Post on 11-May-2020
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTOS E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR
DANIELA MONSERRAT OLIVEIRA PIMENTA
ORIENTADOR (A):
PROF: MARIA DA CONCEIÇÃO
MAGGIOINI POPPE
BELO HORIZONTE
DEZEMBRO/ 2008
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTOS E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR
DANIELA MONSERRAT OLIVEIRA PIMENTA
Trabalho monográfico apresentado como
requisito parcial para a obtenção do Grau
de Especialista em Supervisão Escolar
BELO HORIZONTE
DEZEMBRO / 2008
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que marcou sua presença conduzindo meus pensamentos
e que me propiciou mais esta conquista. A todas as pessoas que
demonstraram sua amizade, colaborando direta ou indiretamente com o meu
trabalho e principalmente aos meus pais, marido e filhos que tiveram
paciência e respeitaram os meus momentos de ausência.
A Deus que me deu a vida. Ao meu marido Fernando que
tanto me incentivou, aos meus filhos Júlio e Nathália, e em
especial aos meus pais e irmãos pelo apoio e compreensão,
meu respeito e carinho.
Resumo
PIMENTA, D.M.O. A indisciplina no contexto escolar. 2008. 30 f. Monografia
(pós-graduação em supervisão escolar) – Universidade Candido Mendes,
Belo Horizonte, 2008.
Esta monografia aborda a indisciplina no contexto escolar e os critérios que
definem alunos como indisciplinados nas instituições escolares, no sentido
de assegurar a prática pedagógica e a aprendizagem adequada à realidade
do aluno. A pesquisa ainda aborda o papel do supervisor escolar na escola
frente à indisciplina dos alunos da sociedade atual. Além de evidenciar
também o papel do professor frente à indisciplina escolar. A pesquisa foi
realizada a partir de fundamentos teóricos, de trabalho de campo com
questionários aplicados a 2 professoras e 3 supervisoras da Escola Municipal
Emília de Lima. Os testemunhos coletados demonstram que não há uma
fórmula única para lidar com a indisciplina, ou seja, uma receita pronta e
acabada. Cada educador tem sua característica própria para manter o
ambiente escolar organizado e disciplinado coerente com as normas e regras
da instituição objetivando manter o ensino/aprendizagem de qualidade.
Metodologia
Este trabalho monográfico busca a partir de uma revisão bibliográfica
de obras de autores como Abud e Romeu (1989), Vasconcellos (2003) La
Taille (1996), Vinha (2000), Foucault (1979, 987), Lajonquière (1996),
D’Antola (1989), dentre outros, abordar a indisciplina no contexto escolar.
Este trabalho motiva-se pela necessidade de definir os critérios de
indisciplina nas séries iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal
Emília de Lima, que se localize na parte central da cidade Nova Lima, região
metropolitana de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, com crianças
entre 8 a 10 anos, do 4º ano do ensino fundamental. Por ser uma escola
central tem crianças de vários bairros do município citado que apresentam
condições sócio-econômicas variadas.
No momento a Escola Municipal Emilia de Lima está passando por um
momento crítico, principalmente na questão da indisciplina que vem se
agravando a cada dia e deixando os funcionários irritados, desmotivados e
sem saber como reagir em diversas situações de indisciplina. Um dos
principais agravantes visíveis são os pais que estão transferindo o papel de
educar dos filhos para a escola. Além de culpar a escola pública pela má
educação dos filhos, não considerando que as crianças já trazem de casa
uma experiência de vida esquecendo-se de que os filhos ficam mais tempo
do seu dia fora da escola do que realmente na escola.
Desde o início optou-se por uma pesquisa qualitativa, considerando a
indisciplina como objeto de estudo, que melhor pode ser compreendida e
explicada pelos envolvidos, no caso os professores das séries iniciais do
ensino fundamental e supervisores, pois o depoimento destes é de extrema
necessidade para se chegar aos objetivos e conclusões finais desta
pesquisa.
Foram entregues aos professores e supervisores questionários que
tiveram como tema central analisar quais são os principais critérios para se
considerar um aluno indisciplinado; qual o conceito de indisciplina; quais as
estratégias que os educadores poderiam aplicar na sala e no ambiente
escolar para solucionar os problemas acarretados pela indisciplina. Os dados
foram coletados com questionários a dois professores do ensino fundamental
e três supervisores pedagógicos da Escola Municipal Emilia de Lima, não
houve delimitação de faixa etária e sexo. Foi considerado o tempo de serviço
(experiência profissional) e a formação acadêmica de cada pessoa e o ciclo
em que atua, no caso, o 2º ciclo.
Portanto as questões foram transcritas em quadros comparativos tendo como
referência a rede municipal de ensino, a idade, a formação acadêmica e a
experiência profissional.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................1
CAPÍTULO I – A ESCOLA COMO AMBIENTE SÓCIO-MORAL E O
CONCEITO DE INDISCIPLINA ......................................................................5
1.1 – Regras e Limites......................................................................................7
1.2 – Indisciplina “O Mal da Educação Atual”.................................................10
CAPÍTULO II – A INDISCIPLINA NA VISÃO DO SUPERVISOR
ESCOLAR.....................................................................................................15
2.1 – Os desafios do supervisor escolar frente à indisciplina........................17
CAPÍTULO III – PESQUISA DE CAMPO......................................................20
3.1 –Análise de Dados...................................................................................29
3.2 – Conclusão.............................................................................................31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................33
ANEXOS........................................................................................................36
Introdução
A instituição escolar sempre diagnosticou comportamentos
inadequados dos alunos que prejudicam o bom andamento das atividades de
ensino/aprendizagem e a organização do ambiente social.
Pode-se perceber que atualmente inúmeros são os problemas
relacionados com a indisciplina, que todas as escolas enfrentam diariamente,
qualquer seja a faixa etária da clientela. Isso leva a um desgaste da imagem
da escola e da sociedade atual. Diante das diversas mudanças na
sociedade, educadores têm enfrentado grandes problemas de
comportamento e limites dentro e fora da sala de aula. Esse sem duvida é
um grande desafio para os professores, supervisores e educadores em geral.
Segundo Abud e Romeu (1989, p.80):
Em sentido amplo, disciplina significa ordem, respeito, organização e obediência (...) Sujeito disciplinado é aquele capaz de adequar o seu comportamento a determinadas regras, estabelecidas por ele próprio ou por outro, mas assumidas por ele, de modo a conseguir a organização necessária da ação para que os resultados esperados sejam atingidos.
De acordo com esses mesmos autores, a supervalorização do
conceito de liberdade nas sociedades ocidentais modernas, principalmente
na camada mais jovem, traz certos abusos e um clima de confusão onde a
imposição autoritária não apresenta mais resultados satisfatórios. Eles
enfatizam a importância de se considerar o conhecimento de experiências
externas, sociais e históricas, no qual alternativas variadas para o controle
dos alunos podem ser encontradas.
Nas escolas atuais o comportamento tradicional se expressa pelo
silêncio, submissão e passividade, pois estes são alguns atributos
necessários para que o aluno seja considerado “disciplinado”. O clima da
aula é caracterizado, pela quietude, pela criação de um grupo de estudantes
passivos, que participam da aula apenas como ouvinte, pois muitos
educadores acreditam que tudo isto beneficia a rapidez do ato pedagógico.
Entretanto há um grande questionamento por parte dos jovens que vêm
exigindo uma nova contextualização de conceitos como liberdade e
disciplina. É fundamental que o educador perceba que seu aluno é um ser
em desenvolvimento, integrante de seu meio específico e de sua época.
