Post on 14-Apr-2018
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
1/81
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE EDUCAO FSICA E FISIOTERAPIA
CURSO DE FISIOTERAPIA
ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO EPOR FACILITAO NEUROMUSCULAR
PROPRIOCEPTIVA NO DESENVOLVIMENTO DAFLEXIBILIDADE EM PRATICANTES DE TAEKWONDO
Fabrcio Lus DalfovoFernando Caiero
Passo Fundo2005
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
2/81
Fabrcio Lus Dalfovo
Fernando Caiero
Estudo das tcnicas de alongamento esttico e porfacilitao neuromuscular proprioceptiva nodesenvolvimento da flexibilidade em praticantes de
taekwondo
Monografia apresentada ao curso de Fisioterapia,da Faculdade de Educao Fsica e Fisioterapia,da Universidade de Passo Fundo, como requisitoparcial para obteno do grau de Fisioterapeuta,sob orientao do Prof. Anderson Vesz Cattelan.
Passo Fundo2005
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
3/81
Fabrcio Lus Dalfovo
Fernando Caiero
Estudo das tcnicas de alongamento esttico e porfacilitao neuromuscular proprioceptiva no
desenvolvimento da flexibilidade em praticantes de
taekwondo
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________Anderson Vesz Cattelan (Orientador)
_________________________________
Prof. Marco Antnio Aguirre
_________________________________
Prof. Carlos Rafael Almeida
__________________________________
Prof. Mt. Gilnei Lopes Pimentel (Suplente)
Passo Fundo2005
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
4/81
AGRADECIMENTOS
Fabrcio Lus DalfovoAgradeo a DEUS, em primeiro lugar que me deu aoportunidade de iniciar este curso e foras paraconclu-lo. Tenho certeza que sem Ele eu no estariaagora escrevendo estas palavras de agradecimento.A minha me querida que, mesmo com todas asdificuldades, no poupou esforos para me educar eoferecer as condies para que eu estudasse, sendosempre compreensiva, guerreira, companheira eamiga e, pelo carinho recebido por ela, nas horas
mais difceis pelas quais passei.A meu pai Euclides e ao meu irmo dersonGustavo (in memorian) que, mesmo no estandoaqui, pessoalmente, ficariam felizes em compartilharesta vitria comigo.A minha namorada, Manuela, pela compreenso,incentivo e pacincia durante o perodo daelaborao desta monografia e, por todo o amorrecebido durante todo esse tempo de convivncia.Aos meus demais familiares que me apoiaram e,sempre acreditaram em mim. Muito Obrigado.
Fernando CaieroEm primeiro lugar agradeo aos meus pais JooBatista e Iara, que so as pessoas mais importantesda minha vida, minha fonte de inspirao, as duas
pessoas mais carinhosas e amveis desse mundo.Agradeo ao meu pai por ser to companheiro,amigo, parceiro de todas s horas, sempre presente
para um abrao, por me apoiar e me dar foras paraseguir em frente em busca dos meus objetivos. A
minha me por estar sempre ao meu lado nas horasdifceis, por nunca negar um colo carinhoso, por
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
5/81
nunca medir esforos para me proporcionar o melhorem tudo, e por me mostrar todo dia importncia doestudo em minha vida.Agradeo aos meus irmos Eduardo e Juliana por
serem pessoas to maravilhosas, corretas, estudiosas,amigas, e que desde criana so modelos onde euposso me espelhar para ser uma pessoa de carter.Agradeo a minha afilhada Isadora por ter nascido econseqentemente por trazer indescritvel felicidadea todos da famlia.Agradecemos ao nosso Prof. Anderson VeszCattelan por nos orientar no desenvolvimento desta
pesquisa, sempre disposio com seu grandeconhecimento para as esclarecer as nossas dvidas,com conselhos pertinentes e engrandecedores.
Ao nosso co-orientador Hugo Tourinho Filho, pelasua colaborao, conhecimento e dedicao
prestados a nossa pesquisa. Academia Body Center por ter nos cedido oespao para a realizao da pesquisa.Aos participantes os quais aceitaram participar destetrabalho, se comprometendo regularmente afreqentar as sesses de alongamento.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
6/81
SUMRIO
1. INTRODUO ....................................................................................................... 13
1.1 O problema e sua importncia ........................................................................... 13
1.2 Objetivo geral .................................................................................................... 14
1.3 Objetivos especficos ......................................................................................... 15
1.4 Justificativa ........................................................................................................ 15
1.5 Definio de termos ........................................................................................... 16
2. REVISO DE LITERATURA ............................................................................... 17
2.1 Histrico do Taekwondo ................................................................................... 17
2.2 Importncia das tcnicas de chutes para o Taekwondo ..................................... 182.3 Sistema msculo-esqueltico ............................................................................. 19
2.3.1 Contrao muscular ..................................................................................... 22
2.3.2 Tendes ........................................................................................................ 23
2.3.3 Inervao ..................................................................................................... 24
2.3.4 rgos sensoriais musculares ...................................................................... 24
2.4 Receptores articulares ........................................................................................ 29
2.5 Flexibilidade ...................................................................................................... 302.5.1 Componentes bsicos da flexibilidade ........................................................ 31
2.5.2 Fatores que influenciam a flexibilidade ....................................................... 32
2.5.3 Benefcios da flexibilidade .......................................................................... 35
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
7/81
2.6 Classificaes tradicionais de alongamento ....................................................... 36
2.6.1 Alongamento Balstico ................................................................................. 36
2.6.2 Alongamento esttico ................................................................................... 38
2.6.3 Facilitao Neuromuscular Proprioceptiva FNP ....................................... 39
2.7 Procedimentos bsicos para a facilitao ........................................................... 40
2.8 Leses na prtica esportiva ................................................................................ 42
3 MATERIAIS E MTODOS..................................................................................... 44
3.1 Caracterizao da pesquisa ................................................................................. 44
3.2 Populao e amostra ........................................................................................... 44
3.3 Controle do estudo .............................................................................................. 45
3.4 Limitaes do estudo ..........................................................................................3.5 Instrumentos de medida ......................................................................................
3.6 Procedimento Experimental ...............................................................................
4545
46
3.7 Tratamento estatstico dos dados ........................................................................ 47
4 RESULTADOS ........................................................................................................ 49
5 DISCUSSO ............................................................................................................ 57
6 CONCLUSES E RECOMENDAES ................................................................ 60
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 61ANEXOS ..................................................................................................................... 66
APNDICES ............................................................................................................... 70
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
8/81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Medidas com mdia e desvios padres das variveis: idade, massa corporal e
estatura dos sujeitos analisados do grupo A, grupo B e do grupo C ..................................... 49
Tabela 2. ANOVA ONE-WAY para identificar se h diferena entre os pr-testes dos trs
grupos no MIE .......................................................................................................................
50
Tabela 3 POST HOC SCHAFF para localizar e identificar o grau de diferena entre os
grupos .................................................................................................................................... 51
Tabela 4. ANOVA ONE-WAY para identificar se h diferena entre os pr-testes dos trs
grupos no MIE .......................................................................................................................
52
Tabela 5. POST HOC SCHEFF para localizar e identificar o grau de diferena entre osgrupos .................................................................................................................................... 52
Tabela 6 ANOVA ONE-WAY para identificar se h diferena entre os ps-testes dos trs
grupos no MID .......................................................................................................................
53
Tabela 7. POST HOC SCHAFF para localizar e identificar o grau de diferena entre os
grupos .................................................................................................................................... 53
Tabela 8. ANOVA ONE-WAY para identificar se h diferena entre os ps-testes dos trs
grupos no MIE .......................................................................................................................
54Tabela 9. POST HIC SCHAFF para localizar e identificar o grau de diferena entre os
grupos .................................................................................................................................... 54
Tabela 10. Teste t para amostras independentes ................................................................ 55
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
9/81
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Tecido conjuntivo que envolve o msculo esqueltico ........................................ 21
Figura 2: Microestrutura muscular mostrando o stio de ligao actina-miosina ................ 22
Figura 3: Teoria da contrao do filamento deslizante ........................................................ 23
Figura 4: Fuso muscular ...................................................................................................... 27
Figura 5: rgo Tendinoso de Golgi ................................................................................... 29
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
10/81
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1: Termo de consentimento .................................................................................... 67
ANEXO 2: Posio adotada pelos sujeitos participantes da pesquisa .................................. 69
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
11/81
LISTA DE APNDICES
Apndice 1: Ficha de coleta de dados (grupo FNP) .............................................................. 71
Apndice 2: Ficha de coleta de dados (grupo esttico) ......................................................... 72
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
12/81
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi comparar e analisar qual das duas tcnicas dealongamento - facilitao neuromuscular proprioceptiva ou esttico - a mais eficiente paradesenvolver a flexibilidade em atletas praticantes de Taekwondo. A amostra foi composta por12 sujeitos, na faixa etria entre 16 e 29 anos, com uma mdia de 20 1 anos, que foramdivididos em: grupo A, composto por seis atletas, que realizaram o alongamento pela tcnicade facilitao neuromuscular proprioceptiva -FNP-; o grupo B, composto por seis atletas, querealizaram o alongamento pela tcnica esttica e, um terceiro grupo composto por seis noatletas que no realizaram o tratamento, formando o grupo controle, denominado grupo C. O
perodo experimental foi de cinco semanas, consistindo de trs sesses semanais detreinamento. Para mensurar a amplitude articular de abduo do quadril, utilizou-se ogonimetro universal. Na comparao das mdias dos grupos A, B e C, atravs de uma
anlise de varincia ANOVA, verificou-se no existir diferena significativa para um p
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
13/81
ABSTRACT
The objective of this study was to compare and to analyze which of the two stretchestechniques - facilitation to neuromuscular proprioceptive or static - is more efficient todevelop flexibility in athletes that practice of Taekwondo. The sample was composed for 12individuals, with age between 16 and 29 years old, average of 20 1 years, that had beendivided as follows: the group A, composed for six athletes, had carried through the allongefor the technique to proprioceptive neuromuscular facilitation - PNF -; the group B, composedfor six athletes had carried through the allonge for static technique and, one third groupcomposed group for six not athletes didnt carry through the treatment, made the controlgroup, called group C. The period of the experiment was five weeks, with three sessions perweek of training. To mesure the amplitude of articulate of abduo of the hip, universalgonimetro was used. Comparing the averages of groups A, B and C, through the analysis of
variance ANOVA, p
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
14/81
1 INTRODUO
1.1 O problema e sua importncia:
O TAEKWONDO uma modalidade milenar que foi introduzida recentemente nos
Jogos Olmpicos, mais especificamente no ano 2000, como modalidade oficial. Uma
modalidade com caractersticas que possibilitam ao praticante atingir autoconfiana, melhorar
o condicionamento fsico e tambm desenvolver seu carter (GOULART, 2005).
