Post on 24-Jul-2015
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
MESTRADO EM INFORMÁTICA APLICADA
Ítalo Matos Cavalcante Santos
T-VILO TOOL: Ferramenta Orientada a Serviços para Interação
e Produção de Conteúdos Educativos Baseada no Sistema
Brasileiro de Televisão Digital
Fortaleza
2011
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
MESTRADO EM INFORMÁTICA APLICADA
Ítalo Matos Cavalcante Santos
T-VILO TOOL: Ferramenta Orientada a Serviços para Interação
e Produção de Conteúdos Educativos Baseada no Sistema
Brasileiro de Televisão Digital
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Informática Aplicada da Universidade de
Fortaleza (UNIFOR), como requisito parcial
para obtenção do Título de Mestre em
Informática Aplicada.
Orientadora: Profa. Maria Elizabeth Sucupira Furtado, D.Sc.
Fortaleza
2011
__________________________________________________________________________
S237t Santos, Ítalo Matos Cavalcante.
T-VILO TOOL: ferramenta orientada a serviços para interação e produção de
conteúdos educativos baseada no sistema brasileiro de televisão digital / Ítalo
Matos Cavalcante Santos. - 2011.
102 f.
Dissertação (mestrado) – Universidade de Fortaleza, 2011.
“Orientação: Profa. Maria Elizabeth Sucupira Furtado, D.Sc.”
1. Programação orientada a objetos. 2. Televisão digital. 3. Educação à distância.
I. Título.
CDU 681.3.06
__________________________________________________________________________
iv
v
“Há duas fontes perenes de pura
alegria: o bem realizado e o dever
cumprido”
(Eduardo Girão)
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, Francisco José dos Santos e Glaíra Matos Cavalcante Santos,
por todos os ensinamentos extra faculdade a mim transmitidos, imprescindíveis à minha
formação pessoal e acadêmica, e sem os quais, a conclusão deste curso não passaria de um
mero momento.
Aos meus irmãos Rômulo Matos e Natália Matos que juntos exercitamos a prática do
respeito e de gratidão às pessoas com que convivemos, em especial pelos nossos mestres.
A minha namorada Laysa Santiago, por ter me apoiado bastante na conclusão deste
trabalho.
À professora Elizabeth Furtado por ter sido a responsável maior para que eu pudesse
realizar este trabalho.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Ciência da Computação pelos
ensinamentos transmitidos.
Aos colegas do LUQS, Patrícia Vasconcelos, Eduardo Gularte, Clayson Celes, Alisson,
Edson Bruno, Jouderian Júnior, Danielly Barboza, Rafaela Lisboa, Marília Mendes, Leandro
Santiago, Carlos Lenine, Liádina Camargo, Guido Militão, pelas contribuições prestadas e
também, pela solidariedade, amizade e agradável convívio.
À Active Brasil e à Hanzo pela compreensão e apoio concedidos para realização deste
curso.
A todos os amigos que torceram por mim nesta caminhada, em especial ao Rafael
Ramos, Adriano Nepomuceno, Felipe Linheiro, Márcio Roberto, Júnior Martins.
vii
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES pelo apoio
financeiro e acadêmico durante o mestrado.
viii
Resumo da dissertação apresentada ao Corpo Docente do Curso de Mestrado em
Informática Aplicada da Universidade de Fortaleza, como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Informática.
T-VILO Tool: Ferramenta Orientada a Serviços para produção de
conteúdo educativo baseada no Sistema Brasileiro de Televisão Digital
Autor: Ítalo Matos Cavalcante Santos
Orientadora: Maria Elizabeth Sucupira Furtado, D.Sc.
O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de criar uma ferramenta de autoria baseada
no padrão brasileiro de televisão, sendo esta responsável desde a produção de conteúdos
educativos até suas visualizações na televisão e em celulares. Para o levantamento de
requisitos, foi utilizada a metodologia Design da Interação e levantamento de Requisitos com
foco na Comunicação e Exploração de idéias – DIRCE, aplicada juntamente com
profissionais das áreas de desenvolvimento, usabilidade e educação; e para o desenvolvimento
da ferramenta foram utilizadas algumas práticas e processos pertencentes ao Desenvolvimento
Ágil. Como forma de validação da ferramenta, foram realizados cursos com a produção de
conteúdos, por professores, e visualizados na televisão pelos alunos. Como resultados desse
trabalho foram geradas as seguintes contribuições: a ferramenta desenvolvida, incluindo o
módulo de produção, visualização e integração dos conteúdos com foco na Educação a
Distância; a utilização de dispositivos móveis como novas formas de interação com
aplicações para Televisão Digital; a criação de uma biblioteca de interfaces; e o
desenvolvimento de um componente de comunicação, sendo compatíveis com o padrão
brasileiro de televisão digital. Para realização do trabalho houve o suporte do Laboratório de
Estudos do Usuário e da Qualidade de Uso de Software – LUQS, da Universidade de
Fortaleza – UNIFOR.
Palavras chave: Televisão Digital, Ferramenta de autoria, Educação à Distância, Web
2.0, Arquitetura Orientada a Serviços, Metodologia Ágil, Dispositivos Móveis, IHC.
ix
Abstract of the dissertation presented to the board of faculties of the Master Program in
Applied Informatics at the University of Fortaleza, as partial fulfillment of the requirements
for the Master’s degree in Applied Informatics
T-VILO Tool: Ferramenta Orientada a Serviços para produção de
conteúdo educativo baseada no Sistema Brasileiro de Televisão Digital
Autor: Ítalo Matos Cavalcante Santos
Orientadora: Maria Elizabeth Sucupira Furtado, D.Sc.
This dissertation was developed with the goal of creating an authoring tool based on the
Brazilian television standard, which is responsible from the production of educational content
to their views on television and other devices. Interaction Design and survey requirements
were used for requirements gathering methodology focusing on communication and
exploration of ideas - DIRCE applied together with professionals in the areas of development,
usability and education services for the development of tools and some practices were used
processes belonging to Agile Development. As a way of validating the tool, courses were held
with the production of content for teachers, and viewed on television by students. As a result
of this work were generated the following contributions: The tool developed, including the
production module, visualization and integration of multimedia with a focus on distance
education, the use of mobile devices as new forms of interaction with applications to digital
television, the creation a library of interfaces and the development of a communication
component, which are all compatible with the Brazilian digital TV standard. This dissertation
had the support of the Laboratory for studies of User Quality and Systems Use - LUQS,
University of Fortaleza – UNIFOR.
Keywords: Digital Television, Authoring tool, Web 2.0, Service Oriented
Architecture, Agile Development, Mobile, Human Computer Interaction.
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DVB Digital Video Broadcasting
EAD Educação a Distância
HTTP Hypertext Transfer Protocol
IHC Interação Humano-Computador
MHP Multimedia Home Plataform
SBTVD Sistema Brasileiro de Televisão Digital
SMS Short Message Service
STB Setopbox
TS Transport Stream
TVDI Televisão Digital Interativa
VILO Video Interactive Learning Object
XML Extensible Markup Language
XP Extreme Programming
xi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 17
1.1 MOTIVAÇÃO ...................................................................................................... 17
1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 19
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 19
1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 19
1.3 METODOLOGIA ................................................................................................. 19
1.4 AMBIENTE DA PESQUISA ............................................................................... 20
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 20
2 CONTEXTUALIZAÇÃO E MOTIVAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
PARA O SBTVD ..................................................................................................................... 22
2.1 PROJETO RH-TVD ......................................................................................... 22
2.1.1 Objetivos do projeto .................................................................................... 23
2.2 Ferramentas de autoria para Televisão Digital ...................................................... 26
2.2.1 Composer ........................................................................................................... 26
2.2.2 Jame Author ....................................................................................................... 27
2.2.3 Cardinal Studio................................................................................................... 27
2.2.4 Alti Composer .................................................................................................... 28
2.2.5 ITV Project ......................................................................................................... 29
2.2.6 Contextual Ginga ............................................................................................... 29
2.2.7 CUICA ............................................................................................................... 30
2.3 Comparação entre as ferramentas de autoria ........................................................ 31
2.4 Abordagem inicial para levantamento de requisitos ............................................. 32
3 T-VILO TOOL: UMA FERRAMENTA PARA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
INTERATIVO BASEADO NO SBTVD ............................................................................... 41
3.1 Conceitos Básicos ................................................................................................. 41
3.2 Visão Geral da Ferramenta .................................................................................... 42
3.3 Módulos da Arquitetura ........................................................................................ 43
xii
3.3.1 T-VILO Services ................................................................................................ 44
3.3.1.1 Service Layer .................................................................................................. 44
3.3.1.2 Business Layer ................................................................................................ 45
3.3.1.3 Data Layer ....................................................................................................... 46
3.3.2 T-VILO Maker ................................................................................................... 46
3.3.2.1 Criação de Conteúdo ....................................................................................... 46
3.3.2.2 Reaproveitamento de Conteúdos ..................................................................... 50
3.3.2.3 Pré-Visualização ............................................................................................. 51
3.3.2.4 Publicação de Conteúdo .................................................................................. 52
3.3.3 T-VILO Viewer .................................................................................................. 53
3.3.3.1 Tipo de Interatividade ..................................................................................... 54
3.3.3.1.1 Interatividade Remota .................................................................................. 54
3.3.3.1.2 Interatividade Local ..................................................................................... 55
3.3.3.2 Transição de Conteúdo extra ........................................................................... 55
3.3.3.3 Disponibilização do conteúdo de áudio e vídeo .............................................. 56
3.3.3.4 Navegabilidade na aplicação ........................................................................... 56
3.3.4 T-VILO Mobile .................................................................................................. 57
3.3.4.1 T-VILO Mobile Ginga .................................................................................... 58
3.3.4.2 XT-VILO Mobile ............................................................................................ 59
3.4 Cenários de interação do T-vILO Tool ................................................................. 60
3.4.1 Produção de um conteúdo educativo .................................................................. 60
3.4.2 Visualização de Aulas ........................................................................................ 61
3.4.3 Envio de Sugestões e Dúvidas ........................................................................... 62
4 DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA: CONTRIBUIÇÕES E PROCESSO
REALIZADO .......................................................................................................................... 64
4.1 Contribuições para desenvolvimento de aplicações interativas PARA TVDI ...... 64
4.1.1 Biblioteca de Interface - Sunshine...................................................................... 65
4.1.1.1 UIComponent .................................................................................................. 65
4.1.1.2 TextField ......................................................................................................... 65
4.1.1.3 ImageField ....................................................................................................... 67
4.1.1.4 ListField .......................................................................................................... 68
4.1.1.5 QuestionField .................................................................................................. 69
4.1.2 RestClient: Componente de comunicação .......................................................... 69
4.1.3 Modelo de conteúdo ........................................................................................... 71
4.2 Processo de desenvolvimento da arquitetura ........................................................ 73
4.2.1 Cliente Presente .................................................................................................. 73
4.2.2 Jogo do Planejamento ........................................................................................ 73
4.2.3 Código Coletivo ................................................................................................. 74
4.2.4 Design Simples................................................................................................... 75
4.2.5 Releases Curtos .................................................................................................. 75
4.3 Desenvolvimento dos releases .............................................................................. 78
4.4 Viabilidade da Solução ......................................................................................... 80
5 AMBIENTE DE TESTES FUNCIONAIS E DE USABILIDADE PARA
APLICAÇÕES BASEADAS NO SBTVD ............................................................................ 82
xiii
5.1 Ambiente de testes de usabilidade ........................................................................ 83
5.1.1 Transmissor ........................................................................................................ 83
5.1.2 Receptor ............................................................................................................. 85
5.1.3 Estrutura física ................................................................................................... 86
5.2 Cursos .................................................................................................................... 87
5.2.1 Curso 1: Introdução a operações básicas na matemática ................................... 88
5.2.1.1 Produção de conteúdo ..................................................................................... 89
5.2.1.2 Resultados ....................................................................................................... 91
5.2.2 Curso 2: Introdução a frações ............................................................................ 91
5.2.2.1 Produção de conteúdo ..................................................................................... 92
5.2.2.2 - Visualização do conteúdo ............................................................................. 93
5.2.2.3 Resultados ....................................................................................................... 94
5.2.3 Curso 3: Introdução a frações com sincronismo ................................................ 95
5.2.3.1 Produção do conteúdo ..................................................................................... 95
5.2.3.1.1 Sincronismo no Playout ............................................................................... 96
5.2.3.1.2 Sincronismo no STB .................................................................................... 96
5.2.3.2 Resultados ....................................................................................................... 96
6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 97
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 99
APÊNDICE I – Itens Desenvolvidos e Melhorias RCASOFT Middleware .................... 102
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Composer 2.2 ______________________________________________________________________ 26
Figura 2 - Jame Author: Ambiente de autoria para o padrão MHP ____________________________________ 27
Figura 3 - Ambiente de autoria Alti Composer ____________________________________________________ 28
Figura 4 - ITV Project ________________________________________________________________________ 29
Figura 5 - Contextual Ginga ___________________________________________________________________ 30
Figura 6 - CUICA ferramenta de autoria em ambiente WEB _________________________________________ 31
Figura 7 – Ícones representativos: (a) de mídias e (b) de aspectos da interação [Mendes, 2009] ____________ 34
Figura 8 - Participante elaborando T-VILOS (MENDES, 2009) ________________________________________ 35
Figura 9 - Representação da visão do aluno na TVD _______________________________________________ 35
Figura 10 - Propostas de interface para a aplicação de visualização de conteúdos na TVD _________________ 36
Figura 11 - Arquitetura T-VILO Tool ____________________________________________________________ 43
Figura 12 - XML acessado pelo T-VILO Viewer ____________________________________________________ 45
Figura 13 - Tipo de mídia Imagem ______________________________________________________________ 47
Figura 14 - Tipo de mídia Texto ________________________________________________________________ 48
Figura 15 - Tipo de mídia Questão _____________________________________________________________ 48
Figura 16 - T-VILO Maker: Produção de conteúdo interativo _________________________________________ 49
Figura 17 - Lista de conteúdos _________________________________________________________________ 50
Figura 18 - Pré-Visualização T-VILO Maker _______________________________________________________ 51
Figura 19 - Conteúdo em ambiente real _________________________________________________________ 51
Figura 20 - Gerar aplicação por meio do T-VILO Maker _____________________________________________ 52
Figura 21 - Lista de mensagens enviadas pelo telespectador ________________________________________ 53
Figura 22 - Visualização de conteúdo no T-VILO Viewer ____________________________________________ 54
Figura 23 - Requisição de conteúdos por meio do canal de retorno ___________________________________ 55
Figura 24 - Uso do QRCode para conteúdo extra __________________________________________________ 56
Figura 25 - Pilha Navegabilidade do Conteúdo ____________________________________________________ 57
Figura 26 - Representação de conteúdo no T-VILO Viewer e no T-VILO Mobile Ginga (Celes, 2011) __________ 58
Figura 27 - Estrutura de Transmissão do T-VILO Mobile Ginga _______________________________________ 58
xv
Figura 28 - Estrutura de comunicação entre XT-VILO Mobile e componentes da ferramenta _______________ 59
Figura 29 - Transição de mídia utilizando XT-VILO Mobile (Celes, 2011) ________________________________ 59
Figura 30 - Envio de mensagens pelo T-VILO Mobile _______________________________________________ 60
Figura 31 - Diagrama de sequências do cenário produção de conteúdo ________________________________ 61
Figura 32 - Diagrama de sequências do cenário Visualização de aulas _________________________________ 62
Figura 33 - Diagrama de sequências do cenário Envio de Sugestões e Dúvidas __________________________ 63
Figura 34 - Diagrama de Classes da biblioteca Sunshine ____________________________________________ 65
Figura 35 - Utilização do componente TextField ___________________________________________________ 66
Figura 36 - Componente ImageField ____________________________________________________________ 68
Figura 37 - Componente ListField ______________________________________________________________ 68
Figura 38 - Utilização do componente QuestionField _______________________________________________ 69
Figura 39 - Chamada ao T-VILO Services utilizando RestClient _______________________________________ 70
Figura 40 – Modelo de conteúdo _______________________________________________________________ 71
Figura 41 - Organização de releases ____________________________________________________________ 74
Figura 42 - Cartão de uma estória ______________________________________________________________ 74
Figura 43 - Etapas do ciclo de desenvolvimento de release __________________________________________ 76
Figura 44 - Mural com os cartões da iteração contido no LUQS ______________________________________ 76
Figura 45 - Testes funcionais do T-VILO Viewer no pendriver ________________________________________ 77
Figura 46 - Testes de usabilidade do T-VILO Viewer ________________________________________________ 78
Figura 47 - EITV Playout Professional ___________________________________________________________ 83
Figura 48 - Arquitetura de TV Digital utilizando no Playout __________________________________________ 84
Figura 49 - Administração playout _____________________________________________________________ 85
Figura 50 – Receptores Digitais compatíveis com SBTVD ____________________________________________ 86
Figura 51 - Laboratório de Usabilidade __________________________________________________________ 86
Figura 52 - Sala de Observação ________________________________________________________________ 87
Figura 53 – Alunos que participaram do 1º Curso _________________________________________________ 89
Figura 54 - Conteúdo do primeiro T-VILO ________________________________________________________ 89
Figura 55 - Mediador atuando durante a realização do curso 2 ______________________________________ 92
Figura 56 - Professor elaborando conteúdo no T-VILO Maker ________________________________________ 93
Figura 57 - T-VILO Viewer: Curso sobre fração ____________________________________________________ 94
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Comparação entre ferramentas de autoria .......................................................................................... 32
Tabela 2 - Requisitos para o T-VILO Maker ........................................................................................................... 37
Tabela 3 - Requisitos para o T-VILO Viewer ........................................................................................................... 38
Tabela 4 - Releases e suas características ............................................................................................................. 80
Tabela 5 - Utilização dos releases nos cursos ........................................................................................................ 88
17
1 INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO
Desde 2005, o governo brasileiro vem dando apoio financeiro à formação de diversos
consórcios de profissionais para estudarem a TV Digital Interativa (TVDI). O Brasil se tornou
um país onde pesquisas neste contexto acontecem apresentando resultados significativos nos
variados assuntos tratados ao longo da cadeia para TVDI, a citar: (1) ontologias de conteúdos
midiáticos, (2) produção de conteúdos e de aplicações, (3) soluções alternativas para o canal
de retorno e (4) transmissão e recepção. No primeiro caso, encontram-se estudos que definem
o conceito de conteúdo em si (CASTRO, 2011) (PALÁCIO, 2010) e o estendem para suportar
a interação em diversas mídias (ERL & THOMAS, 2005) (CESAR et al., 2008). No segundo,
estão os trabalhos que desenvolvem ferramentas e definem linguagens de especificações de
dados que são usados em programas descritos em NCLua (FURTADO et al., 2009). No
terceiro, está o trabalho sobre a utilização de SMS (Short Message Service) como canal de
interatividade para receptores portáteis de sinal digital (PINTO et al., 2011). No quarto grupo,
tem-se as pesquisas que visam proporcionar uma boa interatividade e por isto são mais
dependentes da topologia do Sistema Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD, isto é, dos
meios de difusão, do canal de interatividade, do provedor de serviço de difusão (emissora),
dos equipamentos existentes no lado do receptor (FERNANDES et al., 2004).
