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7/25/2019 Ensaio Dan
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Feito porcos: as andanas de um velho Mbngkre
Tema: Sociedades Indgenas
Neste trabalho, busco refletir sobre como, para os Mbngkre !a"ap#$, os lugares
nomeados s%o produ&idos atra'(s das rela)*es entre os di'ersos seres +ue habitam o territ#rio -
partir de algumas narrati'as.autobiogr/ficas de !upare, um 'elho mbngkre, tento perceber
como a floresta b$, os rios ng$ e os caminhos +ue os perpassam en'ol'em uma comple0a rede
de agentes +ue atra'(s da interaocriam e recriam lugares 1usco tamb(m mostrar como saber
interagir com esses seres e lugares ( fundamental para um lder mbngkre
!upare ( um senhor nonagen/rio +ue presenciou e participou ati'amente de acontecimentos
importantes da hist#ria mbngkre, particularmente do subgrupo !ubkr%k2n 3le nasceu em
4"katti, antiga aldeia mbngkre da +ual todos os grupos atuais e0cetuando os 5ikrin$ se
originaram, era caci+ue benjadjwr$ 6 (poca dos primeiros contatos com o S4I e fundou a
aldeia -7ukre - pes+uisa +ue reali&ei busca'a adentrar a hist#ria mbngkre pela 'is%o de um
dos seus importantes personagens, captando seus posicionamentos e sua parcialidade,
des'endando os fatos e os seus significados, de um ponto de 'ista duplamente situado 8 pois
tamb(m est/ em 2ogo a posi)%o do pes+uisador e como a hist#ria mbngkre se torna acess'el a
ele
9hama aten)%o em suas narrati'as a nfase dada ao fato de ter 'ia2ado bastante, tanto pelo'asto territ#rio mbngkre, +uanto pelas cidades dos kub2 3le nasceu e 2/ foi pro mato; 3le
13ssas narrati'as foram coletadas por mim durante uma pes+uisa de campo de dois meses de dura)%oreali&ada na aldeia -7ukre, na TI !a"ap#, no 4ar/24ala'ra +ue denota estrangeiro, n%o
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andou por todos os lugares e 'iu tudo 8 ver ( um importante legitimador de conhecimento para os
Mbngkre Minha hip#tese ( de +ue, se conhecer todos esses lugares significa ter interagido
com um emaranhado de seres, saber lidar com eles em benefcio dos Mbngkre ( algo
necess/rio a um benjadjwrcomo !upare 4or isso !upare se apressa em afirmar +ue det(m o
conhecimento de caminhar pelo mato e, portanto, sabe como se relacionar com seus habitantes
3ssa rela)%o com o >utro ( de suma import?ncia para a reutro pode representar
uma contribui)%o para a crescente literatura +ue busca compreender +ue forma toma entre os @ a
c(lebre abertura para o >utro; LI crculo
n%o apenas circunscre'e uma comple0a organi&a)%o social, mas est/ tamb(m circunscrito em
uma nebulosa rede de intera)*es
sobre essa categoria 'er Lea EF.E$, Lukesch .KGK$, Turner .KGG$, ersJi2'er .KKE$ e idal .KOO$3=ar'ard 9entral 1ra&il 4ro2ect 4ro2eto ideali&ado e coordenado por Ma"bur"S D3 9-STC>, .KPGQ R-ST>, EFFF$ 4ara um debate sobre o =914,suas conse+uncias e suas crticas, 'er 9oelho de Sou&a EFFE$
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por que a autobiografia
3m 'e& de uma discourse-centered aroach to cu!ture C1-N, .KK.$, comum nos estudos de
narrati'as autobiogr/ficas, pretendo algo mais como um cu!ture-mediated aroach to discourse.
