE DIFERENTES TAMANHOS .................................... 43 FIGURA 36 - BALANÇOS "UP" ................................................................................. 44 FIGURA 37 - FILME "UP" .......................................................................................... 44 FIGURA 38 - BALANÇO PISCINA DE BOLINHAS ................................................... 45 FIGURA 39 - BASE EM FORMA DE CAIXA ............................................................. 46 FIGURA 40 - CHAPAS DE COMPENSADO VAZADAS............................................ 47 FIGURA 41 - BOLINHAS COM VELCRO.................................................................. 48 FIGURA 42 - CORTE E COLAGEM DO PAPELÃO .................................................. 49 FIGURA 43 - PORTA ................................................................................................ 49 FIGURA 44 - FITA ADESIVA .................................................................................... 50 FIGURA 45 - ESTRUTURA DE ARAME ................................................................... 50 FIGURA 46 - MOCK-UP MONTADO NA CLÍNICA.................................................... 51
FIGURA 47 - CORTE NA SERRA VERTICAL .......................................................... 53 FIGURA 48 - RECORTE INTERNO DAS PEÇAS EM CNC ...................................... 54 FIGURA 49 - RECORTE DOS CÍRCULOS E ARCOS EM CNC ............................... 54 FIGURA 50 - FURAÇÃO LATERAL .......................................................................... 55 FIGURA 51 - RECORTE EM 3 PARTES................................................................... 55 FIGURA 52 - UNIÃO DAS 3 PEÇAS ......................................................................... 56 FIGURA 53 - TUBOS DE PVC .................................................................................. 56 FIGURA 54 - RETIRADA DAS REBARBAS .............................................................. 57 FIGURA 55 - SELANTE ............................................................................................ 57 FIGURA 56 - LIXA FINA ............................................................................................ 58 FIGURA 57 - PARAFUSADEIRA MANUAL ............................................................... 58 FIGURA 58 - FIXAÇÃO COM PARAFUSOS ............................................................. 59 FIGURA 59 - ELEVAÇÃO DA BASE ......................................................................... 59 FIGURA 60 - CAIXA COM A BASE ........................................................................... 60 FIGURA 61 - REVESTIMENTO COM ESPUMA ....................................................... 60 FIGURA 62 - MARCAÇÃO DAS MEDIDAS NO TECIDO.......................................... 61 FIGURA 63 - MÁQUINA DE COSTURA.................................................................... 61 FIGURA 64 - CAIXA ENCAPADA ............................................................................. 62 FIGURA 65 - PORTA REVESTIDA COM ESPUMA .................................................. 62 FIGURA 66 - COSTURA DO CORANO .................................................................... 63 FIGURA 67 - DOBRADIÇA ....................................................................................... 63 FIGURA 68 - TRAVA PARA A PORTA ..................................................................... 64 FIGURA 69 - ACABAMENTO DAS PEÇAS CIRCULARES ...................................... 64 FIGURA 70 - COLAGEM DAS PEÇAS CIRCULARES ............................................. 65 FIGURA 71 - RECORTES DE CORANO PARA ....................................................... 66 FIGURA 72 - FAIXAS DE VELCRO .......................................................................... 66 FIGURA 73 - TECIDOS TEXTURIZADOS ................................................................ 67 FIGURA 74 - ALMOFADA "BANQUINHO" ................................................................ 67 FIGURA 75 - ESTRUTURA DE MADEIRA ................................................................ 68 FIGURA 76 - TECIDO COM BOLINHAS ................................................................... 68 FIGURA 77 - FIXAÇÃO COM PARAFUSOS ............................................................. 69 FIGURA 78 - UNIÃO DOS ARCOS COM ARAME .................................................... 69 FIGURA 79 - RECORTE DE TECIDOS .................................................................... 70 FIGURA 80 - BOLINHAS PREENCHIDAS COM FIBRA SILICONADA .................... 70 FIGURA 81 - BOLINHAS COM VELCRO.................................................................. 71 FIGURA 82 - TECIDO COM VELCRO E BOLINHAS COSTURADAS ...................... 71 FIGURA 83 - EXTREMIDADE COM A PASSAGEM DA LINHA ................................ 72 FIGURA 84 - EXTREMIDADE COM AS CORDAS ................................................... 73 FIGURA 85 - NÓ TIPO "PESCADOR" ...................................................................... 73 FIGURA 86 - NÓ TIPO "FORCA" .............................................................................. 74 FIGURA 87 - BALANÇO SUSPENSO ....................................................................... 74 FIGURA 88 - NÓ "VOLTA DE ANETE" ..................................................................... 77 FIGURA 89 - TESTE DE USO 1 ............................................................................... 80 FIGURA 90 - TESTE DE USO 2 ............................................................................... 80
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - ANÁLISE SINCRÔNICA.......................................................................18 QUADRO 2 - LISTA DE FERRAGENS......................................................................99 QUADRO 3 - ORÇAMENTO DO PROJETO............................................................100
LISTA DE SIGLAS
CNC Comando Numérico Computadorizado EVA Espuma Vinílica Acetinada IS Integração Sensorial MDF Medium Density Fiberboard ONG Organização Não Governamental PR Paraná PVC Policloreto de Vinila TDAH Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade TEA Transtorno de Espectro Autista
LISTA DE ABREVIATURAS
cm Centímetros
kg Quilos
m Metros
mm Milímetros
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 6 1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 6 1.1.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 6 1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 6 1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 7 2 ANÁLISE DO PROBLEMA DE DESIGN ................................................................. 8
2.1 DESIGN INCLUSIVO ............................................................................................ 8 2.2 ANÁLISE SINCRÔNICA ...................................................................................... 12 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 28 3.1 O DESIGN CENTRADO NO USUÁRIO .............................................................. 28 3.2 O BALANÇO NA TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL ............................. 28 3.3 INTEGRAÇÃO DOS SENTIDOS ......................................................................... 31 3.4 O BRINQUEDO TERAPÊUTICO......................................................................... 33 3.5 CUSTO DO PRODUTO X NECESSIDADE ......................................................... 33 4 CONCEITUAÇÃO DO PROJETO .......................................................................... 34 4.1 PÚBLICO-ALVO .................................................................................................. 34 4.2 REQUISITOS DO PROJETO .............................................................................. 34 5 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 36
5.1 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ......................................................................... 36 5.2 ALTERNATIVA ESCOLHIDA E CHECK LIST DOS ELEMENTOS DA
CONCEITUAÇÃO ............................................................................................... 45 5.3 MOCK-UP DA ALTERNATIVA ESCOLHIDA ...................................................... 48 5.4 MATERIAIS, MEIOS DE PRODUÇÃO E MODELO FUNCIONAL....................... 52 5.4.1 Modelo funcional montado ............................................................................... 72 5.5 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS .......................................................................... 75 5.5.1 Desenho Técnico e Quadro de Ferragens ....................................................... 75 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 76 6.1 Análise do produto com usuários ........................................................................ 76 6.1.1 Forma ............................................................................................................... 76 6.1.2 Função ............................................................................................................. 77 6.1.3 Aspecto simbólico............................................................................................. 78 6.1.4 Ergonomia ........................................................................................................ 78 6.1.5 Uso ................................................................................................................... 78 6.2 Cenas de uso ...................................................................................................... 79 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 81 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 83
APÊNDICE A - RELATÓRIO DA ENTREVISTA A .................................................... 87 APÊNDICE B - DESENHO TÉCNICO ....................................................................... 90 APÊNDICE C - QUADRO DE FERRAGENS ............................................................ 99 APÊNDICE D - ORÇAMENTO DO PROJETO ........................................................ 100
5
1 INTRODUÇÃO
Tendo em vista o problema da Disfunção Integrativa Sensorial1, que atinge
crianças com Síndrome de Down, Paralisia Cerebral, Autismo, Transtorno de Déficit
de Atenção com Hiperatividade, e ainda outras crianças que apresentam
características da disfunção não decorrentes de nenhumas das situações anteriores,
optou-se pelo tema do Design de Equipamento para Deficientes, apresentando
como proposta o redesign de um balanço infantil para Terapia de Integração
Sensorial. Como explicam Carlo e Bartalotti (2001), a Disfunção Integrativa
Sensorial torna difícil a adaptação da criança ao ambiente comum, devido a um
baixo desenvolvimento de determinadas funções cerebrais. Ainda segundo as
autoras, é possível, no entanto, estimular o desenvolvimento dessas funções
recorrendo à Terapia de Integração Sensorial, que, através do uso de uma
variedade de equipamentos e atividades, promove maior equilíbrio, estabilidade e
coordenação, e beneficia também o tônus muscular. A terapia age por meio da
multiplicidade de estímulos sensoriais e um dos principais aparelhos nela utilizados
é o balanço, que exige um bom padrão de flexão e contribui fortemente para o
desenvolvimento das funções sensório-motoras.
A partir do problema acima descrito, como seria possível desenvolver um
balanço capaz de melhor atender às necessidades das crianças na terapia, em
comparação com os produtos já existentes no mercado? E, ainda, como torná-lo um
produto com melhor custo-benefício?
1 "A disfunção da IS, denominada disfunção integrativa sensorial (sensory integrative dysfunction),
também equivalente a desintegração sensorial, disfunção psicomotora ou dispraxia, sugere que as relações entre o psiquismo e a motricidade não se operam funcionalmente na produção de comportamentos adaptativos, daí resultando uma dissociação, uma desconexão, uma disfunção ou uma perturbação comportamental. Tal disfunção vai exigir claramente do indivíduo mais esforço atencional e mais reforço motivacional para realizar as respostas adaptativas cotidianas, e haverá também, por inerência, menos sucesso e menos satisfação experiencial" (FONSECA, 2008, p.333).
6
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Desenvolver o redesign de um balanço infantil para Terapia de Integração
Sensorial.
1.1.2 Objetivos Específicos
1.Realizar pesquisa sobre a Disfunção Integrativa Sensorial e a Terapia de
Integração Sensorial.
2.Realizar pesquisa com profissionais da área, familiares e usuários.
3.Estudar as particularidades das crianças que fazem uso da Terapia de
Integração Sensorial.
4.Estudar o funcionamento do balanço como ferramenta da Terapia de
Integração Sensorial.
5.Avaliar quais as possibilidades de inovação em relação aos balanços já
existentes no mercado.
6.Analisar os materiais e processos que possibilitem a melhor relação custo-
benefício na confecção do produto.
7.Desenvolver projeto e protótipo de um balanço infantil para Terapia de
Integração Sensorial que possibilite um melhor e mais versátil atendimento às
necessidades dos usuários, com custo reduzido.
8.Realizar testes do produto com o público-alvo, para avaliação dos
resultados.
1.2 JUSTIFICATIVA
A proposta tem por base, em primeiro lugar, a análise da possibilidade de
confecção de um balanço para terapia que melhor atenda às necessidades dos
7
usuários, oferecendo múltiplas combinações de estímulos, para se adequar a cada
caso, além de maior leveza e segurança.
Por outro lado, a constatação da baixa acessibilidade ao produto devido ao
seu alto custo. De acordo com pesquisa dos produtos disponíveis no mercado, os
preços variam entre R$350, no caso dos equipamentos mais simples, e R$1000,
aproximadamente.