Apesar de existirem diversos trabalhos, alguns relacionados ao desenvolvimento de
aplicações para TV digital e descritos no segundo capítulo desta dissertação, aportando
contribuições para o sucesso do padrão brasileiro terrestre, os desafios ainda são grandes. As
soluções são pontuais e com alcance restrito a alguns profissionais. Cita-se o exemplo de que
conversores com Java foram raros de encontrar até novembro de 2010, biblioteca de classes
para facilitar a programação não existem, mesmo sendo o SBTVD considerado uma solução
de software livre, aplicações para TVDI já implementadas não são disponíveis ao público e/ou
18
não apóiam de forma integrada as principais fases da cadeia do SBTVD.
Tais desafios são tecnológicos e acredita-se que serão em breve contornados. Esta
dissertação é um exemplo que vai ao encontro de soluções que apóiam a iniciativa brasileira.
Iniciativa que vem sendo constantemente motivada pelo governo brasileiro, que lançou o
decreto nº 4901 de 2003 apresentando no Art. 1º, que o Sistema Brasileiro de Televisão
Digital – SBTVD tem por finalidade alcançar, entre outros, os seguintes objetivos:
I - promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por
meio do acesso à tecnologia digital, visando à democratização da informação;
II - propiciar a criação de rede universal de educação a distância;
III - estimular a pesquisa e o desenvolvimento e propiciar a expansão de
tecnologias brasileiras e da indústria nacional relacionadas à tecnologia de informação e
comunicação;
IV - planejar o processo de transição da televisão analógica para a digital, de
modo a garantir a gradual adesão de usuários a custos compatíveis com sua renda;
V - viabilizar a transição do sistema analógico para o digital, possibilitando às
concessionárias do serviço de radiodifusão de sons e imagens, se necessário, o uso de
faixa adicional de radiofreqüência, observada a legislação específica;
VI - estimular a evolução das atuais exploradoras de serviço de televisão
analógica, bem assim o ingresso de novas empresas, propiciando a expansão do setor e
possibilitando o desenvolvimento de inúmeros serviços decorrentes da tecnologia
digital, conforme legislação específica;
VII - estabelecer ações e modelos de negócios para a televisão digital adequados à
realidade econômica e empresarial do País;
IX - contribuir para a convergência tecnológica e empresarial dos serviços de
comunicações;
X - aprimorar a qualidade de áudio, vídeo e serviços, consideradas as atuais
condições do parque instalado de receptores no Brasil; e
19
XI - incentivar a indústria regional e local na produção de instrumentos e serviços
digitais.
Esta pesquisa se encontra principalmente dando apoio aos segundo e terceiro
objetivos do decreto supracitado, porém de forma indireta ela contribui para todos eles.
1.2 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
O objetivo deste trabalho é desenvolver uma ferramenta, chamada T-VILO Tool,
orientada a serviços que apóiam a EAD (Educação a Distância) na TVDI brasileira, desde a
produção de conteúdo pelo professor via web, até a sua disponibilização e interação pelo
usuário via TV e telefone celular.
1.1.2 Objetivos Específicos
Suportar a produção de conteúdo fazendo uso do conceito TvILO (Video Interactive
Learning Objects for Television);
Suportar o acesso e visualização do conteúdo produzido por meio do desenvolvimento
de várias aplicações para a TV digital e para o celular (FERNANDES et al., 2004);
Desenvolver uma arquitetura para esta ferramenta baseada no paradigma de arquitetura
orientada a serviços. Os serviços se referem à criação, manutenção, e disponibilidade de
conteúdos para diversas plataformas, pois um conteúdo pode ser acessado por meio do
celular, construído via web e visualizado na TV.
1.3 METODOLOGIA
Para este trabalho foram utilizadas duas metodologias, uma para o levantamento de
requisitos e outra para o desenvolvimento da ferramenta em questão.
A metodologia de Design da Interação e levantamento de Requisitos com foco na
Comunicação e Exploração de idéias – DIRCE (MENDES, 2009) foi utilizada para levantar
20
os primeiros requisitos deste trabalho. A aplicação dessa metodologia contou com uma equipe
multidisciplinar composta por desenvolvedores, profissionais de usabilidade e profissionais da
área de educação. No próximo capítulo será tratado com detalhes o uso dessa metodologia.
Para o desenvolvimento da ferramenta, foram utilizadas algumas práticas em que se
baseia o XP, como: cliente presente, código coletivo, releases curtos, entre outras. O Capítulo
4 aborda o assunto detalhadamente. Os requisitos evoluíram ao longo desta pesquisa e várias
versões da ferramenta foram geradas, aplicadas e testadas.
1.4 AMBIENTE DA PESQUISA
O ambiente de realização do trabalho foi no Laboratório de Estudos do Usuário e da
Qualidade de Uso de Software – LUQS, situado na Universidade de Fortaleza – UNIFOR,
onde aconteceu o desenvolvimento da ferramenta, como também a realização dos cursos que
serviram para testá-la. O Capítulo 5 descreve detalhadamente esse ambiente e os cursos
realizados no LUQS.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho é composto por mais cinco capítulos além desta introdução, organizados
da seguinte forma:
O segundo capítulo inicialmente descreve o projeto que motivou o
desenvolvimento deste trabalho. Em seguida são apresentados alguns trabalhos
relacionados e uma análise comparativa entre eles, finalizando com a motivação
para esta pesquisa juntamente com uma análise de requisitos iniciais.
O terceiro capítulo trata da ferramenta proposta neste trabalho. Apresenta-se a
estrutura desenvolvida e os módulos que a compõem, assim como a
responsabilidade de cada módulo dentro da ferramenta. Por fim, são mostrados
alguns cenários para maior compreensão.
O capítulo quatro descreve contribuições e processos utilizados para o
desenvolvimento do trabalho. Finalizando com a viabilidade da solução,
21
considerando alguns fatores importantes relacionados ao ambiente de execução
do mesmo.
No capítulo cinco apresenta-se a utilização da ferramenta desenvolvida neste
trabalho juntamente com o projeto que motivou. Neste capítulo são mostrados
cursos elaborados com a ferramenta proposta.
Por fim, são descritas no capítulo 6 as contribuições e conclusões obtidas
durante o desenvolvimento deste trabalho, bem como sugestões de trabalhos
futuros.
22
2 CONTEXTUALIZAÇÃO E MOTIVAÇÃO PARA
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO PARA O SBTVD
Este capítulo visa introduzir ao leitor o quê motivou o desenvolvimento do trabalho em
questão e também como foram realizados os primeiros passos, como: estudos sobre as
ferramentas de autorias existentes na literatura, necessidade de criar uma nova ferramenta e
levantamento de requisitos dessa ferramenta.
2.1 PROJETO RH-TVD
É esperado que a interatividade na TV digital leve a população brasileira a se
motivar e participar dos programas governamentais tanto educativos, sociais, políticos,
etc. Esta expectativa tem sido comprovada em (FURTADO et al., 2009) que mostrou que
um dos facilitadores para esta motivação é o fato do povo brasileiro “amar” assistir TV,
sendo esta, muitas vezes, o único recurso para entretenimento em muitos domicílios. O
povo brasileiro se envolve com o conteúdo televisivo tendo motivação para programas
participativos. Os recursos existentes hoje em dia, que permitem telespectadores
interagirem com os programas de TV, já têm demonstrado quão grande é o
envolvimento do público brasileiro com estas iniciativas. São os casos dos programas
que requerem a “opinião” do usuário, dentre eles: Big Brother Brasil (Rede Globo),
Programa da Tarde (Rede Record), Ídolos (SBT), Pra Valer (Rede Bandeirantes) e A
Tarde é Sua (RedeTV!). Para isto, telespectadores fazem uso da internet, de ligação
telefônica, de envio de mensagem de texto, e ainda muito pouco uso do controle remoto.
Mas a expectativa é usufruir mais do avanço tecnológico da TV digital para este fim.
23
Neste mesmo sentido, ainda se espera que a interatividade através da TV digital
possa ser uma promissora plataforma para viabilizar o uso de jogos educacionais,
especificamente a EAD.
Com mais recursos tecnológicos dos que os existentes hoje em dia para viabilizar a
EAD via TV, acredita-se que esta modalidade de ensino deverá ser um ato de produção
de conteúdo interessante, lúdico, de envolvimento do aluno com o conteúdo, de emoção,
e permitindo, a interação em mão dupla (isto é com retorno de resposta para o
questionador, no caso, o(s) aluno(s)).
Desta forma, um grupo de instituições formado pela UNIFOR e Universidade Federal
do Ceará - UFC, motivado por suas experiências com interatividade para TV Digital em
projetos de pesquisa e EAD resolveu desenvolver um projeto com o foco na qualidade da
interação envolvendo o uso do conteúdo apresentado na TV, intitulado “Formação de
Recursos Humanos para o desenvolvimento da Educação a Distância através da TV Digital
Interativa Brasileira: Um olhar MultiDisciplinar que norteia esta nova mídia na educação”,
também conhecido como RH-TVD.
O projeto RH-TVD tem como foco a formação de profissionais para promover a
Educação a Distância através da TV. A formação de recursos humanos envolve, então, esta
vertente tecnológica, composta dos seguintes temas: interatividade, educação e tratamento de
imagens. O projeto RH-TVD conta também com todo o embasamento pedagógico para
garantir não somente a qualidade do conteúdo, mas também da forma como o usuário irá
aprender.
2.1.1 Objetivos do projeto
Para o desenvolvimento do projeto RH-TVD as instituições envolvidas listaram os
seguintes objetivos:
Desenvolver um framework de produção de conteúdo educativo integrado a um módulo
de visualização do conteúdo na TV digital, capaz de promover o social e a
participação;
Estudar novos conceitos e formas de interação com a TV digital, a fim de estender a
experiência do usuário integrando diferentes mídias e criando novas formas de
interação;
24
Elaborar conteúdos digitais educativos, como jogos educativos, e outros serviços de
apoio à participação;
Viabilizar a infraestrutura necessária para a transmissão dos cursos;
Realizar cursos através da TV digital de acordo com a metodologia de formação que
será elaborada neste projeto;
Realizar cursos presenciais de pós-graduação strito sensu, nas áreas de: Interação
Humano-Computador, Desenvolvimento de aplicações para TV digital, Jogos
Educativos, Processamento Digital de Imagens, Visão Computacional, Algoritmos de
Aprendizagem, Compactação, Compressão e Transmissão de Áudio e Vídeo e;
Avaliar os cursos realizados.
Para se atingir esses objetivos do projeto, foi debatido no grupo que era necessário ter a
infraestrutura de um ambiente de EAD para TV Digital. Por isso foram identificadas
características essenciais para uma ferramenta de autoria para produção do conteúdo
educativo interativo. Tal ferramenta é o T-VILO Tool e foi inicialmente definida para ter as
seguintes características:
Ferramenta de produção e visualização de conteúdo integrado na TV Digital
Para realização dos cursos através da TV Digital foi levantada a necessidade de uma
ferramenta, cujo produtor de conteúdo consiga elaborar seus cursos com conteúdos interativos
e que seja possível a atualização deste conteúdo de forma fácil.
Essa ferramenta tem que ter todas as mídias as quais o produtor de conteúdo acha
necessárias para a produção de um conteúdo interativo e que sejam compatíveis com o
SBTVD, como imagens, textos e questões.
Novos conceitos e formas de interação com a TV Digital
Também foram analisados novos conceitos e formas de interação, por exemplo, o uso
de celular para interagir com o conteúdo produzido pelo produtor de conteúdo, mesmo sem o
telespectador está em frente à televisão. Outra característica interessante é o usuário poder
usar o celular para visualizar o conteúdo extra, isto é, conteúdos complementares ao conteúdo
principal transmitido. Esse conceito será abordado com mais detalhes no capítulo 3.
25
Prover suporte à participação por parte do telespectador
Para analisar alguns critérios de interação entre o telespectador e uma aplicação para
TVDI, e analisar também a interação entre o telespectador e o conteúdo produzido, foi
levantada a necessidade do produtor de conteúdo receber feedback dos telespectadores, como:
dúvidas, sugestões, etc.
Geração de aplicação compatível com SBTVD
Por ser um projeto de realização de cursos através da TV Digital e por ser realizado no
Brasil, a ferramenta de autoria tem que gerar uma aplicação para TV Digital compatível com
o Sistema Brasileiro de Televisão Digital. Tal aplicação deve permitir o acesso ao conteúdo
gerado;
Atualização de conteúdo em tempo real
Essa característica foi levantada devido à ausência de técnicos em toda etapa da
publicação, assim, a ideia do projeto é reduzir o número de etapas envolvidas no processo de
publicação, indo, desde a criação do conteúdo, até a sua recepção pelos telespectadores.
Facilidade na produção de conteúdo
Por ser uma ferramenta desenvolvida para os educadores produzirem conteúdos para
serem apresentados via uma aplicação para a TV Digital, esta ferramenta não pode ter como
pré-requisitos conhecimentos técnicos, por exemplo, âncoras, links e nós. Tem que ser uma
ferramenta de fácil manuseio e composta de componentes intuitivos.
Facilidade na instalação do ambiente de desenvolvimento do conteúdo
Uma característica importante é a facilidade na instalação do ambiente de produção de
conteúdo. Ferramentas baseadas em ambiente desktop requerem normalmente bem mais pré-
requisitos do que ferramentas baseadas em ambiente WEB. Este é um fator diferencial na
ferramenta escolhida para o desenvolvimento de conteúdo educativo para TV Digital. A
ferramenta será utilizada por professores e não por técnicos.
26
2.2 FERRAMENTAS DE AUTORIA PARA TELEVISÃO DIGITAL
Antes de se desenvolver tal ferramenta, neste trabalho algumas ferramentas de autoria
para TV Digital foram analisadas. Essas ferramentas serão descritas considerando sua origem,
composição, forma de implementação, funcionalidades e tipos de usuários.
2.2.1 Composer
O Composer (GUIMARÃES, 2007), ilustrado na Figura 1, é uma ferramenta de autoria,
desenvolvida pelos pesquisadores do laboratório TeleMídia da PUC-RJ, destinada a ambiente
desktop. Essa ferramenta baseia-se no conceito de múltiplas visões gerando conteúdos para o
padrão brasileiro. Cada uma dessas visões destaca uma particularidade do documento e pode
ser mais adequada para um perfil de usuário. Essas visões são: Visão Textual, Visão Gráfica
Estrutural, Visão Gráfica de Laiaute e uma Visão Gráfica Temporal. Então, no caso de um
usuário com perfil de desenvolvedor de software para TV Digital, a visão Textual lhe
permitiria um maior controle na elaboração do conteúdo interativo. Para um usuário que não
conhece sobre desenvolvimento de software para TV Digital, o uso das visões gráficas seria
mais adequado, devido exigir menos conhecimentos técnicos.
Figura 1 - Composer 2.2
27
2.2.2 Jame Author
Jame Author (QSJAME, 2007) é um ambiente de autoria que tem por objetivo facilitar a
criação de programas voltados para TVDI no middleware MHP/OCAP (OpenCable
Application Plataform).
Essa ferramenta, executada em ambiente desktop, visa facilitar a criação de programas
atendendo a uma classe especial de aplicativos, chamados de “page-based services” (serviços
baseados em páginas). Esses aplicativos são compostos por páginas, nas quais é possível se
navegar de maneira muito semelhante à navegação na Web. Essas páginas são descritas por
meio de uma linguagem chamada JAME PDL (JAME Page Description Language)
(QSJAME, 2007), a qual é baseada em XML.
O ambiente, ilustrado pela Figura 2, possui um emulador MHP integrado, permitindo ao
autor executar e validar o trabalho à medida que o mesmo está sendo produzido.
