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A importância da inclusão nas instituições educacionais

Ação da APAE de Miracatu para a Campanha Setembro Verde de 2019

Facilitadoras: Larissa Roberta Vicentini - Psicóloga, CRP-06/141445Viviane Gleicy da Costa Silva Freire - Assistente social, CRESS: 61569

APRESENTAÇÃO DA APAE

Público alvoAs APAEs atendem pessoas com diagnóstico de deficiência intelectual, múltipla e/ou com transtorno global do desenvolvimento associados à deficiência intelectual.

Movimento apaeanoA Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) nasce em 1954 no Rio de Janeiro (RJ) como uma organização social, visando promover a atenção integral à pessoa com deficiência com foco na deficiência intelectual a fim de compensar as defasagem do poder público na efetivação da inclusão social das PCDi por meio do acesso aos direitos que possibilitem seu pleno desenvolvimento. Atualmente a APAE conta com mais de 2 mil instituições no território nacional, atendendo em torno de 350 mil pessoas com DI (TDI).

Compromisso com a inclusãoAs APAEs realizam seu compromisso com a inclusão social por meio da oferta de serviços nas áreas da Educação, Saúde, Assistência Social, Esporte, Cultura, Lazer e Direito (Autodefensoria) para o público alvo e suas famílias bem como através de estratégias de informação e formação ao território sobre as questões que perpassam a vida de pessoas com Deficiência Intelectual, Múltipla e/ou Transtorno Global do Desenvolvimento a fim de combater preconceitos que invisibilizam e inviabilizam as PCDi na sociedade, e de proporcionar recursos e procedimentos que facilitem a inclusão das diferenças por uma sociedade justa e inclusiva, solidária com a diversidade humana.

Bases legais

Declaração Universal dos Direitos HumanosConstituição da República Federativa do Brasil Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI ou Estatuto da Pessoa com Deficiência)

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)Estatuto da JuventudeEstatuto do Idoso Demais legislações específicas e complementares referentes às condições e situações da PCD

Da DUDHARTIGO 1

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Da Constituição brasileiraARTIGO 3º

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II. Garantir o desenvolvimento nacional;

III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV. Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Da LBIArtigo 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Par. 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará:

I- os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;

II- os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;

III- a limitação no desempenho de atividades; e

IV- a restrição de participação.

Da LBIARTIGO 3º, inciso I:

Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Da LBIARTIGO 3º, inciso IV:

Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros (...)

Atuar pela inclusão também é trabalhar pela redução e eliminação de barreiras

“Se você não é parte da solução, então é parte do problema.”- Eldridge Cleaver

APRESENTAÇÃO DAS(OS) PARTICIPANTES

CRIANDO UM TERRITÓRIO COMUM: dinâmica e discussão

O que é e como acontece a inclusão na sua instituição de ensino atualmente?

Questões de apoio para a reflexão (1):1.Na escola, as medidas de inclusão são destinadas a quem?2.Na escola, as medidas de inclusão visam o quê?3.O que há de divergências e convergências entre inclusão social e educação inclusiva?4.Quais os desafios dos processos de inclusão na escola?5.Quem atua e quem pode atuar pela educação inclusiva e pela inclusão social?6.As medidas para inclusão são propostas e coordenadas por quais pessoas?7.De onde surge a demanda por inclusão?8.O trabalho docente precisa priorizar mais o processo ou os resultados de aprendizagem? Por quê?9.Quem é o “aluno problema” e quem é o “aluno ideal”? Defina.10.O “fracasso escolar” está atrelado ao “aluno problema”?11.O que determina o sucesso ou o fracasso escolar? Explique.12.A comunidade escolar dialoga e se alinha para cooperar por um propósito educacional comum, participando dos processos de fundamentação desse propósito?13.Há autonomia, incentivo, reconhecimento e/ou orientação para inovar na prática pedagógica (recursos, metodologia e didática)?14.Como a comunidade escolar percebe, recebe e interage com as diferenças e divergências da diversidade humana presentes no dia-a-dia?

