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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR
A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE
COMBATE
Rio de Janeiro
2019
ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR
A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE
COMBATE
Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.
Orientador: Cel André Cézar Siqueira
Rio de Janeiro
2019
Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR
A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE
COMBATE
Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.
Aprovado em __ de ________ de 2019.
Banca Avaliadora
_______________________________________ JÚLIO CÉSAR DE SALES - Cel
Doutor em Ciências Militares Presidente
_______________________________________ SÉRGIO LUIZ AUGUSTO DE ANDRADE - TC
Doutor em História das Ciências 1º Membro
_________________________________________ ANDRÉ CÉZAR SIQUEIRA - Cel
Doutor em Ciências Militares 2º Membro
À minha esposa, filha e filho, uma homenagem como recompensa pelos momentos de convívio abdicados em prol da realização desta pesquisa.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter iluminado meu caminho durante esta árdua labuta e
pela oportunidade de encarar este desafio.
À minha esposa Daniele, pela compreensão e incentivo irrestrito, oferecendo
seu apoio mesmo quando não tendo a merecida atenção; sempre comprometida com
nossos filhos.
À minha filha Manuela, por entender os momentos de ausência e por estar
sempre com seu inocente sorriso a me dar forças.
Ao meu filho Felipe, que em sua ingenuidade me presenteava com alguns
momentos de reflexão.
Ao Cel André, pelas orientações constantes, precisas e seguras durante o
transcorrer da pesquisa, além de sua enorme paciência e serenidade, nas quais, de
bom grado, conduziu este jovem soldado. E pelos exemplos pessoais e profissionais,
transmitidos durante nossas conversas, que me maneira anímica, auxiliaram na
conclusão deste trabalho.
Ao Cel Lins, que inicialmente mostrou-me o caminho para alcançar este
objetivo.
Ao Cel Jackson, Comandante do 5º Regimento de Carros de Combate, que
proporcionou os meios necessários ao cumprimento desta tarefa, ainda durante as
atividades do Corpo de Tropa; pela compreensão e auxílio prestado.
Ao Maj Menezes, que desde meu período como aspirante, presta auxílio
irrestrito a este Oficial; buscando sempre fomentar o meu aprimoramento profissional.
Aos Cap Pimentel, Cap Gustavo Castro, Cap Paiva Rodrigues e Cap Schoffen
pela camaradagem e disponibilidade que me entregavam em vários momentos desta
pesquisa.
Aos eternos camaradas da tropa blindada, oficiais e praças, que contribuíram
na coleta de dados para a realização desta pesquisa.
RESUMO
A presente pesquisa buscou avaliar a real influência das competências do instrutor avançado de tiro na potencialização das capacidades de um Regimento de Carros de Combate. Tal temática possui alta relevância, pois o referencial teórico nacional disponível carece de informações. Por se tratar de um estudo eminentemente bibliográfico, a partir da coleta documental de fontes estrangeiras, norte-americanas, chilenas, espanholas e um breve apanhado referente a diversos países possuidores desta especialidade em suas Tropas Blindadas. Em paralelo, entrevistas conduzidas com especialistas, comandantes de Organizações Militares que possuem, ou possuíram à época do Comando, instrutores avançados de tiro em seus quadros; destaca-se a realização de um grupo focal com especialistas do 5º Regimento de Carros de Combate, no intuito de melhor subsidiar o presente trabalho. Os dados obtidos permitiram compreender em que extensão as competências desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro, no preparo, na gestão do controle do material de emprego militar e na gestão do ensino relacionada ao Sistema de Armas Leopard 1A5 BR, influenciam na potencialização do emprego do Regimento de Carros de Combate. Concluiu-se que a normativa nacional carece de padronização institucional; no entanto, percebeu-se que este especialista possui competências que contribuem para um incremento nas proficiências das guarnições blindadas do Exército Brasileiro.
Palavras-chave: instrutor avançado de tiro, Regimento de Carros de Combate, competências e Exército Brasileiro.
ABSTRACT
This research pursued to rate Master Gunner’s real abilities on the enhancement of capabilities in a Tank Regiment. This theme has high relevance, because the available national theoretical framework lacks definitions. Knowing this is a bibliographical study, from a documental collection, was made a foreign source, north american, chilean, spanish and a brief overview of several countries with this specialty in their Armored Troops, from notoriously reliable origin. In parallel, interviews conducted with specialists, commanders of military organizations who have, or have had, at the time of their Command, Master Gunners on their staff; detached a realization of a focus group with specialists from the 5th Tank Regiment stands out to better subsidize this work. The gathered data allowed us to understand the extension of Master Gunner competencies performed in preparation, control of military employment equipment and management of instructions related to the Leopard 1A5 BR weapon system, influencing also in the enhancement of employment of Tanks Regiment. It was concluded that the national rules lack institutional; although, it is clear this specialist has skills which contribute to an increase in the proficiency Brazilian’s Army troops. Likewise, it allows the study of viabilization of similar characteristic features for other weapons Systems.
Keywords: Master Gunner, Tank Regiment, capabilities and Brazilian Army.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Colimação e Alvo de Colimação ....................................................... 27
Figura 2 - Correção em Zero e Alvo de Correção em Zero .............................. 28
Figura 3 - Visão da cabine do Diretor de Tiro, conduzindo Exe Tir nível Seção, no CIBSB/ Rosário-RS (Saicã) .............................................
28
Figura 4 - AMX-30E exibido em museu de CC em El Gosolo .......................... 61
Figura 5 - Leopardo 2E, em exercício no Ter ................................................... 61
Figura 6 - Extrato do PPQ 2/2a ......................................................................... 71
Figura 7 - Análise das respostas referentes à gestão de material de emprego militar ................................................................................................
80
Figura 8 - Análise das respostas referentes à gestão da instrução militar ....... 82
Figura 9 - Análise das respostas referentes ao assessoramento de nível tático .................................................................................................
84
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Competências do IAT e suas principais atividades e tarefas desempenhadas …...................................................….....................
27
Quadro 2 - Definição operacional da variável independente: competências exercidas pelo IAT …..........…………………………………………......
29
Quadro 3 - Definição operacional da variável dependente: capacidades do RCC.……………………………………………………………...............
30
Quadro 4 - Efetivo de IAT no Sistema Leopard 1 A5 BR no Exército Brasileiro, em 2019 ............................................................................................
33
Quadro 5 - Delineamento da pesquisa ................................................................ 34
Quadro 6 - Termos utilizados nas buscas em bases eletrônicas ......................... 35
Quadro 7 - Possibilidades e estruturas organizacionais de uma FT Blindada ..... 44
Quadro 8 - Organograma do Regimento de Carros de Combate ......................... 44
Quadro 9 - Plano de distribuição de matérias do Curso de Master Gunner do EEUA ................................................................................................
58
Quadro 10 - Fases da instrução e adestramento da Gu Bld do Exército Espanhol, após o recebimento dos CC da Família Leopard 2 ...........................
62
Quadro 11 - Comparativo do emprego e do conteúdo dos Cursos de Instrutor Avançado de Tiro ..............................................................................
66
Quadro 12 - Resumo de disciplinas e assuntos ministrados na fase não presencial do CATir ...........................................................................
69
Quadro 13 - Resumo de disciplinas e assuntos ministrados na fase presencial do CATir .................................................................................................
70
Quadro 14 - Assuntos de maior interesse referente à Gestão da Instrução Militar 75
Quadro 15 - Assuntos de maior interesse referente à Gestão do Material de Emprego Militar .................................................................................
76
Quadro 16 - Assuntos de maior interesse referente ao Assessoramento de nível tático .................................................................................................
77
Quadro 17 - Identificação de FA e FR da Questão 1 ............................................. 79
Quadro 18 - Outras respostas da Questão 1 e 2 ................................................... 80
Quadro 19 - Identificação de FA e FR da Questão 3 .............................................. 81
Quadro 20 - Outras respostas da Questão 3 e 4 ................................................... 82
Quadro 21 - Identificação de FA e FR da Questão 5 ............................................ 83
Quadro 22 - Outras respostas da Questão 5 ........................................................ 84
Quadro 23 - Respostas da Questão 6 ................................................................... 85
LISTA DE ABREVIATURAS
AC Anticarro AFV GS Armoured Fighting Vehicle Gunnery School Bda C Bld Brigada de Cavalaria Blindada Bda C Mec Brigada de Cavalaria Mecanizada Bda Inf Bld Brigada de Infantaria Blindada Btl Batalhão CATir Curso Avançado de Tiro CC Carros de Combate CENAD Centro Nacional de Adiestramiento CI Caderno de Instrução CI Bld Centro de Instrução de Blindados CLAnf Carro Lagarta Anfíbio Cmdo Comando CMS Comando Militar do Sul Cmt Pel Comandante de Pelotão COTER Comando de Operações Terrestres CZ Correção em Zero DETMil Diretoria de Educação Técnica Militar DMT Doutrina Militar Terrestre DOAMEPI Doutrina, Organização, Adestramento, Material, Educação,
Pessoal e Infraestrutura (Acrônimo) EB Exército Brasileiro EEUA Exército dos Estados Unidos da América EME Estado-Maior do Exército EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais Esc Sp Escalão Superior Esqd Esquadrão Estb Ens Estabelecimento de Ensino Exc Tir Exercício de Tiro FA Frequência Absoluta F Ter Força Terrestre FC Funções de Combate FOROP Força Oponente FR Frequência Relativa FT Força-Tarefa Fuz Fuzileiro IAT Instrutor Avançado de Tiro
IDF Israeli Defense Forces IGTAEX Instruções Gerais de Tiro com Armamento do Exército Ini Inimigo IMGC International Master Gunner Conference MADOC Mando de Adiestramento y Doctrina MCOE Maneuver Center of Excellence MD Ministério da Defesa MEM Material de Emprego Militar MG Master Gunner MGCC Master Gunner Common Core OCOP Obtenção da Capacidade Operacional Plena O Lig Oficial de Ligação OM Organização Militar Op Operações PBC Planejamento Baseado em Capacidades PC Posto de Comando PCOT Processo de Condução das Operações Terrestres PDDMT Plano de Desenvolvimento da Doutrina Militar Terrestre PIM Plano de Instrução Militar PITCIC Processo de Integração Terreno, Condições Meteorológicas,
Inimigo e Considerações Civis PLADIS Plano de Disciplina PMI Ponto Médio de Impacto PPCOT Processo de Planejamento e Condução das Operações
Terrestres PrgEE Programa Estratégico do Exército PRODE Produto de Defesa ProFORÇA Projeto de Força do Exército Brasileiro QC Quadro de Cargos QO Quadro de Organização RCC Regimento de Carros de Combate Rgt Regimento SARC Sistema Aéreo Remotamente Controlado SBCT Stryker Brigade Combat Team SCT Sistema de Controle de Tiro SIBld Seção de Instrução de Blindados SU Subunidade TC Tenente-Coronel Tir Tiro TTP Técnica, Tática e Procedimento VBCCC Viatura Blindada de Combate – Carro de Combate VD Variável Dependente VI Variável Independente
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 16
1.1 PROBLEMA ........................................................................................ 18
1.2 OBJETIVOS ...………………………………………………………….…. 20
1.3 QUESTÕES DE ESTUDO ................................................................... 22
1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 22
2 METODOLOGIA .......……................................................................. 25
2.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO ....………………………………….…. 25
2.1.1 Definição conceitual e operacional das variáveis .......................... 25
2.1.2 Alcances e limites ............................................................................. 31
2.2 AMOSTRA .......................................................................................... 32
2.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................... 33
2.3.1 Procedimentos adotados na revisão da literatura.......................... 34
2.3.1.1 Fontes de Consulta ............................................................................. 35
2.3.1.2 Critérios de inclusão ............................................................................ 36
2.3.1.3 Critérios de exclusão ........................................................................... 36
2.3.2 Procedimentos metodológicos ........................................................ 36
2.3.3 Instrumentos ..................................................................................... 37
2.3.3.1 Entrevista Inicial …………………………………………………………... 38
2.3.3.2 Grupo Focal ……………………………………………………………….. 38
2.3.3.3 Questionário ………………………………………………………………. 39
2.3.3.4 Entrevista 2 e 3 ….………………………………………………………... 40
2.3.4 Análise dos dados ............................................................................. 40
3 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................. 42
3.1 O REGIMENTO DE CARROS DE COMBATE .................................... 42
3.1.1 Generalidades ................................................................................... 43
3.1.2 Características, possibilidades e limitações .................................. 45
3.2 CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE COMBATE ...…. 47
3.2.1 Novos conceitos para o emprego da Força Terrestre ....……...…... 49
3.2.1.1 Prontidão Operativa ..…………..………………………………………… 50
3.2.1.2 Letalidade Seletiva .…...………..……………………………………..…. 51
3.2.1.3 Massa de Efeitos ................................................................................. 52
3.3 O PROJETO MASTER GUNNER ....................................................... 54
3.3.1 A experiência Norte-americana ........................................................ 56
3.3.1.1 Curso de Master Gunner do Exército dos Estados Unidos da América 58
3.3.1.2 Curso Básico de Master Gunner do EEUA ........................................... 59
3.3.2 A experiência espanhola ......................…...............…...……………. 60
3.3.3 O Master Gunner pelo mundo ........................................................... 65
3.4 O INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NO BRASIL ............................ 67
3.4.1 Competências exercidas pelo IAT .................................................... 68
3.4.2 A gestão da instrução militar ............................................................ 70
3.4.3 O assessoramento de nível tático ...…...……………..............……... 71
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO …….…………………………………… 73
4.1 TABULAÇÃO DOS RESULTADOS …………………………………….. 73
4.1.1 Entrevistas ……………………………………………………………….. 74
4.1.2 Grupo Focal ………………………………………………………………. 75
4.1.3 Questionário ……………………………………………………………… 77
4.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS …....……………………. 77
4.2.1 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?................................................................................................
79
4.2.2 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante à gestão da instrução militar? ………
81
4.2.3 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?
83
4.2.4 É possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor avançado de tiro? ……….……….
86
4.2.5 Existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do instrutor avançado de tiro? …………………………..…
86
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........…………………………… 87
5.1 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES …………………………………. 91
6 REFERÊNCIAS ...………………………………………………………… 92
APÊNDICE A – ENTREVISTA DE ORIENTAÇÃO INICIAL …….........
97
APÊNDICE B – ROTEIRO DE CONDUÇÃO DE GRUPO FOCAL ......
98
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO ....................................................... 99
APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA 1 ................................... 102
APÊNDICE E – ROTEIRO DE ENTREVISTA 2 ................................... 105
APÊNDICE F – EXEMPLO DE INSTRUÇÃO MINISTRADA POR IAT (EsAO/2019) .......................................................................................
108
ANEXO A – INSTRUÇÃO DO EB NA IMGC/2019 (Maj Cav MENEZES) ..........................................................................................
109
16
1 INTRODUÇÃO
Ao analisar as rápidas e constantes alterações ocorridas em grande escala nos
diversos campos do poder, percebe-se um elevado índice de transformações
ocorridas no tocante ao ambiente operacional, seja dos atuais conflitos, seja no que
se refere ao modo de preparo, emprego e doutrina das forças militares.
No Brasil, a percepção de modernização de seus sistemas e materiais de
emprego militar (MEM), no que diz respeito à tropa blindada, não é recente; sendo
alvo de atenção da Força Terrestre (F Ter) desde o início do século passado,
exemplificado pela implantação da missão militar francesa. Ressalta-se que neste
período o Brasil esteve na vanguarda da tropa blindada na América Latina, com meios
dotados de elevada tecnologia para a época, no caso, o Carro de Combate (CC)
Renault FT-17.
Não obstante, o Exército Brasileiro (EB) no intuito de atender ao que prescreve
em sua missão constitucional e visando alinhar-se ao seu pensamento e planejamento
estratégico; resolveu, iniciar um processo de transformação em 2008 (ano de
publicação da Estratégia Nacional de Defesa), neste contexto a Concepção de
Transformação do Exército, evidencia o alcance de uma nova doutrina, empregando
produtos de defesa tecnologicamente avançados, sendo utilizados por profissionais
altamente capacitados. (BRASIL, 2014b, p. 7-6)
Nesse escopo o EB estruturou, dentre outros, o Programa Estratégico do
Exército - Obtenção da Capacidade Operacional Plena (PrgEE OCOP), o qual prevê
como um de seus produtos a modernização e obtenção de meios militares terrestres,
como por exemplo as viaturas blindadas sobre lagartas. O referido programa integra
o sub portfólio de geração de força e encontra-se em constante evolução.
Tal transformação traz, ainda, os conceitos de “Visão de Futuro do Exército”,
onde ressalta-se que o EB deve ter por premissa a geração de novas competências
alinhadas com as capacidades requeridas para o Exército da Era do Conhecimento.
(BRASIL, 2014b, p. 7-5)
Neste escopo, percebe-se que os novos desafios da Era do Conhecimento
trouxeram, também, ao EB a necessidade de caminhar junto ao que há de
tecnologicamente mais avançado e eficaz, optando pela aquisição da Viatura Blindada
de Combate – Carro de Combate (VBCCC) Leopard 1 A5 da Alemanha, em 2010;
17
após cerca de vinte anos utilizando as VBCCC Leopard 1 A1 e as VBCCC M60 A3TTS
(ANNES, 2015).
Tal aquisição é um grande marco inicial do Projeto LEOPARD, expondo uma
necessidade premente de evoluir a qualidade e capacidade de trabalho da tropa
blindada. A obtenção de novos recursos alavancaria a proficiência dos militares
envolvidos, sendo também um catalisador para a motivação de seus quadros, que a
cerca de 2 (duas) décadas vivenciavam óbices tecnológicos e materiais.
Nesse ínterim, com o perceptível salto qualitativo dos MEM da tropa blindada,
o EB, visando diminuir o hiato tecnológico entre o sistema de armas anterior e as
novas VBCCC Leopard 1 A5 BR, percebeu a necessidade de preparar seus quadros
com especialistas no novo sistema adquirido; surgia, portanto, com a Portaria n° 145
do Estado-Maior do Exército (EME), de 28 de setembro de 2012, o Curso Avançado
de Tiro (CATir) do Sistema de Armas da VBCCC Leopard 1 A5 BR, como espinha
dorsal do Projeto MASTER GUNNER (MG), realizando a formação de especialistas
capacitados no novo sistema de armas que compunha os Regimentos de Carros de
Combate1 (RCC).
A Portaria n° 299 de 11 de dezembro de 2018 revogou a anterior;
acrescentando o posto de capitão dentre o universo de seleção para o Curso, bem
como a disponibilidade dos concludentes de servir pelo período de 02 (dois) anos nas
organizações militares (OM) detentoras da VBCCC Leopard 1 A5 BR, no intuito de
aplicar os conhecimentos adquiridos da especialização.
Com a implantação do CATir o Brasil entrou no seleto rol de países possuidores
desta especialidade em seus exércitos, como Estados Unidos da América, Inglaterra,
Espanha, Alemanha, dentre outras potências bélicas blindadas; que em sua grande
maioria foi denominado – Master Gunner; e em países que utilizam a língua
espanhola, tal especialização recebeu a denominação de Instructor Avanzado de Tiro.
Tendo em vista as semelhanças entre a língua hispânica e brasileira, o Exército
Brasileiro optou pela terminologia “Instrutor Avançado de Tiro (IAT)” para tal função.
____________________
1 O RCC é uma OM que possui como principal material de emprego militar o Carro de Combate, e comumente empregado como Força-Tarefa Blindada (FT Bld), no binômio Carro de Combate-Fuzileiro. É constituído por 4 (quatro) Esquadrões CC e 1 (um) Esquadrão de Comando e Apoio. O RCC possui 54 (cinquenta e quatro) CC, atualmente as VBCCC Leopard 1A5 BR e outras Viaturas Blindadas (VB). No EB, existem 4 (quatro) RCC: o 1º RCC em Santa Maria/RS, o 4º RCC em Rosário do Sul/RS, o 3º RCC em Ponta Grossa/PR e o 5º RCC em Rio Negro/PR.
18
Como marco histórico mundial, no início da década de 1990 o Exército dos
Estados Unidos da América (EEUA) empregou esta especialidade que havia sido
criada em meados de 1975 pela primeira vez em combate. Durante a condução da
Operação Tempestade no Deserto, ficou evidenciado que tal função foi diretamente
responsável por um elevado salto qualitativo na proficiência da tropa blindada daquele
país e nas capacidades das Unidades blindadas empregadas na Operação,
diminuindo perdas e aumentando os efeitos e resultados obtidos, tornando-o
referência de tropa blindada no mundo.
No escopo desta pesquisa, o IAT foi caracterizado como o militar especializado
no tiro da VBCCC, em que se particulariza, no desenvolvimento dos processos de
instrução de tiro, na análise dos resultados e no emprego dos meios de apoio a esta
instrução e, pelo grau de conhecimento do sistema de controle e técnica de tiro, sendo
um especialista capaz de realizar assessoramentos aos comandantes táticos, em
todos os níveis, apresentando-lhes soluções técnicas para os problemas táticos que
se apresentem no campo de batalha, com a finalidade de aumentar a eficiência do
sistema de armas utilizado.
Pautado na premissa de modernização e na evolução dos quadros, verifica-se
a crescente necessidade de estudo acerca da inserção e influência dessas novas
funções e especialistas na tropa blindada brasileira. Desta feita, a presente pesquisa
tratará de analisar a influência das competências do IAT na potencialização das
capacidades do RCC.
Por capacidades, entende-se que é a aptidão requerida a uma força ou
organização militar, para que possa cumprir determinada missão ou tarefa. A doutrina
militar terrestre relata que essas capacidades são obtidas a partir de um conjunto de
sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização
(e/ou processos), Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura – que
formam o acrônimo DOAMEPI. (BRASIL, 2014c, p. 3-3).
1.1 PROBLEMA
Ao pesquisar o que de mais recente e atual tem sido produzido sobre as
competências desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro nos Regimentos de
Carros de Combate, foram identificadas divergências de abordagem e diferentes
graus de detalhamento acerca da temática bem como uma possível falta de
19
sincronização entre o efetivo desempenho da função nos Regimentos de Carros de
Combate e o ensino da matéria.
É possível abordar a teoria existente sobre o tema em questão e os
antecedentes do problema da seguinte maneira:
a. o salto qualitativo dos meios blindados trouxe consigo uma necessidade de
evolução para a tropa blindada, tendo como principal vetor do conhecimento o Centro
de Instrução de Blindados (CIBld);
b. os referenciais teóricos nacionais não apresentam as atribuições, tarefas e
atividades – as competências – exercidas pelo instrutor avançado de tiro, sendo a
temática exposta apenas em ocasiões específicas, prejudicando, sobremaneira, a
análise e o aprofundamento do assunto;
c. a literatura nacional não apresenta, expressa e claramente, o emprego desse
especialista em nenhuma fase do Processo de Condução das Operações Terrestres
(PCOT) ou do exame de situação do Comandante. Cabe ressaltar que o Processo de
Planejamento e Condução das Operações Terrestres (PPCOT) prevê a utilização de
especialistas, se for o caso, para auxiliar no planejamento no nível Subunidade (SU).
