Post on 09-Nov-2018
DIVERSIDADE E RELAÇÕES
ÉTNICO RACIAIS
As origens do homem, Homo sapiens sapiens –
uma única raça humana e várias etnias
ENTENDENDO A AULA...
Antes de falar em diversidade e etnia devemos compreender as origens do ser humano;
Enquanto espécie, atualmente existe apenas uma raça humana, resultado de um longo processo evolutivo que remonta sete milhões de anos antes do presente;
Entender isso é fundamental para saber que embora existam diferentes etnias, elas compõe uma única espécie humana, nós, o Homo sapiens sapiens;
Compreendendo isso, percebemos que as diferenças étnicas representam apenas adaptações morfológicas (forma: cor do cabelo, cor de pele, formato do rosto, etc.) ao meio ambiente.
No entanto, não existem diferenças entre os seres humanos, independente de etnia.
PRÉ-HISTÓRIA – UMA DEFINIÇÃO
De acordo com Antonio Guglielmo (1999, p. 22) a pré-
história é um largo período temporal que vai desde o
surgimento dos primeiros hominídeos até a invenção da
escrita no mundo ocidental em torno de 4.000 a.C.
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COMO FAZER UMA HISTÓRIA ANTES DA ESCRITA? Mas como fazer uma História antes da escrita?
Ela é feita através da apropriação de conhecimentos desenvolvidos por outras áreas;
Em linhas gerais a Pré-História é um campo de atuação de outras ciências, que utilizam métodos e técnicas diversos daqueles utilizados pelos historiadores;
Tanto que se olharmos em uma biblioteca universitária perceberemos que praticamente todos os livros que abordam o período foram escritos por outros cientistas e/ou foram embasadas em levantamentos de dados desses pesquisadores.
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QUAIS CIÊNCIAS ESTUDAM A PRÉ-HISTÓRIA?
Em linhas gerais podemos afirmar que a Pré-
História é estudada quatro áreas distintas:
1. Arqueologia;
2. Paleontologia;
3. Antropologia;
4. Genética.
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REGISTROS FÓSSEIS, LÍTICOS E RUPESTRES
Os vestígios utilizados para a reconstrução da Pré-
História são diferentes daqueles utilizados para a
História;
Tanto que a divisão entre as áreas é a invenção da
escrita. Se olharmos o “modelo histórico” proposto
pela comunidade científica fica claro esta distinção:
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REGISTROS FÓSSEIS, LÍTICOS E RUPESTRES
Como aponta Gordon Childe (1981, p32) esta periodização acontece pelo fato das sociedades ao se sedentarizarem passavam por transformações que geravam registros arquitetônicos e escritos;
Esse processo segundo o autor é chamada de “Revolução Urbana”, entre elas destacamos:
- Construções de obras públicas;
- Divisão social e criação de especializações;
- Invenção da matemática;
- Sistema coercivo;
- Utilização de ciências exatas;
- Invenção da escrita para controle da produção e dos tributos.
Esses elementos permitem aos historiadores resgatar o passado através da análise de fontes escritas, arquitetônicas, além de obras de arte, etc.
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REGISTROS FÓSSEIS, LÍTICOS E RUPESTRES
Porém para o estudo da Pré-História os
vestígios utilizados para esse resgate
são diferentes;
Se por um acaso, a invenção da escrita
garantiu que o ser humano deixasse
registros de suas atividades, no caso da
pré-história, os registros são esparsos e
pictográficos, com um grande caráter
simbolismo e que nos permite apenas
uma interpretação factível ao erro
(como as pinturas rupestres), ou os
restos mortais dos próprios indivíduos
preservados pelo tempo e datados a
partir de técnicas científicas como o C14
(os registros fósseis) e produção lítica,
ou seja, instrumentos criados pelo
homem primitivo.
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REGISTROS FÓSSEIS, LÍTICOS E RUPESTRES
Outra diferenciação entre a Pré-História e a História é o “rasgo temporal”;
A Pré-História representa em torno de seis milhões de anos enquanto a História apenas 4.000 anos antes do presente;
Contudo, enquanto o período histórico é vastamente documentado, deixando espaço para poucas dúvidas no tocante às suas datações e periodicidades o tempo anterior à invenção da escrita é literalmente um “quebra cabeças” em que pouquíssimos vestígios estão à disposição.