Figura 2 - Jame Author: Ambiente de autoria para o padrão MHP
2.2.3 Cardinal Studio
Cardinal Studio (CARDINAL, 2007) é uma ferramenta de autoria que roda em
ambiente desktop de forma gráfica destinada aos criadores de conteúdo de TVDI para o
padrão Europeu DVB-MHP. A ferramenta não exige nenhum conhecimento técnico
específico. Possui uma interface de usuário intuitiva e os serviços interativos podem ser
criados a partir do zero ou ainda usando templates pré-concebidos. Desta forma, usuários
28
avançados podem desenvolver componentes e integrá-los à ferramenta a fim de estender suas
funcionalidades, ao passo que não programadores investem seu tempo apenas no processo de
criação usando os templates. A ferramenta também permite a concepção integral do ciclo de
teste: após a criação, um aplicativo pode ser testado no Studio emulator e num STB, com
rapidez e facilidade.
2.2.4 Alti Composer
O Alti Composer (ALTICAST, 2008) é uma ferramenta desktop baseada em JAVA que
suporta o padrão de transmissão digital DVB-MHP (SOARES et al., 2004), que foi concebida
com o intuito de ser útil tanto a usuários programadores JAVA quanto a não programadores.
Para contemplá-los, a ferramenta possui uma interface intuitiva e funcional no qual se pode
interagir por meio de clicks do mouse criando aplicações interativas. Dessa forma, operá-la se
torna uma tarefa simples. Para programadores mais experientes, de forma semelhante ao
Cardinal StudioTM, é possível criar componentes personalizados e estender a API
(Application Programming Interface) CDK (Component Development Kit) da ferramenta.
O ambiente, representado na Figura 3, possui um emulador MHP que permite a
depuração à medida que os aplicativos estão sendo desenvolvidos.
Figura 3 - Ambiente de autoria Alti Composer
29
2.2.5 ITV Project
O ITV Project (OLIVEIRA et al., 2008) é uma ferramenta de autoria baseada em um
ambiente Web, compatível tanto com padrão MHP quanto com o Sistema Brasileiro de TV
Digital. Seu principal objetivo é o desenvolvimento rápido de aplicativos para TVDI por meio
da edição visual de componentes. Com essa ferramenta, é possível adicionar gráficos a GUIs
e gerenciar tanto eventos associados a cada componente quanto à navegação entre as
diferentes telas da aplicação.
O ITV Project, ilustrado na Figura 4, é conectado ao framework TUIG (OLIVEIRA et
al., 2008), atuando, apenas, como um front-end para o usuário. O resultado final gerado pelo o
ITV Project é um XML que é compatível com o framework TUIG. Então, o ITV Project gera
os XMLs, porém o framework TUIG é o responsável em interpretá-los e gerar a aplicação
interativa.
Figura 4 - ITV Project
2.2.6 Contextual Ginga
A Contextual Ginga (CARVALHO & FERRAZ, 2010) é uma ferramenta de autoria
desenvolvida em Java para ambiente desktop que permite a produção de aplicações interativas
sensíveis ao contexto para TV digital.
Para a utilização do Contextual Ginga, o usuário não precisa conhecimento sobre
30
programação para criar aplicações para TV Digital, pois a ferramenta em questão gera
aplicações que são executadas na plataforma Ginga-NCL. A Figura 5 ilustra o ambiente para
produção de aplicações interativas.
Figura 5 - Contextual Ginga
2.2.7 CUICA
CUICA (SOARES, 2007), ilustrado na Figura 6, é uma aplicação de autoria baseada no
ambiente WEB para o padrão de Televisão Digital Europeu DVB-MHP. Esta ferramenta tem
como objetivo criar, editar e publicar conteúdos para Televisão Digital de forma fácil e ágil.
Possui manipulação de templates, opção de pré-visualizar o conteúdo produzido e exportar
para um formato XML.
31
Figura 6 - CUICA ferramenta de autoria em ambiente WEB
2.3 COMPARAÇÃO ENTRE AS FERRAMENTAS DE AUTORIA
Foi realizada uma análise comparativa entre as ferramentas citadas anteriormente. As
ferramentas Jame Author, Cardinal Studio, AltiComposer e Cuica são compatíveis somente
com o padrão Europeu de TV Digital, o MHP. Apenas o Composer, iTV Project e Contextual
Ginga são compatíveis com o SBTVD, que é um dos pré-requisitos do framework que deve
ser utilizado para o projeto RH-TVD.
Entre as três ferramentas compatíveis com o SBTVD, somente o iTV Project roda em
ambiente WEB, que tem como vantagens: redução de pré-requisitos de instalação,
necessitando de apenas um navegador e o computador conectado, e a disponibilização do
conteúdo produzido de qualquer dispositivo com acesso a internet.
Apesar do iTV Project ser compatível com o SBTVD, possuir uma estrutura baseada em
ambiente WEB, e não requerer conhecimentos técnicos para elaboração de aplicação para TV
Digital, não oferece suporte a novas formas de interação com a TV Digital e não disponibiliza
uma forma de visualização de feedbacks dos telespectadores, como a visualização de
mensagens.
32
Seguem, na Tabela 1, as principais características analisadas entre as ferramentas de
autoria, de acordo com os objetivos do projeto RH-TVD.
Compatível
com SBTVD
Necessidade de
conhecimentos
técnicos
Visualizar
feedbacks dos
usuários
Novas formas
de interação
com TVD
Composer SIM SIM NÃO NÃO
Jame Author NÃO NÃO NÃO NÃO
Cardinal Studio NÃO NÃO NÃO NÃO
AltiComposer NÃO NÃO NÃO NÃO
iTV Project SIM NÃO NÃO NÃO
Contextual
Ginga SIM NÃO NÃO NÃO
Cuica NÃO NÃO NÃO NÃO
Tabela 1 - Comparação entre ferramentas de autoria
Tendo em vista a análise realizada entre as ferramentas de autoria existentes, foi
constatado que nenhuma delas atendia ao projeto RH-TVD, tornando, assim, necessário o
desenvolvimento de uma arquitetura que atendesse todas as características levantadas
anteriormente.
2.4 ABORDAGEM INICIAL PARA LEVANTAMENTO DE
REQUISITOS
Considerando que este trabalho é realizado no âmbito de um laboratório de usabilidade,
localizado em uma universidade, técnicas de IHC (interação humano-computador) foram
aplicadas como ponto de partida para levantar requisitos e desenvolver as características
descritas no projeto RH-TVD. Especificamente, levantar requisitos para desenvolver a
33
Ferramenta de produção de conteúdo educativo e de interação com o conteúdo via a
TVDI e celular. Essa ferramenta foi considerada na dissertação de Mendes (MENDES,
2009), sendo composta de dois módulos: módulo web e módulo TVD, direcionados a dois
tipos de usuários: professor (conteudista) e aluno (telespectador). O professor seria o
responsável pela criação do conteúdo educativo e o aluno iria visualizar e interagir com esse
conteúdo por meio da TVD e do celular. Na presente dissertação, esses dois módulos farão
parte da ferramenta T-VILO Tool, descrita no próximo capítulo, onde são chamados T-VILO
Maker e T-VILO Viewer, respectivamente. Diferentemente desta dissertação, em que houve o
desenvolvimento, implementação e avaliação dessa ferramenta, na dissertação de Mendes,
houve apenas o levantamento de requisitos desses dois módulos seguindo a metodologia
DIRCE. No restante deste capitulo, será apresentada parte dessa metodologia para ilustrar a
aplicação da técnica de IHC numa experiência com os potenciais envolvidos do projeto e os
requisitos identificados como resultados dessa experiência. Os participantes da experiência
foram: a equipe responsável por desenvolver o sistema e professores, futuros usuários do
sistema.
A técnica de IHC aplicada foi a prototipagem da experiência (CHUNG et al. 2004),
visando auxiliar os profissionais a fazerem diversas reflexões: como fazer com que
professores acostumados a preparar aulas presencialmente, criassem aulas em um sistema web
para serem visualizadas na TVD? Como os professores preparariam suas aulas? Como eles
aproveitariam o que já fizeram? Quais seriam suas dificuldades? Respostas para essas
questões deveriam ser pensadas de forma prática com a manipulação de diversos aspectos da
interação. Por isso na experiência houve a disponibilização para os participantes de diversos
materiais em papéis, que os fizessem tratar esses aspectos e que estão diretamente
relacionados a possíveis conteúdos digitais criados. Do lado (a) da Figura 7, estão os papéis
representando os tipos de mídias que podem compor um conteúdo e do lado (b), estão os
papéis representando os ícones dos seguintes aspectos estudados: acessibilidade, direitos
autorais, segurança, compartilhamento, colaboração e privacidade.
34
(a) (b)
Figura 7 – Ícones representativos: (a) de mídias e (b) de aspectos da interação [Mendes, 2009]
Além disto, foi disponibilizada para os participantes da experiência uma cartolina, para
que os participantes distribuíssem os ícones à medida que fossem realizandos os cenários e
refletindo sobre as respostas para as questões investigadas.
Os cenários da prototipagem da experiência realizados pelos participantes foram:
Cenário 1 – Elaboração de aulas presenciais:
o Reflexão: como se dá a preparação de suas aulas presenciais atualmente?
Cenário 2 – Elaboração de aulas para a TV digital:
o Reflexões: como esse novo sistema poderia ajudá-lo na elaboração de
suas aulas para a TV digital? Que dificuldades você teria para utilizar um
sistema como este?
Cenário 3 – Idealização da visão do aluno na TV digital;
o Reflexões: como os alunos iriam assistir a sua aula na TVD? Que fatores
influenciariam no seu uso para criação de conteúdo ou no uso do aluno
para a interação com o conteúdo?
A técnica foi aplicada com cinco profissionais, que compõem a equipe de
desenvolvimento (três desenvolvedores, um designer e um especialista em usabilidade) e com
sete professores de matemática, pesquisadores do projeto, que são os responsáveis em criar os
conteúdos educativos. O autor desta dissertação, um desenvolvedor para o projeto, foi um dos
participantes desta experiência.
35
A aplicação da experiência neste estudo de caso teve as seguintes características: sessão
individual; duração: 30 minutos a 1 hora e; acompanhamento: 1 a 2 observadores.
No início da aplicação da técnica de prototipagem da experiência, foi feita uma
contextualização ao participante. Os cenários foram explicados para o participante antes de
sua vivência e durante foram realizadas entrevistas contextuais, que implicavam em conversar
com o participante, enquanto ele realizava suas tarefas, combinando também a técnica de
observação.
A Figura 8 ilustra um momento de realização do primeiro cenário, quando o professor
apresenta suas experiências em ministrar aulas, manipulando papéis num espaço de
prototipagem, ressaltando suas necessidades para elaborar conteúdos para TVD.
Figura 8 - Participante elaborando T-VILOS (MENDES, 2009)
A Figura 9 ilustra um momento de realização do terceiro cenário, quando o professor
(um participante) fez um desenho sobre sua visão para a ferramenta de visualização de
conteúdo na TV.
Figura 9 - Representação da visão do aluno na TVD
Comportamentos como esses foram ajudando os desenvolvedores na definição de
requisitos. Os desenhos foram usados pelos designers do projeto para a construção de
alternativas para o projeto da interação. Os ícones representativos dos aspectos de interação
foram usados para definir pré-padrões, que deveriam ser considerados nos módulos.
36
A Figura 10 ilustra duas alternativas elaboradas para o modulo na TVD.
Figura 10 - Propostas de interface para a aplicação de visualização de conteúdos na TVD
Após a aplicação da experiência, houve uma reunião pós-experiência com todos
participantes. Nesta reunião foram explicados o processo e a descrição da experiência e foram
levantadas questões sobre a experiência no qual foi gerado um documento de requisitos para
os módulos.
A Tabela 2 ilustra os requisitos levantados como os pré-padrões associados para o T-
VILO Maker (MENDES, 2009).
Requisito Descrição / Observações Pré-padrão
Requisito de cadastro de
usuários
Cadastrar, excluir e alterar
usuários -
Requisito de acesso ao
sistema Login para usuário -
Requisitos de importação
e exportação
Inserir mídias (texto e imagens)
Inserir questionário
Inserir animação
Inserir objetos prontos
-
Inserir legendas Pré-padrão de acessibilidade. A1: Suporte
a acessibilidade
Compartilhamento de conteúdos Pré-padrão de compartilhamento. B1:
Criação colaborativa de conteúdos
Requisito de criação de
conteúdo
Criar, editar e abrir conteúdo Pré-padrão de direitos autorais. C1:
Avisos sobre o conteúdo autoral
Definir sequência de mídias
Publicar conteúdo
Pré-padrão de direitos autorais. C2:
Inclusão de créditos ou referências no
conteúdo
37
Requisitos de Interface
Visualizar conteúdo (preview do
aluno)
Visualizar sequência de mídias
Modelo de conteúdo
-
Tutorial do sistema
Dicas pedagógicas
Ajuda do sistema
Pré-padrão de usabilidade. G2: Ajuda em
cada funcionalidade do sistema
Reuso Pré-padrão de reuso. F1: Reuso de
conteúdo).
Estrutura de conteúdos por linha
do tempo;
estrutura de conteúdos por
árvore;
Pré-padrão pedagógico. G3: Ambiente de
planejamento do conteúdo
Pré-padrão de usabilidade. E1:
Localização do conteúdo no sistema
Requisito ambiente de
planejamento do
conteúdo
Criar, editar e excluir rótulo Pré-padrão pedagógico. G3: Ambiente de
planejamento do conteúdo
Requisito: feedback ao
conteudista
Respostas dos questionários;
Visualizar retorno da eficácia do
conteúdo e perguntas (mensagens
enviadas pelos alunos)
Visualizar interação do aluno
Pré-padrão de compartilhamento. B2:
Participação colaborativa dos usuários da
TVD no conteúdo;
Pré-padrão pedagógico. G1 - Retorno da
interação do usuário
Mensagens dos alunos publicadas
na TVD
Pré-padrão de segurança. D1: Moderação
de mensagens
Tabela 2 - Requisitos para o T-VILO Maker
A Tabela 3 ilustra os requisitos levantados como os pré-padrões associados para o T-
VILO Viewer (MENDES, 2009).
Requisito Descrição / Observações Pré-padrão
Requisito: possibilitar ao aluno uma
avaliação da aula fornecendo críticas e
sugestões
Está sendo considerado na tela
de enviar mensagem pelo aluno
Pré-padrão de
compartilhamento. B2:
Participação colaborativa
dos usuários da TVD no
conteúdo
Requisito: fornecer uma sequência
de uso para o aluno;
Está sendo considerado no
menu de conteúdo ( o professor
é quem vai fornecer a
sequencia)
-
Requisito: aluno livre para escolher que
conteúdo acessar primeiro (liberdade
de usar o que ele quiser e na hora que
ele quiser);
Navegação livre para que o
aluno escolha o que ver
primeiro (por meio do menu de
conteúdo)
-
Requisito: possibilitar uma visão geral
do curso para situar o aluno onde ele se
Tela da listagem de conteúdos e
uso de títulos na tela indicando
Pré-padrão de usabilidade.
E2: Localização do
38
encontra no conteúdo o conteúdo acessado, exemplo:
“Aula de matemática”
conteúdo na TVD
Tabela 3 - Requisitos para o T-VILO Viewer
Nem todos os requisitos definidos formam os requisitos necessários para a arquitetura
elaborada neste trabalho. Para o T-VILO Maker, os requisitos não considerados, com suas
devidas justificativas, foram os seguintes:
Cadastro de usuários, e consequentemente acesso ao sistema. Houve a decisão em não
fazer controle de usuários professores, deixando o sistema apto a ser usado por
qualquer usuário. Esta decisão foi baseada no fato de que, como se trata de um sistema
colaborativo, tipo WIKI, não é necessário haver controle de usuários. Porém esta
decisão não é irreversível. Se, com o decorrer do uso, for percebido que existe tal
necessidade, pode-se facilmente incluir um padrão de login.
Funções de importação e exportação. A metodologia de desenvolvimento da
ferramenta utilizada neste trabalho tem como premissa que o cliente priorize os
requisitos a serem desenvolvidos. Este requisito de importação e exportação de aulas
não foi priorizado para esta versão da ferramenta T-VILO Tool. Porém, não implica
que esse requisito seja desenvolvido ao longo do projeto.
Ambiente de planejamento do conteúdo. Considerando a organização do material
elaborado pelos professores, decidiu-se organizar as aulas no T-VILO de forma mais
específica: por conteúdo interativo e mídias ao invés de rótulos.
Existiram requisitos parcialmente considerados. Tratam-se daqueles em que nem toda
a descrição de um requisito foi considerada ou os pré-padrões associados não foram todos
considerados. As devidas justificativas para tais requisitos foram as seguintes:
Requisitos de Interface. Este requisito foi desenvolvido parcialmente devido não ter
todas as suas funcionalidades. A elaboração de dicas pedagógicas não foi inserida no
T-VILO Maker porque não se quis vincular a ferramenta a nenhuma abordagem
pedagógica em particular.
Os requisitos totalmente implementados no T-VILO Maker na forma como foram
modelados foram os seguintes:
Requisito de criação de conteúdo. Houve o atendimento a este requisito por poder
criar, editar e abrir conteúdo, haver a definição da seqüência de mídias e possibilitar a
publicação do conteúdo criado. Com relação aos pré-padrões de direitos autorais que
39
deveriam ser considerados, coloca-se que a solução para suportar C1: Avisos sobre o
conteúdo autoral e C2: Inclusão de créditos ou referências no conteúdo foi baseada na
disponibilidade de uma opção para o usuário colocar o seu nome associado ao
conteúdo criado. De forma que se um outro usuário for usar, ele vai saber quem criou
o conteúdo.