O Tae Kwon Do uma arte marcial coreana de defesa pessoal e um moderno esporte
de luta praticado em mais de 170 pases de todo mundo e seus praticantes somam mais de 50milhes tornando-o a arte marcial mais popular. uma arte que utiliza em uma luta 80 a 90%
dos membros inferiores, fazendo uso constantemente de chutes. A prioridade so os chutes
altos que, por sua vez, somam mais pontos em uma competio. Por isso, podem ocorrer
leses como distenses e contraturas decorrentes dos esforos destas tcnicas, da a
importncia da flexibilidade dentro desta arte marcial.
A flexibilidade extremamente limitada indesejvel, porque se os tecidos colgenos
que atravessam a articulao estiverem tensos, a probabilidade de eles sofrerem estiramentoou ruptura aumenta, principalmente quando a articulao forada alm de sua amplitude
normal (HALL, 1993). O termo flexibilidade uma qualidade fsica tambm essencial sade
geral das pessoas atletas e no atletas, pois ajuda na preveno de espasmos musculares, a m
postura, leses musculares, tenses neuromusculares generalizadas e lombalgias (ACHOUR
Jr, 1996; FOX & MATHEWS, 1991; FARINATTI & MONTEIRO, 1992).
A flexibilidade reconhecida como uma qualidade motora indispensvel prtica
desportiva. Os profissionais que atuam na rea, como os professores de educao fsica,tcnicos desportivos, fisioterapeutas..., tm como objetivos principais obter o melhor
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
15/81
14
rendimento do atleta, prevenir leses e desenvolver a mxima amplitude de movimento
envolvida nas habilidades motoras esportivas.
Os atletas praticantes de Taekwondo, por utilizarem chutes laterais visando o
adversrio, tm a necessidade de obterem uma boa amplitude articular na abduo do quadril.
Se a musculatura no estiver preparada, possveis leses podero ocorrer.
Para Tubino (1984), Contursi (1986) e Dantas (1998), uma boa elasticidade muscular
proporciona ao atleta o aperfeioamento do gesto desportivo, eficincia mecnica (melhora da
performance e menor gasto energtico), profilaxia de leses, melhor agilidade, velocidade,
resistncia, coordenao e fora, que so qualidades essenciais aos praticantes de Taekwondo.
Na prtica esportiva, destaca-se um grande nmero de tcnicas utilizadas para manter
ou ampliar a amplitude de movimento de uma articulao, e conseqentemente aflexibilidade. So os chamados exerccios de alongamento, sendo os mais utilizados e
conhecidos: o alongamento esttico, o balstico e por facilitao neuromuscular
proprioceptiva.
Em razo da importncia do desenvolvimento da flexibilidade no mbito esportivo do
Taekwondo, este estudo apresenta como problema: qual o resultado da aplicao da tcnica
de FNP em relao ao alongamento esttico no desenvolvimento da flexibilidade no
movimento de abduo do quadril em atletas praticantes de Taekwondo?
1.2 Objetivo geral:
Analisar e comparar os ndices de flexibilidade em praticantes de Taekwondo quandosubmetidos s tcnicas de alongamento esttico e por facilitao neuromuscular
proprioceptiva no desenvolvimento da amplitude articular do quadril.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
16/81
15
1.3 Objetivos especficos:
1. Verificar os ndices de flexibilidade do quadril em praticantes de Taekwondo;
2. Analisar qual das tcnicas de alongamento Esttico ou Facilitao
Neuromuscular Proprioceptiva a mais eficiente para desenvolver a
amplitude de movimento do quadril em praticantes de Taekwondo,
proporcionando assim, melhora da performance esportiva;
3. Colaborar para a preveno de leses atravs das tcnicas de alongamento
muscular mais apropriada.
1.4 Justificativa:
A flexibilidade uma qualidade determinante em vrios esportes e no Taekwondo ela
fundamental para a execuo de tcnicas com grande amplitude angular. Isso ocasiona um
desempenho atltico excepcional, alm de diminuir a suscetibilidade de leses em msculos e
tendes, permitindo assim, a obteno de arcos articulares mais amplos, possibilitando a
execuo de movimentos e gestos desportivos que de outra forma seriam limitados.
Segundo Dantas (1998), a flexibilidade interfere na eficincia mecnica do gesto
esportivo, permitindo um aproveitamento mais econmico de energia e contribuindo para a
profilaxia de leses. Salienta Sharkey apudDantas (1998), que ... as leses ocorrem quando
um membro forado alm de sua angulao de utilizao normal. Assim, um aumento da
flexibilidade reduzir este risco.Os encurtamentos musculares, conforme Achour Jr (1996), tambm levam a
disfunes estticas e dinmicas interferindo na postura e na performance do dia-a-dia. Com
o desenvolvimento da flexibilidade, o praticante de taekwondo melhora sua capacidade
tcnica, conseguindo executar os chutes com maior preciso. Alm disso, ganha em qualidade
de vida, pois seus movimentos nas atividades de vida diria so facilitados.
Devido s regras do esporte, que tm como objetivo chute na altura do rosto,
imprescindvel que se treine sempre para adquirir controle e sustentao para executar astcnicas com eficincia.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
17/81
16
Portanto, justifica-se este estudo pelo fato de implementar e enfatizar a importncia do
trabalho de flexibilidade na prtica da preparao fsica para o esporte, por melhorar a
amplitude articular do quadril e conseqentemente os ndices de elasticidade muscular, e
tambm pelo fato de estabelecer qual a melhor forma de obter ganhos na amplitude articular,
por meio da comparao de tcnicas de alongamentos apontadas como capazes de melhorar a
flexibilidade.
1.5 Definio de termos:
Flexibilidade: Qualidade motriz que depende da elasticidade muscular e da
mobilidade articular, expressa pela mxima amplitude de movimento necessria para a
perfeita execuo de qualquer atividade fsica eletiva sem que ocorram leses antomo-
patolgicas (ARAJO, 1983).
Elasticidade muscular: propriedade que possuem alguns componentes musculares dedeformarem-se sob a influncia de uma fora externa, aumentando seu comprimento e
retornando forma original quando cessada a ao (DANTAS, 1998).
Alongamento: o termo usado para descrever a tcnica para alongar os msculos e
melhorar a flexibilidade (CORBIN & FOX, 1999).
Facilitao Neuromuscular Proprioceptiva (FNP): modalidade teraputica criadanos anos de 1940 e incio de 1950 pelo Dr. Herman Kabat, com a colaborao das
fisioterapeutas Margaret Knott e Dorothy Voss, tendo por objetivo facilitar a flexibilidade e a
amplitude de movimento, atravs de mecanismos neurofisiolgicos que atuam sobre o fuso
muscular, facilitando o movimento pretendido e inibindo o grupo muscular antagonista ao
movimento (McATEE, 1998).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
18/81
2 REVISO DE LITERATURA
2.1 Histrico do Taekwondo
No ano de 670 antes de Cristo, a Coria estava dividida em trs reinos: Silla, Koguryo
e Baekche. Dos trs reinos, Silla foi o primeiro a ser formado, mas permaneceu pequeno e
pouco civilizado. A costa de Silla era constantemente invadida por piratas japoneses. O rei
Gwahkkaeto, o 19 monarca da dinastia de Koguryo, enviou foras para ajudar o reino vizinho
a lutar contra os piratas. Foi nessa altura que o Tae Kyon (a forma mais antiga do
Taekwondo) foi pela primeira vez introduzido junto classe guerreira de Silla, ensinadodireta e secretamente a alguns guerreiros de Silla pelos primeiros mestres da arte. Estes
guerreiros treinados no Tae Kyon tornaram-se conhecidos como Hwarangs.
Durante a guerra da Coria, um grupo, chefiado pelo General Choi Hong Hi, juntou
esforos e, aps diversas dissidncias, conseguiu em 1955 a unio das diversas escolas e
estilos, sendo adotado o nome de Tae Kwon Do que significa Caminho dos ps e das mos
(GOULART, 2005).
Em 14 de setembro de 1964, foi criada a Associao Coreana de Taekwondo. Nosanos 70, o Taekwondo desenvolveu-se de uma forma extraordinria no mbito mundial. Em
28 de maio de 1973, uma nova organizao mundial foi formada, a World Taekwondo
Federation (WTF). Desde ento, a WTF tem regulamentado o Taekwondo em mbito
internacional. Os campeonatos mundiais tm sido realizados, desde ento, em diferentes
pases, de dois em dois anos. Sob o comando da General Association of International Sports
Federation (GAISF), o Taekwondo foi introduzido no Comit Olmpico Internacional em
Julho de 1980. Em 1982 o Comit Olmpico determinou uma demonstrao oficial deTaekwondo nos Jogos Olmpicos de 1988, em Seoul, Coria. Essa demonstrao foi repetida
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
19/81
18
posteriormente em Barcelona 92. A 4 de setembro de 1994 o Taekwondo foi admitido como
modalidade olmpica oficial para o ano 2000, nas 27 Olimpadas de Sidney (GOULART,
2005).