Pensando em como o Design pode contribuir na resolução de problemas
sociais, propõe-se com este projeto o desenvolvimento de um novo balanço infantil
para Terapia de Integração Sensorial, com um diferencial nas vantagens oferecidas
e como alternativa aos produtos de alto custo hoje existentes.
1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa realizada teve caráter exploratório, com a finalidade de conhecer
os vários aspectos envolvidos na utilização do balanço na Terapia de Integração
Sensorial. Inicialmente, foi feito um levantamento bibliográfico, com coleta de dados
referentes à Terapia e aos balanços existentes no mercado, seguida da visita a uma
clínica de Terapia Ocupacional que trabalha com o atendimento a crianças na
cidade de Curitiba-PR, além de testes de usabilidade dos balanços, para uma
observação participativa do seu funcionamento. Foram também realizadas
entrevistas semiestruturadas com profissionais da área, com o objetivo de
compreender melhor a Disfunção Integrativa Sensorial e como a Terapia contribui
para o desenvolvimento neurológico da criança.
A partir de então, utilizando-se como parâmetro o Consultório de Terapia
Ocupacional, foi realizado um levantamento antropométrico entre as crianças em
terapia, para análise dos seus perfis. Com isso, foi colocada em prática a geração de
alternativas, seguida da seleção destas, para a elaboração do protótipo de balanço
infantil para a Terapia de Integração Sensorial. Por fim, foram realizados testes de
uso do produto com o público-alvo, bem como a avaliação por profissionais da área,
cuidadores e familiares.
8
2 ANÁLISE DO PROBLEMA DE DESIGN
2.1 DESIGN INCLUSIVO
Enquanto atividade que permite gerar soluções que melhorem a experiência
das pessoas com o meio em que vivem, o design traz consigo a responsabilidade de
identificar problemas nos mais variados aspectos desta experiência e usar os
recursos de que dispõe para promover o bem-estar na vida dos usuários (SILVA,
2012).
Neste sentido, é indispensável levar em consideração a prática do Design
Inclusivo, voltado para o atendimento das necessidades das pessoas em toda a sua
diversidade física e cognitiva. Ono (2006, p.99) defende esta ideia ao afirmar que “O
design industrial, apesar de vincular-se, desde a sua gênese, ao conceito de
‘padrão’, tem como papel fundamental atender o mais amplamente possível as
necessidades das pessoas, traduzindo as funções requeridas pelas mesmas nos
objetos”.
Uma das ramificações dessa prática é o design para pessoas com
deficiência. Vale citar a definição do termo “deficiência”, encontrado no capítulo 29
do livro "Ergonomia" onde os autores Jean-Claude Sperandio e Gerard Uzan
referenciam a Organização Mundial de Saúde, que a conceitua como “toda perda de
substância ou alteração de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou
anatômica, temporária ou permanente” (FALZON, 2007, p.35).
Este campo do Design encontra apoio em autores como Victor Papanek, que
propõe o “Design para ensino e dispositivos de treinamento para pessoas deficientes
ou desabilitadas” como uma das seis categorias prioritárias no campo de atuação do
design. Um dos argumentos do autor é o de que o designer tem a responsabilidade
social e moral de refletir sobre outras perspectivas sociais, culturais e ambientais,
para tornar-se mais consciente das necessidades de cada indivíduo (WANDERLEY,
SANTOS, 2012).
O Design Inclusivo tem se difundido com a percepção de que as pessoas
por ele beneficiadas não são apenas casos especiais com necessidades especiais,
mas indivíduos cujas necessidades devem ser observadas e incorporadas a cada
9
estágio do Design. Assim, ganha força uma visão mais esclarecida de que não são
simplesmente as especificidades físicas ou cognitivas de uma pessoa que a fazem
deficiente, mas, principalmente, as atitudes sociais e a qualidade do Design
contribuem para isso, promovendo a sua inclusão ou exclusão (COLEMAN, DONG,
CASSIM, 2007).
Trata-se de uma reflexão crucial, pois “a inclusão social das pessoas com
deficiências significa torná-las participantes da vida social, econômica e política,
assegurando o respeito aos seus direitos” (KRÜGER, FERREIRA, BARCELLOS,
2013, p 3).
O design de equipamentos para pessoas com deficiência faz parte também
do que hoje é conhecido como Tecnologia Assistiva, uma área que abrange todos os
dispositivos e serviços desenvolvidos para oferecer às pessoas com deficiência uma
maior qualidade de vida, com melhorias no que se refere à sua habilidade de
aprendizado, mobilidade, comunicação, interação social, produtividade, às suas
capacidades funcionais e independência de modo geral (MALLIN, 2001).
São classificados como dispositivos de tecnologia assistiva quaisquer
equipamentos, peças ou sistemas cuja função seja manter ou aperfeiçoar a
capacidade funcional da pessoa com deficiência. Serviços de tecnologia assistiva,
por sua vez, são todos aqueles que permitem à pessoa com deficiência selecionar,
adquirir ou usufruir de dispositivos com essa tecnologia (MALLIN, 2001). Dentre tais
serviços, estão o projeto e a adaptação desses dispositivos, categoria na qual se
encaixa a presente proposta.
A seguir, alguns exemplos ilustram a inovação dentro da Tecnologia
Assistiva, soluções que facilitam o cotidiano de pessoas com deficiência e permitem
ampliar a experiência do desenvolvimento sensorial.
O Cursum Stroller (Figura 1) é uma solução para pais e mães cadeirantes,
que facilita a atividade de passear com seus bebês. O produto, um carrinho de bebê
acoplado na altura ideal à cadeira de rodas, foi desenvolvido pela sueca Cindy
Sjöblom. Após fazer uma pesquisa com vários cadeirantes, Cindy identificou um item
cuja falta no mercado era unanimemente sentida pelo seu público-alvo: um carrinho
de bebê adaptado às suas necessidades.
10
Figura 1 - Cursum" carrinho de bebê para cadeirantes Fonte: Garcia (a), 2014.
A figura 2 mostra o uso do Liberty Swings, um balanço adaptado para jovens
e crianças em cadeiras de rodas. Mais de 60 unidades do brinquedo foram
instaladas em pontos públicos na Austrália e na Nova Zelândia, com financiamento
da ONG Variety.
Figura 2 - Diversão: Balanço "Liberty Swings" Fonte: Garcia (b), 2014.
11
Um dos exemplos de inovação para deficientes visuais é a Bell Mug, da
Braun (figura 3). A caneca possui 3 níveis na orelha que, quando alcançados pelo
líquido, ativam um alerta sonoro, permitindo identificar mais facilmente quando a
caneca está cheia e evitando acidentes.
Figura 3 - Design para inclusão Fonte: Portobello, 2014.
Criado pelo designer chinês Zhiliang Chen, o Rubik Cube Touch and Play
(figura 4) é também um produto desenvolvido especialmente para deficientes
visuais. O brinquedo permite a manipulação pelo tato, com diferentes materiais
aplicados a cada face: madeira, pedra, borracha, metal, plástico e tecido.
Figura 4 - Cubo de Rubik para Deficientes Visuais Fonte: Ellis, 2014.
12
2.2 ANÁLISE SINCRÔNICA
Existe uma grande variedade de balanços para a Terapia de Integração
Sensorial. Em uma análise sincrônica, foram estudados balanços que se encontram
disponíveis atualmente no mercado brasileiro, com diversas variações em
revestimento e estrutura. Os produtos analisados foram provenientes dos sites de
venda Standarte e Expansão, recomendados na entrevista A2 (Apêndice A), e os
equipamentos observados o Consultório de Terapia Ocupacional. Alguns destes
últimos foram adquiridos na Standart e outros feitos por encomenda. A seguir
apresentamos as figuras 5 a 16, que são os diferentes tipos de balanços
encontrados no mercado atual, juntamente com a análise dos produtos expostos
posteriormente no Quadro 1.
Figura 5 - Balanço Concha Fonte: EXPANSÃO, 2014.
2 SCHERNER, Carolina; GIUSTINA, Laís Della. Entrevista concedida aos autores. Curitiba, 9 de
agosto de 2014
13
Figura 6 - Planador suspenso Fonte: STANDARTE, 2014.
Figura 7 - Rede de equilíbrio Fonte: STANDARTE, 2014.
14
Figura 8 - Plataforma Swing Fonte: STANDARTE, 2014.
Figura 9 - Plataforma circular Fonte: EXPANSÃO, 2014.
15
Figura 10 - Airwalker Fonte: STANDARTE, 2014.
Figura 11 - Pneu Balão
Fonte: EXPANSÃO, 2014.
16
Figura 12 - Rede Fonte: EXPANSÃO, 2014.
Figura 13 - Disco flexor Fonte: STANDARTE, 2014.
Figura 14 - Rolo vestibulador Fonte: EXPANSÃO, 2014.
17
Figura 15 - Rolo suspenso Fonte: STANDARTE, 2014.
Figura 16 - Frog Swing Fonte: STANDARTE, 2014.
18
Quadro 1 - Análise Sincrônica Fonte: Autoria própria, 2015.
19
Cabe destacar, com base no Quadro 1, as vantagens e desvantagens
identificadas nos produtos encontrados nos sites:
materiais laváveis: eles representam um facilitador quando se trata das
atividades de terapia com crianças, que muitas vezes requerem o uso de
substâncias que podem sujar e manchar os equipamentos, como espumas,
substâncias gelatinosas e giz;
leveza: é importante a facilidade de manipulação dos equipamentos pelas
terapeutas, que eventualmente tem que reposicionar o equipamento na sala
de terapia;
peso suportado: quanto mais alto o peso suportado pelos equipamentos,
mais seguros eles se tornam. Por outro lado, a resistência oferecida por
materiais como as cordas de sustentação trançadas e encapadas e as fitas
cabo é preferível em comparação com correntes metálicas, por exemplo, já
que estas últimas têm a desvantagem de tornar o equipamento muito mais
pesado;
elementos extras para segurança: punhos nos quais as crianças tenham
maior apoio, como é o caso da Plataforma Swing (Figura 8) podem ser uma
vantagem, porém, dependendo da sua estrutura, podem também oferecer
risco de acidentes, o que torna a escolha do material com que são feitos um
ponto muito importante;
preço: a maior parte dos produtos listados tem custo elevado, o que se torna
uma desvantagem;
variedade de oferta no mercado: de acordo com o depoimento dado pelas
terapeutas na entrevista A, estes produtos somente podem ser adquiridos no
Brasil através de sites de vendas e são poucas as opções disponíveis. Elas
puderam citar apenas três sites conhecidos nesta área, dentre os quais
estão Standart e Expansão, que serviram como fonte para este trabalho, e
Vanzetti, cujo catálogo disponível atualmente na internet não conta com
nenhum balanço para a Terapia de IS.
Definidos os pontos acima, seguimos para a análise dos equipamentos
presentes no Consultório de Terapia Ocupacional.
As figuras 17 e 18 mostram o principal balanço atualmente em uso na clínica.
Com ele, é possível realizar movimentos rotatórios, angulares e lineares, com alto
20
estímulo ao sistema vestibular e proprioceptivo. Este balanço (figura 17) foi feito por
encomenda, com base no desenho de outro balanço, trazido dos Estados Unidos
pela terapeuta Laís Giustina.
Figura 17 - Balanço principal sem boia Fonte: Autoria própria, 2014.
