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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Estudo da Construção de Edifício em Alvenaria Estrutural com
Blocos Sílico-Calcário numa construtora São Carlense.
Juliana da Silva Antunes
SÃO CARLOS
2009
Estudo da Construção de Edifício em Alvenaria Estrutural com
Blocos Sílico-Calcário numa construtora São Carlense.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Estudo da Construção de Edifício em Alvenaria Estrutural com
Blocos Sílico-Calcário numa construtora São Carlense.
Juliana da Silva Antunes
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de
Engenharia Civil do Centro de
Ciências Exatas e de Tecnologia da
Universidade Federal de São Carlos,
como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Graduação em
Engenharia Civil.
SÃO CARLOS
2009
Dedico este trabalho aos meus pais Izaias e Vilma e aos
meus irmãos André e Fabio, que amo muito,
aos quais sou grata a tudo que sou hoje.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus, por atender aos meus pedidos, por me acompanhar nessa
jornada, por me fortalecer e não me deixar desistir, por iluminar minha meus estudos e
minha vida.
Aos pais Izaias Antunes e Vilma da Silva, por me proporcionar o melhor
estudo, por me apoiarem em minhas decisões, por darem conselhos nos momentos
necessários, por serem meus exemplos de vida, por me guiarem nessa caminhada, pelo
amor que me dedicam.
Ao meu irmão André Felipe da Silva Antunes por estar por perto quando eu
precisei, por me ajudar a passar pelos contratempos desse ano, pela companhia, amizade
e carinho.
Ao meu irmão Fábio Júlio Antunes, que mesmo longe consegue transmitir
muito carinho.
Aos meus familiares, que muitas vezes estenderam as mãos para mim.
As minhas queridas amigas, Andressa, Camila, Kamila, Lívia, Marina, Naiara,
Taiany e Talita, que me acolheram de forma carinhosa e sempre estiveram dispostas a
me ajudar em diferentes situações. Além daquelas que eu moro, que em muito pouco
tempo se tornaram grandes amigas e irmãs.
A minha orientadora, Professora Dra. Maria Aridenise Macena Fontenelle, pelo
estímulo e atenção que me concedeu durante a elaboração trabalho.
Aos meus amigos e companheiros de curso da Universidade Federal de São
Carlos, pela amizade, incentivo e companhia.
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i
RESUMO
O PAC, Plano de Aceleração do Crescimento tem influenciado na economia da
construção, sobretudo em edificações para população de baixa renda. Os custos dos
empreendimentos visam vantagens competitivas no mercado da construção, e o sistema
construtivo de alvenaria estrutural têm se destacado, sendo amplamente utilizado em
todos os padrões de edificações. A imprensa tem divulgado a carência no mercado da
construção de profissionais qualificados e materiais de construção, sobretudo na área de
alvenaria estrutural. Percebe-se também que o estudo de alvenaria estrutural com blocos
de sílico-cálcario é pouco explorado, portanto este trabalho visa estudar
comparativamente alvenaria estrutural com bloco de sílico-calcário e os blocos de
concreto e cerâmico, o uso do sistema construtivo em alvenaria estrutural com bloco de
sílico-calcário em um edifício residencial numa construtora são carlense, contribuindo
assim para a formação profissional dos estudantes de engenharia civil e difusão desta
tecnologia na área, especialmente na utilização de blocos sílico-cálcario. O trabalho
indicou vantagens do uso do bloco-sílico calcário nos quesitos de resistência dos blocos,
que variam de 6 a 35 MPa, conforto e construtiva (por não utilizar armadura e graute
vertical), porém indicou desvantagens com relação ao peso total da alvenaria, custo
mais elevado por metro quadrado, não existência de certificação. A comparação dos
procedimentos executivos realizados na obra do edifício A e o recomendado pela
literatura, refletiu poucas distorções que estão apontadas nas considerações finais deste
trabalho.
ii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Dados Técnicos da Linha SC10 .................................................................... 8
Figura 2 - Dados Técnicos da Linha SC15.................................................................... 8
Figura 3 - Dados Técnicos da Linha SC15.................................................................... 9
Figura 4 - Dados Técnicos da Linha DIN-106 3DF ....................................................... 9
Figura 5 - Dados Técnicos da Linha DIN-106 3DF ..................................................... 10
Figura 6 - Dados Técnicos da Linha DIN-106 3DF ..................................................... 10
Figura 7 - Indicação dos blocos chave na execução de primeira fiada .......................... 15
Figura 8 - Execução das seguintes fiadas ..................................................................... 16
Figura 9 - Embutimento das instalações elétricas nos blocos sílico-calcário................ 17
Figura 10 - Execução do bloco canaleta ..................................................................... 17
Figura 11 – Esquema da elevação dos edifícios ........................................................... 20
Figura 12- Esquema das áreas do pavimento tipo ........................................................ 20
Figura 13 - Térreo feito em concreto armado convencional- vigas e pilares ................. 21
Figura 14 – Parede de vedação (sem função estrutural) na caixa de escada do térreo ... 21
Figura 15 – Caixa de escada em vista superior do pavimentos tipo .............................. 22
Figura 16– Planta da primeira fiada da alvenaria estrutural que inclui poço de elevador
................................................................................................................................... 22
Figura 17- Operário responsável pelos cortes de blocos .............................................. 23
Figura 18- Armazenamento de blocos canaletas .......................................................... 24
Figura 19- Blocos com caixinhas elétricas embutidas .................................................. 24
Figura 20- Armazenamento de blocos ......................................................................... 25
Figura 21- Tubo coletor de entulhos dos pavimentos ................................................... 26
Figura 22- Disponibilidade de blocos no pavimento para início da primeira fiada........ 29
Figura 23- Assentamento dos blocos chave e das primeiras fiadas ............................... 29
iii
Figura 24- Assentamento das demais fiadas com linha de nível, sem régua marcada ... 30
Figura 25 – Dimensão das juntas horizontal e vertical ................................................. 30
Figura 26 – Amarração de nos encontros e cantos de paredes com ganchos de ferro,
cinta de amarração da última fiada .............................................................................. 31
Figura 27- Contra-vergas nos vãos de janelas e portas executado com blocos canaleta
grauteados. .................................................................................................................. 31
Figura 28- Embutimento das instalações elétricas e algumas exceções com erros ........ 32
Figura 29 – Execução de laje treliçada com lajota de concreto .................................... 32
Figura 30- Laje pronta para a concretagem, com tubos, conduites e caixas posicionadas
................................................................................................................................... 33
iv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Quadro de Comparação entre os blocos de Alvenaria Estrutural .................... 5
Tabela 2 - Classe de Blocos e resistências à compressão ............................................. 10
Tabela 3 – Tabela de Composição de preços unitários/m² com blocos tipo 2DF .......... 14
Tabela 4 – Tabela de Composição de preços unitários/m² com blocos tipo 2DF14....... 14
Tabela 5 – Tabela de Custos Globais do Edifício A ..................................................... 27
SUMÁRIO
RESUMO .....................................................................................................................i
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................ii
LISTA DE TABELAS................................................................................................iv
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 2
3 JUSTIFICATIVAS ............................................................................................... 2
4 METODOLOGIA ................................................................................................. 3
5 ALVENARIA ESTRUTURAL ............................................................................. 3
6 ALVENARIA ESTRUTURAL COM BLOCOS DE SÍLICO-CALCÁRIO ........... 6
6.1 Materiais........................................................................................... 7
6.2 Custos ............................................................................................. 12
6.3 Processo Construtivo ...................................................................... 15
7 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 18
7.1 Históricos da Construtora................................................................ 18
7.2 Descrição da obra estudada e materiais utilizados ........................... 19
7.3 Custos ............................................................................................. 26
7.4 Processo Construtivo ...................................................................... 28
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 33
8.1 Estudo comparativo do bloco de sílico-calcário com os blocos de
concreto e cerâmico................................................................................................. 33
8.2 Estudo comparativo do uso do bloco sílico-calcário teórico e o
observado na obra estudada ..................................................................................... 35
9 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 36
1
1 INTRODUÇÃO
Segundo o IBGE apud Ribeiro (2007), existe um déficit habitacional
expressivo no Brasil que representa a baixa qualidade de vida da população do país.
