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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA NA
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
Nelson da Silva Duarte
ORIENTADOR: Prof. Luiz Cláudio Alves Lopes
Rio de Janeiro
2016
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Engenharia da Produção. Por: Nelson da Silva Duarte
A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA NA
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
Rio de Janeiro
2016
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me conceder saúde e força
nos momentos difíceis, ajudando a superar as
adversidades passadas, aos meus pais pelo amor,
incentivo e apoio incondicional, a todos os meus
amigos, em especial Adilson, Daflon, Fabiane, Idila e
Monique, companheiros de trabalhos e irmãos que
juntos e espiritualmente fizeram parte de mais uma
etapa nessa formação e que irão continuar presentes
eternamente na minha vida.
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DEDICATÓRIA
Dedico em especial aos meus pais Jorge de
Almeida Duarte e Odete da Silva em gratidão à
contribuição esse momento difícil da vida.
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RESUMO
Com a globalização, os consumidores se tornaram mais exigentes e
com desejos por produtos descartáveis, por sua vez, as empresas viram a
necessidade de satisfazer os desejos desses consumidores de forma
competitiva e eficiente, porém toda essa mudança de hábito trouxe severas
agressões ao planeta e nesse contexto, a ferramenta gerencial logística tornou-
se importante, pois esta permite obter vantagens econômicas de maneira
sustentável.
Não é de hoje que a logística é utilizada, os estrategistas militares já
faziam uso dessa ferramenta, mas a logística se subdividiu com o passar dos
anos e as mudanças culturais, dando origem a logística reversa, esta foca no
pós-consumo ou pós-venda, propiciando vantagens competitivas as empresas
e atendendo a legislação ambiental Brasileira,
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METODOLOGIA
O trabalho apresentado abordará a temática da logística reversa,
delimitando a pesquisa as leis ambientais Brasileiras e mostrando a
importância da logística para a sustentabilidade empresarial, onde a
metodologia de pesquisa aplicada foi realizada com análises de artigos
científicos, monografias e teses publicadas, além de matérias de revistas,
jornais, livros, notícias sobre a área e dados econômicos de instituições
públicas e privadas.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Logística 09
CAPÍTULO II
Sustentabilidade e Legislação Brasileira 18
CAPÍTULO III
Logística Reversa 25
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 32
ÍNDICE DE FIGURAS 35
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INTRODUÇÃO
Segundo Shibao et al. (2010), o ser humano com uso da sua
criatividade sempre buscou uma relação de domínio sobre a natureza, a fim de
facilitar sua sobrevivência em ambientes hostis, tal atitude resultou em grandes
descobertas, com isso, houve o aumento da concorrência com os avanços
tecnológicos. Com o crescimento da competitividade, a globalização e a
preocupação com o meio ambiente, as empresas viram a necessidade de
atender seus consumidores com uma produção mais eficiente e com
diferencial, para atingir esse objetivo, elas utilizaram ferramentas gerenciais
que as fizessem mais visíveis e ativas (SILVA e D’ANDREA, 2009).
A relação entre a grande produção e a ânsia de consumo em pouco
tempo gerou um perfil de consumidores que desejam serviços e produtos
instantaneamente e descartáveis, o que tem trazido severas agressões ao
planeta e é nesse contexto que a ferramenta gerencial logística mostrou sua
importância, pois permite a conseguir vantagens econômicas sem negligenciar
a preocupação como meio ambiente (SHIBAO et al., 2010).
A logística já era utilizada desde a antiguidade por estrategistas
como Alexandre O Grande em guerras militares, mas somente em 1901 ela se
tornou objeto de estudo no meio acadêmico através do artigo Report of the
Industrial Commission on the Distribution of Farm Products (Relatório da
Comissão Industrial para Distribuição de Produtos Agrícolas) de John Crowell,
com o passar dos anos a logística ganhou novas classificações, surgindo os
conceitos de logística, logística verde e a logística reversa, esse último conceito
de logística deixa claro a ideia de sustentabilidade por partes dos empresários
(PIMENTA, 2014; SILVA e D’ANDREA, 2009).