No nível, OM essa responsabilidade é do Oficial de Operações, que pode utilizar-se
de quem for necessário. Tal situação torna o assessoramento tático do IAT um
processo empírico e passível de questionamento, no que tange as operações
militares;
d. no tocante à instrução, o CIBld, no contexto do Comando Militar do Sul
(CMS), conseguiu harmonizar os quatro RCC (1° RCC e 4° RCC na 6ª Brigada de
Infantaria Blindada e o 3° RCC e 5° RCC na 5ª Brigada de Cavalaria Blindada)
padronizando os assuntos referentes ao ensino; porém, sem padronizar a rotina de
instrução nessas OM. Caberia, ao IAT da OM, realizar o planejamento de acordo com
sua realidade, para alcançar os índices de habilitação necessários ao novo sistema
de armas, dentre outras atribuições;
e. divergindo do enfoque nacional, a literatura estrangeira examinada
disponibiliza um acentuado grau de detalhamento em relação às competências do
instrutor avançado de tiro, sendo estipulados parâmetros para a seleção de pessoal,
princípios de emprego nas operações militares, tarefas na rotina da OM, controles a
serem realizados nos carros de combate, técnicas de engajamento de alvos, dentre
20
outras atividades descritas de forma bastante pormenorizada e compatível à
relevância da temática; e
f. após quase uma década da implantação do IAT, no Brasil, percebeu-se
modificações consubstanciais no que diz respeito a nova sistemática de gestão do
material de emprego militar, com novos conceitos e novas medidas, como: dados
concretos sobre o Sistema de Controle de Tiro (SCT), os ajustes de Correção em Zero
(CZ) de treinamento e em Exercícios de Tiro Real, controle de panes, situação de
“hibernação” de CC, processo de obtenção de capacidade tática das frações, além de
outros aspectos técnicos do Leopard que não caberiam ao operador usual da VBCCC,
devido à especificidade técnica, modificando a maneira de emprego do RCC em
operações, devido as peculiaridades da técnica do material.
Diante dos achados na literatura sobre o tema, algumas questões parecem
problemáticas: como aferir se “o referencial teórico nacional acerca da função do
instrutor avançado de tiro permanece atualizado e condizente com a atual Doutrina
Militar Terrestre (DMT)?”; como estipular se “a implantação da função do instrutor
avançado de tiro, em quase uma década de aplicações, alcançaram os objetivos
necessários ao preparo e emprego do RCC?” ou, ainda, de forma mais específica,
como fundamentar se “a função de instrutor avançado de tiro influencia o emprego e
preparo do RCC?”.
Dessa forma, visando preencher as lacunas no conhecimento, bem como
aprofundar as abordagens até então relatadas, formulou-se o seguinte problema de
pesquisa: “Em que extensão as competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades do Regimento de Carros de Combate?”
1.2 OBJETIVOS
A presente pesquisa tem como objetivo geral avaliar em que extensão as
competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades
do Regimento de Carros de Combate, concluindo sobre os impactos desse
especialista para a rotina de instrução, a gestão do material de emprego militar e o
assessoramento no nível tático, no que diz respeito ao emprego; inferindo sobre a
potencialização das capacidades do emprego do RCC.
21
De maneira simplificada, pode-se dividir as competências do instrutor avançado
de tiro nos 03 (três) grandes aspectos: gestão da instrução militar, gestão dos
materiais de emprego militar e o assessoramento de nível tático.
Por competências entende-se, resumidamente, que o IAT possui: a elevada
capacidade de atuação como instrutor de técnica de tiro, amplo domínio do sistema
de armas e dos meios de simulação; capacidade de conduzir trabalhos de colimação
de todos os equipamentos de pontaria do sistema de armas, bem como, sistematizar
o controle dos referidos valores; capacidade de controlar, de forma sistemática, os
valores de falha de munição de toda a frota da OM; capacidade de dirigir exercícios
de tiro real, de forma a otimizar o rendimento e maximizar as potencialidades do
sistema de armas; capacidade para elaborar exercícios nos diversos equipamentos
de simulação; capacidade de detectar, de forma oportuna, deficiências no preparo e
no emprego das guarnições e capacidade para assessorar o escalão superior quanto
ao emprego do sistema de armas em operações, através da análise das capacidades
e limitações dos sistemas do EB e da força oponente.
Cabe ressaltar que os conceitos supracitados serão abordados mais
pormenorizadamente no capítulo terceiro; no entanto, fez-se necessário uma
abordagem inicial visando a construção do entendimento lógico para a presente
pesquisa.
Todavia, para alcançar o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos
foram formulados:
a. descrever os principais conceitos estabelecidos nas fontes de consulta
nacionais acerca das funções do instrutor avançado de tiro, principalmente, nas
atividades desempenhadas no tocante ao emprego e preparo de um Regimento de
Carros de Combate;
b. descrever os principais conceitos estabelecidos nas fontes de consulta
estrangeiras do Exército Norte-Americano, espanhol e chileno acerca das funções do
instrutor avançado de tiro, principalmente, as competências exercidas no tocante ao
emprego e preparo de um Regimento de Carros de Combate;
c. inferir acerca da influência do instrutor avançado de tiro sobre a rotina de
instrução da OM, ao controle das guarnições e emprego de simuladores, no tocante
ao preparo do RCC;
d. inferir sobre a extensão do assessoramento tático do IAT, nos Pelotões, nos
22
Esquadrões e nos Regimentos de Carros de Combate por ocasião do emprego dessas
frações; e
e. como produto final da pesquisa, apresentar um anteprojeto de nota de
coordenação doutrinária ou subcapítulo para manual, propondo um conjunto de
prescrições que, coerentes à DMT, possibilitem normatizar e concluir sobre as
competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro no que tange à sua influência
na potencialização das capacidades de um Regimento de Carros de Combate e
possivelmente servir de subsídio para a criação de especialistas para outros sistemas
de armas do Exército Brasileiro.
1.3 QUESTÕES DE ESTUDO
Partindo do pressuposto de que as competências exercidas pelo IAT estão
intimamente relacionadas à potencialização das capacidades do RCC e visando
alcançar possíveis soluções para o problema de pesquisa proposto, foram
estabelecidas as seguintes questões de estudo:
a. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de
tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?
b. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de
tiro no tocante à gestão da instrução militar?
c. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de
tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?
d. é possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento
e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor
avançado de tiro?
e. existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do
instrutor avançado de tiro?
1.4 JUSTIFICATIVA
O estudo visa documentar os principais aspectos referentes as competências
exercidas pelo instrutor avançado de tiro nos Regimentos de Carros de Combate
23
durante a rotina de instrução, gestão do material de emprego militar e o
assessoramento de nível tático.
A presente pesquisa se justifica por tratar de assunto de relevância, buscando
extrapolar a forma generalista com que usualmente se aborda o tema, no contexto
brasileiro. Apresenta, assim, nítido potencial de conhecimento em uma área na qual
as normativas nacionais são escassas e imprecisas, contribuindo, significativamente,
com a atualização doutrinária.
Percebe-se, ainda, que o Plano de Desenvolvimento da Doutrina Militar
Terrestre/2018 (PDDMT/2018) abarca nos objetivos “a. Manter a DMT dinâmica,
moderna e ajustada à evolução dos conflitos”, “e. Manter um permanente
acompanhamento dos produtos de defesa tecnologicamente avançados em uso no
país e no exterior” e “g. Revisar/elaborar o Quadro de Organização (QO) [ Base
Doutrinária, Estrutura Organizacional e Quadro de Cargos (QC)] das OM operativas
da F Ter; priorizando, inicialmente, a elaboração dos QO em processo de
criação/transformação, no contexto do Processo de Transformação e Racionalização
do Exército Brasileiro” diretrizes que corroboram com a realização da presente
pesquisa.
Além disso, trata-se de assunto relevante para o meio militar, uma vez que, o
referencial teórico nacional carece de definições capazes de operacionalizar o
desempenho das competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro nos
Regimentos de Carros de Combate, unidade prevista nas Brigadas Blindadas, que em
última análise, possuem a capacidade de decidir no combate convencional.
Cabe ressaltar, ainda, que o crescente avanço tecnológico tem ocasionado
uma gama de mudança dos meios de emprego militar em todas as Funções de
Combate (FC); fato que poderá despertar a necessidade de implantação de instrutores
avançados nos novos Sistemas que o EB tem adquirido ou venha a adquirir. Pode-se
citar como exemplo as viaturas do Projeto GUARANI, as novas viaturas da família
LINCE, os helicópteros multiuso da Aviação do Exército; sistemas que já possuem a
figura do instrutor avançado de tiro em outros exércitos do mundo.
Esta investigação se propõe a apresentar o desdobramento de preceitos
doutrinários vigentes, bem como intervenções adequadas à otimização do
desempenho das competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro nos
24
Regimentos de Carros de Combate, servindo de pressuposto teórico primário para
outros estudos que sigam a mesma linha de pesquisa.
Usufruirão deste estudo os instrutores avançados de tiro e comandantes táticos
das frações blindadas e sistemas dotados de alta tecnologia embarcada em todos os
níveis.
25
2 METODOLOGIA
Este capítulo tem por finalidade apresentar o caminho trilhado ao longo da
presente pesquisa, a qual fundamenta-se em procedimentos amplamente
consagrados na metodologia da pesquisa científica.
Destarte, é imperativo ressaltar que esta seção se destina a exposição, clara e
detalhada, de como pretendeu-se solucionar o problema de pesquisa em tela;
descrevendo os critérios estabelecidos, especificando os procedimentos utilizados na
revisão de literatura, na elaboração dos instrumentos de coleta de dados e no
tratamento dos dados obtidos.
Dessa forma, para um melhor encadeamento de ideias, esta seção foi dividida
nos seguintes tópicos: objeto formal de estudo, amostra e delineamento da pesquisa.
2.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO
O objeto do presente estudo refere-se à influência das competências exercidas
pelo instrutor avançado de tiro no Regimento de Carros de Combate, verificando a
possibilidade de potencialização das capacidades do emprego desta tropa. Tal
análise, deu-se por intermédio dos produtos colhidos desde o momento da inserção
desta especialidade no Exército Brasileiro, até os dias atuais.
Da análise das variáveis envolvidas no presente estudo, “competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro” apresenta-se como variável
independente, tendo em vista que se espera que a sua manipulação exerça efeito
significativo sobre a variável dependente “capacidades do Regimento de Carros de Combate”. Devido às características qualitativas das variáveis, faz-se necessário
defini-las conceitual e operacionalmente tornando-as passíveis de observação e
mensuração.
2.1.1 Definição conceitual e operacional das variáveis
As competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro podem ser definidas
como o conjunto de atribuições desenvolvidas pelo IAT nos Regimentos de Carros de
Combate.
26
Tais competências podem ser englobadas em 03 (três) aspectos: a gestão do
material de emprego militar, a gestão da instrução militar e o assessoramento de nível
tático.
No escopo da pesquisa identificou-se como competências a serem exercidas
pelo IAT, as seguintes atividades listadas:
a. Para a Gestão do Material de Emprego Militar “Gestão da Frota”:
1) assessorar o Comandante de Esquadrão, o Oficial de Operações e o
Comandante do RCC nos aspectos relacionados ao controle dos
procedimentos de preparação para o combate da frota, seja da colimação, seja
da correção em zero (CZ);
2) controlar de forma sistemática os valores de colimação e os valores de
falha de munição das VBC de sua Unidade;
3) realizar a colimação de todos os sistemas de pontaria do sistema de
armas do Leopard 1A5 BR; e
4) realizar a correção em zero das diferentes munições empregáveis.
b. Para a Gestão da Instrução Militar:
1) desempenhar as diversas funções relacionadas à condução de exercícios
(Exc) de tiro (Tir) real, bem como, dirigir Exc Tir, real ou simulado, de forma a
otimizar o rendimento da atividade;
2) elaborar Exc e empregar os diversos equipamentos de simulação visando
extrair o máximo de suas possibilidades;
3) conduzir a instrução de técnica de tiro da VBC; e
4) detectar de forma oportuna deficiências no treinamento das guarnições,
bem como empregar os meios disponíveis para a correção de deficiências
específicas das guarnições CC.
c. Para o Assessoramento de Nível Tático:
- assessorar o Escalão Superior (Esc Sp) quanto ao emprego do sistema de
armas em operações e das possibilidades técnicas e limitações dos sistemas
de armas inimigos, por intermédio de um banco de dados sobre meios
blindados atualizado e pelo entendimento e análise do Processo de Integração
Terreno, Condições Meteorológicas, Inimigo e Considerações Civis (PITCIC).
27
Competências do IAT Principais Atividades e tarefas desempenhadas pelo IAT
Gestão do material de emprego militar
- Condução e controle dos valores de colimação;
- Controle dos Valores de Falha de Munição; e
- Condução da Correção em Zero.
Gestão da instrução militar
- Condução da execução do Tiro Real;
- Instruções mais detalhadas sobre a Técnica de Tiro;
- Emprego de Simuladores para minimizar erros de técnicas de tiro; e
- Emprego de Simuladores para potencializar as capacidades de detecção e neutralização dos alvos (técnica de tiro).
Assessoramento de nível tático
- Estudo dos meios Bld Ini (aspectos técnicos, capacidades e limitações); e
- Possibilidades técnicas dos meios Bld de nossas tropas ao enfrentar a Força Oponente (características técnicas de nossos meios).
QUADRO 1 – Competências do IAT e suas principais atividades e tarefas desempenhadas. Fonte: o autor
Faz-se necessário, ainda, a conceituação de alguns termos amplamente
utilizados na Tropa Blindada, como: Colimação, Correção em Zero, Exercício de Tiro
Real e Valores de Falha de Munição.
FIGURA 1: Colimação e Alvo de Colimação. Fonte: o autor
A colimação é o conjunto de operações, visando o impacto no primeiro tiro,
realizadas na VBCCC Leopard 1 A5 BR para fazer coincidir o ponto visado pelos
dispositivos de pontaria do CC (seus equipamentos de visada para o alvo) com o ponto
28
de impacto das munições disparadas pelos armamentos principal e coaxial do Carro
de Combate; tendo em vista a diferença das posições dos aparelhos de pontaria para
o canhão e a metralhadora coaxial CC. Visando mitigar os efeitos da paralaxe,
diferença das posições dos aparelhos de pontaria para o canhão e a metralhadora
coaxial.
No sistema Leopard a correção em zero é o procedimento realizado para cada
tipo de munição, tendo em vista suas especificidades técnicas, com a finalidade de
calcular os valores técnicos para o tiro, fazendo coincidir o ponto médio de impacto
(PMI) de uma série de três tiros (quantidade adotada pelo Exército Brasileiro), com o
ponto de pontaria determinando os valores de falha de cada tipo de munição.
FIGURA 2: Correção em Zero e Alvo de Correção em Zero. Fonte: o autor
O conjunto de atividades previstas das Instruções Gerais de Tiro com
Armamento do Exército (IGTAEx) para a VBCCC Leopard 1A5 BR, com o emprego
de munições de exercício ou explosivas em um estande de tiro próprio para o emprego
desse sistema de armas; é chamado de Exercício de Tiro Real (Exc Tir Real).
FIGURA 3: Visão da cabine do Diretor de Tiro, conduzindo Exc Tir nível Seção de Carros de Combate, no Campo de Instrução Barão de São Borja/ Rosário-RS (Saicã). Fonte: o autor
29
Por valores de falha de munição entende-se pela obtenção de valores
numéricos que indicam os efeitos advindos do comportamento ou reação de cada tipo
de munição para um determinado CC. Tal acompanhamento é feito, visando
aproximar a trajetória balística real da ideal.
A variável independente será dimensionada no campo do preparo e do
emprego, visando alinhar-se com o que preconiza a DMT, utilizando como indicadores
as principais áreas de atuação do IAT, sejam estas: gestão da instrução e do material
de emprego militar, no campo do preparo, e o assessoramento de nível tático, no
campo do emprego.
Com relação à variável independente, no tocante às duas dimensões
estabelecidas, medidas mediante uma revisão da literatura, grupo focal, questionários
e entrevistas, as quais espera-se que interfiram no comportamento da variável
dependente. Esta variável será operacionalizada conforme o Quadro 2, a seguir: Variável Dimensão Indicadores Forma de medição
Competências exercidas pelo
instrutor avançado de tiro
Preparo
Gestão da instrução militar
Revisão da literatura. Grupo Focal (Item 1, 2 e 3) Questionário (Item 3 e 4)
Entrevista
Gestão do material de emprego militar
Revisão da literatura Grupo Focal (Item 4 e 5) Questionário (Item 1 e 2)
Entrevista
Emprego Assessoramento de
nível tático
Revisão da literatura Grupo Focal (Item 6) Questionário (Item 5)
Entrevista
QUADRO 2 – Definição operacional da variável independente: competências exercidas pelo IAT. Fonte: o autor
Com relação à variável dependente, as capacidades do Regimento de Carros
de Combate, percebeu-se que estão intimamente relacionadas ao emprego adequado
do seu material de emprego militar: o carro de combate. Assim como a variável
independente, faz-se necessário a conceituação de alguns termos relacionados às
capacidades do RCC.
O novo Manual de DMT trás o conceito de capacidades, haja vista que o EB
passou a adotar a geração de forças por intermédio do Planejamento Baseado em
Capacidades (PBC); definindo o termo como a aptidão requerida a uma força ou OM,
para que possa cumprir determinada missão ou tarefa; sendo obtida a partir de um
30
conjunto de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina,
Organização, Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura – que
formam o acrônimo DOAMEPI. (BRASIL, 2014c, p. 3-3).
Todavia, uma análise abrangente dos sete fatores tornaria a pesquisa muito
extensa e pouco objetiva. Não obstante, por se tratar de diversas capacidades este
trabalho tratará a variável dependente dimensionando-a no campo do emprego, pois
o desenvolvimento dessas capacidades permite o EB garantir a defesa do território
nacional, fato que poderá ser avaliado por intermédio da análise de suas Unidades
por ocasião de seu emprego nas Operações, ou por ocasião de seu adestramento.
Como indicadores serão listadas algumas características inerentes às
Unidades que possuem suas capacidades na plenitude, permitindo a atuação da F
Ter em Operações no Ambiente Operacional moderno. Haja vista que as capacidades
se inter-relacionam e o tratamento isolado de cada aspecto se tornaria ineficaz.
Portanto, alguns novos conceitos da DMT permitem acentuar os fatores
relacionados com: a doutrina da tropa blindada, a organização material e pessoal, o
adestramento da tropa, o sistema de armas empregado, o nível de instruções nos
quais seus quadros são qualificados, a seleção do pessoal especializado e a
infraestrutura existente nas OM.
Contudo, no caso das unidades de natureza blindada, quando adquiridas,
fornecem uma significativa ampliação das capacidades em sua totalidade, são elas: a
obtenção da prontidão operativa, da massa de efeitos e da letalidade seletiva.
Conceitos que serão abordados com mais detalhamento no terceiro capítulo. Faz-se
então a definição operacional da variável dependente estruturada da seguinte
maneira: Variável Dimensão Indicadores Forma de medição
Capacidades do Regimento de Carros
de Combate Emprego
Obtenção da prontidão
operativa
Revisão da literatura Grupo Focal (Item 4 e 6)
Entrevista
Obtenção da massa de
efeitos
Revisão da literatura Entrevista
Obtenção da letalidade
seletiva
Revisão da literatura Grupo Focal (Item 2)
Entrevista
QUADRO 3 – Definição operacional da variável dependente: capacidades do RCC. Fonte: o autor
31
2.1.2 Alcances e limites
O cerne deste trabalho foi à influência das competências exercidas pelo
instrutor avançado de tiro do Regimento de Carros de Combate, verificando a
possibilidade de potencialização das capacidades do emprego desta tropa.
Desta feita, o estudo acerca do emprego do Regimento de Carros de Combate,
propriamente dito, se restringiu as 04 (quatro) Organizações Militares de nível Unidade
existentes no EB, a saber: o 1° RCC em Santa Maria/RS, o 3° RCC em Ponta
Grossa/PR, o 4° RCC em Rosário do Sul/RS e o 5° RCC em Rio Negro/PR.
Em relação à análise das competências exercidas pelo IAT, a pesquisa limitou-
se ao estudo das gestões de instrução militar, do material de emprego militar
(chamado de “gestão da frota” na tropa blindada) e, no campo do emprego, o
assessoramento de nível tático; por se tratar dos grupos de atividades e tarefas
desenvolvidas pelo IAT de maiores vultos.
Esta pesquisa foi delimitada em quatro tópicos principais: o Regimento de
Carros de Combate e suas capacidades relacionadas ao seu emprego em Operações,
com o prisma da nova DMT e as implicações para o emprego da Força Terrestre no
tocante à variável dependente; e as experiências existentes em outros países,
advindas do Projeto Master Gunner pelo mundo e no Exército Brasileiro, no que tange
ao assessoramento de nível tático, as atividades de gestão da frota blindada e as
atividades de gestão da instrução como potencializadores das capacidades de sua
Unidade, considerando as principais vocações de um RCC, tendo como escopo o
combate pelo fogo.
Cabe ressaltar que por combate pelo fogo entende-se que se trata de uma
missão tática na qual se utiliza fogos diretos e indiretos sem enfrentar o Ini em
combate cerrado, para destruí-lo, suprimi-lo ou iludi-lo. Tal ataque se caracteriza pelo
fogo e pela manobra, combinados e controlados, originando uma preponderância de
poder de combate. (BRASIL. 2017a, p. 3-11)
Por tratar-se de uma pesquisa de caráter bibliográfica e documental, que se
propõe a documentar os principais aspectos referentes as competências exercidas
pelo IAT nos RCC presentes na doutrina nacional, norte-americana, espanhola e
chilena, carece, em alguns pontos, de uma experimentação prática; haja vista o curto
período de implantação dessa especialidade no Exército Brasileiro.
32
Assim, a investigação torna-se limitada pela impossibilidade da generalização
global dos seus resultados em virtude da reduzida lacuna de tempo considerada na
pesquisa.
2.2 AMOSTRA
Os procedimentos escolhidos para complementar a revisão da literatura no
entendimento do problema foram: a realização de 01 (uma) entrevista de orientação
para realização da pesquisa, (apêndice “A”) com um especialista de notório saber; a
realização de 01 (um) grupo focal com os IAT do 5° RCC (apêndice “B”), realizado em
2018; a realização de 01 (um) questionário visa verificar a correlação das dimensões
da variável independente com as da variável dependente (apêndice “C”); além de
entrevistas (apêndice “D”) com militares que exercem funções ligadas ao preparo e
emprego do RCC, sendo ainda, possuidores de inegável conhecimento sobre o
assunto ou por terem exercido a função de instrutor no CIBld.
Levando-se em conta que o universo de instrutores avançados de tiro formados
desde 2009 até o início de 2019 é de apenas 93 militares1 (oficiais e sargentos), dos
quais apenas 492 destes encontram-se servindo em um RCC ou no CIBld; concluiu-
se pela definição de uma população com tamanho de 49 (quarenta e nove) IAT. Tal
tamanho, conduz a definição da Amostra 1 de 44 (quarenta e quatro) especialistas3.
Ressalta-se, que, por se tratar de uma especialidade ainda recente e com pouco
tempo de exercício, cerca de uma década da sua data de criação; além de considerar
a rotatividade imposta pela profissão, menos de 50% do efetivo da Amostra 1 exerce
a função de IAT em suas Unidades, fato que conduz a definição da Amostra 2,
priorizando-se os especialistas que compõem as Seções de Instruções de Blindados
(SIBld) dos RCC e instrutores do CIBld, cuja população é de 24 IAT exercendo a
função na qual é especializado.
____________________ 1 Dados retirados do Almanaque On-Line do Exército, https://portal.dgp.eb.mil.br/almanaque#, em 23 DEZ 18. Pesquisa realizada buscando os possuidores do Curso Avançado de Tiro (CATir) do Sistema das Armas da VBCCC Leopard 1 A5 BR, pelo código GBY 01 e GBY 02. 2 Conforme: https://portal.dgp.eb.mil.br/informacoespessoal/procuranomeguerra, em 18 FEV 19. 3 Baseado no sítio eletrônico que calcula o tamanho de uma amostra; para um “tamanho da população”: 49, “nível de confiança (%)”: 95 e “margem de erro (%)”: 5. https://pt.surveymonkey.com/mp/sample-size-calculator/, com acesso em 18 FEV 19
33
Portanto a Amostra 2 será utilizada nos trabalhos desta pesquisa, no tocante a
coleta de dados, por se aproximar da realidade constatada sobre a situação do
emprego do IAT na tropa blindada.
