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Constantino Dias da Cruz Neto
ESTUDO AVALIATIVO DE UM CURSO A DISTÂNCIA: aplicação de critérios pedagógicos
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação da Fundação Cesgranrio como requisito para a conclusão do curso de Mestrado em Avaliação.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Beatriz Gomes Bettencourt
Rio de Janeiro 2015
N469e Neto Cruz, Constantino Dias da. Estudo avaliativo de um curso a distância:
aplicação de critérios pedagógicos / Constantino Dias da Cruz Neto. – 2015.
94 f.; 30 cm.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Beatriz Gomes Bettencourt. Dissertação (Mestrado Profissional em Avaliação) – Fundação Cesgranrio, Rio de Janeiro, 2015. Bibliografia: f. 88-91.
1. Avaliação Educacional 2. Ensino à distância 3. Ensino Superior 4. Tecnologia I. Bettencourt, Maria Beatriz Gomes. II. Título.
CDD 379.154
Ficha catalográfica elaborada por Anna Karla S. da Silva (CRB/7 6298)
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação.
Assinatura Data
Dedico a concretização deste estudo à Maria Luíza Dias da Cruz e aos saudosos Constantino Dias da Cruz, Nélio de Oliveira e Antônio João de Oliveira.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por permitir vencer este desafio e estar ao meu lado em todos os momentos. À Prof.ª Dr.ª Maria Beatriz Gomes Bettencourt, pela condução da orientação, pelos momentos de reflexão, pela sabedoria em seus conselhos e pela confiança dedicados a mim durante o estudo. Ao Prof. Dr. Glauco da Silva Aguiar, pela ajuda dispensada, lançando olhares diferenciados sobre o estudo, tornando-o mais claro ao nosso entendimento. À Prof.ª Dr.ª Ligia Gomes Elliot, pela dedicação e condução do curso de mestrado. Às Professoras Doutoras Lucí Mary Araújo Hildebrand, Maria de Lourdes Sá Earp de Mello e Silva, pela gentileza e motivação durante todo o curso. Ao senhor Ivan Barbosa, à Anna Karla Souza da Silva, à Alessandra Hermógenes Rodrigues, ao Valmir Marques de Paiva, à Nilma Gonçalves Cavalcante e a toda equipe Cesgranrio pela dedicação e suporte em inúmeros momentos. Aos meus familiares e amigos pelo apoio em todos os momentos.
“Não somos nós que estabelecemos o tempo de fazer o caminho, mas é o próprio caminho que define o tempo que levaremos para percorrê-lo.”
(HOFFMANN, 2011).
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi o de avaliar, segundo critérios pedagógicos, um
curso superior de tecnologia a distância. A avaliação incidiu em disciplinas do 1º
semestre do curso, por ser o semestre em que se regista maior insucesso e evasão.
Foi utilizada a abordagem avaliativa centrada nos consumidores, adequada para
avaliar atividades educacionais. Por meio de um instrumento (questionário)
composto por questões fechadas e abertas, o estudo abrangeu 112 respostas dentre
os estudantes de quatro polos de apoio. A avaliação mostra que o curso não
reforçou a motivação inicial dos estudantes, nem suscitou a colaboração necessária
entre eles. A tutoria, sobretudo a distância, se mostrou, em geral, distante dos
anseios dos cursistas. Em relação ao AVA, se os recursos, pela sua variedade e
clareza, podem ser considerados parcialmente adequados, alguns deles, como a
web conferência, não cumprem cabalmente a função para a qual foram criados.
Dentre as recomendações, o estudo sugere uma reorganização pedagógica do
curso, que implique trabalho em grupo e trabalhos práticos frequentes, percursos
formativos diferenciados e a melhoria do uso dos recursos do AVA. Também é
recomendada a formação contínua da equipe de suporte em EAD.
Palavras-chave: AVA. Avaliação. Critérios Pedagógicos. EAD. Ensino Superior.
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate, according to educational criteria, a DL
technology course (bachelor’s degree). The evaluation focused on the 1st semester
course subjects, where higher failure and dropout are registered. The choice of the
evaluation approach focused on consumers seemed adequate to evaluate these
educational activities. By means of a questionnaire with closed and open questions,
the study included 112 responses from students of four support poles. The evaluation
shows that the course did not reinforce the initial motivation of students, nor did it
raise the necessary collaboration. Mentoring, especially the distance one, was, in
general, far from the wishes of the course participants. Regarding the VLE, if the
resources, for its variety and clarity, may be considered partially appropriate, some of
them, like web conferencing does not fully fulfill the function for which they were
created. Among the recommendations, the study suggests an educational
reorganization of the course, involving teamwork and frequent practical work,
different training paths and improvement in the use of VLE resources. It is also
recommended further training of support staff in VLE.
Keywords: VLE. Evaluation. Educational Criteria. Distance Learning. Higher
Education.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 Ferramentas de Interação............................................................. 34
Quadro 2 Fatores contribuintes para o sucesso do estudante em rede e pontos críticos para avaliação....................................................... 36
Quadro 3 Relação entre indicadores e itens do instrumento........................ 41
Quadro 4 Equivalência numérica da escala de atitudes.............................. 41
Quadro 5 Cronograma de aplicação do instrumento e questionários recolhidos...................................................................................... 45
Quadro 6 Categoria tutoria e direcionamento das questões ....................... 56
Quadro 7 Tutores por polo avaliado ............................................................. 57
Quadro 8 Sugestões para Tecnologia Hipermídia e Multimídia ................... 82
Quadro 9 Sugestões para Algoritmos ........................................................... 82
Quadro 10 Sugestões para Fundamentos de Design para Web e Matemática Aplicada ..................................................................... 83
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Ingresso de estudantes no curso de Sistemas para Internet (EAD), de 2007 a 2009.................................................................... 15
Tabela 2 Média das classificações nas disciplinas do primeiro semestre das turmas de 2012 e 2013............................................................. 18
Tabela 3 Padrões de Confiabilidade segundo o Alfa de Cronbach.............. 46
Tabela 4 Motivação na disciplina.................................................................... 48
Tabela 5 Indicadores da Categoria Motivação .............................................. 49
Tabela 6 Cooperação na disciplina nos polos............................................... 52
Tabela 7 Indicadores da Categoria Cooperação .......................................... 53
Tabela 8 Apoio da tutoria na disciplina nos polos........................................ 55
Tabela 9 Apreciação do apoio do tutor presencial nos polos......................... 57
Tabela 10 Apoio do tutor a distância nas dificuldades por disciplina (item 9) 58
Tabela 11 Apoio do tutor a distância no avanço do aprendizado por disciplina (item 15) ........................................................................ 59
Tabela 12 Apreciação da rapidez do retorno por parte da tutoria por disciplina (item 20) ......................................................................... 60
Tabela 13 Clareza do AVA, por disciplina ....................................................... 62
Tabela 14 Variedade do AVA, por disciplina ................................................... 63
Tabela 15 Realização de atividades práticas, por disciplina ........................... 64
Tabela 16 Utilização dos recursos do AVA para estimular o diálogo na disciplina ......................................................................................... 66
Tabela 17 Apoio da web conferência ao aprendizado da disciplina ................ 67
Tabela 18 Utilização da web conferência para estabelecer o diálogo visando a solução de problemas na disciplina ............................................. 68
Tabela 19 Pedido de ajuda do estudante, por disciplina (Item 5) .................... 70
Tabela 20 Escolha de atividades de acordo com o progresso individual do estudante, por disciplina (item 13) .................................................. 71
Tabela 21 Condições materiais e pessoais para dedicação à disciplina (Item 2) .................................................................................................... 72
Tabela 22 Insuficiente dedicação à disciplina por motivos pessoais (Item 31) 72
Tabela 23 Autoavaliação da aprendizagem na disciplina (item 16) ................ 73
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
DL Distance Learning
EAD Educação a Distância
VLE Virtual Learning Environment
PPC Projeto Pedagógico do Curso
AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem
UAB Universidade Aberta do Brasil
SUMÁRIO
1 A EXPANSÃO DA OFERTA DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO A
DISTÂNCIA NO PAÍS E NO ESTADO .................................................
14
1.1 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO INSTITUTO FEDERAL DE MATO
GROSSO ..............................................................................................
14
1.2 O MODELO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO IFMT ........................ 15
1.3 DIFICULDADES DOS ESTUDANTES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 16
1.4 OBJETIVO DA AVALIAÇÃO E JUSTIFICATIVA .................................. 19
2 CRITÉRIOS PEDAGÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA .......................................................................................
20
2.1 FUNDAMENTOS DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA ...........................................................................................
20
2.2 DIFERENTES FORMAS DE AVALIAR A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 22
2.3 FATORES PEDAGÓGICOS RELEVANTES NA EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA ...........................................................................................
25
2.3.1 Tutoria .................................................................................................. 26
2.3.2 Motivação ............................................................................................ 28
2.3.3 Cooperação ........................................................................................ 29
2.3.4 Autonomia ........................................................................................... 31
2.3.5 Usabilidade pedagógica do Ambiente Virtual de Aprendizagem... 32
2.3.6 Avaliação e autoavaliação ................................................................. 35
2.3.7 Pontos críticos para avaliação de cursos em rede ......................... 36
3 OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA AVALIAÇÃO .......... 37
3.1 A ABORDAGEM CENTRADA NOS CONSUMIDORES ....................... 37
3.2 A QUESTÃO AVALIATIVA ................................................................... 38
3.3 OS CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO ................................................ 39
3.4 ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO .......................... 40
3.4.1 Elaboração ........................................................................................... 40
3.4.2 Validação ............................................................................................. 42
3.5 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO 42
3.5.1 Caracterização dos respondentes, dos aplicadores e do contexto
da aplicação ........................................................................................
43
3.5.2 Cronograma de aplicação .................................................................. 44
3.6 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................ 45
4 RESULTADOS: ANÁLISE QUANTITATIVA ....................................... 47
4.1 MOTIVAÇÃO DOS ESTUDANTES ...................................................... 47
4.2 COOPERAÇÃO ENTRE OS ESTUDANTES ...................................... 52
4.3 TUTORIA .............................................................................................. 55
4.4 USABILIDADE PEDAGÓGICA DO AMBIENTE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM (AVA) .......................................................................
61
4.4.1 Clareza dos recursos .......................................................................... 62
4.4.2 Variedade dos recursos ..................................................................... 62
4.4.3 Realização de atividades práticas ..................................................... 64
4.4.4 Utilização de recursos de forma interativa ....................................... 65
4.5 PAPEL DA WEB CONFERÊNCIA NA APRENDIZAGEM .................... 67
4.6 AUTONOMIA E AUTOAVALIAÇÃO DO ESTUDANTE ........................ 69
4.6.1 Pedido de ajuda pelo estudante........................................................ 70
4.6.2 Possibilidade de escolha de atividades de acordo com o
progresso individual ...........................................................................
71
4.6.3 Dedicação do estudante ao estudo das disciplinas ........................ 71
4.6.4 Avaliação da aprendizagem feita pelo estudante ............................ 73
4.7 DIFICULDADES SENTIDAS PELOS ESTUDANTES E SUGESTÕES 74
4.7.1 Dificuldades sentidas pelos estudantes ........................................... 74
4.7.2 Apreciação sobre a ajuda do tutor presencial ................................. 79
4.7.3 Sugestões de melhorias para as disciplinas ................................... 81
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................. 85
REFERÊNCIAS .................................................................................... 88
APÊNDICE A - Questionário de Avaliação do AVA por disciplina.. 93
14
1 A EXPANSÃO DA OFERTA DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA NO PAÍS E NO ESTADO
A Educação a Distância (EAD) tem tido crescimento em destaque no país,
nos últimos anos. De acordo com a Agência Brasil (TOKARNIA, 2013), entre os anos
de 2011 e 2012, as matrículas em EAD aumentaram 12,2%, enquanto na educação
presencial as matrículas aumentaram 3,1%. O aumento no número de estudantes
matriculados reflete a abertura de uma gama de cursos superiores ofertados por
inúmeras instituições, sobretudo privadas, que concentram 83,7% das matrículas na
modalidade EAD (TOKARNIA, 2013).
Realidade concretizada em outros países há décadas, no Brasil a EAD,
ganhou força a partir da regulamentação desta modalidade de ensino, feita pelo
governo federal em 2004, por meio da Portaria MEC nº 4.059 (BRASIL, 2004).
Para impulsionar a oferta de cursos a distância e suprir a considerável
carência de vagas no ensino superior, predominantemente no interior do país, o
governo federal lançou em junho de 2006, por meio do Decreto n° 5.800 (BRASIL,
2006), o sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), caracterizado pela expansão
e interiorização da educação superior no país. A proposta inicial do governo era
agregar à UAB, como a mantenedora do sistema, as instituições públicas de ensino
superior e prefeituras, com a finalidade primordial de formar professores para o
ensino básico. Esta área é apontada, historicamente, como uma das áreas com
maiores deficiências formativas do país, tendo efeitos negativos no seu
desenvolvimento.
O Decreto n° 5.622 (BRASIL, 2005), que regulamentou a educação a
distância, também possibilitou a oferta de cursos de tecnologia nesta modalidade.
Assim, para atender à demanda de mão de obra qualificada para diversas áreas,
algumas instituições iniciaram a oferta, por meio do Sistema UAB, de cursos de
formação superior tecnológica.
1.1 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO INSTITUTO FEDERAL DE MATO GROSSO
Em 2006, o Centro Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso (CEFET-MT) propôs a oferta de dois cursos superiores a distância, em
conjunto com o programa Universidade Aberta do Brasil (UAB): Licenciatura em
Química e Tecnologia em Sistemas para Internet. Tal iniciativa se justificava, época,
15
na medida em que atendia tanto a formação de professores, no caso da licenciatura
quanto à necessidade de formação tecnológica em informática.
Em 2008, por meio da Lei n° 11.892 (BRASIL, 2008), o CEFET-MT se une ao
Centro Federal de Educação Tecnológica de Cuiabá (CEFET Cuiabá) e à Escola
Agrotécnica Federal de Cáceres e formam o Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), o qual passa a responder pela oferta e
manutenção dos cursos a distância.
O curso de Tecnologia em Sistemas para Internet tem como objetivo formar
profissionais para atuarem na prestação de serviços de desenvolvimento de
soluções comerciais para internet. Ele foi proposto a partir da experiência
institucional com os cursos presenciais que já eram ofertados pelo CEFET-MT.
Assim, havia a expectativa de alavancar estes dois cursos na educação a distância,
baseado no relativo sucesso que eles obtiveram presencialmente.
Especificamente, a preposição de um curso de tecnologia a distância, na
época, parecia ser algo bastante desafiador. Inicialmente autorizado para funcionar
em cinco polos, sendo quatro no estado de Mato Grosso e um no estado de Minas
Gerais, o curso teve início com 250 estudantes (Tabela 1).
Fatores como a composição da equipe de professores e tutores,
especialmente a qualificação destes, bem como a manutenção da infraestrutura para
o curso constituíram os primeiros problemas enfrentados pela equipe diretiva.
Posteriormente, a elevada evasão de inscritos levou a uma pausa na entrada de
novos estudantes em 2010.
Tabela 1 - Ingresso de estudantes no curso de Sistemas para Internet (EAD), de 2007 a 2009
Ano Letivo
Matrículas Polos
2007 250 Juara, Pontes e Lacerda, Coromandel, Primavera do Leste e Ribeirão Cascalheira.
2008 121 Juara, Primavera do Leste e Ribeirão Cascalheira.
2009 200 Juara, Pontes e Lacerda, Coromandel, Primavera do Leste e Ribeirão Cascalheira.
Fonte: O autor (2015).
1.2 O MODELO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO IFMT
Ambos os cursos oferecidos na modalidade a distância pela instituição são
baseados no modelo criado para a Universidade Aberta do Brasil (UAB). Neste
16
modelo, concebido pela parceria entre o Governo Federal e os entes federativos
(Estado e/ou Município) e as Instituições Públicas de Ensino Superior, o polo de
apoio presencial é a “unidade operacional para desenvolvimento descentralizado de
atividades pedagógicas e administrativas...” (BRASIL, 2006), onde são ofertados os
cursos sob parceria. Na prática, Estado e/ou Município articulam-se com o Ministério
da Educação, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
com vistas a subsidiar as despesas administrativas dos polos. Por outro lado, as
Instituições Públicas de Ensino Superior, que são responsáveis pela organização
pedagógica dos cursos ofertados nos polos, articulam-se com o Ministério da
Educação para subsidiar as despesas do pessoal (Professores e Tutores) e
despesas de apoio material e logístico necessários para as atividades de ensino dos
cursos.
De acordo com a legislação (BRASIL, 2005), os cursos ofertados na
modalidade a distância são semipresenciais. Ou seja, a maior parte das atividades
pedagógicas são realizadas por meio de recursos das Tecnologias de Informação e
Comunicação, com a intermediação dos tutores; apenas as avaliações finais são
realizadas presencialmente, nos polos, pelos estudantes.
Além do estudante, também são atores desse modelo de educação (BRASIL,
2006): a) o coordenador UAB, responsável institucional pelos cursos ofertados no
programa; b) o professor ou pesquisador, profissional da educação atuante nas
atividades de ensino dos cursos; c) o tutor a distância, profissional da educação que
exerce atividades de tutoria nos vários componentes pedagógicos dos cursos
ofertados; d) o coordenador de polo, profissional da educação responsável pela
gestão do polo de apoio presencial e, e) o tutor presencial, profissional da educação
atuante diretamente no polo de apoio presencial onde a instituição oferta seus
cursos. A todos estes são destinadas bolsas de estudo/pesquisa para o
desempenho de suas atividades.
1.3 DIFICULDADES DOS ESTUDANTES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A maior parte das atividades do curso é realizada no Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), sendo ele a principal referência do estudante no processo de
17
aprendizagem. Por isso, nele podem residir dificuldades em aprender, evidenciadas
no baixo desempenho nas atividades propostas.
Sabe-se que a concepção de AVA é um trabalho em equipe, onde existe a
necessidade de conjugar o modelo pedagógico da educação a distância, proposto
pela instituição, com a observância de critérios específicos e a legislação que
enquadra a modalidade. Moore e Kearsley (2013) afirmam que, neste aspecto, a
definição do quadro de colaboradores é uma das tarefas mais importantes para
operacionalizar a EAD, cuja equipe reúne especialistas com formação diversificada
ou multidisciplinar.
Da mesma forma, a necessidade de organizar os semestres letivos de um
curso a distância é considerada estratégica e ao mesmo tempo complexa, de acordo
com Renneberg, Gonçalves e Gonçalves (2008). Aliado a este fator, a observância
do PPC e seu cumprimento são responsabilidades inerentes à equipe gestora do
curso que, além do coordenador de curso, conta também com a coordenação de
tutoria e a coordenação pedagógica.
Com o avanço dos semestres, observou-se a crescente evasão dos
estudantes e as dificuldades dos que permaneceram no curso em continuar seus
estudos. Estes ainda apresentavam baixo desempenho e, quando questionados,
respondiam que suas maiores dificuldades se deviam aos problemas enfrentados no
primeiro semestre do curso, o qual continha disciplinas importantes para a
compreensão de todos os outros componentes do curso.
Por ocasião da reabertura da oferta do curso, com mais nove turmas de 50
estudantes, em 2012, a coordenação propôs observar o desempenho destes no
primeiro semestre. Novamente, a evasão apresentou-se alta e o desempenho dos
estudantes mostrou uma tímida melhora se comparado com dados dos anos
anteriores. As atividades do curso, de acordo com o PPC, ocorrem em grande parte
no domínio virtual. Nestas atividades, realizadas a distância, a coordenação
constatou que, em média, o desempenho dos estudantes estava abaixo do
esperado, em vários momentos.
18
Tabela 2 - Média das classificações nas disciplinas do primeiro semestre das turmas de 2012 e 2013
Anos Média nas disciplinas do primeiro semestreª
IEAD ALG FMI FDW MAP THM
2012 96,27 72,10 56,95 43,95 50,15 33,45
2013 80,26 65,23 30,71 46,05 54,26 58,55
Legenda: ªAs classificações variam na escala de 0 a 100. IEAD Introdução ao Ensino a Distância ALG Algoritmos FMI Fundamentos de Manipulação de Imagens FDW Fundamentos de Design para Web MAP Matemática Aplicada THM Tecnologia Hipermídia e Multimídia Fonte: IFMT (2014).