A logística reversa foca no pós-consumo, apresentando como
princípio a coleta dos produtos usados do ponto de consumo até o ponto de
origem, essa premissa além de propiciar vantagens competitivas à empresa
como, por exemplo, redução de custo, ela ainda atende a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (Lei 12.305, 2010) (CHEREGATI e DARÓS, 2012).
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CAPÍTULO I
LOGÍSTICA
A palavra logística pode possuir as mais variadas definições. Uma
delas, de Ballou (2006) é a seguinte: “A logística trata de todas as atividades
de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o
ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como
os fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o
propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo
razoável.” (p.27). Outra, mais antiga, conforme o Council of Logistics
Management (1993), diz que:
A logística é o processo de planejamento, implementação e controle eficiente, do fluxo efetivo e estocagem de bens, serviços e da informação relacionada desde o ponto de origem ao ponto de consumo para a satisfação da necessidade do consumidor.
1.1. História da Logística
De acordo com Oliveira e Farias (2010), a palavra logística é
originária do grego logísticos, que na matemática significa cálculo e raciocínio.
A evolução da logística está relacionada à área militar, inicialmente utilizada
pelos Persas e mais tarde por Alexandre O Grande, o qual planejou batalhas e
deslocamento de tropas.
O Rei Luiz XIV fazia uso da logística, havia o posto de Marechal –
General de Lógis, responsável pelo suprimento e transporte de material bélico
nas batalhas, esta atividade chegou a ser considerado a origem da logística
(DIAS, 2005; SOUZA, 2002). Posteriormente, os militares notando a eficiência
estratégica da logística deram uma maior atenção a essa área, sendo a
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logística fortemente empregada pelos soldados Americanos durante a Segunda
Guerra Mundial (OLIVEIRA e FARIAS, 2010).
A logística foi divida em cinco Eras principais pelos professores John
L. Kent Jr. e Daniel J. Flint que estudaram a evolução desta ao longo das
décadas (OLIVEIRA e FARIAS, 2010; SILVA e D’ANDREA, 2009).
A primeira Era ficou conhecida como “Do Campo ao Mercado” e teve
seu início na virada do século XX, essa época tinha como economia a
produção agrícola e o principal uso da logística era o escoamento da produção.
A segunda Era foi identificada como “Funções segmentadas”, até a
década de 40 não existiam muitos estudos sobre a logística, mas a partir dos
anos 50 os empresários passaram a preocupar-se com a satisfação do cliente,
dando origem ao conceito de logística empresarial.
A terceira Era foi rotulada como “Funções integradas” e teve
começou no início da década de 70, nessa Era alguns aspectos passam a ser
importantes como o custo total e retirando o foco somente da distribuição física.
Nessa mesma década o planejamento era rígido, uma vez definido não podia
ser alterado, sendo utilizado por períodos longos e a interligação que liga as
diversas partes que compõem a cadeia de suprimentos poderiam ser
comparadas a um duto rígido de PVC, conforme figura 1. No Brasil, o termo
logística ainda era desconhecida e não havia o uso da informática.
Figura 1- Duto Rígido de PVC.
Fonte: NOVAES, 2001.
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A quarta Era ocorreu depois dos anos 80 e ficou conhecida como
“Enfoque no cliente”, onde o uso dos computadores na administração e o
crescimento da demanda devido à globalização tiveram grande influencia no
avanço do setor de logística. Com o mundo globalizado, as empresas passam
a competir em nível mundial, mesmo estando em seus territórios e passam a
ter um planejamento mais flexível, conforme figura 2. Nessa mesma década no
Brasil, a logística tinha como foco transporte e estocagem e foram trazidos para
o país os sistemas integrados JIT (Just In Time) e Kanban.
Figura 2- Mangueira Flexível.
Fonte: NOVAES, 2001.
A quinta Era surgiu em meados da década de 80 e foi nomeada
como “Logística como um diferencial”, desenvolvendo o conceito de Supply
Chain Management, tornando o setor mais integrado e reduzindo custos,
desperdícios e estoques acumulados, conforme figura 3.
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Figura 3- Integração Plena.