Em atletas, o desenvolvimento da flexibilidade apresenta alguns resultados
determinantes:
Facilita o aperfeioamento nas tcnicas do desporto em treinamento;
Oferece condies para uma melhoria na agilidade, velocidade e fora;
fator preventivo contra acidentes desportivos (leses);
Provoca um aumento na capacidade mecnica dos msculos e articulaes,
permitindo um aproveitamento mais econmico de energia durante o esforo.
2.2 Importncia das tcnicas de chutes para o Taekwondo
O Taekwondo uma arte marcial que faz constantemente a utilizao de chutes.
uma arte que utiliza em uma luta 80 a 90% dos membros inferiores. A prioridade os chutesaltos que, em uma competio, somam mais pontuao. Por isso, podem ocorrer leses aos
esforos destas tcnicas, da a importncia da flexibilidade dentro desta arte marcial. Suas
regras so direcionadas para este tipo de tcnicas e possibilita ao praticante executar
treinamentos que utilizam os membros inferiores para sua execuo.
No Taekwondo, os chutes so tcnicas mais utilizadas que os socos, portanto, dada
ateno especial ao seu treinamento (GOULART, 2005).
Essas tcnicas, quando treinadas em conjunto com sesses especiais de flexibilidade,trazem grandes benefcios ao atleta, como a reduo do gasto energtico, preciso do
movimento e, se aplicados os mtodos de flexibilidade no perodo correto do treinamento,
todas as qualidades determinantes no Taekwondo como potncia e velocidade tambm
melhoraro, pois com a flexibilidade desenvolvida, o controle da tcnica otimizado.
Das vrias tcnicas que compem o Taekwondo as que mais utilizam a flexibilidade
so: Dolyo Tchagui, Neryo Tchagui, Furyo Tchagui e Momdolyo Furyo Tchagui.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
20/81
19
2.3 Sistema msculo-esqueltico
A motilidade uma caracterstica que a maioria dos seres vivos possuem. Esta
capacidade apresenta-se especialmente desenvolvida nas formas animais mais evoludas,
atravs de elementos especializados como as clulas ou fibras musculares, que so, por sua
vez, organizadas nos msculos. As fibras musculares so excitveis semelhana das clulas
nervosas; no entanto, diferente destas, no so especializadas na conduo de um impulso,
mas sim, na contrao celular, de modo que sua atividade leva aos diversos movimentos,
desde os finos delicados, at os poderosos e mais grosseiros, mediante o desenvolvimento de
tenso e encurtamento. por causa da atividade dos msculos que o nosso corpo pode fazercom que o corao bombeie o sangue, o intestino progrida seu contedo, a pupila se dilate, e
que um vaso sanguneo se contraia (DOUGLAS, 2002).
De acordo com Foss e Keteyian (2000), este o msculo que est ligado aos ossos, e
tem uma caracterstica funcional muito importante que dar movimentao ao esqueleto. Sua
morfologia constituda por clulas multinucleares, que apresentam o formato de cilindros
longos, e que podem atingir at 30cm de comprimento. Este msculo denominado de
estriado pelas suas estrias transversais, visveis microscopia de luz. Alm destascaractersticas, ele apresenta um controle voluntrio, ao contrrio dos msculos liso e
cardaco.
O msculo esqueltico composto por uma grande quantidade de tecidos. Dentre eles,
esto as clulas musculares, o tecido nervoso, o sangue e vrios outros tipos de tecido
conjuntivo. A figura 1 ilustra a relao existente entre o msculo e os vrios tecidos
conjuntivos. Os msculos individuais so separados entre si e mantidos no mesmo lugar por
um tecido conjuntivo que denominado fscia. No msculo esqueltico, encontram-se trscamadas separadas de tecido conjuntivo. A camada localizada mais externamente, e que
envolve todo o msculo denominada epimsio (POWERS & HOWLEY, 2000). Ao
seccionar o epimsio observa-se pequenos feixes de fibras envolvidas por uma bainha de
tecido conjuntivo. Esses feixes so denominados fascculos. A bainha de tecido conjuntivo
que circunda cada fascculo chamada de perimsio (WILMORE & COSTILL 2001).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
21/81
20
Fonte: (POWERS & HOWLEY, 2000).
Figura 1 Tecido conjuntivo que envolve o msculo esqueltico.
Finalmente, ao seccionar o perimsio, podemos observar as fibras musculares, que so
as clulas individuais dos msculos. No entanto, para observar as fibras musculares
necessrio o auxlio de uma lupa, devido ao tamanho extremamente reduzido das mesmas.
Cada uma das fibras musculares tambm recoberta por uma bainha de tecido conjuntivodenominada endomsio (WILMORE & COSTILL 2001).
Cada fibra muscular individual um cilindro fino e alongado que possui o
comprimento do msculo. A clula muscular envolvida por uma membrana celular
denominada de sarcolema. Abaixo do sarcolema encontra-se o sarcoplasma (POWERS &
HOWLEY, 2000). Esta regio constitui a parte lquida da fibra muscular, e se difere do
citoplasma da maioria das clulas por conter uma grande quantidade de glicognio
armazenado, assim como a mioglobina (WILMORE & COSTILL 2001). Alm disso, osarcoplasma rico em gordura, fosfocreatina, ATP e centenas de filamentos proticos
enroscados entre si, denominados de miofibrilas (FOX, BOWERS & FOSS, 1991). Estas
ltimas so numerosas estruturas fusiformes que contm as protenas contrteis. As
miofibrilas, em geral, so compostas por dois importantes filamentos proticos: filamentos
espessos formados pela protena miosina, e os filamentos finos que so formados pela
protena actina. Na prpria molcula de actina, esto localizadas outras duas protenas muito
importantes, a troponina e a tropomiosina. Estas duas protenas representam uma pequena
parte do msculo, todavia elas tm um importante papel na regulao do processo de
contrao do msculo (WILMORE & COSTILL 2001).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
22/81
21
As miofibrilas ainda podem ser subdivididas em outros segmentos individuais
chamados de sarcmeros. Estes se dividem entre si por uma fina camada de protenas
estruturais denominada de linha Z. O sarcmero possui uma poro escura denominada banda
A, onde se localizam os filamentos de miosina, enquanto que os filamentos de actina se
localizam principalmente na regio clara do sarcmero chamada de banda I.. J, no centro do
sarcmero, encontra-se uma poro do filamento de miosina sem a sobreposio da actina.
Esta rea central denominada dezona H(POWERS & HOWLEY, 2000).
Cada molcula de miosina composta por dois filamentos proticos que so retorcidos
conjuntamente. Uma extremidade de cada filamento envolvida numa cabea globular que
chamada de cabea de miosina. Cada um dos filamentos possui vrias dessas cabeas que
formam pontes cruzadas e que interagem ativamente durante a ao muscular, atravs destios ativos especializados sobre os filamentos de actina. Podemos observar na Figura 2, que
as cabeas das pontes cruzadas da miosina esto voltadas para a molcula de actina.
Tambm existe um conjunto de filamentos finos, compostos por titina, que tem como objetivo
estabilizar os filamentos de miosina no eixo longitudinal (WILMORE & COSTILL 2001).
Fonte: (POWERS & HOWLEY, 2000).Figura 2: Microestrutura muscular mostrando o stio de ligao actina-miosina.
Cada filamento de actina tem uma extremidade inserida numa linha Z, com sua
extremidade oposta se estendendo at o centro do sarcmero, no espao entre os filamentos de
miosina. Os filamentos de actina tambm possuem um stio ativo individual, que se conecta
com a cabea da miosina (WILMORE & COSTILL 2001).
Segundo Wilmore e Costill (2001), estes filamentos finos, chamados de filamentos de
actina, so compostos por trs molculas proticas diferentes: actina, tropomiosina e a
troponina. A actina a estrutura de suporte do filamento, a tropomiosina uma protena em
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
23/81
22
forma de tubo que se retorce em torno dos filamentos de actina e se encaixa na incisura
existente entre os dois, e finalmente a troponina, que uma protena mais complexa fixando-
se em intervalos regulares, tanto aos filamentos de actina quanto aos de tropomiosina.
2.3.1 Contrao muscular
A contrao do msculo esqueltico um processo complexo que envolve muitas
protenas celulares e sistemas de produo de energia. O resultado deste processo odeslizamento da actina sobre a miosina, fazendo com que o msculo se encurte e, como
conseqncia, desenvolva a tenso. O processo bsico da contrao muscular bem definido
atravs do modelo do filamento deslizante, que est bem ilustrado na figura 3 (POWERS &
HOWLEY, 2000).
Figura 3 Teoria da contrao do filamento deslizante.
Fonte: (POWERS & HOWLEY, 2000).
Em suma, as fibras musculares se contraem pelo encurtamento de suas miofibrilas em
razo do deslizamento da actina sobre a miosina, levando a uma diminuio da distncia de
uma linha Z a outra. As cabeas das pontes cruzadas da miosina esto voltadas para a
molcula de actina. Os filamentos de actina e de miosina deslizam um sobre o outro durante o
ato da contrao muscular devido ao das numerosas pontes cruzadas que se estendem
como braos a partir da miosina e se ligam actina em um estado de ligao forte. Vrias
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
24/81
23
evidncias mostram que as pontes cruzadas de miosina esto sempre ligadas actina, no
entanto a fora de ligao altera entre uma ligao fraca e uma ligao forte. O
desenvolvimento da fora e da contrao do msculo s ocorre quando as pontes cruzadas
encontram-se no estado de ligao forte. A formao desse estado de ligao forte causa uma
orientao das pontes cruzadas de modo que, quando elas se ligam actina, elas podem pux-
la na direo do centro do sarcmero. Esta puxada da actina sobre as molculas de miosina
causa o encurtamento do msculo e a gerao da fora (POWERS & HOWLEY, 2000).
A ao do msculo um processo ativo que necessita fundamentalmente de energia.