A Tabela 2 mostra como, para os estudantes dos dois anos letivos, o
desempenho médio desceu nas disciplinas de Introdução ao ensino a distância, de
Algoritmos e de Ferramentas para Manipulação de Imagens, do primeiro semestre
do curso, tendo melhorado nas disciplinas de Fundamentos de Design para Web,
Matemática Aplicada e Tecnologia Hipermídia e Multimídia.
Os dados do Sistema Acadêmico do IFMT, relativos ao vestibular do ano de
2012, mostram que o curso tem hoje procura satisfatória nos polos onde é ofertado.
Das 450 vagas disponíveis no ano de 2012, 413 foram preenchidas. Em 2013,
também foram ofertadas 450 vagas; porém, apenas 370 foram preenchidas.
Em 2012, após finalizar o primeiro semestre, a quantidade de estudantes que
solicitaram rematrícula para segundo semestre foi de 175, o que representa evasão
de cerca de 57,60%. Em 2013, após o término do primeiro semestre, 189 estudantes
solicitaram rematrícula, o que significa uma evasão de 48,91%.
Por um lado, tem-se a evidência de que, para algumas disciplinas, o
desempenho dos estudantes não está a contento, pois as notas se situam abaixo da
média estipulada no PPC, que é de 70 pontos, o que pode refletir necessidades dos
estudantes que não foram atendidas. Também a evasão considerável no primeiro
semestre denota que as condições de aprendizagem naquele período não foram
adequadamente satisfeitas, fato que impediu a progressão dos estudantes no curso.
Entre as condições de aprendizagem, há que se considerar que existem
vários componentes pedagógicos envolvidos no processo de educação a distância.
O AVA, por ser o componente mais lembrado e de maior contato com o estudante,
não é o único responsável pelo êxito ou fracasso dos estudantes.
19
Há que se considerar, também, a motivação do estudante como o ponto de
partida deste processo. A colaboração do estudante com seus pares e o
relacionamento com o tutor também influem em seu desempenho.
Põe-se, assim, a hipótese que um conjunto de fatores, dos quais se destacam
a usabilidade do AVA, a cooperação entre os estudantes, a autonomia e a tutoria,
não terem sido considerados, na concepção e execução do curso, de forma a
atender às necessidades dos estudantes e a oferecer as melhores condições de
aprendizagem.
1.4 OBJETIVO DA AVALIAÇÃO E JUSTIFICATIVA
O objetivo deste estudo é avaliar, em função de critérios pedagógicos da
EAD, as disciplinas do primeiro semestre que apresentam baixo rendimento entre os
estudantes do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet a distância.
Devido à limitação do tempo face ao cronograma de execução da disciplina
no semestre observado, o estudo abrangeu apenas quatro das seis disciplinas que
fazem parte do primeiro semestre do curso.
O estudo poderá contribuir para que sejam identificados fatores que
interferem no desempenho do estudante e que conduzem à sua evasão ou à
retenção no primeiro semestre do curso. Ao identificar estes fatores, poder-se-á
traçar estratégias que melhorem o desempenho dos estudantes.
Dado que a direção e a coordenação do IFMT estão interessadas nos
resultados desta avaliação, existe a perspectiva de alteração do AVA e da
organização do ensino nas disciplinas avaliadas. Existe, também, o pedido da
Equipe Gestora da Instituição para que o avaliador forneça elementos pertinentes
para se programar a mudança.
20
2 CRITÉRIOS PEDAGÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A expansão da educação a distância no país, nos últimos anos, deu destaque
aos sistemas computacionais encarregados de mediar a comunicação entre
professores e estudantes. Programas de computadores, ou softwares, foram
desenvolvidos com o intuito de fornecer recursos para o ensino mediado, onde o
professor pode propor um percurso formativo ao estudante, estando ambos
espacialmente distantes. Tais recursos simulam interações cotidianas de uma sala
de aula e podem potencializar a comunicação entre vários grupos de estudantes.
Essa virtualização de recursos de um programa de computador é o próprio AVA. De
acordo com a proposta pedagógica de uma instituição, um AVA correspondente
pode ser criado e utilizados em vários cursos. Porém, a EAD não se resume apenas
no AVA. Existem outros fatores que são peculiares à EAD e que influenciam a
aprendizagem do estudante.
2.1 FUNDAMENTOS DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A educação a distância pode ser conceituada como a modalidade de ensino
onde o processo ensino-aprendizagem ocorre com professor e estudante dispostos
em “lugares e tempos diversos” (BRASIL, 2005), mediados por Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC). Assim, as TIC, adequadamente organizadas e
disponibilizadas, atuarão como suporte na relação professor-estudante. Suas bases
teóricas costumam reportar ao construtivismo piagetiano (PRIMO, 2006), segundo o
qual a aprendizagem se dá pela ação física e mental sobre os objetos, de forma
contínua. Esse processo de invenção e reinvenção, ou de construção e
reconstrução, segundo Lev Vygotsky (HOFFMANN, 2011) culmina na aprendizagem,
que não é somente um processo individual, pois tem uma dimensão social e cultural.
Assim, diz-se que a aprendizagem na educação a distância é mediada, ou
seja, o estudante tem o suporte do professor, que age como um facilitador da
aprendizagem. Sobre esta questão, Pesce e Brakling (2006, p. 93) citam Vygotsky,
que entende que a aprendizagem é um processo sócio-histórico, envolvendo “[...]
aquele que ensina, aquele que aprende e a relação que se estabelece entre ambos
[...]”. Masetto atribui ao professor a qualidade de incentivador/motivador da
21
aprendizagem, como “[...] uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem [...]”
(MASETTO, 2007, p. 144-145).
Ao mesmo tempo, a aprendizagem em EAD é mais eficaz se for colaborativa,
pois o estudante também aprende pela interação com os outros estudantes, como
em uma comunidade ou grupo, conforme refere Kenski:
Ela [a colaboração] pressupõe a realização de atividades de forma coletiva, ou seja, a tarefa de um complementa o trabalho de outros. Todos dependem de todos para a realização das atividades, e essa interdependência exige aprendizados complexos de interação permanente. (KENSKI, 2012, p. 112).
Assim, a colaboração justifica-se com outro fundamento, constante tanto nos
estudos de Piaget quanto de Vygotsky: o interacionismo, conforme Hoffmann
explica:
Na teoria construtivista é essencial a interação entre iguais para o desenvolvimento lógico-matemático. O aluno, discutindo com seus colegas, não está submetido à relação de autoridade, como na relação com seu professor... Muitas vezes, compreende mais rápido o que não entendeu, através da discussão com os colegas. (HOFFMANN, 1993, p. 73).
Especificamente no domínio da educação a distância, Moore e Kearsley
(2013) atribuem o conceito de interação a John Dewey e definem a educação a
distância como uma inter-relação entre professores e estudantes em um ambiente
apropriado quando ambos estão distantes entre si.
O pensamento complexo ou complexidade também contribui para os
fundamentos epistemológicos da educação a distância. Nesta abordagem,
destacam-se a dinâmica, a não-linearidade e o reconstrutivismo. De acordo com
Demo (2002), cada indivíduo tem uma forma de aprender, de construir e de
reconstruir, de se organizar e reorganizar frente ao conhecimento. Ou seja, quando
proposto o ensino mediado por tecnologias, há inúmeras possibilidades de ensinar e
de aprender (dinâmica), que não seguem o mesmo comportamento entre os
estudantes (não-linear), cuja conhecimentos estão em permanente mudança e
adaptação (reconstrutivismo).
22
Particularmente, sobre esta última característica, Demo (2002) também
evidencia a necessidade de favorecer a autonomia do indivíduo. Autônomo não é
sinônimo de isolamento, mas é “[...] o que carece de complemento e atualização
para manter-se em horizonte próprio [...]” (DEMO, 2002, p. 22). Neste contexto, é o
estudante quem constrói sua forma de melhor aprender, nunca de forma isolada.
Seguindo Piaget, Demo considera a interação entre sujeito e objeto geradores da
aprendizagem e do conhecimento.
Não tendo a pretensão de esgotar o assunto, outras correntes do pensamento
podem contribuir para compreender a aprendizagem mediada no domínio das
tecnologias. É o caso dos princípios de Jerome Bruner (FREIRE; SILVA, 2005), na
sua Teoria da Aprendizagem por Descoberta, que destaca a motivação do estudante
como propulsora da sua predisposição em aprender, com atenção à curiosidade
que, segundo este princípio, é determinada por fatores culturais e pessoais. Outro
princípio de Bruner, considerado relevante quando se relaciona a EAD, é o do
reforço, segundo o qual a correção dos erros, em tempo e local apropriados, é
fundamental para que o estudante consolide o conhecimento.
2.2 DIFERENTES FORMAS DE AVALIAR A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Quando se trata de avaliação em EAD, diversos estudos tratam com
propriedade aspectos técnicos e pedagógicos relacionados à modalidade, desde
materiais utilizados nos cursos, até ao AVA. Entre estes aspectos, destaca-se a
avaliação do AVA que foi, a princípio, importante para que se pudessem estabelecer
critérios de concepção e escolha desses ambientes pelos cursos. Assim, muitos
estudos limitaram-se apenas a identificar e propor a avaliação segundo critérios
técnicos dos sistemas que compunham o AVA. Schlemmer e Fagundes (2000)
haviam identificado a necessidade de se avaliar os AVA também segundo critérios
didático-pedagógicos. As autoras remetem ao artigo de Britain e Liber (1999), em
que dois estudos relacionados com a avaliação de tecnologias aplicadas ao ensino
serviram de base para a organização de modelos pedagógicos de avaliação: o
Conversational Framework, proposto por Laurillard (1993 apud BRITAIN; LIBER,
1999) e o Viable Systems Model, proposto por Beer (1981 apud BRITAIN; LIBER,
1999). De acordo com Schlemmer e Fagundes (2000), os dois modelos, que se
complementam em determinados aspectos, possuem orientações diferenciadas
23
quanto ao foco. Em sua essência, o Conversational Framework objetiva avaliar as
interações entre o estudante e o tutor em um AVA e se este presta suporte
adequado à construção de atividades individuais por parte do estudante. Já o Viable
Systems Model objetiva analisar como um AVA pode ajudar o professor ou tutor a
gerenciar a construção das atividades individuais para um grupo de estudantes. Ou
seja, enquanto um modelo foca o suporte que o ambiente pode dar às interações
realizadas pelos atores, o foco do outro é na organização do ambiente para que
possa acompanhar a produção do estudante.
Tendo estes modelos como fundamento, Schlemmer e Fagundes (2000)
propuseram o modelo interacionista/construtivista sistêmico. Segundo as autoras,
um dos motivos da proposta foi a necessidade de se avaliar os ambientes virtuais
segundo critérios didáticos-pedagógicos em contraste com avaliações que se
baseiam apenas em critérios técnicos do software. Assim, ao propor uma visão
sistêmica da avaliação, o modelo das autoras conecta-se com os aspectos
epistemológicos da sua concepção, critérios ergonômicos relacionados ao seu uso e
estende este a determinados aspectos administrativos. De acordo com Schlemmer e
Fagundes “o principal objetivo é propor uma estratégia de avaliação de uma
perspectiva técnica, didático-pedagógica, comunicacional/social e administrativa.”
(SCHLEMMER; FAGUNDES, 2000, p. 5).
O modelo, que teve a oportunidade de ser ampliado e revisado, foi aplicado
na prática em uma instituição de ensino superior, conforme o estudo de Schlemmer,
Saccol e Garrido (2007) e utilizou um questionário baseado no modelo
interacionista/construtivista, aplicado por um grupo de especialistas que avaliaram
sete AVAs. Os resultados permitiram que a instituição de ensino escolhesse o mais
adequado considerando, principalmente, os critérios baseados nas perspectivas
didático-pedagógica, tecnológica e comunicacional/social.
Antes de propor critérios pedagógicos e tecnológicos para avaliação e adoção
de AVAs, Kemczinski, Castro e Cassaniga Junior (2004) procuraram situar os AVAs
como ambientes de e-learning, de acordo com as seguintes classes: 1. Colaborativa
mediada, 2. Colaborativa, 3. Participativa mediada, 4. Participativa, 5. Individual
mediada e 6. Individual. A partir desta classificação, segundo os autores, podem
derivar diferentes critérios de seleção e adoção dos respectivos sistemas por parte
das instituições. As normas ISO/IEC 9126, que tratam da qualidade do software
24
como produto, são citadas como parâmetros para uma avaliação técnica dos
ambientes.
Por outro lado, os critérios pedagógicos propostos por Silva (2002 apud
KEMCZINSKI; CASTRO; CASSANIGA JUNIOR, 2004), são bases para a avaliação
da adequação do AVA ao processo ensino-aprendizagem. Assim, foram constituídos
critérios deste estudo: estrutura do conteúdo, sistemas de ajuda, objetivos de
aprendizagem, clareza de conteúdos, validade dos conteúdos, estratégias didáticas,
métodos pedagógicos, motivação, experiência do aprendiz, estilos de aprendizagem,
compatibilidade, componente prática, avaliação do processo de aprendizagem,
tutoria, coerência com a proposta pedagógica e filosofia pedagógica.
Nessa pesquisa foram avaliados os critérios para cada uma das classes de
ambientes, resultando em tabelas que indicam quais os critérios que devem ser
observados em determinadas classes de AVAs. De acordo com Kemczinski, Castro
e Cassaniga Junior (2004), os critérios pedagógicos, juntamente com os critérios
ergonômicos, auxiliam os educadores a avaliar a escolha de ambientes de e-
learning. Assim, pressupõe-se que tais critérios estejam presentes no AVA desde a
sua concepção.
Nokelainen (2006) propõe avaliar não somente os ambientes de
aprendizagem, mas os materiais digitais, como um objeto de aprendizagem, por
exemplo, por meio da usabilidade pedagógica. A usabilidade pedagógica pode ser
compreendida como o conjunto de critérios que contribuem para que o ambiente
virtual, neste caso um sistema de computador, facilite a aprendizagem de conteúdos
por parte de seus usuários, isto é, os estudantes. Assim, a avaliação dos critérios
pedagógicos pode determinar que tipo de material permite que os estudantes
aprendam. Compõem os critérios pedagógicos da aprendizagem: 1) o controle do
aprendiz; 2) a atividade do aprendiz; 3) a aprendizagem cooperativa/colaborativa; 4)
a orientação aos objetivos da aprendizagem; 5) a aplicabilidade do conteúdo
ensinado; 6) o valor agregado ao ensino; 7) a motivação do estudante; 8) a
valorização dos conhecimentos anteriores do estudante; 9) a flexibilidade na
aprendizagem e 10) a resposta ao estudante. Para verificar a hipótese da existência
destes critérios, o estudo propôs o Questionário da Aprendizagem Pedagógica
Significativa ou Pedagogical Meaningful Learning Questionnaire (PMLQ), composto
por 56 itens e que foi aplicado a estudantes que cursavam o equivalente ao ensino
fundamental brasileiro. No estudo, que utilizou métodos empíricos, os critérios se
25
mostraram sensíveis em apontar diferenças nos perfis de usabilidade pedagógica
dos módulos de aprendizagem avaliados (Matemática e Inglês, neste caso). Pode-se
notar que um dos destaques do estudo foi a descrição das várias fases de
elaboração dos critérios.
2.3 FATORES PEDAGÓGICOS RELEVANTES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A revisão de literatura mostrou que há uma diversidade de modalidades de
avaliação da EAD e que, grande parte delas tem o AVA como principal objeto de
avaliação. De fato, em alguns casos, ele é concebido para ser o centro da relação
estudante-professor-tutor.
Porém, há outros fatores que podem influenciar a aprendizagem na
modalidade EAD e, consequentemente o desempenho do estudante no curso a
distância.
Tendo em conta as características do curso a distância apresentados no início
deste capítulo, selecionou-se um conjunto de fatores e sua forma de organização
como essenciais para a efetiva aprendizagem na modalidade.
Quando se levantam as bases teóricas da educação a distância, sobressaem
algumas características do contexto que permeiam o trabalho do docente nesta
modalidade. Elas influenciam fortemente o resultado dos esforços, especialmente do
estudante.
Existe uma inter-relação entre os recursos e atores como forma de garantir a
efetividade do ensino na modalidade a distância e, assim, seu sucesso. Belloni
(1999 apud RAMOS; RIBEIRO; MARTINS, 2014, p. 1652) considera como fatores
que podem levar a aprendizagem do estudante ao sucesso ou ao fracasso o “[...]
acesso aos materiais do curso, a familiaridade no uso das tecnologias, a demora de
respostas às suas dúvidas, o tempo de dedicação destinado ao curso [...]”. Ramos,
Ribeiro e Martins (2014) relacionam a aprendizagem autônoma desenvolvida pelo
estudante com a motivação e o apoio que lhe são dados pelos tutores.
Especificamente, em relação ao uso dos recursos digitais e suas tecnologias,
Schneider, Silva e Behar (2013) apontam para que estes sejam desenvolvidos de
forma a proporcionar a interação e que cabe ao professor adequar o uso desses
recursos à proposta pedagógica adotada. As autoras especificam ainda
competências necessárias para dinamizar os processos de educação a distância
26
entre tutores, professores e estudantes, a saber: fluência digital, autonomia,
reflexão, organização, comunicação, administração do tempo, trabalho em equipe,
motivação, planejamento, relacionamento interpessoal, mediação pedagógica,
feedback, didática e gestão acadêmica.
Também a avaliação dos estudantes, que integra o processo ensino-
aprendizagem e é reconhecida por ser um instrumento de acompanhamento da
prática do professor e de progresso por parte do estudante, de acordo com Rezende
et al. (2012), trouxe novos olhares sobre a prática na EAD.
Não se pode esquecer, ainda, que a EAD sofre influência de vários modelos
de aprendizagem e, de acordo com Gomes (2013), há interferência direta deles em
todo o processo ensino-aprendizagem. O autor lista em sua dissertação cinco
“perspectivas” que, segundo ele, são fundamentais para compreender a educação
online. São elas: a perspectiva racionalista, a comportamentalista, a construtivista-
interacionista, a sócio-construtivista-interacionista e a conectivista. Assim, é possível
identificar fatores de sucesso do estudante da EAD alinhados a uma ou mais
perspectivas.
Diante da gama de fatores que parece contribuir de forma preponderante para
que o estudante da educação a distância obtenha êxito em seu intento, este estudo
selecionou seis componentes. Eles estão presentes em vários estudos sobre esta
modalidade de ensino, que evidenciam a sua relevância e como o seu uso pode
interferir na consecução de tutores, professores e estudantes.
2.3.1 Tutoria
Diferente do ensino presencial, em EAD, o papel do professor no processo
ensino-aprendizagem é também protagonizado pelo tutor.
Na EaD não existe a figura do professor como único dono da verdade e do poder de saber de tudo e que todos tem que estar a favor de seus conceitos. O aluno passa a participar do processo de aprendizagem, onde a troca é biunívoca entre aluno/professor, aluno/tutor e aluno/aluno. (BITTENCOURT; MERCADO, 2014, p. 469).
Assim como o professor na EAD tem suas próprias atribuições, da mesma
forma, do tutor espera-se determinadas ações definidas, em prol da qualidade de
27
ensino na modalidade. Segundo Brasil (2007), é papel do tutor na educação a
distância: esclarecer dúvidas por meio de ferramentas de comunicação, promover
espaços de construção coletiva de conhecimento, selecionar material de apoio e
sustentação teórica aos conteúdos e participar dos processos avaliativos de ensino-
aprendizagem junto aos professores.
De acordo com Schneider, Silva e Behar (2013), ao se posicionar como ponte
entre o professor e o estudante, o tutor torna-se verdadeiro mediador auxiliando o
professor no processo de ensino. Daí a razão de ambos, professor e tutor, serem,
juntamente com o estudante, protagonistas na educação a distância.