Fonte: NOVAES, 2001.
Além de novas visões, é nessa era que surgem os termos de
Logísticas Reversa e Ambiental, enquanto no Brasil, têm-se a evolução da área
de Tecnologia da Informação e a privatização dos sistemas de distribuição e
transporte.
Segundo Melo (2015) existe a sexta Era rotulada com “Expansão
dos limites” que ocorre a partir dos anos 2000, onde é dada importância ao
marketing e aspectos comportamentais. No Brasil, fica evidente a necessidade
de inovar, clientes tornam - se mais exigentes, há tendências a fusões de
companhias e incertezas econômicas.
1.2. Missão da Logística
Segundo Pires (2013), a logística tem a missão de dispor do produto
ou serviço certo, no lugar certo, no tempo certo, fornecendo as condições
desejadas, ao mesmo tempo em que cria valor para empresa. A logística existe
para atender às necessidades do consumidor ou cliente, a fim de facilitar as
operações importantes de produção e marketing (SILVA e D’ANDREA, 2009).
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Figura 4- Missão.
Fonte: SANTOS, 2015.
1.3. Objetivo da Logística
A logística se torna essencial para satisfazer ao cliente e adquirir
vantagem competitiva, enquanto foca na real necessidade do cliente,
eliminando custo com serviços desnecessários e garantindo melhoria da
qualidade de serviço oferecido (SILVA e D’ANDREA, 2009).
Segundo a SOLE (Society of Logistcs Engineers), os objetivos da
logística estão compreendidos nos 8R’s listados abaixo (COELHO, 2010):
Right Material (materiais justos)
Right Quantity (na quantidade justa)
Right Quality (de justa qualidade)
Right Place (no lugar justo)
Right Time (no tempo justo)
Right Method (com o método justo)
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Right Cost (segundo o custo Justo)
Right Impression (com uma boa impressão)
1.4. Benefícios da Logística
A logística bem empregada pode maximizar a lucratividade, reduzir
custos, volume de estoques sem causar prejuízo à produção, aumentar a
capacidade de armazenagem de produtos acabados, penetrar rapidamente em
novos mercados, acesso rápido às inovações, melhoria da qualidade dos
serviços oferecidos e da malha logística (SILVA e D’ANDREA, 2009).
1.5. As funções da Logística
A logística possuí cinco áreas muito importantes que são
processamento de pedidos, inventário, transporte, armazenamento e manuseio
e rede de instalações, conforme figura 5 (SILVA e D’ANDREA, 2009).
Figura 5- As cinco áreas da Logística.
Fonte: RIBEIRO, 2013.
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Processamento de Pedidos: Os pedidos podem ser
processados por diferentes meios como internet, vendedores e
fax, as informações do pedido são recebidas e analisadas, então
o fornecedor envia ao cliente a fim de aguardar a aprovação.
Após a aprovação do pedido pelo cliente, o processamento é
feito de maneira rápida e precisa para que se tenha um ciclo
eficiente de pedido –expedição – cobrança.
Inventário de Estoque: Um equilíbrio no nível de
estoque é muito importante para o custo da empresa, assim
como atendimento rápido e satisfação da necessidade do cliente,
pois uma grande quantidade de estoque implica em custos mais
elevados desnecessariamente e produtos obsoletos, porém uma
pequena quantidade de estoque implica em falta de produtos e
consequentemente, insatisfação do cliente.
Transporte: Este é o componente mais importante e
necessário da logística e é a área que responde pelo maior
porcentagem do custo total na logística. No Brasil, os principais
modais são ferroviário, hidroviário, aéreo e rodoviário.
Armazenamento e Manuseio: É necessário
armazenar de forma adequada os materiais para uma rápida
recuperação e a manutenção dos níveis de qualidade ao realizar
uma entrega rápida.
Para o manuseio é importante selecionar o recurso certo para tal
movimentação a fim de reduzir ou evitar custos por danos. Desta
forma o armazenamento e manuseio são áreas que representam
de um a dois terços dos custos logísticos.