Requisito de feedback ao conteudista: Considerando que o feedback do telespectador é
de grande importância para o conteudista, foi desenvolvida uma possibilidade do
telespectador enviar mensagens de comentários, dúvidas ou até mesmo sugestões.
Assim, na ferramenta que o conteudista produz o conteúdo, ele vai poder visualizar as
mensagens.
Para o T-VILO Viewer, o requisito não considerado com suas devidas justificativas foi:
Possibilitar uma visão geral do curso para situar o aluno aonde ele se encontra
no conteúdo. Devido à complexidade de desenvolvimento de componentes em
NCLua, este requisito não foi implementado.
A seguir os requisitos parcialmente considerados com suas devidas justificativas para o
T-VILO Viewer foram:
Possibilitar ao aluno uma avaliação da aula fornecendo críticas e sugestões.
Devido também à complexidade para o desenvolvimento de um componente
para o envio de mensagens, este requisito não foi desenvolvido no módulo de
visualização do conteúdo. Como alternativa a esse requisito foi criada uma
forma de participação no módulo T-VILO Mobile (versão para celular).
Os requisitos totalmente implementados no T-Vilo Viewer na forma como foram
modelados foram os seguintes:
Fornecer uma sequência de uso para o aluno. Este requisito foi implementado
por completo da forma que foi descrito. No momento em que o professor está
elaborando o conteúdo, é definido o relacionamento entre as mídias, assim
como a sequência.
Aluno deve ser livre para escolher que conteúdo acessar primeiro (liberdade de
usar o que ele quiser e na hora que ele quiser). Com base nesse requisito, foi
40
criado um menu lateral na aplicação do T-VILO Viewer, onde o telespectador
(aluno) seleciona qual o material deseja visualizar.
Termina-se este capítulo informando que a ferramenta, proposta neste trabalho e
descrita no próximo capitulo, implementa os requisitos descritos e justificados. O uso dessa
ferramenta pelos profissionais, acompanhada da infraestrutura do laboratório LUQS, em
quatro estudos de casos atende todos os objetivos do projeto RH-TVD, anteriormente
mencionados. Menos o objetivo que requer a realização de cursos presenciais, pois não
necessita de uma solução tecnológica. Convém também ressaltar que a ferramenta atende a
todas as características anteriormente mencionadas.
41
3 T-VILO TOOL: UMA FERRAMENTA PARA
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO INTERATIVO BASEADO NO
SBTVD
Neste capítulo, antes de se explicar a ferramenta T-VILO Tool, apresenta-se o conceito
de T-VILO.
3.1 CONCEITOS BÁSICOS
T-VILO se refere a um vídeo interativo educacional para televisão e se diferencia dos
tradicionais objetos de aprendizagem por ampliar o acesso da população a esse tipo de recurso
educativo, disponibilizado até então apenas na Web a partir do uso do computador (LISBOA,
et al., 2010).
A concepção de um T-VILO partiu da experiência já existente dos VILOS - Video
Interactive Learning Objects, o que os difere são as novas perspectivas de uso no EaD tendo
com suporte os meios de comunicação mais utilizados pela população brasileira, a televisão e
o celular (GUSSI, 2009).
Um T-VILO é composto por dois elementos: vídeo e conteúdo interativo.
O Vídeo é o conteúdo principal, que é transmitido por uma Entidade transmissora, como
uma emissora de televisão. Este vídeo é gravado no formato 1080p60 (HDTV ou Full HD) ou
1080i24 (varredura entrelaçada - do inglês interlaced, dando HDTV 1080i) e convertido para
o formato H264.
Conteúdo interativo é um conjunto de mídias interativas interligadas. A associação entre
as mídias acontece de uma forma não sequencial, baseada na estrutura de dados de grafos. As
42
mídias interativas podem ser classificadas como: Texto, Imagem e Questão. Então, para
exemplificar pode-se ter um conteúdo interativo composto por sete mídias interativas, dentre
elas três textos, duas imagens e duas questões.
Importante ressaltar que a uma mídia interativa pode ser associado um conteúdo extra,
isto é, qualquer URL na internet, como: vídeos do youtube, textos, páginas, imagens, etc.
3.2 VISÃO GERAL DA FERRAMENTA
A ferramenta T-VILO Tool possui uma Arquitetura Orientada a Serviços (AOS) (ERL,
2005), que visa permitir maior interoperabilidade entre os módulos que a compõem. Os
serviços podem ser utilizados mesmo que cada módulo seja direcionado para certo
dispositivo, podendo até utilizar linguagens de programação diferentes. Em cada arquitetura,
o conceito de serviço pode ser distinto, por isso é importante esclarecer o que significa serviço
na arquitetura da ferramenta T-VILO Tool. Serviços são operações independentes relacionadas
à produção e à disponibilização de conteúdos interativos para os módulos que compõem a
arquitetura.
A Figura 11 ilustra uma visão geral da arquitetura T-VILO Tool. Essa arquitetura é
dividida nos seguintes módulos: o T-VILO Maker, utilizado na construção, configuração e
disponibilização do conteúdo interativo dos T-VILOs; o T-VILO Services, responsável pelo
armazenamento do conteúdo na base de dados, disponibilização de operações em forma de
serviços e validação dos conteúdos; o T-VILO Viewer que permite o acesso aos T-VILOs pela
televisão digital; e o T-VILO Mobile que possibilita o acesso aos T-VILOs por meio de
dispositivos móveis.
43
Figura 11 - Arquitetura T-VILO Tool
Considerando os conceitos de Arquitetura Orientada a Serviços (AOS), pode-se fazer
um relacionamento entre os módulos e os papéis de uma AOS. Assim, tem-se:
Consumidor de Serviço refere-se aos módulos T-VILO Maker, T-VILO Viewer e T-
VILO Mobile, os quais consomem os serviços oferecidos, tais como publicação de
conteúdo interativo ou uma sondagem de opinião.
Provedor de Serviços refere-se ao T-VILO Services, módulo da arquitetura que irá
disponibilizar os serviços.
3.3 MÓDULOS DA ARQUITETURA
Foi comentado, na seção anterior, que na arquitetura da ferramenta T-VILO Tool
existem quatro módulos. Nesta seção, serão descritos esses módulos de uma forma mais
ampla.
Apesar de cada módulo ter sido desenvolvido com tecnologias diferentes, não
ocorreram problemas de interoperabilidade, principalmente, por ter sido adotada a tecnologia
XML na comunicação entre os módulos, de forma que todas as tecnologias utilizadas nos
módulos possuem recursos para manipulação XML.
44
3.3.1 T-VILO Services
O T-VILO Services é o coração da ferramenta T-VILO Tool. Fazendo uma comparação
aos componentes de uma Arquitetura Orientada a Serviços, o T-VILO Services representa o
Provedor de Serviços.
O T-VILO Services disponibiliza todas as funcionalidades da ferramenta em forma de
serviços para que os outros módulos os usem em seu devido contexto. No T-VILO Services
ficam todas as validações necessárias para cada funcionalidade, além de ter a responsabilidade
de persistência das informações, geração de QRCode para transação de mídia para outros
dispositivos e o “parser” dos conteúdos da ferramenta para XML.
Para melhor entendimento das responsabilidades do T-VILO Services, foram criadas três
camadas com suas responsabilidades bem definidas. São elas: Service Layer, Business Layer e
Data Layer. Nos itens a seguir será detalhada cada uma dessas camadas.
3.3.1.1 Service Layer
A camada Service Layer do T-VILO Services é responsável pela a disponibilização das
operações em forma de Web Services para serem acessados por outros módulos da arquitetura.
Todas as operações realizadas no T-VILO Services passam pela camada Service Layer.
Existem operações que não necessitam de acesso ao banco de dados, por exemplo, a geração
das imagens de QRCode que será discutida em um tópico posterior, que passa pela camada de
Service Layer e Business Layer, mas não passa pela camada de Data Layer. Por ser uma
Arquitetura Orientada a Serviços, essa camada é indispensável na arquitetura.
Por ser a camada responsável por toda a comunicação dos outros módulos com o T-
VILO Services, o Service Layer também tem como responsabilidade fazer parse de XML para
objeto e de objeto para XML, caracterizando assim a interoperabilidade na arquitetura. Por
conta dessa interoperabilidade, foi possível aos outros módulos realizar chamadas de
operações disponibilizadas no T-VILO Services mesmo sendo eles desenvolvidos em
tecnologias diferentes.
A Figura 12 representa o XML referente a um conteúdo interativo educacional gerado
pelo T-VILO Services, mais precisamente na camada Service Layer. Este XML é
45
disponibilizado ao T-VILO Viewer para ser acessado pelo telespectador.
Figura 12 - XML acessado pelo T-VILO Viewer
3.3.1.2 Business Layer
Business Layer é a camada responsável por todas as regras de negócios e validações da
ferramenta T-VILO Tool. Nesta camada são realizadas validações do conteúdo produzido no
T-VILO Maker antes de ser persistido em banco de dados pela camada Data Layer, que
também está localizada no módulo T-VILO Services. Um exemplo de validação realizada
nesta camada é se o conteúdo que está sendo elaborado possui todos os dados obrigatórios
preenchidos, ou se todas as mídias estão interligadas.
Outra função de responsabilidade do Business Layer é selecionar o conteúdo que será
disponibilizado para exibição do T-VILO Viewer. Nesse caso, a camada Business Layer
comunica-se com a camada Data Layer filtrando o conteúdo que estará disponível para ser
exibido no T-VILO Viewer. Após essa etapa, o conteúdo é repassado para a camada Service
Layer, que faz o parse do mesmo para o formato XML, e disponibiliza para o T-VILO Viewer.
Como exemplo, nesta camada é realizada a validação do conteúdo cadastrado.
46
3.3.1.3 Data Layer
A camada Data Layer tem como função exclusiva a persistência e recuperação dos
conteúdos previamente persistidos no banco de dados. Nesta camada estão localizados os
DAO’s (Data Access Object), que por sua vez recebem os conteúdos em forma de objetos e
persistem em banco de dados. Algumas validações referentes ao banco de dados também são
realizadas nessa camada, por exemplo, campo que não pode ser vazio, ou propriedades do tipo
inteiro as quais não podem assumir valores do tipo texto.
3.3.2 T-VILO Maker
O T-VILO Maker é uma ferramenta Web para construção de conteúdos interativos (T-
VILOs) que serão acessados por diversos dispositivos. No desenvolvimento do T-VILO
Maker foram utilizadas as tecnologias Adobe Flex e Action Script 3.0.
3.3.2.1 Criação de Conteúdo
Para a construção de um conteúdo, o T-VILO Maker disponibiliza três tipos de mídias:
Imagem, Texto e Questão.
Com o tipo Imagem é possível adicionar qualquer imagem que esteja hospedada em
alguma URL na internet, adicionando um título que é exibido no T-VILO Viewer, no
momento que o conteúdo é exibido. Como pode ser observado na Figura 13, após inserir a
URL, é possível realizar a pré-visualização da imagem no formulário.
47
Figura 13 - Tipo de mídia Imagem
Com o tipo de mídia Texto o produtor de conteúdo pode inserir textos com até 1000
caracteres. O número de caracteres foi definido depois de alguns testes realizados devido à
limitação de exibir grandes textos na tela de TV. Para cada texto que compõe o conteúdo é
necessário adicionar também um título, cujo formulário de edição pode ser observado na
Figura 14.
48
Figura 14 - Tipo de mídia Texto
O último e talvez o mais importante tipo de mídia seja a Questão. Com esse tipo, o
produtor de conteúdo pode criar fluxos alternativos de acordo com a resposta selecionada pelo
telespectador. Os campos que formam o objeto de mídia questão são: pergunta e alternativas.
Como descrito anteriormente, cada alternativa pode direcionar para uma mídia diferente,
como ilustrado na Figura 15.
Figura 15 - Tipo de mídia Questão
Os conteúdos interativos gerados pelo T-VILO Maker apresentam uma estrutura
49
orientada a grafo, fazendo uma analogia ao conceito de uma estrutura de dados baseada em
grafos. Cada nó representa uma mídia e as arestas são as ligações entre as mídias (nós), por
exemplo, uma aresta entre dois textos (nós), determina que ao término da visualização do
texto do nó origem, o texto do nó destino será exibido.
O T-VILO Maker faz o mapeamento existente entre as mídias interativas em um arquivo
XML. Nesse arquivo XML, serão representadas todas as relações entre as mídias, tais como
ordem e tempo de execução das mídias, sincronismo, atribuições temporais, entre outros.
Então, esse arquivo XML é enviado para o módulo T-VILO Services que é responsável pelo
parse do XML para objeto, validação e persistência do conteúdo, como foi descrito no tópico
anterior, de forma que esse conteúdo possa ser disponibilizado para ser utilizado pelos
módulos T-VILO Viewer e T-VILO Mobile.
Para contextualizar o conceito de fluxo alternativo em um grafo, a Figura 16 representa
um cenário, no qual o produtor de conteúdo elabora um conteúdo interativo com quatro
objetos de mídias do tipo Texto, um do tipo Imagem e um do tipo Questão. Como pode ser
observado na Figura 14, existe um fluxo alternativo, dependendo da opção selecionada. A
Pergunta é: “Quantos módulos compõem a ferramenta T-VILO Tool?” as alternativas são: “3
módulos” e “4 módulos”. Caso o telespectador selecione a opção correta, isto é, “4 módulos”,
o próximo conteúdo a ser mostrado será um texto com “Parabéns, você finalizou a aula sobre
T-VILO Tool”. Caso o telespectador selecione “3 módulos”, o telespectador será direcionado
para o texto “Que pena, você errou. Vamos revisar o texto sobre T-VILO Tool.”, voltando,
assim, para o texto com a explicação do conceito novamente.
Figura 16 - T-VILO Maker: Produção de conteúdo interativo
50
Essa flexibilidade de elaboração do conteúdo com fluxo alternativo é importante para o
produtor de conteúdo, principalmente, no contexto de Educação a Distância.
Todos os tipos de mídias possuem em seus formulários os campos Conteúdo Extra e Nó
Inicial. Conteúdo Extra é o conteúdo complementar, cuja visualização não é essencial para
entendimento do conteúdo como um todo. O campo Nó Inicial é a primeira mídia exibida no
momento que o conteúdo for acessado pelo T-VILO Viewer. Existe a necessidade desse
campo devido ao relacionamento entre as mídias ser baseado em grafo. No contexto do grafo
pode-se também chamá-lo “Nó raiz”.
3.3.2.2 Reaproveitamento de Conteúdos
Outro requisito importante no T-VILO Maker é o reaproveitamento de conteúdos
criados previamente. Na interface de criação de um novo conteúdo, há uma árvore de
conteúdos organizados em pastas, de onde o produtor do novo conteúdo pode reutilizar mídias
cadastradas anteriormente.
Figura 17 - Lista de conteúdos
Na listagem de conteúdos (ver na Figura 17), é utilizada uma iconografia para
representar o tipo de conteúdo que compõe uma aula. Dessa forma, por meio do título e do
ícone que representam o tipo de conteúdo, fica fácil para o produtor de conteúdo identificar o
conteúdo que deseja reutilizar. É importante ressaltar que, caso o produtor de conteúdo
51
reutilize alguma mídia previamente cadastrada, esta poderá ser alterada na aula que está sendo
produzida, porém, sem afetar a aula produzida anteriormente.
Todos os formulários de mídia possuem um padrão de interface gráfica na distribuição
dos elementos. Por exemplo, as interfaces possuem os botões Limpar, Confirmar e Cancelar
no final do formulário, visando a consistência da ferramenta. Uma preocupação no
desenvolvimento do T-VILO Maker foi criar uma ferramenta de fácil uso. Foram explorados
os componentes e artifícios como árvore de conteúdos, drag and drop, animações, etc, que
caracterizam o T-VILO Maker como uma aplicação RIA (Rich Internet Application).
3.3.2.3 Pré-Visualização
Um requisito importante que não foi encontrado nas ferramentas de autoria que foram
analisadas neste trabalho é a pré-visualização da aplicação interativa. O T-VILO Maker possui
um pré-visualizador, através do qual o produtor de conteúdo pode verificar como o conteúdo
interativo será apresentado para o telespectador antes mesmo de publicá-lo. Com isso, o
produtor pode verificar se a imagem utilizada está no tamanho adequado ou até mesmo
verificar se a navegabilidade do conteúdo está de acordo com o que foi pensado. A Figura 18
ilustra o momento em que o produtor pré-visualiza o conteúdo antes de publicá-lo, enquanto
que a Figura 19 mostra o conteúdo já publicado sendo visualizado na televisão.
Figura 18 - Pré-Visualização T-VILO Maker
Figura 19 - Conteúdo em ambiente real
52
3.3.2.4 Publicação de Conteúdo
O T-VILO Maker também disponibiliza uma opção de gerar aplicação, isto é, gerar o T-
VILO Viewer em um de seus formatos de interatividade: interatividade local ou interatividade
remota. Serão detalhados os dois formatos do T-VILO Viewer em um tópico posterior. Gerar a
aplicação disponível por meio da opção “exportar conteúdos selecionados” do T-VILO Maker,
significa compactar os arquivos que compõem o T-VILO Viewer juntamente com o XML
criado com todo conteúdo interativo selecionado no T-VILO Maker. A Figura 20 ilustra o
momento que um conteúdo foi selecionado na lista de conteúdos e o T-VILO Maker gerou o
arquivo “tvilomaker.zip” com o conteúdo selecionado.
Figura 20 - Gerar aplicação por meio do T-VILO Maker
Após o T-VILO Maker gerar a aplicação referente ao conteúdo selecionado, este arquivo
está pronto para ser transmitido para os telespectadores.