Para Marques e Rodrigues (2012) o sucesso na trajetória acadêmica do
estudante depende da interação com o tutor que, segundo as autoras, ajuda a
construir “novas aprendizagens”, o que representa uma ruptura com o paradigma
tradicional de ensino. A necessidade do tutor é evidenciada pelas autoras, pois
diante do ensino em larga escala, a presença do tutor in loco, e, neste caso, o tutor
presencial, é fator de retenção dos estudantes na modalidade a distância,
tradicionalmente associada a altos índices de evasão (MOORE; KEARSLEY, 2013).
Essencialmente, deseja-se que o tutor seja um professor de formação.
Porém, com a carência na formação de professores no país, é possível que os
tutores tenham apenas conhecimento teórico e prático na área em que irá atuar, não
sendo dispensada uma capacitação complementar para esta finalidade. Assim,
Marques e Rodrigues (2012) elencam atributos que são desejáveis para os tutores:
conhecimento de conteúdo, habilidades metodológicas, conhecimento dos sistemas
utilizados, maturidade emocional, empatia e liderança.
No sistema UAB, a tutoria é exercida pelo tutor presencial e pelo tutor a
distância. O primeiro, mais próximo ao estudante no polo, pode ser único por curso
ofertado, dependendo do número de estudantes, e os atende na totalidade das
disciplinas de um período. O segundo, ligado somente a uma determinada disciplina,
fornece apoio específico relativamente aos conhecimentos nelas tratados. Assim,
em um semestre em que decorrem cinco componentes didáticos, existem cinco
diferentes tutores a distância para o atendimento ao estudante, um para cada
componente. O tutor presencial oferece um suporte global ao estudante quando cria
condições para ele interagir com o ambiente de aprendizagem e com o tutor a
distância. Os fóruns presenciais podem ser realizados ao menos uma vez por
28
disciplina no semestre, de acordo com um cronograma previamente elaborado e
divulgado para a comunidade acadêmica.
A assistência do tutor presencial e do tutor a distância difere quando se trata
da avaliação ou do acompanhamento. O tutor a distância é quem corrige as
atividades propostas no AVA para cada estudante do polo. Assim, é este tutor quem
dá o feedback mais apurado sobre o progresso do estudante em seu componente
didático. O tutor presencial é um só por polo e acompanha a evolução do estudante
em vários componentes tendo, por isso, uma visão global do seu desempenho. Esta
visão lhe permite identificar quando o estudante está em dificuldades e, assim, agir
para estabilizá-lo.
Desta forma, por compartilhar vários momentos e dedicar atenção e
civilidade, o tutor estabelece uma relação de confiança que influencia a motivação
do estudante e a própria.
2.3.2 Motivação
Para poder desenvolver as atividades propostas, na modalidade de EAD, o
estudante tem que ter uma boa organização do tempo no momento presencial. Na
maior parte do tempo, o estudante está sozinho, mesmo dispondo do tutor a
distância ou presencial para atender suas dúvidas.
Para Marques e Rodrigues (2012), o estudante solitário pode sofrer
desmotivação e, assim, evadir. Também Bittencourt e Mercado (2014) afirmam que,
muitas vezes, o estudante sente-se solitário e sem estímulos para que possa
caminhar e seguir no curso de forma autônoma. Isto significa que o estudante da
educação a distância precisa de um constante incentivo à motivação, e, se possível,
que cada atividade tenha algum elemento motivador para diminuir a possibilidade de
evasão.
Para compreender a importância da motivação no contexto educacional, Isler
e Machado (2013, p. 68) realizaram um importante contributo teórico sobre o
assunto. Segundo os autores “o motivo é a mola propulsora responsável pelo início
e manutenção de qualquer atividade executada pelo ser humano”. Gouvêa (apud
ISLER; MACHADO, 2013) e Nokelainen (2006) acreditam que o motivo de fazer
qualquer coisa está relacionado a aspectos extrínsecos e intrínsecos do ser
humano, principalmente seus instintos e desejos, mas sempre está relacionado a um
29
objetivo que se almeja. Isler e Machado (2013) concluem que a motivação para a
aprendizagem conta também com o fator do ambiente sociocultural e o próprio
ambiente de ensino.
Em EAD, a motivação pode emergir das relações entre os atores. A relação
professor-estudante, por exemplo, que é construída por meio da interação no AVA, é
fundamental para que o estudante se sinta à vontade para frequentar o curso ou
componente didático, tal qual ocorre na modalidade presencial.
Outro agente motivacional, de acordo com Marques e Rodrigues (2012), é o
tutor. É por meio dele que o estudante vislumbra possibilidades que não é capaz de
ver, pois ainda não tem o conhecimento do percurso formativo a ser percorrido.
Também é importante citar que é por intermédio do tutor que o estudante renova seu
sentido de pertencimento a um grupo, seja ele formado no seu polo ou no AVA.
Milne (2006 apud MÜLBERT et al., 2011), por sua vez, aponta que os
estudantes aprendem cada vez mais na interação com seus pares. Essa interação é
vista também como uma motivação e revela outro fator importante no sucesso da
EAD: a cooperação. Desta forma, é possível relacionar interação e a cooperação,
que são características do modelo sócio-interacionista, juntamente com a motivação.
2.3.3 Cooperação
A EAD permite que os recursos e o aprendizado sejam compartilhados e que,
ao ser construído, o saber seja fruto de uma experiência coletiva, originado nas
interações sociais do estudante. Machado, Longhi e Behar (2013, p. 73) citando
Vygostky, formulam que
O sujeito toma consciência e aprende não só nas relações consigo próprio (intrapessoal), mas também em nível social (interpessoal). O sujeito não é resultado apenas do aparato biológico, mas também de suas interações, de sua história e da forma como o mundo é representado em sua cultura. Portanto, sem interação, a cooperação não existe.
A cooperação, que pode ser vista como a colaboração mais efetiva, é símbolo
do modelo de aprendizagem sócio-interacionista, e constitui um fator importante
para o sucesso das ações educativas no domínio da EAD. Quanto mais estímulos
houver para que o estudante interaja com os outros atores do processo, para que
30
construa e compartilhe conhecimentos a partir dessas interações, melhor será a
qualidade de sua formação.
Segundo Pinto (2004), a cooperação pode surgir a partir de um trabalho
colaborativo onde existam, ao menos, duas ou mais pessoas trabalhando
conjuntamente para atingir um objetivo, que seja almejado por este coletivo. Em
EAD, sendo o objetivo a aprendizagem dos estudantes, todos os atores do processo
devem estar envolvidos em torno desse propósito comum.
O autor considera que, mesmo que a aprendizagem exija uma atividade
individual do estudante e “elevado grau de autonomia” (PINTO, 2004, p. 36), não se
pode menosprezar a aprendizagem que ocorre quando os estudantes estão em
grupo. No contexto da UAB, o grupo de estudantes pode ser constituído nas
reuniões no polo ou quando estão em uma sala de aula virtual, participando de um
fórum ou chat, ou ainda quando dialogam com o tutor a distância, via web
conferência.
É idêntico o pensamento de Acevedo (2011), ao afirmar que um estudante
aprende por meio do raciocínio e questionamento realizados, mediante sua
participação ativa em um ambiente de ensino e aprendizagem. Sendo o AVA o
elemento central da EAD, é pertinente pensar que este ambiente estimule a
colaboração.
Também o papel do professor sofre alteração diante da perspectiva de um
trabalho cooperativo. Segundo Pinto (2004), a autoridade do professor é relativizada
quando ele passa a ser um facilitador do grupo. Para Kenski (2012), o professor sai
da frente do estudante, em uma referência típica do ensino tradicional, e passa a
conviver com eles, ou seja, vive entre eles, como um elemento facilitador do grupo.
Essa mudança de papel postula novos comportamentos e responsabilidades dos
membros do grupo e leva a novas atitudes e comportamentos do professor e dos
estudantes. Assim, podem criar-se as bases estruturais para o aprimoramento de
novos agrupamentos de ensino, que são os “grupos de estudo, equipes de trabalho
e comunidades de aprendizagem” (KENSKI, 2012, p. 93).
Outra implicação do trabalho cooperativo é observada por Behrens (2007).
Considera-se que a sociedade tem estimulado o trabalho em parceria, o que
pressupõe que cada indivíduo convive com a coletividade em um ambiente de
respeito às diferenças individuais. Neste contexto, em um ambiente de formação
virtual colaborativo, o estudante experimentaria interações com vistas à convivência
31
em um espaço coletivo, com o usufruto contínuo da sua autonomia, para poder
emancipar-se profissionalmente.
2.3.4 Autonomia
O conceito de autonomia em aprendizagem é considerado um dos mais
complexos. Paiva (2006, p. 83), com base em Paulo Freire na sua obra Pedagogia
da Autonomia, afirma que “autonomia é a capacidade e a liberdade do aprendiz de
construir e reconstruir o que lhe é ensinado”. A autora ainda relaciona doze
diferentes aspectos relacionados a autonomia, selecionados de diversas fontes de
sua pesquisa. Destes, extrai-se para este estudo a afirmação de que a autonomia é
o “Direito/liberdade para fazer suas próprias escolhas e para construir a própria
aprendizagem” (PAIVA, 2006, p. 87).
A esta ideia, Machado, Longhi e Behar (2013) adicionam a capacidade do
estudante também saber organizar e ter planejamento em seus estudos, tendo como
meta a constituição do conhecimento identificado com seus interesses. Essas
características, citadas anteriormente, reforçam a existência de uma relativa
independência do estudante em relação ao professor e, em um contexto de EAD,
também ao tutor. Reforça-se, assim, a ideia de que o estudante tem
responsabilidade pelo seu aprendizado, o que pode ser demonstrado na tomada de
decisão sobre aspectos inerentes do processo de ensino-aprendizagem a distância,
tais como decidir qual material pesquisar, ir ou não à internet em busca de
informação, opinar em um fórum, fazer ou não uma avaliação entre outros
momentos.
Sob esta ótica, o estudante assume papel ativo em sua formação, e não um
papel coadjuvante da relação, como é evidenciado no ensino tradicional. Se a EAD
pressupõe mudança na postura do docente, para que se este torne parceiro,
colaborador e facilitador da aprendizagem, o estudante, por sua vez, assume o
papel principal, definindo ele próprio suas ações e atitudes, com base em suas
necessidades. É ele quem define, por exemplo, quantas horas são necessárias para
sua dedicação ao curso, quantos tipos diferentes de fontes serão utilizados para
compor a solução de um problema. O caminho a ser trilhado não está construído,
pois é o próprio estudante que tem o conhecimento e o poder de construí-lo, o que
se aproxima da concepção construtivista da aprendizagem.
32
Quando se diz que a autonomia pressupõe liberdade de escolha, é
necessário esclarecer que essa liberdade não é automática, não é uma
característica nata do estudante. Ela parece ser desenvolvida continuamente por
meio da interação com o ambiente, com o professor e tutor. Assim, essa interação
precisa ser revestida de confiança de ambos os lados, para que essa liberdade
possa ser ampliada e assumida pelo estudante. Para isso, Freire (1996 apud SILVA;
PEDRO, 2010, p. 77) expressam que:
O educador, para desenvolver a autonomia de seus alunos, precisa realizar atividades que estimulem a tomada de decisão e a responsabilidade para que eles aprendam a decidir com liberdade, assumindo todas as consequências desse ato.
A autonomia é, portanto, qualidade desejável a ser desenvolvida no
estudante. No modelo de avaliação de AVA, precisamente na perspectiva didático-
pedagógica, Schlemmer, Saccol e Garrido (2007) propõem que o ambiente seja
avaliado quanto às condições de oferta de uma aprendizagem autônoma, isto é, que
possa garantir ao estudante condições para construir o conhecimento e contribuir
para o grupo ao qual pertença, em uma visão colaborativa. Por exemplo, ajudar a
elaborar um conceito, ao participar da construção de um glossário, remete para uma
atitude participativa do estudante, oriunda de sua consciência e tomada de decisão.
2.3.5 Usabilidade pedagógica do Ambiente Virtual de Aprendizagem
O Ambiente Virtual de Aprendizagem é considerado o centro das atividades
das modalidades de ensino semi e não presencial. Tecnicamente, é uma solução
baseada em software que reúne várias características presentes nos modelos de
aprendizagem que permeiam a EaD. Schlemmer (2002 apud SCHLEMMER;
SACCOL; GARRIDO, 2007) sintetiza o AVA como software criado para gerenciar a
aprendizagem via web. Porém, há ainda a lembrar que o AVA é uma ferramenta que
permite construir espaços virtuais híbridos, conforme Silva, Alonso e Maciel (2012, p.
3):
A principal vantagem dos AVA é que estes apoiam diferentes organizações de ensinar e aprender ao flexibilizar percursos e trajetórias de estudos podendo suportar, simultaneamente, diferentes modelos pedagógicos e perfis de alunos.
33
Na perspectiva pedagógica, o AVA é o elemento que realiza a mediação entre
o estudante e o professor/tutor que, na maioria das vezes, estão distantes entre si
no tempo e no espaço.
Um AVA é construído de acordo com os modelos de ensino-aprendizagem a
distância que o curso adota. Este ambiente deve estimular a cooperação, a
autonomia, a motivação, fatores essenciais para a permanência do estudante. Por
ser um espaço virtual sob a internet, o AVA pode reunir inúmeros recursos de
armazenamento de informações com acesso facilitado por seus usuários,
municiando-os de elementos que lhes possibilitem a tomada de decisão. Masetto
(2007, p. 152) afirma que as novas tecnologias na mediação pedagógica “exploram
o uso de imagem, som e movimento simultaneamente, a máxima velocidade no
atendimento às nossas demandas e ao trabalho com as informações do
acontecimento em tempo real.”
Visto dessa forma, o AVA deve ser composto de recursos audiovisuais
variados e a sua atualização deve ser instantânea, fruto da interação de diversas
fontes com os respectivos atores. Isso reforça a ideia de o AVA ser um espaço
flexível e que inspire atores/usuários igualmente flexíveis, abertos a mudanças
(SILVA; SILVA, 2009).
Pode-se concluir que o sucesso do estudante na modalidade EAD depende
tanto da maneira e intensidade com que ele interage com o ambiente quanto da
concepção, do design deste ambiente. É problemático quando o estudante não
interage com o ambiente e, também, quando o ambiente é construído sem o uso
adequado das ferramentas que lhe permita rentabilizar as características da
modalidade.
O AVA pode ter seu conceito expandido para o de um espaço virtual
destinado à educação, de acordo com Peters (2009 apud DE BONA; BASSO;
FAGUNDES, 2011, p. 3). Neste espaço, todos os aparatos tecnológicos devem ser
utilizados para finalidades pedagógicas. Assim,
[...] da interação das tecnologias de computador, multimídia e rede, surgem tecnologias especiais para comunicação, transmissão, exibição, busca, acesso, análise, armazenamento, realidade virtual e gerenciamento.
34
Dessa interação, citada pelos autores, podem resultar diferentes
configurações que ampliam a eficiência do ensino e da aprendizagem.
O uso do AVA pode levar estudantes e professores a outros níveis de
interação, propiciados pela mediação, utilizando diferentes recursos da tecnologia da
informação e comunicação. Silva e Silva (2009) classificam estes recursos, mais
comumente chamados de ferramentas, com base na sincronia estabelecida durante
a interação entre os atores e o AVA (Quadro 1).
Quadro 1 – Ferramentas de Interação
Ferramentas
Síncronas Assíncronas
Bate Papo (chat) E-mail
Sala de aula virtual Lista de discussão
Sala de trabalho Mural
Café virtual Fórum
Mensagens Instantâneas Debate Virtual
Tutor on-line Prova Virtual
Web conferência Perfil
Teleconferência Biblioteca Virtual
Portfólio
Tira-teimas
Fonte: O autor (2015) adaptado de (SILVA; SILVA, 2009).
Uma web conferência é considerada síncrona quando professor, tutor e
estudantes interagem por meio desta ferramenta ao mesmo tempo, embora estejam
em locais diversos. Ambientes avançados de web conferência permitem a gravação
da sessão, para consulta posterior pelos estudantes que não participaram no horário
em que foi realizada. Diferentemente, o fórum, que é considerado um dos recursos
mais importantes para interação na EAD, não exige que os atores compartilhem o
mesmo período de tempo (assincronia). Cada ator, ao seu momento, contribui com
suas colocações na discussão proposta, no espaço determinado por esta
ferramenta.
Silva e Silva (2009) ainda reforçam que a presença das ferramentas de
comunicação e interação no AVA não garante que ele seja interativo. As autoras
indicam que o professor seja um profundo conhecedor das ferramentas e que as
utilize plenamente.
35
2.3.6 Avaliação e autoavaliação
Na visão de Hoffmann (2011, p. 109) “medir a aprendizagem significa,
essencialmente, favorecer a tomada de consciência do aluno sobre limites e
possibilidades no processo de conhecimento”. Refletir sobre o que aprendem e
como aprendem é uma necessidade pedagógica, pois fornece elementos para que
os professores revejam o processo de ensino-aprendizagem e alterem-no, sempre
que necessário.
Ainda segundo Hoffmann (2011), a avaliação também deve promover a
reflexão do estudante, haja em vista que sua participação é preponderante, pois é
ele quem emite seu parecer sobre o conteúdo que é avaliado. Embora professores e
estudantes envolvam-se continuamente em processos avaliativos no ensino
tradicional, a oportunidade do estudante se avaliar a si mesmo, refletir seus êxitos e
dificuldades, é pequena. Essa lacuna no processo avaliativo pode ocorrer devido à
falta de atenção do docente em criar momentos adequados para o estudante realizar
a sua autoavaliação.
Para criar esses momentos adequados à reflexão, é necessário manter com o
estudante uma relação de proximidade e de confiança. A proximidade é obtida por
meio da convivência, da relação dialógica que se estabelece entre o estudante e o
professor/tutor. Um diálogo iniciado em um fórum de dúvidas pode ser o ponto de
partida para obter do estudante informações sobre o andamento do curso. A
confiança também vem da convivência, porém é solidificada quando o professor
permite mudar seu papel, ser flexível e participar ativamente de cada descoberta do
estudante.
Na educação a distância, a mediação com uso do AVA e suas tecnologias
possibilita a criação de várias oportunidades do estudante formar opinião sobre sua
própria caminhada. Haydt (2008, p. 147-148) afirma que
Através da autoavaliação, o aluno tem uma participação mais ampla e ativa no processo de aprendizagem, porque ele tem oportunidade de analisar seu progresso nos estudos (o quanto rendeu e quanto poderia ter rendido), bem como suas atitudes e comportamento frente ao professor e colegas.
Assim, a autoavaliação é ampla e pode revelar a visão que o estudante tem
do mundo ao seu redor, a partir de si mesmo. Ele pode compreender, nesses
36
momentos, que é parte atuante de um grande ciclo educativo e que seu
desempenho está interligado aos seus atos e de seus colegas.
Para Schneider, Silva e Behar (2013), a autoavaliação é, ao lado da
presencialidade virtual e da flexibilidade, competência necessária ao estudante da
EAD. Ao compreender o próprio processo de aprendizagem, o estudante exerce sua
autonomia e se permite construir, nele mesmo, a crítica que é a base para a
formação do cidadão consciente, além de contribuir para a melhoria do próprio
curso.
2.3.7 Pontos críticos para avaliação de cursos em rede
De forma resumida, o Quadro 2 sistematiza, para os seis fatores que mais
contribuem para o desempenho dos estudantes em EAD, os principais pontos
críticos a serem avaliados.
Quadro 2 – Fatores contribuintes para o sucesso do estudante em rede e pontos críticos
para avaliação
Fatores Pontos críticos para avaliação
A) Tutoria Eficácia do apoio.
Rapidez do retorno.
B) Motivação Reforço exercido pelo tutor e pelos colegas.
Atratividade das atividades propostas pelo AVA.
C) Cooperação Organização de atividades baseadas na cooperação entre os estudantes.
Interação estabelecidas por meio dos chats, fóruns e web conferências.
D) Autonomia Organização pedagógica que permita ao estudante a escolha de atividades e de percursos formativos diferenciados.
Organização pelo estudante do seu tempo de estudo de forma adequada.
E) Usabilidade pedagógica do AVA
Variedade, clareza e riqueza dos recursos utilizados.
Design que favoreça a interatividade e a realização de atividades práticas.