3ssa e0press%o soa como um lema culturalista para uma abordagem construcionista, mas +uero
di&er apenas +ue, em 'e& de utili&ar o discurso de !upare como uma porta para acessar uma
estrutura; mais geral do pensamento mbngkre, busco uma abordagem +ue tente e0trair desse
discurso as ideias de !upare a respeito do mundo, ciente de +ue essa busca en'ol'e uma rela)%o
entre diferentes concep)*es de mundo agner di&ia +ue aU compreens%o de uma cultura
en'ol'e a rela)%o entre duas 'ariedades do fenmeno humanoQ ela 'isa a cria)%o de uma rela)%o
intelectual entre elas, uma compreens%o +ue inclua ambas; -BN3C, EF.F .KOHU$ >
problema, por ele ressaltado, ( +ue nessa busca por uma compreens%o +ue inclua ambas;, o
antrop#logo muitas 'e&es coloca a 'ariedade do nati'o dentro da sua pr#pria sar nossos
conceitos < parentesco, rela)*es inter(tnicas, etc < gera um risco +ue +uase sempre se reali&a$ de
prender o discurso de !upare em uma c?mara conceitual +ue n%o nos permite en0ergar muito
al(m deles Isso +uer di&er +ue n%o busco entender como !upare reconstr#i discursi'amente o
modo como reagiu a problemas +ue a 'ida lhe teria imposto < de sada pensaramos no contato,
nas a'enturas polticas da chefia, nas rela)*es de parentesco, etc
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com a inten)%o de colher uma autobiografia, ( certo +ue cheguei 6 !upare com perguntas +ue
refletiam certas e0pectati'as gen(ricas do pr#prio modo de pensar do +ual participo muito
importante, portanto, saber +ue essa categoria n%o est/ dada para todos os presentes no encontro
etnogr/fico;
Tal'e& a Vnica coisa dada nesse encontro se2a o fato de !upare estar diante de um >utro,
no caso um aspirante a$ antrop#logo Seus relatos s%o fruto de uma demanda de um >utro e
podemos supor +ue este2am embebidos nessa rela)%o, apresentando um car/ter e'ocati'o al(m de
puramente informati'o 9C-4-NX-N>, .KOO$ 9reio +ue podemos supor tamb(m +ue esse
>utro n%o se2a apenas o indi'duo +ue fa& a pergunta e segura o gra'ador, mas tudo a+uilo +ue
representa, se2a simbolicamente, como !ocus de alteridade +ue media um discurso
autoconstituti'o < de construir um se!" perante um >utro S D3
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9-STC>, EFFE$ come)ando por le'ar a s(rio um nati'o
okukrdj de !upare
No primeiro encontro com !upare, meu n'el de compreens%o da lngua mbngkre era
muito pr#0imo do &ero e, portanto, eu dependia inteiramente de 46t7i, meu a2udante 4edi +ue ele
perguntasse a !upare onde ele nasceu, o +ue ha'ia feito +ue considera'a importante, enfim, para
dar um resumo; da sua 'ida 9omo ( de se esperar, n%o h/ uma pala'ra em mbngkre +ue
sir'a de tradu)%o para autobiografia, nem para tra2et#ria de 'ida;, no sentido de fatos concretos
+ue se sucederam linearmente no tempo - pala'ra +ue 46t7i utili&ou foi kukrdj.
#ukrdj ( um pala'ra de difcil defini)%o =o2e em dia, os Mbngkre fre+uentemente
a usam para tradu&ir nossa ideia de cultura > kukrdj dos Mbngkre denota o con2unto de
cantos, dan)as e ati'idades praticadas por eles 4oderamos resumir como as tradi)*es;
mbngkre Mas eles usam esse termo tamb(m para referirem
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do conceito de kukrdj, entendido com um"!u$o de conhecimentos, podendo portanto receber
no'as partes +ue passariam a comp
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dei0ar de ressaltar +ue alguns brancos, como a sua plateia, eram amigos e precisa'am a2udar os
Mbngkre nessa tarefa 3le pediu +ue retornassem no outro dia, +uando estaria pintado e
de'idamente adornado 3 de fato esta'a 4intado sem padr%o bem definido sua esposa (
praticamente cega$ e com os nkrjs +ue geralmente usa: njkam kadjtkamrk fios de algod%o