Alm do stio de ligao com a actina, a cabea de miosina tambm contm um stio de
ligao para a ATP (adenosina trifosfato). A molcula de miosina se liga ATP para ocorrer a
ao muscular, pois a ATP que fornece a energia necessria para a miosina ativar o seu stio(WILMORE & COSTILL 2001).
A enzima ATPase est localizada sobre a cabea da miosina. Esta enzima quebra a
ATP produzindo a ADP (adenosina difosfato), Pi (fosfato inorgnico) e energia. A energia
que liberada atravs da quebra da ATP utilizada para ligar a cabea da miosina ao
filamento de actina. Por isso que a ATP considerada a fonte de energia qumica da ao
muscular (WILMORE & COSTILL, 2001).
2.3.2 Tendes
A rede intramuscular de tecidos conjuntivos se articula e torna-se contnua com o
denso tecido conjuntivo dos tendes que se encontram em cada extremidade de um msculo(FOSS & KETEYIAN, 2000). Esses tendes esto rigidamente cimentados ao invlucro mais
externo do osso, denominado peristeo, e servem para conectar o msculo esqueltico ao
esqueleto sseo. As fibras musculares propriamente ditas no entram em contato direto com o
esqueleto; assim sendo, a enorme tenso gerada pelos msculos suportada inteiramente por
suas inseres tendinosas (FOX, BOWERS & FOSS, 1991). Se as fibras musculares se
inserissem diretamente no osso, sofreriam um dano considervel com cada contrao
muscular. Os tendes no so apenas muito mais rgidos que os msculos, mas so formados
tambm por fibras sem vida, que so metabolicamente inativas em comparao com o
tecido muscular. Alm disso, j que os tendes so mais resistentes que os msculos, o tendo
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
25/81
24
relativamente pequeno consegue suportar a tenso gerada por um msculo relativamente
grande. Convm levar em conta seus tamanhos relativos quando o msculo sofre um aumento
inacreditvel, como no caso dos fisiculturistas; no entanto, os tendes de conexo continuam
bastante pequenos (FOX, 2000).
2.3.3 Inervao
De acordo com Foss e Keteyian (2000), os nervos destinados a um msculo contmfibras tanto motoras (eferentes) quanto sensoriais (aferentes), que penetram habitualmente no
msculo, e saem dele, juntamente com os vasos sanguneos. As fibras eferentes ramificam-se
repetidamente por todo o arcabouo de tecido conjuntivo do msculo alcanando, desta
forma, todas as fibras musculares.
Os nervos motores, que quando estimulados acarretam a contrao de fibras
musculares, originam-se no sistema nervoso central (medula espinhal e crebro). Por
definio, um nervo motor e todas as fibras musculares individuais por ele inervadas recebema designao de unidade motora (FOX, 2000). O ponto onde um nervo motor (axnio)
termina sobre uma fibra muscular conhecido como juno neuromuscular mioneural ou
neuromuscular, ou como placa motora terminal. Estes nervos responsveis pela motricidade
constituem cerca de 60% dos nervos que penetram nos msculos. J os nervos sensoriais
(sensitivos), que perfazem os outros 40% dos nervos restantes, conduzem informaes acerca
da dor e da orientao das reas corporais dos rgos sensoriais musculares at o SNC. Por
definio, um nervo motor e todas as fibras musculares individuais por ele inervadas recebema designao de unidade motora (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).
2.3.4 rgos sensoriais musculares
Os msculos e os tendes apresentam uma vasta gama de rgos sensoriais em suas
estruturas. A dor que resulta de um exerccio fsico altamente forado aps um longo perodo
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
26/81
25
de inatividade, ou aquela dor resultante da ruptura de fibras musculares, constituem dois bons
exemplos de rgo sensoriais musculares em ao. Esses receptores dolorosos, que se
apresentam em pequeno nmero, encontram-se no apenas nas fibras musculares
propriamente ditas, mas tambm em vasos sanguneos que irrigam as clulas musculares
(FOX, BOWERS & FOSS, 1991).
Outros tipos de rgos sensoriais que so encontrados no interior dos msculos e das
articulaes so denominados proprioceptores, cuja funo a de conduzir informaes
sensoriais para o SNC a partir dos msculos, tendes, ligamentos e articulaes. Esses rgos
esto diretamente relacionados com a cinestesia ou o sentido cinestsico que, em geral, nos
informa inconscientemente onde as partes do nosso corpo se encontram em relao ao meio
ambiente. Suas contribuies permitem que possamos executar movimentos uniformes ecoordenados, alm de nos ajudar a manter uma postura corporal e tnus muscular normais
(FOX, BOWERS & FOSS, 1991).
Segundo Robergs e Roberts (2000), o principal receptor do msculo esqueltico o
fuso muscular, que oferece continuamente informaes sobre o grau de contrao muscular,
comprimento muscular e freqncia de mudanas desse comprimento para o SNC.
Atravs dos fusos musculares, os msculos recebem a informao do nmero exato de
unidades motoras que devem contrair-se a fim de vencer uma determinada resistncia; quantomaior for a distenso sofrida pelo msculo, maior ser a carga e igualmente maior ser o
nmero de unidades motoras recrutadas (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).
Os fusos contm dois tipos distintos de terminaes nervosas sensoriais. As
terminaes primrias, que respondem s alteraes dinmicas do comprimento muscular, e
as terminaes secundrias que no respondem s alteraes rpidas do comprimento
muscular; todavia, como j foi dito, eles fornecem informaes contnuas ao SNC sobre o
comprimento esttico do msculo (POWERS & HOWLEY, 2000).O fuso muscular, mostrado logo abaixo na figura 4, estruturado por vrias fibras
musculares modificadas contidas em uma cpsula, com um nervo sensorial em forma de
espiral ao redor do seu centro. Estas clulas musculares modificadas so chamadas de fibras
intrafuselares ou intrafusais, para diferenci-las das fibras regulares chamadas de fibras
extrafuselares ou extrafusais. A poro central de um fuso muscular no capaz de se
contrair; no entanto, as suas duas extremidades contm fibras contrteis. As extremidades so
inervadas por finos nervos motores do tipo gama e so chamados de motoneurnios gama,
que, ao serem estimulados, contraem as extremidades do fuso. Os nervos motores mais
calibrosos que inervam as fibras regulares ou extrafuselares so chamados de motoneurnios
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
27/81
26
alfa, que quando estimulados, produzem uma contrao habitual do msculo (FOSS &
KETEYAN, 2000).
Figura 4 Fuso muscular
Fonte: (WILMORE & COSTILL 2001).
A regio central de uma fibra intrafusal no se contrai pelo fato de no possuir, ou
possuir um nmero insuficiente de filamentos de actina e de miosina. Por essa razo, a regiocentral das fibras intrafusais pode apenas se alongar. Como o fuso muscular est fixado s
fibras extrafusais, sempre que estas fibras so alongadas, a regio central do fuso alonga-se
simultaneamente. Quando isto ocorre, as terminaes nervosas sensoriais, que esto
localizadas em torno da regio central do fuso so estimuladas e mandam informaes
medula espinhal, informando ao SNC o comprimento do msculo no momento. Na medula
espinhal, o neurnio sensorial forma uma sinapse com o motoneurnio alfa, produzindo uma
contrao muscular reflexa das fibras extrafusais para resistir a um maior alongamento(WILMORE & COSTILL, 2001).
As fibras intrafusais tm a necessidade de se contrair, pois quando os msculos
esquelticos so encurtados por uma estimulao do neurnio motor, os fusos musculares so
encurtados de forma passiva com as fibras musculares. Se os fusos no compensarem de uma
forma esperada, esse encurtamento causar um afrouxamento dos fusos, que iro se tornar
menos sensveis, e como conseqncia, sofrero danos na sua funo de detector de
comprimento, podendo levar a uma leso muscular (POWERS & HOWLEY, 2000).
O fuso muscular extremamente sensvel tanto velocidade na mudana do
comprimento muscular quanto ao comprimento final alcanado pelo msculo. Isso pode ser
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
28/81
27
exemplificado atravs de uma situao cotidiana onde um msculo encontra-se numa
contrao estvel (sustentada), como aquela observada quando o cotovelo flexionado e
assim mantido contra uma carga (por exemplo, ao segurar um livro). O tipo de estiramento
aplicado ao msculo em virtude da carga chamado de estiramento tnico e est diretamente
relacionado com o comprimento final das fibras musculares. Se a carga aplicada for pequena,
as fibras iro ser distendidas de forma moderada e a freqncia da descarga dos impulsos
sensoriais provenientes do fuso ser baixa (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).
Se ocorrer um aumento inesperado na carga que est sendo sustentada, como ocorre
quando se coloca um outro livro sobre o primeiro que est sendo mantido, o msculo sofrer
um novo estiramento, que ser evidenciado atravs do abaixamento do antebrao, induzido
por essa nova carga. A contrao reflexa, desencadeada pelo fuso subseqente a esse aumentoinesperado da carga, recolocar o antebrao no seu nvel normal. No entanto, haver uma
supercompensao; isto , no incio a contrao ser maior do que a necessria. Conclui-se
que quanto maior e mais brusco for o aumento da carga, maior sero a freqncia de descarga
do fuso, a contrao e a supercompensao. Com este tipo de estiramento, denominado de
estiramento fsico, o fuso responde ao ritmo ou velocidade de mudana no comprimento das
fibras, e no ao comprimento em si (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).