A dimensão da amostra poderá variar em função da voluntariedade e
disponibilidade dos militares. O grupo de Amostra 2 será composto por oficiais e
sargentos da Arma de Cavalaria, aperfeiçoados ou não, que exercem a função de
instrutor avançado de tiro.
No tocante ao emprego serão considerados os militares que tenham
desempenhado a função durante a realização de exercícios no terreno ou em
ambiente virtual simulado.
Efetivo de IAT no Sistema Leopard 1 A5 BR no Exército Brasileiro P/G Quantidade de
formados IAT Servindo em RCC ou
CIBld (2019) Servindo em OM não
específica Major 07 00 07
Capitão 24 07 17
1° Tenente 06 04 02
1° Sargento 18 09 09
2° Sargento 22 15 07
3° Sargento 16 14 02
TOTAL 93 Total 49 44 Na função 24 QUADRO 4 – Efetivo de IAT no Sistema Leopard 1 A5 BR no Exército Brasileiro, em 2019. Fonte: o autor
Por fim, no intuito de minimizar quaisquer erros subjetivos advindos de um
reduzido grupo amostral, compuseram o rol de inclusão para entrevistas os Instrutores
Chefes do Curso Avançado de Tiro (CATir) e Comandantes ou antigos Comandantes
de RCC possuidores de notório saber referente a tropa blindada.
2.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
O delineamento da pesquisa contemplou: pesquisa bibliográfica e fichamento
das fontes, entrevistas com especialistas, apresentação e discussão de resultados.
Quanto à sua natureza, este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa
do tipo aplicada, pois tem como objetivo gerar conhecimentos com aplicação prática,
34
voltados à solução de problemas reais específicos relacionados ao emprego do
instrutor avançado de tiro nos Regimentos de Carros de Combate.
No que diz respeito à forma de abordagem do problema, esta pesquisa foi
eminentemente qualitativa, embasada no estudo bibliográfico e documental de fontes
de consulta, bem como, nas relações e processos que envolvem o objeto formal de
estudo.
Em função do delineamento descritivo da pesquisa em questão, valendo-se do
método indutivo, foi utilizado procedimento comparativo para verificar o impacto das
competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro visando a potencialização das
capacidades do Regimento de Carros de Combate, inferindo sobre a atualização do
suporte teórico nacional. Pesquisa Classificação Modalidade Método De abordagem Indutiva
Tipo
Quanto à natureza Aplicada Quanto à forma de abordagem Qualitativa
Quanto ao objetivo geral Descritiva Quanto aos procedimentos técnicos Bibliográfica e Documental
Técnica Quanto à obtenção de dados Coleta documental, questionário e entrevista
QUADRO 5 – Delineamento da pesquisa. Fonte: o autor
Inicialmente, foi conduzida uma entrevista de orientação inicial com
especialista, o Cap Cav PIMENTEL, mestre em ciências militares pela EsAO em 2017,
o qual expressou seus posicionamentos e experiências pessoais, decorrentes de seu
amplo conhecimento acerca do tema, contribuindo para melhor direcionar a
abordagem da temática e a condução da pesquisa e em um segundo momento,
auxiliando nos tópicos do grupo focal, com o direcionamento baseado nos objetivos
deste trabalho.
As informações extraídas da revisão da literatura foram selecionadas,
registradas, criteriosamente criticadas e organizadas, permitindo, assim, alcançar
constatações e inferências legítimas, substanciando, consideravelmente, a produção
de resultados.
De forma a confirmar os principais aspectos levantados na revisão da literatura
será conduzido entrevistas com profissionais de comprovada expertise no assunto.
2.3.1 Procedimentos adotados na revisão da literatura
Para estruturar uma base teórica de análise que viabilizasse a solução do
35
problema de pesquisa e revisão da literatura pertinente, foram seguidos tais
procedimentos e critérios:
2.3.1.1 Fontes de Consulta
Durante a fase exploratória foram utilizados diferentes tipos de fontes, mas
sempre com o cuidado de se obter informações de acentuada credibilidade.
As principais fontes foram constituídas de manuais de campanha e fundamentos,
do Ministério da Defesa (MD), do Estado-Maior do Exército (EME), do Comando de
Operações Terrestres (COTer), além de instruções provisórias e cadernos de
instruções em vigor.
Em um segundo bloco, enquadram-se as documentações que, apesar de
vigência e notório valor doutrinário, foram publicadas à luz da Doutrina Delta; além
destes, foi considerado também o periódico “Ação de Choque”, do Centro de Instrução
de Blindados, que surge entre as principais fontes brasileiras. Também foram
pesquisados trabalhos acadêmicos desenvolvidos em estabelecimentos de ensino do
Brasil. Nestes casos, as bibliotecas do CIBld, da EsAO e da ECEME se constituíram
nos principais pontos de busca e consulta para a presente pesquisa.
Visando enriquecer o acervo doutrinário em pesquisa, incluiu-se manuais
doutrinários norte-americanos, espanhóis e chilenos, dentre outras publicações. No
que diz respeito às obras estrangeiras, foram encontradas em repositórios eletrônicos
de elevada credibilidade na tropa blindada.
Como estratégia de busca para a base eletrônica de dados foram utilizados os
seguintes termos descritivos: “instrutor avançado de tiro, master gunner, instructor
avanzado de tiro, escuadrón de tanques, entre outros”, respeitando as peculiaridades
das bases de dados. Após a pesquisa eletrônica, as referências bibliográficas dos
estudos relevantes foram revisadas, no sentido de encontrar artigos não localizados
na referida pesquisa. Português Espanhol Inglês
Instrutor avançado de tiro Instructor avanzado de tiro Master Gunner Esquadrão de Carros de Combate Escuadrón de tanques -
Pelotão de Carros de Combate Pelotón de tanques Tank Platoon Brigada Blindada Brigada Acorazada Armoured Brigade Correção em zero Puesta a cero Zero-ing
Colimação Homogeneización - QUADRO 6 – Termos utilizados nas buscas em bases eletrônicas. Fonte: o autor
36
Visando utilizar dados com alto grau de confiabilidade, buscou-se identificar e
reunir o referencial teórico pertinente ao assunto, por meio de pesquisa criteriosa em
manuais nacionais e estrangeiros constantes do acervo particular do autor, de bases
eletrônicas de dados e da biblioteca do CIBld, priorizando, quando necessário,
conteúdos recém-publicados.
2.3.1.2 Critérios de inclusão:
a. documentos no idioma português, inglês ou espanhol;
b. textos com data de publicação entre 1990 e 2018;
c. textos que remetessem a abordagem do assunto em campanhas recentes
desenvolvidas no cenário internacional;
d. manuais de campanha, manuais de fundamentos, instruções provisórias e
cadernos de instrução em vigor relacionados à Doutrina Militar Terrestre e o emprego
do instrutor avançado de tiro e Regimento de Carros de Combate no Brasil, EUA, Chile
e Espanha; e
e. artigos, revistas, cadernos de instruções tipo “proposta” e trabalhos
científicos publicados entre 2009 e 2018.
2.3.1.3 Critérios de exclusão:
a. textos anteriores a 1990, exceto os marcos históricos;
b. estudos notoriamente ultrapassados, ou já revogados;
c. trabalhos com desenho de pesquisa pouco definidos ou desprovidos de base
empírica; e
d. fontes da internet não oriundas de sítios oficiais de organizações de
credibilidade.
2.3.2 Procedimentos metodológicos
No tocante a revisão da literatura, todos os procedimentos adotados constam
no item 2.3.1, com as respectivas considerações do autor, e foram, sob análise
criteriosa, utilizadas em combinação aos dados extraídos da pesquisa exploratória e
37
organizadas visando facilitar a compreensão e a relação dos assuntos ligados ao
tema.
Ressalta-se ainda que as referências das fontes utilizadas, inclusive as ligadas
ao que tange o suporte metodológico para esta pesquisa, encontram-se na seção de
“Referências”, ao término deste trabalho.
Para validação da entrevista, grupo focal e questionário, ressalta-se que estes
foram previamente testados por militares com experiência no assunto, a fim de dirimir
possíveis dúvidas acerca do conteúdo, clareza e pertinência das questões.
2.3.3 Instrumentos
Foram empregados quatro tipos de instrumentos de coletas de dados na
presente investigação: a coleta documental (anteriormente abordada), o grupo focal,
o questionário e a entrevista.
A entrevista 1 (apêndice “A”) foi redigida com perguntas abertas e o
questionário (apêndice “C”) foi ordenado com perguntas fechadas, mistas e abertas.
O primeiro visou medir aspectos da variável independente, no intuito de fornecer um
panorama atual sobre a realidade vivenciada na tropa blindada, pelo instrutor
avançado de tiro. No que lhe concerne, o questionário buscou correlacionar as
dimensões da variável independente com a variável dependente, quantificando o
impacto da primeira na segunda.
No tocante ao Grupo Focal (apêndice “B”), foi dado ênfase às tarefas e
atividades desempenhadas pelo IAT nas OM que empregam este especialista,
particularmente, com os militares do 5º Regimento de Carros de Combate. Sendo alvo
a correlação da variável independente com a dependente; por intermédio de uma
análise analítica das atividades exercidas pelos IAT e suas influências nas
capacidades do RCC.
No que se refere às Entrevista 2 e 3 (apêndices “D” e “E”), teve como objetivo
aumentar a visão sobre o assunto e auxiliar na revisão bibliográfica; seguindo um
roteiro de perguntas semiestruturado que abarcou a opinião de profissionais
especializados e militares possuidores de grande conhecimento doutrinário, no que
se refere ao emprego da tropa blindada.
Por fim, pode-se realizar uma análise qualitativa dos dados obtidos e por
intermédio de uma comparação das repostas com o acervo pesquisado na revisão da
38
literatura. Ressalta-se, também, que foi realizado um tratamento estatístico no
questionário, possibilitando uma análise quantitativa do mesmo.
2.3.3.1 Entrevista 1
No intuito de se obter um panorama sobre a atual situação, no tocante ao
emprego do IAT como especialista na tropa blindada; foi conduzida uma entrevista de
orientação inicial para a pesquisa com o Cap Cav Augusto Cezar Mattos Gonçalves
de Abreu Pimentel, oficial do Exército Brasileiro com vasta experiência no assunto,
visando o melhor direcionamento e abordagem da temática na condução da pesquisa
e alguns dados afetos à variável independente desta pesquisa.
O Cap Cav PIMENTEL graduou-se bacharel em ciências militares pela
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e mestre em ciências militares pela
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais em 2017.
É especialista no emprego de blindados pelo Centro de Instrução de Blindados,
tendo realizado o curso de operação da VBCCC Leopard 1 A5 BR (2011) e o curso
avançado de tiro do sistema de armas da VBCCC Leopard 1 A5 BR (2014).
O referido militar é especialista no emprego de frações blindadas e
mecanizadas pelo Exército Sul-africano, tendo realizado o curso de comandante de
subunidade blindada e mecanizada (2015) pela School of Armour.
Exerceu a função de instrutor do Curso de Cavalaria da Academia Militar das
Agulhas Negras no triênio 2013-14-15. Exerceu, também, a função de comandante de
frações blindadas e mecanizadas, nível pelotão e subunidade, em exercícios de
adestramento e operações militares, no Brasil e no exterior.
Possui, ainda, artigos científicos publicados em periódicos nacionais acerca de
assuntos relacionados ao tema da presente pesquisa.
2.3.3.2 Grupo Focal
No intuito de adquirir informações não existentes no referencial bibliográfico
nacional, bem como, por se tratar de dados ainda empíricos; foi realizado um grupo
focal com oficiais e sargentos IAT do 5º Regimento de Carros de Combate. O referido
instrumento foi elaborado da seguinte maneira: divulgação prévia sobre o assunto, ao
39
grupo direcionado; e em seguida, 02 (duas) reuniões para a discussão dirigida sobre
o assunto em tela.
Foi colhido, cerca de 03 (três) horas de áudio, sobre as atividades realizadas
pelos instrutores avançados de tiro durante um ano de instrução com todas as
atividades previstas no Plano de Instrução Militar (PIM). Estas informações foram
tratadas e comparadas com o questionário enviado ao grupo amostral 2.
Para a realização do Grupo Focal, ocorreu a autorização de autoridade
competente (Comandante de OM) para a reunião do grupo de militares, em duas
meias jornadas. Tais reuniões ocorreram em novembro de 2019, após a realização de
uma Operação conduzida pela 5ª Bda C Bld, onde foi conduzido um exercício de tiro
real e exercício de dupla ação.
Foi enviado aos participantes um roteiro de condução do grupo focal (Apêndice
B) que apresentava os objetivos da realização da reunião, bem como, os tópicos
norteadores. Ao todo, reuniu-se 09 (nove) especialistas; com períodos de experiência
na Tropa Blindada variando entre 3 (três) e 12 (doze) anos com as viaturas M60,
Leopard 1A1 e Leopard 1A5 BR.
No intuito de direcionar os resultados a serem colhidos, foi orientado uma
sequência na qual cada participante expôs suas experiências a cerca de cada item
previsto no roteiro, com uma conclusão parcial sobre o assunto em cada competência
do IAT, que era analisada.
2.3.3.3 Questionário
O questionário iniciou-se com uma breve descrição do objetivo da presente
pesquisa, seguido por uma apresentação de um quadro auxiliar visando direcionar
aos problemas relacionados às variáveis deste trabalho. Em seguida, por intermédio
de 06 (seis) perguntas fechadas e mistas buscou-se colher informações referentes a
variável independente e uma correlação entre as variáveis dependente e
independente.
O referido questionário foi disseminado e respondido valendo-se da ferramenta
eletrônica Google Docs, por se tratar de um meio gratuito, de fácil acesso e que
permite a tabulação automática dos dados obtidos.
40
O questionário foi dividido da seguinte maneira: 02 (duas) questões sobre as
atividades desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro referente a gestão do
material de emprego militar, sendo 01 (uma) mista e outra aberta; 02 (duas) questões
sobre as atividades desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro referente a gestão
da instrução, sendo 01 (uma) mista e 01 (uma) aberta; 01 (uma) questão sobre o
assessoramento de nível tático e 01 (uma) questão aberta, buscando relacionar a
influência das competências desempenhadas pelo IAT e as capacidades do RCC.
2.3.3.4 Entrevistas 2 e 3
No intuito de se obter uma percepção por parte dos comandantes de
Regimentos de Carros de Combate no que tange ao assessoramento de nível tático
pelo IAT; foi conduzida uma entrevista com o Sr Cel Jackson Rodrigues de Sousa
Júnior.
O Cel JACKSON foi comandante do 5º RCC no biênio 2017-2018, tendo sido,
Cmt da FT 520, formada entre o 5º RCC e o 20º BIB por dois anos; durante as
Operações AÇO 2017 e AÇO 2018 (Exercícios no Terreno e Tiro Real) no Campo de
Instrução Barão de São Borja, Saicã/RS.
A entrevista 3 foi conduzida com o Maj Alceu Lopes de Menezes Júnior,
considerado possuidor de notório saber e de grande experiência na Tropa Blindada;
tendo sido Cmt SU no 4º RCC no período de 2010 a 2013; realizou o Curso de
Operação de VBCCC Leopard 1A5 BR, em 2011; e o Curso Avançado de Tiro do
Sistema de Armas VBCCC Leopard 1A5 BR em 2012; foi Instrutor da SIBld no período
entre 2011 e 2013, do 4º RCC; instrutor de VBCCC Leopard 2A4 no Chile em 2017 e
atualmente exerce a função de instrutor do CIBld desde 2018.
Inicialmente, foi realizado uma apresentação sobre a finalidade da entrevista,
no intuito de destacar sua importância e relevância, seguida das perguntas conforme
o previsto no roteiro. O objetivo foi atingido, resultando em conhecimentos precisos
acerca da variável dependente e norteando os resultados da presente pesquisa.
2.3.4 Análise dos dados
As informações obtidas nas pesquisas bibliográfica e documental foram
analisadas e criticadas, ao mesmo modo que as informações disponibilizadas nos
41
questionários e nas entrevistas receberam tratamento qualitativo, com análise
ponderada de seu conteúdo, minimizando a incidência de tendências, evitando
contaminar os resultados da pesquisa e auxiliando na obtenção dos objetivos
propostos para esta pesquisa.
Todavia, por se tratar de uma pesquisa qualitativa, foram utilizados os discursos
subjetivos dos entrevistados e as respostas do questionário; em seguida, foi realizado
a análise do conteúdo dos textos e dos depoimentos colhidos, o que permitiu um
entendimento adequado e racional para se solucionar o problema de pesquisa.
Os dados obtidos no grupo focal foram apresentados por intermédio de um
resumo de falas obtidas durante a atividade contribuindo para gerar uma visão
holística dos aspectos pesquisados. Os dados colhidos das entrevistas foram
apresentados inteiramente, como respostas aos anexos e em algumas conclusões
parciais. A identidade dos entrevistados foi mantida, como forma de afirmar a
expertise dos militares selecionados. No que diz respeito aos questionários, as
respostas obtidas foram tabuladas, sem que houvesse a identificação dos militares, o
que permitiu a assimilação de tendências a respeito da situação atual no que se refere
às competências desempenhadas pelos IAT no RCC.
Os dados levantados na revisão da literatura nacional e estrangeira foram
fichados e adequadamente organizados, possibilitando a análise crítica e comparativa
dos mesmos, fundamentando, assim, os resultados obtidos pela presente pesquisa.
Por fim, os elementos obtidos por meio da busca documental somaram-se aos
dados extraídos dos questionários e das entrevistas, sendo possível comparar as
ideias centrais dos indicadores de cada dimensão das variáveis. Destarte, foi possível
reunir subsídios tais que permitiram, assim, a condução de uma análise sólida,
imparcial e coerente.
42
3 REVISÃO DA LITERATURA
Perante ao problema de pesquisa exposto, e com o intuito de realizar um
levantamento fidedigno e atual acerca do tema, foi realizada uma pesquisa dos
principais manuais nacionais e estrangeiros, além de artigos, periódicos e outras
fontes de notória relevância; com o objetivo de verificar a correlação entre as
competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro e a potencialização das
capacidades de um Regimento de Carros de Combate.
A literatura nacional consultada engloba um grupo de publicações mais
recentes, datados de 2014 até 2019, e outras que apesar de vigência e notório valor
doutrinário, foram publicadas à luz da Doutrina Delta. Além dos manuais, notas e
propostas de Cadernos de Instrução (CI); bem como periódicos nacionais e
internacionais de grande renome na área de Defesa, trabalhos acadêmicos e grupo
focal acerca do tema.
Através desta revisão da literatura, almejou-se organizar os conceitos afetos ao
presente trabalho, de modo a identificar as fontes mais relevantes, relacionar as
opiniões similares e diferentes a respeito do tema, distinguir o estado da arte e
esclarecer o relacionamento entre as competências exercidas pelo IAT e as
capacidades do RCC, com o intuito de solidificar uma base que possibilitará uma
adequada argumentação capaz de responder ao problema de pesquisa em tela.
Contudo, esta revisão foi detalhada nos seguintes aspectos: o Regimento de
Carros de Combate com suas características, capacidades e limitações; novos
conceitos da doutrina militar terrestre e suas relações com as capacidades do RCC; o
Projeto Master Gunner e o instrutor avançado de tiro. Tal caminho servirá como base
para entender o problema desta pesquisa de uma maneira ordenada e viável.
3.1 O REGIMENTO DE CARROS DE COMBATE
Para facilitar o entendimento quanto às competências exercidas pelo IAT, faz-
se necessário elencar algumas premissas básicas referentes ao Regimento de Carros
de Combate, por se tratar das únicas Unidades as quais se empregam este
especialista.
O presente capítulo visa ambientar o leitor, quanto as características,
possibilidades, limitações e estrutura organizacional de um RCC. Para tanto foi dado
43
ênfase no Manual C17-20 Forças-Tarefas Blindadas (FT Bld), pois estabelece
fundamentos doutrinários em normativa nacional única e baseia-se nos Regimentos
de Carros de Combate e Batalhões de Infantaria Blindados.
No entanto, cabe ressaltar que o supracitado manual foi concebido à luz da
Doutrina Delta, já substituída pela atual DMT.
3.1.1 Generalidades
O manual C 17-20 (Forças-Tarefas Blindadas) traz o conceito de Força Tarefa,
bem como, suas missões e possibilidades no combate moderno.
No campo de batalha as forças blindadas, normalmente, organizam-se para o
combate em FT com CC e Fuzileiro Blindado (Fuz Bld), conforme descreve
MESQUITA: A estrutura de FT é inspirada nos Kampfgruppe (grupos de combate) da doutrina alemã, que consistiam em agrupamentos de tamanho variável, organizados sob medida para cada missão a ser cumprida. O novo uso combinado das diferentes armas, surgido sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial, levou os exércitos a criar agrupamentos táticos flexíveis interarmas, que receberam diversas designações conforme o país de origem. Diversos exércitos adotaram o conceito de battlegroup (grupo de batalha). Na França, adotou-se o termo régiment de marche (regimento de marcha). Nos EUA, essa força é denominada task-force (força-tarefa). O conceito de task-force originou o regimental combat team (equipe de combate regimental), um agrupamento provisório com base em um Regimento de Infantaria, ao qual eram acrescentados elementos de carros de combate, de artilharia, de engenharia, entre outros, conforme a missão. (MESQUITA, 2015)
Dentro do que concerne ao emprego do RCC, pode-se verificar ainda, que o
manual C 17-20 apresenta o seguinte: O moderno conceito de emprego de blindados enfatiza a necessidade de se empregar uma força capaz de enfrentar múltiplas ameaças, que possa aglutinar em torno dos carros de combate, elementos de infantaria blindada, artilharia de campanha e antiaérea autopropulsadas e engenharia de combate blindada, buscando a sinergia entre todos estes elementos, de forma a anular as deficiências de uns e maximizar as possibilidades de outros. Esta FT Bld não será capaz de manobrar e combater no moderno campo de batalha sem contar com um eficiente sistema de comando e controle, com ênfase para a inteligência de combate e, sem o apoio efetivo de helicópteros da aviação do exército e de aeronaves da aviação aerostática. (BRASIL, 2002, p. 1-6, grifo nosso)
Portanto, ao analisar um Regimento de Carros de Combate, tem-se que
considerar a forma de emprego mais usual desta Unidade, no caso, como integrante
44
de uma Força Tarefa Blindada.
O manual C 17-20 apresenta as seguintes estruturas organizacionais básicas
para as FT, conforme o quadro abaixo, constituído de: Comando e Estado-Maior,
Esquadrão (Esqd) ou Companhia de Comando e Apoio, Esquadrões de Carros de
Combate, e Esquadrões ou Companhias de Fuzileiros Blindados. Deste modo,
destaca-se que ao menos 01 (um) Esquadrão de Carros de Combate (Esqd CC)
comporá uma FT Blindada.
QUADRO 7 – Possibilidades de estruturas organizacionais de uma FT Blindada. Fonte: o autor
Contudo, será apresentado o organograma do RCC no intuito de esclarecer a
organização desta OM, conforme o quadro a seguir:
QUADRO 8 – Organograma do Regimento de Carros de Combate. Fonte: o autor
FT RCC FT BIB
FT RCC (equilibrada, com Cmdo do RCC)
45
Cabe-se ainda citar que um RCC possui 54 VBCCC, que atualmente trata-se
da viatura Leopard 1A5 BR. Sendo a seguinte distribuição dentro da OM: 02 (duas)
viaturas no Esqd C Ap (Pel Cmdo), 13 (treze) viaturas por Esqd CC.