'ermelhos no pulso, no caso dele amarrados em uma longa pulseira de mi)anga a&ul$ e o seu rori
rori de penas de ga'i%o real adorno plum/rio +ue lembra uma esp(cie de capacete$ Mais uma
sess%o de hist#rias Dessa 'e&, falou longamente sobre suas andan)as e demonstrou o seu
conhecimento acerca da regi%o Wuase uma hora de enuncia)%o onom/stica, com algumas
e0plica)*es no meio
a viagem
-gora +uero apresentar um relato +ue moti'ou a discuss%o +ue apresento a+ui e +ue tem
muitas semelhan)as com o apresentado aos estudantes do 9urso de 9ampo 3m uma determinada
noite, sentei +ue se seguiu foi uma longa narrati'a,
consistindo basicamente em nomes de lugares de '/rios tipos: aldeias kr)$, caminhos
mm*r*dj$, rios ng$, castanhais i+'rek$ e outros localidades nomeadas
em grandes +uantidades em termos de nVmeros6> mais 'elho benjadjwr de -7ukre e um dos homens +ue 'ieram na ocasi%o da funda)%o da aldeia
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> primeiro lugar a +ue ele se refere ( -7ukre, aldeia onde est/'amos ai seguindo o
tra2eto do rio, enunciando os nomes dos lugares um a um, como se esti'esse me condu&indo rio
acima em sua canoa de mem#rias - canoa para bre'emente +uando chegamos a uma grande
aldeia bonita;, 4"katti, para logo depois seguirmos em mo'imento de no'o 3 assim !upare 'ai
me condu&indo, enunciando lugar por lugar, at( chegarmos ao'tire 5ingu$ 9onta'a
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de '/rios tipos de su2eitos e portanto podem sofrer altera)*es i'ncias diferentes podem gerar
lugares nomeados diferentes, da a import?ncia de se estar l/ e ter 'i'enciado
Saber +ue eu faria uma 'iagem com !rJ[t parece ter moti'ado !upare ainda mais a me
contar sobre os lugares +ue conhece 9reio +ue ele +ueria fa&er essa 'iagem tamb(m e me le'ar
para conhecer os lugares de +ue tanto fala'a N%o podendo mais, de'ido sua idade a'an)ada,
fa&ia +uest%o de relembrar tais nomes, de gesticular e demonstrar a)*es ocorridas em lugares
determinados 3nunciou o nome dos lugares, um a um, como se de fato seguisse um caminho
definido saindo da aldeia onde est/'amos N%o se trata'a de apenas demonstrar +ue conhecia os
lugares, mas de, lembrandos lugares nomeados n%o de'em ser simplesmente lembrados 9omo seus nomes se
deram por meio das intera)*es ali ocorridas, ele de'e ser demonstrado; no conte0to dessas
intera)*es, ou narrados de forma +ue essas intera)*es se2am 'is'eis; 9>3L=> D3 S>X-,
EFFKQ B>, .KKH$
um espao de socialidade
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N%o foi apenas nesse relato +ue o assunto foi tratado por !upare Na 'erdade, suas
andan)as constituem um assunto muito presente, como constatado nas narrati'as dirigidas aos
estudantes 3m outro relato ele me conta'a, com seu estilo ret#rico pr#prio, emulando uma
terceira pessoa +ue pergunta para +ue ele possa responder: oc cresceu a+ui na aldeiaU] N%o^
3u cresci no mato; Toda essa nfase torna #b'ia a import?ncia de ser um dono; das andan)as
do mato bkam ariba djwji tili&ando essa e0press%o, !upare +uer di&er +ue ele ( uma
autoridade; no assunto de'ido 6 sua imensa pr/tica 9erta 'e&, me disse +ue era o 'ka nhij
djwj(terra, lugar_fa&er, construir_dono$ 3le di&ia isso para enfati&ar o fato de ter feito as
aldeias de -7ukre e M2karak, de ter limpado o terreno para construir a pista de pouso
> moti'o para !upat atribuir tanta import?ncia a sua 'ida no mato( o fato de ser este
um espa)o de socialidade >s po'os @ s%o conhecidos por seu seminomadismo/ >s Mbngkre
chega'am a passar metade do ano fora da aldeia, fosse em e0pedi)*es guerreiras, em e0pedi)*es
de ca)a e coleta e at( para e0plorar ro)as de /reas pre'iamente ocupadas Sendo assim, ( de se
esperar +ue a mata constitua um espa)o de algum tipo de$ socialidade, caso contr/rio seriam a3L=> D3 S>X-, EFFK$