A casa própria é um dos bens mais desejáveis dos brasileiros, para muitos seria
uma conquista, além de ser parâmetro da qualidade de vida da população e progresso
social do país (RIBEIRO, 2007).
Nos últimos anos tem ocorrido um avanço no subsetor da Construção de
Edificações tornando os empreendimentos mais diversificados. Para a implantação e
colocação no mercado, esses produtos devem ser econômicos e desenvolvidos de forma
eficientes, sempre associados à qualidade (PARSEKIAN & FREIRE, 2009).
O aumento da demanda por obras e a necessidade de agilidade nos processos
construtivos estimularam a procura por tecnologias que suportem esse crescimento do
mercado de forma sistemática e ampla (RIBEIRO, 2007).
O cenário econômico do país propiciou a consolidação da tecnologia da
alvenaria estrutural, que é um sistema construtivo em que as paredes desempenham
funções de vedação e de suportar as ações verticais e horizontais em uma edificação,
tendo assim função estrutural.
Os empreendimentos em alvenaria estrutural surgem no mercado como
alternativas de custo e racionalização construtiva, sendo indispensável à coordenação e
compatibilização dos subsistemas para garantir a qualidade da edificação (OHASHI,
2001).
O sistema apresenta maior economia e vantagens significativas como redução
de armaduras, redução de formas, eliminação das etapas de moldagem dos pilares e
vigas, facilidade na montagem da alvenaria, redução de desperdícios e retrabalho
(RIBEIRO, 2007).
Segundo Ribeiro (2007), o desempenho do sistema está diretamente
relacionado com a qualidade dos componentes, sendo necessária a busca por blocos de
qualidade.
2
O uso de alvenaria estrutural teve início marcado pelas construções de prédios
e casas de baixa renda. Atualmente é possível encontrar casas e prédios residenciais de
alto padrão, assim como de médio padrão e edifícios comerciais.
A altura dos edifícios varia de 24 pavimentos até casas térreas, sendo mais
comuns prédios de 8 a 15 pavimentos. Disponibilizam-se no mercado diversos tipos de
blocos estruturais, em tamanhos e materiais diferentes. Os materiais se diversificam em
blocos cerâmicos, de concreto, sílico-calcário.
Este trabalho dará maior enfoque no uso de alvenaria estrutural com bloco de
sílico-calcário.
2 OBJETIVOS
Estudar comparativamente alvenaria estrutural com bloco de sílico-calcário e
os blocos de concreto e cerâmico.
Estudar o uso do sistema construtivo em alvenaria estrutural com bloco de
sílico-calcário em um edifício residencial numa construtora são carlense.
Contribuir para a formação profissional dos estudantes de engenharia civil e
difusão desta tecnologia na área, especialmente na utilização de blocos sílico-cálcario.
3 JUSTIFICATIVAS
O PAC, Plano de Aceleração do Crescimento tem influenciado na economia da
construção, sobretudo em edificações para população de baixa renda.
Custos dos empreendimentos visam vantagens competitivas no mercado da
construção, e o sistema construtivo de alvenaria estrutural têm se destacado, sendo
amplamente utilizado em todos os padrões de edificações.
O estudo de alvenaria estrutural com blocos de sílico-cálcario é pouco
explorado.
A imprensa tem divulgado a carência no mercado da construção de
profissionais qualificados e materiais de construção, sobretudo na área de alvenaria
estrutural.
3
4 METODOLOGIA
Desenvolvimento de pesquisa teórica por meio de revisão bibliográfica sobre
sistema construtivo racionalizado em alvenaria estrutural.
Estudo do histórico de utilização do sistema construtivo de alvenaria estrutural
numa construtora São Carlense que utiliza bloco sílico-cálcario.
Estudo de caso realizado através de análise documental, visita de campo,
observação de procedimentos de execução da alvenaria estrutural com bloco de sílico-
calcário.
Análise e comparação do sistema construtivo em alvenaria estrutural com
blocos de sílico-calcário, blocos de concreto e cerâmico através de pesquisas
bibliográficas.
Realização de estudo comparativo entre o procedimento recomendado na
literatura e o executado na construtora estudada.
5 ALVENARIA ESTRUTURAL
A alvenaria estrutural é um dos sistemas de construção mais antigos da
humanidade, tendo suas origens na pré-história com paredes de pedras. É um processo
construtivo caracterizado pelo uso de paredes como principal estrutura suporte de
edifícios, dimensionada através de cálculo racional.
No sistema convencional as paredes funcionam somente como fechamento de
vigas e pilares. Na alvenaria estrutural as paredes têm a função de receber e distribuir as
cargas ao longo da estrutura (SILVA et al., 2004), transmitir ações através de tensões de
compressão ( RAMALHO & CORRÊA, 2003).
A alvenaria estrutural caracteriza-se pela substituição de dois principais
sistemas de uma construção: a estrutura de concreto armado e os fechamentos de
alvenaria, portanto as paredes da edificação são também a estrutura que suporta todas as
cargas: além do peso próprio, também das lajes, coberturas, cargas acidentais devido ao
uso, além de fatores externos como o vento.
4
O uso de alvenaria estrutural pode apresentar limitações para a realização
futura de reformas e mesmo ampliações na construção, uma alternativa seria já
considerar eventuais modificações durante a elaboração do projeto.
No Brasil o uso de alvenaria estrutural se iniciou em meados da década de 60,
com blocos de concreto, em um edifício de 4 pavimentos, baseado nas normas
americanas. Em 1977, foi noticiado os primeiros edifícios em alvenaria não armada, de
9 pavimentos, executados com blocos sílico-calcáreos (RAMALHO & CORRÊA,
2003). Na década de 80 intensificou-se o uso em conjuntos habitacionais,
principalmente para processos de baixa renda. Na década seguinte houve grande
desenvolvimento como surgimento de novos tipos de blocos, aperfeiçoamento das
técnicas construtivas, normalização dos processos.
Durante a fase de adaptação da tecnologia, ocorreu aparecimento de muitas
patologias, entretanto atualmente a alvenaria estrutural se caracteriza por ser um sistema
construtivo racionalizado, moderno e de alta qualidade.
As vantagens desse sistema construtivo em relação às outras formas de
construção dependem muito se a produção for racionalizada. A proporção de ganhos
varia especialmente conforme o perfil do projeto estrutural, independentemente desse
fator, o sistema exige menor diversidade de materiais e mão−de−obra.
A alvenaria estrutural apresenta vantagens construtivas pelo planejamento e
detalhamento de projeto, uso de materiais industrializados, acabamentos regularizados
(SILVA et al., 2004), além da redução significativa nos revestimentos, economia de
fôrmas, redução do desperdícios de materiais e mão-de-obra, redução da diversidade de
especialistas, como armadores, carpinteiros (RAMALHO & CORRÊA, 2003).