Alm dos estiramentos tnicos e fsicos j citados acima, existe uma outra maneirapela qual o fuso pode ser distendido, que atravs do sistema gama. Esse sistema formado
pelos motoneurnios gama, que podem ser estimulados diretamente pelos centros motores
localizados no crtex cerebral atravs de suas conexes nervosas com o feixe piramidal da
medula espinhal. Como sabemos, os motoneurnios gama fazem com que as extremidades do
fuso se contraiam. Quando isso ocorre, a poro central do fuso distendida e estimula assim
o nervo sensorial. Entende-se com isso que o fuso muscular pode ser ativado exclusivamente,
sem a participao do restante do msculo (FOX, 2000).Para se explicar melhor como funciona o sistema gama, volta-se ao exemplo da pessoa
segurando um livro numa posio fixa. O estiramento tnico imposto a todo o msculo,
criado pela carga, fornece a informao que mantm a carga em uma posio relativamente
fixa. Todavia, os neurnios gama tambm so estimulados por impulsos enviados diretamente
pelo crtex motor. Com isso as extremidades do fuso se contraem, o nervo sensitivo
estimulado, envia impulsos at o SNC e gera informaes acerca do nmero de unidades
motoras necessrias para manter a posio inicial. Essa informao adicional torna possvel a
produo de um movimento coordenado e uniforme (FOSS & KETEYAN, 2000).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
29/81
28
Um outro tipo de rgo sensorial rgo Tendinoso de Golgi (OTG), que se situa
dentro dos tendes musculares e imediatamente adiante de suas inseres nas fibras
musculares (Figura 5).
Figura 5 rgo Tendinoso de Golgi.
Fonte: (POWERS & HOWLEY, 2000).
um rgo estimulado pela tenso produzida por esse pequeno feixe de fibras
musculares. O rgo tendinoso possui uma resposta dinmica e uma resposta esttica,
respondendo com intensidade quando a tenso do msculo aumenta subitamente, mas dentro
de uma pequena frao de segundo ele se acomoda em um nvel inferior de disparo constante,que quase diretamente proporcional tenso muscular. Assim, o rgo tendinoso de Golgi
proporciona ao sistema nervoso uma informao instantnea do grau de tenso de cada
pequeno segmento de cada msculo. As fibras do tipo Ib transmitem sinais tanto para reas
localizadas na medula como para reas cerebrais distantes, tais como cerebelo e crtex
cerebral. Estes sinais so transmitidos para o crtex cerebral por meio de vias longas, como os
feixes espinocerebelares e outros feixes. O sinal local na medula excita o interneurnio
inibitrio nico que, por sua vez, inibe o motoneurnio anterior. Esse circuito local inibediretamente o msculo individual, sem afetar os msculos adjacentes. Por vezes, o reflexo
causado pela estimulao do rgo tendinoso quando submetido a um aumento da tenso
muscular (os sinais so transmitidos para a medula espinhal para causar efeitos reflexos no
prprio msculo estimulado) inteiramente inibitrio, exatamente contrrio ao reflexo do
fuso muscular. Outra provvel funo do reflexo do rgo de Golgi a de equalizar as foras
contrteis das fibras musculares dispersas, isto , as fibras que esto exercendo tenso
excessiva so inibidas, enquanto as que esto exercendo tenso muito baixa tornam-se mais
excitadas (GUYTON, 1992).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
30/81
29
Vemos ento que a principal diferena entre o fuso muscular e o OTG que enquanto
o fuso apresenta caracterstica facilitatria (contrao muscular) os OTGs so estruturas
inibitrias (relaxamento muscular). Essa caracterstica pode ser interpretada como uma funo
protetora, pois, durante as tentativas de levantar cargas extremamente pesadas que poderiam
causar leses, os OTGs induzem o relaxamento dos msculos atravs dos estmulos sensoriais
j comentados (FOX, 2000).
Um exemplo clssico do OTG em ao dado pela queda-de-brao. Sugere-se que a
derrota ocorre quando a inibio induzida pelo OTG maior que o esforo voluntrio
produzido para sustentar a contrao. importante lembrar que os fusos e os OTGs trabalham
em equipe, os primeiros produzindo um grau apropriado de tenso muscular capaz de efetuar
um movimento uniforme e coordenado e os ltimos produzindo o relaxamento muscularquando a carga a ser vencida potencialmente lesiva ao msculo (FOX, BOWERS & FOSS,
1991).
2.4 Receptores articulares
Segundo Achour Jr. (2002), as articulaes possuem quatro tipos de terminaes
nervosas aferentes para informar os nveis de modificaes mecnicas e manter a estabilidade
das articulaes.
A respeito das quatro terminaes nervosa citamos a do tipo 1, terminaes de Ruffini,
que informa a posio da articulao; a do tipo 2, corpsculo de Paccini, que informa a
velocidade dos movimentos das articulaes; a do tipo 3, receptores de ligamentos, queinforma a verdadeira posio das articulaes, e a do tipo 4, terminaes nervosas livras, que
informa a sensibilidade dor (EKMAN, 2000 apudACHOUR JR, 2002).
Os receptores articulares do tipo 1 esto na parte externa da cpsula articular; so
receptores de baixo limiar, respondendo a pequenas alteraes na tenso da cpsula. Os
receptores articulares tipo 1 tem caractersticas dinmicas e estticas responsveis pelo envio
de sinal informando sobre a amplitude e a direo do movimento. Estes receptores so de
adaptao lenta e sua freqncia se adapta ao estmulo (CAILLIET, 2000). Essa adaptao
lenta, podendo demorar aproximadamente 60 segundos aps o estmulo inicial (EDMOND,
2000).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
31/81
30
Receptores articulares tipo 2 esto embutidos na cpsula e emitem estmulos curtos
com a tenso de alongamento da cpsula. Os receptores articulares tipo 3 so dinmicos. So
receptores de alto limiar que se tornam ativos durante uma posio de extrema amplitude
msculo-articular. J os receptores articulares tipo 4 so ativados durante a inflamao
articular e alguns deles so ativados nos movimentos em situaes normais (CAILLIET,
2000).
2.5 Flexibilidade
Definir flexibilidade no uma tarefa muito simples, pois existem muitos conceitos,
de diferentes reas, que representam situaes conflitantes quando considerada, por exemplo,
clinicamente, ou no mbito desportivo ou pedaggico. Nos dias de hoje, vrios so os autores
que se posicionam de formas diferentes ao se referirem flexibilidade. Muitos a abordam
como sendo sinnimo de mobilidade articular, por envolver o movimento sobre articulaes
de forma ampla em todas as direes (CORBIN & FOX, 1999, ACHOUR JR, 1996,WEINECK, 1991, BARBANTI, 1996).
De acordo com Dantas (1995) a flexibilidade a qualidade fsica responsvel pela
execuo voluntria de um movimento de amplitude angular mxima, realizada por uma
articulao ou conjunto de articulaes, dentro dos limites morfolgicos, sem o risco de
provocar leso (DANTAS, 1995).
J para Tubino (1984), a flexibilidade definida como uma qualidade fsica que pode
ser evidenciada pela amplitude dos movimentos das diferentes partes do corpo numdeterminado sentido e dependente da mobilidade articular e da elasticidade muscular.
Segundo Matvev (1983), o termo flexibilidade algo mais complexo do que possa
parecer, uma vez que diz respeito s propriedades anatmicas e funcionais do sistema
locomotor que possibilitaro a mobilidade dos segmentos corporais em relao uns aos outros,
em decorrncia da atuao de valncias como a fora e a velocidade.
Falar em flexibilidade , portanto, se referir aos maiores arcos de movimentos
possveis nas articulaes envolvidas. Como a prtica desportiva exige a utilizao completa
dos arcos articulares especificamente envolvidos nos gestos desportivos, fica muito difcil, se
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
32/81
31
no impossvel, a performance de alto rendimento sem se dispor de um bom nvel de
flexibilidade nos segmentos musculares empenhados.
Quanto mais alta for a exigncia de performance, mais ateno deve ser dada
flexibilidade. Ressalte-se que isto no significa alcanar o mximo possvel de mobilidade. A
flexibilidade, ao contrrio de todas as outras qualidades fsicas, no melhor quanto maior
for. Existe um nvel timo de flexibilidade para cada desporto e para cada pessoa, em funo
das exigncias que a prtica exercer sobre o aparelho locomotor e a estrutura dos seus
componentes (ligamentos, articulaes, msculos e outras estruturas envolvidas).
Um nvel de flexibilidade acima do desejado, alm de no acarretar melhora da
performance nem diminuio do risco de distenso muscular, propiciar aumento da
possibilidade de luxaes (DANTAS, 1995; KRIVICKAS & FEINBERG, 1996;VERSTAPPEN, HUSON & VANMECHELEN, 1997).
Para trabalhar a flexibilidade do atleta de alto rendimento, visando obter o mximo de
resultados com o mnimo de riscos, ser necessrio um conhecimento bastante amplo dos trs
fatores envolvidos: as caractersticas biolgicas do atleta, as exigncias especficas do
desporto e os fundamentos fisiolgicos e metodolgicos da flexibilidade.
2.5.1 Componentes bsicos da flexibilidade
Os componentes da flexibilidade so:
Mobilidade articular;
Elasticidade muscular; Plasticidade dos tecidos moles (ligamentos, tendes e
articulaes) e
Maleabilidade da pele.
A mobilidade articular representa o fator de restrio mecnica imposta pelas
caractersticas articulares sseas de cada indivduo.
A elasticidade muscular influenciada pelo comprimento das fibras musculares. Os
mtodos de desenvolvimento da flexibilidade, para Hernandes Jr (2000), atuam sobre a
melhoria do comprimento das fibras musculares e da capacidade de relaxamento das mesmas,
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
33/81
32
para que atinjam o comprimento mximo. O autor coloca que, mediante o aumento do nmero
de sarcmeros, ocorre o aumento do comprimento das fibras musculares e a conseqente
melhora da flexibilidade muscular.
Plasticamente, a maleabilidade dos tecidos moles parcialmente desenvolvida pelo
treinamento, mas caso isso ocorra em excesso, poder acarretar uma instabilidade articular e
risco de leses articulares, pois os tecidos moles realizam importante papel na estabilidade das
articulaes.
O alongamento relaxa a tenso muscular e tem a capacidade de alinhar o corpo,
melhora a circulao sangunea e estimula os sistemas do organismo a se manterem saudveis
e energizados. A maior contribuio que os exerccios de alongamento nos trazem o
aumento da flexibilidade e, conseqentemente, melhor qualidade de vida (GARAUDY,1980).