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VESTÍGIOS PARA A COMPREENSÃO DO PASSADO
Para Richard Klein e Blake Edgar a somatória das provas científicas acumuladas nos últimos cento e cinquenta anos permite-nos traçar um vasto esboço que provavelmente resistirá ao teste do tempo (KLEIN & EDGAR, 2005, P. 7):
a) Os seres humanos, definidos pelo ato de caminhar como bípedes, evoluíram de um macaco africano há mais ou menos seis milhões de anos;
b) Múltiplas espécies bípedes apareceram entre 6 e 2,5 milhões de anos;
c) Esses bípedes primitivos permaneceram, em termos de tamanho do cérebro e da forma corpórea superior, bastante semelhantes ao macaco;
d) Algumas espécies – talvez as primeiras cujo cérebro era maior que de um macaco – inventaram a pedra lascada há 2,5 milhões de anos;
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VESTÍGIOS PARA A COMPREENSÃO DO PASSADO
e) Os mais antigos utensílios de pedra foram usados
para acrescentar carne animal e o tutano a uma dieta
essencialmente vegetariana;
f) Os seres humanos pré-históricos saíram pela
primeira vez da África em direção à Eurásia por volta
de dois milhões de anos antes do presente e
começaram a se separar em diferentes tipos físicos
em continentes diversos há um milhão de anos;
g) O tipo moderno de ser humano evoluiu
exclusivamente na África;
h) Os africanos expandiram-se há mais ou menos
cinquenta mil anos em direção à Eurásia, onde
subjugaram ou substituíram os neandertais e outros
euroasiáticos existentes.
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SÍTIOS AFRICANOS QUE REGISTRAM OS ACHADOS DOS
FÓSSEIS DE AUSTRALOPITECOS
África, “berço” da humanidade
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ANCESTRAIS – OS PRIMEIROS BÍPEDES
Neves e Piló (2008, p. 34) apresentam o ser humano
atual como o resultado de um longo processo evolutivo;
Dentro da visão dos autores, a partir de uma leitura
darwinista, o ser humano é uma evolução dentro da
ordem dos primatas. Como pode ser vista no modelo:
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ANCESTRAIS – OS PRIMEIROS BÍPEDES
Os primatas (como os demais mamíferos) teriam surgido há cinquenta e cinco milhões de anos, irradiando-se por um vasto território, outrora ocupado pelos grandes répteis;
Neves & Piló (2008, p. 37) argumentam que a separação final entre os primatas quadrúpedes e os bípedes ocorreu em torno de sete milhões de anos antes do presente;
Ainda segundo os autores, esse espécime seria uma espécie de “elo perdido”, no entanto, ainda não foi descoberto e o próprio termo é perigoso, pois é baseado em cálculos matemáticos e estatísticos. Ou seja, ainda é uma teoria.
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ANCESTRAIS – OS PRIMEIROS BÍPEDES
Ainda de acordo com Neves e Piló (2008, p. 37) os
achados fósseis colocam os seguintes espécimes
conhecidos em uma espécie de escala evolutiva entre sete
e dois milhões de anos:
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O SURGIMENTO DO GÊNERO HOMO
Para Klein e Edgar (2005, p. 36), porém ocorreu um
“gargalo” no processo evolutivo;
Disso resultou que apenas o Australopitecos
afarensis teria sobrevivido;
Isso ocorreu em um período entre 3,5 e 3 milhões de
anos antes do presente;
Em um período entre 2,8 e 2,5 milhões de anos
ocorreram uma série de mudanças climáticas que
extinguiram uma série de espécies e levaram outras
tantas a se adaptaram e passar por processos
evolutivos;
A partir de 2 milhões de anos há uma divisão que
leva posteriormente ao surgimento do gênero Homo
e o Australopitecos africanus (ou robusto).
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OS PRIMEIROS HUMANOS VERDADEIROS
Entre 1,8 e 1,7 milhões de anos no passado surgiu uma nova etapa no processo evolutivo;
Antecipou a anatomia e comportamento dos seres humanos atuais, com exceção de um cérebro menor;
Por isso, podem ser chamados de “seres humanos verdadeiros”;
Isso fica claro não apenas pela anatomia, mas pelo grande desenvolvimento de tecnologia de pedra lascada;
A comparação dos achados fósseis mostra bem a diferença entre o Homo ergester e o Australopitecus afarensis:
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA I
Neves & Piló (2008, p43) aferem o gênero Homo que logo após seu surgimento e já se expandiram para fora de suas fronteiras;
Teriam atingido o Cáucaso por volta de 1,75 milhões de anos, assim como a China e a Indonésia por volta de 1,6 milhões de anos;
Nesse período podem ter existido duas espécies: Homo ergester (África) e Homo erectus (Ásia);
Um dado interessante é que por volta de 1,6 milhões de anos começam a surgir ferramentas de pedras lascadas que demandavam uma pré-concepção do objeto desejado. Ou seja, não importava o tamanho do bloco original, ele seria trabalhado até atingir o tamanho desejado;
Um desses instrumentos era o “machado de mão” (também chamado de “canivete suíço da Pré-História”).
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA II
Ainda de acordo com os arqueólogos
(NEVES & PILÓ), por volta de 800 mil
anos antes do presente teria surgido os
primeiros grandes cérebros humanos,
com em torno de 1200 cm3;
Não apenas isso como atingiram a
Europa Ocidental (feito que seus
antecessores não conseguiram);
Referimo-nos ao Homo heildebergensis.
Não desenvolveram nenhuma evolução
na produção lítica, porém
desenvolveram três grandes inovações:
(i) Caça ativa de grandes mamíferos; (ii) a
construção dos primeiros abrigos; (iii) a
domesticação do fogo (hipótese).