Porém o uso de alvenaria estrutural restringe a possibilidade de mudança no
projeto arquitetônico pela concepção estrutural, limitando a arquitetura, número de
pavimentos, inibindo a destinação dos edifícios, que conforme Ramalho & Correa
(2003) para edifícios comerciais e residenciais de alto padrão o uso desse sistema
construtivo é desaconselhável devido à necessidade da utilização de grandes vãos. E
pelo motivo do sistema requerer mão-de-obra especializada, a oferta de trabalhadores é
mais restrita. Para o melhor desempenho e racionalização da obra, deve haver interação
entre os projetos arquitetônico, estrutural, elétrico e hidráulico.
5
Os materiais utilizados se diversificaram em blocos de concreto, cerâmicos,
sílico-cálcareos, e outros, podem ser maciços ou vazados, estes são encontrados em
diferentes tamanhos, modulares e não modulares (blocos especiais), assim como em
formatos especiais como em “jota”, em “u” (bloco canaleta), a Erro! Fonte de
referência não encontrada. compara algumas características dos blocos estruturais
disponíveis no mercado.
Tabela 1- Quadro de Comparação entre os blocos de Alvenaria Estrutural
Alvenaria Estrutural
Bloco Cerâmico Bloco de Concreto Bloco de Sílico-Calcário
Bloco considerado 14 x 19 x 39 cm 14 x 19 x 39 cm 14 x 11,3 x 24 cm
Nº de Fabricantes no
estado
(PINI, 2008)
11 fabricantes 17 fabricantes 1 fabricante
Consumo de blocos (PINI, 2008)
14 blocos/ m² 13,1blocos/ m² 33 blocos/m²
Consumo de argamassa
(PINI, 2008) 0,0106 m³/m² 0,0107 m³/m² 0,0174 m³/m²
Perdas (TCPO- 13a. Edição apud PINI, 2008)
3% 3% 3%
Etapas de Execução
(PINI, 2008)
Locação de obra; Execução da 1a. Fiada;
Elevação das paredes;
Vergas e Contravergas;
Cintas de Amarração.
Locação de obra;
Execução da 1a. Fiada;
Elevação das paredes;
Grauteamento; Vergas e Contravergas;
Cintas de Amarração.
Locação de obra; Locação e Execução da
1a. e 2a. Fiadas, com
definição dos blocos
chaves; Elevação das paredes;
Vergas e Contravergas;
Cintas de Amarração.
Controle de Aceitação
(PINI, 2008) 19 fatores para analisar 14 fatores para analisar 8 fatores para analisar
Ferramentas e
equipamentos
(PINI, 2008)
23 itens 23 itens 23 itens
Peso dos blocos (média) (*sites de empresas)
7,4 kg 12 kg 5,5 kg
Peso total de alvenaria/ m² 103,6 kg/m² 157,2 kg/m² 181,5 kg/m²
Resistência
(*sites de empresas) 4,5 a 8 MPa 4,5 a 20 MPa 6 a 35 MPa
Cotação de preço
(fornecido por fabricantes) 6 MPa - R$ 1,38/bloco 6 MPa - R$ 1,75/bloco 10 Mpa - R$ 1,07/bloco
Preço(R$)/ m² R$19,32/m² R$ 22,93/m² R$ 35,31/ m²
Eficiência de resistência de Prisma
0,2 a 0,7 0,5 a 0,9 0,7 a 0,9
6
Certificação
(PINI, 2008)
PSQ (Programa
Setorial da Qualidade)- Anicer (Associação
Nacional da Indústria
Cerâmica)
PSQ (Programa
Setorial da Qualidade)- Sinaprocim (Sindicato
da Indústria de Cimento
do Estado de São Paulo
_
Absorção de Água
(PINI, 2008) 8% a 22% 10% a 16% 10% a 18%
Classificação do Resíduo
(PINI, 2008)
Classe A, possível
reutilização ou reciclagem
Classe A, possível
reutilização ou reciclagem
Classe A, possível
reutilização ou reciclagem
Obs: Os preços de blocos podem variar de acordo com os fretes (distância da
fábrica ao local de construção).
A tabela indica alguns parâmetros que servem para análise de escolha de
blocos na aplicação de alvenaria estrutural em um empreendimento.
Os blocos devem atender a alguns requisitos como estabilidade dimensional,
boa trabalhabilidade, absorção adequada, resistir aos carregamentos de compressão
(conforme o cálculo de dimensionamento) e devem garantir a vedação vertical da
edificação.
O termo grauteamento usado na Tabela 1, indica o uso de graute vertical nas
paredes quando há necessidade de majorar a resistência do bloco utilizado na
construção.
Apesar do livro da PINI (2008) não citar o grauteamento como uma das etapas
de execução de alvenaria estrutural com blocos cerâmicos, obras visitadas pela autora
apresentam grauteamento vertical na estrutura das paredes, assim como os sites de
fabricantes indicam o uso do graute para complementar a resistência do bloco.
6 ALVENARIA ESTRUTURAL COM BLOCOS DE SÍLICO-CALCÁRIO
As tipologias de edifícios em alvenaria estrutural tendem a ser mais econômica
do que prédios estruturados, pois se executa a alvenaria e a estrutura em uma só etapa,
economizando no uso de fôrmas, reduzindo quantidade de concreto e ferragem,
produzindo revestimentos menos espessos e fornecendo maior rapidez na execução
(SILVA et al., 2004). Além destes fatores a alvenaria estrutural permite a simplificação
7
nas instalações, por evitar rasgos nas paredes reduzindo desta forma o desperdício de
material, ou seja, diminuindo custos (SILVA, 2004 apud ROMAN et al., 1999).
A tecnologia da alvenaria estrutural com bloco sílico-calcário ainda é limitada
pelo fator fabricante, o que dificulta a aplicação e difusão dos conhecimentos técnicos e
executivos desse sistema construtivo.
6.1 Materiais
Os blocos sílico-calcários são blocos de alvenaria estrutural, fabricados com
água, cal e agregados finos de areia, de natureza predominantemente quartzosa. As
matérias-primas são misturadas e moldadas em peças, pressurizados e compactados,
com endurecimento sob ação de calor e pressão de vapor. Em todo processo não há o
manuseio por parte de operadores, sendo o controle de qualidade feito na produção.
Bloco de sílico-calcário também pode ser definido como um componente
prismático para alvenaria, moldado por pressão e compactação, com posterior
endurecimento sob ação de calor e pressão de vapor, em autoclave (PINI, 2008).
Segundo o manual Técnico do Fabricane, o processo foi patenteado em 1880, e
normatizado através da DIN-106 (Deutsches Institut für Normung) na Alemanha.
Inicialmente os blocos, por terem baixa resistência, eram utilizados somente
para vedação sem função estrutural, Após a década de 40, foi desenvolvido novos
métodos de fabricação de blocos, com alta resistência, possibilitando o uso em
alvenarias estruturais.
No Brasil a tecnologia foi difundida por uma única empresa, em 1976, numa
cidade a menos de 90 km da Capital, centro econômico do Estado. Mais de 150.000
habitações térreas e multi-andares foram construídas em alvenaria estrutural com blocos
de sílico-calcário em aproximadamente 30 anos. Pode ser considerado um processo
construtivo inovador, que proporciona economia.