2.5.2 Fatores que influenciam a flexibilidade
Ossos, msculos, tendes, ligamentos e cpsulas articulares so as estruturas que
influenciam na flexibilidade. Dos componentes que interferem principalmente na
flexibilidade, a maioria dos autores estudados coloca como sendo os msculos. Achour Jr
(1999), comenta que as fscias envolvem as fibras musculares endomsio, perimsio e
epimsio, e oferecem a resistncia necessria durante os exerccios de alongamento.
Alguns fatores como sexo e idade (POLLOCK & WILMORE, 1993; HOEGER &
HOEGER, 1994; DANTAS, 1984; ACHOUR JR, 1996), temperatura corporal (GETTMAN,1994; POLLOCK & WILMORE, 1993) e estado de treinamento (ACHOUR JR, 1996),
apresentam influncia direta sobre a estrutura e composio dos tecidos moles, levando
conseqentemente a um comportamento bastante diversificado dos nveis de flexibilidade
articular. Alm desses fatores, acredita-se que a estrutura das superfcies articulares
(POLLOCK & WILMORE, 1993; HALL, 1993) e a elevada concentrao de tecido adiposo
em torno das articulaes (HOEGER & HOEGER, 1994; HALL, 1993), influenciem de forma
negativa os nveis de flexibilidade articular. Possivelmente esse comprometimento da
flexibilidade em determinadas articulaes deve estar atrelado a um aumento do atrito entre as
superfcies articulares, reduzindo a capacidade da amplitude articular.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
34/81
33
Independentemente do sexo, vrios autores tm descrito que a flexibilidade decresce
com a idade (HALL, 1993; HOEGER & HOEGER, 1994; WEINECK, 1991; POLLOCK &
WILMORE, 1993). Por sua vez, Phillips & Haskell (1995) apontam que um decrscimo mais
acentuado s verificado a partir dos 30 anos. Esta reduo parece estar estreitamente
associada a uma diminuio da capacidade de estiramento dos tendes, ligamentos e msculos
devido a uma perda de gua, fibras elsticas e mucopolissacardeos. Por outro lado, Hall
(1993) associa esta reduo mais a um decrscimo nos nveis de atividade fsica decorrente do
avano da idade do que ao processo de envelhecimento.
J Hernandes Jr (2000) diz que os limites estruturais flexibilidade so a formao e
desenho sseo, comprimento muscular, ligamento e outras estruturas da cpsula articular,
tendes, tecido conjuntivo e elasticidade da pele.Segundo Astrand & Rodahl apud Dantas (1989), a limitao dos movimentos de uma
articulao influenciada por vrios fatores como a tenso dos ligamentos ou tenso dos
msculos que so antagonistas a esses movimentos. De fato, parece que a tenso dos
msculos antagonistas nunca ir permitir que um ligamento articular entre em distenso total.
Os msculos que movimentam uma articulao no podem, mesmo que com fora mxima,
produzir um movimento superior amplitude total permitida realmente pela articulao; no
entanto, um movimento no qual entram em ao foras externas, especialmente quando umagrande fora aplicada bruscamente, as cartilagens articulares adjacentes podem ser
separadas, causando assim uma luxao. Ao mesmo tempo, pode ocorrer leso do osso, dos
ligamentos, da cpsula articular, dos tecidos moles e dos vasos sangneos.
Foss & Steven (2000) citam que as limitaes impostas pelas estruturas sseas so
confinadas a certas articulaes, como as de tipo dobradia, mas que em todas as
articulaes os tecidos moles so a principal limitao da amplitude do movimento articular.
Eles dizem que, j que a flexibilidade pode ser modificada por meio do exerccio fsico, omesmo pode ocorrer com as limitaes impostas por esses tecidos moles. A razo disso
relaciona-se, segundo os autores, com a natureza elstica desses tecidos.
Ghorayeb & Barros (1999) ressaltam que uma parte considervel da resistncia a um
movimento nos extremos de sua amplitude causada pelo tecido conjuntivo e mais
particularmente pelo colgeno. Mas que a maior parcela da resistncia muscular ao
movimento extremo se encontra nos componentes conectivos que definem o esqueleto
muscular, no nos componentes contrteis. A gordura subcutnea pode tambm representar
um fator significativo e a posio relativa dos ossos de uma articulao pode ser um fator de
restrio insupervel.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
35/81
34
Segundo Alter (1999), a flexibilidade restrita em uma articulao por cinco fatores:
- Falta de elasticidade do tecido conjuntivo nos msculos e articulaes;
- Tenso muscular;
- Falta de coordenao e fora, no caso de movimento ativo;
- Limitao de estruturas do osso e da articulao;
- Dor.
Hernandes Jr (2000) coloca que um outro fator relevante flexibilidade o estado
psicolgico do executante, pois, em situaes de estresse, h um menor relaxamento muscular
e, conseqentemente, uma diminuio de flexibilidade. Portanto a capacidade de descontrao
muscular tem uma forte correlao com o desenvolvimento da flexibilidade.
A flexibilidade tambm influenciada por vrios outros determinantes, como osfatores endgenos e exgenos. Os fatores endgenos seriam aqueles que so inerentes ao ser
humano, como idade, sexo, individualidade biolgica, estado de condicionamento fsico,
tonicidade muscular, respirao e concentrao. J os fatores exgenos seriam hora do dia,
temperatura do ambiente e exerccio (DANTAS, 1989).
Quanto aos fatores endgenos importante ressaltar alguns itens, como a idade.
Estudos mostram que o envelhecimento afeta a flexibilidade por muitas razes, quanto menos
idade tiver o indivduo, supe-se uma maior flexibilidade para alta quantidade de tecidocartilaginoso na regio articular (MOLINARI, 2000).
A diferena entre os sexos se d geralmente porque a mulher mais flexvel que o
homem em virtude de diferenas hormonais, anatmica e ambiental. A taxa de estrgeno, que
superior nas mulheres, produz reteno de gua, porcentagem maior de tecido adiposo e
menor de massa muscular, o que faz com que a capacidade de estiramento seja aumentada
pela maior densidade de tecidos, ao contrario dos homens (DANTAS, 1989).
Quanto individualidade biolgica, Dantas (1989) cita que pessoas de mesmo sexo eidade podem possuir graus de flexibilidade totalmente diversos entre si, mesmo sendo
mantidas estveis todas as demais variveis (p.37). Portanto, o grau de flexibilidade depende
de inmeros fatores morfolgicos ou patolgicos, sendo quase que impossvel que haja
pessoas com o mesmo grau de flexibilidade em suas articulaes.
Tonicidade muscular , o estado de tenso representado por um grau de contrao
residual, denominado tnus muscular (MONTEIRO s/d). Portanto, quanto maior for o tnus
muscular, menor ser a capacidade de relaxamento muscular. A respirao e a concentrao
interferem totalmente no estado da pessoa, facilitando o relaxamento da musculatura a ser
alongada.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
36/81
35
Quanto aos fatores exgenos, importante ressaltar que a hora do dia influencia o
trabalho de alongamento, uma vez que ao acordar, todos os componentes plsticos do corpo
esto em sua forma original, devido s horas em que o organismo esteve deitado no sendo
submetido ao da gravidade no sentido longitudinal, mas sim na transversal (DANTAS,
1989). J quanto temperatura, sabemos que o frio reduz a elasticidade muscular (pois atua
sobre os motoneurnios gama). A alta temperatura acarreta em aumento da temperatura
corporal, inibindo tais motoneurnios, relaxando a musculatura e aumentando a flexibilidade
(DANTAS, 1989). Molinari (2000) diz que fatores exgenos como temperatura ambiente,
mtodos e estratgias de treinamento podem colaborar na elevao da temperatura corporal,
que mediante irrigao sangnea perifrica, promovem uma maior extensibilidade das fibras
musculares ocasionadas pelo estmulo intrafsico.
2.5.3 Benefcios da flexibilidade
A manuteno de bons nveis de flexibilidade nas principais articulaes tem sidocomumente associada a: a) maior resistncia s leses (HOEGER & HOEGER, 1994); b)
menor propenso quanto incidncia de dores musculares, principalmente nas regies dorsal
e lombar (PHILIPS & HASKEL, 1995; HALL, 1993); c) preveno contra problemas
posturais (ASHMEN et al., 1996; HOEGER & HOEGER, 1994; ACHOUR JR, 1996).
Ainda no se dispe de informaes suficientes que permitam esclarecer a influncia
da flexibilidade na reduo de leses no sistema msculo-articular; no entanto, alguns autores
(HALL, 1993) afirmam que quando os tecidos que atravessam as articulaes se mostrammenos extensveis existe maior probabilidade de ocorrer rupturas e estiramentos, sobretudo
quando a articulao forada acima do seu arco de movimento normal.
Na populao em geral, a escassez de flexibilidade, principalmente na regio de tronco
e quadril (coluna vertebral), tem sido apontada como fator de risco para o desencadeamento
de dores lombares (ASHMEN et al., 1996; HALL, 1993) e problemas posturais (GUEDES &
GUEDES, 1995; PHILLIPS & HASKELL, 1995; HALL, 1993). Cerca de 80 por cento das
dores lombares so causadas pela combinao de nveis de flexibilidade articular reduzidos,
musculatura abdominal flcida e problemas posturais (HOEGER & HOEGER, 1994). Ao
realizarem um estudo com adultos Ashmen et al. (1996) observaram em indivduos com dor
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
37/81
36
lombar crnica dficit de flexibilidade, fora e resistncia muscular localizada nas regies de
coluna e quadril. Todavia, no se pode associar de forma direta todos os problemas de postura
e dores lombares a uma escassez de flexibilidade articular.