A cada época aparecem novas tendências e novas exigências para a
escola, fazendo com que os profissionais da educação se deparem com
situações conflituosas de indisciplina. Muitos educadores não estão
preparados para enfrentar esta situação, visto que a indisciplina no contexto
escolar pode trazer grande perda no processo pedagógico.
Para melhor compreender a estrutura escolar, deve-se considerar a
realidade socialmente construída, pois nesse sentido a indisciplina é cercada
de regras e normas a serem seguidas para integrar o aluno aos padrões da
sociedade.
Com a evolução das condições gerais de vida, em todos os meios, as
crianças tornaram-se mais independentes, menos dispostas a obedecer à
autoridade dos adultos. Segundo Abud e Romeu (1989 p.81) o problema se
torna crucial quando a cultura escolar é diferente da cultura de origem dos
alunos. A forma como agem as crianças das classes desfavorecidas, por
exemplo, pode ser percebida como “grosseiras”, “agressivas”, “rebeldes” em
suma sem modos. Muitas vezes o modo como essas crianças interagem
entre si faz com que a escola entenda esse fato como indisciplina. O
permanecer em silêncio, calado o tempo todo, tornam os alunos meros
receptores do conhecimento.
Ainda segundo Abud e Romeu: (1989, p.81):
Normas estabelecidas pela escola, apesar de recomendáveis e necessárias não podem ser rígidas e absolutas, mas adequada ao tipo de clientela, (...). Para tanto, é necessário que o educador seja capaz de extrapolar a sua própria perspectiva do mundo e das relações sociais e adentrar o mundo da criança, compreendendo o seu ser e sua realidade.
Percebe-se que há um constante questionamento dos educadores
quando se fala de indisciplina, pois a maior duvida é como diferencias um
aluno indisciplinado de um aluno critico, criativo e autônomo. Atributos
apontados pelos PCN’s (2000) para a conquista dos objetivos propostos para
o ensino fundamental em um pratica educativa que tenha como eixo à
formação de cidadãos autônomos e participativos. Tais atributos entram em
conflito com o comportamento tradicional ainda presente no imaginário de
muitos educadores, que tem dificuldade em distinguir de forma clara o
significado de certas atitudes e comportamentos dos seus alunos, e
consequentemente pode tomar medidas errôneas.
O modo como diferentes instituições abordam a indisciplina pode
acarretar problemas quanto à prática pedagógica, pois pode vir a interferir na
interação entre os alunos e nos critérios de desempenho. A indisciplina pode
ter diferentes origens, tais como, problemas familiares, inadequação do
currículo utilizado pela instituição, desinteresse e inquietude do aluno, aulas
mal elaboradas e professores despreparados. Para muitos professores a
indisciplina é conseqüência da desestruturação familiar, dificuldade na
aprendizagem, inquietação, apatia, agressividade, incapacidade de atender
limites, hiperatividade, falta de controle emocional, problemas psicológicos,
déficit intelectual entre outros.
Cada educador tem uma estratégia própria para lidar com a
indisciplina no contexto escolar, tais como: postura do educador, afetividade,
respeito, inovação das aulas, parceria com os familiares, etc.
Muitos educadores no sentido de assegurar a aprendizagem
adequada à realidade do aluno baseiam-se em diferentes critérios para
definir um aluno como indisciplinado ou não nas instituições escolares.
Nesse aspecto, entra o supervisor pedagógico que desempenha o papel de
observador, mediador e colaborador no processo educativo, já que, muitos
professores acreditam que a alunos participativos, críticos e autônomos são
indisciplinados, pois não deixam os professores darem aulas planejadas.
Muitos educadores não conseguem ter a visão pedagógica, ou seja, não
conseguem levar o aluno que aparentemente é indisciplinado para um
processo críticos e renovador, transformando-os em cidadãos que podem e
devem extrapolar o conteúdo estudado e aproveitar da situação de
“indisciplina” para a construção do conhecimento. O supervisor como
observador e mediador pode estimular o crescimento do professor e do aluno
buscando desafios e participação no processo ensino-aprendizagem
levando-os à resolução dos problemas acarretados dentro da sala de aula.
No entanto o supervisor deve propor ao professor trabalhar em sala de aula
conteúdos significativos para o aluno estabelecendo uma comunicação
básica para que ocorra a aprendizagem.
De acordo com Vasconcellos (2003, p.58):
O professor desempenha neste processo o papel de modelo, guia, referência (seja para ser seguido ou contestado); mas os alunos podem aprender a lidar com o conhecimento também com os colegas. Uma coisa é o conhecimento “pronto”, sistematizado, outro, bem diferente, é este conhecimento em movimento, tencionado pelas questões da existência, sendo montado e desmontado (engenharia conceitual). Aprende-se a pensar, ou, se quiserem, aprende-se a aprender.
Ao longo desse estudo, serão discutidos conceitos, importâncias e
conseqüências da indisciplina no contexto escolar na visão do supervisor,
analisando possíveis formas de como professores caracterizam seus alunos
como indisciplinados ou não.
É importante ressaltar que não existe uma fórmula pronta e acabada
para lidar com a indisciplina, cada aluno é único, assim como professor. O
importante é que cada instituição junto com os funcionários e comunidade
escolar procure envolver os alunos em busca de uma educação de
qualidade, participativa, dinâmica e democrática visando um futuro cidadão
disciplinado, justo e coerente com a realidade em que vive.
CAPITULO I – A ESCOLA COMO AMBIENTE SÓCIO-MORAL
E O CONCEITO DE INDISCIPLINA.
Ao iniciar reflexões sobre valores e disciplina na escola, ressalta-se
que ao se referir aos valores morais, deve-se relacioná-los com a formação
humana e associá-lo ao ambiente social em que estão inseridos. Todo ser
humano nasce e se desenvolve em um ambiente marcado por processos
históricos.
O período escolar ocupa um papel muito importante na vida da
criança. Isto porque o processo de aprendizado é uma questão basicamente
relacional nascida da interação professor-aluno-escola. Família e escola são
espaços de referência que sustentam a construção da pessoa. A família
como um espaço de aprendizagem de valores para a estrutura das relações
interpessoais; a escola no processo educativo ampliando a visão de mundo
que leva formação do ser. Estes têm funções diferentes e exercem papéis
sociais complementares.
No processo educativo, somos construtores de valores que buscam a
ética, o respeito às diferenças de crenças, etnias e costumes. Não se devem
ignorar certos princípios que dão base para uma boa convivência. Conforme
as propostas dos Parâmetros Nacionais Curriculares (1998), a importância
do diálogo na construção do conhecimento é aconselhável como uma ação
que favoreça descobertas, devido à interação e cooperação que proporciona.
A escola pode aproveitar essas situações de cooperação para desenvolver
projetos em grupos, favorecendo a construção conjunta de regras para
ordenara execução das tarefas. As regras, segundo De Vries (1998),
representam oportunidades para que as crianças exercitem a autonomia. Na
visão construtivista, as regras criadas pelas crianças servem além de
adquirira organização da sala de aula para satisfazer objetivos
comportamentais. As crianças devem entender a necessidade da elaboração
das regras como uma maneira de resolver alguns problemas que surgem no
decorrer das relações na sala de aula como atitudes em brincadeiras, ordem
na fila, trabalho em grupo, divisão de tarefas etc. O cumprimento dessas
regras, mesmo não sendo elaborada pelo adulto, mas com o seu auxílio,
mais do que impor limites às ações das crianças, auxiliá-las a desempenhar
papéis, organizar significações, conhecimentos e valores da sociedade, que
por mais que venha se evoluindo, não deixa de lado a cobrança dos limites
sociais, que por sua vez vão construir a dimensão do espaço social que a
criança ocupa com suas atitudes e sua conduta na relação com o outro,
estimulando assim a autodisciplina.