Rede de Instalações: A rede de instalações ou canal
de distribuição engloba o trajeto desde o produto até o usuário
final, este deve ser elaborado com estratégias e planejamento
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estruturados para um controle efetivo no processo de distribuição
e eficiência na satisfação do usuário final.
1.6. Tipos de Logística
A logística engloba um processo integrado de ações, a logística
empregada depende do fluxo da empresa, os principais tipos de logística são
de suprimento, produção, distribuição e reversa, cada uma delas está definida
a seguir (Sistema de Armazenagem, 2014):
Logística de Suprimento: É o processo de implementar, planejar
e controlar a aquisição, a estocagem e movimentação de
suprimentos, de acordo com a necessidade de cada cliente em
uma indústria.
Os objetivos dessa modalidade são: reduzir custos, reduzir capital
investido em estoque e melhorar os serviços logísticos;
Logística de Produção: Teve origem na pré-história, quando o
homem polia pedras com a finalidade de transformá-las em
utensílios úteis para o seu cotidiano.
Abrange os ambientes internos da empresa. Nele é feita a
conversão de matérias em produtos acabados, sempre pensando em formas
de se otimizar o processo;
Logística de Distribuição: Dentre os tipos de logística, se
destaca também a distribuição física. Nada mais é do que o
processo de distribuir os produtos nas diferentes praças de
atuação da empresa. Estão envolvidos nessa logística os
componentes como depósito, estoques, equipamentos de carga
e descarga e os veículos propriamente ditos;
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Logística Reversa: Está diretamente ligada ao meio-ambiente e
à ecologia. Caracteriza ações e meios destinados a viabilizar a
coleta e a restituição dos resíduos sólidos no setor empresarial.
Ela é amparada pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que
institucionalizou a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
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CAPÍTULO II
SUSTENTABILIDADE E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Sustentabilidade é uma palavra que tem ganhado espaço ao longo dos anos,
ela está presente em todos os setores, seja no meio ambiente, na economia,
educação e administração pública ou empresas privadas. O termo “sustentável”
tem origem do Latim “sustentare”, que significa sustentar, favorecer e
conservar.
No mundo, a palavra sustentabilidade começou a ser propagada a partir da
realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano
– United Nations Conference on the Human Environment (UNCHE), em junho
de 1972, em Estocolmo. Após este evento, o conceito de sustentabilidade
passou a ter uma maior importância. No Brasil, a expressão “sustentabilidade”,
tomou dimensões maiores em 1992, depois da realização da Conferência
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO - 92), no Rio de Janeiro
(BRASIL SUSTENTÁVEL).
O conceito de sustentabilidade está relacionado com “desenvolvimento
sustentável”, definido como aquele que atenda às necessidades das gerações
presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprirem
suas próprias necessidades. A ideia de sustentabilidade pressupõe uma
relação de equilíbrio com o ambiente, considerando que todos os elementos
afetam e são afetados reciprocamente pela ação humana. A sustentabilidade,
portanto, diz respeito às escolhas sobre as formas de produção, consumo,
habitação, comunicação, alimentação, transporte e também nos
relacionamentos entre as pessoas e delas com o ambiente, considerando os
valores éticos, solidários e democráticos (SESC, 2016).
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2.1. Resíduos Sólidos
Segundo Marchese (2013), o resíduo sólido é tudo aquilo que é
resultado das atividades humanas na sociedade e que deixou de ter utilidade.
Entretanto, não se pode falar de resíduo sólido, sem falar da classificação
desses resíduos, esta classificação dependerá do processo ou atividade do
qual o resíduo é originário e dos constituintes do mesmo. Para isso são
elaborados laudos por pessoas capacitadas e estes laudos devem estar de
acordo com a Norma Brasileira de Resíduos Sólidos (ABNT, NBR n° 1004,
2004).
De acordo com a norma, os resíduos são classificados como:
Resíduos de classe I – Perigosos: São aqueles cujas
propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podem
oferecer risco à saúde pública, causando mortalidade, incidência
de doenças ou aumento dos seus índices e/ou riscos ao
ambiente, caso o resíduo seja gerenciado de forma inadequada.