Os blocos de resistência à compressão de 6 a 10 MPa supre a grande maioria das
necessidades de mercado, no entanto também fabrica-se sob encomenda blocos de 15,
20, 25, 30 ou 35 MPa.
O produto sílico-calcário é um material com boas características contra fogo,
segundo ensaios realizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São
8
Paulo, e por serem prensados possuem elevado coeficiente de redução acústica e bons
isolantes térmicos.
Para alvenaria estrutural armada ou alvenaria aparente utiliza-se a Linha SC,
que são blocos vazados, modulação de 20cm e Fbk = 10MPa, conforme Figura 1, Figura
2 e Figura 3.
Fonte: Site do fabricante
Figura 1 - Dados Técnicos da Linha SC10
Fonte: Site do fabricante
Figura 2 - Dados Técnicos da Linha SC15
9
Fonte: Site do fabricante
Figura 3 - Dados Técnicos da Linha SC15
Para alvenaria estrutural não-armada ou alvenaria aparente utiliza-se a Linha
DIN-106, que são blocos resistentes, de modulação de 12,5 cm e Fbk de 10 a 15MPa,
conforme a Figura 4, Figura 5 e Figura 6.
Fonte: Site do fabricante
Figura 4 - Dados Técnicos da Linha DIN-106 3DF
10
Fonte: Site do fabricante
Figura 5 - Dados Técnicos da Linha DIN-106 3DF
Fonte: Site do fabricante
Figura 6 - Dados Técnicos da Linha DIN-106 3DF
Segundo as características técnicas obtidas na NBR 14971-1:2003, as classes e
resistências a compressão os blocos são dividas conforme a
Tabela 2.
Tabela 2 - Classe de Blocos e resistências à compressão
CLASSE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (Mpa)
Classe A 4,5
11
Classe B 6,0
Classe C 7,5
Classe D 8,0
Classe E 10,0
Classe F 12,0
Classe G 15,0
Classe H 20,0
Classe I 25,0
Classe J 35,0
Fonte: NBR 14974-1:2003
A absorção de água (AA) do bloco é de aproximadamente 13%, atendendo as
recomendações da NBR 14974, ou seja, a absorção de água deve estar entre 10%≤
AA≤18%.
Na TCPO apud PINI (2008), o consumo médio de blocos modulares de 12,5cm
é de 33,00 unidade/m² de alvenaria, e o consumo de argamassa é de 0,0143 m³/m², para
blocos de 11,5 x 11,3 x 24, e 0,0174 m³/m² para blocos de 14 x 11,3 x 24cm,
considerando perdas em torno de 3%. O fabricante fornece dados nas Tabela 3 e Tabela
4 .Os blocos devem ser entregues em forma de paletes protegidos para que não ocorram
danos no material, recomenda-se que sejam estocados em locais secos, planos, arejados
e protegidos de intempéries.
Conforme a NBR 15575-1:2008, define a vida útil de um edifício habitacional
mínimo de 40 anos e superior de 60 anos.
A classificação dos resíduos de blocos sílico-calcários e argamassas, segundo a
resolução Conama 307 de 05 de julho de 2002 (Conselho Nacional do Meio Ambiente),
apud PINI (2008), pode ser consideradas como Classe A, sendo possível serem
reutilizados ou reciclados como agregados.
Como procedimentos técnicos o fabricante recomenda o traço de argamassa de
1:1:6 (cimento:pasta de cal: areia) para não terem retração e não surgirem trincas.
A alvenaria também dispensa reboco, revestimento protetor ou até pintura. Nas
áreas externas pode-se aplicar pintura diretamente sobre a superfície.
12
6.2 Custos
Define-se custo como sendo o gasto relativo a produtos e serviços utilizados a
produção de outros bens e serviços (SILVA, 2002 apud CABRAL, 1998).
Os custos de produção se dividem em diretos, que referem-se aos custos de
materiais e mão-de-obra diretamente aplicados nos serviços executado, e indiretos, que
são os demais custos sobre os serviços, como custos com implantação do canteiro,
salário do escritório administrativo, equipamentos e ferramentas, custos de orçamentos e
cronograma (SILVA et al., 2004, apud ROMAN et al.,2000). Podem ser classificados
em fixos, aqueles cujo montante não se alteram em função do volume de produção, e
variáveis, que mudam proporcionalmente ao volume de produção.
Existe outro autor que separa os custos segundo as dimensões físicas e
temporais. Física caracteriza comprimento, área ou volume construído e temporal é
utilizada para medir duração da obra (dias úteis, semanas, meses) (SILVA et al.,2004
apud Trajano, 1995).
É difícil a comparação de custos na construção civil, pois o setor não produz
um produto único e padronizado. Existem muitas diferenças a serem consideradas como
com relação ao projeto, tamanho, tipo de obra, padrão de acabamentos, tempo de
execução (SILVA, 2002).
Um dos principais fatores que intervêm nos custos de uma construção é o de
mão-de-obra, devido à grande variabilidade conforme a produtividade obtida em obra e
pagamento dos encargos sociais (SILVA, 2002).
Os engenheiros, construtores e empreendedores reconhecem as carências dos
canteiros, e muitas vezes desconsideram que um canteiro bem planejado e organizado
pode levar a uma economia de 10% no custo da obra.
Segundo Camacho (2006), o uso de alvenaria estrutural pode trazer vantagens
técnicas e econômicas como redução de custos (que está relacionada à aplicação das
técnicas de projeto e execução), pode chegar até a 30%, principalmente pela economia
de formas, escoramentos e armadura, e pela simplificação das técnicas de execução;
menor diversidade de materiais, reduzindo a complexidade das etapas de execução;
redução da diversidade de mão-de-obra especializada; rapidez na execução.
13
Silva et al. (2004) comparou os custos de um conjunto habitacional finalizado
em 2002, construído em alvenaria estrutural de blocos cerâmicos e blocos de concreto,
e em concreto armado, no qual concluiu que em relação construção convencional, houve
economia de 2,56% na construção em alvenaria estrutural de blocos cerâmicos e 1,39%
na construção com blocos de concreto.
A comparação de custos em diferentes sistemas podem ser medidos pelos
serviços de fundação (tipo de estacas, baldrame, blocos de fundação), supraestrutura
(piso, laje, viga, pilar, escada), paredes de alvenaria, revestimentos (interno e externo), e
os demais serviços são os mesmo para todos os processos construtivos (SILVA, 2002).
A análise de custos da alvenaria estrutural está sendo estudada com ênfase
atualmente, entretanto quando se trata de construções de blocos de sílico-calcáreo não
se encontram bibliografias para estudo, podendo ser pelo fato de existir somente uma
empresa no Brasil que fabrica esse tipo de bloco.
Na execução, são várias as fontes de perdas possíveis: no recebimento, o
material entregue pode estar em quantidade menor que o especificado no pedido; na
estocagem inadequada dos blocos, estes estão propícios a quebrarem mais facilmente; a
argamassa transportada por equipamentos e trajetos não adequados está sujeita a cair
pelo caminho; uso incorreto do traço da argamassa pode implicar em sobreconsumos;
na aplicação de gesso pode ser gerada grande quantidade de sobras quando o material
endurece (PALIARI et al.,2003).
A proporção de entulho gerado de uma obra em concreto armado é de
aproximadamente 0,6 ton/m², para 0,2 ton/m² em alvenaria estrutural. Esses dados
também afetam nos custos finais da obra (<http://www.netxan.com.br/~eg/alvest.html>
Acesso em: 23 de novembro de 2008).