O ambiente escolar desejável é aquele que promove na criança o
desenvolvimento social, moral, afetivo e intelectual. Segundo Araújo
(1996),”para se mencionar um ambiente sócio-moral parte-se de
pressupostos baseados na cooperação e respeito estabelecidos entre
crianças e adultos”. A escola não convive apenas com pessoas de mesma
idade. Através dessa diferença com a criança agindo ativamente,
participando de estabelecimento de regras e decisões, favorecendo um
resultado verdadeiramente democrático. Segundo de Vries (1998), as regras
criadas pelas crianças devem tornar parte da cultura da classe e elas são
criadas à medida que se desenvolvem e fundamentam a conclusão de
moralidade além de apresentar melhor resultado que regras prontas e
entregues sem discussão. Tendo como exemplo os combinados que depois
de criados são afixados em lugar visível para serem ressaltados sempre que
necessário. As crianças devem construir seu entendimento moral a partir das
interações cotidianas, em situações diversas, com uma educação construtiva
envolvendo mais do que atitudes, materiais e organização das salas de aula,
favorecendo o desenvolvimento da criança para a sua integridade.
As crianças estão em fase de construção de idéias e valores, estas
devem ter o espaço escolar, principalmente a sala de aula organizada de
modo a assumir responsabilidade pelo ambiente social. Deve ficar claro, no
e4ntanto que dependendo do ambiente sócio-moral onde está inserida, a
criança vai também aprender a forma que é o mundo. Através de várias
ações e reações vão envolvendo em descobertas sobre o mundo.
Ressalta-se no Guia nº6 de estudos do Veredas (2004) que na
tentativa de preservação do ambiente sócio-moral, o professor recorrerá
também às regras necessárias, as não negociáveis como por exemplo não
bater, não humilhar, preservar o patrimônio etc. diante disso, o professor
deverá reafirmá-las com coerência e lógica. Colocar limites é importante, pois
a sua falta poderá levar as crianças a uma crise de valores que vão
prejudicar o bom andamento do ambiente social na medida em que não haja
respeito às diferenças de classe social, cor, opiniões à individualidade,
igualdade de direitos etc. Essa crise de valores se dá no descumprimento de
regras que são comuns e determinados grupos e que possibilitam as
relações entre eles. Portanto, concordando com De Vries (1998) acredita-se
que as alternativas construtivas centradas em estratégias de apoio ao
relacionamento cooperativo podem gerar autonomia para o desenvolvimento
infantil.
1.1 – Regras e limites
As nossas escolas estão passando por um momento crítico,
principalmente na questão da disciplina. Tal situação já persiste, e vem se
agravando. Vários dispositivos legais são criados para fazer funcionar regras
e leis como garantia de tranqüilidade ao desenvolvimento da criança. No
entanto, a escola não esta conseguindo dar conta dessa demanda como
deveria. Isso esta causando um mal estar nos professores que se sentem
impotentes frente a estas demandas, pois tem que preparar alunos críticos,
criativos e autônomos, tornando este um grande desafio para a classe
docente.
Um exemplo claro aconteceu em São Paulo, como relata a reportagem
de Tiago Ornaghi da Agência Folha publicada em 17 de novembro de 2006:
“Colocado de castigo pela professora atrás da porta da sala de aula, um
garoto de sete anos acabou sendo esquecido no local e lá ficou por mais de
quatro horas até ser encontrado pela mãe, ás 19 horas e 20 minutos, quando
a escola já estava fechada. O garoto, que estuda na Escola Municipal de
Educação Fundamental Saline Abdo, na periferia de Nova Odessa (126 km a
noroeste de São Paulo), foi punido pela professora opor não devolver um
livro emprestado da biblioteca. O menino recebeu o castigo logo depois de
voltar do período do recreio por volta das 15 horas. A educadora, que não
teve o seu nome divulgado pela Prefeitura de Nova Odessa, o colocou atrás
da porta e disse para lá permanecer até que fosse liberado do castigo. Mas a
professora esqueceu do garoto de lá depois que a aula acabou. Uma hora e
meia depois de a escola já fechada, a mãe conseguiu entrar no colégio. O
menino foi encontrado às 19h e 20 min, ainda atrás da aporta. Depois de ser
resgatado pela mãe, o estudante foi levado ao posto de saúde do bairro para
ser medicado com calmantes. A mãe fez um boletim de ocorrência sobre o
caso na Policia Civil. A Prefeitura de Nova Odessa que administra a escola
de Ensino Fundamental Saline Abdo afirmou, por meio de sua assessoria de
imprensa, que o castigo aplicado ao menino de sete anos será alvo de uma
sindicância. A investigação tem prazo de 30 dias para ser concluída, afirma a
prefeitura. Durante esse período a professora será afastada, mas continuará
recebendo seu salário. A sindicância irá apurar o que de fato aconteceu e
sob quais circunstâncias a professora deixou o menino atrás da porta da sala
de aula”.
Claramente percebe-se que as medidas adotadas não vêm atingindo a
essência da questão, agindo mais como expectativa, para acalmar os ânimos
no momento das ocorrências de indisciplina. O exemplo dado através da
reportagem atinge a seguinte questão abordada neste trabalho: “Quais foram
os critérios que a professora utilizou para considerar um aluno de sete anos
como um ato indisciplinado para ser castigado?” No entanto um aluno
esquecer um livro não demonstra indisciplina e sim uma falha no processo da
criança de se tornar um sujeito autônomo, isto é, responsável pelos seus
próprios atos.
É essencial para o professor compreender que regras devem auxiliar
na construção de um ambiente agradável propício para o bom andamento do
trabalho pedagógico e necessário para uma boa disciplina.
De acordo com as indicações dos parâmetros curriculares Nacionais
(1998) é necessária a formação de um cidadão autônomo e participativo. O
aluno é sujeito de seu processo de aprendizagem, enquanto o professor é
mediador na interação dos alunos com o objeto de conhecimento; o processo
de aprendizagem compreende também a interação dos alunos entre si,
essencialmente a socialização. É a partir dessa referência que podemos
repensar o conceito de disciplina, pois se buscam alunos que interajam entre
si. Apesar de que muitas vezes esta interação é considerada indisciplina por
muitos professores que não estão preparados para intervir adequadamente
nessas situações.
De acordo com La Taille (1994 p.14), as crianças, por serem
diferentes, precisam de regras vindas de seus educadores, que não podem
se excluir da tarefa de colocar os limites necessários para que elas se
desenvolvam bem e consigam se situar no mundo. É importante ressaltar
não ver esses limites como algo “que não pode ser feito”, mas serem
interpretados com um sentido positivo, que situa individuo em suas relações
sociais, que o auxilia na tomada de consciência “de qual a sua posição”
ocupada na família, na escola, enfim, na sociedade.
Segundo Vinha (2000, p.16):
Para estabelecer os limites em sala de aula (ou escola), o educador vale-se de regras, que visam contribuir para a organização do ambiente de trabalho, promover a justiça, fomentar a responsabilidade por aquilo que ocorre na classe e o comprometimento de todos com os procedimentos e decisões referentes à sala de aula.
De acordo com a autora acima o ambiente na sala de aula deve ser de
liberdade e de tolerância, de modo a permitir que os alunos tomem
consciência dos seus valores e ajam em sintonia com eles. A autonomia leva
à autodisciplina, não significando que o professor tenha uma atitude de
indiferença ou de apatia perante aos alunos. Pelo contrário, as suas atitudes,
embora democráticas, devem ser firmes.