Resíduos de classe II – Não perigosos: São os que não
apresentam risco à saúde pública, podendo dividi-los em inertes
e não inertes. Os inertes podem apresentar propriedades como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água e
os inertes são aqueles que em contato dinâmico ou estático com
água destilada a temperatura ambiente, não apresentem nenhum
dos seus constituintes solubilizados a concentrações maiores
que as permitidas pelos padrões de potabilidade.
Sabendo a classificação do resíduo, pode-se dar a destinação
correta para o mesmo, pode ser incineração, compostagem, coleta seletiva,
digestão anaeróbia, separação pós recolha, aterros ou retornar as empresas
que lhe deram origem. Apesar de inúmeras opções para disposição adequada
dos resíduos, muitos ainda são dispostos em lixões como mostra a figura 6 do
IBGE de 2010, essa cultura deve ser abolida, pois lixões trazem vetores
causadores de doenças e contaminam os lençóis freáticos.
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Figura 6- Destino final dos resíduos sólidos.
Fonte: IBGE, 2010.
2.2. Legislação Brasileira
A criação de novas leis foi necessária para a mudança da cultura
dos lixões. No Brasil existem várias leis que compõem a área ambiental e de
resíduos como, art. 225 da Constituição Federal do Brasil (1988) que diz que
todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras
gerações.
Diversas leis existentes para preservação ambiental, lei 11.445 de 5
de janeiro de 2007, estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico e
para a política federal do saneamento básico. Lei 9.974 de 6 de junho de 2000,
dispõe sobre a pesquisa, experimentação, produção, embalagem/ rotulagem,
transporte, armazenamento, comercialização, propaganda comercial,
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utilização, importação, exportação, o destino final dos resíduos e embalagens,
o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de
agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.
A lei 12.305 de 12 de agosto de 2010 dispõe sobre as
responsabilidades dos atores que participam do processo de logística reversa
para defensivos agrícolas (MARCHESE, 2013).
2.3. Política Nacional de Resíduos Sólidos
Segundo Brasil (2010), a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) engloba todas as leis e normas ambientais já descritas neste trabalho
e pode ser considerada um marco regulatório no que diz respeito aos resíduos
sólidos. Essa lei 12.305 veio com a intenção de atuar na gestão integrada, no
gerenciamento dos resíduos sólidos, responsabilizando não só os geradores,
mas também o poder público.
A obrigatoriedade da implementação da PNRS é um dos objetivos
estabelecidos, priorizando sempre que possível, a não geração de resíduos,
reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final
adequada aos rejeitos como mostra a figura 7. Além de diferenciar os termos
resíduos e rejeitos, resíduos podem ser reciclados e reutilizados, mas rejeitos
devem ser dispostos (MMA, 2012).
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Figura 7- Etapas da PNRS.
Fonte: ZIANI, 2013.
Os princípios da lei 12.305 são a prevenção e a precaução; o
poluidor-pagador e o protetor-recebedor; a visão sistêmica; o desenvolvimento
sustentável; ecoeficiência; a cooperação entre diferentes esferas do poder
público; setor empresarial e outros segmentos da sociedade; responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; o recolhimento do resíduo sólido
reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de
trabalho e renda, promovendo a cidadania; respeito às diversidades locais e
regionais; o direito da sociedade às informações; razoabilidade e
proporcionalidade (MARCHESE, 2013).
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O poluidor-pagador é aquele que polui e deve pagar pelo ato, já o
protetor-recebedor é aquele que protege e recebe isenções e
benefícios fiscais.
A visão sistêmica consiste em considerar todas as variáveis
como ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de
saúde pública.
O desenvolvimento sustentável consiste em pensar nas gerações
futuras, não só seres humanos, mas também em todos os seres.
Ecoeficiência é o conceito de satisfazer a necessidade humana e
paralelamente, trazer qualidade de vida, reduzir impacto
ambiental e consumir o mínimo de recursos naturais.
A cooperação é a ideia na qual o poder público, o setor
empresarial e os demais segmentos da sociedade cooperem
entre si.
A responsabilidade compartilhada considera um conjunto de
ações encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores,
comerciantes, consumidores, funcionários da limpeza urbana, a
fim de minimizar os resíduos sólidos.