Dentro das SU a divisão encontra-se da seguinte maneira: 01 (uma) viatura
para o Cmt SU e 12 (doze) viaturas nos Pel CC; os quais se dividem em 04 (quatro)
por pelotão.
Desta maneira, percebe-se que o poder de combate dos RCC está diretamente
relacionado aos meios blindados que possui, bem como suas características,
possibilidades e limitações.
3.1.2 Características, possibilidades e limitações
Como premissa básica de emprego das FT o Manual C 17-20 expõe que estas
são organizadas, equipadas e instruídas para operarem como elementos de choque
das Brigadas de Cavalaria Blindada (Bda C Bld), Brigada de Infantaria Blindada (Bda
Inf Bld) e Brigada de Cavalaria Mecanizada (Bda C Mec) com o objetivo de ampliar as
capacidades de combate e as possibilidades operacionais destas Grandes Unidades.
Atualmente o EB dispõe de 02 (duas) Brigadas Blindadas (Bda Bld): a 5ª Bda
C Bld, com sede em Ponta Grossa/PR e a 6ª Bda Inf Bld, sediada em Santa Maria/RS.
Cada uma dessas Grandes Unidades possuem 02 (dois) Batalhões de Infantaria
Blindado e 02 (dois) Regimento de Carros de Combate; geralmente empregados
compondo FT nível Unidade blindada (FT RCC ou FT BIB).
Cabe ressaltar que a nomeação da FT refere-se ao tipo da tropa que comanda,
por exemplo: uma FT com Comando do RCC terá mais SU de CC que SU Fuz Bld ou
em número equilibrado e sendo nomeada de FT RCC; caso possua mais SU Fuz Bld
ou em número equilibrado e Comando do BIB, esta FT será nomeada de FT BIB.
Desta maneira faz-se necessário exemplificar as missões básicas das FT RCC,
conforme previsto no manual C 17-20: (a) cerrar sobre o inimigo a fim de destrui-lo ou neutralizá-lo, utilizando o fogo, a manobra e a ação de choque; (b) destruir ou desorganizar o ataque inimigo por meio do fogo, da ação de choque e de contra-ataques. (BRASIL, 2002, p. 1-2)
Portanto, valendo-se do mesmo referencial teórico, identifica-se ainda, que as
características da FT estão intrinsicamente relacionadas às características da Arma
46
de Cavalaria, a saber: a. Mobilidade - Resultante de serem todos os seus elementos transportados em viaturas, cujas possibilidades técnicas permitem grande raio de ação, deslocamento em alta velocidade em estradas, bom rendimento através campo e boa capacidade de transposição de obstáculos, inclusive de cursos de água não vadeáveis, já que muitas das suas viaturas são anfíbias. b. Flexibilidade - Produto, particularmente, da mobilidade, estrutura e constituição, em pessoal e meios, que lhes conferem a possibilidade de mudar rapidamente a organização para o combate, o dispositivo e a direção de atuação, bem como lhes concedem desenvolvida capacidade de evitar ou romper o engajamento em combate. c. Potência de fogo - Função do armamento orgânico, notadamente os carros de combate, os morteiros, as armas automáticas e os mísseis anticarro. d. Proteção blindada - Proporcionada pela blindagem dos seus carros de combate e de suas viaturas blindadas. e. Ação de choque - Resultante do aproveitamento simultâneo de suas características de mobilidade, potência de fogo e proteção blindada. f. Sistema de comunicações amplo e flexível - Ensejado, particularmente, pelo material rádio de que são dotadas, que assegura ligações rápidas e continuadas com o escalão superior e os elementos subordinados. (BRASIL, 2002, p. 1-2)
Como possibilidades o manual C 17-20 ressalta que se trata de Unidades que
possuem meios suficientes para o combate em períodos limitados e diretamente
ligadas ao apoio logístico de motomecanização, combustíveis, óleos e lubrificantes e
munição adequada.
Destaca-se que, no nível subunidade, os Esqd CC das FT Bld são capazes de
destruir os meios blindados inimigos, pelo fogo; e apoiar a progressão de suas tropas
ou dos fuzileiros blindados da FT, caso haja necessidade devido a especificidade das
Operações.
No tocante as limitações, é nítido associar às mesmas limitações de seus
próprios meios blindados, conforme o seguinte: a. Quanto ao inimigo (1) Vulnerabilidade aos ataques aéreos. (2) Sensibilidade ao largo emprego de minas, armas anticarro (AC) e obstáculos artificiais. b. Quanto ao terreno e condições meteorológicas (1) Mobilidade restrita nos terrenos montanhosos, arenosos, pedregosos, pantanosos e cobertos. (2) Reduzida capacidade de transposição de cursos d`água pelos carros de combate. (3) Necessidade de rede rodoviária para prover seu apoio logístico. (4) Sensibilidade às condições meteorológicas adversas, que reduzem a sua mobilidade. (5) Poder de fogo restrito em áreas edificadas e cobertas. (BRASIL, 2002, p. 1-2)
No que diz respeito às peculiaridades de emprego do Regimento de Carros de
47
Combate, faz-se necessário perceber que suas características, possibilidades e
limitações possuem ligação direta com a sua preparação e sua forma de ser
empregado.
Os carros de combate orgânicos das FT Bld têm as missões bases de destruir
blindados inimigos e apoiar pelo fogo a progressão dos fuzileiros blindados. Assim, os
fuzileiros blindados têm por missão destruir as resistências inimigas remanescentes,
conquistar o terreno tomado (ARRUDA, 2015).
É de capital importância a plena consciência situacional, no tocante à rápida
evolução tecnológica que os meios de emprego militar vivenciam; como percebe-se
nas seguintes passagens: Os Cmt FT Bld passarão a enfrentar desafios substancialmente diferentes daqueles com que se depararam no passado. No moderno campo de batalha, o combate de blindados tornou-se complexo e multidimensional, fruto do advento de carros de combate dotados de sistemas de tiro informatizados, de equipamentos de sensoriamento e de navegação terrestre e com armamentos de elevada letalidade, do grande poder de destruição das armas anticarro, dos helicópteros de ataque e da intensa utilização do espectro eletromagnético (BRASIL, 2002, p. 1-6).
Por fim, o modo como as FT Bld são organizadas, equipadas e instruídas para
operar como elementos de choque das Bda Bld, potencializam as capacidades de
combate e as possibilidades operacionais (BRASIL, 2002, p. 1-2). Ressalta-se, ainda,
que o emprego de qualquer tipo dessas OM blindadas, RCC ou BIB, está diretamente
ligado às capacidades de seus meios, à maneira como é realizado o preparo e às
características das missões que lhe são atribuídas.
3.2 CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE COMBATE
Diante de um ambiente de incertezas e constante modificação, a DMT
fundamenta a necessidade de uma doutrina flexível, visando adaptar-se fácil e
rapidamente às mudanças que venham a ocorrer, em qualquer cenário, tanto em
situações de guerra como de não guerra (BRASIL, 2014c, p. 1-3).
No intuito de adequar-se ao cenário apresentado e de estruturações
doutrinárias, introduziu-se à DMT uma série de padronizações e fundamentações, até
então inéditas, as quais, possibilitam a conceituação dos principais assuntos
referentes ao emprego da Força Terrestre.
Neste contexto surgia os conceitos de Planejamento Baseado em Capacidades
48
(PBC), bem como o próprio conceito de Capacidades que é apresentado na nova
DMT, recebendo a seguinte conceituação: Capacidade é a aptidão requerida a uma força ou organização militar, para que possa cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida a partir de um conjunto de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização (e/ou processos), Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura – que formam o acrônimo DOAMEPI. (BRASIL, 2014c, p.3-3)
Conforme o manual EB20-MF-10.102 Doutrina Militar Terrestre (BRASIL, 2014,
p. 1-1), a doutrina “é o conjunto de princípios, conceitos, normas e procedimentos,
fundamentadas principalmente na experiência, destinada a estabelecer linhas de
pensamentos e a orientar ações, expostos de forma integrada e harmônica”.
Para Sun Tzu, a arte da guerra implica cinco fatores principais, sendo um deles
a doutrina, na qual resume como “à organização eficiente, à existência de uma cadeia
de comando rígida e a uma estrutura de apoio” (FIGUEIREDO, 2002, p. 12).
No tocante à organização e/ou processos a DMT a conceitua como sendo a
Estrutura Organizacional dos elementos de emprego da F Ter. Ressalta ainda que
algumas capacidades são obtidas por processos, com vistas a evitar competências
redundantes, quando essas já tenham sido contempladas em outras estruturas.
Ainda sobre estrutura organizacional, Oliveira (2007, p. 16) diz que “é um
instrumento essencial para o desenvolvimento e a implementação do plano
organizacional nas empresas”. O supracitado autor afirma que: Estrutura organizacional é o instrumento administrativo resultante da identificação, análise, ordenação e agrupamento das atividades e dos recursos das empresas, incluindo os estabelecimentos dos níveis de alçada e dos processos decisórios, visando ao alcance dos objetivos estabelecidos pelos planejamentos das empresas (OLIVEIRA, 2007, p. 12).
Por adestramento a DMT o define como sendo as atividades de preparo
obedecendo a programas e ciclos específicos, incluindo a utilização de simulação em
todas as suas modalidades: virtual, construtiva e viva.
O mesmo repositório conceitua material como sendo todos os materiais e
sistemas para uso na F Ter, acompanhando a evolução de tecnologias de emprego
militar e com base na prospecção tecnológica.
Ressalta-se ainda que o manual EB20-MF-10.102 Doutrina Militar Terrestre
trata educação como sendo todas as atividades continuadas de capacitação e
habilitação, formais e não formais destinadas ao desenvolvimento do integrante da F
Ter quanto à sua competência individual requerida. Essa competência deve ser entendida como a capacidade de mobilizar, ao
49
mesmo tempo e de maneira inter-relacionada, conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e experiências, para decidir e atuar em situações diversas. Dentre essas competências, ressalta-se o desenvolvimento da Liderança Militar, fator fundamental na geração das capacidades. (BRASIL, 2014c, p. 3-4)
No que diz respeito ao pessoal a DMT trata da seguinte maneira:
Abrange todas as atividades relacionadas aos integrantes da força, nas funcionalidades: plano de carreira, movimentação, dotação e preenchimento de cargos, serviço militar, higidez física, avaliação, valorização profissional e moral. É uma abordagem sistêmica voltada para a geração de capacidades, que considera todas as ações relacionadas com o planejamento, a organização, a direção, o controle e a coordenação das competências necessárias à dimensão humana da Força. (BRASIL, 2014c, p. 3-4)
Por fim, entende-se como infraestrutura todos os elementos estruturais da OM,
que dão suporte à utilização e ao preparo dos elementos de emprego da Unidade,
conforme as suas necessidades e requisitos funcionais.
Destarte, ao realizar uma análise de todos os fatores percebe-se que há uma
relação que perpasse por todos e conduza a percepção de relacionamento entre todos
de maneira indivisível; sempre ressaltando que as capacidades de uma OM são
requisitos para o cumprimento de suas missões institucionais.
Fica latente que o tratamento dos fatores que conduzem à obtenção das
capacidades, por parte das organizações militares, não pode ser tratado de maneira
divisível, isolada ou separadamente; por se tratar de fatores que estão
intrinsecamente ligados.
3.2.1 Novos conceitos para o emprego da Força Terrestre
Coerente com as particularidades do ambiente operacional contemporâneo, a
nova Doutrina Militar Terrestre estabeleceu as principais implicações para o emprego
da F Ter. No contexto da temática deste trabalho, elencou-se como sendo as
implicações com potencial influência sobre as características de um Regimento de
Carros de Combate os seguintes indicadores: a prontidão operativa, a letalidade
seletiva e a massa de efeitos.
Por estarem relacionadas com o preparo, no caso da prontidão operativa; e ao
emprego, no caso da letalidade seletiva e da massa de efeitos; faz-se necessário
esclarecer os supramencionados conceitos, com o objetivo de relacioná-los às
dimensões do preparo e emprego.
50
Portanto, ao buscar relacionar os indicadores que melhor representam as
capacidades de um RCC, entendeu-se que os fatores do DOAMEPI seriam atingidos
em sua plenitude se, de algum modo, a OM apresentasse elevada prontidão operativa,
e por ocasião de seu emprego; apresentasse alta letalidade seletiva e massa de
efeitos superior às ameaças enfrentadas.
Desta maneira, faz-se necessário compreender as definições destes novos
conceitos existentes na DMT vigente.
3.2.1.1 Prontidão Operativa
No manual EB70-MC-10.341 Lista de Tarefas Funcionais o termo prontidão
operativa é definido como sendo uma das atividades inerentes à função de combate
Movimento e Manobra; e aborda, ainda, uma referência de tarefa da supracitada
atividade: Realizar o apronto operacional: Ficar em condições de ser empregado em
missão de combate, com todo seu equipamento, armamento, viaturas, munições,
suprimentos e demais fardos de material.
VIANNA BRAGA (2011), traz alguns conceitos sobre prontidão operativa no
âmbito dos Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, que dentre outros indicadores,
apresentou a prontidão operativa alicerçada no tempo necessário para se mobilizar
uma OM e empregá-la em uma Operação, neste caso, os Carros Lagarta Anfíbios
(CLAnf) na Operação Rio 2010.
O manual EB20-MF-10.102 DMT enfatiza que o Poder Militar Terrestre contribui
para a dissuasão estratégica pela articulação em todo o território nacional e pela
disponibilidade de forças com prontidão operativa. (BRASIL, 2014c, p.3-2) O mesmo documento afirma que para alcançar os níveis máximos de prontidão
operativa, é necessário possuir as capacidades que lhes são requeridas em sua
plenitude.
Neste escopo buscou-se estabelecer uma relação entre prontidão operativa e
as capacidades de uma OM, que no caso tratou sobre o Regimento de Carros de
Combate. Portanto, ocorreu o esforço de relacionar as competências exercidas pelo
IAT às capacidades requeridas ao RCC para o cumprimento de suas missões nas
Operações Militares; estabelecendo atividades e tarefas inerentes ao IAT.
Na doutrina, percebeu-se que o IAT auxilia no atendimento deste indicador por
51
ser um dos principais vetores de atualização da Base Doutrinária da Tropa Blindada
na difusão dos conhecimentos necessários ao cumprimento da gama de missões,
atividades e tarefas que o RCC irá cumprir em operações. Tais atividades serão
elencadas no capítulo a seguir, relacionado ao instrutor avançado de tiro.
No adestramento, exerce uma de suas principais competências ao
potencializar a utilização de simulação em todas as suas modalidades: virtual,
construtiva e viva; sendo o principal gestor destes meios e o único com competência
para a confecção de cenários e exercícios simulados que se aproximam de condições
extremas de combate, com intuito de aumentar a proficiência das guarnições
blindadas da Unidade.
No tocante ao material, o IAT é, em última análise, o maior conhecedor da
plataforma de combate utilizada pelo RCC, por ser o especialista em seu sistema de
armas e, como operador, conhecedor de todos os seus sistemas de funcionamento:
de arrefecimento, de lubrificação, do conjunto de força, elétrico, alimentação,
suspensão e trens de rolamento, de combate a incêndio e eletro hidráulico.
No fator educação ao exercer uma de suas competências primordiais, o
instrutor avançado de tiro, tem um caráter catalisador na capacitação e habilitação
dos recursos humanos do RCC.
Portanto, com base nos fatores determinantes para as capacidades requeridas
à uma Organização Militar para a obtenção efetiva da prontidão operativa, pode-se
estabelecer uma gama de conexões com as competências exercidas pelo instrutor
avançado de tiro no Regimento de Carros de Combate, haja vista que este especialista
consegue influenciar diretamente em vários fatores inteiramente relacionados às suas
competências, como especialista e funcionalmente.
3.2.1.2 Letalidade Seletiva
No manual de Doutrina Militar Terrestre (2014) pode-se identificar o conceito
de letalidade seletiva como uma das implicações para o emprego da F Ter, sendo
descrita da seguinte forma: As forças militares devem ser capazes de engajar alvos de natureza militar, com uma resposta proporcional à ameaça, mitigando os efeitos colaterais. Possuir letalidade seletiva implica possuir sistemas de armas precisos o bastante para preservar a população e estruturas civis, em perfeito alinhamento com os princípios do Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA) e outras legislações pertinentes (BRASIL, 2014c, p. 7-2).
52
O Projeto de Força do Exército Brasileiro (ProFORÇA) define letalidade seletiva
como sendo uma capacidade necessária para se alcançar o êxito nos conflitos futuros,
caracterizada pela precisão e reduzido efeito colateral.
Neste escopo o manual EB20-MC-10.223 Operações (2017) enfatiza a
necessidade de condução de ações com relativa proteção blindada e acurada
precisão. Ressalta ainda que a F Ter deve dispor de capacidades específicas, sendo
dotadas de meios com alta tecnologia agregada, de armas de letalidade seletiva e que
permitam uma rápida e precisa avaliação de danos, combinados com meios de
inteligência, reconhecimento, vigilância e aquisição de alvos (BRASIL, 2017b, p.2-4).
Dessa forma, ao relacionar as necessidades advindas do ambiente operacional
às capacidades específicas à F Ter e considerando que o Carro de Combate é dotado
das características necessárias ao emprego no Combate Moderno, a referida citação
estabelece relação direta entre as competências exercidas pelo IAT, no que diz
respeito à seu emprego na potencialização das capacidades da dimensão humana,
por permitir um elevado índice de proficiência para o emprego dos meios militares
utilizados.
Além disso, ao relacionar as capacidades de um RCC que no Combate
Moderno atuaria com a condução de engajamentos cirúrgicos e proporcionais à
minimização de danos colaterais, com o conceito de letalidade seletiva, dentre outros
aspectos, pode-se estabelecer inferências junto às capacidades exercidas pelo IAT,
principalmente no que diz respeito à correção de procedimentos para o disparo; bem
como no incremento das capacidades da guarnição blindada de impactar um
alvo/missão de tiro com elevada eficiência, eficácia e parâmetros de tempo
baixíssimos, compatíveis com o Ambiente Operacional dos novos conflitos.
3.2.1.3 Massa de Efeitos
Segundo o EB20-MC-10.223 Operações (2017), o advento de importantes
tecnologias de aplicação militar influi diretamente não só na forma de combater, mas
também no tempo em que os principais enfrentamentos são decididos (BRASIL,
2017b, p.2-5).
Percebeu-se que as novas tecnologias acrescentadas às plataformas de
combate, principalmente no que diz respeito ao Carro de Combate, conduzem à
53
maximização de aptidões com perceptível melhoria nos rendimentos e influenciando
diretamente nas operações militares no Ambiente Operacional contemporâneo;
modificando o combate e reduzindo o tempo para aquisição, seleção, confirmação e
neutralização de um alvo para poucos segundos.
Ao apresentar os Princípios de Guerra do nosso Exército, o manual EB20-MF-
10.102 Doutrina Militar Terrestre (2014c) ratifica, ao detalhar o Princípio de Guerra da
Massa, lhe definindo da seguinte maneira: Compreende a concentração de forças para obter a superioridade decisiva sobre o inimigo, com qualidade e eficácia, no momento e local favorável às ações que se têm em vista, com capacidade para sustentar esse esforço, enquanto necessário. A aplicação desse princípio permite que forças, numericamente inferiores, obtenham superioridade decisiva no momento e local crítico. Armas com letalidade seletiva com alta tecnologia agregada, aliadas ao crescente emprego de vetores aéreos e Guerra Eletrônica permitem às forças que emassem expressivo poder de combate em um só local e momento, compensando deficiências de efetivo. Neste caso, as forças dotadas desses meios de combate podem obter a massa de efeitos sem que tenha de empregar a massa de forças (BRASIL, 2014c, grifo do autor, p. 5-4).
Tal conceituação permite a constatação de que as armas com letalidade
seletiva de alta tecnologia fornecem novas possibilidades, permitindo obter a massa
de efeitos, compensando, até mesmo, deficiências de efetivos.
Nesse viés de correlação entre massa de efeitos e letalidade seletiva de armas
de alta tecnologia embarcada, PIMENTEL (2017) analisa a disseminação das novas
tecnologias no cenário atual, da seguinte maneira: Verifica-se que as novas tecnologias e sua disseminação são características do cenário atual, no qual plataformas militares com alta tecnologia agregada tornaram-se a regra. Nesse contexto, tal peculiaridade não pode ser ignorada pela F Ter, sob pena de preocupante estagnação, não somente no viés tecnológico, mas, também no campo doutrinário, em virtude da íntima relação existente entre ambos. (PIMENTEL, 2017, grifo do autor)
Contudo, torna-se passível construir a relação entre a letalidade seletiva no uso
do CC com a obtenção da massa de efeitos que este MEM é capaz de produzir;
diretamente ligado com a dimensão “Emprego” do RCC em Operações, e por permitir
melhorias nas capacidades destas Unidades.
Faz-se entender que o emprego de carros de combate e as demais viaturas
blindadas de combate devido às suas características, já citadas anteriormente,
produzem um grande efeito sobre a força oponente; como por exemplo: empregar um
efetivo pequeno, de um Pel CC, emassado e de forma tempestiva em uma
determinada porção da Área de Operações poderá produzir um efeito sobre o inimigo
maior que o emprego de um efetivo maior de tropa de outra característica.
54
3.3 O PROJETO MASTER GUNNER
A história e evolução do termo Master Gunner (MG) como referência a um
especialista no tiro, remonta do século XV, quando militares peritos em canhões eram
empregados na Artilharia de defesa de castelos britânicos, visando o aumento da
eficácia e eficiência dos canhões utilizados à época.
No entanto, nas décadas de 1970 e 1980, fruto do grande desenvolvimento
tecnológico que os Carros de Combate eram dotados, iniciou-se uma tendência nos
Exércitos pelo mundo, da necessidade de implantação e emprego deste tipo de
especialistas – o Master Gunner.
A Guerra do Yom Kippur (1973), palco de uma das grandes batalhas com
blindados da História: Battle of the Valley of Tears (Batalha do Vale das Lágrimas),
localizada em um trecho do vale entre os Montes Hermon e Bental, tornou-se um
marco para o estudo das tropas blindadas devido as características do conflito.
Tal conflito foi marcante devido a grandiosidade dos números de CC e outros
veículos envolvidos. Estima-se que as forças sírias atacavam com cerca de 500
(quinhentos) carros de combate, contra apenas 40 (quarenta) carros israelenses. Ao
término da batalha, a defesa de Israel havia destruído 260 (duzentos e sessenta)
carros da Síria e mais 500 (quinhentos) outros veículos blindados.
As Forças Árabes possuíam a viatura T-62, mais moderno Carro de Combate
soviético, à época. Era dotado de canhão 115mm e devido a existência de
equipamento de visão noturna, tornava-se capaz de combater à noite; técnica de
combate largamente empregada durante o conflito devida à superioridade adquirida
devido ao MEM empregado.
No entanto, a IDF – Israeli Defense Forces (Forças de Defesa Israelenses)
possuíam guarnições blindadas treinadas com mais eficiência e ênfase no combate,
com as características da época; e em posições de enfrentamento que favoreciam as
Operações Defensivas e que possibilitaram, devido a tática e técnica do material, a
vitória da tropa blindada israelense.
Na obra “The Yom Kippur War 1973” DUNSTAN apresenta, ainda o seguinte relato:
The majority of the personnel of the 7th Armoured Brigade were young conscripts of 19 or 20 years of age who had never been in combat before. Although an elite formation within the Israeli Armoured Corps, the 7th Armoured Brigade had trained extensively for war in the Sinai Desert and was deployed to the Golan Heights just days before the outbreak of the
55
October War (DUNSTAN, SIMON. 2003 – grifo do autor) 1
Tal conflito, no Oriente Médio, fez iniciar um grande estudo no tocante a
doutrina e tática, no que se refere ao combate convencional, principalmente no
Exército dos Estados Unidos da América (EEUA), baseado nas lições aprendidas do
recente combate no Oriente Médio.