Visando vantagens competitivas no mercado, a análise de custos é um estudo
indispensável na implantação dos empreendimentos.
As Tabela 3 e Tabela 4, fornecidas pelo fabricante de blocos mostra a
composição de preços unitários/m² de alvenaria estrutural não armada (autoportante)
com bloco de sílico-calcáreo de Fbk= 10MPa.
14
Tabela 3 – Tabela de Composição de preços unitários/m² com blocos tipo 2DF
BLOCO/TIPO: 2DF
Espessura: 11,50 CM
DESCRIÇÃO DO SERVIÇO COEFIC.UN /M2 PREÇO/UN. SUB-TOTAL /M
2
Bloco/Tipo 2DF 30,50 un. R$ 0,8000 R$ 24,40 /M2
Bloco 2DF Canaleta 1,50 un. R$ 0,9600 R$ 1,44 /M2
cimento portland 3,46 kg R$ 0,43 R$ 1,49 /M2
cal hidratada 1,72 kg R$ 0,38 R$ 0,65 /M2
areia média 0,015 m³ R$ 75,00 R$ 1,13 /M2
Graute 0,0013 m³ R$ 265,00 R$ 0,34 /M2
aço CA-50 (3/8") para graute 0,3500 kg R$ 4,35 R$ 1,52 /M2
TOTAL DOS MATERIAIS R$ 30,97 /M2
DESCRIÇÃO DA M. D. O. COEFIC. UN. PREÇO/H (R$) SUB-TOTAL /M2
Pedreiro 0,85 h R$ 3,87 R$ 3,29 /M2
Servente 0,85 h R$ 3,24 R$ 2,75 /M2
Leis Sociais 127% R$ 7,66 /M2
TOTAL DA M. D. O. R$ 13,71 /M2
CUSTO UNITÁRIO TOTAL DO SERVIÇO R$ 44,68 /M2
Fonte: Fabricante do Bloco (maio, 2009)
Tabela 4 – Tabela de Composição de preços unitários/m² com blocos tipo 2DF14
BLOCO/TIPO: 2DF14
Espessura: 14,00 CM
DESCRIÇÃO DO SERVIÇO COEFIC.UN /M2 PREÇO/UN. SUB-TOTAL /M
2
Bloco/Tipo 2DF14 30,50 un. R$ 1,0700 R$ 32,64 /M2
Bloco 2DF14 Canaleta 1,50 un. R$ 1,2900 R$ 1,94 /M2
cimento portland 4,13 kg R$ 0,43 R$ 1,78 /M2
cal hidratada 2,07 kg R$ 0,38 R$ 0,79 /M2
areia média 0,0207 m³ R$ 75,00 R$ 1,55 /M2
Graute 0,0015 m³ R$ 265,00 R$ 0,40 /M2
aço CA-50 (3/8") para graute 0,3500 kg R$ 4,35 R$ 1,52 /M2
TOTAL DOS MATERIAIS R$ 40,61 /M2
DESCRIÇÃO DA M. D. O. COEFIC. UN. PREÇO/H (R$) SUB-TOTAL /M2
Pedreiro 0,90 h R$ 3,87 R$ 3,48 /M2
Servente 0,90 h R$ 3,24 R$ 2,92 /M2
15
Leis Sociais 127% R$ 8,11 /M2
TOTAL DA M. D. O. R$ 14,51 /M2
CUSTO UNITÁRIO TOTAL DO SERVIÇO R$ 55,12 /M2
Fonte: Fabricante do Bloco (maio, 2009)
Cabe salientar que o valor do frete não foi computado nos preços unitários dos
blocos, pois este irá incidir diretamente no preço final de acordo com o local da obra.
Portanto, o preço unitário do bloco será o preço de venda na fábrica + frete/unidade
Paulo.
O graute mencionado nas Tabela 3 e Tabela 4 é o utilizado nas vergas e
contravergas. A linha DIN-106, representada pelos blocos 2DF e 2DF14 dispensam o
uso de graute vertical dos blocos, e são utilizados em alvenaria autoportante (não
armada).
6.3 Processo Construtivo
O manual técnico do fabricante de bloco sílico-calcáreo recomenda que
primeiramente deve ser executado o baldrame nivelando-se sua superfície e
impermeabilizando-o normalmente. Recomenda também que inicie com assentamento e
nivelamento dos blocos-chave (BC), que são os blocos nos cantos externos e nos
encontros de paredes internas, conforme a planta de modulação, como indica a Figura 7.
Fonte: Fabricante do Bloco
Figura 7 - Indicação dos blocos chave na execução de primeira fiada
16
O fabricante aconselha que sejam usadas juntas horizontal e vertical entre os
blocos de 1 cm. Nos cantos da edificação são colocados réguas, gabaritos de altura,
preferencialmente marcando cada fiada. No encontro de paredes é levantado mais 3
fiadas, niveladas e mantido o prumo, formando uma escada. Quando as paredes não têm
amarração de blocos, utilizam-se ferros de amarração, a cada 3 fiadas, com diâmetro
previsto em projeto, como mostra a Figura 8. A linha de nível na aresta dos blocos dos
escantilhões irá manter alvenaria no nível e prumo requeridos.
Fonte: Fabricante do Bloco
Figura 8 - Execução das seguintes fiadas
Nas contra-vergas utilizam-se blocos canaletas que são armados de ferro
corrido (especificado pelo calculista) e preenchidos com graute. Os blocos canaletas
devem ter avanço mínimo de 1 bloco de cada lado do vão. A verga é executada da
mesma forma que a contra-verga (conforme projeto). É indicado pelo Manual Técnico
do Fabricante o uso de vergas duplas ou triplas para vãos maiores de 1,50 m.
As instalações elétricas são embutidas nas paredes, utilizando-se blocos
especiais, mostrados na Figura 9.
17
Fonte: Fabricante do Bloco
Figura 9 - Embutimento das instalações elétricas nos blocos sílico-calcário
As instalações hidráulicas são embutidas em blocos especiais, sem função
estrutural ou em shafts, ficam assim livres para cortes.
Os blocos canaletas são executados com disco de corte, através de cortes pelos
eixos dos furos (Figura 10).
Fonte: Fabricante do Bloco
Figura 10 - Execução do bloco canaleta
18
No Manual Técnico do fabricante utiliza-se a blocos inteiros até a última fiada,
correspondente à base da laje do piso superior, ou com blocos canaletas com ferro
corrido e graute.
Executa-se a montagem das formas para a laje, que pode ser maciça,
protendida, nervuradas, entre outras opções.
7 ESTUDO DE CASO
7.1 Históricos da Construtora
A empresa estudada está atuando no mercado da construção civil há 25 anos,
porém nos primeiros 15 anos trabalhou com alvenaria convencional, então após estudos
e pesquisas de mercado, visando baixar custos, buscando obras mais racionalizadas,
otimizar o tempo de construção, inovação tecnológica, a construtora buscou o único
fornecedor do Brasil, que trabalha com blocos de sílico-calcário, e que utiliza tecnologia
alemã na fabricação dos blocos há mais de 30 anos.
Após o estudo de custos, foi necessário viabilizar a concepção estrutural, sendo
que a construção com blocos de sílico-calcário não é normatizada no Brasil, portanto foi
utilizada a norma alemã como parâmetro de requisitos estruturais. O uso desse bloco é
restringido pela altura do edifício (de até 15 pavimentos) e pela altura do pé-direito do
pavimento. O projetista estrutural da construtora recomendou um limite de 10
pavimentos.