Schimitdt. Ribas e Carvalho (1989. p.36) afirmam que:
A disciplina pode ser um dos mecanismos que colabora para a melhor organização escolar e, em conseqüência, para a apropriação do saber, agindo como um dos elementos de transformação que proporcionará ao sujeito maior autonomia, liberdade e senso crítico. Assim fazendo, estará, de forma muito pequena, mas estará provocando um princípio de modificações também na sociedade, já que a sociedade e escola estão em contínua interação.
No entanto a escola não pode abrir mão da sua responsabilidade quanto à
disciplina, que realmente é um problema bastante complexo, pois envolve a
formação da consciência do sujeito, de seu caráter e da cidadania. A indisciplina do
aluno pode ser conseqüência de diversas situações e cada uma tem suas razões de
existirem e devem ser sempre revistas pelos educadores (pais e professores).
Quando a criança chega à escola, se depara com um conjunto de regras já
formadas. Elas muitas vezes, não compreendem essa cultura escolar e apresentam
comportamentos que são classificados por muitos educadores como indisciplina. O
professor precisa compreender que as regras devem auxiliar na construção de um
ambiente agradável propício para o bom trabalho pedagógico apoiado no
comportamento disciplinar.
Para De La Taille (1996, p.9), “ se desde cedo a criança aprende que há
limites a serem respeitados, aos poucos ela própria vai compreendendo que as
regras são como contratos estipulados para que todas as partes sejam
beneficiadas!”.
De acordo com Vinha (2000, p.17) “geralmente, as regras são elaboradas
pelos integrantes da classe junto com professores que beneficiam a todos,
ordenando as relações”. Esses acordos não são rígidos, estáticos ou pré-
estabelecidos, nem privilegiam alguns em detrimentos dos outros. Quando uma das
partes sente-se prejudicada, o acordo é novamente analisado, revisto e, se
necessário, são elaboradas outras regras. Essa flexibilidade à adequação às
necessidades particulares de cada grupo; a participação ativa dos integrantes do
mesmo na sua elaboração; a regularidade e o seu cumprimento por parte de todos
que integram, são alguns dos princípios que regem as regras. As regras, em
qualquer situação, têm que preservar e propiciar ao sujeito o respeito por si próprio
e pelo outro.
Assim fala Mielnik (1982, p. 60):
Crianças excessivamente inquietas, agitadas, com tendências à agressividade, se destacam no grupo pela dificuldade de aceitar a cumprir as normas, às vezes, não conseguindo produzir o esperado para sua idade. Estas crianças representam um desafio para suas famílias e escola, cabendo a estes estabelecer os métodos de orientação mais condizentes a cada situação e estabelecer os níveis de regimes necessários para obtenção da disciplina.
Precisamos e queremos alunos que sintam que é preciso aprender a se
comportar, respeitando seus companheiros, e que reconheçam que há
momentos em que são necessários concentração e esforço para aprender.
1.2 – Indisciplina “O Mal da educação Atual”
Foucault (1979, p.19) ao analisar o poder na esfera social deixa claro
que:
A disciplina se constitui ainda no século XVIII em um dos objetivos das instituições escolares: para ele a disciplina é um tipo de organização do espaço. É uma técnica de distribuição dos indivíduos, através da inserção dos corpos em um espaço individualizado, classificatório, combinatório. Em segundo lugar, e mais importante, a disciplina é um controle do tempo. Isto é, ela estabelece uma sujeição do corpo ao tempo, com o objetivo de produzir o máximo de rapidez e o máximo de eficácia. Em terceiro lugar, a vigilância é um dos principais instrumentos de controle. Não uma vigilância que reconhecidamente se exerce de modo fragmentado e descontínuo; mas que é ou precisa ser vista pelos indivíduos que a ela estão expostos como contínua, perpétua, permanente. Finalmente, a disciplina implica um registro contínuo de conhecimento. Ao mesmo tempo em que exerce um poder, produz um saber. Estas características estão inter-relacionadas entre si.
Em Luft (2000, p.386) encontra-se o significado para o verbete
indisciplina: “falta de disciplina; desordem; anarquia”. De acordo com a
mesma fonte disciplina significa: “Procedimento conveniente ou ordem
requerida para o bom funcionamento de uma organização. Regra; método.
Submissão a um regulamento”.
Tomando-se os significados como referência, a palavra disciplina pode
ser entendida no contexto escolar como um pré-requisito para o bom
funcionamento da sala de aula e a boa disciplina dos alunos. Mas o que é
esse “bom funcionamento”?
Ainda de acordo com Foucault (1987, p.177):
A disciplina não pode se identificar com uma instituição nem com um aparelho; ela é um tipo de poder, uma modalidade para exercê-lo, que comporta todo um conjunto de instrumentos, de técnicas, de procedimentos, de níveis de aplicação, de alvo; ela é uma “física” ou uma “anatomia” do poder, uma tecnologia.
A problemática da indisciplina no contexto escolar é sem dúvida um
dos maiores inimigos dos educadores, pois falta de limite, bagunça, falta de
respeito às autoridades da escola e o mau comportamento está sendo um
dos maiores obstáculos pedagógicos atuais.
Para Lajonquière (1996, p.25): “o mal da educação atual não seria
apenas um, mas dois, pois acrescenta aos problemas de aprendizagem a
denominada indisciplina escolar”.
Ainda para Lajonquière (1996, p.25):
O limite entre os problemas de aprendizagem e os de indisciplina torna-se um tanto difuso – alguns comportamentos infantis ora são considerados sob uma rubrica, ora sob outra (...) (afirmando que) embora de forma não manifesta, há de fato no imaginário escolar uma almágama entre aprendizagem, disciplina e maturação psicológica. Mais ainda, lembrando a tese freudiana a propósito da eficácia do recalcado, talvez possamos dizer que essa trilogia produz efeitos no interior do campo pedagógico, na medica em que opera implicitamente.
Vários são os problemas de indisciplina relacionados com a
aprendizagem. Existe forte relação entre estes dois fatores principalmente no
que diz respeito à falta de atenção, inquietude, agressividade a
hiperatividade dentro da escola por parte do aluno. De acordo com Lopes
(1998, p.65) “(...) estima-se que as crianças com diagnóstico de perturbação
comportamental apresentam dificuldades de aprendizagem em 10% a 15%
dos casos”. Então se vale repensar: até onde a indisciplina está prejudicando
aprendizagem dentro da sala de aula? Esta é atualmente uma das grandes
perguntas que os educadores fazem, pois nossos alunos estão esquecendo
da aprendizagem dentro da sala de aula para muitas vezes criar situações de
indisciplina, como por exemplo, conversar outros assuntos com colegas de
classe, demonstrar agressividade e rebeldia para chamar atenção do
professor entre tantas outras atitudes que podem levar o aluno a ter
dificuldade na aprendizagem.
Um aluno disciplinado muitas vezes é aquele que se acomoda, que
obedece, que se sujeita, de modo passivo e calado, não questiona e aceita
as situações impostas por outros ou por necessidade do ambiente. Já um
aluno que é considerado indisciplinado tem atitudes opostas, pois este
questiona, não se submete, fala muito. Muitas vezes este aluno é chamado
de rebelde, mal educado e apresenta um comportamento inadequado. Será
que este aluno considerado indisciplinado para muitos docentes não é aquele
aluno crítico, criativo, autônomo e participativo que os PCN’s sugerem aos
professores do ensino fundamental?