Percebeu-se que a doutrina israelense era balizada pelo uso das formações
puramente constituídas por carros de combate (CC-puro), totalmente baseada nos
ensinamentos colhidos da Guerra do Sinai em 1967.
No entanto, no início dos combates da Guerra do Yom Kippur, em 1973, ocorreu
a necessidade de mudança do emprego das formações “CC-puro” para as ações
combinadas entre as armas (cavalaria, infantaria e artilharia), pois o emprego
exclusivo do carro de combate o deixava mais suscetível aos ataques da infantaria
egípcia com armamento anti-tank filo guiado, o AT-3, resultando em elevados índices
de perdas no início da Guerra, como cita ZALOGA (1998) em sua obra “Tank Battle
of the Mid-East Wars”.
Dessa forma, a prontidão das unidades blindadas e o nível técnico das
guarnições evidenciaram-se como o mais importante no campo de batalha. A Arte da
Guerra sinalizava para o emprego do combinado CC/Fuzileiro. (MAGNOLI, 2009)
A Guerra confirmou a necessidade de proficiência das guarnições dos carros
de combate, pois ter o melhor equipamento não seria o bastante. Com estas
informações, foram realizados estudos de Estado-Maior a fim de encontrar a maneira
mais adequada para aumentar a prontidão das tropas blindadas, bem como sua
proficiência no tiro. Como resultado, chegou-se à conclusão que cada unidade deveria
ter um especialista no sistema de armas utilizado, com a missão de auxiliar o
comandante e assessorá-lo no desenvolvimento e na execução de seu programa de
instrução relativo ao tiro, trecho extraído de ARMOR MAGAZINE (2000), periódico
norte-americano de notório reconhecimento na tropa blindada do referido país e
posteriormente, no mundo.
____________________ 1 A maioria do pessoal da 7ª Brigada Blindada eram de jovens soldados de 19 ou 20 anos de idade que nunca tinham estado em combate antes. Entretanto, realizaram uma formação de elite dentro do Corpo Blindado Israelense, a 7ª Brigada Blindada tinha sido treinada amplamente para a guerra no deserto do Sinai e foi designada para as Colinas de Golan poucos dias antes da eclosão da Guerra de Outubro. (Tradução livre)
56
Nesse contexto, surgia o primeiro curso de Master Gunner em 1975 no EEUA,
com a criação da função desse especialista, bem como os pré-requisitos que
nortearam a seleção para a recente função criada. O curso pioneiro selecionou
militares com elevada motivação, àqueles respeitados pelos pares e escutados pelos
comandantes, além de, terem sido selecionados pelos comandantes e disponibilidade
de permanência de dois anos aplicando os conhecimentos adquiridos. (ARMOR
MAGAZINE, 2000)
Com algumas variações relativas à forma de atuação, mas sempre com foco
no aumento da capacidade das guarnições blindadas, os seguintes países inseriram
a função do Master Gunner em seus quadros, nos anos que seguiram: Alemanha,
Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Cingapura, Chile, Dinamarca, Espanha,
Estados Unidos da América, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Inglaterra, Israel,
Noruega, Polônia, Portugal, República Tcheca, Suécia, Suíça e Turquia.
Contudo, ficou notável a preocupação dos Estados, à época, em fazer com que
seus exércitos elevassem seus níveis de proficiência, seja por intermédio de estudo
de casos, seja pelos conhecimentos adquiridos em relatórios de tropas em combate
ou por análise tática e estratégica dos conflitos, no intuito de alcançar o “Estado da
Arte” no emprego das tropas blindadas para o Combate Moderno.
3.3.1 A experiência Norte-americana
Com o fim da “Era Vietnã”, e a mentalidade existente no EEUA que preconizava
em sua Doutrina o combate tipo guerrilha e guerra irregular; aliado ao contexto da
época (década de 1970 – conflitos no Oriente Médio, como a Guerra do Yom Kippur)
o General Creighton W. Abrams, então Chefe do Estado Maior do EEUA, resolveu
iniciar um grupo de estudo que determinasse uma maneira para aperfeiçoar a
prontidão e proficiência da tropa blindada de seu país.
Surgia então o primeiro Curso de Master Gunner do EEUA; herança do
tradicional termo “master of gunnery”, que o definia como sendo um especialista capaz
de ministrar instruções à Gu Bld e permitir a continuidade de seu adestramento como
fração constituída, dentre outras atividades e tarefas elencadas por ocasião de sua
criação.
O “batismo de fogo” do Master Gunner norte-americano, com a tropa blindada
treinada sob a premissa do emprego desses especialistas ocorreu durante a
57
Operação Tempestade no Deserto em 1991 no Iraque. No Exército Norte-americano
coube ao Fort Knox2 a responsabilidade da formação dos primeiros MG daquele país.
Além de mostrar o sucesso do Projeto Master Gunner, no EEUA, ainda
contribuiu para fortalecer, em nível mundial, a ideia do emprego de um militar
especialista em um determinado sistema de armas e todo o cabedal de informações
e capacidades advindas do trabalho constante com o material e seus estudos.
Em 2000, passados vinte e cinco anos da criação do primeiro Curso de Master
Gunner, no EEUA, já era possível verificar o sucesso da inserção de tal especialista
nos quadros da tropa blindada norte-americana, conforme destacado pelo Sargento
Primeira Classe IRA L. PARTRIDGE: Calendar year 2000 is not only the dawn of the new millennium, it’s also the 25th anniversary of the master gunner program. Since the first three pilot classes in 1975 — for the M60A1, M551 Sheridan, and the M60A2 tanks — the program has produced 3,871 master gunners. The influence of the master gunner on Armor unit readiness during the last 25 years cannot always be quantifiably measured, but since the program’s inception, the master gunner has been the one to call when a tank has any kind of problem. (PARTRIDGE, 2000. p. 19) 3
Cerca de quatro décadas após o nascimento da função do MG no EEUA essa
especialização já se encontrava consolidada além de gozar de ampla confiança na
tropa blindada. A master gunner is a technical and tactical expert and advisor to the commander. The master gunner advises the commander on anything related to the vehicle, platform or weapons system and helps develop all the materials necessary to do gunnery and live fire exercises. (WIEHE, 2015) 4
Concluiu-se ainda, que os quarenta e três anos da função do Master Gunner
no EEUA, com militares formados especialistas em diversos tipos de sistema de
armas, foi o grande responsável por tornar a tropa blindada norte-americana uma das
mais respeitadas no mundo.
____________________ 2 O Fort Knox é uma base norte-americana que, por meio da Escola de Blindados, tinha a missão de formar, treinar e estabelecer a doutrina referente as atividades da tropa blindada do EEUA. Está localizado no Kentucky-KY, no sudeste do País. Em 2005, a Escola de Blindados foi transferida para o Fort Benning, Georgia-GA. 3 O ano de 2000 não é apenas o raiar do novo milênio, mas também é o aniversário de 25 anos do programa Master Gunner. Desde as três primeiras turmas piloto em 1975 – do M60A1, M551 Sheridan e o M60A2 – o programa formou 3.871 especialistas. A influência do MG nas unidades blindadas durante os últimos 25 anos nem sempre podem ser mensuradas, mas desde a inserção do programa, o Master Gunner é o primeiro a ser chamado quando o carro de combate tem qualquer problema. 4 Um MG é um especialista técnico e tático e assessor do Comandante. O MG assessora o Comandante em qualquer assunto relacionado ao Carro de Combate ou o sistema de armas além de auxiliar no desenvolvimento de todos os meios necessários para o Exe Tir Real. (Tradução livre)
58
3.3.1.1 Curso de Master Gunner do Exército dos Estados Unidos da América
Por definição do EEUA o Master Gunner se caracteriza por ser um especialista
na operação do armamento, possuidor de conhecimentos relativos à técnica de tiro.
Além disso, auxilia na formação no preparo e no emprego dos atiradores de sua
unidade.
Atualmente o Curso de formação de Master Gunner, no EEUA possui a
seguinte estruturação, conforme COOPER, (2014): Período Fase Atividades
1ª Semana
Manutenção
- Orientações Gerais; - Tecnologia do Canhão principal; - Manutenção do Sistema do Computador de Tiro; - Sistema elétrico da torre; - Sistema hidráulico; e - Teste 1.
2ª Semana - Testes de precisão do armamento principal; - Sistema de controle de incêndio; e - Compartimento do Cmt.
3ª Semana - Manutenção do Sistema de controle de incêndio; e - Teste 2.
4ª Semana Treinamento
avançado de tiro
- Processo de aquisição de alvos; - Detecção; - Identificação dos alvos; - Decisão (seleção de armamento e munição); - Engajamento; - Avaliação dos danos causados; e - Armamento secundário.
5ª Semana - Teste 3; - Tipos de munição; - Diagrama de Risco de Superfície; e - Tabelas de Tiro.
6ª Semana Treinamento
em Simulador
- Capacidades de Tiro; - Teste 4; - Planejamento e Condução de Exercício no Simulador; e - Condução Avançada de Tiro.
7ª Semana Treinamento em Estande
- Preparação para Exercício de Tiro Real; - Treinamento em Estande de Tiro Real; - Planejamento e Direção de Tiro Real; - Teste 5 e 6.
QUADRO 9: Plano de distribuição de matérias do Curso de Master Gunner do EEUA. Fonte: o autor
Após solicitação por parte do CIBld, ao Oficial de Ligação (O Lig) do Exército
Brasileiro junto ao Centro de Excelência de Manobra do Exército dos Estados Unidos
da América (Maneuver Center of Excellence MCoE – Fort Benning), TC NILTON
FABIANO VELOZO LINS, referente à avaliação da criação de um Curso Avançado de
Tiro para o Sistema de Armas das Viaturas Blindadas da Família Guarani, pode-se
analisar como são conduzidos alguns Cursos referentes a este tipo de especialista no
EEUA.
59
O TC NILTON, em seu relatório descreve, dentre outras informações, o que se
segue: No nível Batalhão/Regimento, o MG é responsável por certificar as tripulações das viaturas blindadas e auxilia o S-3 no planejamento da instrução, na estimativa de consumo de munição, possibilidades de emprego e medidas de segurança. Em operações, o Master Gunner aconselha o comandante sobre as capacidades técnicas e táticas dos SARC, suas limitações e ameaças e auxilia nas atividades do Posto de Comando (PC). No nível SU da Bda Stryker (Stryker Brigade Combat Team – SBCT) a função do Master Gunner é exercida pelo Adj do Pel e destina-se a auxiliar o Cmt de SU no planejamento da instrução, realizar ajustes de regulagem e calibragem dos armamentos, certificar os operadores e assessorar nas questões relativas ao emprego tático dos SARC. Isso é possível devido ao conhecimento sobre as capacidades e limitações de cada armamento. (LINS, 2018)
Além de exemplificar a função do MG nos diversos níveis, o relatório traz ainda
informações referentes a chamada “carreira de blindados”, identificando os principais
cursos, no tocante à tropa blindada norte-americana.
A capacitação dos MG no EEUA inicia-se com a realização de um curso básico, denominado Master Gunner Common Core (MGCC) e continua com cursos específicos para cada tipo de veículo. Assim, os Master Gunners das SBCT realizam o Stryker Master Gunner Course enquanto os integrantes das Brigadas Blindadas realizam o M1A1 SEP Abrams Master Gunner Course ou Bradley Master Gunner Course. (LINS, 2018)
3.3.1.2 Curso Básico de Master Gunner do EEUA
No intuito de esclarecer como é conduzido o Curso de MG no EEUA, visando
estabelecer uma relação com o que atualmente é ministrado no EB, foi utilizado em
quase toda a sua extensão, o relatório gerado pelo O Lig do EB no MCoE. Cabe
ressaltar que se trata de documentação oficial e de nítida escassez nas normativas
institucionais.
NILTON relata que o Master Gunner Common Core (MGCC) trata-se do curso
básico de MG que se destina a capacitação de sargentos de unidades blindadas e
mecanizadas em técnica de tiro. O curso é o primeiro passo da capacitação dos
Master Gunner, sendo pré-requisito para todos os cursos específicos de cada VBC.
Ao final do MGCC os MG deverão demonstrar as seguintes habilidades:
- demonstrar conhecimento na execução de fogo direto e identificar erros de
procedimento na execução desses fogos;
- solucionar problemas de mau funcionamento de metralhadoras coaxiais;
- identificar procedimentos, deveres e responsabilidades no planejamento e
60
execução de tiro real no terreno e em estandes de tiro da VBC;
- desenvolver cenários e conhecer TTP de operadores das VBC, visando a
manutenção e a melhoria da capacitação desses operadores para o combate; e
- demonstrar conhecimento e capacidade de aconselhar o Comando sobre as
capacidades dos sistemas de armas e munições das VBC da Unidade, visando o
emprego eficaz desses meios e, ainda, as capacidades dos veículos inimigos.
O Curso possui, ainda, as seguintes características:
a. Duração: 04 semanas e 05 dias;
b. Composição: o MGCC é dividido em quatro módulos, à saber:
- Técnica de tiro de material;
- Munição e balística;
- Gerenciamento da instrução de atiradores; e
- Planejamento da instrução.
c. Periodicidade: 07 cursos por ano.
d. Pré-requisitos: o curso destina-se a 3º e 2º Sargentos selecionados e que
estejam desempenhando função em unidades blindadas ou mecanizadas. Além disso
o MGCC é pré-requisito para a realização dos cursos de Master Gunner da VBC
Abrahms.
3.3.2 A experiência espanhola
No intuito de se buscar um país que, paralelamente, poderia se aproximar da
realidade vivenciada pela Tropa Blindada Brasileira, guardadas as devidas
proporções, optou-se pela experiência espanhola por ter saído de uma “escola” de
blindados – francesa, e optado pela “escola” alemã a mesma maneira que o EB.
Ressalta-se ainda, que o Exército Espanhol foi o primeiro a utilizar terminologia
diferente do idioma inglês para citar os MG em suas fileiras, denominando-o como:
instructor avanzado de tiro.
Com o término da Guerra Fria e a identificação, por parte do Ejército de Tierra
de España (Exército de Terra da Espanha), bem como o surgimento do conceito de
Campo de Batalha do Futuro, iniciou-se um grande projeto de transformação do
Exército Espanhol.
Surgia, em 1994, o Programa Coraza (Couraça) que visava a produção de um
CC próprio da Espanha; este programa foi cancelado em 1998 quando o Exército
61
Espanhol assinou um acordo com o Exército Alemão para receber 108 (cento e oito)
Leopard 2A4 em substituição ao AMX-30 (carro de combate principal à época) e
culminou com o início da produção do Leopard 2E em 2003, por parte da empresa
espanhola Santa Bárbara Sistemas.
Para o Exército Espanhol a incorporação dos Carros de Combate Leopard 2 A4
e o Leopardo 2E permitiu um substancial avanço no que diz respeito à mobilidade,
proteção, potência de fogo e demais características inerentes ao material utilizado.
FIGURA 4: AMX-30E exibido em museu de CC em El Gosolo. Fonte: OUTISNN. https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=47715463 (acesso em 3 MAR 2019)
No que tange as melhorias na mobilidade e proteção, mesmo sendo de grande
importância, foram de ordem quantitativa, não incidindo em mudanças nos
procedimentos relativos ao emprego do moderno material de emprego militar.
FIGURA 5: Leopardo 2E, em exercício no Ter. Fonte: OUTISNN. https://es.wikipedia.org/wiki/Carros_de_combate_del_Ejército_de_Tierra_ Leopardo_2E_tema_táctico.jpg (acesso em 3 MAR 2019)
62
No entanto, houve um salto qualitativo de enorme magnitude no que diz
respeito à potência de fogo. Fazia-se, portanto, necessária a adaptação no processo
de ensino da técnica de tiro, como percebido no Manual MI6-103 Instructor Avanzado
de Tiro del CC Leopardo 2E: “Sin embargo, en la potencia de fuego se ha dado un salto cualitativo de tal magnitud, respecto a modelos anteriores, que es necesario, por una parte, adaptar el proceso de instrucción y ejecución del tiro para obtener todo el rendimiento de las nuevas potencialidades, y por otra, definir medios de apoyo a la instrucción que la hagan posible.”5 (ESPANHA, 2009. p.XV)
Para o Exército Espanhol uma aplicação eficaz da potência de fogo seria o
vértice de uma pirâmide que levaria a destruir o inimigo com o menor tempo possível
e com o mínimo de consumo de munição.
Nesse viés, a instrução para a tropa blindada teria na base desta pirâmide a
colimação e a correção em zero. Um nível acima estaria o processo de
desenvolvimento do conhecimento técnico e tarefas comuns. Em um terceiro nível,
teríamos os procedimentos para o tiro, com a finalidade de garantir a correta resposta
por parte do atirador e Cmt CC, frente as diversas situações que possam ocorrer e
que possam assegurar a máxima eficácia de cada tiro.
Estes procedimentos implicariam em processos específicos de instrução de
tiro, e devido as demais características técnicas do novo CC também seria necessário
uma adequada organização e detalhada estruturação dos exercícios de tiro.
QUADRO 10: Fases da instrução e adestramento da Gu Bld do Exército Espanhol, após o recebimento dos CC da Família Leopard 2. Fonte: Adaptação do autor
____________________ 5 No entanto, no poder de fogo houve um salto qualitativo de tal magnitude, comparado aos modelos anteriores (de Carros de Combate), que é necessário, por um lado, adaptar o processo de instrução e execução do tiro para obter todo o desempenho das novas potencialidades, e, por outro, definir meios de apoio à instrução que serão possíveis. (Tradução livre)
Exe Tir Real
Tiro nível Seção CC
Procedimentos para o Tiro
Destrezas elementares
Colimação e Correção em Zero
63
Como consequência das especificidades dos processos de instrução e o
emprego de novos meios, fez-se necessária a criação de uma nova função que fosse
capaz de assegurar a execução correta dos novos procedimentos, bem como garantir
o elevado nível de eficiência e eficácia; criou-se, enfim, a função do “Instructor
Avanzado de Tiro”.
De 2001 a 2005 o Exército Espanhol formou dezessete Master Gunner no
Exército Holandês (Combat Development Centre Manoeuvre - Amersfoort), iniciando
em 2006 o primeiro Curso de Instructor Avanzado de Tiro do Ejército de Tierra de
España.
Neste contexto, o Exército Espanhol definiu o IAT como sendo um Oficial ou
Sargento, do Corpo Permanente e pertencente a Arma de Cavalaria ou Infantaria,
especializado no tiro do CC e no desenvolvimento dos processos de instrução de tiro
e análises dos resultados obtidos, e no emprego dos meios técnicos de apoio as
instruções para a guarnição blindada.
No Exército Espanhol o Mando de Adiestramiento y Doctrina (MADOC)6, definiu
que por Unidade tipo Regimento de Cavalaria ou Batalhão de Carros haveria, no
mínimo 2 (dois) Oficiais IAT, estando ao menos um deles no núcleo de operações
(similar à Seção de Operações do EB).
Nas Companhias ou Esquadrões, por sua vez, contariam com no mínimo 2
(dois) Sargentos IAT; pois os postos duplos garantirão a não ocorrência de solução
de continuidade.
Por fim, previu ainda que no Centro Nacional de Adiestramiento “San Gregorio”
(CENAD), existirá IAT suficientes para a realização dos Cursos de Operação e
Avançado de Tiro do Leopard 2 e o funcionamento geral do sistema de ensino previsto
para a tropa blindada.
As atribuições designadas aos IAT nas Unidades e no Centro de Instrução de
Blindados do Exército Espanhol, conforme o manual espanhol MI6-103 Instructor
Avanzado de Tiro del CC Leopardo 2E descreve são as seguintes:
a. Missões do IAT na Seção de Operações:
- assessorar o S-3 no que se refere à instrução de tiro do CC;
____________________ 6 O Mando de Adiestramiento y Doctrina (Comando de Adestramento e Doutrina), MADOC, é o Órgão de Apoio as Forças Armadas espanholas responsável, no âmbito do Exército de Terra espanhol, pela condução, inspeção, coordenação e estudo no tocante à Doutrina, MEM, sistemas de ensino e instrução, treinamento e avaliação para sua aplicação no combate. Também controla o processo de lições aprendidas. Está sediado na cidade de Granada, Espanha.
64
- realizar o acompanhamento do programa de instrução de tiro do CC;
- avaliar os resultados obtidos na instrução de tiro;
- supervisionar o controle administrativo dos dados de tiro do Regimento que
lhe serão fornecidos pelos IAT das Subunidades; e
- levar ao conhecimento dos superiores a documentação relativa às lições
aprendidas e experimentações de novos meios blindados relativos ao tiro do CC.
b. Missões do IAT nas Subunidades:
- assessorar o Cmt SU no que se refere à instrução de tiro do CC;
- realizar o acompanhamento do programa de instrução de tiro no nível da SU;
- informar ao IAT do Rgt/Btl sobre o desenvolvimento do programa de instrução
de tiro da SU;
- auxiliar o IAT, diretor de Tiro, nos Exe Tir;
- realizar os trabalhos de colimação atinentes ao IAT e supervisionar o restante
das tarefas de colimação, realizadas pela guarnição;
- propor e supervisionar a execução da correção em zero de um CC ao Cmt da
SU;
- realizar o controle dos dados do Tiro da SU, repassando estes dados ao IAT
da Seção de Instruções; e
- durante os Exe Tir Real, realizar as correções necessárias para correção de
tiro, nas guarnições blindadas.
c. Missões do IAT no Centro de Adestramento:
- propor atualizações do programa de instrução de tiro das Unidades da Tropa
Blindada;
- participar como instrutor dos Cursos de IAT;
- gerir o emprego dos meios de simulação de tiro do Centro;
- assessorar os Cmt nos Exe Tir Real com o CC;
- auxiliar na evolução da técnica de tiro das guarnições das Unidades que
utilizam o Centro;
- realizar as atribuições gerais dos IAT nos CC do Centro;
- atualizar os bancos de dados de exercícios de tiros nos simuladores; e
- supervisionar a execução dos exercícios de tiro, para garantir sua adequação
aos programas aprovados.
No Exército espanhol, ao contrário do que ocorre no EEUA – com a existência
65
da “Arma Blindada”, a formação do seu pessoal especializado recai sobre as
Academias de Infantaria e Cavalaria, porém os Cursos de Operação do Leopard 2 e
Leopardo 2E, bem como o de instrutores avançados de tiro, são ministrados em
comum por instrutores de ambas as academias.
Para o Ejército de Tierra de España o IAT é: Una magnífica herramienta a disposición del mando, que siguiendo las directrices y órdenes de este, se convierte en un multiplicador de las capacidades de la unidad. El día a día del IAT/MG consiste en la instrucción de las tripulaciones en distintos campos. La amplia formación, conocimiento exhaustivo del funcionamiento de la dirección de tiro, y la dilatada experiencia de los IAT, nos permiten determinar los errores en el tiro y corregirlos, así como la identificación de anomalías o averías en el funcionamiento de la dirección de tiro. (AGUADO, 2015, p. 38) 7
Percebe-se, portanto, que as tarefas específicas do IAT espanhol são
assessorar o comandante de subunidade no treinamento de técnica de tiro, é o
responsável por confeccionar a agenda de treinamento das guarnições, desempenha
a função de Diretor de Tiro, conduz e supervisiona o tiro de correção em zero, mantém
atualizados os dados para o tiro (colimação e falha de munição) e opera os
simuladores necessários para aprimorar a técnica de tiro.
Por fim, o IAT na F Ter espanhola é definido como um especialista no tiro com
meios blindados, cuja Base Doutrinária também se fez valer da Doutrina Norte
Americana, sendo uma ferramenta à disposição do Comando para obter a maior
eficácia e eficiência das Unidades Blindadas do Exército Espanhol.