F) Avaliação Organização pedagógica que inclua atividades de autoavaliação, avaliação pelos pares, e avaliação formativa de forma continuada.
Fonte: O autor (2015).
37
3 OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA AVALIAÇÃO
Em um estudo avaliativo, o cuidado com os procedimentos de elaboração do
instrumento, coleta e análise de informações são importantes e influenciam a
qualidade e precisão dos resultados. Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004) afirmam
que “a informação é situacional e muda a cada estudo”, denotando a variação que
os estudos avaliativos sofrem de acordo com os contextos em que os dados são
coletados. Por outro lado, a avaliação tem caráter transdisciplinar, o que lhe confere
flexibilidade e esta se estende ao avaliador. Assim, não é possível, por princípio,
determinar qual é a melhor abordagem ou metodologia sem que antes haja uma
aproximação por parte do avaliador de seu objeto. Tal prática confere à avaliação a
habilidade de responder “...às diferentes necessidades...” com vistas a “...ter
informações mais precisas para a tomada de decisões...” (WORTHEN; SANDERS;
FITZPATRICK, 2004, p. 122). Nesta parte, serão apresentados os procedimentos
metodológicos referentes a este estudo avaliativo.
3.1 A ABORDAGEM CENTRADA NOS CONSUMIDORES
O estudo avaliativo utilizará a abordagem centrada nos consumidores,
(WORTHEN; SANDERS; FITZPATRICK, 2004) por ter reconhecida aplicação para
avaliar atividades educacionais, uma vez que esta abordagem foi concebida para
avaliar este tipo de serviço, a partir da década de 1960. Esta abordagem também
desempenha papel formativo e somativo em estudos avaliativos na área
educacional. De acordo com Scriven 1960 (apud WORTHEN; SANDERS;
FITZPATRICK, 2004), coletar evidências de ter alcançado os objetivos educacionais
e determinar a utilidade do produto educacional, neste caso representada pelo uso
adequado de critérios pedagógicos da EAD, são fortes critérios para adoção desta
abordagem. Por fim, como característica da abordagem, no estudo espera-se obter
informações “com origem no consumidor”, que neste caso é o estudante, “a respeito
de um determinado produto”. Com essas informações, a gestão pedagógico-
científica poderá determinar que estratégia assumir com o intuito de diminuir os
problemas relacionados com a qualidade do curso.
Com a adoção da abordagem centrada nos consumidores, espera-se que o
estudante do curso aponte, em relação aos critérios pedagógicos da EAD e aos
aspectos de usabilidade do AVA previamente selecionados, em que medida eles
38
cumprem ou não a sua função, o que pode orientar a definição de caminhos para um
melhor desempenho estudantil neste espaço virtual.
3.2 A QUESTÃO AVALIATIVA
Como forma de guiar os rumos do estudo, propõe-se a seguinte questão
avaliativa:
Em que medida são aplicados os fundamentos pedagógicos da EAD nas
disciplinas do primeiro semestre do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet
da UAB/IFMT, tendo em vista favorecer o desempenho dos estudantes?
Diversos critérios pedagógicos da organização da educação a distância
podem ser determinantes para obtenção de um bom desempenho no curso. O AVA,
que é o meio por onde os estudantes criam suas interfaces com os professores e os
tutores, ajuda os estudantes em todo o processo educativo. Sua abrangência cobre
desde a realização de uma atividade, à leitura e compreensão de um texto de seu
material didático, à variedade de recursos disponíveis para o tratamento das
dúvidas. Neste quesito, foi formulada uma questão específica:
a) Em que medida o AVA e seus recursos favorecem a aprendizagem do
estudante?
A cooperação que o estudante desenvolve e exercita com os seus pares,
pode ajudá-lo a superar as dificuldades iniciais da modalidade, considerando que ele
não estará em uma sala de aula convencional a maior parte do tempo e, portanto,
não interagirá fisicamente com seus colegas e com o professor. Assim, caberá à
avaliação verificar se:
b) Até que ponto cooperação é estimulada pela organização do ensino?
Da mesma forma, ao usar ou não a cooperação como instrumento de ajuda, o
estudante incorre em outra característica da EAD: a autonomia. A prática da
escolha, seja de um caminho formativo, seja de busca de informação que lhe
aprimore um saber adquirido no material didático, contribui para o desenvolvimento
do ser autônomo, ou seja, aquele que se organiza e constrói seu saber. Deseja-se
por isso responder à questão:
c) Em que medida a organização da aprendizagem favorece a autonomia?
Outra característica em evidência na educação a distância é a motivação.
Sem estar motivado, o estudante poderá ter dificuldades para progredir em seus
39
estudos no curso, tal forma será seu desencanto com os rumos que o aprendizado
tomará. Isso quer dizer que ele mesmo, o estudante, é parte principal do processo.
Nesta modalidade de ensino, costuma-se pesar sobre o estudante inúmeras
responsabilidades, que lhe imporão novas estratégias, horários e formas de se
organizar. Se o professor, os tutores e o próprio AVA não o conduzirem ao longo dos
seus estudos de forma motivada, de forma a que ele se sinta parte do processo,
organizador de seu conhecimento, capaz de buscar seu saber e, também, ter uma
visão do seu futuro profissional, as probabilidades dele evadir podem se tornar
maiores. Cabe então responder às questões:
d) Em que medida a organização da aprendizagem reforça a motivação?
e) Até que ponto os tutores reforçam a motivação dos estudantes?
Por fim, o apoio que o corpo de tutores dedica aos estudantes também é
importante. No polo ou por meio do AVA, a percepção que existe alguém disposto a
dar suporte nas dúvidas, em determinados horários, pode motivar o aprendiz a
seguir seus estudos de forma mais segura. Mas, é necessário saber
f) Em que medida o tutor responde em tempo hábil às dúvidas e corrige
rapidamente os trabalhos dos estudantes.
3.3 OS CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO
A partir da revisão bibliográfica a respeito de critérios de avaliação da
aprendizagem em EAD e AVAs, foi possível identificar a presença de alguns critérios
considerados relevantes para esta avaliação formativa que estão presentes nos
modelos seguintes e de onde foi inspirada a construção do instrumento de
avaliação:
Na perspectiva didático-pedagógico, proposta no modelo de Schlemmer
(2002), destacam-se a autonomia da aprendizagem (ou aprendizagem autônoma) e
a autoavaliação;
No modelo proposto por Kemczinski, Castro e Cassaniga Junior (2004),
dentre os critérios pedagógicos expostos, destacam-se a motivação e a tutoria;
No estudo de Nokelainen (2006), que propôs avaliar não só os ambientes
virtuais, mas também os materiais instrucionais nestes utilizados. É neste estudo,
propriamente nos critérios de usabilidade pedagógica, que os critérios de
40
aprendizagem cooperativa/colaborativa, qualidade dos materiais utilizados, e
valorização dos conhecimentos anteriores tem origem.
Em suma, a pesquisa em torno dos modelos propostos originou os critérios
pedagógicos de avaliação da organização pedagógica-didática de cursos em rede
utilizados neste estudo, aos quais foram associados os itens do questionário.
3.4 ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO
O presente estudo avaliativo utilizou o questionário como instrumento para
coleta de dados. Quivy e Campenhoudt (1998 apud ELLIOT, HILDENBRAND;
BERENGUER, 2012, p. 28) afirmam que uma das aplicações do questionário é
determinar o que um determinado grupo de pessoas pensa, conhece ou julga “[...]
sobre alguma coisa, de modo que se tenha representatividade para o grupo como
um todo [...]”.
As autoras ainda afirmam que uma das vantagens do questionário, como
instrumento de coleta de dados para pesquisa ou avaliação, é a capacidade de ele
admitir estatística das respostas, ser aplicável a grandes grupos de respondentes e
adequado a questionários longos, como ocorre com o estudo avaliativo em questão.
A revisão bibliográfica a respeito da educação a distância e suas bases
teóricas antecedeu a elaboração do questionário e contribuiu para consolidar os
critérios que seriam avaliados por meio do instrumento. Assim, a praticidade em
construir os itens do questionário de acordo com as categorias de avaliação, com
variadas opções de respostas, foi determinante para a escolha deste tipo de
instrumento.
3.4.1 Elaboração
O instrumento (APÊNDICE A), construído de forma a respeitar o anonimato
do respondente, é composto por 32 itens fechados de múltipla escolha e também
três questões abertas.
41
Quadro 3 – Relação entre indicadores e itens do instrumento
Categorias Indicadores Itens do
Questionário
Motivação
Motivação inicial 1
Existência de atividades motivadoras 6
Incentivo no uso da biblioteca 10
Reforço na motivação por meio da Internet 11
Motivação na disciplina 24, 28, 29
Compreensão da importância da disciplina 32
Avaliação
Disponibilização de exercícios de autoavaliação 17
Avaliação das condições pessoais para aprendizagem 2, 23
Autoavaliação da aprendizagem na disciplina 16
Existência de avaliação formativa continuada 30
Autoavaliação do esforço dedicado à aprendizagem da disciplina
31
Tutoria Apreciação do apoio do tutor 3, 9, 15
Apreciação da rapidez do retorno 20
Usabilidade Pedagógica do Ambiente Virtual de Aprendizagem
Clareza dos objetivos da aprendizagem 4
Variedade e riqueza dos recursos utilizados 7, 8, 22
Clareza dos materiais 12, 18
Realização de atividades práticas 21
Utilização dos recursos de forma interativa/colaborativa 25, 27
Autonomia
Atitude proativa na solução de problemas de aprendizagem
5
Possibilidade de uso de conhecimentos anteriores 14
Possibilidade de escolha percurso de aprendizagem 13
Cooperação Importância das atividades em grupo 19
Apreciação do apoio dos colegas 26 Fonte: o autor (2015).
Os itens fechados constam de afirmações às quais os respondentes indicarão
seu grau de concordância em uma escala do tipo Likert, que vai de 1 a 5. Seus
valores situam-se entre a discordância total (“Não concordo”) e a concordância total
(“Concordo totalmente”). A escolha desta escala está relacionada com a
simplicidade de aplicação do questionário e a facilidade em utilizar a estatística para
analisar quantitativamente os resultados obtidos. Cada grau de concordância está
relacionado a um valor numérico, conforme o Quadro 4.
Quadro 4 – Equivalência numérica da escala de atitudes
Grau de Concordância Valor
Concordo totalmente 5
Concordo bastante 4
Concordo medianamente 3
Concordo pouco 2
Não concordo 1
Fonte: O autor (2015).
42
Às questões abertas foi dado tratamento qualitativo e destinam-se a fornecer
informações complementares sobre as dificuldades de aprendizagem e o apoio
fornecido pelo tutor. Assim, por meio das respostas dadas nestas questões,
informações mais ricas e detalhadas e até mesmo informações inesperadas podem
surgir, considerando, embora, que essas respostas levam mais tempo para serem
analisadas (ELLIOT; HILDENBRAND; BERENGUER, 2012).
3.4.2 Validação
Durante os meses de março e abril de 2014, um instrumento preliminar foi
submetido a diversas análises por professores do curso de Mestrado da Cesgranrio,
especialistas em avaliação. Com o aprofundamento da revisão bibliográfica e com
as sugestões recebidas, o instrumento passou por nove diferentes versões. Dois
especialistas em avaliação e educação realizaram a validação de conteúdo e técnica
do instrumento, com especial atenção à precisão dos itens e à adequação da escala
de mensuração A última versão do questionário foi pré-testada em 3 de maio 2014,
sendo aplicada aos estudantes do curso, na disciplina de Fundamentos de Design
para Web, do polo de Lucas do Rio Verde. Nesta etapa, 15 estudantes responderam
ao questionário e, no final, foram questionados sobre a forma como responderam,
para verificar qual a sua compreensão dos itens e a clareza da linguagem utilizada
no questionário. Também foi avaliado o tempo de resposta ao instrumento que, em
média, foi de 20 minutos.
No final do processo de validação empírica, o instrumento, que estava em sua
nona versão, não sofreu nenhum tipo de modificação, sendo julgado adequado para
a aplicação.
3.5 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO
Para as etapas da validação empírica e da própria aplicação do instrumento,
obteve-se autorização da instituição de ensino com vistas a estes procedimentos.
Desta forma, em 3 de Abril de 2014, foi solicitada a autorização para coleta de dados
e em 9 de abril de 2014, a Direção de Ensino do IFMT Campus Cuiabá concedeu a
autorização, com a qual se procedeu às etapas seguintes.
43
Após o questionário ser considerado válido para o estudo avaliativo em
questão, passou-se à escolha da amostra e ao planejamento de um cronograma de
aplicação do instrumento.
3.5.1 Caracterização dos respondentes, dos aplicadores e do contexto da aplicação
O questionário foi aplicado aos estudantes do curso de Tecnologia em
Sistemas para Internet, regularmente matriculados no 1º semestre do curso, no
período de 2013/2. A razão da escolha dos estudantes ingressantes é devida aos
mesmos realizarem seu primeiro contato com a metodologia utilizada no curso. O
caráter de novidade, os primeiros passos e os desafios iniciais constituem
percepções importantes que podem determinar a continuidade ou não do estudante
no curso. Desta forma, avaliar determinados critérios da educação a distância em
estudantes ingressantes pode ajudar a compreender quanto esses mesmos critérios
influenciam no sucesso desses estudantes no restante do curso.
O cronograma, constante no Quadro 5, detalha o período de aplicação do
instrumento, que coincidiu com a finalização das disciplinas do primeiro período de
2013/2 em todos os polos. Esse era o único momento em que os estudantes iriam
estar presentes nos polos antes do final daquele período letivo. As disciplinas
avaliadas são as que estavam em execução à data de aplicação do questionário, ou
seja, quatro das seis disciplinas, pois duas já haviam sido finalizadas.
As primeiras aplicações do questionário mostraram que o número de
respondentes era menor do que o estimado. Entre os motivos expostos pelos
aplicadores para a ausência dos estudantes contam-se a evasão de estudantes nos
primeiros meses do curso e os compromissos que parte deles alegou ter como
justificativa de ausência ao fórum naquelas datas.
Assim, como o número de respondentes foi inferior ao esperado, houve que
rever o plano inicial de coleta de dados e introduzir outros polos na amostra. Em
solicitação enviada à coordenação de curso em 3 de Abril de 2014, tinha sido
solicitada a autorização para que apenas os estudantes dos polos de Nova
Xavantina, Barra do Barra do Bugres e Guarantã do Norte fossem inquiridos. Com a
necessidade de se aumentar a amostra, diante do número reduzido de respondentes
44
nesses polos, incluíram-se também os polos de Lucas do Rio Verde e Juína. Por
questões logísticas, a avaliação no polo de Nova Xavantina foi cancelada.
Participaram deste estudo avaliativo, na qualidade de aplicadores do
questionário:
- O autor do estudo avaliativo;
- Um professor do curso;
- Quatro tutores a distância das disciplinas ofertadas em 2013/2.
Os respondentes são os alunos do 1º semestre dos 4 polos indicados.
Considerou-se que os estudantes, em dia de provas, estão submetidos a uma
tensão que pode impactar nas suas respostas e, logo, nos resultados deste estudo.
Contudo, este era o único momento em que estariam presentes. Os aplicadores
receberam instruções sobre como proceder à abordagem dos estudantes antes da
coleta, com o objetivo de criar um ambiente de alguma descontração, ressaltando a
importância da colaboração deles no estudo para a melhoria do curso. Ressalta-se
que o questionário foi aplicado no início do fórum, antes que os estudantes
realizassem quaisquer atividades da disciplina avaliada.
Os estudantes ficaram livres para colaborar ou não com o estudo avaliativo,
através do preenchimento consciencioso do instrumento. Por ser autoexplicativo,
não houve necessidade de fornecer mais informações por parte dos aplicadores no
momento do preenchimento do instrumento.
3.5.2 Cronograma de aplicação
Os questionários foram programados para serem aplicados nos finais de
semana (sábado e domingo), dias destinados à realização dos fóruns presenciais.
Neste caso, por ser final de período, era o momento de realização das provas
presenciais em que, teoricamente, haveria maior presença de estudantes.
45
Quadro 5 – Cronograma de aplicação do instrumento e questionários recolhidos
Aplicador Disciplina Polo Data da coleta
Nº de Presenças Previstas
Nº de Questionários
Válidos
Avaliador Matemática
Aplicada Lucas do Rio Verde
3/5/2014 30 15
Tutor Algoritmos Guarantã do
Norte 17/5/2014 30 11
Tutor Algoritmos Juína 17/5/2014 30 24
Avaliador Algoritmos Barra do Bugres
17/5/2014 30 17
Tutor Fundamentos
de Design para Web
Juína 24/5/2014 30 15
Professor Tecnologia
Hipermídia e Multimídia
Lucas do Rio Verde
18/5/2014 30 19
Tutor Tecnologia
Hipermídia e Multimídia
Barra do Bugres
24/5/2014 30 11
Totais 240 112
Fonte: O autor (2015).
3.6 ANÁLISE DOS DADOS
Após recolher 112 questionários respondidos (Quadro 5), procedeu-se ao
lançamento e ao devido processamento das informações neles constantes.
Para as respostas aos 32 itens de múltipla escolha, baseados na escala de
valores do tipo Likert, foram lançados em um arquivo do software estatístico SPSS
(Statistical Software for Social Science), para que pudessem ser realizadas
diferentes análises quantitativas. Ao transpor as respostas ao software, foram
codificados a disciplina e o polo para cada questionário, de modo a facilitar as
análises posteriores.
Ao organizar os itens e suas respostas por categoria, submeteu-se à análise
de confiabilidade escalar por meio do coeficiente Alfa de Cronbach. Este tratamento
estatístico permite determinar a consistência interna dos itens agregados a uma
escala, neste caso, à categoria. A tabela 3 mostra os valores considerados padrão
para confiabilidade de escalas.
46
Tabela 3 - Padrões de Confiabilidade segundo o Alfa de Cronbach
Faixa de valores Confiabilidade
Alfa > 0,9 Excelente
0,8 < Alfa ≤ 0,9 Boa
0,7 < Alfa ≤ 0,8 Adequada
0,6 < Alfa ≤ 0,7 Questionável
0,5 ≤ Alfa ≤ 0,6 Pobre
Alfa < 0,5 Inadequada
Fonte: O autor (2015) adaptado de Pereira (2004).
Para analisar as respostas às questões abertas (33, 34 e 35), foi utilizada a
metodologia de análise de conteúdo. Bardin (2009, p. 45) afirma que “a análise de
conteúdo trabalha a fala, quer dizer, a prática da língua realizada por emissores
identificáveis... procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as
quais se debruça”. Assim, ao analisar as respostas dos estudantes nos itens
abertos, busca-se percepções que possam contribuir na análise dos indicadores
avaliados.
47
4 RESULTADOS: ANÁLISE QUANTITATIVA
A análise quantitativa foi realizada nas 32 questões fechadas que compõem o
questionário, organizadas nas seguintes categorias:
4.1 MOTIVAÇÃO DOS ESTUDANTES
Reuniram-se nesta categoria os itens do instrumento que se referem à
motivação dos estudantes inquiridos, tanto os referentes à sua motivação anterior e
extrínseca, quanto os relacionados com o AVA. Objetiva-se determinar até que
ponto os estudantes chegam motivados ao curso e se o AVA contribui, ou não, para
a sua motivação.
Devido à ausência de instalações de biblioteca nos polos onde a avaliação foi
realizada, as respostas ao item 10, que trata do incentivo ao uso da mesma, não
foram consideradas.
Na determinação do coeficiente Alfa de Cronbach, para os itens reunidos
nesta categoria, obteve-se o valor de 0,714, o que confere ao conjunto de itens boa
confiabilidade. Este valor foi obtido após a retirada do item 24. Assim, dos oito itens
originais, a categoria passou a ser analisada por meio de seis itens.
Para se quantificar a motivação para cada respondente, realizou-se a soma
dos valores dados por cada um aos seis itens da categoria. Na escala desta
categoria, o valor mínimo é de 6 pontos, que equivale à soma de seis respostas de
valor 1 (Não Concordo); e o valor máximo é de 30, que corresponde à soma de seis
respostas de valor 5 (Concordo totalmente).