Por outro, o professor se depara com alunos indisciplinados e tem a
tarefa árdua de ensinar e a manter a ordem na sala de aula. De acordo com
Schmit, Ribas e Carvalho (1989, p.38) “o professor não pode ignorar que os
alunos têm diferenças, para poder situar o seu trabalho pedagógico nas
condições reais de cada grupo”. A interação entre professores e alunos é de
fundamental importância para que ocorra a troca de conhecimentos.
No entanto os professores são muitas vezes desvalorizados pelos pais
que mandam os filhos para a escola e se esquecem da importância
na educação e formação deles. Estes por sua vez estão transferindo a tarefa
de educar para a escola, pois não estabelecem limites para os filhos.
Rego (1996, p.98) faz o seguinte comentário:
Os traços que caracterização a criança e o jovem ao longo de seu desenvolvimento não dependerão exclusivamente das experiências vivenciadas no interior da família, mas das inúmeras aprendizagens que o individuo realizará em diferentes contextos socializadores, como a escola.
Para Rego (1996, p.89) uma outra forma de justificar a indisciplina na
escola está relacionada aos adolescentes que são revoltados, e as crianças
que são egocêntricas e tem dificuldades de aceitar as regras estabelecidas
pelas instituições educacionais.
Arlete D’Antola (1989, p.49) afirma que “numa democracia ninguém
deve ser educado para obedecer, mas para colaborar e respeitar os direitos
alheios”. Assim, a indisciplina tem várias maneiras de ser interpretada, visto
que, para uma boa aprendizagem escolar são necessários: motivação,
questionamentos, participação, autonomia, criatividade, democracia,
interesse e uma constante integração entre alunos e professores ao mesmo
tempo em que é necessária a concentração na sala de aula.
É preciso que a escola cumpra seu papel de formadora e
disciplinadora, que seus referenciais estimulem o jovem a não ir para a
indisciplina, que ele se sinta respeitado e apoiado para retribuir com respeito
e adesão. É necessário procurar recuperar o papel da escola e a autoridade
do professor em um ambiente de sala de aula como um espaço sócio-moral
de construção coletiva. A disciplina é importante para a formação intelectual
do aluno, pois este interage constantemente com diferentes meios sociais
que se modificam no decorrer de sua vida. Almejando assim um cidadão com
possibilidades de muitas conquistas com um futuro de sucesso.
A escola inserida na sociedade recebe, mas também contribui para que ocorram modificações nessa sociedade, pois, por mais negativas que sejam as criticas feitas a ela, ainda é o principal agente de educação formal, ainda ensina e proporciona pequenas aberturas de horizontes que podem ampliar-se pela disciplina. (SCHIMIDT; RIBAS E CARVALHO, 1989, P.36).
No cotidiano da escola há uma desigualdade na educação, pois os alunos
vêm com uma carga de conhecimentos diferentes. Também há questões da
natureza econômicas e sociais: uns tem bens culturais como livros, música, cinema.
Outros nunca viram computadores, internet, MP3 e outros. Essa desigualdade
educacional acarreta na escola tanto a disciplina quanto à indisciplina, pois os
alunos que tem acesso à tecnologia do século XXI demonstram mais
conhecimentos por falarem muito demonstrando excesso de conhecimento, às
vezes tumultuando a sala de aula com tantas informações. Nesse sentido alguns
professores pulam etapas de conteúdos por acharem que todos os alunos sabem
todo o conteúdo. Os alunos que participam pouco das aulas são considerados
disciplinados, não expressam seus conhecimentos e apresentam dificuldade no
ensino aprendizagem.
Enfim, o professor deve proporcionar a criança oportunidade de construção
gradativa das próprias convicções nas relações com o outro, onde ela siga suas
regras sociais e morais, podendo através de suas interações juntamente com sua
experiência pessoal fazer o julgamento moral de suas ações.
CAPÍTULO II - A INDISCIPLINA NA VISÃO DO SUPERVISOR
ESCOLAR
Levando em consideração a dimensão educativa do trabalho na escola,
é importante considerar que há décadas atrás o supervisor era visto como
mero fiscalizador ou inspetor dentro do sistema educacional. No entanto
alguns estudiosos estão conseguindo mudar o rótulo de supervisor
fiscalizador.
De acordo com Kimball Wiles (2007, p.6) os supervisores são os
mediadores. Ajudam a estabelecer a comunicação. Ajudam os indivíduos a
ouvirem uns aos outros e tentam resolver os problemas sugerindo novos
recursos para a busca de soluções. Portanto o supervisor necessita ter
criatividade e sensatez para liderar o grupo estimulando o trabalho de
cooperação mútua e a interação entre os membros envolvidos no sistema
educacional. A busca de estratégias para auxiliar os educadores é um
trabalho constante do supervisor escolar, que se deparam todos os dias com
diversos problemas sociais, afetivos e econômicos de seus alunos no âmbito
escolar.
Pode-se considerar o supervisor escolar como um agente pedagógico
mediador que tem a função de auxiliar e apoiar os professores, orientadores,
gestores escolares, enfim todos os educadores que atuam no ambiente
escolar, visando à qualidade do ensino/aprendizagem. O supervisor deve
manter sua posição, respeitando o professor, o aluno e a individualidade e
diferenças de cada um, procurando criar um ambiente agradável e de
respeito mútuo.
De acordo com Rangel (1997;147):
“Supervisor o que procura a ‘visão sobre’ no interesse da função coordenadora e articuladora de ações é também quem estimula oportunidades de discussão coletiva, critica e contextualizada do trabalho. Esta discussão, na América Latina, se faz especialmente necessária, considerando a importância do movimento de emancipação social. E o ‘especialista’ supervisor, como educador e profissional, tem o seu papel estreitamente vinculado e comprometido com este movimento”.
O supervisor escolar tem a função de propiciar a revisão da proposta
pedagógica junto à comunidade para serem elaborados ações articuladoras
com o intuito de manter a ordem, organização, regras e condutas dentro do
ambiente escolar visando elevar o nível de qualidade de ensino nas escolas.
Uma das características principais do supervisor é ser flexível, aceitar e estar
aberto às mudanças que ocorrem frequentemente na sociedade.
Com a globalização, excesso de informações, tecnologia avançada,
diversas mudanças vem ocorrendo constantemente no mundo. Frente a esta
realidade desafiadora, a escola necessita rever as suas práticas
pedagógicas, adaptar-se e manter um contínuo crescimento pedagógico.
Portanto o supervisor e demais educadores precisam acompanhar o
desenvolvimento da sociedade com o objetivo de visar o aperfeiçoamento
constante dos profissionais da educação além de contribuir para o
crescimento integral da escola.
Há décadas atrás o trabalho do supervisor era centrado na
fiscalização e controle do professor. Este quadro vem se modificando, pois o
foco principal na escola é o aluno e suas necessidades. Uma das funções do
supervisor junto com o professor é criar situações reais que atuam no
processo educativo com o intuito de desenvolver e alcançar os objetivos da
escola.
Medina (2004, p. 32) ressalta essa questão ao afirmar que:
[...] é o trabalho do professor [...] que dá sentido ao trabalho do supervisor no interior da escola. O trabalho do professor abre o espaço e indica o objeto da ação/reflexão, ou de reflexão/ação para o desenvolvimento da ação supervisora.
Pode-se perceber que o supervisor não é mais um controlador de
professores, pois atua nos bastidores dando suporte ao trabalho do
professor. É um agente que viabiliza troca de experiências e informações
com professores, além de dinamizar a relação entre direção, pais, alunos e
professores (AMAE p.32 1999). Dessa forma o supervisor escolar não
apresenta uma função mecanizada e controladora com acontecia há décadas
atrás. Atualmente o supervisor tem o papel de proporcionar aos professores
uma reflexão constante da sua prática pedagógica objetivando evidenciar
ações concretas para a busca de qualidade no processo ensino
aprendizagem. O supervisor deve ser um problematizador frente ao trabalho
desenvolvido pelo professor, pois este deve refletir as suas ações na escola.