Questões de apoio para a reflexão (2): 15. Quais são as estratégias de inclusão disponíveis na escola (Currículo adaptado, PAI, AEE, ATPC, Avaliação adaptada, estrutura arquitetônica, recursos especializados, etc.)?16. Como as(os) educadoras(es) avaliam as estratégias de inclusão disponíveis? Elas promovem educação de qualidade para as pessoas com N.E.E.? Elas promovem a inclusão social das pessoas estigmatizadas (fora da norma ideal de desenvolvimento e/ou comportamento)?17. Como as(os) educadoras(es) lidam com a heterogeneidade da turma?18. Como os(as) educadores(as) são orientados e avaliados quanto ao progresso escolar de seus alunos?19. As fases do desenvolvimento interferem qualitativamente no trabalho docente?20. Como avaliam a presença/ participação da família na vida escolar dos alunos?21. Como avaliam a relação entre a escola e a comunidade na qual pertence? Há articulação para ações e/ou projetos comuns interessantes à defesa dos direitos das crianças, dos adolescentes e das PCD no território? 22. Existem muitas queixas sobre a discrepância entre a teoria e a prática referente à inclusão. As(os) educadoras(es) que fazem o cotidiano escolar costumam refletir sobre o trabalho desenvolvido na escola? Além de refletir, participam dos processos que tornem a teoria mais coerente e funcional a promoção da inclusão?

Questões de apoio para a reflexão (3) 23. Qual a frequência de queixas que não se propõem a uma resolução efetiva e apenas fragmenta e desestimula a equipe docente? Como e por quê isso acontece?

24. Qual é o envolvimento e engajamento da comunidade escolar no PPP e no Plano de Gestão da escola?

25. Há preocupação em acessibilizar a participação de todos no propósito e no fundamento comum da instituição educacional? Como?

26. Há abertura para a realização de um processo democrático direto sobre os meios (estratégias e recursos) para melhor atender ao propósito educacional, enfrentando as demandas da comunidade escolar que possam obstruí-lo?

27. Há a possibilidade de aplicar: ensino interdisciplinar, aula fora da sala, aula fora da escola, jogos e brincadeiras como recurso pedagógico, projetos para incentivo de pesquisa e autodidatia (biblioteca, jornalismo, etc.), sistema de tutoria entre estudantes, atividades em dupla e/ou grupos, gincanas ou campeonatos interclasses, formas variadas de avaliação, rodas de conversa, eventos culturais, palestras e oficinas interessantes à comunidade escolar como um todo?

Discussão investigativaApós as apresentações grupais sobre o estado da inclusão em seus locais de atuação, investiguem:

1) Há queixas ou pontos fracos a respeito da inclusão? Quais? Anotem, organizando prioridades.

2) Há aspectos positivos ou potencialidades latentes a respeito da inclusão? Anotem, organizando prioridades.

3) Há “pontos cegos” na discussão sobre inclusão que ainda não foram mencionados? Se sim, esses são facilitadores ou dificultadores do processo inclusivo? Anotem.

Importante!Diante de dificuldades estruturais, burocráticas e culturais que afetam as ações e interações no interior das instituições educacionais, é muito importante que a comunidade escolar se atente para evitar a fragmentação própria do modo competitivo e individualista da nossa cultura, que culpabiliza o outro, fazendo dele adversário e, ao invés disso, aproveitar o propósito inclusivo para modificar o comportamento social no sentido da escuta, da solidariedade, da mediação, da cooperação, da co-responsabilização para reduzir danos e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas envolvidas. Modificar a postura é um processo lento que demanda apoio para criação de um novo hábito; paciência, persistência e aliança entre pessoas que se importam com a melhoria do trabalho são fundamentais. Afinal, o alívio da própria tensão ou frustração numa outra pessoa ou grupo do qual nosso trabalho depende não resolverá nossos problemas, ao contrário, apenas provocará novos motivos para desentendimentos e isolamento.

Inclusão Social

IncluirIncluir é fazer parte, tornar parte do todo, permitindo que as partes influenciem esse todo do qual participam; reduzindo, assim, a hierarquia de poder sobre a realidade entre as pessoas.

A inclusão social entra em foco na sociedade como forma de combater processos desumanizantes que banalizam e naturalizam a opressão e a violência sobre determinados indivíduos, grupos e comunidades que são estigmatizados.