A escolha de encomendar a produção do equipamento foi motivada pelo fato
de que muitos dos balanços disponíveis no mercado brasileiro, de acordo com a
observação da terapeuta, são muito pesados - o que dificulta a sua manipulação na
sala de terapia pelas profissionais - e também muito caros.
Vale mencionar que, segundo as profissionais entrevistadas, em muitas
ocasiões, elas próprias fazem adaptações nos equipamentos, dependendo das
necessidades que encontram em seu trabalho.
A figura 18 mostra o produto com a colocação da boia, um acessório que é
usado para garantir a segurança das crianças menores no uso do balanço. Este
recurso, no entanto, tem a desvantagem de dificultar a subida das crianças,
21
limitando a sua autonomia em realizar esse esforço, que é um ponto importante no
uso do equipamento.
Figura 18 - Balanço principal com boia Fonte: Autoria própria, 2014.
Apesar das vantagens esperadas na encomenda, na confecção desse
primeiro balanço, as terapeutas destacam uma série de questões ainda sujeitas a
melhorias:
Pelo fato de a sustentação ser feita com correntes, e não outro material
resistente porém mais leve, toda a estrutura tem um peso ainda
considerável;
O balanço possui saliências nos cantos, na região onde as correntes estão
fixadas, que apresentam um risco tanto à segurança das crianças quanto
das terapeutas (figura 19);
22
Figura 19 - Detalhe do balanço principal Fonte: Autoria própria, 2014.
Como dito anteriormente, a ausência de um acessório adequado que
ofereça maior segurança no uso do balanço pelas crianças menores, sem
limitar muito a sua movimentação, é outro problema identificado pelas
terapeutas;
A estrutura de ferro colocada na parte superior do balanço para expandir o
espaço entre as cordas (figura 20) é uma causa constante de acidentes, pois
a sua proximidade acaba fazendo com que as crianças maiores batam a
cabeça e se machuquem.
Figura 20 - Detalhe 2 do balanço principal Fonte: Autoria própria, 2014.
23
As queixas acima são as principais referentes a este balanço. Ao analisar os
demais equipamentos suspensos, foram levantadas outras sugestões de melhorias
que poderiam ser aplicadas a ele:
Para a sustentação, as terapeutas recomendaram o uso de cordas
resistentes e encapadas, pela leveza e segurança, combinadas com
materiais de escalada (figura 21), pois em outros equipamentos, como o
Disco flexor (figura 22), essa inserção facilitou bastante a manipulação. O
material de escalada permite que o ajuste das cordas seja feito com o
mínimo de esforço, sem que seja necessário levantar o equipamento;
Figura 21 - Material de escalada Fonte: Autoria própria, 2014.
24
Figura 22 - Disco flexor Fonte: Autoria própria, 2014.
Outra recomendação dada pelas terapeutas, com base na sua experiência
em adaptar os equipamentos, foi o uso do velcro (figuras 23 e 24), nas
cordas e na própria estrutura do aparelho, pois ele é um material versátil que
permite fixar outros objetos como brinquedos pequenos em diferentes
alturas, de acordo com o objetivo pretendido para cada criança. Além disso,
ele é de fácil remoção e reposicionamento e não causa danos ao
equipamento;
25
Figura 23 - Uso do velcro nas cordas Fonte: Autoria própria, 2014.
Figura 24 - Uso do velcro no aparelho Fonte: Autoria própria, 2014.
Foi feita a observação de que equipamentos que apresentam revestimento
com textura, como o tapete da plataforma suspensa (figura 25), têm a
desvantagem de limitar o uso de outras ferramentas na terapia, como a
espuma, o giz para desenhar e outras substâncias, pois trata-se de um
revestimento que mancha facilmente e não é removível para lavagem.
Sendo assim, acaba se tornando necessário improvisar alguma capa de
proteção ao tapete. Na entrevista com as terapeutas, concluiu-se que o ideal
26
seria que texturas desse tipo fossem cambiáveis, tanto por facilitar a limpeza
quanto por possibilitar a variação na estimulação tátil e visual, adequando-se
às necessidades de cada criança;
Figura 25 - Tapete da Plataforma suspensa Fonte: Autoria própria, 2014.
Foi observado ainda que a independência em impulsionar o balanço é algo a
ser aperfeiçoado, já que as crianças maiores precisam, na clínica, puxar
uma corda amarrada a uma das paredes (figura 26) para conseguir o
impulso sem que as terapeutas empurrem o balanço, e isso nem sempre é
eficaz. No caso das crianças menores, as terapeutas devem realizar esse
impulso, necessariamente;
Figura 26 - Corda amarrada à parede Fonte: Autoria própria, 2014.
27
Por fim, verificou-se que um acessório para estimulação auditiva seria um
diferencial interessante, se pudesse ser acoplado e retirado com facilidade,
pois os objetivos da terapia variam de acordo com cada caso. Há crianças
com particularidades na audição que se beneficiam com a combinação ideal
dos estímulos vestibulares e auditivos, desenvolvendo melhor suas
percepções neste sentido e amenizando uma hipersensibilidade, por
exemplo. Ademais, surgiu a sugestão de adição de algum alerta sonoro que
indicasse quando o balanço fosse impulsionado, para que a criança
associasse o som ao movimento, integrando estas percepções com mais
eficiência.
O cuidado em oferecer as condições ideais de uso do equipamento na
Terapia de Integração Sensorial faz parte da proposta de “oferecer o desafio na
medida certa” (WILLARD, p. 48). As atividades devem oferecer um nível de
complexidade equilibrado, e isso depende da “combinação entre perícia do
terapeuta, motivação da criança, ambiente e estímulos adequados” (WILLARD, p.
48).
Portanto, a partir da análise dos dados coletados acima, é possível sintetizar
os seguintes pontos com potencial para aperfeiçoamento no produto: um melhor e
mais versátil atendimento às necessidades dos usuários - incluindo aqui a oferta de
diferentes estímulos que possam ser combinados de acordo com a necessidade de
cada criança na Terapia - maior leveza e segurança - e custo mais acessível.
28
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 O DESIGN CENTRADO NO USUÁRIO
Tendo em vista a natureza deste projeto, cujo objetivo central é o redesign
de um balanço infantil para Terapia de Integração Sensorial, seria impossível
concebê-lo fora da abordagem do Design Centrado no Usuário.
Trata-se de uma abordagem na qual a observação do comportamento do
usuário e do contexto de uso é o elemento essencial para o direcionamento do
projeto de um produto/serviço (PREECE, 2005).
Dessa forma, mais relevante do que as questões técnicas em si é
compreender os usuários e as tarefas por eles realizadas desde o princípio do
projeto. É preciso estudá-los em seus aspectos comportamental, cognitivo e
antropomórfico, promovendo o seu máximo envolvimento no processo de design.
Para tanto, devem ser realizadas a observação, a medição, o registro e a análise de
todos os dados relevantes à sua interação com o produto (PREECE, 2005).
Oferecer verdadeiro suporte aos usuários, com a devida escolha das
prioridades no desenvolvimento de um produto, somente é possível ao apreender as
metas e tarefas destes usuários, colocando-os em foco desde o início (PREECE,
2005).
3.2 O BALANÇO NA TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL
Criada pela terapeuta ocupacional Anna Jean Ayres, a Teoria de Integração
Sensorial propõe a existência dessa integração (IS) como o processo em que o
corpo, o cérebro e o comportamento se unem de modo a gerar respostas
adaptativas, isto é, respostas motoras ajustadas às condições ambientais
(FONSECA, 2008, p.325). Desse modo,
29
O processo pelo qual o Sistema Nervoso Central localiza, classifica e organiza os impulsos sensoriais e transforma as sensações em percepções para que o homem possa interagir com o meio é denominado integração sensorial (PIRES, 2005, p. 36).
Crianças com deficiências tais como a Síndrome de Down, a Paralisia
Cerebral, o Transtorno de Déficit de Atenção e o Autismo apresentam
particularidades nesse processo de integração, diferenciando-se das demais, nas
quais a IS se processa naturalmente, com a sobreposição ou expansão dos
conhecimentos, influenciada principalmente pelas oportunidades provenientes de
uma relação dinâmica com o meio (GODZICKI, SILVA, BLUME, 2009).
Cabe aqui uma pequena introdução às deficiências acima referidas, que
servem de base para a delimitação do público-alvo do presente projeto.
A Síndrome de Down constitui,
Uma condição genética, caracterizada pela alteração do cromossomo 21, que ocorre no início da gravidez, sendo que os tipos mais comumente descritos na literatura são: translocação, mosaicismo e trissomia simples, esta última a mais comum (GODZICKI, SILVA, BLUME, 2009, p. 2).
Quanto à IS nas crianças portadoras da Síndrome, tem-se que seu
desenvolvimento motor sofre o impacto de uma combinação de fatores, que vão da
alteração genética ao comprometimento da integração sensorial e, com isso, da
percepção, da cognição e propriocepção (GODZICKI, SILVA, BLUME, 2009).
No que tange à Paralisia Cerebral, Newra Tellechea Rotta explica que se trata
de uma encefalopatia crônica que apresenta predominantemente sequelas motoras
e combina-se, de forma variada, a outros sintomas ou sinais. Ocorre, assim, uma
lesão que afeta a maturação neurológica e, consequentemente, o tônus, a postura e
o movimento (ROTTA, 2002).
O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma
condição neurobiológica, de origem hereditária. Ele se manifesta inicialmente
durante a infância e em geral se prolonga por toda a vida do portador. Seus
sintomas são a desatenção, a impulsividade e a inquietude (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO, 2014). A Terapia de IS também se aplica
neste caso, por gerar resultados que “envolvem melhoria na habilidade para prestar
atenção, manter o controle da postura e planejar os movimentos” (WILLARD, p. 48).
30
O Autismo, por sua vez, é o termo genérico para os Transtornos do Espectro
Autista (TEA), caracterizados por uma disfunção no desenvolvimento cerebral, que
atinge o comportamento social e a comunicação, e em geral estão associados a um
déficit intelectual. (AUTISMO E REALIDADE, 2014) No TEA há peculiaridades
referentes à Integração Sensorial, com grande variação na maneira e na intensidade
com que os autistas vivem as suas experiências sensoriais (INSPIRADOS PELO
AUTISMO, 2014).
Sobre os benefícios proporcionados pela Terapia em crianças com TEA,
Claudia Omairi explica que:
A criança vai experimentando sensações, gradualmente organizando-as dentro do seu cérebro e procurando saber o que elas significam. Ela aprende a focar sua atenção em sensações particulares e ignorar outras. (...) ganha controle sob suas emoções e atos motores, aprende a ficar organizada/atenta por período maior de tempo, situações que antes eram desafiantes vão ficando mais fáceis como, por exemplo, subir uma escada ou gangorra, tendo maior conhecimento e satisfação quando vivenciadas (OMAIRI, 2013, p.141).
De acordo com Carlo e Bartalotti (2001), crianças portadoras de tais
disfunções, podem ser beneficiadas por intervenções terapêuticas que promovam
gradualmente uma melhor adaptação ao ambiente. A Terapia de Integração
Sensorial funciona através de atividades que fornecem e controlam a entrada de
estímulos sensoriais, integrando os sistemas tátil, vestibular e proprioceptivo, de
forma que a criança possa responder espontaneamente a isso com o trabalho
conjunto de todas as sensações e consequente adaptação ao ambiente (FONSECA,
2008, p.328).