O supervisor em parceria com o professor busca criar soluções para os
problemas na escola que afetam o desenvolvimento escolar do aluno,
buscando assim sanar as possíveis dificuldades de aprendizagem que
ocorrem na sala de aula. Nesse caso o supervisor ao acompanhar a
desempenho do aluno e prestar assistência às atividades ligadas ao seu
desenvolvimento, analisa o rendimento da produtividade do processo
ensino/aprendizagem com possibilidades de detectar possíveis desvios e
tentar resolver os problemas encontrados. Os supervisores ao estimular o
aperfeiçoamento do professor através de cursos, trabalham em equipe e
reuniões pedagógicas, valoriza o trabalho e ajuda o aluno a garantir o
sucesso da aprendizagem.
2.1- O desafio do supervisor frente à indisciplina escolar
Diante de tantas funções, o supervisor está assumindo um novo papel
diante da educação dos discentes. Casos de indisciplina estão sendo
desafios constantes dentro e fora da sala de aula. Fica claro que o
supervisor tem que repensar novas estratégias pedagógicas para propor aos
professores que muitas vezes ficam perdidos na sala de aula sem saber se
dá aulas criativas ou se impõe limites às crianças. Tanto o papel do
supervisor escolar quando a indisciplina estão mudando na escola. Pode-se
considerar que a indisciplina está tomando a maior parte do tempo dos
educadores principalmente os supervisores que fora de sala dão suporte aos
professores resolvendo problemas de indisciplina constantemente na escola.
Os supervisores muitas vezes deixam de lado o pedagógico para resolver
brigas entre alunos, desrespeito com professores e funcionários da escola. A
indisciplina que há décadas atrás era resolvida com a presença dos pais na
escola ou com outras sanções como uma simples ocorrência já não está
assustando mais os alunos indisciplinados.
A indisciplina dos dias atuais está acarretando conseqüências bruscas
na vida social, assustando pais, professores, orientadores educacionais,
diretores, dentre outros e tomando rumos surpreendentes, tais como
agressividade, falta de paciência, falta de concentração, desinteresse nos
estudos, desrespeito, distúrbios neurológicos dentre outros. As crianças só
se importam com o seu bem estar, o seu querer, o seu prazer, tornando-se
jovens egocêntricos. Tendo também como conseqüências alguns distúrbios
de conduta, desrespeito aos pais, colegas e autoridades, sendo incapaz de
concluir tarefas tendo muitas vezes um baixo rendimento escolar.
O supervisor frente ao caos da indisciplina tende a ter um olhar crítico
em relação às soluções dos problemas. Nota-se através da prática
profissional em escolas de educação básica que a preocupação por parte do
professor com a indisciplina escolar vem aumentando cada vez mais. A
principal queixa dos professores é a indisciplina que se torna responsável
pelo estresse e pelo insucesso muitas vezes constatado no processo de
ensino-aprendizagem.
[...] a indisciplina no contexto das condutas dos alunos, dentro ou fora da sala de aula, nas diversas atividades pedagógicas, a dimensão dos processos de socialização e relacionamentos que os alunos exercem na escola e também considerar a indisciplina contextualizada o desenvolvimento cognitivo desses alunos. (Garcia, 1999 p. 102).
Pode-se perceber através do relato do autor que a indisciplina está
afetando o cognitivo do aluno, ficando restringidas as suas possibilidades de
aprendizagem.
No entanto o supervisor não pode abrir mão da sua responsabilidade
quanto à disciplina, que realmente é um problema bastante complexo, pois
envolve formação da consciência do sujeito, de seu caráter e da cidadania. A
indisciplina do aluno pode ser conseqüência de diversas situações, cada uma
tem suas razões de existirem e devem ser sempre revistas pelos educadores
porém o processo pedagógico também não pode ser esquecido. A ajuda ao
professor, à valorização do conhecimento, a realidade escolar são
responsabilidades do supervisor para garantir a organização, disciplina,
respeito e a qualidade do ensino aprendizagem.
Cabe ao supervisor escolar analisar em ação conjunta com os
professores, os desvios existentes entre o fazer pedagógico e a proposta
pedagógica da escola. Quando se trata de indisciplina na escola são
necessárias ações voltadas para a prevenção. Os educadores ao criarem
ações preventivas alinhadas à proposta pedagógica da escola, voltada para
a comunidade escolar tentarão reduzir na escola situações constrangedoras
de indisciplina e evitando o desvio da função supervisora, o cansaço,
estresse e o desinteresse e falta de motivação do professor na sala de aula.
Nesse aspecto o supervisor tem um papel fundamental, pois a partir da
sua observação pode programar ações com o intuito de incentivar à
participação dos alunos, comunidade escolar e dar suporte ao trabalho
pedagógico desenvolvido na escola, evitando possíveis indisciplinas dentro e
fora da escola.
CAPITULO III - A PESQUISA DE CAMPO E RESULTADOS
Os resultados obtidos foram dispostos em quadros comparativos
seguidos às questões aplicadas de cada questionário. As respostas dos
questionários foram analisadas minuciosamente, chegando a conclusões
referentes a cada uma das questões aplicadas. Para melhor visualização dos
resultados cada quadro foi disposto em uma página. Dados que foram
analisados:
1- Tempo e experiência profissional
2- Formação acadêmica
3- Idade dos entrevistados
Foi analisado ainda:
• Conceito de indisciplina
• Principais tipos de indisciplina
• Origem da indisciplina na escola
• Problemas de indisciplina
• Estratégias para lidar com a indisciplina e punições
• O desempenho do aluno indisciplinado
TABELA 1
Identificação dos pesquisadores
Entrevistados Idade TeTempo de atuação Formação acadêmica
1
2
3
4
5
30
42
37
46
49
11 anos
18 anos
16 anos
20 anos
25 anos
Normal superior
Normal superior
Pedagogia
Pedagogia
Pedagogia
Fonte: Questionário aplicado aos professores e supervisores da Escola Municipal Emília de Lima
Analisando o quadro acima se podem estabelecer algumas informações
importantes para a análise da pesquisa, tais como: a idade média
aproximada dos entrevistados é de 40 anos e o tempo de atuação
profissional é em torno de 18 anos. Outro aspecto considerado é a formação
acadêmica, todos os entrevistados têm curso superior e atuam na área de
educação, uma exigência da lei 9394/96, que regulamenta o Sistema
Educacional.
Portanto, a partir das considerações referente ao quadro acima pode-se
fazer uma análise dos conceitos mais importantes dessa pesquisa que
possui uma abordagem qualitativa.
TABELA 2
CONCEITO DE INDISCIPLINA NA ESCOLA
Entrevistados Conceito de indisciplina
1
2 3 4 5
É quando a pessoa não conhece as regras
combinadas, aí ela está transgredindo.
Comportamento que infringe as regras estabelecidas
para a convivência saudável
Falta de respeito com colegas e professores;
desorganização. Comportamento contrário às normas
pré-estabelecidas por um grupo ou classe social.
É aquele aluno hiperativo que não consegue ficar
quieto, atrapalha, ou melhor, desestrutura toda a
classe, com conversa, convocações, muitas vezes
tirando os colegas e até a professora do “sério”.