3.3.2.5 Visualização de Feedbacks de Usuários
No T-VILO Maker o produtor de conteúdo tem acesso ao feedback dos telespectadores,
que podem ser comentários, sugestões ou até mesmo perguntas. Esse feedback é importante
pois analisando-o é possível criar conteúdos mais interessantes ou até mesmo mais
esclarecedores. Hoje em dia as emissoras utilizam outros meios para obter esse feedback do
telespectador, como internet e celular.
Observa-se, na Figura 21, que os feedbacks são disponibilizados em uma listagem
53
dentro do T-VILO Maker. O produtor tem acesso ao nome do remetente, assunto, data do
envio da mensagem e a mensagem propriamente dita.
Figura 21 - Lista de mensagens enviadas pelo telespectador
3.3.3 T-VILO Viewer
T-VILO Viewer é uma aplicação desenvolvida em NCL/Lua que permite a visualização
do conteúdo produzido no T-VILO Maker na TVDI. O T-VILO Viewer, ilustrado na Figura 22,
é recebido pelo STB por broadcast, em seguida, processado pelo middleware Ginga e, então,
quando é apresentado para o usuário, recebe as mídias por demanda e o arquivo XML. Tal
arquivo foi produzido pelo T-VILO Maker, e contém a ordem de exibição das mídias
interativas.
O usuário interage com o conteúdo transmitido usando o controle remoto da televisão.
O T-VILO Viewer dá a possibilidade de o usuário efetuar uma transição do conteúdo que está
sendo visualizado na televisão para outro dispositivo. Por meio deste módulo, o usuário
também consegue enviar sugestões, comentários ou dúvidas para o produtor de conteúdo.
54
Figura 22 - Visualização de conteúdo no T-VILO Viewer
3.3.3.1 Tipo de Interatividade
O T-VILO Viewer é disponibilizado em duas versões: na primeira versão, o conteúdo e o
XML são requisitados dinamicamente por meio do canal de retorno ao T-VILO Services,
classificada como Interatividade Remota. Na segunda versão, o conteúdo e o XML são
anexados ao T-VILO Viewer no momento de sua geração no T-VILO Maker, transmitidos por
meio de broadcast, assim, não havendo a necessidade do uso do canal de retorno para
requisitar o conteúdo sob demanda. Classifica-se como Interatividade Local.
De acordo com Tonieto (TONIETO, 2006), uma aplicação é classificada de
interatividade local, se ela restringe interagir com o receptor digital, sem utilização de um
canal de retorno. A ampliação deste modelo, possibilitando o envio de informações do
receptor para o operador é classificada como interatividade remota (Tonieto, 2006).
3.3.3.1.1 Interatividade Remota
A versão do T-VILO Viewer com Interatividade remota tem como principal vantagem a
requisição do conteúdo sob demanda, isto significa que, caso o produtor altere o conteúdo por
meio da ferramenta T-VILO Maker, e o mesmo seja requisitado posteriormente pelo usuário,
essa alteração será automaticamente aplicada. Observa-se, na Figura 23, que o XML com
conteúdo é trafegado por meio do canal de retorno, caracterizando esta solução como uma
55
solução dependente do mesmo.
Figura 23 - Requisição de conteúdos por meio do canal de retorno
3.3.3.1.2 Interatividade Local
T-VILO Viewer com interatividade local é uma versão que não necessita do canal de
retorno para obter e exibir o conteúdo produzido no T-VILO Maker. No momento em que o T-
VILO Viewer é gerado com as configurações de interatividade local para um ou mais
conteúdos interativos, todas as mídias interativas que os compõem, isto é, imagens, textos e
questões, juntamente com o XML de ligações entre as mídias interativas são anexadas. Dessa
forma, quando a aplicação é iniciada no STB após ter sido transmitida por broadcast, todo
conteúdo e o relacionamento entre os mesmos, são lidos localmente, sem a necessidade do
canal de retorno. Porém, como desvantagem, caso o conteúdo seja alterado no T-VILO Maker,
é necessário gerar um novo T-VILO Viewer e enviá-lo novamente por broadcast.
3.3.3.2 Transição de Conteúdo extra
Por meio do T-VILO Viewer o telespectador pode transacionar o conteúdo extra
previamente cadastrado para outro dispositivo, por exemplo, o celular. Caso a mídia que o
telespectador esteja acessando tenha um conteúdo extra relacionado, como um vídeo do
Youtube ou outro site qualquer, o QRCode referente ao mesmo será exibido no canto inferior
esquerdo da tela, como se pode observar na Figura 24.
56
Figura 24 - Uso do QRCode para conteúdo extra
3.3.3.3 Disponibilização do conteúdo de áudio e vídeo
A aplicação não sobrepõe o vídeo porque o conteúdo interativo está diretamente ligado
à programação de áudio e vídeo da televisão. No momento em que o telespectador decide
interagir com o conteúdo, é feita uma redução para o canto superior esquerdo do vídeo da
programação, permitindo, assim, o telespectador continuar acompanhando a programação,
enquanto interage com o conteúdo.
3.3.3.4 Navegabilidade na aplicação
Para navegar nas funcionalidades principais, o telespectador utiliza os botões coloridos
do controle remoto, por exemplo, o botão vermelho do controle para acessar o menu de
qualquer parte da aplicação.
A navegação no menu da aplicação é realizada por meio dos números do controle
remoto, dessa forma, o telespectador tem a liberdade de escolher qual o conteúdo interativo
deseja acompanhar.
As setas são utilizadas para passar para o conteúdo anterior ou próximo, isso se o
conteúdo que estiver sendo exibido não for uma questão. No caso da questão como foi dito
anteriormente, a navegabilidade está associada a uma alternativa. Importante ressaltar que por
não ser uma estrutura sequencial, foi utilizado o algoritmo de pilha para que fosse possível
57
voltar ao ponto anterior acessado pelo telespectador.
Figura 25 - Pilha Navegabilidade do Conteúdo
Imagine o seguinte cenário que está sendo representado na Figura 25. O telespectador
navegou pelo conteúdo 1, conteúdo 2, conteúdo 3 e conteúdo 5. Por algum motivo, o
telespectador desejou voltar para o conteúdo anterior, porém para chegar no conteúdo 5, ele
poderia ter vindo pelo conteúdo 3 ou conteúdo 4. Então, para resolver o problema, a cada
conteúdo acessado por ele, o T-VILO Viewer empilha a referência dos conteúdos acessados
em memória. A implementação da ação de “voltar” no T-VILO Viewer, desempilha o
conteúdo do topo, e o anterior passa a ser o conteúdo corrente.
3.3.4 T-VILO Mobile
O T-VILO Mobile é o módulo responsável por explorar as potencialidades dos
dispositivos móveis no contexto da televisão digital interativa e proporcionar a convergência
com os outros dispositivos, por meio de recursos como câmeras, sensores, formas de
comunicação, etc.
Este módulo é dividido em duas versões: a T-VILO Mobile Ginga e XT-VILO Mobile, e
foi desenvolvido na monografia de conclusão de curso (CELES, 2011). Apesar desse esforço
na monografia, a integração entre o T-VILO Mobile Ginga e o T-VILO Maker ainda se
encontra em fase de desenvolvimento. A seguir, essas versões são descritas em detalhes.
58
3.3.4.1 T-VILO Mobile Ginga
O T-VILO Mobile Ginga é uma aplicação baseada no SBTVD desenvolvida em NCLua.
Essa aplicação possui as mesmas funcionalidades do T-VILO Viewer, porém com o conteúdo,
adaptado para dispositivos móveis. A Figura 26 mostra um mesmo conteúdo interativo
visualizado via televisão e via celular, sendo acessado pelas aplicações T-VILO Viewer e T-
VILO Mobile Ginga, respectivamente. Pode-se observar na imagem que existe uma diferença
entre as aplicações, devido ao tamanho da tela dos dispositivos.
Figura 26 - Representação de conteúdo no T-VILO Viewer e no T-VILO Mobile Ginga (Celes, 2011)
A aplicação T-VILO Mobile Ginga é disponibilizada via broadcast por meio da
frequência 1-SEG, banda utilizada para transmissão para dispositivos móveis. A Figura 27
mostra a estrutura de transmissão das aplicações, T-VILO Viewer e T-VILO Mobile Ginga.
Observa-se que as duas aplicações são disponibilizadas via broadcast, porém em frequências
diferentes. Na proposta da arquitetura, ambas utilizam o canal de retorno para trocar
informações com o T-VILO Services.
Figura 27 - Estrutura de Transmissão do T-VILO Mobile Ginga
59
3.3.4.2 XT-VILO Mobile
O XT-VILO Mobile é uma aplicação desenvolvida em Java ME e Android. Essa
aplicação não requisita que o celular seja compatível com o padrão brasileiro de TV Digital.
O XT-VILO Mobile é uma aplicação que deve ser instalada no dispositivo, a qual não vem via
broacast como o T-VILO Mobile Ginga. A Figura 28 mostra a estrutura de comunicação entre
o XT-VILO Mobile e os outros módulos da ferramenta.
Figura 28 - Estrutura de comunicação entre XT-VILO Mobile e componentes da ferramenta
O XT-VILO Mobile tem funcionalidades diferentes do T-VILO Mobile Ginga. Por meio
do XT-VILO mobile, o telespectador pode realizar a transição de mídias da televisão para o
celular, por intermédio do QRCode. A Figura 29 representa o momento em que o
telespectador observa, que relacionado àquela mídia interativa, possui um conteúdo extra,
representado por um QRCode. O telespectador faz a leitura utilizando a aplicação XT-VILO
Mobile, e visualiza um vídeo em seguida.
Figura 29 - Transição de mídia utilizando XT-VILO Mobile (Celes, 2011)
Outra funcionalidade existente no XT-VILO Mobile é o envio de mensagens, dúvidas ou
sugestões por parte do telespectador para o produtor do conteúdo. Para realizar esta operação,
o XT-VILO Mobile faz chamadas nos Web Services disponíveis no módulo T-VILO Services.
60
A mensagem enviada pelo telespectador pode ser visualizada pelo produtor de conteúdo no T-
VILO Maker, como foi dito anteriormente. A Figura 30 ilustra o formulário que é acessado
pelo telespectador para o envio de mensagens.
Figura 30 - Envio de mensagens pelo T-VILO Mobile
3.4 CENÁRIOS DE INTERAÇÃO DO T-VILO TOOL
Esse item tem como objetivo mostrar ao leitor como um produtor de conteúdo ou um
telespectador interage com a ferramenta T-VILO Tool, mostrando os módulos que são
envolvidos em cada cenário. Por se tratar de uma ferramenta de elaboração de conteúdo
educativo, serão considerados nos cenários apresentados o professor como produtor de
conteúdo e o aluno como telespectador. Com esses cenários, será possível ter um melhor
entendimento da ligação entre o ator, que no caso pode ser professor, em relação ao T-VILO
Maker ou o aluno, em relação ao T-VILO Viewer e a ferramenta T-VILO Tool.
3.4.1 Produção de um conteúdo educativo
O primeiro cenário apresentado é o de produção de conteúdo, realizado pelo professor.
Para a produção de conteúdo, o professor acessa o T-VILO Maker, para produzir um conteúdo
e disparar uma ação de “criarAula”. Por sua vez, o T-VILO Maker requisita o método
“criarAulaService” do módulo T-VILO Services, mais precisamente da camada Service Layer,
passando os parâmetros necessários para a criação de uma nova Aula. O Service Layer faz o
parse do XML para objeto, repassando-o para a camada Business Layer. A camada Business
61
Layer faz as devidas validações. Caso esteja tudo validado corretamente, o objeto é repassado
para a camada Data Layer, fazendo uma chamada no método “criarAulaDAO”. A camada
Data Layer, como visto no capítulo anterior, faz a comunicação com o banco de dados, assim,
o conteúdo é persistido. Depois de persistido, o objeto volta por todas as camadas do T-VILO
Services até chegar na camada Service Layer, ser encapsulado em um XML, e devolvido ao T-
VILO Maker. A Figura 31 mostra o diagrama de sequência com todas as etapas e módulos da
arquitetura que o conteúdo interativo elaborado pelo professor trafega antes de ser persistido.
Figura 31 - Diagrama de sequências do cenário produção de conteúdo
3.4.2 Visualização de Aulas
Neste cenário, o aluno acessa na TVD o conteúdo previamente cadastrado pelo
professor. Para isso, T-VILO Viewer, configurado como interatividade remota, vem via
broadcast multiplexado com o conteúdo de áudio e vídeo do canal. O Aluno seleciona
“Carregar Aplicação interativa”. Quando o T-VILO Viewer é inicializado, é chamado o
método “getAulasServices” que é provido pelo T-VILO Services. O T-VILO Services chama o
“GetAula” da classe AulasDAO, que por sua vez acessa o banco de dados e retorna uma
coleção de aulas disponíveis para exibição. O T-VILO Services empacota a coleção em um
XML e a devolve para o T-VILO Viewer. O T-VILO Viewer faz o parse do XML para objetos,
colocando-os em memória para tornar o acesso mais rápido quando necessário. A Figura 32
ilustra o diagrama de sequências deste cenário.
62
Figura 32 - Diagrama de sequências do cenário Visualização de aulas
3.4.3 Envio de Sugestões e Dúvidas
Neste cenário, o aluno visualiza a aula na televisão e utiliza o celular com a aplicação T-
VILO Mobile para enviar um feedback para o professor. Para realizar esta atividade, o aluno
acessa o T-VILO Mobile, preenche as informações que são mostradas na tela, como nome e
mensagem, e seleciona a opção “enviarMensagem”. O T-VILO Mobile, por meio da rede de
dados da operadora de telefonia, requisita o método “EnviarMensagemService” que pertence
ao Web Services da camada Service Business do T-VILO Services. A mensagem é armazenada
no servidor por meio da camada Data Layer, a qual é disponibilizada para leitura do professor
em um segundo momento, sendo acessada pelo T-VILO Maker. Este cenário mostra uma
forma alternativa de utilização do canal de retorno, fazendo o uso da rede de telefonia para
realizar essa ação. A figura 33 ilustra esse cenário em forma de diagrama de sequências.
63
Figura 33 - Diagrama de sequências do cenário Envio de Sugestões e Dúvidas
Termina-se este capítulo mostrando toda a arquitetura desenvolvida ao longo desse
trabalho, assim como a explicação de cada módulo que compunha a ferramenta T-VILO Tool.
64
4 DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA:
CONTRIBUIÇÕES E PROCESSO REALIZADO
Durante o desenvolvimento da ferramenta T-VILO Tool, houve o desenvolvimento de
soluções que aportam contribuições para o desenvolvimento de aplicações interativas
baseadas no SBTVD. Este capítulo visa abordar essas contribuições juntamente com a
metodologia utilizada durante a elaboração do trabalho em questão.
4.1 CONTRIBUIÇÕES PARA DESENVOLVIMENTO DE APLICAÇÕES
INTERATIVAS PARA TVDI
Uma das maiores dificuldades no desenvolvimento deste trabalho foi a inexistência de
componentes de interface de interação com usuário e de comunicação na tecnologia escolhida
para desenvolver o T-VILO Viewer. O T-VILO Viewer, como citado anteriomente, foi
desenvolvido em NCLua, linguagem presente no middleware Ginga.
Então, como uma forma de contribuição, durante a elaboração deste trabalho,
desenvolveu-se uma biblioteca de interface gráfica chamada Sunshine e um componente de
comunicação chamado Rest Client. Ressalta-se que essas contribuições podem ser utilizadas
em qualquer aplicação Ginga NCLua.
Também como contribuição deste trabalho, foi gerado um modelo de conteúdo
baseado em XML, para representar o conteúdo propriamente dito e o relacionamento existente
entre eles.
Nos próximos itens serão descritos a biblioteca de interface, o componente de
comunicação e o modelo de conteúdo.
65
4.1.1 Biblioteca de Interface - Sunshine
Sunshine é o nome da biblioteca de interfaces desenvolvida em NCLua durante o
desenvolvimento do módulo T-VILO Viewer.
Esta biblioteca possui quatro componentes visuais que podem ser reutilizados em
qualquer aplicação para TV Digital que utilize NCLua. Os componentes são: ListField,
TextField, ImageField e QuestionField. Na Figura 34, tem-se o diagrama de classes da
biblioteca e os relacionamentos entre os componentes que a compõem.
Figura 34 - Diagrama de Classes da biblioteca Sunshine
4.1.1.1 UIComponent
UIComponent é o componente base para todos os outros componentes da biblioteca
Sunshine. Este componente possui as propriedades de posicionamento, largura e altura do
objeto de interação. Como pode ser observado na Figura 34, todos outros componentes
herdam dele os atributos de largura (width), altura (height) e posicionamento (x e y).
4.1.1.2 TextField
É o componente mais simples da biblioteca e o mais utilizado. Como pode ser
observado no diagrama de classes na Figura 34, o componente possui somente o atributo text.
66
Esse componente possui três métodos, sendo eles: show, writeTitle e writeText.
Textfield:show (x, y, width, background)
O método show recebe os parâmetros de posicionamento (x e y), a largura (width) e uma
imagem de background, caso o mesmo possua. Este método é responsável por guardar as
informações necessárias para que o componente da aplicação possa ser desenhado.
Texttfield:writeTitle (title)
O método writeText recebe como parâmetro o título do texto (text). Este título é desenhado na
tela, diferenciando-se do texto propriamente dito, em relação a tamanho de fonte e cor. A
posição do texto a ser desenhado será relativa aos parâmetros passados no método show() .