Durante o período de pesquisa, foi notado que existiam determinadas
anomalias que surgiam em poucos anos da edificação, como fissuras verticais no térreo,
fissuras de dilatação térmica no último pavimento, e depois do reestudo de concepção
estrutural, foi corrigido o projeto e iniciaram as obras com bloco de sílico-calcáreo.
Segundo o empreendedor da construtora, as vantagens da construção com esse
tipo de bloco são devido ao conforto térmico, pois é um material refratário, menor
absorção de umidade comparando-se com o bloco de concreto, ótimo conforto acústico,
alta resistência dos blocos, dispensando assim o uso de pilares, grautes verticais, cintas
de amarração intermediária e armadura (armadura usada somente em contra-vergas e na
última fiada), têm dimensões precisas dos blocos, reduzindo significativamente as
19
espessuras dos revestimentos. O fabricante complementa que para revestimento externo
basta aplicar a pintura diretamente sobre a superfície dos blocos.
Entretanto existem as desvantagens como difícil contratação de mão de obra,
que deve ser treinada pelo fabricante, necessidade de contratação de empreiteiros do
fabricante, que aumenta custos e dificulta a disseminação do uso no mercado, o
processo construtivo exige prumo perfeito. Além disso, a fábrica está situada na cidade
de Jacareí, portanto dependendo da distância do local de entrega, torna-se inviável a
compra de lotes, pois o frete pode ter custo maior que os próprios blocos. Sendo assim,
o local da obra pode ser um limitante do uso.
A empresa já tem um padrão de projeto que é utilizado desde os primeiros
edifícios em alvenaria estrutural com bloco de sílico-calcário até as obras em andamento
atualmente, com algumas diferença como número de dormitórios e procurando
contínuas melhorias 20 obras já concluídas em São Carlos.
7.2 Descrição da obra estudada e materiais utilizados
Para a execução da alvenaria é necessário escolher o tipo de bloco a ser
utilizado, neste caso, bloco de sílico-calcário, que além de possuir um projeto
modulado, não admite grandes erros de execução.
A obra escolhida para a análise do processo de trabalho foi o edifício
residencial A da construtora são-carlense, composto de duas torres com 7 pavimentos e
um térreo (Figura 11), sendo 4 apartamentos por andar, com fundações diretas tipo
tubulão escavado a céu aberto, com 12 metros de profundidade.
20
Figura 11 – Esquema da elevação dos edifícios
(FOTO: Juliana da Silva Antunes)
Os apartamentos são compostos por 2 quartos, um banheiro, uma sala
conjugada com cozinha, e lavanderia conjugada com a cozinha, e varanda na sala. A
área dos apartamentos e das respectivas áreas comuns pode ser identificada na Figura
12. A empresa constrói edifícios com finalidade de venda, e todos possuem
acabamentos internos iguais.
Figura 12- Esquema das áreas do pavimento tipo
21
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
No subsolo foram realizadas estruturas de concreto armado, dada a necessidade
deste local ser utilizado em parte como garagem e portanto necessitava de grandes vãos
(Figura 13 ) e fechamento (sem função estrutural) em alvenaria de cerâmica (Figura 14),
e nas caixas de escadas dos pavimentos tipos foi utilizado blocos de sílico-calcário com
função estrutural (Figura 15) assim como no poço de elevador, como mostra a planta de
primeira fiada na Figura 16.
Figura 13 - Térreo feito em concreto armado convencional- vigas e pilares
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
Figura 14 – Parede de vedação (sem função estrutural) na caixa de escada do térreo
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
22
Figura 15 – Caixa de escada em vista superior do pavimentos tipo
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
Figura 16– Planta da primeira fiada da alvenaria estrutural que inclui poço de
elevador
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
Os pavimentos são confeccionados em alvenaria estrutural de blocos silico-
calcáreos e laje treliçada pré-fabricada. A obra foi iniciada em janeiro de 2008 e com
previsão de entrega em novembro de 2009, foi antecipada para maio de 2009, e
atualmente o cronograma foi reorganizado para finalização total em setembro de 2009.
Na obra visitada, o engenheiro residente garantiu que os projetos de modulação
utilizado para a primeira fiada e segunda fiada da alvenaria, e os projetos arquitetônicos
23
estavam em perfeitas condições de uso, e de fácil acesso para o mestre de obras,
estagiários e também para o engenheiro.
O possível atraso nesta etapa que poderia ter que modificar o cronograma seria
a entrega dos blocos. Contudo, a edificação será entregue dentro do prazo programado.
A execução da construção foi feita na sequência das torres para a periferia, ou
seja, quando a torre estava feita até o 3º ou 4º pavimento, iniciava-se a execução das
periferias.
O material utilizado para alvenaria estrutural são os blocos de sílico-calcário de
dimensões 14x11,3x24cm, e blocos de dimensões 11,5x11,3x24cm com resistência de
10MPa. A argamassa de assentamento é controlada tecnologicamente por laboratório da
USP (principais ensaios: resistência à tração e compressão) e confeccionada segundo o
traço afixado próximo ao local de produção, 1:0,5:5 (cimento: cal: areia). Os blocos
canaletas e os blocos com caixinhas elétricas são cortados em um local apropriado como
mostra Figura 17, com cobertura para a serra elétrica, o operário usa proteções de
ouvido, dos olhos, luvas, avental.
Figura 17- Operário responsável pelos cortes de blocos
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
Os blocos canaletas são armazenados em pilhas, conforme Figura 18, em uma
área coberta do subsolo.
24
Figura 18- Armazenamento de blocos canaletas
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
Nos locais que vão pontos elétricos, são necessárias caixinhas elétricas, e estas
são embutidas previamente a execução do pavimento, como mostra Figura 19, assim
quando elevada a parede, os blocos já possuem as caixinhas, facilitando a execução da
alvenaria.
Figura 19- Blocos com caixinhas elétricas embutidas
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
O armazenamento de blocos é um procedimento deveria corresponder a
Norma, ou seja, que sejam armazenados em locais limpos, planos, secos arejados e
protegidos das intempéries, e também as recomendações do fabricante, no entanto, estão
25
expostos às intempéries (Figura 19), e outro estoque é feito em calçada (por falta de
espaço no canteiro de obras), que está parcialmente exposto, coberto com lona (Figura
20).
Figura 20- Armazenamento de blocos
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
As armaduras de amarração são cortadas e dobradas no próprio canteiro e para
preenchimento das lajes é utilizado concreto usinado.
Para destinação dos resíduos existe um tubo coletor que se encontra no
pavimento e desemboca diretamente na caçamba de entulho localizada no térreo (Figura
21).
26
Figura 21- Tubo coletor de entulhos dos pavimentos
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
Apesar de a obra ser uma construção racionalizada, ainda há considerável
volume de entulho de madeiras, principalmente decorrente de formas de laje, blocos
quebrados, pedaços de ferros. Essa perda segundo o engenheiro responsável era
prevista, porém não tinha um dado exato da porcentagem de perdas em relação ao custo,
mas afirma que é diminuta.
O revestimento interno das paredes utilizado foi o gesso, pois através de
pesquisa experiemental, foi concluído que economizariam R$ 3,00/m² comparado com
o reboco comum. E externamente será aplicado o grafiato. Em áreas molháveis será
utilizado placa cerâmica (azulejo). Esses revestimentos seriam dispensáveis, porém a
construtora visou a qualidade estética, e o padrão de obra para a aplicação dos
acabamentos.