De modo geral, os objetivos da Terapia são: a auto-regulação, a melhora da
atenção, da coordenação e do planejamento motores, da auto-estima e confiança,
da participação e aceitação social (WILLARD, p. 48).
Na realização da Terapia de Integração Sensorial, são utilizados
equipamentos projetados especificamente para oferecer uma combinação ideal dos
estímulos sensoriais referidos. Os materiais suspensos são algumas de suas mais
importantes ferramentas. Neles, os estímulos são obtidos com movimentos
rotatórios, angulares e lineares, principalmente com aceleração e desaceleração. Os
produtos pertencentes à categoria dos suspensos são os balanços em geral, a rede,
a plataforma, o rolo e o cavalo (URBANSKI, 2013).
31
Cada um dos equipamentos trabalha com mais intensidade sobre
determinados pontos na terapia. Os suspensos, também conhecidos como balanços,
incluem diversos estímulos ao equilíbrio, ao planejamento motor, à segurança
gravitacional, à postura e ao tônus muscular, além do estímulo tátil próprio do
revestimento do material, o que o torna objeto central deste projeto (URBANSKI,
2013).
Por esse motivo, o balanço é um ponto-chave na Terapia de IS, e é possível
agregar valor a ele ao explorar diferentes texturas, por exemplo, propiciando maiores
estímulos táteis, além dos estímulos vestibulares e proprioceptivos (SOLER,
REZENDE, BLASCOVI-ASSIS, 2011).
Estes estímulos são particularmente relevantes no desenvolvimento inicial
das crianças. A propriocepção, que é a percepção do próprio corpo, é desenvolvida
com a consciência das partes do corpo, da postura, do movimento e do equilíbrio
(NETO, 2009) e exerce grande influência ao regular as demais sensações. As
atividades vestibulares, por outro lado, permitem o desenvolvimento das noções de
espaço e navegação. Já as informações táteis são indispensáveis para refinar as
interações com o entorno (ROLEY, JACOBS, 2011).
3.3 INTEGRAÇÃO DOS SENTIDOS
Anelise Pires (2005) menciona a definição de Piaget do período sensório-
motor – primeiros anos de vida, nos quais a criança começa a explorar os sentidos
em conjunto com a ação motora - como o estágio do “nascimento da inteligência”,
em que se faz indispensável a estimulação da visão, do tato e da audição para o
desenvolvimento da inteligência.
Quanto à particularidade do desenvolvimento infantil nesse período, cabe
destacar o conceito de “Janela da inteligência” por Marisa Amada Pires Sella (2005),
que argumenta que em cada fase do desenvolvimento do ser humano há uma
facilidade para aquisição de conhecimentos a ser explorada. A autora demonstra
que a inteligência é uma característica estimulável, que se acentua com o uso das
ferramentas corretas, e que a mais ampla dentre as “Janelas da inteligência” se situa
entre os 17 meses e 6 anos de idade.
32
A autora Janete Mamedio Bark (2005, p. 101) reitera as colocações acima,
ao afirmar que “Os primeiros anos de vida tem uma importância capital: o
desenvolvimento da inteligência, afetividade, relações sociais é tão rápido que sua
realização determinará, em grande parte suas capacidades futuras.”
Exemplificando as colocações acima, a estimulação visual faz com que a
criança explore melhor o entorno, desenvolvendo interesse por ele. Ela está
profundamente relacionada à estimulação tátil, que é realizada, de acordo com
Anelise Pires no livro Estimulação Precoce, página 166, “com todo o corpo, sentindo
texturas, temperaturas, pesos, tamanhos e formas diferentes” (in SELLA, 2005).
No que concerne à estimulação auditiva, Humpal destaca no livro Atenção e
Estimulação Precoce, que a consciência de padrões sonoros é essencial para a
aprendizagem e a formação da memória, bem como a linguagem e a leitura. Além
disso, atividades como ouvir a sons musicais proporcionam estímulos não somente
auditivos mas também táteis às crianças, possibilitando o desenvolvimento da
audição ativa (in BOLSANELLO, 2009). Ainda no mesmo livro a autora Beatriz Ilari,
na página 98, ressalta que os sons permitem que a criança desenvolva orientação
espacial e temporal, conhecendo o ambiente em que se encontra e desenvolvendo
vínculos pessoais. Além disso, como demonstrado por diversos estudos, o
aprendizado mais especificamente no âmbito da música auxilia crianças com
deficiência a obter avanços nos aspectos da linguagem, do intelecto e emocional (in
BOLSANELLO, 2009).
Considerando que a Terapia de Integração Sensorial trabalha com a devida
combinação de cada um dos estímulos sensoriais, para direcionar os pacientes a um
desenvolvimento satisfatório das percepções junto ao ambiente, este trabalho tem
como requisito ampliar as possibilidades de combinação destes estímulos, com
adaptação do balanço às necessidades de cada um dos diferentes usuários. Assim,
a intenção é criar um produto versátil, agregando a ele acessórios diferenciais, que
possam ser utilizados ou removidos de acordo com os objetivos desejados na
Terapia.
É neste sentido que o presente projeto tem por proposta a construção de um
balanço para a Terapia de IS que propicie uma integração mais ampla dos sentidos
corporais. Unindo estímulos táteis, visuais e auditivos, pretendemos oferecer uma
multiplicidade de benefícios combinados em um único produto. Afinal, “a experiência
e vivência através de ambiente enriquecedor que inclua cores, música, sons, cheiro,
33
luzes, são os estímulos que, indiscutivelmente, oferecem os melhores resultados ao
cérebro” (SELLA, 2005, p. 216).
3.4 O BRINQUEDO TERAPÊUTICO
Na elaboração de um dispositivo de tecnologia assistiva para crianças, é
indispensável considerar a importância do aspecto lúdico. A diversão tem,
comprovadamente, o poder de potencializar o desenvolvimento infantil, tornando
muito mais fáceis as atividades de estimulação e socialização, por exemplo (MAIA,
RIBEIRO, BORBA, 2011).
Cumpre lembrar, neste ponto, a aplicação do conceito de ambiência
favorável. Na área da saúde, a ambiência pode ser descrita como “tratamento dado
ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações
interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e humana”
(SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE, 2010, p. 5).
Sendo assim, com projetos desta natureza, é necessário também contribuir
para a construção de um espaço acolhedor e confortável, que permita promover
uma atmosfera vivencial prazerosa.
3.5 CUSTO DO PRODUTO X NECESSIDADE
Um dos requisitos igualmente importantes na presente proposta é facilitar o
acesso ao produto no que se refere ao custo.
Na entrevista realizada na clínica foi identificado que um fator que restringe
fortemente o acesso a novos balanços - e consequentemente o benefício obtido na
terapia - é o seu alto custo. Além disso, como visto anteriormente, ainda são poucas
as empresas que oferecem o produto no Brasil.
Acredita-se que, com a devida análise dos materiais e processos de
fabricação, é possível gerar alternativas com melhor custo-benefício, que possam
cumprir com os objetivos primordiais do projeto.
34
4 CONCEITUAÇÃO DO PROJETO
Dadas as considerações dos capítulos anteriores, segue-se à fase inicial da
conceituação do projeto, que será finalizada posteriormente, com a seleção da
alternativa final.
4.1 PÚBLICO-ALVO
Como público-alvo deste projeto é selecionada uma parcela do grupo de
crianças que atualmente realizam a Terapia de Integração Sensorial no Consultório
de Terapia Ocupacional estudada, em Curitiba-PR.
Para fins deste estudo, será realizado o levantamento antropométrico com
crianças na faixa de 1 a 4 anos de idade, que possuam a Disfunção Integrativa
Sensorial decorrente de quaisquer das possíveis causas, seja o Autismo, a
Síndrome de Down, o TDAH, a Paralisia Cerebral ou outras. Os perfis coletados
neste levantamento serão, portanto, as referências para o desenvolvimento do
balanço.
4.2 REQUISITOS DO PROJETO
Em consonância com as análises feitas anteriormente, este projeto deve
atender aos seguintes requisitos:
Versatilidade: devem ser agregados ao balanço acessórios que permitam
torná-lo mais versátil e adaptável às diferentes necessidades dos usuários;
Segurança: fatores de risco no uso devem ser eliminados;
Leveza: trata-se de um aspecto facilitador do trabalho realizado pelas
terapeutas ocupacionais, conforme o relato da entrevista inicial;
Custo reduzido: permite maior acesso ao produto e, com isso, também
facilita o trabalho realizado na Terapia de Integração Sensorial.
35
Ludicidade: o aspecto lúdico e recreativo, como já observado, tem o poder
de potencializar os resultados da terapia.
36
5 DESENVOLVIMENTO
5.1 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS
Após a formulação do conceito, com base na pesquisa realizada, na
entrevista com as terapeutas e na observação da terapia e utilização do balanço,
teve início a geração de alternativas. Nesta etapa, foram considerados materiais,
estruturas e composições que pudessem atender aos requisitos essenciais do
projeto: versatilidade, segurança, leveza, custo reduzido e ludicidade.
A princípio, fez-se uma busca por balanços dos mais variados, inclusive
aqueles sem finalidade terapêutica, para analisar os modos de confecção dos
produtos já presentes no mercado. Foram encontrados diversos formatos e tipos, e
um modelo que se destacou, por oferecer leveza e baixo custo, foi um balanço
produzido com vime (Figura 27). A partir de então foram elaborados alguns
desenhos inspirados no uso deste material para a estrutura (Figura 28).
Figura 27 - Sofá-cama-balanço Fonte: Confeitaria Creative, 2015.
37
Figura 28 - Balanço cesto Fonte: Autoria própria, 2014
Para possibilitar a redução do peso do equipamento e dos fatores de risco
(presentes, por exemplo, nos equipamentos com correntes metálicas – ver figura
19), foi gerada também uma alternativa com a estrutura composta basicamente por
cordas (Figura 29).
38
Figura 29 - Balanço cordas Fonte: Autoria própria, 2014
Outra opção foi gerada com a base em madeira compensada multilaminada,
com recortes internos (figura 30), que seria ao mesmo tempo leve e muito resistente.
39
Figura 30 - Base de compensado multilaminado Fonte: Autoria própria, 2014
Com os desenhos, foram exploradas diferentes formas e possibilidades de
acomodação (Figura 31).
40
Figura 31 - Diferentes formas e possibilidades de acomodação Fonte: Autoria própria, 2014
Alguns modelos possuíam portas para que fosse facilitada a entrada da
criança no balanço (Figura 32). De acordo com a entrevista A, a entrada no
equipamento é importante para que a criança desenvolva certa autonomia, devendo
ser realizada com um grau de complexidade equilibrado: não tão simples que não
exija nenhum esforço, mas não tão difícil a ponto de impossibilitar a tarefa.
41
Figura 32 - Balanços com portas Fonte: Autoria própria, 2014
Para o assento, foram desenhadas alternativas de estofados que
possibilitassem ao mesmo tempo conforto ao usuário e a versatilidade de um
estímulo tátil e visual diferencial. A figura 33 ilustra almofadas formadas por módulos
fixados na base com velcro, seguindo a ideia de que estes pudessem ser dispostos
a critério da terapeuta, dependendo da necessidade do paciente.