Textfield:writeText (text)
Este método tem como responsabilidade desenhar o texto na aplicação baseado na largura
atribuída no método show(). Caso não tenha espaço para desenhar todo o texto em uma única
linha na largura definida anteriormente, para esse método foi desenvolvida uma lógica para a
quebra de linha automática, facilitando para o desenvolvedor o uso de grandes textos em suas
aplicações interativas.
A Figura 35 ilustra uma aplicação para TVDI (lado a) desenvolvida para demonstrar a
utilização desse componente da biblioteca. O lado b da figura mostra o trecho de código
necessário, utilizando a biblioteca sunshine, para o desenvolvimento dessa aplicação.
Figura 35 - Utilização do componente TextField
67
Para um melhor entendimento do código ilustrado na Figura 35 (lado b), este será
explicado detalhadamente abaixo:
linha 5: instanciando o componente TextField;
linha 6: Atribuindo valores de posicionamento e largura;
linha 7: Desenhando o título do texto, que no caso é: “Um Exemplo de Uso”; e
linha 8: Desenhando o texto propriamente dito.
4.1.1.3 ImageField
ImageField é o componente para inserir imagens com título em aplicações
desenvolvidas em NCLua. O componente tem duas propriedades: titulo e caminho da
imagem. Este componente se integra com o componente TextField. Essa integração é útil caso
o título da imagem inserida seja muito grande, pois ele será automaticamente dividido em 2
linhas. Esse componente possui dois métodos:
ImageField:show(x, y, width, background)
O método show() é responsável por armazenar as coordenadas (x e y) onde a imagem será
desenhada, largura(width) e uma imagem de fundo (background), caso exista.
ImageField:showImage(path, title)
O método showImage() tem como parâmetros o caminho da imagem (path) e o título (title).
Ele é o responsável por desenhar a imagem na tela de acordo com o posicionamento passado
nos parâmetros do método show().
A Figura 36 ilustra uma aplicação (lado a) e o código necessário (lado b) para criação da
mesma, utilizando a biblioteca sunshine.
68
Figura 36 - Componente ImageField
4.1.1.4 ListField
Esse componente foi desenvolvido para gerar um menu dada uma lista de opções.
ListField:show(x, y, width, background)
Como nos componentes anteriores, o método show é responsável pela disponibilização
do componente na interface da aplicação. Os parâmetros que o método recebe são: as
coordenadas (x e y), a largura do componente (width), e uma imagem de fundo (background),
caso necessite. A Figura 37 ilustra a aplicação gerada utilizando a biblioteca (lado a) e o
código necessário para desenvolver a mesma (lado b).
Figura 37 - Componente ListField
69
4.1.1.5 QuestionField
Componente para representar perguntas de múltipla escolha. Devido a reutilização do
componente TextField no título da pergunta do QuestionField, a quebra de linha acontece de
forma automática, caso o espaço não seja suficiente para exibir o título em uma única linha.
Para exibir na tela as possíveis respostas da pergunta foi reutilizado o ListField.
QuestionField:show(question, x, y, width, background)
O método show é responsável por desenhar o componente QuestionField na aplicação.
Os parâmetros recebidos por esse método são: A questão propriamente dita (question), as
coordenadas (x e y), a largura do componente (width) e uma imagem de fundo, caso necessite.
A Figura 38 ilustra uma aplicação desenvolvida para mostrar o uso da biblioteca, onde
no lado (a) é mostrada a aplicação sendo executada no emulador, e no lado (b) é mostrado o
um trecho do código necessário para criar tal aplicação.
Figura 38 - Utilização do componente QuestionField
4.1.2 RestClient: Componente de comunicação
Para resolver a dificuldade de comunicação entre aplicações interativas baseadas em
NCLua e servidores WEB, durante a realização deste trabalho foi criado um componente
chamado RestClient.
70
Apesar de ter sido criado com o fim de sanar o problema levantado anteriormente, o
RestClient pode ser usado em qualquer aplicação interativa baseado em NCLua, pois o
mesmo foi feito com base na norma ABNT NBR – 15606-2 (ABNT, 2007), 100% aderente ao
padrão brasileiro de Televisão Digital. O uso deste componente simplificou o
desenvolvimento da comunicação entre o T-VILO Viewer e o T-VILO Services. O componente
possui um método público para realizar as requisições em servidores WEB.
RestClient:request (método HTTP, endereço, função de callback)
O método request “esconde” toda a complexidade de desenvolver a comunicação entre
aplicações baseadas em NCLua e servidores WEB. O método tem como parte de sua
assinatura os seguintes parâmetros: método HTTP, endereço, função de callback. O primeiro
parâmetro é o método HTTP (GET, POST, PUT, DELETE, etc), que é utilizado no cabeçalho
do pacote baseado no protocolo HTTP. O segundo parâmetro é o endereço onde a requisição
será feita; e o terceiro parâmetro é uma função que será chamada após a requisição para tratar
a resposta da mesma.
A Figura 39 ilustra um trecho de código que representa o momento em que T-VILO
Viewer está realizando a comunicação com o T-VILO Services, requisitando a lista de aulas
para ser exibida. Como pode ser observado, o componente é instanciado, e em seguida realiza
a requisição no endereço “http://trainingmaker.sidp.com.br/aulas.xml”, utilizando o método
GET. Para tratar o resultado dessa requisição, é passado no terceiro parâmetro a função
“resultHandler”.
Figura 39 - Chamada ao T-VILO Services utilizando RestClient
71
4.1.3 Modelo de conteúdo
O modelo de conteúdo proposto é representado por um modelo hierárquico onde o nó
pai aponta para os filhos e um filho aponta para o próximo conteúdo. Aplicando no contexto
do do T-VILO um nó (um conteúdo) pode ser uma Aula, Imagem, Texto ou Questão (ver
Figura 40). Desta forma, é possível guardar no modelo os elementos da hierarquia bem como
o relacionamento entre eles.
Figura 40 – Modelo de conteúdo
Para a representação do conteúdo interativo e o relacionamento entre as mídias
interativas, foi elaborado um modelo XML, que também evoluiu ao longo do
desenvolvimento da ferramenta.
O arquivo XML representa tanto o conteúdo em si, como os relacionamentos entre os
conteúdos que servem para a identificação da navegabilidade entre eles pelo T-VILO Viewer.
O conteúdo interativo é composto por uma entidade chamada de “Conteúdo”, onde a
mesma possui um auto-relacionamento. Essa entidade possui os seguintes atributos: id,
conteudo-id, raiz, prox-id, conteudo-extra, titulo e descricao. A seguir, será descrito cada
atributo em questão.
id : inteiro
Todo conteúdo cadastrado na ferramenta T-VILO Tool recebe um identificador único, e esse
identificador é representado pelo atributo id.
72
conteudo-id : inteiro
O valor para o atributo conteudo-id é um valor do tipo inteiro, que armazena o id do conteúdo
pai. Caso um determinado conteúdo não possua um conteúdo pai, não é atribuído valor para
esse atributo.
raiz : boleano
O atributo raiz identifica qual é o primeiro conteúdo da hierarquia. Então para um conjunto de
conteúdos, somente um conteúdo pode ter o valor do atributo raiz com o valor true.
prox-id : inteiro
O prox-id é um atributo de relacionamento e armazena o id do próximo conteúdo. Esse
atributo é utilizado pelo T-VILO Viewer para identificar qual o próximo conteúdo a ser
apresentado no momento que o usuário interage com a navegação do conteúdo.
conteudo-extra : texto
Esse atributo contém a url do conteúdo-extra associado a um determinado conteúdo, como por
exemplo, a url de um vídeo do youtube.
titulo: texto
O valor armazenado nesse atributo depende do tipo de conteúdo em questão. Por exemplo, no
caso de um conteúdo do tipo texto, esse atributo armazena o título do texto. No caso de um
conteúdo de imagem, esse atributo representa o título da imagem. Caso o conteúdo seja do
tipo questão, esse atributo representa a pergunta propriamente dita.
descrição: texto
Assim como o atributo título, o valor armazenado no atributo descrição vai depender do tipo
de conteúdo. Caso o conteúdo seja um texto, a descrição será o texto propriamente dito. Caso
o tipo de conteúdo seja uma imagem, esse atributo representa a url ou o caminho físico da
imagem. E, caso o conteúdo seja uma questão, esse atributo não é utilizado.
73
4.2 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA ARQUITETURA
Nesta seção será apresentado o processo realizado para o desenvolvimento da
arquitetura, que foi baseado em algumas práticas do XP (eXtreme Programming), como
Cliente Presente, Jogo do Planejamento, Código Coletivo, Design Simples e Releases Curtos
(TELES, 2004).
4.2.1 Cliente Presente
O XP trabalha com a premissa de que o cliente deve conduzir o desenvolvimento a
partir do feedback que recebe do sistema. Para que a troca de feedback possa ocorrer e o
cliente possa obter o máximo de valor do projeto, é essencial que ele participe ativamente do
processo de desenvolvimento (TELES, 2004). O papel do cliente foi representado pelos
educadores que participaram da experiência de prototipagem, desde o levantamento de
requisitos até os testes finais de usabilidade da ferramenta desenvolvida neste trabalho. Com a
aplicação dessa prática conseguiu-se chegar bem próximo dos objetivos propostos.
4.2.2 Jogo do Planejamento
O XP utiliza diversas formas de planejamento para assegurar que a equipe esteja sempre
trabalhando naquilo que é o mais importante para o cliente. Por esta razão, todo projeto em
XP é dividido em releases e iterações, de modo que cliente e equipe tenham diversas
oportunidades de se reunir para revisar o planejamento (TELES, 2004).
Releases são módulos do sistema que geram um valor bem definido para o cliente.
Iterações, por sua vez, são períodos de tempo de poucas semanas (em torno de duas, em
média) no qual a equipe implementa um conjunto de funcionalidades acordado com o cliente.
No início de cada release e de cada iteração ocorre o jogo do planejamento. Trata-se de uma
reunião no qual o cliente avalia as funcionalidades que devem ser implementadas e prioriza
aquelas que farão parte do próximo release ou da próxima iteração (TELES, 2004).
Para o desenvolvimento da ferramenta, utilizaram-se releases compostos de quatro
iterações, onde cada iteração compreendia o período de uma semana, como ilustrado na
Figura 40.
74
Figura 41 - Organização de releases
Em XP, as funcionalidades são descritas em pequenos cartões e são chamadas de
estórias (TELES, 2004). No cartão, ilustrado na Figura 41, há a descrição da funcionalidade,
os pontos de esforços e a cor determinam o tipo de requisito do cartão, se é algo relacionado à
usabilidade, melhoria ou defeito.
Figura 42 - Cartão de uma estória
Toda semana havia na sexta-feira uma reunião de planejamento da interação. Nesta
reunião, quando o cliente estava presente, eram discutidos quais seriam as próximas
funcionalidades a serem desenvolvidas. Após quatro semanas, quando se fechava o ciclo de
um release, tinha uma reunião de planejamento do release, discutindo quais seriam as novas
funcionalidades adicionadas na arquitetura, e caso necessário, criavam-se novos cartões.
4.2.3 Código Coletivo
Como define bem Teles (TELES, 2004), no XP o sistema não é segmentado em partes,
de modo que cada desenvolvedor fique responsável por uma delas. Os desenvolvedores têm
acesso a todas as partes do código e podem alterar aquilo que julgarem importante sem a
necessidade de pedir autorização de outra pessoa, pois o código é coletivo. Com base nessa
prática, o código de todos os módulos da arquitetura era aberto para toda a equipe de
75
desenvolvimento, dessa forma, todos poderiam dar sua contribuição. No servidor tem
instalado um repositório de código fonte, SVN, onde todos os desenvolvedores utilizam para
atualizar o código e trabalhar sempre na última versão de código de toda a arquitetura.
4.2.4 Design Simples
Para que o cliente possa obter feedback de imediato, a equipe precisa ser ágil no
desenvolvimento, o que a leva a optar pela simplicidade do design. Ao invés de criar
generalizações dentro do código, de modo a prepará-lo para possíveis necessidades futuras, a
equipe deve sempre optar por um código que seja suficiente para atender às necessidades da
funcionalidade que está implementando (TELES, 2004). Então, com base nessa prática, a
primeira versão do T-VILO Maker e do T-Vilo Viewer foi semelhante às desenvolvidas nas
experiências de prototipagem.
4.2.5 Releases Curtos
XP trabalha com releases curtos, isto é, a equipe produz um conjunto reduzindo de
funcionalidades e coloca em produção rapidamente, de modo que o cliente já possa utilizar o
software no dia a dia e se beneficiar dele (TELES, 2004). Nesse caso, também se trabalham
com releases curtos, que foram denominados anteriormente de primeira versão, segunda
versão, etc. Cada versão seria um release curto. Após lançar um release, os educadores já
poderiam produzir novos conteúdos beneficiando-se das novas funcionalidades acrescentadas
na arquitetura. Dessa forma, tinha-se um feedback imediato. Durante o desenvolvimento da
arquitetura, houve diversos releases, validando e até mesmo acrescentando funcionalidades
não pensadas no início do projeto.
O ciclo de desenvolvimento de cada release neste trabalho divide-se em cinco etapas:
Planejamento, Desenvolvimento, Testes Funcionais, Entrega do Release e Testes de
Usabilidade. A Figura 42 mostra as etapas do ciclo de desenvolvimento.
76
Figura 43 - Etapas do ciclo de desenvolvimento de release
Planejamento – Durante a etapa do planejamento são selecionados os cartões estórias
que serão desenvolvidos durante um determinado release. Essa seleção é realizada pelo cliente
(educadores). Sempre são priorizados os cartões de maior valor para o cliente.
Desenvolvimento – Todos os cartões selecionados na etapa de planejamento são
desenvolvidos na etapa de desenvolvimento. Os cartões são anexados ao mural (Figura 43)
com o estado de “A Fazer”. O Cartão passa por quatro estados, sendo eles: “A Fazer”,
“Fazendo”, “Feito” e “Teste”.
Figura 44 - Mural com os cartões da iteração contido no LUQS
77
Na coluna de “A Fazer” ficam todos os cartões que devem ser desenvolvidos na
iteração. Cada membro da equipe de desenvolvimento pode escolher qualquer cartão dessa
coluna. Após o desenvolvedor escolher o cartão, o mesmo passa para a coluna “Fazendo”.
Não é recomendado que um desenvolvedor tenha mais de uma tarefa na coluna “Fazendo”,
pois ele concentra todos os esforços em um único objetivo. Ao concluir, o cartão passa para a
coluna “Feita”. Todos os cartões que estão na coluna “Feita” estão prontos para serem
testados. Quando terminado os testes, caso esteja tudo funcionando da forma descrita no
cartão, o mesmo vai para a coluna “Teste”.
Testes funcionais – Todos os cartões que são desenvolvidos nas iterações de um release
passam por uma bateria de testes funcionais. Esses testes são realizados pela equipe de testes
e com o cliente. Nessa etapa são realizados testes como: teste da aplicação T-VILO Viewer no
STB, rodando a partir do pen driver(figura 44); teste do T-VILO Viewer rodando por meio de
broadcast, e outros.
Figura 45 - Testes funcionais do T-VILO Viewer no pendriver
Entrega de Release – A etapa de entrega de release é um fechamento para todas as
funcionalidades desenvolvidas no release em questão. Nessa etapa tem-se a versão estável.
Testes de Usabilidade – Esses testes são realizados pela equipe de usabilidade com o
usuário final (telespectador). Durante esses testes podem ser identificados vários problemas
como: tamanho de letra, cores, navegação na aplicação, sincronismo, tempo de resposta da
aplicação e do controle remoto. Durante essa etapa os problemas de usabilidade são
78
identificados, entram como novos cartões, definidos na cor azul. A Figura 45 ilustra um dos
testes de usabilidade realizado na sala de testes.
Figura 46 - Testes de usabilidade do T-VILO Viewer
4.3 DESENVOLVIMENTO DOS RELEASES
Durante o processo de desenvolvimento foram implementadas seis releases da
ferramenta T-VILO Tool que evoluíram em torno dos seguintes temas: interatividade, canal
de retorno, navegabilidade no conteúdo e transição entre mídias.
No primeiro release, começa-se o desenvolvimento do T-VILO Viewer com
características bem simples, porém que atendessem às necessidades iniciais levantadas. Essa
primeira versão tinha somente conteúdo de imagem, e o telespectador (aluno) poderia navegar
por esse conteúdo de forma não sequencial. O conteúdo foi produzido pelo professor, porém
adicionado ao T-VILO Viewer por um desenvolvedor de aplicações NCL. O T-VILO Viewer
era exibido no formato de tela cheia, pois o conteúdo exibido não tinha qualquer ligação com
a programação da TV. Finalizado o desenvolvimento do primeiro release, foram realizados os
testes funcionais e de usabilidade, os resultados analisados e novos requisitos foram
levantados.