7.3 Custos
A construtora estudada trabalha em parceria com o mesmo fornecedor de bloco
sílico-calcáreo há mais de 10 anos, e afirma que existem vários benefícios, como
exemplo: não é utilizado armadura construtiva para edifícios de até 8 pavimentos, fácil
manuseio dos blocos, além da economia propiciada pelo sistema, entre outros que serão
estudados neste trabalho. Porém foi identificado um aspecto negativo com relação ao
tipo de bloco porque não se fabrica blocos especiais do tipo canaleta e jota, portanto é
deslocado um operário que fica atarefado de fazer somente cortes nos blocos,
diminuindo porcentagem de entulho, perdas.
Visto que a empresa constrói geralmente edifícios de 8 pavimentos, obteve-se
dados de custos do Edifício A, como mostra Tabela 5, sendo uma edificação de 4
apartamentos por andar, de 1 dormitório, sendo a área total construída de 4007 m², será
concluído em novembro de 2009.
A Tabela 5 demonstra os custos de uma obra de alvenaria estrutural construída
com bloco sílico-calcário em São Carlos, porém a comparação com construções com
blocos de concreto e cerâmicos, ou mesmo com construção em alvenaria convencional
ficou impossibilitada pelo fato de não ser encontrado edificações com geometria,
número de cômodos, área e padrões semelhantes ao estudado.
27
Tabela 5 – Tabela de Custos Globais do Edifício A
PRODUTOS CUSTO TOTAL
(R$)
CUSTO POR M²
CONSTRUÍDO (R$)
REPRESENTAÇÃO
NO CUSTO TOTAL (%)
Serviços preliminares 90.844,00 22,67 2,76
Fundação com tubulão 106.930,00 26,69 3,25
Pilotis 102.000,00 25,46 3,10
Laje s e Escadas 370.000,00 92,34 11,25
Paredes de Alvenaria 672.000,00 167,71 20,44
Esquadrias 310.805,00 77,57 9,45
Impermeabilização 26.440,00 6,60 0,80
Instalações Elétricas 244.142,00 60,93 7,43
Instalações Hidráulicas 221.160,00 55,19 6,73
Instalação de Elevadores 149.000,00 37,18 4,53
Revestimento Interno 275.580,00 68,77 8,38
Pintura interna e externa 228.200,00 56,95 6,94
Cobertura 50.167,00 12,52 1,53
Serviços técnicos 42.300,00 10,56 1,29
Gastos permanentes 398.000,00 99,33 12,11
TOTAL 3.287.568,00 820,46 100,00
Fonte: Construtora de São Carlos
Sendo serviços preliminares abrangendo aterro, corte, nivelamento,
compactação, sondagem, infraestrutura inicial. Esquadrias seria o conjunto de
esquadrias metálicas, de madeira e os vidros. Instalações elétricas inclui a parte de
telefonia, antena coletiva, interfones, cerca elétrica. Revestimento interno abrange
chapisco e emboço de áreas molhadas, gesso, forro de gesso e azulejo. Pisos internos
foram utilizados parquet de madeira e piso cerâmico em áreas molhadas.
Serviços técnicos são as despesas com os projetos Estruturais, Modulação,
Sondagem, Corpo de bombeiros, Prefeitura, Fundações, Instalações Prediais,
28
Instalações elétricas. E Gastos permanentes são aqueles no decorrer da obra como
contas de luz, telefone, água; funcionários da empresa: mestre de obras, alguns
serventes e operadores de guincho.
A mão de obra teve um custo de 14,40R$/ m² e a alvenaria (sem custos de
mão-de-obra) 35,00R$/m². Conforme Tabela 3, a mão-de-obra tem custo de 13,71R$/m²
e a alvenaria tem custo de 30,97R$/m², o que pode indicar que o custo da alvenaria para
a construtora está contabilizado o preço do frete e as perdas ocorridas. Na mão-de-obra
teve uma pequena diferença que pode ser explicada pela região e pela disponibilidade
de mão-de-obra especializada.
A produtividade da execução de alvenaria de uma equipe de 3 pedreiros e 5
ajudantes em 15 dias corridos é de aproximadamente 250 m² (pavimento tipo do
Edifício A), segundo o engenheiro responsável. A produtividade também influi nos
custos, devido ao tempo total da produção e subseqüente obtenção do lucro após a
venda do imóvel, ou seja, quanto maior a produtividade, menor tempo de execução,
mais rápido será obtido o lucro (retorno) do investimento.
7.4 Processo Construtivo
O regime de contratação adotado pela empresa estudada é o contrato por
serviço. A construtora terceiriza o serviço de execução de alvenaria (subempreitada)
ficando a cargo da empresa terceirizada a contratação dos funcionários. No canteiro de
obras existe um quadro de funcionários que executam outros serviços, incluindo os
pertinentes ao de engenheiro residente e mestre de obras.
Para o início do serviço a laje piso deve estar limpa e acabada, a argamassa
deve estar preparada e disponível no pavimento de execução da alvenaria, assim como
blocos mostrado na Figura 22, inclusive os especiais. Os blocos são trazidos ao
pavimento antes do início da execução da alvenaria através de jericas, equipamento não
adequado para transporte e elevador, são distribuídos pela laje de acordo com a
localização de cada parede. A argamassa também é trazida por elevadores, transportada
através das jericas até as masseiras.
29
Figura 22- Disponibilidade de blocos no pavimento para início da primeira fiada
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
Uma vez que os blocos utilizados não possuem modelos especiais (canaleta,
jota) é necessário que os blocos comuns já estejam cortados (corte executado antes do
início do serviço), como mostrado anteriormente na Figura 18.
Inicia-se a primeira fiada usando como referência o projeto de modulação, e os
blocos chaves são assentados com auxílio da linha de nível, como mostrado na Figura
23, e segue as demais fiadas, porém sem o uso régua marcada nos cantos (Figura 24).
Figura 23- Assentamento dos blocos chave e das primeiras fiadas
(FOTO: Marlon Simoni- 2008)
30
Figura 24- Assentamento das demais fiadas com linha de nível, sem régua marcada
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
As juntas horizontais e verticais têm dimensões de aproximadamente 1cm
como mostra Figura 25.
Figura 25 – Dimensão das juntas horizontal e vertical
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
A técnica utilizada de amarração de alvenaria entre paredes na maior parte é a
amarração entre blocos, e em alguns casos utiliza-se amarração com ferro, segundo
projeto do calculista. Utiliza-se também ganchos para melhor amarração de cantos de
parede. Finaliza-se a parede de alvenaria estrutural do pavimento (última fiada) com os
blocos cortados em forma de canaleta e amarrados com barras de ferro corrido,
formando assim a cinta de amarração (Figura 26) .
31
Figura 26 – Amarração de nos encontros e cantos de paredes com ganchos de ferro,
cinta de amarração da última fiada
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
Nos vão de janelas é utilizado contra-vergas, com blocos canaletas, grauteados
e com ferro corrido (Figura 27).
Figura 27- Contra-vergas nos vãos de janelas e portas executado com blocos canaleta
grauteados.
(FOTO: Marlon Simoni- 2008)
As instalações elétricas são embutidas nos blocos, porém encontra-se alguns
erros de execução, como rasgos nas paredes mostrado na (Figura 28).