Figura 33 - Módulos com velcro Fonte: Autoria própria, 2014
42
Os estofados poderiam ser na forma de tapetes com duas faces cambiáveis:
uma com uma única textura e outra com velcro, onde pudessem ser fixados módulos
de almofadas com texturas diferentes (Figura 34).
Figura 34 - Tapetes com textura Fonte: Autoria própria, 2014
Considerou-se também utilizar almofadas de diferentes dimensões (Figura 35)
para regulagem de altura e melhor acomodação das crianças no espaço interno do
balanço, de acordo com a variação de tamanho do público-alvo.
43
Figura 35 - Almofadas de diferentes tamanhos Fonte: Autoria própria, 2014
Quanto à ludicidade do produto, a partir da pesquisa dos materiais e com a
observação das vantagens do vime em particular, surgiu a ideia de criar um balanço
que remetesse a um balão, cujo cesto é tradicionalmente feito em vime. O balão é
um objeto convidativo para o público infantil, e um balanço criado com essa forma
pode proporcionar ainda mais fantasia e diversão. Assim, foram geradas algumas
alternativas com formato bem próximo ao formato do balão tradicional de bolinhas
coloridas no lugar do envelope (Figura 36), inspiradas no filme “Up”3.
3 “Up” é uma animação que conta a história de Carl Fredricksen, um vendedor de balões que está
prestes a perder a casa em que viveu com sua esposa durante anos. Para não perder o imóvel, que é ameaçado de ser substituído por um edifício no local, Carl enche milhares de balões e os prende à casa, que acaba levantando voo. Assim, Carl parte numa viagem até a América do sul, a um local onde ele e sua esposa desejavam morar (Figura 37).
44
Figura 36 - Balanços "UP" Fonte: Autoria própria, 2014
Figura 37 - Filme "UP" Fonte: Pete Docter, 2009.
Outra alternativa gerada com um foco maior no universo imaginativo foi a
estrutura de uma piscina de bolinhas, tendo como base uma boia inflável, e dentro
dela diversas bolinhas revestidas com tecidos, seguindo a mesma ideia da
possibilidade de seleção das texturas, citada anteriormente. Neste caso, porém, as
bolinhas ficariam soltas dentro do equipamento (Figura 38), assim como numa
piscina de bolinhas comum.
45
Figura 38 - Balanço piscina de bolinhas Fonte: Autoria própria, 2014
5.2 ALTERNATIVA ESCOLHIDA E CHECK LIST DOS ELEMENTOS DA
CONCEITUAÇÃO
A alternativa escolhida (Figura 39), descrita abaixo, busca atender aos
requisitos mencionados no item 4.2.
46
Figura 39 - Base em forma de caixa Fonte: Autoria própria, 2015
A base é feita no formato de uma caixa, de 600x500x600 mm (largura x altura
x comprimento), com chapas de compensado multilaminado, com 3 lados vazados
(Figura 40). As chapas vazadas e as cordas para sustentação conferem mais leveza
e segurança ao produto, em contraposição à estrutura de metal utilizada na clínica
pelas terapeutas, e possuem ainda uma boa resistência. A estrutura do novo
balanço será revestida por espuma de espessura 10 mm para maior segurança dos
usuários e conforto interno. Outro item de segurança importante são os materiais de
escalada, de grande resistência e funcionalidade, usados para a fixação do balanço
à estrutura da clínica.
47
Figura 40 - Chapas de compensado vazadas Fonte: Autoria própria, 2015
Duas almofadas para regulagem de altura para crianças maiores e menores
acrescentam versatilidade ao produto, prevendo a variação de tamanho na faixa de
idade escolhida para o público-alvo - ver figura 35. Com elas, as crianças menores
poderão ficar sentadas e manter o contato visual com as terapeutas, além de obter
diferentes possibilidades de estímulos táteis e visuais pela variação dos tecidos na
face de uma das almofadas, de maior tamanho. Esta tem mesma largura e
comprimento da base, enquanto a outra tem a metade do comprimento, para ser
utilizada como “banquinho”, onde as crianças possam sentar com os pés apoiados.
O formato escolhido para a base é outra característica que torna o balanço
versátil. Ele possibilita o uso sentado ou em pé, sem a necessidade de que a
terapeuta esteja sentada junto à criança para segurá-la, pois as paredes da caixa,
conferem estabilidade e autonomia para as crianças em ambas as posições. A
vantagem aqui está no fato de que a terapeuta poderá manter contato visual com a
criança, o que, segundo conversas com as profissionais da clínica, traz maior
benefício no processo da terapia. Além disso, conforme o feedback das terapeutas
após a apresentação do mock-up, essa forma acaba tendo dupla função: a caixa
dispensa a colocação de um recipiente a mais sobre o balanço, comumente usado
na terapia para carregar algum material de sensação tátil específica, como grãos de
feijão.
48
Para o acabamento externo, opta-se pelo corano azul claro. Este material foi
escolhido para facilitar a limpeza, especialmente porque, como já citado, na terapia
podem ser utilizados materiais tais como espumas para estímulo tátil.
Como elemento de maior ludicidade, são escolhidas as bolinhas coloridas,
feitas com fibra siliconada e tecido, fixadas a uma faixa de tecido na parte superior
do balanço. As bolinhas do topo serão costuradas, enquanto as mais inferiores
serão fixadas apenas com velcro, para que possam ser retiradas e reposicionadas
pelas crianças e terapeutas (Figura 41).
Figura 41 - Bolinhas com velcro Fonte: Autoria própria, 2015
5.3 MOCK-UP DA ALTERNATIVA ESCOLHIDA
Depois de selecionada a alternativa final, iniciou-se o mock-up.
49
A base foi desenvolvida com chapas de papelão (4 chapas de 500x600mm e
uma de 600x600mm), cortadas com estilete e unidas com fita adesiva, para
formarem uma caixa (Figura 42).
Figura 42 - Corte e colagem do papelão Fonte: Autoria própria, 2015
Para simular uma das possibilidades do assento, foi recortada uma espuma
de 100 mm de espessura e posicionada dentro da base.
Em um dos lados da caixa foi feita a porta do balanço, com 400x400mm
(Figura 43).
Figura 43 - Porta Fonte: Autoria própria, 2015
50
Para simular a parte superior do protótipo, composta por estofados coloridos,
foram utilizados balões presos a um lençol com fita adesiva (Figura 44).
Figura 44 - Fita adesiva Fonte: Autoria própria, 2015
Para que a estrutura superior ganhasse forma, foi moldado um esqueleto com
arames. Os arames foram duplicados e entrelaçados com um alicate, e o esqueleto
foi construído com 3 arcos, conforme a figura 45. Por fim, o lençol foi unido ao
esqueleto de arame com alfinetes.
Figura 45 - Estrutura de arame Fonte: Autoria própria, 2015
51
Depois de finalizado, o mock-up foi montado na clínica e avaliado pelas
terapeutas. Ele foi suspenso por 4 cordas, passadas por furos feitos em duas faces
da caixa, e amarradas em um dos ganchos para balanços da sala de terapia (Figura
46).
Figura 46 - Mock-up montado na clínica Fonte: Autoria própria, 2015
Com o mock-up pronto, seguiu-se à apresentação às terapeutas, para
opiniões e sugestões.
A receptividade por parte das terapeutas foi muito positiva e gerou novas
observações importantes a respeito do protótipo.
Após realizado um breve teste com duas crianças que se encontravam em
terapia que não puderam ser fotografadas, pois não houve autorização dos pais para
esse tipo de registro, uma com 1 ano e 9 meses e a outra com 4 anos de idade, as
52
terapeutas avaliaram as dimensões do mock-up como adequadas para o público-
alvo escolhido, destacando que a disposição das almofadas no interior da base seria
a solução ideal para as diferentes necessidades de cada paciente (uso em pé ou
sentado, por crianças menores ou maiores).
Neste momento, observou-se também que o formato da base seria
duplamente versátil, pois não só possibilitaria um uso diferencial para o balanço (em
pé), mas também dispensaria o uso de outras caixas, comum na terapia (ver 5.2).
Por fim, as terapeutas fizeram sugestões sobre a parte superior do balanço.
Elas sugeriram que o tecido com as bolinhas fosse removível, para facilitar a retirada
do equipamento, e que, para maior interação por parte das crianças, algumas das
bolinhas coloridas (as inferiores, de mais fácil alcance pelos pacientes) fossem
fixadas com velcro, e não costuradas, possibilitando a sua retirada e o
reposicionamento durante a terapia.
5.4 MATERIAIS, MEIOS DE PRODUÇÃO E MODELO FUNCIONAL
Para a produção do modelo funcional, foram utilizados os seguintes materiais:
Compensado multilaminado (15mm) – CNC
Cordas de escalada de 11,5mm de diâmetro e 8mm de diâmetro
Mosquetão
Blocante
Destorcedor
Corano
Espuma ( espessura 10mm, densidade: D-28)
3kg de fibra siliconada
Fixação (parafusos cabeça Philips 4x25mm e 4x35mm)
Tubo de PVC de 20mm de diâmetro
Tecidos Percal Microfibra Lisa (verde, rosa e amarelo), Oxford (vermelho, roxo
e azul) para as bolinhas e para as texturas os tecidos Feltro, Tricot, Veludo
53
Crystal Alemão, Soft Estampado e Flanela Xadrez. E para a estrutura de
madeira das bolinhas o Helanca Light.
Cola de contato
Velcro
Linha de nylon e de costura
Dobradiças invisíveis de 1 polegada
Madeira Pinus
Inicialmente, as peças de madeiras que iriam compor a base do balanço e o
esqueleto da estrutura superior foram desenhadas no software Rhinoceros, para
usinagem na CNC.
O primeiro passo da produção foi o corte das chapas de compensado
multilaminado na serra vertical, para a retirada da base e das laterais da caixa
(Figura 47) – cujos recortes internos, feitos em três delas, foram usinados (Figura
48) - além de uma peça grande, em que foram usinados os círculos e arcos que
compõem o esqueleto do balão (Figura 49).
Figura 47 - Corte na serra vertical Fonte: Autoria própria, 2015
54
Figura 48 - Recorte interno das peças em CNC Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 49 - Recorte dos círculos e arcos em CNC Fonte: Autoria própria, 2015
A peça de madeira unida à porta foi dividida em 3 partes, para que fosse
possível fazer a furação para colocar dobradiças invisíveis (Figura 50 – furadeira
horizontal). Optou-se pelas dobradiças invisíveis porque elas oferecem menos riscos
às crianças, uma vez que não ficam expostas. O recorte em 3 partes, feito na serra
55
circular (Figura 51), foi necessário devido ao fato de que a peça original possuía
dimensões maiores do que as comportadas pela furadeira. Após a furação, as 3
partes foram unidas novamente com cola e cavilhas (Figura 52).
Figura 50 - Furação lateral Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 51 - Recorte em 3 partes Fonte: Autoria própria, 2015
56
Figura 52 - União das 3 peças Fonte: Autoria própria, 2015
Em duas das laterais com os recortes, foram ainda feitos furos, para passar
as cordas do balanço. Os furos foram feitos na CNC, a princípio com diâmetro de 10
mm, e depois alargados na furadeira de mesa, com uma broca de 20mm de
diâmetro. Com o intuito de evitar o desgaste das cordas, foram cortadas e lixadas 4
peças de 25mm de altura a partir de um cano de PVC de 20mm de diâmetro, e
encaixadas em cada um dos furos (figura 53).