A inclusão é importante porque… Visa tornar a sociedade mais democrática, participativa, humanizada, justa e diversa, preservando a liberdade pessoal concomitantemente à responsabilidade social.

A inclusão social reduz as opressões na medida em que viabiliza a voz, a vez, a referência e a existência de diferenças, proporcionando visibilidade à diversidade humana que, ao protagonizar sua história, propõe outros modos de organizar as relações humanas e de estruturar a realidade. Ou seja, a inclusão social é capaz de transformar as normas e a estrutura social, melhorando a qualidade de vida de todas as pessoas, não apenas daquelas que hoje compõe grupos oprimidos.

Saúde e Qualidade de VidaA Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades.

Já a qualidade de vida é definida como a percepção do indivíduo de sua inserção na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

Portanto, a inclusão social proporciona qualidade de vida, favorecendo a saúde e o desenvolvimento global (biopsicossocial, considerando a dimensão afetiva, motor e cognitiva de cada qual) das pessoas.

Antes e depois: o que é a pessoa?Atualmente o modelo biopsicossocial nos explica o que é a pessoa. Porém, ainda percebemos as heranças históricas do modelo anterior: o biomédico.

Por que isso é importante?

No modelo antigo, o biomédico, o foco de investigação e intervenção sobre as pessoas era o patogênico, ou seja, foco na doença ou no desvio que necessitava ser sanado. Esse modelo encara a diferença como um problema pejorativo e busca nivelar as pessoas conforme um modelo ideal padrão.

O modelo biopsicossocialJá o modelo atual, biopsicossocial, é salutogênico. Isto é, foca na saúde conforme definida pela OMS.

Adotar o modelo biopsicossocial para conceber a pessoa é afirmar que o ser humano é um ser complexo cujas dimensões biológica, psicológica e social interagem e se influenciam mutuamente, são correlacionadas e interdependentes entre si e com as condições e situações da realidade vivenciada por cada sujeito. Cada dimensão apresenta sua própria unicidade, o todo (da pessoa) é, então, singular, complexo, aberto e dinâmico em relação ao contexto sócio-histórico-cultural e às relações inter e intrapsíquicas, não podendo ser reduzido a características nem a momentos específicos. Sendo assim, qualquer pessoa está em permanente e contínuo estado de desenvolvimento independentemente de suas condições. E o aspecto comum entre os seres humanos é sua unicidade, ou seja, qualidade de ser diferente, único e irrepetível, afirmando a legitimidade e valorizando a diversidade humana. Por isso ninguém deve ser “curado” de suas características diferentes, as ações se voltam para a promoção da qualidade de vida. O desenvolvimento, por sua vez, é favorecido na interação social, característica da inclusão pela qual trabalhamos.

LBI como instrumento de inclusãoDos muito modos possíveis de atuar pela inclusão social, a dimensão legal é especialmente importante para respaldar os direitos e deveres das pessoas estruturalmente discriminadas, denunciando as violências provenientes da falta de acessos e de preconceitos, bem como orientando e forçando a mudança do contexto e das situações para que a realidade comum passe a ser a da inclusão.

Por isso, é preciso (re)conhecer, discutir, divulgar, cobrar e participar dos direitos das pessoas com deficiência, das pessoas com transtornos mentais assim como outros grupos discriminados para cooperar na transformação da realidade por uma sociedade inclusiva.

Informações complementares

Estigma

O que é estigma?Erving Goffman foi um canadense nascido em 1922, considerado o sociólogo norte-americado mais influente do século XX. Em sua obra, “Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada” (1975), Goffman faz um estudo sobre o estigma e o processo de estigmatização.

O estigma é uma marca deteriorada que alguém carrega (explícita ou implicitamente) devido a uma diferença que é ressaltada de forma negativa pelo olhar normativo da sociedade. O estigma é uma característica pejorativa com a qual sociedade evita se relacionar e/ ou demonstrar. Goffman sistematizou em três grandes categorias de estigma das quais ele chamou de: 1) abominações do corpo; 2) culpas de caráter individual; 3) tribais de raça, nação ou religião.

