Post on 17-Apr-2015
Estratégias de desenvolvimento e integração regional da América do Sul:
Divergência e retrocesso
Reinaldo GonçalvesProfessor titular – UFRJ
Sumário
1. Hipótese básica2. Fundamentos analíticos3. Estratégias de desenvolvimento4. Processo de integração regional:
Mercosul5. Síntese
1. Hipótese
divergências de estratégias de desenvolvimento de longo prazo
=> retrocesso do processo de
integração econômica da América do Sul
principalmente no Mercosul
2. Fundamentos analíticos
Diferentes enfoques
Integração: enfoques para avaliação de ganhos
Modelo de vantagem comparativa estática
Modelo de vantagem comparativa dinâmica
Relações políticas internacionais Economia Política Internacional
Modelo de vantagem comparativa estática
Ganhos de melhor alocação de recursos substitutibilidade de estruturas
produtivas maiores sejam as diferenças de custos
de produção entre os países-membros maiores as barreiras comerciais
existentes antes do processo de integração
Ganhos do efeito substituição de bens
Modelo de vantagem comparativa dinâmica
economias de escala economias de aprendizado contestabilidade do mercado intra-
regional ampliação da fronteira de
restruturação produtiva
Relações políticas internacionais
aumenta o poder de barganha dos países-membros na arena internacional
a caminho da multipolaridade
Economia política internacional
instrumento para redução da vulnerabilidade externa por meio da diversificação geográfica das transações internacionais
Argumento básico
divergência de estratégias de desenvolvimento de longo prazo é séria restrição aos processos de integração objetividade subjetividade
Conflitos de interesses objetivos
padrão de inserção internacional dimensões bilateral, plurilateral e multilateral
enfoque para a inserção internacional passivo versus ativo
mecanismos da internacionalização da produção esferas comercial, produtiva, tecnológica,
monetária e financeira
Cont.
autonomia de política policy space
grau e natureza da intervenção do Estado na esfera econômica âmbito das relações econômicas internacionais
foco da política externa defesa de interesses de curto prazo de setores
dominantes versus interesses nacionais de longo prazo
Cont.
desacordos significativos em relação às políticas macroeconômicas básicas
Harmonização de políticas
Monetária Fiscal Cambial Comercial Creditícia Salarial
Políticas de ajuste e diretrizes
uso de controles diretos relativos às relações econômicas internacionais esferas comercial, produtiva,
tecnológica, monetária e financeira divergências de diretrizes em
relação ao papel dos organismos supranacionais bilaterais, plurilaterais e multilaterais
Plano da subjetividade
valores e ideais modelos de corte liberalversus modelos de orientação socialista
Questões-chave distribuição de riqueza controle social do Estado uso social do excedente econômico
Neoliberalismo: doutrina e prática
Liberalização relações entre residentes e não-residentes
menor intervenção do Estado na atividade produtiva privatização
desregulação aparato regulatório mínimo
livre funcionamento das forças de mercado flexibilidade de mercados de fatores e produtos ausência do planejamento econômico
3. Estratégias de desenvolvimento
América do Sul: Século XXI laboratório de experiências
divergentes de modelos de sociedade
registros de experimentos modelos não-liberais, antiliberais e de
orientação socialista modelos extraordinariamente liberais
Taxonomia: proposta
Modelos Antiliberais não-liberais, antiliberais ou de
orientação socialista Modelo de Liberalismo Livre-
cambista elevado grau de liberalização
econômica Modelo Liberal Periférico (MLP)
Modelo Liberal Periférico
liberalização, privatização e desregulação
subordinação e vulnerabilidade externa estrutural
dominância do capital financeiro
América Latina: início séc. XXI
Modelos Antiliberais Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina
Modelo de Liberalismo Livre-cambista Chile, Peru, México e Uruguai
Modelo Liberal Periférico (MLP) Colômbia, Paraguai e Brasil
Critério de classificação
indicador-síntese de liberalização econômica
Index of Economic Freedom da Heritage Foundation
http://www.heritage.org/index
ILE: Índice de Liberalização Econômica
abertura e fechamento de negócios comércio exterior liberdade para investimentos tributação tamanho de governo política monetária setor financeiro direitos de propriedade corrupção mercado de trabalho
América Latina: Índice de Liberalização Econômica
Média Variação
1995-96 2008-09Percentual 1995-96 / 2008-
09 (a)Média anual 1995-2009
(b)
Venezuela 57,1 42,3 -26,0 -2,26
Argentina 71,3 53,2 -25,4 -2,89
Bolívia 61,0 53,3 -12,6 -1,05
Equador 58,9 53,9 -8,5 -2,89
Brasil 49,8 56,4 13,4 0,94
Paraguai 66,5 60,5 -9,0 -1,21
Colômbia 64,4 62,2 -3,3 -0,59
Peru 59,7 64,2 7,5 0,02
México 62,2 66,0 6,1 0,91
Uruguai 63,1 68,5 8,6 0,28
Chile 71,9 78,4 9,1 0,58
Média painel 62,4 59,9 -3,9 -0,55
Diferenças marcantes quanto ao grau de liberalização econômica
Tendência * Modelo
Não-liberal/Antiliberal/Orientação socialista
Modelo Liberal Periférico
Liberalismo livre-cambista
Redução
Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia
Paraguai, Colômbia -
Aumento - Brasil
Peru, México, Uruguai,
Chile
Índice de Liberalização Econômica: América Latina e Mundo, 1995-2009
57,0
58,0
59,0
60,0
61,0
62,0
63,0
64,0
65,0
66,0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
57,0
58,0
59,0
60,0
61,0
62,0
63,0
64,0
65,0
66,0
Média América do Sul Mediana América do Sul
Média mundial Mediana mundial
Tendências: 2000-2009
aumento do ILE em escala mundial processo de convergência dos graus de
liberalização econômica
redução do ILE na América Latina de maior dispersão regional do ILE
Coeficiente de variação do Índice de Liberalização Econômica: América Latina e Mundo, 1995-2009
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
22,0
Coef. de variação América do Sul(%) Coef. de variação mundo (%)
4. Integração regional: Mercosul
Primeiro indicador de integração econômica regional proporção entre
comércio (exportação + importação de bens) e
comércio total dos países da região em questão
Mercosul - Comércio Intra-regional como Proporção do Comércio Total: 1990-2007(variável si, em percentual)
Si (%)
11,1
12,9
16,0
19,0 19,6 19,2
21,422,6 22,9
19,7 20,3
18,0
13,814,9 15,1 15,7 15,7 16,1
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
Mercosul: Tendências 1991-2009
1991-98 aumenta, de forma praticamente contínua
1999-2002 houve aumento 2003-2007 voltou a se expandir
ainda que com um dinamismo inferior àquele observado na década de 1990.