Figura 53 - Tubos de PVC Fonte: Autoria própria, 2015
As peças de madeira foram lixadas para retirada das rebarbas (Figura 54), e
em seguida passou-se um selante com o auxílio do spray compressor (Figura 55). A
57
função do selante é evitar que a madeira estrague em contato com a umidade.
Depois de seco o selante, as peças foram lixadas novamente com uma lixa mais fina
"P600" (Figura 56).
Figura 54 - Retirada das rebarbas Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 55 - Selante Fonte: Autoria própria, 2015
58
Figura 56 - Lixa fina Fonte: Autoria própria, 2015
A caixa foi montada com parafusos, fixados nas laterais e na base. Com a
furadeira de mesa, foram feitos os furos para a colocação dos parafusos. Estes
foram encaixados com a parafusadeira manual (Figura 57) e alguns com o auxílio da
chave Philips (Figura 58).
Figura 57 - Parafusadeira manual Fonte: Autoria própria, 2015
59
Figura 58 - Fixação com parafusos Fonte: Autoria própria, 2015
Para garantir maior resistência do balanço, foi feita uma elevação de 15mm
da base da caixa. Para isso, utilizou-se 4 bordas de madeira Pinus, com 15mm de
altura e comprimento compatível com cada lado da caixa, que foram parafusadas na
parte inferior interna das laterais (Figura 59). Em seguida, a base foi colocada por
dentro, encaixada sobre as bordas e parafusada às laterais da caixa (Figura 60).
Figura 59 - Elevação da base Fonte: Autoria própria, 2015
60
Figura 60 - Caixa com a base Fonte: Autoria própria, 2015
Para o revestimento da caixa, foram utilizados a espuma de espessura 10mm
e densidade D-28 e o corano. A porta foi revestida separadamente, pois teve que ser
redimensionada e cortada, já que a caixa ganhou volume extra com o corano e a
espuma. Foram retirados 17mm dos lados da porta, salvo o lado que foi furado para
o encaixe das dobradiças.
Ainda sem a colocação da porta, a espuma foi cortada em duas tiras
grandes, coladas em toda a superfície interna e externa da caixa com cola de
contato (Figura 61), e as sobras foram recortadas, bem como os furos para a
passagem das cordas.
Figura 61 - Revestimento com espuma Fonte: Autoria própria, 2015
61
Após essa etapa, a caixa foi levada ao estofeiro da UTFPR, Ademilson Pina,
para a colocação do corano. Ele iniciou o trabalho com a medição da caixa e
marcação das medidas no tecido (Figura 62). A parte externa foi cortada em uma
única grande tira, e o mesmo foi feito para a parte interna e a parte superior. Com as
três peças cortadas, o estofeiro fez a costura na máquina (Figura 63). Pedaços
restantes foram medidos e costurados também. Depois de costurado todo o
revestimento, ele foi encapado e grampeado na caixa (Figura 64).
Figura 62 - Marcação das medidas no tecido Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 63 - Máquina de costura Fonte: Autoria própria, 2015
62
Figura 64 - Caixa encapada Fonte: Autoria própria, 2015
Depois de redimensionada a porta, duas tiras da espuma foram coladas em
toda a sua superfície, com o recorte das sobras e da região destinada às dobradiças
(Figura 65). O corano foi então medido, cortado e costurado à mão, em torno da
porta (Figura 66).
Figura 65 - Porta revestida com espuma Fonte: Autoria própria, 2015
63
Figura 66 - Costura do corano Fonte: Autoria própria, 2015
Após o término do revestimento, a porta e as dobradiças foram parafusadas
ao restante da caixa (Figura 67). Então, foi parafusada a trava para a porta (Figura
68).
Figura 67 - Dobradiça Fonte: Autoria própria, 2015
64
Figura 68 - Trava para a porta Fonte: Autoria própria, 2015
Na região externa aos furos das laterais foi recortado o corano e, para o
acabamento, foram feitas 8 peças circulares a partir de uma chapa de MDF de 3mm
de espessura (Figura 69). As peças, de 40mm de diâmetro e com furos centrais
passantes de 20mm, foram coladas ao corano nas extremidades de cada uma das
peças de PVC (Figura 70).
Figura 69 - Acabamento das peças circulares Fonte: Autoria própria, 2015
65
Figura 70 - Colagem das peças circulares Fonte: Autoria própria, 2015
Para finalizar a base do balanço, foram feitas duas almofadas com espuma e
corano, costuradas à mão (Figura 71). A primeira, de 600x100x600mm (largura x
altura x comprimento), foi preenchida com espuma em pedaços e na sua face
superior foram costuradas duas faixas de velcro (Figura 72), para a colocação dos
“tapetes texturizados”. Estes, por sua vez, foram feitos a partir do recorte de tecidos
de 580x580mm, cada um deles também com duas faixas do outro lado de aderência
do velcro. Os tecidos utilizados para os tapetes foram: Feltro, Tricot, Veludo Crystal
Alemão, Soft Estampado e Flanela Xadrez (Figura 73).
A segunda almofada, com a função de “banquinho” - ver Figura 35 -, foi
preenchida com um pedaço único de espuma e feita nas dimensões
600x200x300mm (Figura 74).
66
Figura 71 - Recortes de corano para a almofada Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 72 - Faixas de velcro Fonte: Autoria própria, 2015
67
Figura 73 - Tecidos texturizados Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 74 - Almofada "banquinho" Fonte: Autoria própria, 2015
A estrutura superior, por sua vez, foi montada com um esqueleto de madeira
(Figura 75) e um tecido com bolinhas coloridas preenchidas, formando o “balão”
(Figura 76).
68
Figura 75 - Estrutura de madeira Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 76 - Tecido com bolinhas Fonte: Autoria própria, 2015
Inicialmente, os 8 arcos foram encaixados e colados aos círculos superior e
inferior, em intervalos de distância iguais. Em seguida, foram parafusados e colados
(Figura 77). Para garantir maior segurança, os arcos foram ainda unidos entre si com
um arame (Figura 78).
69
Figura 77 - Fixação com parafusos Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 78 - União dos arcos com arame Fonte: Autoria própria, 2015
As bolinhas foram feitas com o recorte dos tecidos em formato circular, com
diâmetro médio de 500mm, nas cores verde, rosa, amarelo, vermelho, azul e roxo
(Figura 79).
70
Figura 79 - Recorte de tecidos Fonte: Autoria própria, 2015
Em cada um dos recortes circulares foi feito um fuxico, preenchido com a fibra
siliconada, totalizando 45 bolinhas (Figura 80). Algumas bolinhas ainda receberam o
velcro (Figura 81), que seria fixado na parte de baixo do tecido. As demais bolinhas
foram costuradas na parte superior (Figura 82).
Figura 80 - Bolinhas preenchidas com fibra siliconada Fonte: Autoria própria, 2015
71
Figura 81 - Bolinhas com velcro Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 82 - Tecido com velcro e bolinhas costuradas Fonte: Autoria própria, 2015
Nas extremidades laterais do tecido, foi costurado o velcro, para permitir
montar e desmontar o balão quando necessário, como mostra a figura 82. Nas
extremidades superior e inferior, uma linha foi passada para reduzir o diâmetro da
abertura do tecido e possibilitar um melhor fechamento (Figura 83).
72
Figura 83 - Extremidade com a passagem da linha Fonte: Autoria própria, 2015
As bolinhas foram dispostas em 4 fileiras do tecido, distribuídas de modo a
evitar a repetição de cores lado a lado.
5.4.1 Modelo funcional montado
O produto foi montado na clínica com as cordas de escalada. Para suspender
a estrutura do balão, foram utilizados uma corda de 8mm de diâmetro e um
mosquetão. A corda foi dividida em dois pedaços iguais, fechados em torno do arco
superior do balão (Figura 84) em nós do tipo “pescador” (Figura 85) e passados por
dentro do mosquetão. Este foi preso a outro mosquetão, já fixado na estrutura para
balanços da clínica.
73
Figura 84 - Extremidade com as cordas Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 85 - Nó tipo "pescador" Fonte: Autoria própria, 2015
A caixa também foi suspensa através de cordas de escalada, desta vez de
11,5 mm de diâmetro, sendo feito um nó do tipo “forca” em cada um dos 4 pontos de
passagem das cordas (Figura 86). Para isso, a corda foi dividida em duas partes
iguais e cada ponta foi queimada e coberta com fita isolante, para evitar seu
desfiamento. Para suspender a caixa, antes de feitos os nós, as cordas foram
passadas por dentro de uma argola de metal. Com os nós prontos, a caixa foi
suspensa e fixada à estrutura da clínica passando a argola por um outro mosquetão
(Figura 87).
74
Figura 86 - Nó tipo "forca" Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 87 - Balanço suspenso Fonte: Autoria própria, 2015
75
5.5 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
5.5.1 Desenho Técnico e Quadro de Ferragens
O desenho técnico e o quadro de ferragens do produto encontram-se no
Apêndice B e C.
76
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Análise do produto com usuários
Após a montagem do protótipo, no Consultório de Terapia Ocupacional, veio a
etapa do teste com usuários. Devido à disponibilidade das terapeutas e dos
pacientes e também ao prazo de entrega do presente trabalho, o teste foi feito, neste
primeiro momento, com apenas três crianças na faixa de idade de 1 a 2 anos. A
seguir, são feitas as considerações sobre o uso do produto pelo usuário nos
aspectos formal, funcional, simbólico e ergonômico.
As análises feitas aqui levarão em consideração tanto a observação da
reação do usuário, quanto os relatos simultâneos feitos pelas terapeutas presentes
no momento do uso – a terapeuta responsável pela criança, Valeska Cardeal
Santana Lazoski e uma segunda, Laís Della Giustina Czelusniak, que acompanhava
fazendo também observações.
6.1.1 Forma
Um dos primeiros pontos registrados foi o fato de que as cores do produto
oferecem um estímulo visual interessante: o colorido da parte superior atrai o olhar e
o interesse da criança, e as cores são alegres e lúdicas, adentrando aqui também
nos aspectos funcional e simbólico.
Segundo o relato das terapeutas, a escolha das cores permitiu equilibrar bem
o produto no quesito estético, com um contraste ideal entre a maior quantidade de
informação na parte superior e a cor única da parte inferior, proporcionando ao
balanço uma harmonia visual. A forma do balanço facilita também os aspectos
funcional, simbólico e ergonômico, como veremos em mais detalhes em seguida.
77
6.1.2 Função
O produto teve um funcionamento geral satisfatório, porém foram observados
alguns pontos importantes a serem melhorados, neste aspecto.
Em primeiro lugar, devido ao modo como as cordas foram dispostas na
argola, para a suspensão da caixa (divididas em 2 partes apenas, e sem uma
fixação extra em torno da argola), elas se moviam um pouco durante o uso, fazendo
com que o balanço acabasse por pender para um dos lados com facilidade. Após o
primeiro teste com o usuário, este problema foi solucionado com um nó do tipo “volta
de Anete”, feito em torno da argola, no centro das duas cordas (Figura 88).