3.3.3 O Master Gunner pelo mundo
Este subcapítulo visa identificar as atividades realizadas por IAT nos diversos
exércitos pelo mundo. Grande porção desta literatura valeu-se, em quase sua
totalidade, de relatórios e apresentações ocorridos na IMGC em diversos anos.
No intuito de expor, de maneira generalista, a forma na qual alguns países
conduzem às diretrizes de emprego de seus instrutores avançados de tiro além de
apontar o conteúdo existente nos Cursos de especialização em seus exércitos.
____________________ 7 Uma ferramenta magnífica à disposição do Comando, que, seguindo suas diretrizes e ordens, torna-se um multiplicador das capacidades da Unidade que pertence. O dia a dia do IAT ou MG consiste na instrução das tripulações em diferentes campos. A amplitude na sua formação, o conhecimento exaustivo do funcionamento do Computador de Tiro e a ampla experiência dos IAT nos permitem determinar os erros no disparo e corrigi-los, bem como a identificação de anomalias ou falhas na operação e funcionamento do Sistema de Tiro do CC. (Tradução Livre)
66
Destarte, faz-se necessário esclarecer que as comparações a seguir, devem
ser analisadas juntamente com as informações constantes no item 3.4 O INSTRUTOR
AVANÇADO DE TIRO NO BRASIL, de forma que seja possível observar semelhanças
e/ou diferenças desses países, do EUA e da Espanha em relação ao Exército
Brasileiro.
Por conseguinte, será apresentado uma tabela com informações pertinentes ao
Chile, Singapura e Reino Unido. Emprego do Master Gunner
CHILE REINO UNIDO SINGAPURA - Atua no nível U, SU e Pel, na tropa; - Conduz atividades de conservação e aprimoramento de padrões no corpo de tropa; - Possui atribuições relativas ao controle da frota (MEM); e - Mantém sua função como Cmt CC em sua fração, exceto quando designado para atuar como instrutor no CECOMBAC.
- Atua basicamente no Armoured Fighting Vehicle Gunnery School (AFV GS); - Para frequentar o Curso, deve ser um instrutor experiente e recomendado no corpo de tropa; - Prepara multiplicadores para atuarem no corpo de tropa; e - Após o Curso, inicia uma carreira de blindados (específica), que se inicia no AFV GS, evoluindo para staff permanente de polígono de tiro, para desenvolvimento e doutrina ou até mesmo inserção na indústria nacional.
- Atua no nível U e SU, na tropa; - Conduz a instrução de tiro no corpo de tropa, empregando simuladores, redutor de calibre e tiro real; e - Apoia a preparação das guarnições e pelotões para atividades de avaliação no Army Evaluation Centre.
Conteúdo do Curso de Instrutor Avançado de Tiro CHILE REINO UNIDO SINGAPURA
- Atribuições do IAT; - Sistema de Controle de Tiro; - Armamento principal e secundário; - Metodologia de Instrução; - Técnica de Tiro; - Direção de Tiro; - Operação de Simuladores; - DSET; - Colimação; - Correção em Zero; e - Tiro Real.
- Teste inicial, verificação de performance como operador do sistema de armas (06 semanas); - Metodologia de instrução/ Padronização do programa de instrução (04 semanas); - Estações remotamente controladas; - Direção de Tiro (02 semanas); - Live Firing Monitoring Equipment (LFME) (01 semana); e - Polígono de Tiro Real (01 semana).
- Colimação; - Correção em Zero; - Balística; - Análise de erros no tiro; - Diagrama de Risco de Superfície; - Direção de Tiro; - Operação de Simuladores; - Redutor de Calibre; - LFME; e - Polígono de Tiro Real.
QUADRO 11: Comparativo do emprego e do conteúdo dos Cursos de Instrutor Avançado de Tiro. Fonte: o autor
Por se tratar de uma potência sul-americana no que se refere à tropa blindada,
seja pelo material empregado, seja pela qualidade e capacidade comprovada de sua
dimensão humana; o Chile destaca-se como sendo de grande relevância para o EB,
sendo a célula mater do IAT no Brasil, com a formação de um Oficial e um Sargento
instrutores do CIBld, em 2010.
Haja vista sua relevância no cenário da tropa blindada brasileira, ressalta-se
sobre a figura do Instrutor Avançado de Tiro (IAT) no Chile, que já se encontra
67
totalmente integrada à realidade das Brigadas Blindadas de seu exército. Existem,
pelo menos, 1 (um) IAT por subunidade e um IAT por OM, os quais possuem missões
gerais e específicas de sua função, enquadradas no ano de instrução militar; conforme
afirma ARRUDA (2015).
ARRUDA afirma ainda que: Estes especialistas estão espalhados na Escola de Cavalaria Blindada, no Centro de Treinamento de Combate Blindado e nas Brigadas Blindadas. Aos IAT da Escola de Cavalaria Blindada cabe promover a pesquisa e desenvolvimento das técnicas de combate (ou TTP). Os IAT do Centro de Treinamento de Combate têm por responsabilidade treinar e preparar efetivos, bem como especializar novos IAT (Leopard 2 A4, Leopard 1V e Marder 1 A3). E aos IAT das Brigadas cabe cooperar com o comando a fim de avaliar e qualificar as guarnições de blindados. (ARRUDA, 2015)
Para o Exército Chileno são algumas das missões de um IAT: o
assessoramento ao comando durante o treinamento das guarnições, na preparação
de exercícios de tiro com blindados, na configuração do polígono para lições de tiro,
no acompanhamento da manutenção das torres de sua subunidade e OM no que
tange ao tiro e vida útil do tubo do canhão.
Ressalta-se, por fim, que no intuito de cumprir suas atribuições o IAT realiza a
preparação das guarnições quanto à técnica de tiro, executa treinamento em
simuladores, mantém acompanhamento constante do nível de desempenho de cada
uma, executa os procedimentos de correção em zero, controla a preparação para as
atividades de tiro, avalia o tiro e mantém os valores de falha de munição e colimação
atualizados.
Contudo, após analisar o emprego, suas atividades, suas atribuições e como é
conduzido o Curso de IAT em alguns exércitos no mundo; fica latente a possibilidade
de se estabelecer uma relação com esta função no Exército Brasileiro, sendo
necessário, portanto, o esclarecimento sobre tal especialista, a ser conduzido no
próximo capítulo.
3.4 O INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NO BRASIL
No Brasil, a expressão Master Gunner originou o termo instrutor avançado de
tiro, similar a nomenclatura espanhola e chilena, sem realizar distinção se o militar
fosse oficial ou sargento. Tendo sua gênese oficial na Portaria do Estado-Maior do
Exército (EME) nº 144 e a Portaria nº 145, ambas de 28 de setembro de 2012;
revogada recentemente, pela Portaria nº 298 do EME de 11 de dezembro de 2018.
68
A semente para o surgimento do IAT, no Brasil, remonta o período do projeto
de modernização que contemplou a execução de cursos nos Estados Unidos da
América e na Bélgica, por oficiais e sargentos, no início da década de 1990 devido ao
recebimento e emprego das VBCCC M60A3TTS e Leopard 1 A1.
No entanto, apenas com a chegada do Projeto Leopard e a mudança da
“escola” de blindados americana para a alemã, foi possível haver a inserção do IAT.
O CIBld, alma mater da tropa blindada brasileira, enviou um Oficial e um sargento para
realizar o Curso de Instructor Avanzado de Tiro no Chile em 2010.
Caberia, então, a estes pioneiros a organização do Curso de Instrutor
Avançado de Tiro e de Operação da VBCCC Leopard 1A5 BR no Brasil. Diante das
necessidades da tropa blindada brasileira, o CIBld realizou dois Cursos emergenciais
para os instrutores e monitores daquele próprio estabelecimento de ensino e para
alguns militares da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, à época servindo no 1° e 4°
RCC, nos anos de 2011 e 2012; para, enfim, iniciar com a primeira turma de IAT para
todas as Organizações Militares em 2013.
3.4.1 Competências exercidas pelo IAT
No Brasil a formação do instrutor avançado de tiro, além de vislumbrar uma
longa jornada na carreira dentro da tropa blindada, haja visto que se trata de um Curso
de Extensão, o qual tem como um dos pré-requisitos a conclusão no Curso de
Operação da VBCCC Leopard 1A5 BR, fornece conhecimento suficiente como suporte
para o desempenho das diversas competências exercidas pelo IAT.
O CIBld, em caráter probatório, disponibilizou uma apostila do instrutor
avançado de tiro em 2013, contendo dentre outras informações as atividades e tarefas
relacionadas ao seu emprego, conforme o seguinte:
- elemento possuidor de elevada capacidade de atuação como instrutor e amplo
domínio do sistema de armas e dos meios de simulação e apoio à instrução;
- responsável pela formação das guarnições altamente qualificadas e capazes
de empregar o sistema de armas com máxima eficiência e eficácia;
- capacitado a realizar trabalhos de colimação de todos os equipamentos de
pontaria do sistema de armas, bem como, sistematizar o controle dos referidos valores
de colimação;
- capacitado a controlar, de forma sistemática, os valores de falha de munição
69
das VBCCC de sua Unidade;
- capacitado a dirigir exercícios de tiro real, de forma a otimizar o rendimento e
maximizar as potencialidades do sistema de armas;
- responsável por elaborar exercícios nos diversos equipamentos de simulação,
de modo a extrair o máximo das possibilidades de cada simulador;
- responsável por detectar, de forma oportuna, deficiências no treinamento das
guarnições, principalmente no tocante ao processo de engajamento; e
- capacitado a assessorar o escalão superior quanto ao emprego do sistema
de armas em operações, através da análise do terreno, das condições meteorológicas
e das capacidades e limitações dos sistemas de armas inimigo.
Em consonância com os preceitos supracitados, pode-se estabelecer algumas
competências exercidas pelo IAT à dimensão do preparo e na dimensão do emprego.
No campo do preparo, pode-se elencar como principais competências, nas
quais o IAT possui ingerência: a gestão da instrução militar e a gestão do material de
emprego militar; já no campo do emprego, o IAT exerce sua competência no
assessoramento de nível tático.
Por conseguinte, os próximos subcapítulos serão voltados às capacidades
elencadas nas dimensões do preparo e emprego.
No entanto, cabe ressaltar como é conduzido o Curso Avançado de Tiro no EB;
que tem seu Plano de Disciplinas (PLADIS) aprovado em Boletim Interno da Diretoria
de Educação Técnica Militar (DETMil) Nr 053, de 23 de julho de 2013, sendo
ministrado os seguintes assuntos: Fase de Ensino não presencial
Unidade Didática Assuntos Polígono de Tiro - Configuração do Polígono de Tiro; e
- Normas de Segurança no Polígono de Tiro. Técnica de Torre - Sistema eletro-hidráulico e de estabilização das armas; e
- Sistema de Controle de Tiro (SCT). Armamento, Munição e Tiro - Verificações antes, durante e após o Tiro;
- Sistema de Colimação em Campo; - Colimação; - Correção em Zero; - Técnica de Tiro; e - Técnica de Combate de Seção e Pelotão.
Operação de Simuladores - Dispositivo de Simulação de Engajamento Tático; e - Acompanhamento e Avaliação de Técnica de Tiro.
O Instrutor Avançado de Tiro - Histórico e funções do IAT. QUADRO 12: Resumo de disciplinas e assuntos ministrados na fase não presencial do CATir. Fonte: o autor
Já em sua fase presencial, o CATir busca aprimorar no futuro especialista em
seu sistema de armas o entendimento aprofundado da Técnica de Torre, da Técnica
70
de Tiro, da Operação dos Simuladores e das funções e competências do IAT,
conforme tabela a seguir: Fase de Ensino presencial
Unidade Didática Assuntos Técnica de Torre - Funcionamento e análise do Sistema de Controle de Tiro;
- Manutenção autônoma; e - Armamento Principal e secundário (Balística inicial, intermediária e final).
Técnica de Tiro - Processo de Engajamento; - Técnica de Combate de Pelotão (Técnicas, Táticas e Procedimentos); e - Tiro de Combate (ambiente amplo espectro: urbano e rural).
Simuladores - Confecção e aplicação de Cenários para a Simulação Virtual; e - Confecção e aplicação de Cenários para a Simulação Viva.
QUADRO 13: Resumo de disciplinas e assuntos ministrados na fase presencial do CATir. Fonte: o autor
Portanto, percebe-se que há uma grande relação entre os assuntos ministrados
no CATir e os assuntos previstos nos cursos de outros países, bem como as funções
e tarefas desempenhadas.
3.4.2 A gestão da instrução militar
Considerando-se os fatores necessários para que uma Unidade possua as
capacidades imprescindíveis para o pronto emprego, deve-se, inicialmente, analisar
as atividades desenvolvidas durante o preparo da Tropa.
No tocante a gestão da instrução militar percebeu-se, no início da inserção da
função do IAT, um descompasso entre as 4 (quatro) Unidades detentoras dos novos
meios, o Leopard, e dos novos especialistas.
Neste escopo, o CIBld realizou visitas de inspeção em todos os RCC, para
levantar os dados necessários sobre o modus operandi relacionado à instrução de
tropa blindada em meados de 2013. Fruto deste esforço e de trabalhos iniciados em
2010, foi aprovado um Programa-Padrão de Instrução de Qualificação PPQ 02/2A –
Guarnição de Carro de Combate Leopard 1 A5 BR em 2014.
Tal documentação permitiu a homogeneização da instrução militar e serve de
premissa básica para guiar os IAT no tocante ao nivelamento do conhecimento de
toda a tropa blindada que emprega o Leopard.
O referido Programa-Padrão abarca as seguintes disciplinas: Escola da
Guarnição; Técnica de Blindados; Técnica de Chassi; Técnica de Torre; Armamento;
Munição e Tiro; Maneabilidade e Manutenção.
71
Baseado nestas informações, buscou-se identificar, dentro de cada disciplina,
os assuntos nos quais o IAT poderá ter influência direta; analisando seus efeitos na
potencialização ou não de alguma capacidade do Regimento. Foi utilizado o resultado
do grupo focal para identificar as atividades e tarefas em que os IAT da Unidade têm
se feito presentes. Foi considerado ainda a experiência pessoal do autor, nas funções
de Chefe de Seção de Instrução de Blindados e instrutor de módulos para a habilitação
das guarnições blindadas na tropa.
Na disciplina “Técnica de Blindados” o IAT se fez presente primordialmente no
assunto – Sistema de Controle de Tiro – corrigindo erros, analisando os resultados
obtidos em cada função da Gu Bld.
FIGURA 6: Extrato do PPQ 2/2a. Fonte: PPQ 02/2a
Contudo, percebe-se que devido à profundidade e abrangência do
conhecimento relativo ao SCT, que perpassa pelo entendimento do funcionamento e
de manutenção de elementos da torre do CC, o IAT tornou-se destacado no que diz
respeito à condução da instrução de técnica de tiro. Soma-se a questão do emprego
de simuladores que possibilita a economia de recursos, tempo e favorece as TTP das
guarnições, preparando-as para situações que se aproximem do combate real,
principalmente no emprego da simulação viva.
3.4.3 O assessoramento de nível tático
Ao analisar o vetor do assessoramento ao escalão superior, é crucial o
72
entendimento de que cabe ao IAT, realizar um assessoramento preciso e oportuno,
visando facilitar o processo de tomada decisão do comandante. Tal condição apenas
é alcançada quando o IAT, além de dominar os aspectos técnicos do seu próprio
sistema de armas e do inimigo, também conhecer e compreender como é realizado a
tomada de decisão do comandante tático.
Assim, através do conhecimento do contexto tático da operação, da
compreensão do estudo do terreno, condições meteorológicas, inimigo e
considerações civis, realizado pelo comandante tático, aliado ao seu profundo
conhecimento técnico da VBC, o IAT, especialista de alta performance, conseguirá
realizar um assessoramento bastante específico sobre o combate pelo fogo.
(PIMENTEL, 2014)
73
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo tem por finalidade apresentar os resultados obtidos por meio da
revisão da literatura, dos questionários enviados e das entrevistas, e discutir de que
forma as competências do instrutor avançado de tiro influenciam na potencialização
das capacidades do Regimento de Carros de Combate. Os resultados dos
questionários e entrevistas serão comparados com aqueles obtidos nas pesquisas
bibliográfica e documental, para que se formulem soluções eventuais para o problema
de pesquisa e se embase futuros debates que possam contribuir, ainda mais, com a
doutrina do Exército Brasileiro.
Referente à Metodologia utilizada na pesquisa, salienta-se que nesse capítulo,
onde a pesquisa teve por objeto o levantamento de dados sobre os aspectos
relacionados com as atividades, atribuições e tarefas realizadas na gestão da
instrução militar, do material de emprego militar e da forma de emprego do
assessoramento ao Comandante tático, foram 32 (trinta e duas) respostas ao
questionário.
Buscando complementar, as respostas obtidas no questionário, foram
entrevistados 2 (dois) militares, de modo a esclarecer os pontos que geraram dúvidas
e retificar ou ratificar as informações quanto aos resultados colhidos.
O questionário e as entrevistas foram enviados por e-mail (para os militares que
cadastraram seus endereços na base de dados do DGP), e por aplicativos de redes
sociais, tais como WhatsApp e Facebook, visando atingir o máximo de militares
integrantes do universo de pesquisa.
4.1 TABULAÇÃO DOS RESULTADOS
Nesta subseção, serão apresentados os métodos utilizados para obter os
produtos finais deste trabalho, expondo como cada instrumento foi tratado.
Contudo, este pesquisador, após reunir os conhecimentos bibliográficos sobre
o assunto, distribuiu um questionário voltado a realizar um diagnóstico sobre a atual
situação do emprego do IAT nos RCC, além de realizar um grupo focal; e entrevistas
voltadas a realizar um parecer sobre as influências do emprego do IAT seja para o
Comandante, seja para a Tropa Blindada; tudo com o escopo de analisar a interligação
74
das variáveis dependente e independente.
4.1.1 Entrevistas
A realização deste procedimento inicialmente visou a condução de um
raciocínio lógico a cerca do tema e em um segundo momento, buscou complementar
as respostas obtidas no questionário, com ênfase nos pontos que geraram dúvidas ou
maior divergência de dados.
Foram realizadas 3 (três) entrevistas; incialmente, com o Cap Augusto Cezar
Mattos Gonçalves de Abreu Pimentel e em um segundo momento, com o Major Alceu
Lopes de Menezes Júnior e o Cel Jackson Rodrigues de Sousa Junior, como
ferramenta para complementar as respostas obtidas nos questionários, bem como
esclarecer alguns dados.
A entrevista inicial, com o Cap PIMENTEL foi organizada em duas questões
que tinham o objetivo de ratificar a importância do assunto, bem como realizar uma
análise sumária da situação do emprego do IAT no EB e verificar algumas lacunas
existentes sobre o tema; servindo de base para traçar alguns objetivos específicos
deste trabalho, bem como delimitar a abrangência desta pesquisa.
Durante o trabalho, foram realizadas mais algumas entrevistas, sendo que 02
(duas) foram autorizadas com um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, além
de uma autorização para vinculação do seu nome na pesquisa: Cel JACKSON e Maj
MENEZES. De um modo geral, as entrevistas complementaram as respostas obtidas
no questionário e nos pontos que necessitavam maior esclarecimento; tendo como
ideia base a percepção em diversos postos ou graduações, no intuito de se obter uma
percepção mais aproximada da realidade do emprego do instrutor avançado de tiro e
atender as questões de estudo do problema.
O roteiro das entrevistas contou com 06 (seis) questões abertas e ao final,
permitiu que o entrevistado prestasse, caso desejasse, mais informações e/ou
esclarecimentos acerca do assunto.
Considerando-se o caráter qualitativo da presente pesquisa, destaca-se que as
percepções subjetivas retiradas durante as entrevistas, permitiram um aumento no
que tange ao entendimento do assunto em tela e fornecendo subsídios para uma
análise mais rica e abrangente.
75
4.1.2 Grupo Focal
Este instrumento foi empregado devido a possibilidade de reunir, em datas
previamente marcadas, 08 (oito) a 10 (dez) instrutores avançados de tiro para
discussão dirigida sobre os assuntos relativos ao tema desta pesquisa,
exclusivamente sobre as competências do IAT, suas atividades e tarefas. Nr Ord Especialista Arquivo Assunto
1 1º Sgt NEISON Grupo_Focal_1 (02’ 30’’)
- Atividade de preparação para o Tir Real, na OM (passo a passo do protocolo); verificou-se uma melhora no resultado comparado à A-1 que não foi realizado.
Grupo_Focal_1 (25’ 30’’)
- Exemplo de exercício com DSET. Análise e resultados referentes à atividade.
2 1º Ten LORENZONI Grupo_Focal_1 (05’ 50’’)
- Redução de erros, redução de tempo para a execução do exercício; - Maximizou os acertos, efetividade, segurança e “identidade da guarnição”.
Grupo_Focal_1 (11’ 00’’)
- Percepção de “sincronia” das ações da guarnição após um ciclo de cenários ministrados pelo IAT; bem como, correções realizadas para tal aprimoramento.
3 3º Sgt KOSMALA Grupo_Focal_1 (06’ 50’’)
- Diferença da preparação da tropa no simulador para o Campo de Instrução, influência do IAT na preparação para o Tiro Real.
Grupo_Focal_1 (22’ 00’’)
- Atividade desenvolvida para recuperar militares com dificuldades de alcançar os índices mínimos. Exemplo de militar com dificuldade em motricidade.
Grupo_Focal_1 (31’ 00’’)
- Exemplo de análise do IAT modificando cenários em relação ao operador.
4 2º Ten LUCAS SOARES Grupo_Focal_1 (08’ 40’’)
- Confecção de cenários, durante a preparação do Pel CC, visando sanar as deficiências de um atirador.
5 3º Sgt ASSEIHEIMER Grupo_Focal_1 (10’ 00’’)
- Fortalecer a “ideia força” da qualidade do material, em relação à falta de qualificação; atendendo aos previsto na Lista de Procedimentos.
Grupo_Focal_1 (30’ 00’’)
- Falhas e erros de procedimentos da guarnição blindada, nas quais o IAT realiza a análise e como intervir para melhorar os índices do militar.
6 3º Sgt ERIDAN Grupo_Focal_1 (33’ 50’’)
- Emprego do DSET para aprimorar capacidades. Dificuldades de emprego.
Condução por parte do autor QUADRO 14 – Assuntos de maior interesse referente à Gestão da Instrução Militar. Fonte: o autor
Em 02 (duas) reuniões, foram coletados cerca de 120 minutos de gravação de
áudio; sendo conduzido da seguinte maneira: um roteiro de condução do grupo focal
(Anexo B) que foi distribuído com antecedência aos participantes, bem como a
divulgação das datas definidas após autorização de autoridade competente; reuniões
76
precedidas de uma ambientação acerca do trabalho e discussão dirigida com
participação dos especialistas.
Outro fator de grande relevância no tocante a realização do Grupo Focal é a
possibilidade de aumentar a velocidade de fatores a serem definidos e a abrangência
da revisão da literatura, pois há a convergência de interesses e esforços para a
solução do problema em tela, conforme percebido nos quadros referentes aos
assuntos discutidos (Quadro Nr 14, 15 e 16), divididos por tipos de
gestões/atividades/competências do IAT no grupo focal. Nr Ord Especialista Arquivo Assunto
1 1º Sgt NEISON Grupo_Focal_2 (04’ 40’’)
- Estudo sobre a carta balística da munição APDS; estabelecendo as variações e quando a diferença seria mínima.
Grupo_Focal_2 (11’ 00’’)
- Análise dos valores colhidos conforme temperaturas, elevação, dentre outros.