Indicador mais consistente
Índice de Intensidade Relativa do Comércio Intra-regional (Introversion Trade Index - ITI)
versão simétrica
Referência
IAPADRE, L. Regional Integration Agreements and the Geography of World Trade: Measurement Problems and Empirical Evidence. UNU-CRIS e-Working Papers, W-2004/3, 2003. Disponível: http://www.cris.unu.edu/UNU-CRIS-Working-Papers.19.0.html
Índice de Intensidade Relativa do Comércio Intra-regional (Introversion Trade Index - ITI)
Indicadores
SiMercosul, comércio intra-regional / Mercosul, comércio total
ViMercosul, comércio extra-regional / Resto do mundo, comércio total
HLi Si / Vi
HEi (1-Si) / (1-Vi)
HJi HLi / HEi
SJi (Hji - 1) / (Hji + 1)
Mercosul - Índice de Intensidade Relativa fo Comércio Intra-regional: 1990-2007
(Variável SJi - Introversion Trade Index - ITI SJi
0,855
0,875
0,898
0,9100,9090,905
0,9170,9160,9180,914
0,920
0,902
0,883
0,894
0,8880,8870,884
0,879
0,820
0,840
0,860
0,880
0,900
0,920
0,940
Mercosul - Índice de Intensidade Relativa do Comércio Intra-regional: 1999-2007 – Tendência de queda
0,850
0,860
0,870
0,880
0,890
0,900
0,910
0,920
0,930
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Voltando à América do Sul
Divergência de estratégias Neoliberalismo Policy space Vulnerabilidade externa estrutural Questão nacional
Índice de Liberalização Econômica: Mercosul
1995-2009
45,0
50,0
55,0
60,0
65,0
70,0
75,0
80,0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Argentina Brasil Paraguai Uruguai
Tendências do ILE: período de retrocesso do Mercosul (pós-2000),
Uruguai (Modelo Livre-cambista) e Paraguai (Modelo Liberal Periférico) ausência de tendência a partir de 2000 ILE aumentaram no passado recente (a
partir de 2005-06)
Argentina forte queda do ILE após a crise
sistêmica de 2001-02
Brasil: Liberalização econômica
Até 2003: trajetória de elevação 2003-06: relativamente estável 2007: cai 2008-09: estabiliza
Modelo Liberal Periférico no Brasil
“linha de menor resistência” – com a manutenção do Modelo Liberal Periférico
Lula mantém as diretrizes básicas e as políticas do governo FHC
país tem um padrão de inserção passiva no sistema econômico internacional
mantém-se com elevada vulnerabilidade externa, principalmente estrutural
(FILGUEIRAS E GONÇALVES, 2007)
Evidência empírica
divergência de estratégias de desenvolvimento de longo prazo
retrocesso da integração regional no Mercosul
5. Síntese
Caveats integração regional transcende, naturalmente,
a esfera econômica em geral, e a esfera comercial em particular
Indicadores comércio de serviços grau de mobilidade de capital e de mão-de-
obra mportância das instituições supranacionais coordenação de políticas monetária e fiscal
Caveats: cont.
dimensões da política (inclusive, política externa) divergências marcantes
integração energética balanço não-favorável
Resultado
A análise empírica mostra fortes divergências de modelos na América Latina em geral, e no subconjunto dos países que formam o Mercosul em particular. A divergência de modelos de desenvolvimento e de padrões de inserção no sistema econômico internacional tem aumentado na região, principalmente a partir de 2000
Pergunta central
Qual é a importância da integração regional para o desenvolvimento futuro de cada um dos países da região?
Brasil
Há aqueles que se opõem ao Modelo Liberal Periférico e à vulnerabilidade externa estrutural
que deriva deste modelo, e defendem a estratégia do “Brasil se integrar em si mesmo”
Obrigado!
reinaldogoncalves1@gmail.comwww.ie.ufrj.br (corpo docente)