Figura 88 - Nó "Volta de Anete" Fonte: Autoria própria, 2015
Em segundo lugar, observou-se uma nova possibilidade de uso das bolinhas
fixadas na parte superior do balanço, não prevista anteriormente. As terapeutas
observaram que todas elas poderiam ser dispostas dentro do balanço, como numa
piscina de bolinhas, reforçando o aspecto lúdico da terapia. Por esse motivo, optou-
se por refazer a fixação das bolinhas, mantendo todas elas fixas apenas com o
velcro e eliminando a costura diretamente ao tecido, para maior proveito destes
elementos.
Por outro lado, observou-se que o equipamento comporta bem as crianças na
faixa de idade escolhida. Além disso, o teste permitiu confirmar que a caixa como
base do balanço serve a um uso diferencial do equipamento, com a criança em pé e
78
em contato visual direto com a terapeuta, conferindo a versatilidade e segurança
desejadas. E, como citado anteriormente, essa forma tem ainda outra função, pois
dispensa a colocação de um recipiente a mais sobre o balanço, comumente usado
na terapia para carregar algum material de sensação tátil específica.
6.1.3 Aspecto simbólico
Simbolicamente, a combinação das formas e cores da caixa e do balão
funciona de modo a criar uma atmosfera de fantasia para as crianças, atraindo para
o uso. O fato de remeter a um balão de voo torna o seu uso notadamente mais
lúdico. Neste ponto, a presença da porta colabora como elemento convidativo, pois
acentua a curiosidade em entrar no balanço.
6.1.4 Ergonomia
Pelas respostas observadas no comportamento do usuário e pelo relato das
terapeutas, o produto se mostrou confortável e seguro, de modo geral. A sensação
tátil proporcionada foi satisfatória, bem como o conforto em contato com o estofado
macio e a almofada. Os usuários demonstraram uma resposta particularmente
positiva neste ponto, ao se deitar muito à vontade dentro da caixa.
Contudo, um quesito a ser melhorado quanto à ergonomia é a trava da porta,
que, conforme percebido neste primeiro momento, ficou levemente deslocada e
necessita ser reposicionada para fechar da maneira ideal e oferecer maior
segurança.
6.1.5 Uso
79
Quanto ao uso do balanço em uma perspectiva geral, o teste permitiu
observar que, felizmente, os requisitos propostos no projeto foram razoavelmente
atendidos, considerando-se o caráter preliminar deste estudo, com respostas muito
positivas por parte das terapeutas e do usuário.
Por outro lado, o teste trouxe considerações importantes a respeito de uma
série de melhorias potenciais para que o balanço ofereça uma experiência mais
plena. Dentre as que se destacam neste primeiro momento estão: a fixação da
extremidade superior das cordas, para que o balanço se movimente oferecendo
maior equilíbrio e segurança; o reposicionamento da trava da porta; e o custo total,
que, com os materiais e meios de produção escolhidos para este modelo funcional,
não pôde atingir o nível desejado.
6.2 Cenas de uso
As imagens a seguir foram registradas durante o primeiro teste, com uma
criança com Síndrome de Down. Neste momento, com o produto montado na clínica,
foi possível observar a interação com o usuário.
80
Figura 89 - Teste de uso 1 Fonte: Autoria própria, 2015
Figura 90 - Teste de uso 2 Fonte: Autoria própria, 2015
81
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do o momento da concepção até a fase de materialização e teste do protótipo
em situação real de uso, este projeto passou por um longo período de análises e
alterações.
Desde o início, o objetivo deste projeto foi o redesign do equipamento de
terapia, de modo a proporcionar um melhor e mais versátil atendimento às
necessidades dos usuários – crianças com Disfunção Integrativa Sensorial e
terapeutas que orientam a terapia-, com múltipla combinação de estímulos, leveza,
segurança, ludicidade e custo reduzido do produto. Com isso, o trabalho propôs se
inserir na área do design para pessoas com deficiência, tendo em mente a
responsabilidade que o designer também tem de propor soluções para problemas
levando em consideração uma perspectiva social inclusiva.
Há que se destacar que um dos maiores propósitos do trabalho, estabelecido
logo nas primeiras reuniões da equipe com as professoras orientadoras, era o de
materializar, de fato, a ideia, ainda que na forma de um protótipo inicial, para obter
resultados na esfera prática. Por isso, opta-se por definir este como um estudo
preliminar para o redesign do balanço. Isso significa que não houve a pretensão de
ter, ao fim deste trabalho de conclusão de curso, um balanço pronto para o mercado,
mesmo porque reconhece-se que um produto nesta categoria deve passar por uma
série de etapas posteriores, que permitam explorar, tanto quanto necessário, os
materiais, as formas, as cores, as funções, as possibilidades de uso, entre tantos
outros aspectos. Trata-se, neste caso, de um processo muito mais longo e que
requer, inevitavelmente, muitas reelaborações.
Para atingir o objetivo de produzir algo concreto, foi necessário fazer escolhas
provisórias, como naturalmente ocorre na fase inicial de execução de um protótipo, e
que serviram para visualizar melhoras a serem aplicadas num possível produto
futuro.
Outro fator que exerceu bastante influência sobre esta decisão foi o
orçamento limitado para a produção, uma vez que não houve nenhuma forma de
patrocínio do projeto, ficando a cargo dos autores financiar todos os custos gerados.
É preciso ressaltar ainda que, pela sua natureza, o projeto dependeu
fortemente da colaboração de profissionais da área da Terapia Ocupacional, e o
82
contato com estas demorou razoavelmente a ser estabelecido, enquanto corria o
prazo de entrega do trabalho. Somente então pode ser feita a parceria que acabou
se tornando determinante para os resultados finais aqui apresentados.
Durante todo o processo, naturalmente surgiram muitas dúvidas, em especial
por se tratar de um tema ligado à área da saúde, que a princípio fugia bastante ao
domínio dos autores deste trabalho e que teve que ser estudado para uma
compreensão mínima de como interferir positivamente com o Design em tal campo.
Dificuldades foram aparecendo pela inexperiência na produção de algo
destinado a um usuário real e pela complexidade que o projeto ganhou, ao propor
melhorias em muitos aspectos.
Neste sentido, há ainda uma série de questões a serem resolvidas, dentre
elas:
realizar o registro adequado dos estudos ergonômicos, que, em função de
dificuldades relacionadas ao prazo, acabaram por não ser expostos neste trabalho,
apesar de as medições terem sido realizadas no consultório com crianças
pertencentes ao público-alvo;
adicionar um estímulo auditivo, conforme desejado num primeiro momento;
o custo do produto ainda saiu relativamente alto (ver Apêndice D), mas
acredita-se que, possivelmente, o custo seria reduzido em uma escala maior de
produção – por outro lado, em comparação com balanços de preço similar, este
possui a vantagem de propor muitos benefícios adicionais;
realização de mais testes. Será dada continuidade aos testes para
aperfeiçoamento do produto, já que trata-se apenas de um protótipo inicial.
Por todos os motivos aqui citados e em virtude da complexidade deste
projeto, não foi possível atender a uma série de requisitos próprios da metodologia
científica. Contudo, espera-se que este estudo preliminar sirva como pontapé inicial
para a elaboração de um produto aperfeiçoado no futuro.
Feitas todas as considerações acima, foi também muito gratificante poder,
ainda que de forma modesta, propor uma contribuição no Design pensando na
temática da inclusão de pessoas com deficiência. E ver o projeto tomando forma
trouxe uma imensa alegria, em especial ao assistir à reação positiva de uma criança
ao subir no balanço pela primeira vez, o que fez tudo isso ganhar um valor muito
maior do que o esperado.
83
REFERÊNCIAS
ADOROCINEMA. Up - Altas Aventuras. Disponível em:<
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-130368/> Acesso em: 17 de Maio de 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO. O que é TDAH?.
Disponível em:< http://www.tdah.org.br/sobre-tdah/o-que-e-o-tdah.html> Acesso em 30 de Agosto de 2014 AUTISMO E REALIDADE. O que é autismo?. Disponível em:< http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/o-que-e-autismo/> Acesso em 03 de Agosto de 2014 BOLSANELLO, Maria Augusta (org.). Atenção e Estimulação Precoce: Bebês com
Deficiência. I Simpósio Nacional de Atenção e Estimulação Precoce. Curitiba: UFPR, 2008. CARLO, Marysia Mara Rodrigues Prado de; BARTALOTTI, Celina Camargo. Terapia ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas. São Paulo: Plexus
Editora, 2001. CHATEAU, Lilian Fernanda Araya; FIQUENE, Germanna Meirelles Cardoso; BAPTISTA, Patrícia Fukuda de Siqueira; SAETA, Beatriz Regina Pereira. A Associação da Expressão Necessidades Especiais ao Conceito de Deficiêcia. In:PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO. Cadernos de Pós - Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento. São Paulo, v.12, n.1, p.65-71,2012.
CONFEITARIA CREATIVE. Veja incríveis camas suspensas. Disponível em:<
http://www.confeitariacreative.com.br/2013/12/veja-incriveis-camas-suspensas.html> Acesso em: 17 de Maio de 2015. COLEMAN, Roger; CLARKSON, John; DONG, Hua; CASSIM, Julia. Design for Inclusivity: A Practical Guide to Acessible, Innovative and User-Centred Design. Hampshire:Gower, 2007. DOCTER, Pete. Up - Altas Aventuras. Walt Disney Pictures, 2009. Video Disco. (96min)
84
DRUMMOND, Adriana de França; REZENDE, Márcia Bastos (org.). Intervenções da terapia ocupacional. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. ELLERBROCK, Josy. Crítica: Up: Altas Aventuras. Disponível em:<
http://xonadosporcinema.blogspot.com.br/2012/12/critica-up-altas-aventuras.html> Acesso em: 17 de Maio de 2015. ELLIS, Dado. Cubo de Rubik para Deficientes Visuais. Disponível em:<
http://blogdebrinquedo.com.br/2009/02/17/cubo-de-rubik-para-deficientes-visuais/> Acesso em: 03 de Agosto de 2014. EXPANSÃO. Site de vendas. Disponível em:< http://expansao.com/produtos/> Acesso em: 03 de Agosto de 2014. FALZON, Pierre (org). Ergonomia. São Paulo: Editora Blucher, 2007
FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. GARCIA, Vera. "Cursum" carrinho de bebê para cadeirantes. Disponível em:< http://www.deficienteciente.com.br/2012/07/cursum-carrinho-de-bebe-para-cadeirantes.html> Acesso em 03 de Agosto de 2014. (a) ______. Diversão: Balanço "Liberty Swings" projetado para crianças e adolescentes cadeirantes. Disponível em:< http://www.deficienteciente.com.br/2012/07/balanco-liberty-swings-projetado-para-criancas-e-adolescentes-cadeirantes.html> Acesso em 03 de Agosto de 2014. (b) GODZICKI, Bárbara; SILVA Patrícia Andrade da; BLUME Luziane Bombazar; Aquisição do sentar independente na Síndrome de Down utilizando o balanço. Joinville, 2009. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-51502010000100007&script=sci_arttext>. Acesso em: 23 de Julho de 2014. INSPIRADOS PELO AUTISMO. Integração sensorial no espectro do autismo.