O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como
um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho, renda
e promotor da cidadania.
O respeito às diversidades locais e regionais é conceito de
respeitar a cultura segmentada de determinado local ou região.
O direito da sociedade à informação, onde a sociedade deve ter
acesso a todas as informações da PNRS.
A razoabilidade e proporcionalidade é o conceito de utilizar a
razão para analisar as interações homem, natureza e proporção.
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O segundo objetivo da PNRS é a não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final adequada. Outro
objetivo é o incentivo à produção e consumo sustentável, assim como
desenvolvimento de tecnologias limpas (BRASIL, 2010).
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CAPÍTULO III
LOGÍSTICA REVERSA
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei 12.305/2010) definiu a
logística reversa como:
XII - logística reversa: um instrumento de desenvolvimento
econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao
setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
A logística reversa inicialmente era associada ao conceito de
reciclagem, onde eram utilizadas definições como canal reverso ou fluxo
reverso. No Brasil, o conceito de logística reversa surgiu na década de 90,
quando os profissionais da área de logística reconheceram que o produto
deveria ser administrado corretamente, quando do seu retorno no pós-venda
ou pós-consumo, existem cinco tipos de retorno de produtos e serviços,
explicados a seguir (LAGARINHOS, 2011).
Retrabalho durante a fabricação de um produto ou serviço;
Retornos comerciais para novas vendas ou remanufatura, por
motivos como grande quantidade em estoque, produtos fora do
prazo da validade ou retorno do cliente;
Retorno em garantia para reparos, remanufatura, avaliação
técnica com a posterior troca do produto;
Retorno final de uso nos contratos de leasing, máquinas e
equipamentos alugados;
Retorno no final da vida útil para a remanufatura, reutilização,
reciclagem ou valorização energética.
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A logística reversa do pós-venda é o conceito de produtos que
retornam a sua cadeia com pouco ou sem uso, por diferentes motivos como,
por exemplo, produtos defeituosos. Já a logística reversa do pós-consumo está
associada à embalagem/produto que retornam a sua cadeia após o uso, o fluxo
de atuação da logística reversa é apresentado na figura 8 (CHEREGATI e
DARÓS, 2012).
Figura 8- Fluxo de atuação da logística reversa.
Fonte: CHEREGATI e DÁROS, 2012.
A logística reversa pode ser vista como um processo complementar
à logística direta (tradicional), pois enquanto a direta tem o papel de levar
produtos dos fornecedores até os clientes intermediários ou finais, a logística
reversa deve completar o ciclo, trazendo de volta os produtos já utilizados dos
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diferentes pontos de consumo a sua origem, como mostra a figura 9 (SHIBAO
et al., 2010).
Figura 9- Relação entre as logísticas direta e reversa.
Fonte: LAGARINHOS, 2011.
A figura 10 faz um comparativo entre a logística direta ( tradicional) e
a logística reversa.
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É possível observar que, muitos pontos ainda precisam melhorar na
logística reversa, como a qualidade dos produtos oferecidos, incentivos aos
consumidores por parte dos governantes, falta de regulamentação, ausência de
espaços para o retorno dos produtos e apesar de já existir a PNRS, ainda falta
uma legislação ambiental visando à logística reversa.
3.1. Motivos para uso da Logística Reversa
Com a criação de leis ambientais mais rígidas, concorrência
competitiva e a redução de custos, a logística reversa tem nesses fatores os
principais motivos para aplicação do seu uso (SHIBAO et al., 2010).
Questões ambientais: Existe uma tendência no Brasil de que a
legislação ambiental torne as empresas responsáveis por todo
ciclo de vida do seu produto;
Diferenciação por serviço: O mercado consumidor valoriza mais
as empresas que possuem políticas mais liberais de retorno de
produtos;
Redução de custos: O fluxo reverso tem trazido economias para
as empresas, a partir de reaproveitamento de materiais e
embalagens retornáveis.