Grupo_Focal_2 (22’ 00’’)
- Exemplo de problema no computador de tiro, verificado pelo IAT e explicando ao mecânico.
Grupo_Focal_3 (01’ 30’’)
- Peças com maiores índices de mortalidade, levantadas pelo IAT.
2 1º Sgt DE OLIVEIRA Grupo_Focal_2 (10’ 00’’)
- Emprego do alvo de Colimação em diferentes distâncias.
Grupo_Focal_2 (13’ 40’’)
- Atividades de colimação da metralhadora coaxial.
Grupo_Focal_2 (20’ 00’’)
- Diferença entre munições e níveis de proficiência das guarnições.
3 3º Sgt KOSMALA Grupo_Focal_2 (07’ 00’’)
- Possibilidade de emprego de outras munições, após a análise de IAT.
Grupo_Focal_2 (16’ 00’’)
- Colimação “grossa” por binóculo, da metralhadora coaxial.
Grupo_Focal_2 (24’ 50’’)
- Exemplo de experiência do IAT no tocante à técnica de tiro, diferente da experiência do mecânico de torre da técnica do material.
Grupo_Focal_2 (27’ 55’’)
- Exemplo do IAT como gestor da frota da SU.
4 1º Ten LORENZONI Grupo_Focal_3 (04’ 00’’)
- Funções que o IAT pode desempenhar no RCC.
Condução por parte do autor QUADRO 15 – Assuntos de maior interesse referente à Gestão do Material de Emprego Militar. Fonte: o autor
Por ocasião do desenvolvimento do Grupo Focal pode-se perceber, de maneira
empírica, um levantamento sobre as atividades desenvolvidas pelo IAT no RCC.
Permitindo traçar um melhor caminho para análise do problema e das questões de
estudo.
77
Nr Ord Especialista Arquivo Assunto
1 1º Sgt NEISON Grupo_Focal_3 (17’ 00’’)
- Assessoramento sobre as capacidades do inimigo e estudos realizados sobre a área de Op que influenciam tecnicamente no modo de combate. Exemplo da distância de enfrentamento.
2 1º Sgt DE OLIVEIRA Grupo_Focal_3 (22’ 00’’)
- Exemplo de experiência, com estudo sobre os meios inimigos.
3 3º Sgt KOSMALA Grupo_Focal_3 (20’ 00’’)
- Exemplo de experiência relativa a um 3º Sargento, como especialista no material.
4 1º Ten LORENZONI Grupo_Focal_3 (23’ 40’’)
- Momento, durante a preparação, para o assessoramento do IAT.
Condução por parte do autor QUADRO 16 – Assuntos de maior interesse referente ao Assessoramento de nível tático. Fonte: o autor
4.1.3 Questionário
Neste questionário, organizado com 05 (cinco) questões, buscou-se elencar as
atividades julgadas mais importantes em cada vertente das competências do IAT junto
ao público alvo deste trabalho; tendo caráter exclusivamente exploratório e com intuito
de embasar os resultados da pesquisa.
Portanto, os dados obtidos por intermédio deste instrumento serão expostos
neste subitem, haja vista que irão corroborar com os resultados obtidos e permitirão
uma análise mais aproximada da veracidade sobre o assunto tratado.
As respostas foram tabuladas por questão e serão apresentadas em frequência
relativa (FR), sendo esta a divisão da frequência absoluta (FA) [FA = número de vezes
que uma resposta foi observada] pela frequência total (Ft) [Ft = número total de
respostas obtidas].
Desta maneira, obteve-se 33 respostas de 44 militares que possuem o Curso
de IAT e estão servindo em RCC ou no CIBld. Isso representa 75% dos instrutores
avançados de tiro que servem em RCC ou como instrutores no CIBld.
4.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
No intuito de alcançar a solução do problema de pesquisa, neste subcapítulo,
será apresentado os dados obtidos na coleta documental, bem como, aqueles
extraídos das entrevistas e do questionário.
78
Para tanto, cabe ressaltar que as dimensões “Preparo” e “Emprego” da variável
independente foram destrinchadas em seus indicadores, bem como a dimensão
“Emprego” da variável dependente, da mesma maneira.
Verificou-se ao longo deste trabalho que o instrutor avançado de tiro possui
competências que perpassam pela dimensão do preparo e emprego do Regimento de
Carros de Combate. Soma-se a isso, a questão de existir tarefas e atividades atinentes
à cada fase da preparação de uma Força para o combate. No campo do preparo o
IAT divide suas atividades e tarefas em dois grupos de competências: a gestão da
instrução militar e a gestão do material de emprego militar.
No que diz respeito à gestão da instrução o IAT é tido como grande especialista
no tocante à técnica de tiro. O questionário, o grupo focal e as entrevistas, buscaram
definir de que maneira as instruções ministradas pelo IAT, a condução das atividades
de colimação, o controle dos valores obtidos após a colimação, o controle dos valores
de falha de munição e acompanhamento das variáveis conforme o emprego do CC, a
condução da correção em zero e a análise da série de tiro e condução de cada VBC
no Exc Tir influenciam diretamente na variável dependente, mais precisamente, nos
seus indicadores: obtenção da prontidão operativa, da massa de efeitos e da
letalidade seletiva.
No tocante à VD, baseado na análise realizada nos mesmos instrumentos de
pesquisa, foi possível identificar potencial influencia que as capacidades do
Regimento de Carros de Combate sofrem na preparação de seu material e pessoal,
refletindo na condução do seu emprego nas Operações.
No entanto, ressalta-se o caráter subjetivo da VD e faz-se necessário a
correlação dos indicadores da VI com os da VD, da forma que se apresenta em
seguida.
A prontidão operativa está relacionada com a gestão do material de emprego
militar, caracteriza-se pelas capacidades pertinentes ao material, organização e
infraestrutura. Sobre a letalidade seletiva elenca-se as capacidades de adestramento,
ensino e pessoal, com ligação entre a gestão da instrução e do material de emprego
militar. No que diz respeito à massa de efeito, o assessoramento de nível tático está
intrinsecamente relacionado, bem como as capacidades de doutrina e organização.
Após as análises apresentadas cabe ressaltar que algumas questões de estudo
nortearam a presente pesquisa; partindo do pressuposto que as atividades e tarefas
79
exercidas pelo IAT, suas competências, têm potencial influência sobre o conjunto de
capacidades de um RCC e visando alcançar soluções para o problema de pesquisa,
foram estabelecidas da seguinte maneira:
a. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de
tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?
b. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de
tiro no tocante à gestão da instrução militar?
c. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de
tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?
d. é possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento
e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor
avançado de tiro?
e. existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do
instrutor avançado de tiro?
De forma a facilitar a apresentação e análise dos resultados, os mesmos foram
expostos em subseções referentes às questões de estudo, acompanhados de
análises do autor.
4.2.1 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?
Por intermédio do questionário, verificou-se um panorama sobre as
competências do IAT; que nas questões 1 e 2, buscaram relacionar este indicador da
dimensão do “Preparo” da VI com a VD. As respostas obtidas estão resumidas no
gráfico abaixo, considerando-se Ft = 33: Indique quais atividades o Sr realizou, de responsabilidade do IAT, no que diz respeito a Gestão do
Material de Emprego Militar Questão Resposta FA FR
1 e 2
Condução das atividades de Colimação. 27 81,8 % Controle dos valores obtidos, após a Colimação (CC na OM e/ou em preparação para Exc Tir Real).
27 81,8 %
Controle dos Valores de Falha de Munição e acompanhamento das variações conforme o emprego do CC, dentro de suas esferas de atribuições.
24 72,7 %
Condução da Correção em Zero, análise de sua série de tiros e controle dos valores de cada CC.
25 75,8 %
Outras respostas 4 12,1 % QUADRO 17 – Identificação de FA e FR da Questão 1. Fonte: o autor
80
Nota-se que grande parte dos respondentes informaram que as atividades
elencadas foram realizadas como responsabilidade do IAT; mostrando o grau de
relevância do grupo amostral, que possui experiência e conhecimento a cerca do
assunto.
Cabe ressaltar, que as atividades elencadas na referida questão foram
selecionadas a partir de uma criteriosa seleção baseada na revisão da literatura e do
grupo focal, tendo em vista que não existe, até a presente data, referencial nacional
acerca do tema.
FIGURA 7: Análise das respostas referentes à gestão de material de emprego militar. Fonte: o autor.
Não obstante, foram obtidos os seguintes resultados, que diferem das
premissas elencadas, porém sem perder aderência com as atividades listadas no
questionário; conforme observado no quadro a seguir.
Tais resultados foram elencados, pois podem fazer parte do rol de atividades
inerentes ao emprego do IAT no que tange à gestão do material de emprego militar,
ainda não elencadas. Respostas que diferem das premissas selecionadas
Questão Resposta
1 e 2
“Controle de desgaste de tubo: controlando a vida útil desse componente do sistema de tiro.” “Controle, sumário, dentro das possibilidades, do desgaste do tubo.” “Gestão da vida útil do canhão através do registro de ECM.” “Assessoramento para tomada de decisão logística pelo Estado Maior da OM.”
QUADRO 18 – Outras respostas da Questão 1 e 2. Fonte: o autor
81
Na entrevista 3 (Apêndice X) o Maj MENEZEZ ratifica as informações colhidas
nas questões 1 e 2, pois salienta que o “curso (CATir) habilita o aluno a realizar o
cálculo dos valores de falhas de munição específicos para cada viatura. Um exemplo
é a necessidade que existe na OM de se controlar o desgaste do tubo para sua vida
útil. Para isso, o IAT conduz diversas atividades, tais como a CZ e o controle da
planilha de dados de cada CC.”, evidenciando que tal atividade é de suma importância
e também deve constar no rol de competências do instrutor avançado de tiro.
4.2.2 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante à gestão da instrução militar?
Em prosseguimento, no que tange aos resultados obtidos com as questões 3 e
4, buscou-se relacionar as atividades da gestão da instrução militar, indicador da
dimensão do “Preparo” da VI com a VD, conforme informações a seguir. Indique quais atividades o Sr realizou, de responsabilidade do IAT, no que diz respeito a Gestão da
Instrução Questão Resposta FA FR
3 e 4
Condução da execução dos exercícios de Tiro Real. 24 72,7 % Instruções, mais detalhadas, sobre Técnica de Tiro. 23 69,7 % Emprego de Simuladores para minimizar erros de Técnica de Tiro. 28 84,8 % Emprego de Simuladores para potencializar as capacidades de detecção e aquisição de alvos.
28 84,8 %
Outras respostas 8 24,2 % QUADRO 19 – Identificação de FA e FR da Questão 3. Fonte: o autor
Percebeu-se que mesmo utilizando-se de um grau de liberdade semelhante às
questões anteriores, obteve-se valores maiores em dois itens preponderantes,
homogeneizando os resultados com uma tendência para as atividades relativas ao
emprego de simuladores como ferramenta crucial do IAT no ensino e aprendizagem,
preparando a fração com maior ênfase no que poderá ocorrer em combate.
Ao mesmo molde que nas questões anteriores, cabe ressaltar as respostas
obtidas, diferentes das premissas básicas estabelecidas e elencadas como principais
atividades do IAT, conforme quadro a seguir, mas com grande correlação entre os
princípios listados. Destaca-se o aumento de resultados obtidos e percebe-se a
questão do planejamento da instrução para um ciclo anual de instruções.
82
Respostas que diferem das premissas selecionadas Questão Resposta
3 e 4
“Gerenciamento de atividades de instrução para Treinamento Específico (Cmt CC), Qualificação (Atdr, Mot e Aux Atdr) e de Certificação/Adestramento” “Assessor direto do EM/Cmt no que tange a instrução com o Carro de Combate, sendo fundamental sua participação no planejamento do ano de instrução do Rgt.” “Gestão do adestramento de Pel e SU.” “Planejamento do ano de instrução/formação de recursos humanos capacitado a operar a VBC, nos diversos níveis.” “Planejamento do ano de instrução referente a técnica de material para o efetivo profissional e para o efetivo variável.” “Emprego de simuladores para adestramento tático de Pel CC; Instalação e manutenção de DSET, bem como avaliação de resultados obtidos com DSET em exercício no terreno.” “Ministrar instruções teóricas de técnica de tiro.” “Implementação da SIB do 6º Esqd C Mec.”
QUADRO 20 – Outras respostas da Questão 3 e 4. Fonte: o autor
Salienta-se que as tarefas e atividades realizadas pelo instrutor avançado de
tiro, no enfoque da competência da Gestão da Instrução Militar, é a de maior
importância no emprego deste especialista; não apenas pelo seu próprio significado
do termo instrutor, mas também por ser alvo de maior ênfase durante o Curso
Avançado de Tiro e por se tornar mais perceptível em um menor espaço de tempo.
FIGURA 8: Análise das respostas referentes à gestão de instrução militar. Fonte: o autor.
Por ocasião da entrevista 4 (Apêndice X), o Cel JACKSON, antigo Cmt do 5º
RCC e de grande experiência em simulação durante o período no Comando da citada
OM; citou que a sua percebia a atuação do IAT em sua Unidade, principalmente, nos
processos relativos à “condução e planejamento das instruções com a VBCCC
83
Leopard, na qualificação, na SIB e no Tiro Real”, corroborando, portanto, com os
resultados obtidos no questionário e esclarecendo a questão do surgimento de mais
respostas referentes ao planejamento das instruções anual.
O Cel JACKSON ressaltou ainda que percebeu uma modificação qualitativa,
após a atuação do IAT, “principalmente, com o funcionamento da SIB e no resultado
do tiro em 2018”; fato que também será abordado em subitem a seguir, pois ratifica a
percepção de melhoria nas capacidades do RCC.
4.2.3 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?
Por intermédio do questionário, verificou-se um panorama sobre as
competências do IAT; que na questão 5, buscou relacionar este indicador da
dimensão do “Emprego” da VI com a VD. Indique como o Sr realizou o assessoramento de nível tático, como IAT, em qualquer Escalão.
Questão Resposta FA FR 5
Não realizei. 5 15,2 % Assessorando o Cmt no que se refere à técnica de tiro para a Op. 18 54,5 % Assessorando o Cmt no que se refere à inserção de dados balísticos médios, composição da cinta de primeira intervenção, dentre outros aspectos técnicos do CC.
20 60,6 %
Assessorando o Cmt no que se refere às informações pertinentes aos meios blindados da força oponente.
21 63,6 %
Outras respostas 4 12,1 % QUADRO 21 – Identificação de FA e FR da Questão 5. Fonte: o autor
Nota-se que ocorre uma grande variação entre as atividades elencadas,
descaracterizando uma homogeneidade de pensamento entre os respondentes, fator
este que permite as análises a seguir.
O assessoramento ao Cmt no nível tático, ainda não possui uma metodologia
a ser seguida; haja vista a existência de diversas missões operacionais de um RCC,
sua flexibilidade, modularidade e adaptabilidade.
Soma-se a este aspecto, o fato de que a formação do IAT não está ligada ao
seu nível de conhecimento tático; tendo como concludentes do CATir, oficiais e
sargentos de diversos postos e graduações. Tal fato influência na capacidade de
entendimento dos processos de tomada de decisão e planejamento das Operações.
Na entrevista 3 (Apêndice E) o Maj Menezes salienta que “o IAT é habilitado a
realizar um estudo detalhado de qualquer sistema de armas inimigo, confrontando
com as capacidades de nossos meios e proporcionando um assessoramento
84
detalhado das possibilidades no combate ao comandante tático.”, corroborando com
os dados colhidos no questionário.
FIGURA 9: Análise das respostas referentes ao assessoramento de nível tático. Fonte: o autor.
Como forma de se considerar uma possível fuga ao grau de liberdade, e no
intuito de aumentar a validação dos dados obtidos, foi realizado a tabulação de
respostas que diferem das premissas selecionadas, mas que apresentam aderência
com o tema. Respostas que diferem das premissas selecionadas
Questão Resposta 5
“Assessoramento quanto ao melhor emprego de todo o sistema de armas. Exemplo: possibilidade em se instalar 2 metralhadoras antiaérea na VBC.” “Assessoramento no PITCIC, relativo às capacidades e limitações dos sistemas que compõem a VBCCC.” “Assessoramento do IAT no planejamento e na condução dos fogos da FT Bld.” “Avaliação dos meios inimigos.”
QUADRO 22 – Outras respostas da Questão 5. Fonte: o autor
Na entrevista 4, apresenta-se a seguinte percepção, quanto ao
assessoramento de nível tático, realizado à um Comandante de RCC: “fundamental
importância no planejamento como foi feito na Op (em 2018), tendo o IAT participado
dos estudos de EM, particularmente na 2ª Seção, no PITCIC e na identificação dos
Sistemas de Armas do inimigo”.
Cabe ressaltar, que este pesquisador executou a função de Oficial de
85
Inteligência do EM de uma FT RCC, e que na condição de instrutor avançado de tiro
do RCC, realizou o assessoramento de nível tático em todas as fases do planejamento
e durante a execução da Op.
Contudo, a última questão do questionário possibilitou a análise ampla da
abrangência do emprego do IAT, pois visava inferir sobre quais outras atividades,
atribuições ou tarefas eram identificadas como sendo de grande relevância no
emprego do IAT.
Sendo obtido 16 (dezesseis) respostas que estão correlacionadas com o tema
e que devem ser analisadas, no intuito de serem incluídas ou não no rol de atividades
e atribuições a serem desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro em um
Regimento de Carros de Combate, seja no preparo, seja no emprego desta Tropa;
conforme será apresentado no quadro a seguir: Respostas que diferem das premissas selecionadas
Questão Resposta
Gestão da
Instrução Militar
“Instalação, condução e avaliação de exercícios envolvendo DSET, seja no Polígono de Tiro, seja em adestramento no PAB ou PAA.” “Avaliação das guarnições e dos pelotões durante o ano de instrução.” “Assessoramento ao Cmt OM/ Estado maior nas atividades de instrução da tropa blindada.” “Assessoramento ao comando da OM no sentido de estruturar exercícios no terreno vocacionados para avaliação objetiva das guarnições elaborando baremas de avaliação e agindo como OCA.” “Assessoramento ao Cmt U/S3 para a priorização das atividades de instrução e adestramento das Gu Bld.” “Fomentar o estudo na área de blindados e buscar a inovação contínua nos processos de instrução e certificação.” “Instrução aos Pel subordinados e utilização do assessoramento tático para planejamento e condução FT Bld.” “Execução de testes (“laboratório”) para melhoria da instrução, da técnica de tiro e dos materiais.” “Assessorando o emprego da FOROP no exercício de dupla-ação.” “Buscar uma continua melhora no adestramento das guarnições blindadas através da instrução especializada.” “A capacitação e preparação dos recursos humanos recém egressos na OM.” “Montagem de exercícios de simulação (cenários), onde temos uma situação de preparo da tropa excelente com um gasto muito pequeno.” “Instruções para o desenvolvimento de nossos atiradores e das guarnições dos CC.”
Gestão do
Material de
Emprego Militar
“Assessoramento ao Escalão Superior quanto às necessidades e prioridades da melhoria contínua da frota blindada da Força.” “Assessoramento para a gestão dos meios de simulação presente na OM.” “Assessoramento na tomada de decisão e planejamento do Estado-Maior da OM, na esfera logística até a operacional e de instrução.”
QUADRO 23 – Respostas da Questão 6. Fonte: o autor
Contudo, percebe-se a importância das duas dimensões da VI percebida no
questionário, grupo focal e entrevistas, corroborando com as impressões obtidas na
86
revisão da literatura.
Destarte, pode-se concluir que as respostas expostas apontam, em boa
medida, que as atividades e tarefas elencadas como premissas básicas ao emprego
do IAT, nos campos da gestão da instrução militar, da gestão do material de emprego
militar e do assessoramento de nível tático, necessitam constar em referencial
institucional, no intuito de se aprimorar e regularizar seu emprego; bem como auxiliar
na potencialização das capacidades do Regimento de Carros de Combate.
4.2.4 É possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor avançado de tiro?
Verificou-se ao longo deste trabalho que o Regimento de Carros de Combate
costuma ser empregado compondo Força-Tarefa (equilibrada, forte em CC ou forte
em Fuz). Soma-se a esse conceito a premissa de que o tipo de material empregado,
que atualmente é a VBCCC Leopard 1A5 BR, é o principal meio a ditar as
possibilidades e limitações do Regimento de Carros de Combate; sendo o manual FT
17-20 o vetor que direciona ao emprego deste tipo de OM, portanto, serve de base
para o emprego de militares especialistas.
Ao analisar a revisão da literatura e o questionário da presente pesquisa,
percebeu-se que há um grande conhecimento acerca da instrução militar e da gestão
da frota das VBCCC, e que são ratificadas pelo grupo focal e entrevistas, que
apresentam grande ligação destas atividades.
4.2.5 Existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do instrutor avançado de tiro?
Após a realização da pesquisa, percebeu-se a carência de referencial nacional,
sendo exclusivamente abarcados pelas portarias de criação do CATir, plano de
disciplina do referido curso e uma proposta de Caderno de Instrução apresentada pelo
CIBld em 2015.
Todo o suporte relativo ao emprego do IAT, atualmente, dá-se de maneira
empírica, não oficial; e baseada no banco de dados estrangeiro (norte americano,
chileno, espanhol e alguns outros países possuidores deste tipo de especialista).
87
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Ao concluir esta pesquisa, é imperativo recapitular a metodologia que norteou
o presente trabalho, de modo a permitir o estabelecimento das conexões e dos
resultados para a DMT com base nos resultados encontrados na revisão da literatura,
no grupo focal, no questionário e nas entrevistas.
Este trabalho possibilitou entender a influência das competências do instrutor
avançado de tiro na potencialização das capacidades de um Regimento de Carros de
Combate, resolvendo o problema, ampliando a compreensão, mostrando novas
relações ou mesmo outras questões em relação ao problema originalmente escolhido.
O marco inicial deste trabalho foi estabelecido com base na seguinte
problemática: em que extensão as competências exercidas pelo instrutor avançado
de tiro potencializam as capacidades do Regimento de Carros de Combate? O
problema foi solucionado ao passo em que se tornou possível apontar as influências
das atividades, tarefas e competências exercidas pelo IAT sob a ótica da DMT e
abordada em termos das duas dimensões analisadas: preparo e emprego; bem como
seus indicadores: gestão da instrução militar, gestão do material de emprego militar e
o assessoramento de nível tático.
Nesse sentido, foram elencadas as questões de estudo que, supostamente,
atenderiam à esta indagação:
a. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de
tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?
b. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de
tiro no tocante à gestão da instrução militar?
c. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de
tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?
d. é possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento
e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor
avançado de tiro?
e. existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do
instrutor avançado de tiro?
Para se atingir uma percepção desses aspectos, definiu-se o objetivo geral
deste trabalho, no sentido de avaliar em que extensão as competências exercidas
pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades do Regimento de Carros
88
de Combate, concluindo sobre os impactos desse especialista para a rotina de
instrução, a gestão do material de emprego militar e o assessoramento no nível tático,
no que diz respeito ao emprego; inferindo sobre a potencialização das capacidades
do emprego do RCC.
Percebeu-se que, baseado no que já foi exposto anteriormente, ele foi atingido,
considerando-se a gama de resultados obtidos ao longo desta pesquisa.