32
Figura 28- Embutimento das instalações elétricas e algumas exceções com erros
(FOTO: Juliana da Silva Antunes- 2008)
A laje utilizada é pré-moldada treliçada unidirecional, e preenchida com lajotas
de concreto ilustrado pela Figura 29.
Figura 29 – Execução de laje treliçada com lajota de concreto
(FOTO: Marlon Simoni- 2008)
Após o posicionamento de caixas elétricas, tubulações e conduites (Figura 30)
é feito a concretagem e regularização do piso.
33
Figura 30- Laje pronta para a concretagem, com tubos, conduites e caixas
posicionadas
(FOTO: Marlon Simoni- 2008)
Regularizado a laje piso, inicia-se novamente a elevação de alvenaria, tomando
os devidos cuidados, melhorando o processo produtivo, aperfeiçoando as técnicas.
A empresa possui um caderno de Procedimento de Execução de Serviços
(PES), em que todos os equipamentos, materiais e modo de execução dos serviços são
descritos. A construtora também trabalha com Ficha de Verificação de Serviço (FVS),
que inspeciona os procedimentos dos serviços executados em obra.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
8.1 Estudo comparativo do bloco de sílico-calcário com os blocos de
concreto e cerâmico
A Erro! Fonte de referência não encontrada. exprime alguns dados
comparativos entre os blocos cerâmicos, de concreto e de sílico-calcário, de onde pode-
se entender que os blocos de sílico-calcário, possuem maiores resistências, incluindo os
blocos sob encomenda. A construção do edifício estudado, com blocos de sílico-calcário
de 14 x 11,3 x 24cm é alvenaria estrutural autoportante, ou seja, não demandou uso de
graute vertical dos blocos, nem armaduras verticais, o que evidencia a sua estabilidade
estrutural e alta resistência do bloco.
O uso do graute é desnecessário pela própria geometria do bloco, sendo baixo
índice de vazios. Por serem prensados e possuir baixo índice de vazios apresentam
34
coeficiente de redução sonora maior que os demais materiais, sendo assim são cerca de
30 % mais isolantes acústicos que os blocos cerâmicos e de concreto.
Os blocos sílico-calcário são menores e mais leves, portanto, segundo o
engenheiro de obras conseguem atingir maior produtividade comparando-se com os
blocos de concreto e os blocos cerâmicos, mesmo levando em consideração que é maior
o número de blocos por metro quadrado. Afirmação contestável, pois seria necessário o
estudo mais aprofundado na produtividade de alvenaria com os demais blocos.
Os aspectos positivos podem ser encontrados no site do fabricante dos blocos
de sílico-calcário, que afirma possuir duas vezes mais isolamento térmico que os blocos
de concreto e uma vez e meia que os blocos cerâmicos.
Porém, a estrutura com blocos de sílico-calcário chega a ser em torno de 75%
mais pesada que a estrutura com blocos cerâmicos e pouco mais de 15% mais pesada
que a de concreto, por metro quadrado. Aumentando assim a carga permanente da
estrutura, e possivelmente o dimensionamento da resistência necessária dos blocos.
O preço por metro quadrado de bloco também foi mais elevado cerca de 83%
mais que blocos cerâmicos e 54% mais que blocos de concreto. Ressaltando que a
comparação é de blocos de 10 MPa (sílico-calcário) e 6 MPa (cerâmico e de concreto).
Pode-se observar que para o assentamento de blocos sílico-calcário é
necessário aproximadamente 64 % maior quantidade de argamassa por metro quadrado,
acentuando assim a diferença de custo total da elevação da alvenaria por metro
quadrado.
Essa grande diferença pode ser diluída ou até equiparada quando contabilizado
o uso de graute (vertical) necessário, por exemplo, para a construção de um edifício com
8 pavimentos com os blocos de concreto e cerâmico com resistência de 6 MPa, até
mesmo a necessidade do uso de armadura construtivas, ou ainda seria necessário uso de
blocos de maior resistência.
Já para edifícios de menos pavimentos, ou casas, a relação do preço/ bloco
utilizado apresentaria menores vantagens para o bloco sílico-calcário.
Outro fator que implica desvantagem no emprego do bloco sílico-calcário é a
existência de apenas 1 fabricante em todo o país, o que dificulta a difusão do uso deste
produto, pois dependendo da região do país ou melhor, no estado, tornaria-se inviável o
35
custo do frete do material. Já os demais materiais (cerâmicos e concreto) existem opções
em várias localidades do estado.
Apesar dos blocos possuírem avaliação e aprovação pelo IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, de acordo com o Relatório Técnico nº 61.392,
não há certificação de qualidade aprovado pelo PSQ (Programa Setorial de Qualidade),
mostrado na Tabela 1.
Comparando-se tipos dos blocos, pela geometria, destacam-se os blocos
canaletas, que para os de sílico-calcário devem ser cortados, com serra, ou melhor
dizendo, desloca-se um funcionário para fabricar os blocos canaletas, enquanto que os
blocos cerâmicos e de concreto encontram-se disponíveis no mercado modelos que não
necessitam de cortes.
Sendo assim, dependendo da finalidade, do número de pavimentos, do padrão,
dos requisitos de conforto, localidade, e das disponibilidade de recursos, é necessário a
avaliação de qual dos materiais de blocos estruturais seria o mais indicado.
8.2 Estudo comparativo do uso do bloco sílico-calcário teórico e o
observado na obra estudada
A maioria dos processos executivos apresentados na parte teórica são
realizados no canteiro de obras estudado.
Existem algumas exceções que foram observadas durante a pesquisa de estudo
de caso, entre elas pode-se citar a diferença no traço da argamassa, em que o fabricante
recomenda o traço 1:1:6 (cimento, cal e areia) e a empresa utiliza 1:0,5:5, é uma
diferença significante que a construtora alegou ter feito estudos prévios (é testada
tecnologicamente nos laboratórios da USP) e por isso adaptou o traço que foi
recomendado.
Outra diferença notada foi a não utilização de régua marcada nos cantos de
paredes, o engenheiro que não explica há necessidade de uso pela elevada experiência
dos funcionários executores.
O armazenamento de blocos é um procedimento que corresponde parcialmente
às sugestões do fabricante que fala que as pilhas devem ser feitas em locais limpos e
secos, sobre base de areia compactada ou piso cimentado, e em épocas de chuvas,
devem ser cobertas com lonas plásticas, enquanto que a Norma, menciona que os blocos
36
devem estar em locais limpos, planos, secos, arejados e protegidos das intempéries.
Além dos blocos serem estocados nas calçada, local inapropriado, não está totalmente
protegido das intempéries.
As instalações elétricas apresentaram em alguns lugares rasgos nas paredes,
onde teoricamente deveriam estar embutidas nos blocos sem o procedimento de quebras
de blocos, tendo como conseqüência aumento de perdas, retrabalho, desperdício de
tempo.
Observou-se no estudo realizado que ocorreu significativa diferença entre o
custo obtido pela obra A e o indicado pelo fabricante com relação ao custo de mão de
obra, que teve custo de 14,40R$/ m² e a alvenaria 35,00R$/m² enquanto que o fabricante
indicou um custo de mão-de-obra a 13,71R$/m² e a alvenaria a 30,97R$/m². Essa
diferença pode ser explicada pelo fato do fabricante não ter considerado os custos de
frete, e perdas, assim como a mão-de-obra tem variações conforme a região, oferta e
demanda do mercado.
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