Disponível em:< http://www.inspiradospeloautismo.com.br/o-que-e-autismo/integracao-sensorial-para-autismo/> Acesso em 03 de Agosto de 2014 KRÜGER, Jaqueline; FERREIRA, Alexandre Rodrigues; BARCELLOS, Thaís; FREITAS, Estela do Canto. Desenvolvimento de um mouse apropriado para portadores de necessidades especiais. In: Congresso Nacional de Excelência em
85
Gestão, 9, 2013, Rio Grande do Sul, 2013. Disponível em<
http://www.excelenciaemgestao.org/> Acesso em 30 de Agosto de 2014. MAIA, Edmara Bazoni Soares; RIBEIRO, Circéa Amália; BORBA, Regina Issuzu Hirooka de. Compreendendo a sensibilização do enfermeiro para o uso do brinquedo terapêutico na prática assistencial a criança. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 4, Ago. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000400007>. Acesso em 21 de Agosto de 2014. MALLIN, Sandra Sueli Vieira. Uma metodologia de design aplicada ao desenvolvimento de tecnologia assitiva para portadores de paralisia cerebral. 2001. 245 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia) - Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba, 2001. NETO, Humberto. A Propriocepção. Disponível em:<
http://fisioterapiahumberto.blogspot.com.br/2009/07/propriocepcao.html> Acesso em 03 de Agosto de 2014. OMAIRI, Claudia; VALIATI, Marcia Regina Machado Santos; WEHMUTH, Mariane; ANTONIUK, Sergio Antonio (org.). Autismo: perspectivas no dia a dia.Curitiba:
Íthala, 2013. ONO, Maristela Mitsuko. Design e cultura: sintonia essencial. Curitiba: Edição da
Autora, 2006. PERON, Marluce. Tecnologia a favor das pessoas portadoras de necessidades especiais. Disponível em:<http://www.tecmundo.com.br/software/2789-tecnologia-a-favor-das-pessoas-portadoras-de-necessidades-especiais.htm>. Acesso em: 31 de Julho de 2014. PORTOBELLO. Design para inclusão - Conheça exemplos de inovações
tecnológicas para portadores de necessidades especiais. Disponível em:<http://www.portobello.com.br/blog/decoracao/design-para-inclusao-conheca-exemplos-de-inovacoes-tecnologicas-para-portadores-de-necessidades-especiais/>. Acesso em: 31 de Julho de 2014. PREECE, Jennifer; ROGERS, Yvonne; e SHARP, Helen. Design de interação: além da interção homem-computador. Porto Alegre: Bookman, 2005.
86
ROLEY, Suzanne Smith; JACOS, E S. Essie. Integração Sensorial. IN: WILLARD,
Hellen S. Terapia Ocupacional/ Willard & Spackman [editado por] Elizabeth Blesedell Crepeau, Ellen S. Cohn, Barbara A. Boytt Shell; [tradução Antônio Francisco Dieb Paulo]. -Rio de janeiro: Guanabara koogan, 11th ed. 2011. ROTTA, Newra Tellechea. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. Jornal de Pediatria - Vol 78, Supl. 1, Porto Alegre, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jped/v78s1/v78n7a08.pdf> . Acesso em: 31 de Julho de 2014. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. Ambiência. Núcleo técnico da política
nacional de humanização. 2 ed: Brasília, Editora do Ministério da Saúde, 32p. Série B. Textos Básicos de saúde 2010. SELLA, Marisa Amada Pires (org.). Estimulação Precoce: um desafio para o desenvolvimento infantil. Curitiba: Protexto, 2005. SILVA, Maurício José Vianna e. Design Thinking: Inovação em negócios. Rio de Janeiro: MJV Press, 2012. SOLER, Ana Paola Sarpi Chiodo; REZENDE, Luciana Krauss; BLASCOVI-ASSIS, Silvana Maria. Utilização de playground por crianças com paralisia cerebral tipo diparética espática: preferências e dificuldades relatadas pelas mães. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.22, n. 1, p. 19-26, jan./abr. 2011
STANDARTE. Site de vendas. Disponível em:< http://standart.com.br/produtos> Acesso em 03 de Agosto de 2014. URBANSKI, Luiz. Universo Autista. 2013. Disponível em: < http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/sections/index.php?op=viewarticle&artid=147> Acesso em: 23 fev. 2014. WANDERLEY, Ingrid Moura; SANTOS, Maria Cecília Loschiavo dos. Papanek para o mundo real no século XXI. In: CONGRESSO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN - P&D, 10, 2012, São Luís. Anais do X Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. São Luís: EDUFMAi, 2012. 1 CD-ROM. WILLARD, Helen S. Terapia Ocupacional. [editado por] Elizabeth Blesedell Crepeau, Ellen S. Cohn, Barbara A. Boyt Schell. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
87
APÊNDICE A - RELATÓRIO DA ENTREVISTA A
A entrevista foi realizada com as terapeutas ocupacionais Carolina Scherner e
Laís Della Giustina, no Consultório de Terapia Ocupacional localizada na Rua
Amintas de Barros, 803, Centro, na cidade de Curitiba – PR.
Nesta entrevista foram coletados dados referentes ao trabalho realizado na
Terapia de Integração Sensorial, às crianças atendidas na clínica e aos balanços
utilizados.
Foram relatadas as seguintes questões:
Apesar de o trabalho com crianças deficientes ser realizado em conjunto por
uma equipe de profissionais, Terapeutas Ocupacionais são os únicos
profissionais habilitados para o exercício da Terapia de Integração Sensorial;
Na clínica, o trabalho é realizado com crianças com Autismo, em maior parte,
e também com Síndrome de Down, Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade, Paralisia Cerebral e com dificuldades de aprendizagem
decorrentes apenas da Disfunção Integrativa Sensorial. Em média, são
atendidas crianças desde muito pequenas, com apenas meses de idade, até
os 10 anos;
No Brasil, são poucas as empresas que oferecem equipamentos para a
Terapia de IS. Elas puderam citar apenas três sites de vendas nesta área: o
Standart, o Expansão e o Vanzetti;
Os balanços que promovem maiores benefícios - como o disco flexor e o
balanço principal – são muito pesados. Em alguns casos, trata-se do peso do
próprio equipamento, em outros, a estrutura de sustentação em ferro torna o
conjunto mais pesado;
O balanço principal, que permite movimentos rotatórios, angulares e lineares,
com alto estímulo ao sistema vestibular e proprioceptivo - foi feito por
encomenda, com base no desenho de outro balanço, trazido dos Estados
Unidos pela Laís. Ela relata ter optado pela encomenda pelo fato de que
muitos dos balanços disponíveis no mercado brasileiro são muito pesados - o
que dificulta a sua manipulação na sala de terapia pelas profissionais - e
também muito caros. Segundo as terapeutas, em muitas ocasiões elas
88
próprias fazem adaptações nos equipamentos, de acordo com as
necessidades que encontram em seu trabalho;
Ainda sobre o balanço principal, uma das suas formas de uso é com a boia,
um acessório usado para garantir a segurança das crianças menores no seu
uso. No entanto, o recurso tem a desvantagem de dificultar a subida das
crianças, limitando a sua autonomia em realizar esse esforço, que é um ponto
importante no uso do equipamento.
Apesar de ter sido encomendado, as terapeutas destacam uma série de
questões ainda sujeitas a melhorias no equipamento, enumeradas a seguir:
1. Pelo fato de a sustentação ser feita com correntes, e não outro material
resistente porém mais leve, toda a estrutura tem um peso ainda
considerável;
2. O balanço possui saliências nos cantos, na região onde as correntes
estão fixadas, que apresentam um risco tanto à segurança das
crianças quanto das terapeutas;
3. Como dito anteriormente, a ausência de um acessório adequado que
ofereça maior segurança no uso do balanço pelas crianças menores,
sem limitar muito a sua movimentação, é outro problema identificado
pelas terapeutas;
4. A estrutura de ferro colocada na parte superior do balanço para
expandir o espaço entre as cordas é uma causa constante de
acidentes, pois a sua proximidade acaba fazendo com que as crianças
maiores batam a cabeça e se machuquem.
Na análise dos demais balanços, foram levantadas outras sugestões de
melhorias:
1. Para a sustentação, as terapeutas recomendaram o uso de cordas
resistentes e encapadas, pela leveza e segurança, combinadas com
materiais de escalada, pois em outros equipamentos, como o disco de
flexão, essa inserção facilitou bastante a manipulação. O material de
escalada permite que o ajuste das cordas seja feito com o mínimo de
esforço, sem que seja necessário levantar o equipamento;
2. Com base na sua experiência em adaptar os equipamentos, as terapeutas
recomendaram o uso do velcro, nas cordas e na própria estrutura do
89
aparelho, pois ele é um material versátil que permite fixar outros objetos
como brinquedos pequenos em diferentes alturas, de acordo com o
objetivo pretendido para cada criança. Além disso, ele é de fácil remoção e
reposicionamento e não causa danos ao equipamento;
3. Equipamentos que apresentam revestimento com textura, como o tapete
da plataforma suspensa, têm a desvantagem de limitar o uso de outras
ferramentas na terapia, como a espuma, o giz para desenhar e outras
substâncias, pois trata-se de um revestimento que mancha facilmente e
não é removível para lavagem. Sendo assim, acaba se tornando
necessário improvisar alguma capa de proteção ao tapete. Na entrevista
com as terapeutas, concluiu-se que o ideal seria que texturas desse tipo
fossem cambiáveis, tanto por facilitar a limpeza quanto por possibilitar a
variação na estimulação tátil e visual, adequando-se às necessidades de
cada criança;
4. A independência em impulsionar o balanço é algo a ser aperfeiçoado, já
que as crianças maiores precisam, na clínica, puxar uma corda amarrada
a uma das paredes para conseguir o impulso sem que as terapeutas
empurrem o balanço, e isso nem sempre é eficaz. No caso das crianças
menores, as terapeutas devem realizar esse impulso, necessariamente;
5. Um acessório para estimulação auditiva seria um diferencial interessante,
se pudesse ser acoplado e retirado com facilidade, pois os objetivos da
terapia variam de acordo com cada caso. Há crianças com
particularidades na audição que se beneficiam com a combinação ideal
dos estímulos vestibulares e auditivos, desenvolvendo melhor suas
percepções neste sentido e amenizando uma hipersensibilidade, por
exemplo. Ademais, surgiu a sugestão de adição de algum alerta sonoro
que indicasse quando o balanço fosse impulsionado, para que a criança
associe o som ao movimento, integrando estas percepções com mais
eficiência.
90
APÊNDICE B - DESENHO TÉCNICO
91
92
93
94
95
96
97
98
99
APÊNDICE C - QUADRO DE FERRAGENS
Nome Tamanho Quantidade
Dobradiça de folha
invisível
1 polegada 2
Parafuso Philips 4 x 25 mm 18
Parafuso Philips 4 x 35 mm 8
Quadro 2: Lista de ferragens Fonte: Autoria própria, 2015
100
APÊNDICE D - ORÇAMENTO DO PROJETO
Material Preço
Compensado Multilaminado 15mm R$ 132,00
Tecidos R$ 108,33
Fibra Siliconada R$ 45,00
Linha R$ 3,00
Corda de 8mm R$ 33,80
Corda de 11,5mm R$ 52,00
Mosquetão R$ 42,32
Trava R$ 2,70
Espuma 10mm R$ 29,00
Espuma picada R$ 7,50
Dobradiça R$ 13,00
Velcro R$ 40,90
Corano R$ 77,40
Argola de metal R$ 50,00
TOTAL R$ 636,95
Quadro 3 - Orçamento do projeto Fonte: Autoria própria, 2015