Para agrupar os respondentes de acordo com a intensidade da sua
motivação, estabeleceram-se, na escala, os seguintes intervalos: 1º - valores de 6 a
14, correspondentes a Baixa Motivação; 2º - valores de 15 a 22, considerados
Razoável Motivação; 3º valores de 23 a 30, intitulados Alta Motivação. Assim, os
respondentes de uma determinada disciplina foram classificados nesta escala,
segundo a soma de suas respostas aos itens da categoria.
Seguem os resultados da categoria Motivação apresentados por disciplina.
48
Tabela 4 - Motivação na disciplina
Disciplina Polo Baixa
Motivação Razoável Motivação
Alta Motivação
Total
Tecnologia Hipermídia e Hipermídia
Barra do Bugres
0 7 4 11
Lucas do Rio Verde
2 8 9 19
Matemática Aplicada Lucas do Rio Verde
1 6 8 15
Algoritmos
Barra do Bugres
0 3 14 17
Guarantã do Norte
2 4 5 11
Juína 0 8 16 24
Fundamentos de Design para Web
Juína 0 4 11 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
A leitura da Tabela 4 evidencia que os respondentes dos polos Lucas do Rio
Verde e Barra do Bugres estavam motivados, embora em graus diferentes, para
cursar a disciplina Tecnologia Hipermídia e Multimídia. Da mesma forma, na
disciplina Matemática Aplicada, a maioria dos respondentes do polo Lucas do Rio
Verde estava altamente motivada para cursar a referida disciplina.
Para os respondentes dos polos Guarantã do Norte, Juína e Barra do Bugres,
também foi evidenciada Alta Motivação para cursar a disciplina de Algoritmos, uma
das mais importantes do curso, embora essa motivação seja mais moderada no polo
Guarantã do Norte, como é possível observar na Tabela 4.
Por fim, os respondentes do polo Juína, em sua maioria, mostraram estar
altamente motivados para o estudo da disciplina Fundamentos de Design para Web.
A particularidade neste polo foi a ausência de respondentes com baixa motivação.
Embora os dados condensados desta categoria parecem indicar uma boa
motivação dos estudantes para a aprendizagem nas disciplinas do curso, ao se
analisar os itens que a compõem, pode-se realizar uma análise mais fina.
49
Tabela 5 - Indicadores da Categoria Motivação
Indica-dores
Disciplina Não con-
cordo
Concor-do
pouco
Concor-do
parcial-mente
Concor-do
bastan-te
Concor-do total- mente
Não respon-deram
To-tal
Motiva-ção inicial nas discipli-nas (item 1)
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
1 2 5 9 13 30
Matemática Aplicada
0 0 3 6 6 15
Algoritmos 0 1 6 13 32 52
Fund. de Design para Web
0 0 3 4 8 15
Total de respostas 112
Impor-tância da disciplina para a profissão (item 32)
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
0 1 6 13 9 1 30
Matemática Aplicada
0 1 2 3 9 15
Algoritmos 0 1 8 9 33 1 52
Fund. de Design para Web
0 0 2 4 9 15
Total de respostas 112
Existên-cia de ativi-dades motiva-doras (item 6)
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
1 7 10 8 3 1 30
Matemática Aplicada
1 5 5 3 1 15
Algoritmos 3 7 15 17 10 52
Fund. de Design para Web
1 0 4 4 5 1 15
Total de respostas 112
Estímulo das ativida-des de pesquisa (item 29)
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
0 5 7 10 7 1 30
Matemática Aplicada
1 1 4 8 1 15
Algoritmos 3 5 9 19 14 2 52
Fund. de Design para Web
0 0 3 8 4 15
Total de respostas 112
(Continuação)
50
(Conclusão)
Indica-dores
Disciplina Não con-
cordo
Concor-do
pouco
Concor-do
parcial-mente
Concor-do
bastan-te
Concor-do total- mente
Não respon-deram
To-tal
Pesquisa para as discipli-nas na internet (item 11)
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
0 0 5 6 18 1 30
Matemática Aplicada
1 0 0 4 10 15
Algoritmos 2 1 1 8 39 1 52
Fund. de Design para Web
0 1 1 1 12 15
Total de respostas 112
Aumen-to do interes-se pelo curso (item 28)
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
2 5 7 7 8 1 30
Matemática Aplicada
1 2 7 4 1 15
Algoritmos 5 6 12 12 16 1 52
Fund. de Design para Web
0 0 3 7 5 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
A) Motivação inicial para o estudo das disciplinas (item 1)
Os estudantes afirmaram que estavam motivados no início da disciplina,
principalmente naquelas que pertencem ao núcleo técnico do curso (Algoritmos e
Fundamentos de Design para Web), conforme se vê na Tabela 5.
B) Importância da disciplina para a atividade profissional (item 32)
Conforme se verifica na Tabela 5, quando se trata de relacionar o conteúdo
ministrado na disciplina e a sua importância para as atividades que o estudante
pensa que desenvolverá profissionalmente, verifica-se que os estudantes lhes
atribuem bastante importância, o que certamente contribui para a sua motivação.
C) Atividades motivadoras propostas pelo AVA (item 6)
De acordo com as respostas (Tabela 5), os estudantes consideraram que as
atividades propostas nas disciplinas, onde se destacam Matemática Aplicada e
Tecnologia Hipermídia e Multimídia, não são muito motivadoras. Exceto na disciplina
Fundamentos de Design para Web, há uma tendência entre os respondentes para
não atribuir um caráter muito motivador às atividades propostas.
51
D) Disciplinas que estimulam os estudantes a pesquisar sobre os seus
conteúdos (item 29).
De acordo com os respondentes da Tabela 5, as atividades propostas nas
disciplinas os motivaram bastante a pesquisar, ou seja, levaram os estudantes a
querer saber mais sobre o conteúdo abordado. O que diferencia esta motivação é a
intensidade com que isso ocorre. A leitura desta Tabela mostra que em Algoritmos e
em Tecnologia Hipermídia e Multimídia o incentivo à pesquisa foi mais intenso do
que em Matemática Aplicada e Fundamentos de Design para Web.
E) Atividades que remetem à pesquisa na internet (item 11)
O item 11 destinava-se a analisar o incentivo à pesquisa de forma mais
específica, procurando-se avaliar o estímulo que as disciplinas deram aos
estudantes motivando-os a buscar reforço de seus conteúdos na rede mundial de
computadores.
Na Tabela 5, indicador Pesquisa para as disciplinas na internet, mostra que
os estudantes buscaram a internet como fonte de pesquisa, em todas as disciplinas.
Portanto, houve elevada motivação, por parte dos estudantes, em complementar os
conteúdos ministrados por meio do AVA, recorrendo à internet.
F) Reforço de motivação do estudante pelo curso (item 28)
Ao analisar as respostas à Tabela 5, indicador Aumento do interesse pelo
curso, nota-se que, para os respondentes, o reforço do interesse pelo curso se dá
nas disciplinas mais específicas ao curso, como Algoritmos, Tecnologia Hipermídia e
Multimídia e Fundamentos de Design para Web e, menos, em disciplinas gerais,
como Matemática Aplicada. Ao examinar a ementa constante no PPC evidencia-se
que estas disciplinas concentram grande parte dos conteúdos que estão
relacionados com a tecnologia necessária para se conceber sistemas para internet.
Matemática Aplicada, por sua vez, dado o seu caráter tradicional de formação geral,
parece não ter contribuído para que o interesse do estudante pelo curso
aumentasse.
A análise das respostas aos itens da categoria Motivação permitiu verificar
que existe nos estudantes uma elevada motivação inicial para o estudo das
disciplinas, aliada a uma valorização da sua importância em termos de preparação
profissional. Também foi muito elevado o recurso à pesquisa na internet em todas as
disciplinas e, se bem que em menor grau, elas levaram os estudantes a tentar
complementar os seus conhecimentos através de outras fontes. É mais diferenciado,
52
nas diferentes disciplinas, o aumento de interesse pelo curso por elas provocado. Na
apreciação do caráter motivador das atividades propostas os estudantes são mais
reticentes, sendo o item em que se registra maior discordância.
4.2 COOPERAÇÃO ENTRE OS ESTUDANTES
Nesta categoria, que engloba os itens 19 e 26, procurou-se identificar quanto
os estudantes cooperaram entre si, uma das características que faz a diferença na
educação a distância. Para estes itens agregados em cooperação entre estudantes,
o valor do teste de Alfa de Cronbach equivale a 0,813, conferindo boa confiabilidade
à categoria.
Primeiramente, procurou-se determinar a intensidade da colaboração dos
respondentes por disciplina, por meio da soma das respostas dadas aos dois itens.
Ao se construir a escala para a categoria em questão, consideram-se os casos
extremos de respostas possíveis, em que o valor mínimo é de 2 pontos, que
equivale à soma de duas respostas de valor 1 (Não Concordo), e o valor máximo é
de 10, que corresponde à soma de duas respostas de valor 5 (Concordo totalmente).
Os seguintes intervalos delimitaram a intensidade da cooperação entre os
respondentes: 1º - valores de 2 a 3, correspondentes a Baixa Cooperação; 2º -
valores de 4 a 6, considerados de Média Cooperação; 3º valores de 7 a 10,
considerados como de Alta Cooperação. Seguem os resultados da cooperação por
disciplina.
Tabela 6 – Cooperação na disciplina nos polos
Disciplina Polo Baixa
Cooperação Média
Cooperação Alta
Cooperação Não
responderam Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
Barra do Bugres
0 5 6 11
Lucas do Rio Verde
5 5 9 19
Matemática Aplicada
6 4 5 15
Algoritmos
Barra do Bugres
2 4 11 17
Guarantã do Norte
1 2 8 11
Juína 2 4 18 24
Fundamentos de Design para Web
Juína 1 2 11 1 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
53
Observa-se na Tabela 6 que os respondentes da disciplina Tecnologia
Hipermídia e Multimídia, nos polos Barra do Bugres e Lucas do Rio Verde,
respondem diferentemente quanto à intensidade da cooperação, sendo que são
mais numerosos os que afirmam ser altamente cooperativos no polo Lucas do Rio
Verde. Em contrapartida, é também neste polo que existem estudantes afirmando
que sua experiência na disciplina foi de fraca cooperação com os colegas.
Na disciplina Matemática Aplicada avaliada no polo de Lucas do Rio Verde,
também houveram diferentes percepções em relação à cooperação. A maioria (6
respondentes), porém, indica ter baixa cooperação na disciplina.
Na disciplina Algoritmos, a maioria dos respondentes evidenciou alta
cooperação entre si, em todos os polos avaliados.
Resultado semelhante também ocorreu na disciplina Fundamentos de Design
para Web, avaliada no polo de Juína.
De acordo com a Tabela 6, a maior parte dos respondentes avaliou que a
disciplina Fundamentos de Design para Web estimulou consideravelmente a
cooperação entre eles.
Na categoria Cooperação, o estudo procurou saber se tinham sido realizadas
atividades em grupo nas diferentes disciplinas e, também, em que medida houve
apoio mútuo entre estudantes. Assim, com o item 19, procurou-se avaliar a
importância das atividades em grupo, nas disciplinas cursadas.
Tabela 7 - Indicadores da Categoria Cooperação
Indica-dores
Disciplina Não
concor-do
Con- cordo pouco
Con-cordo
parcial-mente
Con- cordo
bastan-te
Con- cordo total-
mente
Não respon-deram
Total
Realiza-ção de ativida-des em grupo na disci-plina (item 19)
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
7 3 5 6 9 30
Matemática Aplicada
6 4 0 1 4 15
Algoritmos 3 7 6 12 23 1 52
Fundamentos de Design para Web
1 1 1 4 7 1 15
Total de respostas 112
(Continuação)
54
(Conclusão)
Indica-dores
Disciplina Não con-
cordo
Con-cordo pouco
Con-cordo
parcial-mente
Con-cordo
bastan-te
Con-cordo total-
mente
Não respon-deram
Total
Aprecia-ção do apoio dos colegas (item 26)
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
3 7 7 9 3 1 30
Matemática Aplicada
5 5 1 3 1 15
Algoritmos 3 7 10 17 14 1 52
Funda-mentos de Design para Web
1 1 2 6 4 1 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
A Tabela 7 mostra que os estudantes consideraram que essas atividades
foram mais efetivas em algumas disciplinas do que em outras. Enquanto em
Algoritmos e Fundamentos de Design para Web os respondentes afirmaram ter
realizado atividades em grupo, como forma de praticar a colaboração, em
Tecnologia Hipermídia e Multimídia e, sobretudo em Matemática Aplicada, esse
recurso parece não ter sido utilizado. Este resultado pode estar associado à falta de
estímulo das próprias disciplinas em organizar as atividades e demais recursos para
o trabalho cooperativo.
Em outro item, o 26, o questionário avaliou o apoio mútuo entre os
estudantes, no estudo da disciplina.
A leitura Tabela 7 mostra que a ajuda entre os estudantes não foi efetiva em
algumas disciplinas. Em Algoritmos e Fundamentos de Design para Web os
respondentes afirmam ter tido mais apoio dos colegas que em Tecnologia
Hipermídia e Multimídia e Matemática Aplicada.
Conclui-se que o trabalho em grupo, que pode ser considerada a célula do
trabalho cooperativo em um curso a distância, foi pouco utilizado, principalmente nas
disciplinas Matemática Aplicada e Tecnologia Hipermídia e Multimídia. Por outro
lado, existiu iniciativa dos estudantes em se ajudar uns aos outros, ainda que
irregularmente, o que talvez tenha contribuído para minimizar essa falha.
55
4.3 TUTORIA
Estão agregados nesta categoria os itens do questionário que tratam do apoio
do tutor, presencial ou a distância, às atividades do estudante. Sabe-se que este
apoio também pode fomentar a sua autonomia. Compõem esta categoria os itens 3,
9, 15 e 20. Ao se analisar a confiabilidade dos itens, obteve-se valor do Alfa de
Crobach igual a 0,722, o que confere ao teor das respostas confiabilidade suficiente.
Para quantificar o apoio do tutor ao estudante, utilizou-se uma escala,
construída a partir do somatório das respostas ao conjunto dos itens da categoria
Tutoria. Assim, o menor valor dessa escala é 4, que representa a soma do valor 1
(Não concordo) atribuído aos quatro itens da categoria. Da mesma forma, o valor
máximo que pode ser obtido nesta soma é 20, resultado da soma do valor 5
(Concordo totalmente) nos quatro itens da categoria.
Para identificar a intensidade do apoio do tutor, as somas das frequências
foram organizadas em três níveis da escala: o primeiro nível, compreende valores de
soma das frequências entre 4 e 8 é intitulado Pouco Apoio; valores de soma entre 9
e 15 conferem Apoio Moderado pela tutoria; e para soma entre 16 e 20, considera-
se que a tutoria forneceu Muito Apoio aos respondentes. Seguem os resultados da
intensidade do apoio da tutoria por curso e polo.
Tabela 8 - Apoio da tutoria na disciplina nos polos
Disciplina Polo Pouco apoio
Apoio moderado
Muito apoio
Total
Tecnologia Hipermídia e Hipermídia
Barra do Bugres 1 8 2 11
Lucas do Rio Verde 2 14 3 19
Algoritmos
Barra do Bugres 1 8 8 17
Guarantã do Norte 0 10 1 11
Juína 4 11 9 24
Matemática Aplicada Lucas do Rio Verde 0 11 4 15
Fundamentos de Design para Web
Juína 0 5 10 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
Na leitura da Tabela 8, que diz respeito à disciplina Tecnologia Hipermídia e
Multimídia, os respondentes dos polos Barra do Bugres e Lucas do Rio Verde
consideraram como moderado o apoio da tutoria. Ou seja, de acordo com suas
expectativas, na sua maioria, os estudantes estimaram que o apoio dado pelos
tutores na disciplina poderia ter sido melhor.
56
Já na disciplina Algoritmos, os respondentes mostraram-se divididos quanto
ao apoio da tutoria. Em Barra do Bugres e Juína, a Tabela 8 mostra que este apoio é
considerado moderado e muito elevado. Porém, no polo Guarantã do Norte, os
respondentes consideraram este apoio apenas moderado. Isto denota que o
desempenho da tutoria nesta disciplina não foi uniforme nos diferentes polos.
O apoio da tutoria da disciplina Matemática Aplicada foi avaliado pelos
respondentes do polo de Lucas do Rio Verde como moderado. Situação diferente foi
constatada na disciplina Fundamentos de Design para Web, no polo Juína.
Dez respondentes evidenciaram ter recebido muito apoio da tutoria na
disciplina Fundamentos de Design para Web no polo Juína, embora uma parte cinco
dos respondentes tenha classificado este apoio como moderado.
Os resultados globais da categoria devem ser observados com um olhar
cuidadoso e a sua análise ganha em ser mais fina, pois os itens foram direcionados
para categorias diferentes de tutoria, conforme o Quadro 6.
Quadro 6 – Categoria tutoria e direcionamento das questões
Item Afirmações Direcionamento
3 O tutor presencial incentivou-me a fazer as atividades desta disciplina
Tutor presencial
9 Tive apoio do tutor a distância sempre que tive dificuldades na matéria
Tutor a distância 15
O apoio do tutor a distância ajudou-me a avançar no meu aprendizado
20 Recebi retorno rápido das atividades realizadas
Fonte: O autor (2015).
Embora o apoio da tutoria tenha sido um dos objetivos específicos desta
avaliação, pretendeu-se diferenciar a atuação dos tutores presencial e a distância. O
tutor presencial foi avaliado apenas em um item, em relação ao reforço da motivação
que incute aos estudantes e o tutor a distância em três itens: quanto ao apoio nas
dificuldades, ao avanço no aprendizado, e também no feedback nas atividades.
No Quadro 7, é possível verificar a distribuição da tutoria.
57
Quadro 7 –Tutores por polo avaliado
Polo Disciplina Tutor
Presencial Tutor
a Distância
Barra do Bugres Tecnologia Hipermídia e Hipermídia 1
1
Algoritmos 1
Guarantã do Norte Algoritmos 1 1
Juína Algoritmos
1 1
Fundamentos de Design para Web
1
Lucas do Rio Verde
Tecnologia Hipermídia e Hipermídia 1
1
Matemática Aplicada 1
Fonte: O autor (2015).
A título de exemplo, é possível notar no Quadro 7 que o tutor presencial do
polo de Barra do Bugres atende a disciplina Algoritmos e Tecnologia Hipermídia e
Multimídia. Porém, ambas as disciplinas têm seu próprio tutor a distância e assim
ocorre em outras disciplinas.
Desta forma, passe-se a analisar as respostas aos itens sob esta
organização.
Tabela 9- Apreciação do apoio do tutor presencial nos polos
Polo Disciplina Não con-
cordo
Con-cordo pouco
Concordo parcial-mente
Con- cordo bas-tante
Con- cordo total-mente
Não respon-deram
Total
Barra do Bugres
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
2 0 4 3 1 1 11
Algoritmos 0 0 2 10 5 17
Gua-rantã do Norte
Algoritmos 1 1 3 3 3 11
Juína
Algoritmos 1 3 7 7 5 1 24
Fund. de Design para Web
0 1 2 3 9 15
Lucas do Rio Verde
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
0 4 4 4 7 19
Matemática Aplicada
0 1 2 10 2 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
58
Conforme o resultado da avaliação constante na Tabela 9, os respondentes
do polo de Barra do Bugres afirmaram que o incentivo do tutor presencial ocorreu
mais em Algoritmos do que em Tecnologia Hipermídia e Multimídia.
No polo Guarantã do Norte, os respondentes afirmaram que o incentivo do
tutor presencial na realização das atividades da disciplina Algoritmos foi de parcial a
total.
Para o polo Juína (Tabela 9), os respondentes mostraram que o incentivo nas
atividades por parte dos tutores presenciais ocorreu mais para a disciplina
Algoritmos em detrimento a Fundamentos de Design para Web.
Os respondentes também afirmaram que, no polo Lucas do Rio Verde, o tutor
presencial incentivou mais a disciplina Tecnologia Hipermídia e Multimídia em
detrimento a Matemática Aplicada, embora, considerando o todo, o incentivo tenha
sido satisfatório.