Desvio da normaO estigma é a marca do desvio da norma social, por isso, a pessoa estigmatizada representa um perigo à ordem estabelecida, devendo ser evitada ou anulada seja pela invisibilidade ou pelo extermínio. Dessa forma, a estigmatização é um processo desumanizador.

NormalidadeO estigma é a marca do desvio (perigoso) da norma social estabelecida e predominante (hegemônica). Mas o que é a normalidade, afinal?

A discussão sobre normalidade é complexa, por isso, sugiro refletir sobre os diferentes critérios de normalidade (Manual de Psicopatologia, 2015): 1) normalidade subjetiva; 2) normalidade estatística ou quantitativa; 3) normalidade qualitativa. Assim, é possível verificar que o conceito de normalidade é relativo e historicamente construído.

Três critérios de normalidade1) Normalidade subjetiva: refere-se à própria percepção de bem-estar e/ou estabilidade. “Sou

diferente para você, mas em mim, que sou assim, essa diferença é ‘normal’”.2) Normalidade estatística/ quantitativa: refere-se à média, ao que é comum pela maioria. “O

tamanho médio da mulher brasileira é, aproximadamente, de 1m60cm. Isto é, ‘o tamanho normal’”.3) Normalidade qualitativa: refere-se ao ideal padrão esperado ou estimulado cultural e/ou

socialmente. “O ‘normal’ (esperado) é ser magra, embora a maioria das mulheres brasileiras não vista 38”.

Portanto, a norma social a qual respondemos não é “natural” nem deve ser naturalizada; do mesmo modo, o que desvia dessa norma, “a anormalidade” não é por si mesma uma aberração nem um mal aos indivíduos nem à sociedade.

Desatrele as diferenças da valoração naturalizadaAs pessoas associam o “normal” a algo bom ou, no mínimo, seguro porque é conhecido, tendendo a repelir tudo que não é considerado normal por medo do desconhecido, por não suportar a angústia do estranhamento, por temer a perda de controle e governabilidade do outro devido à falta de previsibilidade do comportamento das massas. Algo normal pode ser disfuncional ou funcional para um indivíduo, um grupo, comunidade ou para a sociedade tanto quanto algo anormal, e vice-versa. Depende da análise de cada situação.

Bom ou mau não são atribuições naturais das coisas; a vida é complexa e demanda análise situacional. Por isso, ser pessoa com deficiência não é algo ruim, é uma condição diferente das pessoas sem deficiência, apenas.

Preconceito

O que é preconceito? O preconceito é o fechamento para a experiência com o que é desconhecido e/ou estranho devido ao ódio direcionado às pessoas alvo de preconceito na situação por causa de distorções ou invenções que são criadas a respeito delas a fim de justificar o ódio vivenciado à “anormalidade” que esse alvo representa, reforçando o ciclo de preconceitos. Preconceito não é o mesmo que ideia predeterminada.

O preconceito pode ser manifestado de várias formas, segundo Crochík (2011) em “Preconceito e inclusão”, é possível reconhecer três delas: 1) falsa aceitação; 2) hostilidade; 3) frieza.

Luto e falsa aceitaçãoPessoas com deficiência são pessoas com uma condição diferente da que é típica em relação à normalidade estatística de estrutura, desenvolvimento e funcionalidade do corpo assim como a da adaptabilidade social. A diferença é uma condição e não uma doença que deve ser sanada. Porém, por causa de estigmas, preconceito e discriminação, muitas famílias e educadores(as) não conseguem receber a criança com deficiência com suas condições pessoais e procuram corrigir, curar e adequar a pessoa à sociedade a comparando com pessoas típicas. Isso inibe o processo de luto (negação, raiva, depressão, barganha e aceitação) da família sobre a expectativa de “pessoa normal” dessa criança o que facilita a expressão da “falsa aceitação”, além de dificultar o investimento em recursos adequados para o desenvolvimento daquela pessoa em suas especificidades.

DiscriminaçãoO preconceito é uma atitude cuja ação correspondente é a discriminação. A discriminação se expressa de duas formas:

1)Segregação: caracterizada pela separação e pelo isolamento. Pessoas segregadas não fazem parte do grupo, da comunidade, da sociedade. Não acessam seus recursos.