Cabe ressaltar que, em consonância com o objetivo geral elencado, foram
estabelecidos objetivos específicos, traçados como fases naturais e que foram
alcançadas no decorrer do processo de investigação do tema desta pesquisa,
conforme será exposto ao longo desta conclusão, a saber:
a. descrever os principais conceitos estabelecidos nas fontes de consulta
nacionais acerca das funções do instrutor avançado de tiro, principalmente, nas
atividades desempenhadas no tocante ao emprego e preparo de um Regimento de
Carros de Combate;
b. descrever os principais conceitos estabelecidos nas fontes de consulta
estrangeiras do Exército Norte-Americano, espanhol e chileno acerca das funções do
instrutor avançado de tiro, principalmente, as competências exercidas no tocante ao
emprego e preparo de um Regimento de Carros de Combate;
c. inferir acerca da influência do instrutor avançado de tiro sobre a rotina de
instrução da OM, ao controle das guarnições e emprego de simuladores, no tocante
ao preparo do RCC;
d. inferir sobre a extensão do assessoramento tático do IAT, nos Pelotões, nos
Esquadrões e nos Regimentos de Carros de Combate por ocasião do emprego dessas
frações; e
e. como produto final da pesquisa, apresentar um anteprojeto de nota de
coordenação doutrinária ou subcapítulo para manual, propondo um conjunto de
prescrições que, coerentes à DMT, possibilitem normatizar e concluir sobre as
competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro no que tange à sua influência
na potencialização das capacidades de um Regimento de Carros de Combate e
possivelmente servir de subsídio para a criação de especialistas para outros sistemas
de armas do Exército Brasileiro.
Os resultados alcançados permitem afirmar que essa problemática foi
solucionada, levando-se em consideração todos os resultados encontrados na revisão
89
da literatura, no grupo focal, no questionário e nas percepções e experiências colhidas
de militares especialistas por intermédio das entrevistas; que mostram que o atual
emprego do IAT permite concluir sobre a grande influência de suas competências na
potencialização das capacidades do Regimento de Carros de Combate.
Por intermédio destes resultados será possível estabelecer um rol de atividades
e tarefas atinentes ao emprego do instrutor avançado de tiro, no que tange aos
grandes grupos de atuação deste especialista: a gestão da instrução, a gestão do
material de emprego militar e o assessoramento de nível tático; visando atender a um
cenário internacional de grande divulgação doutrinária sobre este especialista.
No que diz respeito às dificuldades encontradas ao longo desta pesquisa,
ressalta-se a questão de não haver trabalhos anteriores que abordassem as
atividades, tarefas e competências exercidas pelo IAT que fossem de caráter oficial;
bem como o caráter subjetivo no que tange a percepção de melhoria ou não das
capacidades de um RCC ao ser empregado em Operações.
Buscou-se mitigar este aspecto ao realizar o grupo focal com especialistas que
houvesse acompanhado a tropa em um ciclo bianual de preparação e emprego e
entrevista com antigo Cmt de RCC, a fim de permitir observar aspectos que
auxiliassem os resultados obtidos.
A pesquisa trouxe os aspectos que o IAT é capaz de influenciar no preparo e
emprego das guarnições blindadas; observando-se que no aspecto das instruções
este especialista possui ferramentas que o capacitam a maximizar as capacidades de
cada guarnição, devido sua expertise na técnica de tiro; sendo capaz de ministrar
instruções com maior profundidade e especificidade. Neste escopo é capaz de
empregar os meios de simulação disponíveis para alcançar os melhores resultados
de tempo para aquisição de alvos, identificação e sua neutralização.
Outro aspecto referente à gestão da instrução que ficou nítido, foi a
responsabilidade pela condução e planejamento do ano de instrução do efetivo
variável e profissional; bem como, sendo responsável por assessorar o Cmdo da OM
no que diz respeito às fases de preparação para a execução de um Exercício de Tiro
Real.
Ao considerar o indicador gestão do material de emprego militar, concluiu-se
que o IAT exerce primordial atividade no que tange ao acompanhamento da vida útil
do canhão, bem como o seu desgaste. É responsável ainda pelo controle dos valores
90
de falhas de munição, pela colimação e correção em zero; e em alguns momentos
exerce uma função ímpar ao realizar o link com os elementos de manutenção de torre.
Seu acompanhamento cerrado nas manutenções e na mortalidade de peças
de uso referentes ao sistema de controle de tiro, possibilitam um aumento da
disponibilidade das OM.
No entanto, ao analisar o fator assessoramento de nível tático, concluiu-se que
ainda há grande lacuna referente ao modo de auxiliar o Comandante Tático nas
diversas situações das Operações, como o planejamento e a execução. A diferença
de conhecimento tático entre os instrutores avançados de tiro, que oscilam entre
oficiais superiores do QEMA e perpassam pelos postos e graduações até o sargento
recém egresso de Escola de formação.
Tal situação dificulta o IAT na percepção de como realizar o assessoramento
de nível tático com enfoque nas questões técnicas, sem influenciar nos aspectos
táticos.
Cabe ressaltar ainda que quanto maior o conhecimento tático do IAT, maior a
facilidade de entender o seu papel a ser desempenhado juntamente com outras
funções no planejamento das Operações.
Mesmo com o dinamismo das atividades realizadas pelo RCC, na atualidade,
há ainda uma grande dificuldade em se acompanhar e realizar a tabulação de
desempenho apresentado pela OM em Operações. Tal fato ocorre devido às
especificidades do emprego dos Centros de Avaliação e Adestramento do EB; que
possuem esta missão no seu rol de atribuições.
Portanto, a análise dos indicadores da dimensão do emprego da VD –
capacidades do Regimento de Carros de Combate – ocorreu por intermédio de
pesquisa baseada em dados subjetivos; com aquisição de resultados oriundos de
alguns militares que puderam realizar um acompanhamento bianual de um RCC.
Ressalta-se que para a percepção científica da VD, seria necessário um
período maior disponível para a realização da pesquisa; haja visto que seria
necessário realizar o acompanhamento da preparação e emprego de tropas oriundas
do RCC em dois ou mais Exercícios no Terreno, fato que geralmente ocorre em uma
janela de cerca de 02 (dois) anos de instrução.
Destarte, os exemplos colhidos pelo Exército Norte-americano que, em meados
da década de 1990 comprovaram o aumento da proficiência de suas guarnições
91
blindadas durante as atividades da Operação Tempestade no Deserto, após cerca de
15 do início das atividades dos instrutores avançados de tiro; são os balizadores para
a DMT nacional e a inserção da função do IAT no EB, que alcança cerca de 10 anos
de atividades no âmbito da Tropa Blindada.
Com isso, os resultados apontam que há uma significativa mudança na
proficiência da Tropa Blindada brasileira após as gestões inerentes à especialidade
do instrutor avançado de tiro, que independente do meio empregado pelo RCC, é
capaz de potencializar as capacidades desta OM, no que diz respeito à letalidade,
prontidão operativa e uma probabilidade de influenciar no aumento da massa de efeito
desta tropa.
5.1 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES
Com a finalidade de proporcionar melhores condições de emprego do instrutor
avançado de tiro nos Regimentos de Carros de Combate, particularmente quanto a
sua influência positiva nas instruções e no controle da frota de blindados, a seguir
serão apresentadas as sugestões e recomendações acerca do estudo conduzido.
Cabe ressaltar que as ideias relacionadas nesse ponto não esgotam o assunto,
pela sua complexidade e nível de constante atualização. A intenção é que essas
percepções sirvam para alimentar os futuros debates que venham a surgir sobre a
doutrina da Tropa Blindada, latu sensu, e do emprego do IAT, stricto sensu.
As recomendações sugeridas são apenas um roteiro de tópicos que poderão
ser aprofundados em pesquisas posteriores.
a. Proposta de rol de atividades inerentes ao instrutor avançado de tiro, em um
possível Caderno de Instrução do Instrutor Avançado de Tiro, em conjunto com o
CIBld;
b. Proposta de adoção de um especialista em outras tropas, como a Infantaria
Mecanizada, com o advento do Projeto GUARANI e na Aviação do Exército, com a
aquisição das novas plataformas de combate;
c. Proposta de levantamento das capacidades das Unidades de emprego
estratégico do EB, por parte dos Centros de Avaliação e Adestramento, visando a
percepção aproximada da realidade do Poder de Combate do Exército Brasileiro.
92
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ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Department of the Army. FM 17-15: Tank Platoon. Washington, DC, 1999.
FIGUEIREDO, Luiz. Sun Tzu, a Arte da Guerra: tradução e interpretação. 2002
GRINBERG, Keila. O Mundo Árabe e as Guerras Árabe-Israelenses. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2000.
MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras. São Paulo, Editora Contexto, 2009b.
MESQUITA, Alex Alexandre de. O RCB como paradigma de Organização da Tropa Blindada do Brasil. 2015. Disponível em: <http://www.defesanet.com.br/doutrina/noticia/19275/O-RCB-como-Paradigma-de-Organizacao-da-Tropa-Blindada-do-Brasil/>. Acesso em 18 out. 2018.
LINS, Nilton Fabiano Velozo. Cursos avançados de tiro do Exército dos EUA. 2018.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. 17 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
________. Estrutura Organizacional: Uma abordagem para resultados e competitividade. São Paulo: Atlas, 2006.
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96
PIMENTEL, Augusto Cezar Mattos Gonçalves de Abreu. O Assessoramento do IAT em Operações. Palestra apresentada na 1ª Conferência Nacional de Instrutores Avançados de Tiro. Santa Maria, 2014. ________. Emprego de Fogos Diretos no Ambiente Operacional Contemporâneo: uma Análise à Luz da Doutrina Militar Terrestre. Dissertação (Mestrado em Ciências Militares) – Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de Janeiro, 2017. RIBEIRO, Marcelo Carvalho. Projetos Leopard e Guarani: Mudança Cultural na Operação e Manutenção de Blindados. Porto Alegre: VI Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, 2012.
SOUZA JÚNIOR, Jorge Francisco de. As Forças Blindadas do Exército Brasileiro - Atualização, modificação e modernização: uma proposta. Rio de Janeiro, 2010.
VIANNA BRAGA, Carlos Chagas. A atuação da Marinha do Brasil na Operação Rio 2010: os principais atributos do Corpo de Fuzileiros em evidência. Revista Âncoras e Fuzis, 2011.
WIEHE, Noelle. Determining the standards of a máster gunner. 2015. Disponível em: <https://www.army.mil/article/149757/determining_the_standards_of_a_master_gunner>. Acesso em 12 out. 2018.
ZALOGA, Steven J. Tank Battles of Mid East Wars. Editora Concord. 3ª Ed. 1998.
97
APÊNDICE A – ENTREVISTA DE ORIENTAÇÃO INICIAL PARA A PESQUISA
Esta pesquisa visa direcionar a confecção do Projeto Pesquisa a ser
apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), realizada pelo Cap Cav
Rinaldo Reis de Moraes Junior.
Desta feita, a presente entrevista visa identificar, junto à personalidade de
notório saber no âmbito da tropa blindada da Cavalaria do Exército Brasileiro
problemas que envolvam o Instrutor Avançado de Tiro, os quais permitam tratamento
científico; o Cap Cav AUGUSTO CEZAR MATTOS GONÇALVES DE ABREU
PIMENTEL, mestre em Ciências Militares pelo referido estabelecimento de ensino.
1ª Questão: O Sr poderia informar a experiência anterior, no que trata sobre assuntos
relacionados com a Tropa Blindada brasileira?
2ª Questão: É possível afirmar que existem lacunas nos procedimentos ou nas
normativas nacionais relacionadas ao emprego do Instrutor Avançado de Tiro, na
tropa blindada atualmente? Caso seja positivo, seria possível indicar tais problemas?
98
APÊNDICE B – ROTEIRO DE CONDUÇÃO DE GRUPO FOCAL
1. OBJETIVOS DO GRUPO FOCAL
a. Acolhimento dos participantes.
b. Problematizar a temática entre os participantes.
c. Buscar nos relatos, dos participantes, descrever o conhecimento sobre as competências do instrutor avançado de tiro em atividade de coroamento do ano de instrução (Atividade Preparação para o Tiro Real, Exercício de Tir Real, Exercício no Ter em FT RCC – situações de Emprego do RCC).
2. TÓPICOS NORTEADORES
a. Competências do IAT na gestão da instrução militar
1) Descreva as atividades que você executou durante o processo de preparação de instruções às guarnições blindadas que é de competência exclusiva do IAT, empregando os meios de simulação disponíveis. 2) Descreva, se for o caso, quais aspectos, você (IAT), percebeu modificações nos resultados obtidos pelas guarnições dos CC quando foram avaliadas.
b. Competências do IAT na gestão do material militar
4) Descreva quais procedimentos adotou para a obtenção da disponibilidade dos CC de sua SU, com medidas intrinsicamente ligadas às atividades do IAT. 5) Foi realizado algum tipo de controle de dados ou resultados obtidos no tocante as informações balísticas de cada CC? 6) Caso tenha ocorrido controle, quais foram os benefícios obtidos?
c. Competências do IAT no assessoramento de nível tático
7) Caso tenha ocorrido, descreva como foi realizado o seu assessoramento de nível tático ao Cmt, durante a fase do Exame de Situação.
99
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO
Este questionário faz parte da Pesquisa realizada pelo Cap Cav Rinaldo Reis
de Moraes Junior, integrante do programa de pós-graduação Stricto Sensu da Escola
de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).
A pesquisa tem como objetivo principal analisar em que extensão as
competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades
do Regimento de Carros de Combate.
Desse modo, este questionário é endereçado aos instrutores avançados de tiro,
oficiais e sargentos, que exercem suas funções, e visa realizar um diagnóstico da atual
situação do emprego deste especialista, de modo a corroborar com o andamento da
pesquisa, com vistas no levantamento dos aspectos abaixo relacionados:
a) as atividades, atribuições e tarefas realizadas na gestão da instrução;
b) as atividades, atribuições e tarefas realizadas na gestão do material
de emprego militar (gestão da frota); e
c) a forma de emprego do assessoramento ao Comandante tático.
No intuito de manter o questionário alinhado com a presente pesquisa, segue
um quadro auxiliar com as principais atividades elencadas para as competências
escolhidas para o trabalho.
Sua participação é de suma importância, e permitirá uma análise mais fidedigna
da atual situação do emprego do instrutor avançado de tiro nos RCC.
Desde já, agradeço sua valorosa contribuição à Tropa Blindada.
Respeitosamente,
Cap De Moraes.
O presente questionário será respondido por meio da ferramenta Google Docs, pelo link:
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSc1Ibrnicp_pE3CZ3RkWGeSJQTa1EmsFWco6c4vUKCjz3wzOw/viewform?usp=sf_link
Obrigatório *
100
Endereço de e-mail *
___________________________________________________________
Quadro Auxiliar – Competências do IAT e suas principais atividades
1. Indique a(s) atividade(s) que o Sr realizou, de responsabilidade do IAT, no que diz respeito a Gestão do Material de Emprego Militar (Gestão da Frota). *
101
2. Caso possua outra experiência ou atividade desempenhada pelo IAT, julgada de grande relevância (referente a Gestão da Frota), cite quais foram.
______________________________________________________________________________________________________________________________________
3. Indique a(s) atividade(s) que o Sr realizou, de responsabilidade do IAT, no que diz respeito a Gestão da Instrução. *
4. Caso possua outra experiência ou atividade desempenhada pelo IAT, julgada de grande relevância (referente a Gestão da Instrução), cite quais foram.
______________________________________________________________________________________________________________________________________
5. Indique como o Sr realizou o assessoramento de nível tático, como IAT, em qualquer Escalão. *
6. Qual outra atividade, atribuição ou tarefa (além das descritas no quadro de apoio), o Sr identifica como sendo de grande relevância no emprego do IAT? *
______________________________________________________________________________________________________________________________________
102
APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA 1
A presente entrevista constitui-se um instrumento de pesquisa do trabalho “A
INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA
POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE
COMBATE”, a ser apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais pelo Cap Cav
Rinaldo Reis de Moraes Junior, como requisito parcial para a obtenção do Grau de
Mestrado em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.
A finalidade desta atividade é o levantamento de informações e opiniões
baseadas no conhecimento especializado acerca do emprego do instrutor avançado
de tiro no Regimento de Carros de Combate.
Ao final do trabalho, espera-se que seja possível verificar em que extensão as
atividades e tarefas desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as
capacidades do Regimento de Carros de Combate, no intuito de contribuir para a
evolução da Doutrina Militar Terrestre e na confecção de referencial no Exército
Brasileiro, em conjunto com o CI Bld.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O senhor está sendo convidado para participar, como voluntario, da pesquisa
realizada pelo Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR, sob orientação do Cel
ANDRÉ CÉZAR SIQUEIRA, cujo tema é "A influência das competências do instrutor
avançado de tiro na potencialização das capacidades do Regimento de Carros de
Combate".
Declaro ter sido esclarecido dos seguintes pontos:
1. A pesquisa tem como objetivo principal avaliar em que extensão as
competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades
do Regimento de Carros de Combate, concluindo sobre os impactos desse
especialista para a rotina de instrução, a gestão do material de emprego militar e o
assessoramento no nível tático, no que diz respeito ao emprego; inferindo sobre a
potencialização das capacidades do emprego do RCC.
2. A participação do senhor consistirá em fornecer opiniões acerca dos
assuntos atinentes a esta pesquisa, considerando a experiência no comando de
103
Regimento de Carros de Combate e a experiência de ter sido Cmt de FT Bld em
Exercício no Terreno em um ciclo bianual.
3. Durante a realização desta pesquisa, em virtude de sua natureza
eminentemente bibliográfica/documental, não há qualquer risco à integridade física de
qualquer pessoa.
4. Ao participar deste trabalho, o senhor estará́ contribuindo para o
desenvolvimento da doutrina de emprego do instrutor avançado de tiro nos RCC,
acompanhando o processo de modernização da Tropa Blindada brasileira.
5. A participação do senhor nesta pesquisa perdurará apenas até o término da
mesma, prevista para outubro de 2019.
Estou de acordo com os termos acima descritos:
( ) Sim. ( ) Não.
AUTORIZAÇÃO PARA VINCULAÇÃO Caso o senhor autorize divulgar seu nome nesta pesquisa, o mesmo constará
do capítulo de "Análise dos Resultados", durante a tabulação das respostas. Caso o
senhor não autorize, as respostas serão tabuladas, contudo, sua privacidade será́
preservada.
Autorizo ter meu nome vinculado à pesquisa e divulgado nos resultados.
( ) Sim. ( ) Não.
IDENTIFICAÇÃO 1. Posto:
2. Nome completo:
3. Turma de formação:
4. Experiência como comandante de RCC (ano e OM):
5. Experiência como comandante de RCC em Exercício no Terreno (ano e
local):
104
1ª Questão O senhor já comandou militares que possuíam a especialização de Instrutor
Avançado de Tiro?
2ª Questão Em que extensão o senhor empregou tal especialista?
3ª Questão Nessas oportunidades, seria possível afirmar que as atividades e tarefas
exercidas pelo IAT potencializaram alguma capacidade da Unidade do senhor?
4ª Questão Quanto ao preparo das guarnições, o senhor poderia citar situações ou
atividades que ficaram nítidas que a presença do IAT eram um potencializador/
maximizador das capacidades da Unidade em que o senhor comandou?
5ª Questão Como o senhor identifica a criação desta especialidade e a execução de suas
funções em prol do RCC?
CONCLUSÃO
O senhor deseja acrescentar alguma informação sobre o emprego do instrutor
avançado de tiro que julgue relevante para esta pesquisa?
AGRADECIMENTO
Agradeço pelas informações prestadas e pelo tempo disponibilizado em prol
desta pesquisa. Caso o senhor tenha qualquer dúvida, sugestão, ou caso deseje
receber o resultado desta pesquisa, entre em contato através do endereço eletrônico:
demoraescav@gmail.com
105
APÊNDICE E – ROTEIRO DE ENTREVISTA 2
A presente entrevista constitui-se um instrumento de pesquisa do trabalho “A
INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA
POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE
COMBATE”, a ser apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais pelo Cap Cav
Rinaldo Reis de Moraes Junior, como requisito parcial para a obtenção do Grau de
Mestrado em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.
A finalidade desta atividade é o levantamento de informações e opiniões
baseadas no conhecimento especializado acerca do emprego do instrutor avançado
de tiro no Regimento de Carros de Combate.
Ao final do trabalho, espera-se que seja possível verificar em que extensão as
atividades e tarefas desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as
capacidades do Regimento de Carros de Combate, no intuito de contribuir para a
evolução da Doutrina Militar Terrestre e na confecção de referencial no Exército
Brasileiro, em conjunto com o CI Bld.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O senhor está sendo convidado para participar, como voluntario, da pesquisa
realizada pelo Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR, sob orientação do Cel
ANDRÉ CÉZAR SIQUEIRA, cujo tema é "A influência das competências do instrutor
avançado de tiro na potencialização das capacidades do Regimento de Carros de
Combate".
Declaro ter sido esclarecido dos seguintes pontos:
1. A pesquisa tem como objetivo principal avaliar em que extensão as
competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades
do Regimento de Carros de Combate, concluindo sobre os impactos desse
especialista para a rotina de instrução, a gestão do material de emprego militar e o
assessoramento no nível tático, no que diz respeito ao emprego; inferindo sobre a
potencialização das capacidades do emprego do RCC.
2. A participação do senhor consistirá em fornecer opiniões acerca dos
assuntos atinentes a esta pesquisa, considerando a experiência no comando de
106
Regimento de Carros de Combate e a experiência de ter sido Cmt de FT Bld em
Exercício no Terreno em um ciclo bianual.
3. Durante a realização desta pesquisa, em virtude de sua natureza
eminentemente bibliográfica/documental, não há qualquer risco à integridade física de
qualquer pessoa.
4. Ao participar deste trabalho, o senhor estará́ contribuindo para o
desenvolvimento da doutrina de emprego do instrutor avançado de tiro nos RCC,
acompanhando o processo de modernização da Tropa Blindada brasileira.
5. A participação do senhor nesta pesquisa perdurará apenas até o término da
mesma, prevista para outubro de 2019.
Estou de acordo com os termos acima descritos:
( ) Sim. ( ) Não.
AUTORIZAÇÃO PARA VINCULAÇÃO Caso o senhor autorize divulgar seu nome nesta pesquisa, o mesmo constará
do capítulo de "Análise dos Resultados", durante a tabulação das respostas. Caso o
senhor não autorize, as respostas serão tabuladas, contudo, sua privacidade será́
preservada.
Autorizo ter meu nome vinculado à pesquisa e divulgado nos resultados.
( ) Sim. ( ) Não.
IDENTIFICAÇÃO 1. Posto:
2. Nome completo:
3. Turma de formação:
4. Experiência anterior, na Tropa Blindada (ano e local):
1ª Questão O senhor poderia informar como está dividido o CATir, no tocante às disciplinas
ministradas?
2ª Questão Quais assuntos ministrados ao futuro IAT o senhor considera como essenciais
107
no tocante à intervenção do IAT na correção oportuna e na identificação de problemas
relacionados à aquisição, confirmação e neutralização de alvos?
3ª Questão Existe alguma ênfase no que diz respeito à gestão do material, durante o
Curso?
4ª Questão Caso a questão anterior tenha sido respondida positivamente, cite como o IAT
pode intervir/gerenciar no controle da frota.
5ª Questão Qual a abrangência do conhecimento passado aos alunos do CATir no tocante
ao assessoramento de nível tático?
CONCLUSÃO
O senhor deseja acrescentar alguma informação sobre o emprego do instrutor
avançado de tiro que julgue relevante para esta pesquisa?
AGRADECIMENTO
Agradeço pelas informações prestadas e pelo tempo disponibilizado em prol
desta pesquisa. Caso o senhor tenha qualquer dúvida, sugestão, ou caso deseje
receber o resultado desta pesquisa, entre em contato através do endereço eletrônico:
demoraescav@gmail.com
108
APÊNDICE F – EXEMPLO DE INSTRUÇÃO MINISTRADA POR IAT (EsAO/2019)
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ANEXO A – INSTRUÇÃO DO EB NA IMGC 2019 (Maj Cav MENEZES)