O apoio da tutoria a distância foi avaliado pelos itens 9 e 15 do questionário.
Tabela 10- Apoio do tutor a distância nas dificuldades por disciplina (item 9)
Disciplina Polo Não con-cordo
Concor-do pouco
Concor-do
parcial-mente
Concor-do
bastante
Concor-do total-mente
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
Barra do Bugres
1 0 3 6 1 11
Lucas do Rio Verde
2 4 9 1 3 19
Algoritmos
Barra do Bugres
3 0 2 6 6 17
Guarantã do Norte
0 4 2 2 3 11
Juína 4 1 9 6 4 24
Fund. de Design para Web
Juína 0 0 6 1 8 15
Matemática Aplicada
Lucas do Rio Verde
0 3 3 6 3 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
Avaliado nos polos Barra do Bugres e Lucas do Rio Verde, o desempenho do
tutor a distância da disciplina Tecnologia Hipermídia e Multimídia, quanto ao apoio
nas dificuldades dos respondentes poderia ter sido melhor em ambos os polos. A
59
Tabela 10 mostra, também, que o tutor a distância de Barra do Bugres foi mais bem
avaliado do que o seu par em Lucas do Rio Verde.
A Tabela 10 mostra que a percepção dos respondentes a respeito do apoio
que os tutores a distância deram em suas dificuldades na disciplina Algoritmos foi
diferente de acordo com o polo. Assim, no polo Barra do Bugres o apoio do tutor a
distância foi mais bem avaliado do que nos polos Guarantã do Norte e Juína.
Para as disciplinas Fundamentos de Design para Web e Matemática Aplicada,
avaliadas pelos respondentes dos polos de Juína e Lucas do Rio Verde,
respectivamente, a Tabela 10 aponta que o tutor a distância da disciplina
Fundamentos de Design para Web deu melhor suporte nas dificuldades sentidas
pelos estudantes do que seu par na disciplina Matemática Aplicada.
Também compõe a avaliação do apoio da tutoria a distância a percepção que
o estudante teve do seu avanço no aprendizado da disciplina devido à ajuda do
tutor.
Tabela 11- Apoio do tutor a distância no avanço do aprendizado por disciplina (item 15)
Disciplina Polo Não con-
cordo
Concor-do pouco
Concordo parcial-mente
Con-cordo
bastante
Concor-do total-mente
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
Barra do Bugres
0 0 6 4 1 11
Lucas do Rio Verde
1 7 6 4 1 19
Algoritmos
Barra do Bugres
2 2 3 5 5 17
Guarantã do Norte
0 7 3 1 0 11
Juína 4 6 4 6 4 24
Fund. de Design para Web
Juína 0 0 4 2 9 15
Matemática Aplicada
Lucas do Rio Verde
0 2 6 5 2 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
A Tabela 11 aponta que os respondentes do polo Barra do Bugres se
sentiram ajudados pelo tutor a distância no avanço da aprendizagem, o que não
ocorreu no polo Lucas do Rio Verde, onde os estudantes não se sentiram apoiados
pelo tutor.
60
A leitura da Tabela 11 evidencia que, na disciplina Algoritmos, o apoio do tutor
a distância no avanço do aprendizado foi mais efetivo que no polo Barra do Bugres.
No polo Juína, e sobretudo, no polo Guarantã do Norte, segundo os respondentes, o
apoio foi menos efetivo.
Os respondentes avaliaram, também, o apoio do tutor a distância no avanço
do aprendizado nas disciplinas Matemática Aplicada e Fundamentos de Design para
Web. Pela leitura da Tabela 11, no polo Juína, este apoio foi mais efetivo em
Fundamentos de Design para Web do que na disciplina Matemática Aplicada,
avaliada em Lucas do Rio Verde.
O estudo procurou avaliar a rapidez do retorno que o tutor a distância deu às
atividades realizadas pelos estudantes.
Tabela 12 - Apreciação da rapidez do retorno por parte da tutoria por disciplina (item 20)
Disciplina Polo Não con-cordo
Con-cordo pouco
Concor-do
parcial-mente
Concor-do
bastante
Con-cordo total-
mente
Não respon-deram
Total
Tecnolo-gia Hipermí-dia e Multimídia
Barra do Bugres
1 0 2 7 1 11
Lucas do Rio Verde
6 2 5 6 0 19
Algorit-mos
Barra do Bugre
0 3 7 3 4 17
Guarantã do Norte
4 2 4 1 0 11
Juína 0 2 8 8 6 24
Matemá-tica Aplicada
Lucas do Rio Verde
1 2 6 2 3 1 15
Fund. de Design para Web
Juína 0 0 5 4 6 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
O retorno das atividades realizadas na disciplina Tecnologia Hipermídia e
Multimídia foi considerado pelos respondentes mais rápido no polo Barra do Bugres
do que no polo Lucas do Rio Verde (Tabela 12).
Para a disciplina Algoritmos, a rapidez da resposta do tutor a distância no
retorno das atividades dos estudantes foi melhor no polo Juína. Para os
respondentes do polo Barra do Bugres, a velocidade deste retorno poderia ser
61
melhor e, em Guarantã do Norte, essa velocidade de retorno não foi considerada
satisfatória.
Nas disciplinas de Matemática Aplicada e Fundamentos de Design para Web,
que foram ministradas nos polos Lucas do Rio Verde e Juína, respectivamente, a
percepção da rapidez no retorno das atividades dos estudantes também foi avaliada
(Tabela 12), e os respondentes afirmaram que este foi mais rápido em Fundamentos
de Design para Web do que em Matemática Aplicada.
Para a categoria Tutoria é possível concluir pelas respostas que os
estudantes apreciaram mais a motivação dada pelo tutor presencial do que o apoio e
retorno dado pelo tutor a distância, embora este tenha sido apreciado de forma
muito diferente, consoante as disciplinas e polos.
4.4 USABILIDADE PEDAGÓGICA DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA)
O AVA reúne inúmeros recursos pedagógicos e está estruturado para
subsidiar as atividades e os estudantes de um curso a distância. Sua visibilidade
ocorre por ser o cerne do processo de ensino e aprendizagem do curso.
Foram agregados a esta categoria 9 itens que procuraram avaliar a clareza, a
variedade e riqueza dos recursos do AVA, a sua utilização de forma interativa e
cooperativa e o incentivo a realização de atividades práticas.
A análise de confiabilidade dos itens agregados à categoria resultou no valor
do teste de Alfa de Cronbach igual a 0,706, coeficiente de confiabilidade
considerado adequado.
Para organizar a diversidade de itens avaliados nesta categoria, propõe-se,
primeiramente, dividir os itens em quatro grupos: 1º clareza dos recursos, 2º
variedade, 3º realização de atividades práticas e 4º utilização dos recursos de forma
a estimular o diálogo e a interatividade. Posteriormente, por meio de uma escala,
construída sobre a soma dos valores correspondentes à avaliação dada pelos
respondentes aos grupos de itens, procurou-se classificar a opinião deles.
O grupo da clareza reúne o item 4, que trata da clareza dos objetivos da
aprendizagem, e os itens 12 e 18, que tratam da clareza textual do material utilizado
na disciplina. Para este grupo, formado por três itens, o valor mínimo da soma é 3,
que corresponde a três avaliações do tipo “Não concordo”, que tem valor unitário
62
equivalente a 1; o valor máximo é 15, que corresponde a três avaliações do tipo
“Concordo totalmente”, que tem valor unitário equivalente a 5.
O valor da soma foi classificado em três níveis, a saber: pouco claro (soma
entre 3 e 6), parcialmente claro (soma entre 7 e 11) e muito claro (soma entre 12 e
15). Seguem as avaliações por disciplinas nos polos.
4.4.1 Clareza dos recursos
Tabela 13 – Clareza do AVA, por disciplina
Disciplina Polo Pouco Claro
Parcialmente Claro
Muito Claro
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
Barra do Bugres 0 5 6 11
Lucas do Rio Verde
0 16 3 19
Algoritmos
Barra do Bugres 1 7 9 17
Guarantã do Norte 0 5 6 11
Juína 2 9 13 24
Matemática Aplicada Lucas do Rio Verde
0 8 7 15
Fundamentos de Design para Web
Juína 0 9 6 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
Os respondentes que cursaram Tecnologia Hipermídia e Multimídia nos polos
Barra do Bugres e Lucas do Rio Verde não consideraram o AVA totalmente claro
(Tabela 13).
Já para os respondentes que cursaram Algoritmos nos polos Barra do Bugres,
Guarantã do Norte e Juína, o material contido no AVA foi considerado de parcial a
muito claro (Tabela 13).
Para as disciplinas Matemática Aplicada e Fundamentos de Design para Web,
avaliadas nos polos Lucas do Rio Verde e Juína, respectivamente, a maioria dos
respondentes consideraram que o AVA foi parcialmente claro (Tabela 13).
4.4.2 Variedade dos recursos
O grupo da variedade reuniu o item 7, que trata da variedade dos materiais
utilizados no AVA, o item 8, que relaciona a variedade de recursos empregados com
o aprendizado e o item 22, que relaciona exclusivamente a variedade de recursos
audiovisuais com o aprendizado dos estudantes.
63
Também para este caso, procurou-se saber dos respondentes como eles
avaliaram o conjunto do AVA segundo a variedade dos recursos por ele empregada,
utilizando uma escala em que a soma dos valores traduz essa avaliação. O valor
mínimo da escala é 3, que corresponde a três avaliações de “Não concordo” (valor
unitário equivalente a 1) e o valor máximo é 15, que corresponde a três afirmações
de “Concordo totalmente”, (valor unitário equivalente a 5).
Desta forma, a escala foi dividida em três níveis, a saber: pouco variado
(soma entre 3 e 6), parcialmente variado (soma entre 7 e 11) e muito variado (soma
entre 12 e 15).
Tabela 14 – Variedade do AVA, por disciplina
Disciplina Polo Pouco variado
Parcialmente variado
Muito variado
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
Barra do Bugres 2 6 3 11
Lucas do Rio Verde
3 11 5 19
Algoritmos
Barra do Bugres 2 10 5 17
Guarantã do Norte
4 5 2 11
Juína 4 12 8 24
Fundamentos de Design para Web
Juína 1 6 8 15
Matemática Aplicada Lucas do Rio Verde
1 10 4 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
A maior parte dos respondentes que cursaram Tecnologia Hipermídia e
Multimídia, nos polos Barra do Bugres e Lucas do Rio Verde, considerou que os
recursos utilizados no AVA eram moderadamente variados, como é possível verificar
na Tabela 14.
Em Algoritmos, avaliado em três polos (Barra do Bugres, Guarantã do Norte e
Juína), a leitura da Tabela 14 mostra que grande parte dos respondentes considerou
que o AVA foi parcialmente variado.
De acordo com os itens formulados para este grupo, ao considerar que o AVA
foi parcialmente variado, indica-se que a ajuda que os recursos propuseram a
oferecer poderia ser mais efetiva.
Na Tabela 14 mostra que o AVA da disciplina Fundamentos de Design para
Web, ministrada em Juína, foi considerado pelos respondentes como muito variado.
64
Já na disciplina Matemática Aplicada, ministrada em Lucas do Rio Verde, os
estudantes consideraram os recursos do AVA empregados como sendo
parcialmente variados.
4.4.3 Realização de atividades práticas
Para o grupo de atividades práticas, composto apenas pelo item 21, procurou-
se avaliar como o AVA suscitou a realização de atividades práticas pelos
respondentes.
Tabela 15 – Realização de atividades práticas, por disciplina
Disciplina Polo Não con-cordo
Con-cordo pouco
Concor-do
parcial-mente
Con-cordo
bastan-te
Con-cordo total-mente
Não respon-deram
Total
Tecnolo-gia Hipermí-dia e Multimídia
Barra do Bugres
0 2 4 3 2
11
Lucas do Rio Verde
3 2 6 5 3
19
Algoritmos
Barra do Bugres
0 3 8 4 2
17
Guaran-tã do Norte
1 1 3 3 3
11
Juína 0 4 6 10 3 1 24
Fund. de Design para Web
Juína 0 3 5 3 4
15
Matemá-tica Aplicada
Lucas do Rio Verde
0 4 8 2 1
15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
De acordo com a Tabela 15, grande parte dos respondentes da disciplina
Tecnologia Hipermídia e Multimídia, ministrada nos polos de Barra do Bugres e
Lucas do Rio Verde, concordaram parcialmente com o fato do AVA estimular a
realização de atividades práticas relacionadas ao conteúdo.
Para os respondentes que cursaram Algoritmos, a avaliação sobre a
realização de atividades práticas foi diferente de acordo com o polo. Em Barra do
Bugres, grande parte dos respondentes afirmou que o AVA não estimulou
suficientemente a realização das atividades práticas suficientemente. Enquanto em
65
Guarantã do Norte, os respondentes se mostraram divididos ao avaliar este item, em
Juína, grande parte concordou bastante com a afirmação de que o AVA permitiu a
realização de atividades práticas relacionadas ao conteúdo de Algoritmos.
Ao avaliar como parcial o estímulo do AVA aos estudantes para que eles
realizassem atividades práticas relacionadas à disciplina, os respondentes
identificaram o processo de ensino e aprendizagem como muito ligado à teoria,
existindo pouco espaço para o estudante exercitar a prática, apesar de o curso de
tecnologia ser fortemente relacionado à prática da profissão.
A Tabela 15 permite observar que, tanto na disciplina de Fundamentos de
Design para Web, ministrada no polo Juína, quanto na disciplina Matemática
Aplicada, ministrada em Lucas do Rio Verde, os respondentes afirmaram que não
ter sido suscitada, de forma efetiva, a realização de atividades práticas relacionadas
com o conteúdo da disciplina.
4.4.4 Utilização de recursos de forma interativa
Por último, na categoria AVA, avaliou-se o grupo Utilização de recursos de
forma interativa suscitando o diálogo. Faz parte deste grupo o item 25, que diz
respeito ao uso dos recursos Fórum e Chat para estabelecer o diálogo entre os
estudantes. Apesar da web conferência não fazer parte do AVA, o estudo procurou
completar a informação relativa à interação, questionado em que medida a web
conferência contribuiu para estabelecer o diálogo com os tutores e os colegas em
prol da resolução de problemas, conforme o item 27.
Também neste caso se utilizou uma escala abrangendo a soma das
frequências das respostas, em que o valor mínimo é 2, (dois valores da resposta 1 -
Não concordo) e o valor máximo é 10 (soma de duas notas 5 - Concordo
totalmente). Considerou-se como primeiro nível desta escala, os valores entre 2 e 4,
equivalente a recursos do AVA pouco estimulantes de interação; como segundo
nível, os valores intermédios, entre 5 e 7 (AVA em parte estimulando a interação) e,
como terceiro nível, valores entre 8 e 10, (AVA muito estimulador da interação).
Apresentamos, em seguida, os resultados deste grupo por disciplina.
66
Tabela 16 – Utilização dos recursos do AVA para estimular o diálogo na disciplina
Disciplina Polo Pouco diálogo
Algum diálogo
Muito diálogo
Não responderam
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
Barra do Bugres
1 7 3 11
Lucas do Rio Verde
11 5 2 1 19
Algoritmos
Barra do Bugres
5 9 3 17
Guarantã do Norte
2 4 4 1 11
Juína 6 6 12 24
Fundamentos de Design para Web
Juína 3 4 8 15
Matemática Aplicada
Lucas do Rio Verde
5 10 0 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015). Os respondentes da disciplina Tecnologia Hipermídia e Multimídia consideram
o AVA construído para a disciplina como pouco ou parcialmente estimulador de
diálogo. No polo de Lucas do Rio Verde este resultado é ainda mais expressivo com
a maioria dos respondentes a considerar reduzido o estímulo ao diálogo, conforme a
Tabela 16.
Para os respondentes que cursaram a disciplina Algoritmos, houve opiniões
divergentes. Enquanto, no polo de Barra do Bugres, o AVA foi considerado parcial a
pouco estimulador do diálogo, no polo Juína, o AVA estimulou muito o diálogo. Os
respondentes do polo Guarantã do Norte estão divididos em sua opinião, com 4
respondentes afirmando que o AVA, parcialmente, estimulou o diálogo e 4
considerando forte esse estímulo.
Houveram diferentes opiniões para as disciplinas Fundamentos de Design
para Web e Matemática Aplicada, segundo os respondentes. No AVA da disciplina
Fundamentos de Design para Web, foi considerado que houve muito estímulo ao
diálogo, enquanto que no AVA da disciplina Matemática Aplicada, moderado ou
pouco estímulo ao diálogo foi proporcionado.
Dentre os itens avaliados pelo estudo do AVA, relativos à riqueza dos
recursos utilizados, destaca-se a percepção que o estudante teve dos recursos
audiovisuais, especialmente os vídeos e a web conferência (item 22 e 27). O item 22
procura saber se os estudantes consideram que estes recursos ajudaram no
67
aprendizado. Já o item 27 ausculta a opinião dos estudantes sobre a utilização da
web conferência para esclarecer dúvidas, pode ser conferido na Tabela 16, onde os
respondentes dos polos Barra do Bugres e Lucas do Rio Verde afirmaram que o uso
da web conferência não ajudou no aprendizado.
É importante frisar que o uso do recurso da web conferência pode sofrer
variação em cada polo e, mais significativamente por disciplina. A escolha do uso do
recurso, a frequência e a condução das atividades são realizadas, na maioria dos
casos, pelos tutores a distância, seguidos dos professores.
Outro fator que pode influenciar a avaliação da web conferência está ligado à
tecnologia. Para se obter qualidade aceitável das transmissões via internet, é
necessária a utilização de recursos consideráveis, pois a web conferência transmite
dados de som e imagem e estas informações necessitam de velocidade e largura de
banda suficientes para que a qualidade da transmissão seja satisfatória. Embora
utilize menos recursos tecnológicos, o bate-papo ou chat, considerado um recurso
síncrono, necessita primeiramente que haja uma conexão de internet que assegure
aos interlocutores (estudantes e tutores), apostos em seus locus, ao mesmo tempo,
possam se comunicar adequadamente.
4.5 PAPEL DA WEB CONFERÊNCIA NA APRENDIZAGEM
Seguidamente, analisa-se o uso desses recursos, nos diferentes polos e
disciplinas.
Tabela 17 – Apoio da web conferência ao aprendizado da disciplina
Disciplina Polo Não con-cordo
Concor-do
pouco
Concor-do
parcial-mente
Concor-do
bastante
Concor-do total-mente
Não respon-deram
Total
Tecnolo-gia Hipermí-dia e Multimídia
Barra do Bugres
4 3 2 1 1 11
Lucas do Rio Verde
7 3 3 4 1 1 19
Algoritmos
Barra do Bugres
2 3 2 6 4 17
Guarantã do Norte
2 1 4 1 2 1 11
Juína 1 2 4 8 8 1 24
(Continuação)
68
(Conclusão)
Disciplina Polo Não con-cordo
Concor-do
pouco
Concor-do
parcial-mente
Concor-do
bastante
Concor-do total-mente
Não respon-deram
Total
Fund. de Design para Web
Juína 0 2 4 3 6 15
Mate-mática Aplicada
Lucas do Rio Verde
2 2 4 4 3 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
Como se pode conferir na Tabela 17, os respondentes dos polos Barra do
Bugres e Lucas do Rio Verde consideraram que o uso da web conferência não
ajudou no aprendizado de Tecnologia Hipermídia e Multimídia.
Na disciplina de Algoritmos, a utilização da web conferência como ajuda no
aprendizado foi bem avaliada nos polos de Barra do Bugres e Juína. No polo
Guarantã do Norte, os respondentes afirmaram que o recurso em questão os ajudou
parcialmente.
A leitura da Tabela 17 mostra que os respondentes das disciplinas
Fundamentos de Design para Web, do polo Juína, e a disciplina Matemática
Aplicada, do polo Lucas do Rio Verde, mostraram-se divididos ao avaliar o apoio da
web conferência ao aprendizado. Isto significa que, para eles, a percepção da
validade do recurso não foi a mesma, o que pode ser resultado do uso que as
diferentes disciplinas dele fizeram. Quando o recurso não é percebido como uma
ajuda a aprendizagem, tal pode estar relacionado com o pouco uso do recurso, com
seu uso indevido ou, ainda, com a pouca participação dos estudantes nas sessões
de web conferência.