2)Marginalização: caracterizada por uma integração precária. Pessoas marginalizadas fazem parte do grupo, da comunidade, da sociedade, porém estão em constante desvantagem sobre a quantidade e qualidade dos acessos aos recursos e participação sociais. São permanentemente recolocadas em lugares de menos voz e de menos vez para protagonizar sua vida social.

Preconceito e violênciaSegundo a Organização Mundial de Saúde, violência é definida como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação.

Se o preconceito gera discriminação que oprime pessoas por suas características, então os efeitos dessa opressão são, no mínimo, de sofrimento e privação. Dessa forma, os efeitos do preconceito correspondem à definição de violência. Portanto, preconceito não é “apenas uma questão de opinião” e causa, favorece ou fortalece as discriminações sociais. Cada pessoa é responsável por perpetuar ou romper com a estigmatização de outras pessoas devido às suas características desviantes da norma hegemônica.

Para pesquisar: Abaixo, segue uma listagem de algumas formas de discriminação devido a certos marcadores sociais para pesquisar, compreender e transformar:

●ELITISMO/ CLASSISMO/ APOROFOBIA●XENOFOBIA/ Preconceito linguístico●RACISMO/ COLORISMO●GORDOFOBIA●ETARISMO●CAPACITISMO●PSICOFOBIA●LGBTFOBIA/ Homofobia, lesbofobia, bifobia, transfobia, etc.●SEXISMO/ MACHISMO/ MISOGINIA

Preconceito é violência!A violência é manifestada de muitas formas: física, psicológica, moral, sexual, econômica, etc. Além disso, ela pode ser praticada por um indivíduo, por um grupo, por uma instituição (violência institucional) ou pela estrutura social que discrimina (violência estrutural).

Inferiorizar, invisibilizar, silenciar e inviabilizar pessoas por causa dos marcadores sociais que elas representam é discriminar simbólica e concretamente essas existências. Isso gera repressão, marginalização, segregação e até anulação das mesmas (banalização do extermínio de grupos estigmatizados).

Discriminação é crime! De acordo com a LBI:

Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.

Par. 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.

Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade competente qualquer forma de ameaça ou de violação aos direitos da pessoa com deficiência.

Conheça os direitos das PCD! Conheça e aplique o Estatuto da Pessoa com Deficiência

Como denunciar?Há várias maneiras de denunciar a ameaça ou violação de direitos das PCD. Entre elas:

1) Disque Direitos Humanos: ligação gratuita e 24h, discando 100 (garante anonimato da denúncia);

2) Formulário online em https://www.humanizaredes.gov.br/ (garante anonimato da denúncia e provê número de protocolo para acompanhamento);

3) Denunciando ao CREAS/ CRAS ou à DELEGACIA de seu município, presencialmente ou por telefonema.

Se a PCD for criança, adolescente ou idoso(a), é importante ressaltar tais características e exigir a aplicabilidade de seus estatutos.

Compensação social

Deficiência em VygotskyLev Vygotsky foi o psicólogo bielorruso nascido em 1986 responsável pela Psicologia Histórica-cultural.

Em 1929, Vygotsky pesquisava sobre as questões das deficiências (defectologia). Para esse autor, a deficiência é uma condição diferencial da pessoa e não uma incapacidade em si mesma. A incapacidade, então, é efeito da defasagem do ambiente em proporcionar as condições necessárias à diversidade humana que garantam o desenvolvimento (por meio da acessibilidade universal) para desenvolver a todas as pessoas, independentemente de suas diferenças.

Compensação socialSe a pessoa apresenta uma condição diferente, os recursos para o seu aprendizado (e consequente desenvolvimento) devem ser diferenciados das demais como forma de proporcionar equidade a fim de garantir a inclusão social e a diversidade humana de modo respeitoso. A compensação social é a ação intencional do meio para prover esses recursos diferenciados a quem deles necessitar. Não é caridade!

Desenvolvimento Integral

Desenvolvimento integralHenri Paul Hyacinthe Wallon foi um filósofo, médico, psicólogo e político francês, nascido em 1879, que trouxe colaborações importantes a respeito da psicogenética, ou seja, para os estudos das origens e do desenvolvimento dos aspectos psicológicos.