Comportamento e atitude atribuídos ao indivíduo que
não atende ás normas e regras existentes em
determinado local, ou seja, a sala ou a instituição em
que se insere.
Fonte: Questionário aplicado aos professores e supervisores da Escola Municipal Emília de Lima
A análise das respostas acima, mostra que o conceito de indisciplina,
apresenta variações. Nos aspectos morais é definido como falta de respeito
pelos colegas, pelo professor e pelas regras; quanto ao comportamento, é
associado ao aluno hiperativo ou àquele que possui comportamentos
diferenciados do restante do grupo. Ainda é possível perceber que o conceito
de indisciplina para os profissionais referidos, a transgressão das regras,
pode ser ocasionada por atos contrários ou pelo desconhecimento das
mesmas.
TABELA 3
PRINCIPAIS TIPOS DE INDISCIPLINA NA ESCOLA
Entrevistados Principais tipos de indisciplina na escola
1
2 3 4 5
Agressividade e descumprimento dos combinados.
Não esperar a vez para falar. Responder pelo colega ou dar
opiniões na fala do outro. Esbarrar no outro por querer e
revidar alguma coisa ( agressividade).
Conversar fora de hora, agressão ao colega, inquietude e
falta de concentração. Falta de limite.
Respostas ríspidas, agressividade verbal e física e
desobediência às ordens dadas.
Atitudes frenéticas geradas por alguns alunos inquietos,
chegando a ponto de prejudicar a aprendizagem de
aprendizagem dentro da sala de aula.
Fonte: Questionário aplicado aos professores e supervisores da Escola Municipal Emília de Lima
A maior parte dos entrevistados considera a agressividade como o
principal tipo de indisciplina na escola. Outro tipo mais apontado é a
inquietude que prejudica a aula, seguido pela desobediência das
regras/combinados e falta de limite.
TABELA 4
ORIGEM DA INDISCIPLINA NA ESCOLA
Entrevistados O que origina a indisciplina na escola?
1
2
3
4
5
Disfunções ambientais na escola (currículo inadequado,
gestão etc).
Falta de diálogo da família. Falta de componentes na família
(pai, mãe, filhos); pouco afeto entre estes, relações
extraconjugais.
A inquietude do próprio aluno e pela falta de interesse do
mesmo. Dificuldade de aprendizagem.
Por parte do aluno, creio que problemas afetivos, sociais,
físicos e até mesmo uma defasagem em relação à turma em
que está inserido. Por parte da escola, pode ser falta de
manejo do professor, falta de adequação do currículo.
Infelizmente a falta de estrutura familiar colabora para que
esse problema se agrave. Família cheia de problemas:
moral, social, financeiro e principalmente aquela família em
que existe o envolvimento com drogas.
Fonte: Questionário aplicado aos professores e supervisores da Escola Municipal Emília de Lima
Através dos depoimentos, percebe-se que a origem da indisciplina ocorre
principalmente por desestruturação familiar entre a falta de membros
familiares (pai, mãe e filhos), faltado elementos. Ainda há famílias com
problemas conjugais, sociais, financeiros e com dependência química. Outro
aspecto agravante é a inadequação do currículo e finalmente o aluno que
muitas vezes por dificuldade de aprendizagem torna-se um aluno
indisciplinado.
TABELA 5
PROBLEMAS DE INDISCIPLINA
Entrevistados Problemas de indisciplina na escola
1
2 3 4 5
Falta de limite; falta de princípios; desencontros dos valores
da família e da escola; timidez, agressão.
Agitação, agressividade, atitudes para chamar a atenção do
grupo e do professor. Inquietude falta de concentração falta
de limites.
Aluno hiperativo, agitado, atrapalha as aulas. Agressividade,
incapacidade de atender limites, burlar regras, inquietação.
Desrespeito, agressão, falta de controle emocional.
Conversas paralelas no momento da explicação; falta de
educação que vem de “berço”; diferenciação entre o que se
pede na escola e o que se vive fora dela principalmente na
família.
Fonte: Questionário aplicado aos professores e supervisores da Escola Municipal Emília de Lima
Os depoimentos demonstram que os problemas de indisciplina se configuram
através das seguintes manifestações: timidez, agressividade, agitação,
inquietude, falta de limites, hiperatividade, falta de controle emocional,
comprometimentos psicológicos e incapacidade de atender limites.
TABELA 6
ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM A INDISCIPLINA E PUNIÇÕES
Entrevistados Estratégias para lidar com a indisciplina Punições
1
2
3
4
5
Construção de regras no grupo;
colocação de limites; aulas mais
dinâmicas e interessantes, diálogo;
planejamento feito com os alunos.
Diálogo demonstrando amizade, afeto,
apego, carinho; estabelecer limites;
construção de regras de convivência;
reflexão.
Manter a tranqüilidade, um tom de voz
firme sem precisar gritar, conversar
bastante com a turma expondo o
prejuízo do aluno indisciplinado. Cobrar
um bom comportamento, mantendo um
bom relacionamento.
Estabelecer limites; combinar regras
coletivamente. Alunos com problemas
psicológicos devem ser encaminhados
para especialistas
Diálogo, afetividade, observação para
diagnosticar a causa do problema.
Conversar com os pais
Advertências orais;
advertências por
escrito.
Advertência oral,
conversa com o aluno,
chamamos a família.
Advertências,
ocorrências,
comunicamos a família
e até ao conselho
tutelar.
Não podemos fazer
nada, pois a razão
está sempre com o
“menor” que está
protegida pela lei da
infância e juventude.
Registro no livro de
ocorrência; chamar os
pais; suspensão.
Fonte: Questionário aplicado aos professores e supervisores da Escola Municipal Emília de Lima
As intervenções mais utilizadas pelos entrevistados para lidar com a
indisciplina são: construções de regras coletivamente, aulas dinâmicas,
estabelecer limites, diálogo; encaminhamento a especialistas. Alguns dos
entrevistados consideram que na escola existem punições para alunos
indisciplinados. A maioria afirma que há ocorrências, advertências, chamar a
família e até suspensão. Pode-se notar que apenas um entrevistado declarou
em seu depoimento que não há punições para os alunos indisciplinados, pois
os alunos estão protegidos pela lei da infância e juventude.
TABELA 7
A INTERFERÊNCIA DA INDISCIPLINA NO DESEMPENHO DO ALUNO
Entrevistado A interferência da indisciplina no desempenho do aluno
1
2 3 4 5
A aprendizagem depende de um ambiente tranqüilo e
organizado.
Muitas vezes o indisciplinado aprende, mas perturba quem
tem dificuldade que às vezes fica apático pelo
comportamento do outro.
Muitas vezes o aluno aprende, mas a sua inquietude e
indisciplina faz com que tenha um desempenho abaixo do
normal por causa da falta de atenção.
Pela falta de atenção, o aluno não apresenta um bom
desempenho e a aprendizagem não acontece.
A indisciplina atrapalha o andamento das aulas levando não
só o aluno indisciplinado, mas também o resto da turma a
não ter o desempenho desejável quanto à aprendizagem.
Fonte: Questionário aplicado aos professores e supervisores da Escola Municipal Emília de Lima
A análise das respostas acima mostra que a indisciplina não favorece a
aprendizagem, pois o desempenho do aluno fica comprometido, assim como
da turma. A inquietude é outro aspecto que gera a falta de atenção e com
isso um baixo desempenho nos conteúdos estudados. Outro dado importante
citado pelo entrevistado 5 é como a indisciplina atrapalha as aulas e interfere
na aprendizagem como um todo.