>s nomes s%o registros dessas a)*es 3les se d%o na maioria das 'e&es a partir de e'entos
+ue ocorreram ali como em mr'ka+kb)dj, o lugar em +ue se matou um monstro das /guas;$, a
partir da topografia do lugar como em#nt'kti,pedra preta grande$ ou ainda referem
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4"katti foi onde eu nasci 3nt%o eu fui pro mato Rui pra M6tukr 3u era ibkti Depois
eu 'oltei pra minha aldeia bonita 3u era ibkti Depois eu sa pra \d26re 3u era
mbkti Depois eu fui pra 4"karerekti - cheguei de no'o em 4"katti Depois cheguei
em \d26re U - eu era ibkti - minha m%e me le'ou embora - gente foi pra
-mnikamrk Depois eu fui pro 1"tire 3u era mbkti - eu 'oltei pra 4"kat - eu
fui pra longe, 4k6kad2ro, mato dos -surin 3u era mkre 9heguei em Mkktikre
3u era im'dj - +uando eu cheguei eu tirei meu m'dj3u 2/ era mn*r*n're Depois
eu 'oltei pra 4"katti Wuando eu cheguei esta'a tendo cerimnia - a gente foi de no'o
pro 1"tire 3u era im'djde 'erdade Depois eu cheguei de no'o em Nh2m"d2are
Depois eu 2/ era grande e 'oltei pra Tet"ktire - eu 2/ era benjadjwr - eu fui pra
Noborina > TutKchama de !ikretum, mas l/ ( Noborina.F3m Noborina eu fi+uei s#
com kub - o kubme falou 'oc ( benjadjwr; 3nt%o eu era benjadjwr 3u era
benjadjwr
ma das coisas +ue mais chama a aten)%o nesse trecho ( como a 'isita a algum lugar, e a 'iagem
+ue se fa& parar chegar l/, marca as passagens entre as di'ersas fases da 'ida =/ uma esp(cie de
entrela)amento de topnimos e categorias de idade mbkti, mkre, mnoron're$ ..
interessante tamb(m notar a contro'(rsia a respeito do nome de Noborina !upare afirma +ue o
lugar chama lugar s# e0iste pelo o +ue acontece
ali; 9>3L=> D3 S>X-, EFFK$ Desse modo, o nome de um determinado local pode 'ariar de
acordo com +uem narra Noborina n%o ( um nome mbngkre, mas ( como !upare o chama
83sto2o peniano9Tut foi um caci+ue de Borotire +ue, ap#s uma cis%o, fundou a aldeia de !ikretum10Noborina ( uma corruptela mbngkre para No'a >linda, antigo po'oamento de neobrasi!eiros 6smargens do Cio Rresco Roi mais ou menos nessa regi%o +ue se deu os primeiros contatos pacficos com osBorotire, na d(cada de .KAF e ( onde ho2e est/ a aldeia de !ikretum11 4ara um +uadro com as categorias de idade mbngkre 'er ersJi2'er .KKE: ZP$
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pois ali foi um local em +ue interagiu com um kub. Tut chama !ikretum por ocupar a+uele
espa)o de modo diferente -li ele fundou uma aldeia e se baseou em alguma caracterstica da
regi%o pro'a'elmente uma casa 'elha, utili&ada em outras (pocas$ para nomear a+uele espa)o
rec(ms lugares foram 'i'enciados de forma diferente por cada um, resultando em
diferentes nomina)*es de se supor tamb(m +ue o pr#prio Tut chamasse a+uele local de
Noborina antes de fundar uma aldeia ali pro'/'el tamb(m +ue antes da ocupa)%o dos kub, os
Mbngkre se referissem a Noborina por outro nome No'as 'i'ncias e no'as intera)*es
implicam, de fato, em no'os !ugares 3 coisas no'as recebem nomes no'os
"onclus#o
!upare n%o enfati&a apenas as 'iagens pelo b oupelos di'ersos ng.Tamb(m era um
tema recorrente suas 'iagens com o S4I, onde conseguia coisas de kub( kubnh* mja$, +ue
inclua, mais destacadamente, armas, muni)%o, mi)angas e roupas isitou 1raslia, Cio, S%o
4aulo, 1el(m e -ltamira em 'iagens nos a'i*es do S4I Nessa ocasi*es, entra'a em contato com
outras etnias, como -surin, -rara e !uikuro 3 essas 'iagens continuariam, pois uma das minhas
miss*es;, segundo ele, era le'ar suas narrati'as para essas grandes cidades Mostrar sua fala aos
lderes kub, com os +uais, ressalta'a ele, tinha boas rela)*es
=/ algo +ue perpassa esses dois aspectos o conhecimento acerca dos lugares e o trabalho