3.2. Custos da Logística Reversa
Os profissionais da área de logística costumam dizer que: “O ciclo
de vida útil do produto começa da fase de pesquisa e desenvolvimento até o
cliente final”, porém na logística reversa esse ciclo de vida vai mais além,
cobrindo também o retorno ao ponto de origem (DAHER e SILVA, 2006).
Segundo Shibao et al. (2010), o sistema de custeio deve ter uma
abordagem ampla como o Custeio do Ciclo de Vida Total, tal sistema permite a
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gestão dos custos “do berço ao túmulo”, ou seja, desde o início da pesquisa e
desenvolvimento até o suporte final ao cliente. O Custeio do Ciclo de Vida Total
engloba os demais custeios do tipo meta e ABC, podendo gerar receitas por
todo ciclo e ressarcindo os custos como mostra a figura 11.
Figura 11- Custeio do Ciclo de Vida Total.
Fonte: SHIBAO et al., 2010.
É necessário conhecer o papel da logística reversa na estratégia
empresarial para definir o tipo de sistema da informação a ser desenvolvido, já
que existe uma carência de sistemas prontos. Além disso, ao aplicar o conceito
de logística reversa para o Supply Chain Management, onde se tem o completo
conhecimento da cadeia, adquirem-se vantagens competitivas para toda a
cadeia, especialmente em relação à redução de custos logísticos.
Entretanto, com a carência de sistemas que se integrem ao sistema
de logística empresarial existente, existe a dificuldade em medir o impacto do
retorno dos produtos ou materiais, além do fluxo reverso gerar custos. Por
esses motivos, os gestores devem estar atentos para tomarem medidas
rápidas e competitivas, a fim de reduzir os custos.
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CONCLUSÃO
A logística é uma ferramenta gerencial que trouxe diversos avanços
para o mundo dos negócios, além de vantagens econômicas para os
empresários e conforto para os consumidores.
A logística reversa é uma aliada da sustentabilidade empresarial,
pois possui como tópicos principais a questão ambiental, mostrando a
preocupação e preservação do ambiente; diferenciação do serviço, facilitando o
processo de torno de um produto ou serviço; e redução de custos, com o
reaproveitamento de embalagens e materiais.
A logística reversa é um tema ainda em crescimento, que necessita
de muitos incentivos governamentais e divulgação, tanto para os empresários,
quanto para a população. Além de incentivos governamentais, uma legislação
ambiental voltada para a logística reversa necessita ser criada, assim como
disponibilização de espaços para a prática dessa logística, a necessidade de
um órgão que ateste a qualidade dos produtos provenientes da logística
reversa, assim como existe para os produtos novos.
Na logística reversa, o ciclo de vida útil do produto não termina no
consumidor, ele é mais longo, retornando ao ponto de origem e gerando valor,
além disso, se a cadeia dos produtos for conhecida, o uso da logística reversa
trará redução dos custos logísticos e vantagens competitivas. Os custos do
ciclo de vida do produto na logística reversa englobam outros custos presentes
na logística tradicional, a diferença é que a logística reversa pode trazer o
ressarcimento de parte dos custos, pois considera o Custo de Vida do Produto
Total.
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BIBLIOGRAFIA
ABNT, NBR 10004- Resíduos Sólidos, ABNT, 2004.
BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Logística
Empresarial. 5ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
BRASIL. Lei 9.9974. 2000. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9974.htm Acesso em: 03 ago 2016.
BRASIL. Lei 11.445. 2007. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm Acesso
em: 03 ago 2016.
BRASIL. Lei 12.305. 2010. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm Acesso
em: 03 ago 2016.
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Duto Rígido de PVC 10
Figura 2 – Mangueira Flexível 11
Figura 3 – Integração Plena 12
Figura 4 – Missão 13
Figura 5 – As cinco áreas da Logística 14
Figura 6 – Destino final dos resíduos sólidos 20
Figura 7 – Etapas da PNRS 22
Figura 8 – Fluxo de atuação da logística reversa 26
Figura 9 – Relação entre as logísticas discreta e reversa 27
Figura 10 – Comparativo entre as logísticas direta e reversas 28
Figura 11 – Custeio do Ciclo de Vida Total 30