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA II
Há 300 mil anos no passado o Heidelbergensis começaram a apresentar uma morfologia craniana notável; (NEVES & PILÓ, p. 43-45)
Seus cérebros apresentavam mudanças que permitiram em torno de 200 mil anos o surgimento do Homo neandertalensis, como capacidade cerebral de 1500 cm3;
Embora tivessem uma massa encefálica maior que a do homem atual isso não significou que eram mais inteligentes que nós, apenas que eram mais corpulentos.
Por terem surgidos fora da África eram mais adaptados ao frio que os outros espécimes do gênero Homo.
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA III
Mais ou menos na mesma época do surgimento do neandertal, no continente africano surgiu o Homo sapiens (não confundir com o sapiens sapiens);
Em 200 mil anos antes do presente surgia nosso ancestral direto;
Entre 200 e 40 mil anos antes do presente o Homo sapiens vivia de forma muito semelhante aos neandertais: sobrevivia da caça e da coleta pouco seletiva, lascava pedras e aparentemente ainda não enterrava os mortos de forma ritual (ainda não tinha concepção de cultura)
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA III
Ou seja, os homens que viveram entre 130 mil e 50 mil anos podem ter sido modernos ou semimodernos, porém agiam como neandertais;
Klein & Edgar (2005, p. 8) sugerem que provavelmente não ocorreu uma mudança morfológica, porém teria acontecido diretamente no cérebro;
Isso teria ocorrido em torno de 50 mil anos antes do presente, essa mudança teria permitido o surgimento do Homo sapiens sapiens;
Também teria sido responsável pela rápida sua expansão territorial em todo o globo terrestre.
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA III
A EXPANSÃO ORIGINAL DOS HUMANOS MODERNOS
50 MIL ANOS ANTES DO PRESENTE
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA III
A ÚLTIMA EXPANSÃO DOS HUMANOS MODERNOS
20-12 MIL ANOS ANTES DO PRESENTE
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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HUMANA
Apesar de terem objetos de pesquisa diferentes Klein & Edgar (2005), Neves & Piló (2008) e Guglielmo (1999) chegam a mesmas conclusões sobre um tema específico: “o despertar da cultura humana”;
Também defendem que a rápida expansão humana ocorreu graças a esse “despertar cultural” que permitiu criar novos conhecimentos de forma muito acelerada, levando a melhorias tecnológicas extremamente rápidas;
Se ao longo de seis milhões de anos foi lenta e gradual (tanto do ponto de vista morfológico como tecnológico), o Homo sapiens sapiens embora não tenha tido mudanças físicas significativas, os saltos de saber foram exponenciais.
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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HUMANA
Se compararmos o Homo neandertalensis com o Sapiens sapiens perceberemos que a indústria lítica dos neandertais praticamente não sofreu mudanças significativas ao longo de 170 mil anos, ao passo que as descobertas arqueológicas mostram uma significativa evolução tecnológica, que em um curto espaço de tempo;
Segundo Guglielme (1999, p. 34) essa diferença foi fundamental para compreender como na última era glacial os neandertais, cujo desenvolvimento genético era mais propenso ao frio que nós, preparado para temperaturas mais amenas;
No entanto, a capacidade de se adaptar ao meio, desenvolver instrumentos melhores para caça e pesca (que se tornavam mais difíceis de ser obtidas), além de fazer vestuários mais eficientes para reter o calor foram fundamentais para nossa sobrevivência.
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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HUMANA
Mas o que é essa cultura que estamos nos referindo?
Podemos afirmar que cultura é o conjunto de distintos materiais, intelectual, emocional, espiritual (construção de crença que posteriormente viria a se tornar religiosa);
Isso leva à consciência de si mesmo;
O homem moderno deixa de agir meramente por instinto;
Também tem uma capacidade nata, não apenas de transmitir conhecimentos de forma mais eficiente que, mas de melhorar e criar novos saberes;
Ou seja, uma geração supera a anterior;
Com isso, o ser humano paulatinamente passa a dominar o meio ambiente;
Também passa a ter noção de sua finitude e da morte: daí surgem os rituais funerários.
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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HUMANA
Com isso o ser humano se espalha pelo planeta atingindo locais inóspitos;
A consciência trazida pela cultura ainda vai gerar um afastamento do homem da natureza – ou uma relação natural com ela;
O ser humano passa a perceber a hostilidade do meio e procura vencê-la utilizando seu cérebro para entendê-la e controlá-la;
Nesse objetivo de compreender a natureza e seus poderes e tentar controlá-la recorre à magia. Disso, surge nossa concepção original de religião: a compreensão da natureza;
A arte passa a fazer parte de seu dia a dia, ao representar os acontecimentos do cotidiano de forma artística.
E com essa revolução cultural pré-histórica o homem passou de um animal frágil como era há seis milhões de anos antes do presente à espécie dominante no planeta.
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