2.6 Classificaes tradicionais de alongamento
As tcnicas de alongamento normalmente utilizadas para aumentar a amplitude de
movimento das articulaes so metodologicamente diferentes. Esses alongamentos podemser classificados em balstico, esttico ou tcnicas de facilitao neuromuscular proprioceptiva
(FNP), tambm conhecido como mtodo 3s (CARNEIRO & LIMA, 1999).
Independente do mtodo empregado, a possibilidade de alongamento alm do limite
seguro de uma pessoa depende de uma variedade de fatores, incluindo a intensidade do
alongamento, a durao, a freqncia, ou o nmero de movimentos realizados em um
determinado perodo e a velocidade ou natureza do alongamento (ALTER, 1999).
2.6.1 Alongamento Balstico
O alongamento balstico, tambm conhecido como alongamento dinmico, o
alongamento balanceado ou causado por um movimento forado ou uma fora externa,
consistindo em pequenas sacudidelas, como nas insistncias para baixo e para cimaenquanto a pessoa tenta alcanar os ps na posio em p (CORBIN & FOX, 1999).
Este tipo de alongamento efetuado por meio de movimentos vigorosos e acelerados,
com o intuito de forar o alongamento do msculo-alvo. O alongamento balstico pode
provocar um reflexo de alongamento intenso, fazendo com que o msculo fique mais curto
que seu comprimento pr-alongamento. Para Beaulieu (1981), esta tcnica de alongamento
cria uma tenso superior ao dobro da tenso no msculo-alvo, comparado com o alongamento
esttico. Com isso, aumenta-se a possibilidade de lacerar o msculo, porque o movimento
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
38/81
37
realizado de forma rpida no permite um tempo suficiente para que ocorra o reflexo de
alongamento inverso, que relaxaria o msculo (McATEE, 1998).
A realizao de movimentos de amplitude mxima, em velocidade, estimula o Fuso
Muscular, acarretando o Reflexo Miottico ou Reflexo de Estiramento. Este reflexo provoca
contrao da musculatura que est sendo estirada. Devido a esta reao proprioceptiva, neste
tipo de alongamento, a estrutura limitante ao movimento , via de regra, a musculatura
antagonista e em especial, os componentes elsticos em srie (parte das fscias de tecido
conjuntivo que ficam entre duas fibras musculares e entre estas e o tendo) dos citados grupos
musculares. Estes mtodos enfatizam, portanto, a Elasticidade Muscular (ALTER, 2001).
Um dos tpicos mais controversos o valor relativo dos programas de alongamento
balstico versus esttico para desenvolver a flexibilidade. A controvrsia complicada pelafalta de pesquisa sobre a flexibilidade balstica. O alongamento balstico difcil de ser
avaliado por causa da necessidade de equipamento elaborado e habilidade tcnica na
mensurao da fora que requerida para mover a articulao atravs de sua amplitude de
movimento em ambas as velocidades, rpida e lenta. H, no entanto, uma quantidade
considervel de pesquisas indicando que ambos os mtodos, balstico e esttico, so eficazes
no desenvolvimento da flexibilidade (ALTER, 2001).
Com relao eficcia, o alongamento balstico aps o alongamento esttico pareceser mais eficaz que o alongamento esttico sozinho, na reduo da excitabilidade do conjunto
dos motoneurnios , que se correlaciona com a flexibilidade aumentada. Contudo, esses
resultados devem ser interpretados com cuidado, considerando o tamanho dos grupos de
alongamento esttico e balstico. Uma vantagem prtica do alongamento balstico seu uso
durante o alongamento de equipe e o aquecimento, para que ele possa ser praticado facilmente
de acordo com uma batida ou ritmo, promovendo assim, o companheirismo. Por fim, o
alongamento balstico pode ser menos cansativo que o alongamento esttico (DOWSING;OLCOTT apudALTER, 2001).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
39/81
38
2.6.2 Alongamento esttico
O alongamento esttico foi popularizado pelo livro Stretching (do ingls strech =
alongar) de Bob Anderson, e visa diminuir o reflexo de estiramento muscular, o que reduz os
riscos de leso muscular (MaCTEE, 1998).
Para se empregar o alongamento esttico deve-se, lentamente, chegar ao limite normal
do arco articular (limiar entre o alongamento e a flexibilidade), forar suavemente alm deste
limite, aguardar cerca de seis segundos e realizar novo foramento suave, procurando alcanar
o maior arco de movimento possvel. Neste ponto, o arco articular obtido deve ser mantido
por 10 a 15 segundos (DANTAS, 1995). A rotina deve ser repetida por trs a seis vezes, comintervalo de descontrao entre elas. O objetivo deste mtodo o aumento da Flexibilidade
pelo incremento prioritrio sobre a Mobilidade Articular (ALTER, 2001).
Diversos profissionais insistem em recomendar tempos de permanncia maiores dos
que os indicados, baseados em vagas experincias pessoais, sem o indispensvel respaldo da
cincia. Os cientistas que estudaram o assunto ficam mesmo com os tempos indicados.
Borms, Van Roy Santes & Haentjens apud Alter (1999), indicam como ideal um tempo de
insistncia de 10 segundos e chegaram concluso que tempos de 20 ou 30 segundos sodesnecessrios. J Madding, Wong, Hallum & Medeiros apudAlter (1999), comparando os
efeitos provocados por insistncias de 15, 45 e 120 segundos, verificaram no haver qualquer
vantagem na utilizao de insistncias com mais de 15 segundos. Contudo existem autores
como MaCtee (1998) que indicam uma manuteno do arco de movimento com o tempo
mnimo de 15 e mximo de 30 segundos.
Para superar as dvidas que possam persistir quanto eficcia de aumentar o tempo de
insistncia para conseguir um melhor efeito de treinamento, cabe citar o trabalho de Bandy,Irion & BrigglerapudAlter (1999), que compararam os efeitos de insistncias de 30 e de 60
segundos, com uma ou trs repeties e no encontraram diferenas significativas entre os
resultados.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
40/81
39
2.6.3 Facilitao Neuromuscular Proprioceptiva FNP
Os exerccios de FNP se caracterizam por envolver duas ou mais fases onde h
alternncia de exerccios ativo e passivo, objetivando conseguir um grau de amplitude
articular maior do que o habitual, s custas do relaxamento da estrutura contrtil muscular
(GHORAYEB & BARROS, 1999).
A FNP pode ser definida como um mtodo que promove ou acelera o mecanismo
neuromuscular atravs da estimulao dos proprioceptores. A FNP mais que uma tcnica
uma filosofia de tratamento cuja base que todos os seres humanos, incluindo aqueles com
incapacidades, desencadeiam o potencial neuromuscular existente (ADLER, BECKER &BUCK, 1999). A FNP foi desenvolvida no final dos anos 40 a incio dos anos 50 pelo Dr
Herman Kabat. No desenvolvimento das tcnicas de FNP, a resistncia mxima em toda a
amplitude de movimento enfatizada, usando muitas combinaes de movimento
relacionadas com os padres de movimentos primitivos e reflexos posturais e de
endireitamento. Essas combinaes de movimento incluem contraes isomtricas,
concntricas e excntricas, junto com movimento passivo. A FNP pode ser aplicada
manualmente pela prpria pessoa ou um assistente ou de forma no-manual. Hoje, as tcnicasde FNP so comumente usadas para reabilitao e em reas como o treinamento atltico
(ALTER, 1999).
O alongamento por facilitao neuromuscular proprioceptiva um item do repertrio
global da FNP. Vrias verses do alongamento por FNP so conhecidas como FNP
modificada, FN, e Alongamento Cientfico para o Esporte. A seguir sero citados os padres
de FNP que so habitualmente empregados para aumentar a flexibilidade segundo McATEE,
1998: Contenso-relaxamento
A conteno-relaxamento (CteR) freqentemente usada em casos onde a amplitude
de movimento (ADM) muito limitada, ou quando o movimento ativo provoca dor no
paciente. O paciente que est sendo submetido utilizao dessa tcnica mantm o membro
em sua ADM alongada, e resiste tentativa do terapeuta em mover o membro at a nova
amplitude. Kabat teorizava que a forte contrao isomtrica iria recrutar uma maior
quantidade de fibras musculares (por irradiao) e em seguida desencadearia o reflexo de
alongamento inverso, relaxando o msculo-alvo e permitindo um novo alongamento
(McATEE, 1998).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
41/81
40
Contrao-relaxamento
A contrao-relaxamento (CtrR) parecida com a tcnica citada anteriormente. A
nica diferena que o terapeuta proporciona uma resistncia, enquanto que o paciente tenta,
isometricamente, mover o membro pela amplitude abreviada do msculo-alvo.
Posteriormente, o paciente relaxa, e o membro passivamente mobilizado at a nova
amplitude. A CtrR prefervel a CteR em casos em que a ADM boa e os movimentos so
indolores (McATEE, 1998).
CRAC
A contrao-relaxamento, antagonista-contrao (CRAC) realizada atravs de um
procedimento muito parecido com a CtrR, exceto pelo fato de que aps a contrao isomtrica
o paciente em tratamento movimenta o membro at uma nova ADM. Acredita-se que este tipo
de contrao ativa do msculo antagonista provoca a inibio recproca do msculo alvo, o
que ir permitir um alongamento mais profundo e conseqentemente um maior ganho de
flexibilidade (McATEE, 1998).
2.7 Procedimentos bsicos para a facilitao
Segundo Adler, Beckers e Buck (1999), os procedimentos bsicos da facilitao
fornecem ao terapeuta as ferramentas necessrias para ajudar seus pacientes a atingir uma
funo motora eficiente. Esta eficincia no depende necessariamente da colaborao
consciente do paciente. Os procedimentos so usados para:
1. Aumentar a habilidade do paciente em mover-se e permanecer estvel;2. Guiar o movimento com a utilizao de contatos manuais adequados e
de resistncia apropriada;
3. Ajudar o paciente a obter coordenao motora e sincronismo;
4. Aumentar a histamina do paciente e evitar a fadiga;
Os procedimentos bsicos sobrepem-se aos seus efeitos. Por exemplo, a resistncia
necessria para tornar o reflexo de estiramento efetivo, e o efeito da resistncia modifica o
alinhamento corporal do terapeuta e a direo de seus contatos manuais (ADLER, BECKERS
& BUCK, 1999).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
42/81
41
Os procedimentos bsicos podem ser usados no tratamento de pacientes com qualquer
diagnstico ou condio, porm algumas adaptaes podem ser necessrias em determinadas
situaes. Basicamente, a promoo ou a exacerbao da dor deve ser evitada pelo terapeuta.