3.1 - Análise dos dados
Tomando como referência o tempo de experiência profissional de cada
entrevistado nota-se a partir das comparações das respostas que a maioria
tem problemas de indisciplina no contexto escolar. As questões da formação
acadêmica também aparentemente não influenciaram nas respostas, pois
todos os entrevistados apresentaram um mesmo nível de respostas.
De acordo com o conceito de indisciplina apresentado pelos
entrevistados pode-se perceber que é possível remeter às abordagens de
Abud e Romeu 1989, pois estes atribuem à disciplina como um
comportamento fundamental para a conformidade da sociedade.
Diante das questões respondidas, os entrevistados consideram que o
diálogo é uma das principais estratégias para se conseguir uma disciplina
favorável na escola. Nesta perspectiva Schimidt, Ribas e Carvalho (1989)
consideram que a disciplina deve ter força estratégica a começar pela
reorganização da escola e pelo desenvolvimento competente do trabalho
pedagógico.
Para todos os entrevistados a interação entre alunos e professore é
uma maneira de se ter uma melhor aquisição da aprendizagem. Schmidt,
Ribas e Carvalho (1989 p.38) concluíram que na interação é que o professor
tem condições concretas de compreender os limites do próprio saber. O
professor tem a obrigação de não somente transmitir mais de junto com seus
alunos acrescentando algo de novo ao já conhecido, que vai se modificando
quantitativamente.
Os profissionais da educação ao analisar as possíveis causas da
indisciplina na escola, tende a atribuir a responsabilidade ao professor,
alegando à falta de autoridade, pois acreditam que alguns professores têm
mais “pulso” que os outros. Os entrevistados em geral associam a
indisciplina a passividade, a agressividade, intransigência, incapacidade de
cooperação, etc.
Ser criança disciplinada ou indisciplinada não depende do aluno, pois
essa não é uma característica inata. Os alunos têm influência do meio em
que vive, pois há TV, agressividade dos colegas, falta de autoridade do
professor sem considerar que a família é o primeiro contexto de socialização,
que influência o aluno no decorrer de sua infância.
Podemos perceber que não há uma fórmula única, ou seja, uma receita
pronta e acabada para lidar com a indisciplina na escola, cada profissional da
educação tem sua característica para manter o ambiente escolar com uma
disciplinar coerente com cada instituição escolar.
Enfim, comportamento, atitudes incoerentes e falta de limites são alguns
dos critérios que os entrevistados definiram para alunos indisciplinados, pois
consideram que todos estes aspectos contribuem para a produção da
indisciplina, assim como, a desobediência, a desordem e o desrespeito na
sala de aula segundo abordam Abud e Romeu (1989).
3.2 – CONCLUSÃO
Considerando a pesquisa realizada, baseando em textos bibliográficos,
nos objetivos propostos, a organização e análise de dados, foi possível
constatar que professores e supervisores afirmam ter problemas de
indisciplina dentro da sala de aula.
De maneira geral os supervisores e professores consideram que a
indisciplina pode ter diferentes origens, tais como, problemas familiares,
inadequação do currículo utilizado pela instituição, desinteresse e inquietude
do aluno, considerando as questões dispostas nos quadros apresentados
pelos pesquisados.
Pode-se constatar que professores e supervisores da escola Municipal
Emília de Lima definem como critérios para considerar um aluno
indisciplinado: o seu comportamento, suas atitudes, o descumprimento das
normas da instituição e a falta de limite e valores morais. A indisciplina
segundo eles, traz danos ao convívio escolar e especialmente à
aprendizagem do próprio aluno e turma.
Desse modo, os professores e supervisores afirmam que ao lidar com a
indisciplina no contexto escolar usam estratégias como a afetividade e o
diálogo. Pode-se ainda, constatar que os entrevistados sempre buscam
ajuda da família, em casos extremos ocorrências, fazem advertências e em
último caso a suspensão. Estes aspectos citados são também considerados
como punições para o aluno indisciplinado.
No entanto não há uma fórmula pronta e acabada para lidar com a
indisciplina, porém é necessário que o processo ensino aprendizagem tenha
um espaço para dar enfoque aos valores morais como: o respeito, a
honestidade, a ética, o companheirismo entre outros que possibilitam o
desenvolvimento da autonomia moral, objetivando a formação do cidadão.
Sabe-se que a tarefa de disciplinar é árdua e exige um grande esforço
da equipe pedagógica, (professor, supervisor, orientador, diretor), pois esta
encontra obstáculos ao longo de sua jornada. Em suma, o supervisor tem um
papel importante na escola, pois ajuda a manter o equilíbrio entre professor-
aluno-familia, cria estratégias para manter a ordem na escola, onde se faz
presente constantes avaliações em busca de um processo educativo real e
de qualidade.
Enfim, espera-se realizar uma educação de qualidade, participativa,
dinâmica e democrática, que envolva o aluno, a escola, os familiares e a
comunidade em função de um futuro cidadão disciplinado, justo e coerente
com a realidade em que vive.
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In: FARIAS, Adriana Lima de, Guia de curso supervisão escolar. 2007; p 6.
Anexos
Questionário para professores
Indisciplina no contexto escolar
Data: ___/___/___
Hora inicial: ______________Hora Final: _____________
Formação acadêmica: ____________________________
Tempo de experiência profissional: __________________
Idade__________________________
Sexo ( ) masculino ( ) Feminino
Local da entrevista: _____________________________
Escola em que trabalha: __________________________
Série que leciona: _______________________________
1- O que é indisciplina para você?
2- Quais são os principais tipos de indisciplina que você observa na sala de
aula?
3- Em sua opinião, qual é a origem da indisciplina na escola?
4- A postura do professor influencia na produção da indisciplina?
5- Na sua escola existem critérios que previamente definem o aluno como
indisciplinado? Cite-os.
6- Quais as estratégias que você usa para lidar com casos de indisciplina na
sala de aula?
7- Na escola que você trabalha há punições para alunos indisciplinados? Se
sua resposta for sim, cite exemplos.
8- Em sua opinião a indisciplina na sala de aula está prejudicando o
desempenho do aluno?
9- Um aluno indisciplinado na sala de aula pode intervir na sua prática
pedagógica?
10- Em sua opinião a interação entre alunos Pode vir a ser considerada
indisciplina?
11- A interação entre alunos e professor pode vir a acarretar indisciplina na
sala de aula?
Anexos
Questionário para supervisores
Indisciplina no contexto escolar
Data: ___/___/___
Hora inicial:______________Hora Final:_____________
Formação acadêmica:____________________________
Tempo de experiência profissional:__________________
Idade__________________________
Sexo ( ) masculino ( ) Feminino
Local da entrevista:_____________________________
Escola em que trabalha:__________________________
Série que leciona:_______________________________
1- O que é indisciplina para você?
2- Quais são os principais tipos de indisciplina que você observa na escola?
3- Para você quais são os maiores problemas causados pela indisciplina na
escola?
4- Em sua opinião, qual é a origem da indisciplina na escola?
5- A postura do professor influencia na produção da indisciplina?
6- Na sua escola existem critérios que previamente definem o aluno como
indisciplinado? Cite-os.
7- Quais as estratégias que você usa para lidar com casos de indisciplina na
escola?
8- Na escola que você trabalha há punições para alunos indisciplinados? Se
sua resposta for sim, cite exemplos.
9- Em sua opinião a indisciplina na sala de aula está prejudicando o
desempenho do aluno?
10- Em sua opinião a interação entre alunos Pode vir a ser considerada
indisciplina?
11- A interação entre alunos e professores pode vir a acarretar indisciplina na
sala de aula?
12- Como você orienta seus professores para lidar com casos de indisciplina
na sala de aula?