com o S4I$: o constante 2ogo com as agncias de seres n%o
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3 isso ( algo +ue se tem +ue fa&er constantemente, a fim de fa&er e manter as diferen)as entre os
di'ersos seres, sob o risco de n%o se produ&ir mais belos indi'duos mbngkre 9onhecer
muitos lugares significa conhecer muitas intera*es, significa ter entrado em contato com uma
comple0a rede de agncias +ue se di'ersifica e se atuali&a continuamente
9al/'ia S/e& EFFG$ comenta +ue tradi)*es orais podem funcionar como antecedentes
nati'os da narra)%o autobiogr/fica 3las imprimem sua marca em relatos do tipo, gerando uma
esp(cie de gnero narrati'o indgena, como no caso dos cou ta!es, relatos de fa)anhas guerreiras
parecidos, segundo o autor, com uma esp(cie de curricu!um vitae. 3m 'e& de um curricu!um
vitae tra2et#ria de 'ida;, em latim$, poderamos tal'e& di&er +ue !upare nos fornece um
curricu!a in vitae tra2et#rias em 'ida;$ ao nos narrar suas 'iagens !upare est/ tentando nos
di&er o +ue ( necess/rio para um 2o'em poder ser um Mbngkre de 'erdade Isso inclui essa
capacidade de lidar com os di'ersos tipos de agentes +ue permeiam o cosmos 3ssa habilidade (
prerrogati'a para um lder mbngkre ma posi)%o cu2a fun)%o essencial ho2e ( mediar as
rela)*es com os kub.N%o basta apenas entrar em contato com esses di'ersos seres, mas saber
como estabelecer rela)*es sem +ue isso desembo+ue em desastre e sem +ue isso fa)a cessar a
possibilidade de essas rela)*es serem constantemente atuali&adas Diferentemente dos kub, +ue
destroem as florestas, !upare foi capa& de 2ogar o 2ogo das intera)*es +ue l/ tem lugar e ho2e
briga para +ue ela n%o se2a destruda Diferentemente dos 2o'ens lderes +ue ho2e negociam com a
RN-I, !upare trabalha'a com o S4I e conseguia di'ersos bens para a comunidade.E 9ohn nos
di& +ue para os 5ikrin, se o processo de forma)%o das diferen)as internas te'e incio no tempo
mtico, ele n%o foi interrompido, mas, ao contr/rio, ( permanentemente reelaborado a partir de
rela)*es efeti'as e hist#ricas +ue estabelecem com os di'ersos tipos de >utros; 9>=N, EFFH$
12Na Vnica ocasi%o em +ue o 'i discursando na ng casa dos homens$, ele salienta'a o fato de +ue n%ose conseguia +uase nada com a RN-I, diferente de sua (poca com o S4I
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!upare insiste em nos lembrar do car/ter andante; dos Mbngkre, da (poca +ue, como
ele define, eram feito porcosscar;o ersectivismo amer:ndio ao :ndio rea!. 9ampos: Ce'ista de -ntropologia
Social: ' .A, n E, EF.E
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9>3L=> D3 S>X-, Marcela < trao e o c:rcu!o5 o conceito de parentesco entre os @ e seus
-ntrop#logos Tese de Doutorado Cio de @aneiro, Museu Nacional_RC@, EFFE
9>3L=> D3 S>X-, Marcela 0rs 3omes ara um s:tio s9: a 'ida dos lugares entre os
!`sd2 Su"/$ 9omunica)%o apresentada no I 9ongresso da -ssocia)%o 4ortuguesa de
-ntropologia, EFFK
9>=N, 9larice=e!a*es de ;i"erena no rasi! >entra!5 os Mebengokr( e seus >utros. Tese de
doutorado S%o 4aulo: S4, EFFH
9C-4-NX-N>, incent 0he ?i"e @istor' in 1nthroo!ogica! Aie!d Bork. In: -nthropolog" and
=umanism Wuarterl", E, A< O, .KOO
R-ST>, 9arlos 0ford: 9larendon
4ress, .KKH
LIaia9s. S%o 4aulo: 3dusp, .KGK
M-\1C\
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>3CINB, @oanna =eview artic!e: -ma&onian anthropolog" In @ournal of Latin -merican
Studies, 'ol .A, 4art ., .KP.
TCN3C, Terence Docia! structure and o!itica! organiEation among the 3orthern #a'ao.
9ambridge: =ar'ard ni'ersit" 4ress, .KGG
TCN3C, Terence s !a"ap#S D3 9-STC>, 3duardo1rawetJ: os deuses canibais Cio de @aneiro: @orge Xahar,
.KPG
I3IC>S D3 9-STC>, 3duardo < 3ativo =e!ativo. In: Mana P.$, EFFEa, ..A