A dor funciona como um inibidor da coordenao motora eficaz e pode ser um sinal potencial
de leso (Hislop 1960; Fisher, 1967 apud ADLER, BECKERS E BUCK, 1999). Outras
contra-indicaes so na maioria de senso comum. Por exemplo: no utilizaraproximao em
extremidades com fratura no consolidada; na presena de instabilidade articular, o terapeuta
deve ser cauteloso ao utilizar o reflexo de estiramento (ADLER,BECKERS & BUCK, 1999).
Os procedimentos bsicos so:
Resistncia: auxilia a contrao muscular e o controle motor e aumenta
a fora.
Irradiao e reforo: utilizam a deflagrao da resposta ao estmulo.
Contato Manual: aumenta a fora e guia o movimento com toque e
presso.
Posio corporal e biomecnica: guiam e controlam o movimento por
meio do alinhamento do corpo, dos braos e das mos do terapeuta.
Comando verbal: utiliza palavras e tom de voz apropriado para
direcionar o paciente.
Viso: usa a viso para guiar o movimento e aumentar o empenho.
Trao e aproximao: o alongamento ou a compresso dos membros e
do tronco facilita o movimento e a estabilidade.
Estiramento: o uso do alongamento muscular e do reflexo de
estiramento facilita a contrao e diminui a fadiga.
Sincronizao de movimentos: promove sincronismo e aumenta a fora
de contrao muscular por meio da sincronizao para nfase.
Padres de Facilitao: movimentos sinrgicos em massa so
componentes do movimento funcional normal.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
43/81
42
2.8 Leses na prtica esportiva
Os esportistas so altamente sensveis a oscilaes em seu equilbrio de adequao no
porque sejam mais conscientes da dor do que as pessoas que no praticam esportes, mas,
antes, porque seus corpos esto de tal ponto afinados que a menor partcula de poeira no
mecanismo instantaneamente perceptvel e precisa ser explicada e corrigida. As leses no
esporte so peculiares, na medida em que acontecem a pessoas que esto obcecadas com a
recuperao rpida, seno instantnea. Nem todos os riscos so previsveis: acidentes
acontecem, de modo que algumas leses so inevitveis. Alguns esportes, como os de contato
corporal e de combate, a ginstica, a asa delta, o salto com esqui, por sua natureza, comportaum alto risco de leso(GRISOGONO, 1989).
As leses podem ser classificadas em duas categorias bsicas: traumticas e por
excesso de uso, tambm conhecido por overuse. As leses traumticas so acontecimentos
sbitos. Podem ser extrnsecas, devidas a alguma causa externa (golpe direto), ou intrnseca,
sem uma causa bvia (estiramento sbito). As leses por excesso de uso so mais sutis,
porque se apresentam simplesmente como uma dor que aumenta aos poucos, diretamente
associada a uma certa atividade, usualmente repetitiva (GRISOGONO, 1989).As habilidades atlticas que no exploram o movimento em toda a sua extenso
funcional e a solicitao de movimentos em uma s direo geralmente resultam em
disfunes nos segmentos msculo-articulares destes atletas. Alm disso, a contratura ao
mesmo tempo dos posteriores da coxa mediais e laterais, resulta em uma posio de flexo do
joelho, acompanhada por uma inclinao posterior da pelve e um achatamento da coluna
lombar, o que pode levar a lombalgias e distrbios biomecnicos (KENDALL & KENDALL,
1990).Segundo Achour Jr (1996), a demanda de fora e potncia nas habilidades atlticas e a
fraca ateno dada flexibilidade contribuem para o encurtamento muscular e para leses
musculo-tendneas, que podem desencadear prejuzos na qualidade da performance atltica ou
at mesmo ocasionar o abandono do atleta.
O estiramento muscular, que causa leso tecidual, resulta em inflamao, dor e
incapacidade, e, caso ocorra a continuao da atividade, haver uma leso maior (GOULD,
1993). Essa leso produz no tecido muscular uma zona de cicatrizao, a qual transforma um
tecido elstico e flexvel em uma massa inelstica e frgil, conhecida por fibrose, o que, para
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
44/81
43
um atleta, representar leses recidivas e sensao de medo exacerbado para uma nova leso,
que o incapacitar ainda mais.
A forma de evitar leses traumticas consiste em minimizar os fatores de risco. Para
evitar leses por uso excessivo, permita que o corpo se adapte ao stress repetitivo. O aumento
do treinamento deve ser um processo gradual, desenvolvendo-se a partir de estgios fceis,
permitindo dias de recuperao do treinamento puxado e dias de repouso para prevenir a
fadiga ou dor (GRISOGONO, 1989).
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
45/81
3 MATERIAIS E MTODOS
3.1 Caracterizao da pesquisa
Esta pesquisa se caracteriza como sendo do tipo experimental, pois atravs da seleo,
treinamento e avaliao dos grupos, se obtm um resultado sobre a validade das diferentes
tcnicas de alongamento que produzir modificaes sobre a amplitude de movimento do
quadril.
3.2 Populao e amostra
A populao se constituiu de atletas de Taekwondo de ambos os sexos. A amostra
contou com a participao de 12 atletas, com idades compreendidas entre 16 a 29, com mdia
de 20 1 anos, que representam a Academia Body Center da cidade de Erechim, RS, emcompeties locais e estaduais.
Alm dos atletas da Academia Body Center, a pesquisa tambm contou com um grupo
de 6 pessoas que se constituiu no grupo controle, no atletas, que no realizaram o tratamento.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
46/81
45
3.3 Controle do estudo:
Para assegurar maior controle na obteno dos dados, as seguintes condies foram
observadas pelo pesquisador:
Mesma hora do dia para a realizao da coleta pr e ps o tratamento
experimental;
Temperatura ambiente na faixa dos 18 23 C, controlada atravs de um ar-
condicionado;
Mesmo avaliador para todos os atletas.
3.4 Limitaes do estudo:
As limitaes encontradas no presente estudo foram as seguintes:
Participao efetiva e assdua de todos os participantes do estudo nos dias detreinamento fsico;
Atividades fsicas extras, realizadas fora do horrio de treinamento.
3.5 Instrumentos de medida
O instrumento utilizado nesta pesquisa para avaliar o grau de flexibilidade da abduo
do quadril dos sujeitos participantes do trabalho foi o gonimetro universal, que se constitui
em um instrumento de medida do movimento angular do arco articular.
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
47/81
46
3.6 Procedimento experimental
Iniciou-se o presente estudo com a apresentao do trabalho e a descrio do propsito
do estudo, direcionada ao desenvolvimento da flexibilidade nos sujeitos participantes da
pesquisa. Aps, os sujeitos preencheram e assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido, aceitando participar do estudo (anexo 1) e, logo aps preencheram a ficha de
identificao (apndices 1 e 2), que constava de: nome, idade, peso, altura, posio, hora da
coleta, temperatura ambiente e ndice de flexibilidade (pr e ps-teste), atravs do gonimetro
universal.
Em um segundo momento, foi realizado a mensurao dos sujeitos em sua amplitudemxima de abduo do quadril, ativamente, bilateralmente, atravs do uso do gonimetro
universal.
O gonimetro foi posicionado com o brao fixo nivelado com as espinhas ilacas
ntero-superiores, e o brao mvel ficou sobre a regio anterior da coxa, ao longo da difise
do fmur, posio est descrita por Kendall & Kendall (1990). O sujeito mensurado ficou em
decbito dorsal, sempre observando o alinhamento corporal. A medida foi feita na regio
anterior da coxa, sobre a articulao do quadril.O sujeito foi instrudo a ficar em decbito dorsal com a coluna corretamente apoiada
ao solo e, a seguir, ele era instrudo a realizar a abduo do quadril, ativamente, at o limite
mximo, onde era registrada a angulao atingida. O procedimento contou com a presena
dos dois pesquisadores, onde no foi permitida possvel compensao ao movimento. O
membro contralateral ao mensurado permaneceu estvel ao solo. O movimento contou com o
membro em rotao neutra, no permitindo a rotao lateral do membro a ser medido.
A medida da amplitude de abduo do quadril foi realizada sempre com o mesmoinstrumento e pelo mesmo avaliador, para reduzir o erro instrumental e o erro do operador.
O treinamento seguiu-se da seguinte maneira: foi iniciado o aquecimento com uma
corrida leve de 5 minutos, e mais 5 minutos de movimentao e seqncia de polichinelos,
flexo de brao, exerccios abdominais e demais alongamentos de membros superiores,
coluna cervical e inclinadores laterais de coluna, chegando a um total de 10 minutos de
aquecimento. Aps esta parte inicial, os sujeitos eram posicionados sentados sobre o tatame,
com as costas apoiadas na parede e era realizada a abduo passiva de quadril pelo
examinador, conforme o anexo 2. Os seis atletas do grupo A foram submetidos abduo
passiva de quadril pelo mesmo examinador, baseado na tcnica de facilitao neuromuscular
7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO
48/81
47
proprioceptiva, pelo mtodo CRAC, visando os membros inferiores para atingir um maior
alcance de abduo do quadril. Os seis atletas do grupo B tiveram o mesmo aquecimento do
grupo A, mas foram submetidos ao alongamento esttico pelo mesmo examinador, visando os
membros inferiores para atingir um maior alcance de abduo do quadril.
No mesmo perodo experimental foi s