Tabela 18 - Utilização da web conferência para estabelecer o diálogo visando a solução de
problemas na disciplina
Disciplina Polo Não con-cordo
Con-cordo pouco
Concordo parcial-mente
Con-cordo
bastan-te
Con-cordo total-
mente
Não respon-deram
Total
Tecnolo-gia Hipermí-dia e Multimídia
Barra do Bugres
1 2 3 4 1 11
Lucas do Rio Verde
5 3 8 2 0 1 19
(Continuação)
69
(Conclusão)
Disciplina Polo Não con-cordo
Con-cordo pouco
Concordo parcial-mente
Con-cordo
bastan-te
Con-cordo total-
mente
Não respon-deram
Total
Algoritmos
Barra do Bugres
3 2 5 3 4 17
Guarantã do Norte
1 0 3 2 4 1 11
Juína 0 3 5 6 9 1 24
Fund. de Design para Web
Juína 0 2 3 4 6 15
Matemá-tica Aplicada
Lucas do Rio Verde
2 5 5 3 0 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
Quando se trata do uso da web conferência como forma interativa de solução
de dúvidas nas disciplinas, a Tabela 18 mostra que, em Tecnologia Hipermídia e
Multimídia, este recurso não foi visto como tendo satisfeito este fim.
Para a disciplina Algoritmos, a avaliação do uso da web conferência variou
por polo. Ela foi melhor apreciada no polo Juína, moderadamente no polo Guarantã
do Norte e foi mostrada, no polo Barra do Bugres, alguma insatisfação por parte dos
respondentes.
O uso da web conferência foi bem avaliado, ou seja, ajudou o respondente a
esclarecer suas dúvidas, na disciplina Fundamentos de Design para Web, ministrada
no polo Juína (Tabela 18). Já na disciplina Matemática Aplicada, os respondentes
consideraram que o uso do referido do recurso não veio resolver as suas dúvidas.
4.6 AUTONOMIA E AUTOAVALIAÇÃO DO ESTUDANTE
No início do estudo foram criadas duas categorias, intituladas,
respectivamente, Autonomia e Autoavaliação, agrupando diversos itens. A primeira
procurava identificar o quanto o estudante pode exercitar esta importante
característica da aprendizagem nas disciplinas em análise, ou seja, em que medida
elas incentivam os estudantes a ser autônomos e permitem que eles escolham a
melhor forma de progredir em seus estudos. A segunda visava conhecer em que
medida o estudante avalia a sua dedicação às disciplinas, as aprendizagens nelas
70
realizadas e a possibilidade que as disciplinas lhe proporcionaram de testar os seus
conhecimentos.
Porém, as respostas dadas pelos estudantes, quando analisadas segundo o
teste Alfa de Cronbach, não mostraram confiabilidade satisfatória para que se
pudessem constituir as categorias. Assim, optou-se por proceder à análise por item,
e não por categoria, selecionando os mais significativos.
4.6.1 Pedido de ajuda pelo estudante
A ajuda recebida pelo estudante, seja do tutor (item 9) ou dos próprios
colegas (item 26), foi analisada nas categorias Tutoria e Cooperação. Porém, o item
5 do questionário procurou saber se houve, por parte do estudante, proatividade na
busca essa ajuda.
Tabela 19 - Pedido de ajuda do estudante, por disciplina (Item 5)
Disciplina Não con-cordo
Concordo pouco
Concordo parcial-mente
Concor-do
bastante
Concordo totalmente
Não respon-deram
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
3 8 11 2 6
30
Matemática Aplicada
0 9 2 3 1
15
Algoritmos 3 6 10 15 16 2 52
Fundamentos de Design para Web
1 1 5 4 4
15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
De acordo com a Tabela 19, os respondentes da disciplina Algoritmos foram
os que mais pediram ajuda quando tiveram dificuldades na disciplina. Os
respondentes de Tecnologia Hipermídia e Multimídia e Fundamentos de Design para
Web e, por último os de Matemática Aplicada, por essa ordem, foram os que menos
pediram a ajuda a seus pares.
Em relação ao apoio do tutor a distância nas dificuldades, a Tabela 10 já
havia mostrado que os tutores de Algoritmos e Fundamentos de Design para Web
deram mais apoio aos respondentes que os das outras disciplinas. Esse apoio dado
pelos tutores pode ter motivado esses estudantes a recorrerem mais aos seus
tutores à distância sempre que tiveram dúvidas.
71
Por outro lado, mostrou que os respondentes de Algoritmos e Fundamentos
de Design para Web foram os que mais se ajudaram mutuamente nas dificuldades
da disciplina. Assim, foi também em Algoritmos que os estudantes mais pediram e
mais receberam ajuda de seus colegas, um indício que a colaboração deve ter
funcionado de forma mais efetiva nesta disciplina.
4.6.2 Possibilidade de escolha de atividades de acordo com o progresso
individual
O item 13 do questionário trata da autonomia do estudante em criar seu
próprio percurso formativo por meio da escolha de atividades adequadas ao seu
progresso na disciplina.
Tabela 20 - Escolha de atividades de acordo com o progresso individual do estudante, por disciplina (item 13)
Disciplina Não
concor-do
Con-cordo pouco
Concordo parcial-mente
Concor-do
bastante
Concordo totalmente
Não respon-deram
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
4 8 7 10 1
30
Matemática Aplicada
2 5 4 2 2
15
Algoritmos 10 11 12 11 5 3 52
Fundamentos de Design para Web
2 4 4 3 2
15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
Na Tabela 20 podemos constatar uma considerável discordância com o
enunciado do item, ou seja, os respondentes não consideram que tenham podido
escolher atividades adequadas ao seu progresso na disciplina. Apenas em
Algoritmos e Tecnologia Hipermídia e Multimídia, 11 e 10 respondentes,
respectivamente, concordaram bastante com a afirmação.
4.6.3 Dedicação do estudante ao estudo das disciplinas
Dois itens do questionário, 2 e 31, dizem respeito à dedicação do estudante
ao estudo das disciplinas. O item 2 diz respeito à avaliação que o estudante faz das
condições materiais e pessoais para dedicação à disciplina.
72
Tabela 21 - Condições materiais e pessoais para dedicação à disciplina (Item 2)
Disciplina Não con-cordo
Con-cordo pouco
Concordo parcial-mente
Concordo bastante
Concordo totalmente
Não respon-deram
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
1 10 9 8 2 30
Matemática Aplicada
0 2 7 3 3 15
Algoritmos 5 9 19 9 9 1 52
Fundamentos de Design para Web
0 2 4 6 3 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
A leitura da Tabela 21 mostra que a maioria dos respondentes, de todas as
disciplinas, evidenciou satisfação muito mediana com os recursos, tanto materiais
como pessoais, necessários para a dedicação à disciplina. A insatisfação é mais
expressada na disciplina de Tecnologia Hipermídia e Multimídia.
Tabela 22 – Insuficiente dedicação à disciplina por motivos pessoais (Item 31)
Disciplina Não
concordo
Con-cordo pouco
Concordo parcial-mente
Con-cordo
bastante
Concordo totalmente
Não respon-deram
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
6 6 8 8 1 1 30
Matemática Aplicada
2 3 8 2 0 15
Algoritmos 13 10 7 14 6 2 52
Fundamentos de Design para Web
4 2 4 3 1 1 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
No item 31, para verificar a consistência e coerência das respostas, a questão
é formulada com uma negativa: “Por motivos pessoais, a minha dedicação a esta
disciplina não foi a necessária”.
Verificou-se que, em Algoritmos, 13 respondentes não concordaram com o
item, mas 14 respondentes concordaram bastante, mostrando estes que consideram
73
que a sua dedicação não foi a necessária, devido à por motivos pessoais (Tabela
22).
Ao analisar as outras disciplinas, conclui-se que, além de Algoritmos, os
respondentes afirmaram que, nas disciplinas Tecnologia Hipermídia e Multimídia,
Matemática Aplicada e Fundamentos de Design para Web, problemas de ordem
pessoal afetaram parcialmente a dedicação às respectivas disciplinas.
Uma análise conjunta dos itens 2 e 31 mostra que os respondentes
consideram que a sua dedicação às disciplinas foi afetada pela falta de recursos
materiais e, também, por fatores pessoais.
4.6.4 Avaliação da aprendizagem feita pelo estudante
O item 16 do questionário incentiva o estudante a realizar uma análise da sua
própria aprendizagem nas disciplinas.
Tabela 23 – Autoavaliação da aprendizagem na disciplina (item 16)
Disciplina Não
concordo Concordo
pouco Concordo
parcialmente Concordo bastante
Concordo totalmente
Total
Tecnologia Hipermídia e Multimídia
1 7 11 5 6 30
Matemática Aplicada
0 3 7 5 0 15
Algoritmos 3 8 12 18 11 52
Fundamentos de Design para Web
0 2 2 5 6 15
Total de respostas 112
Fonte: O autor (2015).
De acordo com a Tabela 23, os respondentes das disciplinas Tecnologia
Hipermídia e Multimídia e Matemática Aplicada foram os que menos avaliaram como
positiva a sua aprendizagem nessas disciplinas. Para os estudantes da disciplina
Algoritmos e, de forma mais efetiva na disciplina Fundamentos de Design para Web,
a avaliação foi um pouco melhor, ou seja, grande parte desses estudantes
considerou satisfatória sua aprendizagem nessas disciplinas.
74
4.7 DIFICULDADES SENTIDAS PELOS ESTUDANTES E SUGESTÕES
As respostas dadas às questões abertas foram tratadas segundo o método de
análise de conteúdo proposto por Bardin (2009) e são apresentadas a seguir.
4.7.1 Dificuldades sentidas pelos estudantes
Com base nas respostas à questão número 33 do questionário, foram
identificadas categorias conceituais que relacionam as principais dificuldades
sentidas pelos estudantes nas disciplinas cursadas, a saber: falta de apoio do tutor,
falta de conhecimentos anteriores, dificuldade no modelo a distância, dificuldade
pedagógica, dificuldade tecnológica, falta de materiais, organização da disciplina,
organização do tempo.
Falta de apoio do tutor: Esta categoria surgiu da identificação das dificuldades
que o estudante enfrentou e que se relacionam diretamente com a atuação do tutor,
seja presencial ou a distância. O tutor em um curso baseado no modelo a distância é
responsável pelo suporte ao estudante, principalmente nos momentos onde este tem
dúvidas, oriundas das atividades da disciplina que realiza sozinho ou em grupo; ou
quando este necessita de suporte para desenvolver sua autonomia. Para atender a
demanda dos estudantes, o ideal é que o tutor tivesse formação ou conhecimentos
equivalentes e suficientes na área do curso. Segundo a avaliação dos estudantes, é
possível que este patamar não tenha sido obtido:
“A falta de um tutor com experiência na disciplina...” [R23].
“Não conhecer ninguém que saiba fazer isso por aqui.” [R30].
Ao realizar a intermediação entre o professor da disciplina e os estudantes, o
tutor cumpre um dos seus papéis mais importantes. O tutor a distância é o apoio
direto do professor da disciplina no polo enquanto que o tutor presencial detém visão
sistêmica do curso e pode prestar auxílio em várias disciplinas. Em ambos os casos,
existe proximidade com o estudante. Assim, ao corrigir uma atividade no AVA do
curso para a disciplina, é importante observar que existe um tempo de resposta do
qual o estudante depende para refletir sobre seu desenvolvimento. Diferente de uma
sala de aula convencional, onde o feedback é obtido diretamente com o professor, a
educação a distância necessita dos tutores para organizar a estrutura que o modelo
percebe. Na opinião seguinte, o fator tempo de resposta é apontado como
dificuldade.
75
“A falta de retorno nas atividades postadas. Assim, não pude saber de
imediato se estava indo bem ou não. Falta de contato com os professores e tutores,
pois esse contato não depende apenas dos alunos.” [R44].
É possível notar na fala anterior que o estudante está consciente que ele não
é o único responsável pelo estabelecimento da comunicação. O contato o qual se
refere pode se dar via AVA, o que é mais comum, e-mail ou telefone. Assim, quando
a comunicação não flui bidirecionalmente, a comunicação em geral é prejudicada, o
que pode desmotivar o estudante.
Na avaliação seguinte, é possível notar duas categorias de dificuldades ao
mesmo tempo:
“A distância do aluno ao professor.” [R104].
A primeira vista, a distância é percebida pelo estudante como uma
dificuldade. Ou seja, o estudante não percebeu que a distância é um componente
desta modalidade e que deve utilizá-la ao seu favor, intensificando o contato com o
polo de apoio. Ao perceber a distância como dificuldade na relação com o professor,
evidencia-se que o tutor não está presente na relação da forma como deveria, ou
seja, ajudando o estudante a superar a distância para aprender.
Falta de conhecimentos anteriores: Esta categoria compreende a dificuldade
do estudante em acompanhar as aulas devido a não ter conhecimentos que sirvam
de suporte ao conteúdo ministrado. Para alguns respondentes, o longo período fora
da sala de aula foi apontado como principal dificuldade no curso.
“Já ter visto o conteúdo há muito tempo.” [R2].
“Várias (dificuldades), pois faz tempo que não estudava, por isso tive que
correr atrás do prejuízo.” [R5].
Na resposta seguinte, o estudante aponta que a maior dificuldade é relembrar
os conteúdos, mostrando que, por parte da organização da disciplina, não foi
proporcionada oportunidade para relembrar conteúdos importantes necessários ao
progresso da aprendizagem do estudante.
“Relembrar os conteúdos, devido a um afastamento da escola (15 anos).”
[R102].
Verifica-se que o emprego da palavra “tempo” é recorrente nas respostas.
Existem casos em que a palavra é empregada várias vezes, denotando a
importância deste fator e a sua relação com a necessidade de ter conhecimentos
prévios:
76
“o fato de estar há algum tempo fora da escola, ter ficado o tempo parado,
sem entrar na faculdade a tempo, etc.” [R6].
Na resposta seguinte, é possível perceber a importância de um material
didático preparado com o objetivo inicial de resgatar conhecimentos anteriores.
“É que nunca tinha visto a disciplina. Porém, com o material bem explicado
deu para pegar um pouco.” [R17].
Dificuldades na modalidade a distância: Esta categoria abrange as
dificuldades do estudante em se adequar ao funcionamento da educação a
distância. Sabe-se que grande parte dos estudantes tem origem no ensino
presencial e, dentre estes, uma parcela está fora da sala de aula há algum tempo.
Assim, a compreensão sobre o funcionamento da educação a distância é
fundamental para seu sucesso e ajuda a evitar a evasão que, no curso avaliado,
costuma ser maior no primeiro semestre. Para ajudar na adaptação do estudante, o
curso oferece uma disciplina inicial que apresenta as principais características desta
modalidade de ensino.
De acordo com os avaliados, as principais dificuldades foram a distância dos
professores e a falta de mais aulas presenciais, como é possível ver nas respostas
seguintes:
“tive muitas dúvidas por não estar na presença do professor, muitas delas
continuo.” [R3].
“A distância do professor com o aluno. Por ser uma disciplina nova para
todos.” [R25].
“Se houvesse mais aulas presenciais seria bem melhor.” [R43].
É possível notar que os estudantes sentem a necessidade de ter mais aulas
presenciais para sanar suas dúvidas, o que pode sugerir que as atividades a
distância podem não estar suprindo as necessidades dos estudantes. Outros
evocam a falta da presença física do professor, como dificuldade, relembrando o
modelo anterior que frequentavam.
Em outra avaliação, esta dificuldade se alia a outras, ensejando um perigoso
conjunto de fatores que pode levar o estudante à evasão.
“A falta de aulas presenciais, mais materiais, a dificuldade para entender o
conteúdo, o que se pedia na atividade.” [R53].
Dificuldades pedagógicas: Esta categoria agrega as dificuldades do estudante
em compreender o conteúdo ensinado, devido a problemas relacionados com: a)
77
complexidade da disciplina; b) a não compreensão da sua proposta e c) falta de
qualidade dos materiais. Tais itens agem diretamente na evolução do estudante na
disciplina do curso e podem contribuir para sua evasão.
a) Complexidade da disciplina: algumas disciplinas foram consideradas
complexas por não oportunizarem meios de embasarem o estudante e não haver
clareza na abordagem dos conteúdos:
“Matemática é uma matéria difícil, tive mais dificuldades nos conteúdos mais
complexos.” [R8].
“a linguagem pouco clara e a falta de mais exemplos.” [R7].
“uma matéria que não tivemos base, cada dia complica ainda mais...” [R62].
b) Não compreensão da proposta da disciplina: Para estes, a dificuldade
está em não saber como a disciplina está organizada, seus objetivos e demais
informações que possam deixar clara sua função dentro do curso:
“Entender como funciona a disciplina, para que ela serve e no quê ela vai
ajudar.” [R46]
“não consegui me encontrar dentro desta disciplina.” [R68].
“por não saber por onde começar e o que fazer no início.” [R84].
c) Houve estudantes que apontaram o material didático (ou a sua falta)
como contribuição para as dificuldades na aprendizagem das disciplinas:
“material pouco objetivo e pouco estimulante ao aprendizado.” [R97].
“senti dificuldade nas tarefas por não entender o conteúdo, acho que se
tivesse os livros entenderia mais.” [R82].
Dificuldades tecnológicas: Esta categoria compreende as dificuldades dos
estudantes em realizar atividades devido a problemas de hardware e de software. A
dificuldade de operação de um equipamento ou de um programa de computador foi
apontada pelos avaliados, considerando que o curso pretende formar profissionais
atuantes justamente em áreas ligadas à tecnologia da informação. Seguem relatos
dessas dificuldades:
“Desenvolver as atividades no Visualg.” [R31].
“A principal dificuldade foi aprender a usar o programa Everest e outros desse
tipo.” [R42].
No caso seguinte, considera-se que além da dificuldade em enviar a
atividade, que é realizada via AVA, o estudante considera que o conteúdo foi
trabalhado de forma rápida, relacionado à organização do tempo na disciplina.
78
“envio de atividades, rapidez do conteúdo.” [R1].
Falta de materiais: Esta categoria compreende a dificuldade em acompanhar
a disciplina devido à falta de materiais didáticos utilizados por ela. Relacionam-se
como materiais didáticos os livros, as vídeo-aulas, entre outros recursos didáticos
importantes para a compreensão do conteúdo que está disponível no AVA. Além da
disponibilidade, os materiais precisam estar adequados à metodologia a distância,
pois estes vão subsidiar o estudante em sua autonomia. A percepção dos materiais
como uma dificuldade é apontada nos relatos seguintes:
“foram as apostilas, principalmente da matéria funções, onde só consegui
entender mesmo com vídeos de telecurso 2000.” [R11].
Note-se que, conforme este relato, o respondente precisou recorrer a
materiais de outros cursos para poder ter subsídios na disciplina.
“Tudo era novidade. Não recebemos apostilas impressas. Precisa de tempo
para estudar bem o conteúdo.” [R16].
No caso anterior, o fator tempo é lembrado como aliado da aprendizagem,
indicando que quanto antes o material fosse entregue ao estudante, melhor este
poderia estudar o conteúdo da disciplina.
Os estudantes fazem menção à falta das web conferências e das vídeo aulas,
que também são considerados materiais e dos livros (apostilas) das disciplinas, que
não foram entregues a tempo aos alunos nos polos:
“material didático, pouca web conferência, ainda mais por se tratar de
matemática.” [R15].
“A falta de vídeos (principalmente da parte do professor), pois os vídeos são
de suma importância.” [R24].
“a falta de material impresso.” [E95].
Organização da disciplina: Esta categoria compreende as dificuldades
relacionadas com a ministração das aulas, das web conferências e dos fóruns.
Evidencia problemas relacionados com a organização destes recursos, de acordo
com o cronograma da disciplina:
“não foram realizadas as aulas presenciais como devia ter tido.” [R47].
“a web conferência tardou para acontecer. Deveria ter acontecido antes.”
[R112].
“horários de web conferência.” [R70].
“aula presencial muito corrida, além de ser uma só.” [R55].
79
“Teve apenas uma aula presencial no decorrer das semanas. O tutor poderia
relatar a página e o que iria estudar.” [R56].