No segundo release foi iniciado o desenvolvimento do T-VILO Maker e T-VILO
Services, cujos educadores passaram a produzir o conteúdo que seria visualizado na TV por
meio do T-VILO Maker. Esta versão tinha suporte somente às mídias interativas de texto e de
79
questão, devido a um problema enfrentado em trafegar imagens sob demanda por meio do
canal de retorno. Nessa versão o T-VILO Viewer era exibido em um formato que não ficava
em cima do vídeo que estava sendo transmitido, pois esse conteúdo tinha relação com a
transmissão de áudio e vídeo. Para a comunicação do T-VILO Viewer com os serviços
disponibilizados do T-VILO Services, foi utilizada a biblioteca TCP do Lua. Existiram alguns
problemas nessa comunicação, por exemplo, obter XML ou qualquer outro tipo de arquivo de
tamanho acima de 13kb. No emulador funcionava perfeitamente, mas em ambiente real, isto
é, no STB XPS 1000, o XML não vinha completo. Então, para resolver esse e outro
problemas na comunicação com o T-VILO Services, foi necessária a implementação parcial do
protocolo http em Lua. Essa versão foi finalizada com o desenvolvimento de um componente
no T-VILO Viewer, mais precisamente em Lua, para padronizar e facilitar a comunicação
entre o T-VILO Viewer e os serviços disponibilizados pelo T-VILO Services chamado
RestClient (componente de comunicação descrito anteriormente).
No terceiro release desenvolvido com a utilização do RestClient foi possível trafegar o
arquivo da imagem sob demanda. Em um dos testes realizados, aconteceu a falta de internet
no laboratório, assim, elaborou-se uma alternativa para a obtenção de conteúdo, visto que a
solução que se tinha, até então, era todo conteúdo ser acessado por demanda. Essa alternativa
era anexa o conteúdo junto com a aplicação interativa, e transmiti-lo por broadcast.
No quarto release do T-VILO Tool incluiu-se a opção de gerar o T-VILO Viewer com
interatividade local, isto é, a qualquer momento o educador por meio do T-VILO Maker,
poderia gerar um T-VILO Viewer com todo o conteúdo empacotado com a aplicação, no ponto
de transmitir via broadcast juntamente com o vídeo, não havendo a necessidade de canal de
retorno para requisitar o conteúdo, visto que estava todo embutido com a aplicação enviada
por broadcast.
O quinto release deu ao educador a opção de organizar a navegabilidade entre os
conteúdos por meio de grafos, dessa forma, possibilitou maior flexibilidade para uma aula ter
várias alternativas para navegabilidade. O caminho a percorrer pelo usuário no grafo vai
sendo descoberto ou revelado à medida que ele vai interagindo com controle remoto pelas
opções de interface que representam os nós do grafo. Então, o educador, por meio dos
questionários, poderia “guiar” o telespectador (aluno) para o caminho mais adequado
dependendo da opção que o mesmo selecionasse no T-VILO Viewer.
80
No sexto release foi inclusa a transição de conteúdo entre os módulos da arquitetura. O
educador, no momento de elaboração do conteúdo no T-VILO Maker, pode adicionar um link
com um conteúdo extra, esse link será transformado em QRCode, e transmitido com o T-
VILO Viewer. Também foi desenvolvido o T-VILO Mobile, onde por meio do mesmo, o
telespectador pode enviar mensagens para os educadores e possui a funcionalidade de leitura
do QRCode para poder acessar o conteúdo extra.
A Tabela 4 sintetiza as principais características da ferramenta ao longo da evolução
entre os releases desenvolvidos.
Navegação do
conteúdo
Interatividade Canal de
Retorno
Fonte de
conteúdo
Release 1 Não Sequencial Navegabilidade dos slides Não Local
Release 2 Sequencial Navegabilidade dos slides
Responder questão
Sim Remoto
Release 3 Sequencial Navegabilidade dos slides
Responder questão
Sim Remoto
Release 4 Sequencial Navegabilidade dos slides
Responder questão
Sim Remoto e Local
Release 5 Grafo Navegabilidade dos slides
Responder questão
Sim Remoto e Local
Release 6 Grafo Navegabilidade dos slides
Responder questão
Envio de mensagens para
educadores
Sim Remoto e Local
Tabela 4 - Releases e suas características
4.4 VIABILIDADE DA SOLUÇÃO
Nesta seção faz-se uma análise da viabilidade desta solução considerando os fatores:
A tecnologia adotada. A ferramenta T-VILO Tool é compatível 100% com o padrão
brasileiro de TV Digital. Isto quer dizer que, todo conteúdo produzido na ferramenta,
juntamente com a aplicação, irá rodar em todos os STB que estão de acordo com o SBTVD. O
T-VILO Viewer foi desenvolvido em NCLua, devido aos fabricantes de Setopbox lançarem
seus primeiros receptores somente com o Ginga-NCL. Porém, isso não inviabiliza que uma
solução desenvolvida em Ginga-J funcione com o restante da ferramenta.
81
Integração com a emissora. Caso a emissora já tenha seu próprio CMS e deseje
continuar utilizando-o para produção de conteúdo, não precisa usar o T-VILO Maker para
usufruir das vantagens desta proposta. O conteúdo gerado pode ser facilmente integrado com
o T-VILO Tool, por meio do modulo T-VILO Services, que, como citado anteriormente,
disponibiliza todas suas operações por meio de Serviços Web. Desta forma, é possível adotar
parte da solução.
Alternativas para o canal de Retorno. O T-VILO Tool possibilita o uso da rede de
telefonia como uma alternativa de canal de retorno. Tornando possível o usuário interagir com
determinado conteúdo, sem mesmo ter um canal de retorno ligado ao Setopbox.
Perfil de Mercado considerando as Instituições Transmissoras de Conteúdo. Para
as transmissoras de conteúdo, o T-VILO Tool oferece uma forma fácil de empacotar a
aplicação com o conteúdo elaborado por uma instituição produtora de conteúdo, e de
transmiti-lo juntamente com sua programação de áudio e vídeo. Particularmente, o produtor
pode fazer as devidas configurações do conteúdo criado antes de sua transmissão (ele pode
escolher todos ou alguns T-VILOS, ele pode escolher enviar todo o conteúdo via broadcast,
configurar para a aplicação recuperar o conteúdo em tempo real por meio do canal de
retorno).
Validação da Ferramenta de três formas. Desenvolver produtos executáveis de forma
diferenciada em função do ambiente é uma necessidade frequente de desenvolvedores para
TVD. A estrutura disponível no laboratório permitiu desenvolvimento e testes desta
ferramenta nos dois ambientes, isto é, ambiente simulador e ambiente real.
Em ambiente simulado, usando um emulador e em ambiente o mais próximo do real,
mas ainda no laboratório. Neste caso, a estrutura envolveu desde o transmissor (Playout TV),
até o receptor de sinais digitais com interatividade (XPS-1000i). O próximo curso está
previsto para ser ofertado em ambiente real (uma sala de aula).
82
5 AMBIENTE DE TESTES FUNCIONAIS E DE
USABILIDADE PARA APLICAÇÕES BASEADAS NO SBTVD
Para validar as características que foram levantadas como justificativas do trabalho,
foram realizados quatro cursos utilizando a ferramenta T-VILO Tool. Nos próximos
parágrafos serão abordados: o ambiente para realização dos cursos, os objetivos tecnológicos
e os resultados obtidos com cada um deles.
Os cursos foram realizados com crianças do Ensino Fundamental I e II, da Escola de
Ensino Fundamental e Médio Antônio de Almeida Dom Lustosa e da Escola de Aplicação
Yolanda Queiroz, respectivamente, ambas localizadas no bairro Edson Queiroz.
O assunto abordado nos cursos foi relacionado à disciplina de matemática, por ser a
disciplina alvo descrita no projeto RH-TVD. Um dos conteúdos escolhidos foi fração, porém
antes do desenvolvimento do curso que abordou esse assunto, foi ministrado um curso
referente às operações básicas da matemática, mas especificamente: adição e subtração.
(LISBOA, 2011).
Os cursos foram realizados no LUQS, com a participação de designers de usabilidade,
professores, alunos e desenvolvedores. No LUQS foi possível testar desde a transmissão dos
T-VILOs, isto é, T-VILO Viewer juntamente com um conteúdo de áudio e vídeo, até a
recepção dos mesmos nos STBs, além de toda a infraestrutura montada para testes em
ambiente real, como transmissor e receptor de sinal digital. O LUQS possui um ambiente
voltado para testes de usabilidade das aplicações interativas, como sala de testes, sala de
observação, câmeras instaladas na sala de testes. Esse ambiente será detalhado no tópico
seguinte.
83
5.1 AMBIENTE DE TESTES DE USABILIDADE
Para realizar os cursos dos T-VILOs em ambiente real (ambiente não simulado), foi
necessário o uso de um multiplexador e transmissor de sinal digital, além de um receptor
digital. Por intermédio de um projeto realizado com o financiamento da Fundação Cearense
de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP, o LUQS adquiriu o
EITV Playout (EITV, 2011) para realizar a tarefa de multiplexar e transmitir os conteúdos
criados, bem como o Set-top Box Proview XPS 1000i (PROVIEW, 2008) para receber o sinal
digital transmitido.
5.1.1 Transmissor
De acordo com sua especificação, o EITV Playout Professional (Figura 47) é uma
estação completa de transmissão de TV digital interativa. Com ela, emissoras de televisão,
operadores de rede e produtoras podem realizar transmissões de TV digital contendo
programas em alta definição e conteúdos interativos. A estação pode ser usada também por
fabricantes de televisores e set-top boxes para validação dos produtos. Para os
desenvolvedores de aplicações de iTV é uma plataforma ideal de desenvolvimento e testes de
aplicativos (EITV, 2011).
Figura 47 - EITV Playout Professional
84
O Playout possui seis funções integradas, que normalmente são realizadas por
equipamentos específicos, tornando-o uma das melhores opções no que se refere o custo-
benefício. Essas funções são: Servidor de SI, Servidor de EPG, Servidor de Closed Caption,
Servidor de Dados, Multiplexador e Remultiplexador, além de trazer embutido um
transmissor a um curto espaço geográfico.
A Figura 48 mostra a estrutura necessária para a transmissão e recepção do sinal digital,
baseado no Playout. O Playout possui um servidor de vídeos, onde são armazenados os vídeos
que serão transmitidos e um servidor de aplicações onde ficam armazenadas as aplicações
interativas. Para gravar esses vídeos e essas aplicações interativas, o Playout possui uma
administração que pode ser acessada via browser por qualquer computador que esteja na
mesma rede. Por meio dessa administração, a entidade de transmissão além de enviar vídeos e
aplicações interativas, pode relacioná-las entre si. Um exemplo prático, após ser feito o
armazenamento do Vídeo A e da aplicação interativa A, a unidade de transmissão teria que
associar o Vídeo A à aplicação interativa A. Depois de feito o armazenamento e a associação,
o canal está pronto para a transmissão.
Figura 48 - Arquitetura de TV Digital utilizando no Playout
85
Na administração do Playout, ilustrado na Figura 49, existe a opção de ativar o canal e
transmitir. Então, o playout se encarrega de modularizar, multiplexar e transmitir áudio, vídeo
e a aplicação interativa em um objeto chamado Transport Stream (TS). Esse TS é enviado via
broadcast e recebido pelo o STB. Por fim, o STB acessa o Servidor de Conteúdo por meio do
canal de retorno.
Figura 49 - Administração playout
5.1.2 Receptor
Para a recepção de aplicações foram utilizados os Set-Top Boxes: Proview XPS 1000i
(Figura 50, lado a) e o VisionTec VT7200 (Figura 50, lado b), pois além de receptores
digitais, eles possuem o middleware de aplicações interativas Ginga embutido. Ao longo dos
cursos, foram realizadas diversas atualizações (Anexo I) de firmware do STB Proview XPS
1000i, algumas dessas atualizações melhoraram o desempenho das aplicações e resolveram os
problemas de travamentos inesperados, enquanto outras atualizações adicionavam novas
implementações, por exemplo: a configuração do IP não era salva no STB, isso significa que
quando reiniciado toda configuração era perdida.
86
Figura 50 – Receptores Digitais compatíveis com SBTVD
5.1.3 Estrutura física
Para realizar os cursos e por sua vez os testes de usabilidade, o LUQS possui um
ambiente propício, com uma sala de testes, sala de observação e laboratório de
desenvolvimento. A Figura 51 representa a estrutura física do LUQS.
Figura 51 - Laboratório de Usabilidade
A sala 1 representa uma sala equipada com televisão, receptor digital e um sofá
utilizados para realização dos testes. Na Figura 51, destaca-se a área escura que representa um
vidro para que os designers de usabilidade possam fazer suas observações. Ainda, na sala de
testes, há câmeras instaladas para gravar os testes e observar os usuários em outra perspectiva.
87
A sala 2 representa a sala de observação, ilustrada na figura 52, local onde os designers
ficam. Nessa sala existem dois monitores, um ligado na televisão, e outro ligado na câmera.
Por meio do televisor é possível observar a tela que o usuário está vendo naquele momento, e
com o que está ligado à câmera, pode-se observar sua reação em determinado momento. Na
sala 2 também fica o Playout para as transmissões digitais.
Figura 52 - Sala de Observação
A sala 3 representa o laboratório de desenvolvimento do LUQS, onde ficam os
desenvolvedores. Essa sala possui um receptor e uma televisão menor para testes do dia a dia.
Por conta de toda essa estrutura, os cursos e testes de usabilidades foram todos
realizados no LUQS, possibilitando, assim, a simulação de um ambiente real, a realização da
transmissão e a recepção da aplicação no STB.
5.2 CURSOS
Como dito, durante os dois anos de realização deste trabalho foram ministrados três
cursos, que possibilitaram a identificação de melhorias e a definição de novas funcionalidades
para arquitetura T-VILO Tool.
Todos os cursos tinham seus objetivos pedagógicos e objetivos tecnológicos. Neste
trabalho, contudo, não são abordados com detalhes os objetivos pedagógicos. Esse resultado
pode ser encontrado no trabalho de Lisboa (LISBOA, 2011). Nos próximos parágrafos será
descrito cada curso realizado, com seus objetivos tecnológicos bem definidos e o resultado
obtido com cada um deles. O autor desta dissertação planejou e apoiou a realização dos
88
cursos, fornecendo todo o suporte tecnológico necessário ao bom funcionamento da
ferramenta T-VILO Tool.
A Tabela 5 sintetiza os cursos realizados e planejados, bem como os releases usados e
funcionalidades exploradas.
Curso Release Funcionalidades Mídias Interativas
Suportadas
Curso 1: Introdução a
operações básicas na
matemática
Release 1 Navegabilidade não seqüencial
Não utilização do canal de Retorno
Acesso ao conteúdo local
Conteúdo produzido manualmente
Não utilização do modelo de
conteúdo
Imagem e Questão
Curso 2: Introdução a
frações
Release 5 Navegabilidade não seqüencial
Não utilização do canal de Retorno
Acesso ao conteúdo local
Conteúdo produzido no T-VILO
Maker e utilização do modelo de
conteúdo
Texto, Imagem e
Questão
Curso 3: Introdução a
frações com sincronismo
Release 5 Navegabilidade não seqüencial
Não utilização do canal de Retorno
Acesso ao conteúdo local
Conteúdo produzido no T-VILO
Maker e utilização do modelo de
conteúdo
Texto, Imagem e
Questão
Tabela 5 - Utilização dos releases nos cursos
5.2.1 Curso 1: Introdução a operações básicas na matemática
O primeiro curso foi realizado nos dias 06 e 07 de Abril de 2009, contando com a
presença de dez crianças, ilustrado na figura 53, que participam de projetos educativos da
Associação de Moradores da Comunidade do Dendê. Essas crianças foram divididas em
grupos de sete e três, respectivamente, tinham entre 7 e 14 anos de idade. Do ponto de vista
89
tecnológico, o objetivo do primeiro curso era validar o T-VILO Viewer em ambiente baseado
no SBTVD.
Figura 53 – Alunos que participaram do 1º Curso
5.2.1.1 Produção de conteúdo
Como o foco desse primeiro curso era testar a aplicação com conteúdo interativo
executando em um ambiente real baseado no SBTVD, o produtor de conteúdo, educador
participante do projeto RH-TVD, desenvolveu o conteúdo de forma manual. A figura 54
ilustra uma parte do conteúdo produzido pelo o produtor.
Figura 54 - Conteúdo do primeiro T-VILO
O produtor responsável por montar o conteúdo educativo, seguiu uma metodologia
conhecida com Sequência Fedathi (BORGES NETO; SANTANA, 2003)1. O conteúdo
1 A Sequência Fedathi (SF) é definida como uma proposta metodológica, projetado por professores-
pesquisadores e alunos de pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará – UFC,
90
construído foi composto por mídias como: imagens, textos e questões objetivas. As imagens e
os textos para explicar o conteúdo que estava sendo produzido e as questões para testar se o
conhecimento passado tinha sido absorvido. Uma particularidade das questões é que elas eram
utilizadas como mídias de decisões, ou seja, o próximo conteúdo a ser exibido para o aluno
dependia da alternativa que ele escolhia para a questão. Dessa forma, o produtor conseguia
dar uma explicação diferenciada para o aluno, caso ele errasse a questão, ou um
aprofundamento do assunto no caso de acerto.
A grande dificuldade nesse curso com relação à produção de conteúdo era que, caso o
produtor quisesse adicionar, remover ou até mesmo alterar nova mídia do conteúdo, era
necessária intervenção de um técnico para realizar tal tarefa. Este fato ocorria, pois até aquele
momento não existia uma ferramenta para o uso do produtor, ou seja, para a produção do
conteúdo interativo. O produtor elaborou o conteúdo em um documento de texto. Depois
repassou esse documento para os desenvolvedores, que elaboraram o T-VILO Viewer com o
conteúdo do documento embutido na aplicação.
Na primeira aplicação do T-VILO Viewer focou-se o desenvolvimento de uma aplicação
em NCLua, que executasse em ambiente real baseado no SBTVD.
As crianças utilizaram o T-VILO Viewer para navegar no conteúdo composto por várias
mídias interativas. Essa versão do T-VILO Viewer tinha limitações, como a demora para
exibição das mídias, além de conteúdos compostos de longos textos, dificultando a sua leitura.