Wallon contribuiu para confirmar a plasticidade cerebral e a capacidade de desenvolvimento e de aprendizagem de todas as pessoas, independentemente de suas condições, por meio da compreensão de que os campos da afetividade, motricidade e cognição desenvolvem-se de forma integrada e interrelacionada. Isso reforça a perspectiva de que quanto mais variadas e diversas são as atividades e experiências de uma pessoa, com intenção e persistência na elaboração do plano de desenvolvimento, maiores são as chances dessa pessoa atingir independência e/ou autonomia com saúde e qualidade de vida.

Ninguém tem o direito de desistir nem

de duvidar da capacidade e da potência

da vida de outra pessoa.

Obrigada!

E lembre-se: conhecimento retido é progresso perdido! Compartilhe, comunique, articule, mobilize.

vicentinilarissa@gmail.com

Referências geraisMatéria sobre o logo “A Acessibilidade” da ONU:

https://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/onu-cria-novo-simbolo-para-acessibilidade/

Constituição da República Federativa do Brasil + Constituição do Estado de São Paulo + Declaração Universal dos Direitos Humanos:

https://www.imprensaoficial.com.br/downloads/pdf/Constituicoes_declaracao.pdf

Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei Brasileira de Inclusão, 2015):

https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/03/Guia-sobre-a-LBI-digital.pdf

Matéria sobre como criar uma cultura organizacional inclusiva para PCD:

https://asidbrasil.org.br/passo-a-passo-para-criar-uma-cultura-organizacional-inclusiva-para-pcd/

Referências geraisCENCI, A. A retomada da defectologia na compreensão da teoria histórico-cultural de Vygotski. In: 37ª Reunião Nacional da ANPEd – 04 a 08 de outubro de 2015, UFSC – Florianópolis.

DAINEZ, D; SMOLKA, A. L. B. O conceito de compensação no diálogo de Vigotski com Adler: desenvolvimento humano, educação e deficiência. In: Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 40, p.1093-1108, out/dez, 2014.

GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Editora Vozes, 23ª ed., 2011.

São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado – CAPE. Diretrizes para cooperação técnica entre as APAEs e a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo / Secretaria da Educação, Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado – CAPE. - São Paulo : SE, 2013.

TAILLE, Y. L.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. Summus Editorial; 26ª ed.,1992.

VIGOTSKI, L. A defectologia e o estudo do desenvolvimento e da educação da criança anormal. In: Educação e Pesquisa, São Paulo, v.37, n.4, p.861-870, dez. 2011.

Cartilhas de apoio para necessidades educativas especiais em sala de aula: http://coral.ufsm.br/unitilince/index.php/noticias/156-necessidades-educativas-especiais-guias-de-apoio

Referências geraishttp://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV056_MD1_SA14_ID10288_17082016002449.pdf http://cape.edunet.sp.gov.br/cape_arquivos/Publicacoes_Cape/P_5.Diretrizes_Coordenacao_Tecnica.pdf https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITOS-HUMANOS/509868-PROPOSTA-INSTITUI-O-DIA-DE-COMBATE-A-PSICOFOBIA.html https://www.inclusive.org.br/arquivos/29958 https://solucaoacessivel.com.br/acessibilidade/acessibilidade-e-mais-que-lei-e-conceito-universal-de-inclusao/ https://medium.com/@sidneyandrade23/capacitismo-o-que-%C3%A9-onde-vive-como-se-reproduz-5f68c5fdf73e#.jev4c1kru https://www.youtube.com/watch?v=sw1gtS0hGXo

https://www12.senado.leg.br/institucional/programas/pro-equidade/videos/equidade-1 http://www.scielo.br/pdf/ep/v37n4/a12v37n4.pdf http://www.aberta.senad.gov.br/medias/original/201702/20170214-114707-001.pdf https://seer.ufrgs.br/webmosaica/article/view/22359/13016 Cheniaux Junior, Elie, 1965 Manual de psicopatologia / Elie Cheniaux. - 5. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. il.

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3114962/mod_resource/content/1/O_Normal_e_o_Patologico.pdf https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/03/Guia-sobre-a-LBI-digital.pdf