No relato anterior, a dificuldade foi potencializada pelo tutor, que segundo o
respondente, poderia ter facilitado mais o processo.
Por vezes, o respondente tem a ideia que a educação a distância necessita
ter maior número de aulas presenciais para ser efetivo.
“a falta de encontros, pois nessa matéria deveria ter bem mais aulas
presenciais.” [R80].
Organização do tempo: Esta categoria compreende a dificuldade do
estudante em organizar seu tempo de estudo na modalidade a distância. Sabe-se
que a organização do tempo é fundamental para a consecução das atividades dos
estudantes. Nos relatos seguintes, percebe-se que o estudante tem a percepção que
o tempo sempre parece ser insuficiente para suas atividades.
“Pouco tempo para estudar.” [R33].
“As dificuldades são: que há muitas atividades de outras disciplinas para fazer
e sobra pouco tempo para a dedicação de Algoritmos.” [R63].
“acúmulo de atividades, pouco intervalo de uma disciplina para outra.” [R99].
“somente falta de tempo para estudar mais.” [R100].
“tempo disponível foi curto em momentos, devido atividades e estudos de
outras matérias”. [R73].
“o ritmo de evolução dos assuntos, sem haver retorno apropriado.” [R13].
Note-se que, na última resposta, o estudante aliou o tempo (ritmo) à falta de
retorno de suas atividades, provavelmente por parte do tutor. Considera-se esta
dificuldade como potencialmente desmotivadora, podendo levar à evasão.
4.7.2 Apreciação sobre a ajuda do tutor presencial
A questão 34 indagava sobre “O que você considera mais importante na
ajuda que recebeu do seu tutor presencial?” e deu origem às categorias: qualidade
do atendimento, disponibilidade, domínio do assunto, incentivo e motivação.
Qualidade do atendimento: O tutor presencial é o suporte do curso no polo.
De acordo com sua disponibilidade acertada com a coordenação de polo, ele
permanece disponível em determinados dias e horários para atender às demandas
dos estudantes. Essas demandas costumam estar relacionadas a assuntos do curso
80
e das disciplinas. É o membro do curso mais próximo do estudante durante a
semana, considerando que o suporte presencial do tutor a distância costuma ser aos
finais de semana. Assim, os trechos seguintes evidenciam diversos aspectos pelos
quais o atendimento que os tutores presenciais dispensam aos estudantes foi
lembrado:
“As informações eram sempre bem claras.” [R3].
“O que eu considero importante é a disposição e a compreensão dele sempre
que procuro.” [R79].
“a força de vontade em tirar as dúvidas e fazer o melhor para ajudar.” [R96].
“a paciência em dar explicações.” [R68].
“a atenção, dedicação, prestatividade.” [R102].
Disponibilidade: Ao ser procurado, o tutor presencial demonstrou estar
receptivo às situações apresentadas pelos estudantes. Os trechos seguintes
mostram que uma das características mais importante apontada pelos estudantes foi
a disponibilidade em atendê-los:
“o tutor foi muito bom, pois sempre que tivemos dúvidas ele estava disposto a
ajudar.” [R33].
“a atenção e rápido retorno.” [R49].
“ouvir as dificuldades.” [R35].
“a disposição imediata em atender todos de forma objetiva.” [R98].
“sempre esteve disposto a ajudar.” [R76].
“ela é bastante simpática. Sempre que precisamos ela está disponível para
nos auxiliar.” [R5].
Domínio do assunto: O fato de ser indicado este aspecto revela que o
estudante, nalguns casos, confundiu o papel do tutor presencial com o papel do tutor
a distância. Na realidade, ao tutor presencial compete prestar auxílio de caráter geral
e raramente ele se envolve em explicações de uma determinada disciplina. Porém,
os estudantes referem que o tutor possui domínio da matéria, chegando alguns a
afirmar que eles ministram aulas. Observa-se os trechos seguintes:
“conhecimento do conteúdo.” [R40].
“o mais importante é a forma como a aula é dada, de uma forma clara.
Objetiva.” [R41].
“o conhecimento que ele possui na área.” [R74].
81
“como a disciplina Matemática é mais complicado estudar só pela apostila,
então o tutor presencial ensinando fica mais claro o conteúdo.” [R11].
Noutros casos, o respondente demonstra saber qual a função do tutor
presencial:
“o tutor presencial incentiva, mas como não é da área (de informática), não
pode fazer muita coisa.” [R8].
Incentivo e motivação: Um dos papéis mais importantes desempenhado pelo
tutor presencial é o incentivo ao estudante, principalmente quando este lhe
apresenta dificuldades de ordem pessoal que o impedem de prosseguir o curso.
Nesse momento, o tutor deve proporcionar motivação ao estudante, para que ele
consiga superar os obstáculos e seguir adiante. A seguir, são transcritos trechos que
mostram o exercício dessa missão pelo tutor:
“o incentivo para não desistir mediante as dificuldades.” [R13].
“a sua vontade em querer que eu aprendesse a desenvolver (programas de
computador).” [R84].
“é que quando estou com dificuldades, ele tenta ajudar.” [R87].
“o incentivo para fazer as tarefas.” [R17].
“a questão motivacional e o rápido retorno nas dúvidas.” [R94].
“o incentivo com exemplos de pessoas que venceram ou acreditar que
poderiam (vencer).” [R48].
4.7.3 Sugestões de melhorias para as disciplinas
As sugestões dadas pelos respondentes para melhoria nas disciplinas
avaliadas, nos respectivos polos, foram agrupadas e constituem importante
contribuição deste estudo avaliativo em prol da melhoria do curso.
82
Quadro 8 – Sugestões para Tecnologia Hipermídia e Multimídia
Sugestões
Polo
Lucas do Rio Verde
Barra do Bugres
Mais aulas presenciais X X
Maior interação professor-tutor-estudantes X X
Material com mais conteúdo X
Maior variedade de recursos didáticos X
Maior orientação do tutor/professor X X
Mais vídeo aulas gravadas pelo professor X
Maior número de web conferência X X
Maior clareza nas atividades do AVA X
Guia de estudo detalhado e semanal X
Maior incentivo da disciplina ao estudante X
Maior quantidade de conteúdos e atividades X
Maior prazo para realizar atividades no AVA X
Maior número de atividades práticas X
Maior carga horária na disciplina X
Atividades mais complexas X
Maior objetividade nas aulas presenciais e a distância X
Fonte: O autor (2015).
Quadro 9 – Sugestões para Algoritmos
Sugestões
Polo
Juína Guarantã do Norte
Barra do
Bugres
Aumento da carga horária da disciplina; X
Mais prática nas aulas presenciais; X X
Mais encontros presenciais (fóruns); X X X
Mais vídeo-aulas por disciplina; X
Profissionais mais qualificados; X
Uso de projetos nas aulas práticas; X
Maior tempo nas aulas presenciais X
Laboratórios de informática; X
Mais material didático sobre o assunto; X X
Mais avaliações; X X
Melhora na metodologia de ensino. X
Mais atividades com os conceitos básicos da disciplina X
Mais bate-papos no AVA (chat) X
Maior interesse do tutor em acompanhar o estudante X
Mais web conferências X
Mais vídeo-aulas disponíveis X
Menos atividades no AVA X
Datas de atividades flexíveis X
Fonte: O autor (2015).
83
Quadro 10 – Sugestões para Fundamentos de Design para Web e Matemática Aplicada
Sugestões
Disciplina (Polo)
Fundamentos de Design para Web
(Juína)
Matemática Aplicada
(Lucas do Rio Verde)
Maior participação dos tutores nas atividades no AVA e no polo
X
Maior número de aulas presenciais X X
Material impresso para o estudante X X
Maior qualidade do material didático X
Mais exemplos no material didático X
Utilização de jogos matemáticos X
Maior utilização de vídeos explicativos X X
Mais web conferência para resoluções de exercícios X X
Mais avaliações X
Implantar biblioteca virtual X
Maior objetividade nas aulas presenciais X
Programar uma disciplina por vez X
Prática de análise e desenvolvimento de website X
Material didático com conteúdo específico X
Menos história da arte X
Fonte: O autor (2015).
Ao analisar as sugestões dos respondentes, é possível perceber que em
todas as disciplinas, é solicitada maior quantidade de encontros presenciais. Esta
circunstância, que só não ocorreu no polo Guarantã do Norte, na disciplina
Algoritmos (Quadro 9), pode ser interpretada de várias formas: a) as atividades
sugeridas nas disciplinas por meio do AVA não foram suficientes para suprir as
dúvidas das disciplinas; b) os encontros presenciais não foram programados de
forma a terem a rentabilidade necessária; c) os estudantes não foram devidamente
preparados para o funcionamento de um curso semipresencial, no que se refere ao
número limitado de encontros presenciais ou fóruns presenciais.
É plausível perceber que aumento da carga horária da disciplina, no caso de
Algoritmos (Quadro 9) juntamente com o aumento da quantidade de recursos, como
a vídeo aula e da web conferência, como em Tecnologia Hipermídia e Multimídia
(Quadro 8), aparecem como sugestões frequentes dos estudantes. Eles valorizam
mais o tempo que tem junto ao professor ou tutor, mesmo que virtualmente, do que
os momentos de trabalho autônomo ou com seus pares. Este é um indício de os
estudantes não são suficientemente autônomos, ou seja, que um dos critérios
pedagógicos da EAD não está sendo empregado corretamente, porque o estudante
utiliza pouco os recursos para aprender autonomamente. Isto é um problema que
84
não pode ser creditado unicamente ao estudante, mas também ao curso, que não
conseguiu criar os mecanismos necessários para esta finalidade.
Pedagogicamente, os estudantes também compreendem que a metodologia
de ensino precisa ser melhorada (Quadro 9), que as atividades presenciais precisam
ser mais objetivas (Quadro 10) e mais práticas (Quadro 8). Essas sugestões podem
ser entendidas como uma indicação para que a equipe pedagógica do curso analise
e proponha adequações na prática docente e de tutoria.
Também o material didático é objeto recorrente de sugestões. Destacam-se a
maior disponibilidade, quantidade e qualidade do material, e são também sugeridas
alterações nos seus conteúdos, mostrando que se deve dar atenção especial a este
recurso, pois o uso intenso por parte do estudante pode reduzir a dependência
excessiva que ele tem da presencialidade do professor/tutor.
85
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O presente estudo teve como objetivo avaliar a aplicação de critérios
pedagógicos da educação a distância no curso de Sistemas para Internet, mantido
pelo IFMT por meio do Sistema UAB, centrando-se em quatro disciplinas em que
existe considerável evasão e insucesso. Como já foi explicado, em um curso desta
modalidade, o sucesso do estudante deve-se, primeiramente, à sua adesão e
adequação às características da educação online. A revisão bibliográfica mostrou
que, para além da avaliação do AVA, determinar se o estudante terá ou não êxito
implica em analisar outros critérios. A autonomia, a cooperação e a motivação, neste
sentido, são condições que precisam ser estimuladas no estudante. O tutor é o
parceiro mais próximo dele e, naturalmente, dessa interação depende parte do
sucesso na modalidade. Além desses critérios, evidencia-se a qualidade do AVA,
onde está embutida a intenção pedagógica da instituição na modalidade a distância
e é o principal recurso à disposição do estudante, no seu processo de
aprendizagem. Por fim, o sucesso do estudante depende do olhar que ele lança
para sua própria trajetória enquanto aprendiz, permitindo-lhe corrigir os passos em
falso. Por meio da autoavaliação, ele pode analisar e introduzir mudanças em seu
itinerário. Percebe-se, assim, que a avaliação nestas condições é cíclica, constante,
e que seus resultados retroalimentam todo o sistema de aprendizagem.
A questão avaliativa buscava saber em que medida são aplicados os
fundamentos pedagógicos da EAD nas disciplinas do primeiro semestre de
Tecnologia em Sistemas para Internet, da UAB/IFMT, tendo em vista favorecer o
desempenho dos estudantes.
Como explicado anteriormente, este sucesso está dependente da utilização
de fundamentos da EAD que, traduzidos em critérios de avaliação, estiveram na
base da construção do questionário do estudo. Os diferentes critérios pedagógicos
da organização de um curso a distância que foram considerados deram origem às
seguintes indagações elencadas no Capítulo 3.
a) Em que medida o AVA e seus recursos favorecem a aprendizagem do
estudante?
Em termos de clareza de seus materiais, o AVA não foi considerado
totalmente claro nas disciplinas avaliadas. Quando avaliado segundo sua variedade,
o AVA foi considerado parcialmente variado, o que significa que a variedade e
86
riqueza dos recursos disponíveis no ambiente podem ser melhorados e,
possivelmente melhor explorados. Segundo os respondentes, o AVA também não
demonstrou estimular a realização de atividades práticas e de atividades em grupo.
De forma geral, os recursos e a usabilidade pedagógica do AVA foram considerados
suficientes, mas a sua concepção e utilização não permitiu que se atingisse o
esperado para um curso a distância com qualidade.
b) Até que ponto a cooperação é estimulada pela organização do ensino?
Os estudantes não utilizaram plenamente o AVA para interagir e cooperar
entre eles. Por outro lado, entre os estudantes, existiu um tímido movimento no
sentido de se ajudarem na solução de problemas. Assim, embora se possa afirmar
que alguns estudantes utilizaram sua autonomia para agir de forma colaborativa com
seus pares, falta passar à prática, no AVA, uma estratégia pedagógica assente com
o trabalho cooperativo entre estudantes.
c) Em que medida a organização da aprendizagem reforça a motivação?
Os estudantes avaliados demonstraram razoável motivação no início das
atividades das disciplinas. Porém, não consideram as atividades propostas no AVA
suficientemente motivadoras.
d) Até que ponto os tutores reforçam a motivação dos estudantes?
Neste estudo, fica evidente que os estudantes apreciam o apoio motivacional
concedido pelo tutor presencial, mas o mesmo não se aplica ao tutor a distância.
Provavelmente, a demora do feedback avaliativo relativamente às atividades
realizadas contribui para essa visão mais negativa do tutor a distância.
e) Em que medida o tutor responde em tempo hábil às dúvidas e corrige
rapidamente os trabalhos dos estudantes?
Pode parecer minimalista, dentre tantas atribuições do tutor, responder
apenas a estas questões. Porém, são nessas situações que o trabalho do tutor é
apreciado pelo estudante. No caso das disciplinas avaliadas, os estudantes
apreciaram mais o tutor presencial do que o tutor a distância, mesmo nas questões
que, em princípio, incumbem a estes últimos.
Limitações
O estudo tem limitações decorrentes do tempo e do espaço em que teve que
ser realizado. Em termos de tempo, não foi possível questionar os estudantes que, à
87
data de aplicação do questionário, já tinham evadido. Em termos de espaço, não foi
possível abarcar a totalidade dos polos, dada a sua grande distância geográfica.
Estas circunstâncias devem ser tidas em conta na interpretação dos resultados.
Recomendações
Por todos os pontos elencados, conclui-se que a organização pedagógica do
curso de Tecnologia em Sistemas para Internet, a distância, nas quatro disciplinas
iniciais avaliadas carece de reorganização tendo em vista o sucesso dos estudantes
e a melhoria da qualidade. Torna-se necessário aumentar o estímulo à motivação, à
autonomia dos estudantes e ao trabalho em grupo, pois embora exista nos
estudantes motivação inicial, esforço no estudo autônomo e na entre ajuda, o AVA
não tem suscitado a sua melhoria. Por fim, falta potenciar, do ponto de vista
pedagógico, os principais recursos do AVA, considerados apenas suficientes, e que
poderão ser utilizados na sua plenitude em prol da melhoria contínua da
aprendizagem dos estudantes.
Se, como aspectos mais positivos do curso, deve-se relevar o apoio e
estímulo do tutor presencial, constitui recomendação desta avaliação fornecer
aprimoramento contínuo aos tutores e professores. Para a melhoria da organização
pedagógica do curso, recomenda-se subsidiar a formação de uma equipe que
priorize o estudo e a pesquisa contínuos em EAD e que, em colaboração com os
professores, reestruture o AVA das disciplinas mais carentes. Estas são as
recomendações que parecem ser primordiais para a melhoria de qualidade do curso
de Tecnologia em Sistemas para Internet, a distância, do IFMT, contribuindo para
que a educação a distância possa constituir uma opção de qualidade para a
qualificação das pessoas de que o interior carece, para o seu desenvolvimento.
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APÊNDICE
93
APÊNDICE A - Questionário de Avaliação do AVA por disciplina
Caro estudante,
Este questionário serve para avaliar o funcionamento do ambiente virtual de aprendizagem
nesta disciplina. O questionário não é assinado e será garantida a confidencialidade das
respostas. É importante que responda as questões sempre tendo em mente a disciplina que
está sendo avaliada.
Instruções para o preenchimento: São apresentadas a seguir 32 afirmações. Por favor,
responda a cada uma delas, escolhendo seu grau de concordância, conforme a escala
seguinte:
Concordo totalmente 5
Concordo bastante 4
Concordo medianamente 3
Concordo pouco 2
Não concordo 1
Afirmações Grau de concordância
1) No início desta disciplina, eu estava motivado para estudá-la.
2) Tive os recursos materiais e pessoais necessários para me dedicar a esta disciplina.
3) O tutor presencial incentivou-me a fazer as atividades desta disciplina.
4) O AVA indicou-me claramente o que eu tinha que saber após usar o material da disciplina.
5) Sempre que tive dificuldades nesta disciplina, pedi ajuda. 6) As atividades que me foram propostas nesta disciplina
eram motivadoras. 7) Os materiais utilizados nesta disciplina foram variados
(imagens, animações, textos ilustrados com gráficos, vídeos ou áudio).
8) As animações, imagens e gráficos utilizados nesta disciplina ajudaram-me a aprender.
9) Tive o apoio do tutor a distância sempre que tive dificuldades na matéria.
10) Utilizei os livros da biblioteca como fonte de pesquisa para esta disciplina.
11) Utilizei a internet como fonte de pesquisa para esta disciplina.
12) Tive que ler muitas vezes os conteúdos desta disciplina para conseguir compreendê-los.
13) Pude escolher atividades de acordo com meu progresso na disciplina.
14) Pude utilizar conhecimentos que já tinha para realizar as atividades desta disciplina.
15) O apoio do tutor a distância ajudou-me a avançar no meu aprendizado
16) Avalio positivamente a minha aprendizagem na disciplina.
17) Nesta disciplina, respondi a questionários de autoavaliação.
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Afirmações Grau de concordância
18) O material do livro desta disciplina poderia ser mais claro.
19) Realizei em grupo Algoritmosumas atividades da disciplina.
20) Recebi retorno rápido das atividades realizadas. 21) O AVA nesta disciplina permitiu realizar atividades
práticas relacionadas com o seu conteúdo. 22) Os vídeos e a web conferência utilizados nesta disciplina
ajudaram-me a aprender. 23) O rápido ritmo de ensino da disciplina fez com que eu
não conseguisse segui-la. 24) Nunca me senti motivado para o estudo desta disciplina. 25) Utilizei os recursos do AVA (chat e fórum) para dialogar
com meus colegas sobre a disciplina. 26) Os meus colegas ajudaram-me no estudo desta
disciplina. 27) A web conferência permitiu-me dialogar com o tutor e
com colegas da disciplina para solucionar as minhas dúvidas.
28) Esta disciplina aumentou o meu interesse pelo curso de Tecnologia em Sistemas para Internet.
29) As atividades propostas nesta disciplina incentivaram-me a pesquisar mais sobre o conteúdo abordado por ela.
30) Ao longo desta disciplina, não tive a possibilidade de avaliar se eu tinha adquirido os conhecimentos necessários a ela.
31) Por motivos pessoais, a minha dedicação a esta disciplina não foi a necessária
32) O conteúdo desta disciplina é muito importante para minha futura profissão.
33) Quais foram as principais dificuldades que você sentiu no estudo desta disciplina? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________
34) O que você considera mais importante na ajuda que recebeu do seu tutor presencial? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________
35) Quais as melhorias que você sugere para esta disciplina? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________
Agradeço a sua colaboração ao ter respondido este questionário. Prof. Constantino Dias da Cruz Neto