A aplicação do T-VILO Viewer que foi utilizada nesse primeiro curso, rodava em tela
cheia, sem qualquer ligação com áudio e vídeo do canal, constituindo um dos principais
problemas identificados.
Outro problema identificado nessa versão foi o travamento constante da aplicação, por
mais simples que a mesma estivesse, frequentemente travava em momentos aleatórios,
acabando com a linha de raciocínio criada pelos alunos.
que tem como base a aprendizagem por resolução de problemas explorados, na qual são categorizados os níveis
de desenvolvimento do pensamento lógico que uma pessoa utiliza quando é solicitada a resolver um problema.
91
5.2.1.2 Resultados
No contexto tecnológico, o objetivo foi alcançado, pois foi possível a visualização do
conteúdo educacional produzido pelo produtor na Televisão Digital, sendo realizado em
ambiente real e baseado no SBTVD.
A partir deste primeiro curso foram levantadas melhorias com relação ao T-VILO
Viewer. Essas melhorias são listadas a seguir:
Aumentar o tamanho das fontes, passando de 17pt para 28pt;
Melhorar o contraste das cores da fonte com a cor de fundo, usando, portanto, cores de
fundo escuras e cores claras para as fontes;
Melhorar a aplicação T-VILO Viewer com relação aos travamentos constantes e
aleatórios;
Possibilitar o envio de sugestões e de dúvidas para o professor;
Dar a opção de o produtor ou professor ler as mensagens enviadas por alunos;
Fazer a associação do conteúdo interativo à programação de áudio e vídeo.
5.2.2 Curso 2: Introdução a frações
O segundo curso foi realizado com alunos do 6º ao 8º ano da Escola de Ensino
Fundamental e Médio Dom Antônio de Almeida Lustrosa, localizada na Comunidade do
Dendê em Fortaleza – Ceará. O curso aborda o conteúdo de Matemática - conceito de fração.
O curso ocorreu nos dias 10 e 12 de Agosto de 2009, contando com a presença de 11
alunos, os quais foram divididos em dois grupos. Toda experiência foi documentada com
vídeo, fotos e anotações com intuito de ajudar na análise e interpretação dos resultados
(LISBOA, 2011).
De acordo com Lisboa (2011), a partir de uma análise da interatividade feita no
primeiro curso, durante a exibição de um T-VILO, houve a necessidade da presença de um
mediador, que auxiliasse os alunos na compreensão acerca do assunto transmitido e no acesso
a aplicações interativas. O mediador neste curso foi o mesmo profissional produtor de
92
conteúdo que trabalhou no curso anterior. A Figura 55 ilustra o momento que o mediador
estava auxiliando os alunos. Em virtude desta análise, este curso contou com a presença de
um mediador durante as sessões de teste de usabilidade.
Figura 55 - Mediador atuando durante a realização do curso 2
O objetivo com esse curso, no ponto de vista tecnológico, era testar a ferramenta
desenvolvida para a produção de conteúdo educativo com conteúdo produzido integrado ao T-
VILO Viewer. Essa ferramenta, como foi já citada anteriormente, é o T-VILO Maker. Do
ponto de vista educacional, os objetivos traçados foram: verificar o efeito e a importância da
mediação no processo de ensino-aprendizagem durante a transmissão do T-VILO e analisar,
em última instância, a interatividade proporcionada pelo T-VILO Viewer (LISBOA, 2011).
5.2.2.1 Produção de conteúdo
O professor, que foi mediador e responsável pelo conteúdo interativo, utilizou o módulo
T-VILO Maker, desenvolvido a partir das colocações feitas por ele na etapa de levantamento
de requisitos. Ele não teve dificuldade de utilizar a ferramenta, devido à atuação durante o
processo de criação desta ferramenta. Nesta versão o professor contou com três tipos de
mídias, sendo elas: texto, imagem e questão. Para a elaboração de seu conteúdo, as mídias
deveriam estar organizadas sequencialmente. Todo o conteúdo produzido era transferido para
93
o T-VILO Viewer, por meio do canal de retorno, possibilitando a atualização do conteúdo em
tempo real.
Nesse curso, o professor elaborou o conteúdo interativo e o vídeo com uma aula de
fração, para ser transmitido juntamente com o conteúdo interativo. A Figura 56 ilustra o
momento em que o professor está produzindo um conteúdo interativo utilizando a ferramenta
T-VILO Maker.
Figura 56 - Professor elaborando conteúdo no T-VILO Maker
5.2.2.2 - Visualização do conteúdo
Devido à existência de um vídeo interativo para tentar melhorar o entendimento por
parte dos alunos acerca do conteúdo abordado, foi reformulada a interface do T-VILO Viewer
como pode ser observado na figura 57, passando a ter o vídeo reduzido na parte superior
esquerda da tela. Dessa forma, enquanto o aluno acompanhava a explicação em vídeo, poderia
navegar no conteúdo interativo, no momento que achasse necessário (Figura 57).
94
Figura 57 - T-VILO Viewer: Curso sobre fração
O aluno poderia ir e voltar quantas vezes achasse necessário nas mídias que faziam
parte do conteúdo interativo. Caso o aluno não entendesse algum momento do vídeo, ou até
mesmo alguma explicação, esses pontos chaves estariam no conteúdo interativo, podendo ser
revisados.
5.2.2.3 Resultados
Com a ferramenta T-VILO Maker, o professor conseguiu produzir seu próprio conteúdo,
sem o auxílio de um profissional da área de tecnologia.
Com relação ao T-VILO Viewer houve melhoras em relação aos travamentos que
estavam acontecendo durante o primeiro curso. O T-VILO Viewer foi todo reestruturado,
passando a requisitar o conteúdo dinamicamente, por meio do canal de retorno. Foi também
alterada a forma que o T-VILO Viewer estava sendo disponibilizado, agora com uma redução
do vídeo para a parte superior esquerda da tela no momento que o telespectador acessava o
conteúdo interativo.
Algumas melhorias foram levantadas pelo professor mediador e alunos durante a
realização do Curso 02, tais como:
Necessidade de colocar um conteúdo extra associado a cada mídia (T-VILO Maker);
Necessidade de acessar o conteúdo interativo localmente (T-VILO Viewer).
95
5.2.3 Curso 3: Introdução a frações com sincronismo
O curso 03 ocorreu no dia 11 de novembro de 2010, sendo ministrado para uma turma
de seis alunos, com faixa etária entre seis e oito anos que cursavam o 3º ano do ensino
fundamental I. O conteúdo do curso 03 foi o mesmo apresentado no curso 02, todavia, houve
uma mudança na linguagem do vídeo gravado, tornando-o mais interativo. Esta alteração
sugeria a utilização de um sincronismo entre o conteúdo interativo criado no T-VILO Maker e
o vídeo gravado pelos roteiristas.
O objetivo desde curso, com relação à parte tecnológica, foi produzir conteúdos
interativos sincronizados com o vídeo educativo principal. Esse foi um grande desafio
enfrentado, pois os cursos anteriormente ministrados não possuíam qualquer tipo de
sincronismo.
5.2.3.1 Produção do conteúdo
Na elaboração desses T-VILOs sincronizados, além da preocupação com o
desenvolvimento do vídeo e do conteúdo interativo, o professor, novamente o mesmo
profissional dos cursos anteriores, teve a preocupação de marcar cada instante em que
desejava que o conteúdo interativo aparecesse e desaparecesse durante exibição do vídeo. Isso
porque durante o vídeo, o professor mediador (a Fedathi- nome como se chama a mediadora
do vídeo) que estava conduzindo o roteiro do vídeo, fazia chamadas à participação dos
telespectadores, como se eles estivessem presentes naquele determinado momento do roteiro.
Para a elaboração do conteúdo interativo, não foi utilizado o T-VILO Maker em
decorrência do mesmo não possuir uma opção de sincronismo entre as mídias. Então houve a
necessidade de criar de forma manual, várias aplicações interativas baseadas no T-VILO
Viewer, um para cada momento interativo apresentado no roteiro.
Foram realizadas duas tentativas de sincronizar o vídeo com essas aplicações,
primeiramente do lado do Playout, no momento do broadcast, e em seguida no lado do STB,
por meio de uma aplicação mestre desenvolvida somente para tratar o sincronismo. Serão
descritos detalhadamente cada uma das soluções encontradas e o resultado da experiência.
96
5.2.3.1.1 Sincronismo no Playout
O Playout disponibiliza uma opção de agendamento de uma ou mais aplicações em sua
administração. Com essa opção é possível configurar o horário que uma determinada
aplicação deve ser carregada e por quanto tempo ficará ativa na tela da TV. O conteúdo
interativo produzido pelo professor era composto por quatro questões. Então, para cada
questão foi gerada uma aplicação interativa baseada no T-VILO Viewer, sendo cada uma
agendada para aparecer na tela em um determinado intervalo de tempo.
Essa forma de sincronismo não funcionou bem, pois as aplicações demoravam a
carregar e acabava prejudicando a coerência do sincronismo. Mesmo contando com esse
atraso para carregar as aplicações e embutindo esse tempo de carregar no tempo agendado no
playout, ocorreram atrasos. Não foi possível fazer com que as aplicações interativas
estivessem perfeitamente sincronizadas com o vídeo, utilizando o sincronismo no Playout.
5.2.3.1.2 Sincronismo no STB
Outra tentativa para realizar o sincronismo do vídeo com o conteúdo interativo foi a
criação de uma aplicação mestre que rodasse no receptor. Esta possibilidade controlaria o
momento que determinado T-VILO Viewer surgiria. Dessa forma, esta aplicação controlava os
instantes de aparição de cada T-VILO Viewer.
O que ocorreu foi que, mesmo sendo atribuídos na aplicação master os momentos para
surgirem e desaparecerem as aplicações baseadas no T-VILO Viewer, isso não acontecia, e às
vezes até ocorria travamento.
5.2.3.2 Resultados
Diante das dificuldades para tratar o sincronismo de forma tecnológica, percebeu-se
também que a usabilidade das aplicações foi prejudicada. Os alunos não conseguiram realizar
as atividades no momento curto e houve a incompreensão do conteúdo.
As melhorias devem ser relacionadas à metodologia pedagógica e de criação do roteiro.
A linguagem do vídeo para motivar a participação não deve ser dependente do sincronismo.
97
6 CONCLUSÃO
O objetivo do trabalho foi alcançado, que foi o de criar uma ferramenta compatível com
o Sistema Brasileiro de Televisão Digital para a produção, disponibilização e visualização de
conteúdos educativos na TV, utilizada em ambiente não simulado.
O trabalho realizado trouxe diversas contribuições para os estudos relacionados à
Televisão Digital. Entre as contribuições relacionam-se:
Desenvolvimento de uma ferramenta de autoria baseada no conceito Web 2.0;
Desenvolvimento de uma arquitetura orientada a serviços;
Desenvolvimento de uma biblioteca de interfaces em NCLua, voltada para o
desenvolvimento de aplicações interativas baseadas no SBTVD chamada Sunshine;
Desenvolvimento de uma biblioteca de comunicação em NCLua, para realizar a
comunicação entre aplicações interativas e aplicações web, chamada RestClient;
Desenvolvimento de uma aplicação para visualização do conteúdo 100% compatível
com o Sistema Brasileiro de Televisão Digital;
Realização de curso utilizando a ferramenta T-VILO Tool.
Como trabalho futuros pretende-se trabalhar novas implementações e melhorias nos itens a
seguir:
Viabilizar no T-VILO Maker a elaboração de conteúdos com sincronismo entre
mídias;
Permitir no T-VILO Maker a elaboração de conteúdos para internet;
Permitir no T-VILO Maker a geração de conteúdo para T-VILO Mobile Ginga e;
98
Realizar o quarto curso utilizando a ferramenta T-VILO Tool
99
BIBLIOGRAFIA
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de dados e especificações de transmissão para radiodifusão digital Parte 2: Ginga-NCL para
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102
APÊNDICE I – ITENS DESENVOLVIDOS E MELHORIAS
RCASOFT MIDDLEWARE
1.5.70 MÓDULO CANVAS
canvas:new (image_path: string) -> canvas: object
canvas:new (width, height: number) -> canvas: object
canvas:attrSize () -> width, height: number
canvas:attrColor (R, G, B, A: number)
canvas:attrColor (clr_name: string)
canvas:attrColor () -> R, G, B, A: number
canvas:attrFont (face: string; size: number; style: string)
canvas:attrFont () -> face: string; size: number; style: string
canvas:attrClip (x, y, width, height: number)
canvas:attrClip () -> x, y, width, height: number
canvas:attrCrop (x, y, w, h: number)
canvas:attrCrop () -> x, y, w, h: number
canvas:attrOpacity (opacity: number)
canvas:attrOpacity () -> opacity: number
canvas:attrScale (w, h: number)
canvas:attrScale () -> w, h: number
canvas:drawLine (x1, y1, x2, y2: number)
canvas:drawRect (mode: string; x, y, width, height: number)
canvas:drawText (x,y: number; text: string)
canvas:clear ([x, y, w, h: number])
canvas:flush ()
canvas:compose (x, y: number; src: canvas; [ src_x, src_y, src_width,
src_height: number ])
canvas:measureText (text: string) -> dx, dy: number
canvas:setEncondig(type: string)
canvas:getEncondig() -> type:string
MÓDULO EVENT
event.post ([dst: string]; evt: event) -> sent: boolean; err_msg: string
event.timer (time: number, f: function) -> cancel: function
event.register ([pos: number]; f: function; [class,type: string])
event.unregister (f: function)
event.uptime () -> ms: number
POST ( Classe edit , Classe ncl e classe Key)
1.5.94 - As aplicações Lua agora contam com Garbage Collection, o que permite
que esses tipos de aplicações não parem de funcionar devido à falta de
memória.
- As variáveis service.currentKeyMaster e service.currentFocus foram
103
corrigidas e agora estão de acordo com a norma.
- A função de event.post recebeu melhorias: as classes ncl, edit e key estão
OK.
- Diversos pontos de 'travamento' foram resolvidos do lado NCL.
- O processo de atualização foi melhorado, de forma que o set-top box não
pare de funcionar depois da instalação da mesma.
1.6.20 - A opção de log agora mostra os logs do Lua. Esses tipos de mensagens
ficam em um arquivo separado do pendrive, de nome: LogLua.txt
- O menu "NCL via USB" foi melhorado, e agora é possível carregar os
aplicativos em resoluções diferentes da resolução atual.
- Os comandos Lua para uso de TCP foram implementados agora. Todos
estão de acordo com a norma
(http://www.dtv.org.br/download/ptbr/ABNTNBR15606_D2_2007Vc3_2008.pdf)
- Melhorias na implementação de timers e imagens vindos do código Lua
evitam que as aplicações parem de funcionar.
- Caso algum erro ocorra durante a execução do aplicativo, uma mensagem
de erro será enviada para o usuário após alguns segundos e a aplicação será
terminada
1.6.5 - O log gerado pelo Lua agora contém erros de ponteiro e problemas com
módulos ou bibliotecas inexistentes
- O redimensionamento do vídeo de fundo permite um tamanho bem
pequeno (nas versões anteriores apenas alguns tamanho eram válidos)
- Agora o middleware suporta 2 tipos de enconding de fonte: ISO-8859 e
UTF-8. Para que a escolha do método de entrada seja realizada, os métodos
setEncoding e getEncoding foram criados (mais abaixo uma explicação mais
detalhada).
- O processo de obtenção dos aplicativos via ar teve melhoras significativas
na performance.
- O carregamento de bibliotecas LUA através do comando 'require' foi
revisto e agora funciona para todos os casos.
canvas:setEncondig(type: string)
Argumentos
type Texto descrevendo o tipo de codificação desejado
Descrição
Essa função altera a fonte configurada em canvas:attrFont(). O valor de
'type' poderá ser "UFT-8" ou "ISO-8859".
O valor iniciar do encoding é "ISO-8859"
canvas:getEncondig() -> type:string
Valor de retorno
type Texto descrevendo o tipo de codificação utilizado
Descrição
Retorna o valor de codificação do texto atual
1.6.70 Modificações do middleware :
- Toda a implementação TCP agora é feita usando LuaSocket. Dessa forma,
as conexões ficaram mais estáveis;
- função "reload" do browser (quando é chamado dentro de um aplicativo),
104
que permite que ele seja atualizado;
- comando de attrScale modificado internamente para melhor
funcionamento;
- Carga dinâmica de imagens pelo browser;
- Problemas com 'require' do LUA foram corrigidos, de forma que todo o
caminho da aplicação é utilizado como PATH;
- Módulo settings implementado para compartilhar informações entre NCL
e Lua;
- O redimensionamento do vídeo voltou a ficar fixo. Algumas mudanças no
tamanho afetavam as cores;
- O gerenciamento de memória NCL foi modificado, o que resultou numa
melhora da performance;
- Foram criadas três propriedades no sistema, que permitem obter
informações do mesmo:
=> settings.version : Retorna a versão do middleware corrente;
=> settings.model : Retorna o modelo do set-top box
=> settings.manufacturer : Retorna o fabricante
Modificações de usabilidade do Zapper:
- O IP corrente do set-top box agora pode ser visualizado em
"Configurações" -> "Avançado";
- Todas as configurações de IP (DHCP ou IP fixo) e o DNS agora ficam
salvos no set-top box e essas configurações são aplicadas assim que o mesmo
é ligado.
- No menu "NCL via USB" quando a tecla "OK" é pressionada, o aplicativo
será exibido em 1280x720 (que é a resolução mais utilizada);